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ANÁLISE SOBRE A INSERÇÃO DA MARCA NYX EM UMA DIVISÃO DE PRODUTOS DA L’ORÉAL BRASIL E NO MERCADO NACIONAL Carolina Fraga Raposo Filipe Moreira Reis Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha Rio de Janeiro Março de 2018

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ANÁLISE SOBRE A INSERÇÃO DA MARCA NYX EM UMA

DIVISÃO DE PRODUTOS DA L’ORÉAL BRASIL E NO MERCADO

NACIONAL

Carolina Fraga Raposo

Filipe Moreira Reis

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Rio de Janeiro

Março de 2018

ii

iii

Carolina Fraga Raposo

Filipe Moreira Reis

A análise sobre a inserção da marca Nyx em uma divisão de

produtos L’oréal Brasil e no mercado nacional/ Carolina Fraga Raposo, Filipe Moreira Reis – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,2018.

8, 55 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc. Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de

Produção, 2018. Referências Bibliográficas: p. 52. 1. Marketing. 2. Planejamento Estratégico. I. da Rocha, Maria

Alice Ferruccio II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. A análise sobre a inserção da marca Nyx em uma divisão de produtos L’oréal Brasil e no mercado nacional.

iv

“Chegarás tarde, sairás tarde. Chegarás cedo e não saberás

a hora que sairás.”

Sabedoria do Baixo F

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Análise sobre a inserção da marca NYX em uma divisão de produtos da L’Oréal Brasil e no mercado nacional

Carolina Fraga Raposo Filipe Moreira Reis

Março/2018

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc.

Curso: Engenharia de Produção

O presente trabalho trata-se de uma análise sobre a inserção de uma nova marca de

maquiagem internacional no portfólio de marcas de uma empresa de beleza no Brasil.

Para isso, o projeto se propõe a analisar a viabilidade da inserção da marca

considerando o cenário interno da empresa e o modelo de negócios da divisão em que

ela está inserida. Além disso, também busca-se analisar a viabilidade da inserção da

marca no mercado de maquiagem brasileiro. Para isso, o projeto se propõe a utilizar

importantes ferramentas de marketing e planejamento estratégico da literatura, além de

validar hipóteses acerca da inserção da marca no mercado por meio de uma pesquisa

exploratória.

Palavras-chave: Marketing, Planejamento estratégico, Inserção de marca, Pesquisa de

mercado

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the dregree of Industrial Engineer.

Analysis on the insertion of the nyx brand in a products division of L'oréal Brasil and in

the national market

Carolina Fraga Raposo Filipe Moreira Reis

March/2018

Advisor: Maria Alice Ferruccio Da Rocha, D.Sc.

Course: Industrial Engineering

This work is an attempt to analyze the inclusion of an international makeup brand to a

beauty company’s portfolio in Brazil. For this, the project proposes to analyze the viability

of the insertion of the brand considering the internal scenario of the company and the

business model of the division in which it inserts. In addition, it also seeks to analyze the

viability of the insertion of the brand in the Brazilian makeup market. For this, the project

proposes to use important tools of marketing and strategic planning, besides validating

hypotheses about the insertion of the brand in the market through an exploratory

research.

vii

Sumário INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 2

1. METODOLOGIA .............................................................................................. 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 7

3.1. O QUE É MARKETING ............................................................................. 7

3.2. NECESSIDADE DE DIFERENCIAÇÃO ..................................................... 7

3.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ALIADO AO MARKETING E SUAS

FERRAMENTAS ................................................................................................. 8

3.4. ATRIBUTOS DE POSICIONAMENTO ....................................................... 8

3.5. ANÁLISE SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats).......... 8

3.6. MODELO VRIO (Valor, Raridade, Imitabilidade e Organização) ................. 9

4. ANÁLISE DO CENÁRIO DE COSMÉTICOS NO BRASIL E NO MUNDO ........ 10

5. IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EM PAUTA......................................... 13

5.1. A L’ORÉAL ............................................................................................. 13

5.2. BREVE DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO....................................................... 13

5.3. ANÁLISE DO AMBIENTE E DO POSICIONAMENTO DA ORGANIZAÇÃO

OBJETO ........................................................................................................... 16

5.4. ANÁLISE DA ESTRUTURA DA UNIDADE DE NEGÓCIO DA DPGP ....... 18

5.5. NYX COMO VANTAGEM COMPETITIVA PARA DPGP........................... 21

5.6. MAPEAMENTO DA CONCORRÊNCIA NO BRASIL ................................ 23

6. MERCADO DE MAQUIAGEM NO BRASIL ..................................................... 26

7. DINÂMICA DE INCORPORAÇÃO DA MARCA À DPGP ................................. 27

7.1. RECURSOS HUMANOS ......................................................................... 27

7.2. CANAL DE VENDAS............................................................................... 27

7.3. IMPORTAÇÃO ........................................................................................ 28

7.4. MARKETING .......................................................................................... 29

8. PANORAMA DA MARCA NO MERCADO BRASILEIRO ................................. 30

9. PESQUISA DE MERCADO MAKEUP & NYX ................................................. 32

9.1. RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................... 32

9.2. Diretrizes de marketing............................................................................ 43

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 50

2

INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, a maquiagem foi ganhando cada vez mais notoriedade

e se popularizando. O que há alguns anos poderia estar restrito a artistas,

personalidades e famosos, hoje está presente em inúmeras versões para diferentes

públicos. Acredita-se que a origem da maquiagem tenha sido no Egito Antigo1. O que

naquela época era um artifício de proteção contra espíritos malignos, hoje também

ganha outros fins e é costumeiramente utilizada para fins estéticos e sociais. A

maquiagem hoje está ligada à beleza, mas também à auto estima, à socialização e até

mesmo à forma de se expressar.

Desde então, algumas marcas de maquiagem se estabeleceram no mercado e

o portfólio de produtos foi aumentando, principalmente a partir de década de 1990. Por

muito tempo existiram as marcas de maquiagem classificadas como de luxo e marcas

mais massivas. As mais valorizadas eram reconhecidas pela sua qualidade superior,

duração dos produtos e pigmentos e tolerância com a pele, ainda que praticasse preços

muito elevados. Já as marcas massivas ganharam notoriedade oferecendo um por tfólio

variado de produtos a preços baixos, o que muitas vezes levava a qualidade dos

produtos para um padrão inferior.

Em maio de 2010, a Nyx Cosmetics foi fundada por Toni Ko, o nome da marca

faz referência a uma deusa grega da noite. Quatro anos depois a marca já vendia

produtos em mais de 70 países com um faturamento de 93 milhões de dólares2. O

sucesso da marca veio devido ao seu posicionamento diferente das marcas existentes

na época. A Nyx unia a qualidade de produtos de luxo a “preços de farmácia”, isto é,

preços mais baixos. A marca investiu em mídias sociais para divulgar seus produtos,

com materiais para YouTube e maquiadores profissionais. Em 2014 a marca foi vendida

para o grupo L’Oréal, que renovou o modelo de negócio mantendo sua essência,

fazendo seu relançamento ao redor do mundo.

O presente trabalho visa fazer uma análise sobre a inserção da Marca Nyx em

uma divisão de produtos da L’Oréal Brasil e no mercado nacional. Hoje a Nyx é a marca

de maquiagem que mais cresce no mundo, incorporada a empresa de beleza número

um do mundo, L’Oréal. A organização acreditou no potencial do mercado brasileiro de

cosméticos, que é atualmente o quarto maior do mundo, e optou por trazer uma marca

1 Disponível em: https://mundoestranho.abril.com.br/cotidiano/como-surgiu-a-maquiagem/ - Acesso em 09/02/2018. 2 Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/NYX_Cosmetics - Acesso em 09/02/2018.

3

consolidada e bem renomada nos Estados Unidos, Europa e Ásia para atender as

possíveis demandas brasileiras.

Nesse sentido, também será analisada a entrada da marca Nyx na estrutura da

companhia no Brasil, mais especificamente sua introdução à divisão de produtos de

grande público. A divisão engloba atualmente 6 marcas, já com a introdução da nova

marca de maquiagem, e representa o maior volume de vendas da empresa. Serão

analisados quais critérios foram estabelecidos para posicionar a Nyx nessa divisão, e

se essa proposta é coerente com o portfólio atual de marcas nessa unidade do negócio,

ou seja, caracterizando-se como uma vantagem competitiva para a filial brasileira do

grupo.

Dessa forma, busca-se entender como a L’Oréal vai consolidar essa operação

no país, no que tange a necessidade de pessoal, a estratégia go to market, ou seja,

como o produto vai chegar ao consumidor e alocação de recursos em geral. Além disso,

quais decisões foram tomadas nesse sentido e qual a performance esperada para o

lançamento da marca.

Em relação à introdução dos produtos, será analisado o público alvo, em termos

de tamanho, o que buscam e quais são suas necessidades e consequentemente a

efetividade da estratégia de comunicação da marca por meio de uma pesquisa de

mercado. A fim de avaliar o comportamento dos consumidores e o espaço para uma

nova marca de maquiagem no Brasil, algumas hipóteses foram elaboradas.

A primeira hipótese (H1) é de que as pessoas estão abertas a consumir novas

marcas de maquiagem.

A segunda hipótese (H2) é de que as pessoas não conhecem a marca Nyx.

Já a terceira hipótese (H3) é de que as pessoas que conhecem a marca Nyx,

não compram seus produtos devido ao preço.

A hipótese (H4) diz que a Nyx é bem avaliada pelos consumidores, se

potencializando como uma boa marca.

Por fim, a hipótese (H5) é de que a Nyx não está nos mesmo canais de

comunicação que os consumidores buscam informação sobre maquiagem.

Este projeto está formulado em sete capítulos, os quais serão descritos nos

próximos parágrafos.

No primeiro capítulo será apresentada a metodologia por traz do projeto,

sobretudo das análises feitas, indicando, assim, como foram escolhidas as fontes de

dados que suportam a conclusão que se quer chegar.

Já no segundo capítulo é realizada a pesquisa bibliográfica, no qual são

apresentados os conceitos que servirão de base para o projeto de graduação.

4

O terceiro capítulo traz uma análise do cenário de cosméticos no Brasil e no

mundo, com o objetivo de caracterizar o cenário no qual serão feitas as análises.

O quarto capítulo apresenta a organização em pauta, a L’Oréal Brasil, objeto de

estudo do presente trabalho.

O quinto capítulo aborda o cenário de maquiagem no Brasil, especificando o

mercado estudado.

No sexto capítulo, iniciam-se as análises de incorporação da marca. Assim, o

texto aborda a dinâmica de incorporação da marca a uma divisão de produtos da

empresa.

Por fim, o sétimo capítulo expõe os resultados de uma pesquisa de mercado que

visa analisar a viabilidade da Nyx no mercado de maquiagem brasileiro. Nesse contexto,

após a análise das hipóteses, serão propostos direcionamentos de acordo com os dados

coletados e as informações obtidas na pesquisa.

Como limitação, esse projeto não contempla cálculos financeiros e econômicos

sobre a viabilidade de incorporação da marca ou ganho financeiro com o novo negócio,

bem com os custos de implementação. O foco está nas análises e discussões

estratégicas da incorporação, tanto da perspectiva interna, para a empresa, como para

o mercado e consumidores.

A contribuição científica deste projeto será a melhor compreensão de como se

dá a incorporação de uma marca e um novo negócio dentro de uma estrutura

empresarial, além da relação dos consumidores com as marcas e novos produtos. Além

disso, é possível estudar como as ferramentas de planejamento estratégico podem ser

aplicadas ao estudo de marketing e direcionar grandes decisões estratégicas de curto

a longo prazo.

5

1. METODOLOGIA

De acordo com Vieira (2002), diante do acelarado crescimento de mercado em que

vivemos, a pesquisa de marketing passou a ter um papel fundamental dentro do

mercado e do próprio marketing. Nesse contexto, entender melhor os consumidores,

seus perfis de compra e como se dá a dinâmica de mercado se mostra importante para

embasar decisões estratégicas e operacionais.

