revista aeronáutica 285

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  • 8/13/2019 Revista Aeronutica 285

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    ISSN 0486-6274 Nmero285

    Revista

    Aeronutica2013

  • 8/13/2019 Revista Aeronutica 285

    2/27

    w w w . c a e r . o r g . b r

    rev i s ta@caer .org.br

    As opinies emitidas em entrevistas e em matriasassinadas estaro sujeitas a cortes, no todo ou em parte,a critrio do Conselho Editorial. As matrias so de inteiraresponsabilidade de seus autores, no representando,necessariamente, a opinio da revista. As matrias nosero devolvidas, mesmo que no publicadas.

    DEPARTAMENTOS

    SEDE CENTRAL

    AdministrativoCel Int Ezio de Luna Freire

    BenecenteCel Av Nylson de Queiroz Gardel

    CulturalCel Av Araken Hiplito da Costa

    Comunicao SocialTen Cel Ana Elisa Jardim de Mattos A. de Melo

    Centro de Tecnologia e Informao CTITen Cel Int Franklin Jos Mar ibondo da Trindade

    FinanceiroCel Int Jlio Srgio Kistemarcher do Nascimento

    urdicoDr. Francisco Rodrigues da Fonseca

    Patrimonial / Secretaria Geral

    Cap Adm Ivan Alves MoreiraSocialTen Cel Int Jos Pinto Cabral

    CHICAERTen Brig Ar Ivan Moacyr da Frota

    SEDE BARRA

    AerodesportivoCel Av Joo Fares NettoDir. Operaes- Ten Cel Av Jos Carlos da Conceio

    DesportivoTen Cel Av Antonio Vianna Jordo

    AssessoresAdministrao - Cel Av Mauro Domeneck SalgadoFinanceiro - Ten Cel Antnio Rodrigues de Sousa

    Expediente

    Expediente Sede CentralDias: 3 a 6 feira

    Horrio: 9h s 12h e 13h s 17h

    ENDEREOS E TELEFONES

    Sede Central

    Praa Marechal ncora, 15Rio de Janeiro - RJ - CEP 20021-200

    Tel.: (21) 2210-3212 Fax: (21) 2220-8444

    Sede BarraRua Raquel de Queiroz, s/n

    Rio de Janeiro - RJ - CEP 22793-710

    Tel.: (21)3325-2681Sede Lacustre

    Estrada da Figueira, n I

    Arraial do Cabo - RJ - CEP 28930-000

    Tel.: (22) 2662-1510 Fax: (22) 2662-1049

    REVISTA DO CLUBE DE AERONUTICATel.: (21) 2220-3691

    Diretor e EditorCel Av Araken Hipolito da Costa

    Jornalista ResponsvelJ. Marcos Montebello

    Produo Editorial e Design Grfco

    Rosana Guter NogueiraProduo GrfcaLuiz Ludgerio Pereira da Silva

    RevisoMrcia Helena Mendes dos Santos

    SecretriasGabriela da Hora Rangele Juliana Helena Abreu Lima

    2013

    CONSELHO DELIBERATIVOPres idente - Maj Brig Ar Marcus Vincius Pinto CostaCONSELHO FISCALPresidente - Brig Int Helio Gonalves

    PRESIDENTETen Brig Ar Ivan Moacyr da Frota

    Vice-PresidenteMajBrig Ar Mrcio Callafange

    2 Vice-PresidenteCel Av Lus Mauro Ferreira Gomes

    Assessor Especial da PresidnciaBrig Ar Cezar de Barros Perlingeiro

    SUPERINTENDNCIASede Central

    Brig Ar Guilherme Sarmento Sperry

    ede BarraTen Cel Int Jos Augusto Santana de Oliveira

    ede Lacustre

    Cel Int Antonio Teixeira Lima

    ISSN 0486-6274

    Out./Nov./Dez.

    4 MENSAGEM DO PRESIDENTETen Brig Ar Ivan Frota

    19 DIA DO AVIADORJuliana Montenegro Erthal

    26 ACERVO DE BOAS IDEIASAudrey Furlaneto

    10 A DOUTRINA DA AO PREVENTIVAManuel Cambeses JniorCel Av

    14 ESTADO E GESTO PBLICA:DESCAMINHOS E DESVIOS TICOSAfonso Farias de Souza JniorCel Int

    24 RONDON E AS MISSES DE PAZPaulo Dartanhan Marques de AmorimCel Cav

    33 FLMULA, UMA RELQUIADO PASSADOFrancisco Jos Degrazia DellamoraCel Av

    ndice

    30 REEQUIPAMENTO, MODERNIZAES:E O AVIO DE COMBATE FUTURO?Maj Brig Ar Lauro Ney Menezes

    6 NOTCIAS DO CAERRedao

    16 A NOVA ORDEM MUNDIALVanderlino Horizonte RamageMaj Aer

    38 VISITANDO A ACADEMIA MILITARDE WEST POINTIsrael BlajbergEngenheiro

    34 VISITA AO STIMO DE PATRULHA

    Luis Alberto Costa CutrimCel Av

    20 A PERMANNCIA DO PENSAMENTODE EUCLIDES DA CUNHAManoel Soriano NetoCel Inf

    IlustraesAraken

    12 SERVIOS DE INTELIGNCIAIves Gandra da Silva MartinsTributarista

    36 UM HINO PARA A FORA AREABRASILEIRABrig Ar Teomar Fonseca Qurico

    28 CREPSCULO DO CIVISMOJarbas PassarinhoTen Cel Art

    46 A REPBLICA MAL-AMADAPedro Sprejer

    45 AJUDEMOS A SALVAR JERUSALMOlavo Nogueira DellIsolaCel Av

    40 UMA VISO TEOLGICANA ANTROPOLOGIA BRASILEIRAJoo Geraldo Machado BellocchioTelogo

    48 O QUE FOI... COMO FOI...O QUE PODERIA TER SIDORaul Galbarro ViannaCel Av

    50 A FAB PERDE O SEU LTIMO PILOTOVETERANO DA SEGUNDA GUERRA:MAJ BRIG AR MIRANDA CORRAJlio Csar Guedes AntunesProfessor

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    Bem-estar familiar v Eficiente Fora Area

    Mensagem

    do PresidenteTen Brig Ar Ivan Frota

    Presidente do Clube de Aeronutica

    2 0 1 3 - 2 0 1 4

    No ocaso do ano que finda e na aurora do que se

    inicia, a Diretoria e os Conselhos Deliberativo e Fiscal

    do Clube de Aeronutica auguram ao seu Quadro

    Social um NATAL alegre e um ANO NOVO pleno de

    felicidade junto as suas respectivas famlias.

    Que em dois mil e quatorze o Brasil, a Fora

    Area, o Clube e seus respectivos membros alcancem

    os ideais e as metas a que se propuseram.

    31 de dezembro de 2013

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    Uma nova viagem foi programada pelogrupo de estudos do Clube de Aero-utica, do Rio de Janeiro, que h sete an osem se empenhando em descobrir todoss meandros que formaram o esboo do

    Pensamento Brasileiro.Depois de ter estado na Regio Ama-

    nica, tanto a Oriental como a Ocidental, eambm em Portugal, desta vez, o grupo foi Bahia, porta de entrada do descobrimen-o e tambm de mu itas le vas de escravos ,ara esmiuar todas as informaes que

    marcaram a formao de um ser nitida-mente nacional.

    Contando com o apoio incondicional irrestrito das autoridades aeronuticas, grupo se deslocou at Salvador, tendoomo base o magnfico Centro Militar de

    Convenes e Hospedagem da Aeronu-ca (CEMCOHA), na pa radisaca Avenida

    Ocenica, no bairro de Ondina, que estob o comando impecvel e de dedicaobsoluta do Cel Int Murilo R. Viana Filho e do

    Cel Av Jos Carlos Silva. Para fazer jus smordomias oferecidas pelo belo local, cadaarticipante responsabilizou-se por todas asuas despesas em territrio baiano.

    PENSAMENTO BRASILEIRO NA BAHIAComo o passado est intimamente

    ligado ao presente, o primeiro passo foiconhecer a Base Area de Salvador, e oPrimeiro Esquadro do Stimo Grupo deAviao (1/7 GAV), que acaba de comple-tar 71 anos de existncia, e tem importan tefuno estratgica na defesa do territrio

    brasileiro.Esse ideal, nascido a 5 de novembro de

    1942, permanece ativado com a chegadado FAB 7203, o primeiro P-3AM, que fazparte de um lote de doze P-3 A, adquiridosnos Estados Unidos e modernizados como que h de mais avanado no mundo emsensores, como Radar de Abertura Sintticae Abertura Sinttica Invertida; equipamentoESN de busca passiva; sistema FLIR, parabusca e identificao em ambientes debaixa visibilidade, e sistema acstico, quetem a capaci dade de m onitorar 32 boiasradiossnicas simultaneamente; e sistemattico de misso, que se denomina FITS (FullIntegrated Tactical System).

    Na vspera da chegada do grupo a Sal-vador, s trs horas da manh, foi emitidoum sinal de que havia um navio estranho,em emergncia, nas guas martimas brasi-

    leiras, a 150 milhas de Natal, no Rio Grandedo Norte. De imediato a equipe foi acionadapara detectar o ocorrido. E, em poucotempo, teve resposta de que a embarcaomercante era legtima e que o sinal haviasido ocasionado por erro de manuseio doequipamento. Ao relatar esse fato, o Ten

    Cel Jos Henrique Kaipper e o Maj Howarddemonstraram o total apreo que tm pelafuno que desempenham, estando sempredispostos a entrar em campo.

    As tradies msticasPara abordar a questo religiosa, que

    ajudou a formar o Pensamento Brasileiro,o grupo pode travar um maior contato como tema, atravs do Taata Anselmo SantosMinatojy, que Mestre em Educao eContemporaneidade, pela Universidade doEstado da Bahia (UNEB), com extenso emgesto, histria e cultura afro-brasileira;bacharel em Secretariado Executivo pelaUniversidade Catlica do Salvador; e quehoje comanda o Terreiro Mokambo, Casa daFora Espiritual das Divindades Dandalundae Tempo, na Vila Dois de Julho, um Terreirode Candombl Bantu.

    Franco e objetivo, ele traou um amplopanorama entre a chegada dos africanos Bahia, com as suas tradies culturais,religiosas e gastronmicas, e a inevitvelmiscigenao com os europeus e os ind-genas, principalmente os povos Pankars,Tupinambs e Pataxs.

    Por parte dos africanos, comentou acontribuio que deixaram com a congada,maculel, puxada de rede, jongo, capoeira,candombl, pintura, a incluso de palavrasao vocabulrio nitidamente europeu, e amarca da solidariedade e da assistnciasocial, at ento inexistente.

    Um sacerdote do Candombl no sefaz da noite para o dia. necessrio umbom tempo de aprendizado e dedicao religio, para que seja determinando queeste ou aquele est apto a manter e darcontinuidade s tradies religiosas daquelegrupo. No uma indicao feita por outrosacerdote, que conduzir uma pessoa aosacerdcio, pois cabe apenas s Divindadesa conduo para o mesmo. Exige muita ab-negao, disposio e dedicao exclusivapara que se possa atuar de forma sria ecorreta dentro do processo tradicional quese apresenta. Por isso, digo sempre: asDivindades no escolhem os capacitados.Elas capacitam os escolhidos enfatizouTaata Anselmo dos Santos.

    O crebro do PensamentoAps percorrer o Centro Histrico e

    apreciar algumas joias da arquitetura, o gru-po viajou no tempo atravs da palestra doarquiteto Francisco Soares Senna sobre ahistria da fundao da cidade de Sal vador,no sculo XVIII, totalmente planejada eseu desenvolvimento urbanstico atravsdos sculos.

    Em nenhum lugar do mundo existeuma miscigenao to grande como a queocorreu na Bahia. Tem uma construo lin-gustica muito caracterstica. A pluralidaded a unidade baiana. O nico lugar que temalgumas caractersticas que podem servirde parmetro cultural Cuba comentouo arquiteto.

