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Aparelho locomotor DESCRIÇÃO GERAL RESUMIDA DO APARELHO DE LOCOMOÇÃO O aparelho de locomoção compõe-se de dois sistemas: esqueleto e sistema mus- cular. O esqueleto compreende os ossos, as articulações e os ligamentos; o sistema muscular é formado pelos músculos e es- truturas acessórias (tendões, bainhas tendi- nosas, bolsas sinoviais, etc). Graças à sua contratilidade, os músculos são capazes de provocar o deslocamento recíproco dos ossos que se encontram liga- dos entre si por intermédio de articulações. Vemos, portanto, que o sistema muscular constitui a parte ativa do aparelho locomo- tor, enquanto o esqueleto corresponde à parte passiva do mesmo.

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  • Aparelho locomotor

    DESCRIO GERAL RESUMIDA DO APARELHO DE LOCOMOO

    O aparelho de locomoo compe-se de dois sistemas: esqueleto e sistema mus-cular. O esqueleto compreende os ossos, as articulaes e os ligamentos; o sistema muscular formado pelos msculos e es-truturas acessrias (tendes, bainhas tendi-nosas, bolsas sinoviais, etc). Graas sua contratilidade, os msculos so capazes de provocar o deslocamento recproco dos ossos que se encontram liga-dos entre si por intermdio de articulaes. Vemos, portanto, que o sistema muscular constitui a parte ativa do aparelho locomo-tor, enquanto o esqueleto corresponde parte passiva do mesmo.

  • APARELHO LOCOMOTOR PASSIVO

    Ossos e articulaes: consideraes gerais

    Funo dos ossos

    Os ossos exercem funo protetora (prote-gem o crebro, a medula, etc), alm de formarem a armao que confere apoio s partes moles e de servirem de alavancas fixas para a ao dos msculos.

    Forma dos ossos

    Varia de acordo com a funo e com as modalidades de solicitao. Os ossos po-dem ser longos e tubulares, como no caso dos ossos longos dos membros; podem ser largos e chatos (exemplos: omoplata, ossos da pelve e da abbada craniana) ou curtos e cubides, como no caso das vrtebras e dos ossos do carpo e do tarso.

    Adaptao dos ossos solicitao determinada pelo esporte

    A formao, o crescimento e a conserva-o dos ossos dependem de fatores end-crinos (os quais no sero discutidos neste captulo) e de fatores reguladores de ordem mecnica.

    As solicitaes mecnicas (no caso do treino esportivo, por exemplo) represen-tam um estmulo formativo, o qual mo-difica a composio e a estrutura geral

    do osso de modo especfico, manifestan-do-se pelo aumento da mineralizao, pelo espessamento da camada cortical e pela formao de um trabeculado sseo mais firme e funcionalmente mais adap-tado, disposto de acordo com as linhas de fora correspondentes solicitao (ver Fig. 13).

    Convm assinalar que a solicitao mec-nica, alm de provocar adaptao da infra-estrutura ssea, resulta tambm em modificao dos contornos externos do osso. As tuberosidades sseas se destacam mais, assim como as cristas sseas e os tubrculos que servem de insero aos ms-culos e ligamentos; alm disto, modificam-se os contornos do osso todo, em virtude da ao das foras musculares. Podemos citar como exemplo a tbia: no recm-nas-cido, este osso apresenta forma cilndrica, mas acaba assumindo forma triangular ao corte transversal, graas solicitao me-cnica relacionada com a posio ereta; esta transformao no ocorre nos indiv-duos com paralisia datando desde o nasci-mento.

    Note: Ao contrrio do que se observa na musculatura estriada, a solicitao mec-nica exagerada e permanente no leva hipertrofia acentuada do osso, seno atrofia e desmineralizao do mesmo, manifestando-se, em alguns casos, pelo aparecimento de fraturas patolgicas.

  • Articulaes formadas pelos ossos Classificao das articulaes

    Os ossos podem estar firmemente ligados entre si; outras vezes, esto ligados por uma articulao. Podemos, pois, distinguir entre sinartroses e diartroses.

    Sinartrose

    a ligao firme entre dois ossos por in-termdio de um material que praticamente no permite nenhuma mobilidade entre os dois componentes sseos. Podemos distinguir os seguintes tipos de sinartrose: 1. Sindesmose (unio ligamentosa). Exemplo: a ligao fixa entre tbia e f-bula, formada por tecido conjuntivo fi-broso. 2. Sincondrose (unio cartilaginosa). Exemplo: a snfise pubiana, formada por tecido conjuntivo e cartilaginoso. 3. Sinostose (unio ssea). Exemplo: a ligao ssea do sacro.

    Diartrose

    Entende-se por diartrose a juno mvel entre dois ossos, atravs de uma fenda arti-cular. As extremidades dos ossos apresen-tam revestimento cartilaginoso, podendo deslocar-se entre si. Trata-se, portanto, de articulaes propriamente ditas.

    Estrutura das diartroses

    Superfcie articular

    As extremidades articulares dos ossos apre-sentam-se revestidas por cartilagem hiali-na, a qual assegura uma superfcie de con-tato lisa, e, portanto, um mnimo de fric-

    o. As superfcies articulares podem ser

    convexas (os elementos articulares que apresentam esta forma so chamados de cabea) ou cncavas (neste caso, falamos em cavidade glenide. Esta pode ter a sua superfcie articular aumentada pela pre-sena de um lbio ao longo da circunfe-rncia (lbio glenide): a articulao do ombro e a articulao coxofemoral so exemplos deste tipo. A incongruncia de certas superfcies articulares compensada pela interposio de discos ou de meniscos.