Para Campi (2012), a pesquisa exploratória visa a proporcionar ao pesquisador

uma maior familiaridade com o problema em estudo. Já para MALHOTRA (2001), o

principal objetivo é possibilitar o entendimento do problema enfrentado pelo

pesquisador.

Ao se tratar de pesquisa exploratória, Vieira (2002) diz que ela é usada em casos

nos quais é necessário definir o problema com maior precisão e identifica r cursos

relevantes de ação ou obter dados adicionais antes que se possa desenvolver uma

abordagem. Como o nome sugere, a pesquisa exploratória procura explorar um

problema ou uma situação para prover critérios e compreensão.

Já em relação as fontes de informação, Booth (2003) classifica-as em: fontes

primárias, secundárias e terciárias. Sobre as primárias, são materiais oriundos de dados

brutos, por exemplo, documentos e entrevistas. Já as secundárias, tratam-se de

relatórios de pesquisa baseados em fontes primárias. Por fim, as terciárias são livros e

artigos que utilizam fontes secundárias para responder às suas perguntas.

Neste estudo, foram utilizadas todas as três fontes de informação. A coleta de

dados primárias foi feita com pessoas que a partir de alguns filtros seriam identificadas

como consumidores de maquiagem.

Para isso, então, foi realizada uma pesquisa exploratória fechada por meio de

um formulário digital, no período de 1 a 15 de fevereiro de 2018. Responderam a essa

pesquisa inicialmente 405 pessoas, alunos e servidores da Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, que têm acesso ao e-mail institucional da

escola. A pesquisa era composta de três perguntas de definição de perfil: idade, gênero

e se usava maquiagem. A partir de então para os que usavam maquiagem a pesquisa

continuava com seis perguntas gerais e então poderia seguir em três blocos distintos.

O primeiro bloco era respondido pelos usuários de maquiagem que conheciam a marca

Nyx e que já compraram algum produto da marca.

Assim, foi possível analisar a percepção dos consumidores da marca. O segundo

bloco era respondido pelos usuários de maquiagem que conheciam a Nyx mas nunca

compraram nenhum produto. Assim, foi possível entender os motivos pelo qual essas

6

pessoas, mesmo tendo conhecendo a marca, nunca terem comprado. Para os usuários

de maquiagem que diziam não conhecer a marca a pesquisa se encerrava. Vale

ressaltar também, que para os declarados não usuários de maquiagem a pesquisa

continha uma última pergunta sobre o motivo pelo qual não utilizam essa categoria de

produtos a fim exploratório. A pesquisa completa se encontra no Apêndice A.

Considerando que as análises feitas trarão conclusões majoritariamente sobre o

público usuário de maquiagem, a amostra é de 321 pessoas que declararam usar

maquiagem. Para tal, a margem de erro da pesquisa é de 5,62%. As fórmulas utilizadas

no cálculo da margem de erro estão expostas na figura 8 e o cálculo foi feito com o

auxílio da ferramenta Raosoft3. O tamanho da população estudada é de mais de 20.000

pessoas.

Figura 8 - Fórmulas para cálculo de margem de erro.

Fonte: Raosoft (disponível em: http://www.raosoft.com/samplesize.html. Acesso em 16/02/2018)

Para a composição do referencial teórico, foram utilizadas as fontes secundárias

e terciárias. Caracterizadas por Silva (2005) e Gil (2008) como pesquisas elaboradas a

partir de material já publicado, as fontes secundárias e terciárias são constituídas

principalmente de livros acadêmicos, artigos de periódicos e, atualmente, material

disponibilizado na internet.

3 Disponível em: http://www.raosoft.com/samplesize.html - Acesso em 16/02/2018.

7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. O QUE É MARKETING

Kotler e Keller (2006, p. 4) acreditam que “o marketing envolve a identificação e

a satisfação faz necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de uma maneira bem

simples, podemos dizer que ele ‘supre necessidades lucrativamente’”. Nas ações de

publicidade e propaganda, o marketing costuma seguir duas abordagens distintas,

porém complementares: uma de natureza informativa e outra de natureza persuasiva,

afirma Moderno (2000). A abordagem informativa tem como objetivo que o público

conheça o que é o objeto da propaganda, e a persuasiva busca influenciar positivamente

as pessoas sobre o objeto.

3.2. NECESSIDADE DE DIFERENCIAÇÃO

Silva Neto (2009) acredita que a diferenciação também é prejudicada pelo

excesso de meios de comunicação, fazendo com que as propagandas se tornem

similares dentro de um mesmo segmento, próximo a não possuir relevância na decisão

de compra do consumidor. Dessa forma, com o intuito de atingir o consumidor de

maneira mais significativa, as empresas buscam desenvolver uma gama maior de

produtos, contudo essa estratégia não garante sucesso.

A complexidade crescente das ofertas, assim como de seus riscos e recompensas, confunde e frustra a maioria dos consumidores carentes de tempo. A variedade de produtos não resultou necessariamente em melhores experiências de consumo (PRAHALAD e RAMASWAMY, 2004, p.15).

A falta de efetividade das estratégias mais tradicionais faz com que se torne

necessário examinar outros percursos para garantir a lealdade dos consumidores. Silva

Neto (2009, p. 14) afirma que esses caminhos passam pelo ponto de venda, “[...]

fazendo com que os mesmos (produtos) possam se destacar na hora em que o

consumidor estará praticando o seu ato de compra”. (SILVA NETO, 2009) a área de

Trade Marketing é a nova encarregada nas empresas por aproximar as áreas de vendas

e marketing, que muitas vezes divergem suas opiniões, resultando em perda de vendas.

8

3.3. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ALIADO AO MARKETING E SUAS

FERRAMENTAS

Rumelt (2011, p. 73) cita que “a boa estratégia é uma ação coerente apo iada por

um argumento”. Uma boa estratégia deve possuir em sua origem três elementos:

diagnóstico, que elucida o problema, diretriz política, que lida com o problema e ações

coerentes, que irão proceder à diretriz.

Diversas ferramentas foram concebidas e aperfeiçoadas durante o século XX

com o desenvolvimento do planejamento estratégico pelos que buscavam o sucesso

empresarial. Essas ferramentas são de vasta aplicabilidade no marketing e são

amplamente utilizadas para elaborar a base da estratégia de market ing das empresas.

3.4. ATRIBUTOS DE POSICIONAMENTO

Segundo Kotler (2000, p. 309), “a diferenciação é o ato de desenvolver um

conjunto de diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas de

seus concorrentes”. Essas diferenças significativas são os atributos de posicionamento,

ou seja, como a marca se posiciona e quer ser vista pelo consumidor no mercado.

O Quadro 1 apresenta as cinco dimensões e variáveis de diferenciação que um

produto pode possuir para conquistar vantagem competitiva no mercado desenvolvidas

por Kotler e Keller (2006), são elas produto, serviços, funcionários, canal e imagem.

Quadro 1 - Dimensões e variáveis de diferenciação Fonte: KOTLER, P. & KELLER, K. L., 2006, p. 313- 315

3.5. ANÁLISE SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats)

Análise SWOT, que pode ser traduzida em força, fraquezas, ameaças e

oportunidades (FOFA), é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou

análise de ambiente), e pode ser usada como base para gestão e planejamento

estratégico de uma corporação ou empresa. Sua simplicidade permite também que a

Produto Serviços Funcionários Canal Imagem

Forma Facilidade de pedido Competência Cobertura Símbolos

Características Entrega Cortesia Especialidade Mídia

Desempenho Instalação Credibilidade Desempenho Atmosfera

Conformidade Treinamento do cliente Confiabilidade Eventos

Durabilidade Consultoria ao cliente Capacidade de resposta

Confiabilidade Manutenção e reparo Comunicação

Facilidade de reparo Serviços diversos

Estilo

Design

9

ferramenta seja utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, desde blogs até

multinacionais.

A Análise SWOT serve para gerar informações sobre o posicionamento ou a

posição estratégica da empresa no ambiente em questão. As forças e fraquezas de

referem ao ambiente interno e as ameaças e oportunidade dizem a respeito do ambiente

externo. A técnica é creditada a Albert Humphrey, que foi líder de pesquisa na

Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e 1970.

3.6. MODELO VRIO (Valor, Raridade, Imitabilidade e Organização)

A escolha estratégica pode ser baseada em recursos. A estratégia competitiva

por menor custo total, por exemplo, está sujeita a tecnologias para obter economias de

escala, de fontes de matérias primas e mão de obra de baixo custo. A estratégia

competitiva por diferenciação de produto, por outro lado, está atrelada a recursos raros

e valiosos, tais como as marcas, as patentes, as redes de serviços e de distribuição,

que também são fatores de produção. Em ambos os casos, os fatores são recursos.

Uma das escolas de Estratégia é a da visão baseada em recursos ( resource-

based view, ou RBV)4. Este modelo parte da análise interna da empresa (as forças e

fraquezas da matriz SWOT) adota duas premissas: as firmas, mesmo dentro de uma

mesma indústria, são heterogêneas com respeito aos recursos estratégicos que

controlam e esses recursos não são perfeitamente distribuídos entre as firmas, o que

faz com que a vantagem competitiva obtida por algumas delas possa durar muito tempo.

A utilização dos recursos de forma diferenciada por uma determinada empresa pode

fazer com que ela obtenha vantagem competitiva em relação a seus concorrentes.

Dessa forma, o modelo VRIO pode ser aplicado a partir da avaliação das forças

da empresa nos quatro critérios por meio das seguintes perguntas: “tem valor?”, “tem

raridade?”, “é difícil imitar?” e “a empresa tem a devida organização?”. O resultado é

obtido ao responder “sim” ou “não” para as perguntas nessa ordem. Uma vez que a

força não possui valor, ela é caracterizada como desvantagem competitiva. Se o atributo

possui valor, porém não é raro pode ser considerado uma igualdade competitiva. A força

se torna uma vantagem competitiva de curto prazo uma vez que possui valor, raridade,

contudo não é difícil de imitar. Caso a força possua os dois primeiros critérios e seja

difícil de imitar, se a empresa não possui a devida organização ela se torna uma

4 "Administração Estratégica e Vantagem Competitiva" dos Professores J. B. Barney e W.S. Hesterly

10

vantagem competitiva desaproveitada. Assim, para ser classificada como uma

vantagem competitiva de longo prazo a força deve conter valor, raridade, ser de difícil

imitação e a empresa deve possuir a devida organização para executar todos os

processos e operações interligados à mesma. O resumo do modelo VRIO pode ser

observado no quadro 2.

Resumo do modelo VRIO

Tem valor?

Tem raridade?

É difícil de imitar?

A empresa tem a devida organização?

Qual o resultado?

NÃO Desvantagem competitiva

SIM NÃO Igualdade competitiva

SIM SIM NÃO Vantagem competitiva de curto prazo

SIM SIM SIM NÃO Vantagem competitiva desaproveitada

SIM SIM SIM SIM Vantagem competitiva de longo prazo

Quadro 2 - Resumo do modelo VRIO

Fonte: Adaptado de BARNEY e HESTERLY

4. ANÁLISE DO CENÁRIO DE COSMÉTICOS NO BRASIL E NO MUNDO

Segundo o último report financeiro da L’Oréal5, o mercado mundial de

cosméticos, estimado em 205 bilhões de euros, foi mais forte em 2016, com crescimento

de 4,0% em relação ao ano anterior. Nesse mercado impulsionado pela oferta e

inovação, assim como qualidade e presença da marca, a L’Oréal fortaleceu sua

liderança. O mercado apresentou resultados positivos nos últimos 9 anos, mesmo em

2009 durante a recessão americana, que afetou outras grandes economias mundiais.

Nos últimos anos é possível observar que o crescimento do setor tende a uma

estabilização, o que pode ser visto positivamente no cenário atual.

