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Andreia Nunes Perceção e Conhecimentos dos enfermeiros sobre as Boas práticas de Higienização das mãos Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto, 2018

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Andreia Nunes

Perceção e Conhecimentos dos enfermeiros sobre as Boas práticas de Higienização das

mãos

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2018

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Andreia Nunes

Perceção e Conhecimentos dos enfermeiros sobre as Boas práticas de Higienização das

mãos

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2018

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Andreia Nunes

Perceção e Conhecimentos dos enfermeiros sobre as Boas práticas de Higienização das

mãos

Andreia Patrícia Pereira Nunes

Projeto de Graduação apresentado à

Universidade Fernando Pessoa como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Licenciatura em Enfermagem

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Resumo

A higienização das mãos é reconhecida mundialmente como uma medida primária e

muito importante, no controle de infeções relacionadas com os cuidados de saúde. Por

esse motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção e do controlo de

infeções nos serviços de saúde, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de

microrganismos multirresistentes (Anvisa, 2009).

A elaboração desta investigação pretende dar resposta ao objetivo geral do estudo:

“Avaliar a Perceção e o Conhecimento dos Enfermeiros sobre as Higienização das

Mãos”

Na abordagem da problemática, recorreu-se a realização de um estudo descritivo,

transversal e, inserido no paradigma quantitativo. Como instrumento de colheita de

dados utilizou-se um questionário da Direção Geral de Saúde, distribuído por uma

amostra de 27 enfermeiros do Hospital do Norte do país e de aplicação direta. Para

tratamento estatístico, recorreu-se ao programa informático Microsoft Excel.

Os resultados do estudo vão ao encontro dos resultados de diversos estudos feitos

anteriormente que demonstraram que os profissionais evidenciam conhecimentos e

atribuem bastante importância à higienização das mãos, existindo, contudo alguns

fatores que dificultam a correta realização da prática, tais como a falta de tempo para

cada doente e falta de formação e desconhecimento da prática adequada cada momento.

Palavras-chave: Higienização das mãos; IACS; Enfermeiros; Perceção; Adesão

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Abstract

Hand sanitization is widely known as a primary and very important measure on the

control of infections related with health care. For that reason, is has been considered as

one of the pillars for infection prevention and control in health care services, including

infections caused by cross transmission of multi-resistant microorganisms. (Anvisa,

2009).

The elaboration of this investigation intends to answer the general study goal: “Evaluate

the perception and knowledge of nurses on hand sanitization”.

While approaching the problem, a descriptive and transversal study was carried out and

added in a quantitate paradigm. As a data sampling instrument, the Direção Geral de

Saúde survey was used and delivered to a sample of 27 nurses of the Hospital do Norte

and direct application. Microsoft Excel was used for statistics treatment.

The study results meet the results of other studies previously done which demonstrate

that health professionals show knowledge and attribute plenty of importance to hand

sanitization. There are, however, some factors which hinder the correct practice

execution like lack of time for each patient and lack of formation or knowledge of each

adequate practice.

Keywords: hand sanitization; IACS; Nurses; Perception; Accession

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Agradecimentos

Aos meus pais e ao meu irmão por me erem proporcionado a oportunidade de estudar

em enfermagem.

Ao meu namorado pelo apoio incondicional, força e coragem na realização deste projeto

de investigação.

À Professora Doutora Margarida Ferreira por toda a paciência, apoio e

acompanhamento.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

IACS – Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde

HM – Higienização das mãos

OMS- Organização Mundial de Saúde

DGS – Direção Geral de Saúde

PNCI – Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeção

IN – Infeção Nosocomial

OE – Ordem dos Enfermeiros

SABA- Solução Antissética de Base Alcoólica

WHO – World Health Organization

PS – Profissionais de Saúde

UCI – Unidade de Cuidados Intensivos

CDC – Centers of Disease Control

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Índice

Introdução ……………………………………………………………………………...13

I. Fase conceptual ....................................................................................................... 15

1. Problema de investigação .................................................................................... 15

i. Domínio da investigação ................................................................................. 16

ii. Questão pivot e questões de investigação ........................................................ 17

iii. Objetivos .......................................................................................................... 18

2. Revisão literatura ................................................................................................. 19

i. Infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) ......................................... 20

ii. As mãos como fator de transmissão das infeções associadas aos cuidados de

saúde ........................................................................................................................ 25

iii. Higienização das mãos ..................................................................................... 27

Higienização anti-séptica ....................................................................................... 29

Fricção das mãos com antisséptico (preparações alcoólicas) ................................. 30

iv. Quando proceder á higienização das mãos ...................................................... 31

v. A Higienização das mãos e o uso de luvas ...................................................... 32

vi. Estratégias para promover a adesão dos enfermeiros à Higienização das Mãos

34

II. Fase metodológica ................................................................................................... 39

1. Desenho de investigação ..................................................................................... 39

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i. Meio ................................................................................................................. 40

ii. Tipo de estudo .................................................................................................. 40

iii. População-alvo, amostra e processo de amostragem ....................................... 41

iv. Variáveis em estudo ......................................................................................... 43

v. Instrumento de recolha de dados ..................................................................... 44

vi. Tratamento e apresentação dos dados .............................................................. 46

2. Salvaguarda dos Principio Éticos ........................................................................ 47

III. Fase Empírica ...................................................................................................... 49

1. Apresentação, análise, interpretação e discussão dos dados ............................... 49

Conclusões do estudo .................................................................................................. 64

Conclusão………………………………………………………………………………66

Bibliografia…………………………………………………………………………….68

Anexo – Questionário “Perceção e Conhecimentos dos Profissionais de Saúde sobre a

Higiene das mãos e as suas implicações nas infeções associadas aos cuidados de saúde”

Anexo 2 – Consentimento informado.

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Índice Gráficos

Gráfico I - Distribuição da amostra segundo a variável sexo. ........................................ 50

Gráfico II - Distribuição da amostra segundo a questão “Recebeu formação sobre HM?”

........................................................................................................................................ 51

Gráfico III - Distribuição da amostra segundo a dificuldade na utilização de antissético.

........................................................................................................................................ 52

Gráfico IV - Distribuição da amostra segundo as questões “Na sua opinião, qual o

impacto de uma infeção associada aos cuidados de saúde no prognóstico do doente?” e

“Na sua opinião, qual o impacto da eficácia da higiene das mãos na prevenção da

infeção associada aos cuidados de saúde?” .................................................................... 54

Gráfico V - Distribuição da importância atribuída pelo chefe, colegas e doentes à

correta higienização das mãos. ....................................................................................... 55

Gráfico VI - Distribuição da amostra segundo o nível de eficácia de ações para

aumentar a adesão à HM. ............................................................................................... 57

Gráfico VII - Distribuição da amostra segundo o nível de eficácia de ações para

aumentar a adesão à HM. ............................................................................................... 58

Gráfico VIII - Distribuição da amostra segundo a principal via de transmissão de

microorganismos entre doentes. ..................................................................................... 59

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Gráfico IX - Distribuição da amostra segundo a fonte mais frequente de

microorganismos responsáveis pelas IACS. ................................................................... 60

Gráfico X - Distribuição da amostra segundo o tempo necessário para SABA reduzir a

flora microbiana. ............................................................................................................. 60

Gráfico XI - Distribuição da amostra segundo a técnica da higienização anti-sética das

mãos. ............................................................................................................................... 61

Gráfico XII - Distribuição da amostra segundo as situações a evitar na prestação de

cuidados. ......................................................................................................................... 62

Gráfico XIII - Distribuição da amostra segundo o método de HM aplicável em diversas

situações. ........................................................................................................................ 63

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Distribuição da prioridade dada a HM pelo Órgão de Gestão. ..................... 56

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

13

Introdução

O presente estudo de investigação surge no âmbito do currículo pedagógico do 4º ano

da Licenciatura de Enfermagem da Universidade Fernando Pessoa, no ano letivo de

2017/2018, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Enfermagem.

Segundo Fortin (2009) o ponto de partida de uma investigação desperta interrogações e

inquietações, necessitando de uma explicação ou uma melhor compreensão.

As infeções associadas aos cuidados de saúde são consideradas um prolema grave de

saúde pública, devido á sua alta prevalência e às consequências de ordem pessoal,

económica e social que repercutem tanto para os pacientes como para as instituições de

saúde (MILIANI et al, 2015)

Dentro das medidas preconizadas para a prevenção das IACS, a Higienização das mãos

constitui o maior destaque, tendo sido instituída a mais de 150 anos e, ainda hoje, tem

demonstrado ser das medidas mais eficazes, seja pela sua prática, baixo custo e

sobretudo custo-benefício (DI MUZIO et al, 2015).

A realização deste estudo pretende dar resposta á seguintes questão pivôt de

investigação: Qual a Perceção e o Conhecimentos dos enfermeiros, sobre as Boas

Praticas de Higienização das Mãos, num serviço de internamento de um hospital

privado do norte do país?, e tem como ao objetivo geral do estudo: “Avaliar a Perceção

e o Conhecimento dos Enfermeiros sobre as Higienização das Mãos”

Na abordagem da problemática, recorreu-se a realização de um estudo descritivo,

transversal e, inserido no paradigma quantitativo. Como instrumento de colheita de

dados utilizou-se um questionário da Direção Geral de Saúde, distribuído por uma

amostra de 27 enfermeiros do Hospital do norte do país e de aplicação direta. Para

tratamento estatístico, recorreu-se ao programa informático Microsoft Excel.

Este trabalho cumpre as diretrizes impostas pela Universidade Fernando Pessoa,

utilizando como apoio o Manual de Estilo de Elaboração de Trabalhos Científicos da

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Universidade Fernando Pessoa, encontrando-se dividido em 3 partes, sendo elas: fase

concetual, fase metodológica e fase empírica.

Por último, surge a conclusão que destaca os principais resultados do estudo,

relativamente aos objetivos delineados.

A amostra do estudo é predominantemente do sexo feminino correspondendo a 82%,

apresentando uma média na faixa etária dos 29 anos. A maioria dos Enfermeiros

demonstra ter conhecimentos acerca da importância da higiene das mãos.

Relativamente à perceção da importância da higienização das mãos pelos Profissionais

de Saúde, 37% consideram a IACS como um problema grave. Quanto ao esforço

exigido para uma prática adequada da HM, 48 % consideram como «elevado» o esforço

quando cuidam dos doentes. De acordo com a perceção dos enfermeiros acerca da

adesão à HM por parte dos colegas situa-se nos 84%, assim como adesão individual

teve uma média de 89%. Quanto ao impacto da eficácia da HM na prevenção das IACS

foi considerado “muito elevado” pelos profissionais de saúde (78%).

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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I. Fase conceptual

A realização de um trabalho de investigação consiste em três fases fundamentais, onde a

primeira se denomina de fase concetual. Assim, segundo Fortin (2009),a fase concetual

é a fase que consiste em definir os elementos de um problema. No decurso desta fase, o

investigador elabora conceitos, formula ideias e recolhe documentação sobre um tema

preciso, com vista a chegar a uma conceção clara do problema.

Fortin (2009) considera que a fase concetual se divide em 5 etapas sendo elas a escolha

do tema, a revisão da literatura, a elaboração do quadro de referência, a formulação do

problema e o enunciado do objetivo, das questões de investigação assim como das

hipóteses.

Quivy (2008) considera a fase conceptual como uma fase de rutura. Este autor afirma

que a rutura consiste precisamente em romper com os preconceitos e as falsas

evidências, que somente nos dão a ilusão de compreendermos as coisas.

Desta forma, a fase concetual tem como objetivo identificar o problema de investigação,

o domínio de investigação, as questões pivô e questão de investigação. Este processo é

complementado com revisão de literatura, estabelecimento de objetivos e levantamento

de questões.

1. Problema de investigação

De acordo com Fortin (2009), “um problema de investigação é uma situação que

necessita de elucidação ou de uma modificação. Uma situação pode ser considerada

como problemática quando há um desvio entre uma situação julgada insatisfatória e

uma situação desejável”.

O mesmo autor menciona ainda, que a formulação do problema de investigação

necessita da reunião de um conjunto de elementos que, uma vez ordenados uns em

relação aos outros, darão uma visão clara do problema.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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De acordo com Coutinho (2014), alude que o problema de investigação é fundamental

porque centra a investigação numa área ou domínio concreto, organiza o projeto, dando-

lhe direção e coerência, delimita o estudo, mostrando as suas fronteiras, guia a revisão

da literatura para a questão central.

Nesta sequência logica de pensamento definiu-se como problema de investigação a

estudar a “Avaliar a Perceção e o Conhecimento dos enfermeiros, sobre as Boas

Praticas de Higienização das Mãos”.