    Ainda no espao do Centro de Do-cumentao do Pensamento Brasileiro,instalado na Universidade Catlica do Sal-vador, a sua presidente, Dinorah dArajoBelbert de Castro, doutora em Filosofia,pela Universidade Gama Filho (RJ), mestraem Cincias Humanas, pela Universidade

    Federal da Bahia, licenciada em Filosofiapela Universidade Catlica do Salvador epela Faculdade So Bento, discorreu sobrea importncia desse trabalho em prol deresgatar informaes a respeito do queveio a ser componente da formao doPensamento Brasileiro, e garantiu que essadescoberta demonstra o quanto somosgrandiosos e no apenas grandes demais,como enfatizou.

    Na biblioteca onde est sendo con -servado um dos mais importantes acervossobre a histria do Pensamento Brasileiro,ela fez questo de ofertar a todos o livroHistrias das Idias Filosficas na Bahia,do sculo XVI ao XIX, de sua autoria, emparceria com Francisco Pinheiro LimaJunior, diplomado em Filosofia e Teologiapelo Seminrio Central da Bahia, pela Uni-versidade Gregoriana de Roma, e doutor e mFilosofia pela Universidade Federal da Bahia.

    A riqueza da cultura e dos ensinamen-tos que a Bahia oferece a quem a visi ta, defato, vale os versos de Chianca de Garcia,para a msica de Herivelto Martins, quediz: A Bahia da magia/ dos feitios e daf/ Bahia que tem tanta igreja/ e tem tantocandombl/ vem em busca da Bahia/cidadeda tentao/onde o teu feitio impera/veme me trazes o teu corao/ vem, a Bahia teespera.

    Joo Victorino

    Jornalista

    Pesquisador do Grupo de Estudos

    do Curso de Pensamento Brasileiro

    [email protected]

    NOTCIAS do CAERNOTCIAS do CAER

    Centro Militar de Convenese Hospedagem da Aeronutica

    (CEMCOHA)

    Palestra do

    Taata Anselmo

    Santos

    Minatojy

    sobre

    Candombl,

    na sala de

    Convenes

    do CEMCOHA

    Palestra proferida porFrancisco Soares Sennae Dinorah d ArajoBelbert de Castro, naUniversidade Catlicade Salvador

    Igreja de So Francisco

    Livros raros do Centrode Documentao do

    Pensamento Brasileiro

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    NOTCIAS do CAERNOTCIAS do CAER

    Os ideais de Augusto Severo de Albu-querque Maranho, considerado oMrtir da Tecnologia Aeronutica por tersacrificado a sua vida em prol de seus so-nhos e patrono da cadeira de nmero 2 doConselho Superior do Instituto Histrico--Cultural da Aeronutica (INCAER), noforam esquecidos pelo seu sucessor: ocriativo engenheiro, projetista e fabricantede avies, Jos Carlos de Barros Neiva, quetambm deixou um inesquecvel legado.

    Agora, como bem afirmou o Conse-

    lheiro Cel Av Manuel Cambeses Jnior, nasua saudao de boas-vindas, o Cel AvAraken Hipolito da Costa tambm dar cadeira de nmero 2 a importncia queela sempre significou para o Conselho,em funo de uma vida inteiramente de-votada Aeronutica e aos mais diversossegmentos culturais.

    O Conselheiro Cambeses disse queo Conselho Superior do INCAER estavaimensamente feliz por contar, a partirdaquele momento, com um prestimoso,dedicado e leal companheiro com seusnotveis conhecimentos, invejvel cultura,excepcionais dotes artsticos e invulgar ex-perincia de vida. Garantiu que oferecer,sem sombra de dvida, uma importantecontribuio para elevar, ainda mais, oconceito que o Conselho desfruta junto Fora Area, e, acima de tudo, no seio dafraterna Famlia Aeronutica.

    Firmeza, luz e tr ansparncia comocristal de rocha, breves palavras, que, emnosso entender, definem a encantadora

    personalidade do Cel Araken. Falarmosdo insigne companheiro tecer loas a umhomem polivalente, dotado de excelsasqualidades morais e intelectuais, que

    Foi realizada no dia 18 de outubro de2013, na Academia da Fora Area,m Pirassununga, a 2 Cerimnia de Per-etuao das Espadas, promovida pela

    urma BQ52/AF57, em c oordenao com Comandante daquele Estabelecimentoe Ensino da Aeronutica.

    A programao constou de umaolenidade militar perante o Corpo de Ca-etes, incluindo com destaque, a leitura daeguinte mensagem dos doadores:

    PERPETUAO DAS ESPADAS

    INCAER tem novoConselheiro

    muito o credenciam a ombrear com osseus ilustres pares, no Conselho Superiordesta consagrada instituio enalteceuo orador.

    E prosseguindo na definio datrajet ria do Araken, disse: Sua vida,totalmen te voltada para a carreira milit ar epara a cultura, constitui exemplo que muitoo dignifica, quer nas atividades castrensesde exmio piloto de caa, como na prolferaproduo artstico-cultural, desenvolvidano campo da arquitetura, filosofia, teologia

    e das artes plsticas, evidenciando umapersonalidade multifacetada, rica emvalores e de invejvel cultura geral.

    Indubitavelmente temos plena con-vico de que o Conselho Superior acabade ser brindado com uma personalidade d ealto quilate, cujo nome empresta galardoe acentuado prestgio ao INCAER enfati-zou o Cel Cambeses.

    A seguir, o Cel Araken, atual DiretorCultural do Clube de Aeronutica, em queedita a Revista Aeronutica e tambmcomanda o Grupo de Estudos e o Cursodo Pensamento Brasileiro, fez uso dapalavra para agradecer a presena dasautoridades, dos familiares e da imensalegio de amigos.

    Demonstrando uma incontida emo-o pelo convite, destacou os valorese as realizaes do patrono da cadeiranmero 2, Augusto Severo de AlbuquerqueMaranho, nascido em 1864, na cidade deMacaba, no Rio Grande do Norte.

    Logo em seguida, teceu comentrios

    elogiosos ao seu antecessor, Jos Carlosde Barros Neiva, ressaltando o pioneiris-mo na construo aeronutica brasileira.E tambm comentou a importncia da

    cultura aeronutica para a formao daidentidade e da integrao nacional.

    Por fim, explicou todo o projeto quevem sendo desenvolvido pelo Grupo deEstudos idealizado por ele, para o Clubede Aeronutica, e do seu empenho na con -cretizao do credenciamento do Curso doPensamento Brasileiro.

    Finalizando a cerimnia, o Ten Brig ArPaulo Roberto Cardoso Vilarinho, diretordo INCAER, entregou o diploma de posse,agradeceu a presena de todos e convido uos presentes para o tradicional ch.

    Nylson de Queiroz Gardel

    Cel Av

    Sejamos breves! Palavras no sabero traduzir a alegria, a felicidade, o orgulhoque transbordam dos nossos coraes, ao legarmos aos psteros o dever sa-grado de empun har o smbo lo do guerr eiro que nos acomp anhou, por dcad as,as floridas veredas d a querida e gloriosa Fo ra Area.

    Sabendo nossos nomes perpetuados nas luzentes lminas, junto a outrosompanheiros desta vibrante juventude, o peito se ufana, o pensamento voa,s olhos umedecem, tornando mais suave o fardo dos anos que ora carregamos.

    Cabe aqui o texto da carta recebida de um Aspirante Aviador, contemplado, anteriormente,om uma espada da nossa turma:

    Comprometo-me em ser um bom oficial, esforando-me ao mximo para servir bem nosso pas, honrando desta forma a espada recebida. Comprometo-me tambm em,uturamente, pass-la par a outro cadete, perpetuando- a. Que eu possa corresponde rs espectativas da nao.

    Por fim, arrisque mos um conselho:

    Ame com f e orgulho a terra em que nasceste e eleve mais alto o nome da nossa ForaArea que, to dos ns, ao longo de n ossas existncias, lutamos para c onstruir.

    Palavras dos Aspiran tes de 1957.

    A marcialidade e o garbo obser-vado no desfile do Corpo de Cadetesdeixou em todos os presentes umindescritvel sentimento de emoo ebrasilidade.

    A demonstrao homenageou o Diado Mestre e a Perpetuao das Espa-das doadas pela turma de 1957, con-tand o c om as s eguin tes par tici pa es:Ten Brig Ar Masao Kawanami, Maj BrigAr Mrcio Callafange, Brig Ar AristidesEugnio da Cruz Medeiros e Brig Ar Ce-zar de Barros Perlingeiro; bem como doCel Av Nylson de Queiroz Gardel, do CelInt Aer Watson Ramalho Garro e do CelInt Aer Evandro Alssio Abreu (fal ecido),representado pelo seu filho Dr. EvandroAlssio Machado Abreu.

    Joo Victorino

    Jornalista

    Cel Av Araken recebe o Ttulo deConselheiro do INCAER pelas mos

    do Ten Brig Ar Vilarinho

    Cel Av Cambeses, Conselheiro doINCAER, realizando discurso de

    entronizao

    Panorama dopblico coma expressiva

    presenade Conselheirose autoridades

    Da esq. para a dir., Cel Av Gardel, BrigAr Perlingeiro, Cel Int Abreu (falecido)

    representado pelo seu lho Dr. Evandro

    (ao fundo), Brig Ar Eugnio, Ten Brig ArKawanami, Brig Ar Carlos Eduardo (Cmt da

    AFA), Maj Brig Ar Callafange e Cel Int Garro

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    Quando os criadores da primeirabomba atmica tomaram conhe-cimento dos terrveis efeitos de-

    vastadores do novo invento, assinalaramque o relgio do dia do juzo final haviacomeado a mover-se, inexoravelmente,para a meia-noite da Humanidade. Poucosanos depois, quando a Unio Soviticadetonou o seu primeiro petardo atmico,esta afirmao veio a ser cabalmentecorroborada.

    A partir da, o mundo passaria a as-sistir, estupefato, a duas superpotnciasnucleares enfrentarem-se em um conflitoexistencial dispondo de uma imensa capa-cidade para destrurem-se reciprocamentee, por via de consequncia, na esteira da

    destruio, o mundo inteiro.Curiosamente, o equilbrio instvel

    promovido pelo terror nuclear, da resul-tant e, condu ziu a um dos pero dos demaior estabilidade da histria contempo-rnea. Ou seja, a paz nuclear conseguiuigualar a longevidade dos grandes modelosde estabilidade do Sculo XIX: os sistemasinternacionais de Metternich e Bismarck.

    Obviamente, sob a dinmica da con-frontao bipolar, o mundo no conseguiusuperar as guerras. Muito pelo contrrio,em decorrncia dessa rivalidade dual,a humanidade assistiu a ocorrncia devrias contendas regionais, milhes demortes e ao maior processo de criaode arsenais de destruio em massa daHistria. Entretanto, por mais paradoxalque possa parecer, a existncia do equil-brio do terror acarretou, como corolrio,

    que fosse evitada uma confrontao diretaentre os Estados Unidos e a Unio Sovi-tica e, consequen temente, o desenc adearde uma nova guerra mundial. O xito dosistema bipolar teve uma explicao: omedo da destruio recproca, por partedas monoplicas superpotncias, ou seja,a lgica da dissuaso.

    O colapso da Unio Sovitica fez ahumanidade de certa forma respirar ali-viada. Entretanto, a partir da, comearama surgir novos e intrincados problemas. Avulnerabilidade do portentoso arsenal de

    A DOUTRINA DA AO PREVENTIVAManuel Cambeses Jnior

    Cel Av

    Membro emrito do Instituto de Geografa

    e Histria Militar do Brasil, membro da Academia

    de Histria Militar Terrestre do Brasil,conselheiro do Instituto Histrico-Cultural

    da Aeronutica, membro do conselho editorial

    da Revista do Clube Militar e conferencista especialda Escola Superior de Guerra.

    [email protected]

    destruio em massa russo colocou emmovimento, novamente, o relgio do diado juzo final.

    Desde 1992, uma grande quantidade dematerial de fisso nuclear tem sido desviadada antiga Unio Sovitica. Estima-se queeste montante sobrepuja a produo dostrs primeiros anos do Projeto Manhat tan.Faz-se mister ressaltar que, alm da sub-trao de material nuclear, a disseminaoindiscriminada de know-how tecnolgicotem contribudo para aular no somente omedo ao terrorismo nuclear, mas, tambm,ao qumico e bacteriolgico, em todos osrinces do planeta.

