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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ANÁLISE ESPACIAL DA MUDANÇA DO LEITO DO RIO TAQUARI ENTRE OS MUNICÍPIOS DE MUÇUM E ARROIO DO MEIO/RS Marcelo Capra Lajeado, Junho de 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ANÁLISE ESPACIAL DA MUDANÇA DO LEITO DO RIO TAQUARI

ENTRE OS MUNICÍPIOS DE MUÇUM E ARROIO DO MEIO/RS

Marcelo Capra

Lajeado, Junho de 2014

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Marcelo Capra

ANÁLISE ESPACIAL DA MUDANÇA DO LEITO DO RIO TAQUARI ENTRE OS MUNICÍPIOS DE MUÇUM E ARROIO DO MEIO/RS

Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, na linha de formação específica em Engenharia Ambiental, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Ms. Rafael Rodrigo Eckhardt Co-orientador: Prof. Ms. Henrique Carlos Fensterseifer

Lajeado, Novembro de 2014.

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“Dedico este trabalho a minha

família, que é meu exemplo, meu porto

seguro, por toda compreensão, amor, paz

e pela educação que me deram tornando

o homem que sou hoje.”

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais Elise e Pedro pela educação e ensinamentos que me deram, que sem eles hoje não estaria onde estou e nem seria a pessoa que sou, paciência e poio quando precisava

Aos meus irmãos André e Renato pela preocupação, atenção, apoio e incentivo nos momentos de dificuldade.

A minha namorada Marina Valduga pelo amor, compreensão, carinho, companheirismo, por ter ajudado nas horas difíceis, por me tranquilizar em momentos de tensão e por estar sempre ao meu lado.

A minha chefa Lucilene Mallmann por ser compreensiva, pelos conhecimentos transmitidos e pela oportunidade de trabalho durante a minha graduação.

Ao meu orientador Rafael Rodrigo Eckhardt, que através de seu conhecimento e competência esteve compromissado com o auxílio na elaboração desta monografia.

Ao professor Henrique Carlos Fensterseifer, pela disponibilidade de me ajudar quando mais precisava, pelo aprendizado transmitido.

Por fim, aos professores do curso de Engenharia Ambiental, pela dedicação

em ensinar e de mostrar o caminho do saber.

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RESUMO

Os ambientes fluviais sofrem mudanças no seu traçado com passar dos anos em função de fatores naturais ou de ações antrópicas. As modificações naturais são decorrentes da interação de vários fatores físicos, climáticos e bióticos. O presente estudo tem o objetivo de analisar a dinâmica espacial do leito do Rio Taquari, de Muçum até Arroio do Meio. O estudo foi desenvolvido com a utilização de imagens obtidas por sensoriamento remoto e ferramentas de geoprocessamento. Foram utilizadas as bandas 3, 4 e 5 do sensor TM, do satélite Landsat 5, datada de 13 de dezembro de 1987 e as bandas 4, 5 e 6, do sensor OLI, do satélite Landsat 8, datada de 20 de dezembro de 2013. Tais imagens foram selecionadas por representarem vazões similares do rio em datas defasadas no tempo. Após a etapa de georreferenciamento, foi vetorizado o leito do Rio Taquari, mediante digitalização em tela. Foram realizadas operações de álgebra de mapas para avaliar a variação da área na largura do Rio Taquari, além de avaliações do deslocamento lateral do rio, das áreas de sedimentação e da formação das ilhas. A avaliação da variação da largura foi realizada com o traçado de seções transversais espaçadas em um km. Com o resultado dos levantamentos constatou-se que, entre os anos de 1987 e 2013, houve um aumento da área e da largura em vários segmentos do Rio Taquari, decorrente da erosão das margens e proporcionando o surgimento de ilhas fluviais. Em outros setores, ocorreu o estreitamento da calha fluvial, decorrente do acumulo de sedimentos. Com o levantamento constatou-se que no trecho houve uma migração lateral do rio na direção da margem direita. Estas mudanças no sistema fluvial, ao longo do tempo, são definidas pela interação de fatores como o embasamento geológico do percurso, a resistência relativa das rochas, o volume e a velocidade do corpo hídrico em cada segmento, do volume e natureza da carga sedimentar, do comportamento dinâmico de fluxos hídricos, da forma da calha e as interferências da vegetação insular, marginal e da planície de inundação. Palavras-chave: PAISAGEM, EROSÃO, DINÂMICA FLUVIAL, SENSORIAMENTO REMOTO, GEOPROCESSAMENTO.

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ABSTRACT

The fluvial environments suffer changes in its layout over the years due to natural factors or anthropic actions. Natural modifications result from the interaction of several physical, climatic and biotic factors. The present study aims to analyze the spatial dynamics of the Taquari riverbed from Muçum to Arroio do Meio. The study was developed with the use of images obtained by remote sensing and geoprocessing tools. The bands 3, 4 and 5 of TM sensor of the Landsat 5, dated from December 13th, 1987 and the bands 4, 5 and 6, of OLI sensor of the Landsat 8, satellite, dated from December 20th, 2013 were used. These images were selected because they represent similar flows in the river with a time span. After georeferencing, the Taquari riverbed was vectored by scanning from the computer screen. Map algebra operations were performed to evaluate the variation in the width of the Taquari area, the river’s lateral displacement, and the sedimentation areas and the formation of islands. The evaluation of the width variation done through the drawing of cross sections evenly spaced by one kilometer. With the results of the survey it was found that between the years of 1987 and 2013, there was an increase in the area and width in different segments of the Taquari river, due to bank erosion, providing the emergence of river islands. In other sectors, the narrowing of the riverbed, due to sediment accumulation occurred. The study also shows that, through the surveyed length, there was a lateral migration of the riverbed towards the right bank. These changes in the fluvial system, over time, are defined by the interaction of factors such as the bedrock of the riverbed, the relative resistence of the rock, the volume and speed of the water body in each segment of the volume and nature of sediment load, the dynamic behavior of water flows, the shape of the riverbed and the interference of vegetation in islands, banks and in the floodpain. Keywords: LANDSCAPE, EROSION, DYNAMIC RIVER, REMOTE SENSING, GIS.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Perfil Longitudinal Ilustrando as Mudanças de um Curso de Água ............ 20

Figura 2 – Evolução de meandro .............................................................................. 24 Figura 3 - Zona de manejo ripário ............................................................................. 25 Figura 4 – Processos Fluviais ................................................................................... 28

Figura 5 – Processo de Captação de dados ............................................................. 33

Figura 6 - Localização da bacia Taquari-Antas no estado do Rio Grande do Sul ..... 36 Figura 7 - Mapa da bacia Taquari-Antas ................................................................... 37 Figura 8 - Mapa da Bacia Taquari-Antas mostrando a parte alta média e baixa ....... 40

Figura 9 – Área de estudo entre os municípios de Muçum e Arroio do Meio ............ 42 Figura 10 - Fluxograma ............................................................................................. 46

Figura 11 – Ilustração da mudança do Leito do Rio .................................................. 48 Figura 12 - Análise da extensão das margens do Rio Taquari .................................. 50 Figura 13 – Demonstração do procedimento de estudo da Largura do Rio Taquari através dos vetores ................................................................................................... 53

Figura 14 – Ilustração do Processo de Medição do leito do rio através da sobreposição ............................................................................................................. 56 Figura 15 – Ilustração do método utilizado de avaliação das ilhas no Rio Taquari ... 58

Figura 16 – Pontos de sedimentos no leito do Rio Taquari ....................................... 61 Figura 17 - Foto da rocha promontória situada no município de Roca Sales ........... 64 Figura 18 - Depósitos de cascalho e conglomerado nas margens do Rio Taquari ... 65

Figura 19 - Ilha fluvial consolidada entre os municípios de Encantado e Roca Sales .................................................................................................................................. 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade da área de variação do leito do Rio Taquari ........................ 47

Tabela 2 - Extensão das margens do Rio Taquari nos anos de 1987 e 2013 ........... 49 Tabela 3 - Largura do Rio Taquari através de vetores em 1987 e 2013. .................. 51 Tabela 4 – Resultados da Quantidade de Área da Migração do Rio Taquari entre 1987 e 2013 .............................................................................................................. 54

Tabela 5 – Quantidade de Área das ilhas ................................................................. 57 Tabela 6 – Áreas de sedimentação no Rio Taquari .................................................. 59

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANA - Agência Nacional de Águas

FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental

GIS - Geographic Information System

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE - Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

RGB - Red, Green e Blue

RMS - Root-Meant-Square

RS - Rio Grande do Sul

SIG - Sistema de Informação Geográfica

UTM - Universal Transverse Mercartor

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2 OBJETIVO ......................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 2.1.1 Objetivos Específicos .................................................................................. 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 15

3.1 Paisagem ........................................................................................................ 15

3.2 Dinâmica Fluvial ............................................................................................. 18 3.2.1 Erosão, Sedimentação e Transporte........................................................... 21

3.2.2 Vegetação Ripária e Dinâmica Fluvial ........................................................ 24

3.2.3 Relação das Enchentes e Inundações com a Dinâmica Fluvial .................. 26

3.3 Geotecnologias ............................................................................................... 29 3.3.1 Geoprocessamento e SIG ........................................................................... 30

3.3.2 Sensoriamento Remoto .............................................................................. 32

3.4 A bacia hidrográfica Taquari-Antas ................................................................ 34

3.4.1 Geomorfologia da bacia Taquari-Antas ....................................................... 37

3.4.2 Principais processos Dinâmicos da Bacia Taquari-Antas ........................... 39

4 METODOLOGIA ................................................................................................ 41

4.1 Caracterização da área de estudo .................................................................. 41 4.2 Materiais e Software ....................................................................................... 42

4.3 Imagens .......................................................................................................... 43 4.4 Metodologia .................................................................................................... 43

4.5 Georreferenciamento ...................................................................................... 44 4.6 Vetorização ..................................................................................................... 45 4.7 Avaliação do leito fluvial do Rio Taquari ......................................................... 45

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 47

5.1.1 Variação do Leito do Rio ............................................................................. 47

5.1.2 Variação da Margem do Rio ....................................................................... 49

5.1.3 Análise da Largura do Rio ........................................................................... 51

5.1.4 Análise da Migração do Leito ...................................................................... 54

5.1.5 Avaliação das Ilhas do Rio Taquari ............................................................. 57

5.1.6 Análise do depósito de Sedimentos ............................................................ 59

5.2 Processos que Interferem na Modificação do Leito do Rio ............................. 62 6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70

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1 INTRODUÇÃO

A paisagem em que vivemos é formada a partir de vários sistemas, ou seja,

um conjunto de elementos que mantém relações entre si. Assim, o solo, a água, a

vegetação são elementos estruturais do meio que mantém relações entre si através

de fluxos e ciclos. As ligações entre os elementos do sistema resultam em um grau

de organização, num certo espaço e num determinado tempo (BERTRAND, 1972).

Essas organizações que ocorrem na paisagem são desencadeadas pela ação

de agentes naturais e humanos. Esses agentes que se manifestam no tempo e no

espaço, são conhecidos como fenômenos, desta forma, erosão, inundação,

enchente e assoreamento são fenômenos que normalmente depositam os

sedimentos e afetam as áreas mais baixas onde ficam localizados os rios e canais

fluviais (SANTOS, 2007).

Os rios são os principais e os mais importantes agentes modeladores

topográficos, sendo que o escoamento nos canais fluviais exibem diversas

características dinâmicas, que são responsáveis pelas qualidades atribuídas aos

processos fluviais. A dinâmica fluvial é um dos elementos que integram o sistema

físico e ambiental de uma bacia, tendo como objetivo os processos de transporte,

erosão e deposição de sedimentos. Sendo um grande contribuinte para a formação

geomorfológica das paisagens e pela permanente esculturação do relevo superficial

terrestre (CHRISTOFOLETTI, 1980).

