anita leocádia prestes - comunistas no paraná (1945-64)

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De Anita Prestes: Comunistas no Paraná.

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    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLTICA V. 17, N 33: 215-219 JUN. 2009

    Rev. Sociol. Polt., Curitiba, v. 17, n. 33, p. 215-219, jun. 2009

    Anita Leocadia Prestes

    RESENHAS

    COMUNISTAS NO PARAN (1945-1964)

    Recebida em 08 de abril de 2009.Aprovada em 23 de abril de 2009.

    CODATO, Adriano e KIELLER, Marcio (org.). 2008. Velhos vermelhos : histria e memria dos dirigentescomunistas no Paran. Curitiba : Ed. UFPR.

    1 Segundo Codato, um outro livro como este poderia ser realizado com os dirigentes do Partido no Norte do estado(CODATO & KIELLER, 2008, p. 20).

    Como destacado por Joo Quartim de Moraes, no Prefcio de Velhos vermelhos, as dez entrevistasapresentadas no livro so consagradas histria e memria dos dirigentes comunistas no Paran entre 1945 e1964. Tais narrativas revelam-se penetrantes e os comentrios mostram-se esclarecedores. Para que tal resultadofosse alcanado, segundo o autor do Prefcio, o recurso ao questionrio elaborado pelos organizadores dotrabalho foi fundamental. Puderam, assim, ser aferidos com objetividade os traos comuns e as singularidadesdiferenciais que caracterizam a experincia da militncia. H que ressaltar a liberdade deixada aos entrevistadosde desenvolver espontaneamente as respostas. Temos, pois, uma obra importante para o conhecimento daslutas dos trabalhadores brasileiros e, em especial, dos militantes comunistas no perodo assinalado.

    Velhos vermelhos um documento histrico de indiscutvel importncia, ou, na linguagem dos historiado-res, constitui uma contribuio para a memria do perodo da chamada redemocratizao no Brasil (1945-1964). Trata-se de fonte documental primria a ser pesquisada pelos historiadores e cientistas sociais. Aindano , portanto, a histria, pois esta resulta do trabalho de interpretao das fontes documentais, no sedevendo confundir os conceitos de memria e histria. Como assinalado por A. Codato, um dos organizadoresdo livro, este pode ser lido como um livro de consulta para a formulao de hipteses ou como uma plataformapara a preparao de pesquisas futuras (CODATO & KIELLER, 2008, p. 21).

    A contribuio para a memria da militncia comunista no estado do Paran abre perspectivas para quetrabalhos semelhantes sejam realizados em outros estados do Brasil. Como tambm apontado por A. Codato,as indagaes sobre o PCB-PR [Partido Comunista do Brasil, seo do Paran] e as possibilidades de compa-rao com outras sees regionais dos comunistas em outros contextos podem comear daqui (idem, p. 24).Se lembrarmos que histria , antes de tudo, comparao, tal procedimento ser importante para que sejapossvel realizar uma sntese interpretativa, ou seja, atravs da comparao, atingir um grau significativo deconhecimento das lutas empreendidas pela militncia comunista no pas, permitindo a elaborao de trabalhoshistoriogrficos importantes sobre o PCB.

    A leitura dos depoimentos dos velhos vermelhos antigos dirigentes do PCB no Paran reveladorano s da mentalidade dos militantes comunistas paranaenses do perodo abordado, a qual, no fundamental,no se diferencia da dos militantes de outros estados e regies do Brasil, como reflete a intensa participaodos comunistas nas lutas populares e no movimento sindical. Acertando ou cometendo erros, o PCB estevesempre integrado nas lutas do povo brasileiro pela democracia, contra o imperialismo e pela reforma agrria.

    A imprensa do PCB no Paran, principalmente o jornal Tribuna do Povo editada com grande sacrifciopor militantes abnegados, ameaada constantemente pelos donos do poder e enfrentando enormes dificulda-des financeiras, revelou-se uma trincheira importante da luta de classes. Esse aspecto aparece com nitidez nosdepoimentos apresentados.

    A questo mais original, que emerge das entrevistas realizadas com os dirigentes comunistas da seoSul do Partido Comunista no Paran1 , so as referncias revolta camponesa de Porecatu, ocorrida em 1950-1951. Segundo o depoimento de um dos dirigentes do PCB, o movimento de Porecatu merece destaque. Foi omovimento de maior envergadura que o Partido teve. [...] O Partido comandou o levante de Porecatu. Chegarama prender at o secretrio de Segurana Pblica (idem, p. 123). Outro dirigente comunista entrevistado afirmaque em Porecatu a revolta camponesa foi comandada pelos comunistas, o Partido teve uma participao diretae objetiva (idem, p. 170).