    Segundo William Anthony KirsoppLake, ex-assessor de segurana nacional

    do governo norte-americano, desde o anode 1998, 27 naes possuem armamentonuclear, biolgico e qumico. Como fazerpara funcionar a lgica da dissuaso emmeio a este tenebroso cenrio fragmentado?Como dissuadir o terrorismo fundamen-talista que poder , a qualquer momento,recorrer a armas de destruio em massaem resposta a atos de retaliao perpetra-dos pelas superpotncias mundiais?

    Para enfrentar essa nova realidade, osEstados Unidos declararam inoperante avelha doutrina da dissuaso nascida nogoverno do presidente Harry Truman epassaram a adotar a tese da ao preventi-va. Desta forma, fundamentalmente, quemse converter em uma ameaa potencial oueminente para os estadunidenses deve serimediatamente neutralizado.

    O problema mais evidente desta nova

    doutrina a grande lista de pases aosquais deveriam ser, a priori, neutralizados.Depois do Iraque, viriam o Ir e a Coreiado Norte, pois foram catalogados comopases pertencentes ao malsinado eixodo mal e que, tambm, esto a caminhode dotarem-se de portentoso armamentonuclear. Igualmente caberia supor que,caso se produzam mudanas no regimedo Paquisto e que no estejam emconsonncia com os interesses ocidentais poderia ser perpetrada uma intervenopreventiva. E mais, como definir os limites

    dessa ao? Por acaso a China seria in-cluda na relao dos malditos no casode se suspeitar de uma invaso destaa Taiwan? necessrio que a ameaaseja real e imediata, ou basta que sejasimplesmente hipottica? Ou, uma vezaberto um precedente, como evitar queoutros membros da comunidade interna-cional tambm o invoquem, alegando igualdireito? Como negar ndia a prerrogativade um ataque-surpresa ao Paquisto emaplicao ao mesmo princpio?

    Toda poltica externa busca projetargraus razoveis de certeza dentro dasincertezas naturais que entranham umaordem internacional complexa e em per-manente estado de fluidez. Entretanto,

    quando a busca da segurana absolutaparece transformar-se no objetivo damegapotncia dominante, existem razesvlidas para preocupaes.

    Sabiamente enfatizava o ex-secre-trio de Estado nort e-amer icano HenryKissinger, em clebre frase: a buscada segurana absoluta por parte de umEstado, acarreta a insegurana absolutapor parte dos demais. Este axioma depoltica externa assume carter superlati-vo quando gira em torno de uma potnciahegemnica. O garrote discricionrio daao preventiva no somente propiciaparanoias e desconfianas, mas, certa-mente, introduz importantes elementosde desordem e anarquia dentro do sistemainternacional.

    Diante desta constatao, podemosinferir que a dissuaso e sua irm gmea,

    a doutrina de conteno, no parecem estarsepultadas para sempre, como quiseramnos fazer crer alguns analistas polticos epolemlogos-estrategos estadunidenses.Definitivamente, a tese da ao preventivapoder, em princpio, limitar-se a ser adesculpa conceitual para acabar, de formaperemptria, com uma tarefa inconclusae iniciada no incio dos anos 90 do sculopassado, durante a gesto presidencial deGeorge Bush (pai) e que encontrou eco eaceitao nas administraes seguintesdos EUAn

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    Na dcada de 1990, Alvin Toffler escreveu Guerra e

    Antiguerra, no qual defendia a tese de que as guerrasfuturas sero ganhas no por generais em campo

    de batalha, mas pelos servios de inteligncia. E m eventualconflito, quem dispuser de mais informaes, prevalecer.

    Os servios de inteligncia, por muitos denominadosde espionagem, buscam ter as informaes necessriaspara que os governos possam decidir as pol ticas a seremadotadas perante eventuais adversrios, criminosos ouinimigos externos. At mesmo perante naes amigas.

    Tem o governo federal seus servios de inteligncia nasForas Armadas, na Receita Federal, na Polcia Federal ena Abin (Agncia Brasileira de Inteligncia), que oferecemdados relevantes para determinar as suas aes.

    bem verdade que o direito privacidade uma clu-sula ptrea no Brasil (artigo 5, incisos X, XI e XII), mas atmesmo essa clusula ptrea pode ser oficialmente quebradamediante autorizao judicial. Infelizmente, no poucasvezes, quebrada pelas mais variadas aes pblicas eprivadas (hackers). E quando descobertas pela imprensa

    tornam -se esc ndalo p blico.De rigor, com a evoluo da informtica, o direito

    privacidade tornou-se, melancolicamente, um segredo depolichinelo, tendo, por exemplo, a Receita Federal maisinformaes sobre a vida econmica de cada contribuintedo que o prprio contribuinte. E legalmente.

    No plano internacional, podem as naes defender--se por meio de servios de inteligncia contra potenciaisinimigos, aliados ocasionais ou movimentos subversivosinternos ou externos com o aprimoramento de seus serviosde inteligncia.

    Depois do dia 11 de setembro de 2001 quando osservios de inteligncia americanos detectaram a possibi-lidade de ataque, mas as autoridades no avaliaram com o

    SERVIOS DEINTELIGNCIA

    Ives Gandra da Silva Martins

    Advogado, professor emrito da Universidade Mackenzie,

    da Escola de Comando e Estado-Maior do Exrcito

    e da Escola Superior de Guerra

    [email protected]

    devido cuidado as informaes de que dispunham , toda

    a estratgia dos Estados Unidos, que, a partir da guerra daCoreia em 1952, tinha sido consideravelmente valorizadae alicerada nesses servios secretos, foi definitivamenteerigida como elemento-chave na defesa da nao.

    Por variados motivos que no cabe aqui analisar, tornou--se a nao preferencial de ataques no pr prio territrio ouno exterior.

    , pois, natural que cada pas, nos limites de sua tec-nologia, busque ter informaes sobre seus vizinhos oupotncias adversrias.

    Os servios de inteligncia, portanto, esto na essnciada segurana do Estado e sabe-o no s a presidente da Re-pblica, como todos os rgos responsveis por garanti-la.

    O encarregado da embaixada brasileira na Bolvia arris-cou-se a tirar de l o senador exilado havia um ano e meio,porque detectou os riscos concretos de sua permanncia.

    No Velho Testamento (livro de Josu), os hebreusderrotaram Jeric depois de enviarem dois espies ata cidade e, tendo obtido informaes de uma prostituta,

    troux eram- nas para que Josu pudesse invadir a c idade,preservando, inclusive, a vida da informante.

    de se lembrar de que o combate criminalidade, noBrasil e no mundo, faz-se a partir de servios de inteligncia.Parece-me, pois, invivel a proposta da presidente Dilma deum Cdigo de tica da Espionagem, a ser le vada ao G-20,porque, at o fim dos tempos, os servios de inteligncia(espionagem) continuaro a representar o sistema de se-gurana de qualquer pas.

    Por essa razo, nenhum espio pede autorizao doespionado para espionar e todas as naes sempre negamque espionam, a no ser quando descobert as. to utpicoacabar com a espionagem quanto acabar com a corrupono poder n

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    No entender de Bobbio, os partidospolticos devem ser entendidoscomo o principal instrumento por

    meio do qual grupos sociais exprimem asrprias reivindicaes e necessidades,

    em como devem participar da formaoas decises polticas.

    Janda, em seu artigoPolitical Science:he state of the discipline II, informa ques partidos so tidos como grupos quebjetivam a conquista do poder ou gruposue competem entre si, por via eleitoral,ara o alcance e a manuteno do poder.

    No dizer de Kelsen, a democraciandireta aquela que a funo legislati-a exercida por um parlamento eleitoelo povo, e as funes administrativa judiciria, por funcionrios igualmentescolhidos por um eleitorado. Assim,m governo representativo porque ea medida em que os seus funcionrios,urante a ocupao do poder, refletem aontade do eleitorado e so responsveisara com este.

    Observando o povo, os cartazes e as

    marchas pelas ruas do Brasil em junho de2013, percebe-se que as palavras proferi-as pelos autores citados pouco se relacio-am com a realidade brasileira. A maioriaos partidos polticos ficou anacrnica eofre de artrose severa em sua estrutura funcionamento. Volta-se para interessesrprios e outros corporativos entre eles.

    Atuam com finalidade neles prprios.Quando o povo grita aos quatro cantos

    ue polticos no o representam, caso dasmanifestaes do Rio de Janeiro, SoPaulo, Fortaleza e outras cidades, porque

    perderam a legitimidade na realidade fticado plano social. O Estado existe para aten-der aos desejos, s necessidades e aosinteresses coletivos da sociedade. Os go-vernos fazem acontecer essas demandas

    por meio da Administrao Pblica, queopera a execuo das polticas pblicasdelineadas pelo Executivo e Legislativo.Agora, parece que o povo est declarandoa sua falta de confiana nas autoridadesoficiais.

    O desencanto com a postura polticae gerencial de governantes, polticos egestores pblicos, aliada a descrena quemuitos que se locupletam dos cargos queexercem e esto nele para isso mesmo,destri qualquer possibilidade de apostarem algum futuro promissor para as pes-soas da classe mdia e para os pobres.

    O descrdito frente impotncia doEstado no combate s drogas e a cons-tante e sofrida luta para reduzir a violnc iaurbana e rural nos estados nacionaisevocam a incompetncia estatal parasolucionar problemas que se avolumam

    porque as instituies brasileiras estodefasadas em termos quantitativos e qua-litativos para atuarem na eliminao e/oumitigao desses enfretamentos. Dizemfaltar recursos, mas o povo percebeu quepara os estdios sobram desvios e outrasatrocidades. Na verdade, h recursos comprioridades invertidas. Quem est fazendoa pauta das necessidades e aspiraes dopovo brasileiro?

    A Primavera rabe eclo diu e j fez cairdois presidentes no Egito. O movimentoOccupy Wall Street, iniciado em setembro

    de 2011, em Manhattan, protesta contraa desigualdade econmica e social, a ga-nncia, a corrupo e a indevida influnciadas empresas sobretudo do setor finan-ceiro no governo dos Estados Unidos.

    Atualmente, o movimento continua denun-ciando a impunidade dos responsveis ebeneficirios da crise financeira mundial. Ogrupo hackerAnonymous, responsvel porataques em sites de governos e tambmaoFacebook, afirmou que fez isso porquea rede social tem auxiliado governos,vendendo informaes de usurios e ga-rantindo acesso clandestino para firmasde segurana que espionam pessoas detodo o mund o.

    Isso um nan o fla sh do mundoreal versus o virtual. Os enfrentamentostransfor maram-se. H um novo vetor decomunicao, mobilizao, transparn-cia, coordenao e ao funcionando embases multirradiadas e sinrgicas. Aliadoa isso, as lideranas so difusas e semautoridade representativa concreta nomundo real.

    Portanto, ora de atualizar-se e en-tender o que represent a uma democ raciaps-moderna. Partidos polticos sempreatuaro na democracia. por intermdiodeles (ou deveria ser) que as polticaspblicas tornam-se realidade, assim comoeles contribuem para manter e aprimorar adoutrina do exerccio da cidadania. No hvazio de poder, o poder ser sempre ocu-pado, se os partidos no esto fazendo asua parte a insatisfao conduzir a massapara outro tipo de liderana e esperana: aque eles escolherem e adotarem, mesmo

    que em um segundo momento, como ahistria sempre registrou, uma lideranamenos flexvel se instale e governe forte-mente, at sem a fora desse prprio povo.

    Preservar as instituies em tempos

    atuais um exerccio pleno de sacerdciopblico. Governantes no podem continuarapresentando aes pouco sustentveise paliativas endereadas aos problemassocioeconmicos nacionais.

    Relevante entender a voz das ruas.A massa humana deve ser compreendidana sua totalidade, preservando direitos,respeitando a diversidade e caminhandopara o plural entendimento das questesdas minorias. s adiante, s progresso.