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Um dos elementos de grande influência sobre a dinâmica fluvial é a

vegetação ripária, por exercer uma resistência mecânica do solo em barrancos,

resistência ao fluxo, no armazenamento de sedimentos, estabilidade do leito e na

dinâmica do canal. A vegetação na zona ripária também tem a função de modificar a

eficiência da dinâmica fluvial dos eventos de inundação (KOBIYAMA, 2003).

A inundação é um fenômeno natural que ocorre nos cursos fluviais, sendo

que as elevações dos níveis da água variam de pequena a grande dimensão,

causando transbordamento do seu canal principal, transportando os sedimentos, e

depositando as frações mais grosseiras nas margens (SANTOS 2007).

O transporte de sedimentos nos canais fluviais não ocorre diretamente das

nascentes para os oceanos, sendo que partes dos sedimentos são estocadas ao

longo da trajetória do canal do rio, gerando as planícies fluviais. As relações entre a

dinâmica das correntes fluviais e os tipos e quantidades de cargas sedimentares

determinam os regimes de transporte e estabelecem uma variedade na forma do

canal fluvial. Estes processos de transformação ou os ajustes dos padrões do canal

fluvial com a combinação das variáveis ao longo do tempo e do espaço, são

denominados de processos dinâmicos fluviais (ZANCOPÉ, 2008).

Esses processos dinâmicos estão relacionados com os fenômenos de

inundação e transporte de sedimentos, entre outros. Essa mudança na dinâmica

fluvial pode ser observada e analisada a partir da utilização das ferramentas

geotecnológicas. Dentre essas ferramentas pode-se ressaltar o geoprocessamento,

SIG (Sistema de Informação Geográfica) e sensoriamento remoto (SANTOS, 2004).

As geotecnologias podem ser entendidas como o conjunto de tecnologias que

envolvem o processamento, análise, coleta e disponibilização de informação com

uma posição definida no espaço, ou seja, tendo referências geográficas. Dentre as

geotecnologias se destacam: SIG, sensoriamento remoto e o geoprocessamento.

Sendo que estas se tornaram importantes para o desenvolvimento de estudos

espaciais e temporais dos movimentos terrestres globais, locais e regionais,

tornando as geotecnologias importantes para o estudo aprofundado da dinâmica

fluvial e da paisagem (SANTOS, 2004).

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A importância de estudar o leito do Rio Taquari é que as mudanças no canal

podem influenciar nos componentes que estão ao seu redor, ocasionando a perda

da vegetação ripária, tornando o solo mais vulnerável aos processos erosivos.

No alto curso do rio das Antas o escoamento fluvial apresenta elevada

declividade, tendo uma ação erosiva intensa. Além dessa característica também

conta a falta da vegetação ciliar, a falta de normas técnicas e aplicações de métodos

racionais de plantio. Normalmente, ocorre a intensificação da erosão das margens

do rio Taquari nos períodos de chuvas prolongadas, que consequentemente

provocam sua cheia. Estes materiais provenientes da erosão são transportados

pelas águas do rio para seu baixo curso, que está localizado no município de Muçum

à jusante (FERRI, 1991).

O trabalho tem como finalidade analisar os processos dinâmicos do rio

Taquari no trecho de Muçum até Arroio do Meio, tendo como foco a análise das

mudanças do canal como mudança do leito, a variação da largura e os locais de

sedimentação e acúmulo de cascalhos, com auxílio das geotecnologias.

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2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é avaliar a mudança do leito do rio Taquari de

Muçum até Arroio do Meio com o propósito de identificar os locais com maior

deposição de sedimentos e a modificação de sua trajetória durante o tempo, com o

auxílio das ferramentas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e SIG.

2.1.1 Objetivos Específicos

I. Analisar a mudança do leito e a variação da largura do rio Taquari no

Trecho de Muçum a Arroio do Meio;

II. Avaliação das áreas de acúmulo de sedimentos e a formação de ilhas;

III. Avaliar a migração do leito do rio e seus possíveis danos a áreas

circunvizinhas.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Paisagem

O planeta Terra apresenta variações em sua história a mais de 4,5 milhões de

anos, desenvolvendo uma longa história, complexa e repleta de constantes

transformações que evidenciam uma sucessão de estados que se alteram entre

situações de não equilíbrio e equilíbrio, resultando em diferentes paisagens

(SANTOS 2007).

Segundo Befete e Fachini (2008), para o geógrafo francês Jean Tricart

paisagem é: “uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma

combinação de fatores visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado

momento, não percebemos senão o resultado global”.

Para Santos (2007) paisagem é uma sequência de mudanças que ocorrem ou

que ocorreram na paisagem em uma determinada fração do tempo. Já o geógrafo

francês Georges Bertrand (1972), conceituou a paisagem como sendo uma

determinada porção do espaço que resulta da combinação dinâmica dos elementos

físicos, biológicos e antrópicos, os quais interagindo dialeticamente uns sobre os

outros, formam um conjunto único e indissociável em perpétua evolução.

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O sistema de evolução é definido por uma série de agentes e de processos,

onde os agentes naturais se evidenciam pela biologia e clima, que determinam o

processo natural da paisagem (BERTRAND 1972).

A paisagem no ambiente em que vivemos se forma a partir de vários

sistemas, ou seja, um conjunto de elementos que mantém relações entre si. Assim

sendo, o solo, a água, a vegetação são elementos estruturais do meio que mantém

relações de fluxos e ciclos. As ligações entre os elementos do sistema resultam em

um grau de organização, num certo espaço e num determinado tempo (BERTRAND,

1972).

Sendo assim, a paisagem tem se formado por inúmeros componentes, desde

elementos microscópicos até elementos com alta capacidade de controle e

apropriação sobre o seu meio, como o homem. A paisagem está sob a influência de

fatores químicos, bióticos, físicos, culturais e sociais. São tantos os fatores que

mudam a dinâmica da paisagem que dificilmente pode-se compreender em sua

totalidade. Para entender a importância da paisagem é necessário compreender

frações de tempo muito maiores do que a existência do homem na Terra, e obter

uma sistêmica que considere os diferentes elementos de composição do meio, onde

se sobrepõem os espaços e arranjos antes formados pelos elementos naturais,

interferindo, de maneira conclusiva, nas relações e dinâmicas antes de nossa

existência, estabelecidas no decorrer dos anos por fatores naturais e não naturais.

Este fato é facilmente constatado pelo rastro de degradação e pelo

comprometimento das paisagens que hoje se vivencia (SANTOS 2007).

Segundo Santos (2007), o que vemos hoje nada mais é que um retrato dos

acontecimentos do passado e, sem dúvida, não será o mesmo no futuro da nossa

paisagem. A água da chuva e o vento são exemplos de agentes naturais que

modificam a paisagem, separando e transportando grãos da superfície de um solo

para acumular em outro local. Manifestando-se no tempo e no espaço, causando

transformações oriundas da ação dos agentes, chamados de fenômeno, hora

resultantes exclusivamente de agentes naturais, hora acelerados ou induzidos pelas

ações humanas. Cada um desses fenômenos citados pode ser descrito pelo seu

próprio processo e a cada estado que se identifica, nesse processo é chamado de

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evento. Eventos não ocorrem na mesma velocidade, porém podem ocorrer no

mesmo espaço.

Segundo Santos (2007), a paisagem dentro de seu espaço dinâmico, que

associa diferentes padrões, apresentam mecanismos e condições específicas.

Quando o objetivo é evitar ou minimizar a ocorrência de um impacto negativo de

grande magnitude, como a erosão e assoreamento, é necessário, em primeiro lugar,

perceber os principais padrões, mecanismos e fatores que a paisagem apresenta,

para depois tomar decisões sobre o seu controle. Os mecanismos e condicionantes

originados pelas forças da natureza se apresentam por variações de longas datas,

assim explicando a formação de paisagens. Cada uma delas apresenta uma

determinada vulnerabilidade à ação humana, devido às características e funções de

seus componentes. Porém, é necessário considerar que componentes como o clima,

a composição terrestre, as características e propriedades dos terrenos são

elementos do sistema que não podem ser facilmente alterados pelo homem. Em

uma escala maior, os efeitos da ação humana podem ser muito mais sentidos pelo

próprio homem do que pela natureza. Nada melhor para ilustrar esse fato como

apresentar o comportamento da água em diferentes escalas de observação e em

diferentes níveis de interferência. Entretanto, é importante destacar que em estudos

de paisagem, a água e a vegetação representam elementos fundamentais para

entender a dinâmica e a vulnerabilidade de um território, em função de suas

sensibilidades às condições impostas.

Quanto à instabilidade paisagística a dinâmica tem como princípio base à

morfogênese e pedogênese. Com isso, o balanço morfogenético é estabelecido

pelos componentes perpendicular e paralelo. O perpendicular é a ação da infiltração,

facilitada pela cobertura vegetal, na qual implica na modificação da natureza

bioquímica e com isso iniciando o processo de pedogênese. Já o paralelo é a ação

do efeito erosivo, que é intensificado pela retirada da cobertura vegetal e iniciando o

processo da morfoescultura (CASSETI, 1991).

As mudanças que ocorrem na paisagem são desencadeadas pela ação de

agentes naturais e humanos, também conhecidos como fenômenos, desta forma,

erosão, inundação, enchente e assoreamento são fatores responsáveis pelo

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depósito de sedimentos afetando as áreas mais baixas onde se localizam os rios e

canais fluviais (SANTOS 2004).

3.2 Dinâmica Fluvial

A dinâmica fluvial é a área que estuda os cursos da água e as bacias

hidrográficas. Sendo considerada uma área de extrema importância por discutir o

funcionamento natural ou por ações antrópicas nos canais fluviais. Podendo ser

dada ênfase à drenagem da bacia, à variação da quantidade de sedimentos

transportados, sua geometria, alargamento e estreitamento, bem como, a

composição das margens e a quantificação da erosão a partir de vários fatores

naturais ou antrópicos, levando em conta a topografia, a cobertura vegetal e o clima

(PENTEADO, 1983)

A geometria de um sistema fluvial reflete em um estado de quase equilíbrio

entre vários fatores inter-relacionados, tais como, carga sedimentar, diâmetro dos

sedimentos transportados e descarga, que são controlados por agentes externos,

como a litologia, relevo e clima. Sendo o declive do canal um fator dependente,

ajustado aos processos atuantes dentro do canal. Outros agentes dependentes são

a largura e profundidade do canal, a velocidade de fluxo e a rugosidade do leito

(SUGUIO; BIGARELLA 1979).

Os canais fluviais constituem os agentes mais importantes no transporte de

sedimentos, funcionando como condutores de escoamento das áreas elevadas para

as mais baixas, sendo os receptores finais das alterações que ocorrem na bacia

hidrográfica. Isto é, os processos de erosão, transporte e deposição de um sistema

fluvial variam no decorrer do tempo e, espacialmente, são interdependentes,

resultando não apenas das mudanças do fluxo, como também da carga existente.

Portanto, quando se faz uma análise geral de uma bacia hidrográfica, não se podem

considerar os processos de erosão, transporte e deposição separadamente, além de

outros elementos que interferem na dinâmica e funcionamento desse sistema

(CHRISTOFOLETTI, 1980).

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Uma bacia hidrográfica é subdividida em canais cada vez menores de jusante

para montante. Os cursos iniciais que fluem diretamente do subsolo para gerar a

bacia são chamados de cursos de primeira ordem. Esses cursos de primeira ordem

se juntam com os cursos de segunda ordem e assim por diante, até que todos se

juntam e formam um único rio. Conforme a quantidade de água de um rio aumenta,

o declive tende a diminuir, na direção jusante, ou seja, o declive é a função inversa

da vazão (PENTEADO, 1983).

