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INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO GAYA Escola Superior de Desenvolvimento Social e Comunitário Administração Pública Estágio e Projecto Curricular 3º Ano Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu Aluno: Priscilla Lopes Orientador Académico: Prof. Doutor João Rocha Monteiro Vila Nova de Gaia, 18 de Outubro de 2013

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In downfallen economic and financial situation with a scenario where the lack of resources remains as a problem, Portugal clearly shows a challenge to manage and administer its estate, and at the same time, comply with the limitations imposed by Troika. This curricular project aims to demonstrate the viability of a public project, including the implementation of a technology worthily competitive, based on financial indicators, which should achieve positive results, enough to become a self-sustainable investment. The object of study was the Casa-Museu Teixeira Lopes, who under guardianship of Gaianima Municipal Equipment, E. E. M., gets legal, administrative and financial restrictions, that can’t be violated, thus posing a major challenge to this project. It is intended by this study prove that it is possible to invest in public projects, and achieve positive financial return, without compromising the basic principles of public administration. As can be seen in the outcome of this work, the project is characterized as viable and implementable by the indicators used show positive results.

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Page 1: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO GAYA Escola Superior de Desenvolvimento Social e Comunitário

Administração Pública

Estágio e Projecto Curricular

3º Ano

Análise Económico-Financeira de um Investimento: A

Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu

Aluno: Priscilla Lopes

Orientador Académico: Prof. Doutor João Rocha Monteiro

Vila Nova de Gaia, 18 de Outubro de 2013

Page 2: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO GAYA

Escola Superior de Desenvolvimento Social e Comunitário

Av. dos Descobrimentos, 333

4400-103 Santa Marinha - Vila Nova de Gaia

Administração Pública

Projecto Curricular

3º Ano

Análise Económico-Financeira de um Investimento: A

Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu

Aluno: Priscilla Lopes

Orientador Académico: Prof. Doutor João Rocha Monteiro

Vila Nova de Gaia, 18 de Outubro de 2013

Page 3: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

I

Declaração de originalidade e respeito pelos direitos de autor

Priscilla Amy Lopes portador do Cartão de Cidadão nº 13311115, discente do 3º ano da

Licenciatura em Administração Pública, declara para os devidos efeitos, que o presente

projecto foi realizado na íntegra pelo signatário, é original e o material proveniente de

fontes está devidamente assinalado e referenciado na sua totalidade.

x-feira, x de Outubro de 2013

________________________________________________

(Priscilla Amy Lopes)

Page 4: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

II

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,

Sê um arbusto no vale mas sê

O melhor arbusto à margem do regato.

Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.

Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva

E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,

Sê apenas uma senda,

Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...

Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

Page 5: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

III

Notifico que o presente documento foi elaborado em conformidade com o

acordo ortográfico tradicional.

Page 6: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

IV

Agradecimentos

A conclusão deste projecto representa o desfecho de um capítulo da vida,

repleta de peripécias, experiências, e de conhecimentos que serão o alicerce para o

futuro tanto profissional, como pessoal. Representa igualmente o fim de três anos de

dedicação à licenciatura em Administração Pública, cuja conclusão foi apenas possível

pelas contribuições de professores das diferentes áreas disciplinares, e também de

colegas de curso como dos demais cursos que sempre se mostraram disponíveis para

apoiar o estudo e a compreensão das unidades curriculares ao longo deste percurso

académico.

É de salientar o apoio, colaboração e dedicação do Professor Doutor João

Rocha Monteiro, orientador deste projecto curricular, que sempre se mostrou

disponível para o esclarecimento, de todas as dúvidas que surgiram na elaboração do

mesmo.

Ao Dr. João Luís Nunes Pinto e Engenheiro Miguel Alves, como responsáveis

pela B-Around, Lda. na forma que acolheram este projecto e tornaram o meu estágio

curricular tão interessante quanto possível.

Uma palavra de reconhecimento à Dr.ª Patrícia Silva, que como coordenadora

da licenciatura em Administração Pública, teve um papel preponderante para que o

curso desenrola-se com tamanha ordenação, tal como protegeu a cooperação entre

docentes e discentes, fundamental para um ambiente académico agradável.

À Casa Museu Teixeira Lopes agradeço a disponibilidade demonstrada e o

auxílio, que efectivamente foi essencial, para a conclusão deste projecto.

Por fim, agradeço à família e amigos pela energia transmitida ao longo deste

percurso.

Page 7: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

V

Índice

Introdução ........................................................................................................... - 2 -

Capitulo I – A Administração Pública ............................................................... - 4 -

1 Caracterização.................................................................................................. - 4 -

2 A Administração Pública Local ....................................................................... - 8 -

3 Novas Tecnologias na Administração Pública ............................................ - 10 -

4 Museus, Cultura e Património na Administração Pública Local ................. - 13 -

4.1 Evolução do conceito dos Museus ............................................... - 13 -

4.2 Museus, Turismo e Desenvolvimento ........................................... - 16 -

4.3 Os museus e a Administração Local ............................................ - 20 -

Capítulo II – Avaliação de Projectos de Investimento ................................... - 24 -

1 Caracterização................................................................................................ - 24 -

2 Tipologia de Projectos ................................................................................... - 26 -

3 Critérios de Avaliação .................................................................................... - 27 -

3.1 Período de Recuperação do Investimento (PRI) .......................... - 28 -

3.2 O Valor Actual Líquido (VAL) ........................................................ - 29 -

3.3 Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) .............................................. - 30 -

3.4 Análise Benefício/Custo (AB/C) .................................................... - 31 -

Capítulo III – Problemática, Hipóteses e Metodologia ................................... - 32 -

1 Problemática e Hipóteses .............................................................................. - 32 -

2 Metodologia .................................................................................................... - 33 -

Capítulo IV – B-Around Art na Casa Museu Teixeira Lopes .......................... - 35 -

1 B-Around Art .................................................................................................. - 35 -

1.1 Funcionalidades da B-Around Art ................................................ - 37 -

2 Casa Museu Teixeira Lopes .......................................................................... - 41 -

2.1 Enquadramento Histórico da Casa Museu Teixeira Lopes ......... - 41 -

3 B- Around Art na Casa Museu Teixeira Lopes ............................................. - 42 -

4 Avaliação do Investimento ............................................................................ - 43 -

Page 8: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

VI

4.1 Pressupostos ................................................................................. - 43 -

4.2 Vendas ............................................................................................ - 44 -

4.3 Fornecimentos e Serviços Externos ............................................. - 45 -

4.4 Investimento ................................................................................... - 47 -

4.5 Financiamento ................................................................................ - 48 -

4.6 Demonstração de Resultados ........................................................... 50

4.7 Balanço ............................................................................................... 50

4.8 Avaliação do Projecto B-Around Art ................................................. 52

Conclusão ............................................................................................................. 57

Bibliografia............................................................................................................ 60

