análise nazaré qualifica
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NAZARÉ QUALIFICA RELATÓRIO ANALÍTICO Este relatório tem como principais objetivos descrever, analisar e avaliar o desempenho da empresa municipal, desde a sua criação, e do impacto que esta teve, tem e terá na vida dos munícipes do concelho da Nazaré. Secretariado da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista da Nazaré
17-01-2013
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 3
ANÁLISE FINANCEIRA ............................................................................................................................................ 9
ANÁLISE POLÍTICA ................................................................................................................................................. 11
Pontos Positivos ...................................................................................................................................................... 11
Pontos Negativos .................................................................................................................................................... 11
CONCLUSÕES ........................................................................................................................................................... 13
Prós: .......................................................................................................................................................................... 15
Contras: .................................................................................................................................................................... 17
POSIÇÃO POLÍTICA ................................................................................................................................................. 17
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INTRODUÇÃO
A génese da empresa municipal Nazaré Qualifica E. M. (NQ) deu-se, formalmente, no dia 27
de dezembro de 2005, aquando da sua aprovação em Assembleia Municipal da Nazaré, sob
proposta do executivo camarário. De frisar que esta aprovação apenas contou com o voto contra
do Bloco de Esquerda tendo todas as outras forças políticas, com assento parlamentar no órgão,
aprovado a criação da mesma.
Importante referir que no período de discussão os deputados Mário Sousinha (GCICN) e Luís
Miguel Sousinha (PSD) teceram palavras abonatórias quanto à criação da citada empresa. Pela
negativa é curioso verificar que a CDU, ainda que aprovando a proposta, “guarda para si enormes
reservas quanto à constituição de empresas municipais. É um dado público que estas empresas, em alguns
casos, defraudam os objetivos para os quais foram criadas, degradando assim a Coisa Pública”. A CDU
reitera, também que “não acredita que o modo de constituição do Conselho de Administração garante a
autonomia necessária para que a uma empresa deste tipo funcione da melhor forma”. O Bloco de
Esquerda teme “que o aparecimento daquela empresa venha a servir para ampliar ainda mais os
pagamentos de promessas eleitorais e venha aumentar as benesses resultantes de quaisquer
acordos pós-eleitorais.
O silêncio do Partido Socialista na discussão desta proposta, tanto no órgão executivo como no
deliberativo é entendido como concordante com a criação da empresa, para o âmbito a que se
destinava, então. Assim, só CDU e Bloco de Esquerda fundamentaram, por escrito, a justificação
da sua tendência de voto, nenhuma outra força política o fez.
Assim, no nascimento da empresa municipal Nazaré Qualifica, apesar de alguma discussão,
pouco foi o alarido levantado em torno da criação da mesma, já que esta tinha uma função
fundamental, estratégica, nuclear e quase exclusiva para o futuro do concelho: A gestão da Área
de Localização Empresarial e a, consequente, aposta no empreendedorismo empresarial que
pensava-se, então, ser este um passo essencial para a dinamização do projeto, em curso há mais
de uma década.
Assim, pode-se concluir que esta empresa foi, inicialmente, projetada, quase exclusivamente,
para a implementação do projeto ALE de Valado dos Frades.
Até ao primeiro trimestre de 2008, ou seja, durante cerca de dois esta empresa quase não
desenvolveu qualquer atividade relevante. Tal análise foi, também, feita por algumas forças
políticas no órgão executivo como se pode atestar na declaração de António Trindade, datada de
5 de maio de 2008: “Quando votei, favoravelmente, à criação da E.M. Nazaré Qualifica foi com a
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convicção de que ela podia trazer uma boa nova para esta autarquia, usando uma gestão das boas práticas
empresariais para colmatar as falhas cometidas durante os 14 anos de mandato do PSD e de Jorge Barroso.
Hoje sinto-me arrependido, já que todos os objetivos que estiveram na origem da criação desta empresa
municipal, nomeadamente, a gestão da questão da A.L.E. de Valado dos Frades não foi atingido.
Esta Empresa Municipal N.Q. hoje, já não tem razão a sua existência já que existe um vereador a
tempo inteiro que pode organizar e diligenciar todos os processos necessários para a criação da Área de
Localização Empresarial de Valado dos Frades e outros a desenvolver”. Como aparte, nesta declaração
pode denotar-se alguma coerência visto terem sido, recentemente, apresentadas propostas, entre
elas, uma do vereador citado, que visa a extinção da empresa municipal por razões que adiante
serão escalpelizadas.
Curiosamente, foi após o surgimento de algumas críticas à gestão desta empresa municipal,
então presidida pela vereadora Mafalda Tavares, e com um vogal mais vocacionado para a
vertente negocial: Pedro Pisco; e um outro mais vocacionado para Relações Públicas, neste caso, o
licenciado e mestre em Relações Internacionais e Ciência Política, de seu nome, Ricardo Gomes,
que a empresa começou a desenvolver atividade com visibilidade política, económica e social.