A motivação para a realização deste trabalho surge baseada no conhecimento adquirido

por leituras, e pela prática clinica baseada em ensinos clínicos sobre a problemática das

Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS), as quais se incluem entre as

complicações mais frequentes da hospitalização, dado que a higienização das mãos é

considerada a medida de maior impacto na prevenção de IACS, e as mãos dos

profissionais de saúde o veículo mais comum na transmissão de microrganismos.

i. Domínio da investigação

A escolha do tema segundo Fortin (2009) é uma das etapas mais importantes para o

desenrolar de todas as etapas da investigação. O mesmo autor considera que o tema de

estudo é “um elemento particular de um domínio de conhecimentos que interessa ao

investigador e o impulsiona a fazer uma investigação tendo em vista aumentar os seus

conhecimentos” (2009, p. 67).

A mesma autora diz ainda que o tema de estudo “está frequentemente ligado a

preocupações clínicas, profissionais, comunitárias, psicológicas ou sociais” (Fortin,

2009, p.67).

O tema delineado para este estudo centra-se na “Perceção e Conhecimento dos

enfermeiros, sobre as Boas Praticas de Higienização das Mãos”.

A escolha do tema prende-se com o especial interesse pela área da lavagem das mãos no

controlo das IACS, enquanto competência transversal, e pelo interesse despertado

aquando da realização dos ensinos clínicos. Também, muito importante foi a

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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necessidade de aprofundar os conhecimentos acerca da temática e, naturalmente o

desenvolvimento de competências na realização de um trabalho de investigação

ii. Questão pivot e questões de investigação

Segundo Fortin (2009), uma questão de investigação é uma pergunta evidente que diz

respeito a um determinado tema de estudo que se tenciona analisar, tendo em vista o

desenvolvimento do conhecimento existente. É um enunciado claro e não obstante que

discrimina os conceitos analisados, especifica a população alvo e sugere uma

investigação empírica.

De acordo com Ribeiro (2010), a questão de investigação constitui o elemento

fundamental do início de uma investigação. O mesmo autor refere que o investigador,

previamente à realização da revisão bibliográfica, de modo a compreender o estado

atual dos conhecimentos sobre o tema em estudo, coloca uma questão, apoiando-se nas

observações e nas suas experiencias. O mesmo autor argumenta, que as questões de

investigação são as que preveem um processo científico capaz de fornecer

conhecimentos generalizáveis.

Deste modo, e tendo em conta o que foi exposto anteriormente, delineou-se para este

estudo a seguinte questão pivô: Qual a Perceção e o Conhecimentos dos enfermeiros,

sobre as Boas Praticas de Higienização das Mãos, num serviço de internamento de um

hospital privado do norte do país?”

A partir desta grande questão, foram elaboradas as questões pivot afim de

complementar o estudo e conduzir o decurso desta investigação. Como questões de

investigação definiram-se:

Q1: Qual a perceção e o conhecimento dos Enfermeiros, sobre a importância das Boas

Praticas Higienização das Mãos?

Q2: Quais as práticas de higienização das mãos reportadas pelos Enfermeiros?

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Q3: Quais os fatores que condicionam a conformidade dos Enfermeiros, às Boas

Praticas de Higienização das Mãos?

Q4: Qual a perceção da adesão dos Enfermeiros, às Boas Praticas de Higienização das

Mãos?

iii. Objetivos

Os objetivos da investigação encontram-se divididos em objetivo geral e objetivos

específicos, obtendo cada um deles significados e funções diferentes.

O enunciado de um objetivo de investigação deve indicar de forma clara qual o fim que

o investigador pretende. Nele, são especificadas as variáveis-chave, a população onde os

dados serão recolhidos e o verbo de ação que serve para orientar a investigação (Fortin,

2009).

Ribeiro (2010, p.34) afirma que os objetivos de investigação “(…) representam aquilo

que o investigador se propõe fazer para responder à questão de investigação (…)”.

Para refletir sobre o propósito da presente investigação e de forma a responder às

preocupações evidenciadas na temática em estudo definiu-se o seguinte objetivo geral:

“Avaliar a Perceção e o Conhecimento dos Enfermeiros sobre as Higienização das

Mãos”

Deste modo, os objetivos específicos delineados para este estudo são:

Caraterizar sociodemográfica e profissionalmente os Enfermeiros intervenientes;

Analisar a Perceção e o Conhecimento que os Enfermeiros têm sobre a

importância da Higienização das Mãos;

Identificar as práticas reportadas pelos enfermeiros sobre a higienização das

mãos;

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

19

Analisar os fatores que condicionam a conformidade dos Enfermeiros, à prática

de higienização das mãos;

Calcular a taxa de adesão à prática de higienização das mãos, percecionada pelos

Enfermeiros.

2. Revisão literatura

A revisão da literatura consiste num reagrupamento de trabalhos publicados

relacionados com um tema de investigação. Ela faz-se em todas as etapas da

concetualização da investigação; ela deve preceder, acompanhar e seguir o enunciado

das questões de investigação ou a formulação das hipóteses (Fortin, 2009).

A revisão inicial da literatura tem como objetivo reunir informação sobre a atualidade

de um tema, consultando diversas obras de referência (Fortin, 2009, p.89), ou seja,

identificar e localizar os estudos mais relevantes relacionados com o problema de

investigação (Coutinho, 2014).

Fortin (2009) declara, que a revisão da literatura é indispensável não só para definir bem

o problema, mas também para ter uma ideia precisa acerca do estado atual dos

conhecimentos sobre um dado tema, das suas lacunas e contribuição da investigação

para o desenvolvimento do saber. Esta pode ser mais ou menos abundante, segundo a

complexidade do tema.

Deste modo, procurando situar o estudo num contexto teórico e específico utilizou-se,

para tal, a literatura científica indexada nas bases de dados: repositório da Universidade

Fernando Pessoa e Centers of Disease Control and Prevention, utilizando-se as

palavras-chave: higienização das mãos, profissionais de saúde, saúde perceção e

conhecimentos, usando diversas combinações. Também se recorreu a livros e trabalhos

científicos nomeadamente artigos de revisão.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

20

i. Infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS)

As organizações de saúde, segundo Lima (2008), estão sujeitas a numerosas e mutáveis

influências, nomeadamente: demográficas e de mobilidade, económico-financeiras,

sociais e culturais, legislativas, tecnológicas e funcionais. Constata-se assim, que os

serviços de saúde, e os hospitais em particular, constituem organizações bastante

peculiares, concebidas quase exclusivamente em função das necessidades dos utentes,

na medida em que, embora constituam um espaço de normalizações e prescrições,

jamais poderão ser vistos como limitados a esse aspeto, uma vez que deve ser tida em

consideração a sua constante variabilidade.

Segundo o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção Associada aos

Cuidados de Saúde (PNCI), a Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS) “é uma

infeção adquirida pelos doentes em consequência dos cuidados e procedimentos de

saúde prestados, e que pode também afetar profissionais de saúde durante o exercício da

sua atividade” (DGS, 2007). Este conceito de IACS torna-se mais vasto relativamente à

designação de Infeção Nosocomial (IN) anteriormente citada, uma vez que este último

excluiu, por exemplo o ambulatório.

Assim sendo, a designação IACS refere-se a todas as unidades prestadoras de cuidados

de saúde, dando ênfase ao assegurar da comunicação e da articulação entre as diversas

unidades de saúde (cuidados primários, hospitalares e continuados), para a identificação

destas infeções a fim de se reduzir o risco de Infeção cruzada (Lima 2008). Não sendo

um problema novo, as IACS, assumem cada vez maior importância em Portugal e no

mundo, uma vez que, à medida que a esperança de vida aumenta e que se encontram ao

dispor tecnologias cada vez mais invasivas, bem como um maior número de doentes em

terapêutica imunossupressora, aumenta também o risco de Infeção (Silva, 2008).

Segundo a mesma autora, estudos internacionais revelam que cerca de um terço das

infeções adquiridas no decurso da prestação de cuidados são seguramente evitáveis.

A infeção nosocomial é definida como uma infeção adquirida num hospital ou noutra

instituição de saúde, por um doente internado que não se encontrava presente até á data

de admissão (Cardoso 2015). Sendo assim, uma infeção nosocomial geralmente torna-se

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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evidente 48 horas, ou mais após a admissão. Contudo, como o período de incubação

varia com o tipo de agente e, em certa medida, com a doença subjacente ao doente, cada

Infeção deve ser avaliada individualmente para se verificar se há evidência de

associação com o internamento hospitalar. Assim sendo, as infeções que se manifestam

mais de 48 horas depois do internamento costumam considerar-se nosocomiais (PNCI

2003).

Florence Nightingale e Ignaz Semmelweis, há mais de um seculo, ensinavam e

sugeriam que a assistência fosse desenvolvida de forma a inter-relacionar as vertentes

poder vital/vida e prevenção/contágio e, no entanto, no decorrer dos tempos, a vertente

poder vital/vida foi deixada à margem da assistência, tendo sido mais enfatizadas as

questões referentes à prevenção/contágio. Todavia grande parte dos profissionais

procedem desvalorizando os seus princípios, o que contribui para a alta incidência das

infeções hospitalares, ainda nos dias atuais (Carraro 2004).

Recentemente, introduziu-se o conceito de Infeção Associada aos Cuidados de Saúde

(IACS). De acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS) (2009), as IACS constituem

situações clínicas consequentes de reações orgânicas à presença de agentes infeciosos

ou de suas toxinas, sem que exista evidência de que a infeção esteja presente ou em fase

de incubação, no momento do internamento.

A Ordem dos Enfermeiros (OE,2013) define infeções associadas aos cuidados de saúde

(IACS), como sendo questões do âmbito da segurança do doente e a que todos dizem

respeito, meritórias não só da atenção dos profissionais de saúde, administradores,

gestores, governantes, mas da sociedade em geral. Estes eventos adversos constituem

uma importante causa de morbimortalidade, contribuem para o consumo acrescido de

recursos humanos, materiais, e concomitantemente elevam os custos de saúde.

As IACS são um dos principais receios no que diz respeito à segurança do doente e

prestação dos cuidados. Sendo assim, é um conceito alargado de infeção associada à

prestação de cuidados, onde quer que estes sejam prestados, independentemente do

nível de cuidados (Leça, Costa, Silva, Noriega & Gaspar, 2008). Tinoco (2014) É

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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necessário, para a prevenção e controlo, a utilização de medidas técnicas e

comportamentais, refletindo a qualidade dos cuidados prestados.

As IACS aumentam a morbilidade, mortalidade, duração da hospitalização e custos.

Estima-se que a nível mundial, diariamente, cerca de 1,4 milhões de doentes adquiram

infeções nos hospitais. Nos Estados Unidos da América (EUA) cerca de 5-10% dos

doentes hospitalizados desenvolvem infeção associada aos cuidados de saúde,

correspondendo a cerca de 2 milhões de IACS, a que se associa uma mortalidade

hospitalar de cerca de 100000 mortes anuais (Dias, 2010).

De acordo com dados recolhidos pelo CDC, as taxas de infeção hospitalar diferem tendo

em conta o país e instituição. Segundo os planos de prevenção implementados, cerca de

1,7% IACS aconteceram em instituições pequenas resultantes de internamentos curtos e

11% IACS em instituições maiores que prestam cuidados a doentes crónicos e por

consequência necessitam de períodos de internamento mais longos (Lima, 2008)

Estudos Realizados nos Estados Unidos pelo Centro de Controle de Doenças de Atlanta

(CDC), através do projeto SENIC – study on the Efficacy of Nosocomial Infection

Control, mostram que uma infeção hospitalar prolonga a permanência de um utente no

hospital em pelo menos 4 dias a mais do que deveria. (OLIVEIRA, A. R., 2012)

De acorde com Phipps, Sands e Marek (2010), cerca de 5% dos doentes internados

adquire IACS, atingindo um total superior a 2 milhões de hospitalizações por ano. Por

consequência estas aumentam a duração de internamento de 7,4 para 9,4 dias,

aumentando os custos dos cuidados.

O CDC estima que nos Estados Unidos da América, 2 milhões de pacientes adquiram

uma IACS todos os anos e que aproximadamente 100 mil desses morram. (PINA, E. [et

al.] 2014

GOULÃO, I. (2013), menciona que do total de IACS reportadas, as mais foram infeções

do trato respiratório (pneumonia 19,4% e infeção do trato respiratório inferior 4.1%),

infeção do local cirúrgico (19,6%), infeção urinária (19%) e infeção da corrente

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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sanguínea (10,7%). Cerca de 23% das IACS estavam presentes na admissão hospitalar

sendo que destas, 54,7% estavam associadas à presença prévia no mesmo hospital e

31,1% à presença noutro hospital.

