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Estudo da Dinâmica Molecular em NanocompostosSólidos HIôridos Orgânicos-Inorgânicos (ormolitas) por
RMN.
André Luis Bonfim Bathista e Silva
USPIIFSC/SBI
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Dissertação apresentada à ÁreaInterunldades em Ciência eEngenharia de Materiais, daUniversidadede São Paulo, paraobtenção do título de Mestre emCiências e Engenharia deMateriais.
Orientador: Prof. Dr. Tito José Bonagamba
São Carlos - 2004
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IFSC - S81
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Silva, André Luis Bonfun Bathista e
"Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos HíbridosOrgânico-Inorgânico (ormolitas) por RMN."André Luis Bonfim Bathista e Silva - São Carlos, 2004
Dissertação (Mestrado) - Área Interunidades Ciência e Engenharia deMateriais
2004 - Páginas: 79
Orientador: Prof Or. Tito José Bonagamba
1. Nanocompostos; Ormolitas
I. Título
COMISSÃO JULGAOORA:
Prat. Or. Tito José Bonagamba ( Orientador e Presidente) - IFSC/USP
/i'_____________________~..~,;~~L:::'::_.~,~---------------------------------------. / r)"-----.:-
Prat. Or. Luiz A1berto Colnago - EMBRAPA
USP - Educação para o BrasjlIFSC-USP SEAVIÇO DE BiBlIOTF.':'~
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Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hlbridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. 111
In Memorian Deoclides Bathista e Silva
& Leila dos Santos Bonfim.
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Estudo da DinâmicaMolecularem NanocompostosSólidosHibridosOrgânico-Inorgânicos(ormolitas)por RMN. IV
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela graça em minha vida e por toda a minha alegriade viver.
Ao Professor Doutor Tito José Bonagamba, pela Recepção, orientação,dedicação e convite de realizar este trabalho no laboratório do seu grupo de pesquisaLEAR-IFSC/USP, Muito obrigado Professor Tito;
Ao Prof. Dr. Eduardo Ribeiro de Azevedo, pela inestimável ajuda noLaboratório de espectroscopia, nas análises e interpretações de resultados durantetodo o processo;
A Secretária do grupo Isabel A. Possato, pela grande ajuda que me deu emmuitas vezes.
Ao Dr. Antonio Carlos Bloise, na realização de alguns experimentos;Aos meus irmãos Fabiano, Andrea, Jean e cunhado Célio Bispo pela atenção
e cuidados com compromissos particulares - Abraços para vocês;A Professora e mãe carioca Maria Inês Bruno Tavares (IMA-UFRJ) e Alberto
Tavares (polícia Federal- Rio de Janeiro);Ao Prof. Dr. Nicolau Priante Filho e Josita Coreto pelo apoio que me foi dado
durante dois anos que estive trabalhando com eles ( UFMT - Coorimbatá).Aos amigos do Instituto de Macromoléculas, Emerson, Eduardo, Leandro,
Regina (COPPE), Paula, Terezinha (INPI) e André;Ao Professor Doutor Karim Dahmouche de Instituto de Química da UNESP
de Araraquara, pela ajuda na discussão deste trabalho e pela sintetização dasormolitas;
Aos Professores que lecionaram disciplinas a qual fiz, Maria Cristina Terrile(Espectroscopia Física), Prof. Dr. José Pedro Donoso (Relaxação MagnéticaNuclear), Antônio Carlos Hemandes (CEM), Waldeck Bose (CEM), Prof. Dr. LuizAlberto Colnago (Caracterização de Materiais por RMN - EMBRAPA), Prof. Dr.Fontanari (Praticas Pedagógicas), Albérico Borges Silva (Química QuânticaAvançada), Milan Tsirc (Métodos em Mecânica Quântica Molecular);
Fábio (Fafáx) e Isabela, pela agradável recepção durante o estágio realizadono LEAR e todos os momentos engraçados que tivemos;
Aos técnicos do LEAR, João Gomes da Silva, José Carlos Gazziro, OdirAdolfo Canevarollo e Dr. Edson Luiz Gea Vidoto;
Aos amigos José de Souza Nogueira e Emerson de Oliveira Silva, pela ajudados e-mails que enviaram me no período do estágio e do mestrado;
Ao primo Vitor Borges Silva & Thiago de Paula pelo carinho e recepçãodurante todo o estágio no LEAR, pelas festas, pelos colegas da RODOX,conhecimento da cidade de São Carlos um grande abraço;
Ao Amigo Paulo Henrique que sempre esteve morando comigo desde oprincípio que cheguei em São Carlos.
Aos novos colegas Laerte e Waldemir pela recepção à cidade de São Carlos.Ao amigo Paulo César e Kátia Paelo, pela saudável amizade Cristã. Que
Deus abençoe esta Família.Aos colegas do Lear, Gerson Luís Mantovani, Fábio Aurélio Bonk, José
Roberto Tozoni, Carlos Alexandre Brasil e Nilson Camargo Mello.
Estudo da Dinâmica Molecularem NanocompostosSólidosHibridosOrgânico-Inorgânicos(orrnolitas)por RMN. V
As Secretárias da Pós-Graduação Wladerez e Cristiane pela ajuda e apoio.Aos familiares da Igreja Assembléia de Deus Elvis Felippe, Abigail Cardoso
Luz, Toninho, Elke e Sara.A toda Mocidade da Assembléia de Deus e Obreiros do Evangelismo.A minha amiga Dra. Inês Marciano, da Assembléia de Deus.Aos amigos da Interunidades, Eduardo Antonelli, Edna Moura, Fabrício, Elen
Morales, Humberto, Fábio Leite e Marcelle Bedouch.
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. VI
sUMÁRIO
Lista de Figuras V111
Lista de Tabelas
XlI
Lista de Siglas e Abreviaturas
XlI
Resumo
X111
Abstract
XIV
Introdução
xv
Capítulo 1: Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos 01
I Introdução 01
1.1 Eletrólitos Poliméricos 01
1.2 Ormolitas 03
1.2.1 Tipos de Ormolitas 04
1.2.2 Síntese das Ormolitas 05
1.3 Referências 08
Capítulo 2: Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 09
2 Ressonância Magnética Nuclear 09
2.1 Princípios Básicos de Ressonância Magnética Nuclear. 09
2.2 Interações de spin nuclear (S= Y2) no estado sólido 10
2.2.1 Interação Zeeman 11
2.2.2 Excitação do Sistemas de Spins com RF 13
2.2.3 Interação Dipolar 14
2.2.4 Interação de Deslocamento Químico 15
2.3 Métodos utilizados para a intensificação do sinal e para o aumento da 19
resolução dos espectros de RMN em amostras sólidas
2.3.1 Polarização Cruzada 19
2.3.3 Desacoplamento Dipolar 21
2.4 Referências 23
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hlbridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. VIl
Capítulo 3: Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear de 25destinadas ao Estudo da Dinâmica Molecular.
3.1 Introdução 25
3.2 Cálculo do Espectro de RMN sob a ação de Movimentos Moleculares. 26
3.3 Experimento de Exchange. 31
3.4 RMN de Exchange Bidimensional- Exchange 2D. 34
3.4.1 Padrões de Intensidade para Espectros de Exchange 2D 35
3.4.2 Movimento Molecular em RMN do Estado Sólido. 39
3.5 Experimento PUREX: Pure Exchange 41
3.5.1 Conceito do Experimento PUREX 41
3.5.2 Função de modulação PUREX. 43
3.5.3 Informações Sobre a escala de tempo do movimento molecular. 45
3.5.4 Distribuição de tempos de correlação. 47
3.6 Referência: 55
Capítulo 4: Resultados Experimentais e Discussões do estudo 56de nanocomposto Orgânico-Inorgânicos.
4.1 Materiais e Métodos
4.2. Parâmetros experimentais.
4.3 Introdução.
4.4 Espectros de Carbono em função da Temperatura.
4.5. Espectros de 2D Exchange NMR de 13e estático.
4.6. Resultados lD PUREX NMR das ormolitas.
4.7 Energia de Ativação por PUREX lD.
4.8 Resultados lD PUREX do -(CH2)3-(PEG)n.
4.9 Conclusões e Perspectivas.
4.10 Referências:
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Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. V1l1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1
Figura 1.2
Figura 2.1
Figura 2.2
Figura 2.3
Ormolitas do Tipo I sintetizada com catalisador a) básico e b) ácido.
Ormolita Tipo II apresenta as fases orgânicas e inorgânicas unidas porligações químicas covalentes. O polimero utilizado possui grupos nasextremidades do tipo -(CH2)3-NH-CO-NH, que podem ligar-sequimicamente ao aglomerado de silica.
Autovalores da energia de um núcleo com momento magnético J.l. em umcampo magnético Bo.
Formato da linha de RMN do estado sólido: a) simetria não-axial, b)simetria axial, c) simetria cúbica.
Representação de um reservatório térmico nuclear de prótons
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Figura 2.4 Sequência de pulso Polarização cruzada estabelecimento da condição de 21Hartmann-Hahn . Tc é o tempo de contato térmico, Ta é o tempo deaquisição.
Figura 2.5
Figura 3.1
Figura 3.2
Figura 3.3
Figura 3.4
Figura 3.5
O efeito do desacoplamento heteronuclear. Devido à rápida rotação domomento magnético do núcleo I, o seu campo dipolar local, , na direção docampo (direção z), é em média reduzido a zero no sitio do núcleo lI.
conjunto de espectros simulados para diferentes tempos de correlação donúcleo de l3C.
Principio do experimento 2D Exchange para detecção de movimentosreorientacional. As freqüências dependentes dos ângulos em dois instantesde tempo distintos, os quais são separados por um tempo de mistura t.".Um reorientação (uma mudança dos ângulos (9, +» é detectada através damudança concomitante das freqüências 001(91)+1)to 001(92,+2).
Esquema da reorientação molecular de 001(91)+d para 002(92,+2), devidoao processo de Exchange do movimento lento.
Seqüência da evolução do espectro Exchange 2D com função de t." para oprocesso de reorientação molecular entre os sítios A e B. (a) t.,,=O,b) t.,,=intermediário e c) t,.,=indeterminado.Seqüência de pulsos utilizada para obtenção do espectro de 2D ExchangeNMR através do deslocamento químico anisotrópico. A evolução nostempos ti e t2 é feita sob desacoplamento heteronuclear. Na primeira parteda seqüência de pulso, enriquecemos o 13C para que haja uma melhormagnetização como também a relação sinal ruído apartir da PolarizaçãoCruzada. Em ti temos a decodificação de fase, t." temos a reorientaçãomolecular (informação em ti é transferida para t2). E Detecção do sinal
com amplitude modulada através da\ informação contida em ti.
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Estudo da DinâmicaMolecularem NanocompostosSólidosHlbridosOrgânico-Inorgânicos(ormolitas)por RMN. IX
Figura 3.6
Figura 3.7
Figura 3.8
Figura 3.9
Conjunto de espectros de Exchange 2D simulados para vários ângulos de
reorientação para T] = O .
Seqüência de pulsos utilizada para obtenção do espectro de 1D PurêExchange NMR (PUREX) através do deslocamento químico anisotrópico.A evolução dos dois períodos t é feita sob desacoplamento heteronuclear.Na primeira parte da seqüência de pulso, enriquecemos o 13Cpara quehaja uma melhor magnetização como também a relação sinal ruído apartirda Polarização Cruzada.
Funções de modulação do experimento PUREX obtidas somando Nfunções de modulação com tl= 250 IlS. a) N=l, b) N=2, c) N=3, d) N=4.A função de modulação aproxima-se de uma constante na faixa de
O~In1 - n2 I~21t !-t , mas permanece igual a zero em
101-021=0.
Simulações da intensidade E(t m , 8t) versus t.". Podemos ver que, quanto
maior for o tempo de correlação, maior é o t." dado ao experimento.Através desta análise aparente podemos construir uma Janela Dinâmica doSistema onde envolve movimentos na escala de 1 ms aIs.
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Figura 3.1 O Curvas obtidas por simulações da intensidade E(t m ,8t) versus t.". Para 47regimes intermediários de movimentos moleculares.
Figura 3.11
Figura 3.12
Figura 3.13
Figura 3.14
Figura 4.1
Figura 4.2
Distribuição de tempos de correlação em função da temperatura
Simulação das curvas versus temperatura como função dos parâmetrosde Arrhenius Ea e tO. a) versus T como função da energia de ativação:Somente um deslocamento da curva em temperatura é observado. b)versus T como função de tO: além do deslocamento em temperatura, umavariação na taxa de crescimento da curva é observado.Curvas versus temperatura obtidas por meio de simulação do sinalPUREX ID no regime intermediário.
a) Conjunto de funções distribuição de tempos de correlação do tipo logGaussian. b) Curvas versus temperatura obtidas por meio de simulaçãodo sinal PUREX 1D no regime intermediário considerando diferentesdistribuições de tempos de correlação.
Presença de heterogeneidades dinâmicas na amostra [50]47[08]-1I, a partediagonal no espectro indica a restrição do movimento enquanto queporção não-diagonal do espectro indica o movimento molecular dopolimero. Evento medido pelo experimento 2D Exchange.
As Figuras 4.2a-d) mostram as formas de linhas do espectros de 13C,utilizando a técnica de Polarização Cruzada em função da temperaturapara Ormolitas do Tipo lI, [50]d08]-1I. As Figuras 4.2e-h) mostram asformas de linhas do espectros de 13C,utilizando a técnica de PolarizaçãoDireta em função da temperatura para Ormolitas do Tipo lI, [50]d08]-II.A Figura 4.2-i) apresenta a curva obtida à partir da largura de linhaespectral à dois terços da altura, f;.V2/3, do experimento de PolarizaçãoCruzada e Polarização Direta.
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Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Híbridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. X
Figura 4.3 As Figuras 4.3a-d) mostram as formas de linhas do espectros de 13C,63utilizando a técnica de Polarização Cruzada em função da temperatura, onde a linha contínua espectro experimental e a linha pontilhada é oespectro simulado,
para Ormolitas do Tipo lI, [50]d08]-1I. As Figuras4.2e-h) mostram as formas de linhas do espectros de I3C, para Ormolitasdo Tipo 11,[50]d30]-I1. A Figura 4.2-i) apresenta a curva obtida à partirda largura de linha espectral à dois terços da altura, !:J.V2I3,do experimentode Polarização Cruzada, onde os pontos são as larguras de linhas à !:J.V2/3experimental e a linha contínua é a simulação.
Figura 4.4
As Figuras 4.4a-d) mostram as formas de linhas do espectros de 13C,64utilizando a técnica de Polarização Cruzada em função da temperatura, onde a linha continua espectro experimental e a linha pontilhada é oespectro simulado,
para Ormolitas do Tipo lI, [50]11[08]-1I.As Figuras4.4e-h) mostram as formas de linhas do espectros de 13C,para Ormolitasdo Tipo 11, [50]11[30]-11.A Figura 4.4-i) apresenta a curva obtida à partirda largura de linha espectral à dois terços da altura, !:J.V2l3,do experimentode Polarização Cruzada, onde os pontos são as larguras de linhas à !:J.V2/3experimental e a linha contínua é a simulação.
Figura 4.5
Espectro de Exchange 2D realizado 8°C abaixo da Tg (-25°C) da Ormolita67[50]d08]-II. Podemos ver a pequena mobilidade do segmento molecular {CH2-CH2-O}nna região de 10 a 90 ppm devido a este fato, e na região dolink: Sílica-NH-CO-NH o espectro é puramente diagonal. O tempo demistura 1m foi fixo de 200 ms. O incremento é 0.5 e o máximo do contornoé 50%. 4.9b) Aqui a amplitude do movimento do segmento molecular noespectro de 2D Exchange, já não é mais diagonal devido a promediaçãodos tensores do deslocamento químico anisotrópico.Figura 4.6
Espectro de Exchange 2D da Ormolita [50]47[08]-1I ampliado na região68entre -20 a 100 ppm referente as temperaturas T = -33°C, T = -25°C e T = -15°C e com as suas respectivas simulações.
Figura 4.7
Espectro de Exchange 2D realizado 10°C acima da Tg (-5°e) da Ormoli69[50]11[08]-1I.A mobilidade do segmento molecular {CHrCH2-O}nna regi: de 10 a 90 ppm devido é muito intensa, devido a alta temperatura quesistema atingiu. A este fato, a região do link alifático NH-CHrCH2-CH2-espectro é não é diagonal, abrangendo uma região de -20 a 30 ppm. O temIde mistura 1m foi fixo de 200 ms. O incremento é 0.5 e o máximo do contoné 50%.
Figura 4.8
Curvas de 13C obtidas através da seqüência de pulso PUREX ID a 10070MHz da Ormolita [50]d08]-1I e [50]11[08]-11com quatro temperaturas diferentes. A variação de somente 5°e podemos ver uma diferença naintensidade da curva PUREX ID.
Figura 4.9
Obtenção da Energia de Ativação a partir da .Escala de tempo em função73da temperatura, <'te> em escala logarítmica.
Figura 4.10 Experimento PUREX 1D l3e da Ormolita [50]11[08]-1I com tempo de 74mistura 1m = 200 ms e temperatura de +10°C acima da Tg da amostra. Oespectro 80 é a intensidade de referência e o espectro S, é a intensidadePUREX, devido a reorientação do segmento molecular (!).
Estudo da Dinâmica Molecularem NanocompostosSólidosHlbridosOrgânico-lnorgânicos(ormolitas)por RMN. Xl
Figura 4.11 Regime do movimento do segmento molecular {CH2CH20}n em ms a s 76envolvendo a distribuição do tempo de correlação. As linhas são assimulações de cada Ormolita com grau de dopagem diferente.
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Híbridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. XlI
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Temperaturas selecionadas para o experimento 2D Exchange, obtidas das 65
larguras de linha ~V(2/3) do experimento CP versus temperatura ..
Tabela 4.2 Energia de ativação das ormolitas obtidas a partir do experimento de CP. 66Tabela 4.3 Parâmetros das curvas PUREX 1D obtidos a partir da função KWW 71
stretched exponential para a Ormolita [50]d08]-I1.Tabela 4.3 Parâmetros das curvas PUREX 1D obtidos a partir da função KWW 72
stretched exponential para a Ormolita [50]J1[08]-I1.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RMN
PUREX
CP
RF
SEP
CSA
KWW
Tg
IFSC
LEAR
PEG
UNESP
PEO
SM
DP
Ressonância Magnética Nuclear
Pure Exchange Solid-State NMR
Cross Polarization
Radiofrequência
Sistema de eixos principais
Chemical Shift Anisotropy
Kohrausch- Williams- Watt
Transição Vítrea
Instituto de Física da São Carlos
Laboratório de Espectroscopia de Alta Resolução
Poli( etileno glicol)
Universidade Estadual Paulista
Poli (ethylene oxideI)
Sistema Molecular
Direct Polarization
IFSC-USP St:f1VIÇO DE BiBLlOTE.~'"INFonMf.CAO
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. XlII
RESUMO
Nesta dissertação apresentaremos os resultados do estudo da dinâmica molecular em
ormolitas ligadas e dopadas com Li+, obtidos com a utilização de métodos de RMN
de l3C. A análise das mudanças da anisotropia de deslocamento químico provocada
por movimentos moleculares ativados termicamente foi realizada. Neste caso, foram
utilizados modelos de simulação de espectros sob os efeitos de dinâmica molecular,
permitindo a determinação do comportamento dos tempos de correlação em função
da temperatura, e conseqüente estimativa das energias de ativação aparentes relativas
às transições vítreas em amostras com diferentes dopagens de Li. Técnicas de RMN
de Exchange 2D, também foram utilizadas nos estudos, permitindo determinar as
amplitudes de movimentos moleculares em diferentes regiões do polímero, e
conseqüentemente, estabelecer um quadro geral das reorientações moleculares neste
materiais. Mais especificamente, foi mostrado diretamente que os movimentos
moleculares em segmentos mais próximos das estruturas de sílica são altamente
restritos, enquanto para segmentos afastados destas estruturas, a dinâmica molecular
durante a transição vítrea é bastante similar a polímeros totalmente amorfos. De fato,
foi observado que este comportamento ocorre somente em amostras com polímeros
de maior peso molecular. Para amostras com cadeias poliméricas menores, o efeito
da restrição do movimento pelas estruturas de sílica se estendem para a maioria dos
segmentos moleculares do polímero. Finalmente, utilizando a técnica PUREX ID, a
distribuição de tempos de correlação do movimentos moleculares envolvidos na
transição vítrea foi estimada para amostras com diferentes concentrações de Li. Neste
caso, foi verificado que a distribuição de tempos de correlação é menor para amostras
com maior concentração de Li.