Publicações Electrónicas .................................................................................... 62

Websites Consultados ......................................................................................... 65

Legislação Consultada......................................................................................... 66

Anexos .................................................................................................................. 67

Anexo 1 - Pressupostos ......................................................................................... 68

Anexo 2 - Vendas ................................................................................................... 68

Anexo 3 – Fornecimentos e Serviços Externos ...................................................... 69

Anexo 4 – Investimento em Fundo de Maneio ........................................................ 69

Anexo 5 - Investimento ........................................................................................... 70

Anexo 6 - Financiamento ........................................................................................ 71

Anexo 7 – Demonstração de Resultados Previsional ............................................. 71

Anexo 8 – Mapa de Cash Flows Operacionais ....................................................... 72

Anexo 9 – Plano Financeiro .................................................................................... 72

Anexo 10 - Balanço ................................................................................................ 73

Anexo 11 – Avaliação do Projecto .......................................................................... 74

Anexo 12 – Cálculos Auxiliares .............................................................................. 75

Anexo 13 – Cálculos Auxiliares .............................................................................. 76

Anexo 14 – Tarifa de Água por M3 .......................................................................... 77

Anexo 15 – Caudal da Torneira .............................................................................. 77

Page 9: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

VII

Anexo 16 – Autonomia de Baterias de Ipad ............................................................ 77

Anexo 17 – Potência de carregador de Ipad ........................................................... 77

Anexo 18 – Tarifa de Electricidade por Kw/h .......................................................... 78

Anexo 19 – Capacidade de Reservatório de Sanita................................................ 78

Anexo 20 – Orçamento de Ipads 4 ......................................................................... 79

Anexo 21 – E-mail de Pedido de Orçamento .......................................................... 80

Anexo 22 – Orçamento da Aplicação B-Around Art ................................................ 81

Page 10: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

VIII

Índice de Figuras

Figura 1 - Os Níveis da Administração Pública ......................................................... - 5 -

Figura 2 - Organização da Administração do Estado ................................................ - 6 -

Figura 3 - Relação entre: Desenvolvimento, Museus e Turismo ............................. - 16 -

Figura 4 - Modelo Relacional Intermédio................................................................. - 17 -

Figura 5 - Modelo Relacional Intermédio................................................................. - 18 -

Figura 6 - Relação dos Museus Com a cadeia de Valor do Turismo ....................... - 19 -

Figura 7- Estrutura da Apresentação da Aplicação B-Around Art ............................ - 36 -

Figura 8 - Detecção da Obra ................................................................................... - 37 -

Figura 9 - Informação detalhada da Obra, Autor, Obras Relacionadas ................... - 38 -

Figura 10 - Partilha da Obra .................................................................................... - 39 -

Figura 11 - Detecção de Técnicas de Arte utilizadas .............................................. - 40 -

Figura 12 - Planta do Museu: Você Está Aqui! ........................................................ - 40 -

Figura 13 - Zoom e Highlights direccionados à obra ............................................... - 41 -

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IX

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Museus Polinucleados e Núcleos por Situação e por Ano ..................... - 22 -

Tabela 2 - Museus por Tutela e por Ano ................................................................. - 23 -

Tabela 3 - Museus da Administração Local por Ano ............................................... - 23 -

Tabela 4 - Previsão de Vendas - Projecto B-Around Art ......................................... - 44 -

Tabela 5 - Fornecimentos e Serviços Externos ....................................................... - 45 -

Tabela 6 - Cálculo Auxiliar do Consumo de Água durante os Anos de Vida do Projecto

- 46 -

Tabela 7 - Pressupostos de Cálculo do Consumo de Água .................................... - 46 -

Tabela 8 - Pressupostos de Consumo Eléctrico ...................................................... - 47 -

Tabela 9 - Investimento do Projecto B-Around Art .................................................. - 48 -

Tabela 10 - Financiamento do Projecto B-Around Art ............................................. - 48 -

Tabela 11 - Demonstração de Resultados Previsional do Projecto B-Around Art ........ 50

Tabela 12 - Balanço previsional do projecto B-Around Art .......................................... 51

Tabela 13 - Avaliação do Projecto B-Around Art, sob a Perspectiva do Investidor ...... 55

Tabela 14 - Avaliação do Projecto B-Around Art sob a Perspectiva do Projecto ......... 56

Page 12: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

X

Lista de Abreviaturas Utilizadas

AB/C – Análise Benefício/Custo

AMA - Agência para a Modernização Administrativa

AP – Administração Pública

CFE - Centros de Formalidades de Empresas

CRP – Constituição da República Portuguesa

FSE – Fornecimentos e Serviços Externos

IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, I.P.

ICOM – Internacional Council of Museums

IGLC - Instituto para a Gestão das Lojas do Cidadão

IPM – Instituto Português de Museus

PRI – Período de Recuperação do Investimento

RPM – Rede Portuguesa de Museus

TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação

TIR – Taxa Interna de Rentabilidade

UCMA - Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa

UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, I.P

VAL – Valor Actual Líquido

Page 13: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

Resumo

Numa situação económica e financeira debilitada e num panorama em que a

falta de recursos permanece como problemática primordial, Portugal patenteia

claramente um desafio de gerir e administrar o seu património e, paralelamente cumprir

com as limitações impostas pela Troika. Este projecto curricular tem como objectivo

evidenciar a viabilidade de um projecto público, nomeadamente na implementação de

uma tecnologia dignamente competitiva, com base em indicadores financeiros, que

devem obter resultados positivos suficientes para tornar o investimento auto-

sustentável. O objecto de estudo foi a Casa-Museu Teixeira Lopes, que sob tutela da

Gaianima Equipamentos Municipais, E. E. M., obtém restrições legais, administrativas e

financeiras que não poderão ser transgredidas, colocando assim, um maior desafio ao

presente projecto. Pretende-se através deste estudo provar que é possível investir em

projectos públicos, e obter retorno financeiro positivo, sem comprometer os princípios

fundamentais da Administração Pública. Como se pode verificar no desfecho deste

trabalho, o projecto caracteriza-se como viável e implementável, pelo que os indicadores

utilizados revelam resultados positivos.

Palavras-passe: Gestão, Tecnologia, Municípios, Administração Local

Abstract

In downfallen economic and financial situation with a scenario where the lack of

resources remains as a problem, Portugal clearly shows a challenge to manage and

administer its estate, and at the same time, comply with the limitations imposed by

Troika. This curricular project aims to demonstrate the viability of a public project,

including the implementation of a technology worthily competitive, based on financial

indicators, which should achieve positive results, enough to become a self-sustainable

investment. The object of study was the Casa-Museu Teixeira Lopes, who under

guardianship of Gaianima Municipal Equipment, E. E. M., gets legal, administrative and

financial restrictions, that can’t be violated, thus posing a major challenge to this project.