Integrado no estudo europeu do European Center for Disease Prevention and Control,

foi efetuado um Inquérito de Prevalência de Infeção adquirida no Hospital e Uso de

Antimicrobianos nos Hospitais de Agudos (2013), entre a qual participaram 30 países

europeus, tendo sido selecionada uma amostra aleatória de 43 hospitais portugueses. A

taxa de prevalência média em Portugal e na Europa foi de 10,6% e 5,7%,

respetivamente. Este estudo evidenciou que a taxa de prevalência de IACS em Portugal

é mais elevada do que a média Europeia. Menciona ainda que a percentagem de IACS

na admissão foi de 23,1%, das quais 58,9% foram adquiridas no mesmo hospital, 27,4%

foram adquiridas noutro hospital e as restantes 13,6% a origem não foi esclarecida. Este

estudo alude também que a prevalência de IACS foi mais elevada na Unidade de

Cuidados Intensivos (24,5%), seguida dos serviços de reabilitação, serviços médicos e

cirúrgicos, sendo mais reduzida nos serviços de Psiquiatria, Obstetrícia, Ginecologia e

Pediatria, incluindo Neonatologia.

Ainda de acordo com o Inquérito de Prevalência de Infeção adquirida no Hospital e Uso

de Antimicrobianos nos Hospitais de Agudos integrando o estudo europeu do ECDC, as

IACS mais frequentes são as das vias respiratórias inferiores (29,3%), trato urinário

(21,1%), do local cirúrgico (18%), da corrente sanguínea (8,1%), gastrointestinais

(5,9%) e as da pele e tecidos moles (5%).

À medida que a esperança média de vida aumenta, o aumento de tecnologias cada vez

mais avançadas e invasivas, e do elevado número de doentes em terapêutica

imunossupressora, aumenta também o risco de infeção. Estudos revelam que cerca de

um terço das infeções adquiridas no decurso da prestação de cuidados são seguramente

evitáveis (Silva, 2008; Senna, 2010).

É um problema escondido, transversal que nenhuma instituição ou país ainda conseguiu

resolver. Em cada ano, centenas de milhares de doentes em todo o mundo são afetados

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por estas infeções, sendo considerado o evento adverso mais frequente durante a

prestação de cuidados, em todo o mundo (Pina et al., 2010).

A estadia prolongada dos doentes infetados nos hospitais constitui o fator que mais

contribui para os custos (Rodrigues, 2008). Ainda de acordo com o mesmo autor, uma

IACS, acresce em média, 5 a 10 dias ao período de internamento. Além disso, os gastos

relacionados com procedimentos diagnósticos e terapêuticos da Infeção nosocomial

fazem com que o custo seja elevado (Rodrigues, 2008).

Segundo CARDO [et al.] (2010) a eliminação é “a máxima redução de doença

infeciosa causada por um agente específico numa área geográfica definida como

resultados de esforços deliberados; ações continuadas para a prevenção do pré-

estabelecimento da doença são necessários”, assim sendo, o objetivo final é proteger o

paciente, o profissional de saúde e os visitantes.

A Higienização das Mãos (HM), o processamento dispositivos médicos e superfícies, e

até mesmo a utilização de equipamentos de proteção individual são algumas das

medidas bem descritas na literatura e consideradas eficazes na prevenção e controle das

infeções hospitalares (Senna, 2010).

A enfermagem tem uma grande responsabilidade na prevenção e controle das infeções

que através da formação continua e a partir da capacitação profissional, deve

conscientizar os outros profissionais da saúde para que os mesmos adiram às medidas

de controlo e prevenção das infeções, enfatizando-se a higienização das mãos como

uma norma a ser cumprida (Soares et al., 2012).

Deste modo torna-se imprescindível melhorar o desempenho dos diferentes

intervenientes no processo de doença. Os Enfermeiros, como parte integrante na

prestação de cuidados diários ao doente desempenham um papel fundamental na

prevenção e controle das infeções associadas aos cuidados de saúde.

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ii. As mãos como fator de transmissão das infeções associadas aos cuidados

de saúde

Historicamente, a higienização das mãos carateriza-se como importante medida na

prevenção das IACS, sendo considerada a medida crucial contra o desenvolvimento dos

microorganismos no âmbito hospitalar. Segundo Anvisa (2009), a higienização das

mãos é reconhecida mundialmente como uma medida primária e muito importante, no

controle de infeções relacionadas com os cuidados de saúde. Por esse motivo, tem sido

considerada como um dos pilares da prevenção e do controlo de infeções nos serviços

de saúde, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de microrganismos

multirresistentes.

Segundo evidências científicas e estudos realizados, estes alegam a pele como um

grande disseminador de microorganismos, tendo a contaminação dos profissionais de

saúde com diversos microrganismos, durante a realização dos procedimentos limpos, ao

tocar as superfícies junto do ambiente do doente ou mesmo na pele intata do doente

(Senna, 2010).

Vários processos têm sido desenvolvidos a partir dos estudos de Semmelweis, no intuito

de prevenir a contaminação dos doentes pelo contacto manual dos profissionais da

saúde, associado à produção de soluções industrializadas que procuram melhorar a

adesão à higienização das mãos durante os cuidados da saúde (Medeiros et al., 2012).

O veículo mais comum na transmissão de microorganismos de um doente para o outro,

de um local do corpo para outro e de um ambiente contaminado para o doente são as

mãos dos profissionais de saúde. Não obstante, existe uma debilidade na adesão ás boas

práticas, verificando-se que os profissionais de saúde higienizam as mãos menos de

metade das vezes que deveriam. E se pensarmos em situações de assistência a doentes

críticos nos quais existem graves limitações de tempo e a carga de trabalho é mais

elevada, o cumprimento das boas práticas possivelmente alcança apenas os 10% (OMS,

2009).

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As IACS evidenciam uma grande percentagem de morbilidade e mortalidade e a

higienização das mãos reflete ser uma medida de prevenção efetiva. Sendo realizada no

momento adequado é extraordinariamente importante, tanto por motivos estéticos, como

por constituir um indicador importante para a qualidade do atendimento que é factor

importante para os doentes e suas famílias e deve, assim, continuar a ser promovida em

todos os ambientes clínicos (Gold, Moralejo, Drey & Chudleigh, 2011).

Promover a prática da higienização das mãos de forma padronizada e abrangente,

contribui para a diminuição das IACS e para o controlo das resistências dos

microorganismos aos antimicrobianos, tendo como meta o aumento da adesão dos

profissionais de saúde à higienização das mãos (DGS, 2010).

Existem evidências substanciais que demonstram a correlação entre as boas práticas de

higiene das mãos e baixas taxas de IACS, sendo a higiene das mãos um importante

indicador de segurança e qualidade da assistência prestada em qualquer ambiente de

cuidados de saúde (OMS, 2009).

A higiene das mãos, a manipulação de artigos e superfícies, e até mesmo a utilização de

equipamentos de proteção individual como forma de respeitar as precauções universais,

são algumas das medidas descritas na literatura e consideradas eficazes na prevenção e

controle das infeções hospitalares (Pereira, Souza, Tipple & Prado, 2005).

Distingue-se a importância da higiene das mãos, como uma das precauções básicas e

comprovadamente uma das medidas de proteção ao doente mais legítima para a redução

e disseminação de infeções hospitalares (CDC, 2007).

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iii. Higienização das mãos

Desde 2009, a OMS apresenta como conceito de higienização das mãos o ato de limpar

as mãos com água, sabão ou antimicrobiano ou antissético. Sendo assim, a HM passa a

englobar atos como a degermação das mãos, a lavagem simples das mãos e antissepsia,

ampliando a denominação da HM. Estas são diferenciadas pela situação, indicação e

materiais utilizados (WHO 2009).

A higienização das mãos é uma medida de higiene pessoal e universal ensinada e

transmitida ao longo das gerações. De acordo com Anvisa (2007) é apontada como a

providências de maior impacto e de eficácia comprovada na prevenção de infeções,

inibindo a transmissão cruzada de microorganismos. Também segundo Sousa e Santana

(Anvisa 2007), é a medida individual mais simples e menos dispendiosa para a

prevenção e propagação de infeções relacionadas com os cuidados de saúde.

Sendo considerada como a ação isolada mais importante no controlo de infeções em

serviços de saúde, porém, isto não se traduz na adesão dos profissionais de saúde à

higienização das mãos, tendo sido objeto de estudo em diversas partes do mundo.

Segundo a DGS (2010), o termo higiene das mãos está definido como:

Termo geral que se aplica a qualquer um dos seguintes procedimentos: lavagem das

mãos com água e sabão (não antimicrobiano ou antimicrobiano), fricção das mãos com

solução de base alcoólica (SABA) e preparação pré cirúrgica das mãos, executada pela

equipa cirúrgica, e preparação pré-cirúrgica das mãos.

Segundo WHO (2009) a lavagem das mãos é apontada como o ato de limpar as mãos

com o uso de água e sabão na presença de sujidade visível e a fricção antissética é

designada como o uso de solução alcoólica para diminuir ou impedir o crescimento de

microorganismos, não havendo a necessidade do uso de água na ausência de sujidade

visível.

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A utilização simples de água e sabão pode reduzir a população antimicrobiana presente

nas mãos e, na maioria das vezes, interromper a cadeia de transmissão de doenças. A

aplicação de produtos antissépticos, em especial de agentes com base alcoólica, pode

reduzir ainda mais os riscos de transmissão, pela intensificação da redução microbiana

ou por favorecer um aumento na frequência de higienização das mãos (Santos, 2010).

O uso de soluções alcoólicas para a prática da HM demonstra uma grande eficácia na

eliminação de microorganismos, causando menor irritação/ressecamento das mão dos

profissionais e menos tempo para a realização do procedimento em comparação à

lavagem simples das mãos, sendo considerado como incentivo.

A importância desta prática faz com que os profissionais de saúde devam assumir o

compromisso de alertar os utentes, visitas, fornecedores e voluntários para a

importância desta prática, sendo da responsabilidade do órgão de gestão das unidades de

saúde, fornecer os produtos em quantidade e qualidade, dispondo-os nos locais

estratégicos e acessíveis a todos (DGS, 2010).

Segundo WHO (2009), são vários os motivos que podem levar os profissionais à não

adesão à HM, dividindo-se em fatores materiais, pessoais, sociais e institucionais. Os

fatores materiais dizem respeito à falta de suprimentos adequados para a higienização

das mãos e soluções que não provoquem irritação ou ressecamento da pele. A irritação

da pele constitui a principal razão apontada pela OMS para a baixa adesão dos

profissionais à HM (WHO, 2009)

Os fatores pessoais estão relacionados com a formação do profissional, o conhecimento,

a personalidade, a cultura e religião. Destacam-se as diferenças quanto às categorias

profissionais, aos níveis de conhecimentos, perceção de risco de transmissão de

microorganismos caso não realize a HM, e de beneficio para profissional e/ou paciente,

às situações de risco, em que as necessidades do paciente são admitidas como

prioridade, às distintas personalidades e, por fim, às divergentes relações entre

profissionais e paciente (Duggan et al, 2008; Erasmus et al 2009; Who, 2009).

Os fatores sociais referem-se à identidade social, preocupação com a opinião de outrem

e o papel da sociedade. O aspeto social mais comumente relatado refere-se à influência

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de profissionais mais experientes, que não aderem às recomendações de controlo de

infeção, influenciando os profissionais mais jovens (ERASMUS, 2009).

Por fim, os fatores institucionais tratam-se da sobrecarga de trabalho, recompensas e

aprovações e encorajamento de participação ativa em programas relacionados com a

higienização das mãos. Como consequência da sobrecarga de trabalho, estudos apontam

para uma relação entre os dias da semana e a variação na adesão À prática de HM,

sugerindo que o cansaço e a fadiga, presentes principalmente nos finais de semana,

contribuem para uma menos adesão (ERASMOS et al, 2009; WHO, 2009).

De acordo com as recomendações da OMS, a lavagem simples das mãos necessita de

um tempo de 40 a 60 segundos, observa-se que a fricção antissética das mãos pode ser

realizada com um terço à metade do tempo, ou seja, 20 a 30 segundos (ANVISA, 2009;

WHO 2009).

