análise da resistência de aderência de sistema de revestimento...
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Artigo submetido como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil
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Análise da resistência de aderência de sistema de revestimento cerâmico,
em alvenaria com bloco de concreto celular autoclavado, sem inserção de
emboço.
Bruno Tirlone Vito (1), Elaine Pavei Guglielmi Antunes (2)
UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense
(1) [email protected], (2) [email protected]
Resumo: O surgimento de manifestações patológicas nas construções atesta perda de
desempenho a essa edificação e, consequentemente, o descontentamento dos usuários, além dos
custos de reparos e necessidade de novos recursos. Os revestimentos têm um papel fundamental
nas edificações, pois auxiliam na proteção das paredes e estruturas dos agentes ambientais de
degradação. O desplacamento é uma das manifestações patológicas mais frequentes que
ocorrem em sistemas de revestimento cerâmico (SRC), sendo que uma das possíveis causas
desse problema é exclusão da camada de emboço, principalmente em substratos aos quais seu
uso ainda não é tradicional, como é o caso de paredes executadas com blocos de concreto celular
autoclavado (BCCA). Neste contexto, essa pesquisa busca analisar a resistência de aderência à
tração dos SRCs executados em BCCA, após serem expostos ao processo de envelhecimento
acelerado – ciclos higrotérmicos, executados com e sem a presença do emboço. Para tal,
primeiramente fez-se a caracterização dos componentes e, posteriormente, executaram-se o
SRCs em 04 blocos de BCCA, todavia, 02 blocos constavam com emboço e 02 blocos sem
emboço. Posteriormente, após 28 dias, 02 blocos revestidos (01 com emboço e outro sem
emboço) passaram pela exposição ao programa de envelhecimento acelerado os outros 02
mantidos em condições de laboratório e, seguidamente, realizou-se o ensaio de resistência de
aderência à tração. Os resultados de resistência de aderência à tração do SRC nos blocos de
CCA com a presença do emboço acabou sendo um resultado mais comum a sistemas expostos
por ciclos higrotérmicos, no qual o sistema sem ciclo teve resultado maior, ficando a cima do
requerido por norma, porém no resultado dos SRCs sem emboço o valor do ensaio deu muito
parecido para ambos, que ficaram a baixo do que a norma exige.
Palavras-chave: placas cerâmicas; desplacamento; envelhecimento acelerado; ciclo
higrotérmico.
Analysis of the bond strength of a ceramic coating system, in masonry with autoclaved
cellular concrete blocks, without insertion of an embouchure.
Abstract: The emergence of pathological manifestations in buildings attests to the loss of
performance of this building and, consequently, the discontent of users, as well as the costs of
repairs and the need for new resources. Coatings play a fundamental role in buildings, as they
help protect walls and structures from environmental degradation agents. Deplating is one of
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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the most frequent pathologies that occur in walls coated with ceramic plates, ceramic coating
systems (CCS), and one of the possible causes of this problem is the exclusion of the
embossment layer, especially in substrates to which its use is not yet traditional, as is the case
of walls executed with autoclaved cellular concrete blocks (ACCB). In this context, this
research seeks to analyze the tensile bond strength of CCSs made of ACCB, after being exposed
to the accelerated aging process - hygrothermic cycles, performed with and without the presence
of the plunger. To this end, the components were first characterized and, later, the CCSs were
performed in 04 blocks of ACCB, however, 02 blocks consisted of the embouchure and 02
blocks without embouchure. Subsequently, after 28 days, 02 coated blocks (01 with
embouchure and another without embouchure) went through exposure to the accelerated aging
program the other 02 maintained in laboratory conditions and, subsequently, the tensile bond
strength test was performed. The results of adherence strength to the traction of SRC in the
blocks of CCA with the presence of the embouchure turned out to be a more common result to
systems exposed by hygrothermal cycles, in which the system without cycle had a higher result,
staying above the required by norm, but in the result of the SRCs without embouchure the value
of the test was very similar for both, which were below what the norm requires.
Translated with www.DeepL.com/Translator (free version)
Key-words: ceramic tiles; plating; accelerated aging; hygrothermic cycle.