It is intended by this study prove that it is possible to invest in public projects, and

achieve positive financial return, without compromising the basic principles of public

administration. As can be seen in the outcome of this work, the project is characterized

as viable and implementable by the indicators used show positive results.

Keywords: Management, Technology, Municipals, Local Administration

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

Introdução

O presente projecto surge no âmbito da unidade curricular de Estágio e

Projecto Curricular, componente da Licenciatura em Administração Pública do Instituto

Superior Politécnico Gaya. O mesmo pretende expor um resultado que ofereça

resposta ao tema seleccionado.

A Administração Pública tem vindo a melhorar de forma contínua a sua relação

com as novas tecnologias, promovendo um ambiente inovador no seio dos seus

serviços, e dando respostas cada vez mais eficientes ao cidadão, na medida em que

este se torna cada vez mais exigente.

O projecto a que este documento se refere é ávido, pelo que o desafio não se

coloca apenas pela inserção de uma nova tecnologia no seio de um dado serviço

público, como também o respectivo investimento deverá ser viável pelo seu auto-

sustento.

Na tentativa de alcançar respostas credíveis que não comprometam os

princípios fundamentais da Administração Pública, o presente trabalho encontra-se

dividido em quatro capítulos.

No primeiro capítulo é descrita a forma como é organizado o Estado, a

actividade e funções desenvolvidas pela Administração Pública tal como as

competências da Administração Local. São igualmente expostos os vários níveis e

respectivos poderes a que respeitam. Atendendo que o tema deste documento, revela-

se de tamanha tecnologia, é absolutamente fundamental conhecer a forma como as

novas tecnologias têm incrementado no seio do serviço público. No intuito de

contextualizar o objecto deste estudo, torna-se pertinente compreender a evolução do

conceito de Museu, tal como a sua relação com o turismo e o desenvolvimento

regional e ainda, a sua ligação com a administração local.

O sector público encontra-se em abundantes situações, numa posição de nível

inferior face ao sector privado, nomeadamente quanto estes são concorrentes e

especificamente quando se trata de tecnologia. Deve-se em parte, à ausência de

interesse em realizar investimentos, que à partida aparentam avultados quando não

existe perspectiva de retorno económico-financeiro. Efectivamente o sector público é

encarado e caracterizado como não lucrativo. No entanto, poderá considerar-se

lucrativo este sector, quando o investimento realizado prever, um resultado positivo o

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- 3 -

Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

suficiente para tornar o mesmo apenas auto-sustentável? A resposta a esta questão,

ou solução desta problemática, poderá não ser presenteada neste documento,

contudo, no segundo capítulo encontra-se a contextualização teórica relativamente à

avaliação de projectos de investimento que visam para além do retorno económico-

social a possibilidade de retorno financeiro.

O terceiro capítulo refere-se à problemática caracterizada como a questão

representativa do ponto de partida deste estudo, as hipóteses resultantes do projecto e

ainda a metodologia utilizada.

O último capítulo respeita o caso prático na qual se elegeu a Casa-Museu

Teixeira Lopes na aplicação do projecto B-Around Art. Como tal, é descrita a forma

como funciona a respectiva aplicação multimédia, tal como é elaborada um breve

enquadramento histórico da respectiva Instituição. Posteriormente, procede-se à

avaliação do investimento com o rigor e minúcia considerados indispensáveis na

percepção dos resultados financeiros alcançados.

Por fim, e suportando toda a informação teórica redigida neste documento em

paralelo com os resultados obtidos no caso prático, serão anotadas as principais

reflexões conclusivas, que poderão tornar-se alicerçais para estudos posteriores a

este.

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

Capitulo I – A Administração Pública

1 Caracterização

A Administração Pública engloba um conjunto variado de actividades e

organizações, pelo que algumas procuram a produção de bens e serviços, outras

buscam a regulação social e económica, e outras referem-se às funções de soberania

do Estado. Funcionará tanto melhor quanto mais eficiente for na utilização dos seus

recursos, e melhor alcance obtiver no exercício das suas funções. Tendo em conta

que a Administração Pública tem um impacto na sociedade e na economia a nível

nacional, regional e local, importa perceber de que forma são distribuídas as

respectivas funções - estabilização económica, distribuição de recursos e alocação de

recursos.

Reflectindo sobre a complexidade apontada por Manuel Gonçalves Martins1

(2010/2011), em definir um único conceito, a Administração Pública em sentido

orgânico, é o sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado e as demais pessoas

colectivas públicas, que asseguram em nome da comunidade a satisfação regular e

contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar.

A Administração Pública inclui o ramo executivo, legislativo e judicial e as suas

inter-relações revelam um papel importante na formulação das políticas públicas, e

afirmam-se como parte do processo político. Diferencia-se da gestão privada contudo

relaciona-se com muitos grupos privados. (Martins, 2010/2011)

O recurso ao sector privado para o fornecimento de bens e serviços é utilizado

pelos Governos, desde há muitas décadas. Nestas situações, o Estado exerce o seu

papel de regulador. Actualmente, a tendência para privatizar funções do Estado, é

maior e abrange sectores que no passado eram considerados parte integrante das

prerrogativas dos Governos. O recurso a contractos com empresas privadas não reduz

necessariamente a intervenção do Estado, contudo, força-o a adoptar formas

diferentes de intervenção e a redefinir o seu papel. (Martins, 2010/2011)

1 A informação colhida para suportar uma parte deste capítulo, fundamentou-se em conceitos

leccionados no decorrer da unidade curricular de Princípios de Administração Pública, pelo Professor Catedrático Manuel Gonçalves Martins, pelo que a data citada corresponde ao período da respectiva unidade curricular.

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

A Administração Pública tal como a figura 1 representa, manifesta-se de forma

directa e indirecta. De forma directa, quando os serviços são fornecidos directamente,

através da estrutura hierárquica do Governo, pelos serviços centrais ou

desconcentrados. São portanto actividades cuja execução está a cargo de estruturas

dependentes da Administração Central. De forma indirecta, quando o Governo se

liberta da sua responsabilidade pelo fornecimento de serviços, criando organizações

autónomas. (DGAEP - Direcção geral da administração e do emprego público)2

Figura 1 - Os Níveis da Administração Pública

Fonte: adaptado de Cardoso (2012)3

Como se verifica no esquema anterior, a Administração Independente obtém

o poder de supervisionar a Administração Directa, a Administração Indirecta e a

Administração Autónoma. Por sua vez a Administração Directa verifica a legalidade e

o mérito (Poder de Superintendência) das decisões tomadas pela Administração

2 A informação referenciada pela DGAEP – Direcção Geral de Administração e de Emprego

Público, foi colhida no respectivo site oficial: http://www.dgap.gov.pt 3 Informação referenciada por Cardoso (2012), refere-se àquela que foi obtida no decorrer da

unidade curricular de Governo e Administração Local, leccionada pelo Doutor Agostinho Cardoso, pelo que a data referida corresponde ao período em que a mesma foi leccionada.

