análise salinização rio coruripe

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ENGEVISTA, v. 6, n. 3, p. 86-98, dezembro 2004 86 SIG NA ANÁLISE DO RISCO DE SALINIZAÇÃO NA BACIA DO RIO CORURIPE, AL. Gustavo Souza Valladares 1 André Luiz Lopez Faria 2 Resumo: Visando orientar o plano de manejo da Bacia do Rio Coruripe, AL, o presente trabalho objetivou gerar um mapa de risco de salinização na escala 1:100.000, com resolução espacial de 50 metros. O mapa foi gerado do tratamento das imagens digitalizadas dos temas solos, geomorfologia e geologia, no SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental), que é um Sistema Geográfico de Informação (SIG). Foram geradas seis classes de risco de salinização, onde 7,9% da área corresponde à classe de risco muito baixo de salinização, 22,5% risco baixo, 30,5% moderado, 36,8% alto, 0,4% risco muito alto e 0,3% altíssimo. A metodologia utilizada foi eficiente na geração do mapa de risco de salinização da Bacia do Rio Coruripe. Palavras-Chave: geoprocessamento, mapa, semi-árido, pedologia Abstract: To guide the plan of handling for the River Coruripe Basin, AL, the present work objectified to generate a risk of salinization map in scale 1:100,000, with 50 meters of spatial resolution. Such map was generated from the treatment of the digital images of soils, geomorphology and geology, in the SAGA (System of Geo-Environmental Analysis), which is a Geographic Information System (GIS). Six classes of salinization risk had been generated, where 7.9% of the area correspond the class very low risk of salinization, 22.5% low risk, moderate 30.5%, high 36.8%, 0.4% very high risk and the highest 0.3%. The used methodology was efficient to generate a risk of salinization map for the River Coruripe Basin. Key-words: geoprocessing, map, salinization. 1 Embrapa Monitoramento por Satélite, [email protected]. 2 Curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Além Paraíba, [email protected] 1. DESERTIFICAÇÃO A desertificação é definida na Agenda 21, que visa atingir um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004), como a degradação do solo nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas resultantes de fatores diversos tais como as variações climáticas e as atividades humanas (IPCC, 1999; Accioly, 2000; MMA, s.d.; Schofield; Kirby, 2003). Segundo Corrêa (1999), a cerca de um século foi citada a ação antrópica gerando desertificação e degradação dos recursos naturais do Nordeste. No entanto, apenas na década de 30, com a destruição dos solos e da vegetação que ocorreu no Meio Oeste americano, que o problema foi caracterizado de forma mais completa. (Ambientebrasil, s.d.). Em vários continentes como, América Latina, Ásia, Europa, África e Continente Australiano, o inadequado e intensivo uso do solo levou à destruição de recursos naturais e transformou áreas férteis em desertos ecológico-econômicos (Ambientebrasil, s.d.), sendo a desertificação tema de vários trabalhos (Slavnyi & Mel’Nikova, 1977; Oyama & Nobre, 2003; Symeonakis & Drake, 2004). Atualmente, a desertificação ocorre em mais de 100 países do mundo

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  • ENGEVISTA, v. 6, n. 3, p. 86-98, dezembro 2004 86

    SIG NA ANLISE DO RISCO DE SALINIZAO NA BACIA DO RIO CORURIPE, AL.

    Gustavo Souza Valladares1

    Andr Luiz Lopez Faria2 Resumo: Visando orientar o plano de manejo da Bacia do Rio Coruripe, AL, o presente trabalho objetivou gerar um mapa de risco de salinizao na escala 1:100.000, com resoluo espacial de 50 metros. O mapa foi gerado do tratamento das imagens digitalizadas dos temas solos, geomorfologia e geologia, no SAGA (Sistema de Anlise Geo-Ambiental), que um Sistema Geogrfico de Informao (SIG). Foram geradas seis classes de risco de salinizao, onde 7,9% da rea corresponde classe de risco muito baixo de salinizao, 22,5% risco baixo, 30,5% moderado, 36,8% alto, 0,4% risco muito alto e 0,3% altssimo. A metodologia utilizada foi eficiente na gerao do mapa de risco de salinizao da Bacia do Rio Coruripe. Palavras-Chave: geoprocessamento, mapa, semi-rido, pedologia Abstract: To guide the plan of handling for the River Coruripe Basin, AL, the present work objectified to generate a risk of salinization map in scale 1:100,000, with 50 meters of spatial resolution. Such map was generated from the treatment of the digital images of soils, geomorphology and geology, in the SAGA (System of Geo-Environmental Analysis), which is a Geographic Information System (GIS). Six classes of salinization risk had been generated, where 7.9% of the area correspond the class very low risk of salinization, 22.5% low risk, moderate 30.5%, high 36.8%, 0.4% very high risk and the highest 0.3%. The used methodology was efficient to generate a risk of salinization map for the River Coruripe Basin. Key-words: geoprocessing, map, salinization.