Estudo da Dinãmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Híbridos Orgânico-Inorgãnicos (ormolitas) por RMN. XIV
ABSTRACT
In this thesis we will present the results of study of molecular dynamics in several
bonded ormolytes doped with Lt obtained with the use of 13e NMR methods. The
analysis of the chemical shift anisotropy changes caused by thermicaly-activated
molecular motions was accomplished. ln this case, the spectra were simulated in
order to analyze the effects of molecular dynamics, allowing the determination of the
time scale of the correlation times versus temperature and, consequently, estimating
the apparent activation energies relative to the sample glass transitions. 2D Exchange
NMR, also used in the studies, allowed determining the amplitude of molecular
motions of the polymer chain and, consequently, establishing a general picture of the
molecular reorientations in these heterogeneous materiaIs. More specifically, it was
directly shown that the molecular motions in segments c10se to the silica c1usters is
highly restricted, while for segments far from the inorganic structure the molecular
dynamics is quite similar the amorphous polymer in bulk. In fact, it was observed
that this behavior is pronounced in samples with polymers presenting larger
molecular weights. For samples with smaller polymer chains, the effect ofthe motion
restriction due to the silica structures extends along the polymer. Finally, using the
PUREX 1D technique, the distribution of correlation times of molecular motions
involved in the glass transition was estimated for samples with different
concentrations of Li. ln this case, it was verified that the distribution of correlation
times is smaller for samples with larger Li concentrations.
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Híbridos Orgânico-lnorgânicos (ormolitas) por RMN. XV
INTRODUÇÃO
Com a motivação de desenvolver eletrólitos poliméricos sólidos com boas
características mecânicas, de modo a substituir os polímeros convencionais da
família do polióxido de etileno, há cerca de 10 anos foi proposta a utilização dos
nanocompostos híbridos orgânico-inorgânicos denominados ormolitas. As ormolitas
são materiais compostos por uma fase inorgânica, formada por estruturas de silicatos,
e uma fase orgânica constituída basicamente pelo poli(etileno glicol) (PEG). Pelas
diversas rotas de síntese deste material, a ormolita pode ser constituída de uma
estrutura composta por combinações uni- (polimérica) ou tri-dimensionais
(aglomerados) de silicatos, onde o polímero pode estar ligado fisica ou quimicamente
à fase inorgânica. Deste modo, estes materiais, quando dopados com sais de metais
alcalinos, combinam boas propriedades de condução iônica com a vantagem de
substituir sistemas líquidos viscosos por materiais sólidos ou elastoméricos. Além
disso, devido às interações entre as fases orgânica e inorgânica, estes sistemas
apresentam uma grande heterogeneidade dinâmica, que afeta diretamente a
mobilidade do cátions, que são os portadores de carga nestes compostos.
Conseqüentemente, a utilização da RMN para o estudo da dinâmica tanto dos
portadores de carga (normalmente Lt), quanto da dinâmica da cadeia polimérica é de
grande importância.
Devido à colaboração de nosso grupo com os pesquisadores que primeiro
propuseram a confecção destes materiais, tivemos a exclusividade de estudar estes
materiais com a utilização de diversas metodologias de RMN. Inicialmente
utilizamos a combinação de técnicas tradicionais de espectroscopia de alta resolução
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. XVI
em sólidos (dupla ressonância e rotação em tomo do ângulo mágico) com métodos de
relaxação magnética nuclear (medidas de tempos de relaxação TI e T2), analisando
tanto o portador de carga, com RMN de 7Li, quanto a cadeia polimérica, com RMN
de IR e 13C. Estes estudos foram muito importantes para o aprimoramento destes
materiais e resultaram em algumas teses e diversas publicações importantes. No
entanto, estes métodos tradicionais não permitem uma análise detalhada da dinâmica
lenta da cadeia polimérica e, por esta razão, começamos a utilizar a técnica de
Exchange, a qual permite a obtenção de informação detalhada sobre a escala de
tempo (de milissegundos a segundos) e da amplitude dos movimentos da cadeia
polimérica. Com este intuito, realizamos recentemente um estudo com esta última
técnica em ormolitas não dopadas, onde o polímero encontra-se ligado à fase
inorgânica em ambas extremidades através de ligações covalentes (ormolitas
ligadas), fato que introduz uma grande heterogeneidade dinâmica à cadeia
polimérica, e os resultados mostraram diretamente estes efeitos, sem a necessidade de
se utilizar modelos dinâmicos complexos.
Nesta dissertação apresentaremos os resultados no estudo da dinâmica
molecular em ormolitas ligadas e dopadas com Lt, obtidos com a utilização de
métodos de RMN de 13C. A análise das mudanças na anisotropia de deslocamento
químico, causada por movimentos moleculares termicamente ativados foi realizada.
Neste contexto, foram utilizados modelos de simulação de espectros sob os efeitos de
dinâmica molecular permitindo a determinação do comportamento dos tempos de
correlação como função da temperatura, e conseqüente estimativa das energias de
ativação aparentes relativas às transições vítreas em amostras com diferentes
dopagens de Li. Técnicas de RMN de Exchange 2D, também foram realizadas nos
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. XVll
estudos, permitindo determinar as amplitudes de movimentos moleculares em
diferentes regiões das moléculas, e conseqüentemente, estabelecer um quadro geral
das reorientações moleculares neste materiais. Mais especificamente, foi mostrado
diretamente, que os movimentos moleculares em segmentos mais próximas das
estruturas de sílica são altamente restringidos enquanto para segmentos longe destas
estruturas, a dinâmica molecular durante a transição vítrea é bastante similar a
polímeros totalmente amorfos. De fato, foi observado que este comportamento só
ocorre em amostras com maior comprimento de cadeia do polímero, sendo que para
amostras com cadeia menores o efeito da restrição do movimento pelas estruturas de
sílica se estendem para a maiorias dos segmentos moleculares do polímero.
Finalmente, utilizando a técnica PUREX ID a distribuição de tempos de correlação
do movimentos moleculares envolvidos na transição vítrea foi estimada para
amostras com diferentes concentrações de Li. Neste caso, foi verificado que a
distribuição de tempos de correlação é menor em amostras com maior concentração
de Li. Uma possível explicação para este comportamento também será apresentada.
Para apresentar estes resultados, inicialmente apresentaremos como estes
materiais são confeccionados (Capítulo I), neste capítulo contém um breve relato da
amostra em estudo, chamado pelo nome de Ormolita. Este comentário faz referência
com os eletrólitos poliméricos convencionais e modernos. Onde destaca-se a
vantagem de se estudar as ormolitas como também o interesse nesses materiais. A
seguir discutiremos os aspectos básicos (Capítulo 2) das técnicas de convencionais de
RMN do estado sólido utilizadas como apoio ao estudo da dinâmica das amostras
selecionadas neste trabalho. Pois a partir dos dados obtidos pelo uso destas técnicas,
é associado a simulações dos espectros ID do experimento de Polarização Cruzada
Estudo da Dinâmica Molecular em Nanocompostos Sólidos Hibridos Orgânico-Inorgânicos (ormolitas) por RMN. XVl11
para que possa ser comparado com as larguras de linha dos espectros experimentais
de I3C em função da temperatura. No Capítulo 3 técnicas avançadas da Ressonância
Magnética Nuclear, onde nova metodologia no estudo da dinâmica de amostras
sólidas, as quais vão além do estudo microscópico e visando o estudo molecular de
determinados sistemas. Os princípios das técnicas de Exchange e PUREX são
apresentadas de um modo abreviado, onde é enfatizado o propósito de se fazer os
experimentos de RMN de Exchange. É também discutido neste capítulo uma
introdução básica sobre Matriz de Exchange, a qual discute de forma simplificada o
princípio do fenômeno de Exchange. Os resultados obtidos, bem como as
interpretações e discussões dos mesmos no Capítulo 4 e, finalmente, apresentamos as
Conclusões gerais e Perspectivas de extensão deste trabalho.
Capítulo 1 - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos.
Capítulo 1:Inorgânicos.
1 Introdução
Compostos Híbridos Orgânico-
1.1 Eletrólitos Poliméricos.
Atualmente, os polímeros dominam a indústria de materiais modernos, e
possuem um papel fundamental em nossa vida, em aplicações tão variadas desde um
simples fio dental até uma prótese humana. A produção anual mundial de polímeros,
em geral, excede a produção conjunta de todos os outros materiais manufaturados,
empregando muitas pessoas e envolvendo bilhões de dólares. Desta forma, toma-se
útil a nossa participação nesta área de pesquisa em materiais tão importante e ao
mesmo tempo bem adequada para estudos por Ressonância Magnética Nuclear. O
interesse despertado por esses novos materiais está baseado nas suas enormes
potencialidades de utilização em dispositivos práticos.
A necessidade de usar os condutores iônicos (eletrólitos) sólidos foi
constatada quando se procurou otimizar as propriedades dos dispositivos
eletroquímicos como: baterias e sensores. Entretanto, no passado relativamente
recente, a grande maioria desses condutores iônicos sólidos eram constituídos por
certas cerâmicas ou cristais iônicos. Esses materiais são intermediários entre os
sólidos cristalinos ordinários, que apresentam estrutura tridimensional regular com os
átomos ou íons móveis e os eletrólitos líquidos, que não têm estrutura ordenada, mas
os íons são móveis. Neste caso, a condução ocorre pelo salto 'dos íons de uma
posição vacante a outra. A inconveniência desses materiais é que a condutividade
iônica apresenta valores consideráveis somente em temperaturas elevadas.
Capítulo 1 - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 2
É por esta razão que Wright e Fenton abriram uma nova alternativa ao
mostrar que certos sistemas poliméricos sólidos dopados com sais de metais alcalinos
apresentam boa condutividade iônica,[l]. Os eletrólitos poliméricos sólidos são
formados pela complexação de polímeros que possuem hetero-átomos em sua cadeia
com sais de metais alcalinos. O sal alcalino utilizado como dopante, por exemplo,
LiCI04, LiBF4 e LiCF3S03 fica parcialmente dissociado na matriz polimérica [2]. O
processo de solvatação do metal alcalino é facilitado pela presença do hetero-átomo
presente no segmento molecular, onde há um excesso de carga negativa. A origem da
condutividade iônica deve-se ao movimento contínuo dos íons pelas regiões amorfas
do polímero [3, 4] e, principalmente, ao longo das cadeias [5], podendo ocorrer
também inter-cadeias [6]. Desta forma, o pré-requisito para que haja mobilidade dos
segmentos moleculares e condutividade iônica, é o eletrólito se encontrar acima de
sua temperatura de transição vítrea (Tg) e apresentar baixa cristalinidade.
Recentemente, Gadjourova et aI [7] propuseram que a condutividade iônica
na fase cristalina de complexos cristalinos polímero-sal, que se formam em alguns
casos para altos teores de dopante, pode ser maior que na fase amorfa, e que o
processo de transporte iônico ocorre nas regiões cristalinas, através de túneis
formados pelo polímero.
Vários estudos foram efetuados para otimizar as características dos polímeros
condutores iônicos sólidos tradicionais, cujo exemplo mais importante é o poli(óxido
etileno) (PEO) dopado com sais de lítio [8]. Como o PEO apresenta um alto teor de
fase cristalina à temperatura ambiente[8], visou-se inicialmente a supressão da
cristalinidade através da utilização de compostos de intercalação, de blendas e
aditivos [2]. Um dos novos materiais utilizados como eletrólito sólido, ormolita,
Capítulo 1 - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 3
onde o polímero apresenta-se totalmente na fase amorfa, será apresentado na sessão
1.2.
1.20rmolitas.
Uma forma inteligente de suprimir a cristalinidade é a utilização de
aglomerados de siloxano, o qual pode estar ligado à matriz polimérica de forma
física (ligações de Hidrogênio ou forças de van der walls) ou química (ligação
covalente). Gerando assim um material amorfo que possui duas fases: uma orgânica
(polímero) e outra inorgânica (siloxano), por esta razão também denominado
híbridos orgânico-inorgânicos ou ormolitas (do termos em inglês ormolyte, sigla de
QIganically modified eletrolvte).
Os materiais condutores iônicos estudados neste trabalho correspondem a
uma classe moderna de materiais que resultaram da evolução de polímeros
condutores iônicos tradicionais como o poli(óxido etileno) (PEO) [9-12]. As
ormolitas são produzidas pelo processo sol-gel à temperatura ambiente [13]. A
estrutura da fase inorgânica (siloxano) pode ser da forma polimérica, onde os
silicatos são ligados em cadeia se sintetizados com catalisadores ácidos, ou na forma.
de aglomerados nanométricos (clusters) se for sintetizado com catalisador básico [13,
14]. Após o processo de solvatação dos sais pelo polímero, os cátions ficam
complexados aos átomos de oxigênios e, como há muitas cadeias poliméricas, cada
cátion normalmente é compartilhado por várias cadeias ao mesmo tempo, deste
modo, as cadeias poliméricas ficam indiretamente ligadas entre si fracamente (cross
link)[15], resultando em uma aumento da temperatura de transição vítrea da fase
orgânica.
Capítulo 1 - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 4
Como o movimento do cátion é promovido pela dinâmica da cadeia
polimérica no estado amorfo [12], é desejável esta fase encontre-se no estado
elastomérico. Nestas condições, o movimento do segmento molecular do polímero
acima da Tg é quase comparável ao estado líquido. Neste caso, os mecanismos de
condutividade ocorrem através de um processo onde os cátions superam a barreira de
potencial da complexação e saltam de um sítio de oxigênio para outro. Nos materiais
preparados para este estudo, as temperaturas de transição vítrea estão sempre abaixo
da temperatura ambiente, condição que pode ser controlada em função do grau de
dopagem de lítio, do tipo de interação entre as fases orgânica e inorgânica, do peso
molecular do polímero e da massa percentual do polímero no composto.
1.2.1 Tipos de Ormolitas.
Compostos contendo poli(etileno glicol) - PEG, podem ter suas extremidades
ligadas quimicamente à fase inorgânica [10]. A natureza dessas interfaces é utilizada
como critério para classificar as Ormolitas em duas classes distintas. Tipo I, na qual a
interação entre as fases orgânica e inorgânica ocorre através de forças "físicas"
(ligações de hidrogênio e forças de van der Walls). E Tipo 11, na qual as fases
orgânica e inorgânica estão unidas por ligações químicas covalentes. Neste trabalho
adotaremos a seguinte nomenclatura para as ormolitas: [X]n[Y]-Z, onde [X] é a
massa percentual do polímero, [Y] = [O]/[Li] é a razão molar entre os átomos de
oxigênio da cadeia polimérica e os átomos de lítio, n é a quantidade de meros e Z
indica o Tipo de híbrido (I ou 11).Deste modo, as Ormolitas podem ser preparadas
Capítulo I - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 5
em diferentes séries, mudando alternativamente os parâmetros [X], [V], n, e Z
[12,13,16].
1.2.2 Síntese das Ormolitas.
A síntese das ormolitas do Tipo I envolve duas etapas: a primeira consiste na
hídrólise do Tetraetoxisilano (TEOS) em pH ácido (pH - 2,5) sob ultra-som e depois
se adiciona o PEG. Por último, adiciona-se o LiC104. Após dissolução durante 5 min
em ultra-som adiciona-se um catalisador básico CNH.40H)para aumentar o pH do sol
e induzir a gelatinização do material. Finalmente, obtém-se um monólito sólido
transparente [12] que passa por um processo de secagem a 80°C durante 24 h.
A natureza básica do catalisador utilizado na segunda etapa da síntese afeta a
estrutura e o grau de condensação da fase inorgânica. O uso de catalisador neutro
(NI14F) ou básico CNH40H) leva à formação de aglomerados tridimensionais de
si10xano compactos e po1icondensados [14,15], onde predominam estruturas do tipo
d e Q4, onde a notação Ç! (n = 1,2,3 ou 4) é utilizada para informar a respeito do
número de conexões que cada silicato faz com os vizinhos, isto é, estrutura unitária
Si*(OSi)n(OX)4-n(X = H ou C).
Quando a formação de agregados de siloxano ocorre a partir da utilização do
catalisador ácido, por exemplo, HCI, obtém-se estruturas poliméricas de silicato,
predominando estruturas q. Estes parâmetros de preparação influenciam
decisivamente as propriedades dinâmicas e mecânicas das ormolitas do Tipo I. A
Figura 1.1 ilustra esquematicamente a estrutura da Ormo1ita Tipo I.
Capítulo I - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 6
Figura 1.1: Ormolitas do Tipo I sintetizada com catalisador a) básico e b)ácido[16].
A preparação das Ormolitas do Tipo II consiste na mistura, sob refluxo a
80°C durante 24 h, do alcóxido de silício modificado 3-lsocianato-propil-
tetraetoxisilano (isoTREOS) e do PEG modificado 0,0' -bis(2-
aminopropil)poli( etileno glicol) na presença do solvente tetrahidrofurano (THF).
Após reação, obtém-se o precursor híbrido (OEt)3-Si-NH-CO-NH-(CH2)3-
(PEO)-(CH2)3-NH-CO-NH-Si-(Oet)3, apresentando ligação química entre os
componentes orgânico e inorgânico, o que confere ao material uma estabilidade
química elevada. O precursor híbrido obtido é então hidrolisado em pH neutro
(catalisador N1I4F) na presença do solvente etanol. Adiciona-se as quantidades
desejadas de LiCI04 e após algumas horas um gel úmido é obtido. O gel úmido passa
por um processo de secagem a 80°C durante 24 h e obtém-se um monólito
transparente e flexível. A Figura 1.2 ilustra esquematicamente a estrutura da ormolita
Tipo 11.Nesta figura ilustramos o fato de que, com o procedimento utilizado, as
ormolitas do Tipo II apresentam-se com a estrutura de sílica no formato de
aglomerados, com o polímero interagindo com a fase inorgânica através de ligações
covalentes em ambas extremidades.
Capítulo 1 - Compostos Híbridos Orgânico-Inorgânicos. 7
o Cluster de Sílica
r-v- Cadeia Polímero
)- Ligação com Sílica
Figura 1.2: Ormolita Tipo 11 apresenta as fases orgânicas einorgânicas unidas por ligações químicas covalentes. O polímeroutilizado possui grupos nas extremidades do tipo ...-(CH2)3-NHCO-NH- ..., que estão ligadas quimicamente ao aglomerado desílica.
Portanto, no processo de formação dos híbridos orgânico-inorgânicos pode-se
obter dois Tipos de Ormolitas: a não ligada, Tipo I (menos estável quimicamente) e a
Ligada, Tipo 11 (mais estável quimicamente). Devido à ligação covalente, as
ormolitas do Tipo 11apresentam temperaturas de transição vítrea maiores que as do
Tipo I, quando preparadas em condições [X], [V] e n semelhantes.
Capitulo 1 - Compostos Hibridos Orgânico-Inorgânicos.
1.3 Referências:
8
1. Fenton, D.E., J.M. Parker, and p.v. Wright, Polymer, 1973. 14: p. 589.2. MaeCallum, J.R. and c.A. Vineent, Polymer Electrolyte Reviews. Vol. 2.
1989, New York: Elsevier.3. Berthier, c., Goreeki, W., Minier, M., Armand, M., Chabagno, J., Rigaud, P.,
Solid State Ionies, 1983.11: p. 91.4. Minier,M. Berthier, C., Goreeki, W., J. Phys, 1984.45: p. 739.5. Lightfoot, P., A. Mehta, and P. Bruee, J. Mater Chem, 1992.2: p. 379.6. Donoso, J.P., Bonagamba, T. J. Panepueci, H., Oliveira, L.N., Goreeky, W.,
Berthier, c., Armand, M. NMR Study of Poly(Ethylene Oxide) - Lithium SaltBased Electrolyte. Jounal Chemieal Physies, 1993.98(12): p. 10026-10036.
7. Gadjourova, Z. Andreev, Y.G. Tnstall, D.P. Bruce, P. G., Nature, 2001: p.412-520.
8. MaeCallum, J.R. and C.A Vineent, Polymer Electrolyte Reviews. Vol. 1.1987, New York: Elsevier.
9. Judeinstein, P. Titman, J., Stamm, M., Sehmidt, H., Chem. Mater, 1994.6: p.127.
10. Dahmouehe, K. Atik, M. Mello, N. C. Bonagamba, T. J. Panepueei, H.Aegerter, M. A.., Judeinstein, P., J. Sol-Gel Sei. Teehnol., 1997. 8: p. 711715.
11. Dahmouche, K. Souza, P. H. Bonagamba, T. J. Panepueei, H. Judeinstein, P.Puleinelli, S. H. Santilli, C. V., J. Sol-Gel Sei. Teehnol., 1998. 13: p. 909913.