A água que escoa em um canal fluvial está sujeita as forças gravitacional,

inércia, pressão e atrito. Essas forças lançam a água em direção jusante, onde se

encontram as regiões mais baixas da bacia hidrográfica, dependendo do perfil

longitudinal de um dado segmento do canal de drenagem. O perfil longitudinal

(FIGURA 1) do canal fluvial representa a relação entre a altimetria e o comprimento

do canal em diferentes pontos da nascente à foz. Normalmente o perfil longitudinal

tem a forma côncava, que representam a declividade alta com o sentido para a

nascente e a baixa com o sentido para a jusante, o perfil longitudinal define o nível

base de um rio, onde não ocorre mais a erosão fluvial. O nível de base para um

canal fluvial que despeja suas águas no oceano é o nível do mar, já para os rios que

não despejam suas águas no mar, como os rios de primeira ordem, o nível base

deles é dado pelo perfil longitudinal do canal de segunda, terceira ou quarta ordem

no ponto de confluência.

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Figura 1- Perfil Longitudinal Ilustrando as Mudanças de um Curso de Água

Fonte: FISRWG (1998)

Conforme a medida da vazão de um rio, no sentido jusante, a profundidade, a

largura e a velocidade da corrente do canal aumentam, tornando os rios mais largos

e mais profundos à medida que o volume e a vazão cresçam a jusante.

Com o aumento da vazão, a energia e a velocidade da corrente fluvial tendem

a aumentar, e com isso estão sujeitas a dois tipos de forças: força bruta e força

líquida. A força bruta é a energia do escoamento de uma corrente num determinado

ponto do canal. Já a força líquida é a força da energia bruta reduzida da energia

usada no atrito e no transporte dos sedimentos. Se a força bruta for menor que a

força líquida o rio tende a cavar, mas se a força bruta for maior que a força líquida o

rio tende a depositar e se a força bruta for igual à energia absorvida pelo atrito mais

a energia absorvida pelo transporte, resulta que a força líquida é igual à zero, ou

seja, o rio não cava e nem deposita sedimentos, apenas transporta. Quando a força

líquida for negativa o rio tende a perder parte da carga, fazendo com que o leito seja

levantado. Com isso a declividade do fundo do leito também tende a aumentar,

consequentemente aumentando a velocidade do fluxo e a força bruta (PENTEADO,

1983).

Assim, o canal fluvial tende a estabelecer uma inclinação onde as correntes

não possam mais erodir e nem depositar, tendo o canal fluvial em equilíbrio, ou seja,

o canal apenas transporta sedimentos (PENTEADO, 1983).

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Este estado de equilíbrio pode ser alterado com o resultado das atividades

humanas, como a substituição da vegetação ripária por cultivo agrícola, movimento

tectônico inclinando o leito modificando o declive, também as mudanças climática

podem modificar o estado de equilíbrio, como a contribuição do rio (volume) e o

abaixamento no nível do mar dando lugar a retomada erosiva do rio principalmente

em sua foz (SUGUIO e BIGARELLA 1990).

Sabendo que a declividade de um rio é mais baixa a jusante que a montante,

ele tende a modificar o seu leito por erosão ou deposição, para estabelecer o

equilíbrio entre a energia e a resistência, mas quando a energia da corrente começa

a diminuir, ocorre o processo de deposição da carga iniciando pelos sedimentos

mais grossos. À medida que as águas do rio se elevam, ele tende a escavar o canal

no sentido das margens e no fundo, modificando o seu leito. Com a velocidade

crescendo favorece o transporte aumentando a carga vinda da montante

(CHRISTOFOLETTI, 1980).

Quando ocorre a diminuição da velocidade, novamente a carga é depositada.

Esse material que pavimentava o leito do rio move-se para baixo e o leito é ocupado

por novos sedimentos vindos de montante.

3.2.1 Erosão, Sedimentação e Transporte.

Segundo Florenzano (2008), os rios são poderosos agentes modeladores

capazes de erodir, transportar e depositar sedimentos. A potência de um rio é

definida pela sua capacidade de erosão e de transporte dos sedimentos.

Segundo Coelho (2008), o potencial de erosão, o transporte e a deposição de

sedimentos das margens de um rio estão ligados à velocidade, turbulência e a vazão

da corrente fluvial, resultando em uma condição de equilíbrio do canal. Qualquer

mudança que ocorra em seu canal fluvial acarretará no rompimento do equilíbrio,

modificando as condições de intensificação da erosão, deposição e transporte até

achar um novo estado de equilíbrio. Isto é, os processos de erosão, transporte e

deposição de um sistema fluvial variam no decorrer do tempo e, espacialmente, são

interdependentes, resultando não apenas das mudanças do fluxo, como também da

carga existente.

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Dessa forma, a erosão, o transporte e a sedimentação estão interligados,

sendo processos diferentes da mesma dinâmica, consequentemente resultado dos

diferentes fluxos existentes no canal. O período de maior erosão das laterais e dos

sedimentos transportados ocorre quando o rio está cheio devido às altas

precipitações. A percepção do potencial erodido só é visível quando o nível do rio

volta ao seu estado normal, assim podendo perceber inúmeros acúmulos de

deposição dos sedimentos no seu trajeto (CARNEIRO et al, 2009).

A erosão do solo é um processo natural, praticamente impossível de ser

extinto, com dificuldade em ser controlado e facilmente acelerada pela atividade

antrópica, como em função da retirada da cobertura vegetal original, o manejo

impróprio de solos produtivos, a exploração inadequada de terras próximas aos

cursos de água, com a ocupação das terras por usos inadequados, e principalmente,

com a falta de planejamento de ocupação. Mas a intensidade e a magnitude da

erosão têm relação com as condições naturais do meio, como a declividade,

vulnerabilidade do terreno, tipo de solo e relação entre o volume de água

precipitada, infiltrada e escoada (CHRISTOFOLETTI, 1980).

O deslocamento e o transporte do sedimento dependem da força e do

escoamento exercido sobre ele, tendo em consideração o tamanho, peso do

sedimento, ou seja, quanto maior e mais pesada for a partícula maior será o

escoamento e a força exercida sobre ele. Quando não há mais força para deslocar a

partícula, ocorre o processo de deposição. Esses depósitos podem ser transitórios

ou permanentes, assim ocorrendo o processo de assoreamento. Um depósito

permanente de sedimentos sofre o efeito do seu próprio peso e do peso da água,

compactando-o. A capacidade máxima de transporte de sedimentos de um rio é

conhecida como valor de saturação. Esse valor depende de muitos fatores, tais

como declividade do rio, vazão, peso específico e granulometria do sedimento, ou

seja, haverá depósito se a quantidade do material for maior que o valor de

saturação. Se o valor for menor ocorrerá erosão fluvial e transporte ao longo do

canal (CARNEIRO et al, 2009).

Segundo Suguio e Bigarella (1980), os canais aumentam seu comprimento

devido à erosão remontante, que resulta do solapamento da base, principalmente

onde a camada superficial é protegida por vegetação ou solo. Já o alargamento dos

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canais ocorre devido à rigorosa corração lateral, (processo químico entre a água e

as rochas), contra as paredes durante as enchentes, ou quando a migração dos

meandros (curvas do rio) age contra as laterais do canal. Normalmente, o

alargamento dos vales ocorre como resultado do intemperismo e de consequentes

movimentos de massa nas vertentes do vale conforme o rio aprofunda seu leito.

Já Guerra e Cunha (2007), dizem que a causa da erosão das paredes do

fundo do leito ocorre através de três formas: pelas ações corrasivas ou efeito

abrasivo das partículas em transporte contra as rochas tentando reduzir a

rugosidade do leito. Já a ação corrosiva tem como resultado a dissolução de

material solúvel no decorrer do curso da água ainda no solo e o impacto hidráulico

que resulta da força da água chocando-se contra o leito do canal fluvial, fazendo

com que as partículas do solo se desprendam, e sejam transportadas para outro

local.

Segundo Florenzano (2008), o rio pode erodir seu canal verticalmente,

cavando o fundo, ou lateralmente, fazendo o trabalho de alargamento do canal. O

processo de cavar o rio é denominado como erosão vertical e o de alargamento do

leito é denominado como erosão lateral. A erosão vertical dos canais fluviais ocorre

quando existe a remoção de areia e cascalho do seu leito. A erosão lateral acontece

quando as margens do canal são removidas.

Entretanto, uma outra formação responsável por determinar o alargamento do

canal fluvial é a formação de meandros (curvas do traçado de um rio FIGURA 2),

sendo o resultado do trabalho da corrente, de escavação na margem côncava e de

deposição na margem convexa, que pode mudar a forma do rio conforme a

intensidade e a energia fluvial do canal (PENTEADO, 1983).

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Figura 2 – Evolução de meandro

Fonte: Penteado (1983).

Nos canais fluviais que apresentam a formação de meandros o fluxo da água

com uma elevada aceleração expressa um excesso de pressão sobre o lado externo

do meandro, fazendo com que ocorra a erosão do canal, e na margem interna

ocorre à falta dessa pressão fazendo com que o sedimento se deposite. O material

erodido da margem côncava de um meandro, normalmente é depositado na próxima

margem convexa do meandro seguinte, a jusante, e não na margem oposta. Ou

seja, na parte interna do canal meandrante ocorre o acúmulo de sedimentos, e

enquanto isso do lado externo do mesmo meandro ocorre à erosão do canal fluvial

(SUGUIO E BIGARELLA, 1990).

3.2.2 Vegetação Ripária e Dinâmica Fluvial

Segundo Lima et al, (2006), a mata ciliar é conhecida também com a

denominação de zona ripária, que vem do latim “ripariu”, que significa marginal. O

limite da zona ripária em tese se daria até o alcance da planície de inundação e da

superfície livre de água até o fundo da zona de transição entre a água subterrânea e

a água superficial, conforme ilustra a Figura 3.

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Figura 3 - Zona de manejo ripário

Fonte: Kobiyama, (2003).

Segundo Rodrigues e Leitão Filho (2001), a zona ripária é de suma

importância por desempenhar uma eficiente filtragem superficial dos sedimentos,

defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para o curso

d’água. Outra função importante associada com a recuperação da vegetação ciliar é

contribuir para o aumento do armazenamento da água na microbacia ao longo da

zona ripária no período de seca.

A interação entre a mata ciliar e o meio aquático tem uma grande influência

para abastecer constantemente o rio com material orgânico, galhos e troncos. Esses

materiais orgânicos cumprem sua função como alimento para a biota aquática

(RODRIGUES e LEITÃO FILHO 2001). Já a rugosidade das margens tem seu

aumento por causa da mata ciliar, galhos e troncos caídos, que também favorecem

para a desaceleração das zonas turbulentas e assim diminuindo o processo de

deposição de partículas e sedimentos ao longo do rio, tendo como função a

estabilização das margens, evitando o deslizamento do solo e consequentemente o

seu assoreamento (SACHÄFFER. et al, 2011).

Segundo Silva (2003), as zonas ripárias apresentam muitas funções para a

dinâmica fluvial. Algumas dessas funções são descritas a seguir:

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Estabilização dos taludes e encostas: a vegetação ripária auxilia na

formação junto ao solo uma camada protetora contra a erosão causada

pelo escoamento superficial e pela chuva. Nas encostas as raízes

atuam como estabilizadora de taludes, contribuindo para a fixação do

solo acima de rocha;

Manutenção da morfologia do rio e proteção a inundações: a

vegetação preserva os meandros dos rios, e com isso diminui a

velocidade do escoamento e também a erosão, aumentando a

infiltração da água no solo durante as inundações. A vegetação

também diminui a quantidade de água que chega ao rio através do

processo de infiltração, desta maneira a quantidade de água

transportada é menor e consequentemente menor serão os danos.

A vegetação ripária tem uma grande influência sobre a dinâmica fluvial, por

exercer uma resistência mecânica do solo em barrancos, resistência ao fluxo, no

armazenamento de sedimentos, estabilidade do leito e na morfologia do canal. A

vegetação na zona ripária também tem a função de modificar a eficiência da

dinâmica fluvial dos eventos de inundação e enchente (KOBIYAMA, 2003).