    Caso as instituies legislativas eaquelas outras inerentes s entidadesdo Executivo no consigam se expressarpelos resultados direcionados ao povo,por tudo aquilo expresso em suas cartasmagnas municipais, estaduais e federal,os cidados buscaro utilidade fora dasinstituies e dos partidos polticos.

    O objeto que move as manifestaes

    hoje o conjunto de insatisfaes comos servios pblicos oferecidos, descon-fiana generalizada nas autoridades e oconhecimento da paralisia e da obsoles-cncia das gestes pblicas nacionais.Isso tudo pode no ser to verdadeiroassim, mas um caminho para debelar afria resultante das insatisfaes e atenderaos apelos da mobilizao por um Brasilmais justo, mais igual e menos corrupto.Democracia demanda tica e eficcia dagesto da coisa pblica. J passou da hora...Mas, ainda h tempon

    TICOSESTADO E GESTO

    DESCAMINHOS E DESVIOSPBLICA:Afonso Farias de Souza JniorCel Int - Prof. Dr.

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    A NOVA ORDEM MUNDIAL

    Vanderlino Horizonte Ramage

    Maj Aer e Administrador

    [email protected]

    Esta a viso de um modesto ser-vidor da repblica. Sob o ponto devista poltico e sociolgico, vivemos

    um momento de transe no Brasil e noplaneta. Os socilogos gostam de dizerque nesta era ps-moderna o planetaficou pequeno.

    Se por um lado os idealistas, as pes-soas de bem, se estressam, deprimem-se,enfim, sofrem pela falta de perspectiva, ha satisfao de sermos contemporneos,portanto, testemunhas oculares da histrianeste momento to decisivo da aventurahumana neste planeta. E o que mais fan-tstico: temos conscincia dos problemase, porque no dizer, das consequncias queadviro. Se tivermos que beber cicuta,como Scrates, o faremos devidamenteinformados (que consolo!).

    A crise no s brasileira, mundial.Percebam que hoje no podemos listar ne-nhum grande lder em operao no mundo.Vejam a recente campanha presidencialnos EUA, como disse um observador,mais parecia um circo. Mutatis mutandis, como novela da Globo, todo mundocomendo todo mundo.

    Com a falncia da ONU (Organizaodas Naes Unidas), a NOVA ORDEMMUNDIAL tem na OTAN (Organizao doTratado do Atlntico Norte) o seu braoarmado, e o brao poltico e ideolgicoderiva do Sistema Financeiro Interna-cional.

    O PROCESSO CIVILIZATRIO NOELIMINA A BARBRIE, PELO CONTRRIO,APERFEIOA-O.

    Nesse novo cenrio, a vontade imposta por aqueles pases que detm asarmas de destruio em massa, como os

    cinco membros permanentes do Conselhode Segurana da (finada) ONU, mais Israel.Qualquer outro pas que queira entrar nesseclube, desenvolvendo um programa nuclearindependente, severamente castigado etaxado de del inquente.

    Mas, voltando parquia, Brasil,

    penso que aqui que se travar a ltimabatalha. Nosso pas se tornou a reservaestratgica do modelo de governanamundial ora em implantao.

    No por acaso que o termo go-vernana (do ingls governance) foi umneologismo criado pelo Banco Mundial(linha de frente do novo Sistema), h poucomais de duas dcadas, para traduzir esseadmirvel mundo novo ora em gestao.

    No h novas fronteiras a serem explo-radas. As que restam so algumas regiesda sia (Rssia, Ucrnia), Austrlia e naAmrica do Sul, particularmente o Brasil,um continente tropical, onde se pode colherfolgadamente duas colheitas por ano. Aquitem minrio s, petr leo, gua e aliment osem abundncia, elementos estratgicosnum planeta quase saturado e carente.Convenientemente administrado o Brasilpoderia alimentar o planeta.

    O Brasil a bola da vez. E o inusitadoconsiste em que no meio do caos adminis-trativo, lenincia das autoridades, judiciriolento, Instituies frgeis, passividade dapopulao, uma mdia deletria, um pasvisceralmente corrupto, criminalidade eimpunidade sem limites etc., mesmo assimo pas anda. Este o milagre brasileiro.

    Mas, no d para ser inocente. Esteprocesso no aleatrio, comandadopela mo invisvel da NOVA ORDEM,(no assombrao). Vivemos um proces-

    so experimental. No Brasil, a esculhamba-o controlada faz parte do processo. uma variante da teoria do caos.

    Desde que no tomemos medidasousadas para romper o crculo da de-pendncia, como um programa espacialautnomo, um programa nuclear factvel

    e inovador, portanto de menor custo, a ANOVA ORDEM MUNDIAL nos tolera.

    Compete ao Brasil, nesse cenrio, (nojargo economs), ser um exportador decommodities.

    impossvel admitir que algumascoisas que acontecem no Brasil sejamsomente incompetncia.

    Vejamos um caso pontual, a dupli-cao da BR101, trecho Porto Alegre/Florianpolis. Obra viria fundamentapara o escoamento da produo e dotrfego no sul do Pa s e no Co ne Sul doContinente. Demorou trs vezes mais doque o tempo previsto para a concluso daobra. Agora, com mais de 90% concluda,descobriram que o principal trecho deestrangulamento, em Laguna-SC, neces-sita de uma ponte, que pelo padro PAC(Programa de Acelerao do Crescimento)levar mais alguns anos para ser concluda.Isso sem contar com os atrasos por contada liberao do RIMA, ou os ambientalistasdescobrirem uma minhoca rara naquela re-gio ou vestgios de quilombolas. Os quase500 km duplicados deixaram de cumprir,em grande parte, o principal objetivo da-quela obra viria. E o que mais delirante:no tem culpados!

    Num pas continental, e com ascaractersticas do Brasil, seria elementarpensar que o transporte deveria priorizaras ferrovias e hidrovias. Por isso nos anos

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    Olhar atento dos adultos e crianas, todos querem ver amquina decolar. Pois, por um instante, parecemos noacreditar. Como cabe tanta gente e consegue levantar?

    Uma hipnose de assustar.

    O avio brinquedo, histria, sonho, profisso.

    O homem superao.

    Venceu os limites da gravidade, Santos-Dummont,

    o Pai da Aviao.

    A tecnologia permitiu aperfeioar, mas a mo de quemsabe pilotar.

    Muitas vezes no vemos seus rostos, mas podemos imaginar.

    Vozes firmes ao falar.

    Mos suaves ao comandar.E no olhar, a ateno no pode faltar. Cada decolagem, acada aterrissagem...

    Voar nos permite, por horas,

    ver uma paisagem diferente.

    E mesmo que no inconsciente,

    uma sensao livre, despertar.

    Apreciar um sol e pelas nuvens passar.

    Ou uma lua de pertinho, clareando o cu estrelado, pareceque estamos sendo filmados.

    DIA DO AVIADORJuliana Montenegro Erthal

    [email protected]

    30 do sculo passado, o Brasil desenvolveum audacioso (para os padres da poca)rojeto ferrovirio. Pois bem, nas ltimascadas, os duendes da estratgia nacionalucatearam as ferrovias e nunca pensaramas hidrovias. Agora descobriram elardeiam que as ferrovias so a soluo.

    O que pretendemos afirmar que a teoriao caos est bem presente no Brasil,ois, em vez de aperfeioarmos o que jxiste, descontri-se o existente e l narente descobre-se que temos que fazerovamente, porque aquela a novidadeo momento.

    Assim opera a sade, a segurana, educao etc. Sempre surge um mo-ismo, e haja dinheiro pblico, que neste

    modelo sempre ser escasso. Lembro umaso emblemtico. H muitos anos ouvi entrevista de um juiz declarando que austia no Brasil funcionava mal porques juzes eram mal remunerados. Hoje, os

    uzes so bem remunerados, entretanto austia continua operando mal.

    A Justia no Brasil como uma lm-ada com o filamento queimado: voc tem lmpada, s que ela no acende.

    A prpria democracia brasileira umaarsa. Elegem-se analfabetos, figuras fol-lricas, facnoras, ladres, desocupadostc. para todas as Casas Legislativas da

    Repblica. E, de uma maneira geral, estasuncionam como Capitanias Hereditrias,ujos cargos passam de pai para filho, ou

    morrem no posto. Como disse Jnio Qua-ros, no Brasil nem Guarda de Quarteiroenuncia.

    Com raras excees, as Instituiesrasileiras operam de maneira eminente-

    mente corporativa, voltadas para dentroas prprias Instituies, divorciadas daua razo de existir, ou seja, a sociedade qual deveriam servir.

    Enquanto isso, ningum traz a lume aomba que est com seu estopim aceso, Dvida Interna, gigantesca, impagvel, eue consome quase toda a capacidade denvestimento do Estado Brasileiro. Con-omitantemente, o Congresso Nacionaliscute durante dias, meses, a vida sexual

    do seu futuro Presidente, e acaba elegendoos mesmos candidatos que foram expul-sos como ladres e agora voltam comosalvadores travestidos de paradigmas decampes da moralidade e sustentculosdos governos mais corruptos da histriadeste pas.

    Se isso democracia, que Deus tenhapiedade de ns!

    Step by step, constri-se aqui,desconstri-se l e o processo vai avan-ando. Pode parecer observao de umvisionrio, mas as atitudes diversionistas,tais como: o caso do C el Ustra, a Comis-so da Verdade, cotas, quilombolas, po-ltica indigenista, ambientalismo suicida,violncia, impunidade, Movimento Gay,

    desarmamento, proliferao de ONGs(Organizaes No Governamentais),Direitos Humanos, leis condescendentescom os criminosos, a valorizao da artedegenerada, na msica, nas artes plsti-cas, na mdia, degenerao nos costumes,da famlia etc. so passados populaocomo sendo tendncias irreversveis. En-tretant o, tudo fa z parte do pacote.

    Apenas para ilustrar, mas quando umaEmpresa Estatal, como a Petrobras, mo-nopolista, explorando talvez o nico ramo,o do petrleo, que no tem condies dedar prejuzos, entretanto, declara prejuzo,tenhamos a certeza de que a situao estmuito pior do que poderamos imaginar.

    Perdem-se preciosos momentosremexendo o passado, sem nem umaconsequncia real para tirar o pas do seuatraso endmico. Da a COMISSO DAVERDADE, os DIREITOS HUMANOS etc.Chego a pensar que essas pessoas nopertencem a este planeta, tal a distnciaque se posicionam do mundo real. Pelalgica dessas pessoas seria coerentePortugal reivindicar a posse do Brasil, poisno passado foi um prncipe portugus,que, traindo seu pas, declarou o Brasilindependente da Metrpole.

    Qual o principal resultado de tudoisto? A diviso e o esgaramento da socie-dade brasileira. As consequncias serodevastadoras para a unidade nacional.

    Mas, para a Nova Ordem Mundial fazparte do processo.

    Num pas carente de energia, maspautado por um ambientalismo funda-mentalista, (manipulado de fora do pas)levam-se anos para conseguir uma licenaambiental para construir uma usina. Dizemque Belo Monte levou 20 anos, de pas-mar! Da os apages que cada vez seromais frequentes.

    O tema recorrente, mas, quando oBrasil abdicou do seu programa nuclear,assinando o Tratado de no Proliferaode Armas Nucleares, formalmente renun-ciou ao domnio da tecnologia nuclear emtodas as suas etapas. Na prtica ab dicoudo domnio de todo o ciclo do tomo,

    incluindo a a tecnologia do semicondutor,do silcio e do germnio que possibilitou arevoluo da ciberntica no planeta.

    O Brasil renunciou sua condio his-trica de ser pot ncia mundial.

    Para no adotar um pensamento de-terminista, s vezes, sou levado a crer quealgum programa ultrassecreto estariaem andamento no pas. Quero acreditarque a letargia, a insensibilidade com quese comportam queles que deveriam estarpensando num projeto para o Brasil, apenas aparente.

    Quando me reporto a este tema, nopretendo em hiptese nenhuma transmitiruma viso pessimista, pelo contrrio,quero dizer que as pessoas lcidas (e hmuitas) tm que permanecer atuantes,cada qual dentro de seu universo deao, desempenhar o seu papel, fazendoo que lhe compete dentro do seu espaode manobras (por menor que seja), agirproativamente, insurgir-se contra os fatosque esto acontecendo, os quais nos soimpingidos como verdades prontas, comodestino manifesto do ser humano nestaetapa da histria!