5 Disponível em: http://www.loreal-finance.com/en/annual-report-2016/cosmetics-market - Acesso em: 31/11/17

11

Figura 1 - Crescimento do mercado mundial de cosméticos Fonte: L’Oréal (Disponível em: http://www.loreal-finance.com/en/annual-

report-2016/cosmetics-market. Acesso em: 31/11/17) Pode-se observar uma concentração de demanda ao analisar os continentes

separadamente, conforme o quadro 3. Mais de um terço do mercado (36,9%) concentra-

se no continente asiático e Oceania, onde o público é caracterizado por sua diversidade

e dinamismo. Em seguida estão os Estados Unidos e Canadá (24,8%), que representam

aproximadamente um quarto do setor e Europa ocidental com cerca de um quinto do

mercado (19,3%). A América Latina, Europa Oriental e África juntas constituem 19,1%

do consumo de cosméticos no mundo. Nesse cenário, é possível inferir que o Brasil

possui grande potencial de crescimento ao comparar o resultado norte-americano com

o sul-americano.

Divisão do mercado por zona geográfica

Ásia, Pacífico 36,9%

América do Norte 24,8%

Europa Ocidental 19,3%

América Latina 10,2%

Europa Oriental 6,0%

África, Oriente Médio 2,9%

Quadro 3 - Mercado de cosméticos por zona geográfica

Fonte: L’Oréal (Disponível em: http://www.loreal-finance.com/en/annual-report-2016/cosmetics-market. Acesso em: 31/11/17)

12

Os principais players do mercado são: L’Oréal, Unilever, Procter&Gamble, Estée

Lauder e Shiseido. A Unilever é uma multinacional britânica-neerlandesa, terceira maior

empresa de bens de consumo do mundo, e seus produtos incluem alimentos, bebidas,

produtos de limpeza e produtos de higiene pessoal. A Procter & Gamble (P&G) é uma

empresa americana fundada em 1836 que reúne um enorme conglomerado de

subempresas, que produzem alimentos, produtos de higiene e limpeza, dentre outros e

detém mais de 380 marcas por todo mundo. A Estée Lauder, americana, e a Shiseido,

japonesa, atuam somente no mercado de cosméticos, e ambas fazem parte das marcas

pioneiras no setor.

O mercado de cosméticos pode ser dividido em cinco grandes áreas: skin care,

hair care, makeup, fragrâncias e produtos de higiene. A representatividade de cada área

em 2016 é exposta no quadro 4:

Divisão do mercado por categoria de produto

Skincare 36,3%

Haircare 22,9%

Makeup 18,2%

Fragrâncias 12,0%

Produtos de higiene 10,5%

Quadro 4 - Mercado por categoria de produto

Fonte: L’Oréal (Disponível em: http://www.loreal-finance.com/en/annual-report-2016/cosmetics-market. Acesso em: 31/11/17)

O mercado de makeup representa 18,2% do share atual da companhia, sendo

que, pelo quarto ano consecutivo, a categoria de maquiagem impulsionou o crescimento

de cosméticos no mundo inteiro (crescimento recorde de +8,4%). Em todas as regiões

geográficas, o mercado de maquiagem cresce mais rápido do que os outros segmentos

do setor de cosméticos, sendo a categoria mais dinâmica, com atuações tanto em

segmentos profissionais e de luxo quanto em mercados de massa.

Esse boom do segmento é impulsionado pela geração selfie e pelo rápido

aumento do uso de redes sociais, cujos focos são aparência, expressão pessoal e

apresentação. A nova geração está reinventando maneiras de usar, adicionando sua

própria visão às tendências e trazendo foco a novos looks (sendo a maioria da Geração

Z). Graças à sua gama única de marcas complementares em todos os setores de

13

beleza, do luxo ao mercado de massa, a L’Oréal é bem preparada para identificar e

responder a todos os desejos de maquiagem no mundo, e para aproveitar as

oportunidades oferecidas pela categoria em crescimento.

5. IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EM PAUTA

5.1. A L’ORÉAL

Líder mundial em beleza, a L’Oréal está presente em 130 países nos cinco

continentes, tendo como missão oferecer o melhor em termos de inovação cosmética

para mulheres e homens do mundo inteiro, respeitando sua diversidade.

A empresa possui um rico portfólio de marcas internacionais com diversas

funções como cuidados com os cabelos, coloração, cuidados com a pele, maquiagem

e perfumes. Muito complementares entre si, essas marcas são administradas dentro do

grupo por divisões de negócio, cada uma com expertise em seu próprio canal de

distribuição, o que possibilita não só responder às expectativas de cada consumidor de

acordo com seus hábitos e seu estilo de vida, mas também adaptar-se às condições

locais de distribuição, em qualquer lugar do mundo.

A L’Oréal Brasil é a sexta maior subsidiária do grupo e possui um papel

estratégico para o negócio por conta de sua dimensão e diversidade étnica e cultural.

Suas três fábricas (duas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo) representam um dos

maiores e mais importantes parques industriais da companhia no mundo, e nelas são

produzidas quase a totalidade dos produtos que a L´Oréal vende atualmente no país.

A sede da companhia, localizada no Rio de Janeiro, comanda ainda quatro

Centros de Distribuição (três localizados no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo), um

Centro de Pesquisa & Inovação (na Ilha do Fundão) para toda a América Latina e duas

academias de profissionalização técnica (Rio de Janeiro e São Paulo), além de uma

ampla força de vendas, direta e indireta, que cobre todo o território nacional.

5.2. BREVE DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO

Atualmente o grupo L’Oréal é o maior produtor de cosméticos do mundo. A

empresa conta com mais de 72 mil funcionários, possui 500 marcas, 42 fábricas, 145

centros de distribuição, 18 centros de pesquisas, mais de 2 mil produtos em todos os

setores relacionados a beleza. Os maiores mercados da empresa são Estados Unidos,

França, China, Alemanha e Itália. Além disso, a empresa possui em seu portfólio 27

marcas globais com faturamento superior a €50 milhões anuais, entre as quais, a

14

L’Oréal Paris, Lancôme, Helena Rubinstein, Biotherm, Maybelline, Garnier, The Body

Shop, Vichy e Kiehl’s.

Com mais de 130 moléculas desenvolvidas nos últimos 40 anos, o grupo possui

capacidade de patentear importantes ingredientes ativos antes de seus concorrentes. A

L’Oréal organizou a sua área de Pesquisa & Inovação em torno de uma plataforma

global na Europa e cinco plataformas regionais – Brasil, Estados Unidos, Japão, China

e Índia. Situados em cada região principal do mundo, estes polos integram as atividades

de pesquisa, "expertise de desenvolvimento" e "fundamentos de mercado". Sua missão

também é a de entender os hábitos, necessidades e critérios para as preferências das

populações mundiais no que diz respeito à beleza, sendo capaz de oferecer produtos

cosméticos que são adaptados a diferentes tipos de pele, tipos de cabelos e culturas.

Devido ao seu grande portfólio de marcas internacionais, a empresa decidiu

separar essas marcas em divisões de negócio específicas, cada uma com expertise em

seu próprio canal de distribuição. Tal divisão visa separar os consumidores de acordo

com seus hábitos e estilo de vida, e permitir uma melhor adaptação aos locais de

distribuição pelo mundo.

A Divisão de Produtos Grande Público (DPGP) busca disponibilizar inovação

cosmética ao maior número de pessoas em cada continente. Suas marcas distribuem-

se predominantemente nos canais de varejo de massa, como hipermercados,

supermercados, drogarias e lojas tradicionais e contam com produtos para os cuidados

com os cabelos, coloração capilar, maquiagem e cuidados com a pele.

Outra divisão de negócio é a linha de luxo da empresa, chamada L’Oréal Luxe

(DL), que oferece produtos de marcas internacionais modernas. Esse setor apresenta

produtos mais refinados e elegantes, especializando-se principalmente em cuidados

com a pele, maquiagem e perfumes. Sua distribuição é seletiva e compartilhada entre

lojas de departamentos, lojas de cosméticos, perfumarias, além de lojas próprias das

marcas e e-commerce.

A Divisão de Produtos Profissionais (DPP) distribui os seus produtos em salões

de beleza a fim de garantir que mais pessoas possam se beneficiar dos altos padrões

de qualidade e especialização de profissionais. É focada no desenvolvimento de

produtos de altíssima tecnologia, exclusivos para uso profissional, além de desenvolver

treinamentos específicos para cabeleireiros e profissionais do setor.

A Divisão de Cosmética Ativa (DCA) conta com produtos capazes de melhorar

a qualidade e a saúde da pele dos consumidores, seja ela sensível ou possua problemas

dermatológicos. Para isso, conta com a comercialização de produtos dermocosméticos

15

distribuídos exclusivamente em farmácias ou lojas próprias e possui uma importante

interface com dermatologista, técnicos de visitação médica e congressos.

A participação de cada divisão no faturamento da empresa se dá da seguinte

forma: a DPGP é responsável por 48% do faturamento, enquanto a Niely representa

20%, a DCA 19%, a DPP 9% e, por fim, a DL representando 4% do orçamento.

Figura 2 - Faturamento por unidade estratégica de negócio na L'Oréal Brasil Fonte: L’Oréal (Disponível em: http://www.loreal-finance.com/en/annual-

report-2016/cosmetics-market. Acesso em: 31/11/17)

A linha The Body Shop ainda não teve uma divisão de negócio incorporada, mas

seus produtos tendem à Divisão de Luxo, por combinar inovação, experiência sensorial

e desempenho. Seus produtos são distribuídos principalmente por meio de uma rede de

lojas exclusivas.

Para se tornar mais ágil e se adaptar às especificidades dos mercados locais, a

estrutura industrial se distribui em cinco principais zonas geográficas. Esta proximidade

reduz a distância que separa os consumidores das fábricas e garante-lhes o acesso a

produtos com maior custo benefício. Em relação aos fornecedores, a L’Oréal busca criar

parcerias de longo prazo e joint-ventures para a inovação.

Por sua vez, a Nyx Professional Makeup, que recebe o nome em homenagem à

deusa grega que comandava a noite, além de simbolizar beleza e poder, e foi criada em

Los Angeles em 1999. A marca é caracterizada como profissional, de alta qualidade e

com preços acessíveis.

16

Uma líder na indústria massiva de cosméticos coloridos, a Nyx é definida por

produtos de qualidade excepcional com pigmentos ricos e alto custo-benefício. Seu

portfólio oferece uma gama de produtos clássicos, assim como produtos que

acompanham as tendências da moda. A marca teve início com produtos únicos,

baseados em inspiração artística e visão de mercado.

A sede da marca está localizada no centro de Los Angeles, contudo seus

produtos estão disponíveis no mundo inteiro em mais de 60 países. A NYX é

representada por milhares de pontos de venda que consistem em lojas de moda e

produtos de beleza de diferentes portes.

5.3. ANÁLISE DO AMBIENTE E DO POSICIONAMENTO DA ORGANIZAÇÃO

OBJETO

Para melhor compreender como se posiciona a organização nesse cenário, a

análise SWOT apresenta-se como ferramenta adequada para efetuar uma síntese das

análises internas e externas, identificar elementos chave para a gestão da empresa (o

que implica estabelecer prioridades de atuação), preparar opções estratégicas

(riscos/problemas a resolver), e mostrar as chances de crescimento, aumentando as

oportunidades e emitindo alertas em relação aos riscos. A análise será realizada tanto

para a Nyx isoladamente como para a DPGP como um todo, visando a fazer um paralelo

entre as características dessas organizações.

5.3.1. DPGP

A análise SWOT da DPGP permite identificar como forças uma estrutura sólida

de diversas marcas consolidadas no mercado nacional. Dessa forma, existe um

conhecimento sobre o setor e sua dinâmica. Por outro lado, a divisão apresenta como

fraquezas uma estrutura inflada, com poucos processos mapeados e alta rotatividade.