A atividade da empresa começa com a interação com o contexto escolar do concelho e com a
divulgação de ferramentas necessárias na vertente do empreendedorismo empresarial,
curiosamente, a partir de março de 2008. De seguida, nasceu um projeto que não conseguiu gerar
muitos frutos, talvez pela contração económica e financeira, já evidente à época, que tinha por
objetivo apoiar a criação de empresas inovadoras. Sabe-se hoje que muitos foram os problemas
existentes para a aprovação dos poucos projetos apresentados, neste programa denominado de
Finicia.
Em Julho do mesmo ano, a empresa avança com o projeto de certificação do artesanato local.
Ao que se sabe, esta iniciativa não chegou a sair do papel.
Foi em maio de 2008 que surgiu o que pode ser denominado da maior fraude eleitoralista
existente no concelho da Nazaré. Era, então, dado a conhecer um projeto de instalação de uma
unidade de saúde de vanguarda no concelho da Nazaré. Este foi um assunto, amplamente,
debatido em fóruns políticos, económicos e sociais e que dinamizou, o que se pode apelidar de
projeto autárquico que, claramente, começava a ser desenhado, a regra e esquadro pelo executivo
liderado por Jorge Barroso. O mesmo projeto contemplaria, também, uma unidade de vertente
educacional na área da Medicina e uma outra valência orientada para a componente de
investigação. Este era um projeto avaliado em 100 milhões de euros e cedo se encontrou uma
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localização para o mesmo: A sul da Pederneira, junto ao Caminho Real, numa área de mata
arbórea, mata esta que, posteriormente, haveria de ser desbastada sem que nada lá fosse
edificado.
Infelizmente, para o concelho e para os cidadãos do mesmo, este viria a ser um projeto
“fantasma” em que no processo de quebra de contrato existiu, inclusive, dificuldades para
notificar o empreendedor, ou pelo menos a face do investimento da Câmara de Comércio Luso-
Israelita. Este projeto lançou a Nazaré Qualifica, numa fase inicial, para patamares de
credibilidade, quase intocáveis, transformando-se esta empresa, a partir deste momento, uma
espécie de “Micro-Câmara Municipal da Nazaré”, tal era a envolvência nos projetos políticos do
executivo PSD.
No mesmo mês de maio, o frenesim era imensurável nas ações desta empresa e, desta feita,
protocolizava-se a aquisição da área que estaria projetada para acolher a ALE de Valado dos
Frades pelo valor de 2.080 milhões de euros, em que a autarquia investiu 1.4 milhões de euros e,
conjuntamente, cedeu o espaço da esquadra da PSP ao governo central. O cidadão comum era, à
época, inebriado por um show off que, infelizmente, viria a ser comprovado.
No verão desse mesmo ano, a empresa municipal assina protocolos com três entidades
oriundas de Cascais como a DNA Cascais, Cascais Atlântico e Cascais Energia de onde poderiam
nascer sinergias no âmbito do aproveitamento das várias vertentes oceânicas. Que se saiba a
relação ficou só pelo papel.
Foi, também, no final desse ano que a empresa colaborou na atividade “Natal na Praça”
coadjuvada pela CMN e ACISN, com o objetivo de dinamizar o comércio local. Saúda-se a
iniciativa, contudo os resultados foram dececionantes no que diz respeito à dinamização da
economia local, ainda assim poderia ter sido a génese de algo interessante que depressa
sucumbiu, talvez devido à aposta turística do concelho próximo de Óbidos no produto Natal.
No início do ano de 2009, ano eleitoral, eram muitas as dificuldades de implementação do
modelo de ALE concebida pela CMN e Nazaré Qualifica e começava-se a verificar que a
execução da mesma seria impossível, nos moldes em que este se apresentava. Aquando da
perceção de que em termos financeiros a CMN não conseguiria implementar a ALE, tal qual
estava planeada, foi notório o desnorte, tantas eram as alterações ao projeto inicialmente
esboçado. De recordar que o concurso inicial ficou deserto.
Em finais do mês de janeiro, o concelho da Nazaré é representado na FITUR, Feira
Internacional de Turismo de Madrid, da qual também participaram, para além da empresa
municipal intervenientes locais na vertente turística. Esta foi, uma ação positiva e fundamental
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para um projeto turístico sustentado e diferenciador. Premissa que, em parte foi cumprida, ainda
que se tenha provado ser um ato isolado, talvez devido à grave crise económica nacional, mas
acima de tudo local, na vertente financeira.
Por esta altura, começava a evidenciar-se o fiasco do projeto Nazaré XXI, ainda que camuflado
numa alegada crise passageira que travava, então, um “projeto com pernas para andar”.
Infelizmente, tal prognóstico veio a evidenciar-se falacioso.
Em abril de 2009, a NQ assina um protocolo com a empresa Águas do Oeste que tinha por
objetivo recolher, seletivamente, resíduos produzidos pela atividade piscatória. Apesar da
colocação dos equipamentos in loco, pode, ainda hoje, verificar-se que a sua utilização não é
cumprida na totalidade, parecendo, pois, um projeto estagnado, visto que as artes degradadas
são muitas vezes vistas em baldios próximos ao Porto de Pesca.
