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1 Análise formal de uma obra de arte Resumo elaborado pela Prof a . Mariela Brazón Hernández. Fontes usadas: A) Anotações da Professora Célia Gomes (EBA-UFBA). B) Dicionário de Artes Plásticas, de Almir Paredes Cunha. C) Sintaxe da Linguagem Visual, de Donis Dondis. D) Universos da Arte, de Fayga Ostrower. E) Da cor à cor inexistente, de Israel Pedrosa. A obra de arte é como um triângulo, cujos lados seriam o Assunto, a Expressão e a Forma. Esses três elementos são interdependentes. Assunto: É o tema da obra. Uma obra pode narrar uma história, representar uma imagem, simbolizar uma ideia. Os assuntos da obra de arte podem ser classificados em diversas categorias: tema histórico, religioso, mitológico, cena de gênero, paisagem, retrato, natureza-morta, alegoria, nu, abstração etc. Uma obra de arte pode abordar um ou vários temas. Expressão: É a maneira como o assunto é interpretado e representado pelo artista. Dois artistas podem reagir de maneira particular diante de um mesmo assunto e expressá-lo diferentemente. Forma: É a maneira como se organizam os elementos de expressão formal numa obra de arte, para representar um determinado assunto segundo uma determinada expressão.

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Análise formal de uma obra de arte

Resumo elaborado pela Profa. Mariela Brazón Hernández.

Fontes usadas:

A) Anotações da Professora Célia Gomes (EBA-UFBA).

B) Dicionário de Artes Plásticas, de Almir Paredes Cunha.

C) Sintaxe da Linguagem Visual, de Donis Dondis.

D) Universos da Arte, de Fayga Ostrower.

E) Da cor à cor inexistente, de Israel Pedrosa.

A obra de arte é como um triângulo, cujos lados seriam o Assunto, a Expressão e a Forma.

Esses três elementos são interdependentes.

Assunto: É o tema da obra. Uma obra pode narrar uma história, representar uma imagem, simbolizar uma

ideia. Os assuntos da obra de arte podem ser classificados em diversas categorias: tema histórico, religioso,

mitológico, cena de gênero, paisagem, retrato, natureza-morta, alegoria, nu, abstração etc. Uma obra de

arte pode abordar um ou vários temas.

Expressão: É a maneira como o assunto é interpretado e representado pelo artista. Dois artistas podem

reagir de maneira particular diante de um mesmo assunto e expressá-lo diferentemente.

Forma: É a maneira como se organizam os elementos de expressão formal numa obra de arte, para

representar um determinado assunto segundo uma determinada expressão.

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Elementos de Expressão Formal (alguns):

Ponto: Elemento unidimensional. É a unidade de comunicação visual mais simples e irredutível. Tem

grande poder de atração visual sobre o olho. A repetição de pontos pode criar ritmo e sugerir movimento.

Linha: Elemento geométrico formado pelo deslocamento de um ponto. A linha tem uma enorme energia;

nunca é completamente estática. Indica ao olho uma direção. É o elemento essencial do desenho. A linha

pode assumir formas muito variadas para expressar diversos estados de espírito. Pode ser reta (conserva

uma direção), curva (muda constantemente de direção sem formar ângulos), sinuosa (com curvaturas em

sentidos opostos), quebrada (formada por uma sucessão de segmentos de reta), mista (formada por

segmentos retos e curvos) etc. Também pode ser precisa, imprecisa, espontânea, violenta, delicada,

nervosa, incisiva, equilibrada, repousada, agitada, fina, grossa etc. A linha raramente existe na natureza,

mas pode ser visualizada no limite entre os objetos. É um elemento muito expressivo, pois permite ao

artista transmitir seus sentimentos, emoções e sua visão das coisas.

Plano: Configuração geométrica bidimensional e delimitada visualmente. Um plano pode conter setores

positivos e negativos; geralmente, os positivos são os ocupados pelas formas e os negativos agem como

fundo. A sobreposição de planos pode ajudar a criar a sensação de profundidade.

Textura: Termo usado para definir o caráter táctil de uma superfície (áspera, macia, rugosa, lisa, mole, dura

etc.). É uma qualidade inerente à matéria que pode ser apreciada pelo tacto, pelo olho ou mediante uma

combinação de ambos.

Cor: Efeito produzido no olho pela luz refletida pelos corpos. As cores podem ser classificadas de diversas

maneiras:

Cores Primárias: São as três cores que dão origem a todas as outras. Nas cores-

pigmento (tintas), as primárias são: o amarelo, o azul e o vermelho (mais exatamente:

amarelo, azul-ciano e vermelho-magenta). Nas cores-luz, as primárias são: o vermelho,

o verde e o azul. [Aqui nos concentraremos nas cores-pigmento].

Cores Secundárias: São as três cores formadas pelas três primárias combinadas duas a

duas. São: laranja (vermelho + amarelo), verde (amarelo + azul) e violeta (vermelho +

azul).

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o Cores Complementares: São duas cores: uma delas é primária e a outra é a secundária

composta pelas outras duas primárias. O vermelho é complementar do verde (amarelo

+ azul), o azul é complementar do laranja (amarelo + vermelho) e o amarelo é

complementar do violeta (vermelho + azul). Cores complementares colocadas lado a

lado criam contrastes muito fortes.

