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SIDEREUM ANA I El río Guadiana en Época Post-orientalizante Anejos de AEspA XXXIX, 2008, p. 283-303 RESUMO Pretende-se aqui apresentar uma primeira abordagem ao conjunto artefactual da Idade do Ferro recolhido nas in- tervenções de Torre de Palma, em particular do resultante das escavações de Manuel Heleno, na sequência da sua iden- tificação no contexto da revisão global do espólio proveniente desta villa, efectuada por um de nós (M.L.). A raridade do espólio e a sua relevância no contexto da Idade do Ferro do interior Sul do território hoje português impõe esta pri- meira nota. RESUMEN Se presenta una primera aproximación al conjunto ergológico de la Edad del Hierro recogido en las intervenciones de la villa romana de Torre de Palma, en particular del procedente de las excavaciones de Manuel Heleno, en el con- texto de la revisión global del material proveniente de este yacimiento efectuado por uno de nosotros (M.L.). La rareza del conjunto y su relevancia en el panorama de la Edad del Hierro en el interior meridional del territorio portugués jus- tifican esta primera nota. ABSTRACT A first approach to the archaeological Iron Age finds from the roman villa of Torre de Palma (Monforte, Portugal) is presented. Their identification came from the revision of the archaeological finds from this site obtained by Manuel Heleno, during the seasons 1947-1962. This general revision is being done by one of us (M.L.). The rarity of those re- mains and their importance into the context of the South Portugal Iron Age justify this first new. A NECRÓPOLE SIDÉRICA DE TORRE DE PALMA (MONFORTE, PORTUGAL) 1 Maia LANGLEY Universidade de Lisboa Rui MATALOTO Municipio de Redondo Rui BOAVENTURA Universidade de Louisville 1 O presente texto constitui a síntese de um outro, mais extenso, a ser publicado na revista O Arqueólogo Português.

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  • SIDEREUM ANA IEl río Guadiana en Época Post-orientalizanteAnejos de AEspA XXXIX, 2008, p. 283-303

    RESUMO

    Pretende-se aqui apresentar uma primeira abordagem ao conjunto artefactual da Idade do Ferro recolhido nas in-tervenções de Torre de Palma, em particular do resultante das escavações de Manuel Heleno, na sequência da sua iden-tificação no contexto da revisão global do espólio proveniente desta villa, efectuada por um de nós (M.L.). A raridadedo espólio e a sua relevância no contexto da Idade do Ferro do interior Sul do território hoje português impõe esta pri-meira nota.

    RESUMEN

    Se presenta una primera aproximación al conjunto ergológico de la Edad del Hierro recogido en las intervencionesde la villa romana de Torre de Palma, en particular del procedente de las excavaciones de Manuel Heleno, en el con-texto de la revisión global del material proveniente de este yacimiento efectuado por uno de nosotros (M.L.). La rarezadel conjunto y su relevancia en el panorama de la Edad del Hierro en el interior meridional del territorio portugués jus-tifican esta primera nota.

    ABSTRACT

    A first approach to the archaeological Iron Age finds from the roman villa of Torre de Palma (Monforte, Portugal)is presented. Their identification came from the revision of the archaeological finds from this site obtained by ManuelHeleno, during the seasons 1947-1962. This general revision is being done by one of us (M.L.). The rarity of those re-mains and their importance into the context of the South Portugal Iron Age justify this first new.

    A NECRÓPOLE SIDÉRICA DE TORRE DE PALMA(MONFORTE, PORTUGAL)1

    Maia LANGLEYUniversidade de Lisboa

    Rui MATALOTOMunicipio de Redondo

    Rui BOAVENTURAUniversidade de Louisville

    1 O presente texto constitui a síntese de um outro, mais extenso, a ser publicado na revista O Arqueólogo Português.

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    1. SINOPSE DO SÍTIO

    O sítio arqueológico de Torre de Palma, locali-zado na herdade homónima, é conhecido pela exis-tência de uma uilla romana com uma extensa parsrustica e uma pars urbana pavimentada com ela-borados mosaicos. Instalada em meados do séculoI d.C., esta uilla foi ampliada durante os séculosIII-IV com um complexo balneário monumental euma basílica paleo-cristã, com um edifício adja-cente coevo (possivelmente um mosteiro) (Fig. 1).

    A basílica, à qual foi adicionada um baptistériocruciforme duplo, foi prolongada para oeste, tor-nando-se num edifício religioso com duas duplasabsides. Já com a parte nascente da basílica aban-donada, a área oeste continuou a ser utilizada parafins religiosos até ao século XV, sendo denominadaem documentos eclesiásticos como Ermida de SãoDomingos ou Capela de São Domingos (Mp,1758), topónimo que perdurou localmente até aopresente (Boaventura e Banha no prelo; Langley2006).

    Portanto, este sítio tem sido referenciado pelasua ocupação inicial em período romano, que seprolongou ao longo de séculos, registando-se a uti-lização de algumas das suas estruturas ainda emmeados do 2º milénio d.C., como centro adminis-trativo e religioso cristão, apesar da continuidadeentre estes dois períodos ser ainda difusa.

    2. BREVES HISTÓRIA E “ESTÓRIAS”DAS INTERVENÇÕES

    O sítio foi descoberto em finais de Fevereiro de1947, graças à curiosidade de Joaquim InocêncioMilitão, um trabalhador rural da Herdade de Torrede Palma, que lavrava naquela courela. Pouco de-pois Manuel Heleno, então director do actualMuseu Nacional de Arqueologia (MNA), promo-veu as escavações que se desenrolaram até 1964,ano em que este se terá reformado do cargo, apesarde ter continuado no seu gabinete até 1966, durantea Direcção interina de J. Saavedra Machado (1987;e informação pessoal de Margarida Cunha). Essasvárias campanhas de escavação foram realizadasdurante os interregnos das culturas, supervisiona-das à distância por M. Heleno e no local por fun-cionários do Museu, nomeadamente Jaime Roldão,Manuel Madeira Rosa, João Lino da Silva, JoãoSaavedra Machado, ou ainda Georg e Vera Leisner,que executaram, nos primeiros anos, muitos dos de-senhos técnicos da pars urbana e rustica (ArquivoLeisner, 101.2). No entanto, J.L. Silva, o funcioná-

    rio que mais tempo ali passou, destaca-se pela im-portância dos seus relatórios epistolares (com ano-tações e plantas) que se tornaram ferramentaincontornável para o deslindar de designações dasáreas escavadas, bem como da proveniência do ma-terial exumado.

    Posteriormente, em 1971, Fernando de Almeidaprocedeu à escavação de uma pequena área pertodo topo oeste da basílica, ainda que esta acção e osseus achados nunca tenham sido devidamente pu-blicados (Almeida 1971: 5-33).

    Finalmente, em 1983 Stephanie Maloney, daUniversidade de Louisville (Kentucky, E.U.A.), ini-ciou um novo ciclo de trabalhos arqueológicos,procedendo a campanhas de clarificação e escava-ção da basílica, bem como ao desenho das estrutu-ras expostas da uilla. Outros sectores foramtambém alvo de intervenções pontuais, com maiorênfase na área sul. Essas campanhas continuaramaté Julho de 2000.

    Quando, enfim, em 1966, M. Heleno saiu doMuseu Nacional de Arqueologia, num ambiente dedespeito com o novo Director, F. Almeida (Infor-mação pessoal de M. Cunha), levou consigo o con-junto de anotações e plantas das suas escavações,ao serviço daquela instituição, em centenas de sítiosem Portugal, nomeadamente em Torre de Palma.Infelizmente, M. Heleno cometera o pecado que as-sombra a maioria dos arqueólogos: demasiada es-cavação e pouca publicação. De facto, este levouconsigo os únicos exemplares com as informaçõesque permitiriam a posteriores investigadores a com-preensão e interpretação dos materiais recolhidosem Torre de Palma. Assim, apesar da maioria da co-lecção do Museu se apresentar com a sua prove-niência aproximada (ex: “Lado da Eira”,“Continuação das Construções, Talhão XII”, etc.),essas referências tornaram-se inúteis. Simultanea-mente, também a confusão entre áreas como o “Ce-mitério Luso-Romano”, “Cemitério ao pé dasErmidas” ou “Necrópole” e “Cemitério“, coloca-ram o investigador perante uma colecção perdidade sentido e sem a possibilidade do seu estudo con-textualizado.

    Felizmente, em 1998, as pródigas anotações re-tornaram ao MNA do seu êxodo indevido, aindaque num estado de preservação lastimável, depoisde expostas a mau acondicionamento e humidade(Informação pessoal de L. Raposo). Graças a essare-aquisição foi possível efectuar um inventário sis-temático da colecção, entretanto iniciado em Outu-bro de 2000, no âmbito do doutoramento de um dossignatários (M.L.), agora conjugado com a infor-mação constante naqueles apontamentos.