Foi, também, criado um projeto que visava reduzir em metade do valor da energia elétrica
despendida com a iluminação elétrica. Foi implementado um projeto piloto na Avenida Vieira
Guimarães com luminárias de formato LED, contudo o que hoje se vê é um “apagão” de mais de
50% da iluminação pública no concelho da Nazaré, ao ponto de áreas se encontrarem totalmente
na penumbra colocando, desta forma, em causa a segurança de pessoas e bens. Mesmo utilizando
esta estratégia radical, é assumido pelo Presidente de Câmara que não se conseguiu reduzir a
despesa com a iluminação pública, mesmo com a profunda supressão de luminárias originada,
também, por dívidas à empresa EDP. Pode-se, pois, concluir que o projeto na vertente da
renovação do sistema de iluminação pública, inicialmente programado pela Nazaré Qualifica,
não está, nem estará, para ser implementada num futuro próximo.
Em finais de maio de 2009, talvez potenciado pela já acesa luta autárquica, a empresa NQ
criou um projeto, então sem grande visibilidade pública, que visava promover a Praia do Norte
como destino internacional para eventos de alta competição na vertente de desportos ligados às
ondas. Nessa mesma altura é dado o “tiro de partida” para o que viria a ser o Centro de Alto
Rendimento de Surf (ainda hoje em fase de obra) com a presença do secretário de estado da
juventude e do desporto. A realização de alguns eventos de visibilidade nacional na vertente surf
e bodyboard foi o despertar de um “feliz acaso”. O que não se esperava, de todo, era o
surgimento do interesse de um reconhecido surfista havaiano, de seu nome Garrett McNamara,
que ao ser convidado, informalmente, a visitar a Nazaré, em novembro de 2010, reconheceu na
onda da Praia do Norte um potencial tremendo que este se dispunha a explorar e divulgar.
Assim, aquilo que era uma aposta genérica no desporto de surf e derivados depressa se
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transformou numa aposta direcionada, especificamente, na Praia de Norte, como destino de
ondas grandes, único em Portugal, de grande relevância europeia e com destaque mundial.
Feito que em muito originou o reconhecimento deste projeto foi, sem dúvida, o recorde batido
por McNamara ao conseguir surfar, na Nazaré, a maior onda de sempre, tendo sido galardoado
pelo óscar de maior onda surfada, e tendo este sido reconhecido no livro do Guiness pelo recorde
de ter surfado uma onda de 23,77 metros. Este foi, sem dúvida, o grande feito mediático desta
empresa, que em parceria com patrocinadores nacionais e locais, deu origem a um fenómeno de
grande visibilidade, trazendo à Nazaré muitos visitantes, principalmente, durante o ano de 2011.
O projeto em 2012, apesar da visibilidade ser semelhante, foi menos marcante, já que as
condições marítimas e atmosféricas não foram as ideais para a atividade em causa. Ainda assim,
conseguiu-se trazer à Nazaré Kelly Slater, talvez o melhor surfista de todos os tempos, algo que
poucos se poderão vangloriar, apesar deste se encontrar em Peniche a disputar uma etapa
mundial de surf.
Como ponto negativo, pode considerar-se que este fenómeno mediático, apesar de muito
difundido, pouco trouxe à economia local. Este ponto é algo que deverá ser trabalhado em ações
futuras, visto esta atividade ter poucos praticantes, e mesmo para os que gostam do desporto
sentiam dificuldades em aferir quando a equipa, liderada por Garrett McNamara, se encontrava
em ação, o que levou a um lento desligar do evento, principalmente, por visitantes da região, do
país e até do estrangeiro.
As restantes atividades da empresa basearam-se, também, na promoção de ações ambientais
dentro e fora do projeto Zon North Canyon; a realização de Festas de Praia, a gestão do evento
Passagem de Ano e parcerias com o Pingo Doce visando a promoção da atividade física, com
especial destaque para a atividade de piscina; e com a entrada da NQ, em setembro de 2010, no
capital social da empresa Nazaré Forma (gestora da Escola Profissional da Nazaré) com uma
percentagem de 49%.
Assim, em termos patrimoniais a empresa, em pouco tempo, transformou-se por completo.
Apesar de poucos recursos financeiros, a Nazaré Qualifica detém, para além dos lotes da ALE; a
gestão da ex-Escola Básica do 1º Ciclo, sita na Avenida da Independência Nacional; a Cantina
Escolar, espaço onde se confeciona, diariamente, toda a alimentação do parque escolar concelhio;
e a gestão do Parque Escolar do concelho da Nazaré; e encontra-se aprovada a transferência do
Parque de estacionamento Cândido dos Reis, ainda não concretizado, porventura devido à
iminente concessão daquele e de muito espaço público destinado a pagamento de
estacionamento.