Lavagem das mãos com água e sabão

Apresenta como finalidade a remoção dos microorganismos que colonizam nas camadas

superficiais da pele, bem como o suor, a oleosidade e as células mortas. Este

procedimento destina-se às situações em que as mãos estão visivelmente sujas ou

contaminadas com matéria orgânica, antes e depois das refeições, após o uso das

instalações sanitárias e após a prestação dos cuidados aos doentes com Clostridium

difficile, A duração do procedimento deve ser de 60 segundos de higiene das mãos com

água e sabão comum ou com um antimicrobiano (DGS, 2010).

Higienização anti-séptica

Apresenta como finalidade a remoção dos microrganismos, reduzindo a carga

microbiana das mãos com a utilização de um antisséptico durante 60 segundos. A

técnica de higienização antisséptica é igual àquela utilizada para a higienização

simples das mãos, substituindo - se o sabão comum por um antimicrobiano (Anvisa,

2009).

Acrescenta aqui o que diz a DGS sobre esta lavagem

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Fricção das mãos com antisséptico (preparações alcoólicas)

Apresenta como finalidade a redução da carga microbiana das mãos, isto é não há

remoção da sujidade, consiste na aplicação de um antisséptico de base alcoólico para

fricção das mãos. Esta técnica aplica-se antes e depois de procedimentos

limpos/assépticos, desde que as mãos estejam visivelmente isentas de sujidade ou

matéria orgânica. O procedimento tem duração entre 15-30 segundos (Anvisa, 2009;

DGS, 2010).

A HM antissética poderá ser realizada com solução degermante, tendo uma duração que

pode chegar até aos 75,5 segundos, muito superior à fricção antissética com produto

alcoólico, todavia ambas as técnicas são capazes de reduzir a carga bacteriana de forma

semelhante. Sendo assim, a fricção antissetica com produto alcoólico é o método que

apresenta melhor relação de tempo e eficácia para os procedimentos frequentes ao

paciente (CHOW et al, 2012).

Preparação pré-cirúrgica das mãos

Consiste na preparação das mãos da equipa cirúrgica no bloco operatório, com a

finalidade de eliminar a flora transitória e de reduzir significativamente a flora

residente. Os antissépticos a utilizar devem ter uma atividade antimicrobiana com ação

residual, o procedimento demora entre 2-3 minutos (Anvisa, 2009; DGS, 2010). Para

prevenir a transmissão de microrganismos pelas mãos, três elementos são essenciais

para essa prática: agente tópico com eficácia antimicrobiana; procedimento adequado ao

utilizá-lo com técnica adequada e no tempo preconizado e a adesão regular ao seu uso,

nos momentos indicados (Rotter, 1996; Kawagoe, Anvisa, 2009; DGS, 2010).

Em termos de conclusão, adutores referem que se observa, que os profissionais, mesmo

tendo conhecimento sobre a importância da HM, os profissionais de saúde a realizam

com menor frequência e por um menor período de tempo do que o recomendado

(ALSUBAIE , 2013; EVEILLARD, 2011).

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iv. Quando proceder á higienização das mãos

Segundo a DGS (2011), a indicação é motivo pelo qual a higiene das mãos é necessária

num dado momento. É justificada pelo risco de transmissão de microorganismos de uma

superfície para outra. A indicação é formulada em relação a uma referência temporal:

“antes” ou “depois” do contacto. As indicações “antes” e “depois” não correspondem

obrigatoriamente ao início o fim da sequência de cuidados ou atividade. Ocorrem

durante movimentos entre áreas geográficas, durante transições entre tarefas, junto dos

doentes, entre doentes, ou a alguma distância entre doentes.

Segundo a circular normativa “Orientação de Boa Prática para a Higiene das Mãos nas

Unidades de Saúde” da DGS (2010), os Profissionais de Saúde(PS) devem proceder a

higienização das mãos de acordo com o modelo concetual proposto pela OMS,

designado por os “Cinco Momentos”, cumprindo, ainda, os princípios relativos às

técnicas adequadas a este procedimento e aos produtos a utilizar na higiene das mãos.

Segundo a mesma Circular Normativa, os profissionais de saúde devem assumir o

compromisso de alertar doentes, visitas, fornecedores e voluntários para a importância

desta prática, sendo da responsabilidade do Órgão de Gestão da Unidade de Saúde,

fornecer os produtos em quantidade e qualidade, dispondo-os nos locais estratégicos e

acessíveis a todos (DGS, 2010).

A higiene das mãos, na prática clínica, está indicada durante os “Cinco Momentos”

definidos pela OMS: (ANEXO)

1. Antes do contacto com o doente;

2. Antes de procedimentos limpos/assépticos;

3. Após risco de exposição a fluidos orgânicos;

4. Após contacto com o doente;

5. Após contacto com o ambiente envolvente do doente.

Independente da forma da HM, seu objetivo principal se fundamenta na redução da

carga microbiana das mãos dos profissionais, para assim diminuir a transmissão de

micro-organismos entre pacientes, profissionais, equipamentos e mobiliários, partindo

do pressuposto que as principais fontes de patógeneos no ambiente hospitalar são os

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pacientes colonizados e/ou infetados, os profissionais de saúde e os equipamentos e

mobiliários próximos ao paciente (DAMASCENO, IQUIAPAZA, OLIVEIRA, 2014;

HORAN; ANDRUS; DUDECK, 2008; LÓPEZ-CERERO, 2014; MARTINO et al,

2011).

Segundo a circular normativa “Orientação de Boa Prática para a Higiene das Mãos nas

Unidades de Saúde” da DGS (2010), para uma adequada implementação da prática da

higiene das mãos nas unidades de saúde é fundamental o cumprimento por parte dos PS

dos seguintes princípios:

Realizar a higiene das mãos no local e momento da prestação de cuidados de

saúde;

Utilizar adequadamente os produtos disponíveis (SABA e sabão);

Cumprir a técnica da higiene das mãos adequada ao procedimento;

Colaborar com o responsável pelo controlo de infeção na avaliação da

adesão á pratica da higiene das mãos e noutras atividades relacionadas com

esta prática ;

Proceder ao ensino ao doente, visitas, voluntariado e fornecedores sobre

higiene das mãos.

De forma otimizar as condições de higienização existem outros aspetos relevantes a

valorizar concomitantemente com a higienização das mãos, o PS devem manter as

unhas naturais, limpas e curtas; não usar unhas postiças ou de gel quando entrar em

contacto direto com os doentes, evitar usar anéis, pulseiras e outros adornos aquando da

prestação de cuidados, aplicar creme hidratante nas mãos, com frequência, para evitar

que a pele seque e grete.

Desde que as mãos estejam visivelmente limpas e/ou isentas de matéria orgânica, a

SABA deve ser a primeira escolha para a higiene das mãos e deve ser utilizada na

maioria dos procedimentos comuns na prestação de cuidados (DGS, 2010).

v. A Higienização das mãos e o uso de luvas

Desde 1990, com o conceito de precauções universais, que o uso de luvas deve fazer

parte integrante das medidas de prevenção das IACS. Preconiza-se que todo o

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profissional de saúde deve estar consciente da necessidade desta barreira de proteção

para doentes e profissionais de saúde, no entanto deve também ter presente que o uso

indevido das mesmas pode ser responsável pela transmissão de microrganismos (CCI,

2006).

Segundo PINA (2006) O uso de luvas tem como principais objetivos os seguintes:

Barreira de proteção contra a contaminação das mãos dos profissionais no

contacto com pele lesada e mucosas, com líquidos orgânicos como sangue,

secreções ou excreções;

Redução da transferência de microrganismos das mãos dos profissionais para os

doentes durante a prestação de cuidados;

Redução da possibilidade de contaminação das mãos dos profissionais no

manuseamento de materiais e equipamentos e transmissão entre doentes;

Proteção da pele contra riscos químicos, térmicos e/ou de radiações.

O uso de luvas não modifica as indicações para higiene das mãos e, sobretudo, não

substitui a higiene das mãos. Se apropriado, a indicação para higiene das mãos pode

implicar a remoção das luvas para efetuar a ação. O uso e luvas interferem com a

higiene das mãos por causa de gestos envolvidos. Estes gestos precisam ser fracionados

e integrados numa sequência obrigatória de gestos definidos pelas indicações para a

higiene das mãos e para o uso de luvas: higiene das mãos, colocar e retirar luvas.

Sempre que uma indicação de higiene das mãos coincida com o uso de luvas, ela deve

ser realizada imediatamente antes de colocar as luvas ou imediatamente depois da sua

remoção. Se necessário, as luvas devem ser retiradas e mudadas de modo a efetuar a

higiene das mãos. (…) Deve salientar-se que, se o uso de luvas impedir o cumprimento

da higiene das mãos no momento correto, então representa um fator de risco major na

transmissão de microorganismos para os doentes e disseminação para o ambiente de

prestação de cuidados de saúde. A higiene das mãos é indispensável para o uso de luvas.

Se não for possível aderir totalmente a este requisito, então é +referível preterir do uso

de luvas e promover uma ótima higiene das mãos no interesse da proteção do doente e

do ambiente da prestação de cuidados, desde que salvaguardada a proteção dos

profissionais. (DGS, 2011)

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Outro fator influente na proliferação de microorganismos são a humidade e a

temperatura da superfície cutânea das mãos que aumentam com o uso de

microorganismos.

vi. Estratégias para promover a adesão dos enfermeiros à Higienização das

Mãos

Ao longo do tempo, vário estudo tem sido realizado sobre a higienização das mãos, para

verificar a adesão dos profissionais a estas práticas, as causas para uma baixa adesão, as

estratégias de como aperfeiçoá-las, assim como as suas implicações na prevenção e

controlo das infeções.

Apesar de não haver dúvidas em relação a eficácia da higienização das mãos e da

simplicidade desta prática, uma baixa adesão à mesma tem sido refletida por diversos

estudos em todo o mundo. Estes têm demostrado que os profissionais da saúde além de

higienizar as suas mãos de forma rápida e com falhas frequentes, não atingem o nível

esperado. Segundo OMS (2009), a duração da técnica da HM varia de 6,6 a 30 segundos

e que na maioria das vezes tem sido a técnica de higienização simples das mãos com

água e sabão.

A HM poderá ter uma frequência de oportunidades bastante elevada tendo em conta o

número de cuidados, sendo assim a qualidade técnica utilizada pode estar comprometida

ocorrendo falhas. Estas falhas podem acarretar consequências como a transferência de

microrganismos de um doente para o outro, de um sítio anatómico para outro, na

sequência dos cuidados prestados no mesmo doente, e, ainda para o ambiente e

superfícies.

Estudos realizados e publicados sobre a taxa de adesão às práticas de HM pelos

profissionais de saúde, tem comprovado que apesar da existência de fortes evidências de

que a adequada higienização das mãos é uma das medidas mais importantes para a

redução da transmissão cruzada de microrganismos e das taxas de infeção hospitalar, a

adesão a esta prática permanece baixa entre os profissionais de saúde, com taxas que

variam de 5% a 81%, sendo, em média, oscila em torno dos 40%. (OMS, 2009)

Pesquisas apresentam variações entre as taxas de adesão reportadas sobre HM pelos

profissionais de saúde, apresentando valores entre 8% e 84,5% (ZOTTELE C. et al,

2017).

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Devido a estudos observacionais, estudos de prevalência e inquéritos epidemiológicos,

nos quais os profissionais apontam o porquê do não cumprimento das recomendações,

foram identificados alguns fatores que estão relacionados com a baixa adesão as práticas

de higienização das mãos. De acordo com a OMS (2009), alguns fatores de risco

identificados para a baixa adesão às recomendações dirigidas à HM são os seguintes:

ser médico; ser auxiliar de enfermagem; género masculino; trabalhar na unidade de

cuidados intensivos, UCI; trabalhar durante a semana e finais da semana; u0tilizar luvas

e aventais; realizar atividades com maior risco de transmissão dos microorganismos e

ter alto índice de atividade (número de oportunidades/hora de cuidados prestado ao

doente).

De outro modo, os fatores revelados pelos profissionais de saúde para explicar a baixa

adesão às práticas de higienização das mãos nomeadamente a higienização simples das

mãos com a água e sabão são a irritação e ressecamento das mãos, lavatórios não

acessíveis, em números insuficientes e mesmo mal localizadas, a falta de sabão, papel e

toalhas, excesso de atividades ou tempo insuficiente, ter o doente como prioridade, o

uso de luvas com crença de que usar as luvas não é necessário higienizar as mãos, a

falta de conhecimento sobre os protocolos e recomendações e a ausência dos modelos

de comportamentos entre os superiores ou entre as colegas; ceticismo a respeito da

importância da HM.