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    Actualmente, o espólio do MNA —anotações,fotografias, mapas e artefactos— exumado por M.Heleno e F. Almeida, está a ser estudado em con-junção com os dados recolhidos por S. Maloney.Para o efeito organizou-se uma base de dados quefundiu essas informações através de uma série deComplexos, permitindo assim uma compreensãoglobal da/s colecção/ões.

    No âmbito desta nova investigação verificou-se(ou reverificou-se) a presença de vários contentorese materiais não romanos, nomeadamente de épocapré-romana sidérica. A maioria destes objectos en-contrava-se concentrada nas áreas dos ComplexosA e C, exumada tanto nas escavações de M. Helenocomo de S. Maloney —trabalhos que ocorreramcerca de 30 anos aparte.

    Investigadores anteriores haviam apontado aexistência isolada de alguns materiais pré-romanosno MNA (Ponte 1987 e 2006; Fabião 1998, vol. I:172), anotando algumas reservas quanto à real atri-buição daquelas peças a Torre de Palma (Fabião1998, vol. I: 170). Para isso colocou-se a hipótese,plausível, de que se teria registado No Museu al-guma confusão nas nomeações das peças entre osfuncionários, nomeadamente por aquele que tinha aseu cargo a escavação de vários sítios em simultâ-neo como a Cabeça de Vaiamonte, Torre de Palma,Herdade do Reguengo, etc., e posteriormente as en-

    viava por encomenda postal ferroviária, para Lis-boa. No entanto, este não parece ser o caso de Torrede Palma, pois a existência de espólio cronologica-mente semelhante exumado em dois momentos dis-tintos, as intervenções de M. Heleno e S. Maloney,parece assegurar a integridade da colecção doMNA.

    Também nas anotações de J.L. Silva, é possívelverificar o momento em que alguns destes mate-riais pré-romanos foram exumados. Numa das suascartas-relatório para M. Heleno, de 18 de Agostode 1960, o funcionário descreve a descoberta des-ses materiais, ainda que não tivesse consciência dasua cronologia pré-romana. Mas é com a informa-ção desta carta que se compreende a sua localizaçãoe uma vaga noção do seu provável cariz funerário.

    “Participo a V. Exa. Terminei a construção eSepulturas do cemitério ao pé das Ermidas;mando a V. Exa. um pequeno desenho, para V.Exa. ver pouco mais ou menos o que ficou des-coberto; e uma construção de pedra e terramuito difícil de perceber, mas creio eu que erapara segurar as paredes das sepulturas; aolado há uma casa com uns alicerces feitos depedra e cal, dentro dela era toda em rocha,mas trabalharam-na para fazerem as Sepultu-ras, creio que as paredes eram forradas depedra de mármore, pois que encontrei muitosfragmentos da dita pedra, ainda há uma pa-rede com um fragmento; encontrei algumaspeças de cerâmica e duas urnas, e duas fíbu-las…”

    (Lino de Silva, 18.8.1960)

    3. TORRE DE PALMA E O TERRITÓRIOALTO ALENTEJANO. GEOGRAFIA EPAISAGEM

    O sítio arqueológico de Torre de Palma im-planta-se em pleno Alto Alentejo, no concelho deMonforte, freguesia de Vaiamonte, nas cabeceirasda bacia do Tejo, bem próximo do festo, situado es-cassos quilómetros a Nascente (Fig. 2).

    A villa romana implanta-se na extremidade deum extenso patamar aberto a Sul, dominando a vas-tidão da paisagem alentejana que se abre de nas-cente a poente, ficando no limiar do horizonte, aSul, o recortar da serra d’Ossa. Os vestígios roma-nos dispersam-se por duas lombas muito ligeiras,separadas por uma pequena linha de água: de umlado, o cemitério e as ermidas, do outro o complexoresidencial e produtivo.

    Fig. 1.– Planta geral da “villa” romana de Torre dePalma (seg. Maloney, 1996).

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    Os solos são profundos, argilosos e pesados, fi-xados no micro-topónimo de Lameira, mas muitoférteis e propícios para a agricultura, como a ex-tensão do complexo produtivo romano de Torre dePalma nos confirma.

    As paisagens abertas (Fig. 3) e os caminhos fá-ceis acabaram por se plasmar num entrecruzar devias que, de noroeste e sudoeste, ligavam, em épocaromana, o mar ao interior extremenho, onde sefixou a capital Emerita. Cremos que estes seriamos caminhos que, muito antes dos romanos, se cru-zariam e fixaram, tecendo uma malha cultural bemmarcada pelas duas realidades em contacto.

    Torre de Palma estaria, então, instalada numenorme corredor de transitabilidade natural que uneas “vegas” do Guadiana ao fundo do estuário an-tigo do Tejo, que tinha em Santarém o eixo de in-teracção.

    4. A NECRÓPOLE DA IDADE DO FERRODE TORRE PALMA

    A avaliação de um conjunto de material ar-queológico completamente desprovido de contexto

    é sempre um exercício arriscado, onde nos temosque guiar por elementos directores que indiciem,com alguma clareza, a presença de ocupação emdeterminados espectros cronológicos. Todavia, avida dos objectos é, muitas vezes, fugidia, abre-viando-se ou estendendo-se no Tempo e, atémesmo, no espaço. Por outro lado, se este fenó-meno se evidencia bem em contextos habitacionais,em contextos funerários torna-se ainda mais com-plexo, pelas idiossincrasias dos vivos, mas tambémdos mortos …

    As necrópoles são, então, “campos-santos”onde o Tempo nem sempre flúi e decorre de igualmodo, tornando-se muitas vezes extremamentecomplexo aprisionar as diacronias e sincronias dorito …

    Assim, ficando clara a especificidade dos con-textos funerários, em particular os desprovidos decontexto, agravada pela escassez dos mesmos noSul do país para cronologias recuadas da Idade doFerro, sem esquecer igual desprovimento de âmbi-tos habitacionais conhecidos, terá que ser com no-tável cautela que nos teremos que acometer à tarefaproposta.

    Fig. 2. – Torre de Palma no território alto alentejano.

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    O conjunto pode subdividir-se, de momento, aomenos em dois subgrupos, um cerâmico e outrometálico. Ambos apresentam, ainda, um conjuntode peças possíveis, que requerem uma análise maisatenta, e que deixaremos para um trabalho maisalargado que esta pequena nota.

    Cremos, efectivamente, que estamos peranteum conjunto artefactual proveniente de um con-texto funerário, na justa medida em que as peças,nomeadamente cerâmicas, se apresentam comple-tas ou quase completas, mas também porque umdos recipientes completos, a urna 2000.419.1, apre-sentava ainda alguns ossos carbonizados no seu in-terior, ainda que já (in)devidamente limpos edesprovidos das cinzas. Deste modo, além de con-firmar a presença de um contexto funerário, a suapresença indica igualmente que se trata de uma ne-crópole de incineração, com deposição dos restoscarbonizados no interior das urnas. Por outro lado,para além da referência genérica à proveniência(“Cemitério ao pé das Ermidas” ou simplesmente“Cemitério”) nada associa com clareza este con-junto de materiais, para além da sua eventual tipo-logia e espectro cronológico.

    4.1. O ESPÓLIO CERÂMICO

    O conjunto cerâmico é composto, de momento,por três potes, certamente urnas, que se encontramem razoável estado de conservação e algo mais deuma dezena de taças, pratos e pequenos potes ouunguentários (Fig. 4). Para além deste existe aindaum conjunto de outras peças que se encaixaria den-tro das tipologias disponíveis para a Idade doFerro, que carecem de momento de uma análisemais cuidada.

    A cerâmica cinzenta é, certamente, um dos tiposcerâmicos mais característicos dos primeiros mo-mentos da Idade do Ferro no Sul peninsular, en-contrando-se extensamente documentada emcontextos indígenas, mas igualmente nas diversasrealidades coloniais.

    Ainda que não seja propriamente frequente nointerior alentejano (Mataloto 2004: 91), julgamosimportante reforçar a enorme relevância que a ce-râmica cinzenta assume nos grandes povoados doestuário do Tejo, como Lisboa (Arruda, Freitas eVallejo 2000) ou Almaraz (Arruda 1999-2000: 102)ou, mais em particular, Santarém (Arruda 1999-

    Fig. 3.– Vista geral de Torre de Palma e paisagem envolvente.

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    Fig. 4.– Conjunto cerâmico do “Cemitério ao pé das Ermidas”, Torre de Palma.