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É importante sublinhar a rejeição de todas as forças políticas da oposição quanto à
transferência da Escola Básica, da Cantina e do Parque de Estacionamento para a empresa
Nazaré Qualifica, sendo o principal argumento utilizado a passagem de bens públicos de
utilidade pública para uma empresa municipal, mas com autonomia formal de órgãos
autárquicos, como por exemplo, a Assembleia Municipal, que na qualidade de órgão fiscalizador
e deliberativo se via e vê impedida de fiscalizar a atividade da mesma empresa. Num plano
teórico a empresa municipal pode alienar o património cedido, sem que o órgão fiscalizador
possa intervir nessa ação.
Desta forma, cerca de 6 anos desde a sua origem, esta empresa ultrapassou, em muito, os
objetivos iniciais para os quais havia sido criada, rivalizando com a própria autarquia, não só na
gestão de bens como de serviços essenciais às populações. Serviços, esses que deveriam ser
prestados pela autarquia e não pela empresa municipal. Isso originou um elevadíssimo encargo
com despesas de pessoal que abaixo analisaremos em maior detalhe.
Importante referir que este crescimento exponencial dos poderes desta empresa surge a partir
de Setembro de 2010, aquando da tomada de posse do novo Conselho de Administração
presidido por Luís Miguel Sousinha, e coadjuvado por Pedro Pisco com as funções que já detinha
no passado e com José Joaquim Pires Belo, alguém que, em nosso entender pouco ou nada trouxe
à empresa e aos projetos por ela dinamizados. Aliás as críticas a esta escolha foram
generalizadas, sendo as mais visíveis as do Bloco de Esquerda quando, em Assembleia
Municipal, esta força política considerou que este só desempenha tais funções porque “viabilizou
o anterior executivo e como prémio, recebe esta nomeação. Uma vez mais invocamos o ditado sobre a
mulher de César – não basta ser séria, é preciso parecer séria!” Também para esta força o nome do
Presidente não foi pacífica, à época, havendo referido que “Já no caso do presidente nomeado, Miguel
Sousinha, é descarada esta escolha baseada em amiguismos políticos. Mais importante que isso, é
incompatível o exercício deste cargo com um cargo de liderança numa empresa (Grupo Lena) que irá
contratar com a Câmara e, naturalmente, com a Nazaré Qualifica.
Finalizando, a empresa Nazaré Qualifica foi, recentemente, distinguida com o Prémio de
Valorização Territorial, talvez suportado pela divulgação da Praia do Norte e do
reaproveitamento do Forte de S. Miguel.
Em 2011 a NQ já detinha 74 funcionários a prestar serviços sob a sua égide, tendo aumentado,
no ano de 2012, para 96 funcionários. Números que consideramos, claramente, excessivos para a
dimensão que esta empresa deveria deter.
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ANÁLISE FINANCEIRA
Aquando no nascimento da empresa Nazaré Qualifica, em Dezembro de 2005, poucos
pensariam que esta, menos de uma década depois, se transformasse no dínamo dos serviços
públicos no concelho da Nazaré, a par dos Serviços Municipalizados.
Assim, a CMN, que durante décadas geriu todas as atividades de serviço público vê-se, agora,
principalmente por razões financeiras, transformada numa instituição inerte, cedendo os seus
serviços principais à NQ e os restantes ou já concessionou a privados, como é o caso da recolha
dos resíduos e da ETAR, ou prepara-se para um esvaziamento bem maior com a transmissão, a
privados, da gestão do serviço de Água e Saneamento, Estacionamento Público e até a gestão dos
Resíduos Sólidos Urbanos.
A principal razão é, inequivocamente, a catastrófica situação financeira da autarquia, visto que
o défice, só no ano de 2012, supera os 7 milhões de euros e com tendência de irreversibilidade
nula, cifrando-se a dívida autárquica acima dos 43 milhões, contudo teme-se que o valor seja
ainda superior e com tendência a aumentar. Por esta razão nuclear, e apesar de alguns alegados
esforços, provou-se que tais ações foram vãs para a redução efetiva de despesa, já que tal não foi
evidenciada nos últimos anos, antes pelo contrário. A balança continua bem inclinada para o lado
da despesa e sem perspetivas de alteração imediata.
Uma sintética análise da redução da despesa, nas contas da autarquia, tem a ver com a
redução de despesas com pessoal que no ano de 2009 tinha o valor de 5,8 milhões de euros (412
funcionários) e no ano sequente em que se registou o valor mais elevado de sempre rondando os
6,2 milhões de euros (464 funcionários). Nesta altura a despesa com pessoal era o equivalente a
48% do total de receitas correntes. Curiosamente, foi no ano de 2011 em que se deu uma descida
da despesa com pessoal no valor de 1,2 milhões nas contas da autarquia, o mesmo ano em que
as despesas de pessoal da empresa municipal aumentaram 12 vezes mais em relação ao ano
transato, de 58,9 mil euros para 702,6 mil euros. Consegue-se, pois, perceber que grande parte
da redução de despesa da autarquia transita para a Nazaré Qualifica, fazendo com que as
despesas da empresa não sejam visíveis nos relatórios de contas públicos, mas sim nos da
empresa, os quais não passam sob a tutela do órgão fiscalizador da Assembleia Municipal da
Nazaré.