Introdução
Nos últimos anos a área da construção civil vem buscando melhorar o conforto térmico,
acústico, a sustentabilidade e a velocidade que as obras são executadas. Nesse contexto algumas
construtoras têm optado por novos métodos construtivos, a fim de alcançar essas metas, sendo
que, um deles é a utilização do Bloco de Concreto Celular Autoclavado (BCCA).
Um dos diferenciais do BCCA é a baixa densidade, que vem da reação que o pó de
alumínio sofre no autoclave, criando bolhas de ar dentro do bloco, fazendo ele se tornar poroso
e mais leve. (ARONI, 1993; CONRADO, 2012; FERRETTI, MICHELINI E ROSATI, 2015)
O BCCA é bem visto no mercado devido as suas diversas vantagens, como as grandes
dimensões, juntamente com sua baixa densidade, em relação as demais alvenarias, além disso
possui uma estrutura porosa com bolhas de ar dentro, assim atende melhor aos requisitos de
conforto térmico, acústico e resistência ao fogo, que vem sendo exigidos atualmente. Além
dessas vantagens ele possui uma característica não muito visada no Brasil, mas faz o BCCA ser
escolhido em outros lugares do mundo, que é seu suporte a zonas sísmicas, devido a sua
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porosidade e baixa densidade. (MOTA, 2001; CONRADO, 2012; FERRETTI, MICHELINI E
ROSATI, 2015)
A manifestação de patologias nos sistemas construtivos gera perda de desempenho das
edificações e, consequentemente, o descontentamento dos usuários, além de elevar os custos de
manutenção devido a necessidade de reparo.
O desplacamento do sistema de revestimento cerâmico é uma das manifestações
patológicas mais comuns nas vedações verticais, sendo que um dos pontos que pode ocasionar
esse problema é o uso ou não do emboço, principalmente em substratos “novos”, como é o caso
de paredes executadas com BCCA.
Segundo NBR 13528-3:2019 o emboço trata-se da camada que tradicionalmente serve
como base para a argamassa colante (AC) e tem como função regularizar a superfície e auxiliar
na distribuição de tensões. No entanto, devido as características geométricas do BCCA e maior
controle de execução das alvenarias com BCCA, tem-se uma diminuição da necessidade da
camada de emboço a fim de regularizar a superfície. Nesse contexto, algumas construtoras
executam o assentamento sem a camada de emboço, devido as melhores condições
planimétricas das paredes executadas e, concomitantemente, propiciarem menor custo. Tal fato,
contudo, pode influenciar na distribuição de tensões e amplificar o problema de desplacamento.
Lot et al. (2017) comentam que no Brasil as placas cerâmicas, dentre as mais, utilizadas
como revestimentos cerâmicos de paredes destaca-se as pertencentes à classificação de
absorção BIIb, com variação de absorção de 6 % a 10 %.
Portanto, essa pesquisa analisa a resistência de aderência à tração de placas cerâmicas
assentadas em blocos de concreto celular autoclavado, com e sem a presença de emboço, após
terem sido expostas a ciclos de envelhecimento acelerado, baseado em variações higrotérmicas.
Materiais e métodos
A pesquisa foi realizada através de etapas, sendo que, a primeira delas refere-se a
pesquisas bibliográficas, sobre blocos de concreto celular autoclavado (BCCA), sistemas de
revestimentos cerâmicos e sobre ciclos higrotérmicos. Posteriormente, foram executadas as
caracterizações físicas e mecânicas dos BCCA, conforme as NBRs 13438: 2013 e 13440: 2013,
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e, da argamassa industrializada utilizada para o emboço, segundo as diretrizes normativas das:
NBR 13276: 2016, NBR 13277: 2005, NBR 13278: 2005, NBR 13279: 2005, NBR 15259:
2005. As placas cerâmicas, argamassa colante e argamassa de rejunte empregadas na pesquisa
já haviam sido caracterizados na pesquisa de Antunes (2019). O fluxograma, Figura 1, apresenta
as análises realizadas com o BCCA e com a argamassa de emboço.
Figura 1. Fluxograma das etapas da caracterização.
Para verificação da densidade de massa aparente seca do BCCA e de absorção de água
realizou-se o ensaio de acordo com as recomendações da NBR 12118: 2013 (Blocos vazados
de concreto simples para alvenaria — Métodos de ensaio), tendo em vista que o ensaio de
absorção de água não se trata de um ensaio normativo para o BCCA. Na Figura 2 visualiza-se
a execução do ensaio, sendo a Figura 2 (a) os blocos na etapa de secagem em estufa e a Figura
2 (b) os blocos imersos em tanque com água para saturação total.