    H 2.500 anos perguntaram a Plato:o que ser um homem justo?

    Ser justo fazer aquilo que me compete!As grandes verdades so simples e de

    fcil compreenso, se no for assim noso grandes verdades!n

    Ou um mar mais definido, suas curvas e praias com casaspequeninas do seu lado.

    Voar para poucos abenoados.

    Da janela, voam os pensamentos.

    Se a curva pra direita, pra l que vo nossos sonhos,promessas, medos, saudades e sentimentos.

    Do frio na barriga ao decolar,

    Do corao que acalma por chegar.

    Todos os dias..

    Todas as vezes.

    Decolar, pousar e voltar.

    A todos, que vivem mais l que c,

    Aos que deixam, aqui embaixo, esposas, maridos, filhos,amigos, aniversrios e saudades...

    Aos que sobem, com a paixo, honra e compromisso, e com odesejo de voltar, eu dou meus parabns e minha admirao.

    Que Deus os proteja nessa profisso!

    A voc meu pai, que sempre com orgulho, dedicou anos dasua vida a essa misso. Um exemplo de dedicao e paixo!

    Eu tiro meu chapu.

    Alis, meu quepe.

    Feliz dia do Aviador!

    Beijo Pai, te amo!!!

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    Faz 100 anos. J passados 100 anos damorte de Euclides da Cunha, ocorridaem 15 de agosto de 1909, o infaustopisdio ainda ecoa nos dias atuais. Oscritor Monteiro Lobato em um de seusscritos, de ttulo Uma Tragdia de squi-

    o, afirmou: Tivemos aqui entre ns, em909, um perfeito caso de tragdia gre-a, isto , de tragdia caracterizada pelaresena invisvel da deusa Fatalidade. Osrotagonistas Dilermando, Euclides pai filho e uma mulher agiram todos comoedras de xadrez em movimento cego noabuleiro. Euclides er a o Rei, Diler mando pequeno Peo. No tumulto do drama

    ecido p ela fata lidade, o Rei enlouqueceu forou o Peo a mat-lo. E a vida desse

    Peo passou a ser um inenarrvel mar trio.No entrechoque das razes ainda

    muito se discute sobre aquela Tragdiae squilo. Maktub estava escrito,izem os fatalistas, pelas teias e linhasifusas do que conhecemos pelo nomee Destino...

    Senhoras e Senhores:Acreditamos que os Homens que

    azem a Histria, como prelecionava Tho-mas Carlyle.

    Destarte, mister se faz para bem en-endermos a per enidade do pensamentoe Euclides da Cunha, que apresentemos,m largas pinceladas, a moldura histricaa poca em que ele viveu.

    Euclides ingressou na Escola Militar doBrasil, em 1886, permanecendo no Exrcitoor nove anos, menos em 1889, pois nono anterior fora expulso da dita Escola, se-iada na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.

    O Ministro da Guerra, Benjamin Constant, oeintegra Fora Terrestre, matriculando-o,m 1890, na Escola Superior de Guerra, umstabelecimento de formao de Oficiais.

    A Permanncia do Pensamento de

    EUCLIDES DA CUNHANesta Escola, ele se formou oficial enge-nheiro e bacharelou-se em Matemtica eCincias Fsicas e Naturais.

    Traaremos, a seguir, um eptomeda conjuntura nacional que ele vivenciou,com os reflexos desse perodo, prenhe dehistoricidade, quando se deu a proclama-o da Repblica. Disse o acadmico Jo sMurilo de Carvalho: Apesar das estreitasrelaes com militares, nem Euclides

    gostava do Exrcito nem o Exrcito gostavadele. Aos militares no agradaram em nadaas duras crticas feitas Corporao, emOs Sertes.

    A Escola Militar onde Euclides inicia asua curta vida castrense formava Oficiais,mas de forma totalmente inadequada paraas finalidades de uma Instituio que sequeria adestrada para a defesa da Ptriae, o mais importante, com base nos pri-mados da disciplina, da hierarquia e daautoridade. O regime da Escola era o deexternato, aberrao que inviabilizava orobustecimento de um ldimo esprito decorpo, da s camaradagem, da unio e,mais do que isso, da imprescindvel coesomilitar. Inquinada de ideias humanistas epacifistas, com espeque na ideologia po-sitivista de Augusto Comte, Pierre Laffitee Emile Littr, a Escola relegava a planosecundrio, a instruo militar bsica efundamental. Isso apaisanou o Exrcito,

    segundo o saudoso General SeverinoSombra, sendo que, quela poca, oExrcito Brasileiro encontrava-se dividido,ideologizado e assaz desprestigiado pelosltimos Gabinetes do Imprio e preteridopela Guarda Nacional. O Tenente-CoronelBenjamin Constant Botelho de Magalhes,o Dr. Benjamin, como gostava de seranunciado, era o Mestre mais carismticoe querido pelos alunos (fora abolido o ttulode Cadete). Vrias Turmas de Oficiais pas-saram pelas mos desse patriota, brilhantee notvel Lente que muito pugnou pelaqueda da Monarquia, sendo oficialmente

    consagrado como O Benemrito Fundadorda Repblica.

    O positivismo surgiu na Frana e tevefundamental influncia na evoluo hist-rica de pases como o Mxico, o Chile e oBrasil, principalmente, bastando ver-se olema positivista de nossa Bandeira.

    Tal ideologia ancorava-se em princ-pios agnsticos da cincia pura, segundoo que foi chamado de Religio da Huma-

    nidade, com a sua Deusa Razo. Emestreita sntese, diramos que o positivismoera cientificista s era verdadeiro o quepudesse ser comprovado cientificamente,segundo ensinava Descartes; era pacifista,humanista, cosmopolita, anticlerical, pro-pugnador da ditadura republicana, sendoum de seus epgonos, o ditador do Para-guai, Dr. Francia, e adepto da extino dosExrcitos permanentes que deveriam sersubstitudos pelas gendarmerias, formadaspor cidados-soldados. Nossos jovensOficiais faziam questo de ser chamadosde doutores ao invs de Alferes, Tenentesou Capites, como se pejassem de seuspostos na hierarquia militar. A politizaodo Exrcito, primeiro, a mentalidade dosoficiais positivistas, em segundo lugar, e aRevoluo Federalista de 1893 e concomi-tante Revol ta da Ar mada, por final, fora mas causas alistadas por Tasso Fragosopara justificar o que chamou de a estag-

    nao das Foras Armadas, nos alboresda Repblica, tudo muito pernicioso paraa atividade-fim das Instituies Militares,o que veio a se refletir nos quase fiascosde Canudos e Contestado. E continuava ogrande historiador militar, aps abjurar opositivismo, ele que fora um de seus maisardorosos profitentes: Por seu turno, aRevolta da Armada, com ntimas ligaescom a Revoluo de 1893, quebrou a coe-so da Marinha e a isolou do Exrcito, peloque a novel Repblica seria presa fcil dequalquer aventureiro aliengena.

    Para bem evidenciar-se o que se pas-

    sava na Escola Militar, vejamos o depoimen-to do lder federalista, Senador Gaspar daSilveira Martins que, da tribuna do Senado,iterativamente, condenava o bacharelismomilitar. Disse o valoroso Chefe maragato,que bem conhecia a metodologia da Escola,pois um de seus filhos era aluno da mesma:Em vez, porm, da tmpera forte que con-vm dar ao Exrcito, o que se v em nossasEscolas Militares? A mocidade imbuda dasdoutrinas de Augusto Comte e Laffite eprofessando uma Religio da Humanidadeque visa ao cosmopolitismo. Pode ser que

    sejam boas tais doutrinas, mas no para osoldado, que antes de tudo feito para em-punhar armas em defesa da Ptria. Algunsdiretores dessas Escolas Militares chamam,filosoficamente, os grandes Generais, deassassinos dos povos. Singular maneira,alis, de encarar a questo em uma Escolade Soldados.

    A dicotomia entre oficiais ditos pr-ticos-tarim beiros e tericos- bacharisacentuou-se, sobremaneira, com a reformade ensino promovida por Benjamin Cons-tant, quando Ministro da Guerra. Benjaminmatriculou Euclides da Cunha, em 1890, na

    Escola Superior de Guerra, pois ele fora ex-pulso da Escola Militar do Brasil, em 1888.

    A Escola Superior de Guerra destinava--se a formar oficiais artilheiros e engenhei-ros, cursos de maior durao, e o de Es-tado-Maior. Tal Escola seguia as diretrizesde Benjamin Constant, voltadas para umaformao eminentemente bacharelesca, oque potencializava o divisionismo entre asduas correntes anteriormente referidas.E isso veio a se exacerbar, agudamente,quando foram publicados trabalhos de alu-nos positivistas, que condenavam a Guerra

    do Paraguai e depreciavam, acerbamente,nossos Comandantes, como o Duquede Caxias, teses que foram aprovadas,cum laude, pelo Ministro Benjamin. Osalunos afirmavam que a dita guerra foraum grande rolo, de trs contra um,atentatria aos princpios humanitrios epacifistas empalmados pelos seguidoresda Religio da Humanidade. A atitudedo Ministro desagradou profundamente aDeodoro e Floriano, ambos, assim comoBenjamin Constant, partcipes daqueleconflito. Rompemos com a Coroa, masno rompemos com o passado!, bradou

    Deodoro em um acesso de fria, quandode uma reunio do Ministrio, rasgando,com violncia, alguns dos ditos trabalhos.Iniciava-se uma grave crise poltica queredundou, posteriormente, no rompimentodefinitivo entre o Presidente e BenjaminConstant, que permaneceu na Pasta daGuerra por apenas quatro meses. quelapoca, tudo o que se relacionasse ao Im-prio, como os seus gloriosos feitos mar-ciais, era propositadamente esquecido e/ou depreciado pelos bacharis fardados,no, porm, pelos militares mais idosos, a

    comear por Deodoro da Fonseca. Os ve-lhos combatentes da Trplice Aliana eramvaiados pela mocidade militar, como nosrelata Tasso Fragoso em Advertncia Pre-liminar, no seu livro A Batalha do Passodo Rosrio. A propsito ainda, diga-se queo Marechal Jos Pessoa registrou em suasmemrias, a estranheza que sentiu, quandoiniciava como aluno a sua formao cas-trense, no ano de 1903, o do centenrio denascimento do Duque de Caxias, quandosequer o augusto nome de nosso SoldadoMaior foi lembrado em sua Escola. Aduza--se que somente em 1925, a memria do

    Manoel Soriano Neto

    Cel Inf e Historiador Militar

    [email protected]

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    mpoluto Duque, O Pacificador, Patronoo Exrcito e Patrono da Anistia eptetoue lhe deu o saudoso acadmico Barbosa

    Lima Sobrinho, foi resgatada de um injustononimato, no condizente com os tantos tamanhos servios por ele prestados ao

    Brasil, na paz e na guerr a. Naquele 1925, oMinistro da Guerra, General Setembrino deCarvalho, instit uiu o Dia do Soldado a seromemorado a cada 25 de agosto, data deascimento do Duque Invicto.

    A ditadura republicana, apregoadaelos proslitos do positivismo, foi, nartica, implantada pela Constituioe Jlio de Castilhos, no RS, a qual foiesguardada, por vrios anos, pelo ultra-positivista Borges de Medeiros.

    No perodo em comento, a grave situ-

    o das Foras Armadas, sem um mini-mum minimorum de esprito militar, teria deer modificada. Essa passou a ser a grande

    motivao, a prioridade militar de nmerorimo, aps a morte de Benjamin Constant,m 1891. Diga-se que muitos dos jovens

    militares se desencantaram com o MestreBenjamin, quando Ministro, sempre sub-erviente e contido pela figura herclea de

    Deodoro da Fonseca. Tal aconteceu comEuclides da Cunha, que, em carta a seuai, de 1890, excerta de seu Epistolrio,omo nos d conta a escritora Walnice

    Galvo, em certo trecho da missiva, escre-eu: Imagine o senhor que o Benjamin, o

    meu antigo dolo, o homem pelo qual eraapaz de sacrificar-me sem titubear e semaciocinar, perdeu a aurola, desceu vul-aridade de um poltico qualquer, acessvelo filhotismo, sem orientao, sem atitude,em valor e desmoralizado justamenteesmoralizado.