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    2000: 198) pela sua maior proximidade com o ter-ritório alentejano.

    Este tipo cerâmico apresenta uma longa tradi-ção de investigação, enquadrada na análise das rea-lidades de fundo “tastéssico” ou “orientalizante”,valorizando-se mais, em certos casos, a sua origemlocal, na sequência das suas afinidades com a ce-râmica brunida do final da Idade do Bronze, en-quanto noutros se reforça a sua feição exterior,decorrente do processo de colonização fenícia(Vallejo 1999; 2005).

    A cerâmica cinzenta proveniente do “Cemitérioao pé das Ermidas” resume-se a três formas distin-tas, potes, taça carenada e tigela de bordo simplesou espessado, distribuídas por duas produções bemdiferenciadas.

    Estas encontram, ao nível do fabrico, um para-lelo razoavelmente directo nas produções A e B deAlcácer do Sal (Silva et al. 1980-81: 178) que, paraabreviarmos, poderemos designar de clara e escura.Estas duas produções distintas encontram-se igual-mente documentadas em Abul (Mayet e Silva2000: 45).

    As diversas formas encontram-se bastante bemdocumentadas em todo o Sul peninsular, estandopresentes nas diversas tipologias disponíveis paraa cerâmica cinzenta do Sul peninsular, ainda que asformas mais fechadas assumam algumas particula-ridades.

    O conjunto dos três potes, correspondentesmuito provavelmente a três urnas para deposiçãodos restos incinerados, apresentam morfologiasbem documentadas ao longo da primeira metade doIº milénio a.C.. Ao nível da produção podem, ge-nericamente, integrar-se dentro das cerâmicas cin-zentas, ou cinzentas acastanhadas, ainda queapresentem um nível de qualidade e acabamentodistinto do documentado para as formas abertas. Osparalelos mais directos, quer em termos morfoló-gicos, quer de uso, encontramo-lo nas urnas de ce-râmica cinzenta da necrópole de Medellín, emconcreto nas suas formas 1, 2 e afim de 5 (Lorrio1988-89: 300).

    O pote 2000.419.1 integra-se com facilidade naforma 2 das urnas de Medellín, apesar de apresen-tar um fundo ligeiramente côncavo, ao invés da-quelas que o apresentam exclusivamente plano;estas integram-se na totalidade dentro da sua FaseI (Lorrio 1988-89: 304), isto é entre meados do séc.VII a.C. e inícios do segundo quartel do seguinte.

    A peça 2000.405.10, bem caracterizada pela au-sência de colo e por marcado estrangulamento dobordo, apresenta igualmente bons paralelos na ne-crópole de Medellín, nomeadamente na forma 1B

    do mesmo autor, integrada igualmente quase emexclusivo na Fase I (Lorrio 1988-89: 304).

    Todavia, estas formas, pela sua relativa simpli-cidade, enquanto recipientes de média/grande di-mensão, acabam por perdurar sem alteraçõessignificativas até momentos mais tardios, podendofacilmente atestar-se, em fabricos igualmente re-dutores, em Cancho Roano (Celestino 1996, pas-sim) ou em La Mata, nomeadamente nas formasE.2 A a C (Rodríguez Díaz 2004: 253).

    O nosso pote 2000.405.7 é, no entanto, maiscomplexo de enquadrar tipologicamente, ainda quetenha algumas similitudes com a forma 5 de Me-dellín, em particular pelo colo alto e corpo bojudo,diferenciando-se pela presença de um fundo côn-cavo bem marcado, ausente naquela necrópole; estaforma 5, com exemplar único, parece integrar-se naFase II (Lorrio 1988-89: 305). Por outro lado, osressaltos que apresenta entre o colo e o bojo, estãobem documentados em outras formas, como a 3Bda urna 27, que pertencem à Fase I. Esta forma eesta decoração apresenta, todavia, inúmeras perdu-rações, que dificultam qualquer tentativa estrita decronologia. A reforçar o seu carácter aparentementemais tardio pode-se assinalar que na citada necró-pole as urnas de fundos pronunciadamente cônca-vos não estão documentadas entre as produções decerâmica cinzentas, ao invés do que acontece emCancho Roano, onde são relativamente frequentes,quer nestas produções, quer nas oxidantes (Celes-tino 1996: 101)

    As formas fechadas, do tipo pote, em cerâmicacinzenta, são muito características da necrópole deMedellín, e da área extremenha, sendo relativa-mente raras nos restantes contextos do Sul penin-sular, para as cronologias em questão (Vallejo2005: 1156), o que reforça as associações do con-junto alentejano com a necrópole de Medellín, emparticular, e o espaço extremenho, em geral.

    A forma carenada 2000.394.44 enquadra-senos tipos 9 de Doña Blanca (Vallejo 1999: 183),no tipo B. 2 de Medellín (Lorrio 1988-89: 296) ouno tipo I.C. de Abul (Mayet e Silva: 48); no en-tanto, o exemplar de Torre de Palma apresenta, re-lativamente a estes, uma carena mais acentuada.Julgamos, igualmente, importante realçar as simi-litudes com os exemplares recolhidos na necrópoleda Talavera la Vieja (Jiménez Ávila 2006: 141)que, de resto, constitui um dos conjuntos mais pró-ximos do que aqui apresentamos. Esta forma apre-senta igualmente fortes semelhanças com os pratos3A1 de Medellín, ainda que se distinga deles pelapresença de fundos destacados (Lorrio 1988-89:292).

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    Recipientes afins deste estão igualmente pre-sentes em contextos coloniais do sudeste peninsu-lar, como Cerro del Vilar, Toscanos ou Alarcón(Aubet et al. 1999: 166)

    Não cremos despiciendo assinalar que estaforma apresenta grandes similitudes com morfolo-gias bem documentadas no final da Idade doBronze do Sul peninsular, mas de produção ma-nual, quer em contextos de povoado (Vilaça 1995:201; Ruiz Mata 1995: 287), quer de necrópole,como Meijão (Kalb e Hock 1985) ou Les Moreres(González Prats 2002: 238). Estas mesmas formasencontram-se, também, documentadas nas mais an-tigas necrópoles sidéricas do Sul peninsular, comoLas Cumbres (Córdoba y Ruiz Mata 2000) ou Se-tefilla (Aubet 1975 e 1978).

    Parece ser consensual entre os diversos autoresa sua presença em contextos do séc. VIII e VII a.C.,acompanhando um momento de arranque e expan-são da cerâmica cinzenta, entrando em declínio emmomentos subsequentes (Vallejo 1999: 154); toda-via, os morfótipos abertos carenados em cerâmicacinzenta, mas de formas mais elaboradas e fundosdestacados ou em pé de anel, manter-se-ão resi-dualmente até mais tarde, tal como foi possível do-cumentar em sítios tão distintos, e não muitodistantes, como La Mata (Rodríguez Díaz 2004:252) ou Abul B (Mayet e Silva 2000, 182).

    Relativamente à peça 2000.405.11 pode-se afir-mar que, apesar de não estar tão frequentemente re-presentada como a anterior, tem na forma 10 deDoña Blanca (Vallejo 1999: 123) uma produçãoafim, ou em Abul no tipo IIIB1, estando igualmenterepresentada no tipo B.2 de Medellín.

    Em termos cronológicos, esta forma encontra-se documentada em Doña Blanca no séc. VIII a.C.desaparecendo no seguinte (Vallejo 1999: 153),tendo-se detectado em Abul A, mas não em Abul B(Mayet e Silva 2000). Também em Medellín estaforma é exclusiva da Fase I, a mais antiga (Lorrio1988-89: 298). Esta forma não parece, então, so-breviver para além do séc. VII a.C. ou inícios doseguinte. No entanto, o facto de se tratar de umexemplar único, e de as formas carenadas abertasde cerâmica cinzenta, de vários tamanhos e morfo-logias, apresentarem em todo o Sul peninsular,como já foi dito, diversas perdurações até momen-tos bem avançados no milénio relativiza a validadedeste elemento.

    As restantes formas de cerâmica cinzenta, taçashemisféricas de bordo simples ou espessado, defundo plano, todas integráveis nas produções maisescuras, B de Abul e Alcácer, correspondem à mor-fologia mais comum deste tipo cerâmico, estando

    amplamente documentada em todos os locais ondefoi documentada a presença de cerâmica cinzenta;estas acompanham todo o espectro de produção,sendo frequentes até aos meados do milénio, oumesmo mais tarde. Ao nível do bordo, todas as va-riantes documentadas são frequentes, não sendohoje aceitável estabelecer qualquer faseamento apartir do espessamento dos bordos (Arruda 1999-2000: 198). Esta forma, nas suas diversas variantes(pratos de tipo 1A a D), é a mais documentada nanecrópole de Medellín (Lorrio 1988-89: 286).