3.2.3 Relação das Enchentes e Inundações com a Dinâmica Fluvial

Enchente é um fenômeno natural que ocorre nos cursos de água. Sendo que

enchente consiste na elevação dos níveis de um curso da água, variando de

pequenas a grandes dimensões, causando transbordamento do seu canal principal

(SANTOS 2007). Segundo Oliveira et al, (2010), enchente é a elevação do nível de

água de um rio, acima de sua capacidade natural de escoamento, em período de

alta precipitação, podendo causar inundações nas áreas conhecidas como planície

de inundação.

Segundo Christofoletti (1980), as planícies de inundação normalmente são

conhecidas no Brasil como várzeas, que são constituídas da maneira mais comum

de sedimentação fluvial.

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Essa definição é propicia porque nas inundações parte dessa área é

inundada, tornando-se o leito do rio.

No período de cheia, ao transbordar, as águas têm a sua velocidade

bruscamente diminuída, assim provocando à deposição da fração mais grosseira de

sua carga em suspensão nas margens do canal formando os depósitos de diques

naturais, que são muros de sedimentos ao redor do leito do rio aumentado a altura

de suas margens. Já os sedimentos mais finos constituídos como sendo a carga em

suspensão é espalhada pela planície de inundação, originando os depósitos de

planície de inundações ou de várzea (SUGUIO e BIGARELLA, 1990).

Segundo Suguio e Bigarella (1990), nas planícies de inundação existem dois

modos de formação das deposições, um é a acreção lateral e a acreção vertical. Da

acreção vertical se faz através da carga suspensa durante as cheias, sendo

responsável pelos depósitos dos diques marginais e das bacias de inundação. A

acreção lateral se faz da carga do leito, resultando nas barras de meandros e as

ilhas aluviais. Conforme a ilustração abaixo na Figura 4.

As cheias do canal tem como resultado os processos entre a acreção vertical

e a acreção lateral, apesar de que os depósitos aluviais forma-se de sedimentos da

carga do leito ou da carga em suspensão. Quando ocorre a cheia na planície de

inundação normalmente tem a formação da acreção lateral, mas para ocorrer a

acreção vertical é necessário que tenha a ação de dois fatores o interno e o externo.

Os fatores internos é a velocidade do fluxo, a taxa de imigração dos canais e o

tamanho do grão da carga em suspensão. Os fatores externos são relacionados

com as mudanças do nível de base da corrente ou com o soerguimento do aterro.

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Figura 4 – Processos Fluviais

Fonte: Christofolleti 1980

Nas regiões de clima úmido, que é o caso da bacia Taquari-Antas, as

planícies de inundação são responsáveis por caracterizar a paisagem do fundo do

vale. Nos rios que se encontram em climas úmidos, por regra, tem como a alta

velocidade do transbordamento junto com o forte fluxo da água, sendo que a

deposição resultante é formada por sedimentos grosseiros, conglomerados e areia.

A sedimentação inicia-se com areia, e logo após torna-se silte e argila.

Normalmente, nota-se na intercalação dos sedimentos finos, a presença de uma

camada grosseira, depositada de uma única enchente, o que prova a flutuação da

quantidade de água durante a cheia, na planície de inundação (SUGUIO;

BIGARELLA 1980).

A deposição de matérias oriundas de enchentes e inundação contribui para a

mudança da dinâmica fluvial. Para se ter uma visão mais detalhada dessa mudança

na dinâmica fluvial, são usadas ferramentas geotecnologias para conhecimento mais

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detalhado. Dentre essas ferramentas pode-se ressaltar o geoprocessamento, SIG e

sensoriamento remoto.

3.3 Geotecnologias

Através dos tempos, cresce a cada dia, os números de problemas em que as

geotecnologias e suas ferramentas podem ser utilizadas. A utilização e a aplicação

das ferramentas desenvolvidas pelas geotecnologias vêm do fato de que, os

espaços urbanos, rurais e ambientais podem ser conhecidos, controlados e

monitorados em relação ao uso e modificações do solo. Os dados adquiridos por

essas tecnologias podem ser um importante instrumento para compor o controle e o

desenvolvimento das modificações da paisagem, tanto por órgãos públicos e

privados. Assim o uso das geotecnologias torna-se vantajoso por apresentar baixo

custo, facilidade e agilidade no desenvolvimento dos resultados (PRADO, 2004).

As geotecnologias constituem-se em um conjunto de tecnologias que

envolvem o processamento, análise, coleta e disponibilização de informação com

uma posição definida no espaço, ou seja, tendo referência geográfica. Dentre as

geotecnologias se destacam: o SIG, sensoriamento remoto e o geoprocessamento.

Sendo que estas se tornaram indispensáveis para o desenvolvimento de estudos

espaciais e temporais dos movimentos terrestres globais, locais e regionais,

(PANTOJA et al, 2009).

Para o futuro dos cursos hídricos é de fundamental importância o papel das

geotecnologias, especialmente as ferramentas de sensoriamento remoto,

geoprocessamento e sistemas de informação geográfica que disponibilizam dados

adequados para a construção e validação, onde podem ser citadas três vantagens

das geotecnologias em recursos hídricos (TEIXEIRA, 2008):

Potencial de obter dados sobre a superfície terrestre de grandes áreas;

Obtenção de registros das imagens para análise das mudanças da

paisagem;

Potencial de adquirir dados especializados sobre um lugar de

observação pontual.

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Outra vantagem da integração dos Sistemas de Informações Geográficas nos

levantamentos de dados sobre os recursos hídricos são o suporte que os mesmos

podem proporcionar na obtenção e na análise de informações espaciais, fornecendo

dados para modelos de simulação e sistemas de suporte para decisões.

3.3.1 Geoprocessamento e SIG

A evolução da tecnologia de geoprocessamento e de Softwares gráficos,

fizeram com que muitos termos surgiram para as várias especialidades encontradas.

A tecnologia de SIG é um nome muito utilizado e por isso que em muitos casos é

confundida com o geoprocessamento. O geoprocessamento reproduz qualquer tipo

de processamento de dados que esteja georreferenciado, enquanto isso o SIG

processa dados gráficos e não gráficos alfanuméricos que tenham destaque em

modelagem de superfície em análise espacial (ROSA, 2005).

O termo geoprocessamento vem do inglês geomatics, que é uma ciência ou

tecnologia relacionada ao armazenamento, levantamento, mapeamento,

sensoriamento remoto e SIG. O geoprocessamento é dado como um campo de

atividade que integra todos os meios de gerenciamento de dados espaciais, usados

em aplicações cientifica, técnicas, legais e administrativas, envolvidas no

gerenciamento e produção de informação espacial (FILHO, 1997).

No Brasil, o geoprocessamento é uma área que envolve vários

conhecimentos como, por exemplo, sensoriamento remoto, cartografia,

fotogrametria, geologia, geodésia, ciência da computação e SIG (FILHO, 1997).

O geoprocessamento é um conjunto de ferramentas que utiliza técnicas

matemáticas e computacionais para que possa ser feito o tratamento das

informações geográficas, ao mesmo tempo considera-se que o geoprocessamento é

uma ferramenta que tem a capacidade de processar as funções que representam os

processos ambientais. Esse conjunto de ferramentas também é conhecido como

geotecnologias. As ferramentas que se incluem nas geotecnologias são: os sistemas

de desenho assistido por computador, os sistemas de cartografia digital, os sistemas

de informações geográficas e os sistemas de processamento de imagens

(DUCATTI, 2010).

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Mas no momento de abordar sobre as técnicas de geoprocessamento de uma

maneira mais ampla, pode-se encontrar uma dificuldade. Essa dificuldade consiste

em representar todas as vareáveis e propriedades do mundo real, pois estas são

mais complexas do que a capacidade atual dos programas de geoprocessamento

em representá-las (COUTO, 2007).

Entretanto, para se obter uma boa representação do mundo real, mais perto

da realidade pelo geoprocessamento, não se pode dispensar uma base cartográfica

confiável, e adequada à integração dos dados georreferenciados, do local em estudo

(COUTO, 2007).

Assim para obter os benefícios proporcionados pela tecnologia de

geoprocessamento são citados quatro aspectos de georreferenciamento: a

localização geográfica do local que o dado representa, a descrição geográfica do

local que cada dado representa, o intervalo de tempo em que o local geográfico

existe e o relacionamento entre o local geográfico com outros locais representados

no sistema. Tais aspectos representam fenômenos ou entidades geográficas,

naturais ou criadas pelo homem, da qual são distribuídas na superfície da terra,

sendo que necessário para sua captura o empregado de técnicas de levantamento

de campo e sensoriamento remoto, os quais devem ser convertidos em dados

digitais para o seu armazenamento. Para que ocorra o armazenamento de dados

foram criados vários programas, mas entre tantos programas tem um que se

destaca, que é o SIG. O SIG oferece o armazenamento de dados de diversas fontes,

onde qualquer pessoa pode manipular e analisar estas informações de maneira de

fácil compreensão (FILHO 1997).

O SIG (sistema de informação geográfico), que também pode ser conhecido

como GIS (geographic information systems), é um conjunto de ferramentas

composto por software e hardware que estão submetidos a uma organização de

pessoas interligadas e integradas em um banco de dados georreferenciados visando

à possibilidade de capturar, recuperar, modelar, armazenar, manipular e analisar as

questões ligadas ao espaço físico geográfico através dos produtos gerados pelo

sistema de arquivos alfanuméricos (tabela) e gráficos (mapas). Para que o usuário

possa gerar arquivos alfanuméricos e gráficos com os dados do SIG é necessário

que ele tenha algum conhecimento em determinados campos da ciência humano,

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tais como: cartografia, gerenciamento das informações, conhecimento em

informática, topografia, geografia e processamento de imagens digitais (SANTOS,

2004).

Embora o SIG fosse criado como uma ferramenta para os cartógrafos, nas

últimas duas década, ele ganhou um uso generalizado nos projetos e análises das

engenharias, em especial nos campos da qualidade de água, da hidrologia e da

hidráulica. Muito esforço tem sido investido para conectar o SIG com os modelos

matemáticos, para uma visualização facilitada dos dados. Permitindo que os SIG

funcionem como uma ferramenta do planejamento, sendo que os dados hidráulicos

sejam utilizados para estudos da dinâmica dos rios e para os mapeamentos das

áreas inundáveis (ECKHARDT, 2008).

Com isso, o SIG e o geoprocessamento são entendidos como ferramentas

fundamentais que processam dados e informações georreferenciadas para que

possa ser analisado o desenvolvimento na dinâmica fluvial e da dinâmica da

paisagem, com o passar do tempo. Sendo que através do geoprocessamento e do

conjunto de técnicas que possibilita a aquisição de informações sobre a área em

estudo, e analisando os dados espaciais através do SIG que por sua vez permite à

compatibilidade das informações provenientes dos sensores remotos (SILVA;

ZAIDAN, 2009). Assim podendo ser realizado os processos de criação de mapas de

sobreposição do canal fluvial do rio Taquari e da paisagem ao seu redor, bem como

uma análise multitemporal da área em estudo, com imagens de satélites atuais e

ultrapassadas, mostrando de forma gradual a dinâmica ocorrida no local.

3.3.2 Sensoriamento Remoto

O sensoriamento remoto foi desenvolvido para captar informações, como

imagens da superfície Terrestre a uma distância remota. Segundo a INPE (2014)

conceitua que “O sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas que possibilita a

obtenção de informações sobre objetos, áreas e fenômenos na superfície terrestre,

através do registro da interação da radiação eletromagnética com a superfície,

realizado por sensores distantes, ou remotos”.