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- 6 -

Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

Indirecta, assim como pode verificar a legalidade (Poder de Tutela) das acções da

Administração Autónoma.

A Administração Regional tal como a Administração Local que incluem-se na

Administração Autónoma completam-se, com uma administração directa e uma

administração indirecta, obtendo uma matriz organizacional semelhante à

Administração Central. Contudo, exercem as suas competências exclusivamente

sobre o território da respectiva região/autarquia local e nos limites das suas

autonomias definidas na Constituição da República e nos respectivos Estatutos

político-administrativos. (Figura 2) (DGAEP - Direcção Geral da Administração e do

Emprego Público)

Figura 2 - Organização da Administração do Estado

Fonte: adaptado de DGAEP

De acordo com a Lei n.º4 /2004, de 15 de Janeiro, a Administração Directa é

composta pelos serviços centrais e periféricos, sujeitos ao poder de direcção dos

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

membros do Governo. Os serviços centrais exercem a sua competência em todo o

território nacional e os periféricos numa área territorial restrita.

Por sua vez, a Lei n.º3 /2004, de 15 de Janeiro, alterada pela Lei n.º 51/2005,

de 30 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 200/2006, de 25 de Outubro e pelo Decreto-Lei

n.º 105/2007, de 3 de Abril, refere que a Administração Indirecta do Estado é

constituída por organismos dotados de personalidade jurídica e de órgãos

e património próprios, sujeitos a superintendência e tutela do Governo, criados para o

desenvolvimento de atribuições que, devido à sua especificidade, o Estado entende

não dever prosseguir através de serviços submetidos à direcção do Governo, sendo,

em regra, dotados de autonomia administrativa e financeira, entre os quais se incluem

os institutos públicos.

Os princípios fundamentais da Administração Pública no exercício das suas

actividades e funções cingem-se, ao artigo 266º da Constituição da República

Portuguesa, expondo que “ a Administração Pública visa a prossecução do interesse

público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos pelos cidadãos”,

pelo que devem ser satisfeitos os “princípios da igualdade, da proporcionalidade, da

justiça, da imparcialidade e da boa-fé no exercício das funções realizadas, pelos

órgãos e agentes administrativos”.

A Administração Local aproxima-se dos cidadãos representando uma forma de

descentralização administrativa. Assim, o artigo 267º da CRP4, esclarece que “a

Administração Pública será estruturada de forma evitar a burocratização, a aproximar

os serviços das populações e a assegurar a participação dos interessados na sua

gestão efectiva”… para tal, “ a lei estabelecerá adequadas formas de descentralização

e desconcentração administrativas, sem prejuízo da necessária eficácia e unidade de

acção da Administração e dos poderes de direcção, superintendência e tutela dos

órgãos competentes”.

De acordo com Musgrave, citado por Carvalho (1996) as três funções do sector

público são a estabilização económica, distribuição de recursos e alocação de

recursos. Desta forma, cabe à Administração Central as funções de distribuição de

rendimento e de estabilização económica e à Administração Local a responsabilidade

de provisão e/ou fornecimento de bens e serviços de carácter local, em virtude da

aproximação física em relação aos cidadãos e pela sua capacidade de avaliação das

necessidades e preferências dos mesmos. (Carvalho, 1996)

4 A sigla refere-se à Constituição da República Portuguesa

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

Existe a alocação de recursos a dois níveis, macro e micro, e qualquer uma

delas é importante e implica escolhas. Efectivamente a macro alocação respeita as

actividades desenvolvidas pelo sector público e pelo sector privado, pelo que devem

ser consideradas as respectivas falhas e as razões de escolha política. É portanto

papel do Estado decidir aquilo que deve ser actividade privada e o que deve ser

objecto de intervenção pública. (Carvalho, 1996)

A Administração Local compreende um conjunto de características subjacentes

às atribuições e competências de que dispõe no exercício das suas funções.

Compreendendo que face às falhas de mercado, existem bens que têm de ser

providos pelo Estado, uma parte desses mesmos bens serão fornecidos pelos

governos locais. Importa portanto conhecer as competências das Autarquias Locais,

assim como, a autonomia que lhes é concedida.

2 A Administração Pública Local

A Administração Pública Local fortalece a democracia de um Estado, pelo

poder local que exerce, tal como reforça a descentralização administrativa que

significa uma maior proximidade entre a deliberação e a população.

As autarquias locais transparecem a organização democrática do Estado que

compreendem os municípios, as freguesias e as regiões administrativas. Asseguram a

prossecução de interesses próprios do agregado populacional através dos órgãos

próprios: a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal. (artigo 235º e 236º da CRP)

Actualmente a importância que as autarquias locais assumem, não se resume

à satisfação a nível local de necessidades colectivas dos cidadãos. Estende-se

portanto, a um vasto campo de interacção de algumas variáveis que tem implicação

directa na forma como é desenvolvida a actividade pública dos municípios e das

freguesias. Desta forma, os serviços públicos locais inserem-se no conjunto dos

serviços e actividades prosseguidos por todo o sector público, e a delimitação dos

diferentes níveis de governo, local e central, é inevitável para compreender a medida e

o alcance da actividade autárquica. (Carvalho, 1996)

A Lei das Finanças Locais estabelece o regime da transferência das atribuições

e competências para as autarquias e seus órgãos. Tendo por base os princípios da

descentralização administrativa e da autonomia local, que resultam da concretização

das atribuições e competências, é possível responder às necessidades e expectativas

dos cidadãos que impelem cada vez mais ao respeito dos princípios fundamentais.

Page 21: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Licenciatura em Administração Pública | Instituto Superior Politécnico Gaya

São eles os princípios da igualdade, proporcionalidade, justiça, imparcialidade e boa-

fé, aos quais a Administração Pública está subordinada.