    O prato carenado 2000.405.03 apresenta umaforma pouco usual, na medida em que associa umlargo bordo exvasado a um grande fundo plano, oque não é, de facto, comum nas tipologias disponí-veis; todavia, apesar desta particularidade, é possí-vel reconhecerem-se traços de grande proximidadecom algumas produções em cerâmica cinzenta,ainda que neste caso corresponda a uma produçãooxidante. Apesar da ausência de engobe, tambémnão deixa de ser de registar traços de proximidadecom alguns pratos de engobe vermelho (Freitas2005).

    Este recipiente apresenta algumas semelhançascom os pratos da forma 3A2 de Medellín (Lorrio1988-89: 291), ainda que estes apresentem fundodestacado ou com ligeira concavidade, sendo igual-mente bastante mais profundos. Por outro lado, oautor assinala que existe uma clara progressão dosfundos planos, típicos da Fase I, para os destacadosou côncavos, da fase mais recente. Esta evoluçãoparece ser confirmada em Cancho Roano, onde osgrandes pratos carenados de bordo exvasado, aquide produção oxidante, tal como em Torre de Palma,também apresentam fundo côncavo (Celestino1996: 100), verificando-se o mesmo em La Mata,onde chegam a apresentar pé de anel (RodríguezDíaz 2004: 246).

    No conjunto de Talavera La Vieja detectaram-se formas relativamente semelhantes desta última(Jiménez Ávila 2006: 166). Também na Fase III deEl Risco se detectaram formas similares (E1a) (En-ríquez Navascués, Rodríguez Díaz, Pavón Solde-vila 2001: 83), assinalando-se a enorme perduraçãode formas afins.

    Em termos funcionais, não é claro que todas asformas abertas estivessem a cumprir a função detampa de urnas, ainda que seja a utilização maisusualmente documentada, podendo algumas cons-tituir recipientes de oferendas. Na necrópole de Me-dellín, os pratos de tipo 1 são principalmenteutilizados como tampas das urnas, enquanto que asformas carenadas, podendo também o ser, são maisfrequentemente utilizadas enquanto recipiente vo-

  • Anejos de AEspA XXXIX A NECRÓPOLE SIDÉRICA DE TORRE DE PALMA (MONFORTE, PORTUGAL) 291

    tivo e mais raras vezes mesmo como urnas (Lorrio1988-89: 293).

    Os dois pequenos potes de bordo estrangulado,2000.420.01 e 2000.426.03 (não representado), quese poderiam também designar de “garrafas”, deve-rão corresponder a recipientes de unguentos ou per-fumes, que acompanham a deposição funerária.Estas formas, ou outras afins, ainda que não sejampropriamente frequentes, encontram-se bem repre-sentadas em diversos contextos funerários do Sulpeninsular.

    Na necrópole de Talavera la Vieja identificou-se uma forma semelhante, ainda que desprovida debordo (Jiménez Ávila 2006: 137), estando igual-mente presente na Fase II de Medellín uma formaafim, justamente designada de unguentário (Lorrio1988-89: 306). Todavia, parece ser em Alcácer queencontramos esta forma melhor documentada, apartir dos desenhos, um tanto simples, apresenta-dos por W. Schüle (1969, tafel 89, 92, 94 e 95). Umdestes recipientes, encontra-se na designada sepul-tura 88, acompanhado por um púcaro e um con-junto de peças metálicas onde se inclui um fechode cinturão de tipo “tartéssico” de três garfos(Schüle 1969, 95), também identificado em Torrede Palma.

    Não sendo fácil rastrear estas pequenas formasem outros contextos mais distantes é, todavia, pos-sível registá-la em plena área ibérica na necrópolede El Cigarralejo, nos unguentários de tipo A.I,com uma cronologia entre os meados do séc. V a.C.e os finais do seguinte (Cuadrado 1989: 83).

    Regressando ao território alentejano importaaqui realçar um conjunto de vários destes recipien-tes detectados recentemente na necrópole da Tera,em Pavia, cerca de 50km a sudoeste de Torre dePalma, que se encontra em escavação por um denós (R.M.). Estas pequenas “garrafas” surgem comfrequência associados às deposições funerárias emurnas, usualmente acompanhadas por formas aber-tas. Ainda que seja bastante prematuro, é possívelque a necrópole da Tera se enquadre algures entreos finais do séc. VI a.C. e grande parte do século se-guinte.

    4.2. O ESPÓLIO METÁLICO

    Se o conjunto cerâmico apresenta algumas difi-culdades para uma cabal identificação de todos oselementos passíveis de terem integrado as deposi-ções funerárias sidéricas, mesmo tratando-se derealidades mais amplamente documentadas e estu-dadas, no que toca ao espólio metálico, as dificul-

    dades são ainda maiores para se destrinçarem porentre as muitas dezenas de elementos metálicos ro-manos.

    Tal como sucede com o conjunto cerâmico, osartefactos aqui em estudo resultam de uma primeirarevisão, à qual se deverá suceder uma avaliaçãomais aturada, inclusivamente de todo o materialmetálico romano, de modo a melhor distinguirmosas realidades sidéricas das romanas e medievais, oque nem sempre é tarefa simples …

    Assim, numa primeira instância pode-se dizerque o conjunto é composto, essencialmente, poradereços pessoais e de vestuário, alguns dos quaisjá conhecidos e outros totalmente inéditos. Não éde todo impossível que venham a ser identificadosartefactos de outro tipo. Para já resumem-se a fe-chos de cinturão, braceletes e fíbulas, duas dasquais já conhecidas (Fig. 5).

    O conjunto em estudo apresenta-se razoavel-mente homogéneo, e bastante bem documentadoem todo o Sul peninsular, sendo mais raro em Por-tugal, onde apenas a necrópole de Alcácer apre-senta um conjunto de características semelhantes,ainda que bastante mais alargado e mais rico.

    Uma vez mais, é na necrópole de Medellín quevamos encontrar os melhores e mais próximos pa-ralelos bem estratigrafados, ainda que sejam co-nhecidas associações semelhantes da necrópole doSenhor dos Mártires, em Alcácer do Sal, às necró-poles dos Alcores de Carmona (Torres 1999). A ne-crópole de Talavera la Vieja, recentementepublicada na íntegra (Jiménez Ávila 2006), é tam-bém um paralelo a ter em conta pela proximidadegeográfica, mas também pelos conjuntos. Por outrolado, a necrópole de Aljucén (Enríquez Navascués,Domínguez de la Concha 1991) apresenta um con-junto com diversos pontos em comum, reforçadospela sua origem rural.

    Os fechos de cinturão assumem, pelo seu signi-ficado cultural e cronológico, uma enorme rele-vância no estudo destes conjuntos funerários. Osexemplares identificados em Torre de Palma inte-gram-se em dois dos três grandes grupos conheci-dos no Sul peninsular, os ditos “tartéssicos” e osusualmente designados de “célticos”, de “escota-duras” laterais ou placa romboidal.

    O exemplar 2000.426.1 integra-se nos fechosde tipo “tartéssico”, apresentando alguma especifi-cidade que, todavia, não impede de o aproximar-mos ao Grupo 3 de Cerdeño (1981). Estes fechosenquadram-se cronologicamente entre o séc. VII eboa parte do séc. VI a.C. (Cerdeño 1981: 54), en-contrando no território andaluz o seu território demaior distribuição, estando também documentado

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    Fig. 5.– Conjunto metálico do “Cemitério ao pé das Ermidas”, Torre de Palma.

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    em diversas paragens do Sul peninsular, como aBaixa Extremadura ou o Baixo Sado, sendo rarosna bacia do Tejo ou mesmo na área celtibérica (Ji-ménez Ávila 2006: 100; Argente et al. 2000: 102).Os conjuntos de Medellín (Almagro-Gorbea 1977)e de Alcácer (Schüle 1969), ambos com váriosexemplares de três garfos, constituem os paralelosde maior proximidade, sendo de realçar os exem-plares de Talavera La Vieja (Jiménez Ávila 2006:100), por se integrarem na bacia do Tejo, tal comoo de Torre de Palma.

    Julgamos pertinente assinalar a presença, na ne-crópole de Medellín, deste tipo de fechos em con-jugação com urnas do tipo 2, pratos das formas 1 e3, braceletes “acorazonados” e fíbulas de duplamola (Lorrio 1988-89: 295), todos documentadosem Torre de Palma, formando a associação típica daFase I. Associações semelhantes estão presentes noconjunto de Talavera la Vieja (Jiménez Ávila 2006).