    O Governo fecha a Escola Militar daPraia Vermelha, onde Euclides se inicioua vida militar, em face de uma sublevaooletiva, em 1904, contra a vacina obriga-ria, ocasio em que os alunos saram suas e praticaram atos vandlicos, como quebra de inmeros lampies.

    A reao quele estado de coisascorreu no Exrcito e na Marinha. Quatroomes avultam na cruzada em prol dooerguimento do esprito militar e da ope-acionalidade nas Foras Armadas: o Baroo Rio Branco, nosso Chanceler, que pro-ugnou outrance pelo reaparelhamento

    da Marinha e do Exrcito; Olavo Bilac, quedesencadeou memorvel apostolado cvicopor todo o Pas, em defesa do Serv io Mili-tar Obrigatrio, do qual , alis, o Patrono;o Marechal Hermes da Fonseca, Ministroda Guerra que encetou a dita ReformaHermes, cujo lema era Rumo Tropa e oAlmirante Alexandrino de Alencar que pro-moveu campanha semelhante na Marinha,cujo mote era Rumo ao Mar. E no bojodessas reformas, uma pliade de Oficiaisfoi estagiar na Alemanha; foi criada, em1919, a Misso Indgena para a instruona Escola Militar do Realengo e trazida daFrana uma Misso Militar que atuou noExrcito, de 1920 a 1940.

    Assim, saiu vitoriosa a corrente dostarimbeiros, troupiers ou comba-

    tentes. Em pouco tempo, os bac harisfardados, tambm apodados, pejorativa-mente, de filhotes de Benjamin, desa-pareceram, pois foram sistematicamentepreteridos nas promoes e movimentadospara longe do Rio de Janeiro, tendo a gra n-de maioria, muitos deles ainda bem jovens,solicitado transferncia para a Reserva.

    Anos depois, outros jovens Oficiais,j formados sob rgidos regulamentos, naEscola Militar do Realengo, criada em 1913,vo deflagrar um perodo de bernardas,chamado de Tenentisrno, na dcada de1920, para, diziam, regenerar a Ptria:em 1922, em 1924, com a intruso daRevoluo Libertadora, de 1923, no RS,eplogo, digamos assim, da RevoluoFederalista ou Da Degola, de 1893/95,e, finalmente, a Revoluo de 1930. Soos enigmas da Histria...

    Finda essa perfunctria recorrncia, afim de melhor compreendermos Euclides,

    sob um pano de fundo histrico, passa-remos a discorrer, de escantilho, acercade sua produo gutenberguiana, como viso de aferir a permanncia de seupensamento.

    A obra de Euclides, elaborada em 12anos, volvida, essencialmente, para oBrasil e seu povo, da a sua relevncia,hoje, quando o patriotismo se estioIa,amolecendo cada vez mais, mxime porcausa do que chamado de colonialismoou satelitismo cultural.

    Euclides nos deixou cartas, poesias,ensaios, artigos, reportagens, relatrios

    tcnicos e prefaciou Inferno Verde deAlberto Rangel. Acendrado patriota, assimse dirigiu aos jovens, em uma de suasconferncias: Seremos em breve umacomponente nova entre as foras cansadasda humanidade.

    Escreveu, em 1907, Contrastes eConfrontos e Peru versus Bolv ia (a res-peito de um diferendo internacional queenvolvia interesses brasileiros no Acre). Margem da Histria, escrito em 1909, osegundo livro em importncia da produoeuclidiana, publicado postumamente, commais de dez edies. Tal magnfica obratraz a l ume assuntos ama znicos. Dizia ovenervel escritor que a Amaznia deveser conquistada, seno mais cedo ou maistarde, se des tacar do Brasil, br ado de

    alerta bem atual, posto que a NOSSA Ama-znia , como consabido, alvo da cobiainternacional, especialmente da parte dasnaes hegemnicas. Euclides tencionavaescrever um livro sobre a Hilia Amaznica,de ttulo Paraso Perdido. Pretendia estu-dar a Amaznia como estudou o Nordeste,mas no conseguiu em vista de sua morteprematura; vrios artigos que comporiama publicao foram transcritos, posterior-mente, em Margem da Histria.

    Todavia, a exponencial notoriedadeliterria de Euclides da Cunha se deveu sua magistral obra Os Sertes, que lhepropiciou o ingresso, em 1903, nos doismaiores sodalcios de ento: a AcademiaBrasileira de Letras e o Instituto Histricoe Geogrfico Brasileiro. Os Sertes,obra-prima de Euclides, contabiliza maisde quarenta edies em portugus, seisem ingls e nove em outras lnguas. Olivro um verdadeiro painel do Brasil e

    descreve a guerra travada em Canudos,mostrando nao o abandono dos ser-tes e de sua gente. Da podermos lobrigar,acrescente-se por oportuno, o que foi agrande manobra geopoltica da criaode Braslia no Planalto Central Brasileiro.A respeito de Os Sertes, gostaramosde trazer colao, as consideraes donotvel acadmico Afrnio Coutinho. Ci-tao. Livro nico, sem igual em out rasliteraturas, escrito entre 1896 e 1902, nosvagares da vida nmade do engenheiro. Acrtica tomada de surpresa ante a grandezae originalidade da obra, viu nela um traba-

    lho de cientista, de gegrafo, de historiador,de etngrafo, de socilogo, de filsofo, deartista. Fim da Citao.

    Os Sertes dividido em trs part es:A Terra, O Homem e A Luta. Tesesesposadas na segunda parte O Homem, no so hoje aceitas, pois a modernagentica no mais admite o conceito deraa. Porm, a definio do sertanejo,embutida nesta parte, tomou-se antolgica:O sertanejo antes de tudo um forte. Notem o raquitismo exaustivo dos mestiosneurastnicos do litoral. A sua aparncia,entretanto, no primeiro lance de vista, re-vela o contrrio. O Professor Jarbas SilvaMarques bem nos explica essa faceta doescritor, porquanto ele foi formado, comodemonstramos saciedade ao longo dessa

    parlenda, luz do racionalismo, quandoas cincias fsicas, naturais, biolgicas,a matemtica e as nascentes teorias evo-lucionistas de Charles Darwin traavamas balizas do pensamento dos maioresintelectuais de ento, que acreditavam emfalsos esteretipos do determinismo gen-tico ou naturalista. Cont udo, tal posiciona-mento em nada empana a grandiosidade damonumental obra.

    E trazendo o tema para a rea da lite-ratura pica, diramos que o fantstico livroombreia-se com as lendrias narrativas daAntiguidade Clssica e com os escritos que

    contam as mais famosas epopeias nacio-nais e internacionais. A Histria recheadade relatos picos, como os dos legendriosheris da Grcia Antiga: Lenidas, Ulis-ses, Aquiles, Heitor, para no falarmosdos romanos e de Cervantes e Cames,com Dom Quixote de Ia Mancha e OsLusadas. E bem nossos conhecidos soo poema O Uraguai, de Baslio da Gamae o clssico A Retirada da Laguna, doVisconde de Taunay. A esses superlativospicos veio a se juntar Os Sertes, emque o heri no singular, personalizado,mas sim, coletivo o rude sertanejo nor-destino, cheio de heroicidade e estoicismoda Guerra de Canudos.

    Os Sertes considerado A Bbliada Nacionalidade, pois bem retrata a

    saga brasileira e a isso se reportou oescritor peruano Mrio Vargas Llosa, umsculo depois da publicao de Euclides,no romance A Guerra do Fim do Mundo,evidenciando-se, pois, larga, a univer-salidade e a permanncia do pensamentoeuclidiano.

    A obra apresenta os contrastes entre oBrasil litorneo, citadino, e o Brasil profun-do, do interior, atrasado, sem perspectivas.Cabe aos cientistas sociais, a reflexopercuciente a respeito dessa ferrenhacontradio, sabendo-se que os centrosurbanos incham cada vez mais e sendo

    certo que a populao brasileira envelhe-ce a passos largos e declinar a partir de2030, consoante tabulaes estatsticas.

    No ano do centenrio da morte deEuclides da Cunha, na relembrana deseu perptuo legado cultural para a NaoBrasileira, encerremos essas despretensio-sas achegas alusivas perenidade de seupensamento, com o fecho do portentosoOs Sertes: No dia 2 (era outubro de1897) entregaram-se os velhos, mulherese crianas que ainda sobreviviam. Ficaram20 lutadores numa trincheira ao lado daigreja, famintos e sedentos, decididos aosacrifcio. Preferiam morrer lutando do quesentir no pescoo a lmina fria dos dego-ladores. Ali j estavam no tmulo, cavadopor eles mesmos. No dia 5, tombaram os

    ltimos defensores eram quatro ape-nas: um velho, dois homens feitos e umacriana, na frente dos quais rugiam cincomil soldados.

    Por derradeiro, neste ano cognominadopela Academia Brasileira de Letras, de AnoEuclides da Cunha, pedimos vnia a fimde parafrasear esse poo de sesquipedalcultura que o Ministro Luiz Carlos Fontesde Alencar, quando se referiu a Rui Barbo -sa. Assim, afirmamos para este colendoe fraternal cenculo, que certa e recerta a intemporalidade do pensamento e daslies que nos deixou Euclides da Cunhan

    Em Canudos, mulheres e crianasseguidoras de Antnio Conselheiro, presas

    durante os ltimos dias da guerra

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    MISSES DE PAZA

    saga de Rondon pouco conhecida no Brasil. Conhecemosapenas a campanha no serto, o trato com os ndios e ostrabalhos telegrficos. Desconhecemos o seu desempe-

    ho como Diretor de Engenharia do Ministro Calgeras o exitosoComandante de Fora Terrestre em operaes militares e o seuesempenho na primeira misso de paz comedida ao Brasil. Oredo positivista ornou sempre o seu carter imaculado e altivezas suas atitudes.

    Com a vitria da revoluo de 1930 e a consequente in-errup o do regime democrt ico solicito u p assagem para aeserva, em carter irrevogvel. Ningum conseguiu demov-loa atitude tomada.

    No cessaram, entretanto, os inmeros apelos aos seus

    ervios ao Brasil e a paz...Ao completar 69 anos, j h quatro na reserva, recebeu do

    overno da Repblica uma nova e inusitada misso no cenrioul-americano e no contexto da Sociedade das Naes, organismoue antecedeu a criao da Organizao das Naes Unidas, noseus fins e objetivos.

    O Brasil se oferecera para harmonizar os problemas decor-entes do dissdio entre o Peru e a Colmbia, com propsitosstabelecidos no Protocolo de 24 de maio de 1934 que tomaraem efeito a Declarao de Guerra entre as duas Repblicas.

    Nomeada uma comisso mista de delegados do Peru, daColmbia e do Brasil, surgiu a questo da designao do brasileiroue seria o Presidente da mesma.

    Uma lista de nomes, elaborada pelo Ministro Mello Franco foipresentada ao Presidente Getlio Vargas que aps examin-laom minudncia escolheu um dos ltimos nomes: o de Rondon.

    O velho soldado, j com idade avanada para a poca, procuroueclinar do honroso convite, no se achando em condies deumprir aquela misso de natureza diplomtica.

    Getlio, que sabia como ningum convencer os homens e

    ontornar situaes difceis, conseguiu imbuir Rondon da impor-ncia daquela misso e da confiana no xit o da sua atuao. Queira Vossa Excelncia designar dia e hora para a minha

    artida.Encerrou Rondon, secamente como era do seu feitio, a

    udincia com o Presidente.A Comisso teria o prazo de quatro anos para solucionar a

    ntrincada questo. E, assim, a 16 de junho de 1934 voava Rondono Galeo para Manaus onde se instalaria a Comisso a 23 do

    mesmo ms e a 11 de junho partia para Letcia onde montou seuabinete no bairro La Vitria.