    1 Embrapa Monitoramento por Satlite, [email protected]. 2 Curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Alm Paraba, [email protected]

    1. DESERTIFICAO

    A desertificao definida na Agenda 21, que visa atingir um novo padro de desenvolvimento, conciliando mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica (MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004), como a degradao do solo nas zonas ridas, semi-ridas e sub-midas secas resultantes de fatores diversos tais como as variaes climticas e as atividades humanas (IPCC, 1999; Accioly, 2000; MMA, s.d.; Schofield; Kirby, 2003). Segundo Corra (1999), a cerca de um sculo foi citada a ao antrpica gerando desertificao e degradao dos recursos naturais do

    Nordeste. No entanto, apenas na dcada de 30, com a destruio dos solos e da vegetao que ocorreu no Meio Oeste americano, que o problema foi caracterizado de forma mais completa. (Ambientebrasil, s.d.).

    Em vrios continentes como, Amrica Latina, sia, Europa, frica e Continente Australiano, o inadequado e intensivo uso do solo levou destruio de recursos naturais e transformou reas frteis em desertos ecolgico-econmicos (Ambientebrasil, s.d.), sendo a desertificao tema de vrios trabalhos (Slavnyi & MelNikova, 1977; Oyama & Nobre, 2003; Symeonakis & Drake, 2004). Atualmente, a desertificao ocorre em mais de 100 pases do mundo

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    e, por isso, considerado um problema global.

    No Brasil as terras susceptveis ao processo da desertificao so aquelas situadas na regio semi-rida nordestina e correspondem a, aproximadamente, 11% do territrio brasileiro (MMA, s.d.). O trpico semi-rido, conforme definio da SUDENE, compreende uma rea de 980.711 km2, distribudos em oito estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais. O semi-rido apresenta grande diferenciao ecolgica, com secas e estiagens afetando quase a totalidade da atividade agropecuria e, mais acentuadamente, as pequenas e mdias propriedades, provocando graves problemas scio-econmicos e migraes em massa para outras partes do Pas (MMA, s.d.).

    ABSaber 1977 (I: Suetegary 1996), afirma que o ambiente frgil do nordeste se apresenta em processo de desertificao, em decorrncia da estrutura geo-ecolgica e, na maior parte das vezes, intensificada por aes antrpicas diretas e indiretas.

    Segundo a EMBRAPA 1994 (Suertegary 1996), pode-se localizar processo de desertificao em vrias regies do Brasil, dentre elas: regio nordeste (semi-rido nordestino), cujas causas da desertificao esto associadas ao desmatamento, a minerao, ao sobrepastoreio, ao cultivo excessivo, a irrigao inadequada e ao latifndio; regio sul e neste particular a citao feita refere-se ao sudoeste do Rio Grande do Sul; regio norte/Amaznia onde admitida que a agricultura praticada poder abrir caminho desertificao.

    Nas reas onde ocorrem os impactos difusos, os danos ambientais produzidos resultam em eroso dos solos, empobrecimento da caatinga e degradao dos recursos hdricos, com efeitos diretos sobre a qualidade de vida da populao. J nas reas onde os efeitos esto concentrados em pequena parte do territrio, os danos ocorrem com profunda gravidade, configurando o que se chama de Ncleo Desertificado. Os estudos permitiram uma identificao inicial de quatro Ncleos, onde a

    desertificao pode ser considerada extremamente grave, com forte comprometimento dos recursos naturais. So eles: Gilbus/PI, Irauuba/CE, Serid/RN/PB, Cabrob/PE, cuja rea total de cerca de 15.000 km2 (MMA, s.d.). Estima-se que o processo de desertificao na regio semi-rida vem comprometendo seriamente uma rea de 181.000 km2, com a gerao de impactos difusos e concentrados sobre o territrio (Coimbra, 2002).

    2. SALINIZAO

    Para Faria 2001, a preservao e recuperao dos recursos naturais deve ser realizada de maneira integrada. A unidade ideal para programao do uso e manejo dos recursos naturais a bacia hidrogrfica, que definida como a regio de contribuio para um determinado curso d'gua. Ao se investigar uma bacia deve-se efetuar seu diagnstico ambiental, fazendo parte do mesmo o levantamento de seu meio fsico, como: solos, geomorfologia, litologia etc.. Na definio do plano de manejo de uma determinada rea, torna-se importante a interpretao de inventrios do meio fsico, como por exemplo mapas de riscos, com objetivo de conservao dos recursos naturais. Tais mapas de riscos devem ser adequados realidade local, como no presente trabalho que gerou um mapa de risco de salinizao para a bacia do Rio Coruripe, Estado de Alagoas.