    O fecho 2000.394.7 enquadra-se em tipologiasrelativamente bem definidas, resultando as diver-sas tabelas disponíveis de ajustes de pormenor(DIII3/DIII5 de Cerdeño; B3B3/B4B6 de Lorrio;B6 de Carratiermes, entre outras). Em termos cro-nológicos, parece ser relativamente consensual oarranque deste tipo de fechos a partir de meados/fi-nais do séc. VI a.C., prolongando-se até meados/fi-nais do séc. V a.C., para alguns autores (Cerdeño1978: 283; Parzinger, Sanz 1986: 174), enquantopara outros se mantêm em utilização até momen-tos bastante mais tardios, nomeadamente finais doséc. IV ou inícios do séc. III a.C. (Schüle 1969:134; Argente, Díaz e Bescós 2000: 109).

    O tipo identificado em Torre de Palma corres-ponde ao mais extensamente documentado a nívelpeninsular (Cerdeño 1978: 285), atingindo quase14% dos exemplares documentados na MesetaOriental (Lorrio 1997: 222).

    Os fechos de placa romboidal e escotaduras la-terais apresentam especial concentração na MesetaOriental, estando igualmente bem documentado emextensas áreas do Sul peninsular. Apesar de seremtradicionalmente relacionados com o ”Mundo cél-tico”, não obstante serem de há muito conhecidosem diversas necrópoles de fundo claramente medi-terrâneo antigo, como Acebuchal, têm vindo a rea-bilitar-se enquanto indicadores das influênciasmediterrâneas.

    A origem mediterrânea, nomeadamente gregaoriental, dos protótipos e a sua difusão a partir dacolonização grega foi muito recentemente refor-çada no contexto de uma total revisão historiográ-fica em torno da “origem céltica” deste tipo defechos (Jiménez Ávila 2003), indo ao encontro de

    propostas anteriores que apontavam nesse mesmosentido (Parzinger e Sanz 1986; Fabião 1998, vol.I: 179).

    No território hoje português conhece-se um nú-mero não muito alargado de fechos de cinturãoplaca romboidal, tendo-se alterado pouco a sua dis-tribuição desde o trabalho, já clássico, D. Fernandode Almeida e Veiga Ferreira (1967). A sua disper-são faz-se, essencialmente, pelo litoral e interior Suldo país, tendência que se viu reforçada pelos doisnovos exemplares registados, para além do de Torrede Palma: um de Freiria (Encarnação e Cardoso1999), idêntico ao aqui dado a conhecer e outro deVaiamonte, mas de escotaduras abertas (Fabião1996); um possível terceiro fecho, difícil de en-quadrar tipologicamente, mas eventualmente se-melhante a este último, proveniente da Tapada dasArgolas, Beira Baixa (Vilaça et al. 2002-2003:183), poderá indiciar um verdadeiro alargamentodo panorama de dispersão para contextos interio-res mais a Norte.

    A presença deste fecho de cinturão em Torre dePalma remete, uma vez mais, para os conjuntos danecrópole de Medellín, onde se encontra bem do-cumentado na Fase II, por vezes em associaçãocom outros elementos também documentados nanecrópole alentejana, como os pratos da forma 1 ouas fíbulas anulares hispânicas (Lorrio 1988-89:309).

    Foram detectados dois braceletes “acorazona-dos” completos e parte de um terceiro, que foi ob-jecto de distensão que lhe “corrigiu” a curvatura.

    Os designados braceletes “acorazonados” sãopouco conhecidos no território hoje português, to-davia, encontram-se bem documentados no Sul pe-ninsular, quer em conjuntos funerários, quer emcontextos habitacionais (Rovira et al. 2005: 1235;Jiménez Ávila 2006: 95). Encontram-se igualmentedocumentados em contextos notoriamente interio-res, como a necrópole de Carratiermes (Argente etal. 2000: 124), na Meseta Oriental.

    Importa aqui realçar, em particular, a sua iden-tificação em Alcácer (Schüle 1969, tafel 89) e nasnecrópoles extremenhas de Medellín (Almagro-Gorbea 1977), Aljucén (Enríquez e Domínguez1991) e Talavera la Vieja, onde se detectou o maisextenso conjunto conhecido (Jiménez Ávila 2006:95). Igualmente relevante é a sua presença, e even-tual produção, no povoado urbano de El Palomar(Oliva de Mérida) (Rovira et al. 2005:1240).

    Na necrópole de Talavera la Vieja, foram iden-tificados braceletes em ouro e prata, para além dosmais usuais em bronze, conferindo-lhe, provavel-mente, um particular significado social e/ou cultu-

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    ral, a ponto de serem produzidos em metais pre-ciosos, e muito possivelmente imitados naquelaliga. No âmbito do estudo deste conjunto de Tala-vera foi avançada uma explicação bastante suges-tiva para a sua forma muito peculiar (Jiménez Ávila2006: 97); estes braceletes seriam elementos sim-bólicos representativos de uma qualquer relação dedependência interpessoal, resultando a sua formada abertura violenta do bracelete, após o términodos laços, o que ditaria a amortização do adereço.Todavia, apesar de ser bastante apelativa, pelas in-ferências sociais possíveis, faltam ainda mais ele-mentos concretos, para uma aceitação cabal destahipótese, caso de evidências claras de estrias de es-forço e torsão, resultantes da abertura dos mesmos.

    Na necrópole de Les Moreres, nomeadamentena sepultura 116, convivem braceletes em tudo se-melhantes, ainda que um seja “acorazonado” e outronão, apresentando índices de abertura semelhantes(González Prats 2002: 190); deste modo, será com-plexo aceitar, na minha perspectiva, de modo di-recto, a associação da forma a um gesto simbólicode ruptura dos laços sociais. Este facto não invalida,todavia, que os mesmos possam ter, efectivamente,representado um qualquer laço de dependência, quejustifique a sua aparente acumulação por algunsagentes sociais (Jiménez Ávila 2006: 97).

    Em termos cronológicos estes braceletes pare-cem concentrar-se entre o séc. VII e VI a.C. (Jimé-nez Ávila 2006: 95; González Prats 2002: 335). EmMedellín, como já se disse, acompanham fechos decinturão “tartéssicos”, urnas do tipo 2, pratos dasformas 1 e 3, braceletes e fíbulas de dupla mola(Lorrio 1988-89: 295), todos integráveis na Fase I,algures entre os meados do séc. VII e inícios do se-gundo quartel do séc. VI a.C. (Lorrio 1988-89: 311).

    No conjunto dos adereços metálicos de Torre dePalma existem pelo menos cinco fíbulas atribuíveisa momentos antigos do Iº milénio a.C., a par de umextenso rol integrável em época tardo republicanae imperial.

    As cinco fíbulas aqui em estudo foram recolhi-das, atendendo aos registos existentes, no “Cemi-tério” que deverá corresponder ao “Cemitério ao pédas Ermidas”, encontrando-se a de tipo “Acebu-chal” já publicada (Ponte 2006: 427; Ponte 1987)tendo a existência da fíbula de dupla mola sido ape-nas mencionada (Fabião 1998: 181).

    Todas as fíbulas registadas, apesar de algumasespecificidades, se integram dentro de tipos bemdocumentados em diversos contextos sidéricos doSul peninsular, nomeadamente, uma vez mais, nasnecrópoles de Alcácer e Medellín. Integram, usual-mente, conjuntos funerários compostos pelos tipos

    cerâmicos e metálicos detectados em Torre dePalma.

    A fíbula de dupla mola constitui um dos me-lhores indicadores do arranque da Idade do Ferrodo Sul peninsular (Torre Ortiz 2002: 196; Ponte2006: 96), encontrando-se extensamente documen-tada em quase todo o território peninsular e mesmono Sul de França, quer em contextos funerários,quer habitacionais.

    Em Portugal encontra-se registada em diversoscontextos do litoral, com evidentes ligações aoMundo Mediterrâneo, caso da necrópole de Alcá-cer, Almaraz, Santa Olaia, Conimbriga, entre ou-tros. Por outro lado, no interior do país pareceassociar-se aos últimos momentos do final da Idadedo Bronze, caso dos exemplares documentados naCoroa do Frade (Arnaud 1979) e em Arraiolos(Ponte 2006: 110) atingindo, mesmo, realidadesbastante interiores, caso da Fraga dos Corvos, emMacedo de Cavaleiros (Senna-Martínez et al. 2006:66). Importante será, ainda, realçar a sua presençana Cabeça de Vaiamonte (Ponte 2006: 110), pelaproximidade com o exemplar aqui apresentado. Aidentificação destes três exemplares no territórioalentejano, para além do de Torre de Palma, doisdos quais associados a ocupações do final da Idadedo Bronze, documenta uma precoce integraçãodeste adereço, e do tipo de indumentária associada,que se prolongará para momentos mais avançados,como parece indiciar o exemplar aqui apresentado.