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As informações obtidas da superfície terrestre são coletadas por sensores

remotos que são aparelhos capazes de detectar a radiação eletromagnética em

determinada faixa do espectro, registrando e gerando um produto numa forma

adequada para ser interpretada e entendida pelo usuário. O sensoriamento remoto é

o conjunto de sensores que são utilizados em equipamentos de processamento de

dados, como satélites e aeronaves que tem como objetivo estudar o ambiente

terrestre através das análises entre a radiação eletromagnética e as matérias que

compõem a superfície terrestre, ou seja, quando o sol ilumina a terra a energia por

ele gerada é refletida pela superfície terrestre em direção ao sensor, onde parte é

captada e registrada por ele, e os dados registrados são enviados para uma central

(FLORENZANO, 2002). O processo de captação de dados está ilustrado abaixo na

Figura 5.

Figura 5 – Processo de Captação de dados

Fonte: Florenzano (2002).

Na atualidade, existem muitos sensores remotos em satélites, que fornecem

imagens para estudos e análise da cobertura terrestre. Entre eles existem os de

resolução espacial que são apropriados para o monitoramento da dinâmica da

paisagem, como o que estava a bordo do satélite Landsat 5 e atualmente está

abordo do Landsat 8 (RODRÍGUEZ, 2010).

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As imagens dos satélites Landsat 5 e 8 estão disponíveis gratuitamente na

internet, já as imagens do satélite QuickBird são comercializadas por possuir uma

alta resolução espacial. A partir da obtenção destas imagens em diferentes

períodos, pode-se detectar as mudanças do uso do solo, permitindo a análise do

espaço temporal da paisagem e da dinâmica fluvial, podendo assim monitorar as

mudanças da margem do rio.

As imagens obtidas do sensoriamento remoto tem como propósito o estudo

dos elementos que compõem a superfície da terra, mapeando e monitorando, com o

objetivo de avaliar como cada elemento da paisagem se relaciona um com o outro

espacialmente e temporalmente. As classes de uso e cobertura do solo são

espacializadas, quantificadas, identificadas e caracterizadas pela radiação refletida

da superfície terrestre para os sensores remotos. O acompanhamento das imagens

sobre uma mesma paisagem em diferentes épocas mostra as mudanças e a

velocidade com que ela está ocorrendo, assim podendo construir os cenários atuais

e até reconstruir cenários passados. Esse processo trata-se de encontrar soluções

relativas à conservação de ecossistemas naturais utilizando imagens orbitais

(MOREIRA, 2005).

A utilização das imagens orbitais para o estudo da dinâmica fluvial e da

paisagem ao seu redor tem sido cada dia mais utilizada para entender a

movimentação e as consequências podem ser causadas. A abordagem por

sensoriamento remoto permite a rápida interpretação de eventos recentes ocorridos

na superfície terrestre, como por exemplo, a modificação do seu canal fluvial devido

a grandes cheias, assim podendo ocasionar a modificação do seu leito e da

paisagem.

3.4 A bacia hidrográfica Taquari-Antas

Segundo Ferreira e Pereira Filho (2009), bacia hidrográfica é uma área

topográfica de captação natural das águas precipitadas, que são drenadas por

canais, ravinas e tributários até um curso principal onde escoa para um único ponto

de saída, podendo desaguar no mar ou em um lago. Cada bacia hidrográfica é

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formada por sub-bacias que deságuam em outro rio. Assim cada bacia hidrográfica é

formada pela ligação de outras pequenas bacias.

Segundo Santos (2004), uma bacia hidrográfica demarca um território que é

drenado por um rio principal, seus afluentes e subafluentes perenes ou

intermitentes. As drenagens das bacias hidrográficas possuem uma hierarquização,

ou seja, a água escoa do ponto mais alto para o mais baixo. O significado de

drenagem é o traçado produzido pelas águas fluviais, assim modelando o relevo.

Sendo que a drenagem fluvial é composta pela união de canais de escoamento

formando a bacia de drenagem, definida como a área drenada de um rio, onde a

água precipitada é captada para um único ponto de saída da bacia.

A bacia Taquari-Antas está localizada na Região Nordeste do estado do Rio

Grande do Sul, abrangendo uma área de 26.428 Km², equivalente a 9% do território

estadual, tendo como limite a bacia do rio Pelotas ao norte, a bacia Jacuí ao oeste e

sul e a bacia Caí e Sinos a leste. Já as regiões fisiográficas e as províncias

geomorfológicas abrangidas por ela são Planalto Meridional, Campos de Cima da

Serra, Depressão Central, Encosta Inferior do Nordeste, Encosta Superior do

Nordeste. Logo abaixo, na Figura 6, pode-se ver a localização da bacia Taquari-

Antas no estado do RS. Morfologicamente, a bacia ocupa uma parte da chamada

Planalto da Serra Geral, Patamares e Encosta, onde predominam as rochas

basálticas da Formação Serra Geral, com uma cota máxima, dentro da bacia, em

torno dos 1.200 metros (FEPAM, 2014).

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Figura 6 - Localização da bacia Taquari-Antas no estado do Rio Grande do Sul

Fonte: Autor (2014).

Na região dos Aparados da Serra no extremo leste, a altitude da bacia

Taquari-Antas varia os 1.200 metros, até aproximadamente o nível do mar, na

junção dos rios Taquari e Jacuí (FERRI E TOGNI, 2012). O rio Taquari-Antas tem

sua nascente no extremo leste do Planalto dos Campos Gerais no município de São

José dos Ausentes, com a denominação de rio das Antas. Após, percorre 390 Km,

até a confluência com o rio Carreiro, nas proximidades de São Valentim do Sul/RS

(Rio Grande do Sul), passando então a se chamar rio Taquari, percorrendo uma

direção de norte-sul o Taquari tem uma extensão de 140 Km até desembocar no rio

Jacuí junto na cidade de Triunfo (FERRI E TOGNI 2012).

Segundo Ferri (1991), no percorrer de sua extensão, o rio Taquari-Antas

recebe águas de suas sub-bacias, onde que na parte inicial do rio das Antas, os

afluentes que estão localizados na margem esquerda, são de pouca extensão e com

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pouco volume. Já os afluentes da margem direita são de maior importância tendo

maior extensão e volume. Figura 7.

Os principais afluentes que contribuem com o rio das Antas são: rio Lajeado

Grande, Tainhas, Camisas, Prata e o Carreiro, além de pequenos cursos d’água. Já

no rio Taquari os principais afluentes são: rio Guaporé, Forqueta e Taquari-mirim

(FERRI, 1991).

Figura 7 - Mapa da bacia Taquari-Antas

Fonte: CERAN (2014).

3.4.1 Geomorfologia da bacia Taquari-Antas

A bacia Taquari-Antas apresenta duas regiões que pertencem ao domínio

morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares às quais são:

Depressão Central Gaúcha: estendeu-se pelo Vale do Taquari em

direção a Bom Retiro do Sul, de onde avança até Arroio do meio,

ocupando pequenas áreas basálticas, na região dos municípios de

Estrela e Lajeado. As áreas são de menores altitudes, não

ultrapassando 150 metros, onde a erosão foi esculpindo em rochas

sedimentares da bacia do Paraná com formato alongado, conhecida

como coxilhas no Rio Grande do Sul (FERRI, 1991).

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Planalto das Araucárias: sua formação tem formas esculpidas nas

rochas ácidas e efusivas da formação Serra Geral. Esta formação tem

ocorrência normalmente nas rochas efusivas basálticas que formam os

relevos. A região Geomorfológica Planalto das Araucárias é cruzada

pelos rios Caí, Pelotas, Sinos e Taquari-Antas (FERRI E TOGNI,

2012).

Segundo Ferri e Togni (2012), são quadro unidades geomorfológicas que

podem ser identificadas nas partes nordeste e central da bacia hidrográfica Taquari-

Antas:

Patamares da Serra Geral: tem seu relevo conforme a drenagem do rio

Taquari-Antas, os vales fluviais são de pouca profundidade não

passando de 32 a 50 metros.

Serra Geral: esta unidade na bacia Taquari-Antas desenvolve-se sobre

as rochas de origem vulcânicas básicas, onde o entalhamento da

drenagem foi capaz de dividir-se em seções de derrames, expondo as

rochas areníticas da formação Botucatu.

Planalto dos Campos Gerais: tem como característica o relevo

relativamente plano, representado pelas superfícies planas desnudas e

por extensas áreas nas posições inter-fluviais dos rios Caí e Antas até

com o rio Pelotas em seu alto curso. As superfícies de aplanamento

ocorrem por causa do processo de pediplanação que indicam a

predominância dos processos de erosão areolar, cortando rochas sãs

ou pouco alteradas. Na sua maioria se apresentam no estágio de

degradação.

Planalto de Santo Ângelo: está unidade é caracterizada por um relevo

de dissecação homogênea, com densidade de drenagem grosseira, e

exclusivamente em algumas áreas com profundidade dos vales fluviais

entre 22 e 28 metros. Essa unidade encontra-se na parte noroeste da

bacia do Taquari-Antas.

O rio Taquari-Antas obteve acúmulo de sedimentos ao longo de seu curso

durante o período quaternário. Esses sedimentos apresentam-se em médias faixas

ao longo curso do rio e também em alguns de seus afluentes (FERRI, 1991).

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Segundo Ferri (1991), no alto e médio curso do rio Taquari-Antas, ainda

encontra-se em fase juvenil, transportando junto com suas águas uma grande

quantidade de cascalho. Já no baixo curso, de Muçum à jusante, inicia uma fase de

senilidade progressiva, ou seja, aglomerações de cascalho que se depositam nos

canais de inundação, necessitando a dragagem para a manutenção da profundidade

requerida. Neste trecho há uma declividade de 0,18 m/Km, tendo características dos

rios de planície. O rio Taquari-Antas transporta uma grande quantidade de material

sólido, principalmente em seu período de inundação, acelerando os processos de

erosão.

3.4.2 Principais processos Dinâmicos da Bacia Taquari-Antas

Segundo Christofoletti (1980), uma bacia hidrográfica é definida como sendo

uma área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade

de água que pode atingir os recursos fluviais depende do tamanho da área ocupada

pela bacia, da precipitação total e de seu regime.

O escoamento nos canais fluviais de uma bacia hidrográfica apresenta

diversas características dinâmicas, que se tornam responsáveis pelas quantidades

atribuídas aos processos fluviais. A dinâmica do escoamento, no que se refere à

perspectiva geomorfológica, ganha algum significado quando tem a atuação das

águas sobre os sedimentos do leito fluvial, no transporte dos sedimentos, nos

mecanismos deposicionais e na esculturação do seu canal fluvial (PENTEADO

1983).

A bacia hidrográfica do rio Taquari-Antas apresenta variações na dinâmica do

canal, devido à erosão, deposição e transporte de sedimentos. Esses processos

fizeram com que o rio se caracterizasse como um rio meandrante com processos de

anastomosamentos fluviais, ou seja, é um rio caracterizado por apresentar curvas

harmoniosas e semelhantes ao longo de seu percurso, tendo um trabalho contínuo

de escavação na margem côncava (ponto de maior velocidade da corrente) e de

deposição de sedimentos na margem convexa (ponto de menor velocidade). Já o

processo de anastomosamento começa devido a deposição de pequenas barras de

sedimento grosseiro durante as cheias, uma vez iniciada esse processo a barra

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cresce, chegando aproximadamente na altura das planícies de inundação, assim

originando as ilhas fluviais, que se tornam estáveis devido a vegetação. A repetição

desse processo pode originar um canal anastomosado marcado por numerosas ilhas

na seção transversal (PENTEADO 1983).

Esses processos ocorrem na bacia hidrográfica Taquari-Antas, sendo que o

surgimento das ilhas pelo processo de anastomosamento fluvial encontra-se na

parte média e baixa da bacia ilustrado na Figura 8 abaixo.