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    Procurando esclarecer os motivos da revolta, um terceiro dirigente entrevistado em Velhos vermelhosexplica: No governo do [Moyss] Lupion as terras que eram consideradas devolutas de toda a regio entreLondrina e Porecatu, Bela Vista do Paraso, So Miguel do Iva, comearam a ser tituladas. No entanto, quandoo titular chegava sua fatia, encontrava as terras ocupadas. O governo, ento, deu polcia o encargo dadesocupao. Mas como o pessoal comeou a resistir, o Partido se aliou a eles. Ns tnhamos um Comit emPorecatu, o PCB era muito organizado (idem, p. 214-215).

    Segundo o mesmo dirigente comunista, houve resistncia armada, liderada tambm pelo PCB, que desta-cou para atuar na regio dois dirigentes nacionais. Nessa poca o Joo Saldanha, jornalista, que foi dofutebol, era militante do Partido e dava assistncia na regio. [...] Esteve conosco, simultaneamente, o GregrioBezerra, que comeou na regio a resistncia, sendo, inclusive, baleado no brao esquerdo (ibidem).

    Os organizadores do livro consideram que o objetivo do levante de Porecatu era formar uma frente contraos latifundirios, inclusive com o apoio da burguesia nacional, a favor de uma reforma agrria radical.Ressaltam ainda que, nesse episdio, o PCB teve uma atuao direta, destacando-se o papel de dois militantescomunistas, Manuel Jacinto Corra e Flvio Ribeiro (as informaes a respeito dos quais esto em nota de pde pgina de Velhos vermelhos) (idem, p. 56). Da mesma forma, registram a presena de dirigentes nacionais doPCB no conflito de Porecatu, como foi o caso de Joo Saldanha e Gregrio Bezerra (ibidem).

    Izaurino Gomes Patriota, um dos dirigentes comunistas, entrevistados em Velhos vermelhos, opina que arevolta de camponeses de Porecatu foi o fato mais relevante na histria poltica do Paran, o qual no tevedivulgao maior, porque a censura no permitiu. E acrescenta: Um movimento srio, que deu trabalho aogoverno para poder vencer. Ali se revelaram lderes camponeses que lutavam pelos seus ideais, pela terra eessa coisa toda. Foi um levante armado e, como muitas outras revolues histricas no mundo inteiro, foiabafado e esmagado (idem, p. 236-237).

    Izaurino Gomes Patriota destaca ainda que o levante foi dirigido pelo Partido, por aquele deputado dePernambuco, Gregrio Bezerra, e tambm pelo Joo Saldanha (idem, p. 237).

    Como conseqncia do levante de Porecatu, foram organizadas inmeras unies de trabalhadores. EspeditoOliveira da Rocha, um dos entrevistados no livro, destaca a participao do PCB na criao do sindicalismorural no estado do Paran, afirmando que sem dvida esse mrito do Partido. Em 1964, quando veio o golpe,ns j tnhamos 75 sindicatos e associaes formadas. Por exemplo, em Londrina, o primeiro sindicato foifundado por Z Rodrigues, um membro da direo do PCB. Da mesma forma, ele fundou outro sindicato emMaring, onde se transformou em um dos grandes lderes camponeses da histria do Brasil. Espeditoacrescenta que graas a esse movimento se d a existncia da Federao [dos Trabalhadores Rurais] doEstado do Paran e da Confederao do Brasil da qual o Z Rodrigues chegou a ser Secretrio-Geral (idem,p. 124).

    Os organizadores de Velhos vermelhos ressaltam a importncia do conflito de Porecatu na criao das condi-es para que, sob a liderana do Partido, que ao mesmo tempo em que se estruturou aumentou enormementesua influncia, fossem organizadas as Unies Gerais dos Trabalhadores (UGT) e citam o trabalho de O. H. daSilva (2000), no qual se afirma que esse seria um aspecto especfico da organizao dos comunistas paranaenses,pois no se teria observado fenmeno igual no resto do pas (CODATO & KIELLER, 2008, p. 56).