    As fíbulas de dupla mola apresentam um con-junto de variáveis que se traduzem em termos cro-nológicos. Foi recentemente apresentado umbalanço sobre a evolução deste tipo de fíbulas, esobre as diversas propostas tipológicas disponíveis,avançando-se com uma nova (Ponte 2006: 98) quesegue, em traços gerais, vários aspectos das ante-riores (Argente 1994: 52). Atendendo à mais re-cente tipologia, o exemplar conhecido em Torre dePalma integrar-se-ia dentro do subtipo 3b, caracte-rizando-se pela presença de um arco de secção qua-drangular e molas de cinco voltas. Segundo amesma autora, na esteira de outros, as fíbulas destesubtipo parecem centrar-se entre o séc. VII e o séc.VI a.C. (Ponte 2006: 98), ainda que na Meseta seconsiderem ligeiramente mais tardias (Argente1994: 57). No entanto, as fíbulas de dupla mola, nassuas diversas variantes, apresentam uma cronolo-gia que arranca com os primeiros sinais da coloni-zação fenícia, dentro do séc. VIII a.C., com osubtipo no qual se incluem dois dos exemplaresalentejanos, prolongando-se nos territórios da Me-seta Oriental até momentos bem tardios, em subti-pos desconhecidos em Portugal (Ponte 2006: 110).

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    A fíbula de tipo “Acebuchal” de Torre de Palma(2000.107.4) integra-se no subtipo 9b de S. Ponte(2006: 140), que se caracteriza pelo arco laminarbifurcado, bastante típico de ocidente peninsular,encontrando-se documentado em Pragança, SantaOlaia, Conimbriga e Coto da Pena, em Caminha(Ponte 2006: 144). Os mais típicos exemplares des-tas fíbulas encontram-se igualmente documentadosno território hoje português, na necrópole de Alcá-cer e em Quintos (Ponte 2006: 144).

    No território actualmente português, esta fíbulaapresenta uma distribuição essencialmente litoral,em larga medida da geografia da investigação,tendo em conta que se encontra amplamente docu-mentada por todo o espaço peninsular, em particu-lar no interior andaluz e Meseta Oriental (Argente1994: 80).

    A cronologia das fíbulas de tipo “Acebuchal”apresenta ainda ligeiros desfasamentos entre os di-versos autores. Para S. Ponte (2006: 141), na es-teira de W. Schüle (1969: 36), este tipo de fíbulassituar-se-ia entre os finais do séc. VII a.C. e os fi-nais do séc. VI a.C., onde poderia ter evoluído paravariantes mais complexas; esta mesma autora pa-rece sugerir que os exemplares de arco bifurcadocorrespondem a uma produção essencialmente doséc. VII a.C..

    Para J.L. Argente, na esteira de E. Cuadrado(1963), estas fíbulas, que integra no seu tipo 7Ajuntamente com as de tipo Bencarrón e Alcores, te-riam uma cronologia de produção mais recente, si-tuada entre finais do séc. VI a.C. e boa parte do séc.V a.C. (Argente 1994: 83). A presença de um exem-plar de tipo Alcores em Cancho Roano A pode serlida neste sentido; todavia, os autores realçam a suaassociação a um par de arrecadas de ouro de tipo-logia antiga, que parecem constituir parte de umaqualquer deposição ritual de um conjunto mais an-tigo (Celestino e Zulueta 2003: 43); os mesmos au-tores mencionam igualmente a presença de umafíbula de mola bilateral, certamente integrável den-tro destes tipos. Cremos, atendendo ao longo es-pectro de ocupação de Cancho Roano, que estesexemplares não contribuem, de modo claro, parauma aceitação cabal de cronologias dentro do séc.V a.C. para a produção e distribuição destes tiposde fíbulas no Ocidente peninsular, o que não inva-lida que tal possa efectuar-se noutras regiões, comoa Meseta Oriental.

    A fíbula 2000.409.2 caracteriza-se pela pre-sença, aparente, de uma mola bilateral, integrando-se nos tipos 8 a 11 de S. Ponte (2006) ou 7A deArgente (1994), não sendo simples, pelo seu estadode fragmentação, integrá-la num tipo específico. To-

    davia, quer o quadro cultural, quer o cronológico,não se apresenta substancialmente distinto entreeles, não constituindo substancial relevância o seuposicionamento exacto, mantendo-se o panorama jáavançado para a fíbula de tipo “Acebuchal”.

    Foram igualmente identificados dois exempla-res de fíbulas anulares hispânicas (2000.393.1 e2000.409.5). Este tipo é um dos mais amplamentedocumentados e característico da Idade do Ferropeninsular, conhecendo uma extensa bibliografiaque definiu um vasto quadro crono-tipológico, re-lativamente estabilizado desde os primeiros traba-lhos de E. Cuadrado (1957), conhecendo uma sériede novos estudos que se limitaram a afinar a pro-posta inicial (Ponte 2006: 157; Torres 2002: 203).

    Ambos exemplares, pelo seu estado de conser-vação, não facilitam a integração nas diversas tipo-logias disponíveis, todavia, pode ser feita umaaproximação, não isenta de muitas cautelas; o queparece relativamente pacífico é a sua integração nasfíbulas anulares de produção manual, ditas 6B deArgente (1994: 68), usualmente tidas, pela presençada mola bilateral, como das produções mais anti-gas, ainda que se mantenham até quase ao final daexistência deste tipo (Argente 1994: 76).

    A fíbula 2000.393.1, a mais completa, falta-lheapenas o fusilhão, poderá integrar-se no tipo 17bde Salete da Ponte (2006: 204), atendendo à pre-sença da mola bilateral e principalmente de um arcolaminar largo; este tipo aproxima-se do tipo Cua-drado 12 ou “folha de Loureiro” (Ponte 2006: 160).

    O segundo exemplar, 2000.409.5, apresenta-sebastante fragmentado, pelo que não é simples a suaintegração tipológica; no entanto, consideramos tra-tar-se de uma produção manual, de forja, com arcoindependente da mola, que é bilateral, pelo que sepode, genericamente, enquadrar no tipo 16b de S.Ponte (2006: 202).

    Estes dois exemplares parecem integrar um mo-mento relativamente antigo da produção das fíbulasanulares hispânicas, apontando a citada autora parauma cronologia entre os finais do séc. VII a.C. e osfinais do século seguinte para o primeiro destes, eentre os inícios do séc. VI e a primeira metade doséc. IV a.C., para o segundo.

    4.3. A NECRÓPOLE SIDÉRICA DE TORRE DE PALMA:INTENTOS DE CRONOLOGIA E GEOGRAFIAS DEPROXIMIDADES

    A identificação da necrópole sidérica de Torrede Palma introduz, não apenas pela sua existência,mas principalmente pelo seu enorme significado

  • Anejos de AEspA XXXIXMAIA LANGLEY - RUI MATALOTO - RUI BOAVENTURA296

    cultural, uma profunda alteração no panorama co-nhecido até ao momento no território alto alente-jano, usualmente apresentado como um imensovazio (Vilaça e Arruda 2004; Torres 2005).

    A ausência de contextos precisos, dada a exi-guidade dos registos, e uma avaliação ainda in-completa dos fundos antigos pode explicar algumasausências, ainda que outras sejam difíceis de expli-car, pelo que resulta ainda particularmente com-plexo esboçar uma leitura global, sob pena defalharmos os traços fulcrais do conjunto.

    Por outro lado, esta mesma ausência de registosimpede qualquer considerando sobre a arquitecturada necrópole, desde a presença de estruturas tumu-lares, bem documentadas em Medellín (Almagro-Gorbea 1977), El Jardal (Jiménez Ávila 2001b) ouno Baixo Alentejo (Correia 1993), ou mesmo à ar-quitectura das deposições. Do que não parece res-tarem dúvidas é da presença do ritual de cremaçãodo corpo podendo, ou não, os restos incinerados serrecolhidos em contentores funerários.

    As mesmas limitações emergem quando se in-tenta qualquer aproximação à dimensão da necró-pole e ao número de tumulações que, todavia,cremos ser superior às três urnas reconhecidas, masque dificilmente superaria a dezena, aceitando de-posições directas dos restos incinerados ou embusta. No entanto, talvez fosse um trabalho de fu-turo indagar a dimensão da mesma, incluindo novassondagens no local.