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(a) (b)
Figura 2. Blocos utilizados para ensaios de caracterização: (a) blocos na estufa, (b) blocos no tanque.
Após as caracterizações dos componentes foram executados os SRCs. Assim foram
assentados 4 BCCA, com dimensões de 15x30x60 cm, sendo 2 BCCA com a presença de
emboço e 2 BCCA sem a presença de emboço. O SRC era composto por 10 placas cerâmicas
de 10x10 cm. Um bloco com emboço e um sem, passaram pelo ciclo higrotérmico e os outros
2 blocos foram mantidos em condições de laboratório, estes considerados como referência. As
placas cerâmicas foram assentadas nos 4 BCCA no mesmo dia e, portanto, nos sistemas que
continham o emboço, este foi executado com precedência de 28 dias. A Figura 3 apresenta os
SRCs executados, sendo a Figura 3 (a) sem emboço e a Figura 3 (b) com emboço.
(a) (b)
Figura 3: Sistemas de revestimento cerâmico em BCCA: (a) sem emboço / (b) com emboço.
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Após 28 dias os SRCs, um com emboço e um sem emboço, foram expostos ao o ciclo
higrotérmico, depois retirados e, seguidamente, foi realizado o ensaio de resistência de
aderência à tração. A Figura 4 apresenta a execução do programa de exposições dos sistemas.
Figura 4: Execução do programa de exposição dos sistemas de revestimentos cerâmicos dos BCCA.
A espessura definida para a camada de emboço foi de 2 cm, de acordo com espessura
limite inferior (ELI) repassada pela NBR 13755 (ABNT, 2017a), tendo em vista que a NBR
13754: 1996 não determina tal espessura. A espessura de 2 cm também atende às especificações
da argamassa multiuso que foi empregada, pois o fabricante recomenda que a camada de
emboço seja maior que 1 cm e não superior a 5 cm, sem estruturação metálica. A execução da
camada de emboço seguiu as prescrições da NBR 13749: 2013.
A argamassa colante utilizada era industrializada, sendo que o preparo da argamassa
colante seguiu as orientações do fabricante. Após a mistura, a argamassa colante, no estado
fresco, ficou em repouso por 15 minutos e era novamente misturada antes do seu uso, conforme
NBR 13757: 1997. Para a aplicação da argamassa colante sobre o BCCA, utilizou-se
desempenadeira de aço dentada, com dentes de 6 mm x 6 mm x 6 mm, conforme preconiza a
NBR 13754: 1996, pois a área da placa cerâmica a ser assentada era inferior a 400 cm². O
assentamento começou com o espalhamento da argamassa colante sobre a base, com o lado liso
da desempenadeira, e, posteriormente, a formação dos cordões, com a passagem do lado
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dentado em ângulo aproximado de 60º. Na Figura 5 mostra a execução dos SRCs, sendo Figura
5 (a) a execução da argamassa colante e a Figura 5 (b) a execução do revestimento cerâmico.
(a) (b)
Figura 5. Execução do SRC: (a) argamassa colante em bloco com emboço, (b) cerâmica recém colocada
em blocos.
A etapa de rejuntamento dos SRCs ocorreu após o terceiro dia de assentamento das
placas cerâmicas, conforme recomendações da NBR 13754: 1996. Para tal, primeiramente, as
juntas entre as placas cerâmicas foram limpas. Na pesquisa, foi utilizado rejunte cimentício
colorido, classificado pela NBR 14992: 2003 como tipo II e indicado para uso em ambientes
residenciais, comerciais e industriais, para juntas com espessura de 2 mm a 10 mm. A argamassa
de rejunte foi preparada e empregada conforme prescrições do fabricante.
Os SRCs sobre os BCCAs os sistemas foram submetidos aos ensaios climáticos de
envelhecimento acelerado em câmara climática. A câmara climática empregada foi a Fitoclima
1500EDTU20, da marca Aralab, instalada no Laboratório de Materiais de Construção Civil
(LMCC) da UFSC. A Figura 6 ilustra a execução do envelhecimento acelerado programado,
sendo a Figura 6 (a) uma visão geral da câmara Aralab, a Figura 6 (b) uma vista interna da
câmara vazia e a Figura 6 (c) os SRCs expostos ao programa de envelhecimento.