    Em Velhos vermelhos tambm encontramos referncias a outra revolta camponesa ocorrida no Paran, ochamado Levante do Sudoeste, que teve lugar em outubro de 1957. Na ocasio, seis mil colonos invadiram acidade de Francisco Beltro com o objetivo de conquistar a posse da terra. Entretanto, aps as promessas deregularizao das terras os colonos desmobilizaram-se (idem, p. 170n22). De acordo com Hermgenes Lazier,um dos entrevistados, no Sudoeste o Partido no teve atuao nenhuma. Quem comandou este levante foi oPTB e a UDN. [...] Esta luta do Sudoeste era de massas. A outra foi mais radical. H diferenas tremendas entreas duas (idem, p. 171).

    Essas diferenas entre os dois levantes paranaenses dos anos 1950 so registradas pelos organizadores deVelhos vermelhos. Referindo-se aos acontecimentos no Sudoeste, destacam que o Governador tinha interes-se nas terras da regio e, por isso, criou uma companhia chamada Citla (Clevelndia Industrial e TerritorialLtda.) para regulamentar a venda de terras, retirar os posseiros e lote-las conforme interesses econmicos.Essa ao gerou um conflito armado entre posseiros e o governo, que contou tambm com a atuao maisdiscreta dos comunistas, se comparada sua participao no evento de Porecatu (idem, p. 56).

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    M. Kieller e A. Codato concluem que essas duas revoltas camponesas foram responsveis pela hegemoniado PCB no meio sindical agrcola paranaense durante a dcada de 1950 e o incio dos anos sessenta. O Partidoteve participao decisiva na criao de diversos sindicatos de trabalhadores rurais e de uma federao dossindicatos rurais (idem, p. 57).

    Dainis Karepovs, no Posfcio de Velhos vermelhos, ressalta a importncia da atuao dos comunistas doParan nas lutas pela terra, durante os anos cinqenta, para que a organizao dos trabalhadores rurais nesseestado tivesse atingido o seu nvel atual. Afirma o referido autor: Apenas recentemente que a organizaodos trabalhadores do campo constituiu-se em um elemento efetivo e de peso no quadro da luta de classes noBrasil. Justamente neste aspecto que ressalta de seus depoentes um dos pontos altos de Velhos vermelhos:o processo de construo dessa organizao, na qual o Paran detm hoje um papel de destaque e na qual oscomunistas tiveram uma importante contribuio, tendo isso ficado marcante no caso de Porecatu [...] e no dacriao de uma srie de entidades de classe no campo (KAREPOVS, 2008, p. 251).

    A Introduo a Velhos vermelhos, de autoria de A. Codato, parte dos estudos das elites comometodologia para analisar os depoimentos dos dirigentes do PCB-PR, o que pode ser questionado do ponto devista terico, uma vez que as teorias das elites constituem uma forma mais ou menos sofisticada de eludir ateoria marxista das classes sociais e da luta de classes. Como apontado por Cardoso e Brignoli: [...] laconcepcin en trminos de elite presupone la distribucin desigual de una o de una combinacin de variables,destacando-se el hecho de que existen frecuentemente grupos selectos de personas los ms dotados; losms ricos; los ms poderosos, etc. que se destacan, constituyendo una elite. Comnmente se enfatiza elhecho de que los que gobiernan o detentan el poder, son justamente los miembros de dichos grupos selectos.Desde el punto de vista terico-metodolgico, la teora de las elites implica una perspectiva similar a la de lasteoras de la estratificacin basadas en la distribucin desigual del poder (CARDOSO & BRIGNOLI, 1976, p.106-107).

    Desta forma, segundo os dois autores marxistas citados, abandona-se a concepo de classe social pro-posta por Marx. Consequentemente, abandonada tambm a concepo, segundo a qual nas sociedadeshumanas, em que existe explorao do homem pelo homem, processa-se a luta de classes. Aspecto importantea ser considerado por quem se propuser a analisar e interpretar os depoimentos apresentados em Velhosvermelhos.

    O livro est dividido em duas partes, sendo que os dez depoimentos apresentados compem a segundaparte. A primeira contm dois captulos, que, de acordo com A. Codato, devem situar o leitor no universopoltico e ideolgico que as entrevistas recriam (CODATO & KIELLER, 2008, p. 20). Como j fora antecipadona Introduo ao livro, o captulo I, de autoria dos dois organizadores da obra, tem como ttulo A elite doscomunistas e sua histria no Paran, deixando clara, portanto, a opo terica adotada.

