análise iv - solo de stevie

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Instituto de Artes Departamento de Música Análise musical IV Semestre 2015/1 Saxofone solo de Stevie: Técnicas e procedimentos improvisatórios de John Coltrane Rubens Baggio Lima Porto Alegre, 05 de julho de 2015.

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Análise solo de "Stevie"

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Page 1: Análise IV - Solo de Stevie

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Instituto de Artes

Departamento de Música

Análise musical IV

Semestre 2015/1

Saxofone solo de Stevie: Técnicas e procedimentos improvisatórios de

John Coltrane

Rubens Baggio Lima

Porto Alegre, 05 de julho de 2015.

Page 2: Análise IV - Solo de Stevie

John Coltrane incia seu solo fazendo uso da escala pentatônica de Ré menor ( Ré-Fá-Sol-Lá-Dó). O aparecimento da nota Sí no c.3 vem por empréstimo da escala do modo Dórico de Dm, ou como blue note da pentatônica de Gm que segue no c.6.

Na troca para Gm, escutamos as notas da tríade menor do acorde, com a nota Dó servindo somente como de passagem, ou bordadura inferior. Parte do motivo anacrúsico inicial se repete no c. 8, agora com início tético.

A sustentação da nota Sol como sexta do acorde, serve tanto como antecipação do acorde de A7 no próximo compasso, como colorido do acorde de Bb7. Fazendo uso da escala pentatônica de Dm, vemos no c.11 o aparecimento de um motivo de semicolcheias passando pela nota Láb por meio de uma bordadura superior, tendo efeito de uma blue note da escala.

Page 3: Análise IV - Solo de Stevie

Ainda utilizando a pentatônica de Dm, Coltrane enfatiza o swing feel com um motivo sincopado, dando valor à fundamental do acorde nos compassos 16 e 17.

Novamente na troca para o acorde de Gm, o saxofone utiliza o que seria possivelmente um fragmento da escala pentatônica de Gm, com somente notas da tríade do acorde em tempo forte. Já no próximo compasso (c. 20) temos a repetição do motivo de semicolcheias com a blue note Láb.

No acorde de Bb7, que tem função de sub-V de A7, surge um motivo cromático em terças menores, começando na nota Dó#, que pode ter vindo da escala menor harmônica de D, e culminando na nota Bb, que seria a nona menor do acorde de A7. Ainda neste compasso encontra-se um motivo (Lá-Fá-Dó#-Lá) que reforça a ideia da escala menor harmônica. O mesmo motivo se repete no c.25.

No c.26 temos o fim do que seria o trecho com caráter menor harmônico, com boradaduras inferiores em tercinas (Ré-Dó#-Ré). Coltrane retorna à pentatônica de Dm, colocando notas da tríade de Dm em tempo forte.

Nesta troca para Gm, Coltrane segue o padrão de arpejar notas do acorde, agora sobrepondo terças ate até a nona (Lá). De volta a Dm, temos novamente

uma citação do modo Dórico com a nota Sí, seguida do que seria um fragmento de Dó frigio (Fá-Mib-Réb-Dó).

Novamente vemos o motivo da escala menor harmônica no c.35, seguido por

um notas da tríade de Dm no ultimo compasso (Ré-Lá).