12. Dahmouehe, K. Atik, M. Mello, N. C. Bonagamba, T. J. Panepucei, H.Judeinstein, P. Aegerter, M. A, New LH ion-conducting Ormolytes. Sol.Energy Mater. Sol. Cells, 1998. 54: p. 1-8.
13. Mello,N. C. Bonagamba,T.J. Panepueei, H. Dahmouehe, K. Judeisten, P.Aegerter M. A, et aI., NMR Study of Ion-Conducting Organic-InorganicNanocomposites Poly(ethylene glycol)-Silica-LiCI04. Maeromo1eeules,2000.33(4): p. 1280-1288.
14. Souza, P. H. Bianehi, R. F. Dahmouehe, K. Judeisten, P. Faria, R. M.Bonagamba, T.J., Solid-State NMR, Ionic Conductivity, and Thermal Studiesof Lithium-doped Siloxane-Poly(propylene glycol) Organic-InorganicNanocomposites. Chem. Mater., 2001. 13(10): p. 3685-3692.
15. Mello, N.C., Estudo de Polímeros e Compostos Híbridos OrgânicosInorgânicos Condutores Iônicos Utilizando-se Espectroscopia de AltaResolução e Relaxação em Sólidos por RMN., in Instituto de Física de SãoCarlos. 1998, Universidade de São Carlos: São Carlos. p. 178.
16. Judeinstein, P., http://patoo.hopefreefrlenglish/hvbrids.php. 2003.
jFSC-USP SERVIÇO DE B\BLlC\TE~··INI"ORMACA0
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional.
Capítulo 2: Ressonância Magnética NuclearConvencional.
2 Ressonância Magnética Nuclear.
9
As técnicas de RMN convencionais utilizadas neste trabalho foram:
Desacoplamento Dipolar (DD, do termo em inglês Dipolar Decoupling) e
Polarização Cruzada (CP, do termo inglês Cross Polarization), as quais são
utilizadas para a obtenção de espectros de 13C com maior intensidade e melhor
resolução [1,2].
2.1 Princípios Básicos de Ressonância Magnética Nuclear.
A Ressonância Magnética Nuclear (RMN), como todas as formas de
espectroscopia, trata-se da interação da radiação eletromagnética com a matéria[3].
Sendo que o efeito de RMN ocorre para núcleos que possuem momentos magnéticos
e angulares, jj e ], respectivamente. Os núcleos apresentam momentos magnéticos
e angulares paralelos entre si, respeitando a expressão jj = y], onde y é o fator
giromagnético. O momento angular J é definido, quanticamente, por ] = li] , onde
] é um operador adimensional, também denominado de momento angular ou spin,
cujos valores podem ser somente números inteiros ou semi-inteiros O, 1/2, 1, 3/2,
2 .... A separação entre os níveis de energia tiE = ylhBo é um resultado da interação
-do momento magnético!1 do núcleo atômico com o campo magnético Bo aplicado.
Na espectroscopia de RMN é possível controlar a radiação eletromagnética (faixa de
radiofreqüência ou RF) e descrever a interação desta radiação com os spins nucleares
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 10
do sistema. Isto contribui em grande parte para o desenvolvimento do grande número
de técnicas utilizadas em RMN. Quase todos os elementos químicos têm ao menos
um isótopo com um núcleo atômico que possui momento magnético J1, e quando
este é colocado em um campo magnético externo, e a ele for aplicada uma excitação
com freqüência igual a sua freqüência de precessão (vo), tal núcleo é retirado de seu
estado de equilíbrio. Após a retirada do campo de RF, este núcleo tende a voltar ao
seu estado fundamental de equilíbrio através dos processos de relaxação spin-rede
(TI) e relaxação spin-spin (T2).
2.2 Interações de spin nuclear (8=1/2) no estado sólido.
Experimentos de Ressonância Magnética Nuclear com amostras no estado
sólido apresentam resultados diretamente relacionados com as propriedades físicas
dos sistemas estudados. A representação da energia dos spins nucleares em
experimentos de Ressonância Magnética Nuclear é expressa pelo operador
Hamiltoniano[ 4, 5]. Assim, o Hamiltoniano de spin nuclear descreve as interações
que definem a posição e a forma da linha espectral pode ser decomposta em uma
soma de várias interações e assume a seguinte forma:
[2.1]
Sendo Hz e HRF as interações Zeeman e de radiofreqüência (RF)
respectivamente, consideradas interações externas, pois são definidas pelos campos
magnéticos estático, gerado pelo magneto supercondutor, e de RF, gerado pelas
bobinas onde é inserida a amostra. As interações externas associadas ao acoplamento
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 11
do momento magnético de spin fi = rn1 com o campo magnético estático lio = Roz
(efeito Zeeman) e com a oscilação da radiofreqüência aplicada perpendicularmente
ao campo magnético estático li RF = RI (t ) [ cos (OJt+ ti> (t ) ) i+ sin (OJt+ ti> (t ) ) JJ, causa
transições entre os níveis adjacentes. As demais interações são consideradas internas,
visto que elas estão intrinsecamente associadas às características microscópicas da
amostra, as quais alteram a distribuição dos níveis de energia definidos pela interação
Zeeman, modificando o espectro. Através destas interações, principalmente a de
deslocamento químico anisotrópico, estudaremos a dinâmica molecular da fase
polimérica das ormolitas.
2.2.1 Interação Zeeman.
o Hamiltoniano Zeeman, representa o acoplamento do momento magnético
nuclear fi = y/i1 com o campo magnético externo estático lio = Boz , é dada por[ 6]:
E = -fi.lio = -n(r lio )Iz = -nOJoIz
H =-nOJoIz
[2.2]
[2.3]
Como resultado deste hamiltoniano encontram-se os possíveis níveis de energia,
[2.4]
onde m=-L-I+1, ...I-l,1 e roo = yRo é denominada Freqüência de Larmor. Tal
desdobramento nos níveis de energia é denominado Efeito Zeeman[7].
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 12
A Figura 2.1 ilustra os níveis de energia para o caso de um spin I = 1/2 ,
onde pode-se observar que a diferença de energia entre os dois níveis é dada por
M= nyBo = nroo .
Figura 2.1. Autovalores da energia de um núcleocom momento magnético ~ em um campo
magnético B.
Na realidade, quando uma amostra é colocada na presença de um campo
magnético estático Bo, há na ordem de 1023 núcleos atômicos precessionando em
tomo dele. Para os núcleos com m =1/2, possuem menor energia e precessionam em
tomo do campo magnético externo (Bo)' orientados a favor do campo, e outros
núcleos com m=-l/2, possuem maior energia e precessionam na direção oposta ao
campo magnético externo, sendo estas populações N- e W, respectivamente. A partir
da Mecânica Estatística tem-se que a razão entre estas populações é dada pela
distribuição de Boltzmann:
[2.5]
Tomando a intensidade do campo magnético da ordem de 1 Tesla, a
temperatura da amostra em tomo da temperatura ambiente, T ::::300K, e o fator
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 13
giromagnético do núcleo do átomo de Hidrogênio, YH=42,394MHz.T1, da expressão
acima obtém-se que N-=I,000007W para temperatura ambiente.
Como N-+W=6,02xI023, conseqüentemente determina-se que a diferença de
população é de ~=2,llxlOI8 spins, implicando no fato de que W=3,0099894x1023
spins precessionam no sentido oposto ao campo magnético externo e N-
=3,OIOOI106x1023 spins precessionam em torno do campo. Desta forma,
~NIN=3,5xlO-6, ou seja, a diferença de população entre os dois níveis é da ordem de
partes por milhão (ppm) com relação ao número total de spins da amostra. Devido à
precessão aleatória dos spins em torno da direção z, a magnetização transversal ao
campo é nula, e a magnetização longitudinal, ao longo da direção do campo
magnético aplicado, é dada por Mo = AN~ i' Logo, Mo é a magnetização resultante
que surge na amostra quando a mesma é colocada sob a ação de um campo
magnético, a qual é normalmente denominada por magnetização de equilíbrio[7].
2.2.2 Excitação dos Sistemas de Spins com RF.
Para que haja transições entre níveis de energias de um sistema de spins, é
necessário excitar os núcleos de um dado sistema por meio da aplicação de um
campo magnético oscilante com freqüência adequada (faixa de MHz ou RF).
Promover assim, transições de spins entre os níveis de energia Zeeman. Sendo 0>1 a
freqüência de oscilação do campo BI, temos que HRFé dado por:
HRF = -j1.. RI [2.6]
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 14
o efeito de HRF é induzir transições entre os auto-estados de a ~ ~, com
probabilidades por unidade de tempo dada pela "regra de ouro de Fermi", a qual
define a probabilidade de transição entre dois níveis de energia:
A expressão da probabilidade é tanto maior quanto maiores forem o fator
giromagnético do núcleo em questão e a intensidade do campo da RF de excitação; a
função 8, centrada na freqüência de Larmor, garante que o campo B! deve oscilar
com freqüência exatamente igual ao espaçamento, em freqüência, dos níveis zeeman,
para que ocorra a absorção de energia pelo sistema de spins.
2.2.3 Interação Dipolar
Em amostras sólidas há possibilidades de ocorrer interação direta entre
núcleos, na qual os spins nucleares interagem magneticamente através do espaço.
Este tipo de interação, é chamada de acoplamento dipolar[8]. Para comentarmos a
respeito da interação dipolar magnética nuclear, tomaremos como exemplo uma
amostra sólida, constituída basicamente por um núcleo do grupo I e outro do grupo
11, onde queremos medir o sinal de RMN do núcleo do grupo 11.Neste caso, a
interação dipolar magnética que os núcleos do grupo 11 sofrem é devida,
predominantemente, à presença dos núcleos do grupo I, sempre naturalmente 100%
abundantes na amostra e de intenso fator giromagnético[6, 9, 10]. O núcleo II pode
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 15
experimentar, além do campo Do aplicado, um campo magnético dipolar também ao
longo da direção z, DdiP' produzido pelo momento magnético nuclear, fip do núcleo
I, situado a uma distância r. A intensidade do campo magnético dipolar, DdiP'
depende da distância internuclear, r, do ângulo e entre o vetor internuclear e o
campo externo, Do, e do momento magnético do núcleo atômico I, fiJ na forma
DdiP = ,liA3cos2 e-I) / r3• Deste modo, é de costume observar alargamento da linha
por interação dipolar de amostras sólidas policristalinas, pois os pares podem estar a
todas as distâncias internucleares e orientações e possíveis e, portanto teremos várias
freqüências de ressonância e uma larga linha espectral[6]. O acoplamento entre os
spins nucleares através dos seus momentos dipolares magnéticos, é representado pelo
hamiltoniano dipolar que é expresso pela seguinte equação [6, 10]:
[2.8]
Esta interação é removida do espectro com a utilização da técnica de desacoplamento
dipolar a ser apresentada na sessão 2.3.
2.2.4 Interação de Deslocamento Químico.
A posição da linha de RMN para alguns tipos de núcleo depende estritamente
do ambiente eletrônico [11]. Sabe-se que o movimento dos elétrons na nuvem
eletrônica induzida pelo campo estático Do do espectrômetro pode alterar o campo
Capitulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 16
local do núcleo Beff = (l-cr)Ro [12], onde cr é o tensor proteção magnética. Este
efeito de proteção nuclear produzida pode ser descrito pelo Hamiltoniano:
[2.9]
onde ãi representa um tensor simétrico de segunda ordem, denominado tensor de
deslocamento químico que caracteriza a blindagem do i-ésimo sítio nuclear por sua
nuvem eletrônica. As constantes ]i, Ro e ri representam, respectivamente, o
operador de spin nuclear, o vetor campo magnético e o fator giromagnético nuclear.
Considerando ambas interações zeeman e deslocamento químico o Hamiltoniano
resultante é:
[2.10]
e o espectro será definido pela contribuição de ambas interações. Mas para o caso de
moléculas é mais complicado. A presença de vários núcleos impede uma precessão
livre dos elétrons no campo magnético e para moléculas sem simetria esférica, a
blindagem também depende da orientação da molécula no campo magnético.
Gerando uma forma anisotrópica no deslocamento químico, sendo para este caso o
hamiltoniano produz um desvio na freqüência de ressonância v que depende da
orientação de Ro em relação aos eixos principais do tensor 0'. Como há um desvio
de freqüências de ressonância podemos citar uma distribuição de freqüências
composta por todas as possíveis orientações entre o grupo C-H e o campo estático
Ro·
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional.
onde,
de maneira que o Hamiltoniano de desvio químico toma-se
[2.11]
[2.12]
17
onde OJiso representa a parte isotrópica da interação de deslocamento químico e OJDQA
a parte anisotrópica, a qual mostra que a frequência de RMN (frequência de
precessão de spins) sob a interação de deslocamento químico depende da orientação
do campo magnético no sistema de eixos principais do tensor de deslocamento
químico. Como a orientação do sistema de eixos principais muda com a orientação
do segmento molecular, pode-se dizer que a frequência de RMN reflete diretamente a
orientação relativa entre campo magnético e segmento molecular. Portanto, cada
segmento molecular específico contribui para uma linha específica com uma
frequência de RMN OJ(O,rp). Na Figura 2.2 podemos ver a vasta distribuição de
freqüências que pode assumir as interações de desvio químico anisotrópico[10].
Capitulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 18
a)
-. -, ~,~,~-, ~,~.-.-,--.~,-,140 120 100 80 60 40 20 o ·20-40
ppm
b)
140 120 100 80 60 40 io Ó Aio -40
ppm
c)
Simetria cúbia
'140 lio 100 8060'40'20 Ó .20'.40'
ppm
Figura 2.2: Formato da linha de RMN do estado sólido: a) simetria não-axial, b) simetriaaxial, c) simetria cúbica.
As formas de linha apresentadas na Fgura 2.2 traduzem os espectros típicos do
padrão de pó para interações de deslocamento químico com a) 17 = O, b) 17 '* O, sendo
0'0 = 0'11' O'.L = 0'22 = 0'33 e c) simetria cúbica, onde as formas de linha podem ser
definidas pelos parâmetros de anisotropia (largura) § e de simetria 17, sendo o
parâmetro de anisotropia definido por[13, 14]:
[2.13]
e o parâmetro de assimetria é:
[2.14]
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 19
2.3 Métodos utilizados para a intensificação do sinal e parao aumento da resolução dos espectros de RMN em amostrassólidas.
A combinação das duas técnicas abaixo permite obter espectros de alta
resolução de RMN em estado sólido:
1. Polarização Cruzada (Cross Polarization - CP)
2. Desacoplamento (Decoupling - DEC)
Estas técnicas se baseiam na distribuição das interações de spin nuclear que alargam
os espectros de RMN. Para solucionar os problemas de baixa sensibilidade e longos
tempos de relaxação longitudinal para núcleos de pequeno fator giromagnético e
baixa abundância natural e um único experimento, é necessário a combinação destas
duas técnicas.
2.3.1 Polarização Cruzada.
Em 1973 Pines, Gibby e Waugh divulgaram um trabalho no Journal of
Chemical Physics 59, o qual tratava em relatar o ganho de sensibilidade de um dado
núcleo raro S através da transferência de polarização de um núcleo abundante I [15].
A técnica Polarização Cruzada - CP, consiste em otimizar os problemas relacionados
com baixa abundância natural de núcleos raros. O efeito do CP é provocar um
aumento da magnetização de núcleos raros do tipo 13C em favor de núcleos
abundantes, IR, facilitando (diminuindo) a relaxação spin-rede (Ti) e melhorando
(aumentando) a relação sinal/ruído num fator YH / Yc ~ 4 [1,2,9, 14, 16-19].Neste
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 20
caso os núcleos abundantes I comportam-se como um reservatório térmico, e a sua
transferência de polarização para o núcleo raro S se dá por processo favorável, de
natureza termodinâmica. Favorecendo um sistema de alta magnetização alinhada a
um baixo campo magnético Bo [1, 17]. Este contato térmico é estabelecido no
chamado sistema girante de coordenadas, quando a condição de Hartmann-Hahn,
rHBIH = rcBIc é satisfeita através da aplicação de campos de RF para o núcleo I e
S simultaneamente [20]- A Figura 2.3 apresenta uma demonstração esquemática
deste reservatório térmico.
(1 !
rede )Figura 2.3: Representação de um reservatório térmico.
Quando ambos os sistemas de spins apresentarem as mesmas freqüências
angulares rol (= yBl), obtidas através do ajuste da intensidade Bl no sistema de
coordenadas girantes, a condição de Hartmann-Hahn é satisfeita[21], e a
transferência de polarização é permitida[20]. O sistema girante de coordenadas é um
sistema que gira com a freqüência de ressonância de cada núcleo em particular em
tomo de Bo. Em tal sistema, a freqüência de precessão de Larmor rBo é eliminada, o
que significa o desaparecimento de Bo. O único campo magnético que age sobre cada
spin é o campo de RF estático, neste referencial, e tem o mesmo papel de no no
sistema de referência do laboratório. Neste caso, pode-se observar que a condição de
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 21
Hartmann-Hahn significa que os dois núcleos terão a mesma freqüência de Larmor
em seus respectivos sistemas girantes de coordenadas, (J)IH = O)IC' Veja a ilustração
da seqüência de pulso do processo na Figura 2.4.
lH
1t/2 CP
Desacoplamento
Ta~:,I
Figura 2.4: Sequência de pulso Polarização cruzada estabelecimento da
condição de Hartrnann-Hahn O)IH = O)IC' Tc é o tempo de contatotérmico, Ta é o tempo de aquisição.
2.3.3 Desacoplamento Dipolar.
Para núcleos com spin ~, as interações de spin nuclear relevantes são o
deslocamento químico e as interações dipolares homo e heteronuclear. No caso
específico de l3e, cuja abundância natural é de -1%, a interação dipolar homonuclear
pode ser desprezada, restando o deslocamento químico e a interação dipolar
heteronuclear lH_l3e. Geralmente, a interação dipolar heteronuclear predomina no
espectro, tomando-se impossível à observação de padrões de pó de deslocamento
químico para l3e quando a interação dipolar lH_l3e está presente. No entanto,
existem técnicas tradicionais capazes de eliminar ou reduzir drasticamente os efeitos
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 22
da interação dipolar lH_13C. Dentre essas técnicas, a mais utilizada é o método de
desacoplamento heteronuclear por irradiação contínua.
A técnica de Desacoplamento Dipolar Heteronuc1ear (DEC) foi proposta
originalmente por Sarles e Cotts [22]. O desacoplamento é feito através da redução
do Beff produzido pelo dipolo magnético do núcleo I (abundante) ao longo da
direção z, a partir da aplicação de uma RF. A interação para o caso do l3e
(abundância ~1%) é do tipo heteronuclear lH_13C diretamente ligados ou próximos.
O desacoplamento de núcleos diretamente ligados lH_l3e (da ordem de 100 kHz) é
incompleta, mas é total para núcleos separados (da ordem de 1-10 Hz).
<Bd' >=0lp
rJ.-1H ....I DEC 11polenci.
Figura 2.5: O efeito do desacoplamento heteronuclear. Devido à rápida
rotação do momento magnético do núcleo I, o seu campo dipolar local, Bdip,
na direção do campo Bo (direção z), é em média reduzido a zero no sítio donúcleo 11.
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional.
2.4 Referências:
23
1. Stejskal, E.O. and lD. Memory, High Resolution NMR in the Solid State.1994, New York. 189.
2. Silvestri, RL. and J.L. Koenig, Applications of Nuclear Magnetic ResonanceSpectrometry to Solid Polymers. Analytica Chimica Acta, 1993. 283: p. 9971005.
3. Teixeira Dias, J.J.C., Espectroscopia Molecular: Fundamentos, Métodos eAplicações. Vol. unico. 1986, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 162.
4. Smith, S.A., W.E. Palke, and lT. Gerig, The Hamiltonians of NMR: Part IConcepts in Magnetic Resonance, 1992.4: p. 107-144.
5. Smith, S.A., W.E. Palke, and lT. Gerig, The Hamiltonians of NMR: Part IIConcepts in Magnetic Resonance, 1992.4: p. 181-204.
6. Bonagamba, T.J., Supressão de Bandas Laterais em Experimentos de RMNcom Rotação em Torno do ângulo Mágico, in Departamento de Física eInformática, Universidade de São Paulo: São Carlos. p. 82.
7. Zucchi, M.R, Implementação da técnica de espectroscopia in vivo por RMNe sua aplicacao najisiologia do exercício, in Departamento de Física. 1997,Universidade de São Paulo: Sao Carlos. p. 69.
8. Figueroa Villar, lD., Aspectos Quânticos da Ressonância MagnéticaNuclear. Fundamentos e Aplicações da Ressonância Magnética Nuclear. Vol.2. 2000, Rio de Janeiro: AUREMN. 85.