    Iniciando os trabalhos, Rondon percorreu todo o territrio doSolimes e do Putomaio, na rea contestada. A dificuldade inicial

    (Histria contada ao Cel Paulo Dartanhan Marques de Amorimpelo seu antigo Cmt do Corpo de Cadetes e da

    3 Diviso de Cavalaria: Gen Ex Antonio Jorge Corra).

    Em sua turma do Colgio Militar do Rio de Janeiro haviaum indiozinho, trazido da selva pelo General Rondon, paraaculturar-se e experimentar uma vida na civilizao. O seunmero era 810 e o seu nome Amilton Borob.

    Era um bom companheiro e bom jogador de futebol.Porm, no se destacava nos estudos e tiro u o curso com

    muitas dificuldades. Mas tendo Rondon como interessado,conseguiu concluir o curso em 1929.

    Na sua turma, uma brilhante turma, que deve ao Exrcitoe Aeronutica inmeros oficiais generais, apenas seis forampara a Marinha.

    Quando chegou a vez do Amilton escolher o seu destino,se Exrcito, se Marinha ou meio civil, ele declar ou que desejavavoltar para sua tribo nos confins do Mato Grosso, onde, empouco tempo, chegou a cacique.

    Passaram-se os anos e um de seus companheiros predi-letos, o Roberto Julio de Lemos foi promovido a Brigadeiro--do-Ar. Os dois lderes se encontraram na selva: o BrigadeiroLemos e o cacique Borob, velhos companheiros do ColgioMilitar do Rio de Janeiro.

    Histria contada peloGeneral A. J. Corra

    consistia no complexo Protocolo de 24 de Maio. Procurou ver t udo

    e muito ouvir, antes de iniciar a misso e estabelecer objetivos.De incio, conseguiu permisso para construir uma casa demadeira, pois seria a primeira vez que se faria acompanhar dasua adorada esposa a quem estava reservado um papel extraor-dinrio no xito do General. Levou tambm ternos bem talhadosde linho branco e os impecveis uniformes do novo regulamento.Agiria como diplomata, mas antes de tudo como um soldado quesempre fora.

    Considerando a sua idade, o local e as circunstncias, po-demos avaliar que foi uma misso de sacrifcio que lhe rendeurestries para o resto da vida.

    No seu perodo de permanncia em Letcia foi surpreendidopor um telegrama que anunciava estar tomando vulto o seu nome

    para candidato de conciliao sucesso presidencial. No seentusiasmou com o fato. Por diversas vezes recusou cargoseletivos que lhe foram oferecidos com insistncia.

    A invulgar inteligncia de Rondon, aliada a sua modstia epacincia, muito contribuiu para o xito final alcanado quando,na manh chuvosa de 4 de agosto de 1938, ao desembarcarno porto do Rio de Janeiro, foi recebido com extraordinriashomenagens decorrentes do cumprimento integral da missoque lhe fora atribuda.

    A grandeza de Rondon no se deixou ofuscar pelas homena-gens. Atribuiu o xito da misso a atuao da sua incomparvelesposa e a doutrina que norteara toda a uma vida no sentido daFraternidade Universal.

    Cumpre notar, ainda, que os diversos delegados da Comis-

    so Mista por diversas vezes se ausentaram do posto ou foramsubstitudos pelos respectivos Governos. Rondon no se afastouum s dia.

    O rigor naquilo que considerava o cumprimento do devercustou-lhe a perda da viso. Um glauco ma inutilizou um dos seusolhos e reduziu a um quarto a viso do outro que, gradualmente,foi declinando at a cegueira total.

    Isolado no setentrio, alm de no contar com instruesnormativas, no era assistido por pessoal especializado. Notinha a quem consultar a no ser o seu proverbial bom senso eesclarecida inteligncia.

    Por que no o consagramos como PATRONO DAS MISSESDE PAZ?n

    Paulo Dartanhan Marques de Amorim

    Cel Cav

    [email protected] Roquette Pinto e Marechal Rondoncom ndios e membros da comisso

    de implantao do telgrafo

    RONDONE AS

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    Se os brasileiros vo praia e noaos museus, talvez os museusdevam ir praia. A imagem

    riada pelo alemo Hans-Martin Hinz seriapenas potica, no fosse a realidade. Noculo XXI, diz ele, ainda h museus quegem como se estivessem no sculo XIX e,ultrapassados, dispem toda a sua coleom redomas de vidro, transformando axperincia de ir ao museu em algo pior doue qualquer programa de t eleviso.

    Hinz esteve no Rio para a 23 confe-ncia do Icom, o Conselho Internacional

    e Museus, rgo parceiro da Unesco queene mais de 30 mil profissionais de 137ases numa rede mundial de pesquisa, pro-

    moo e preservao do patrimnio cultural.Pela primeira vez no Brasil, a conferncia riada em 1946 e realizada a cada trs anosm pases distintos comeou em 10 degosto de 2013, na Cidade das Artes, comma reunio do conselho executivo do Icom.

    Estima-se que at o dia de seu encerra-mento, em 17 de agosto de 2013, o eventorouxe cidade cerca de 2.000 profissio-ais ligados a museus. A programaooi extensa e se pretendeu plural houveesde artistas renomados, como a cubana

    Tania Bruguera, e diretores de instituiesongnquas, tais como: Joanna Mytkowska,o Museu de Arte Moderna de Varsvia, na

    Polnia, ao ex-secretrio de Desenvolvimen-o Social de Medelln, na Colmbia, Jorge

    Melguizo, ou o escritor moambicano MiaCouto. A ideia era que discorressem, cadam sua maneira, sobre Museus (memria

    + criatividade) = mudana social, tema daonferncia.

    Com um doutorado em Cincias Natu-ais no currculo, Hinz foi encarregado pelaresidncia de seu pas de assessorar ariao de novos museus na Alemanha nosnos 1990 e, por mais de dez anos, esteve frente do Museu Histrico Alemo, em

    Berlim. Tem os olhos treinados para avaliarrojetos museolgicos. E sentencia:

    BOAS IDEIASAudrey [email protected] O Brasil no est distante dos padres

    internacionais, de forma alguma. O padroaqui elevado, sim, mas tudo depende dopblico-alvo. H museus em todo lugar eh formas de organizao completamentediferentes.

    Assim, Hinz desconstri o pensamentopredominante no Brasil de que museusprecisam se modernizar tecnicamente paravingar no sculo XXI. Enquanto o Ibramestima que so necessrios R$ 244 milhespara requalificar os museus, ele prega quenem toda instituio precisa, por exemplo,

    de audioguia ou catlogos bilngues.

    A questo criatividade. No neces-srio imprimir tudo, por exemplo, porque caro. No precisa ter audioguia. H pasesque escolheram ter s aplicativos para te-lefone porque mais barato e atrai pblicosjovens. O pblico-alvo no homogneo, eno fcil fazer com que todos os museustenham o mesmo nvel, embora todos ten-tem fazer seu melhor afirma. claro queos museus nacionais so mais equipados,porque esto esperando pblico internacio-nal. Mas, esse no o caso de todos. Hmuseus pequenos na Alemanha que no

    tm dinheiro para criar catlogos ou udio

    em outros idiomas. Se um visitante interna-cional for at l, talvez fique desapontado.Nos museus nacionais isso diferente, elesso destinos tursticos.

    Na tentativa de falar a lngua do sculoXXI, os museus tm ampliado o uso de tec-nologia em suas exposies de forma umtanto histrica, como avalia o fsico espanholJorge Wagensberg, que criou e dirigiu oMuseu de Cincia de Barcelona, conhecidopor transformar a abordagem museolgicaem cincia. Tido como um dos grandespensadores de museus na atualidade, Wa-

    gensberg deu palestra no Icom.

    A tecnologia caduca sempre muitorapidamente. As boas ideias, por outrolado, no caducam jamais. nisso que osmuselogos nunca devem economizar: asboas ideias para explicar boas histrias cominteligncia e beleza! Um bom museu no seconstri como se faria um livro ou um filme,quer dizer, comeando pelo ndice. Um bommuseu, insisto, se constri sobre um punha-do de ideias brilhantes defende o fsico.

    Para ele, as instituies podem ser maisatraentes usando apenas inteligncia e bele-za, e no sequestrando os tpicos falsos es-

    tmulos doshow businessou dobest-seller.

    Um estmulo bom simplesmentequando te incita a continuar na aquisiode conhecimento. Os que se esgotam emsi mesmos so outra coisa, talvez porno-grafia?, e o que faz um bom museu contarboas histrias usando a realidade em vez deimagens e palavras completa Wagensberg.

    frente do debate intitulado O museue a condio humana: o horizonte senso-rial, Ulpiano Bezerra de Meneses, professoremrito da Faculdade de Filosofia e CinciasHumanas da Universidade de So Paulo, crtico do uso de exposies blockbuster

    para atrair pblico (Sou tambm contrao carter explosivo e avulso dessesmegaeventos, o que em longo prazo nocontribui para implantar o desejvel funcio-namento do museu, argumenta) e diz quefetichizar a tecnologia transferir para elaaquilo que se deve creditar aos homens e aseus interesses, aspiraes, competncia,criatividade.

    Tornar o museu mais atraente nopode ser um alvo em si, mas um recursopara melhor atingir os objetivos a que ainstituio se prope. Seja como for, deveser evitado a todo custo o risco de infantilizaro pblico. O museu tem que investir nessepblico, para amadurec-lo, e isso no querdizer dispensa de esforo e compromissos.J imaginar que a tecnologia, por si s, fa-tor de atrao inclui srio risco, pois, se ela uma mediao, pode, tambm, converter-se

    em objetivo. Ela deve servir aos propsitose compromissos do museu e no, comopode acontecer, servir-se dele avalia oprofessor da USP.

    De forma potica, o fsico Wagensbergresume o que, para ele, de fato o museudo sculo XXI:

    Um museu hoje um valiosssimoinstrumento de troca social que se medepor como ele muda a vida das pessoas diz o espanhol. Um visitante tem que sairdo museu com fome, ou seja, com maisperguntas do que tinha ao entrar n

    ACERVO DE

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    Reequipamento, modernizaes:E o avio de combate futuro?

    Cenrio 2015-2030

    AAmrica Latina conta, atualmente,

    com cerca de 1200 avies militares,dos quais 600 avies de combate de

    vrios tipos. Menos da metade so aerona-ves a jato, na grande maioria, de concepoantiga (anos 1950/60) e que, em grandeparte, j foi submetida a um programa demodernizao de diversos nveis. O custo ea complexidade da renovao/revitalizaodesses antigos sistemas de armas tornamessas opes de renovao cada vezmais onerosas e discutveis, j que soexecutadas sobre clulas cujas vidas teisj se encontram limitadas ou em finalizao(mortalidade).

    A despeito dos problemas orament-rios/financeiros com que se defrontam to-dos os pases, as perspectivas econmicasdo continente sul-americano comeam ase tornar, em mdio prazo, mais otimistase atraentes. Dessa forma, tornando o ho-rizonte do ano 2015, o mercado potencialde novos avies (entender aeronavesnovas e usadas de tipos inexistentes noacervo atual) pode chegar a 500, aos quaisdevem ser acrescentados o apoio tcnico,o armamento os sistemas de armas e otreinamento. Esse po tencial pode tot alizar2/3 bilhes de dlares, pelos quais esta-ro lutando os industriais (e Governos)franceses, americanos, russos, britnicos,suecos, sul-americanos e israelenses.

    Nos tempos atuais, as modernizaes/revitalizaes constituem um fundo de co-

    mrcio aprecivel. Porm, durante quanto

    tempo? As clulas das aeronaves envelhe-cem, a despeito de toda a maquiagem quelhes possa ser aplicada. Por essa razo,alguns pases (entre eles o Brasil), elegeramno apenas a modernizao de sua frota decombate para o momento presente comouma aeronave de nova gerao, a partir doprimeiro decnio do novo sculo(?). Atl, ainda possvel imaginar um mercadointermedirio para introduzir aeronavesusadas capazes de serem modernizadase acrescentadas s frotas j em servio, attulo de reposio de perdas e/ou aumentodas frotas (fora em ser).