    A cronologia de um espaço de tumulação nuncaé, não deve ser, algo simples e linear, pela singula-ridade cumulativa de cada enterramento ou pelapossível amortização das realidades no final da suaexistência quotidiana. Deste modo cremos que anecrópole de Torre de Palma, atendendo à cronolo-gia provável dos elementos identificados, se deverádistender entre os finais do séc. VII a.C. e o iníciodo séc. V a.C., não sendo improvável que ambos osextremos se aproximem, concentrando as deposi-ções funerárias dentro do séc. VI a.C..

    Julgamos ter ficado patente a grande proximi-dade dos conjuntos artefactuais com as realidadeslitorais, de cariz orientalizante, bem documentadasno Baixo Guadalquivir e fachada atlântica penin-sular, mas também no interior extremenho.

    Como ficou patente, a raridade de contextos fu-nerários sidéricos devidamente escavados e publi-cados no sudoeste peninsular deixa como principaisreferências para o estudo do conjunto de Torre dePalma as duas grandes necrópoles conhecidas nestaampla região, Alcácer do Sal (Schüle 1969; Fabião1998; Arruda 1999-2000; Torres 1999) e Medellín(Almagro-Gorbea 1977; Lorrio 1988-89); julgamos

    ainda relevante assinalar a grande proximidade dosconjuntos com a necrópole de Aljúcen (Enríquez eDomínguez 1991), reforçada pela sua provável as-sociação a um contexto de âmbito rural, tal comodeve ter acontecido com Torre de Palma. A necró-pole de Talavera la Vieja, recentemente dada a co-nhecer de um modo mais completo (Jiménez Ávila2006) apresenta igualmente uma semelhança assi-nalável com o conjunto em estudo, para além dosmateriais de excepção aí presentes. É possível queo conjunto de Torre de Palma integrasse, igual-mente, alguns elementos em materiais preciosos deépoca sidérica (informação pessoal de Virgílio Cor-reia, que agradecemos), o que não tivemos aindaoportunidade de confirmar.

    Não deixa de ser relevante assinalar o enormedistanciamento evidenciado pelos conjuntos arte-factuais de Torre de Palma face às realidades fune-rárias características do Baixo Alentejo, nas quaisestá, igualmente, bem patente uma importante in-fluência dos contextos litorais, apesar de profunda-mente readaptados às realidades locais. Odistanciamento é particularmente notório na totalausência de armas em Torre de Palma, tal comotambém acontece na necrópole da Tera, em Mora,na justa medida em que estas constituem o espóliomais característico das necrópoles baixo alenteja-nas. Não é impossível que tal corresponda, maisque a um distanciamento cultural, a uma diferençacronológica, acompanhando propostas recentes queapontam para uma cronologia dos espólios baixoalentejanos bem dentro do séc. V a.C. ( JiménezÁvila 2001b: 118)

    Atendendo ao conjunto identificado, cremosestar perante uma necrópole de incineração em us-trinum, com posterior deposição em urna dos restoscremados, as quais deveriam associar-se principal-mente aos grandes potes, tal como acontece na FaseI de Medellín (Almagro-Gorbea 1977; Lorrio1989); todavia, não é impossível que alguns dos re-cipientes abertos, como a grande taça carenada(2000.394.45), não possam ter sido igualmente uti-lizados deste modo, ainda que não se tenha regis-tado qualquer indício nesse sentido. A maioria dasformas abertas deveria ter sido utilizada ou comotampas das urnas, ou como vasos de oferendas aodefunto, ainda que não se registem claros indíciosde que o tenham acompanhado na cremação. Poroutro lado, a individualização, nos registos antigos,de tumulações isoladas com materiais exclusiva-mente proto-históricos (caso da Sepultura XVII),poderá indiciar a presença, eventual, de tumulaçõesem fossa, sem urna, ou mesmo busta, tal como naFase II de Medellín, o que de certo modo poderá

  • Anejos de AEspA XXXIX A NECRÓPOLE SIDÉRICA DE TORRE DE PALMA (MONFORTE, PORTUGAL) 297

    ser corroborado pela cronologia aparentementemais recente destes materiais.

    Assim, e atendendo aos dados principalmentede Medellín, teríamos um primeiro momento ca-racterizado pelas grandes urnas de cerâmica cin-zenta, acompanhadas por tigelas, com ou semcarenas, em cerâmica cinzenta, que integrariamadornos como os fecho de cinturão “tartéssico”, asfíbulas de dupla mola, ou “Acebuchal” e os brace-letes “acorazonados”, enquanto no segundo mo-mento se destacariam as urnas de menoresdimensões, algumas tigelas de cerâmica cinzenta,os unguentários, o fecho de cinturão de escotaduraslaterais e as fíbulas anulares hispânicas.

    A grande afinidade da necrópole de Torre dePalma com a necrópole de Medellín reforça a es-treita ligação deste território alto alentejano ao pro-cesso histórico desenrolado na bacia média doGuadiana, talvez até mais que ao documentado nadesembocadura do Tejo, tal como um de nós játinha anteriormente proposto (Mataloto 2005). Poroutro lado, é certa a grande proximidade com osconjuntos de Alcácer, que se parece constatar pelaforte semelhança e presença dos pequenos unguen-tários, pouco documentados em Medellín.

    A presença de um conjunto bastante caracterís-tico de metais, com paralelos directos nas necrópo-les já mencionadas de Alcácer, Talavera, Medellínou Aljucén, parece conjugar-se bastante bem com apresença de um estrato superior da sociedade que,apesar de instalado em meio rural, estaria integradonuma importante rede de distribuição de artefactosde prestígio, eventualmente associada à comercia-lização de produtos têxteis, produzidos ou redistri-buídos a partir do litoral. A presença de da fíbulatipo “Acebuchal” de arco bipartido, com uma dis-tribuição cingida essencialmente na fachada atlân-tica, reforça a ligação de Torre de Palma aoscircuitos de distribuição litoral.

    Estes adereços metálicos, essencialmente rela-cionados com a indumentária, poderão e deverãoestar associados a um modelo, relativamente uni-formizado, de representação do status social, indi-ciando uma clara coesão cultural e uma mesmarepresentação do Poder entre os diversos contextosregionais mencionados.

    Julgamos importante assinalar a partilha de ummesmo conceito estético, e aparentemente dePoder, entre as elites “urbanas” de Medellín ou Al-cácer e as rurais, tal como transparece no caso deTorre de Palma ou Aljucén. Todavia, convenhamosque estes agentes sociais instalados em contextorural dificilmente constituiriam a cúspide social daépoca, encontrando-se algo afastados quer do sta-

    tus, quer do poder económico das grandes elites ur-banas. Na realidade, estes “senhores do campo”,como seria o caso de Torre de Palma, desenvolve-riam um processo de emulação das verdadeiras eli-tes, que ostentariam um conjunto de adornossemelhantes, mas em metais nobres, como ficoubem patente no extraordinário conjunto de Talaverala Vieja (Jiménez Ávila 2006).

    5. A OCUPAÇÃO SIDÉRICA DE TORRE DEPALMA

    O conjunto artefactual do “Cemitério ao pé dasErmidas” é apenas o mais significativo das ocupa-ções sidéricas de Torre de Palma, em particular peloseu estado de conservação, atendendo à sua maisque provável origem funerária. Todavia, existe umconjunto de fragmentos passível de se enquadrarnas tipologias disponíveis para a Idade do Ferro re-gional, e mesmo extra-regional, recolhidos em di-versas áreas da villa, que poderão associar-se aocupações de cariz habitacional.

    O conjunto é ainda bastante resumido, nãosendo fácil destrinçar estas realidades por entre aenorme diversidade de cerâmicas mais recentes; noentanto, alguns tipos, pela sua especificidade, faci-litam a sua identificação, caso da cerâmica cinzentapolida, dos grandes contentores pintados ou da ce-râmica com matrizes estampilhadas. À margemdestas surgem outras que, incluídas na categoria ge-nérica da cerâmica comum, poder-se-ão tambémassociar às ocupações sidéricas, ainda que com al-gumas reservas, ao tratarem-se de morfologias degrande simplicidade.

    A possibilidade de enquadrar a nível espacial,ainda que genericamente, este conjunto permite ad-mite que se equacione uma origem distinta dos con-textos funerários. O simples facto de se teremidentificado na área edificada da villa remete paraum contexto espacial distinto, por que separado daárea de tumulação por uma pequena linha de águasazonal, bem definida no terreno actual, e even-tualmente existente à data das presenças sidéricas,separando os contextos dos vivos e dos mortos.

    O conjunto, ainda que resumido, parece indicarao menos dois momentos distintos: um primeiromomento correspondente a uma ocupação crono-logicamente semelhante ao conjunto de materiaisda necrópole, a qual surge assinalada pela cerâmicacinzenta fina polida e um possível pithos com obordo pintado; no que diz respeito ao segundo mo-mento apenas se pode assegurar a presença de umpequeno fragmento cerâmico com decoração por

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    matrizes estampilhadas, com um motivo circularradiado, enquadrável num momento mais avançadoda Idade do Ferro, algures dentro do séc. IV/III a.C.(Berrocal 1992).