Através desta descentralização administrativa, que solidifica o princípio da

subsidiariedade, consagrado na Constituição e na Carta Europeia de Autonomia Local,

as decisões são tomadas o mais próximo possível dos cidadãos, permanecendo os

interesses das populações em primeiro lugar na prossecução das atribuições das

entidades públicas, sem que seja diminuída a eficiência económica ou feridos os

princípios constitucionais como os da igualdade e solidariedade. (Carvalho, 1996)

O conceito de autarquia local encontra-se estreitamente ligado com o princípio

da autonomia local consagrado na Constituição da República Portuguesa e na Carta

Europeia da Autonomia Local. O último documento confere às autarquias locais uma

importância relevante no âmbito da existência do próprio regime democrático,

referindo no seu artigo 3º, que a sua autonomia é o “direito e a capacidade efectiva de

(…) regulamentarem e gerirem (…) no interesse das respectivas populações, uma

parte importante dos assuntos públicos”. Desta forma, para que possam gerir

autonomamente o seu património e meios financeiros, e porque estão incumbidos da

provisão de um conjunto importante de serviços, que têm que prestar na sua área

geográfica, as autarquias necessitam de autonomia financeira.5

As autarquias locais têm personalidade jurídica, património e finanças próprias,

são geridos e governados pelos seus órgãos e eleitos democraticamente. No entanto

continuam a depender da Administração Central. Refere Carvalho (1996) que elas

encontram-se sob a Tutela Administrativa do Estado, que consiste numa fiscalização

externa, pelo Governo sob a forma de Tutela Inspectiva, através da Inspecção-Geral

das Finanças e da Inspecção Geral da Administração do Território, que verifica, se

foram ou não cumpridas as dotações orçamentais. O Tribunal de Contas, tem a seu

cargo a Tutela da Legalidade efectuada através do visto e por meio da avaliação e

aprovação ou não da Conta da Gerência. Ou seja, não é avaliada a gestão da

autarquia mas apenas a legalidade das decisões da sua gestão.

As autarquias locais vieram reforçar a relação entre a sociedade e a

Administração Pública. De forma a aumentar a qualidade dos serviços prestados aos

cidadãos e assegurar uma melhor satisfação das suas necessidades, estabeleceram-

se medidas de modernização administrativa que englobam de entre vários objectivos,

a inserção das novas tecnologias nas organizações públicas.

5 O nível de autonomia financeira é calculado através do rácio da proporção das receitas

próprias nas receitas totais.

Page 22: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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3 Novas Tecnologias na Administração Pública

O conceito de trabalho no seio da Administração Pública foi alvo de grandes

transformações, sobretudo num cenário de globalização tecnológica evidenciado nos

últimos anos. Entre as várias vantagens associadas ao uso de novas tecnologias, a

que mais se salienta é de facto, a possibilidade de uma abertura e horizontalidade nas

relações entre Administração Pública e cidadãos.

O Código de Procedimento Administrativo (CPA) exige que a Administração

Pública tenha um comportamento organizacional adequado e voltado para a

modernização administrativa. (Carapeto e Fonseca, 2005, p.30)

Em 22 de Abril de 1999, foi publicado o Decreto-Lei nº 135/99, que define os

princípios gerais de acção a que devem obedecer os serviços e organismos da

Administração Pública na sua actuação face ao cidadão, bem como reúne de uma

forma sistematizada as normas vigentes no contexto de modernização administrativa.

O mesmo aplica-se a todos os serviços da administração central, regional e local, bem

como aos institutos públicos nas modalidades de serviços personalizados do Estado

ou de fundos públicos.

O mesmo diploma legal demonstra, uma preocupação permanente da

modernização administrativa em criar um modelo de Administração Pública ao serviço

do desenvolvimento harmonioso do País, das necessidades da sociedade em geral e

dos cidadãos e agentes económicos que caminhem de encontro à aproximação da

Administração aos utentes, pela prestação de melhores serviços, pela

desburocratização de procedimentos e pelo aumento de qualidade da gestão e

funcionamento do aparelho administrativo do estado. Neste âmbito foram publicados

nos últimos 20 anos, vários diplomas legais relativamente à matéria da modernização,

sendo que este último, devesse consagrar nele todas as questões relacionadas com a

racionalização, sistematização e inovação.

Em conformidade com Carapeto e Fonseca (2005), o papel do Estado-nação

foi posto em causa no seculo XXI, devido à globalização, que por sua vez surgiu da

mundialização da economia, o desenvolvimento das novas tecnologias da informação

e da comunicação (TIC), originando a «revolução da comunicação».

Neste panorama, a modernização da administração pública construída através

de um «modelo de mercado», iria tornar o cidadão num cliente, colocando o desafio

aos Estados contemporâneos de fazer face às exigências expostas, sem que lhes

Page 23: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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fosse quebrada a capacidade governativa, fragilidade das instituições e deslegitimação

da sua autoridade. (Carapeto e Fonseca, 2005)

O facto de a Administração Pública ser excessivamente grande e ineficaz, fez

com que todos os governos europeus (nas ultimas duas décadas do século passado)

criassem programas de modernização administrativa uma vez que, já não era possível

administrar através de mecanismos tradicionais. Para esta modernização foi inserida a

componente tecnológica que assentou sobretudo, na implementação das TIC,

originando projectos do tipo de serviços virtuais em linha, com a função de partilhar

informação disponível e prestação de serviços. (Carapeto e Fonseca, 2005)

De acordo com Costa e Neves (1991), a informação pode ser vista como

produto ou como meio, que vai conquistando personalidade nas organizações

autárquicas. A informática é responsável pela multiplicação e qualidade da informação,

na medida que simplifica os processos administrativos e gera indicadores que ajudam

na tomada de decisões. Assim, é possível reduzir a burocracia e obter uma imagem

mais desburocratizada levando a outro tipo de relacionamento com o público, tal como

as linhas verdes, gabinetes de atendimento, desdobráveis informativos, que vão

estimulando novas formas de estar. Com isto, a informática poderá ser responsável

por alterações nas estruturas organizativas, nos processos decisórios e nos métodos

de trabalho, sendo necessário conhecimentos especializados.

“Para as organizações a modernização não é uma questão de máquinas, mas

um problema de meios humanos, de métodos e, mais profundamente, de formas de

raciocínio e de filosofia”. (Costa e Neves, (1991), p.36)

Segundo Santos e Amaral (2000), a Sociedade da Informação e do

Conhecimento é fundamental para a afirmação do Estado moderno e por isso,

indispensável ao seu desenvolvimento económico, social e cultural. Contudo, é

necessário que as tecnologias da informação e da comunicação e os serviços que elas

possibilitam, sejam aderidas e utilizadas pelo maior número possível de cidadãos,

empresas e instituições privadas e públicas, para que seja possível um

desenvolvimento equilibrado e sustentável. Assim, cria-se uma nova dimensão quanto

aos conceitos de cidadania, participação, desburocratização, descentralização e

qualidade de serviço.

“A adesão do Poder Local por via das autarquias à Sociedade de Informação e

do Conhecimento é um factor fundamental para a sua modernização e para o

aprofundamento da sua relação com o cidadão.” (Santos e Amaral, 2000, p. 13)

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O Simplex é um programa que surgiu para dar resposta a muitos dos desafios

que nos últimos tempos eram colocados à Administração Pública. Assim, o cidadão e

as empresas conseguiram obter maior simplicidade, para a resolução das mais

distintas situações que integram as várias fases das suas vidas, tal como: nascer,

estudar, criar um negócio, arranjar emprego, voltar à formação, comprar uma casa ou

fechar uma empresa, para tal. (Simplex, 2011)

O Simplex solucionou uma Administração simplificada, desburocratizada,

partilhando informação com maior transparência, de forma mais rápida e eficiente,

sendo possível num único local físico ou virtual encontrar a solução para a resolução

de várias situações. Faz parte deste novo paradigma “a eliminação de milhares de

certidões; a agilização de procedimentos para criar empresas; a degradação de

exigências em vários regimes de licenciamento; a simplificação do processo de

prestação de contas e de outras obrigações contributivas”. (Relatório Simplex, p.14)

Neste contexto é possível combinar uma Administração que usufrui de

tecnologia na transformação das suas actuações e nas suas decisões, bem como na

sua tradicional estrutura hierarquizada operando em rede com os mais distintos

departamentos e níveis de Administração, parceiros públicos e privados no

desenvolvimento de seus projectos.