Figura 8 - Mapa da Bacia Taquari-Antas mostrando a parte alta média e baixa

Fonte: Autor

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4 METODOLOGIA

4.1 Caracterização da área de estudo

A área de estudo compreende o trecho do rio Taquari, de Muçum-RS entre as

coordenadas, Latitude: 29,16º Sul, Longitude: 51,88º Oeste, até Arroio do Meio-RS

entre as coordenadas, Latitude: 29,39º Sul, Longitude: 51,94º Oeste. Os municípios

estão localizados à margem direita do rio, no Vale do Taquari-RS (FIGURA 9), tendo

o município de Muçum uma distância de 168 km e Arroio do Meio 126 km da cidade

de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul – Brasil. Os municípios apresentam

um relevo de média e baixa ondulação. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas 2010), o município de Muçum tem 4.791, habitantes e

possui uma área de 110,893 Km², e o município de Arroio do Meio tem 18.783

habitantes e possui uma área de 157,957 Km² (IBGE 2010). O trecho do rio taquari

que compreende entre os municípios tem uma vazão média de 80 m³/s, conforme

registro da ANA, essa parte do rio se encontra com características de médio a final

do curso da bacia, ou seja, a sua principal função é de transporte e deposição de

sedimentos, com isso pode se averiguar que o leito do rio taquari está ficando mais

raso e consequentemente as suas margens mais largas.

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Figura 9 – Área de estudo entre os municípios de Muçum e Arroio do Meio

Fonte: Autor (2014).

4.2 Materiais e Software

Para a realização do trabalho foram utilizados os seguintes materiais e

softwares.

Imagem digital do satélite Landsat 5 datada em 13 de dezembro de

1987 nas bandas RGB (Red, Green, Blue) 5, 4 e 3.

Imagem digital do satélite Landsat 8 datada 20 de dezembro de 2013

nas bandas RGB 6, 5 e 4, referente a mesma composição que o

satélite Landsat 5.

Imagem digital geocover, como referência para o georreferenciamento

das demais imagens, ou seja, a imagem geocover já é fornecida

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georreferenciada. Obtida do acervo digital da Global Land Cover

Facility;

Software ArcGis 10.1 e o aplicativo ArcMap, considerado o módulo

central e fundamental no ArgGIS, pois é nele que foram

confeccionados e manipulados os mapas.

4.3 Imagens

Para a escolha das imagens houve a necessidade de levar em consideração

a quantidade de vazão do rio, para que não houvesse alguma alteração no seu leito.

Através dos dados hídricos do site hidroweb, disponibilizados pela ANA,

pode-se escolher as imagens de 13 de dezembro de 1987 com vazão de 85 m³/s e a

20 de dezembro de 2013 com 87m³/s, onde a variação da vazão não teve uma

alteração significativa.

4.4 Metodologia

Para a realização da avaliação fluvial do leito do rio Taquari no trecho de

Muçum a Arroio do Meio, foi utilizado o software ArcGis 10.1, onde foi criado um

banco de dados geográficos com sistema de projeção UTM (Universal Transverse

Mercator) e referenciado ao sistema de referência Sirgas 2000 (Sistemas de

Referência Geocêntrico para as Américas 2000).

A etapa de pré-processamento constituiu no registro das cenas utilizando

como referência a imagem geocover, disponível no sistema UTM e referenciado no

sistema de referência WGS 84.

Após ter a base do levantamento para o estudo do leito do rio Taquari, foram

adquiridas as imagens do satélite Landsat 5 e Landsat 8. A imagem referente ao

Landsat 5 está disponível gratuitamente no acervo digital de imagens da INPE

(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), referente a data de 13 de dezembro de

1987, já a imagem do satélite Landsat 8, está disponível gratuitamente no acervo

digital de imagens da EarthExplorer, referente a data de 20 de dezembro de 2013.

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As imagens do satélite Landsat 5 e Landsat 8 apresentaram uma resolução

espacial de 30 x 30 metros, compatíveis com uma escala até 1:50.000. Após a

aquisição das imagens do satélite e da imagem geocover foi necessário fazer o

georreferenciamento, transferir para o mesmo sistema de coordenadas UTM e para

o sistema de referência Sirgas 2000.

4.5 Georreferenciamento

Segundo Roque et, al. (2006), o georreferenciamento é uma técnica de

processamento digital de imagens. Georreferenciar um mapa ou imagem é tornar

conhecidas as suas coordenadas num sistema de referência e corrigir as

deformações e erros decorrentes do processo de aquisição de imagens brutas do

satélite. O procedimento iniciou-se com a obtenção das coordenadas, pertencentes

ao sistema no qual se planeja georreferenciar, de pontos da imagem ou dos mapas

que foram georreferenciados. Conhecidos como ponto de controle, ou seja, são os

locais que ofereciam uma configuração física perfeitamente identificável, como

cruzamento de rodovias, rios, aeroportos, edifícios proeminentes, topos de

montanhas. O georreferenciamento é de suma importância para a criação de

projetos, baseados em SIG, uma vez que o espaço geográfico é formado por um

conjunto de diferentes planos de informação, os quais possuíam o mesmo sistema

de referência para que acontecesse a sobreposição.

Após obter a imagem geocover e configurá-la no sistema de coordenadas

UTM e referenciar no sistema de referência Sirgas 2000, foi realizado o

georreferenciamento da imagem do satélite Landsat 5 de 13 de dezembro de 1987,

com a utilização de 10 pontos de avaliação e 10 pontos para o georreferenciamento.

Esse mesmo processo também foi realizado com a imagem do satélite Landsat 8 de

20 de dezembro de 2013.

Após o processo de georreferenciamento foram organizadas as composições

coloridas RGB com as bandas 5, 4 e 3, cabendo a cada banda representar uma

região espectral, sendo que a banda 5 representa o infravermelho médio, o qual

apresenta um potencial para a captação das queimadas, uso do solo, vegetação,

rios, lagos, nuvens e neve, e a banda 4 representa o infravermelho próximo, que

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apresenta um potencial para a captação da vegetação, silvicultura, geomorfologia,

solos, geologia e uso do solo, e a banda 3 representa o vermelho, a qual apresenta

um potencial para a captação da mancha urbana e identifica áreas agrícolas. Com

as composições RGB543 organizadas, mostraram-se claramente os limites entre o

solo e a água, com a vegetação mais discriminada, aparecendo em tonalidade de

verde e o solo com a cor magenta. Esse processo foi realizado com a imagem do

Landsat 5 e 8 sendo que a única diferença é que a composição colorida do Landsat

8 RGB654, para apresentar a mesma composição de cores. Depois de realizados

esses processos, foram feitas as vetorizações dos componentes das imagens.

4.6 Vetorização

O processo de vetorização é uma série de ações que transformam uma

imagem ou carta no formato matricial para o vetorial, ou seja, é a transformação das

informações de uma estrutura raster para a estrutura vetorial, sobre as quais é

possível fazer as operações algébricas diversas (VIEIRA, 1998). O procedimento de

vetorização foi realizado com base na vetorização manual em tela para todos os

períodos analisados. Optou-se por essa técnica porque a área não é de grande

extensão e nem de difícil compreensão entre os elementos nas imagens.

A vetorização foi realizada no software ArcGis 10.1. Nesta técnica foram

digitalizados os traçados que delimitam o leito do rio para cada ano analisado. Após

ser delimitada toda a área do leito do rio, efetuou-se a etapa de poligonalização, que

gerou um mapa temático do rio, representando o espaço de ocupação do rio na área

em estudo. Também foram vetorizadas as ilhas e as áreas de sedimentação nos

dois anos em estudo. Com todos os mapas digitalizados e com os polígonos

finalizados, foi possível saber a variação do leito fluvial do rio Taquari.

4.7 Avaliação do leito fluvial do Rio Taquari

Para a avaliação da mudança da posição do leito e variação de largura do rio

durante os 26 anos, foi realizada a vetorização manual gerando um polígono do leito

do rio, polígonos das ilhas fluviais e polígonos dos depósitos de sedimentos. Ao

longo do rio, na imagem de 13 de dezembro de 1987, foram inseridos 30 vetores

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cruzando as margens, com espaçamento entre eles de 1 km, em seguida esses

vetores foram postos na imagem de 20 de dezembro de 2013, com o objetivo de

saber a mudança e a diferença de largura entre as margens. Também foi avaliada a

migração do leito, quantidade de sedimentos acumulados na superfície do canal e a

área das ilhas, ambas em metros quadrados.

Figura 10 - Fluxograma

Fonte: Autor

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados do estudo são expressos em mapas temáticos, contemplando a

variação da área, do perímetro, da largura e da migração do leito do rio Taquari,

além da avaliação das modificações nas ilhas e da área de sedimentos depositados

entre os municípios de Muçum e Arroio do Meio, nos anos de 1987 e 2013. Após a

sobreposição e a comparação entre as imagens, defasadas no tempo pegou-se a

área de cada elemento do ano de 2013, e subtraiu-se com os elementos

correspondentes do ano de 1987. Para obter o resultado da diferença de área, o

quanto e para onde o rio está migrando, realizaram-se cálculos algébricos, conforme

demonstram as tabelas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e as imagens abaixo. Os cálculos da área

foram feitas a partir do software ArcGis 10.1 e realizados sobre a área ocupada por

água na calha. Estes mapa estão sendo representados na escala de 1:115.000.

5.1.1 Variação do Leito do Rio

Tabela 1 – Quantidade da área de variação do leito do Rio Taquari

- 1987 (ha) 2013 (ha) Diferença

Absoluta - ha Diferença

Relativa - %

Área 767,00 823,88 +56,90 +7,42

Fonte: Autor

Pela Tabela 1 disposta acima evidencia-se um aumento na área do rio de

56,90 hectares do decorrer do ano de 1987 para o ano de 2013, correspondendo

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esse aumento de 7,42% em sua área demonstrado na figura 11 . Neste resultado da

variação do leito do rio verificou-se a remoção dos sedimentos e das ilhas.

Figura 11 – Ilustração da mudança do Leito do Rio

Fonte: Autor

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A Figura 11 mostra a sobreposição da poligonal do leito do Rio Taquari de

1987 e 2013, evidenciando uma diferença do aumento na quantidade da área do

canal fluvial, essa diferença é mostrada pelo extravasamento da margem.

5.1.2 Variação da Margem do Rio

Tabela 2 - Extensão das margens do Rio Taquari nos anos de 1987 e 2013

_ 1987 2013 Diferença

Absoluta - km Diferença

Relativa - %

Extensão da Margem Direita

48,18 km 48,08 km -0,10 -0,21

Extensão da Margem Esquerda

48,23 km 48,19 km -0,04 -0,08

Fonte: Autor

A Tabela 2 acima demonstra a extensão das margens do leito do rio, onde foi

possível analisar uma diferença de ambas as margens, ilustradas na Figura 12,

tendo como resultado uma diminuição de sua extensão entre os anos mencionados.

Essa diminuição define que as margens do Rio Taquari estão ficando menos

curvadas e mais lineares. Observa-se que a margem direita teve uma redução de

sua extensão de -0,10 km, e a esquerda de -0,04 km. Como a medida é bem

pequena durante o período estudado, pode ser que essas diferenças estejam dentro

do erro do mapeamento.

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Figura 12 - Análise da extensão das margens do Rio Taquari

Fonte: Autor

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A Figura 12, ilustrada acima, apresenta o processo de modificação das

margens curvadas para lineares, sendo essa diferença pouca expressiva, onde as

margens mais antigas estão sobrepostas as mais recentes.

5.1.3 Análise da Largura do Rio

Tabela 3 - Largura do Rio Taquari através de vetores em 1987 e 2013.

