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Andanças e lembranças

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

_____________________________________________________________________ Silva, Eliana da

Andanças e lembranças / Eliana da Silva – São Paulo, 2012

1. Experiências de vida 2. Histórias de vida 3. Memórias 4. Relatos de viagens I. Título.

ISBN 978-85-411-0041-0

12-00983 CDD-869.9803

_________________________________________________________________ Índices para catálogo sistemático:

1. Experiências de vida : Memórias : Literatura brasileira 869.9803

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Eliana da Silva

Andanças e lembranças

embarque nesta viagem!

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ANDANÇAS E LEMBRANÇAS Copyright© 2012 by Eliana Aparecida da Silva O conteúdo desta obra é de responsabilidade

da autora, proprietária do Direito Autoral. Proibida a venda e reprodução

parcial ou total sem autorização. Capa: Marlborough Sounds, New Zealand, foto da autora Fale com a autora pelo Facebook, Andanças e lembranças

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Retrato da autora ©Nelson Prado de Camargo Pereira

(conteudo da orelha na primeira edição) Talvez eu seja um tanto suspeita para escrever sobre a Eliana. Nossas afinidades de pensamentos, gostos, atitudes só fazem crescer, desde que nos conhecemos há 25 anos. E olha que ela foi minha primeira chefe! Seja como chefe ou como amiga, ela é do tipo que nunca passa a mão na cabeça de ninguém. Ela sempre vai dar um jeito de tentar extrair o melhor que você puder dar. Às vezes de um jeito que poucos toleram, ou melhor, poucos compreendem. Quem se detém e presta atenção nesta mulher de pouca estatura e grandes atitudes, consegue ver que ela é simplesmente direta, prática e sabe muito bem o que quer. Mas a primeira pessoa de quem exige mais é, com certeza, de si mesma. Nada do que fez ou se dispuser a fazer sai malfeito. Se ela escolheu escrever este livro, o

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fez com esmero, porque é assim que tem que ser. Ou então, para que gastar tempo fazendo algo que não a agrada, ou para provar algo a alguém? Um pouco de análise aqui, de todos os detalhes envolvidos, outro tanto de pesquisa ali, fuçando sites, perguntando a quem já fez, buscando as fontes, ela vai atrás da informação que precisa, e, objetivamente, decide. Parece cansativo ou sisudo demais a você? Creia, não é nem um pouco. É só de fazer você pensar que gostaria de ter a mesma disciplina. Li (como a chamamos) é uma ótima companhia, seja pra ficar quieta ou para falar muito e sobre tudo; para fazer compras, ou estudar, ou viajar! Normalmente de bom humor, pensa rapidamente no que fazer e se move igualmente rápido. Mas, se o humor não está dos melhores, é simples também: não fale ou faça nada (disso eu entendo bem, porque somos idênticas) porque logo passa. Mas quem é que fica de mau humor viajando e descobrindo coisas novas ? Não ao lado desta criatura cheia de energia. Se você for a um lugar que ela conhece bem, não se preocupe com absolutamente nada, porque ela já cuidou de tudo, antes que você pudesse pensar em se organizar. Isto é só um pouco que posso lhe dizer sobre a autora deste livro, a quem tenho o privilégio de chamar de amiga. Porque é assim que tem que ser.

Ana Cláudia Moro

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Para Nel

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SUMÁRIO Apresentação e agradecimentos ............................................ 10 A Caloi verde e passagens na calçada .................................. 13 Perdido no mapa ..................................................................... 16 Pequenos delitos ...................................................................... 21 Falando em público ................................................................. 25 Anjos anônimos ....................................................................... 28 Privações ................................................................................... 30 Relações bilingues ................................................................... 33 Colando na prova? .................................................................. 37 Ser cdf compensa! .................................................................... 43 “I won’t be a rock star. I will be a legend.” ………………….... 45 Se for pra fazer Direito, faça direito ...................................... 51 Boca de mãe …………………………………..……………… 57 Marca barbante …………………………………….………... 59 New York, New York ……………………………………….… 61 They come from a land down under …………………….…….. 67 A barriga do arquiteto ............................................................ 71 Falando grego .......................................................................... 75 Quiroga ..................................................................................... 83 9/11 ............................................................................................. 86 Fernando de Noronha, 15 de junho de 2002 ........................ 88 Mudança de ares ...................................................................... 91 Orere Point? .............................................................................. 96 Peculiaridades suburbanas .................................................... 98 Shrek kiwi? ............................................................................... 101 Imigração, a saga ..................................................................... 104 Imigração, a saga II ................................................................. 107 Biotipos ..................................................................................... 110

