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ANIVERSÁRIO DE SOROCABA

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Introdução

Toda cidade tem sua história, feita de pessoas, ruas, casas, monumentos e fatos marcantes para o conjunto de seus habitantes e para cada um de nós.

Ela tem vida. Cresce, modifica-se, transforma-se, fica feia ou bonita conforme nosso olhar. Reflete e dialoga com seus moradores. Como entidade viva, precisa também de atenção, de cuidados, de carinho. Afinal, nossa cidade é a extensão da nossa rua, da nossa casa, da nossa alma. Do que somos ou desejamos ser.

Caminhos tantas vezes vistos e, de repente, não vistos. Detalhes: uma nova pintura ou algo tão antigo que se nos depara tão novo.A cidade abre-se como uma janela. A cada dia um novo tom. A cada instante uma cor. A cada segundo uma esperança.

Pessoas que vão e vêm como catadores de sonhos. Novos rostos, novos sorrisos, algumas mágoas, novos vizinhos, pessoas que se ausentam no para sempre e que, para sempre estão indeléveis em nossa memória.Um sol mais forte, uma tarde preguiçosa ou repleta de incontornáveis compromissos. A lua que surge acima das nossas cotidianas correrias, a rir-se de nós, postada tranquila como ficava nas noites calmas da juventude e dos namoros.

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A cidade mostra-se em plenitude para aqueles que sabem olhar. Tudo se repete e nada se repete. As mesmas crianças ou outras crianças brincam nos espaços que deixamos da largueza dos nossos caminhos. Adultos correm como sempre correram. Velhos passam tranquilos, sabedores de que tudo muda, mas as histórias se repetem.

A cidade mostra-se através das ruas, das calçadas, prédios, pessoas, gatos vadios, pássaros, cores, sons, cheiros e, aos poucos (para os mais atentos) descobrimos: todas as Sorocabas, de Baltazar aos nossos dias estão aí encobertas, diáfanas, sutis. Descanse o olhar. Olhe de novo. Vá descobrindo. Vá se reencontrando. Tudo está aí.

Resumo Histórico de Sorocaba

Muito antes do descobrimento do Brasil, a região do rio Sorocaba era habitada por índios Tupiniquins. As atuais ruas do centro faziam parte do Peabiru, caminho indígena que atravessava a América do Sul e, posteriormente, foi utilizado por bandeirantes e missionários.

Afonso Sardinha e seu filho do mesmo nome, por volta de 1589, procuram ouro no morro do Araçoiaba. Encontraram minério de ferro e comunicaram o fato ao governador-geral do Brasil, Dom Francisco de Souza que, em 1599, esteve na região, quando foi erigido um pelourinho - símbolo do poder real.

Neste período, bandeirantes percorriam o  Peabiru, entre eles, o capitão Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba. Recebendo da mãe e do irmão, grande propriedade de terra, Baltazar mudou-se então para a região, em 1654, com familiares e escravos indígenas e fundou um povoado, ao qual deu o nome de Sorocaba que na linguagem Tupi-Guarani significa “Terra Rasgada”.

Além disso, Baltazar doou, em 1661, uma grande gleba de terras aos monges beneditinos de Santana do Parnaíba, onde morava anteriormente, com a condição de que estes construíssem um convento e uma escola. A iniciativa incentivou o povoamento de Sorocaba, atraindo moradores da região para se estabelecerem aqui.

A partir do século XVII, o comércio de escravos índios deixou de ser a principal fonte de renda local e acabou substituída por outra atividade de comércio: as Feiras de Muares. A primeira tropa de mulas passou pelas ruas de Sorocaba em  1733, conduzida pelo português Cristóvão Pereira de Abreu, um dos fundadores do Rio Grande do Sul, iniciando um novo ciclo histórico: o Tropeirismo.

A localização geográfica favoreceu Sorocaba no comércio das tropas. Sua posição estratégica a tornou parada obrigatória para os tropeiros, no eixo

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econômico do entre o Sul, o Norte e o Nordeste. A cidade, com o fluxo de tropeiros, formou uma Feira de Muares, onde brasileiros de todos os estados reuniam-se para comprar e vender animais.

Elevação de Sorocaba à Categoria de VilaTela de Ettore Marangoni – 1954

Acervo Museu Histórico Sorocabano

A grande movimentação econômica e o intenso fluxo de pessoas proporcionou desenvolvimento ao comércio e à indústria caseira, com base na confecção de facas, facões, redes, doces e objetos de couro para montaria. A partir daí, novos ciclos de desenvolvimento marcaram a história de Sorocaba, em especial, o do cultivo de algodão, atraindo investimentos ingleses, com a implantação de indústrias têxteis, que tornaram a cidade conhecida como a Manchester Paulista e, posteriormente, a Ferrovia, inaugurada em 1875.

A partir da década de 1970, a cidade diversificou seu parque industrial, que abriga hoje milhares de empresas, incluindo algumas das principais do Brasil e da América do Sul. Agora, Sorocaba se prepara para entrar em uma nova etapa do seu desenvolvimento, com a implantação de um Parque Tecnológico.

Em 2014, com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba, nossa cidade passa a congregar 27 municípios, possibilitando um desenvolvimento planejado em termos de qualidade de vida e identidade cultural.

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Locais a serem visitados

O RIO SOROCABAO Rio Sorocaba nasce na Serra do Mar, próximo a Ibiúna, SP. É formado por três pequenos rios: Sorocamirim, Sorocabuçu e Una. Ao longo de seu curso ele recebe água de vários afluentes. Na região de Sorocaba destacam-se os córregos do Lageado e Supiriri e os rios Ipanema, Sarapuí, Tatuí e Piragibu. Na região de Laranjal Paulista, o rio Sorocaba vai unir-se ao grande rio paulista, o Tietê.

Havia muitos peixes no rio e em suas margens viviam diferentes espécies de animais. Próximo habitavam os índios, que se alimentavam de seus peixes, bebiam suas águas e nelas se banhavam.

O rio serviu de caminho para os bandeirantes que iam para longe em grandes canoas, também chamadas de batelões. Com o crescimento da cidade foi ficando sujo. Hoje está sendo limpo da poluição, recuperando em plenitude sua vida e da população.

Rio Sorocaba – foto Zaqueu Proença

O PEABIRUOs primeiros habitantes de Sorocaba foram os índios que aqui viviam da coleta e cultivo de alimentos, caça e pesca. Eram nômades, isto é, permaneciam no local por um determinado tempo e, depois, mudavam-se em busca de melhores condições. Pesquisadores estimam o aparecimento desses índios entre 10 e 6 mil anos atrás.

Graças a vestígios deixados pelos índios, como pontas de flechas, objetos de cerâmica e urnas funerárias, estuda-se seus costumes e os locais onde

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permaneceram ou utilizavam como campo de caça. Através desses vestígios hoje sabemos que o Centro da cidade, os bairros do São Bento, Caguaçu, Éden, Jardim Iguatemi, Parque das Laranjeiras, Mineirão e Cerrado foram locais de aldeamentos indígenas.

Dos índios herdamos a alimentação à base de mandioca e milho, a rede de dormir, o banho diário e a toponímia - denominação em língua tupi-guarani de diversos acidentes geográficos da região. A começar pelo nome da cidade Sorocaba (terra-rasgada), Supiriri (rio dos couros), Ipanema (água ruim), Ipatinga (lagoa branca), Votorantim (morro da água branca), Itavuvu (pedra chata grande), Araçoiaba (esconderijo do sol), Caguaçu (mato grande), Itupararanga (salto barulhento), entre outros.

Por Sorocaba passava o legendário Peabiru, conjunto de trilhas indígenas anteriores ao descobrimento do Brasil, que partiam de pontos próximos às cidades de São Vicente, Cananéia e Paranaguá, uniam-se no interior do Estado do Paraná, atravessavam o Paraguai e atingiam o Peru.

A trilha principal do Peabiru cortava (e ainda hoje corta) o bairro de Aparecidinha, seguindo pela margem do Rio Sorocaba, passando pela Rua Padre Madureira, Avenida São Paulo, Quinze de Novembro, São Bento, Praça Carlos de Campos, Rua 13 de Maio, Rua da Penha, Moreira César, Praça 9 de Julho, General Carneiro e daí em diante seguindo pela estrada do Ipatinga em direção a Araçoiaba da Serra.

FÁBRICA NOSSA SENHORA DA PONTEInaugurada em 1882, pelo português Manoel José da Fonseca, que enriquecera no comerciante de algodão, na antiga propriedade de Maria Joaquina do Nascimento Ferreira Prestes, que se estendia do Largo do Mercado até a atual Vila Carvalho.

O projeto de construção segue o modelo das fábricas inglesas, sendo todo o madeiramento e tijolos trazidos de Itapeva, atual bairro de Votorantim. Foi o inglês Alexandre Marchisio o responsável pela aquisição do maquinário e gerenciamento técnico da mesma.

Funcionava de sol a sol em longas jornadas. Com o tempo, a fábrica passa para as mãos de Nicolau Scarpa (1919), também comerciante que fizera fortuna com o algodão. Em 1981 o grupo Cianê, de Sorocaba adquire a empresa, mas,

devido a dificuldades financeiras, a fábrica é fechada definitivamente em 1981.

O conjunto enfrenta longo período de abandono. Em 1991, a Prefeitura desapropria parte do terreno para a construção do Terminal Urbano. Em 1993 o conjunto é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de

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Sorocaba. Em 2013 é inaugurado no local o Shopping Cianê.

Fábrica Nossa Senhora da PonteFoto de Pedro Neves dos

Santos – 1923

Vida OperáriaCom o advento das indústrias, surge uma nova classe em Sorocaba: a dos operários. As condições de trabalho com longas jornadas, a utilização de mão de obra de mulheres e crianças vão gerar a criação de Sociedades Operárias de Mútuo Auxílio e a adesão contínua destes operários em greves e lutas buscando melhores condições, transformando, aos poucos, a realidade do município.

Funcionários da Fábrica Nossa Senhora

da Ponte – 1904Foto de Florentino

HanstedAcervo Museu

Histórico Sorocabano

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ESTAÇÃOOnde atualmente se encontra a estação da Estrada de Ferro Sorocabana existia uma grande paineira e próximo a ela, realizavam exibições de touradas. Luiz Matheus Maylasky, um dos fundadores da Sorocabana, mantinha no local seu depósito e máquina de beneficiar algodão.

A Estação foi o primeiro edifício construído em tijolos em 1875, com projeto do alemão Clement Noveletto Spetzler. Em 1929, passou por ampliações e total modificação da fachada, com projeto, em estilo eclético, do escritório de Ramos de Azevedo.

Para a construção da ferrovia ligando Sorocaba a São Paulo, foi utilizada mão de obra escrava e de estrangeiros. Em menos de três anos o trecho foi entregue em grande festividade.

Em 1930, as oficinas da Sorocabana de Mairinque foram transferidas para Sorocaba, trazendo muitos ferroviários que passaram a residir próximos,

ampliando-se os bairros do Além Linha, em especial os da Vila Santana, Carvalho e Progresso.

O apito da Ferrovia integrou durante décadas o cotidiano dos sorocabanos, como a guiar seus compromissos e rotinas. Hoje se calou, mas a Sorocabana continua forte na memória e no coração da cidade.

Estação da Estrada de Ferro Sorocabana – cerca 1910

Acervo Museu Histórico Sorocabano

AVENIDA EUGÊNIO SALERNOAberta no início da década de 30, em propriedade doada à Cúria Sorocabana pelo empresário Frank Speers. A Cúria doou à Prefeitura parte de sua propriedade para a abertura da atual Av. Eugênio Salerno, assim denominada em homenagem ao então prefeito morto em 1935. Na década de 1930 ali foram instalados a Escola Normal (atual Getúlio Vargas) e o Ginásio do Estado (atual Estadão). Na avenida, arborizada com flamboyants e jardim central, foram construídas uma série de residências amplas, com varandas e jardins na frente das casas.

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RUA MOREIRA CESARAntigo Beco do Pito Aceso surgiu estreita. Em 1825, foi prolongada até a Rua Cesário Mota e posteriormente até a Avenida Juscelino Kubistchek. Na Rua da Penha, que a atravessa, existia uma propriedade do Sarutaiá, último capitão-mor de Sorocaba, posteriormente adquirida por Francisco Ferreira Leão, que ali tinha a sua chácara.

No local, mandou erguer uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Penha. Em 1899, cedeu parte de sua propriedade para a construção do Velódromo, que atraía a juventude da época em campeonatos realizados aos finais de semana. A primeira corrida de bicicletas do Velódromo à Avenida São Paulo foi vencida por Julinho Dursky, filho do famoso fotógrafo residente em Sorocaba.

GRUPO ESCOLAR ANTONIO PADILHAO primeiro Grupo Escolar de Sorocaba foi o Padilha. Criado em 1896, por sugestão do comerciante e vereador Antonio Padilha, que faleceu antes de ver a escola concluída.

Inaugurado em 1914, o edifício foi construído pelo Governo do Estado em estilo eclético (elementos de vários estilos artísticos reunidos), destaca-se pelas dimensões, preocupação com o arejamento através das amplas janelas, entradas de circulação de ar e disciplina, com todas as salas de aula voltadas para o pátio interno, sob a supervisão do Diretor.

Grupo Escolar Antonio Padilha – 1923Foto de Pedro Neves dos Santos

Acervo Biblioteca Infantil Municipal

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PRAÇA FREI BARAÚNAO local pertencia ao Mosteiro de São Bento e abrigava parte de seu pomar e horta. Em 1864, Frei Baraúna doou o terreno à cidade. Era um grande campo onde, no canto próximo à Rua Cesário Mota, segundo o historiador Afonso Celso de Oliveira, estavam três canhões fincados no chão, com a boca enterrada, remanescentes da Revolução Liberal de 1842, ocorrida em Sorocaba. Estes canhões foram fabricados em Ipanema e, posteriormente, dois deles transferidos para a Praça Arthur Fajardo e o terceiro, mais completo, levado para o Museu Paulista da USP, conhecido popularmente como Museu do Ipiranga.

Na praça, com poucas casas, realizavam-se as famosas Cavalhadas de Sorocaba: representações tradicionais e festivas das lutas entre os mouros e cristãos. Dois grupos de cavaleiros, cada qual com roupas próprias na cor azul para os cristãos e vermelha para os mouros, disputavam entre si o poder.

Ao final, o grupo cristão vencedor era aclamado pelos presentes. Os mouros, então, se convertiam ao cristianismo.

Praça Frei Baraúna em 1923Foto de Pedro Neves dos SantosAcervo Biblioteca Infantil

Municipal

Em 1916, ali se instalou o Jardim Municipal, popularmente conhecido como Jardim dos Bichos, fechado por grades e quatro portões laterais feitos em Ipanema. Havia um coreto onde, nos finais de semana, as bandas apresentavam-se, um lago com peixes ornamentais, viveiros com pássaros e muitas árvores.

Uma grande figueira abrigava um bicho-preguiça. Flores eram cuidadosamente cultivadas. Aberto às 6h e fechado às 19h, atraía os moradores para seus passeios. Segundo o historiador Aluísio de Almeida, o local era recomendado para aqueles com problemas respiratórios, que passeavam no Jardim pela manhã, respirando o ar puro do local. O Parque foi desativado em 1930.

A Praça Frei Baraúna foi palco de importantes eventos. Desde as já citadas Cavalhadas, passando pelo Jardim Municipal, Congresso Eucarístico. Aconteceram apresentações musicais (Orquestra Sinfônica do Estado e

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Municipal), folclóricas (Grupos de Ciranda Nordestina, Feiras Nordestinas), teatrais (Comédia dos Erros, As Troianas, Romeu e Julieta, Bodas de Sangue, entre outras) e as primeiras edições da Feira de Artesanato e Feira da Barganha.

OFICINA CULTURAL GRANDE OTELOEm 1937, tem início a construção do novo prédio do Fórum (o segundo), que demorou a ser concluído. Em 1941, aproveitaram-se os alicerces da obra para nele instalarem um grande palco e altar, utilizados no I Congresso Eucarístico

Diocesano de Sorocaba. No local funcionaram os Cartórios, o Júri e o Juizado de Menores em cuja “cadeinha” permaneciam os menores infratores.

O Fórum tornou-se pequeno frente ao crescimento de suas atividades. Na década de 1970, foi transferido para a Praça da Maçonaria, no Jardim Paulistano.

O antigo prédio do Fórum foi transferido para a Delegacia Regional da Cultura, órgão do Estado de São Paulo. Passaram a funcionar, também, no local a Biblioteca Braille (1985), Biblioteca Infantil Municipal (1986), Centro de Folclore de Sorocaba (1986), Núcleo de Memória do Teatro Sorocabano (1986) e Orquestra Sinfônica Municipal (1987).

Em 1990, o prédio é reformado e nele se instala a Oficina Cultural Grande Otelo, desenvolvendo atividades culturais na cidade e região.

Praça Frei Baraúna e ForumAtual Oficina Cultural Grande Otelo – 1950

Acervo Museu Histórico Sorocabano

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OBELISCONo centro da praça, ergue-se o obelisco, inaugurado em 1948, em homenagem aos pracinhas, soldados brasileiros que participaram da Campanha da Itália (1944-1945) durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Seguiram para a Itália 25.334 homens, dentre eles 109 sorocabanos. Em 239 dias de ação, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) – fez 20.573 prisioneiros e obteve vitória em Camaiore, Monte Pramo, Monte Castelo, Castelnuovo, Montese, Zocca, Colechio e Fornovo. Foram mortos 451 brasileiros sendo 2 sorocabanos, cujos nomes constantes na placa do monumento estão assinalados com uma cruz. A construção deste monumento foi resultado da campanha promovida pela Sociedade Amigos de Sorocaba, liderada por Álvaro Nuno Pereira.

IGREJA DE SANT’ANA E MOSTEIRO DE SÃO BENTOA ordem beneditina instalou-se no Brasil em 1581, na cidade de Salvador, Bahia. Posteriormente, novos grupos se fixaram em Olinda, PE (1582), Rio de Janeiro, RJ (1586), Paraíba, PA (1596), Santos, SP (1600), São Paulo, SP (1598), Santana do Parnaíba (1643), Sorocaba (1660) e Jundiaí (1668).

Mosteiro de São Bento e Igreja de Sant’Ana – 1923Acervo Museu Histórico Sorocabano

No Estado de São Paulo existiram quatro mosteiros. Somente foram preservados o da capital e o de Sorocaba. O de Santana do Parnaíba extinguiu-se em 1830 e,

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em Jundiaí, só restou a Igreja. O Mosteiro de Sorocaba é o único que conservou suas características, visto que o de São Paulo foi completamente demolido, em 1910, para dar lugar à atual abadia.

O mosteiro de São Bento de Sorocaba compreende o espaço do monastério e a Igreja de Sant’Ana, conhecida popularmente como Igreja de São Bento. Todo o conjunto surge a partir de uma capela construída por ordem de Baltazar Fernandes, antes de 1654. Ela aparece no testamento de Isabel de Proença, a segunda esposa de Baltazar. Importante ressaltar que esse testamento é o primeiro documento preservado onde se registra o nome de Sorocaba.

Com a elevação de Sorocaba à categoria de Vila, a 3 de março de 1661, Baltazar Fernandes iniciou o processo de arruamento da região, com a abertura da Rua de São Bento, Praça, para a construção da nova igreja e futura matriz e a construção da Câmara e Cadeia, Rua das Casinhas (atual Rua Barão do Rio Branco) e Rua Direita (Rua Dr. Braguinha).

Para essa nova igreja foi transferida a primitiva imagem de Nossa Senhora da Ponte, trazida pelo fundador. A igreja do mosteiro passa a ter como orago Nossa Senhora da Visitação e, posteriormente, Sant’Ana.

Todo o conjunto arquitetônico passou por diferentes ampliações e reformas. Cabe destacar que o mosteiro foi construído posteriormente à capela e alguns metros à frente. Com o tempo, a capela foi ampliada em sua nave, nivelando-se à fachada do mosteiro. Entre 1769 e 1772, a igreja adquiriu o seu tamanho atual.

A técnica de construção das paredes era de taipa de pilão, isto é, terra e barro socados. As telhas foram, possivelmente, produzidas no município.

A partir de 1904, sob a coordenação do Padre Luiz Scicluna, o Mosteiro passou por profundas mudanças. A fachada foi completamente reformada, menos a torre. Os largos beirais foram substituídos por platibandas na altura da igreja. Internamente, ampliou-se o coro da igreja com a colocação dos balaústres, obra do carpinteiro Joaquim Xavier dos Santos, que os fez entre 1776 e 1778. Esses elementos vieram do Mosteiro de São Bento de São Paulo, em 1910, junto com os quatro quadros fixados nas paredes da nave da Igreja.

LARGO DE SÃO BENTOInteressante destacar o termo largo, muito utilizado antigamente para denominar os espaços públicos e que foram posteriormente assumindo outras denominações. Tivemos o Largo da Matriz, atual Pça. Cel. Fernando Prestes, Largo do Rosário (Pça. Dr. Ferreira Braga), Largo do Pito Aceso (denominado Largo da Independência, após 1822 e atual Pça. 9 de Julho), Largo das Tropas (Pça. Dr. Artur Fajardo), entre outros. O Largo de São Bento foi um dos poucos que manteve o nome.

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No início era um grande espaço de terra com o cruzeiro, a capela e, depois, o Mosteiro. As primeiras casas foram sendo construídas ao redor. No final do século XIX, Frei Baraúna plantou árvores e ajardinou o local.

Na década de 1950, foi construído um reservatório ainda hoje em uso. No final dos anos, um auditório XV de Agosto, a céu aberto, conhecido como Concha Acústica, com palco e bancos, servia para apresentações artísticas. Foi demolido em 2000 para dar lugar à atual praça, com pouquíssimas árvores e alguns bancos.

MONUMENTO A BALTAZAR FERNANDESBaltazar Fernandes nasceu em 1580, na fazenda de seus pais, Manuel Fernandes Ramos e Suzana Dias, no atual bairro do Ibirapuera, São Paulo. Irmão de André e Domingos Fernandes, fundadores de Santana do Parnaíba e Itu.

Era bandeirante preador, isto é, caçador de índios para trabalhar nas lavouras. Tomou parte nos ataques às aldeias indígenas no sertão do rio Parapúava, (GO), no Guairá (PR) e nas missões próximas ao rio Uruguai (RS). Participou da expulsão dos jesuítas de São Paulo e foi, por isso, excomungado pelo bispo de Buenos Aires. Fixou-se em Santana do Parnaíba, tendo sido juiz e vereador, dono de terras, moinho de trigo e de uma pequena fundição.

Casou-se duas vezes. Do primeiro casamento, com Maria Zunega, paraguaia, teve uma filha, Maria de Torales. Do segundo, com Isabel de Proença, teve doze filhos. Faleceu em Sorocaba, por volta de 1667. Consta que foi sepultado na Igreja de Sant’Ana, do Mosteiro de São Bento.

O monumento a Baltazar Fernandes é de autoria de Ernesto Biancalana e foi um presente da colônia espanhola a Sorocaba nas comemorações do terceiro centenário de fundação da cidade (1954). A figura do fundador foi baseada em estudos do historiador Aluísio de Almeida e do artista plástico Ettore Marangoni. É interessante verificar a semelhança da figura do monumento com a tela Elevação de Sorocaba a Vila, de Marangoni. As duas mantêm a mesma posição.Fixadas na base em granito estão placas de bronze retratando o início da cidade, ciclo dos tropeiros, industrialização e o brasão de Sorocaba, projetado pelo historiador Afonso d’Escragnolle Taunay e instituído em 23 de março de

1925.

RUA DE SÃO BENTOA primeira aberta em 1661 pelo fundador, Baltazar Fernandes, em cima do Peabiru, conjunto de trilhas indígena anteriores ao descobrimento do Brasil, que partiam de pontos próximos às cidades de São Vicente, Cananéia e

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Paranaguá, uniam-se no interior do Estado do Paraná, atravessavam o Paraguai e atingiam o Peru.

Logo no começo, à direita, em um velho casarão, realizou-se o primeiro casamento protestante da cidade, o do escritor Júlio Ribeiro (1845-1890), na época, residia em Sorocaba, trabalhando como professor e jornalista.

Na esquina da Rua de São Bento com a Pe. Luiz existia o Recolhimento de Santa Clara, organizado por Frei Galvão, em 1811 e construído em taipa de pilão ao lado da primeira Igreja do Rosário. Em 1963, o Convento de Santa Clara transferiu-se para o Jardim São Paulo e o antigo demolido.

Na esquina da Rua de São Bento com a Santa Clara, ficava a residência de Salvador de Oliveira Leme, chamado de Sarutaiá (cara feia, em tupi). Capitão-mor, um dos homens mais ricos da época. Construiu a Igreja do Rosário e o Recolhimento de Santa Clara. Bisavô do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Faleceu em 1802.

Rua de São Bento em 1910Foto Camillo de Lellis

Acervo Museu Histórico Sorocabano

Defronte, ficava a sede do Clube dos Atiradores, também utilizado para apresentações teatrais, cinema e bailes. A partir de 1933 passou a sede da rádio PRD-7 - Rádio Clube de Sorocaba e do jornal Cruzeiro do Sul.

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Na esquina da São Bento com a Pe. Luiz foi construído em 1862, em taipa de pilão a segunda sede da Câmara e Cadeia, considerado um dos prédios mais bonitos da época. Logo na entrada ficava a imagem de São Jorge, que saía em procissão nas solenidades cívicas e religiosas. Hoje a imagem encontra-se preservada no Museu de Arte Sacra.

Ao entardecer, antes da República (1889) os guardas e presos entoavam o terço cantado. O edifício foi demolido na década de 1930 e o terreno serviu de local para instalação de circos itinerantes. Em 1938 inaugurou-se a atual sede central dos Correios, em estilo art déco.

A Rua de São Bento abrigou, em seu início residências. Aos poucos, casas comerciais, restaurantes e cinemas ocuparam o local – ponto de encontro dos moradores até o final dos anos de 1970, quando os bancos ali se instalaram. Destaque para os restaurantes e bares Scherepel, Florio, Passarinho, os cinemas São José e São Bento, a Papelaria São Luiz, o Sorocaba Clube, (sede atual de 1943) onde, ao lado, um sobrado residencial, mantêm ainda sua fachada em mármore, colunas, portão em ferro trabalhado e vidros lapidados, atestando a opulência de uma época.

PRAÇA CORONEL FERNANDES PRESTESAberta por Baltazar Fernandes a partir de 1661. Era um amplo largo, utilizado nas festas, procissões e apresentações de Cavalhadas – encenação da luta entre cristãos e mouros.Em 1886 foi instalado o primeiro chafariz, cuja água vinha de uma caixa que ficava atrás da Catedral.

Em 1901, aproximadamente, recebeu a denominação de Pça. Cel. Fernando Prestes (1855-1937), homenageando o político de Itapetininga, que fora Governador do Estado de São Paulo e muito auxiliou Sorocaba na época do surto de febre amarela. Na Revolução de 1930, recebeu o nome de Praça João Pessoa, não sendo aceito pela população, que manteve o tradicional.

A praça foi urbanizada em 1916, passando por reformas em 1940, 1986, 1990 e 2011. Teve fonte, coreto, jardins, sanitário público e iluminação especial em dias festivos. Palco de comícios, festas religiosas e cívicas, cavalhadas, desfiles, bailes, recepções a autoridades e soldados que combateram na Guerra do Paraguai, Revolução de 1932 e Segunda Guerra Mundial. Ao redor os clubes Aymorés, Círcolo Ítalo Brasileiro, União e Recreativo animavam o local.

Durante décadas serviu de local para footing, encontro entre os jovens, que circulavam em torno da praça, com as mulheres ao centro e os homens no entorno. O footing chegou a ser proibido, mas a lei não foi respeitada. Em 1981, o beijo também foi proibido em espaços públicos, gerando uma série de manifestações na praça.

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Praça Coronel Fernando Prestes em 1923Foto de Pedro Neves dos Santos

Acervo Museu Histórico Sorocabano

RUA BARÃO DO RIO BRANCOAberta por Baltazar Fernandes, em 1661, foi conhecida como Rua das Casinhas, da Câmara e Cadeia e Rua do Comércio. Na esquina com a Rua Quinze de Novembro, funcionou o primeiro prédio da Câmara e Cadeia. Hoje um edifício abriga a loja Maçônica Perseverança III e casa comercial no térreo.

Em 1721, com a descoberta de ouro em Cuiabá pelos sorocabanos, Pascoal Moreira Cabral Leme e Miguel Sutil, a cidade esvaziou. Até mesmo os vereadores abandonaram seus postos em busca de riquezas. O governador de São Paulo da época oficiava à Câmara e ninguém respondia. Até que Brás Mendes, antigo vereador esclareceu: Não ia à Câmara porque não montava. Estava obeso demais.

No século XIX, grandes sobrados foram erguidos com casas comerciais no térreo e residência no andar superior. Na esquina da Rua Barão com a Quinze de Novembro fica a Praça Dom Pedro II e o monumento relembrando a Revolução Liberal de 1842, iniciada em Sorocaba, pelo Brigadeiro Tobias, Padre Feijó e outros liberais, atraindo as tropas de Caxias para conter o movimento.

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PRAÇA ARTUR FAJARDOConhecida popularmente como Largo do Canhão. Pertencia à família do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1795-1857), que doou o terreno à Câmara da época com a condição de que permanecesse para uso público e não se edificasse no local. Em homenagem à mãe do Brigadeiro, recebeu o nome de Largo Santa Gertrudes e, a partir de 1900, Pça. Artur Fajardo, em homenagem ao médico sanitarista que veio com Emílio Ribas a Sorocaba para combater o surto de febre amarela em 1897 e 1900.

Na praça estão colocados dois canhões fundidos na Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, que seriam utilizados na Revolução Liberal de 1842. Não o foram, felizmente, com a chegada de Caxias que veio combater os revoltosos.

Um monumento relembra a figura importante do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, sorocabano, por duas vezes Presidente (Governador) da Província de São Paulo, criador dos Correios e da Força Pública (atual Polícia Militar de São Paulo). Em 1842, casou-se, em Sorocaba, na esquina da Rua Quinze com a Praça Fajardo, com Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos.

PRAÇA FERREIRA BRAGAAssim denominada em homenagem ao médico de Macaé, RJ, Dr. Antonio José Ferreira Braga. Residiu em Sorocaba de 1871 a 1896, na Rua Monsenhor João Soares. Deputado estadual e Governador do Pará. Pai do advogado Joaquim Marques Ferreira Braga, o Dr. Braguinha, assassinado em 1911.

O local era conhecido anteriormente como Largo das Tropas, Páteo dos Lopes (onde residiu a família Lopes de Oliveira) e Rosário Novo (segunda Igreja do Rosário, atual Santa Escolástica). Arborizado em 1873. Em 1954, durante as comemorações do 3º Centenário de Sorocaba, recebeu a fonte luminosa, presente da colônia sírio libanesa à cidade.

Abaixo da Praça Ferreira Braga, onde hoje se instala o Grupo Escolar Visconde do Porto Seguro, segundo Grupo Escolar de Sorocaba, existiu um grande casarão dos irmãos Lacerda. No final do século XIX, ambos adquiriram concessão da Câmara para instalar o serviço de iluminação pública da cidade. Não concluíram por diversas questões e perderam o direito em 1900.

Na Rua Souza Pereira, pela proximidade com a Estação da Estrada de Ferro, se instalaram diversos hotéis, destacando-se o Hotel da Estação (de 1884), Hotel Paulicéia, Hotel Vicente, Hotel do Comércio e Hotel São Paulo.

O prédio que hoje abriga a Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura foi o primeiro edifício com elevador da cidade e revestimento externo com cimento aparente e sílica. Construído em 1925, pertencia ao Banco União, proprietário da Fazenda Votorantim (hoje município do mesmo nome). Serviu de residência,

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hotel e repartição da Secretaria da Fazenda.

Rua Souza Pereira em 1923Foto de Pedro Neves dos Santos

Acervo Biblioteca Infantil Municipal

Na esquina da Rua Dr. Álvaro Soares, em 1805, funcionou a primeira Santa Casa de Misericórdia. Em 1825, a Câmara municipal, alegando falta de verba, alugou o prédio para outros fins até 1845, quando foi organizada a atual Santa Casa de Misericórdia, na Avenida São Paulo.

COLÉGIO SANTA ESCOLÁSTICAAbrange o conjunto que compreendia os dois casarões dos Lopes de Oliveira (Antônio Lopes de Oliveira e Manoel Lopes de Oliveira), e a Igreja, antiga Igreja do Rosário. O primeiro em estilo colonial, provavelmente do início de 1800. O segundo construído na década de 1840. Em 1896 seus herdeiros venderam o conjunto à Cúria de São Paulo sendo o Colégio Diocesano, que funcionou por um ano. Houve um incêndio. Em 1906, adquirido por missionárias beneditinas. As freiras reorganizaram-no, passando a ser o Colégio Santa Escolástica (1908). O conjunto sofreu reformas até 1966 quando o velho casarão foi demolido.

RUA XV DE NOVEMBROEm 1661 era apenas um caminho que levava ao rio. Aos poucos foi ampliado e moradores se instalaram no local. Do lado esquerdo de quem desce, existia uma grande chácara que pertenceu ao Padre Rafael Tobias de Aguiar, tio do Brigadeiro Tobias. Ia quase do começo da Rua Quinze até o fim da Praça Fajardo.

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Em 1921 o prefeito Joaquim Eugênio de Barros, Quinzinho de Barros, iniciou o calçamento das ruas com paralelepípedos na esquina da Rua Barão com a XV de novembro.

A Rua Leite Penteado, travessa da Rua Quinze de Novembro, era conhecida como “Beco do Inferno”, pois, quando a Cadeia funcionava, os presos pela manhã lançavam seus dejetos orgânicos, fazendo com que o local exalasse odores comparáveis ao inferno. No final dessa rua, ficava o Curral do Conselho, área da Câmara para guarda dos animais apreendidos ou utilizados em serviços públicos, inclusive no transporte dos vereadores.

Também no final da Rua Leite Penteado ficava a Chácara da Alegria, onde aos finais de semana as famílias iam passear, colher e saborear frutas frescas.

Ponte sobre o Rio SorocabaTela de Ettore Marangoni

Acervo Museu Histórico Sorocabano

Na esquina da Quinze com a Leite Penteado residiu na década de 1940, o Sr. Antônio Possidon, português e ourives. Era um “faz tudo” da cidade, resolvendo todo tipo de problema com máquinas, fechaduras e equipamentos. Antes de 1914, costumava, aos domingos, ir de bicicleta, de Sorocaba a Pilar do Sul, numa viagem de 10 a 12 horas pelo prazer de estar com sua namorada, futura esposa.

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Abaixo, existe o prédio conhecido como Palacete José Miguel, local que foi rinque de patinação, Câmara de Vereadores, restaurante, casa comercial e banco.

Na esquina com a Brigadeiro Tobias funcionou durante muito tempo a Farmácia Coração de Jesus, em prédio colonial. Ali residiu o Capitão Francisco de Paula Pires Penteado, que tomou parte na Guerra do Paraguai. Um tiro na moeda que levava ao bolso o salvou da morte. Voltou com a moeda exibindo-a com orgulho.

Na frente do mesmo local, a empresa Expresso Sorocabano fazia o transporte de ônibus para São Paulo, Campinas e outras localidades. Posteriormente a Cometa tinha aí o seu escritório até a construção da Rodoviária nova.

Do lado direito da XV de Novembro, esquina com a Rua Brigadeiro Tobias, funcionou, em 1911, o Coliseu Sorocabano, um dos primeiros cinemas fixos da cidade.

Abaixo da Rua Brigadeiro Tobias um grande casarão que pertenceu a Frederico de Almeida Mascarenhas, último escrivão do registro de animais, foi adquirido para nele ser instalado o Palácio Episcopal – residência de Dom Aguirre, primeiro bispo de Sorocaba. Ao lado do Palácio, onde funcionou uma empresa de aluguel de veículos com tração animal, foi erguida a Capela de São José.

A Rua Quinze de novembro com a Praça Fajardo, do lado esquerdo, era conhecida como “Esquina do Capitão Chico”, pois ali morou Francisco Xavier de Barros (1798-1875), irmão dos barões de Itu e Piracicaba. Casou-se com duas irmãs do Brigadeiro Tobias e uma filha de Antonio Lopes de Oliveira, sucessivamente.

Onde hoje se instala a Escola Municipal Leonor Pinto Tomaz funcionou, em 1915, a Fábrica de Enxadas Nossa Senhora Aparecida, que deu origem à siderúrgica do mesmo nome, atual Villares.

PREFEITURA DE SOROCABANos primeiros anos de nossa cidade, o governo era exercido pela Câmara, com as mesmas funções do Prefeito. Baltazar Fernandes, o fundador de Sorocaba, foi o seu primeiro governante. Abriu ruas e praça, construiu as duas primeiras igrejas e o primeiro prédio da Câmara, que ficava na esquina da Rua São Bento e Barão do Rio Branco.Anos depois, a Câmara construiu um grande sobrado na esquina da Rua São Bento e Padre Luiz (atual prédio dos Correios), para sua sede e da Cadeia, permanecendo neste local de 1862 a 1930. Foi transferida para o antigo Teatro São Rafael, depois reformado para ser a Prefeitura até 1981, quando a sede do

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governo municipal foi transferida para o Palácio dos Tropeiros, no Alto da Boa Vista. O prédio na Rua Brigadeiro Tobias foi cedido à FUNDEC.

O Palácio dos Tropeiros é a sede do Poder Executivo, onde o Prefeito, eleito pelo povo, governa. Nela está a maioria das Secretarias Municipais.

Palácio dos TropeirosSede da Prefeitura de Sorocaba

Foto de Zaqueu Proença

O prédio, projetado pelo arquiteto Luiz Arthur Guimarães Navarrete, inaugurado em 15 de junho de 1981, recebeu o nome de Palácio dos Tropeiros – em homenagem ao importante ciclo histórico de Sorocaba: o Tropeirismo.

Construído em concreto e vidro, o Palácio dos Tropeiros tem seis andares. Os três primeiros são ocupados pelas Secretarias, o quarto andar abriga um Mirante, com vista para a cidade e aberto aos visitantes mediante agendamento prévio. No sexto andar, fica o Gabinete do Prefeito.

O lago em frente à Prefeitura surgiu aproveitando-se uma nascente de água. Além de embelezar o local, manter a umidade e a temperatura afasta o calor excessivo.

Suas águas abrigam, carpas, tilápias, marrecos, patos e cisnes. No centro, dois

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jatos de água, movidos a motores mantêm a oxigenação da água e a umidade do local. O jardim e o estacionamento preservam espécies da flora do Cerrado.

Uma pista de Caminhada, denominada Odilon Araújo, oferece trilhas e equipamentos para a prática esportiva e de lazer.

Há um Parque Infantil, próximo à Biblioteca Municipal com brinquedos e caixas de areia para crianças até 12 anos de idade.

TEATRO MUNICIPALO teatro, inaugurado em 29 de janeiro de 1983, com apresentação da Orquestra Municipal de Sorocaba, sob a regência do maestro Pedro Bueno Cameron e a primeira peça teatral a estrear foi Bella Ciao!, com texto de Luís Alberto de Abreu, sobre a vida dos anarquistas brasileiros.

Conta com dois espaços cênicos, um interno, com 435 poltronas e 4 lugares para pessoas portadoras de necessidades especiais e um espaço externo, o Teatro de Arena, com capacidade para 600 pessoas. O hall do Teatro abriga o acervo do Museu Osório Teodoro Moraes, que preserva objetos e documentos dos espetáculos ali exibidos.

BIBLIOTECA MUNICIPALReunindo importante acervo em livros, periódicos e jornais, a Biblioteca Municipal foi criada em 1979. Funcionou por algum tempo na sede da Biblioteca Operária, à Rua Comendador Oeterer, hoje, Academia Sorocabana de Letras. Transferida para a Rua da Penha, depois para o Largo de São Bento e Terminal Santo Antônio, conquistou prédio próprio em 2004.

A Biblioteca abriga mais de 40 mil volumes, entre literatura nacional, estrangeira, infanto-juvenil e de pesquisa. Conta com setores de Obras Raras, Autores Sorocabanos, e obras adaptadas pelo sistema Braille para portadores de deficiência visual. Oferece um auditório de 110 lugares para palestras, cursos e área de exposição.

Pesquisa e textos: José Rubens Incao

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