Neves (2009), menciona que estudos realizados demostram justificativas para a baixa

adesão que passam pela falta de motivação, irresponsabilidade, falta de consciência,

pouca importância ao fato da transmissão cruzada de microrganismos, ausência de

lavatórios próximas das camas, reações cutâneas nas mãos e falta de tempo. Também a

sobrecarga de trabalho e a rotina de assistência a vários pacientes são os principais

fatores que dificultam a boa prática da HM (Raimondi et al, 2017)

No entanto estudos têm demostrado, segundo (Correa, OMS, 2009)0 “o porquê e como

as pessoas mudam os seus comportamentos têm sido algumas das questões

fundamentais na prática dos profissionais envolvidos no controle de infeção”.

Unidades de Saúde” da DGS (2010), para que os profissionais cumpram a higiene das

mãos, os órgãos de gestão devem também ter em conta as seguintes orientações de

Portugal (2010), as quais aludem para : Atribuir prioridade institucional ao aumento da

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adesão à higiene das mãos; Promover a monitorização da adesão dos profissionais a esta

prática; Divulgar regularmente a informação de retorno aos profissionais sobre o seu

desempenho; Disponibilizar lavatórios adequados e colocados em locais estratégicos;

Fornecer SABA em todos os locais de prestação de cuidados; Fornecer sabão adequado

e creme hidratante para as mãos dos profissionais, de modo a minimizar a ocorrência de

dermatites de contacto associadas à higienização das mãos e fornecer produtos para

higiene das mãos alternativos aos profissionais com reações adversas aos produtos

utilizados na unidade de saúde. Devem ser designados profissionais com formação e

treino em controlo de infeção para implementar programas promocionais da prática de

higiene das mãos, com o objetivo de aumentar a adesão dos profissionais de saúde a

esta prática.

Ainda para contribuir para a minimização destas situações a DGS (2010:14), preconiza

que se deve “Disponibilizar aos profissionais de saúde produtos de higiene das mãos

eficazes e com baixo potencial de provocar irritação da pele.”. Pois sendo os

profissionais de saúde um grupo de risco para as dermatites profissionais, devido ao

uso constante de luvas, o frequente número de vezes que se higieniza as mãos, até ao

possível contacto com substâncias químicas”.

A mesma fonte, recomenda também a disponibilidade de loções ou cremes de mãos para

reduzir a ocorrência de dermatites de contacto associadas à lavagem/ desinfeção das

mãos do PS; a inclusão de informação sobre os cuidados com as mãos de modo a

reduzir o risco de dermatites de contacto ou outros tipos de lesões da pele nos

programas de formação para os profissionais; o fornecimento adequado de produtos de

higiene das mãos alternativos aos profissionais com alergias ou outras reações adversas

aos produtos que são utilizados na instituição (DGS, 2010).

Acrescenta ainda que as unidades de saúde devem definir uma política de utilização dos

produtos, evitando a sua duplicação (soluções alcoólicas versus sabão antimicrobiano)

para a antissepsia das mãos e a não combinação de produtos (sabão e solução

antisséptica de base alcoólica) concomitantemente (DGS, 2010).

As áreas potenciais de atuação para aumentar a adesão às práticas de higienização

das mãos referidas pela (WHO, 2006; Correa, OMS, 2009, p.84), são:

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

37

“ Educação dos profissionais de saúde focada em como, quando e porquê

realizar a higienização das mãos, com ênfase na repetição dos seus padrões

de comportamento na sociedade e no trabalho;

“ Motivação para que os profissionais de saúde exerçam as práticas

adequadas de higienização das mãos por meio de modelos de comportamento

adotados por seus colegas, superiores ou lideranças administrativas”

Segundo a OMS, essas áreas potenciais de atuação requerem um suporte contínuo da

administração dos serviços de saúde, tendo a higienização das mãos como prioridade

institucional.

MARTINO (2011) , refere a existência de indicativos em alguns estudos de que, para a

garantia da manutenção de taxas adequadas de adesão, as atividades devem ocorrer em

intervalos regulares, além de serem realizados esforços contínuos, incluindo reforço

constante do programa de educação, observação rotineira e feedback em níveis

individuais e organizacionais.

Ainda de acordo com Neves (2006), abordagem educativa tem demonstrado ser eficaz,

entretanto, não é recomendada a adoção de métodos conservadores ou tradicionais,

baseados apenas na transmissão de conhecimento, sugerindo a implementação de

estratégias inovadoras, como o envolvimento dos profissionais na definição das metas, a

fim de conseguir melhores resultados.

Nesta perspetiva as instituições de saúde devem estabelecer estratégias voltadas à maior

adesão do profissional à prática da HM como, reduzir a sobrecarga de trabalho dos

profissionais e aumentar os locais de higienização das mãos. Deve-se também realizar

ações educativas e a implementação de programas de educação permanente nas

instituições de saúde, sendo primordiais para incentivar e sensibilizar os profissionais

para a adesão de práticas que contribuem À prevenção das IACS, como a HM em todos

os momentos indicados pela OMS (RAIMONDI DC et al, 2017).

Também o uso de cartazes também tem sido amplamente recomendado, sendo reportado

por profissionais como importante incentivo para a realização da HM, funcionando

como lembretes no ambiente de trabalho, uma vez que devem se localizar em locais

estratégicos dentro das unidades assistenciais, lembrando os profissionais da

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

38

importância, técnica e momentos em que se deve realizar a HM (PICHEANSATHIAN;

PEARSON; SUCHAXAYA, 2008).

Os elementos chave para incentivar a adesão incluem a formação dos profissionais e

programas de motivação, adoção de produto para higiene das mãos à base de álcool

como critério de referência, utilização de indicadores de desempenho e forte

compromisso por parte de todos envolvidos no processo, tais como os gestores de topo,

os gestores intermédios e os prestadores de cuidados.

As estratégias de motivação dos profissionais para a higiene das mãos devem ser

multimodelares e multifacetadas e incluir formação e suporte dos superiores

hierárquicos para a implementação dos programas. A formação em serviço deve, ainda,

incluir informação sobre os cuidados a ter com as mãos de forma a reduzir o risco de

dermatites de contacto ou outros tipos de lesões da pele. (DGS, 2010)

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

39

II. Fase metodológica

A fase metodológica reporta-se ao conjunto dos meios e das atividades próprias para

responder às questões de investigação ou para verificar hipóteses formuladas no decurso

da fase conceptual (…) No decurso da fase metodológica, a atenção do investigador é

dirigida, principalmente para o desenho da investigação, a escolha da população e da

amostra, dos métodos de medida e da colheita de dados (Fortin, 2009).

Nesta fase pretende-se definir os métodos que se utilizará para a obtenção das respostas

às questões de investigação colocadas ou às hipóteses formuladas. É também nesta fase

que se define a população e se escolhe os instrumentos mais apropriados para efetuar a

colheita dos dados. A metodologia não é mais que um conjunto de métodos e de

técnicas que dirigem a realização do projeto de investigação científica (Fortin, 2009).

Quivy e Campenhoudt (2008), defendem que a fase metodológica corresponde a uma

fase de construção, sendo que esta só pode ser efetuada a partir de um sistema concetual

organizado, suscetível de exprimir a lógica que o investigador supõe estar na base do

fenómeno.

Neste capítulo serão apresentados o desenho de investigação, que inclui o tipo de estudo

utilizado, a definição da população-alvo, da amostra e do processo de amostragem, as

variáveis em estudo, os instrumentos de recolha de dados e o tratamento e apresentação

de resultados. Por fim irão ser descritos os princípios éticos.

1. Desenho de investigação

O desenho define-se como o conjunto das decisões a tomar para pôr de pé uma

estrutura, que permita explorar empiricamente as questões de investigação ou verificar

as hipóteses. O desenho de investigação guia o investigador na planificação e na

realização do seu estudo de maneira que os objetivos sejam atingidos (Fortin, 2009)

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

40

O termo desenho da pesquisa refere-se ao plano de ação ou estratégia criado para obter

informação que se deseja (Sampieri, 2013 p.140). De acordo com Freixo (2011, p. 188):

A cada tipo de estudo deve corresponder um método, procedimento ou desenho,

apropriado aos objetivos pretendidos e à natureza do problema, devendo especificar as

atividades que permitirão obter respostas fiáveis às questões de investigação ou às

hipóteses.

i. Meio

A definição de meio consiste num lugar onde se realiza um determinado estudo de

investigação, tratando-se este fora de um laboratório, ou seja, onde não existe controlo.

Este tipo de estudo é denominado por um estudo em meio natural (Fortin, 2009).

“Um meio, que não (…) o laboratório, toma frequentemente o nome de meio natural.”

(FORTIN, 2009, p.217).

Sendo assim, e de acordo com esta definição, este estudo de investigação foi realizado

em meio natural, sendo efetuada a colheita de dados no Hospital Privado do Norte do

país.

ii. Tipo de estudo

Uma pesquisa acarreta decisões importantes para o seu desenvolvimento, que se

relacionam com o tipo de investigação que se pretende realizar de forma a obter

resposta às questões e objetivos delineados.

Ribeiro (2010, p.51) diz que “o tipo de estudo permite recolher a informação necessária

do modo apropriado, com os procedimentos apropriados”.

Para este estudo, optou-se pela metodologia descritiva que tem como objetivo explorar

relações entre variáveis e descrevê-las. Neste tipo de estudo, o investigador pode estar

na presença de variáveis que podem ou não estar associadas entre si. Referindo ainda a

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

41

mesma autora (Fortin, 2009, p.244), “Nesta etapa do exame das relações entre variáveis,

são as questões de investigação que guiam o estudo e não as hipóteses”. Do mesmo

modo, não há razão para variáveis dependentes e independentes, neste tipo de estudo.

Para Freixo (2011, p. 107), a finalidade principal do método descritivo é “fornecer uma

caracterização precisa das variáveis envolvidas num fenómeno ou acontecimento.”.

O método de investigação utilizado foi o quantitativo. Segundo Lakatos (2008), este

carateriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de colheita de dados

quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.

Para Fortin (2009) a investigação quantitativa, tem como finalidade a descrição, a

verificação das relações entre as variáveis e, por fim, a examinação das mudanças

empregues na variável dependente após a manipulação da variável independente.

Em relação à dimensão temporal, o estudo é transversal pois, segundo Fortin (2009,

p.252), este serve para medir a frequência de um acontecimento ou de um problema

numa população em dado momento.

O estudo “Perceção e Conhecimento dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de

Higienização das Mãos, num serviço de internamento de um hospital privado do norte

do país,” enquadra-se neste âmbito, pois irá ser aplicado a uma determinada amostra,

por questionário, num determinado momento, retratando a situação num dado momento.

iii. População-alvo, amostra e processo de amostragem

Posteriormente à fase concetual o investigador deve definir a população e estabelecer os

critérios de seleção da mesma, determinando a amostra e o seu tamanho (Fortin, 2009).

Segundo Freixo (2011, p. 282) entende-se por população “o conjunto de todos os

sujeitos ou outros elementos de um grupo bem definido tendo em comum um ou várias

características semelhantes e sobre o qual assenta a investigação.”.

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42

Fortin (2009, p.311) define população como um conjunto de elementos (indivíduos,

espécies, processos) que têm características comuns. A população, objeto do estudo, é

chamada de “população alvo”, esta é formada por um conjunto de pessoas que

obedecem aos critérios de seleção definidos precocemente (Fortin, 2009, p.311).

Nesta investigação, a população em estudo são os Enfermeiros de um Hospital Privado

do Norte do país, num total de 46 enfermeiros.

Segundo Fortin (2009), a amostra é um fragmento de uma população sobre a qual se

incide o estudo, sendo representativa da mesma. Ainda segundo a mesma autora, a

amostragem é um processo pelo qual um grupo de pessoas ou uma porção da população

(amostra) é escolhido de maneira a representar uma população inteira, permitindo assim

estimar, de forma precisa, as características de uma população a partir da informação

obtida junto de uma amostra.

Segundo FREIXO (2011, p.182), uma amostra é “constituída por um conjunto de

sujeitos retirados de uma população, consistindo em a amostragem num conjunto de

operações que permite escolher um grupo de sujeitos ou qualquer outro elemento

representativo da população estudada.”

Para Coutinho (2014, p.89), a amostragem é o processo no qual é feita a seleção dos

indivíduos que participam no estudo.

Assim, o tipo de amostragem referente ao presente estudo denomina-se intencional, pois

é constituída tendo em presente um determinado critério, de acordo com o qual é

escolhido intencionalmente um grupo de elementos que constituirão a amostra. O

investigador dirige-se intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a

opinião, naquele preciso momento (Coutinho, 2014).