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É interessante analisar que em 2010 era previsto que os custos com pessoal para o ano de 2012
fosse de 72 mil euros, contudo concretizou-se um valor 19 vezes superior a este, ou seja, de 1,359
milhões de euros. Pode-se, pois, verificar que a despesa com pessoal da Nazaré Qualifica
transitou, num só ano, para o dobro do valor. Assim, conclui-se que a CMN não conseguiu, ou
não quis, reduzir despesas com pessoal, apesar de efetivamente haver uma redução de efetivos a
prestar serviços diretos ou indiretos para a CMN, durante os últimos anos. Pode-se, assim,
concluir que, apesar de tudo, a CMN despende, em 2012, de um valor muito similar ao de 2010,
recorde-se o maior da história do concelho da Nazaré.
A Nazaré Qualifica é, no final do ano de 2012, uma empresa com 96 funcionários que somados
aos da CMN dão números aproximados aos de 2009 e 2010.
O que mais custa a entender é que uma empresa num espaço de dois anos multiplica por 8 as
receitas oriundas de prestação de serviços, contudo multiplica por 13 as despesas com pessoal.
Conclui-se que esta empresa não consegue obter receitas de monta assinalável e as que obtém são
direcionadas para projetos como o Zon North Canyon e Passagem de Ano. Assim, só se pode
concluir que esta empresa, apesar de ser uma empresa municipal, não consegue ser totalmente
autónoma da CMN, e prova disso é o recente “subsídio” de 1,4 milhões de euros prestado à
empresa pela autarquia. De destacar que este subsídio não é caso virgem e tem sido replicado em
anos anteriores com valores que rondam, em média, 1 milhão de euros por ano. Se tal subsídio
não fosse dirigido à empresa municipal Nazaré Qualifica esta era formal ou informalmente
sustentável? Receamos que não.
Esta recente descoberta financeira e contabilística tem vindo a levantar, quer no órgão
executivo quer em outras sedes, dúvidas acerca da transparência e legitimidade de tais
operações, levando a que dois vereadores tenham apresentado propostas que tinham por
objetivo a extinção da empresa e a integração dos funcionários da mesma quer na CMN, quer nos
Serviços Municipalizados. Esta tomada de posição, acreditamos ter sido fundamentada na Lei
50/2012 de 31 de Agosto que veio regular de uma forma mais criteriosa esta tipologia
empresarial. Aliás, os estatutos deverão ser alterados num período máximo de 6 meses, ou seja,
até 1 de março de 2013, algo que ainda não se efetuou, até ao momento.
Para finalizar este ponto importa destacar que a projeção para ao ano de 2013, ao nível das
receitas correntes atinge o valor de 2,5 milhões de euros, menos 500 mil que no ano transato;
também na despesa corrente o valor reduziu-se para o montante de 2,4 milhões de euros, sendo
1,6 milhões direcionados para despesas correntes da empresa. Já no ano de 2011 a transferência
da autarquia para a empresa municipal foi de 1,2 milhões de euros.
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ANÁLISE POLÍTICA
Podemos pois concluir que a existência desta empresa detém pontos positivos e negativos
que abaixo analisaremos em detalhe:
Pontos Positivos
• Dinamização de funções para as quais a Câmara Municipal da Nazaré, na qualidade de
instituição pública, apresenta limitações burocráticas e legais. Exemplo disso pode ser o
facto da negociação e alienação de lotes da ALE, sob tutela da empresa municipal,
poder ser feita sob uma matriz negocial tradicional enquanto sob o jugo da autarquia o
processo seria mais moroso e, decerto, menos rentável para o município da Nazaré;
• O projeto Zon North Canyon, sem a empresa municipal, poderia ser dinamizado,
contudo não poderia ser assegurada a sua autossuficiência resultante de parcerias com
marcas publicitárias, dando, desta forma, uma muito maior autonomia e diversidade ao
projeto que, em outros moldes, poderia ser altamente restritivo;
• Os projetos Finicia e Finicia Jovem, apesar de terem, nesta altura, um impacto na
sociedade local quase nulo, são projetos que a ser implementados necessitam de uma
entidade do cariz da Nazaré Qualifica para desempenho de gestão, dinamização,
auxílio e acompanhamento regular dos hipotéticos projetos apresentados e avalizados,
ou em vias de avalização;
• A participação na vertente escolar do concelho é fundamental, algo que está a ser feito
no projeto Escolas Empreendedoras, contudo a participação no capital social de uma
entidade privada, que compete, diretamente, com outras entidades de ensino privado e
até público no concelho colocam dúvidas acerca da sua legitimidade. Ainda assim, a
promoção e dinamização de cursos profissionais que visem suprir necessidades laborais
locais são de louvar e, acima de tudo, falta a integração dos formandos em empresas
locais, algo que até agora tem-se revelado quase residual.