    Assim posto, possvel prever trslinhas de ao para o continente:

    1 - prolongar a vida dos avies atu-almente em servio at o ano 2015 atravsdas modernizaes/revitalizaes;

    2 - incorporar complementarmente umnmero de aeronaves usadas compatveiscom a frota em servio, para recompletarperdas ou manuteno do potencial blico;

    3 - ao mesmo tempo, negociar asubstituio da frota atual por aeronavesde nova gerao, a partir de 2020.

    REEQUIPAMENTODAS FORAS ARMADAS

    E COERNCIARecentemente, a mdia tornou pblico

    os Planos de Reequipamento das ForasArmadas. Matria anteriormente mantida

    como de prioridade e domnio interno

    passou a figurar (natural nas democraciasmaduras) como um assunto que requer compulsoriamente conhecimento ea participao da Sociedade. Que, afinal,pagar a conta.

    Um dos atuais dilemas das NaesModernas, ao ter que dimensionar suasForas Armadas, a deciso a tomarquanto quantidade e qualidade daestrutura/meios a manter em servio.Tamanho, sofisticao (e custos) almdo necessrio, dificilmente encontramsociedades dispostas a pagar.

    Desde os ltimos conflitos, os gover-nos do mundo vm tentando compensaro gap quantitativo porventura existenteimpondo a maior qualidade tcnica possvelaos seus sistemas de armas e equipamen-tos. Evidentemente, a tecnologia de pon tatambm tem valor elevado, sendo possvelimaginar que o custo final das ForasArmadas de qualidade seja bem maiordo que o custo daquelas de quantidade.De qualquer forma, parece ser muito maisfcil s Foras Armadas (1 Mundo) a ob-teno de ver bas para a primeira linha deao do que para a segunda! E , a partirdesse ponto, que parecem se originar osparmetros que intervm no processo derenovao mundial do material militar.Entre eles, o Brasil que obtm recursosfabulosos para revitalizaes e nada paraas novas armas...

    Maj Brig Ar Lauro Ney Menezes

    [email protected]

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    Luis Alberto Costa Cutrim

    Cel Av

    Pesquisador do Grupo de Estudos

    do Curso de Pensamento Brasileiro

    [email protected]

    No dia 20 de novembro de 2013, osparticipantes do curso de Pensa-mento Brasileiro do Clube de Aero-

    nutica, em viagem de estudos a Salvador,Bahia, tiveram a oportunidade de visitaras novas instalaes e conhecer os novosequipamentos do Primeiro Esquadro doStimo Grupo de Aviao (1/7 GAv), o

    famoso Esquadro Orungan, estacionadona Base Area de Salvador.

    Aps um almoo no rancho da Base, ogrupo se dirigiu sala de briefing do 1/7GAv onde foi proferida uma palestra peloOficial de Operaes do Esquadro sobreo histrico, a misso, a nova aeronave, asnovas responsabilidades e os relatos dasprimeiras misses reais realizadas pelasequipagens operacionais desse novo sis-tema de armas da FAB.

    A seguir, foram visitadas as novas ins-talaes do Esquadro, tais como: o novoAnexo Operacional, os novos Hangares esees de Suprimentos e de Manuteno, efeita uma visita dirigida ao interior da novaaeronave de Patrulha, o P3-AM.

    O P3-AM da FAB uma aeronavempar entre os P3 Orion existentes emmuitas Foras Areas ao redor do mundo.Explicaremos:

    O Orion uma das mais conhecidas,versteis e empregadas plataformas depatrulha martima e combate antissub-marino (ASW) do mundo. Derivado doL-188 Electra, o P-3 possui trs versesbsicas: P3-A, P3-B e P3-C, que geraramuma srie de derivaes, up-dates e mo-dernizaes, assegurando a operao daaeronave, como vetor de ponta, em maisde 20 Foras Areas, por quase 50 anos.Ao optar pelos P3-A estocados no desertodo Arizona, a FAB adquiriu uma excelente

    Visita ao

    plataforma area a um baixo custo, naqual, agregados equipamentos e sistemasde misso no estado da arte, faz dessaaeronave de patrulha a mais eficiente, entreos turbos hlices empregados nesse tipode operao.

    Durante a nossa visitao, tivemos aoportunidade de cruzar com uma completatripulao (11 militares) canadense do P-3Aurora daquela Fora Area, que estavaem Salvador, em misso de intercambiocom a FAB, com a finalidade de conhecer

    os equipamentos e as capacidades dessenovo vetor de Patrulha.

    A chegada do Orion faz ressurgir naFAB a capacidade de realizar missesantissubmarinos (ASW), suspensas, em1996, com a aposentadoria dos P-16Tracker. Para cumprir as misses ASW etambm ASuW, o P -3AM est equipadocom o poderoso sistema ttico totalmenteintegrado (FITS), um sistema originalmentedesenvolvido pela EADS CASA (hoje AirbusMilitary), capaz de condensar, processar

    e gerenciar todas as informaes obtidaspelos sensores, sistemas de comunicaese de navegao da aeronave.

    O P-3AM, alm de misses de em-prego naval e de busca e salvamento(SAR), ser um dos principais vetores aser empregado no combate pesca ilegaldentro da Zona Econmica Exclusiva(ZEE), uma faixa de 370 km a partir dolitoral, da qual o Pas detm a sobera-nia, bem como a proteo das reservaspetrolferas do pr-sal, uma importantee estratgica fonte de riquezas naturais.

    Alm do radar de abertura sinttica EltaEL/M-2022 e do FLIR Safire II, os quadri-motores Orion do esquadro Orungan estoequipados para lanar sonoboias, boias ra-diossnicas e marcadores, alm de cargasde profundidade, minas, torpedos Mk.46 emsseis ar-superfcie AGM-84 Harpoon.

    Neste ltimo aspecto, urge a neces-sidade de imediata disponibilidade derecursos para a aquisio do armamentodescrito, visando completar as capacida-des do Stimo de Patrulha, em neutralizarou eliminar as ameaas aos interessesdo Brasil n

    Participantes do Cursodo Pensamento Brasileiro na

    sala de brieng do 1/7 GAV

    Comitiva do Cursodo Pensamento

    Brasileiro IV junto aeronave P-3AM

    Stimo de Patrulha

  • 8/13/2019 Revista Aeronutica 285

    19/27

    UM HINO PARAAFORA AREA

    BRASILEIRA

    J de algum tempo venho me propondoa escrever este artigo que, devido proverbial preguia, venho adiando

    dia aps dia. Tanto adiei que um dos pro-tagonistas da hist ria nosso querido einesquecvel veterano de guerra, Maj BrigJos Rebello Meira Vasconcelos veiorecentemente a falecer.

    E no embalo da dor do seu falecimentoe da vibrao vivida poucos dias atrs,quando da cerimnia militar na Academiada Fora Area de transmisso do cargode seu comandante, que, finalmente,decidi-me a pr no papel algumas ideias.

    Talvez tenha passado despercebidoque no temos um hino da Fora AreaBrasileira. Entoamos o hino dos aviadores

    como se nosso hino fosse, mas bem sa-bemos a diferena de um piloto militar doaviador de uma forma geral.

    Em verdade essa diferena Aero-nutica e Fora Area d margem a umasrie de consideraes que extrapolamo objetivo deste artigo, mas certo quesentimos e sabemos a diferena exis-tente, a pont o de u m antig o coma ndanteda aeronutica ter manifestado que sesentiria realizado o dia em que colocasseno prdio do comando na Esplanadados Ministrios, em Braslia, o letreiroComando da Fora Area Brasileira aoinvs de Comando da Aeronutica comoat ento existia.

    Voltando ao objetivo inicial proposto, ofato que no temos um hino da Fora Area.

    Segundo o dicionrio De Michaelis, adefinio de hino : SM (gr hmnos) 1. can-to d e louvo r ou adorao, especialmentereligioso. 2. canto musicado em exaltaode uma nao, de um partido, de umainstituio pblica ou instituto particular,agremiao e semelhantes. 3. cano,canto, coro. col hinrio.

    Numa linguagem militar, diria quehino um cntico que emula guerreirosno combate, que incentiva a unio, o esp-rito de corpo, a superao de obstculos,cantado no com a voz, mas entoado pelocorao, e que nos leva ao sacrifcio detudo, at mesmo da prpria vida na defesa

    daquilo que entendemos como certo emdefesa da ptria.

    Os mais antigos sabem, mas os maisjovens talvez desconheam que nossaFora, no incio, era dividida entre os pro-venientes do exrcito e os oriundos damarinha, que passaram a viver dentro deuma mesma estrutura por fora da criaodo Ministrio da Aeronutica e a extinoda Aviao Militar do Exrcito e da AviaoNaval da Marinha. Essa diviso era toforte, que se dizia a boca pequena, quea FAB s engrenaria o dia em que tivesseoficiais-generais formados j pela Escola deAeronutica, dentro de uma doutrina nica.

    Como veem, muito se passou paratermos uma Fora Area unida em torno de

    um mesmo ideal e professando as m esmasideias. E esse longo caminho iniciou em1941, quando os aspirantes da Marinha eos cadetes do Exrcito se reuniram pelaprimeira vez debaixo de um mesmo teto noCampo dos Afonsos para dar consecuo Fora Area Brasileira e ao Ministrio daAeronutica.

    E dentro desse quadro de doutrinasdiferentes, de rivalidades existentes quesurgiu, no fundo de um alojamento da Es-cola de Aeronutica nos Afonsos, a canoBandeirantes do Ar.

    Contava o Maj Brig Meira, que dentrodaquela confuso generalizada existentee de desconfianas mtuas foi que surgiuum aspirante oriundo da Escola Naval quecomeou a escrever, nos fundos de um alo-jamento, ao fim de mais um dia de trabalho,e em meio aos companheiros ali reunidosos primeiros versos da cano: ...a esqua-drilha um punhado de amigos, a vibrar avibrar de emoo, no tememos da luta osperigos, nem dos cus a infinita amplido,sobre mares, plancies, sobre montes, vive-remos por sempre a voar, bandeirantes denovos horizontes para a bandeira da Ptriaelevar, bandeirantes de novos horizontespara a suprema conquista do Ar!

    Se fecharmos os olhos e imaginarmosa cena... desconhecidos vindos das maisdiferentes origens, com pensamentos osmais diversos possveis, com descon-

    fianas mtuas, de repente reunidos nosfundos de um alojamento e entoando... Nssomos da Fora Area Brasileira, o nossoemblema a guia altaneira, que h de sergrande, forte e varonil, lutaremos, morre-remos, pela Bandeira do Brasil!... podemosfacilmente perceber a fora que a canopassou a ter na formao do esprito decorpo que hoje orgulhosamente temos.

    Entre as nuvens dos cus vendo a ter-ra, vivem l os cadetes do ar, comandandoa grande arma de guerra, baluarte da Ptriasem par, adestrados ao fogo da metralha eao governo de seu avio, estaro sempreprontos batalha, para a defesa do nossotorro, est aro sempre pr ontos bat alha,por defender o auriverde pendo!

    Meus nobres amigos, ns somosexatamente isso que a cano entoa,independentemente do nosso quadro ouespecializao. Ela exprime exatamente oque sentimos quando vestimos nossa fardaazul barateia... um punhado de amigos, avibrar de emoo, somos bandeirantes denovos horizontes, somos da Fora AreaBrasileira, o nosso emblema a guiaaltaneira e lutaremos e morreremos pelaBandeira do Brasil!

    No me perdoo o fato de s colocaressas ideias no papel aps a morte donosso querido Maj Brig Meira, pois ele teriaa oportunidade mpar de relatar de prpriavoz e como testemunha ocular de como osfatos aconteceram. De qualquer forma, ficao registro por ele relatado.

    No tenho nada contra o Hino dosAviadores. Pelo contrrio, ele belssimoe tem, por certo, seu lugar de destaqueassegurado. Mas, dos aviadores em ge-ral... nada contra, mas entoando um e outroeu me sinto muito mais identificado pelacano Bandeirantes do Ar do que por ele.

    Somos militares, somos aviadoresmilitares, nem melhores nem piores...mas, certamente, diferentes dos demaisavi