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(a) (b) (c)
Figura 6: Execução do envelhecimento acelerado: (a) câmara de envelhecimento – vista externa / (b)
câmara de envelhecimento – vista interna / (c) exposição do SRC sobre os BCCAs ao programa de envelhecimento.
(Fonte: Antunes, 2019)
O SRC sobre o BCCA, com emboço e sem emboço, foi exposto a 235 ciclos
higrotérmicos com duração de 2 horas cada (120 minutos) conforme apresentado na Figura 5.
O ciclo higrotérmico era composto pelas seguintes etapas: um período de aquecimento de até
56 ± 3 ºC por 1h00min e, posteriormente resfriamento de até 12 ± 3 ºC por mais 1h00min,
totalizando 2h00min. Durante a ciclagem ocorria também a variação do teor de umidade do
ambiente interno da câmara, este oscilando entre 20% a 95% da umidade relativa do ar, sendo
que nas temperaturas mais altas o teor de umidade era mais baixo e nas temperaturas mais
baixas havia um incremento do teor de umidade relativa do ar, apesar do maior pico do teor de
umidade encontrar-se na fase de aquecimento de cada ciclo. A Figura 7 apresenta o gráfico do
ciclo com temperatura, tempo e teor de umidade que os sistemas foram expostos.
Figura 7: Programa de envelhecimento acelerado.
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Após os blocos passarem pelos ciclos executou-se o ensaio de arrancamento e a análise
de ruptura seguindo a norma NBR 13754: 1996. Para realizar os cortes no SRC foi necessário
ficar aspergindo água no sistema, e a colagem das pastilhas metálicas foi realizada após três
dias dos furos para garantir a colagem. Na Figura 8 vizualiza-se a execução dos furos nos
blocos, sendo na Figura 8 (a) o momento do corte e na Figura 8 (b) todos os furos de um SRC
executados.
(a) (b)
Figura 8. Execução dos cortes no bloco: (a) Momento de corte das placas, (b) SRC cortado.
Para relevância dos resultados foi executado a análise de variância (ANOVA),
colocando como variável tanto a presença de emboço quanto a presença do ciclo, e teste Tukey,
ambos com 95% de significância.
Resultados e discussões
Os Blocos de Concreto Celular Autoclavado (BCCA), sendo que os resultados das
caracterizações executadas são apresentados na Tabela 1 e na Tabela 2. A primeira análise
realizada foi a verificação dimensional dos blocos adquiridos com dimensões de 15 x 30 x 60
(largura x altura x comprimento), conforme pode ser visualizado na Tabela 1. Foram analisados
8 BCCA, e todos os blocos analisados atenderam as tolerâncias dimensionais estabelecidas pela
NBR 13438: 2013 de 3 mm para a largura, altura e comprimento.
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Tabela 1. Análise Dimensional
Os resultados do ensaio de caracterização do BCCA (Figura 9) de acordo com a norma
podem ser encontrados na tabela 2.
(a) (b) (c)
Figura 9. Corpos de prova para ensaio de compressão: (a) corpo de prova posicionado na prensa, (b)
corpo de prova após rompimento, (c) todos os corpos de prova após rompimento.
Tabela 2. Resultados de caracterização do BCCA
Ensaios Média Desvio Padrão
Absorção de água (%) 68,55 6,73
Densidade de massa seca aparente
(kg/m³) 488,25 0,21
Resistência a compressão (MPa) 2,17 0,32
Os BCCAs apresentaram densidade de massa aparente seca inferior a 500 Kg/m³ e,
assim, atendem as diretrizes da NBR 13438: 2013.
Corpos de Prova Espessura (mm) Altura (mm) Comprimento (mm)
CP1 149 300 600
CP2 148 299 603
CP3 149 298 600
CP4 149 298 602
CP5 149 300 602
CP6 148 300 603
CP7 149 299 601
CP8 149 300 603
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Conforme as NBRs 13438: 2013 e 13440: 2013, o valor médio de resistência à
compressão verificado, 2,17 MPa, o BCCA utilizado no SRC do estudo pode ser classificado
como pertencente à classe C15, ou seja, com valor médio mínimo acima de 1,5 MPa e abaixo
de 2,5 MPa, além do menor valor de resistência à compressão isolado, de um bloco, acima de
1,2 MPa.