Quanto ao cenário externo, a divisão apresenta como oportunidades as novas

tendências em diversos segmentos, comum no mercado massivo. Dessa forma, existe

uma possibilidade de expansão do portfólio e de público. Já quanto às ameaças, a

divisão sofre com a crise econômica, concorrentes fortes e uma migração de

consumidores para mercados alternativos.

17

Figura 3 - Análise SWOT para DPGP Fonte: Adaptado de Albert Humphrey

5.3.2. Nyx

A análise SWOT para a Nyx é importante pois mostra como suas características,

tanto no cenário interno, como externo, podem influenciar ou complementar o cenário

da DPGP. Como forças, a marca apresenta a grande variedade de produtos, de

qualidade e alta rentabilidade. A comunicação efetiva e a facilidade na comercialização

são fatores chave para o sucesso da marca. Contudo, a marca sofre com fraquezas

como o fato de ter custos iniciais elevados, como de implementação de novas lojas e a

origem de seus produtos, que atualmente é fora do Brasil, o que pode gerar um preço

mais alto que o necessário para o consumidor final.

A análise do cenário externo permite apontar como oportunidade um mercado

em rápido crescimento, com expansão de público alvo. Além disso, com a digitalização,

o uso de influenciadores digitais e investimentos em mídia são grandes oportunidades

de alavancagem do negócio. Como ameaças, podem ser apontadas a imitação pela

concorrência, a competição com marcas de luxo e a presença de concorrentes fortes

que podem praticar preços menores.

18

Figura 4 - Análise SWOT para Nyx Fonte: Adaptado de Albert Humphrey

5.4. ANÁLISE DA ESTRUTURA DA UNIDADE DE NEGÓCIO DA DPGP

No Brasil, a divisão de produtos de grande público se mostra como

extremamente estratégica para o posicionamento da L’Oréal. Responsável por cerca de

47% do faturamento em valor no último ano, a divisão é toda estruturada de forma a

abranger a maior fatia possível do mercado de massas, empregando estratégias

específicas em suas marcas para entender as diferentes demandas desse público tão

heterogêneo quanto extenso.

Atualmente, a divisão é composta por 5 grifes: L’Oréal Paris, Garnier, Maybelline,

Colorama e Niely. Para entender como funciona a dinâmica da DPGP no Brasil e quais

as características levam uma grife a ser classificada nessa divisão, cabe analisar com

maior detalhamento como se posiciona cada uma individualmente.

5.4.1. L’Oréal Paris

Presente em mais de 120 países, a assinatura de L’Oréal Paris se desenvolve

em torno da mesma filosofia: inovar e oferecer ao maior número de consumidores

possível os produtos mais eficientes ao melhor preço. Incorpora a pesquisa em seu

posicionamento, através de seus laboratórios, promovendo o desejo de democratizar

19

uma expertise profissional. Assim, L’Oréal Paris concentra em suas marcas o mesmo

princípio de produtos com alta tecnologia e desenvolvidos com qualidade, mas

pensados a preços acessíveis.

A grife possui atuação nos segmentos de hair care, skin care e hair color, sendo

composta pelas marcas Elseve, Dermo Expertise, Solar Expertise, Imédia Excellence,

Casting Creme Gloss e Studio Line. O público alvo varia dentro de suas próprias marcas,

mas, no geral, visa a atender mulheres na faixa dos 20 aos 55 anos, que buscam um

tratamento cosmético de qualidade e prezam pelo uso de produtos com fórmulas

diferenciadas, mas que, ao mesmo tempo, se importem com o fator preço e busquem

os produtos em canais de varejo acessíveis.

5.4.2. Garnier

A Garnier se inspira na natureza e emprega alta tecnologia para extrair os ativos

naturais que serão utilizados como matéria-prima de seus produtos. Presente em mais

de 65 países e lançada na Europa há mais de 100 anos, é a segunda marca do Grupo

L’Oréal. Assim como L’Oréal Paris, possui atuação em vários segmentos no ramo de

cosméticos: hair care, hair color e desodorantes.

Contudo, a grife se diferencia pelo claim de produtos baseados em princípios

naturais, buscando atrair um público alvo mais jovem, feminino, que acompanha as

tendências nas redes sociais e busca produtos para uso cotidiano que não sejam

agressivos tanto ao meio ambiente quanto ao seu próprio organismo.

5.4.3. Maybelline

A Maybelline New York é a marca número um de maquiagem no mundo e está

presente em mais de 90 países. Com mais de 200 produtos em seu portfólio, Maybelline

NY combina fórmulas tecnologicamente avançadas à expertise de criar cosméticos

acessíveis com tendência urbana e contemporânea. A presença de Maybelline é

estratégica para DPGP no sentido de ter sido a primeira marca de makeup na divisão,

inaugurando o conceito de maquiagens acessíveis ao grande público para a L’Oréal no

Brasil.

Além disso, a grife possui um conceito diferenciado de vendas em quiosques

(próprios e franqueados), expandindo a noção de que os produtos da DPGP seriam

vendidos apenas nos canais tradicionais do varejo. A grife também possui um percentual

20

de produtos importados, novidade para a DPGP em matéria de operações, já que a

divisão trabalhava até então com produtos 100% produzidos nacionalmente.

5.4.4. Colorama

A Colorama é uma das marcas mais conceituadas de esmaltes do Brasil. A

marca está presente no país há mais de 70 anos, e foi adquirida pela L’Oréal com o

intuito de atingir o mercado de nail care, tão expressivo no país em comparação a outras

regiões (devido ao expressivo contingente do serviço de manicures no Brasil). Com uma

extensa gama de cores, a grife proporciona infinitas possibilidades para criar e ousar

com seus efeitos e tecnologias diferenciadas. Atualmente, busca uma inserção maior

no contexto das redes sociais, se unindo a blogs de moda e captando tendências para

novas cores.

5.4.5. Niely

Vendidos a preços acessíveis e com uma grande penetração entre a classe

média brasileira, os produtos da Niely são amplamente distribuídos para varejistas e

atacadistas, supermercados, farmácias e redes de perfumarias pelo Brasil. Adquirida

pela L’Oréal em 2014, a Niely foi uma aposta no segmento das classes C e D, ainda

pouco explorados pela empresa e que possuíam grande potencial de crescimento.

Assim, a Niely se posiciona como uma marca totalmente focada em produtos de

menor preço, que apresentam os resultados esperados pela consumidora e que

entendem exatamente o que ela busca, de maneira simplificada. A grife procura sempre

entender quais métodos de tratamento caseiros as consumidoras estão buscando, por

exemplo, desenvolvendo produtos e fórmulas que conversam especificamente com

essas demandas. Atualmente, a Niely tem obtido grande sucesso, com faturamento que

chega a pouco menos da metade do da DPGP como um todo.

5.4.6. Características comuns

É possível perceber que uma constante entre as marcas da DPGP é a busca

pela maior abrangência no mercado por meio do diferencial do preço e pela produção

em larga escala, além da busca pela maior distribuição e atendimento de um maior

público por meio da diversificação e da capilaridade dos canais de atuação.

Na figura 5 é possível visualizar a participação de cada grife no faturamento da

divisão. É visível a representatividade de L’Oréal Paris com 57% frente aos demais

21

resultados (Garnier 28%, Maybelline 8% e Colorama 7%), que não só representa o

maior volume em unidades, como também a maior cifra (Figura 5).

Figura 5 - Participação por grife dentro da DPGP

Fonte: L’Oréal Brasil, 2016

5.5. NYX COMO VANTAGEM COMPETITIVA PARA DPGP

Para analisar a inserção de Nyx na DPGP sob o viés da vantagem competitiva,

cabe analisar se esse processo de incorporação traz recursos e competências internas

que permitem à organização atingir um patamar de vantagem competitiva sustentável.

Assim, é necessário estudar alguns recursos chave para a organização com

base na metodologia VRIO (item 1.6) identificando se eles são realmente relevantes

para construir uma vantagem frente aos concorrentes. Os recursos escolhidos foram

pautados na análise das forças da organização, análise SWOT da Nyx (item 3.4.2), e

se encontram listados no quadro 5. Os mesmos foram avaliados nos critérios do modelo;

valor, raridade, imitabilidade e organização.

A primeira força analisada é a variedade de produtos da marca, que apesar de

possuir valor, não pode ser considerada rara pois muitas outras empresas no setor

possuem esse mesmo atributo, sendo classificada como igualdade competitiva. A marca

no exterior possui uma flexibilidade relativamente alta na execução, ou seja, é vendida

em diversos canais (loja e quiosques próprios, farmácia, lojas especializadas e venda

online) e é de fácil acesso ao público. Essa característica pode ser considerada rara

uma vez que grande parte das marcas concorrentes são especializadas em um ou dois

canais. Contudo, não é difícil de imitar pois a estratégia está exposta aos concorrentes,

dessa forma se torna uma vantagem competitiva de curto prazo.

22

Alcançar alta rentabilidade para produtos de maquiagem com a faixa de preço

praticada pela marca e a qualidade proposta dos produtos é difícil uma vez que os

preços devem se manter acessíveis. Dessa forma, essa característica, assim como

qualidade dos produtos configuram uma vantagem competitiva de longo prazo. A

resposta positiva do público consumidor em relação à Nyx é resultado de uma

comunicação assertiva em relação ao que buscam nos produtos assim como o que

buscam em termos de inovação e posicionamento de marca. Essa força é classificada

como vantagem competitiva de longo prazo. O quadro 5 resume a aplicação do modelo

VRIO:

Aplicação do modelo VRIO

Forças Tem valor?

Tem raridade?

É difícil de

imitar?

A empresa tem a devida

organização?

Qual o resultado?

Variedade de produtos

SIM NÃO

Igualdade competitiva

Flexibilidade na execução

SIM SIM NÃO

Vantagem competitiva de curto prazo

Alta rentabilidade

SIM SIM SIM SIM Vantagem competitiva de longo prazo

Qualidade dos produtos

SIM SIM SIM SIM Vantagem competitiva de longo prazo

Comunicação efetiva com o público

SIM SIM SIM SIM Vantagem competitiva de longo prazo

Quadro 5 - Aplicação do modelo VRIO à Nyx em DPGP

Fonte: BARNEY e HESTERLY Percebe-se, portanto que, se bem estruturadas e aproveitadas as forças

inerentes à organização, a Nyx representa um ganho em matéria de vantagens

competitivas para a DPGP, principalmente no que diz respeito à rentabilidade da marca,

à comunicação única com o público alvo e à qualidade profissional desenvolvida nos

produtos.

23

5.6. MAPEAMENTO DA CONCORRÊNCIA NO BRASIL

Objetiva-se neste ponto identificar os principais players que atuam nesse mercado,

concorrentes diretos ou indiretos, que podem possivelmente afetar a implementação e

o recebimento da marca Nyx no Brasil. Além disso, neste ponto serão investigados os

principais concorrentes da DPGP como um todo e de que forma eles configuram uma

ameaça no mercado.

5.6.1. P&G

A P&G é uma empresa americana fundada em 1836 que reúne um garnde

conglomerado de subempresas, que produzem alimentos, produtos de higiene e

limpeza, dentre outros e detém mais de 380 marcas por todo mundo. Tem-se como

principal concorrente dentro da empresa a Pantene, que disputa o mercado com a

marca Elseve em DPGP. A concorrência entre as duas marcas é alta, visto que a

qualidade percebida dos produtos pelo público é semelhante e a faixa de preço

permanece a mesma visando conquistar o consumidor. Em segundo plano, como

concorrente indireto de Elseve, a empresa possui a marca Head&Shoulders que é

voltada para um público de maior parcela masculina e faixa etária um pouco superior.

5.6.2. Unilever

A Unilever é uma multinacional britânica-neerlandesa, terceira maior empresa

de bens de consumo do mundo, e seus produtos incluem alimentos, bebidas, produtos

de limpeza e produtos de higiene pessoal. Dentre suas grandes marcas estão a Dove e

TRèsemmé que também concorrem diretamente com a linha Elseve de L’Oréal Paris

em termos de público-alvo e faixa de preço. A multinacional também conta com a marca

Seda que compete no mesmo nicho de mercado que Garnier Fructis de DPGP. Em

termos de desodorante, a Unilever ocupa a maior parte do segmento com as marcas

Rexona e Axe que configuram os líderes de mercado do setor de Bi-O, desodorante de

Garnier.