Pontos Negativos
• A realidade de uma empresa municipal sobredimensionada no desempenho de tarefas
que a própria autarquia poderia e deveria desempenhar tais como:
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o Confeção de refeições escolares;
o Contratação de professores das Atividades Extra-curriculares (AEC);
o Integração de funcionários, que prestam serviços estritamente públicos na
empresa municipal;
o As verbas despendidas na execução das tarefas desempenhadas pela empresa
municipal levaram a que esta se tornasse, totalmente, dependente de
transferências da CMN. Esta situação poderá levar ao contínuo desequilíbrio
financeiro, o que poderá originar, em última instância, a extinção da mesma por
via das despesas nelas evidenciadas e da legislação em vigor (Lei 50/2012), cada
vez mais restritiva para com entidades como a NQ;
o A participação direta na intenção de restaurar o Forte S. Miguel é um processo
que deve ser dinamizado pela CMN e não por qualquer outra entidade, até
porque a interação e diligências com as diferentes entidades públicas são mais
alcançáveis à instituição pública local, neste caso a CMN;
o O Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Fernando Costa, um
dos mais entusiásticos apoiantes da atual liderança do PSD, num momento de
grande lucidez considerou “essencial a extinção das empresas municipais porque
“depauperam o erário municipal e só servem para fugir ao cumprimento da lei e dar
emprego ao boys partidários”. Uma opinião de um autarca que reconhece que a
função principal deste tipo de empresas tem fins eleitoralistas e que, na sua
grande maioria, não defendem, na íntegra, os interesses máximos da causa
pública;
o O Prof. João Carvalho na apresentação do último “Anuário Financeiro dos
Municípios Portugueses” considerou, "no global, as empresas municipais dão
prejuízo e estão a agravar a situação financeira dos municípios”. Esta é uma realidade
que, insistentemente, tem vindo a ser renegada pela gestão da NQ e da
autarquia, contudo não fosse a grande quantidade da receita vir dos cofres da
autarquia e a empresa municipal via-se impedida de desenvolver qualquer
tarefa, entrando facilmente em processo de insolvência;
o A escolha do Presidente da empresa municipal, ainda que resguardando a
idoneidade do cidadão, pode ser colocada em causa, visto ser um colaborador de
uma empresa privada regional com interesses em várias vertentes como
Ambiente e Energia; Construções e Concessões; Imobiliária; Inovação e Turismo,
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áreas em que a empresa Nazaré Qualifica, curiosamente, também tem atuado.
Além do mais, porque o ainda Presidente da NQ não aufere qualquer
vencimento na mesma empresa que preside. Apesar desta escolha não violar a
legislação em vigor é, pensamos nós, incoerente nomear um assalariado de uma
empresa privada que interage no âmbito de ação da empresa Nazaré Qualifica,
para não falar da componente empresarial que, o mesmo, legitimamente
desempenha a título individual. É, pois difícil defender a causa pública
gratuitamente quando se é remunerado para desenvolver sinergias no mesmo
âmbito de atuação da empresa municipal Nazaré Qualifica.
CONCLUSÕES
Após a análise das várias vertentes relacionadas com a empresa municipal Nazaré Qualifica
E.M. é importante descrever as seguintes conclusões a que, facilmente, se pode chegar:
› A empresa municipal Nazaré Qualifica ultrapassou, em muito, a vocação para a qual
foi, inicialmente, criada tendo, desta forma, começado a ingerir em funções que são
claramente de índole pública, executando, por esta via, tarefas que deveriam ser
executadas pela própria autarquia, nem que fosse para salvaguardar os vínculos
laborais dos seus colaboradores;
› A anexação de funções relativas à confeção de refeições pela empresa municipal levou
ao despedimento de funcionários de instituições, de cariz social e sem fins lucrativos,
que prestavam este mesmo serviço, pelo mesmo valor. Este é um procedimento que não
abona em defesa das instituições concelhias nem à autonomia económica das mesmas.
Poderia, ainda assim, aceitar-se este procedimento se o mesmo serviço não fosse já
executado pela entidade, em causa, o Centro Social de Famalicão;
› Talvez por causa da insustentável situação financeira da Câmara Municipal da Nazaré,
a Nazaré Qualifica não conseguiu, nem conseguirá a médio prazo, segundo a fórmula
até agora seguida, cumprir a execução das infraestruturas básicas e alienação dos lotes
da ALE de Valado dos Frades. Sinal disso é que num investimento de mais de 4 milhões
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de euros (1 milhão acima do inicialmente previsto) apenas foi saldado o simbólico valor
de 240 mil euros;
› A transição de funcionários da CMN para a empresa municipal Nazaré Qualifica foi
uma alegada solução quando, por ventura, foi esta decisão responsável pelo
agravamento da situação financeira da autarquia e da fragilização da situação laboral
de largas dezenas de trabalhadores, até então, integrados na estrutura orgânica /mapa
de pessoal da autarquia, ou dos seus Serviços Municipalizados. Recentemente
surgiram, no órgão executivo, duas propostas, uma de António Salvador, datada de
Outubro de 2012, que visava a internalização total dos trabalhadores da empresa
Nazaré Qualifica nos quadros da CMN. A mesma foi rejeitada pela maioria e, mais
recentemente, surgiu uma nova proposta no mesmo âmbito, desta feita apresentada por
António Trindade que, em termos genéricos, propunha a integração dos 96 funcionários
da empresa municipal no mapa orgânico da autarquia, pois, segundo o proponente,
esta medida “defenderia melhor os interesse do município e sobretudo dos seus trabalhadores”.