Os resultados da caracterização da argamassa podem ser visualizados na Tabela 3.
Tabela 3. Tabela com ensaios de caracterização de argamassa
Corpo de prova Média Desvio Padrão
Índice de consistência (mm) 217 2,08
Retenção de água (%) 97 -
Densidade de massa aparente
fresca (kg/m³) 1706 -
Resistência a compressão (MPa) 2,17 0,32
De acordo com os resultados obtidos a argamassa de emboço pode ser classificada
segundo a NBR 13281:2005 como D4 e U6.
Com base nos resultados obtidos de resistência à compressão a argamassa de emboço
pode ser classificada como P2 e os resultados de resistência à tração na flexão ficaram abaixo
de 1,5 MPa, classificando-se, portanto, na classe R1.
As placas cerâmicas utilizadas apresentaram absorção de água de 7,33 ± 0,5% de
absorção de água e expansão por umidade (EPU) de 0,21 ± 0,06 mm/m, conforme ensaios na
NBR 13818: 1997. A argamassa de assentamento utilizada apresentou densidade de massa
aparente no estado endurecido, realizado de acordo com a NBR 13280: 2005, de 1432,50 ± 0,95
kg/m³, e, para o módulo de elasticidade dinâmico, através da propagação de onda ultrassônica,
conforme NBR 15630: 2008 de 6,86 ± 0,44 GPa. O valor de resistência de aderência média
para o ensaio de determinação do tempo em aberto foi de 0,52 ± 0,05 MPa e, portanto, atende
às especificações da NBR 14081-1: 2012. A argamassa de rejunte empregada apresentou
resistência à tração (7 dias) de 3,76 ± 0,49 MPa, resistência à compressão (14 dias) de 11,60 ±
0,32 MPa, densidade de massa no estado endurecido de 1542,40 ± 8,55 kg/m³, permeabilidade
de 2,00 ± 0,61 cm³ e absorção de água por capilaridade de 0,68 g/cm³, todos verificados de
acordo com a NBR 14992: 2003. As características físicas e propriedades mecânicas das placas
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cerâmicase da argamassa colante foram retiradas da pesquisa de Antunes (2019), tendo em vista
que esses componentes são oriundos da mesma pesquisa.
Para comparar os blocos através de métodos estatísticos, primeiramente, foi realizado o
gráfico de boxplot (Figura 10) para encontrar valores de resistência de aderência à tração fora
do padrão, outliers, e então realizar as comparações pela ANOVA e Tukey.
No gráfico está presente os valores mais baixos de resistência, os mais altos e as
medianas. Apenas um valor foi caracterizado como outlier, o ponto azul no sistema com ciclo
e com emboço, esse valor foi retirado da média geral do seu SRC.
Figura 10. Gráfico de boxplot sobre valores de resistência de aderência à tração.
Na Figura 11 encontra-se os valores médios da resistência de aderência à tração de cada
sistema, juntamente com seu desvio padrão e o valor mínimo requerido por norma.
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Figura 11. Gráfico de média de resistência de aderência à tração.
Segundo Antunes (2019) os ciclos podem afetar as resistências dos sistemas indicando
valores inferiores para os que não passam pelo ciclo, como aconteceu com os SRCs com a
presença de emboço, no qual o SRC sem ciclo ficou acima da norma e o SRC com ciclo chegou
a perder quase metade de sua resistência, se comparados.
Para os SRC sem emboço o resultado não foi como o esperado, segundo Sá e Freitas
(2005) e Lunardi (2011) durante a exposição aos ciclos a resistência deveria diminuir, chegando
a ficar abaixo do requerido em norma, já que o sistema que passou pelo ciclo obteve maior
resistência. No entanto segundo Silva et, al (2015) a resistência de aderência à tração pode ser
aumentada devido ao efeito dos polímeros nas reações de hidratação do cimento.