5.6.3. Johnson&Johnson

A Johnson&Johnson é uma empresa americana fundada em 1886,

especializada na produção de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos pessoais

24

de higiene. A empresa possui duas grandes marcas, Neutrogena e Sundown, que

competem com os produtos de Solar da L’Oréal Paris. As marcas estão voltadas de

forma geral para o mesmo público, sendo que Neutrogena e Solar possuem a mesma

faixa de preço. Além disso, a Clean&Clear pode ser considerada uma forte concorrente

para os produtos de Dermo Expertise também de L’Oréal Paris.

5.6.4. Nivea

A Nivea é uma marca alemã de produtos cosméticos para a pele e para higiene

corporal global. Seus produtos que apresentam concorrência direta com os produtos e

DPGP são o protetor solar e o desodorante. No mercado de protetores solar Nivea é um

player representativo como os produtos de Solar de L’Oréal Paris e os demais

concorrentes que disputam de forma mais igualitária. No mercado de desodorantes,

Nivea, assim como o desodorante de Garnier, Bi-O, representa uma ameaça

relativamente pequena frente aos líderes da categoria.

5.6.5. Coty

A Coty é uma empresa multinacional de cosméticos fundada em 1904 na França

por François Coty. Os principais produtos comercializados pela empresa são perfumes,

cosméticos e produtos para cuidados do rosto e corpo. No ano passado, a empresa

adquiriu a Wella que antes pertencia ao grupo P&G. A Wella possui como uma de suas

principais marcas a Koleston, que é um dos grandes players do mercado de coloração

juntamente com Imédia Exellence, de L’Oreal Paris e Nutrisse de Garnier. A competição

entre as marcas nesse setor é relativamente alta, no qual a liderança é caracterizada

por uma pequena nuance de mercado.

5.6.6. Boticário

O Boticário é uma rede de franquias de cosméticos e perfumes brasileira, com

sede no Paraná. Seus principais produtos são fragrâncias, cremes e produtos para

maquiagem. Possui uma fatia expressiva do mercado atualmente, concorrendo de

forma acirrada com a L’Oréal em matéria de participação. Ganhou espaço ao longo dos

anos por oferecer produtos de baixo custo, desenvolvidos de forma a agradar ao público

alvo e apostando no modelo de negócio com lojas próprias em shoppings e galerias.

Em 2012, a empresa apostou em um novo segmento de maquiagens com uma marca

25

própria, a Quem disse, berenice?, que conversa com o público jovem, oferecendo

produtos divertidos e com preço acessível. Seu público converge com o público de

Maybelline, devido a faixa de preço e a categoria jovem dos produtos.

5.6.7. Natura

A Natura é uma empresa brasileira que atua no setor de produtos de tratamento

para o rosto, corpo, sabonetes, barba, desodorantes, óleos corporais, maquiagem,

perfumaria, cabelos, proteção solar, e infantil. Fundada em 1969 por Antônio Luiz

Seabra, hoje está presente em diversos países da América do Sul e França, com planos

de expansão para os Estados Unidos. O modelo de negócio inicial se estruturou todo

em torno da venda por meio de consultoras e, rapidamente, a Natura conquistou uma

liderança consolidada nesse mercado. Entretanto, percebe-se nos últimos anos uma

tendência a mudança desse modelo, com abertura das primeiras lojas próprias em São

Paulo e, futuramente, no Rio de Janeiro. Seus produtos abrangem a categoria de hair

care, skin care e maquiagem, competindo tanto com L’Oréal Paris quanto Maybelline.

5.6.8. Avon

A Avon é uma empresa norte-americana de cosméticos que teve início em 1886

quando David McConnell iniciou a Califórnia Perfume Company, em Manhattan. A

empresa depois adotou o nome Avon em 1939 e teve sua chegada no Brasil em 1952.

O carro chefe da marca é o segmento de maquiagem e seus produtos competem com

as linhas de L’Oréal Paris e Maybelline.

5.6.9. Mary Kay

A Mary Kay, assim como a Natura, aposta no modelo de vendas por meio de

consultoras, e hoje ganha cada vez mais espaço no mercado de makeup no Brasil e

diversos outros países. Seus produtos competem com L’Oréal Paris e Maybelline.

1.1.1. Mac

É um fabricante de cosméticos fundado em Toronto em 1984 e possui sede em

Nova York. A marca tornou-se parte da Estée Lauder Companies em 1998. Dentro de

um dos maiores grupos de cosméticos do mundo a marca adquiriu relevância

26

internacional, com produtos de qualidade e lojas próprias que oferecem um serviço

especializado. Além disso, a MAC também oferece uma grande gama produtos

auxiliares de aplicação de maquiagem como pincéis, esponjas, entre outros, tornando

completa a experiência do consumidor que visita o ponto de venda. No Brasil, a MAC

constitui um dos maiores concorrentes para a entrada da Nyx, em termos de qualidade

e perfil do consumidor.

6. MERCADO DE MAQUIAGEM NO BRASIL

Apesar do cenário econômico desafiador em que a população se encontra em

momentos de retração financeira, a categoria de maquiagem ganhou mais de 2 milhões

de consumidoras no último ano. De acordo com a Nielsen, entre as 2 milhões de novas

consumidoras de maquiagem, cerca de 61% está na faixa etária de 19 a 25 anos e

fazem parte da chamada geração Millenials6, formada por mulheres altamente

conectadas e que, muitas vezes, fazem mais compras por impulso, inclusive no meio

on-line, em comparação com a média da população. Esse específico público feminino,

que se torna vaidoso cada vez mais cedo, caracterizará as tendências de mercado, uma

vez que é composto por mulheres do futuro, e influenciará as próximas gerações.

A categoria de maquiagem representa 7,7% do mercado de cosméticos brasileiro

em uma distribuição homogênea entre as subcategorias: 28% para os produtos para

unhas, 24% para os cuidados com os lábios, 24% para rosto e 24% para os olhos. Em

relação ao uso cotidiano, dados do Euromonitor7 indicam que 73% das mulheres

brasileiras usam um batom ou gloss, 71% usaram esmalte nos últimos seis meses e

32% usam maquiagem regularmente.

Outro fator interessante que também impacta essa movimentação é a maior

entrada de mulheres no mercado trabalho, que cresce a cada ano e possibilita que o

público feminino tenha controle sobre o seu próprio consumo. Dessa forma,

impulsionam o mercado varejista em diversas categorias, não somente a de cosméticos.

Dados revelam que entre as novas consumidoras de maquiagem, 35% delas

afirmam terem sido presenteadas com algum item desse segmento. No mercado de

beleza, a maquiagem aparece como uma opção barata de mimo em comparação com

outras categorias como, por exemplo, fragrâncias e cuidados para a pele. Assim,

6 Disponível em: http://www.nielsen.com/br/pt/press-room/2016/Consumo-de-maquiagem-cresce-entre-as-brasileiras.html - Acesso em 11/12/2017 7 Disponível em: http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/article/euromonitor-divulga-tres-percepcoes-recentes-do-mercado-cosmetico/ - Acesso em 11/12/2017

27

acabam sendo opções mais rentáveis e com melhor custo benefício em momentos de

crise.

Além disso, como citado anteriormente, o mercado brasileiro pode apresentar

um grande potencial de expansão ao compararmos com a estrutura norte -americana e

europeia do setor que apresentam números de consumidores muito mais expressivos.

7. DINÂMICA DE INCORPORAÇÃO DA MARCA À DPGP

Operacionalmente, a incorporação da Nyx à DPGP vai exigir uma série de

mudanças/adaptações estruturais por parte da L’Oréal Brasil. Essas mudanças têm

ocorrido a longo, médio e curto prazo, e se manifestam em diversos setores da empresa.

7.1. RECURSOS HUMANOS

Em matéria de recursos humanos, houve a estruturação de várias equipes

específicas, inclusive com a contratação de novas pessoas para o chamado “Projeto

Nyx”. Toda a vinda da marca para o Brasil foi tratada pela empresa como um projeto de

grande porte, conduzindo-o por meio de técnicas de gerenciamento de projetos. Os

times internos de operações (supply, planejamento da demanda) e de finanças foram

todos reorganizados, atribuindo novas funções a colaboradores já existentes.

Já o time de marketing, por exemplo, foi parcialmente reestruturado e

parcialmente contratado. Além disso, houve a construção de uma equipe focada no

modelo de vendas de lojas próprias, por meio do qual Nyx será exclusivamente vendida,

a princípio.

7.2. CANAL DE VENDAS

Nesse âmbito, a L’Oréal teve de aprimorar e tornar ainda mais robusta toda a

sua operação nesse canal de vendas. O retail é um termo usado para designar a venda

em grandes quantidades a muitos compradores diferentes, o que difere bastante do

atual sell in praticado pela DPGP, que fornece um elevado volume a alguns

compradores específicos e a distribuidores que fazem a capilarização desses volumes.

Um bom exemplo para ilustrar o setor de retail é o supermercado, que realiza suas

vendas em enormes quantidades a muitos clientes distintos.

A DPGP já havia iniciado a operação no segmento do retail com a inauguração

de quiosques próprios de Maybelline, passando a ter o controle sobre o sell out (venda

ao consumidor final) e organizando toda a cadeia de suprimentos de maneira específica

28

para esse mercado. Em 2015 inaugurou-se, inclusive, um centro de distribuição no

Espírito Santo que é dedicado a essa operação, o CD NEV (Nova Empresa de Varejo).

Esse centro de distribuição opera em um conceito próprio, exclusivamente atendendo à

lojas próprias da L’Oréal e será o responsável pelo estoque de Nyx em sua totalidade.

Inicialmente, as 4 lojas de Nyx inauguradas no Brasil serão todas de propriedade da

L’Oréal (não franqueadas), e não haverá venda em farmácias ou em supermercados e

redes distribuidoras.

7.3. IMPORTAÇÃO

Em matéria de produção, há uma complexidade inerente ao início da operação

no país, visto que os produtos serão 100% importados. A L’Oréal Brasil possui esse

know how de importação em outras divisões do seu negócio, como a divisão de luxo,

por exemplo, na qual os produtos também são 100% importados.

Para a DPGP, no entanto, esse cenário é relativamente novo, já que a

importação ocorria em escala muito pequena, apenas para alguns SKUs específicos de

Maybelline. Assim, fez-se necessário aprimorar toda a equipe para atuar nesse novo

contexto, adaptando também as operações no centro de distribuição para esse tipo de

produto. Foram desenvolvidas estruturas específicas para nacionalização de

embalagens em terceiros, recebimento dos produtos por via marítima e/ou aérea, e

adaptação a um horizonte de bloqueio (possibilidade de cancelamento de pedidos ou

reajuste de recebimento de lotes) muito maior do que aquele sob o qual operam as

fábricas nacionais.

Figura 6 - Quantidade de SKUs importados antes e depois do início da incorporação de Nyx à L’Oréal Brasil

Fonte: L’Oréal Brasil, 2016

29

O processo de importação para o Brasil também depende de vários trâmites

burocráticos realizados pela ANVISA, órgão regulador que controla o processo de

chegada dos produtos ao país. Assim, há a necessidade de especialização e de

adequação às regras estabelecidas no Brasil, que não são as mesmas para os outros

países na qual Nyx está inserida.

Em quesitos logísticos, a importação também apresenta dificuldades devido à

pouca estrutura nacional em matéria de modais de transporte. Existem poucos portos,

relativamente saturados, e o modal rodoviário apresenta uma série de problemas que

aumentam os custos de deslocamento dentro do país. Para uma divisão tão sensível

aos preços e para produtos essencialmente mais caros, esse pode ser um fator de risco.