    Ademais dos problemas oriundos de uma anlise baseada nas teorias das elites, os autores do captuloI, ao desconsiderar uma parte significativa da produo acadmica hoje existente sobre a histria do PCB e doscomunistas brasileiros, incorrem em uma srie de falhas e imprecises, decorrentes de tal desconhecimento e,muitas vezes, dos preconceitos anticomunistas derivados da Histria Oficial produzida pelas classes dominan-tes. Assim, tanto no captulo I como em algumas notas de p de pgina e tambm nas questes formuladas aosentrevistados, verificamos a utilizao da expresso levante comunista para designar os levantes de novem-bro de 1935 (idem, p. 27, 45, 49, 55, 96, 118, 142). Na verdade, foram levantes antifascistas, nos quais, certamen-te, os comunistas tiveram participao ativa; entretanto, lutava-se contra o fascismo e o integralismo, contra oimperialismo e o latifndio e no pelo estabelecimento do comunismo no Brasil, como sempre foi difundido peladireita em nosso pas (cf. PRESTES, 2008).

    Entre muitas outras imprecises, algumas podem ser citadas:

    1) atribuir Conferncia da Mantiqueira, realizada pelo PCB em 1943, a eleio da Comisso Nacional deOrganizao Provisria (CNOP), quando, ao contrrio, esta foi formada antes da Conferncia e desempe-nhou papel importante na sua convocao, tendo desaparecido aps a realizao da Conferncia (CODATO& KIELLER, 2008, p. 33);

    2) afirmar que Luiz Carlos Prestes foi elevado pela CNOP aos quadros da Direo Executiva e que a CNOPdefiniu [...] a linha justa diante do governo de Getlio Vargas, quando na realidade tais decisesforam aprovadas na Conferncia da Mantiqueira (idem, p. 33);

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    3) repetir o lugar-comum muito difundido pela direita de uma suposta aliana de Prestes com Vargas,quando o que houve foi apenas apoio do PCB e de Prestes, sem compromisso algum, posio dogoverno Vargas de combate ao nazifascismo, nos anos que antecederam a derrota dos pases do Eixo(idem, p. 33; cf. PRESTES, 2001);

    4) impreciso na caracterizao da Coluna Prestes, ao afirmar que esta era constituda apenas pelos seto-res derrotados na Revoluo Paulista de 1924, desconsiderando a participao decisiva dos rebeldesque se levantaram no Rio Grande do Sul e marcharam sob o comando de Luiz Carlos Prestes ao encontrodos companheiros de So Paulo. Tambm incorreta a afirmao de que a Coluna teria sido derrotada(CODATO & KIELLER, 2008, p. 33n12; cf. PRESTES, 1997);

    5) atribuir ao governo Vargas, em 1945, a convocao de uma Assemblia Constituinte. Na realidade, Vargasconvocou eleies para a presidncia da Repblica, Cmara dos Deputados e Conselho Federal (corres-pondente ao Senado Federal). Somente, em novembro de 1945, aps a deposio de Vargas, as eleiespara a Assemblia Constituinte foram convocadas por Jos Linhares (CODATO & KIELLER, 2008, p. 34,36);

    6) atribuir a adoo da concepo etapista da revoluo brasileira pelo PCB a partir apenas dos anos1950, quando a mesma est inscrita nos documentos do Partido desde os anos 1920 (idem, p. 43);

    7) afirmar que os documentos do Partido Comunista sempre orientaram seus quadros para que buscassemalianas com a pequena burguesia em detrimento do proletariado/campesinato, inverdade facilmenteobservvel a partir da leitura de tais documentos (idem, p. 43);

    8) a bancada comunista na Cmara Municipal do Rio de Janeiro, em 1947, tinha 18 vereadores e no 15,conforme se diz na pgina 45 e

    9) exagero no papel atribudo aos fatores internacionais e s orientaes oriundas da URSS na poltica doPCB, cuja autonomia relativa nas decises adotadas assim ignorada (idem, p. 45, 49, 55).

    As imprecises tambm se fazem presentes em algumas notas explicativas de p de pgina, que acompa-nham os depoimentos dos dirigentes entrevistados. Por exemplo, a nota n. 47 (idem, p. 106) atribui IIIInternacional Comunista um estilo de funcionamento que no corresponde bem realidade, pois que seomite a participao dos partidos comunistas, filiados a essa organizao internacional, na tomada desuas decises.

    O captulo II de Velhos vermelhos, de autoria de Viviane Maria Zeni, pretende apresentar algumas refle-xes sobre o imaginrio comunista no Brasil atravs da anlise da participao das mulheres no PCB entre osanos de 1945 e 1958 (ZENI, 2008, p. 61). Afirma-se nesse captulo que as mulheres comunistas reproduziam ocarter dogmtico da cultura poltica que o PCB difundia e conservava e que o PCB tornou[-se] o depositriode uma cultura poltica de carter dogmtico (idem, p. 67). Entretanto, no fica claro o que seria tal culturapoltica de carter dogmtico, deixando caminho aberto para as mais diversas interpretaes por parte doleitor.