Cores frias: São as cores derivadas do verde e do azul. A denominação vem da

sensação transmitida por elas, associada com a água. As cores frias têm a propriedade

de se afastar de nós e afundar no plano. Cores frias dão a impressão de se contrair.

Cores quentes: São as cores derivadas do vermelho e do amarelo. A denominação vem

da sensação de calor transmitida por elas, associada com o sol e o fogo. As cores

quentes têm a propriedade de se aproximar a nós e “pular” para fora do plano. Cores

quentes dão a impressão de se expandir.

Cor Local: é a coloração inerente a um objeto.

Cor Acidental: é a cor variável apresentada por um objeto segundo a luz que o envolve

ou a influência de outras cores próximas.

Dimensões da cor: A cor tem quatro dimensões que a caracterizam:

Matiz: É o comprimento de onda. O termo é usado para designar cada cor do espectro luminoso. [O

termo também é usado para designar a variedade de graus de uma mesma cor; ex. matizes de

violeta, ou violeta avermelhado, violeta azulado etc].

Saturação: É a pureza relativa de uma cor. Uma cor é mais saturada quando é mais pura (e,

portanto parece mais intensa). Uma cor vai se fazendo menos saturada (e mais impura) à medida

que se acrescenta preto na sua composição (até chegar ao preto 100%), ou à medida que se

acrescenta branco na sua composição (até chegar ao branco 100%). As cores mais intensas ou

saturadas são usadas geralmente para transmitir sentimentos e emoções fortes. As cores menos

saturadas são mais sutis e repousadas.

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Brilho: É o grau de luminosidade (valor de claro-escuro) da cor, ou seja, se é mais escura ou mais

clara, sem qualquer modificação das suas qualidades intrínsecas (ex. verde claro ou verde escuro).

Densidade: É o grau de transparência de uma cor, que pode ir do mais opaco ao mais

transparente.

Luz: Presença ou ausência de claridade na imagem. Numa obra pictórica, a luz pode ser uniforme ou

localizada, intensa ou fraca, cálida ou fria, etc.

Volume: Espaço que ocupa um objeto tridimensional.

Massa: Quantidade de matéria que tem um objeto.

Espaço: Extensão tridimensional na qual se localizam os seres e objetos, e no qual acontecem ações.

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O que é Análise Formal?

É a análise que estuda os Elementos de Expressão Formal e a maneira como se ordenam e estruturam na

obra de arte.

Sugestão de itens a serem abordados numa análise formal (esta lista pode ser ampliada, dependendo da

obra a ser analisada):

1.- Elementos Básicos:

.- Ponto

.- Linha

.- Planos

.- Luz

.- Cor

.- Texturas

.- Volumes e Massas

.- Espaço

2.- Elementos Compositivos:

Uso do espaço pictórico: como é dividido o espaço da obra e como são distribuídos os elementos nesse

espaço.

Equilíbrio: Distribuição estável dos diversos elementos de uma obra de arte. Estado em que se encontra

um corpo quando as forças que agem sobre ele se compensam e se anulam mutuamente. A necessidade de

equilíbrio inerente ao homem possibilita o reconhecimento intuitivo daquilo que nos parece

desequilibrado.

Simetria: Diz-se da relação entre duas figuras, situadas uma de cada lado de um eixo, que têm seus pontos

correspondendo-se um a um respectivamente e colocados à mesma distância do eixo. Quando se trata de

apenas uma figura, falamos de simetria em função de um eixo que a divide em duas partes iguais.

Ritmo: Ordenação regular de acentos e pausas. Repetição de um mesmo motivo.

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Movimento: Alteração da posição de um corpo. Na pintura, o movimento pode ser sugerido através de

imagens estáticas, usando pontos, linhas, cores, contrastes de luz etc. A direção é a orientação que segue

um corpo. A inclinação é o desvio de uma figura em relação à vertical ou à horizontal. As linhas horizontais

criam a sensação de calma; as verticais, de energia; as diagonais, de movimento.

Cheios e vazios: Presenças e ausências (de massas, volumes, cores ou luzes) na composição.

Forças, tensões, repousos: Manifestações dinâmicas da matéria provocadas geralmente pela falta de

equilíbrio, a irregularidade, os contrastes etc.

Peso: Predomínio visual das formas. O peso visual é determinado pela localização do objeto no plano, pela

cor, desequilíbrios etc.

Dimensão: Magnitude (longitude, extensão, volume) de um corpo. A dimensão real de um corpo pode ser

transmitida na obra de arte graças ao uso da perspectiva (linear, aérea, escorço) e do claro-escuro.

Escala: Geralmente representamos os objetos em tamanho diferente de sua dimensão real. A escala é a

relação numérica entre as dimensões reais de um objeto e as da sua representação. Um fator fundamental

no estabelecimento da escala é a medida do próprio homem.

Figura/Fundo: Figura e Fundo são reversíveis e se definem um em função do outro. Geralmente, numa

imagem, o setor fisicamente maior e mais homogêneo cumpre o papel de fundo, e o resto de figura.

Visualmente, o fundo parece recuar e recebe menos a nossa atenção.

Ênfase: Destaque de certos elementos da obra de arte. Pode ser dada ênfase à linha, à cor, às texturas, às

formas, à luz, à perspectiva etc. ou a combinações desses elementos.