    A agricultura irrigada est transformando a economia do semi-rido nordestino. Quando se compara a receita do cultivo irrigado com o cultivo dependente de chuva observa-se que ela cerca de dez vezes superior em anos normais. Estimulada enquanto poltica de desenvolvimento rural a partir da dcada de 70, a agricultura irrigada j est instalada em cerca de 600 mil ha da regio. A irrigao tornou o ambiente nordestino vantajoso se comparado com outras regies brasileiras, porque dispem de insolao durante cerca de oito meses do ano e apresenta clima quente e seco, aliados essenciais da

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    produo irrigada de frutas e hortalias de qualidade. A gerao de tecnologias pelo setor privado e pelo setor pblico para o ambiente semi-rido tem conseguido sintetizar negcios agrcolas gerados com a irrigao (Embrapa Semi-rido, s.d.).

    Porm, o planejamento deficiente e o manejo inadequado da irrigao em diversos pontos da regio Nordeste tm conduzido, em mdio ou longo prazo, a problemas de salinidade do solo ou de elevao do lenol fretico a nveis crticos. Em ambos os casos a produtividade da atividade agrcola comprometida e os danos ambientais so severos. um problema srio e as tecnologias e informaes que o solucionam so base estruturadora de projetos de irrigao de carter pblico ou privado (Embrapa Semi-rido, s.d.). A irrigao mal conduzida provoca a salinizao dos solos, inviabilizando algumas reas e permetros irrigados do semi-rido (Accioly, 2000), o problema tem sido provocado tanto pelo tipo de sistema de irrigao, muitas vezes inadequado s caractersticas do solo, quanto pela maneira como a atividade executada, fazendo mais uma molhao do que irrigando.

    Segundo o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (Embrapa, 1999) carter sdico utilizado para distinguir horizontes ou camadas do solo que apresentem saturao por sdio > 15% e soldico variando de 6 a

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    (CONAMA, 1997) enquadra-se a formulao de propostas para a gesto ambiental e o uso dos recursos naturais existentes na caatinga e reas de transio, sem compromet-los em longo prazo. Esse enfoque tambm deve levar em conta a preveno e a recuperao das reas atualmente afetadas e, para tanto, so necessrios estudos de identificao precoce das reas em processo de desertificao. Nesse tipo de abordagem o sensoriamento remoto configura-se como uma ferramenta de grande importncia (Mainguet; Silva, 1998; Bastos et al., 2000; Torrion, 2002; Symeonakis; Drake, 2004), servindo de base para o componente 6 da Estratgia Nacional de Controle da Desertificao, referente elaborao de estratgias de monitoramento da desertificao.

    Na Bacia Hidrogrfica do Rio Coruripe encontram-se dois processos principais que podem conduzir salinizao dos solos: a influncia marinha nas regies costeiras; e na regio do Agreste, por exemplo, em Palmeira dos ndios, que apresenta dficit hdrico, com a evapotranspirao maior do que a precipitao entre os meses de agosto e abril (Sentelhas et al., 2003), o que representa 75% do perodo anual, os sais presentes na soluo do solo ascendem pelo processo de evaporao da gua, levando a uma concentrao de sais na superfcie do solo, sendo comuns os solos com carter soldico naquela regio (Jacomine et al., 1975).

    Associado aos fatores acima, as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas do solo, bem como as caractersticas fsicas do meio natural (Geomorfologia e Geologia) influenciam no processo de salinizao.

    3. OBJETIVOS

    O presente trabalho objetivou

    gerar um mapa de riscos de salinizao para a bacia do Rio Coruripe, que posteriormente pode ser utilizado no planejamento agroambiental da bacia, indicando utilizao apropriada aos solos, visando sua conservao e a

    sustentabilidade dos sistemas de produo.