Não probabilística, porque tendo por base estas interpretações, a amostra selecionada

para este estudo baseou-se no método não probabilístico onde, segundo Coutinho (2014,

p.95), não é possível especificar a probabilidade de um sujeito pertencer a uma

determinada população.

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43

Neste sentido, a amostra é constituída por 27 enfermeiros, do Hospital Privado do Norte

do País.

De modo a tornar a investigação mais fidedigna é necessário estabelecer critérios de

inclusão, “os critérios de inclusão definem as caraterísticas dos participantes da

população-alvo relacionadas à questão de pesquisa (Hulley,2008.p.47).

Os critérios de inclusão em que nos baseamos para definir a amostra foram:

Enfermeiros de ambos os sexos;

Enfermeiros da prestação de cuidados que se encontram no serviço a trabalhar

pelo menos à 3 meses.

iv. Variáveis em estudo

Para efetuar a escolha de um método de colheita de dados, é necessário procurar um

instrumento de medida adequado às definições concetuais das variáveis em estudo

(Fortin, 2009).

De acordo com a Fortin (2009, p. 171), (…) as variáveis são as unidades de base da

investigação. Elas são qualidades, propriedades ou características de pessoas, objetos de

situações suscetíveis de mudar ou variar no tempo.

Para Fortin (2009, p.376), a variável dependente é “a variável influenciada pela variável

independente”. O mesmo autor refere que a variável independente se refere à “variável

manipulada pelo investigador com a finalidade de estudar os seus efeitos sobre a

variável dependente”.

As variáveis adquirem valores que podem ser medidos, manipulados ou controlados,

podendo ser classificadas, segundo o papel que exercem na investigação, como

independentes, dependentes, de investigação, atributos e estranhas (Fortin, 2009, p.171).

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44

De acordo com o problema formulado, a variável dependente é” Perceção e

Conhecimento sobre higienização das mãos”

As variáveis independentes consideradas pertinentes em relação ao estudo, integram as

variáveis de contexto:

Sociodemográfico (caracterização da unidade de saúde, caracterização do

serviço/departamento onde exerce funções e caracterização do profissional

v. Instrumento de recolha de dados

Segundo Coutinho (2014, p.105), todo e qualquer plano de investigação implica uma

recolha de dados originais por parte do investigador. Um instrumento é algo que

permite ao investigador “medir”, ou seja, “quantificar” o resultado do impacto de uma

variável independente sobre uma variável dependente (Coutinho, 2014, p.110).

Como não é possível medir-se diretamente os conceitos utilizados no estudo, estes

devem ser operacionalizados de forma a ser possível a sua avaliação. Assim, utilizam-se

instrumentos de colheitas de dados para reunir os dados que responderão ás hipóteses de

investigação (Fortin, 2003).

Segundo Freixo, (2011,p.191) a colheita de dados sistemática é efetuada, segundo um

plano pré-determinado, junto dos participantes com ajuda dos instrumentos de medida

selecionados

Para Fortin (2009), o investigador deve questionar-se se o instrumento que ele pensa

usar para a recolha de dados junto dos inquiridos é o mais conveniente para responder

às questões de investigação ou verificar as hipóteses.

Para a realização desta investigação, foi eleito o questionário como instrumento de

recolha de dados. Para proceder à recolha dos dados pode utilizar-se um questionário já

existente ou a realização de um novo questionário por parte do investigador (Fortin,

2009, p.380).

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45

Para Fortin (2009,p. 380):

O questionário é um instrumento de colheita de dados que exige dos participantes

respostas escritas a um conjunto de questões (…) O questionário tem por objetivo

recolher informação fatual sobre os acontecimentos ou situações conhecidas, sobre

atitudes, crenças, conhecimentos, sentimentos, opiniões (…) Os questionários tanto

podem conter questões fechadas como questões abertas. Os participantes devem limitar-

se a responder às questões apresentadas e não têm possibilidade de as mudar nem de

precisar o seu pensamento. As questões são apresentadas numa ordem lógica e os

enviesamentos são quase impossíveis.

Neste estudo optou-se pela utilização do questionário da Direção Geral de Saúde

intitulado: “Perceção e Conhecimentos dos Profissionais de Saúde sobre a Higiene das

Mãos e as suas Implicações na Infeção Associada aos Cuidados de Saúde”.

O questionário a utilizar neste estudo (anexo I) está organizado em duas partes,

nomeadamente:

Na parte inicial, encontra-se uma breve introdução que apresenta o tema em estudo, os

objetivos e as notas explicativas sobre o preenchimento do questionário.

Posteriormente, aborda-se a confidencialidade do estudo, bem como a importância da

colaboração, de cada participante, na investigação.

A parte inicial visa a caracterização da unidade de saúde (Hospital/Unidade de Cuidados

Continuados/Outros), a caracterização do serviço/departamento onde o profissional

exerce funções (qual o serviço), e, por fim, a caracterização do profissional (género,

data de nascimento, e profissão, sendo de salientar que a amostra será apenas de

enfermeiros). A segunda parte, é constituída por 22 questões relativas a perceção dos

enfermeiros relativamente às práticas de higiene das mãos. Por fim, a parte II é

constituída por 6 questões de escolha múltipla e verdadeiras e falso, relativas aos

conhecimentos sobre as práticas de higiene das mãos.

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46

O Pré-teste é realizado com o intuito de verificar a validade, fidedignidade e

operacionalidade do instrumento de pesquisa (questionário), e de modo a testar se é

adequada a sua utilização como instrumento de pesquisa, deve ser aplicado um pré-

teste.

Fortin (2009, p.386) descreve o pré-teste como “(…) a prova que consiste em verificar a

eficácia e o valor do questionário junto de uma amostra reduzida (entre 10 a 20 pessoas)

da população alvo.”. Lakatos (2007, p.32),refere que o “ (…) pré-teste pode ser aplicado

mais de uma vez, tendo em vista o seu aprimoramento e o aumento da sua validez”.

Caso sejam feitas alterações importantes, impõe-se um segundo pré-teste (Fortin, 2009)

Neste estudo não houve necessidade de efetuar nenhum pré-teste porque os

questionários utilizados, como instrumentos de recolha de dados, já tinham sido testados

em estudos anteriores, na realidade portuguesa.

vi. Tratamento e apresentação dos dados

O método de análise deve ser oportuno tendo em conta os objetivos e o desenho do

estudo quer este vise descrever relações ou verificar relações entre as variáveis ou

comparar o grupo. (Fortin, 2009).

O tratamento estatístico é crucial em qualquer trabalho de pesquisa, na medida em que

nos permite atribuir uma significação aos dados obtidos pela aplicação do instrumento

da colheita de dados. Para Fortin (2009,pág.27), “a análise estatística dos dados e a

apresentação dos resultados estatísticos necessitam, evidentemente, de um bom

conhecimento dos princípios de base da estatística”.

Após a seleção do instrumento de colheita de dados e tendo em conta as suas

características será elaborada uma base de dados para a análise dos mesmos. Estes serão

submetidos a análises para dar resposta às questões levantadas. Deste modo serão

analisados pelo método estatístico utilizando programas de estatística descritiva

simples, com a respetiva análise de frequências (Fortin, 2009).

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47

O método de tratamento de dados utilizado neste estudo foi executado através do

Microsoft Office Excel 2007. Os dados serão apresentados sobre forma de tabelas e

gráficos para melhor compreensão e organização dos dados.

Os dados serão codificados, transferidos para uma matriz e salvos em um arquivo para

que o pesquisador possa começar a analisar Sampieri (2013).

Segundo Fortin (2009) as estatísticas descritivas permitem descrever os valores obtidos

pela medida de variáveis servindo para caracterizar as relações entre duas ou mais

variáveis.

2. Salvaguarda dos Principio Éticos

Em qualquer investigação realizada em seres humanos são levantadas questões morais e

éticas. (Fortin, 2009).

Para a mesma autora, antes de se proceder à colheita dos dados propriamente dita,

devem ser efetuadas certas diligências, que comportam a obtenção de autorização para

realizar o estudo em determinado estabelecimento, a aprovação da comissão de ética da

investigação do estabelecimento em questão, a preparação dos inquiridos, as decisões

no que toca ao desenrolar da colheita de dados, a persistência e o controlo da colheita da

informação e, por fim, a avaliação dos potenciais problemas.

Neste estudo tentar-se-á defender os cinco princípios ou direitos fundamentais

aplicáveis aos seres humanos, determinados pelo código de ética. São eles:

O direito à autodeterminação baseia-se no princípio ético do respeito pelas

pessoas, segundo o qual qualquer pessoa é capaz de decidir por ela própria e

tomar conta do seu próprio destino” (Fortin, 2003, p.116).

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48

O direito à intimidade faz referência à liberdade da pessoa de decidir sobre a

extensão da informação a dar ao participar numa investigação e a determinar em

que medida aceita partilhar informações íntimas e privadas” (Fortin, 2003, p.117).

O direito ao anonimato e à confidencialidade é respeitado se a identidade do

sujeito não puder ser associada às respostas individuais, mesmo pelo próprio

investigador. Os resultados devem ser apresentados de tal forma que nenhum dos

participantes num estudo possa ser reconhecido nem pelo investigador, nem pelo

leitor do relatório de investigação. (…) (Fortin, 2003, p. 117).

O direito à proteção contra o desconforto e prejuízo corresponde às regras de

proteção da pessoa contra inconvenientes suscetíveis de lhe fazerem mal ou de a

prejudicarem” (Fortin, 2003, p. 118).

O direito a um tratamento justo e equitativo “refere-se ao direito de ser

informado sobre a natureza, o fim e a duração da investigação para o qual é

solicitado a participação da pessoa, assim como os métodos utilizados no estudo”

(Fortin, 2003, p.119).

A fim de salvaguardar o direito à individualidade, liberdade, segurança, bem-estar,

respeito e dignidade de cada sujeito que participou no estudo, a realização deste teve em

conta todas as etapas e critérios éticos inerentes a qualquer investigação rigorosa e

fidedigna. Foi elaborada uma nota explicativa relativa ao tema em estudo, seus objetivos

e finalidades, que consta do instrumento de recolha de dados (anexo I). Também é

mencionado o direito á livre participação, ao anonimato e salvaguarda dos dados.

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49

III. Fase Empírica

Numa investigação os dados reunidos precisam de ser organizados e analisados e, como

na maioria das vezes tomam uma forma numérica, procede-se à sua análise estatística

(Coutinho, 2014, p.151).

Após a recolha dos dados, é necessário organizá-los tendo em vista a sua análise

(Fortin, 2009, p.57). Para a mesma autora (Fortin, 2009, p.495), “É conveniente

apresentar os resultados da análise dos dados em quadros e figuras, porque estes dão

uma informação clara e concisa.”.

Relativamente ao tipo de estudo presente nesta investigação, Fortin (2009) refere ainda

que, na interpretação dos resultados, o investigador deve apenas descrever as relações

entre as variáveis e não se inquietando a fazer predições nem estabelecer relações de

causalidade.

Recorreu-se à estatística descritiva, tendo procedido ao calculo de frequências absolutas

e percentuais, algumas medidas de tendência central ou de localização, como o cálculo

de médias, de acordo com as caraterísticas das variáveis em estudo.

Perante estas considerações, inicia-se o capítulo seguinte com a apresentação e análise

dos resultados

1. Apresentação, análise, interpretação e discussão dos dados

A quando da apresentação dos resultados obtidos, Fortin (2009), alude que deve ser

feita inicialmente uma descrição da amostra, referindo o número de participantes e as

suas características sociodemográficas (género, idade, situação profissional,

escolaridade, estado civil.).

Relativamente à faixa etária, esta apresenta uma média de 29 anos, com idades que

oscilam entre um mínimo de 22 anos e um máximo de 37 anos. Pela análise do gráfico

1, constata-se no que o grupo mais representado é do sexo feminino com 82%,

correspondendo a 22 elementos, e 18% do sexo masculino, correspondendo a 5

elementos. No último anos, de acordo com o estudo de Rissardo e Gasparino (2013),

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50

tem-se observado um aumento no número de homens, mas, ainda assim, a enfermagem

é considerada, pela sociedade, uma profissão predominantemente feminina.

Gráfico I - Distribuição da amostra segundo a variável sexo.

No seguimento da caraterização da amostra, serão apresentados os resultados das

respostas obtidas às questões colocadas aos enfermeiros através do questionário

“Perceção e Conhecimentos dos Profissionais de Saúde sobre a Higiene das Mãos e as

suas implicações na infeção associada aos cuidados de saúde”. De salientar que estas

respostas dizem respeito aos 27 enfermeiros que responderam ao questionário.