    Da mesma forma, discutvel o emprego do conceito de totalitarismo para caracterizar o sistema soviticoe, por extenso, as prticas dos comunistas brasileiros (idem, p. 79). F. C. Teixeira da Silva destaca na teoria dototalitarismo o fato de considerar-se a massa como objeto amorfo, manipulvel e o papel da massa, emespecial, dos trabalhadores ser largamente negligenciado, o que em absoluto no se confirma atravs dapesquisa emprica, seja no Brasil seja na Europa. Conforme apontado por esse autor, estudioso da resistnciaoperria ao nacional-socialismo na Alemanha nazista, as novas fontes disponveis revelam a existncia devigoroso movimento de oposio interna aos regimes fascistas. Em outras palavras, A teoria do totalitarismo,marcada profundamente pelo clima poltico e ideolgico da Guerra Fria, incapaz de fornecer explicaesadequadas ao enfrentamento fascismo/comunismo, desconhecendo e expulsando da histria uma importanteresistncia operria comunista e antifascista (SILVA, 1999, p. 16-17, 41).

    O captulo II, intitulado Mulheres comunistas no Paran: experincias e militncia nas dcadas de 40 e 50,tem, contudo, o mrito de contribuir para o estudo dos processos de construo de identidade, tema aindapouco explorado pela Sociologia Poltica brasileira, conforme destacado por A. Codato (CODATO & KIELLER,2008, p. 20).

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    A apreciao geral de Velhos vermelhos no pode deixar de ser positiva. Nesse sentido, no h como noconcordar com o prefaciador da obra, quando este escreve que o livro oferece, num texto gil, muito bemeditado, que mantm aceso o interesse da leitura, no somente importantes subsdios para a histria das lutassociais e do combate revolucionrio no Paran, mas, principalmente, um auto-retrato verdico da militnciacomunista na singularidade de suas circunstncias concretas e na universalidade de seu projeto poltico(idem, p. 12).

    CARDOSO, C. F. S. & BRIGNOLI, H. P. 1976. El concepto de clases sociales : bases para una discusin.Madrid : Ayuso.

    CODATO, A. & KIELLER, M. (orgs.). 2008. Velhos vermelhos : histria e memria dos dirigentes comunistasno Paran (1945-1964). Curitiba : UFPR.

    KAREPOVS, D. 2008. Posfcio. In: CODATO, A. & KIELLER, M. (orgs.). 2008. Velhos vermelhos : histria ememria dos dirigentes comunistas no Paran (1945-1964). Curitiba : UFPR.

    MORAES, J. Q. 2008. Prefcio. In: CODATO, A. & KIELLER, M. (orgs.). 2008. Velhos vermelhos : histria ememria dos dirigentes comunistas no Paran (1945-1964). Curitiba : UFPR.

    PRESTES, A. L. 1997. A Coluna Prestes. 4 ed. So Paulo : Paz e Terra.

    _____. 2001. Da insurreio armada (1935) Unio Nacional (1938-1945) : a virada ttica na poltica doPCB. So Paulo : Paz e Terra.

    _____. 2008. Luiz Carlos Prestes e a Aliana Nacional Libertadora : os caminhos da luta antifascista noBrasil (1934-35). 3 ed. So Paulo : Brasiliense.

    SILVA, F. C. T. 1999. Wedding vermelho, um bairro operrio em Berlim (1919-1939) : campo e cidade na formaoda cultura operria e da resistncia frente ao nacional-socialismo. In : BRUNO, R.; COSTA, L. F. C. &MOREIRA, R. J. (orgs.). Mundo rural e tempo presente. Rio de Janeiro : Mauad.

    SILVA, O. H. 2000. O nascimento dos sindicatos rurais e o sindicalismo comunista no Paran. In : VILALOBOS,J. U. G. (org.). Geografia Social e Agricultura. Maring : UEM.

    ZENI, V. M. 2008. Mulheres comunistas no Paran: experincias e militncia nas dcadas de 40 e 50. In:CODATO, A. & KIELLER, M. (orgs.). 2008. Velhos vermelhos : histria e memria dos dirigentes comunis-tas no Paran (1945-1964). Curitiba : UFPR.

    Anita Leocadia Prestes ([email protected]) Doutora em Histria Social pela Universidade FederalFluminense (UFF) e professora do Programa de Ps-Graduao em Histria Comparada da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ).

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS