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Anexo 5. Tendências e associações entre cesarianas e baixo peso ao nascer e nascimento pré- termo no Brasil e Macrorregiões, 2000-2011 Coordenador: Fernando C. Barros Introdução Neste estudo analisamos a base de dados do Sistema de Nascidos Vivos (SINASC) dos anos 2000 a 2011, realizando dois tipos de exclusão na base de dados do SINASC. Primeiramente, foram excluídos os valores extremos de peso nascer - inferiores a 400 g e superiores a 6.000 g, pela baixa probabilidade de que os mesmos representem pesos válidos. A seguir excluímos, também, os municípios com má qualidade de dados do SINASC, conforme os critérios propostos por Andrade e colaboradores [1] Para cada ano, entre 2000 e 2010, foram excluídos municípios que naquele ano apresentavam um fator de correção menor do que 0,8, ou seja, mais de 20% dos nascimentos estimados para o município não haviam sido declarados no SINASC. Tendências temporais e diferenças regionais das cesarianas Para o país, a taxa de cesarianas para o ano 2000 era 38,3%, tendo sido observado aumentos anuais, que culminaram com uma prevalência de 54,0% em 2011. Estes aumentos foram observados em todas as Unidades da Federação (UF). Somente cinco delas, três pertencentes à Região Norte – Acre, Roraima e Amapá – e duas do Nordeste – Maranhão e Sergipe apresentavam em 2011 prevalência de cesarianas inferiores a 40%. As distintas tendências regionais são bem percebidas na Figura 1. Nota-se claramente dois blocos de regiões, aquele de taxas mais baixas em 2000, configurado pelo Norte e Nordeste, que apresentavam percentuais inferiores a 30%, e o bloco de percentuais mais elevados, representado pelo Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que já em 2000 apresentavam percentuais de cesarianas superiores a 40%. A evolução temporal das cinco regiões mostra tendências de ascensão semelhantes, embora o aumento das cesarianas no Nordeste, que em 2000 tinha a taxa mais baixa, tenha sido da ordem de 79%, enquanto que no Sudeste, que em 2000 era a região com mais cesarianas, este incremento tenha sido de 28%. Esta evolução sugere que o Sul e o

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Anexo 5.

Tendências e associações entre cesarianas e baixo peso ao nascer e nascimento pré-

termo no Brasil e Macrorregiões, 2000-2011

Coordenador: Fernando C. Barros

Introdução

Neste estudo analisamos a base de dados do Sistema de Nascidos Vivos (SINASC) dos anos

2000 a 2011, realizando dois tipos de exclusão na base de dados do SINASC. Primeiramente,

foram excluídos os valores extremos de peso nascer - inferiores a 400 g e superiores a 6.000 g,

pela baixa probabilidade de que os mesmos representem pesos válidos. A seguir excluímos,

também, os municípios com má qualidade de dados do SINASC, conforme os critérios

propostos por Andrade e colaboradores [1] Para cada ano, entre 2000 e 2010, foram excluídos

municípios que naquele ano apresentavam um fator de correção menor do que 0,8, ou seja, mais

de 20% dos nascimentos estimados para o município não haviam sido declarados no SINASC.

Tendências temporais e diferenças regionais das cesarianas

Para o país, a taxa de cesarianas para o ano 2000 era 38,3%, tendo sido observado aumentos

anuais, que culminaram com uma prevalência de 54,0% em 2011. Estes aumentos foram

observados em todas as Unidades da Federação (UF). Somente cinco delas, três pertencentes à

Região Norte – Acre, Roraima e Amapá – e duas do Nordeste – Maranhão e Sergipe

apresentavam em 2011 prevalência de cesarianas inferiores a 40%.

As distintas tendências regionais são bem percebidas na Figura 1. Nota-se claramente dois

blocos de regiões, aquele de taxas mais baixas em 2000, configurado pelo Norte e Nordeste, que

apresentavam percentuais inferiores a 30%, e o bloco de percentuais mais elevados,

representado pelo Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que já em 2000 apresentavam percentuais de

cesarianas superiores a 40%. A evolução temporal das cinco regiões mostra tendências de

ascensão semelhantes, embora o aumento das cesarianas no Nordeste, que em 2000 tinha a taxa

mais baixa, tenha sido da ordem de 79%, enquanto que no Sudeste, que em 2000 era a região

com mais cesarianas, este incremento tenha sido de 28%. Esta evolução sugere que o Sul e o

Sudeste, onde os percentuais atuais são de 60%, estão diminuindo o aumento por estarem

próximos a um teto, que não podemos saber quando será atingido.

Em relação às UF, as cinco que apresentaram as maiores taxas de cesarianas no ano de 2010

foram: Rondônia (64,1%), Goiás (61,7%), Espírito Santo (60,8), Rio de Janeiro (60,7%) e

Paraná (58,4%). Por outro lado, três das cinco UF com as menores taxas de cesarianas do país

se localizaram na Região Norte – Amapá (30,7%), Acre (34,7%) e Roraima (36,1%), e duas na

Região Nordeste – Maranhão (34,5%) e Sergipe (35,7%).

As Tabelas 1 e 2 apresentam, respectivamente, as dez Regionais de Saúde com as taxas mais

baixas e mais altas de cesarianas do país. Confirmando o já descrito para as UF, sete daquelas

com as taxas mais baixas estão localizadas no Norte, duas no Maranhão e somente uma em

Minas Gerais. Já as dez Regionais de Saúde com as taxas mais elevadas de cesarianas do país,

todas acima de 80%, estão localizadas em sua totalidade na região Sudeste.

A Figura 2 mostra as relações entre a escolaridade materna e a prevalência de cesarianas no

país, para os anos de 2000, 2005 e 2010. Para os três anos analisados a prevalência sempre foi

maior entre as mulheres com maior escolaridade, e a tendência de aumento destas cirurgias foi

observada igualmente em todos os grupos de educação. Em 2010, cesarianas foram realizadas

em um quarto das mulheres sem escolaridade, em metade dos casos entre aquelas com 8 a 11

anos de escola, e eu três quartos dos casos no grupo com maior educação formal.

Com referência à idade materna, a Figura 3 mostra que a prevalência de cesarianas aumentou na

última década entre todos os grupos etários, mas manteve o mesmo padrão de taxas mais baixas

entre adolescentes, aumentando depois entre as adultas jovens e atingindo o seu pico entre

aquelas com 35 anos ou mais. Este padrão foi observado em todas as regiões do país, com

maiores taxas observadas no Sudeste e Sul.

Tendências temporais e diferenças regionais do baixo peso ao nascer (BPN) e de

nascimentos pré-termo

A prevalência de BPN no Brasil evoluiu de 7,7% em 2000 para 8,4% em 2010, um aumento

relativo de 8,4% na década. A Tabela 3 apresenta a prevalência de diversos grupos de peso ao

nascer para 2000, 2005 e 2010, assim como a modificação relativa entre 2000 e 2010 da

prevalência entre os diversos grupos de peso ao nascer. Observando-se a evolução destes

grupos, nota-se que o aumento na década foi mais notado, proporcionalmente, entre os recém-

nascidos com peso inferior a 1500 g, especialmente aqueles abaixo de 1000 g (aumento relativo

de 43%). A prevalência de recém-nascidos com 3000 g ou mais diminuiu neste período.

Com relação às tendências regionais da prevalência de baixo peso ao nascer, a ordem de

prevalência entre 2000 e 2011, não foi alterada: o Sudeste foi sempre a Região de mais alta

prevalência, seguido pelo Sul, mais adiante pelo Centro-Oeste, depois pelo Nordeste, e

finalmente pelo Norte, que apresenta sempre a prevalência mais baixa (Figura 4). Portanto, em

todo o período estudado foi observado o fenômeno já descrito como o “paradoxo do baixo peso

ao nascer”1 2, pois a prevalência é mais elevada nas regiões mais desenvolvidas do país, em

comparação com aquelas de menor desenvolvimento. Entretanto, o aumento observado no

Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre 12% e 16% no período estudado, foi superior ao

observado no Sul e Sudeste (7%), fazendo com que as linhas de prevalência se aproximassem

em 2011.

Com relação às UF, no ano de 2011, as cinco que apresentaram taxas mais elevadas de BPN

foram o Distrito Federal (9,7%), Rio Grande do Sul e Minas Gerais (9,5%), Sâo Paulo (9,3%) e

Rio de Janeiro (9,1%). Por outro lado, as UF com taxas mais baixas foram Rondônia (6,7%),

Tocantins (6,9%), Paraíba (7,1%), Maranhão (7,2%), e Amazonas e Roraima (7,3%).

A prevalência de recém-nascidos com BPN reduziu progressivamente com a escolaridade

materna, nos três anos estudados (Figura 5). Observa-se, também, que dentre de cada grupo de

escolaridade a prevalência de BPN aumentou discretamente durante a década.

As curvas que descrevem a relação entre a frequência de BPN e a idade materna têm formato U

em todos os anos (Figura 6), de forma semelhante ao observado para nascimento pré-termo.

Observam-se prevalências de BPN muito próximas nos 3 anos. As taxas mais elevadas de BPN

foram observadas nos grupos extremos de idade: as adolescentes muito jovens, abaixo de 15

anos, e as mulheres com idade igual ou superior a 35 anos.

Os resultados sobre a evolução do nascimento pré-termo ao longo do tempo, assim como sua

evolução conforme fatores de risco foram extensivamente analisados nos produto 1, 3 e 4.

Análise das associações entre o tipo de parto e a prevalência de BPN e de nascimento pré-termo no período 2000-2011.

Neste componente do estudo passamos a analisar as associações entre as tendências na

prevalência de cesarianas com a prevalência de BPN e prematuridade. O componente de baixo

peso ao nascer é mais analisado em maior profundidade, neste anexo, do que aquele de

nascimentos pré-termo. Isso se deve ao fato de que a parte descritiva das tendências temporais e

diferenças regionais já foi descrito em outro anexo. Além, disso, para BPN contamos com

informações para cada recém-nascido, e, portanto estes dados podem ser analisados de maneira

individual. No que se refere a nascimentos pré-termo, os dados individuais são subenumerados,

como já discutimos em outra parte deste relatório, e os dados corrigidos são disponíveis apenas

para análises ecológicas.

Inicialmente realizamos análises de correlação, utilizando as UF como unidades. A Figura 7

(BPN) e a Figura 8 (pré-termos) mostra a análise realizada para o ano de 2011, onde cada UF é

representada por um ponto, a reta representa a regressão e as margens escuras representam o

intervalo de confiança de 95%. Nota-se uma tendência ascendente na linha de regressão, o que

sugere que há uma discreta tendência de aumento do BPN assim como do nascimento pré-termo

com o aumento das taxas de cesariana. A correlação entre cesariana e BPN foi de 0,257

(p=0,196) e entre cesariana e prematuridade (corrigida) foi de 0,433 (p=0,024).Vale ressaltar

que há numerosas UF que se comportam como “outliers”, ou seja, estão longe da reta de

regressão. Para os dois desfechos o “outlier” mais intrigante é Rondônia, que apresentou a mais

alta prevalência de cesarianas do país (63,8%), e concomitantemente foi a UF com a menor

prevalência de BPN (6,8%) e de prematuridade (10,3%). Na análise ecológica com ajuste para

vários fatores de confusão (renda média, estabelecimentos de saúde, % de analfabetismo entre

adultos, produto interno bruto, % da população adulta com baixa renda, idade materna ,

paridade, cor da pele e escolaridade materna), as associações diminuíram de magnitude e não

mais foram significativas (Tabela 4).

Estas análises ecológicas, com as UFs como unidades, foram repetidas ao nível individual, com

cada recém-nascido em 2011 sendo a unidade de estudo. Nestas análises, a prematuridade não

foi corrigida, pois o fator de correção se aplica a grupos de crianças, e não a indivíduos. Após

controle estatístico para os escassos fatores de confusão mensurados no SINASC (macrorregião,

idade, paridade, escolaridade e cor da pele), crianças nascidas por cesariana apresentaram um

risco cerca de 2% mais alto de baixo peso ao nascer (p=0,005), enquanto que para a

prematuridade, a cesariana aumentou o risco em aproximadamente 8% (p<0,001)(Tabela 5).

Estas análises em nível individual devem ser interpretadas com cuidado, primeiramente porque

há poucos fatores de confusão disponíveis para o ajuste, e em segundo lugar pela possibilidade

de viés de indicação, ou seja, cesarianas seriam realizadas devido a patologias maternas ou

fetais que também levaram a baixo peso ou prematuridade. Vale ainda notar que alguns fatores

de confusão importantes, como o fumo materno, não puderam ser levados em conta nas análises

individuais ou ecológicas.

Outra série de análises investigou se as tendências temporais e regionais observadas nas taxas de

BPN e de recém-nascidos pré-termo seriam explicadas por diferenças nas taxas de cesarianas.

Em uma tentativa de explicar as diferenças regionais em PT e BPN, realizou-se uma série de

análises ajustadas para idade, paridade e escolaridade maternas, tipo de parto e cor da pele. A

Tabela 6 mostra que estas variáveis são incapazes de explicar as diferenças observadas entre as

regiões, as quais devem ser devidas a outros fatores que não são captados nos formulários do

SINASC.

A mesma estratégia de regressão multivariável foi utilizada para explorar se mudanças ao longo

do tempo em fatores de risco poderiam explicar o aumento observado nas prevalências de

nascimentos pré-termo e BPN para o Brasil como um todo. Nestas análises, incluiu-se a variável

tempo com três categorias (anos 2000, 2005 e 2010), e ajustou-se para idade, paridade e

escolaridade maternas, cor da pele, tipo de parto e região. A Tabela 7 mostra que, ao contrário

do esperado, a tendência secular em BPN foi ainda mais acentuada após estes ajustes. Para

nascimentos PT, praticamente não houve alteração na tendência ajustada. Os resultados acima

sobre a associação entre cesarianas e desfechos perinatais estão resumidos na Tabela 8.

Avançando na investigação, analisamos as tendências na prevalência de BPN e de recém-

nascido pré-termo (corrigido e não corrigido) entre partos vaginais e por cesarianas, para todo o

país, no período de 2000 a 2011.

A Figura 9 mostra as tendências temporais na prevalência de prematuridade (com e sem

correção) para partos vaginais e cesáreos. Na prematuridade não corrigida, observa-se uma

prevalência maior de nascimentos pré-termos entre os nascimentos por cesariana entre os anos

2000 e 2010, não sendo observadas diferenças no ano 2011. Em relação à prematuridade não

corrigida, praticamente não há diferenças na prevalência de nascimento pré-termo entre os

partos vaginais e os partos cesáreos.

A Figura 10 mostra que em 2000 a prevalência de BPN era a mesma nos dois tipos de parto –

7,7% e que de 2001 a 2003 ocorreu um aumento na prevalência de BPN entre as cesarianas, que

atingiu neste ano 8,6%, cifra que se manteve até 2011. Tendo em vista que a prevalência de

BPN entre os partos vaginais também aumentou a partir de 2005, as diferenças na prevalência

de BPN entre os dois tipos de parto diminuíram após 2006, sendo em 2010 e 2011 de 0,4 pontos

percentuais.

A partir da constatação de que o aumento do BPN foi observado não somente entre os partos

por cesariana, mas também entre os partos vaginais, seria importante poder verificar quais as

taxas de indução de parto observadas no país no período estudado. Esta informação, porém, só

está disponível para o ano de 2011, uma vez que esta questão adicionada na Declaração de

Nascidos Vivos (DNV) começou a ser utilizada no final de 2010. Cerca de 2,9 milhões de

nascimentos foram registrados no SINASC em 2011, e a questão sobre indução do parto foi

preenchida em 1,6 milhão. Portanto, cerca de 1,3 milhão de informações foram perdidas,

correspondendo a 44,7% da população. Nos 1,6 milhão de casos onde a informação foi

registrada, 33,6% dos partos vaginais e 11,0% dos partos por cesariana foram induzidos,

correspondendo a 21,0% para toda a população. Entretanto, como há uma alta taxa de dados

não preenchidos, esta informação deve ser tratada com a devida cautela, pois nada sabemos

sobre indução do parto para quase metade dos nascimentos.

Continuando a análise de possíveis razões para o comportamento das tendências das cesarianas

e do BPN no Brasil, cabe registrar que o grupo de pesquisadores brasileiros que denunciou o

“paradoxo do baixo peso ao nascer1 2 - maior prevalência de BPN em regiões mais

desenvolvidas do país, como o Sudeste e o Sul, em comparação com outras menos

desenvolvidas, como o Nordeste e o Norte - tentou também identificar as razões para tal

fenômeno. Em distintas publicações, diferentes razões foram aventadas para este fenômeno,

refletindo a complexidade desta situação. Em 2006, a maior prevalência de fumo durante a

gestação nas regiões mais desenvolvidas foi sugerida como um possível fator causal da maior

prevalência de BPN em São Luis, Maranhão, em relação a Ribeirão Preto, São Paulo.2 Em 2010,

um estudo analisando as diferenças ocorridas em diversas regiões entre 1995 e 2005 concluiu

que este fenômeno não era propriamente um paradoxo, mas sim uma consequência da maior

disponibilidade de serviços de atenção perinatal em regiões mais desenvolvidas, o que

propiciaria intervenções perinatais mais frequentes e teria contribuído para a redução da

mortalidade infantil.3 Recentemente, a prevalência de BPN para as capitais brasileiras entre

1996 e 2010 foi analisada, com a utilização da base de dados do SINASC. 4 A conclusão dos

autores é que a maior prevalência de BPN nas capitais das regiões mais desenvolvidas é devida

a uma conjunção de fatores, onde se incluem o aumento na prevalência de nascimentos

múltiplos e de recém-nascidos com peso entre 500-999 g, e a redução da mortalidade fetal.

Esta hipótese é interessante, pois vimos acima que o grupo de peso nascer que mais aumentou

entre 2000 e 2010 foi precisamente aquele abaixo de 1000 g. Por outro lado, a prevalência de

nascimentos múltiplos no país aumentou discretamente, de 1,80% em 2000 para 1,94% em

2010. Para avaliar esta possibilidade, analisamos a prevalência nacional de BPN em 2000, 2005

e 2010, excluindo recém-nascidos com peso inferior a 1000 g e os nascimentos gemelares. Com

este procedimento, a evolução da prevalência de BPN, que para toda a população havia variado

de 7,7% em 2000 para 8,4% em 2010 (um aumento de 8,2%), foi mais discreta após as

exclusões de pesos inferiores a 1000 g e nascimentos gemelares, passando de 6,6% em 2000

para 6,9% em 2010 (um aumento de 4,5%). Portanto, a comparação das tendências na

prevalência de BPN entre 2000 e 2010 em duas populações, a primeira somente com nossas

exclusões iniciais (peso ao nascer inferior a 400 g ou superior a 6000 g e exclusões dos

municípios com má qualidade de informação conforme critérios já mencionados), e a segunda

com estes mesmos critérios, mas excluindo também os nascimentos múltiplos e os recém-

nascidos com menos de 1000 g, podemos inferir que o aumento dos recém-nascidos muito

pequenos (abaixo de 1000 g) e dos partos múltiplos pode ter sido responsável por metade do

discreto aumento nacional de BPN observado na década.

Mas por outro lado, cabe salientar que a exclusão destes grupos já bem descritos – nascimentos

múltiplos e recém-nascidos abaixo de 1000 g – não afeta as diferenças das prevalências

regionais, pois o Norte e Nordeste permanecem com taxas mais elevadas do que o Sul e

Sudeste. Portanto, o paradoxo já bem comentado não se resolve somente com estas variáveis. .

Discussão

Utilizando a base de dados do SINASC de 2000 a 2011, e realizando algumas exclusões

relacionadas a pesos extremos ao nascer e qualidade da informação a nível municipal, este

trabalho analisou as tendências de cesarianas e de BPN para o País, Regiões, UF e Regionais de

Saúde.

Com relação às cesarianas, registramos o aumento marcado em todo o país, de 38,3% em 2000

para 54,0% em 2011. Chama a atenção que durante todo este período as prevalências variaram

de acordo com as Regiões do país, sendo sempre mais elevadas no Sudeste e Sul, esta sequência

seguindo com o Centro-Oeste, e sendo mais baixas no Nordeste e ainda mais no Norte. Cabe

salientar que nestas últimas regiões as prevalências têm crescido mais do que nas outras, de

forma que as diferenças regionais, embora ainda persistentes, tendem a diminuir de magnitude.

Nossa análise das Regionais de Saúde com as mais baixas e mais altas taxas de cesariana

confirma este quadro. Enquanto Regionais predominantemente do Norte apresentam taxas

muito baixas, as Regionais com mais altas taxas, todas acima de 80%, encontram-se no Sudeste.

As razões para estas diferenças devem ser investigadas cuidadosamente. As Regiões Sudeste e

Sul são as mais desenvolvidas do país e, portanto, apresentam um sistema de saúde mais

desenvolvido, o que poderia ser uma razão para as diferenças encontradas. Mas uma análise

aprofundada, que considere as variações regionais da situação socioeconômicas e de acesso a

serviços de saúde com uma metodologia ecológica, onde a unidade de análise será geográfica, e

não individual, será oportunamente realizada em outra fase deste projeto.

Como em outros estudos, evidenciamos que a prevalência de cesarianas está diretamente

relacionada com a escolaridade materna, e que as taxas crescentes dos anos recentes são

observadas em todos os grupos de escolaridade materna, o que sugere que a maior prevalência

está mais relacionada ao acesso à atenção de saúde do que ao risco, uma vez que este último

deve ser mais baixo em mulheres mais educadas.

Vale a pena ressaltar que a prevalência de cesarianas tem aumentado em vários países, e não

somente no Brasil, embora as taxas observadas em nosso país estejam entre as mais altas do

mundo. Nos Estados Unidos, a prevalência de cesarianas aumentou de 23% em 20006 para

32,8% em 2011.7

No que se refere ao BPN, este estudo mostra que no período abordado houve um aumento de

sua prevalência, no país, de 6,3% em 2000 para 7,3% em 2011. Cabe salientar que estas taxas

foram, em todo o período estudado, mais elevadas no Sudeste e Sul, as regiões mais

desenvolvidas do país, do que no Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O aumento do BPN no país

neste período, embora discreto, é inesperado, considerando que várias condições que poderiam

ter influenciado o peso ao nascer melhoraram, como é o caso da escolaridade materna, estatura e

peso maternos, tabagismo durante a gravidez, redução no número de mães adolescentes e de

multíparas, e maior utilização de serviços de pré-natal.8

O marcado aumento das cesarianas, e sua peculiar variação conforme as Regiões, sempre surge

como um forte suspeito para o discreto aumento da prevalência do BPN e da prematuridade,

reforçado pelo fato de que exatamente nas regiões onde as taxas de cesarianas são mais

elevadas, observa-se o aumento mais marcado do BPN e de recém-nascido pré-termo. Mas as

sucessivas análises que foram realizadas, neste estudo, assim como anteriormente9, não

autorizam tal afirmativa. Neste trabalho mostramos que o BPN aumenta igualmente entre os

nascimentos por via vaginal, e na análise multivariada por região o risco de BPN não aumenta

quando o tipo de parto e a educação materna são incluídos no modelo.

Nosso estudo, inspirado por publicação anterior4, indica que metade do aumento na prevalência

de BPN observado no país na última década pode ser explicada pelo aumento dos nascimentos

múltiplos e de recém-nascidos com menos de 1000 g. O aumento dos nascimentos múltiplos,

possivelmente explicado pelo aumento de práticas de fertilização assistida, assim como pelo

aumento da idade materna10, tem sido observado em outros países da Europa e América do

Norte, como um dos elementos que explicam o aumento da prevalência de pré-termos.11 Em

relação ao aumento da prevalência de recém-nascidos com menos de 1000 g no país, várias

considerações podem ser feitas para tentar explicá-lo. Uma forte possibilidade é que este grupo

tenha se tornado mais “visível”, e por isso mais registrado, em razão da melhoria do sistema de

registros e pela multiplicação das ações dos comitês de avaliação de mortes maternas e infantis.

Não resta dúvida que o conceito de nascido vivo também tem evoluído substancialmente nos

últimos anos, e este fato pode ter se refletido em maior registro de recém-nascidos muito

pequenos. Uma segunda hipótese, que pode estar ocorrendo em concomitância com a primeira,

é que a utilização de abortivos orais tem se expandido, e um efeito colateral desta prática seria o

nascimento de recém-nascidos vivos, no limiar da viabilidade. Temos conhecimento, através de

encontros com epidemiologistas latino-americanos, que esta última situação tem sido observada,

e é presentemente motivo de investigação, na Argentina e Uruguai.

O aumento recente na prevalência de BPN observado no Brasil, também tem sido descrito em

outros países. Nos Estados Unidos, no período de 2000 a 2011, a prevalência de BPN teve um

discreto incremento, de 7,6% para 8,1%. 7 12

No que se refere às diferenças na prevalência de BPN entre as regiões, com maiores taxas nas

áreas mais ricas, constituindo o já bem comentado “paradoxo”, este estudo não consegue

esclarecer estas razões. Nas análises que excluem os recém-nascidos muito pequenos e os

múltiplos, assim como ajustam para tipo de parto, idade, paridade, e escolaridade materna, as

diferenças regionais se mantêm com a mesma intensidade.

Em uma análise correlacionando a prevalência de cesariana e de BPN para cada UF, este estudo

encontrou diferentes padrões que merecem ser investigados. De uma maneira geral, há uma

pequena tendência a aumento de BPN naquelas UF com maiores taxas de cesarianas, mas há

também numerosos casos de UF que fogem ao padrão comum, e que requerem uma

investigação especial, sendo Rondônia o caso mais chamativo.

Uma conclusão importante deste estudo, no que se refere ao BPN e ao nascimento pré-termo, é

que uma proporção significativa do aumento observado entre 2000 e 2010 se deve ao aumento

de nascimentos múltiplos e recém-nascidos de muito baixo peso. Por outro lado, não

encontramos nos dados analisados elementos que nos permitam entender a maior prevalência de

BPN ou de nascimento pré-termo, ao longo da década, nas Regiões Sudeste e Sul, em

comparação com as regiões mais pobres do Nordeste e Norte. As análises realizadas sugerem

que o aumento nas taxas de cesarianas não é capaz de explicar a epidemiologia do baixo peso ao

nascer ou dos nascimentos pré-termo no Brasil. No entanto, estas análises apresentam algumas

limitações.

Existem outros fatores de risco, não mensurados no SINASC, que certamente afetam as

tendências em BPN e nascimentos pré-termo. Alguns destes fatores nos levariam a esperar uma

redução, e não um aumento, nestes desfechos. Por exemplo, as mães brasileiras são cada vez

mais altas, menos desnutridas e fumam menos, além de ter maior acesso à atenção pré-natal (e

presumivelmente melhor controle de infecções urinarias e genitais). Por outro lado, outros

fatores de risco, que estão se tornando mais frequentes, podem afetar negativamente as

tendências, como diabete gestacional, hipertensão, obesidade materna, e possivelmente o

consumo de drogas ilícitas durante a gestação.

Portanto, análises mais complexas serão necessárias, utilizando tanto dados do SINASC como

de outras pesquisas nacionais, para melhor investigar o possível papel das cesarianas na

determinação do BPN e dos nascimentos pré-termo. Independentemente de se as cesarianas

seriam ou não responsáveis pelas tendências e diferenças regionais observadas, os atuais índices

observados no Brasil são inaceitáveis e sem dúvida estão contribuindo para aumentar a morbi-

mortalidade de mães e crianças, aspectos estes que não foram medidos no presente estudo.

Tabela 1. Lista das 10 Regionais de Saúde com as taxas mais baixas de cesariana para o ano de 2010

Regionais UF Menores % cesariana

Jurua e Taraucá Acre 5,1%

Colegiado área norte Amapá 11,7%

Alto Solimões Amazonas 12,6%

Marajó Pará 17,8%

Triangulo Amazonas 19,9%

Manga Minas Gerais 20,5%

Baixo Amazonas Pará 21,1%

Rosário Maranhão 21,2%

Pinheiro Maranhão 21,8%

Baixo Amazonas Pará 22,4%

Tabela 2. Lista das 10 Regionais de Saúde com as taxas mais elevadas de cesariana para o ano de 2010

Regionais UF Maiores % cesariana

José Bonifacio São Paulo 81,2%

Fernandópolis São Paulo 81,8%

Catanduva São Paulo 82,1%

Sul Barretos São Paulo 82,6%

Ituiutaba Minas Gerais 83,0%

Votuporanga São Paulo 83,1%

Noroeste Rio de Janeiro 83,3%

São Jose Rio Preto São Paulo 84,5%

Norte Barretos São Paulo 84,8%

Uberlândia Araguari Minas Gerais 85,2%

Tabela 3. Prevalência de grupos de peso ao nascer e aumento proporcional no período, Brasil,

2000, 2005 e 2010.

Peso ao nascer

(g)

2000

%

2005

%

2010

%

Aumento

proporcional

2000-2010

<1000 0,35 0,44 0,5 42,9%

1000 – 1499 0,63 0,69 0,72 14,3%

1500 – 2499 6,72 6,98 7,14 6,3%

2500 – 2999 22,04 22,79 23,27 5,6%

3000 – 3999 64,3 63,8 63,37 -1,4%

4000 + 5,96 5,3 5,0 -16,1%

Total 100 100 100

Prevalência BPN 7,71 8,11 8,36 8,4%

Tabela 4. Análise ecológica bruta e ajustada da relação entre cesariana e BPN e prematuridade

Desfecho Beta (IC 95%) p Beta ajustado * (IC 95%)

p

BPN 0,020 (-0,011 – 0,050)

0,196 -0,017 (-0,048 – 0,015)

0,270

Pré-termo (não corrigido)

0,031 (0,005 – 0,059)

0,024 0,006 (-0,043 – 0,056)

0,793

* Ajustado para renda média, estabelecimentos de saúde, % de analfabetismo na população adulta, PIB, % de população adulta com baixa renda, idade materna, paridade, cor da pele e escolaridade

Tabela 5. Análise bruta e ajustada da relação entre cesariana, baixo peso ao nascer

e prematuridade no nível individual, Brasil, 2011

Desfecho OR bruto (IC 95%)

p OR ajustado * (IC 95%)

p

BPN 1,048 (1,040 – 1,057)

<0,001 1,021 (1,006 – 1,036)

0,005

Pré-termo (não corrigido)

0,964 (0,956 – 0,971)

<0,001 1,084 (1,067 – 1,101)

<0,001

* ajustado para idade materna, paridade, cor da pele, escolaridade e Macroregião

Tabela 6. Razões de odds (OR) de baixo peso ao nascer (BPN) conforme região, análise bruta e ajustada para potenciais fatores de confusão, 2010.

Ano OR bruto (IC 95%) p OR Ajustado (IC 95%) * p BPN Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

1,00 (referência) 1,041 (1,025; 1,058) 1,274 (1,255; 1,293) 1,204 (1,182; 1,225) 1,104 (1,082; 1,127)

<0,001 1,00 (referência) 1,032 (1,015; 1,048) 1,270 (1,250; 1,289) 1,194 (1,173; 1,216) 1,112 (1,0-89; 1,135)

<0,001

Pré-termo Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

1,00 (referência) 1,092 (1,072; 1,112) 1,529 (1,503; 1,555) 1,515 (1,486; 1,545) 1,254 (1,226; 1,283)

<0,001 1,00 (referência) 1,077 (1,058; 1,097) 1,446 (1,420; 1,473) 1,437 (1,407; 1,469) 1,178 (1,150; 1,206)

<0,001

* ajustado para idade materna, paridade, tipo de parto, cor e escolaridade materna.

Tabela 7. Razões de odds (OR) de baixo peso ao nascer (BPN) conforme ano, análise bruta e ajustada para potenciais fatores de confusão, 2000-2010.

Ano OR bruto (IC 95%) p OR Ajustado (IC 95%) * p BPN Ano 2000 2005 2010

1,00 (referência) 1,056 (1,050; 1,063) 1,092 (1,086; 1,099)

<0,001 1,00 (referência) 1,085 (1,078; 1,091) 1,137 (1,130; 1,144)

<0,001

Pré-termo Ano 2000 2005 2010

1,00 (referência) 0,992 (0,985; 0,998) 1,081 (1,075; 1,088)

<0,001 1,00 (referência) 1,004 (0,997; 1,010) 1,086 (1,078; 1,093)

<0,001

* ajustado para idade materna, paridade, tipo de parto, cor e escolaridade materna e macrorregião.

Tabela 8. Resumo das análises sobre cesarianas e desfechos perinatais.

Análises ajustadas

A favor de um efeito das cesarianas

Contra um efeito das cesarianas

Associação ecológica entre cesarianas e desfechos

Ausência de associação entre cesáreas e BPN ou prematuridade (corrigida)

Associação individual entre cesarianas e desfechos

Aumento de 2% no risco de BPN e de 8% no risco de prematuridade (não corrigida), ambos significativos. Há possibilidade de viés de indicação.

Tendência temporal para todos os partos

Ajuste para taxa de cesáreas não explica o aumento observado para BPN nem para nascimentos pré-termo (corrigidos)

Diferenças regionais

Ajuste para a taxa de cesáreas não explica as diferenças regionais

Figura 1. Tendências de cesariana conforme região, Brasil, 2000 - 2011

0

10

20

30

40

50

60

70

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Prev

alên

cia

de c

esar

iana

(%)

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Figura 2. Prevalência (%) de cesarianas conforme a escolaridade materna, Brasil, 2000, 2005 e 2010

Semescolaridade 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 A 11 anos 12 + anos

2000 15.9 24.5 32.8 47.7 652005 17.4 27 33.9 49.6 69.32010 24.2 33.7 39 54.1 76.2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90Pr

eval

ênci

a de

ces

aria

na (%

)

Figura 3. Prevalência (%) de cesariana conforme a idade materna (anos), Brasil, 2000, 2005 e 2010

< 15 15- 19 20- 34 ≥ 35 2000 27.2 26.7 41.2 48.72005 31.7 30.5 45.7 572010 38.1 37.7 54.4 66.1

0

10

20

30

40

50

60

70

Prev

alên

cia

de c

esar

iana

(%)

Figura 4. Tendências de baixo peso ao nascer (BPN) conforme região, Brasil 2000 - 2011

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Prev

alên

cia

de B

PN (%

)

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Figura 5. Prevalência (%) de baixo peso ao nascer (BPN) conforme categorias de escolaridade materna, Brasil, 2000, 2005 e 2010

OBS: Os percentuais de recém-nascidos com BPN na categoria de escolaridade materna "ignorada" foram de 9,0% em 2000, 9,3% em 2005 e 8,9% em 2010.

Semescolaridade 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 + anos

2000 8.1 7.7 7.9 7.5 72005 9.2 7.9 8.3 8 7.72010 10.1 8.5 8.7 8.2 8

0

2

4

6

8

10

12Pr

eval

ênci

a de

bai

xo p

eso

ao n

asce

r (%

)

Figura 6. Prevalência (%) de recém-nascidos com baixo peso ao nascer (BPN) conforme categorias de idade materna, Brasil, 2000, 2005 e 2010

OBS: Os percentuais de recém-nascidos com BPN na categoria de idade materna "ignorada" foram de 7,2% em 2000, 7,4% em 2005 e 14,5% em 2010

< 15 15- 19 20- 34 ≥ 35 2000 12.7 8.9 7 102005 13.5 9.2 7.4 10.32010 13 9.3 7.8 10.4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Prev

alên

cia

de B

PN (%

)

Figura 7. Correlação entre a prevalência de cesarianas e de baixo peso ao nascer (BPN) para as

UF, 2011

RO

AC

AM

RR

PA

AP

TO

MA PI

CERN

PB

PE AL

SE BA

MG

ES

RJ

SP

PRSC

RS

MS

MT

GO

DF

67

89

10%

Bai

xo p

eso

ao n

asce

r

30 40 50 60 70% Cesariana

IC 95% Valores ajustados% de cesariana e BPN

Figura 8. Correlação entre a prevalência de cesarianas e de nascimentos pré-termo para as UFs,

2011

ROAC

AMRR

PA

AP

TOMA

PICE

RN

PB

PEALSE

BA

MG

ES

RJ

SP

PR

SC

RS

MS

MT

GO

DF

1011

1213

% p

ré-te

rmo

corr

igid

o

30 40 50 60 70% cesariana

IC 95% Valores ajustados% de cesariana e pré-termo

Figura 9. Tendências temporais na prevalência de prematuridade (com e sem correção) para partos vaginais e cesáreos, Brasil, 2000-2011.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011Vaginal sem corrigir 6.4 6 5.8 5.8 5.8 5.8 5.9 5.8 6 6.2 6.4 10.2Cesariana sem corrigir 6.9 6.8 7 7.2 7.4 7.5 7.5 7.5 7.7 7.8 7.8 9.9Vaginal corrigido 11.3 11.5 11.6 11.7 11.6 11.4 11.4 11.4 11.5 11.6 11.7 11.8Cesariana corrigido 10.9 11.3 11.5 11.8 11.7 11.7 11.6 11.7 11.7 11.7 11.7 11.8

0

2

4

6

8

10

12

14

Prev

alên

cia

de p

ré-t

erm

os (%

)

Figura 10. Prevalência de baixo peso ao nascer conforme tipo de parto. Brasil, 2000-2011

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011Vaginal 7.7 7.9 8 8.1 8 7.7 7.8 7.9 7.9 8 8.2 8.2Cesariana 7.7 8.1 8.4 8.6 8.6 8.6 8.6 8.6 8.6 8.7 8.6 8.6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10%

Referências

1. Silva AA, Bettiol H, Barbieri MA, Pereira MM, Brito LG, Ribeiro VS, et al. Why are the low birthweight rates in Brazil higher in richer than in poorer municipalities? Exploring the epidemiological paradox of low birthweight. Paediatric and perinatal epidemiology 2005;19(1):43-9.

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