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Garota propaganda ................................................................. 112 Bassico (aka Saci) ...................................................................... 116 Call security ............................................................................... 126 Mergulho sagrado ................................................................... 128 Visitas inusitadas ..................................................................... 131 Happy birthday to me ................................................................. 134 First act: Nickelback ................................................................... 136 Saga do algodão viajante ........................................................ 138 Por que as pessoas somem? ................................................... 140 Manado, Indonésia .................................................................. 142 Death Magnetic .......................................................................... 148 FUUUUUUUCKING AWESOME!!!!!!!!!!! ………...........… 153 Much more than FUUUUUUCKING AWESOME!!!!!!! …... 157 Sipadan ………………………………………………….…… 168 E a saga continua …………………………………….……… 173

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APRESENTAÇÃO E

AGRADECIMENTOS

omo eu me defino? Perfeccionista, determinada, dinâmica, imediatista, justa, mandona, generosa, cabeça dura (sempre tenho razão!),

mas cheia de boas intenções. Meu copo sempre está meio cheio. Pra mim não existe “não posso” ou “não dá pra fazer”; tudo é possível se você se empenhar. Consegui superar um medo insano de água e virar mergulhadora. Quero poder andar na rua sem medo, ir à praia e largar tudo na areia sabendo que ninguém vai mexer, andar de moto sem ser sequestrada ou assassinada. Não dá pra ter isso tudo no Brasil? Sem problema, vamos achar um lugar onde seja possível. Larguei carreira, bens, amigos, família e me mandei pra outro país. Sempre sonhei em ter uma casa térrea sem grade nas janelas, já tive duas. Ando de moto, vou à praia, mergulho, sem me preocupar com nada.

Sou formada em direito, embora nunca tenha exercido a carreira propriamente dita. Antes da faculdade, estudei contabilidade e trabalhei vários anos com meu pai em seu escritório. Acabei entrando no mundo financeiro já na época da faculdade e

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praticamente nunca sai dele. Trabalhei em alguns bancos, uma trading japonesa e acabei numa financeira na Nova Zelândia. De lá por motivos circunstanciais, fuimeio que forçada a mudar radicalmente de carreira e recomecei tudo do zero como contadora. Mudanças e recomeços nunca me assustaram e se você tem que fazer alguns sacrifícios para que outros sonhos se realizem, tá valendo tudo. Essa decisão profissional está proporcionando meu desenvolvimento na carreira contábil, agora na Austrália, onde voltei a estudar e curso o equivalente a uma pós-graduação em contábeis, que é exigido para conseguir meu registro como contadora.

Como boa ariana, quero tudo pra ontem, não fico sentada esperando acontecer, porque simplesmente não vai acontecer na velocidade que eu quero; então vou lá e faço acontecer. Isso fez com que eu quebrasse a cara inúmeras vezes? Claro, o que só me motiva a continuar agindo da mesma forma, porque as recompensas também são enormes.

Amo gatos – selvagens, domésticos, os que falam… Sou tigre com ascendente em tigre no horóscopo chinês, então, quem entra na minha vida (selva) tem que estar preparado pra viver num redemoinho constante. Mas garanto que a viagem é boa e você nunca vai ficar entediado.