Este programa desenvolveu várias acções de sucesso nacional, sendo alguns

dos programas os seguintes: Casa Pronta, Nascer Cidadão, Empresa na Hora, Perdi a

Carteira, Vamos Ter uma Criança, Marca na Hora, Licenciamento Zero, Permanent

Certificate, E-Agenda, Cartão de Cidadão, Registo Predial Online, entre outros.

Com a implementação das medidas propostas no decreto-lei 135/99, de 22 de

Abril, o país encontrava-se preparado para receber uma simplificação administrativa,

porquanto não basta simplificar a lei, é necessário criar práticas administrativas para

que os utentes dos serviços sintam a mudança e alcancem a certeza que as

vantagens chegaram aos mesmos. O surgimento do Simplex, um programa produzido

com grande intelecção, produziu desde logo efeitos positivos. Posteriormente surgiu o

Simplex Autárquico, sendo que melhor que simplificar a Administração Pública seria

colocar as mesmas ideologias ao nível local, ou seja, as autarquias absorveriam as

responsabilidades do Simplex ao aceitarem a missão.

Estes programas (Simplex e Simplex Autárquico) permitem aos cidadãos e

empresas, terem presente os serviços simplificados mais próximos de si podendo

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afirmarem-se como co-produtores e parceiros dos mesmos, participando activamente

e monitorizando as suas acções.

4 Museus, Cultura e Património na Administração Pública Local

4.1 Evolução do conceito dos Museus

O conceito de museu sofreu algumas transformações ao longo dos tempos,

contudo, a base desta entidade sempre consistiu em preservar a identidade cultural de

um dado território, que tanto identifica sociedades.

Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, a palavra museus

deriva do Grego mouseions, que significa templo das Musas, lugar onde alguém se

pratica na poesia ou nas artes. (Machado, citado por Gonçalves, 2010)

Os primeiros museus portugueses surgem no século XVII, em formato de

Gabinetes de Curiosidades ou pequenas colecções, observando-se posteriormente no

século XIX, a abertura de entidades museológicas a nível nacional, onde o museu

passa a ser considerado um centro de estudo, inventário e catalogação de colecções,

provenientes em grande parte de ordens religiosas extintas. Consequentemente surgiu

o Museu Nacional de Belas Artes e Arqueologia e o Museu Etnográfico Português.

(Silva, 2002)

Refere Barros (2008), que em 1911 foi criado o Conselho de Arte e Arqueologia

em Lisboa, Porto e Coimbra com o comprometimento de administrar os museus e

monumentos da sua região, o que levou ao aparecimento de treze novos museus

regionais entre 1912 e 1924.

Foi durante o Estado Novo, que se verificou a primeira tentativa de organização

do sistema museológico pela concepção do Decreto nº 20895 de 7 de Setembro de

1932 – Carta Orgânica dos museus, que extinguia os Conselhos de Arte e

Arqueologia, criando então as Comissões Municipais de Arte e Arqueologia. (Gouveia,

citado por Gonçalves 2010)

O Internacional Council of Museums (ICOM), na década de 70, envolve o

conceito de museu na Mesa Redonda de Santiago do Chile, considerando “uma

instituição ao serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele

mesmo, os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das

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comunidades que ele serve” (Declaração de Santiago do Chile, citado por Gonçalves,

2010).

O Código Deontológico do ICOM, aprovado em 1986, e revisto em 2001 e

2004, não faz quaisquer distinções entre museus públicos e não públicos, definindo-os

como “uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do

seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e

expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com

fins de educação, estudo e deleite”. (ICOM6)

A Lei n.º 47/2004 de 19 de Agosto – Lei-Quadro dos Museus Portugueses

define museu como:

“Uma instituição de carácter permanente, com ou sem personalidade

jurídica, sem fins lucrativos, dotada de uma estrutura organizacional que lhe

permite: a) Garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e

valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário, documentação,

conservação, interpretação, exposição e divulgação com objectivos científicos,

educativos e lúdicos; b) Facultar acesso regular ao público e fomentar a

democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da

sociedade.”

O site oficial do ICOM refere que Portugal acompanha a evolução do conceito

do museu, que progrediu do âmbito académico para um nível superior englobando

aspectos sociais e económicos, pelo que permite um intercâmbio de conhecimentos

culturais, científicos e técnicos. A existência de um esforço notável pelas autarquias

em criar e modernizar os seus Museus, e o reconhecimento pelo Governo da

necessidade em criar o Instituto Português de Museus (IPM) levou Portugal a

acompanhar em pleno, este progresso de reformulação e modernização da gestão

global dos Museus do País.

As relações entre museus, cultura e turismo, segundo a Lei n.º 47/2004 de 19

de Agosto – Lei-Quadro dos Museus Portugueses, no seu artigo 2º nº1 d) estão

previstas como princípio da política museológica nacional na coordenação com outras

políticas sectoriais, nomeadamente com políticas de turismo.

São considerados por Machado, Costa e Sousa (2010) organizações de poder

os Museus e Cultura pelo que a sua actividade respeita a “coordenação,

6 A informação referenciada pelo ICOM foi obtida no respectivo site oficial: www.icom-

portugal.org/

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transversalidade e recolha sistemática, circular e auto-referencial de informação sobre

bens considerados culturais” possibilitando uma identidade única de poder

relativamente a um determinado território.

Em conformidade com Gameiro (2009), os museus devem ser entidades

dotadas de investimento social, simbólico e cultural e assumirem-se como pólos de

iniciativas de descoberta e interpretação do património do próprio território e efectiva

representatividade histórica, cultural e identitária.

Os museus mais modernos gerem-se por práticas empresariais, com enfoque

na promoção de programas criativos, pelo que procuram obter fundos através de

festas, donativos, exposições temporárias, etc. Um dos objectivos passa por

possibilitar ao visitante uma experiência única e excitante (Gilmore e Rentschler,

citado por Gonçalves, 2007), aquando de uma instituição orientada para o mercado e

acessível a todo o público (Kirshenblatt-Gimblett, citado por Gonçalves, 2007).