Tal proposta foi também rejeitada. O argumento utilizado pelo Presidente de Câmara é
fundamentado por um parecer da Associação Nacional de Municípios, organismo este
que tem como principal missão representar e defender os interesses dos municípios,
contudo tem por rotina dar prioridade aos interesses dos seus gestores como princípio
de base. Acrescentamos que, em momento algum, este parecer emite para fundamentos
legais o seu argumentário, fazendo com que este se torne ainda mais frágil no que
concerne à sua vinculação legal. A interpretação da lei é, no entanto, dúbia e omissa em
outras vertentes, levando os proponentes das propostas a acreditar que a integração dos
funcionários na CMN seria possível, já que, desempenham funções para as quais a
autarquia foi mandatada e são, desta forma, imprescindíveis os seus serviços e a sua
atestada utilidade pública. Contudo, na nossa perpetiva a Lei nº12-A/2008, artigo 6º
salvaguarda a integração no mapa de pessoal da Câmara Municipal da Nazaré de todos
os funcionários que prestem serviços, atestadamente, públicos, assim como a Lei
50/2012 no artigo 62º, pontos 5, 6, 8 e 9.
Este tipo de propostas surgem, também, devido à assinatura do Protocolo entre a
CMN e o governo central no Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) destinado
ao pagamento de dívidas das autarquias. O problema é que nesse mesmo documento o
Presidente de Câmara assinou, para além da declaração de situação de desequilíbrio
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financeiro estrutural, o compromisso, entre outros, de redução de cerca de 30% do
número total de funcionários da CMN, num espaço de dois anos e reduzir para
metade as despesas com pessoal num espaço temporal não superior a 5 anos. É
portanto intenção do atual executivo, liderado por Jorge Barroso, e suportado pelo
Partido Social Democrata e dois dos vereadores eleitos nas suas listas, e por dois
vereadores eleitos pelas listas do PS, ainda que não representando essa força num
contexto formal proceder à dispensa de funcionários dos mapas de pessoal da CMN
num curto espaço de tempo. Também a Assembleia Municipal da Nazaré aprovou tais
medidas que só surgem devido à catastrófica situação financeira da CMN, promovida
pelas sucessivas maiorias lideradas por Jorge Barroso e PSD.
O atual Presidente de Câmara da Nazaré com o desequilíbrio estrutural financeiro
profundo em que colocou o município, não só os munícipes e empresas sediadas no
concelho, mas acima de tudo os colaboradores e prestadores de serviços básicos da
autarquia nazarena, uma vez que, se o desequilíbrio financeiro e a elevada despesa
vocacionada para pessoal, em comparação com as receitas disponíveis, levou a que
parte destas despesas transitasse para a empresa municipal e, desta forma, alegar uma
redução de despesa pública. Por outro lado a nova Lei 50/2012 faz com que tais
despesas coloquem em causa a continuidade da existência da empresa, já que esta não
evidencia, na nossa pespetiva, autossuficiência, em termos de receitas, que cumpra o
artigo 62, nº1, na sua totalidade, o que levará à sua dissolução.
Concluindo, a situação é tão grave que, a nosso ver, o maior risco está na extinção
de imensos postos de trabalho que poderão vir a concretizar-se se as metodologias de
gestão da CMN e NQ não se alterarem, radicalmente.