    4. MATERIAL E MTODOS A Bacia do Rio Coruripe localiza-se no Estado de Alagoas est compreendida entre as coordenadas 36 e 37WGr e 920 e 1020S. Suas nascentes localizam-se na regio de Palmeira dos ndios na regio do agreste com clima semi-rido segundo a classificao de Kppen dos tipos BSsh e BSsh (Jacomine et al., 1975) e sua foz no Oceano Atlntico fica na regio de Coruripe na Zona da Mata com clima As. A bacia tem uma forma alongada paralela ao Rio So Francisco, com a maior distncia de aproximadamente 110km, com uma grande variabilidade de clima, vegetao nativa, solos, geologia e geomorfologia. O uso predominante na rea a agropecuria, com a cultura da cana-de-acar na zona da mata e da pecuria extensiva com culturas de subsistncia no agreste. Foram gerados mapas temticos (solos, geomorfologia e litologia) da rea em estudo. A partir da anlise de imagem de radar na escala 1:250.000 Projeto Radam Brasil, foi realizado uma fotointerpretao para identificao e caracterizao das formas de relevo. Utilizou-se ainda as Fotografias Areas da Superintendncia para Desenvolvimento do Nordeste na Escala de 1: 70.000 Faixas 02 Fotos de 491 498; 04 Fotos de 832 840; 04 Fotos de 867 860; 04 Fotos de 900 902 e Fotografias Areas da Petrobras DEXPRO , regio de Sergipe/Alagoas na escala 1:60.000 Fotos: 111 a 112; 128 131; 213 215; 225 226; 244 246. Para identificao das unidades de solo e geomorfologia, foram utilizados: tonalidade, forma, textura, tamanho da forma e padro de drenagem. As unidades mapeadas em papis transparentes foram colocadas sobre a base planialtimtrica na escala 1:100.000. Foram feitas ampliaes e redues na escala, para compatibilizar a escala da imagem de radar, das fotografias areas com a escala de trabalho.

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    Para o mapa de solos foi feita compilao do levantamento exploratrio reconhecimento realizado na escala 1:400.000 (Jacomine et al., 1975), como tambm checagens de campo e nova delimitao das unidades de mapeamento, adequando-as a escala do trabalho; os perfis das unidades de mapeamento tiveram sua classificao atualizada segundo o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (Embrapa, 1999). O mapa de litologia foi elaborado por compilao do mapa do Programa Levantamentos Geolgicos do Brasil, Arapiraca folha SC.24-X-D-V, AL (CPRM, 1995) e do Projeto Baixo So Francisco / Vaza-barris, folhas SC.24-X-D e SC.24-Z-B (CPRM, 1977). Foi utilizada a estrutura matricial RASTER para a montagem da Base de Dados Georreferenciada. A entrada de dados de carter espacial foi realizada atravs de leitura tica por "SCANNER", que consistiu na leitura e captura dos registros espaciais. A fase operacional, seguinte edio dos dados,, foi procedida pelo reconhecimento das feies geomtricas, realizadas pelo processo de vetorizao interativa nestes dados digitalizados. Os mapas foram tratados em Sistema Geogrfico de Informao (SIG) denominado SAGA (Sistema de Anlise Geo-Ambiental), desenvolvido pelo laboratrio de Geoprocessamento (LAGEOP) do Departamento de Geografia da UFRJ. As imagens dos mapas de solos, geomorfologia e litologia foram tratadas no SAGA, atravs de avaliaes e assinaturas, gerando o mapa de risco de salinizao na escala 1:100.000 com resoluo de 50 metros. A legenda do mapa foi a seguinte: muito baixo, baixo, moderado, alto, muito alto e altssimo risco de salinizao. A tcnica de geoprocessamento permitiu o tratamento dos dados, desde a sua entrada, passando pela edio, armazenamento e, finalmente, as anlises ambientais, com a extrao das informaes registradas nos cartogramas digitais. Para Xavier-da-Silva (1992), "o uso do Sistema Geogrfico de Informao permite ganhar conhecimento

    sobre as relaes entre fenmenos ambientais", estimando reas de risco, potenciais ambientais e definindo zoneamentos. O mapa foi gerado com o uso de um mtodo multicritrio aditivo, definido por Xavier-da-Silva (2000) como mdia ponderada. A integrao entre SIG e Apoio Multicritrio Deciso abordada na literatura (Jankowski, 1995; Malczewski, 1999; Gomes; Estellita Lins, 2002)

    Um algoritmo sugerido (eq. 1), aplicvel a estruturas de matrizes ou matriciais, adequado aos mapas raster utilizados, apresentado a seguir:

    n Aij = (Pk. Nk) (Eq. 1) sendo: k=1 Aij = qualquer clula da matriz

    (alternativa); n = nmero de parmetros

    envolvidos; P = peso atribudo ao parmetro,

    transposto o percentual para a escala de 0 a 1;

    N = nota na escala de 0 a 10, atribuda categoria encontrada na clula.

    Para a realizao das avaliaes, foi empregado o algoritmo classificador, aplicvel a uma estrutura de matrizes, no qual cada clula corresponde a uma unidade territorial. A importncia de cada evento analisado foi considerada em funo do somatrio dos produtos dos pesos relativos das variveis escolhidas, multiplicado pelas notas das classes em cada unidade da clula.