Contudo, os museus têm a sua gestão limitada por factores de natureza financeira,

administrativa e legal (Marta e Santos, citado por Gonçalves, 2007), e por serem

consideradas instituições do sector não lucrativo, impedem a flexibilidade no que diz

respeito a uma posição com orientação para o mercado. Estabelecem portanto, que os

recursos económicos são estabelecidos em função dos gastos com pessoal, gastos de

funcionamento e de acordo com o plano de actividades aprovado pela entidade que

possui a tutela do respectivo instituto (Gonçalves, 2007).

Serra, citado por Gonçalves (2007), explica que face a uma multiplicidade de

tipologias de Museus e das tutelas que conduzem formas de gestão orçamental

distintas, em muitas situações não correspondem a orçamentos autónomos dos

museus, sendo dependentes de entidades que lhes são exteriores.

Apesar de uma das funções dos museus ser a aprendizagem, tal com o Hein

citado por Gonçalves (2007) defende, estes institutos devem acompanhar os tempos

modernos e os novos processos de aprendizagem, de forma a permitir ao visitante um

máximo de experiências memoráveis. Além desta perspectiva, é necessário que os

Museus acompanhem a sociedade, na medida em que os visitantes esperam que as

tecnologias que actualmente se consideram de fácil acesso, estejam presentes nestes

institutos de cariz educacional, tal como informação audiovisual e interpretação

interactiva. Considera ainda Benediktsson citado por Gonçalves (2007), que o

desenvolvimento do turismo cultural depende em grande escala do contributo da

atracção turística que os museus possuem.

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Os museus pelas particularidades de aprendizagem que possuem, potenciam

um impacto social e educacional na sociedade. No que diz respeito à vertente

económica, a sintonia entre estas entidades e o turismo podem potenciar vantagens

benéficas susceptíveis de ser analisadas.

4.2 Museus, Turismo e Desenvolvimento

Moreira (2008) refere que a relação entre o turismo, museus e desenvolvimento

é próxima e “íntima” pelos propósitos que lhes estão associados, nomeadamente no

que diz respeito à dinamização dos territórios (espaço, gente e dinâmicas).

Figura 3 - Relação entre: Desenvolvimento, Museus e Turismo

Fonte: Adaptado de Moreira (2008)

O autor referido expressa, numa primeira análise, a existência de um modelo

relacional triangular, entre o turismo o desenvolvimento e os museus, tal como a figura

3 apresenta. Este modelo desligava as três componentes do seu enquadramento e

não estabelecia diferenças quanto às decorrências e às suas capacidades motrizes.

Desta forma, posteriormente questionou-se a geometria da relação, pelo que colocou-

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se em hipótese, a possibilidade das respectivas componentes não se manterem ao

mesmo nível.

Figura 4 - Modelo Relacional Intermédio

Fonte: adaptado de Moreira (2008)

Surgiram portanto, dois modelos com uma abordagem mais aprofundada e

exigente da relação entre as componentes referidas. O primeiro modelo apresenta-se

esquematicamente em forma de “Y”, onde conceptualiza os respectivos elementos

(turismo, museus e desenvolvimento), onde os mesmos não se encontram em igual

nível, sendo o desenvolvimento um resultado do turismo e dos museus, tal como

expõe a figura 4. Assim, verifica-se que o turismo e os museus concorrem para

transformações nos locais no que diz respeito ao desenvolvimento.

Moreira (2008) salienta que o turismo e museus são dimensões motrizes do

sistema, sendo por sua vez, o desenvolvimento um resultado diferencial,

“experimentado pelos territórios entre um tempo inicial e um outro posterior, obtido por

arrastamento derivado de efeitos motrizes para os quais o turismo e os museus

aportaram a sua contribuição” (p.39).

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Um outro modelo relacional surge em forma de quadrado onde existe a relação

entre os elementos – Cultura, Turismo, Museus e Turismo Cultural – num sistema de

ligação vertical e horizontal.

Figura 5 - Modelo Relacional Intermédio

Fonte: adaptado de Moreira (2008)

Neste modelo existe três eixos - X, Y e Z, correspondendo – Sociedade,

Espaço e Tempo, respectivamente, pelo que as suas alterações são consideradas

como desenvolvimento do território.

Tal como a figura 5 representa existem dois níveis de componentes motoras,

onde no primeiro nível encontra-se o Turismo e a Cultura e no segundo nível os

Museus e o Turismo Cultural. As ligações entre os elementos são de natureza distinta,

sendo as verticais de hierarquia, enquanto as horizontais de

cooperação/complementaridade.

Embora que as perspectivas de entendimento possam ser distintas face aos

modelos de análise relacional apresentados, é clara a existência de uma conexão

entre o turismo e os museus. No entanto Rodrigues citado por Mendes e Carvalho

(2013) menciona, que o turismo tem como um dos seus objectivos maximizar o

número de visitantes ao “recurso”, enquanto os museus têm como preocupação

primordial a preservação do próprio “recurso”, o que pode limitar o seu acesso. Esta

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crítica é aprofundada por Serra, citado por Mendes e Carvalho (2013), que acredita

que a falta de sensibilidade para o número de visitantes, deve-se à ausência de

profissionais da área de turismo nas instituições museológicas, profissionais esses,

que pelas competências que adquirem, mostram-se essenciais para integrar um

museu no sistema turístico e torná-lo numa atracção turística.

Desta forma, existiriam condições necessárias para elevar o número de

visitantes, pelo que estes com os recursos gastos na sua visita dão oportunidade, ao

surgimento de novos negócios o que consequentemente fortaleceria a comunidade

local.

Figura 6 - Relação dos Museus Com a cadeia de Valor do Turismo

Fonte: adaptado de Mendes (2011)

Mendes (2011) expõe na figura 6 a actuação dos agentes turísticos, onde os

museus surgem da cadeia de valor do turismo, sendo o seu único modo de

funcionamento associado directamente ao cliente/visitante. No que diz respeito à

administração e tutela dos museus, nomeadamente os que são tutelados por

entidades públicas, apenas o Ministério da Cultura e a Administração Local tem o

poder de tutelar os museus “civis”.

O mesmo autor admite que não é simples aplicar conceitos e modelos de

negócios lucrativos no sector dos museus, originando algumas situações de conflito

com o sector turístico.

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Contudo, um museu com vista a desenvolver uma “programação que obedeça

a padrões de qualidade” deve desenvolver mecanismos de análise de mercado, de

concorrência, do consumidor e de canais de distribuição. (Weil, citado por Gonçalves,

2009)

Verifica-se então, a existência de uma estreita ligação entre o turismo e os

museus como motores do desenvolvimento local. Apesar dos diferentes modelos

representarem interpretações distintas, é clara a importância, por um lado, do sucesso

da actividade turística e dos museus, por outro lado, a cooperação entre os museus e

o turismo para o desenvolvimento harmonioso de uma determinada localidade. Parece

portanto pertinente incluir que estas duas vertentes – turismo e museus, devem

caminhar lado a lado, no sentido em que os seus efeitos económicos e sociais

compõem as transformações territoriais – desenvolvimento.