9. Bonagamba, T.J., Espectroscopia de Alta Resolução em Sólidos porRessonância Magnética Nuclear, in Instituto de Física de São Carlos. 1991,Universidade de São Paulo: São Carlos.
10. deAzevedo, E.R., Novas Metodologias de Ressonância Magnética Nuclearpara o Estudo da Dinâmica Lenta em Materiais Orgânicos no Estado Sólido:Aplicações em Po/ímeros e Proteínas, in Instituto de Física de São Carlos.2001, Universidade de São Paulo: São Carlos. p. 197.
11. McWeeny, R, Spins in Chemistry. 1970, New York: Academic Press.12. Lamb, W.E., Internal Diamagnetic Fields. Physical Review, 1941. 60: p.
817-819.
13. Duncam, T.M., 13C Chemical Shielding in Solids. Joumal Physics ChemicalRef. Data, 1987. 16(1): p. 125-137.
14. Koenig, J.L., Spectroscopy of Polymer. 1992, Washington: AmericanChemical Society. 328.
15. Bathista, A.L.B.S. and J.S. Nogueira. Elementos Históricos da RessonânciaMagnética Nuclear. in VII Jornada Brasileira de Ressonância MagnéticaNuclear. 2002. Maringá-PR.
16. Stejskal, E.O., J. Schaefer, and J.S. Waugh, Magic-Angle Spinning andPolarization Transfer in Proton-Enhanced NMR. Joumal of MagneticResonance, 1977. 28:p. 105-112.
17. Gil, V.M.S. and C.F.G.C. Geraldes, Ressonância Magnética Nuclear:Fundamentos, Métodos e Aplicações. 1987, Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian. 1012.
Capítulo 2 - Ressonância Magnética Nuclear Convencional. 24
18. Freitas, J.C.e., Espectroscopia de Alta Resolução por RessonânciaMagnética Multinuclear aplicada ao Estudo de Zeólitas, in Instituto de Físicade São Carlos. 1994, Universidade de São Paulo: São Carlos.
19. Chandrakumar, N. and S. Subramanian, Modern Techniques in HighResolution FT-NMR. 1987, New York: Springer-Verlag. 388.
20. Hartmann, S.R and E.L. Hahn, Nuclear Double Resonance in the RotatingFrame. Physical Review, 1962. 128(5): p. 2042-2053.
21. Mehring, M., Principies of High Resolution NMR in Solids. 2nd ed. 1983,New York: Springer- Verlag. 342.
22. Sarles, L.R and RM. Cotts, Double Nuclear Magnetic Resonance and theDipole Interacations in Solids. Physical Review, 1958. 111(3): p. 853-859.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 25Molecular.
Capítulo 3: Técnicas deNuclear destinadas aoMolecular.
3.1 Introdução.
RessonânciaEstudo da
MagnéticaDinâmica
A dinâmica molecular apresenta importantes efeitos nas propriedades
mecânicas e fisico-químicas de moléculas, tais como no comportamento de materiais
amorfos[l], condução em polímeros [2-5], na contribuição da classificação de
alimentos naturais[6], na classificação de resinas[7], na caracterização de amidos[8],
etc. Os processos de relaxação da magnetização são causados devido ao movimento
molecular[9], e as taxas de relaxação medidas podem ser relacionadas com o tempo
de correlação característico do movimento, 'fc' A medida da taxa de relaxação provê
informações sobre a dinâmica molecular em vários regimes de freqüência[lO, 11],
onde pode-se medir os tempos de relaxação (TI, T2 e T1p), e com isso, consegue-se
estudar diferentes movimentos que ocorrem com uma distribuição de freqüências.
Em RMN podemos classificar o estudo da dinâmica do estado sólido em três etapas:
rápida, intermediária e lenta. Movimentos rápidos, com freqüências da ordem de
MHz, podem ser detectados por meio de experimentos de relaxação spin-rede (TI)' A
dinâmica intermediária, com taxas entre 10 - 100 kHz, pode ser caracterizada por
experimentos de análise de largura de linha, técnicas de relaxação como
Tlp (relaxação spin-rede no referencial rotante). Sistemas que envolvem processos
dinâmicos lentos (0.1 - 1000 Hz), as informações podem ser obtidas através de
experimentos de RMN de Exchange, onde os movimentos moleculares lentos são
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 26Molecular.
observados em termos de mudanças na freqüência de RMN, a qual reflete
diretamente mudanças na orientação dos segmentos moleculares.
3.2 Cálculo do Espectro de RMN sob a ação de MovimentosMoleculares.
Em uma análise mais detalhada as informações sobre a dinâmica molecular
são geralmente obtidas utilizando simulações numéricas dos espectros que contem
modelos dinâmicos específicos. Deste modo, é importante estabelecer parâmetros
adequados que liguem a dinâmica molecular e as simulações espectrais. Na ausência
de dinâmica molecular o sinal de RMN pode ser calculado com base nas interações
de spin nuclear sentidas pelo núcleo. No caso de núcleos de l3C (8 = ~) em sistemas
orgânicos se o sinal é adquirido com o uso de desacoplamento de 1H as interações
presentes na amostras são a interação Zeeman e a de deslocamento químico. Como já
discutido, em sólidos a interação de deslocamento químico depende da orientação do
sistema de eixos principais da interação em relação ao campo magnético Do. Deste
modo, localmente esta interação é definida pela orientação de cada molécula em
relação ao campo Do, já que o sistema de eixos principais é fixo para cada molécula.
Como a freqüência de RMN é definida pela interação de spin nuclear, pode-se dizer
que em um sólido amorfo ou policristalino cada l3C em uma dada molécula possui
uma freqüência de ressonância que depende da orientação da molécula e da
vizinhança local. Como resultado disso, podemos imaginar que em um sólido existe
um conjunto de magnetizações que possuem diferentes freqüências de ressonância,
sendo a magnetização total a soma dessas magnetizações. É interessante notar que
cada uma das magnetizações individuais desse conjunto é constituída pela soma de
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 27Molecular.
todos os momentos magnéticos de núcleos de 13C que estão localizados em
moléculas que possuem a mesma orientação (isocromatas) em relação ao campo Do.
Podemos então denominar por Mj a magnetização correspondente ao conjunto de
núcleos cuja orientação do campo magnético Do no sistema de eixos principais da
interação de deslocamento químico é (~, tA) e cuja correspondente freqüência de
RMN é Q(Bi,tA). Após um esquema de excitação (que pode ser um pulso de n/2 ou
um esquema de polarização cruzada) a magnetização transversal correspondente
evolui com a sua freqüência característica resultado no sinal de RMN. Portanto,
contribuição de cada isocromata para o sinal de RMN, ou seja, a evolução pode ser
calculada usando a equação de Bloch, que na ausência de relaxação fica:
[3.1]
Para considerar todos os sítios moleculares (Bi, tA) esta equação pode ser
escrita de forma vetorial, ou seja:
M1
dM - - - 1M2-=iOM com M= _ leQ=dt
O O
o o
O
[3.2]
Note a definição da matriz real fi, conhecida como matriz das freqüências.
Neste caso a solução desta equação é trivial resultando em:
[3.3]
onde MiO é um vetor que contém as magnetizações iniciais de cada sítio. Para obter o
sinal de RMN é necessário somar sobre todas as possíveis orientações (~, tA) (média
sobre todas as orientações) com o peso probabilístico de cada uma, ou seja.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 28Molecular.
1 211" 11"
S(t)=(M(B,tjJ,t))=- JdtjJ JM(B,tjJ,t)senBdB47r o o [3.4]
Em termos do formalismo vetorial anterior isto significa somar sobre todos os
elementos com os respectivos pesos angulares.
No caso de haver movimento molecular durante a aquisição do sinal de RMN
o tratamento a ser feito é bastante parecido. Basta notar que se há movimento
molecular durante a evolução da magnetização a freqüência de uma dada isocromata
não é mais constante em todos os instantes de tempo, já que durante a evolução a
orientação de um dado segmento molecular varia de acordo com o processo
dinâmico. Para levar este efeito em consideração devemos introduzir um novo termo
na equação de precessão matricial que se encarregue de conectar as freqüências dos
vários sítios. Intuitivamente podemos dizer que as características deste novo termo
devem ser as seguintes: 1) deve ser uma matriz imaginária, pois será simplesmente
um termo de conexão entre as várias freqüências e não deve mudar as freqüências de
precessão individuais do sistema; 2) Os elementos diagonais dessa matriz devem
estar associados com as populações de cada sítio individual. 3) Deve possuir termos
não diagonais, já que só assim pode fazer com que os diversos elementos da matriz
de freqüência possam ser interconectados durante a evolução. Deste modo, a
equação matricial de precessão pode ser reescrita como:
dM(t) =i(fi+ifI)M(t)dt [3.5]
Esta equação é conhecida como equação de Bloch-MacDowell [12-14]. A
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 29Molecular.
matriz fi é conhecida como matriz de Exchange, e seus elementos não diagonais fIij
representam o probabilidade por unidade de tempo (taxa), de que ocorra uma
mudança na freqüência, ou equivalentemente na orientação molecular, de n(Bi,~J
para n( Bj,ljJj). Já os elementos diagonais fI;; representam a taxa de probabilidade de
que haja uma reorientação molecular do sítio I para qualquer outro sítio acessível,
N
isto é fI.ü = L fIij . Finalmente, uma outra propriedade da matriz de Exchange éi(;,~j)
que se a distribuição inicial de magnetização é tal que a população de cada sítio é Pi,
então a equação de balanço detalhado deve-ser satisfeita, isto é, ~fIij = fIij~ • Como
exemplo de matrizes de Exchange representado processos dinâmicos, considere um
movimento molecular que envolva saltos entre dois sítios específicos com uma taxa
k = 1/(2Te), onde Te é o tempo de correlação do movimento. Neste, caso a matriz de
Exchange é dada pela equação [3.6] Já no caso em que a reorientação ocorre como
saltos aleatórios entre N sítios (random jumps) a matriz de Exchange é dada pela
equação [3.7]. Este último modelo é comumente usado em processos onde não existe
memória reorientac.ional,como é o caso de processos de transição vítrea.
J
(l-N)k-k
-k
fi =(-k k)k -k
-k
(l-N)k
-k
-k
-k
(l-N)k
[3.6]
[3.7]
Portanto, conhecendo-se a matriz de Exchange correspondente a um dado
processo de reorientação molecular a solução da equação de Bloch-MacDowell provê
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 30Molecular.
o vetor magnetização transversal sob a ação do movimento molecular, isto é:
[3.8]
Com isso o sinal de RMN e o espectro correspondente podem ser calculados
da mesma forma que ilustrado anteriormente. Na Figura 3.1 está mostrado um
conjunto de espectros simulados para diferentes tempos de correlação e modelos
dinâmicos. É facilmente visto que a forma do espectro depende fortemente do tempo
de correlação, o que possibilita a determinação deste parâmetro através da
comparação entre espectros experimentais simulados[ 15, 16].
'te = 680 ~s
3'00 2'00 1'00 ó .ioo ·ioo J'oo ;Nxl 1'00ppm pp1n
'te= 160 ~
.~ 300 2'00 1'00""'"
'te= 100 ~
.100.200 J'oo 2'00 100 o ·100·200ppm
Figura 3.1: conjunto de espectros simulados para diferentes tempos de correlação do núcleo de13C.
3.3 Experimentos de Exchange.
A dinâmica molecular representa um aspecto importante em materiais, como
por exemplo polímeros sólidos, a qual influencia as propriedades macroscópicas dos
materiais[17]. As técnicas de Exchange podem ser aplicadas para caracterizar em.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 31Molecular.
detalhes a dinâmica e a conformação molecular, tais como relaxações a, ~e y em
polímeros, onde os tempos de correlação, 'te, alcançam valores entre 1 ms ais. O
princípio básico da técnica de Exchange é a medida da freqüência de RMN de um
dado segmento molecular em dois tempos distintos, de maneira a se detectar a
existência de processos dinâmicos lentos que podem produzir mudanças na
freqüência de RMN [17, 18]. O propósito de se fazer os experimentos de RMN de
Exchange é o monitoramento da freqüência de precessão dos spins localizados num
dado sítio, ou num segmento molecular, em diferentes instantes de tempo. Os
intervalos de tempos em que ocorrem as perturbações de RF, são separados por um
tempo de espera, denominado tempo de mistura, tm (Figura 3.2). Este tempo de
mistura é adicionado à seqüência de pulsos justamente para que haja mudanças de
orientação num dado sítio molecular ou num segmento molecular. Normalmente, este
tempo de mistura é maior que os intervalos de tempo evolução. A reorientação dos
movimentos moleculares implica numa mudança da freqüência de precessão de um
spin nuclear localizado em uma molécula. Isto significa que a observação da
freqüência de RMN em diferentes instantes de tempo representa o monitoramento em
tempo real das orientações sucessivas de um dado segmento molecular durante o
movimento molecular[19]. Explicitando a dependência da freqüência de ressonância
com a orientação dos segmentos moleculares, ro{e,~), e quando esta dependência
muda em relação à orientação do segmento molecular, deriva-se uma nova freqüência
de precessão roo[17] como mostrado na Figura 3.2.
(1)1(91'~1) ~(92'~)
__ n;;Jí ~ ~i ~it~
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 32Molecular.
Figura 3.2: Princípio do experimento 20 Exchange para detecção de movimentosreorientacionais. As freqüências dependentes dos ângulos em dois instantes detempo distintos, os quais são separados por um tempo de mistura tm. Umareorientação (mudança dos ângulos (8, ~)) é detectada através da mudançaconcomitante das freqüências ill1(81) ~1) para ill2(82, ~2)' Figura adaptada dareferência [17].
Devido a esta mudança de (01 para (02 há um diferente ordenamento da
freqüência de ressonância em instantes de tempos distintos. Esta dependência da
freqüência de RMN com a orientação de um dado segmento molecular relativo a Bo,
em geral, causa uma mudança da freqüência que pode ser detectada através de um
experimento de Exchange. Veja Figura 3.3.
80
0-.._m~cB
~~-
Figura 3.3: Esquema da reorientação molecular de ill1(91)
~1) para ill2(82, ~2), devido ao processo de Exchange domovimento lento.
A reorientação durante tm envolve mudança dos ângulos (e,~),os quais são
detectados como mudança de freqüência (O(e,~) no experimento de Exchange.
Ocorrendo a reorientação molecular durante o tempo de mistura tm, uma nova
freqüência irá aparecer, tal que (02 ~ (OI, e a linha selecionada perderá sua intensidade
correspondente. A partir da intensidade dos picos integrados, a população relativa do
segmento molecular móvel pode ser determinada. O tm depende do conteúdo do
tempo de correlação do processo de movimento que produz o Exchange. Estas
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 33Molecular.
intensidades são proporcionais as probabilidades 8(0)2; tn!O)\) de parecer um
segmento com 0)2, sobre a condição imposta pela de seqüência de pulsos que tem a
freqüência 0)\ há um tempo tm[17].
A interpretação do espectro de Exchange 2D tem caráter probabilístico devido
a reorientação dos segmentos moleculares ao longo das freqüências de ressonância
durante o tempo de mistura tm, com os tempos de espera t\ e Í2 diferentes, causando o
aparecimento de picos não diagonais (cor;t:co2).Para entendermos a natureza
probabilística dos espectros de 2D Exchange, podemos considerar um sistema
idealizado onde existam apenas duas orientações possíveis, e conseqüentemente duas
freqüências de RMN para os diversos segmentos moleculares da amostra. Neste caso
particular, os demais movimentos moleculares se restringem apenas a duas
orientações, as quais possuem dois sítios moleculares distintos denominados A e B.
Considerando que as populações destes sítios moleculares sejam iguais para tm = O, a
probabilidade de encontrarmos um spin localizado no sítio A antes de tm em um sítio
B depois de tm será nula, 8(C02=CO\)= O, e o espectro de 2D Exchange será diagonal,
0)\= 0)2(Figura 3.4.a). A medida da evolução de tm aumenta a probabilidade 8(0)}, C02;
tm) de que O)r;é0)2, fazendo com que picos com freqüências (COA,COa)e (COa,COA)
apareçam no espectro (Figura 3.4.b). Para visualizar os picos não diagonais, tm
precisa ser grande o suficiente para que os dois sítios moleculares sejam acessados
com igual probabilidade, fazendo com que a intensidade dos picos fora da diagonal
sejam iguais a dos picos diagonais, Figura 3.4.c, tendo uma maior razão
(SExchangeISTotal) no espectro 2D.
c)
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 34Molecular.
a)
A
B b)
B
b)
Figura 3.4: Seqüência da evolução do espectro Exchange 2D com função de tm para oprocesso de reorientação molecular entre os sítios A e B. (a) tm=O, b) tm= intermediárioe c) tm= indeterminado.
No entanto, a informação gerada pelo espectro 2D Exchange em estado sólido
em amostras de diversas naturezas, tais como, cristalinas, policristalinas,
semicristalinas, amorfas, com irregularidades eventuais, microestruturas e interfaces,
está relacionada exclusivamente aos processos de reorientação molecular. Neste caso,
o estudo dos ângulos de reorientação pode ser obtido através de simulações dos
espectros 2D Exchange utilizando-se métodos padrões[17, 19].
3.4 RMN de Exchange Bidimensional - Exchange 2D.
RMN de Exchange bidimensional é uma técnica de RMN do estado sólido
que estuda as freqüências dos spins de um dado segmento molecular que são medidas
em dois instantes de tempo distintos e correlacionados através de um mapa
bidimensional (espectro 2D). A seqüência de pulsos utilizada no experimento de
RMN de Exchange bidimensional para o 13e está ilustrada na Figura 3.5.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 35Molecular.
01(91'~1) 0.2(92"2)
_1 H__ R~~;1tm I~;I__. II .
~~:I ~i I>t22D Exchange NMR
Figura 3.5 Seqüência de pulsos utilizada para obtenção do espectro de 2DExchange NMR através do deslocamento químico anisotrópico. A evolução nostempos ti e t2 é feita sob desacoplamento heteronuclear. Na primeira parte daseqüência de pulso, aumento da sensibilidade do 13C para que haja uma melhormagnetização como também a relação sinal ruído a partir da Polarização Cruzada.Em ti temos a decodificação de fase, 1m temos a reorientação molecular (informaçãoem ti é transferida para t2). E detecção do sinal com amplitude modulada atravésda informação contida em ti.
Após a perturbação, (1l' / 2)-x, os spins evoluem no plano transversal somente
sob a ação da interação de deslocamento químico, 8, devida ao processo de
desacoplamento heteronuc1ear (Figura 3.5). Depois de um tempo tI. a magnetização é
armazenada na direção z de modo que não executa movimento de precessão durante
o tempo de mistura tm e, finalmente, a magnetização é então colocada para evoluir
novamente no plano transversal, onde o sinal é detectado.
3.4.1 Padrões de Intensidade para Espectros de Exchange2D: 11 =0 e 11 *0.
A intensidade dos espectros bidimensionais de 2D-Exchange depende
fortemente da simetria do segmento molecular estudado. há duas possibilidades de
Exchange em amostras com 11 = ° e 11 * O. Para o caso em que o sistema possui
simetria axial 11 = O, o tensor de deslocamento químico depende unicamente da
reorientação do eixo z do Sistema de Eixos Principais, SEP.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 36Molecular.
Aqui O interesse é somente a componente em freqüência que dependente da
orientação do SEP (parte anisotrópica) e a parte isotrópica é omitida. Neste caso, a
dependência da freqüência com a orientação do SEP relacionado a Bo é dado por:
01(8) =~(3cos2 8 -1)2
[3.10]
J
logo, a reorientação do SEP, e conseqüentemente do segmento molecular em relação
ao campo magnético externo Bo, induz mudanças na freqüência de desvio químico.
Fazendo a primeira consideração que a reorientação do eixo z do SEP tenha mudado
de 81 para 82 durante tm, o ângulo de reorientação será fiR'
Depois de haver a reorientação molecular, o espectro na freqüência
012 (82, tP2) consist~ de um espectro de pó, o qual possui uma forma que é definida
pelos fatores geométricos de reorientação molecular. Para ilustrar esta discussão
sobre a reorientação molecular, devemos considerar uma expressão que descreve as
freqüências de RMN 011 e 012 correspondentes às singularidades (intensidade
máxima) do espectro de pó. Quando a singularidade ocorre em 81 e 82 = 81 ± fiR
tem-se:
[3.11]
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 37Molecular.
As expressões correspondentes às singularidades, representando a equação
paramétrica de uma elipse, onde os semi-eixos a, b, e c são definidos como:
a = I~ 8.J2cos fi R I; b = I~ 8.J2sen fi R I e : = tan fi R[3.12]
logo, o padrão do espectro de pó 2D Exchange é uma elipse, cuja excentricidade está
diretamente relacionada com o ângulo de reorientação.