    O mapa de risco de salinizao foi gerado utilizando o mtodo multicritrio citado acima, considerando peso 55% para o tema (critrio) Pedologia, 25% Geomorfologia e 20% Geologia. As notas do risco de salinizao foram dadas s unidades de mapeamentos dos mapas, numa escala de 0 a 10, indicando que quanto maior a nota maior o risco de salinizao da unidade de mapeamento. Os pesos e notas foram definidos por uma equipe composta por profissionais especialistas em Pedologia, Geomorfologia e Geologia. A definio foi baseada na experincia dos

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    profissionais e por consenso entre os mesmos. O maior peso do mapa de pedologia deve-se s informaes contidas nesse plano de informao sobre a salinidade natural dos solos, suas propriedades qumicas e fsicas e as informaes da declividade do terreno. O uso de SIGs permite obter mapas com rapidez e preciso a partir da atualizao dos bancos de dados, sendo uma ferramenta importante no estudo de potencialidades do ambiente, e, no caso da avaliao de reas com risco de salinizao constitui-se etapa importante para a definio de prticas adequadas de manejo e conservao do solo e recursos hdricos. 5. RESULTADOS E DISCUSSO

    Na Bacia do Rio Coruripe, verifica-se uma grande variao dos solos, nas cotas prximas ao nvel do mar so verificados solos com fortes influncias das mars aparecendo solos com salinidade e tiomorfismo, pertencendo a diferentes ordens, a saber: Espodossolos, Neossolos Quatzarnicos, Gleissolos e Organossolos. No vale do Rio Coruripe na regio da zona da mata predominam os Gleissolos, Organossolos e Neossolos Flvicos. Nos tabuleiros costeiros, apesar dos extensos topos aplainados h grande variabilidade dos solos, aparecem com mais freqncia Argissolos, Latossolos, Plintossolos, Espodossolos e Neossolos Quatzarnicos. Na regio do agreste a variabilidade dos solos no menor, com Planossolos, Latossolos, Argissolos, Nitossolos, Neossolos Litlicos e Chernossolos.

    Abaixo so apresentadas as unidades do mapa de solos com a nota para o risco de salinizao entre parnteses: LAx1 (3) Assoc. de: LATOSSOLO

    AMARELO Coeso tpico + ARGISSOLO AMARELO Distrfico latosslico ambos textura argilosa + ARGISSOLO AMARELO Distrfico ou Eutrfico planosslico fragipnico textura mdia/argilosa, todos A moderado fase floresta subpereniflia

    e cerrado relevo plano a suave ondulado.

    LAd1 (5) Assoc. de: LATOSSOLO AMARELO Distrfico argisslico textura mdia + ARGISSOLO AMARELO Distrfico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa ambos A moderado e proeminente fase floresta subcaduciflia + PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa A moderado fase floresta caduciflia, todos fase relevo plano a suave ondulado.

    LVe1 (4) Assoc. de: LATOSSOLO VERMELHO Eutrfico tpico + NITOSSOLO VERMELHO Eutrfico latosslico, ambos textura argilosa A moderado e proeminente fase floresta caduciflia relevo suave ondulado e ondulado.

    LVe2 (5) Assoc. de: LATOSSOLO VERMELHO Eutrfico tpico textura mdia e argilosa + ARGISSOLO VERMELHO Eutrfico plntico textura mdia/argilosa fase concrecionria, ambos A moderado e proeminente + PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa A moderado fase floresta caduciflia, todos fase floresta caduciflia relevo suave ondulado e ondulado.

    LVAe1 (4) Assoc. de: LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrfico argisslico + ARGISSOLO AMARELO Eutrfico abrptico + LATOSSOLO VERMELHO Eutrfico tpico, todos textura mdia fase floresta caduciflia + PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa, todos A moderado e fraco fase relevo plano a suave ondulado.

    NX1 (4) Assoc. de: NITOSSOLO HPLICO Eutrfico tpico textura mdia/argilosa fase concrecionria e pedregosa floresta caduciflia relevo suave ondulado a forte ondulado + NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos e Distrficos tpicos textura mdia fase pedregosa e rochosa relevo ondulado e forte

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    ondulado substrato gnaisse e quartzito, ambos A proeminente e moderado + PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa fase floresta caduciflia relevo suave ondulado e ondulado.

    NV1 (1) Assoc. de: NITOSSOLO VERMELHO Eutrfico tpico textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrfico planosslico textura mdia/argilosa + NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos e Distrficos tpicos textura mdia substrato gnaisse e granito, todos A moderado e proeminente fase floresta subcaduciflia relevo ondulado a montanhoso + Afloramentos de Rocha.

    PAd1 (3) Assoc. de: ARGISSOLO AMARELO Distrfico fragipnico textura mdia/argilosa + ARGISSOLO AMARELO Distrfico latosslico textura argilosa + LATOSSOLO AMARELO Coeso tpico textura argilosa, todos A moderado e proeminente fase floresta subpereniflia relevo plano.