Dos quatro SRCs ensaiados apenas um atendeu o requisito mínimo da NBR 13754: 1996
de 0,3 MPa, que foi o SRC que não passou pelo ciclo e tinha a presença de emboço. Este
apresentou quase o dobro de resistência de aderência à tração do SRC que tinha presença de
emboço, no entanto sofreu o ciclo de envelhecimento. Com base na ANOVA foi possível
afirmar que o ciclo tem um efeito rigoroso e que o sistema perde resistência ao longo do tempo.
Porém para os blocos que não tiveram presença de emboço o caso foi diferente, sendo
o bloco que passou pelo ciclo que obteve a maior resistência (Figura 11), assim é recomendado
refazer esses SRCs e realizar os ensaios novamente para um novo resultado.
c/ Ciclo c/ Emboço s/ Ciclo c/ Emboço c/ Ciclo s/ Emboço s/ Ciclo s/ Emboço
Média 0,223 0,426 0,281 0,096
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
MP
a
Valor mínimo NBR 13754: 1996
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Após a realização das ANOVAs foi possível confirmar com 95% de confiança que o
ciclo foi uma causa de variação no resultado tanto para os blocos com emboço, quanto para os
que não tinham a presença do emboço.
Considerando o emboço uma variável, apenas o grupo que não teve efeitos do ciclo de
envelhecimento que variou, o grupo que passou pelo ciclo teve valores de “p” a baixo de 0,05
e “F” menor q o “F crítico“.
Além da análise da resistência de aderência à tração a NBR 13754: 1996 também pede
a análise de ruptura das placas, cada tipo de ruptura pode ser visto na Figura 12.
Figura 12. Tipos de ruptura (Fonte: Antunes, 2019).
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Os números de rupturas estão quantificados e apresentados na Tabela 4.
Tabela 4. Tipos de rupturas
SRC Imagem Tipos de rupturas Número
pontos S S/A A A/P P F
c/ Ciclo
c/
Emboço
0 8 2 0 0 0 10
s/ Ciclo
c/
Emboço
0 0 10 0 0 0 10
c/ Ciclo
s/
Emboço
4 0 6 0 0 0 10
s/ Ciclo
s/
Emboço
0 0 8 0 0 0 8
Na Figura 13 é possível visualizar um conjunto de gráficos, um para cada tipo de SRC,
com os tipos de ruptura e um quantitativo para cada sistema.
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Figura 13. Tipos de rupturas analisadas em gráficos
Segundo Malagoni e Scartezini (2013) existem rupturas adesivas, que ocorrem entre as
faces dos materiais, como nos modelos S/A e A/P, e rupturas coesivas são as que ocorrem
dentro do material, ou seja, modelos S e A.
Apenas a amostra com ciclo e com emboço que obteve maior frequência de ruptura na
classe S/A, as amostras sem ciclo e com emboço e sem ciclo e sem emboço tiveram
comportamentos parecidos tendo todas as rupturas na classe A. O sistema com ciclo e sem
emboço obteve rupturas do tipo S também, sendo rupturas mais profundas, no entanto manteve
uma maior frequência na ruptura do tipo A.
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Conclusão
Através da pesquisa se pode notar que a presença de emboço se fez notável, já que foi o
único sistema a apresentar o valor mínimo de norma no requisito de resistência de aderência a
tração, porém a amostra que passou pelo ciclo teve sua resistência reduzida aproximadamente
pela metade ficando abaixo do que se pede pela norma e podendo causar riscos aos usuários do
espaço em que foi executado, mostrando o efeito rigoroso que o ciclo de envelhecimento pode
causar no sistema.
Para o grupo de blocos que não receberam emboço, ambos ficaram abaixo do limite da
norma, porém o bloco que sofreu o ciclo higrotérmico demonstrou resultado maior que o bloco
que não sofreu o ciclo, assim sendo um resultado fora do esperado, já que o valor em que o
bloco do ciclo atingiu foi quase o triplo do bloco fora do ciclo. A ação correta a se tomar seria
executar os sistemas novamente e realizar o ensaio para uma nova análise de resultados.
Citações e referências
ANTUNES, E. G. P. Avaliação dos efeitos da expansão por umidade (EPU) das placas
cerâmicas na durabilidade dos sistemas de revestimentos cerâmicos internos. Doutorado –
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa
Catarina, 2019.
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