Excentricidade = !!.. = tan fiRa
[3.13]
Na Figura 3.6 podemos ver um conjunto de espectros 2D Exchange
simulados para as singularidades entre os ângulos de 0° a 90°. Os espectros são
distintos, mesmos para a variação do ângulo de reorientação.
a)
b)
Figura 3.6 Conjunto de espectros de Exchange 2D simulados paravários ângulos de reorientação para 11= O. Figura adaptada dasreferências [17,19].
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 38Molecular.
Para o caso de simetria não axial, 11 # O, os três ângulos de Euler (a.,B,y) que
definem a reorientação do sistema de eixos principais devem ser considerados, o que
toma o cálculo do espectro mais complexo. Aqui os diferentes SEP' s são
superpostos, isto é, unificados para que seja representada por uma distribuição de
orientação dos campos magnéticos. Em um experimento de Exchange 2D a
freqüência de precessão antes de tm calculada no SEP unificado depende basicamente
do tensor de deslocamento químico e da orientação do campo magnético Bo neste
sistema de coordenadas, sendo dada por:
[3.14]
a freqüência apresentada é a freqüência de precessão unificada, e esta é diagonal,
-SEP
onde b;EP = ~ é o vetor unitário que representa a orientação do campoBo
magnético no SEP unificado e ã é tensor de deslocamento químico no mesmo
sistema de coordenadas. Quando ocorre o movimento, obtemos uma segunda matriz
depois do movimento, associada a mudança da freqüência de rol para ro2:
[3.15]
A matriz 0'2 que representa o tensor de deslocamento químico e pode ser
obtida pela matriz de rotação que envolve os ângulos de Euler (a.,B,y):
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 39Molecular.
[3.16]
a matriz de rotação R(a,~,'Y) é definida de acordo com a convenção de Mehring[20].
o procedimento discutido acima foi utilizado em muitos programas para simular
espectros de 2D Exchange mostrados neste trabalho. Para maiores detalhes sobre os
procedimentos utilizados nas simulações consultar as referências [17, 19, 21] e os
apêndice I.
3.4.2 Movimento Molecular em RMN do Estado Sólido.
o movimento molecular em RMN de sólidos orgânicos pode ser classificado
em três tipos de movimentos, devido o regime em que se encontra o sólido. Portanto
estes regimes possuem escalas de tempo ou freqüências próprias. A classificação dos
regimes é a seguinte ordem: a) Regime rápido - MHz; b) Regime intermediário -
kHz e c) Regime lento - Hz. O regime rápido do movimento molecular se encontra
na escala de freqüências da ordem de MHz. Sendo que as freqüências desses
movimentos são superiores à anisotropia das interações internas de RMN
(H D' HCSA' HQ)' onde esses movimentos podem ser observados por experimentos de
TI. No regime intermediário, a freqüência dos movimentos moleculares dos sólidos
orgânicos é da ordem de kHz. Nesta faixa de freqüências o movimento molecular
promedia parcialmente as interações internas de RMN, sendo possível realizar
estudos que adquirem informações de tais movimentos através da análise da forma da
linha, como também obter os tempos de relaxação transversal e longitudinal no
sistema de coordenadas girante, Tz e TIp respectivamente. Já para o regime lento, o
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 40Molecular.
movimento molecular ocorre com freqüências inferiores a kHz e geralmente só
podem ser observados por RMN de Exchange.
Os movimentos moleculares em sólidos orgânicos geralmente vanam ao
longo da molécula devido aos grupos químicos presentes, substituintes, ou até
mesmo pela sua complexidade molecular. Devido a estes fatores, o movimento
molecular em tais sólidos orgânicos não pode ser caracterizado por um único tempo
de correlação, tempo este em que ocorre uma mudança de orientação molecular. Em
resumo, o movimento molecular ocorre segundo uma distribuição de tempos de
correlação. Considerando movimentos termicamente ativados, a temperatura possui
um papel fundamental, pois pode ser ajustada para obter certas freqüências de modo
que o movimento molecular ocorra dentro de uma faixa do regime do movimento de
interesse. Seguindo o raciocínio em que podemos ter uma distribuição de tempos de
correlação do movimento molecular, a uma dada temperatura pode haver ao mesmo
tempo grupos químicos, ou segmentos moleculares, se movendo no regnne
intermediário e lento, dependendo da distribuição do tempo de correlação.
Para o experimento de Exchange, movimentos moleculares que ocorrem no
regime intermediários possuem tempos de correlação comparáveis aos períodos de
evolução tI e tz. Esse fato implica na existência de movimento durante estes períodos
de evolução, necessitando fazer uma consideração do efeito deste movimento sobre o
experimento de Exchange. Apesar desses fatores ocorrerem no experimento de
Exchange, pode-se extrair informações interessantes da amostra.
3.5 Experimento PUREX: Pure Exchange.
3.5.1 Conceito do Experimento PUREX.
( ,I i' .
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 41Molecular.
PUREX é uma técnica de eco-estimulado, com supressão de segmentos
moleculares não móveis na escala de tempo de milisegundos a segundos (ms-s) [19,
22]. Seu objetivo é suprimir o sinal proveniente dos segmentos rígidos no espectro de
Exchange 2D como também para Exchange lD. Esta supressão é obtida pela
modulação do espectro de Exchange através de uma função de modulação
sen2((01 -02}r/2), obtendo assim o espectro PUREX com supressão dos
segmentos rígidos na escala de tempo ms-s.
[3.17]
onde SEXC ({V}, (V}) é o. espectro de Exchange, < > é a média sobre todas as
possíveis orientações dos segmentos moleculares do sólido referente ao SEP. O} e
°2 são as freqüências de precessão dos spins antes e depois de tm• A informação
obtida pelo experimento de Exchange é a mesma do experimento PUREX, porém
com a supressão dos segmentos rígidos para o caso de PUREX lD. A função de
modulação sen2«(O}- 02}r / 2), pode ser representada também pela igualdade
trigonométrica:
[3.18]
onde
\ '" I \•...v u r: B j l3 l. \ (\ .~ 1~.".;....
, ~J r CJ H ;,/r:,_ C h. 'J
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 42Molecular.
Observando este propósito podemos combinar três espectros, um deles não-
modulado e os demais modulados por cos(Orr)cos(02r) e sen(0l'r)sen(02r). Os
[3.19]), podem ser inseridos na seqüência de pulso Exchange, através da introdução
de dois períodos de evolução extra com duração "t, sendo estes dois períodos de
evolução referentes aos tempos antes e depois de tm, conforme mostrado na Figura
escolha adequada dos pulsos entre o tempo tz• Para se obter o sinal modulado por
cos(°1r) cos(°2r), a magnetização transversal, criada na direção y pela seqüência
CP, evolui durante o primeiro tempo de evolução"t, antes de tm•
lH
13C
DEC
J
1D PUREX (Pure Exchange)
Figura 3.7 Seqüência de pulsos utilizada para obtenção do espectro de lDPurê Exchange NMR (PUREX) através do deslocamento químicoanisotrópico. A evolução dos dois períodos 't é feita sob desacoplamentoheteronuclear. Na primeira parte da seqüência de pulso, enriquecemos o 13Cpara que haja uma melhor magnetização como também a relação sinal ruído apartir da Polarização Cruzada.
O sinal detectado terá um fator de modulação que é definido pelas fases dos
pulsos entre tz e através da escolha apropriada dessas fases, é possível adquirir um
sinal com amplitude modulada por cos(Olr)cos(02r) ou sen(Olr)sen(02r).
Através da escolha adequada dos pulsos, na Figura 3.7 podem-se obter os sinais:
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 43Molecular.
Zr
Scc(tl'lz) = e Tzcos(Q)r)cos(Qzr)cos(Q)I))eiOztz [3.20]
Zr
Sss(tl'lz) =e T2 sen(Q)r)sen(Qzr)sen(Qili)ei02t2 [3.21]
Zr
S (I I) = e T2 sen(Q 1 )ei02t2) l' Z ) i
3.5.2 Função de modulação PUREX.
[3.22]
A função de modulação PUREX sen2((Ql -(2)r/2) inseridas nos
espectros de Exchange também pode ser representada como uma expansão, onde os
valores de 't' são diferentes. Isso promove uma combinação de espectros PUREX com
modulações minimizadas, de modo que o espectro de PUREX seja,
[3.23]
e a expansão da função de modulação é dada por
[3.24]
Na Figura 3.8 mostra o comportamento da função de modulação PUREX,
onde o período N = 1,2,3,4 e't' = 250 J..Ls.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 44Molecular.
20 40 60 80
10\. °21 ( ppm )
0,4
0,2
I,oib)0,8
0,6
0,4
0,2
20 40 60 80 0,0 oIOI-oll< ppm)
20 40 60 80 0,0010 \- °11< ppm)
1,0
0,2
0,8
0,6
0,4
0,2
1.0
0.8
0,6
0,4
Figura 3.8 Funções de modulação do experimento PUREX obtidas somandoN funções de modulação com tl= 250 Ils. a) N=1, b) N=2, c) N=3, d) N=4. Afunção de modulação aproxima-se de uma constante na faixa de
0::;;1°1 - 021::;; 21f / r, mas permanece igual a zero em 1°1 - 02 1= O.Figura adaptada da referência [19]
3.5.3 Informações Sobre a escala de tempo do movimentomolecular.
A técnica PUREX 1D pode ser utilizada com eficiência para a obtenção de
tempos e funções de correlação de movimentos moleculares com escala de tempo
típica entre lms a ls[19, 22]. As informações sobre a escala de tempo do movimento
(ms - s) podem ser obtidas a partir da análise da intensidade do espectro PUREX lD
como função do tempo de mistura, tm, do experimento. Quanto a geometria do
movimento, analisamos a intensidade do espectro PUREX lD como função do tempo
de evolução t. A amplitude normalizada do espectro lD PUREX como função de tm,
e t fixo, está relacionado com a função de correlação fjJ(tm' Te> do movimento
molecular, pela seguinte expressão.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 45Molecular.
[3.25]
representa a fração móvel dos sítios que participam do movimento molecular, ou
seja, o número de sítios magneticamente não equivalentes acessíveis. Os termos 8 e
80 são as intensidades dos espectros PUREX 1D, modulado e de referência
respectivamente. O termo de referência 80 contém os efeitos da relaxação transversal
(Tz) durante 't e longitudinal (TI) durante tm• Deste modo, os gráficos da razão
(80 -8)/80 (normalizados) em função de tm ou 't podem ser utilizados para
caracterizar, respectivamente a dinâmica e a geometria dos movimentos, porém sem
os efeitos de relaxação. A função C(tm, < 'íe » está relacionada com a função de
correlação do movimento molecular, t/J(t m , TJ, onde C(tm' < Te » = 1- t/J(tm' TJ. A
amplitude do movimento E(tm, TJ pode ser obtida como função do tempo de mistura
tm, gerando informações sobre o tempo de correlação médio < Te > do movimento
molecular lento. Na Figura 3.9 podemos ver o comportamento da função
C(tm' < Te » e notar as distinções entre as curvas com os seus tempo de correlação
característico.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 46Molecular.
0,5
0,4-tb~0,3
s
~ 0,2
Figura 3.9: Simulações da intensidade E (t m ' o,) versus 1m.
Podemos ver que, quanto maior for o tempo de correlação, maior é o1m dado ao experimento. Através desta análise aparente podemosconstruir uma Janela Dinâmica do Sistema onde envolve movimentosna escala de 1 ms aIs.
Quanto aos parâmetros PUREX, o tempo de mistura deve ser tal que tm » 'e
para englobar os movimentos moleculares lentos que ocorrem dentro da janela
dinâmica PUREX e ,» 1/ ~n para conseguir obter todas as freqüências envolvidas
no processo de PUREX. Na Figura 3.10 mostra a dependência de E(tm'o,) versus
tm para diversos tempos de correlação no regime lento e intermediário, onde engloba
movimentos com tempos de correlação entre I J.lSais. Neste caso, pode-se obter
informações importantes do experimento PUREX 1D, onde parte do movimento dos
segmentos moleculares podem estar realizando reorientações moleculares neste curto
intervalo de tempo. É importante argumentar que a amplitude E(tm ,o,) decai à
medida que o tempo de correlação diminui até se anular totalmente 'e ~ lO,us. E
enfatizar que este decaimento resulta somente da promediação do deslocamento
químico anisotrópico durante 't, já que neste caso tz é muito menor que os tempos de
correlação utilizados. O limite experimental mínimo de tz é da ordem de 100 J.ls.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 47Molecular.
06 -, ----------...,.,_ ,_ .-w.•..._. _ .001&.••••- .- •••••0.••••--- t...&...Olll1.
- - ,••••Ult •••••••• ...cI5 ••••
• • _ , • ...0.1 ••••.. _ . 1....0. •••••
__ 1...0.&% •••
0,1
0,4
0,2
0,3 .
I"';r.,~,....•.; -;- L -1_ - - - - - - -, , . I '
, "",.~ •••• Jo""""""", ' , I II. I 1 i .': I!, I~';!!!
I, ; I! ',.:',-", j ..t ' .i. . , , , .,,',' i i! !
r.' • I I" J i . "r +, I ,• I' I ,
..(' ,. '/.; -i' ',"",-.. ,, - ,. ,-..,'/ ./,.,. ,I
~ ~.~.".'00 "'.'~íi~~"':~::,'10-310-210-110° 101 10210:l
Ím(ms)
0,5
Figura 3.10 Curvas obtidas por simulações da intensidade
E (t m , t5-r) versus tm. Para regimes intermediários demovimentos moleculares.
3.5.4 Distribuição de tempos de correlação.
Sistemas com heterogeneidades na estrutura molecular apresentam regimes de
movimentos lentos, intermediários e rápidos. A pluralidade destes regimes de
movimentos num sistema com heterogeneidades define notavelmente que não há
somente um tempo de correlação, mas sim uma distribuição de tempos de correlação,
Isso é devido aos diferentes sítios magneticamente não equivalentes nas
heterogeneidades e devido a sua vizinhança, Isso faz com que esses sítios se movam
com tempos de correlação distintos. Um aspecto importante da análise do movimento
molecular por RMN de Exchange é sensibilidade do mesmo à distribuição de tempos
de correlação. Uma vez que a janela dinâmica observável neste experimento está
entre O,I ms e ls, se o movimento molecular envolve distribuições de tempos de
correlação com largura superior a essa janela, segmentos que se movem com tempos
de correlação mais curtos -O, I ms que aparecem como se fossem rígidos no
experimento. Com respeito aos segmentos que se movem com tempos de correlação
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 48Molecular.
dentro da janela dinâmica observável, alguns estarão no regime intermediário,
enquanto que outros se moverão no regime de movimentos lentos. Na Figura 3.11 há
uma demonstração desta distribuição de tempos de correlação em função dos regimes
de movimentos[5], onde se pode ver a janela dinâmica do experimento PUREX para
movimentos lentos, bem como a forma pela qual a distribuição destes tempos de
correlação variam em função da temperatura.
-15-12-9-6-:.3 O .3 6 9 12 -15-12-9-6-.3 () .3 6 9 12
Iog 'tç (seg)
Figura 3.11: Distribuição de tempos de correlação em função datemperatura: rápido, lento e rígido [5].
Restringindo a discussão para o regime de movimentos lentos (lms-1s), se o
movimento molecular apresentar somente um único tempo de correlação, "te> 5 ms, a
função C(tm' < Te », toma-se C(tm, TJ e pode ser representada por uma função
exponencial da seguinte forma:
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 49Molecular.
[3.26]
Considerando a quantidade
[3.27]
onde
[3.28]
como mencionado, o tempo de correlação neste caso é único e por isso podemos
considerar o processo do tipo Arrhenius e os tempos de correlação descritos em
função da variável termo dinâmica, temperatura, são dados por[19]:
T, =Toexp(:~) [3.29]
onde Ea, a energia de ativação aparente do sistema, juntamente com 'to, formam os
parâmetros da curva de Arrhenius. Inserindo [3.29] em [3.27] temos,
[3.30]
através desta aproximação podemos calcular a curva E(tm,8rJ em função da
temperatura para o regime de movimentos lentos. A curva obtida da equação [3.30]
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 50Molecular.
dependerá de Ea e 'to , os quais poderão ser determinados por meio do ajuste da curva
com os resultados experimentais. Veja na Figura 3.12 a simulação da dependência de
E(tm,8rJ versus da temperatura para diferentes de Ea e 'to.
0.2
-!-o
i:lr- I a0.4
03
0.2
0.1
0.0-100 -50 o
P] b) • f I t , I~. í
0.4 ~fII~"'L"'I:e<ll/~"Il ~"" ~"'_.tLfi ,/,1" ,/
<:>/<::1.0;;:> <:l Q, <:lI Q J0.3 ~ -;;;;1; I ~, 7U~:..P.•.•..IJ..P,~, 'i "'1
111111 J• J' It I I I'
0.1 ~ I. I I " : )• J I,' E.=85kJlmo
tal =50msl J,L.I __'.-#1 _/ ~ ta. =50ms.. ~ 0.0 11' J • r .•50 T C'C) -50 O 50 100 T C'C)
Figura 3.12: Simulação das curvas E(tm,8rJ versus temperatura como função dos parâmetros de
Arrhenius Ea e 'to. a) E(tm,8rJ versus T como função da energia de ativação: Somente um
deslocamento da curva em temperatura é observado. b) E(tm,8-rJ versus T como função de 'to:
além do deslocamento em temperatura, uma variação na taxa de crescimento da curva é observado.
Na Figura 3.12a observa-se que o efeito da variação da energia de ativação
nestas curvas é um deslocamento das mesmas em temperatura. Por outro lado, além
de um deslocamento em temperatura, a variação de 'to implica também na mudança
da taxa de crescimento da mesma.
No caso anterior, os cálculos das curvas E. vs. T foi realizado considerando a
aproximação de movimentos lentos. No entanto, é possível calcular das curvas no
caso de movimentos no regime intermediário utilizando o procedimento da matriz de
Exchange discutido anteriormente. Neste caso basta considerar que durante os
períodos de evolução -r, onde a magnetização é transversal, o sistema de spins evolui
simultaneamente de acordo com a matriz de Exchange e a matriz de freqüências, mas
durante os períodos tm e tz o sistema evolui somente de acordo com a matriz de
lfS(;'USP S l:'. 1-'1 'J \ ç o DE B i B L \ (~, 'f: ~ IN~ORMAC~t)
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 51Molecular.
Exchange. Deste modo, o vetor de magnetizações complexas após a evolução de
acordo com a seqüência de pulsos PUREX-ID é,
[3.31]
Note a combinação entre as partes reais e imaginárias utilizadas para selecionar as
componentes cosseno.cossseno e seno.seno da magnetização como necessário no
experimento PUREX 1D. Com essa expressão o sinal pode ser então calculado para
qualquer regime de movimento, mesmo que o tempo de correlação do mesmo seja
comparável à duração do período de evolução 'to
Portanto, utilizando o mesmo tratamento anterior o sinal PUREX lD no
regime intermediário, é possível calcular a curva de E. vs.T para diferentes energias
de ativação tal como mostrado a seguir para um modelo de saltos entre dois sítios.
100 T eC)50o
9OkJ/mOl 180 ~lmol",\ 100~/mol tz = msI \ / \ I \ tm= 50 ms• \ \ \ -17: ,I \ I 'to= 10 s: ~, \ I \: I, \
: I \ , \
: I \ I' \: I I \: I \ I' \! : \ I \ \, ,\
• I \ I' \
I ~ \ \" I" '. \
/ /\ \ \-50
0.3
0.2
0.1
0.0
Figura 3.13: Curvas E(tm, bTC> versus temperatura obtidas por
meio de simulação do sinal PUREX 10 no regime intermediário.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 52Molecular.
Pode-se notar na figura que o sinal decai novamente a zero após passar por um
máximo, o que se deve a promediação da anisotropia deslocamento químico devido
ao movimento molecular que ocorre durante o período de evolução 'to Nota-se ainda
que a posição do máximo define a energia de ativação do processo.