7.4. MARKETING

Nyx se comunica com o público de forma muito característica, apresentando

algumas diferenças em relação a marcas já estruturadas na DPGP.

Com um viés mais jovem, informal e ousado, Nyx possui atuação nos nichos de

maquiagem cotidiana, profissional e artística (novidade no Brasil), se baseando em

conceitos de universalização dos seus produtos e quebra de paradigmas estabelecidos

no meio tradicional da beleza, utilizando, por exemplo, modelos homens ou

transgêneros usando maquiagem.

A mídia é praticamente toda construída por meio de redes sociais,

principalmente o Instagram e o Facebook, sendo altamente impulsionada por

publicações feitas por digital influencers. Desse modo, a DPGP precisou entender como

e por que o marketing de Nyx é bem-sucedido em outros países, criando toda uma

comunicação que faça sentido com o público alvo nacional.

30

Figura 7 - Exemplos da comunicação de Nyx com o público via Instagram Fonte: Instagram (Acessado em: 08/12/2017)

8. PANORAMA DA MARCA NO MERCADO BRASILEIRO

A marca Nyx foi comprada pelo grupo L’Oréal em 2014 e três anos depois está

sendo relançada no Brasil com um modelo de negócio diferente. A Nyx é a marca de

maquiagem que mais cresce no mundo e chega ao Brasil, que é o 4º país em

maquiagem no mundo, movimentando R$ 7 bilhões por ano segundo a H&B MakeUp.

31

A marca que antes tinha como seu principal canal de vendas pequenos

quiosques, agora conta com lojas próprias. O motivo é pelo tamanho do portfólio da

marca tanto mundial, quanto o trazido para o país. Internacionalmente a marca tem um

portfólio de três mil produtos, para o Brasil inicialmente estão sendo trazidos quase dois

mil produtos. Nesse sentido, o modelo de quiosques não comportaria o portfólio da

marca e o modelo de negócios novo que está sendo desenvolvido. O diferencial das

lojas é conseguir acomodar uma grande variedade de cores, texturas e produtos,

permitindo que além de expostos também possam ser testados.

Quando estão em uma loja Nyx, os consumidores além de ter acesso a uma

gama enorme de produtos e suas variações de cores e tamanhos, podem experimentar

e comparar o que melhor se adaptam a sua pele. As lojas também contam com um time

grande de maquiadores profissionais que além de sugerir produtos podem ensinar e dar

dicas sobre aplicação e como utilizar cada produto. Além de oferecer uma g rande

variedade então, a marca aposta além de trazer para o público de maquiagem brasileiro,

opções além das convencionais, criar uma relação do público com a marca, investindo

em experimentação e orientação por meio dos maquiadores.

A estratégia da marca tem sido, então, analisar como se dará o comportamento

da demanda antes de trabalhar em planos de expansão como um e-commerce.

Segundo a diretora da marca no Brasil, Bianca Pi, a ideia é promover algumas ações

nas lojas para atrair o público, como aulas de maquiagem8. Além disso, a marca está

trabalhando bastante em parceria com influenciadores digitais reconhecidas quando o

assunto é maquiagem.

Além de maquiadores profissionais a marca também vem com uma forte

proposta de comunicação para os “makeup junkies”, adolescentes fissuradas em

maquiagem. A ideia é que, com a gama variada de opções, essas pessoas possam

comprar mais de uma opção ou cor. Para isso a loja vem com produtos com diferentes

faixas de preço, incluindo preços acessíveis, como o pensado na origem da marca.

Assim, a Nyx tem como principal proposta uma grande variedade de produtos, com

qualidade profissional e a preços acessíveis.

Para entender como se comportam os consumidores de maquiagem no Brasil e

assim poder analisar suas percepções e a relevância da marca Nyx nesse cenário, foi

feita uma pesquisa de mercado, com base em hipóteses tanto sobre os consumidores

como sua relação com a marca.

8 Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,loreal-relanca-a-nyx-no-brasil-com-abertura-de-lojas-conceito,70001877201 - Acesso em 09/02/2018

32

9. PESQUISA DE MERCADO MAKEUP & NYX

Após as análises apresentadas para avaliar a relevância e concordância da

marca Nyx com o modelo de negócio da L’Oréal Brasil, sobretudo de uma de suas

divisões, a DPGP, é preciso, então, avaliar a relevância da marca Nyx para os

consumidores de maquiagem no Brasil. Com a pesquisa é possível quantificar e

descobrir mais informações sobre o consumo de maquiagem no Brasil, como principais

marcas buscadas, onde os consumidores buscam mais informações, necessidades

identificadas dentro das ofertas disponíveis. Assim, além de avaliar a relevância da

introdução de uma nova marca no Brasil, também é possível elaborar algumas diretrizes

de marketing para a marca Nyx.

Assim, após a validação das hipóteses e o entendimento das principais

características do cenário de consumo que a marca está se inserindo, evidenciam-se

alguns indicadores que irão fundamentar as diretrizes de marketing propostas.

9.1. RESULTADOS DA PESQUISA

9.1.1. Hipótese H1

A primeira hipótese dizia que “as pessoas estão abertas a consumir novas

marcas de maquiagem”. Para isso, para os que seguiam na pesquisa, ou seja, os que

depois das perguntas iniciais declararam fazer uso de maquiagem, após serem

questionados sobre quais marcas de maquiagem utilizavam, era perguntado: “Você está

disposto a consumir novas marcas de make?”.

O resultado dessa pergunta, então, é suficiente para validar a hipótese H1.

Contudo, além de perguntado quais marcas as pessoas utilizam, também foi perguntado

em que escala (sendo 0 insatisfeito e 10 plenamente satisfeito) as pessoas estavam

satisfeitas com as ofertas de maquiagem existentes.

A partir figura 9, é possível perceber que a oferta de maquiagens que atuam hoje

no mercado é bastante alta, o que pode levar a crer que trata-se de um mercado

saturado. Contudo, quando perguntados se estariam abertos a consumir novas marcas,

97,8% dos usuários de maquiagem que responderam disseram que sim, como podemos

observar na figura 10. O que caracteriza esse mercado como um mercado de muita

experimentação e inovação, uma vez que os consumidores buscam sempre novos

produtos e outras opções.

33

Figura 9 – Representatividade das marcas de maquiagem Fonte: elaboração própria

Figura 10 – Representatividade dos usuários de maquiagem Fonte: elaboração própria

Outro fato que corrobora com a análise anterior é ilustrado pela figura 11. Ao se

perguntar como são atendidas as necessidades com as ofertas existentes o resultado

se mostrou bastante dividido. Podemos dividir a escala de zero a dez em três blocos

seguindo a metodologia de outros modelos de pesquisa como o NPS (Net Promoter

Score)9, o primeiro de zero a seis seria de pessoas insatisfeitas com as ofertas, o

segundo sete e oito, trata-se de pessoas neutras as ofertas, e por último, de zero a dez,

temos os satisfeitos.

9 Disponível em: https://endeavor.org.br/nps/ - Acesso em 15/2/2018

34

Considerando a métrica acima, pode-se afirmar que 37,7% das pessoas estão

insatisfeitas com as ofertas. Os neutros totalizam 37,1%, enquanto os satisfeitos somam

25,2%. A partir dos três gráficos então é possível perceber que mesmo em um mercado

saturado, ainda há uma grande necessidade de consumidores que não está sendo bem

atendida além de um comportamento natural dos consumidores de experimentar novas

marcas.

Figura 11 – Resumo da satisfação em relação ao mercado de maquiagem Fonte: elaboração própria

Assim, diante da hipótese H1 de que as pessoas estão abertas a consumir novas

marcas, é possível validar essa afirmação. Essa validação é muito importante, uma vez

que trata-se de um primeiro passo para a análise estratégica da introdução da Nyx no

mercado brasileiro. Resta saber agora qual a melhor maneira para entrar nesse

mercado e de que forma a Nyx pode se apropriar das necessidades que não estão

sendo atendidas pelas ofertas atuais.

9.1.2. Hipótese H2

A segunda hipótese já é mais direta em relação a marca e supõe que “As

pessoas não conhecem a Nyx”. Mesmo que ainda não tenha um ano desde sua

reabertura no Brasil, a marca Nyx é muito conhecida internacionalmente e por isso é

importante avaliar o quanto as pessoas já conhecem ou ouviram falar da marca no

Brasil.

35

Um outro fato em relação a essa hipótese é que a Nyx veio para o país com um

modelo de negócio de lojas próprias, sem vendas online por enquanto. Essa

característica faz com que a promoção da marca deva ser ainda mais forte, sobretudo

nas praças em que atua. Para avaliar, então essa hipótese a seguinte pergunta foi feita:

“você conhece a Nyx?” e as opções de resposta dividiam o grupo em três blocos. O

primeiro de pessoas que conheciam a marca e já compraram algum produto, o segundo

os que conheciam e nunca compraram, e o terceiro de quem não conhecia.

Dessa forma, pode-se afirmar que dos usuários de maquiagem, 27,7% das

pessoas conhecem a Nyx e já compraram algum produto, 41,7% dessas pessoas

conhecem a marca, mas nunca compraram os produtos e 27,7% dos usuários não

conhecem a marca, como ilustrado na figura 12. Apesar de o número de pessoas que

conhecem a marca ser maior do que o número de pessoas que não conhecem, somente

um número pequeno de pessoas já comprou algum produto.

Figura 12 – Representatividade dos conhecedores de Nyx

Fonte: elaboração própria

Nesse contexto, a hipótese H2 pode ser parcialmente validada. Considerando-

se que o primeiro passo para o lançamento da marca seja apenas que as pessoas

saibam da sua existência a hipótese é validada, uma vez que 69,4% das pessoas dizem

conhecer a marca. Por outro lado, se considerarmos que o mercado de maquiagem é

um mercado muito saturado e a experimentação é um fator muito importante para a

adesão dos consumidores, a marca ainda não é plenamente conhecida, uma vez que

72,2% dos usuários de maquiagem ainda não compraram nenhum produto da marca.

36

9.1.3. Hipótese H3

A terceira hipótese está relacionada às pessoas que conhecem a Nyx mas nunca

compraram algum produto. A hipótese supõe que “as pessoas não compram Nyx devido

ao preço”. Essa afirmação diz muito mais do que uma falta de posicionamento de preço

da marca, mas pode mostrar uma falha na comunicação com os consumidores.

Historicamente, a marca Nyx é posicionada como uma marca de preços baixos. Desde

sua fundação, a ideia era trazer a qualidade dos produtos de luxo a preços de

maquiagem de farmácia.

No Brasil, mesmo inaugurando um modelo de lojas próprias, diferentes dos

tradicionais quiosques de maquiagem (comuns para marcas que estão começando), a

marca ainda posiciona seus preços abaixo dos principais concorrentes como MAC,

Quem disse, berenice? e Boticácio. Os preços podem ser abaixo inclusive da sua

concorrente interna, também da L’Oréal, Maybelline, marca apontada como a mais

usada pelos usuários de maquiagem.

Para avaliar a hipótese e também fazer uma exploratória do por que as pessoas

não compram a marca, os usuários de maquiagem responderam dentre uma lista

personalizável os motivos pelos quais nunca terem comprado, como pode ser percebido

na figura 13.

O principal motivo apontado foi “não conheço muito bem os produtos”, contido

em 70,1% das respostas. Além desse, os dois grandes motivos foram “não encontro os

produtos” com 25,4% e “preços altos” com 20,1%.

Figura 13 – Resumo dos motivos pelos quais os usuários de maquiagem nunca

compraram um produto da Nyx Fonte: elaboração própria

37

Esse resultado, além de invalidar a hipótese H3, mostra uma falha na

comunicação da Nyx com seus consumidores, já que o principal motivo por não terem

comprado é não acharem os produtos. Já o resultado de 20,1% das pessoas que

afirmam não terem comprado por conta dos preços altos, também pode estar

relacionado com uma falha na comunicação.