Minha outra paixão é a vida marinha, que adoro observar em seu habitat natural. Participo ativamente de associações sem fins lucrativos que visam proteger o mar e seus habitantes, e tenho fé que não vou ver mais

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diversas espécies serem extintas, escravizadas ou exterminadas por ganância de seres humanos inescrupulosos.

Sou também fotógrafa, mas nunca trabalhei com isso profissionalmente. Talvez ainda role.

Minha droga por opção é rock ‘n roll, nada me dá mais adrenalina na veia do que ir a um show de rock. Quer me deixar bem feliz? Me convida pra ir ver o Iron Maiden. Nas horas calmas adoro ficar em casa e tomar um bom vinho, ou passar horas diante da TV assistindo jogos de tênis, que acompanho desde criança. Também adoro cinema, não perco um Oscar por mais brega que seja.

E, claro, adoro escrever. Desde que sai do Brasil tenho escrito alguns relatos de experiências vividas, memórias do passado, os assuntos mais diversos, a famosa "saga"; e por insistência dos amigos que recebem meus emails há anos, decidi compilar algumas dessas histórias e incluir outras, assim haverá também material inédito.

Agradeço a eles pelo incentivo e espero que este pequeno livro possa proporcionar algumas horas interessantes e talvez até, quem sabe, inspirar mudanças na vida de algum leitor. Enjoy! :o)

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A CALOI VERDE

E PASSAGENS NA CALÇADA

nome dele era Sérgio, morava na mesma rua, umas 5 casas além da minha. Todas as tardes eu passava um bom tempo no jardim da frente da

casa, não me lembro exatamente fazendo o que, mas o passatempo preferido era ver o Serginho descer a ladeira na sua Caloi verde. E acho que ele sabia disso, então caprichava no show. Quando não era de bicicleta, via-o passar pra comprar alguma coisa na padaria e ficava esperando que voltasse. Era o visual de todas as tardes. Apesar de ser ousada, não tive coragem de planejar um encontro “acidental”, podia perfeitamente ter casualmente que ir à padaria um pouco depois dele só para cruzar no caminho de volta. Mas aos 10 anos de idade esse nível de planejamento não acontecia! Acho que foi meu primeiro paquera. Mas nunca passou disso e jamais trocamos uma palavra sequer.

Tinha um outro garoto na rua que também era interessante, mas como nossas mães se conheciam, viviam nos colocando em situações constrangedoras, e acho que acabaram por estragar tudo.

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Já no ginásio, durante a 5a série meu maior crush foi o professor de geografia, mas isso vai merecer um capítulo à parte. Os garotos da mesma idade eram bobos demais então a gente focava nos meninos da 8a série ou do colegial. Eu paquerei platonicamente um garoto que era filho da professora de Português, jamais pensei que poderia tem alguma chance, e ele já tinha uma namorada na época, uma morena com uns 2m de altura (pelo menos de onde eu estava era essa a impressão que eu tinha). Até que um dia numa apresentação na escola, a sala dele ficou exatamente do lado da minha, todos os alunos enfileirados pra ouvir o hino nacional e depois iniciar a apresentação de flauta doce, todos juntos. Percebi que o amigo dele ficava olhando pra mim e sorrindo, não tinha entendido porque. Quando o evento acabou, o tal amigo que estava bem do lado dele, olhou bem pra mim, puxou o Mané pelo braço e disse, “ele gosta de você!” O Mané queria morrer de vergonha, riu sem graça e eu fiquei ali, parada, sem saber o que fazer. Não me lembro o que aconteceu depois, mas entre eu e o Mané nunca rolou nada também!

Alguns anos depois já morando em outro endereço, comecei a perceber todo final de tarde um cara que passava em frente da minha casa. Não, não era o Serginho, seria muito pra cabeça. Esse cara eu não conhecia. Usava terno, e quando estava muito quente, passava carregando o paletó na mão, com a gravata afrouxada e colarinho aberto.

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De repente desenvolvi um interesse por jardinagem, em especial regar o jardim lá pelas 6h da tarde todos os dias. Fui notada? Pode ser que sim, mas foi mais um evento platônico da minha adolescência.