Um aspecto interessantes das curvas E (tm, 8,CSA) diz respeito a presença de
heterogeneidades dinâmicas, isto é, distribuição de tempos de correlação. Neste caso,
para uma dada distribuição g ( 'c) a amplitude E (tm, 8,CSA) pode ser calculada pela
seguinte expressão:
00
E(tm,8'csJ = fg( 'c )ETC (tm,8'CSA)d,co
[3.32]
Neste caso, ETC (tm,8,CSA) representa a amplitude correspondente a um dado tempos
de correlação 'e . Com essa expressão e com o resultado anterior pode-se calcular o
comportamento das curvas E versus T considerando que há distribuição de tempos de
correlação. Na Figura 3.14 apresenta uma série de curvas E versus T para um
processo de saltos aleatórios, juntamente com as respectivas distribuições de tempos
de correlação. Neste caso foram consideradas distribuições de tempos de correlação
log-Gaussian (gaussianas em escala logarítmica) as quais também estão mostradas na
Figura 3.14. A característica mais importante da figura é que a amplitude máxima da
curva depende exclusivamente da largura da distribuição de tempos de correlação,
sendo, portanto este parâmetro um indicativo direto do grau de heterogeineidade
dinâmica. De fato, a amplitude máxima da curva decresce proporcionalmente ao
crescimento da largura da distribuição de tempos de correlação, e a comparação de
resultados experimentais com essas simulações pode permitir uma estimativa
quantitativa deste parâmetro.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 53Molecular.
0.1
0.010-7 o 50
- ~0'=0.0.......... ~O' = 1.0
_m_ ~O' = 2.0
-- -. ~O' = 3.0
- - - ~O' =4.0- - ~O'= 5.0
100
Figura 3.14: a) Conjunto de funções distribuição de tempos de correlação do tipo
log-Gaussian. b) Curvas E(tm,ôrJ versus temperatura obtidas por meio de simulação do
sinal PUREX ID no regime intermediário considerando diferentes distribuições de tempos decorrelação.
Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 54Molecular.
3.6 Referências:
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3. Bathista, A.L.B.S., Bloise, A. C., Mantovani, G. L., deAzevedo, E.R,Dahmouche, K, Bonagamba, T. 1.. Estudo de Compostos HíbridosOrgânicos-Inorgânicos Condutores iônicos por RMN de Estado Sólido. in 111Encontro do Instituto do Milênio de Materiais Po/iméricos. 2004. Atibaia.
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5. deAzevedo, E.R, Reichert, D., Vidoto, E. L. G., Dahmouche, K., Judeinstein,P., Bonagamba, T. J., Motional Heterogeneities in SiloxanelPoly(ethyleneglycol) Ormolyte Nanocomposites Studied by 13CNMRSolid-State ExchangeNMR. Chem. Mater., 2003. 15(10): p. 2070-2078.
6. Tavares, M.I.B., Bathista, A. L. B. S., Silva, E. O., Filho, N. P., Nogueira, J.S., A molecular dynamic study of the starch obtained from the Mangiferaindica Cv. Bourbon and Espada seeds by 13C solid state NMR. CarbohydratePolymers, 2003.53(2): p. 213-216.
7. Tavares, M.I.B., Bathista, A L. B. S., Silva, E. O., Filho, N. P., Nogueira, J.S., High-Resolution Carbon-13 Nuclear Magnetic Resonance Study ofNatural Resins. Joumal of Applied Polymer Science, 2002. 86(8): p. 18481854.
8. Tavares, M.I.B., Bathista, A L. B. S., Silva, E. O., Costa, P. M., Filho, N. P.,Nogueira, J. S., J3C NMR Study of Dipteryx Alata Vogel Starch. JoumalApplied Polymer Science, 2004.93(4): p. 2151-2154.
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10. Silvestri, RL. and J.L. Koenig, Applications ofNuclear Magnetic ResonanceSpectrometry to Solid Polymers. Analytica Chimica Acta, 1993. 283: p. 9971005.
11. Koenig, J.L., Spectroscopy of Polymer. 1992, Washington: AmericanChemical Society. 328.
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Capítulo 3 - Técnicas de Ressonância Magnética Nuclear destinadas ao Estudo da Dinâmica 55Molecular.
14. Luz Z, Poupko R, and Alexander. S, Theory Of Dynamic Magic-AngleSpinning Nuclear-Magnetic-Resonance And Its Application To C-13 In SolidBullvalene. Journal OfChemical Physics, 1993.99(10): p. 7544-7553.
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Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 56
Capítulo 4:Discussões.
Resultados Experimentais e
4.1 Materiais e Métodos.
As amostras utilizadas neste trabalho foram preparadas no Departamento de
Química da UNESP de Araraquara pelo Prof. Karim Dahmouche. Os métodos de
síntese das ormolitas do Tipo 11 podem ser encontrados no Capítulo I e nas
referências[I-3]. Relembrando, a seguinte nomenclatura será usada para descrever os
nanocompósitos: [X]n[Y]-Z, onde X representa a porcentagem em massa de
polímero, n o grau de polimerização, aproximadamente o número médio de
monômeros que formam a cadeia polimérica, e Z igual a I e 11, indica
respectivamente o tipo de ormolita, não ligada e ligada quimicamente.
Para entender o efeito do comprimento da cadeia do nanocomposto na dinâmica do
polímero, as seguintes amostras foram preparadas, [50]47[08]-II, [50]47[30]-II,
[50]11[08]-II e [50]11[30]-II.
Dentro das possibilidades experimentais envolvidas na preparação, tentou-se
manter constante a percentagem de polímero e variar o tamanho da cadeia para este
tipo de híbrido. Lembrando que o híbrido aqui escolhido para estudo foi o do Tipo
11, em função de sua estabilidade química e, principalmente, pela heterogeneidade da
dinâmica molecular induzida pela ligação covalente entre as fases orgânica e
inorgânica do nanocomposto. O objetivo deste procedimento foi a obtenção de
amostras com quantidades similares de polímero e tamanho de cadeias bem
diferentes, aproximadamente quatro vezes de diferença entre os tamanhos da cadeia
polimérica. Já que um dos objetivos é estudar o efeito do tamanho das cadeias
S t:, K V I c; U D f:. [1 i f' l " "! i-i. F o P: ~:~,1.. ç :.'
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 57
poliméricas na dinâmica do polímero. É interessante observar que a constituição
química do polímero utilizado é ligeiramente modificado, com grupos contendo NH
no final da cadeia polimérica, b/20Si-NH-CO-NH-(CH2)3-(pEG)- (CH2)3-NH-CO
NH-Si03/2} para que haja ligação química entre o polímero e a sílica.
4.2. Parâmetros experimentais de RMN.
Os experimentos foram realizados em um espectrômetro VARIAN INOVA
com freqüência de l3C de 100 MHz localizado no Instituto de Física de São Carlos.
Foi utilizada uma sonda de dupla ressonância DOTY com bobina de 10 mm equipada
com sistema de variação de temperatura. Pulsos de 90° com duração entre 3 a 5 /J.s
foram utilizados para o l3C e IH. A amplitude do campo de desacoplamento de IH
utilizado foi de aproximadamente de 65 KHz. Tempo de polarização cruzada de 1
ms, e tempos de repetição entre 3 a 64 segundos devido a variação da temperatura.
Nos experimentos de Exchange 2D, o tempo de mistura tm para todos os
experimentos foi de tm = 200 ms, tz = 2 ms. Para o experimento PUREX lD, foi
realizado Curvas ver~us tempo de mistura obtidas por meio de integração dos sinais 8
e 80, com variação do tempo de mistura de 2 a 600 ms. Para os experimentos versus
Temperatura, o tempo de mistura foi fixado em 200 ms. Para ambos os casos tm»J
tz para que não haja movimento durante a detecção do sinal.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos
4.3 Introdução.
58
Vários estudos envolvendo eletrólitos poliméricos mostraram que há uma
forte correlação entre a dinâmica da matriz polimérica e mobilidade iônica[1-9]. Em
particular, estudos envolvendo Ormolitas do Tipo I e Tipo TI utilizando metodologias
convencionais de RMN[9, 10] confirmaram este comportamento também para este
tipo de material. Em resumo, foi mostrado que a mobilidade iônica é assistida pelo
movimento do segmento molecular do polímero, havendo uma restrição maior ao
movimento da cadeia polimérica em Ormolitas do Tipo 11,devido à forte interação
entres as fases orgânica e inorgânica neste tipo de material. Recentemente, estudos
mais detalhados sobre a dinâmica da cadeia polimérica em Ormolitas do Tipo I e 11
não dopadas foram realizados utilizando metodologias de RMN de Exchange[ 11].
Utilizando experimentos de 2D Exchange e 1D PUREX, os movimentos lentos das
cadeias poliméricas que ocorrem em temperaturas próximas à temperatura de
transição vítrea desses materiais foram caracterizados. Estes estudos mostraram
claramente o efeito dos impedimentos estéricos introduzidos pela presença das
estruturas de sílica no comportamento dinâmicos das cadeias nestes dois tipos de
Ormolitas e confirmaram a maior restrição ao movimento molecular para os
materiais do Tipo 11. Além disso, no caso das Ormolitas do Tipo 11,foi possível
distinguir entre segmentos mais rígidos, localizados próximos as ligações com a
estrutura de sílica, e segmentos com maior mobilidade localizados em regiões mais
afastadas destas estruturas. Isto está mostrado na Figura 4.1, onde o espectro de 2D
Exchange é diagonal na região correspondente ao sinal dos grupos ligantes, e possui
um padrão característico de movimentos isotrópicos na região correspondente ao
segmentos mais afastados das estruturas de sílica.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos
-201
O i20 ii60 1
,-. 1
S 1
S 1001
8140j180 ij
j220 ~
j b' ,-· ... ,· •. ·••·'·' .. ··1'···' .•.. ,'.··' .. ·,,····.· ...• •.•· ••···,.·,·1· .. ·1··•. ' .... ,····1····.-· .....,····,····,...·'·..·1··..•.... ,
220 180 140 100 60 20 O -20
(02 (ppm)
Ormolita[50]41[08]-II
59
o Cluster de Sílica
r-v- Cadeia Polímérica
)- Ligação com Sílica
Figura 4.1: Presença de heterogeneidades dinâmicas na amostra [50]d08]-II: a partediagonal no espectro indica a restrição do movimento enquanto que porção não-diagonal doespectro indica o movimento molecular do polímero, Espectro obtido pelo experimento 2DExchange.
Este comportamento aponta para presença de heterogeneidades dinâmicas na
amostra, o que implica em uma distribuição de tempos de correlação para os
movimentos moleculares, detectado através de experimentos PUREX ID[12, 13].
Neste trabalho, experimentos de RMN convencional e de Exchange foram utilizados
afim de obter informações sobre as propriedades dinâmicas de Ormolitas do Tipo II
dopadas com diferentes concentrações de Lítio. Aspectos como a presença de
heterogeneidades dinâmicas na amostra, bem como o efeito da concentração de Lítio
e do tamanho da cadeia nessa heterogeneidade serão abordados. Além disso, será
mostrada uma interessante aplicação da técnica I D PUREX na quantificação dessas
heterogeneidades.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos
4.4 Espectros de Carbono em função da Temperatura.
60
o estudo da dependência da forma de linha com a temperatura pode levar a
informações importantes sobre a dinâmica do polímero na escala de tempo de
microsegundos a milissegundos. Isto é possível devido à dependência do
deslocamento químico anisotrópico (CSA) com a orientação de um dado segmento
molecular em relação ao campo magnético Bo. Nas Figuras 4.2a-e estão mostrados os
espectros de pó de l3C obtidos com as técnicas de Polarização Cruzada (CP), Figura
4.2d-e e Polarização Direta (DP). Na Figura 4.2a. no regime de rede rígida, a baixa
temperatura, pode-se observar, na região de 50 a 100 ppm, um espectro de pó típico
do PEG (crxx = 93 ppm, cryy = 82 ppm e crzz = 33 ppm). Com o aumento da
temperatura, observa-se o início do movimento molecular a partir da promediação do
deslocamento químico anisotrópico, 8CSA' o que se manifesta através da distorção e
posterior estreitamento do padrão de pó observado, Figuras 4.2b e 4.2f. Esta
distorção aumenta até que um máximo da largura de linha é obtido, e daí em diante
um estreitamento pronunciado da linha como função da temperatura é observado,
Figuras 4.2c e 4.2g. Para altas temperaturas a taxa de movimento, k ~ (Tc)-l, toma-
se maIor que a anisotropia de deslocamento químico,
/).0' = 10'xx - a zz I = 60 ppm ~ 6 kHz, produzindo uma promediação completa da
interação de deslocamento químico e gerando uma linha gaussiana estreita, Figura
4.2d e 4.5h. Geralmente, a transição da largura de linha observada para as Ormolitas
está associada com o aumento do movimento da cadeia que ocorre para o polímero
na transição vítrea [9]. A linha em 67 ppm para T = 45°C é um sinal típico do grupo
[CH2CH20]n, podendo ser associada segmentos do polímero não pertencentes ao
!c(."'r._"~p Sl:I~VIÇO DE BIBL10Ti<:',~lJ'5" I ca •. ~ , ...,:-:""\, ....•••• _ •.•...
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 61
grupo de ligação à estrutura de sílica [11]. Além disso, é observado um segundo sinal
na região de -20 a 20 ppm, o qual é atribuído a carbonos pertencentes a segmentos
nos grupos químicos -Si-NH-CO-NH-(CH2)3-(PEG)nresponsáveis pela ligação da
cadeia polimérica com as estruturas de sílica. O fato de as linhas observadas à
temperatura de 4SoC não possuírem nenhum estrutura particular parecida com os
padrões de pó, i.e., são simplesmente linhas gaussianas, indicam que os segmentos
moleculares do grupo [CH2CH20]n executam movimentos isotrópicos à temperatura
ambiente.
[50J47[08]-1I
Polarização Direta 'N';;.
~.~~.~~,~~.~~.~~, ~~.- ~, ~~,~~,-~.~~.~~.~~.~120 90 60 30 O -30 -60 120 90 60 30 O -30-60
ppm ppm
i) _[50]47lO8J~1 CP-·c-·, [50]47[08]-11 DP
10'-80 -60 -40 -20 O 20 40 60
Temperatura ("C)
T=-40"C
T = -80 "C
T- 4:5"C
a)
Figura 4.2: as Figuras 4.2a-d) mostram as formas de linha do espectros de 13C, utilizando atécnica de Polarização Cruzada em função da temperatura para a Ormolita do Tipo 11, [50]d08]11. 4.2e-h) mostram as formas de linha do espectros de \3C, utilizando a técnica de PolarizaçãoDireta em função da temperatura para a mesma Ormolita. A Figura 4.2-i) apresenta as curvas
obtidas à partir da largura de linha espectral à dois terços da altura, ~V(213)' do experimento dePolarização Cruzada e Polarização Direta.
O comportamento das larguras dos espectros de l3C como função da
temperatura está mostrado na figura 4.2-i. Neste caso estão mostradas as curvas de
l3C para as larguras de linhas medidas a 2/3 da altura máxima dos espectros,
~V(2/3)' O estreitamento de linha com função da temperatura é geralmente
quantificado pela medida da largura de linha a meia altura em função da temperatura
[13]. Porém, como a distorção do padrão de pó não pode ser detectado pela medida a
meia altura, neste caso optou-se por medir esta grandeza a 2/3 da altura máxima,
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 62
afim de evitar a contribuição dos grupos de conexão, cujos sinais se superpõem
consideravelmente ao padrão de pó principal. Além disso, medindo-se dV(2/3) é
possível observar um alargamento inicial que precede o estreitamento de linha, o
qual é resultado da distorção do padrão de pó. Uma vez que esta distorção no padrão
de pó acontece devido à presença de movimento molecular com freqüências da
ordem de unidades de kHz[13], a medida da largura de linha à l3C 8V(2/3) provê
uma boa indicação da temperatura onde a taxa do movimento, k, toma-se menor que
kHz. Com o propósito de auxiliar as técnicas de Exchange, a análise da evolução da
forma de linha dos espectros de l3C como função da temperatura provê informações
sobre a dinâmica intermediária. A mudança na forma de linha com a temperatura,
acontece basicamente devido a promediação da anisotropia de deslocamento
químico, CSA, pelo movimento molecular. No entanto, para se obter informações
quantitativas sobre tais movimentos é necessário simular os espectros sob a ação dos
mesmos. Esta simulação também pode ser feita utilizando a equação de Bloch
Macdowell [14-16], que permite calcular a evolução da magnetização sob a ação de
movimentos moleculares, onde podemos obter mais detalhes nas referências [13, 17].
Na ausência de movimento molecular e desprezando os efeitos da relaxação
transversal, o sinal de RMN em função do tempo, S(t), após a perturbação de 90° ou
por uma seqüência de polarização cruzada, pode ser calculado utilizando a expressão
S(t) = MoejOJ( e tomando-se a média sobre todas as possíveis orientações dos
segmentos moleculares [13, 17]. De maneira análoga, sob a ação do movimento o
mesmo procedimento pode ser utilizado, mas deve-se acrescentar o termo de
Exchange entre os vários sítios acessíveis, já que as reorientações moleculares
ocorrem simultaneamente e na mesma escala de tempo do tempo de aquisição. O
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 63
sinal de RMN sob a ação de movimentos moleculares pode ser calculado através da
seguinte expressão [13]:
[4.1]
T= ooe
onde Mo representa a magnetização transversal gerada logo após a perturbação e
<...> representa a média sobre todas as possíveis orientações dos segmentos. O
resultado da transformada de Fourier da expressão [4.1] é o espectro de pó sob a ação
do movimento molecular. Na Figuras 4.3a-d, estão mostrados os espectros de pó em
função da temperatura e suas respectivas simulações (Apêndice I), enquanto que na
Figura 4.3i está mostrada a largura de linha em função da temperatura e a respectiva
simulação.
[50l~7[30]-1I
~ i) ! • [soJ4íM]-R
-.li ...,.~" o [SOJ4:D]-R> ~.~-Y \'fJ<1"1, \~l:~ .••.r i';;''I;J ".
T •• -80 "C :I 1" \\10 l,
T=-45"Ç ,
'~"'h!~m.l. T-~"",,,,,,,._Curva Simulada
T = 15 "C -- [50h1{()l\)~n2 _mo ISO)4l('D)-n
10lio' 80 . 4Ó . Ó • -40 ' -80 120' 80 . 40 o' -40 . -80 -90-60-30 O 30 60 90 120
ppm ppm Temperlltura ("C)
Figura 4.3: As Figuras 4.3a-d) mostram as formas de linhas do espectros de 13e, utilizando atécnica de Polarização Cruzada, em função da temperatura, onde a linha continua representa oespectro experimental e a linha pontilhada o espectro simulado, para a amostra [50]d08]-II. AsFiguras 4.3e-h) mostram as formas de linha do espectros de 13Cpara a amostra [50]d30]-II. AFigura 4.3-i) apresenta a curva obtida a partir da largura de linha espectral à dois terços da altura,AV2/3, do experimento de Polarização Cruzada, onde os pontos são as larguras de linhas à AV2/3
experimentais e a linha continua é a simulação.
A partir das simulações dos espectros de l3e, utilizando a equação [4.1], e
comparado-as aos resultados experimentais (como mostrado na Figura 4.3), é
possível determinar o tempo de correlação médio (Te) do movimento molecular.
Este parâmetro é obtido através da simulação individual de cada espectro para que
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 64
haja uma melhor comparação dos resultados experimentais e as simulações. Uma
outra informação que pode ser obtida à partir de espectros do tipo mostrado nas
Figuras 4.3i e 4.4i é a temperatura em tomo da qual o movimento molecular atinge o
regime de movimentos lentos, isto é, a faixa de temperatura em que o experimento de
Exchange deve ser realizado, pois isso pode ser extraído da curva diretamente, e para
conseguirmos uma curva simulada de linha contínua como apresentada nas referentes
figuras, necessitamos de fazer uma interpolação de pontos para que se obter uma
melhor comparação com a curva experimental. Enfatizando que o processo de
estreitamento por movimento molecular é do tipo de Arrhenius, logo se pode calcular
a energia de ativação aparente de cada amostra a partir dos dados experimentais, isto
é, comparando a curva simulada com a adquirida experimentalmente, seguindo a
equação (1/T) = (k / EJ ln(Te !To), podemos ajustar a energia de ativação conforme
chegamos próximos à curva experimental.
[50] [30]-II11
=-30 "C
• (50)Il(08HIo (50)11(30)-11
Cwva Simulada-- (50)11[08]-11
m __ (50)11[30)-11
• , • I • , • I •• I I' I •• I • I •• I ••• I I'" I • I I· I • , J02
120 80 40 o -40 -80 120 80 40 o -40 -80 -100 -50 o 50 100pprn ppm Tempentura("C)
Figura 4.4: As Figuras 4.4a-d) mostram as formas de linhas do espectros de 13C, utilizando atécnica de Polarização Cruzada em função da temperatura, onde a linha contínua corresponde aoespectro experimental e a linha pontilhada ao espectro simulado da amostra [50]11[08]-11. AsFiguras 4.4e-h) mostram as formas de linha do espectros de 13C, para Ormolitas do Tipo 11,
[50]11[30]-11. A Figura 4.4-i) Curva referente a largura de linha ilV(2/3),onde os pontos representamos dados experimentais e a linha contínua corresponde a simulação.