Alguns fatores podem embasar essa falha como o fato de as pessoas que

marcaram “preços altos” também terem declarado que usam marcas como MAC,

Boticário, Maybelline e Quem disse, Berenice? que praticam preços igual ou mais altos

que a Nyx. Um outro ponto é que o fato de ser uma loja própria dentro de grandes

shoppings em áreas nobres do Rio de Janeiro e São Paulo, podem levar esses

consumidores a acreditar que trata-se de uma marca cara, criando uma impressão

errada sobre a Nyx.

9.1.4. Hipótese H4

A hipótese H4 supõe que “a Nyx é bem avaliada pelos consumidores”. Dessa

forma, para as pessoas que declararam conhecerem a marca e já terem comprado

algum produto foram feitas mais duas perguntas para avaliar a experiência com a marca

e o grau de satisfação dessas pessoas. Assim foram feitas duas perguntas como

demonstradas nos gráficos a seguir.

A partir da figura 14, é possível perceber a avaliação dos consumidores em

relação a marca a partir de cinco opções: péssima, ruim, regular, boa e excelente. Os

resultados mostram que 22,7% dos usuários da marca a classificam como excelente,

64,8% como boa e 12,5% como regular, não havendo nenhuma resposta abaixo disso.

Nesse contexto, é possível validar a hipótese H4 de que a Nyx é bem avaliada

pelos consumidores, uma vez que 87,5% dos seus consumidores a classificam como

excelente ou boa.

38

Figura 14 – Resumo da avaliação sobre a Nyx Fonte: elaboração própria

A figura 15 ilustra o que para esses consumidores era um diferencial da marca.

Dentre as opções encontravam-se: preço, qualidade, variedade de produtos, variedade

de tonalidades, produtos inovadores, vendedores especializados e outros. O diferencial

mais reconhecido foi preço, presente em 73% das respostas, seguido de qualidade e

variedade de produtos, presentes em 64% e 44,9% das respostas, respectivamente.

Esses números mostram que o posicionamento pensado para a marca de oferecer uma

grande variedade de produtos de qualidade a preços baixos é bem percebido pelos seus

consumidores. Resta, então, difundir esses conceitos para as pessoas que ainda não

tiveram contato com os produtos ou não conhecem a marca.

Figura 15 – Resumo da avaliação sobre a Nyx Fonte: elaboração própria

39

9.1.5. Hipótese H5

A última hipótese (H5) supõe que “a Nyx não está nos mesmos canais de

comunicação que os consumidores”. Essa hipótese está relacionada ao fato de que em

um mercado saturado é muito importante saber se comunicar com os consumidores e

na linguagem certa. Além disso, por trabalhar apenas com poucas lojas físicas próprias

e apenas em duas praças, é essencial que a Nyx faça sua promoção nos mesmos

veículos de comunicação que os consumidores buscam informação sobre maquiagem.

Nesse contexto os usuários de maquiagem foram perguntados sobre quais são esses

meios e os resultados estão ilustrados na figura 16.

É possível perceber, então, que os principais canais quando o assunto é

maquiagem são o Youtube,Instagram e blogs, presentes em 65,1%, 59,5% e 40,5%,

respectivamente. O facebook foi um canal escolhido para apenas 19,9% dos usuários

de maquiagem. Sabe-se que a Nyx hoje investe bastante em propaganda digital, tendo

como um de seus principais pilares o trabalho com digital influencers, pessoas influentes

no mundo digital quando o assunto é maquiagem, com grandes perfis no Instagram e

blogs sobre o assunto. Esse trabalho é focado principalmente no Instagram e ainda não

muito presente no Youtube e Facebook.

Figura 16 – Resumo de onde os consumidores buscam informações sobre

maquiagem Fonte: elaboração própria

40

Assim, podemos validar parcialmente essa hipótese, pois apesar de a Nyx ter

esforços para estar nos três principais meios apontados ainda há muito o que conquistar

nesses meios. Quando comparamos o número de seguidores do perfil da Nyx no Brasil

com seu perfil internacional e das duas principais marcas apontadas como mais usadas,

vimos que a Nyx ainda não conversa com uma parcela grande de pessoas interessadas

em maquiagem na internet.

A figura 17 ilustra como a marca ainda não possui representatividade nas redes

sociais, como o Instagram, no Brasil uma vez que comparada à marca no exterior e

concorrentes no país. Por exemplo, enquanto a conta da Nyx mundial possui 12,5

milhões de seguidores, a conta voltada para o mercado brasileiro possui 195 mil. No

mesmo sentido, as contas nacionais dos concorrentes Maybelline e Mac possuem

respectivamente 1,9 milhões e 830 mil seguidores, exemplificando o potencial de

atingimento de marcas do segmento de maquiagem na internet.

41

Figura 17 - Perfil das marcas Nyx Brasil, Nyx Internacional, Maybelline Brasil e MAC Brasil.

Fonte: Instagram (Disponível em: https://www.instagram.com. Acesso em: 15/02/2018)

42

9.1.6. Outras conclusões da pesquisa

Além de validar as hipóteses levantadas algumas outras questões podem ser

entendidas sobre o consumo de maquiagem a partir de outras perguntas da pesquisa

que podem melhor direcionar as diretrizes de marketing para a Nyx. Após entender

como os consumidores avaliam as ofertas de maquiagem atual, resta saber o que eles

identificam como uma lacuna a ser atendida.

Dessa forma, foi perguntado “o que falta para você” para todos os usuários de

maquiagem. A opção que mais esteve presente nas respostas foi “preços mais

acessíveis” com 67,6%, seguido de produtos de qualidade e acessibilidade, com 46,4%

e 28,7%, respectivamente. Também foram apontados como necessidades, mais tons

de pele e mais cores. Essas necessidades apontadas vão ao encontro do que a Nyx

posiciona como proposta de valor, uma grande variedade de produtos de qualidade a

preços baixos. Assim, é possível avaliar que além de ter espaço em um mercado

saturado, a Nyx traz em sua proposta de valor necessidades que não estão sendo bem

atendidas pelas ofertas existentes, aumentando o potencial da marca no Brasil.

Outro ponto interessante para analisar é o perfil dos consumidores da marca

Nyx. Ao se cruzar os dados de pessoas que já compraram algum produto da marca com

sua faixa etária (segunda pergunta do formulário) percebe-se uma distribuição dos

consumidores da marca conforme a idade segundo a tabela abaixo.

Quadro 6 - Distribuição etária dos usuários de Nyx Fonte: Elaboração própria

A tabela mostra que a grande maioria dos consumidores da marca (69%) está

entre os 18 e 24 anos, seguido de pessoas de 25 a 35 anos com 22%. Isso pode

contribuir com as diretrizes de marketing da marca, que podem não só estar

relacionadas com os melhores canais de atuação como o tipo de público que se deve

focar na comunicação.

43

9.2. Diretrizes de marketing

A partir dos resultados da pesquisa realizada e da análise interna da Nyx em

relação a L’Oréal Brasil e sua divisão de grande público , é possível construir algumas

estratégias fundamentais para a boa inserção da marca no cenário interno da empresa

e no cenário externo conquistando os consumidores de maquiagem. A partir dessas

diretrizes, é possível elaborar algumas ações ou projetos que possam alavancar as

vendas, aumentar o awareness da marca e melhorar sua integração no cenário interno

da empresa. Dessa forma, foram redigidas três diretrizes, as quais serão apresentadas

nos próximos tópicos.

9.2.1. Primeira diretriz: aumentar comunicação da marca e seus

diferenciais

A hipótese H2 de que “as pessoas não conhecem a Nyx” é fundamental para o

desenvolvimento dessa diretriz. Em um primeiro momento, pode-se dizer que a hipótese

foi invalidada, uma vez que o número de pessoas que conhecia é maior do que o número

de pessoas que não conhecia. Por outro lado, quando troca-se a perspectiva e divide-

se a amostra entre compradores e não compradores, o número de não compradores

ainda é muito superior. O que em um mercado movido a experimentação pode

caracterizar essas pessoas como não conhecedores da marca.

Além disso, o resultado das análises para validação da hipótese H3, que diz

respeito ao porquê de as pessoas, apesar de conhecerem, não comprarem os produtos,

também embasa a construção dessa diretriz. O principal motivo apontado para as

pessoas não comprarem foi “não conheço muito bem os produtos”, contido em 70,1%

das respostas, o que mostra claramente uma falta de comunicação precisa da marca

com seus consumidores. É preciso que esse público não só conheça a marca, mas

também conheça seus produtos, seus diferenciais e o que ela traz de diferente e de

inovação para as ofertas disponíveis.

Também foi apontado nas análises da hipótese H3 que uma parcela considerável

das pessoas não encontra os produtos e considera os preços altos. O fato de 25,4%

das pessoas declararem que não compram pois não encontram os produtos mostra que

ainda há muito espaço para comunicação da marca e pontos de venda. É preciso fazer

um marketing estratégico geolocalizado. Dessa forma, a partir dos pontos de onde estão

localizadas as lojas, é possível pensar no momento em que cada pessoa passa pelo

44

local, o que buscam, que tipo de comunicação estão expostas e assim aumentar o

awareness da marca.

O fato de 20,1% das pessoas afirmarem que não compram os produtos por conta

dos preços altos, mostra que não é só uma questão de aumentar a comunicação, mas

também comunicar os seus diferencias. Os usuários da marca confirmam o

posicionamento que a marca planeja entregar em sua proposta de valor, produtos de

qualidade a preços acessíveis. A pesquisa mostra que 73% dos consumidores de Nyx

apontam preço como um grande diferencial, seguido de qualidade (64%) e variedade

de produtos (44,9%). Assim, além de comunicar a existência da marca, comunicar o

portfólio de produtos, também é preciso deixar bem claro seus diferenciais e ter preço e

qualidade como dois pilares dessa comunicação. Esse ponto corrobora com o que foi

descrito no tópico 1.4 sobre a importância da diferenciação e seus atributos.

É preciso, contudo, encontrar um ótimo entre o tipo de comunicação que as

pessoas se interessam e como se diferenciar das comunicações existentes no mercado.

Como visto no tópico 1.2 sobre necessidades de diferenciação, pelo excesso dos meios

de comunicação as propagandas se tornam bastante similares, dessa forma não

impactam a decisão de compra dos consumidores.

9.2.2. Segunda diretriz: expandir canais de venda para recrutar mais

consumidores

O modelo de negócio da Nyx que está sendo implementado no Brasil tem como

pontos de venda lojas físicas próprias da marca. Como ponto positivo, está a

padronização da experiência de consumo proporcionada aos consumidores da marca.

Seguindo os conceitos de Kotler sobre o marketing 3.0, criar uma relação forte com os

consumidores, uma verdadeira experiência, faz com que eles mesmo sejam a principal

propaganda do negócio10.

Como visto na análise da H3 há alguns motivos pelos quais as pessoas ainda

não compraram um produto da Nyx. O principal deles é “não conheço muito bem os

produtos” com 70,1% das respostas. Apesar de uma comunicação melhor e mais focada

no consumidor da marca ajudar a reduzir o número de pessoas que não conhecem os

produtos, os poucos pontos de venda também são um limitante para o crescimento da

marca.

10 Disponível em: https://exame.abril.com.br/marketing/philip-kotler-propoe-as-empresas-o-conceito-do-marketing-3-0/ - Acesso em 15/02/2018

45

Ao serem questionados sobre por que não haviam comprado um produto, 25,4%

das respostas diziam “não encontro os produtos”. Esse número corrobora ainda mais

com a diretriz de expansão dos canais de venda. Contudo, essa expansão pode

acontecer em dois momentos. Em um primeiro momento, a expansão do canal vem com

a melhor divulgação da marca. Com o aumento do awareness uma loja pode passar a

atender um público que tem acesso ao local onde ela está estabelecida, mas que não

conheciam a loja, ou não entendiam os produtos.