    Cremos que estes indícios são suficientementeexplícitos para assegurarem que na área da pars ur-bana ou rustica de Torre de Palma se terá desen-volvido um ou mais complexos habitacionais, decariz rural, da Idade do Ferro, aparentemente des-mantelados pelos programas construtivos de épocaromana.

    Em território alentejano, este facto encontra-secada vez melhor documentado em trabalhos deprospecção (Mataloto 2004), mas também de esca-vação, em sítios como a Quinta das Longas (co-municação pessoal de António Carvalho). Fora daregião alentejana encontra-se igualmente atestadaa sobreposição de ocupações, sendo o caso de Frei-ria o melhor documentado e, igualmente, o demaior semelhança, na justa medida em que se iden-tificaram dois momentos de ocupação, aparente-mente sidéricos, prévios à instalação do complexoprodutivo da villa (Encarnação e Cardoso 1999).Perante a identificação de formas completas e ma-teriais de excepção, como um fecho de cinturão se-melhante ao de Torre de Palma, ou um espeto, nãodeixa de ser de questionar a possibilidade de tam-bém aqui ter existido uma área de tumulação.

    6. ENTRE MORTOS E VIVOS: AOCUPAÇÃO SIDÉRICA DE TORRE DEPALMA E AS DINÂMICAS CULTURAISDA PRIMEIRA METADE DO Iº MILÉNIOA.C. DO INTERIOR ALTO ALENTEJANO.

    O território alto alentejano conheceu uma for-tíssima transformação das malhas de povoamentodurante a primeira metade do Iº milénio a.C., re-gistando-se um assinalável processo de ruralização,concomitante ao abandono dos grandes núcleos ha-bitacionais do final da Idade do Bronze. A disse-minação pelo território alto alentejano dasrealidades de fundo colonial introduzidas nos es-tuários do Tejo e do Sado parece acompanhar o ar-ranque deste processo de transformação social e depovoamento, que estará verdadeiramente consoli-dado nos inícios do séc. VI a.C.

    A introdução de uma nova matriz cultural nosprimeiros séculos do Iº milénio a.C., fortementemarcada pelo afluxo das novidades coloniais, virá,cremos, na sequência de uma tradição milenar deligação ao Sul, evidenciando, portanto, uma claracontinuidade nas conexões.

    A matriz do Sul, de tradição “orientalizante”,vinha sendo documentada principalmente nos mo-delos arquitectónicos, onde se registaram em con-texto rural notáveis exemplos do fundoarquitectónico mediterrâneo, introduzido ou divul-gado pelas comunidades fenícias (Mataloto 2004).Todavia, ao invés do registado em extensas regiõesdo Sul, interior e litoral, as realidades cerâmicassurgiam-nos já bastante transformadas às realida-des locais, evidenciando-se a influência colonialprincipalmente na presença da cerâmica a torno,que teve uma introdução bastante mais lenta que nolitoral, sendo raras as claras importações do litoral,apenas documentadas até ao momento no sítio deSão Gens no alto da serra d’Ossa (Mataloto 2004a).

    A necrópole de Torre de Palma evidencia-nos,no entanto, uma imagem distinta. A absoluta seme-lhança com os modelos e associações artefactuaisconhecidas no litoral atlântico, interior extremenhoe Baixa Andaluzia, traduz uma novidade completado panorama conhecido, agora muito mais próximodo Mundo “orientalizante”.

    Apesar de algumas ausências relevantes, casodas urnas “Cruz del Negro”, que poderá apresentarum significado muito preciso, dada a sua particularassociação às populações tartéssicas (Torre Ortiz2005), cremos ser bastante evidente a inclusão doconjunto estudado nas realidades funerárias do Sulpeninsular, quer pelas presenças cerâmicas, ondepontuam as cerâmicas cinzentas, com modelos re-lativamente uniformizados, quer pelas presençasmetálicas, indícios de uma mesma forma de repre-sentação social.

    A profunda associação a modelos originários dolitoral insere a necrópole de Torre de Palma direc-tamente no centro do debate sobre os processos decolonização do Sudoeste peninsular. Este tem vindoa ser marcado, nos últimos anos, por propostas con-traditórias e por vezes arrojadas, onde os dados doterritório alto alentejano não eram, de todo, equa-cionados.

    A descoberta de uma intensa e importante ocu-pação de fundo “orientalizante” e fenício no Oci-dente peninsular (Arruda 1999-2000) impunha umareorganização das leituras de conjunto da ocupaçãosidérica no sudoeste peninsular. O cerne da ques-tão seria, uma vez mais, não o território litoral, masantes o interior extremenho, onde as fortíssimas li-gações ao mundo litoral se vinham a tornar aindamais evidentes. Deste modo, e perante o afluxo dedados, D. Manuel Pellicer (2000) ensaiou uma pro-posta que propunha compreender o processo detransformação, e mesmo colonização, registado nointerior extremenho durante os séc. VIII-V a.C. a

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    partir da realidade do litoral atlântico, conectadocom aquela região por um extenso corredor natu-ral, bastante bem documentado ao longo de váriosmilénios. As suas propostas foram sendo aceites ereforçadas por outros autores (Arruda 2005a; Vi-laça e Arruda 2004), conhecendo recentemente umafortíssima crítica e refutação completa, em prol deuma nova proposta que reverteria totalmente o pro-cesso. Perante o mesmo conjunto de dados, Ma-riano Torres apresentou uma proposta que invertiaos processos de colonização, fazendo depender acolonização da fachada atlântica da movimentaçãopor terra de populações tartéssicas, oriundas daBaixa Andaluzia, através do interior extremenho(Torres 2005). Manipulando dados de diversa ori-gem, dos autores clássicos à toponímia, passandopelas realidades artefactuais, nomeadamente fune-rárias, constrói um modelo que tem na expansãoterritorial, e na consolidação do modelo urbano oseu elemento estruturante.

    As fragilidades de um modelo tão arrojadoforam já devidamente assinaladas (Arruda 2005b:83), ainda que outras pudessem ser assinaladas, emparticular no que à sua passagem pelo interior alen-tejano diz respeito. Por outro lado, as mesmas fra-gilidades se podem associar ao modelo de D.Manuel Pellicer, apontando para uma realidadelocal bem mais complexa do que os modelos linea-res nos fazem crer.

    A ausência de contextos urbanos consolidadosdevidamente documentados para a primeira metadedo Iº milénio a.C. do Alto Alentejo torna difícil aintegração deste território num qualquer esquemade expansão territorial “tartéssica”; por outro lado,a debilidade das presenças de fundo claramente“orientalizante” no território alto alentejano tornadifícil estruturar a colonização do território extre-menho através do corredor natural que liga as“vegas” do Guadiana ao estuário do Tejo.

    A escassez de presenças de clara inspiração eproveniência litoral, associadas a um momento re-lativamente tardio das mesmas, sempre após osmeados do séc. VII a.C., tal como nos indiciam aspresenças anfóricas de São Gens, e metálicas deTorre de Palma, deixam escassa margem para se ex-plicar fenómenos ocupacionais como o de Medel-lín (Almagro-Gorbea 1977). A cronologia destaspresenças não deverá ser alheia à consolidação doprocesso de mediterranização quer dos territóriosda fachada atlântica quer do interior extremenho, apartir justamente deste momento (Arruda 1999-2000).

    A integração directa de Torre de Palma nesseextenso corredor, onde mais tarde irão discorrer as

    vias romanas que ligarão Olisipo, Scalabis ou Sa-lacia ao centro do território Lusitano, onde se ins-talou Augusta Emerita, não será certamente alheiaàs claras filiações culturais transmitidas pelas pre-senças funerárias.

    Nas regiões mais a Sul, que temos vindo a es-tudar, dentro do Alentejo Central na bacia do Gua-diana, as ligações ao Mundo Mediterrâneo, sendobem patentes na Arquitectura, tornam-se bem maisdiscretas nas presenças cerâmicas e metálicas, as-sinalando, talvez, percursos diversos na intensidadede relacionamento e profundidade dos processos deinteracção com as realidades do litoral.

    O processo de mediterranização das realidadessidéricas alentejanas deverá ter conhecido um per-curso múltiplo, assente, todavia, numa mesma tó-nica, que o distingue, em grande medida, dasregiões contíguas: a consolidação do Mundo Rural,em desfavor de uma realidade de cariz urbano, quetardará em emergir, depois do abandono generali-zado dos grandes aglomerados do final da Idade doBronze.

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