Na Figura 4.4 está mostrado o comportamento das amostras [50]1l[08]-II e
[50]1l[30]-II em função da temperatura, o qual apresenta uma ligeira diferença na
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 65
região espectral de 20 a 60 ppm, onde aparece um sinal referente ao carbono ligado
ao átomo de nitrogênio, indicando a sensibilidade do experimento em relação ao
comprimento da cadeia polimérica. A diferença entre as figuras 4.3i e 4.4i,
amostras [50]47[Y]-II e [50]1l[Y]-II respectivamente, está no deslocamento do
estreitamento de linha pelo movimento molecular (motional narrowing) das curvas
de CP, devido a variação do parâmetro [Y] = [O]/[Li] (razão oxigênio-lítio) e do
parâmetro n,comprimento da cadeia. Um outro fato importante observado, é quanto
a distorção espectral do grupo de conexão -(CHili-(PEG)n mostrado nas Figuras
4.3c-g, referentes a temperatura de O°C(acima da Tg) este grupo ainda se mantém
aparentemente imóvel em relação ao segmento molecular {CH2-CH2-O}n. Da
mesma forma observamos este fato para as amostras [50]1l[08]-II e [50]1l[30]-II,
relativamente de maior intensidade em relação a [50]47[08]-11.isso é devido à
influência do movimento do segmento estar intimamente relacionado com o
comprimento da cadeia.
Na Tabela 4.1 estão mostradas as temperaturas do início da estreitamento de
linha das ormolitas [50]47[08]-II, [50]47[30]-II, [50]1l[08]-II e [50]1l[30]-II para o
estudo de Exchange 2D.
Tempo decorrelação (J.l.s)
265300200280
[50]11[08]-II[50]11[30]-II[50]47[08]-ll[50]47[30]-ll
Tabela 4.1 : Temperaturas selecionadas para o experimento
2D Exchange, obtidas das larguras de linha Av(2 /3) do
experimento CP, versus temperatura.
Amostra Temperatura deExchange eC)
-5-23-25-30
Na tabela 4.2 estão mostradas as energias de ativação obtidas pela simulação
das curvas 4.3i e 4.4i.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 66
Ea (Kcal/mol)11,529,4511,759,22
Ea (kJ/mol)48,2439,5649,2038,59
Ea (eV)0,500,410,510,40
Tabela 4.2 : Energia de ativação das ormolitas obtidas a partir doexperimento de CP.Amostra
[50]J 1[08]-ll[50]J 1[30]-ll[50]47[08]-ll[50]47[30]- II
4.5. Espectros de 2D Exchange NMR de 13C estático.
Nesta sessão de resultados serão apresentados espectros 2D Exchange para as
três temperaturas distintas: Tg-lOOC, Tg e Tg+8°C para as amostras [50]47[08]-ll
(Figura 4.6) e Tg-5°C, Tg e Tg+5°C [50]1l[08]-1I (Figura 4.8). Estas temperaturas
selecionadas tiveram como objetivo detectar os movimentos dentro da escala de
tempo de observação do experimento de Exchange, os quais ocorrem em
temperaturas próximas à transição vítrea do polímero. De forma a complementar o
estudo da dinâmica da amostra [50]47[08]-11 por 2D Exchange foram realizados as
suas respectivas simulações (Figura 4.7), utilizando-se o modelo de difusão
rotacional isotrópica[18, 19], obtendo assim a distribuição de ângulos de reorientação
adequada como sugerido nas referencias [13, 17].
A amplitude do movimento da cadeia polimérica pode ser observada em duas
regiões distintas no espectro 2D Exchange da Ormolita [50]47[08]-11, como mostrado
na Figura 4.6 em três temperaturas distintas próximas de Tg. Na temperatura de -33°C
o espectro 2D apresenta uma região diagonal em uma faixa de -10 a 20 ppm,
indicando uma baixa amplitude do movimento molecular, devido ao movimento não
se encontrar na escala de tempo de ms-s. Como discutido antes, este sinal é atribuído
ao núcleo de l3C do grupo de conexão com a sílica PEG(CHiliNH. O mesmo fato
ocorre para a outra conexão NH-CO-NH, cujo espectro encontra-se em uma região
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 67
espectral também diagonal entre 100 a 230 ppm. Nesta Figura podemos ver
claramente um forte impedimento do movimento molecular devido a ligação
covalente com a sílica, enquanto que muito dos segmentos mais afastados da ligação
se comportam como cadeias praticamente livres, revelando um comportamento
distinto da dinâmica do segmento molecular próximo a sílica. De fato, a presença da
diagonal tanto pode indicar que alguns segmentos se movem mais lentamente ou
mais rapidamente que a escala de tempo do experimento de Exchange, quanto pode
ser atribuída a segmentos executando reorientações por pequenos ângulos, que dão
origem a um padrão quase diagonal.
[S0]47[08]-1IT=-IS·C
[50)47[08]-11T=-25·C
o 1 [50]47[08]-11T=-33·C
40
200
_ 80EiCl.
-Sl120
ã160
240240 200 160 120 80 40 o -20 240 200 160 120 80 40 o -20 240 200 160 120 80 40 o -20
CllZ (ppm) CllZ (ppm) CllZ (ppm)
Figura 4.6: Espectro de Exchange 2D realizado SOCabaixo da Tg (-2S°C) da Ormolita [SO]d08]-I!.Podemos ver a pequena mobilidade do segmento molecular {CHrCH2-O}n na região de 10 a 90ppm devido a este fato, e na região da conexão Sílica-NH-CO-NH o espectro é puramente diagonal.O tempo de mistura Ím foi fixado em 200 ms. Na temperatura de 15°C a amplitude do movimento dosegmento molecular no espectro de 2D Exchange, já não é mais diagonal devido à promediação dostensores do deslocamento químico anisotrópico. O incremento da figura foi de 0,5 e o contorno foide 30% do máxímo da altura.
Por outro lado, a região entre 32 a 95 ppm, referente ao segmento molecular
{CH2-CH2-0}n, é composta tanto por intensidades diagonal quanto não-diagonal,
indicando a presença de segmentos rígidos e móveis, prevalecendo neste caso o
segmento móvel, deduzido a partir da larga amplitude do espectro 2D na escala de
tempo de ms-s. Isto é confirmado a partir da simulação do espectro 2D Exchange.
como mostrado na Figura 4.7. Este espectro foi calculado usando a superposição dos
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 68
segmentos rígidos (diagonal) e segmentos móveis (não-diagonal) utilizando os
procedimentos descritos nas referências 13 e 17. A partir da simulação podemos
também determinar o tempo de correlação para que seja possível comparar o
espectro obtido experimentalmente com o espectro simulado.
=200ms'te=38ms
Ol2(ppm)
[50]47(08]-11Experimental
[50)47[08]-11
Simulação
Ln=200ms'te = 160ms
[50].47[08]- II
Simulação
Ln=200ms'te = 570ms
[5 0).17[08]-11
Simulação
-20
O.-e 20
S40- 60
8 80
100
120
-20 r [50]47.[08]~I1O Experimental ...-e 20
8: 40--- 60
8 80
100
120
Figura 4.7: Espectros de Exchange 2D da Ormolita [50]d08]-I1 ampliados na região entre -20a 100 ppm referente as temperaturas T = -33 °C, T = -25 °C e T = -15 °C e suas respectivassimulações.
Ampliando a região espectral de 32 a 95 ppm, restringimos a observação do
movimento do segmento molecular ao grupo {CH2-CH2-O}n, onde o comportamento
do movimento é menos heterogêneo em relação aos grupos de conexão. Este
comportamento é mostrado na Figura 4.7, onde o movimento isotrópico é mais
abrangente com o aumento da temperatura e nesta mesma Figura observamos os
diferentes tempos de correlação médios obtidos por simulação do espectro 2D,
lembrando que os experimentos foram realizados próximos da Tg [20], onde para
T = -33°C, (rJ = 570 ms; T = -25°C, (Te) = 160 ms e T = -15°C, (rJ = 38ms. Uma
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 69
outra forma de estudar o comportamento do movimento do segmento {CHrCH2-O}n
das ormolitas a diferentes temperaturas está relacionado com o comprimento da
cadeia polimérica, ou seja, o parâmetro n. Como as amostras aqui estudadas têm uma
diferença do comprimento da cadeia polimérica de um fator 4, devido ao peso
molecular utilizado, é claramente observada esta diferença quanto a amplitude do
movimento molecular das amostras [50]11[08]-II e [50]47[08]-II, referentes a
temperatura de -15°C, onde há uma maior mobilidade do segmento molecular {CH2-
CH2-O}n da ormolita [50]47[08]-11em relação a [50]11[08]-II [20].
-20. [SO]u[08]-1I
20 1T=~IS·C
60i i •c. •
..:; 100
8140
180
220
[SO]11[08]-1IT=-S"C
.~
[SO]11[08]-1IT=S'C
220 180 140 100 60 20 -20 220 180 140 100 60 20 -20 220180 140 100 60 20 -20002 (ppm) 002 (ppm) 002 (ppm)
Figura 4.8: Espectros de 2D Exchange obtidos nas temperaturas T = -15°C, T = _5°C e T = 5 °Cda ormolita [50]11[08]-11. O tempo de mistura t", foi fIxo de 200 ms. O incremento da figura foi de0,5 e o contorno foi de 30% do máximo da altura.
4.6. Resultados lD PUREX NMR das ormolitas.
Na Figura 4.9 são mostradas as curvas lD PUREX versus tm como função da
temperatura, com o intuito de se medir a escala de tempo do movimento do segmento
molecular. O tempo entre os pulsos foi de 't = 250 J.ls com tempo de mistura tm
variado entre 2 a 600 ms. As temperaturas foram escolhidas propositalmente para que
pudéssemos observar o movimento do segmento molecular próximo da Tg das
amostras [50]47[08]-II e [50]11[08]-11.Para obtenção da fração móvelfm relacionada a
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 70
cada tm de cada temperatura, as intensidades espectrais S e So foram obtidas pela
integração do espectro na região entre 50 a 110 ppm, isto é, somente o segmento
molecular {CH2-CH2-O}n que foram considerados mais móveis. Seguindo a
metodologia citada [11, 13] podemos ver a amplitude da fração móvel das amostras
[50]47[08]-ll e [50]11[08]-ll na Figura 4.9. As curvas PUREX lD foram ajustadas
com a função de correlação KWW (KohIrausch-Willians-Watt) ou stretched
exponential[ 11, 13]:
[4.2]
onde a 1m é a fração móvel do segmento molecular; tm é o tempo de mistura, p é
uma constante da curva, que está correlacionada com a distribuição dos tempos de
correlação. Este parâmetro varia dentro do intervalo de 0< p ~ 1[17, 21]. A coleção
de curvas PUREX lD da amostra [50]47[08]-ll, foi realizada nas temperaturas: -35,,-
30, -25 e -20°C, com a variação do tempo de mistura tm, observando o
comportamento da distribuição dos tempos de correlação.
b) [50] 11 [08]-I1
E(tllt.m)"'fin { 1-exp(taJto l~
1.0
0.8
0·00.0 0:1 0.2 O,) 0.4 O:S 0.60.0 0.1 0.2 0.3 0.4 O.S 0.6
tempo de mistura (s) tempo de mistura (s)
Figura 4.9: a) Curvas de 13C obtidas através da seqüência de pulso PUREX1D para as amostras [50]d08]-II e [50]lI[08]-II com quatro temperaturasdiferentes. Com a variação de somente 5°C já podemos observar umadiferença na intensidade da curva PUREX 1D [20, 22].
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 71
Podemos ver explicitamente na Figura 4.9 que a fração móvel aumenta
significativamente, quando ocorre uma variação de temperatura de 5°C na amostra, e
isso se toma mais sensível quando a variação da temperatura está próxima da Tg
(- 25°C) da amostra [50]47[08]-ll. Observa-se que para a temperatura de -35°C a
amplitude movimento do segmento molecular é menor em relação à curva obtida a
temperatura de -20°C, onde a amplitude do movimento molecular maior[20, 22, 23].
Por outro lado, o tempo de correlação médio < Tc > é quase o dobro quando a
temperatura varia apenas 5°C. Os tempos de correlação estimados dos experimentos
realizados foram de 334 ms (-35°C), 173 ms (-30°C), 94 ms (-25°C) e 48 ms
(-20°C), para a amostra [50]47[08]-II. O cálculo do tempo de correlação médio
< Tc > é dado da seguinte forma:
[4.3]
onde r é a função Gama.
Os parâmetros 1m , fiKWW e Toda função KWW estão mostrados na forma
de tabela abaixo.
Tabela 4.3: Parâmetros das curvas PUREX 10 obtidos a partir da
função KWW stretched exponential para a Ormolita [50]d08]-Il.Temperatura COC) ~ 1m 'te (ms)
-35 0,43 0,28 334-30 0,45 0,42 173-25 0,45 0,75 94-20 0,38 0,82 48
Tabela 4.4: Parâmetros das curvas PUREX lD obtidos a partir da
função KWW stretched exponential para a Ormolita [5011l[08]-Il.Temperatura COC) ~ 1m 'te (ms)
-15 0,55 0,20 134-5 0,47 0,34 131-o 0,41 0,6 955 0,40 0,79 125
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 72
4.7 Energia de Ativação por PUREX lD.
A partir da obtenção dos parâmetros do experimento PUREX ID é possível
estimar a energia de ativação aparente da amostra [50]47[08]-II. A energia de
ativação pode ser expressa da forma[13]:
[4.4]
aplicando o ln na função < Te>
[4.5]
[4.6]
e a energia de ativação aparente obtida através deste cálculo é de 0,66 eV.
-1.0
Ea=0.66 eV
Ea= 63 kJlmol
[50] [08]-1147
-2.5-
-3.0••
3.95 4.00 4.05 4.10 4.15 4.20lOOO1T K-J
Figura 4.10: Obtenção da Energia de Ativação a partir da.Escala de tempo em função da temperatura, <tc> em escalalogarítmica.
-1.5...-,tn
5.2.0.;t
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos
4.8 Resultados lD PUREX do -(CH2)3-(PEG)n.
73
Analisando a Figura 4.11 na temperatura de T = 5 °C na região entre 60 a 110 ppm, o
decaimento nesta região espectral marcada com asterisco (*) é devido à reorientação
do segmento molecular {CH2CH20}n' Explicitando um maior movimento deste
segmento molecular em relação ao grupo de conexão -(CH2)3-(PEG)n que possui uma
movimento muito menor devido estar ligado quimicamente com a sílica.
[50]) 1[08]-11
T=+5OC
,•
* {CH2ClliO}nDifusao livre
, Si-NHCONH-(CH2)J-PEG. '-.,-I
Difusão restrita
*
~ , .... , .. "
250 200 ISO 100 SO O ·50 -100 ·IS0
Prequência (ppm)
Figura 4.11: Experimento PUREX 10 \3C da Ormolita [50]ll[08]-I1 com tempo demistura tm = 200 rns e a uma temperatura 10°C acima da Tg da amostra. O espectro So éa intensidade de referência e o espectro S, é a intensidade PUREX, o decaimento naregião espectral marcado com asterístico (*) é devido a reorientação do segmentomolecular.
Na Figura 4.12 estão mostradas as curvas 1D PUREX como função da temperatura
para as ormolitas com diferentes níveis de dopagem de lítio (parâmetro [Y]), [50]47II
(não dopada), [50]47[08]-11 , [50]47[15]-11 , [50]47[30]-11 [20, 22, 23]. Pode-se notar
claramente que a intensidade máxima PUREX E(tm,8rCSA) versus T eC) varia de
acordo com a concentração de lítio sendo maior para a amostra com maior
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 74
concentração, [50]47[08]-I1.Simulações das curvas utilizando a metodologia descrita
no capítulo 3 para distribuições de tempo de correlação do tipo log-Gaussian
também estão mostradas. As energias de ativação e as distribuições de tempo de
correlação que melhor representam as curvas experimentais estão mostradas na
figura. Fazendo-se uma análise comparativa, nota-se uma clara tendência de
diminuição da distribuição de tempos de correlação do movimento molecular com o
aumento da dopagem de Li. Isto por sua vez, mostra que as heterogeneidades
dinâmicas dos movimentos moleculares responsáveis pela transição vítrea do
polímero na ormolita diminuem com a concentração de Lítio. Isso indica que a
dinâmica molecular {CH2-CH2-O}n é sensível a presença do Lítio[20, 22, 23] , sendo
que o aumento da concentração deste cátion implica na uniformização da dinâmica
molecular responsável pela transição vítrea do polímero. A distribuição de tempos de
correlação na dinâmica responsável pela transição vítrea é um fenômeno largamente
observado em polímeros amorfos, sendo geralmente associadas com
heterogeneidades locais provocadas pela distribuição de massa molecular que
influenciam na uniformidade da dinâmica cooperativa responsável pela transição
vítrea destes polímeros. Dependendo do tipo de polímero a dinâmica molecular na
transição vítrea pode envolver distribuições de tempos de correlação que variam
deste 0.5 década (caso da maioria dos elastômeros sintéticos com baixa
polidispersividade, pequena distribuição de massas moleculares [24, 25]) até 4
décadas (para polímeros com grande distribuição de massas moleculares como o
polipropileno atático [24, 25]). No caso das ormolitas, a variação da distribuição de
tempos de correlação com a concentração de Lítio não pode ser atribuída a mudanças
na polidispersividade, já que esses materiais são preparados a partir do mesmo
precursor (PEG). Deve, portanto, estar ligada a uma mudança na morfologia local
" ',j I l: (, U~: l:\ I e I I (\ 1 ~ "(1~~~,,~t\Cf\r'o
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 75
das cadeias do PEG induzidas pela presença do cátion. Os resultados de análise da
largura de linha também mostram um comportamento diferenciado para amostras
com diferentes concentrações de Li. De fato, uma claro deslocamento da temperatura
de estreitamento para regiões de maior temperatura é observado em amostras mais
dopadas. Isto é geralmente atribuído a presença de ligações de entrecruzamento das
cadeias via Li, o que aumenta as barreiras energéticas que devem ser vencidas pelo
movimentos termicamente ativados. Esta verificação parece a princípio ser contrária
à diminuição da largura da distribuição de tempos de correlação como função do
aumento da dopagem, observado aqui. Uma possível explicação para tal
discrepância, pode estar associada ao fato das heterogeneidades responsáveis pelo
aumento da distribuição de tempos de correlação serem heterogeneidades dinâmicas.
A conseqüência disso é que se imaginarmos que em um polímero muito dopado, de
modo que haja ligações de intercruzamentos, será realmente necessário ceder mais
energia para que os movimentos moleculares tenham início, explicando assim o
aumento da temperatura de transição vítrea. Porém uma vez disparado o processo, ou
seja dada energia suficiente para "romper" as ligações de intercruzamento, as cadeias
poliméricas poderão iniciar o movimento molecular quase que conjuntamente, o que
explicaria a diminuição da distribuição de tempos correlação dos movimentos
moleculares. No entanto, está interpretação não pode ser tomada como absoluta, já
que efeitos como presença de separação de fases (regiões com maior ou menor
concentração de Li) ou outros fatores relacionados com a preparação da amostra
podem estar presentes sendo muito dificeis de serem controlados.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 76
tm =200ms't = 250J.ls
-sim Ea=73k1/mol• [50}47[ll8]-U- sin Ea =82 kJ/mol
O [50}47[ 15]-11•• ". sin Ea = 70 kl/mol
• [50}47[30]-1ln _ sin Ea =70 kJ/mol
() [50}47-1J
"'"'l"~.•..
'I':" ••' •••••
• ~ « •• ::::~~:::.-
0,2
1,0 "--.Aa =0.5
f=;'0,6tiJ
0,4
•••••• lJ/;f =3.2
0,8 I-~ &a = 1.7
0,0-100-80-60 40 -20 O 20 40 60 80 100
Temperatura (OC)Figura 4.12: Regime do movimento do segmento molecular{CH2CH20}n na escala de ms a s envolvendo a distribuição dotempo de correlação. As linhas são as simulações de cadaamostra referente ao parâmetro [V].