Vetores Vetores 1987 Vetores 2013

Diferença entre os vetores

Largura (m) Largura (m) Largura (m) Largura (%)

1 146,05 146,05 0,00 0,00

2 181,82 199,44 17,62 9,69

3 231,09 247,83 16,75 7,24

4 144,57 166,16 21,59 14,93

5 163,85 170,53 6,68 4,08

6 194,92 194,81 -0,11 -0,06

7 149,96 168,3 18,35 12,23

8 148,49 146,06 -2,44 -1,64

9 165,01 189,88 24,87 15,07

10 143,2 170,68 27,48 19,19

11 170,66 190,32 19,66 11,52

12 201,58 201,77 0,19 0,09

13 184,12 173,12 -11 -5,97

14 196,23 211,9 15,67 7,99

15 283,07 326,9 43,83 15,48

16 178,54 195,48 16,94 9,49

17 238,96 249,51 10,55 4,41

18 130,23 168,5 38,28 29,39

19 178,31 194,09 15,78 8,85

20 137,22 152,05 14,83 10,81

21 156,85 193,64 36,79 23,46

22 146,12 146,28 0,16 0,11

23 180,83 167,15 -13,68 -7,57

24 179,71 187,49 7,78 4,33

25 124,92 138,81 13,88 11,12

26 114,68 159,02 44,34 38,66

27 213,07 204,88 -8,19 -3,84

28 152,24 200,82 48,59 31,91

29 170,59 194,36 23,77 13,93

30 160,41 174,74 14,32 8,93

31 185,04 229,17 44,12 23,85

32 152,94 154,46 1,52 0,99

33 247,01 263,11 16,1 6,52

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Vetores Vetores 1987 Vetores 2013

Diferença entre os vetores

Largura (m) Largura (m) Largura (m) Largura (%)

34 151,03 175,18 24,15 15,99

35 143,63 118,41 -25,22 -17,56

36 164,74 159,27 -5,47 -3,32

37 169,09 157,4 -11,68 -6,91

38 149,35 175,22 25,86 17,32

39 254,23 254,23 0,00 0,00

40 162,71 195,97 33,26 20,44

41 166,55 164,37 -2,18 -1,31

42 459,17 449,95 -9,23 -2,01

43 162,3 190,4 28,1 17,31

44 146,93 150,14 3,21 2,18

45 180,97 180,98 0,00 0,01

Média (m) Média (m) Média (m) Média (%)

179,18 192,2 13,02 8,16

Fonte: Autor

A Tabela 3 mostra os dados obtidos pelo procedimento de vetorização

utilizado como parâmetro para a medição da largura do Rio Taquari entre as suas

margens. Com a utilização dos vetores foi possível demonstrar que em alguns

segmentos houve a diminuição e em outros houve o alargamento do leito. Neste

levantamento, de cada segmento, pode-se obter um resultado individual e local do

leito do rio, conforme ilustrado na Figura 13, abaixo. Com esses resultados

constatou-se que o rio teve um aumento médio em sua largura de 8,16%,

correspondente a 585,82 metros. Este resultado é a media da soma de todos os

vetores, com isso pode se concluir que o rio teve um aumento de assoreamento no

seu canal, por isso pode ter resultado no alargamento.

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Figura 13 – Demonstração do procedimento de estudo da Largura do Rio Taquari através dos vetores

Fonte: Autor

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A Figura 13, acima, ilustra o modo, a localização e o método adotado para a

avaliação da variação da largura do Rio Taquari, mediante a inserção de seções

transversais espaçadas em 1 km. Com isso foram realizadas as medições de cada

seção e subtraído o total do ano de 2013, imagens B, por a de 1987, imagens A,

resultando na largura média do leito, demonstrado na Tabela 3.

5.1.4 Análise da Migração do Leito

Tabela 4 – Resultados da Quantidade de Área da Migração do Rio Taquari entre

1987 e 2013

2013 1987 Diferença Entre as

Margens Área

Margem Direita (ha)

Área Margem

Esquerda (ha)

Área Margem

Direita (ha)

Área Margem

Esquerda (ha)

Direita (ha)

Esquerda (ha)

1,11 1,06 0,07 0,07 1,04 0,99

0,25 5,03 0,14 0,05 0,11 4,98

0,00 0,52 0,24 0,04 -0,24 0,48

6,85 0,04 0,63 0,03 6,22 0,01

0,02 0,30 0,24 0,62 -0,22 -0,33

0,04 0,37 0,02 0,12 0,02 0,25

0,51 5,71 0,06 0,01 0,45 5,70

16,54 0,19 0,69 0,25 15,85 -0,07

3,66 0,11 0,07 1,03 3,59 -0,92

18,87 0,05 0,26 0,42 18,61 -0,38

0,01 0,05 0,13 8,87 -0,12 -8,82

14,09 0,04 0,03 0,04 14,06 0,01

4,63 0,30 0,05 1,02 4,58 -0,71

0,44 1,07 0,01 0,40 0,43 0,67

5,91 0,95 0,03 0,02 5,88 0,93

0,05 0,43 1,36 0,25 -1,31 0,19

0,67 0,05 0,44 0,01 0,23 0,05

0,62 1,66 - 0,43 0,62 1,23

4,09 5,72 - 0,15 4,09 5,56

9,20 0,42 - 0,60 9,20 -0,19

- 1,05 - 3,81 - -2,77

- 0,05 - 2,72 - -2,68

- 5,29 - 0,33 - 4,95

- 0,07 - 1,78 - -1,71

- 0,40 - 3,10 - -2,69

- 0,04 - 1,56 - -1,52

- 0,06 - 8,82 - -8,76

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2013 1987 Diferença Entre as

Margens Área

Margem Direita (ha)

Área Margem

Esquerda (ha)

Área Margem

Direita (ha)

Área Margem

Esquerda (ha)

Direita (ha)

Esquerda (ha)

- 0,38 - 2,19 - -1,81

- - - 1,50 - -1,50

- - - 0,91 - -0,91

- - - 2,36 - -2,36

- - - 0,12 - -0,12

Total (ha)

Total (ha)

Total (ha)

Total (ha)

Total (ha)

Total (ha)

87,56 31,41 4,48 43,65 83,08 -12,23

Média (ha)

Média (ha)

Média (ha)

Média (ha)

Média (ha)

Média (ha)

4,38 1,12 0,26 1,36 4,25 -0,38

Diferença Absoluta Margem Direita (ha) 83,08 -12,23 Diferença Absoluta Margem Esquerda (ha)

Fonte: Autor

A Tabela 4, disposta acima, analisa a migração do leito do Rio Taquari no

período estudado. Para a obtenção do resultado da migração foi realizada a

sobreposição do leito do rio primeiramente a imagem mais antiga sobre a mais

recente, logo após foi refeita a sobreposição trocando a ordem. A partir desta foram

destacadas as migrações laterais ocasionadas pela mudança no rio, mostrando

assim o crescimento ou a diminuição no âmbito de cada margem. Dessa forma

foram realizados cálculos algébricos, os dados da margem direita foram subtraindos

da imagem mais recente pela mais antiga, resultando no valor do deslocamento de

83,08 hectares para o lado direito e com a margem esquerda foi realizado o mesmo

processo, que obteve um valor do deslocamento de -12,23 hectares, sendo esse

valor negativo para a margem esquerda, conclui-se que o rio teve a migração para o

lado direito. Com a migração do rio consequentemente ocorreram perdas de solo em

áreas de cultivo agrícola em sua maior extensão, entretanto com o levantamento em

campo observou-se que em um local essa perda foi mais agravante ocasionando

danos e perdas materiais.

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Figura 14 – Ilustração do Processo de Medição do leito do rio através da

sobreposição

Fonte: Autor

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A Figura 14 ilustra a sobreposição das imagens onde podem ser observadas as

margens exercidas, na imagem A mostra o leito do rio mais antigo sobre o mais

recente, e na imagem B ilustra o mesmo processo, mas, com a ordem inversa.

5.1.5 Avaliação das Ilhas do Rio Taquari

Tabela 5 – Quantidade de Área das ilhas

Ilhas 1987 2013

Diferença entre as Ilhas

Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (%)

1 2,81 1,64 -1,18 -41,84

2 20,62 17,44 -3,18 -15,42

3 3,44 1,24 -2,20 -64,01

4 1,25 - -1,25 -

5 4,49 3,44 -1,05 -23,31

6 0,14 - -0,14 -

7 0,20 - -0,20 -

8 2,07 1,12 -0,96 -46,16

9 2,66 1,98 -0,68 -25,59

10 1,65 1,89 0,24 14,22

11 5,34 3,71 -1,62 -30,41

12 3,42 2,11 -1,32 -38,46

13 - 0,43 0,43 -

14 0,99 - -0,99 -

15 3,24 1,95 -1,29 -39,82

16 0,23 - -0,23 -

17 4,13 3,19 -0,94 -22,87

18 2,42 2,16 -0,26 -10,67

Total Total Total Total

59,10 42,29 -16,82 -344,34

Média Média Média Média

3,28 2,35 -0,93 -19,13

Diferença Absoluta (ha) -16,82

Diferença Relativa (%) -28,45

Fonte: Autor

A Tabela 5, disposta acima, evidencia a quantidade de área de cada ilha no

sentido Norte a Sul (de cima para baixo) que em 1987 existiam 17 ilhas e em 2013,

havia 13, portanto uma redução de 4 ilhas. Por sua vez, das 17 ilhas existentes em

1987, 12 permaneceram e 1 originou-se de 1987 a 2013, sendo que as demais

estavam submersas ou foram erodidas antes de 2013. Verificou-se também que

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todas as existentes em 2013 tiveram uma redução em sua área, num total de

28,45%, correspondente a 16,82 hectares a menos da área total.

Figura 15 – Ilustração do método utilizado de avaliação das ilhas no Rio Taquari

Fonte: Autor

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Para esta análise de comparação entre as ilhas, foi adotado um parâmetro no

momento da formatação das imagens, tendo sido caracterizada como ilha a

presença de vegetação (pixel verdes) sobre os depósitos aluviais. Conforme

ilustrado na Figura 15, podemos observar a redução da área e a redução da

quantidade de ilhas.

5.1.6 Análise do depósito de Sedimentos

Tabela 6 – Áreas de sedimentação no Rio Taquari

Área de deposição

1987 2013 Diferença entre os

Sedimentos

Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (%)

1 0,38 1,07 0,69 183,03

2 0,25 - -0,25 -

3 0,16 0,37 0,21 132,02

4 - 0,32 0,32 -

5 - 0,25 0,25 -

6 0,86 0,28 -0,59 -67,97

7 0,22 2,81 2,59 1153,61

8 0,57 2,86 2,30 404,23

9 - 0,27 0,27 -

10 0,34 1,38 1,04 311,45

11 0,34 1,04 0,69 201,89

12 0,25 - -0,25 -

13 - 0,28 0,28 -

14 - 0,61 0,61 -

15 0,97 0,40 -0,57 -58,69

16 - 0,25 0,25 -

17 0,22 0,98 0,76 345,39

18 1,59 5,58 3,99 250,12

19 0,96 - -0,96 -

20 - 0,40 0,40 -

21 - 0,13 0,13 -

22 - 0,34 0,34 -

23 - 0,86 0,86 -

24 - 1,59 1,59 -

25 0,73 1,96 1,22 166,60

26 - 1,87 1,87 -

27 0,41 - -0,41 -

28 0,94 0,81 -0,13 -13,88

29 0,52 0,28 -0,24 -45,43

30 1,37 2,51 1,13 82,55

31 0,88 1,51 0,63 71,16

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Área de deposição

1987 2013 Diferença entre os

Sedimentos

Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (%)

32 - 0,37 0,37 -

33 - 0,54 0,54 -

34 0,71 2,13 1,42 199,88

35 0,50 - -0,50 -

36 1,18 1,19 0,01 1,03

37 0,44 3,62 3,19 730,94

38 0,06 - -0,06 -

39 0,62 - -0,62 -

40 0,64 1,05 0,40 62,77

41 1,21 1,42 0,21 17,25

42 3,55 4,94 1,39 39,28

43 1,07 - -1,07 -

44 2,25 4,37 2,11 93,91

45 0,31 - -0,31 -

46 2,75 4,54 1,79 64,87

47 2,74 3,86 1,12 40,85

48 0,28 - -0,28 -

49 1,88 2,37 0,49 26,15

50 - 0,50 0,50 -

51 - 0,48 0,48 -

Total Total Total Total

32,17 62,39 30,22 4393,01

Média Média Média Média

0,92 1,52 0,59 175,72

Diferença Absoluta (ha) 30,22

Diferença Relativa (%) 93,95

Fonte: Autor

A Tabela 6, acima, mostra um aumento no número de áreas de deposição

sedimentar no leito do Rio Taquari na ordem Sul a Norte (de baixo para cima). Em

1987, existiam 36 locais com sedimentos e, em 2013, 41, portanto um aumento de 5

setores. Por sua vez, dos 36 locais existentes em 1987, 25 permaneceram; 16 novos

se originaram e 10 locais existentes em 1987 não aparecem mais em 2013. Esse

aumento da área de sedimentos do ano mais antigo para o mais recente foi de

93,95%, correspondente a 30,22 hectares.