Em relação à questão “Recebeu formação sobre higiene das mãos”, a maioria dos

inquiridos (93%) respondeu que sim, enquanto apenas 7% respondeu que não tinha

recebido formação acerca da HM. De acordo com um estudo de Tinoco (2014), 88%

dos profissionais de saúde tinham recebido formação sobre HM, isto leva a crer que

cada vez mais existe uma necessidade por parte da instituição e dos gestores da mesma,

em facilitar formações, de modo a aumentar o conhecimento dos profissionais

nomeadamente na HM, como também na monitorização desta prática em conformidade

com o protocolo definido pela OMS.

18%

82%

Masculino Feminino

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

51

Gráfico II - Distribuição da amostra segundo a questão “Recebeu formação sobre

HM?”

Quanto à questão “Está disponível na sua Instituição a solução anti-sética de base

alcoólica (SABA) para a higiene das mãos?”, 100% da amostra respondeu que sim.

Segundo Randle & Clarke (2011), não havendo a disponibilidade de recursos, a taxa de

IACS também não irá diminuir, mesmo que se façam avisos de melhoria ou a aplicação

de sanções a profissionais No que concerne à pergunta “ Desde há quanto tempo utiliza

SABA para a higiene das mãos no seu hospital”, 7% dos inquiridos referiu a Utilização

de SABA à menos de 1 ano, 41% entre 1 e 5 anos e 52% a mais de 5 anos, o que

significa que a maioria dos enfermeiros desta unidade se encontram sensibilizados para

a utilização de SABA.

Durante a presente investigação procurou-se saber quais os principais motivos

apresentados pelos enfermeiros e que condicionam, segundo eles, a adesão à prática da

higiene das mãos com anti-sético, 85% dos profissionais responderam que não

apresenta dificuldades em utilizar SABA para a HM, enquanto apenas 15% (4)

manifestam algum tipo de dificuldade. Destes 15%, conforme se pode verificar no

gráfico nº III sobre a dificuldade na utilização de antissético, 25% dos inquiridos

responderam que raramente se devia a esquecimento e 75% que nunca se devia ao

7%

93%

Não Sim

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

52

esquecimento. Em relação À falta de tempo, 25 % da amostra respondeu

frequentemente, 50% raramente e 25% nunca. Quanto à pele lesada 25% respondeu

sempre, 50% frequentemente e 25% quase sempre. Concluindo, a maior dificuldade dos

enfermeiros para a não adesão à utilização de anti-sético é devido à pele lesada. Com

este resultado demonstrou-se que os enfermeiros toleram a SABA muito bem, estando

consciencializados para uma boa adesão à HM, segundo as recomendações da OMS.

Segundo o relatório da DGS – Campanha Nacional de Higiene das Mãos (2010-211),

facultado pelo Ministério da Saúde, revela que em 2009, 82% dos hospitais portugueses

registaram taxas de adesão dos profissionais a esta prática superior a 50%.

Gráfico III - Distribuição da amostra segundo a dificuldade na utilização de

antissético.

No que diz respeito à questão “ Qual é, no seu entender, a percentagem de doentes

internados que desenvolvem uma IACS?”, os enfermeiros entenderam que 37% dos

doentes internados desenvolvem uma IACS no futuro. No parecer dos enfermeiros a

percentagem de adesão dos colegas à adesão á HM é de 84%, assim como adesão

individual teve uma média de 89%. Pode-se inferir que existe uma grande sensibilização

dos enfermeiros na adesão a esta prática.

0% 0% 0%

25%

75%

0%

25%

0%

50%

25% 25%

50%

25%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sempre Frequentemente Quase Sempre Raramente Nunca

Esquecimento Falta de Tempo Pele Lesada

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

53

Relativamente à questão “Como avalia o esforço que despende para uma higiene das

mãos adequada quando cuida dos doentes?”, a maioria dos profissionais de saúde

considera que o esforço gasto é elevado (48%), 15% classificam esse esforço como

muito elevado, existindo apenas 4% que avaliam o seu esforço em baixo. Este resultado

encontra-se em concordância com o estudo de Tinoco (2014) que refere que 43% dos

profissionais classificam o esforço despendido para uma correta HM de elevado e

apenas 7% avaliam o seu esforço em baixo ou muito baixo. Dados da DGS relatam uma

taxa de adesão nacional à prática da HM em 2013, por parte dos enfermeiros, de 78%.

Acerca da questão “Na sua opinião, qual o impacto de uma infeção associada aos

cuidados de saúde no prognóstico do doente?”, 41% dos enfermeiros consideram que

as IACS apresentam um impacto elevado no prognóstico do doente, 22% relativamente

elevado, 15% muito elevado e apenas 8% baixo e relativamente baixo. Outros estudos

internacionais consideram a segurança do doente como prioridade, argumentando que

em cada cem doentes internados, 10 são consequentes de eventos adversos, dos quais

45% são considerados evitáveis (Vargas e Recio, citados por Edite Silva, 2013).

Em relação à questão “Na sua opinião, qual o impacto da eficácia da higiene das mãos

na prevenção da infeção associada aos cuidados de saúde?” todos os inquiridos

afirmam ter um impacto bastante importante na HM, compreendendo respostas entre

relativamente elevado (7%), elevado (15%) e muito elevado (78%).

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

54

4% 4%

14%

22%

41%

15%

0% 0% 0%

7%

15%

78%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Baixo Relativamente

Baixo

Normal Relativamente

Elevado

Elevado Muito Elevado

Impacto das IACS no prognóstico do doente.

Impacto da eficácia da HM na prevenção de IACS.

No que concerne a questão “Que importância é atribuída pelo seu chefe ao seu correto

desempenho na higiene das mãos?”, 37% dos enfermeiros consideram que o chefe do

serviço dá elevada importância, 33% de muito elevada e 26% de relativamente elevada,

apenas 4% afirmam uma importância relativamente baixa atribuída pelo chefe à HM..

Em relação à importância atribuída pelos colegas à correta HM 44% atribuíram de

importância elevada, 33% muito elevada e 19 % relativamente elevada. E por fim,

quanto à importância atribuída pelos doentes à correta HM, os enfermeiros 30 %

responderam que os doentes dão uma importância relativamente elevada ao facto do

enfermeiro realizar uma excelente HM, 26% atribuem uma importância elevada, 7%

importância baixa e apenas 3% considera que os doentes dão uma importância muito

elevada à correta HM.

Gráfico IV - Distribuição da amostra segundo as questões “Na sua opinião, qual o

impacto de uma infeção associada aos cuidados de saúde no prognóstico do

doente?” e “Na sua opinião, qual o impacto da eficácia da higiene das mãos na

prevenção da infeção associada aos cuidados de saúde?”

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

55

Gráfico V - Distribuição da importância atribuída pelo chefe, colegas e doentes à

correta higienização das mãos.

Quanto à questão “ Na sua opinião, qual o grau de prioridade dado à higiene das mãos

pelo órgão de gestão, relativamente a outras áreas na sua Unidade de Saúde?”, pode-

se verificar na tabela I que 37% dos enfermeiros consideram ter uma prioridade

relativamente elevada, 22% afirmam ser uma prioridade muito elevada, 14%

responderam ser de prioridade elevada, enquanto na opinião de 4% dos inquiridos

consideram de prioridade baixa. Salienta-se a necessidade da envolvência do chefe/líder

do serviço ou do enfermeiro especialista na monitorização das práticas, no

aprimoramento, na educação e sensibilização dos profissionais para a melhoria

contínua.

0% 0%

4%

0%

26%

37%

33%

0% 0% 0%

4%

19%

44%

33%

0%

7%

15%

19%

30%

26%

3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Muito Baixo Baixo Relativamente

baixo

Normal Relativamente

Elevado

Elevado Muito Elevado

Importância atribuída pelo chefe à correta HM.

Importância atribuída pelos colegas à correta HM.

Importância atribuída pelos doentes à correta HM.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

56

Qual o grau de prioridade dado à HM pelo

órgão de gestão, relativamente a outras áreas de

saúde.

Nº %

Muito Baixo 0 0%

Relativamente Baixo 1 4%

Baixo 1 4%

Normal 5 19%

Relativamente Elevado 10 37%

Elevado 4 14%

Muito Elevado 6 22%

Total 27 100%

Tabela i - Distribuição da prioridade dada a HM pelo Órgão de Gestão.

Em relação à questão “ Na sua opinião, qual o nível de eficácia das seguintes ações para

aumentar a adesão à higiene das mãos no seu hospital?”, esta foi subdividida em 8

perguntas que irão ser abordadas individualmente. O gráfico V representa as 4 primeiras

perguntas, enquanto o gráfico VI representa as restantes 4 perguntas.

Sobre a opinião dos enfermeiros em relação à importância da higienização das mãos

respondendo à questão “Os gestores na sua instituição apoiam e promovem a higiene

das mãos?” 33% dos enfermeiros consideram que os gestores apoiam e promovem a

HM de uma forma moderada, 30% responderam que a atuação dos gestores é eficaz,

enquanto 11%dos enfermeiros consideram pouco eficaz a promoção da prática da HM

por parte dos gestores. De acordo com Silva (2013) 50% dos enfermeiros são da opinião

que os gestores e chefias promovem a HM e apenas 10,5 consideram uma ação pouco

eficaz.

No que se refere a questão “ A Instituição de Saúde, disponibiliza solução alcoólica em

cada local de prestação de cuidados.”, grande maioria dos enfermeiros, 59%, afirmam

que a presença de SABA em cada local de prestação de cuidados é muito eficaz, 30%

considera moderadamente eficaz e apenas 4% afirmam ser uma ação pouco eficaz.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

57

O que concerne à questão “A colocação de cartazes sobre higiene das mãos nos locais

de prestação de cuidados, que funcionem como lembretes”, 45% dos enfermeiros são

da opinião que é de moderada eficácia e 26% afirma ser muito eficaz, apenas 7%

considera ser de pouca eficácia.

Relativamente à questão “o profissional de saúde recebe formação e treino sobre

higiene das mãos.”, 37% dos enfermeiros são da opinião que é uma ação de moderada

eficácia e muito eficaz, 22% afirmam ser eficaz, enquanto apenas 4% considera ser uma

ação pouco eficaz.

Gráfico VI - Distribuição da amostra segundo o nível de eficácia de ações para

aumentar a adesão à HM.

No que diz respeito à questão ”O profissional de saúde recebeu instruções claras e

simples sobre a higiene das mãos.”, 48% dos enfermeiros entendem como uma ação

moderadamente eficaz, 33% como muito eficaz e apenas 19% considera ser uma ação

com pouca eficácia.

11%

30% 33%

26%

4% 7%

30%

59%

7%

22%

45%

26%

4%

22%

37% 37%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Eficaz Pouco eficaz Moderamente Eficaz Muito Eficaz

Os Gestores apoiam e promovem a HM.

A instituição disponibiliza SABA em cada local de prestação de cuidados.

Colocação de cartazes

O profissional recebe formação e treino.

Pouco eficaz Eficaz

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

58

Relativamente à questão “o profissional de saúde recebe regularmente informação

sobre a sua adesão à higiene das mãos.”, grande maioria dos enfermeiros (52%)

considera esta ação como moderadamente eficaz e 19 % é da opinião que é muito

eficaz, contudo 7% dos inquiridos afirma ser uma ação ineficaz.

A respeito da questão “O seu correto desempenho na higiene das mãos como referência

para o desempenho dos colegas.”, grande maioria dos inquiridos (52%) considera ser

uma ação de moderada eficácia e 22% afirma ser uma ação muito eficaz.

No que concerne à questão “Os doentes são convidados a relembrar os profissionais de

saúde sobre a higiene das mãos.”, a opinião de 11% dos enfermeiros iguala-se em

ineficaz e eficaz, enquanto que apenas 20 % considera ser ação muito eficaz.

Segundo o estudo de Barbosa (2010), os recursos físicos, humanos e financeiros são

frequentemente disponibilizados, aumentando a adesão à prática da HM, através de

intervenções educacionais, distribuição de cartazes informativo, palestras, entre outros.

Gráfico VII - Distribuição da amostra segundo o nível de eficácia de ações para

aumentar a adesão à HM.

0% 0% 0% 0%

19%

48%

33%

7%

0% 4%

7% 11%

52%

19%

0% 0% 0%

11% 15%

52%

22%

11% 11% 11% 11%

19% 19% 20%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Ineficaz Moderamente

Ineficaz

Pouco

Ineficaz

Eficaz Pouco Eficaz Moderamente

Eficaz

Muito Eficaz

Profissional recebeu instruções claras e simples sobre HM.

O profissional de saúde recebe regularmente informações sobre a sua adesão à HM.