4.9 Conclusões e Perspectivas.
As técnicas de RMN de Exchange 2D e PUREX lD foram
utilizadas nos estudos, permitindo determinar as amplitudes de movimentos
moleculares em diferentes regiões do polímero. Foi mostrado diretamente que pela
técnica Exchange 2D os movimentos moleculares em segmentos mais próximos das
estruturas de sílica são altamente restritos, enquanto para segmentos afastados destas
estruturas, a dinâmica molecular durante a transição vítrea são mais móveis e
bastante similar a polímeros totalmente amorros. De fato, foi observado que este
comportamento ocorre somente em amostras com polímeros de maior peso
molecular. Para amostras com cadeias poliméricas menores, o efeito da restrição do
movimento pelas estruturas de sílica se estendem para a maioria dos segmentos
moleculares do polímero. Finalmente, utilizando a técnica PUREX ID, a distribuição
de tempos de correlação do movimentos moleculares envolvidos na transição vítrea
foi estimada para amostras com diferentes concentrações de Li. Neste caso, foi
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 77
verificado que a distribuição de tempos de correlação é menor para amostras com
maior concentração de Li. Quanto as perspectivas, há interesse em estudar o de
Exchange de 7Li , onde é empregado o eco de Jeener-Broekart, o qual pode ser
gerado por uma seqüência x900 -tp -Y.w -tm -Xw -tp' O sinal de RMN
envolvendo o Hamiltoniano quadrupolar HQ gerada pela seqüência Jeener-Broekaert
é dado por sf(tp,tm,t) = :0 (sen[aJQ(O)tp]sen[aJQ(tm)t]), o símbolo brackets (...)
indica uma média sobre todo o pó e as notações tp, tm e t são tempo de preparação
(ou evolução), tempo de mistura e tempo de refocalização (ou de detecção)
respectivamente. No experimento de Spin-alignment, o sinal sf pode decrescer com
a função do tempo de mistura, isso devido à escala de tempo TQ (evolução
quadrupolar) quando a freqüência aJQ muda durante tm ou pode decair devido ao
efeito de relaxação que ocorre na escala de tempo da freqüência de Larmor. Este
experimento de Spin-alignment gera informações tanto da contribuição da parte
dipolar quanto da parte quadrupolar do sistema em estudo. A variação do sinal de
RMN sf em função do tempo de mistura tm com o tempo tp fixo, informa a
respeito da melhor amplitude do eco do experimento Spin-alignment. Quanto o sinal
de RMN sf em função da temperatura informa a respeito da dinâmica do íon
utilizado, como amplitude do movimento, como também tempo de correlação e
energia de ativação. E o sinal sf com variação de tp mostra realmente que a
evolução do experimento Spin-alignment gera um espectro de estado puro
quadrupolar. E estes parâmetros de dinâmica do íon podem ser correlacionados com
o polímero.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos
4.10 Referências:
78
1. Dahmouche, K., et aI., New Li+ ion-conducting ormolytes. Solar EnergyMateriaIs and Solar Cells, 1998.54(1-4): p. 1-8.
2. Dahmouche, K., et aI., Investigation of new ion-conducting ORMOLYTES:Structure and properties. Joumal of Sol-Gel Science and Technology, 1997.8(1-3): p. 711-715.
3. Dahmouche, K., et aI., Investigation ofnew ion conducting ormolytes si/icapolypropyleneglycol. Joumal of Sol-Gel Science and Technology, 1998.13(1-3): p. 909-913.
4. Donoso, J.P., et aI., Nuclear Magnetic-Relaxation Study of Poly(EthyleneOxide) Lithium Salt Based Electrolytes. Joumal of Chemical Physics, 1993.98(12):p.l0026-10036.
5. Donoso, J.P., et aI., Nuclear Magnetic-Relaxation Study of Poly(PropyleneOxide)Complexed with Lithium Salto Electrochimica Acta, 1995. 40(13-14):p.2361-2363.
6. Donoso, J.P., et aI., Magnetic-Resonance Study ofWater-Absorption in SomePeg-Lithium Salt Polymer Electrolytes. Electrochimica Acta, 1995. 40(1314): p. 2357-2360.
7. Benavente, E., et aI., Lithium-induced self-assembling of poly(ethylene oxide)intercalated in molybdenum disulfide. Electrochimica Acta, 2003. 48(14-16):p. 1997-2002.
8. Souza, P.R., et aI., Solid-State NMR, Ionic Conductivity, and Thermal Studiesof Lithium-doped Siloxane-Poly(propylene glycol) Organic-InorganicNanocomposites. Chem. Mater., 2001. 13(10): p. 3685-3692.
9. Mello, N.C., et aI., NMR Study of Ion-Conducting Organic-InorganicNanocomposites Poly(ethylene glycol)-Silica-LiCI04. Macromolecules, 2000.33(4): p. 1280-1288.
10. Souza, P.R., et aI., Solid-State NMR, Ionic Conductivity, and Thermal Studiesof Lithium-doped Siloxane-Poly(propylene glycol) Organic-InorganicNanocomposites. Chem. Mater., 2001. 13(10): p. 3685-3692.
11. deAzevedo, E.R., et aI., Motional Heterogeneities in SiloxanelPoly(ethyleneglycol) Ormolyte Nanocomposites Studied by 13CNMR Solid-State ExchangeNMR. Chem. Mater., 2003.15(10): p. 2070-2078.
12. deAzevedo, E.R., T.J. Bonagamba, and K. Schmidt-Rohr, Pure-ExchangeSolid-State NMR. Jounal ofMagnetic Resonance, 2000.142: p. 86-89.
13. deAzevedo, E.R., Novas Metodologias de Ressonância Magnética Nuclearpara o Estudo da Dinâmica Lenta em Materiais Orgânicos no Estado Sólido:Aplicações em Polímeros e Proteínas, in Instituto de Física de São Carlos.2001, Universidade de São Paulo: São Carlos. p. 197.
14. Schmidt A, Et AI., Chemical-Exchange E.ffects In The Nmr-Spectra OfRotating Solids. Joumal OfChemical Physics, 1986.85(8): P. 4248-4253.
15. Schmidt A And V. S, Nmr Line-Shape Analysis For 2-Site Exchange InRotating Solids. Joumal OfChemical Physics, 1987.87(12): P. 6895-6907.
16. Luz Z, Poupko R, And A. S, Theory Of Dynamic Magic-Angle-SpinningNuclear-Magnetic-Resonance And Its Application To C-I3 In SolidBullvalene. Joumal OfChemical Physics, 1993.99(10): p. 7544-7553.
Capítulo 4 - Resultados e Discussãos 79
17. Schmidt-Rohr, K. and H.W. Spiess, Multidimensional Solid-State NMR andPolymers. 1994, San Diego CA: Academic Press. 478.
18. Wefing, S. and H.W. Spiess, Two-Dimensional Exchange Nmr of Powder. Samples .1. 2-Time Distribution-Functions. Joumal of Chemical Physics,
1988.89(3): p. 1219-1233.19. Wefing, S., S. Kaufmann, and H.W. Spiess, Two-Dimensional Exchange Nmr
of Powder Samples .2. The Dynamic Evolution of 2-Time DistributionFunctions. Joumal ofChemical Physics, 1988.89(3): p. 1234-1244.
20. Bathista, A.L.B.S., et aI. Correlation between slow carbon and lithiumdynamics in lithium doped-SiloxaneIPoly(Ethylene Glycol) Nanocomposites.in XXVII Encontro Nacional de Física da matéria Condensada. 2004. Poçosde Caldas.
21. Chmelka, B.F., K. Schmidt-Rohr, and H.W. Spiess, Molecular Dynamics inPolymers Studied by Multidimensional Solid-State NMR, in NuclearMagnetic Resonance Probes ofMolecular Dynamics, R. Tycko, Editor. 1994,KIuwer Academic Publishers: Netherlands. p. 113-153.
22. Bathista, A.L.B.S., et aI. Estudo de Compostos Híbridos OrgânicosInorgânicos Condutores iônicos por RMN de Estado Sólido. in 111Encontrodo Instituto do Milênio de Materiais Poliméricos. 2004. Atibaia.
23. Bathista, A.L.B.S., et aI. Estudo de Compostos Híbridos OrgânicoInorgânicos Condutores Iônicos por RMN do Estado Solido. in VI Simpósioem Ciência e Engenharia de Materiais. 2003. São Carlos.
24. Schaefer, D. And H. Spiess, 2-Dimensional Exchange Nuclear-MagneticResonance Of Powder Samples .4. Distribution Of Correlation Times AndLine-Shapes In The Intermediate Dynamic-Range. Joumal Of ChemicalPhysics, 1992.97(11): P. 7944-7954.
25. Heuer A, et aI., Geometry and time scale of the complex rotational dynamicsof amorphous polymers at the glass transition by multidimensional nuclearmagnetic resonance. Joumal Of Chemical Physics, 1996. 105(16): p. 70887096.
I. 2 Cálculo das freqüências de RMN em experimentos deExchange estáticos.
Como já foi discutido, a freqüência observada em um experimento de RMN é
definida essencialmente pela orientação do campo magnético externo, Bo,
relativamente ao SEP da interação durante a detecção do sinal. Um vetor unitário ao
longo do campo magnético externo, bo, pode ser representado no SEP do tensor de
deslocamento químico, fi, através da seguinte expressão:
[senocos~J
bo = senOsen~
cosO
- Bo -onde bo = - e os ângulos e e ~ são as coordenadas polares do vetor bo no sistema
Bo
de eixos principais do tensor de deslocamento químico, (jSEP. Conhecendo-se o
tensor de deslocamento químico no seu respectivo SEP, a freqüência de RMN pode
ser calculada como:
(1.1)
n(O,tjJ) = mob; .(jSEP ·bo = mo(senOcostjJ
[uxxsenOsentjJ cosO) ~
o
o J[senocos~J
O sen O sen tjJ
Uzz cosO
(1.2)
Entretanto, como em experimentos de Exchange há dois sistemas de eIXOS
principais envolvidos, associados aos tensores de deslocamento químico antes e
depois de tm, a situação é ligeiramente mais complicada. Todos os cálculos devem
ser realizados em um mesmo sistema de coordenadas, sendo necessário expressar os
tensores de deslocamento químico antes e depois de tm em um dos dois SEPs. Se um
deles for tomado como base, por exemplo, o SEP do tensor deslocamento químico
2
antes de tm, os demais valores poderão ser representados nesse sistema de
coordenadas através dos ângulos de Euler, como ilustrado na figura 1.1 para o caso
da transformação do SEP para o Sistema Molecular, que será comentado adiante.
Estes valores estão diretamente relacionados com os ângulos de reorientação do
movimento molecular, que caracterizam a reorientação, permitindo que as
freqüências de RMN antes e depois de tm possam ser calculadas para cada orientação,
assumindo uma dada geometria do movimento.
(a) (b)
Figura 1.1: Definição dos ângulos de Euler a,~ e y (a) que determinam a orientação relativa entreo Sistema Molecular (SM) e o Sistema de Eixos Principais (SEP) e uma transformaçãoesquemática (b).
Os tensores de deslocamento químico antes, êfA, e depois, êfD, de tm podem ser
representados neste sistema de coordenadas como:
[(J'SEP
-A -SEP :CXo(J' = (J' =O
O
3~Jzz
( cosacospCOSr - senasenr
T(a,P,r) = -cosacospsenr -senacosrcosasenp
senacosftcosr + cosasenr
- sen acos p sen r + cosa cos rsenasenft -senftcosrJ
senpsenr
cosp
(1.3)
3
A matriz f representa uma rotação de Euler do sistema de eixos principais do
tensor que ocorre devido à reorientação do segmento molecular. Deste modo, os
ângulos a, p e r representam três ângulos de Euler que estão diretamente
relacionados com os ângulos de reorientação do movimento molecular, que
caracterizam a geometria do movimento. Uma vez que os tensores foram
adequadamente representados, as freqüências antes e depois de tm são calculadas de
acordo com a expressão (1.2), resultando em:
Deste modo, as freqüências de RMN antes e depois de tm podem ser calculadas
para cada orientação (e,~), assumindo uma dada geometria do movimento molecular.
Embora esse procedimento seja a base geral do cálculo das freqüências, nem
sempre a orientação relativa entre os sistemas de eixos principais antes e depois de tm
(ângulos de Euler a,p e n é facilmente relacionada com os ângulos de reorientação
envolvidos no movimento. No entanto, a orientação do SEP do tensor de
deslocamento químico é geralmente expressa em relação a um sistema de
coordenadas relacionado com a orientação molecular (sistema molecular - SM), o
que toma possível relacionar diretamente a orientação relativa dos dois SEPs, antes e
depois de tm, e os ângulos envolvidos na reorientação. Considerando que as
orientações dos SEPs antes e depois de tm relativas ao sistema molecular sejam
correspondentes tensores de deslocamento químico podem ser representados por:
4
(I.4)
-A T-( A pA A) -SEP T--1( A pA A)(YSM = aSM SMYSM • (Y • aSM SMYSM
-D T-( D pD D) -SEP T--1( D pD D)(YSM = aSM SMYSM • (Y • aSM SMYSM
onde a matriz T representa uma rotação dos SEPs antes e depois de tm para o
sistema molecular. Considerando agora que os ângulos e e ~ representam as
coordenadas polares do versor campo magnético no sistema molecular, as
freqüências de RMN são calculadas como:
1.3 Algoritmos dos programas utilizados para simulaçãodos espectros de RMN de Exchange e PUREX ID.
1.3.1. Exchange.
Nos experimentos de Exchange, a simulação do experimento consiste em, inserir a
orientação inicial e final do sistema de eixos principais com relação ao sistema
molecular e uma distribuição de ângulos de reorientação, calcular os dois padrões .
espectrais, antes e depois de Ím, e somá-Ios em um mapa bidimensional. Um
programa de simulação básico pode ser escrito baseado no seguinte aIgoritmo:
5
(1.5)
(1.6)
Passo 1: Leitura dos dados de entrada - INPUT
• Valores principais do tensor de deslocamento em ppm
• Orientação relativa entre o Sistema Molecular (SM) e o Sistema de
Eixos Principais (SEP):
A pA A1. Antes de tm~ aSM SMYSM
'dt DpD D2. DepOIs e m~ aSM SMYSM
• Número de pontos do espectro 2D; nx,ny
• Limites da banda espectral em ppm~ (~max ' aJ2max)~ (~min , aJ2min)
• Freqüência do núcleo em observação em ppm fo : aJo = 2;r fo .
Passo 2. Obtenção dos tensores de deslocamento químico no sistema
molecular
• (iA = T(aA pA A -SEP --1 A A AOperações matriciais: SM SM SMYSM)' a .T (asMf3sMYsM)
(iD _ T-( D pD D) -SEP - -1 DSM - aSM SMYSM'O' ·T (a pD yD )SM SM SM
!
Passo 3. Cálculo do padrão de Exchange 2D ( integral nos ângulos e e cp )
• Iniciar laço do ângulo S~
• Variar S no intervalo [1,181]:
(argumento-teta) = S - 1;
• Criar tabelas para valores do seno e do cosseno de S:
(cosseno-teta)(S) = cos(argumento-teta),
(seno-teta)(S) = seno(argumento-teta).
• Iniciar laço do ângulo cp~
• Variar cp no intervalo [0,180];
6
• Obter a diferencial do cosseno:
se 9 > I então: (dcosseno-teta) (9) = I(cosseno-teta)(9) - (cosseno-teta)(9
1)1,
caso contrário: (dcosseno-teta)(9)=O;
• Criar tabelas para valores do seno e do cosseno de <1>;
(cosseno-fi)(9) = cos(argumento-fi),
(seno-fi)(9) = seno(argumento-fi);
• Obter as componentes do versor campo magnético em coordenadas
esféricas;
• Obter as freqüências de RMN antes ((01) e depois ((02) de tm
(multiplicações matriciais);
• Calcular as freqüências mínima e máxima;
• Calcular o espectro bidimensional:
espectro ((01.(02) = (dcosseno-teta)(9) + espectro ((01.(02);
• Fim do laço em 9;
• Fim do laço em <1>;
• Es~rever os resultados em um arquivo.
Este é o algoritmo de um programa básico para simular espectros de Exchangef
levando em conta um único ângulo de reorientação.
7
1.3.2. PUREX ID.
A simulação do experimento PUREX ID experimento, segue da mesma forma os
passos I e 2 da simulação de Exchange 2D, diferenciando no 3° passo, pois nesta
fase é inserida a função de modulação PUREX.,
Passo 1: Leitura dos dados de entrada - INPUT
• Valores principais do tensor de deslocamento em ppm
• Orientação relativa entre o Sistema Molecular (SM) e o Sistema de
Eixos Principais (SEP):
• Número de pontos do espectro 2D; nx,ny
• Limites da banda espectral em ppm; (tqmax , lü2max); (tqmin' lü2min)
• Freqüência do núcleo em observação em ppm fo : lüo = 21i fo .
Passo 2. Obtenção dos tensores de deslocamento químico no sistema
molecular
•
Passo 3. Cálculo do padrão de Exchange 2D ( integral nos ângulos 9 e , )
• Iniciar laço k, para incrementar o valor de t: k = I: nt
8
• Iniciar os vetores que conterão as intensidades como função de 't:
S(k)=O S(O) = O;
• Iniciar o laço i, para incrementar ângulo 9: ia = 1:na;
1 Definir ângulo 9 em radianos: Oj= ir * (io -1) /( no -1) => O~ O; ~ ir
2 Calcular o fator de peso para o espectro de pó d(cos9):
d cos O;= cos O;- cos 0;-1
• Iniciar ângulo ~ em radianos: Oj = ir *U; -1) /(n; -1) => O~ tA ~ ir
• Calcular as freqüências antes e depois de tm:
[senocos~J
• Montar matriz bo = senOsen~
cosO
• Calcular as freqüências de RMN antes (001) e depois (002) de tm em
ppm:
• Calcular as intensidades espectrais;
C fr ..A' I I d di (OIRAD = (00 tq (O;, tA )onverter as equencIas ca cu a as para ra s:{i)2RAD = {i)o {i)2 (O; , tA )
Calcular o fator de modulação PUREX para o 't(k) corrente:
2[ T(k)]Mf(k) = 2 * sen ({i)IRAD - (i)2RAD) 2
Calcular a intensidade normalizada PUREX para o 't(k) corrente:
S(k) = Mf(k)*d cosO; +S(k);S(O) = d cosO; +S(O)
E(k) = (S(k)-S(O))/ S(O)
• Fim do laço em i;
9
• Fim do laço em j;
• Escrever os resultados em um arquivo.
Este é o algoritmo de um programa básico para simular Intensidade PUREX ID.
1.4. Algoritmos do programa utilizado para simulação dalargura de linha dos espectros de Polarização Cruzada.
A simulação de largura de linha também utilizada os dois primeiros passos de ambos
os experimentos citados, descartando os parâmetros tm e levando em consideração
somente o espectro simulado 8(0), ou seja, o espectro de referência. Onde esta
simulação pode ser realizada em função da taxa de movimento molecular. A partir
daqui, podemos simular espectros e compará-Ios aos espectros adquiridos
experimentalmente e extrair o tempo de correlação correspondente ao espectro. Vale
lembrar que experimentos de largura de linha em função da temperatura, revela os
movimentos que promediam as interações envolventes na forma do espectro, o qual
conseqüentemente está relacionado com a taxa de movimento. Logo podemos
simular espectros e compará-Ios a cada espectro experimental associado a uma
temperatura. Lembrando que também podemos obter uma curva a meia altura ou a
2.13 da altura máxima, podemos fazer uma
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Passo I: Leitura dos dados de entrada - INPUT
• Valores principais do tensor de deslocamento em ppm
• Orientação relativa entre o Sistema Molecular (SM) e o Sistema de
Eixos Principais (SEP):
J
• Limites da banda espectral em ppm; (~max'~max)
• Limites do valores de T2 em ms; (1;max' 1;min)
• Limites do valores de 'rc em ms· ('r , 'r .), cmax cmm
• Freqüência do núcleo em observação em ppm Ia : mo = 21f Ia ;
• Números de tempos de correlação 'te;
• Valora 2/3 da altura máxima.
Passo 2. Obtenção dos tensores de deslocamento químico no sistema
molecular
Operações matriciais: ã~ = j(aSMf3sMYsM)· ãSEP. j-l(aSMf3sMYSM)
Passo 3. Cálculo do padrão de PÓ ID.
Lê os parâmetros calculados anteriormente e inicia o cálculo do espectro de
padrão de Pó do experimento CP.
11
1.5 Referências:
Schmidt-Rohr, K., Spiess, H. W. (1994). Multidimensional Solid-State NMR andPolymers. London, Academic Press.
deAzevedo, E. R. (2001). Novas metodologias de Ressonância Magnética Nuclearpara o Estudo da Dinâmica Lenta em Materiais Orgânicos no Estado Sólido:Aplicações em Polímeros e Proteínas. Tese de Doutorado - Departamento deFísica e Informática - Instituto de Física de São Carlos. São Carlos, Universidadede São Paulo.
Schmidt-Rohr, K., Wilhelm, M., Johansson, A., Spiess, H. W. (1993)."Determination of Chemical-Shift Tensor Orientations in Methylene Groups bySeparated-Local-Field NMR", Magnetic Resonance in Chemistry 31: 352-356.
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