    PAd2 (4) Assoc. de: ARGISSOLO AMARELO Distrfico plntico textura mdia/argilosa A moderado e proeminente fase concrecionria + ARGISSOLO AMARELO Distrfico tpico textura argilosa A moderado, ambos fase floresta subcaduciflia relevo suave ondulado a forte ondulado + PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa A moderado fase floresta caduciflia relevo suave ondulado e ondulado.

    PAd3 (3) Assoc. de: ARGISSOLO AMARELO Distrfico fragipnico textura mdia/argilosa + ARGISSOLO AMARELO Distrfico abrptico fragipnico textura arenosa/mdia, ambos A moderado fase cerrado relevo plano.

    PAd4 (3) ARGISSOLO AMARELO Distrfico fragipnico textura mdia/argilosa A moderado fase floresta subpereniflia relevo plano e suave ondulado.

    PAd5 (2)- ARGISSOLO AMARELO Distrfico tpico + LATOSSOLO AMARELO Coeso tpico, ambos textura argilosa A moderado fase concrecionria relevo ondulado e forte ondulado + ARGISSOLO AMARELO Distrfico abrptico plntico textura arenosa e mdia/argilosa A moderado fase relevo suave ondulado e ondulado, todos fase floresta subpereniflia.

    PAd6 (2) Assoc. de: ARGISSOLO AMARELO Distrfico abrptico plntico textura mdia/argilosa fase concrecionria + ARGISSOLO AMARELO Distrfico tpico textura argilosa, ambos A moderado fase floresta subpereniflia relevo ondulado a montanhoso.

    PVe1 (2) Assoc. de: ARGISSOLO VERMELHO Eutrfico + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO, ambos textura mdia/argilosa + NITOSSOLO VERMELHO Eutrfico tpico textura argilosa, ambos A moderado e proeminente fase floresta subcaduciflia relevo ondulado e forte ondulado.

    SXe1 (7) Assoc. de: PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa A moderado + ARGISSOLO VERMELHO Eutrfico plntico textura mdia/argilosa A moderado e proeminente fase concrecionria + CHERNOSSOLO ARGILVICO rtico abrptico textura mdia/argilosa, todos fase floresta subcaduciflia relevo suave ondulado e ondulado.

    SXe2 (7) Assoc. de: PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa A moderado fase relevo suave ondulado e ondulado + NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos textura mdia A moderado e chernozmico fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado a forte ondulado substrato gnaisse + CHERNOSSOLO ARGILVICO rtico abrptico textura mdia/argilosa fase relevo

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    suave ondulado e ondulado, todos fase floresta caduciflia.

    SXe3 (9) Assoc. de: PLANOSSOLO HPLICO Eutrfico soldico textura arenosa e mdia/mdia e argilosa fase relevo plano e suave ondulado + NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado e ondulado substrato gnaisse, ambos A fraco e moderado fase caatinga hipoxerfila.

    EK1 (3)- Assoc. de: ESPODOSSOLO CRBICO rtico espessarnico + ARGISSOLO AMARELO Distrfico fragipnico textura mdia/argilosa + ARGISSOLO ACINZENTADO Distrfico abruptico fragipnico arenosa/mdia, todos A moderado fase cerrado e floresta subpereniflia relevo plano.

    GX1 (8) Assoc. de: GLEISSOLOS HPLICOS Distrficos indiscriminados textura indiscriminada + ORGANOSSOLOS, ambos fase relevo plano.

    GS1 (10) Complexo de: GLEISSOLOS SLICOS + GLEISSOLOS TIOMRFICOS, ambos textura indiscriminada + NEOSSOLO QUARTZARNICO Hidromrfico, todos fase relevo plano.

    RQo1 (5) Assoc. de: NEOSSOLO QUARTZARNICO rtico tpico A fraco + ESPODOSSOLO FERROCRBICO rtico soldico textura arenosa A fraco e moderado, ambos fase campo e floresta pereniflia de restinga relevo plano.

    RU1 (7) Assoc. de: NEOSSOLOS FLVICOS Eutrficos e Distrficos textura indiscriminada A fraco e moderado + GLEISSOLOS HPLICOS indiscriminados, ambos fase relevo plano.

    RLe1 (1) NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos textura mdia A moderado fase pedregosa e rochosa, floresta caduciflia relevo montanhoso e forte ondulado substrato gnaisse e granito.

    RLed1 (1) NEOSSOLOS LITLICOS Eutrficos e Distrficos textura arenosa e mdia A moderado e proeminente fase pedregosa e

    rochosa, floresta caduciflia relevo suave ondulado a forte ondulado substrato gnaisse e quartzito.