    Cpsula articular

    A cpsula articular um saco de tecido conjuntivo que envolve a articulao, fe-chando-a hermeticamente. Ela se prende aos dois ossos que formam a articulao, geralmente ao longo da margem das super-fcies cartilaginosas da mesma. formada por uma camada interna e outra externa. A superfcie interna, lisa, produz o lquido sinovial, cuja funo consiste em lubrificar as superfcies articulares para facilitar o seu deslocamento. A camada externa cons-ta de tecido conjuntivo colgeno.

    Cavidade articular

    Na realidade, no existe esta "cavidade", seno apenas uma fenda capilar, em virtude da presso negativa existente entre as ex-tremidades articulares, respectivamente, da trao exercida pelos msculos que passam por cima da articulao.

    Classificao das diartroses

    A mobilidade da articulao depende em grande parte da configurao das superf-cies articulares e da disposio do respec-tivo aparelho ligamentoso (Fig. 22).

    Articulaes monoaxiais

    Articulao em dobradia. Estas articula-es permitem movimentos de flexo e ex-tenso; por exemplo: as articulaes inter-falangianas e metacarpofalangianas.

  • Figura 22. Desenho esquemtico mostrando os diversos tipos de articulao: a) articulao esferide; b) articulao em dobradia; c) articulao rotatria ou em piv (articulao trocide); d) articulao elipside; e) articulao em sela.

    Articulao rotatria ou em piv: rotao do captulo do rdio na articulao rdio-ulnar proximal, dentro da chanfradura ra-dial da ulna, assim como dentro do liga-mento anular, durante os movimentos de pronao e supinao da mo.

    Articulaes biaxiais

    Articulao elipside: flexo dorsal e pal-mar e abduo de ulna e rdio, na articula-o proximal do punho. Articulao em sela: Cada uma das extre-midades articulares apresenta uma superf-cie articular convexa e outra cncava, a exemplo de uma sela. A nica articulao deste tipo a articulao carpometacarpia-na do polegar, entre a base do primeiro osso metacarpiano da mo e o osso trapzio do carpo.

    Articulaes triaxiais

    Articulao esferide: a superfcie da cavi-dade glenide menor que a da cabea articular. Por isso, a articulao do ombro a articulao de maior mobilidade do

    corpo humano, mas, ao mesmo tempo, tambm a articulao menos estvel. Articulao esferide profunda: neste caso, a cavidade glenide muito profunda, aco-modando a cabea articular alm do seu equador. o caso da articulao coxofe-moral, na qual o perigo de luxao sen-sivelmente menor, em comparao com a articulao esferide do ombro.

    Dispositivos que reduzem a mobilidade articular

    Inibio ssea

    Neste caso, a mobilidade limitada pelo contato com o osso. Assim, a extenso na articulao do cotovelo limitada pelo olcrano.

    Inibio ligamentosa

    O aparelho ligamentoso responsvel pela limitao da mobilidade articular. Exemplo: o ligamento iliofemoral permite apenas dis-creta retrao do tronco em relao ao membro inferior que serve de apoio.

  • Inibio muscular

    Na posio extrema, o comprimento dos msculos que transpem vrias articulaes torna-se insuficiente para permitir movi-mentos mais amplos. Exemplo: o fecha-mento do punho torna-se impossvel duran-te a flexo extrema do carpo.

    Descrio resumida do esqueleto humano

    O esqueleto do corpo humano compe-se de coluna vertebral, crnio, cintura esca-pular com os membros superiores, e cintura

    elviana com os membros inferiores (Fig. I . Coluna vertebral

    A coluna vertebral forma o eixo central do esqueleto humano. Ela protege a me-dula, sustenta a cabea, conferindo-lhe li-berdade de movimentos, apoia a cintura escapular e estabelece a ligao com a cintura pelviana. formada por 33 a 34 segmentos sseos, chamados vrtebras. Aci-ma do nvel do sacro, estas vrtebras en-contram-se interligadas pelas pequenas arti-culaes intervertebrais, pelos discos inter-vertebrais e por um aparelho ligamentoso altamente resistente.

    Cintura escapular e membros superiores

    A cintura escapular estabelece a ligao entre o tronco e os membros superiores. Compreende a omoplata, a clavcula e o esterno; a sua ligao com o tronco dotada de extraordinria mobilidade. En-contra-se suspensa dentro de uma ala mus-cular, e sua nica comunicao com a caixa torcica representada por uma arti-culao esferide. Isto necessrio, porque a funo dos membros superiores, como

    Figura 23. Desenho esquemlico do esqueleto do corpo humano.

  • rgo tctil de captao e de expresso, requer grande amplitude para os movimen-tos. O membro superior compe-se de mero, rdio e ulna, bem como dos ossos do carpo, do metacarpo e dos dedos.

    Cintura pelviana e membros inferiores

    Do mesmo modo como os membros supe-riores, os membros inferiores se comuni-cam com o esqueleto do tronco por uma cintura ssea, a cintura pelviana, formada pelos ossos da pelve e pelo sacro. O membro inferior se articula com a cin-tura pelviana; consta de fmur, tbia, fbula e ossos do tarso, do metatarso e dos arte-lhos. A cintura pelviana destina-se a sustentar o peso do corpo. Esta sua funo se traduz pelas dimenses dos seus componentes e pela fuso dos diversos ossos, formando a pea nica da cintura pelviana.