Em síntese é necessário evidenciar os prós e contras da decisão de extinguir a
empresa municipal:
Prós:
› A Câmara Municipal passaria a executar as funções básicas para as quais foi
criada e dotada de meios legais e recursos humanos necessários para a
execução de tais funções;
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› Sendo comprovada a utilidade pública da função dos funcionários da
empresa municipal poderiam os mesmos ser integrados nos quadros de
pessoal da CMN sem qualquer prejuízo para os mesmos, desde que sendo
atestada a tarefa a desempenhar como fundamental para o bom
funcionamento dos serviços autárquicos e públicos assumidos;
› A concentração de meios em contraponto com a dispersão dos mesmos seria
uma mais-valia para a vontade de reduzir custos sem que, para tal, se tivesse
de reduzir, de uma forma tão drástica, o número de funcionários
dependentes da CMN;
› Tendo em conta que a função principal para a qual esta empresa foi criada
encontra-se numa situação de impasse. Atendendo ao facto que os terrenos
são da posse da autarquia e que os técnicos que acompanham, direta e
indiretamente, são funcionários da CMN e respondem perante o Presidente
de Câmara, poderia, em última instância ser a Câmara Municipal a gerir o
processo de alienação dos lotes da ALE;
› A empresa não aparenta sustentabilidade e autossuficiência futura como é
exigido pela Lei 50/2012 no artigo 62º, nº1, alínea b, onde se lê: “(…)as
empresas locais são obrigatoriamente objeto de deliberação de dissolução, no prazo de
seis meses, sempre que se verifique uma das seguintes situações:
b) Quando se verificar que, nos últimos três anos, o peso contributivo dos subsídios à
exploração é superior a 50% das suas receitas”. Esta conclusão podemos tirar
quando, como acima se pode atestar, a grande fatia de receitas que viabiliza a
alegada autossuficiência resulta de transferências resultantes de subsídios da
autarquia à empresa municipal para fazer face a despesas, com principal
incidência sobre as despesas de pessoal;
› O cumprimento de metas impostas, e subscritas pelo executivo camarário e
Assembleia Municipal poderão levar, como se encontra protocolado, a um
massivo “despedimento” formal ou informal de muitas dezenas de
funcionários que se verão sem perspetivas futuras num concelho sem
investimento privado, de relevo, e que possa satisfazer as necessidades das
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populações, levando as mesmas a terem a necessidade de abandonar o
concelho em busca de um futuro melhor;
› Finalmente, o artigo 38º da Lei 50/2012 também indicia que a empresa
municipal poderá ter de alienar os 49% do capital social da empresa Nazaré
Forma visto que “as empresas locais não podem constituir nem adquirir quaisquer
participações em sociedades comerciais, nem criar ou participar em associações,
fundações ou cooperativas”.
Contras:
› Apesar desta empresa estar sobredimensionada, na verdade tem vindo a
desempenhar funções positivas que, de outra forma, não poderiam ser
dinamizadas, pelo menos nos moldes atuais e com o impacto pretendido;
POSIÇÃO POLÍTICA
Concluindo, o Partido Socialista (PS), pesando todas as circunstâncias e a elevada
complexidade do tema acerca da manutenção, ou não da empresa Nazaré Qualifica, considera
que uma empresa com as características da Nazaré Qualifica tem importância para determinados
projetos, em curso, e outros que poderão vir a ser implementados no projeto autárquico do PS e,
por isso, rejeita o princípio genérico de extinção da empresa municipal Nazaré Qualifica.
No entanto, o PS discorda da forma como esta empresa foi desenvolvendo valências que a
tornaram um “braço armado” do PSD e da suas políticas que visam, primeiramente, encapotar
uma suposta redução de despesa das contas da autarquia quando, efetivamente, esta não existe,
já que as verbas direcionadas para a empresa municipal são oriundas de subsídios e
transferências da CMN e que levam a que as despesas não diminuam gerando uma gestão em
que os funcionários se encontram, na sua grande maioria, a prestar um serviço público mas com
um vínculo laboral precário e incerto. Ainda assim, se ficar esclarecido que para que os
trabalhadores desta empresa municipal, ou pelo menos a grande maioria deles, esteja em
causa a sua vinculação à mesma e, desta forma, poderem incorrer numa situação de
desemprego, o PS abdicará da necessidade prioritária da existência da NQ e deverão estes ser
integrados na estrutura orgânica da autarquia, ao abrigo da Lei 12-A/2008 e da Lei 50/2012,
artigos 62º e 65º.
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Esta posição é o mínimo que podemos suportar em defesa dos trabalhadores e das suas
famílias. O PS é um partido que defende as pessoas, trabalha para as pessoas e com as pessoas e
por isso não poderá suportar uma política de precariedade laboral que todos sabemos existir.
Refutamos, também, que esta empresa desempenhe funções delegadas à Câmara Municipal da
Nazaré, funções essas que os eleitos prometeram defender e desenvolver per si, e não delegar
em outros.
Finalmente, o PS responsabiliza o PSD, o Presidente de Câmara dos últimos 19 anos,
Jorge Barroso, e todos os que de uma forma direta ou indireta suportaram este contínuo
aglomerado de más decisões que têm vindo a afastar o concelho da Nazaré dos níveis de
desenvolvimento que os munícipes tanto merecem.
As promessas foram feitas, contudo não foram cumpridas. Foi prometido o céu e
acordámos todos no Inferno. Nem necessitamos de relatar as promessas, tantas e tão ilusórias
algumas eram. É tempo de falar verdade, é tempo de servir, efetivamente, as populações e não
servir-se das mesmas.
O PS reconhece que a situação é muito difícil. O atual executivo estagnou a economia local
por 20 anos e já hipotecou por mais 20 o desenvolvimento que a Nazaré tanto necessita, devido à
sua gestão ruinosa que culminou com a recente assinatura do PAEL, que inevitavelmente terá
reflexos nas empresas e nas pessoas.
Os habitantes do concelho precisam do PS, precisam de mudar, precisam de sentir que
apesar da luz estar bem longe, esta se está a aproximar e não a ofuscar-se numa treva eterna.