Em um segundo momento, já que padronizar o serviço e a experiência fornecida

são fundamentais, é precisa extrapolar essa experiência para fora da loja, fazendo com

que ela seja percebida em todos os canais de comunicação. A partir do momento que

experiência de consumir um produto Nyx é percebida não só na loja, como nas redes

sociais, nos diferentes canais de mídia, por meio dos próprios consumidores, a marca

pode pensar em expandir seu canal de vendas como abrindo um e-commerce sem

perder com isso.

O canal de vendas digital pode fazer com que a marca alcance praças distintas,

diferentes de Rio de Janeiro e São Paulo, onde as lojas estão estabelecidas. Com isso,

um maior número de consumidores conhece a marca e podem haver projetos que torne

a ida às lojas como aspiracionais. Aprimorando as experiências na loja, os

consumidores além de comprar no e-commerce podem ter desejo de um dia visitar

alguma loja, pelos diferenciais do local, atendimento, exposição dos produtos. E

algumas ações na loja podem levar a descontos e ações no e-commerce, fortalecendo

os dois canais.

Quando olha-se para a matriz SWOT da Nyx, apresentada no capítulo 3.4.3,

percebemos que a complexidade de implementação é uma ameaça para a marca. Ao

mesmo tempo, o crescimento rápido do mercado, com expansão para novos públicos e

o aumento da internet como mídia e canais de compra se mostram como grandes

oportunidades para o negócio no futuro.

9.2.3. Terceira diretriz: analisar possibilidade de produção local e

desenvolvimento de inovações

Como visto no capítulo 5, a dinâmica de incorporação da marca Nyx a estrutura

da DPGP não trouxe mudanças estruturais e de pessoal expressivas, mas trouxe uma

complexidade operacional muito maior para o negócio. Os principais motivos dessa

complexidade são o fato de a Nyx ter um modelo de negócio com lojas próprias e o fato

46

de os produtos da marca serem importados, o que traz algumas consequências não só

processuais como financeiras para a empresa.

A estrutura da L’Oréal Brasil é praticamente voltada para um modelo b2b

(business to business), ou seja, os clientes da L’Oréal não são os consumidores dos

seus produtos e sim revendedores como farmácias, mercados, salões e lojas de

departamento. A empresa, como visto, já havia iniciado sua operação no segmento do

retail com os quiosques próprios de Maybelline, a primeira marca de maquiagem da

divisão, contudo, a complexidade é menor assim como os custos de implementação.

Operando no modelo retail, além dos custos de implementação, é preciso saber

executar bem as lojas, garantindo seu abastecimento correto e ajustando a mecânica

de vendas ao contexto do mercado.Nesse sentido, é essencial que a empresa tenha

estabilidade financeira para arcar com toda a mudança na operação trazida pelas lojas

próprias.

Por se tratar de uma divisão de produtos de grande público, o conhecido

mercado massivo, os produtos têm o preço baixo e com isso uma margem pequena.

Assim, o lucro da empresa vem da venda em massa desses produtos, que compensam

a margem pequena. Sabe-se que a Nyx tem em sua proposta de valor praticar preços

mais baixos que o do mercado, mesmo com uma qualidade elevada de seus produtos.

Nesse sentido, é preciso que os produtos tenham sempre uma boa margem para

que o saldo da operação seja positivo. Um grande ofensor para a margem dos produtos

da Nyx é o fato de todos serem importados e por mais que em alguns casos os produtos

tenham custos de produção menores sendo feitos no exterior, os custos de operação

para produtos importados é maior que para os produtos nacionais, encarecendo-os.

No tópico 7.1.6, onde foram apresentadas outras conclusões sobre a pesquisa,

é possível perceber que preço é uma variável importante para esse mercado. Ao serem

questionados sobre o que falta nas ofertas atuais, 67,6% dos usuários de maquiagem

relataram que faltam “preços mais acessíveis”. Isso mostra que, em um mercado de

experimentação intensa, o preço pode direcionar consumidores de uma marca para

outra em um volume grande. Além disso, as análises da hipótese H4 puderam apontar

que para 73% dos consumidores da marca, preço é o seu principal diferencial.

Nesse contexto, em um cenário em que não se pode fazer muitas flutuações de

preço, é preciso que se sustente uma margem saudável, a fim de garantir a viabilidade

do negócio. Um fator que pode ajudar no ganho de margem é a nacionalização de

alguns produtos do portfólio da marca. Com o amadurecimento da marca e dos seus

produtos, é possível analisar quais são os principais produtos vendidos e apostar em

47

projetos de nacionalização dos meios, a fim de grandes ganhos de margem. Isso pode

dar mais fôlego para investimentos tanto nas lojas como em novos produtos.

Além de ser um mercado de experimentação, o segmento maquiagem também

é muito movido a inovação. O Brasil é um dos grandes países no setor de beleza do

mundo e carrega uma singularidade muito grande quando se trata de necessidades dos

consumidores brasileiros. A possibilidade de investimentos vinda do ganho de margem

da nacionalização de alguns produtos pode financiar o desenvolvimento de novos

produtos, inovadores para o segmento e completamente adaptados a pele e

necessidades brasileiras. Dessa forma, a Nyx sai na frente no mercado e consegue

fidelizar ainda mais seus consumidores.

A análise SWOT feita para a DPGP no capítulo 3.4.2 mostra que a crise

econômica e a migração para comércios alternativos são grande ameaças para a

divisão. Isso mostra que ganhar rentabilidade e se tornar mais competitiva é muito

importante para a sustentabilidade financeira da divisão e da companhia. Além disso,

novas tendências são apontadas como oportunidades tanto na análise feita para a

DPGP como na análise feita para a Nyx, onde variedade dos produtos foi apontado

como uma força da marca.

48

CONCLUSÃO

O projeto propôs-se a estudar os efeitos da incorporação da marca de

maquiagem Nyx a filial brasileira da maior empresa de beleza do mundo, a L’Oréal.

Foram analisados fatores estratégicos e operacionais a fim de avaliar a compatibilidade

da nova grife com o modelo de negócio da Divisão de Produtos de Grande Público da

companhia no Brasil. Além disso, buscou-se entender como a marca se posiciona frente

ao novo mercado e a percepção do mesmo sobre a Nyx.

É possível concluir que a marca traz um diferencial competitivo para a área e

que a proposta do modelo de atuação no mercado é bem incorporado a dinâmica da

divisão. Ou seja, apesar do modelo da nova marca seguir o b2c, ou seja, venda direta

para o consumidor, os processos foram absorvidos de forma relativamente orgânica

pela companhia que opera majoritariamente no modelo b2b, o cliente não é o

consumidor final, apenas um revendedor.

As análises deixaram claro que a incorporação da marca na divisão brasileira

não exigiu mudanças físicas e processuais grandes. Apesar de a marca trazer uma

maior complexidade para a operação devido ao portfólio internacional, a empresa já faz

esse tipo de operação com mais frequência em divisões como a de luxo, na qual há

muitos perfumes importados. Isso significa que por mais que a divisão de grande público

não esteja familiarizada em trabalhar com produtos importados, é possível adquirir o

know how para tal e incorporar esse processo aos processos atuais de supply chain.

Um ponto importante para a análise de viabilidade interna foi o fato de a marca

trazer como forças e oportunidades atributos que são muito favoráveis a divisão,

principalmente à luz de suas fraquezas e ameaças. O mercado de maquiagem brasileiro

é um dos maiores do mundo e apesar de os consumidores estarem expostos a muitas

marcas e opções diferentes do produto, foi possível perceber que ainda há espaço para

novas marcas e necessidades que não vêm sendo atendidas pelas ofertas atuais.

A pesquisa de mercado pode mostrar que, não só existe espaço para novas

marcas no mercado de maquiagem brasileiro, como também indicou algumas forças da

Nyx como necessidades não bem atendidas atualmente. A fidelização no mercado de

maquiagem é muito difícil. Esse ponto não é exclusivamente por não encontrarem um

produto que se adeque a pele ou de boa qualidade. Está mais relacionado ao fato de o

mercado ser extremamente movido pela experimentação. Contudo, apesar de os

consumidores buscarem por inovações, novas cores e formatos, preço e qualidade

foram apontados como grandes direcionadores dessa escolha e parâmetros não bem

atendidos atualmente.

49

Com isso, a Nyx encontra um mercado potencial enorme que tem como

necessidades atributos presentes em sua proposta de valor. Preço e qualidade são

pilares da marca desde sua criação e os diferenciais mais reconhecidos pelos seus

consumidores, conforme mostrado nos resultados da pesquisa. Resta, contudo, saber

comunicar e entregar esses diferenciais de maneira assertiva aos seus potenciais

consumidores.

Apesar de a marca ser mundialmente reconhecida, quando se observa a parcela

de consumidores de maquiagem que consomem Nyx no Brasil é possível perceber que

se trata de uma parcela muito pequena dos usuários. Essas pessoas, além de não

conhecerem a marca em muitos momentos mostraram ter opiniões contrárias a

realidade da Nyx, principalmente no quesito preço.

Nesse sentido, as diretrizes de marketing construídas indicam caminhos a serem

seguidos para uma melhor conexão da marca com o os consumidores de maquiagem.

Além disso, também indicam possíveis caminhos para melhor operar na d inâmica de

mercado brasileiro, considerando suas possíveis ameaças. Sendo possível, então,

garantir a boa execução da proposta de valor da marca sem prejuízos à rentabilidade e

sustentabilidade financeira do negócio.

O projeto se mostra útil e significativo para o meio acadêmico visto que aborda

a inserção de uma marca em um mercado específico sob duas óticas. Além de avaliar

a viabilidade e oportunidade dessa marca com seus potenciais consumidores, é preciso

avaliar como a incorporação de um novo negócio pode afetar as operações internas da

empresa, que vão sustentar e garantir sua boa operação na ponta. E assim, foi possível

verificar como ferramentas básicas de estratégia e marketing podem ser aplicadas para

identificar problemas e oportunidades e propor caminhos estratégicos melhores não só

para a marca como para a organização.

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

Apêndice A - pesquisa exploratória

Pesquisa - Makeup & Nyx

Pesquisa para Projeto de Graduação com intenção de avaliar o mercado de maquiagem no Brasil e a marca Nyx.

Seção A - Perguntas iniciais

1. Qual seu gênero? Feminino Maculino Outros 2) Qual a sua idade? 17 anos De 18 a 24 anos De 25 a 35 anos +35 anos 3) Você usa maquiagem? Sim Não

Seção B - Usuários de maquiagem 4) Quais marcas você consome? Maybelline MAC Vult Boticário Sephora Mary Kay Quem disse, berenice? Contém 1g Avon Natura Make up forever Bourjois Lancôme Nyx L’Oréal 5) Você está aberto a consumir novas marcas de make? Sim Não

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6) As opções de makeup no mercado brasileiro atendem suas necessidades completamente? De 1 a 10. 1 Não atende minhas necessidades. 10 Atende completamente. 7) O que falta para você?

Preços mais acessíveis Produtos de qualidade Acessibilidade (mais lojas físicas, online, revendedoras, farmácias, etc) Mais tons de pele Mais cores (sombras, batons, lápis, etc) Nada. Estou satisfeita

8) Onde você busca informações sobre maquiagem? Instagram Facebook Youtube Blogs Televisão Revista Outros 9) Você conhece a Nyx? Sim Conheço, mas nunca comprei Conheço e já comprei algum produto

Seção C - Usuários de maquiagem que nunca compraram Nyx 10) Conta pra gente por que você nunca comprou nenhum produto Nyx? Não encontro os produtos Preços altos Baixa qualidade Pouca variedade Produtos não se adaptam à minha pele Não conheço muito bem os produtos Outros

Seção D - Usuários de maquiagem que já compraram Nyx 11) Como você avalia a marca? Péssima Ruim Regular Boa Excelente 12) O que para você é um diferencial da marca? Qualidade Preço Variedade de produtos Variedade de tonalidades

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Produtos inovadores Vendedores especializados Outros

Seção E - Não usuários de maquiagem 13) Conta pra gente por que não: Não tenho interesse Tenho interesse mas não é socialmente bem visto Problemas dermatológicos