O correto desempenho na HM como referência para o desempenho dos colegas.

Os doentes são convidados a relembrar os profissionais sobre a HM.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

59

De seguida irão ser expostos os resultados da parte II do questionário, dizendo respeito

acerca dos conhecimentos sobre as práticas de higiene das mãos.

Como se pode verificar no gráfico VII, relacionado com a questão “Qual é a principal

via de transmissão cruzada de microorganismos entre doentes numa unidade de

prestação de cuidados”, grande parte dos inquiridos (85%) afirmam que as mãos dos

profissionais são a principal via de transmissão cruzada de microorganismos, contudo

7% e 8%, respetivamente, consideram a principal via de transmissão a exposição de

doentes a superfícies colonizadas e a partilha de material/equipamento.

Este resultado está concordante com a DGS (2010) que refere que a lavagem das mãos

no conjunto das precauções básicas, constitui a medida mais relevante na prevenção e

controlo de infeção.

Gráfico VIII - Distribuição da amostra segundo a principal via de transmissão de

microorganismos entre doentes.

Relativamente à questão “Qual a fonte mais frequente de microorganismos

responsáveis pelas infeções associadas aos cuidados de saúde?”, grande parte dos

inquiridos (59%), consideram os doentes como a fonte mais frequente responsável pelas

IACS, enquanto, 22% afirma ser as superfícies e 19% o ar.

85%

7% 8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Mãos dos

Profissionais

Exposição de

doentes a

superficies

colonizadas

Partilha de

material e

equipamento

Qual a principal via

de trnasmissão de

microorganismos

entre doentes numa

unidade de prestação

de cuidados.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

60

Gráfico IX - Distribuição da amostra segundo a fonte mais frequente de

microorganismos responsáveis pelas IACS.

No que concerne a questão “Qual o tempo mínimo necessário para a SABA reduzir a

flora microbiana das suas mãos?”, 74% dos enfermeiros afirma ser de 20 segundos

enquanto que 11% dos inquiridos divide as suas opiniões entre 1 minuto e 10 segundos,

apenas 3% dos enfermeiros respondeu 3 segundos.

Gráfico X - Distribuição da amostra segundo o tempo necessário para SABA

reduzir a flora microbiana.

Relativamente às questões ”A fricção anti-sética tem de abranger toda a superfície de

ambas as mãos” e “Pode secar as mãos numa toalha reutilizável a seguir à fricção

19%

59%

22%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Ar Doentes Superficies

Qual a fonte mais

frequente de

microorganismos

responsaveis pelas

IACS.

74%

4%

11% 11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

20

segundos

3

segundos

1 minuto 10

segundos

Qual o tempo

necessário para a SABA

reduzir a flora

microbiana

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

61

anti-sética?”, 100% dos enfermeiros afirmam ser verdadeiro, bem como 100%

consideram ser falsa, respetivamente. A respeito da questão “As mãos têm que estar

secas antes da técnica.”, 82% dos enfermeiros são da opinião que a afirmação é

verdadeira e apenas 18% considera a afirmação falsa. É de salientar que estas questões

apenas dizem respeito à técnica da higiene das mãos com solução alcoólica.

Gráfico XI - Distribuição da amostra segundo a técnica da higienização anti-sética

das mãos.

Em relação à questão “ Quais das seguintes situações devem ser evitadas na prestação

de cuidados.”, 100% dos enfermeiros afirmam que devem ser evitadas a utilização de

joias, lesões na pele e unhas postiças, contudo, quanto a aplicação regular de creme nas

mãos, 78% dos inquiridos é da opinião que não deve ser evitada durante a prestação de

cuidados e 22% considera que deve ser evitada.

100%

82%

0% 0%

18%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

A fricção anti-sética tem que

abranger toda a superficie da

pele.

As mãos têm que estar secas

antes da técnica

Pode sercar as mãos numa

toalha reutilizável a seguir à

fricção anti-sética

VERDADEIRO FALSO

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

62

Como podemos verificar no gráfico XIII, relativamente a afirmação “antes de proceder

ao registo do utente”, a opinião dos enfermeiros encontrou-se bastante dividida, sendo

que 41% dos inquiridos respondeu fricção com SABA, 33% respondeu nenhuma e 26%

respondeu lavagem. Após o enfermeiro proceder à punção do doente, antes de inserir

parâmetros no monitor ou realizar qualquer outro procedimento, estes deveriam

higienizar as mãos e só depois executar a tarefa seguinte, pois só assim o profissional de

saúde e o ambiente de prestação de cuidados estão protegidos.

No que concerne à afirmação “Antes de tocar no doente”, a maior parte dos inquiridos

(82%) afirma que se deve realizar fricção com SABA, enquanto 18% dos enfermeiros

considera a lavagem como resposta. Segundo Carmo (2013), os enfermeiros aderiram

em 66% à lavagem das mãos antes de entrarem em contato com o doente.

Em relação à questão “ À chegada do serviço após almoço”, grande parte dos

inquiridos (78%) afirma que a técnica mais correta é a lavagem, enquanto 19%

considera a fricção com SABA como mais adequada e apenas 3% refere não ser

necessária nenhuma técnica de HM.

100% 100% 100%

22%

0% 0% 0%

78%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Utilização de joias Lesões da pele Unhas postiças Aplicação regular de

creme nas mãos

Sim Não

Gráfico XII - Distribuição da amostra segundo as situações a evitar na prestação

de cuidados.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

63

A respeito da questão “Antes de administrar um injetável”, 70% dos enfermeiros refere

a fricção com SABA como a técnica aplicável, contudo 30% afirma ser a lavagem como

mais apropriado ao momento. O programa refere que a HM deve ser realizada

imediatamente antes do contato com direto com o doente, ou seja apos a mesma, o

enfermeiro só deve tocar nas superfícies necessárias à execução do procedimento.

No que se refere à questão “Antes de esvaziar o urinol”, apenas 48% dos inquiridos

refere a fricção com SABA como sendo a técnica correta, enquanto que 26% dos

enfermeiros afirma, de igual forma, o método de lavagem/nenhuma como mais correto.

Por fim, a respeito da questão “Antes de abrir a porta do quarto do doente”, 59% dos

inquiridos afirma a fricção com SABA como a técnica mais adequada, enquanto 37%

refere não ser necessário qualquer HM. Contudo 4% considera a lavagem como o

procedimento mais correto.Como refere DGS (2010), a HM deve ser realizada após

qualquer procedimento que potencialmente envolva a exposição das mãos a um fluido

orgânico, independentemente de se usarem luvas ou não, coma finalidade de proteger o

profissional de saúde e o ambiente da disseminação de microorganismos do doente.

Gráfico XIII - Distribuição da amostra segundo o método de HM aplicável em

diversas situações.

41%

82%

19%

70%

48%

59%

26%

18%

78%

30% 26%

4%

33%

0% 3%

0%

26%

37%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Antes de

proceder ao

registo do

doente

Antes de tocar

no doente

À chegada ao

serviço após o

almoço

Antes de

administrar um

injectável

Antes de

esvaziar um

urinol

Antes de abrir a

porta do quarto

do doente

Fricção com SABA Lavagem Nenhuma

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

64

2. Conclusões do estudo

Após a apresentação e análise dos dados recolhidos através do questionário, é fulcral a

apresentação de toda a informação (Fortin, 2009). Assim sendo, as conclusões do estudo

apontam para:

A amostra é composta por 27 enfermeiros, 82% do género feminino e 18% do

género masculino;

A maioria dos Enfermeiros demonstra ter conhecimentos acerca da importância

da higiene das mãos, afirmando que 93% dos inquiridos já realizaram

formações acerca da HM;

Relativamente à perceção da importância da higienização das mãos pelos Profissionais

de Saúde, de acordo com as respostas obtidas.

No que diz respeito à percentagem média de doentes internados que poderão

desenvolver uma IACS, esta teve um resultado de 37% podendo inferir que os

inquiridos consideram a IACS como um problema grave;

Relativamente ao esforço exigido a esses mesmos para adotarem uma prática

adequada da HM, 48 % percecionam como «elevado» o esforço quando cuidam

dos doentes;

No parecer dos enfermeiros a percentagem de adesão dos colegas à adesão á HM

é de 84%, assim como adesão individual teve uma média de 89%;

No que concerne ao método de HM aplicável “ À chegada do serviço após o

almoço, 78% afirma que a técnica mais correta é a lavagem, enquanto 19%

considera a fricção com SABA como mais adequada e apenas 3% refere não ser

necessária nenhuma

A respeito da questão “Antes de administrar um injetável”, 70% dos enfermeiros

considera a fricção com SABA como a técnica aplicável, contudo 30% afirma

ser a lavagem como mais apropriado ao momento.

O questionário faz referência a diversos impactos que as IACS podem acarretar.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

65

No que concerne ao impacto das IACS no prognóstico do doente foi

percecionado como “risco elevado” por 41% dos enfermeiros inquiridos;

Em relação ao impacto da eficácia da HM na prevenção das IACS foi

considerado “muito elevado” pelos profissionais de saúde com uma percentagem

de 78%.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

66

Conclusão

Concluída a investigação, sobre a “Perceção e Conhecimento dos Enfermeiros sobre as

boas práticas de higienização das mãos”, acredita-se que os resultados poderão ter

implicações na prevenção de IACS, sendo expectável uma continua formação dos

profissionais de saúde sobre esta temática.

Os resultados do estudo vão ao encontro dos resultados de diversos estudos feitos

anteriormente que demonstraram que os profissionais demonstram conhecimentos e

atribuem bastante importância à higienização das mãos, existindo, contudo alguns

fatores que dificultam a correta realização da prática, tais como a falta de tempo para

cada doente e falta de formação e conhecimento atualizado acerca desta temática.

Ao longo do estudo foram surgindo algumas dificuldades, como a indecisão na escolha

do tema, a definição dos objetivos do estudo e questões e na organização/planificação

da pesquisa bibliográfica. A elaboração deste projeto de investigação trouxe muitas

dúvidas, mas com o bastante dedicação pessoal e apoio/disponibilidade total por parte

da Professora Doutora Margarida Ferreira foi possível terminar o mesmo com bastante

satisfação.

A elaboração deste projeto culminou em bastantes enriquecimentos pessoais, tais como

crescimento a nível profissional, visto ter sido possível a realização de um trabalho

nunca antes feito, a nível pessoal, permitindo o enriquecimento na área da pesquisa e

investigação, mas acima de tudo no tema que esta constantemente presente na prática de

cuidados de um Enfermeiro.

Em termos de limitações na realização do projeto, é importante referir que existiu uma

crescente demora na autorização por parte dos responsáveis da instituição onde

pretendíamos realizar o estudo, fazendo com que a conclusão do projeto não se

concretizasse em tempo útil, originando uma mudança de estratégia do local de

investigação para que esta acontecesse dentro do prazo limite.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

67

Como sugestão e tendo em conta os resultados obtidos, devem-se implementar mais

ações de formação, de modo a aumentar/atualizar os conhecimentos dos enfermeiros

acerca da prática adequada da HM.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Anexos

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Anexo I – Questionário “Perceção e Conhecimentos dos Profissionais de Saúde

sobre a Higiene das mãos e as suas implicações nas infeções associadas aos

cuidados de saúde”.

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Perceção e Conhecimentos dos Enfermeiros sobre as Boas Práticas de Higienização das Mãos

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Anexo II – Declaração de Consentimento informado

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Considerando a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial

(Helsínquia 1964; Tóquio 1975; Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo 2000)

Designação do Estudo (em português):

Eu, abaixo-assinado, (nome completo do profissional) -----------------------------------------------

------------------------------------------------------------------------, compreendi a explicação que me

foi fornecida acerca da minha participação na investigação que se tenciona realizar, bem como

do estudo em que serei incluído. Foi-me dada oportunidade de fazer as perguntas que julguei

necessárias e de todas obtive resposta satisfatória.

Tomei conhecimento de que, de acordo com as recomendações da Declaração de Helsínquia, a

informação ou explicação que me foi prestada versou os objetivos e os métodos e, se ocorrer

uma situação de prática clínica, os benefícios previstos, os riscos potenciais e o eventual

desconforto. Além disso, foi-me afirmado que tenho o direito de recusar a todo o tempo a minha

participação no estudo, sem que isso possa ter como efeito qualquer prejuízo pessoal.

Por isso, consinto que me seja aplicado o formulário, se for caso disso, propostos pelo

investigador.

Data: _____/_____________/ 20__

Assinatura do profissional:__________________________________________

O Investigador responsável:

Nome:

Assinatura:

Comissão de Ética da Universidade Fernando Pessoa