    A Geomorfologia da rea de

    estudo tambm apresenta grande variabilidade resultante dos fatores climticos e ambientes. As unidades de mapeamento e as notas de risco de salinizao entre parnteses seguem abaixo:

    Encosta Estrutural (2)- rea onde so freqentes os declives iguais ou superiores a 30%, correspondendo a todo front da encosta. A Rede Hidrogrfica se adaptando estrutura. As altitudes variam de 100 a 300 metros. O relevo da encosta conseqncia da eroso diferencial, cuja evoluo comandada por fatores estruturais e morfolgicos possuindo dinamismo prprio. H um forte escoamento superficial ou subsuperficial da gua, atravs de quedas dgua e corredeiras. A infiltrao menos intensa, que em especial com ausncia de cobertura vegetal. A eroso d-se na forma de anfiteatros, sulcos e voorocas.

    Terrao Marinho (10)- Feio ambiental gerado por processos deposicionais marinhos. Esto situados em esturios, tendo vegetao relacionada a solos arenosos ou areno-argilosos.

    Restinga (7)- Faixa de areia depositada paralelamente ao litoral, graas ao dinamismo das guas ocenicas e continentais (fluvial).

    Vale Fluvial (6)- Feio fluvial associada drenagem. Apresenta tamanho e aspectos variados. Nos vales, a sucesso de fases de acumulao e de entalhamento pode gerar terraos fluviais.

    Tabuleiro Dissecado (3)- Superfcie tabular dissecado por vales fluviais. Os tabuleiros apresentam topografia plana, sedimentar e de baixa altitude. Os sedimentos transportados dos tabuleiros se depositam nos terraos coluvionar, marinho e aluvionar.

    Pediplano Dissecado (8)- Processo de aplainamento de superfcies do Globo

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    Terrestre, submetidas a clima rido ou semi-rido. Nos pediplanos encontram-se relevos residuais (inselbergues). O relevo ondulado ou suave ondulado.

    Inselbergues (0)- Elevaes de clima rido. Considera-se esta feio como resduos da pediplanao.

    Terrao Coluvionar Associado Pediplano (9)- Superfcie de deposio, mais prxima do vale fluvial. Recebe sedimentos provenientes dos pediplanos e encostas estruturais. Relevo plano ou suave ondulado.

    Interflvio Estrutural Dissecado (1)- Na regio de estudo corresponde aos topos das colinas estruturais. As altitudes variam de 300 a 600 metros.

    Cordes Arenosos (7)- Superfcie de deposio, mais prximas do Oceano. Englobam o ecossistema praia.

    A Geologia da Bacia do Rio

    Coruripe de maneira similar Pedologia e a Geomorfologia tambm apresentou grande variabilidade, como apresentado no Quadro 1.

    Quadro 1. Geologia da Bacia do Rio Coruripe e nota do risco de salinizao (NRS). Era Perodo Unidade Litologia Smbolo

    (NRS) Seqncia de

    Gnaisses Bandados Paraganisses, migmatitos, mica-xistos, mrmores, rochas

    calcissilicticas, quartzitos, anfibolitos e ortognaisses. Agn (5)

    Complexo Jirau do Ponciano

    Ortognaisses tonalticos, diorticos, monzonticos, granodiorticos e granticos Aj (5)

    AR

    QU

    EAN

    O

    -

    Ortognaisses Tipo Belm Ortognaisses granticos, sieno-granticos e migmatitos Ab (5)

    Formao Santa Cruz Quartzitos Psc (2)

    Domnio Rio Coruripe

    Anfibolito, granulito, kinzigito, quartzito ferrfero, carbontico e ortoderivado, migmatitos paraderivados,

    granada-biotita-ganaisses e granada-biotita-xistos Pc (5)

    Quartzitos do Domnio Rio

    Coruripe Quartzitos micceos, foliados e ferruginosos Pcq (2)

    Formaes Ferrferas do Domnio Rio

    Coruripe

    Formaes ferrferas constitudas por magnetita, hematita, quartzo e presena de grunerita e hipertnio. Pcf (2)

    Mrmores e Rochas calcissilicatadas da

    Domnio Rio Coruripe.

    Mrmores calcticos, dolomticos, rochas calcissilicatadas,

    Pcm e Pcc (7)

    Grupo Jaramantaia

    Domnio Traipu-Jaramantaia Metaritmitos, micaxistos e paragnaisses Pt (5)

    Complexo Mfico-Ultramfico

    Piroxenitos, magnetitos, anfibolitos, noritos, gabros norticos, gabros e anortositos. P (6)

    Granitos tipo Bela Aurora Granodioritos, sieno-granitos e granitos. P2 (5)

    PRO

    TER

    OZ

    ICO

    Rochas Plutnicas relacionadas

    evoluo Proterozica

    Rochas Sienticas Rochas sienticas P (5) Formao Penedo Arenitos, folhelhos, siltitos, calcreo argilosos impuros Kpo (2)

    Grupo Barreiras Littipos clsticos continentais com matriz

    predominantemente argilosa, arenitos, siltitos e nveis laterticos

    TQb (2)

    Coberturas Detrticas

    Depsitos conglomerticos com seixos de quartzo e fragmentos de rocha numa matriz arenosa Qd (2)

    FAN

    ERO

    ZIC

    O

    Cenozico

    Depsitos Aluvionares e

    Marinhos

    Sedimentos marinhos arenosos; aluviais de granulometri variada e turfceos Qa (8)

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    Figura 1. Risco de salinizao das terras da Bacia do Rio Coruripe, AL.