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Figura 16 – Pontos de sedimentos no leito do Rio Taquari

Fonte: Autor

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A Figura 16 mostra a quantidade de sedimentos no leito do rio e a diferença

da quantidade da área através do processo de sobreposição dos sedimentos entre o

período de estudo. Do mesmo modo podemos observar o surgimento de locais de

sedimentação, tendo como parâmetro na formatação o reconhecimento das áreas

de sedimentação os depósitos que não apresentam vegetação.

Depois de gerados todos os procedimentos acima, pode-se constatar que

houve uma migração lateral do rio, aumento da deposição de sedimentos, aumento

da área do rio, diminuição da área das ilhas e diminuição do comprimento das

margens entre os municípios.

Essas mudanças que ocorrem no sistema fluvial, ao longo do tempo, são

determinadas pela interação natural e antrópica de vários fatores apontados adiante.

5.2 Processos que Interferem na Modificação do Leito do Rio

Diversos fatores podem interferir na modificação do leito do rio ao longo do

tempo, tais como o embasamento geológico, a resistência relativa das rochas, o

volume e a velocidade do corpo hídrico em cada segmento, do volume e natureza da

carga sedimentar, do comportamento dinâmico de fluxos hídricos, da forma da calha

e as interferências da vegetação insular, marginal e da planície de inundação.

Um dos processos de interferência no leito do rio é o embasamento

geológico, sendo que na área em estudo ocorrem as seguintes unidades

litoestratigráficas: Formação Serra Geral, Formação Botucatu e depósitos

quaternários pouco ou nada litificados.

A Formação Serra Geral, de idade juro cretácea, está representada nesse

trecho do rio estudado, por vários tipos de basalto, destacando-se basaltos vítreos,

amigdaloidais e basaltos microcristalinos.

A Formação Botucatu é formada por arenitos eólicos e geralmente bem

litificados. Essa formação ocorre em diversos pontos do rio, a partir de Colinas para

jusante.

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Os depósitos quaternários estão representados por conglomerados pouco

litificados (cimento limonítico) e por argilas e siltes de diferentes episódios do

pleistoceno e holoceno.

Os conglomerados são as rochas desses depósitos do quaternário, que mais

influenciam e representam sobre essas mudanças do leito do rio, acima apontadas.

As unidades litoestratificadas acima citadas influem não somente na

topografia, como também no padrão de drenagem e na forma do rio.

O meio físico de drenagem de cada rio é caracterizado em função do Tipo de

calha existente, podendo ser encontradas calhas no formato de “V” ou “U”, sendo

que as calhas em formato de “V” se tornam mais propícias à erosão das margens,

pois, com a diminuição da área no fundo do leito, tem-se uma maior velocidade de

escoamento e transporte, tendendo assim a se transformarem em calhas no formato

de “U”. Portanto, as calhas em formato de “U” tornam-se propícias a erodir com

maior facilidade as margens alargando o leito do rio, podendo ser influenciadas pelo

embasamento geológico existente.

Através da percepção visual, pode-se averiguar que o Rio Taquari tende a ter

sua calha em formato de “U”, pois seu canal apresenta um maior alargamento

devido à erosão, sendo perceptível após os períodos de cheia. Sabe-se que na área

de estudo, o embasamento geológico, na maior parte, é formado de basalto.

As rochas basálticas encontradas no decorrer da área em estudo, possuem

alta resistência na forma de promontórios locais de difícil erosão. As rochas

basálticas são vistas em diversos pontos do rio, o que se pode observar na Figura

abaixo, 17, situada na cidade de Roca Sales.

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Figura 17 - Foto da rocha promontória situada no município de Roca Sales

Fonte: Autor

Nos períodos de cheia, com o maior volume e velocidade na água do Rio

Taquari, aumenta o movimento e a energia das águas, gerando fluxo laminar e fluxo

turbulento. O primeiro ocorre quando as várias camadas do fluido deslizam umas em

relação às outras, sem que haja a mistura de material, levando em consideração que

o fluxo laminar pode ser observado não somente nos períodos de cheia. Já o fluxo

turbulento é originado quando através das linhas de fluxo verificam-se flutuações de

velocidades que excedem um valor crítico. Essas flutuações são causadas por

redemoinhos produzidos quando a água passa por obstáculos ou irregularidades de

superfícies ou contornos rugosos encontrados no fundo ou nas margens do rio. No

regime de fluxo turbulento, normalmente há a ocorrência de transportes de

sedimentos de maior granulometria, como cascalhos, conglomerados e seixos,

tendo carga suspensa e carga de fundo. A carga de fundo só ocorre por que o rio

apresenta uma maior eficiência, devido ao aumento de sua vazão, sendo o

transporte por deslizamento ou por saltação ao longo do leito, e a carga suspensa é

constituída de partículas de graduação reduzidas que se conservam em suspensão,

como areia e argila. Segundo Christofoletti (1981), em períodos de intensa

precipitação, a quantidade de carga sólida pode representar uma média de 70% a

90% do total de um ano hidrológico, podendo chegar a 99% de toda a carga sólida

transportada de um rio em eventos de maior pluviosidade. Conforme a eficiência vai

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diminuindo, os sedimentos de maior granulometria vão se depositando no fundo do

leito do rio e em suas margens. Esse processo de transporte de sedimentos descrito

acima ocorre no Rio Taquari, sendo que os sedimentos mais grosseiros são

compostos por cascalho, e seixos que são evidenciados quando o rio está com o

sua vazão normal ou em épocas de seca, conforme Figura 18.

Figura 18 - Depósitos de cascalho e conglomerado nas margens do Rio Taquari

Fonte: Autor

O surgimento de sedimentos no meio da calha do Rio Taquari constitui uma

falta determinante do controle da velocidade das águas, no seu direcionamento na

calha e contra as margens, além de formar o acúmulo de sedimentos por represar,

muitas vezes, as águas. Outra possibilidade se dá por obter uma barreira natural,

onde em períodos de cheia, quando o rio transporta os sedimentos mais grosseiros,

ocorre uma rápida redução em sua vazão, assim fazendo com que esse sedimento

se deposite no fundo, servindo como uma barreira natural para outros sedimentos,

resultando em acúmulos. No período de seca esses acúmulos são perceptíveis,

acima da lâmina d’água, tornando-se ilhas fluviais, conforme ilustrado na Figura 19,

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fixando-se nesse local através do surgimento de espécies florísticas, tornando difícil

o desprendimento (erosão) do solo. Esses processos das ilhas fluviais podem ser

observados em vários pontos da área em estudo no Rio Taquari, que apresentam

uma vegetação de pequeno a médio porte.

Figura 19 - Ilha fluvial consolidada entre os municípios de Encantado e Roca Sales

Fonte: Autor

A cobertura vegetal é de fundamental importância nas margens e na planície

de inundação nos períodos de precipitação pluviométrica para auxiliar na infiltração

d’água difundindo o fluxo e preservando o solo. Já a sua retirada acarreta o

escoamento superficial, e a partir disso diminui a capacidade de infiltração e

aumenta a capacidade do desprendimento (erosão) do solo, sendo transportado

para áreas mais baixas, ou seja, cursos hídricos.

Com este estudo, foi possível observar determinados processos que ocorrem

no Rio Taquari, sendo que alguns podem ser perceptíveis após períodos de cheias e

outros necessitam um período de maior estudo e acompanhamento da área.

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Um dos pontos que se demonstraram mais vulneráveis na área de estudo

foram as margens e planícies de inundação, já que a migração do leito do rio

interfere direta e indiretamente sobre elas, especialmente onde as mesmas tiveram

suas vegetações suprimidas para o cultivo agrícola. Assim, houve maior facilidade

para a ação da erosão do solo, acarretando o assoreamento do canal, além da

perda do solo com a instalação inadequada em suas planícies de inundação,

resultando em prejuízo e perda para famílias e municípios.

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6 CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste trabalho de conclusão do curso de Engenharia

Ambiental, cujo objetivo foi gerar mapas multitemporais sobrepostos do leito do rio

Taquari e de seus elementos a partir de imagens do satélite Landsat 5 e 8, entre os

municípios de Muçum a Arroio do Meio. Para a geração deste processo foi preciso o

uso de software específico associado ao sensoriamento remoto e

geoprocessamento, com objetivo de realizar e gerar mapas multitemporais com a

demarcação da migração do canal e as modificações dos elementos do leito com o

passar do tempo.

Ao final do trabalho e das análises realizadas, é possível concluir que:

Durante o intervalo de 26 anos, entre as imagens pode-se averiguar

uma migração horizontal do rio para o lado direito, fazendo com que

ocorresse a perda do solo em determinados pontos, sendo em alguns

pontos com maior perda e em outros menores. Essa perda afeta em

sua maioria os produtores rurais, que têm sua área de cultivo reduzida,

exceto no ponto localizado na cidade de Encantado, onde essa perda

gerou prejuízos financeiros, resultando na destruição de um

estabelecimento. Contudo, se a água nesse ponto continuar

avançando, causará danos à rodovia RS-130.

Os sedimentos tiveram um crescimento em toda a extensão do rio,

intercorrendo esses acúmulos em ambos os lados, possivelmente pelo

direcionamento da água como também pela influência dos meandros.

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Esse crescimento gera um benefício no setor financeiro, tendo em vista

que muitos empreendedores requerem a licença ao órgão competente

para fazer a extração da areia e dos cascalhos para fins da construção

civil.

As ilhas tiveram uma redução em sua área total. Esse fator pode se dar

pela possível mudança do leito e da direção das águas do rio.

Para que o presente trabalho tivesse uma variação temporal do leito,

foram adquiridas imagens de satélite de médio intervalo entre elas,

sendo que essas imagens apresentaram restrições, por ter uma

resolução de média a baixa qualidade. Optou-se por essas imagens

porque as de melhor resolução só começaram a ser comercializadas

cerca do ano de 1999. Portanto, não haveria como avaliar o leito do

Rio Taquari num período curto de 15 anos.

Devido à imagem apresentar uma média a baixa qualidade, encontrou-

se dificuldade para realizar o traçado de poligonização do leito do rio,

sendo que o erro médio quadrático pode ser no máximo de 30 metros.

A realização deste trabalho permitiu mais conhecimento e maior experiência

sobre as geotecnologias do que se possuía antes. Contudo, pode-se perceber a

necessidade de realizar mais pesquisas na área, principalmente em relação aos

problemas futuros que poderão surgir em virtude da migração, tanto para os

municípios como para os agricultores e para as pessoas que possuem residências

próximas do Rio Taquari.

O real objetivo deste trabalho de conclusão de curso foi o de agregar todo o

conhecimento obtido nas disciplinas estudadas no curso de Engenharia Ambiental,

proporcionando a evolução acadêmica e profissional pretendida.

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