    A figura 1 apresenta o mapa de

    riscos de salinizao da Bacia do Rio Coruripe, toda a bacia apresenta uma rea de 1650,7 km2. A classe de risco considerada muito baixa corresponde a 130,33 km2 que 7,9% da rea; a classe

    considerada baixo corresponde a 371,8 km2 e a 22,5% da bacia. As duas classes apresentam predominantemente os seguintes solos: Latossolos, Argissolos, Nitossolos e Neossolos Litlicos, que apresentam boa drenagem e argila de

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    atividade baixa; quanto geomorfologia essas reas se apresentam em condies de relevos movimentados, como, interflvios, encostas estruturais e inselbergs, ou em ambientes com relevo plano ou suave ondulado nos tabuleiros costeiros. Quanto litologia a maior parte se localiza associada a sedimentos como os do Grupo Barreiras ou ao Domnio Rio Coruripe associado a rochas do tipo kinzigitos e migmatitos, algumas vezes surgem quartzitos. A classe com risco moderado representa cerca de 30,5% da bacia, localiza-se principalmente na regio do agreste nos pediplanos dissecados e vales fluviais, os solos predominantes so Latossolos, Argissolos e Planossolos, todos eutrficos, em ambiente com gua de salinidade elevada. A litologia varia de sedimentos detrticos a rochas tipo gnaisses e kinzigitos. Essas regies sofrem maior risco de sofrerem salinilizao caso sejam utilizadas com agricultura irrigada mal manejada, ou com guas de m qualidade, seja pela natureza eutrfica dos solos e pelas guas com elevada salinidade. As reas classificadas com alto risco de salinizao ocupam cerca de 36,8% da bacia. Localizam-se em duas regies diferenciadas da bacia: a primeira na regio de cota mais baixa, no vale fluvial, nos terraos e vrzeas do Rio Coruripe, associada a solos mal ou muito mal drenados, da classe dos Gleissolos e Organossolos, em ambiente de Depsitos do Quaternrio; ou na regio do agreste com predomnio de Planossolos com carter soldico, e outros solos com argila de atividade alta e drenagem moderada ou imperfeita, sendo a litologia predominante de rochas cidas, ocorrendo rochas sienticas. A classe considerada como muito alto risco de salinizao ocorre somente em 0,4% da bacia e est associada a Gleissolos, Espodossolos e Neossolos Quartzarnicos hidromrficos, podendo apresentar carter slico ou tiomrfico, formados de sedimentos quaternrios marinhos na plancie costeira e em restingas; ou na regio do agreste em rea de rochas calcrias e Planossolos com

    horizonte B de textura argila de alta atividade, imperfeitamente drenados e carter soldico, tendo elevada concentrao de ctions salinos solveis como sdio e magnsio. A classe considerada com altssimo risco de salinizao corresponde a 0,3% da bacia, prxima a sua foz, formada em sua totalidade de solos muito mal drenados, que sofrem influncia das mars, em ambientes de mangue, com carter slico e tiomrfico. reas que devem ter como principal uso a preservao ambiental.

    6. CONCLUSES A metodologia da mdia ponderada aplicada ao SIG foi eficiente na elaborao do mapa de risco de salinizao com base na pedologia, geomorfologia e geologia. O mapa de risco de salinizao da Bacia do Rio Coruripe pode ser utilizado como material bsico para a elaborao de zoneamentos e em planejamento agroambiental em escala regional. O uso do geoprocessamento e tecnologia de SIG, neste caso o SAGA/UFRJ, tornou disponvel diversas variveis que permitiram equacionar o processo de tomada de deciso. Os produtos oriundos da Base de Dados Georreferenciada e das Avaliaes Ambientais podem contribuir como apoio ao desenvolvimento e aplicao de medidas mitigadoras dirigidas a esta questo ambiental em particular. 7. AGRADECIMENTOS COHIDRO pelo financiamento do trabalho. 8. BIBLIOGRAFIA ABSABER, NA. A problemtica da desertificao no Brasil intertropical. Geomorfologia, Inst. de Geografia USP. SP/ 53: 1-20.

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