4.3 Os museus e a Administração Local

Entre as entidades de natureza museológica em Portugal, um número elevado

destas encontra-se sob tutela autárquica, sobretudo sob tutela municipal.

“A criação de um museu municipal é determinante para a valorização e

salvaguarda do património de um dado território” (Azevedo, 2010, p.100)

De acordo com a Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro, que estabelece o quadro

de transferência de atribuições e competências para as autarquias locais, no seu

artigo 20º, é da competência dos órgãos municipais, o planeamento, a gestão e a

realização de investimentos públicos no domínio de museus municipais. Refere ainda

o mesmo artigo, que é igualmente da competência dos órgãos municipais gerir

museus.

Por sua vez, a Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, que estabelece as bases

da política e do regime de protecção e valorização do património cultural, refere no seu

artigo 1º n.º2 que “a política do património cultural integra as acções promovidas pelo

Estado, pelas Regiões Autónomas, pelas autarquias locais e restante Administração

Pública”. O mesmo diploma legal refere no seu artigo 3º n.º3 que “ o conhecimento,

estudo, protecção, valorização e divulgação do património cultural constituem um

dever do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais”. O artigo 93º n.º 1

menciona ainda que “as Regiões Autónomas e os municípios comparticipam com o

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Estado na tarefa fundamental de proteger e valorizar o património cultural do povo

português”.

Nunes (2007) expõe que posteriormente à implantação da democracia foram

criados um conjunto de museus portugueses de tutela autárquica, ligados aos seus

serviços culturais, com o objectivo de conduzir a cultura a toda a população.

Verificou-se a partir do ano 2000 uma maior afirmação da autonomia dos

museus portugueses, pelo que a sua existência, credenciação e implementação seria

consolidada através da Rede Portuguesa de Museus (RPM) sustentada pela Lei-

Quadro dos Museus Portugueses. (Nunes, 2007)

As autarquias locais representam um papel pertinente, quanto à preservação

dos bens culturais representativos de uma dada sociedade, através do contacto mais

próximo e directo com as comunidades locais no território que administram e gerem.

(Nunes, 2007)

O autor defende ainda que as questões museológicas que incidem em larga

escala com a defesa patrimonial, são salvaguardadas pela tutela autárquica dos

museus locais. Nos museus autárquicos a dotação financeira é regulada pela Lei das

Autarquias, Lei das Finanças Locais, Lei de Bases do Património e Lei-Quadro dos

Museus Portugueses.

Menciona ainda que os museus municipais detêm, de uma gestão económica e

financeira partilhada pela instituição autárquica, que permite a concretização da

programação museológica, assente numa estratégia de captação de financiamentos.

Numa retrospectiva que Semedo (2004) realizou, é possível perceber de que

forma os museus públicos surgiram e em que âmbito. De facto em Portugal e no resto

do mundo ocidental, a existência de museus desta natureza é relativamente recente.

Existiam anteriormente outros lugares e espaços institucionais destinados à exposição

de objectos, que viriam a inter-relacionar-se com os primeiros museus públicos. Estes

viriam a apresentar a forma de transferência de propriedade de colecções, outrora em

posse privada, para a gestão do Estado, permitindo educar as populações. De facto, o

conceito de museu como uma instituição administrada pelo Estado destinado ao

ensino principiou, a amplificação por toda a parte na última metade do século XIX. Os

museus públicos constituíam-se assim, como “poderosos instrumentos e

empreendimento da comensurabilidade da modernidade”. (p.136)

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Considerando as diferentes formas de organização e estrutura dos museus,

Neves, Santos e Nunes (2008), constatam que a criação de uma estrutura

polinucleada considera-se uma configuração encontrada pelas tutelas,

designadamente da Administração Local, para solucionar questões ligadas à

preservação dos patrimónios ou à gestão dos espaços museológicos.

Com o modelo de gestão polinucleado é possível diminuir o número total de

unidades de museus sob tutela, pois apenas é considerada a sede. Cada museu

polinucleado é tomado como uma unidade, independentemente do número de

núcleos. A desvantagem permanece na determinação do número de museus

existentes no país, pelo que afecta diversos indicadores que utilizam como base o

respectivo número. (Santos et al, citado por Neves, Santos e Nunes, 2008)

Apesar de ser uma realidade recente em Portugal, identificou-se um aumento

anual entre 2000 e 2003, tanto dos museus polinucleados como do número dos seus

próprios núcleos, já em funcionamento ou ainda em fase de projecto. Entre 2006 e

2007, registou-se um crescimento de 4% dos museus polinucleados e de 5% quanto

aos núcleos, tal como se verifica na tabela 1.

Tabela 1 - Museus Polinucleados e Núcleos por Situação e por Ano

Fonte: adaptado de OAC/Bdmuseus, citado por Neves, Santos e Nunes (2008)

Segundo Neves e Santos (2006), constata-se preponderância dos museus com

tutela oriunda do sector público. Relativamente aos que estão sob a tutela da

Administração Local, tendo em conta o período de 2000 a 2005, aumentaram de 208

para 253 museus, correspondendo a um crescimento de 18%, tal como se verifica na

tabela 2.

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Tabela 2 - Museus por Tutela e por Ano

Fonte: Adaptado de Neves e Santos (2006)

Como se pode verificar na tabela 3 os museus com a tutela da Câmara

Municipal, são claramente maioritários no conjunto dos da Administração Local. As

restantes tutelas não ultrapassam os 10%. Observa-se uma diminuição dos tutelados

pela Junta de Freguesia e um acréscimo daqueles que têm tutela de Empresas

Municipais.

Tabela 3 - Museus da Administração Local por Ano

Fonte: Neves e Santos (2006)

Quer a Administração Local nomeadamente as câmaras municipais, mas

também as empresas municipais, são as entidades que mais tutelam os museus

nacionais. Defende Gonçalves (2009) que os tipos de museus predominantes são os

que se destinam à arte, etnografia, antropologia, especializados, mistos e

pluridisciplinares.

A Administração Local detém uma parte significativa da tutela de museus,

usufruindo portanto, das suas competências relacionadas com a cultura. Desta forma

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as entidades museológicas municipais poderão construir através da proximidade

territorial com a respectiva Câmara Municipal uma gestão conjunta que poderá

constar-se como uma vantagem para o desenvolvimento do município. Quando a

autarquia investe num museu, poderá desenvolver automaticamente mecanismos de

desenvolvimento regional através do acréscimo do turismo.

Capítulo II – Avaliação de Projectos de Investimento

Um projecto de investimento encontra-se sujeito à decisão de ser

implementado ou não. Para apoiar a respectiva tomada de decisão e para que esta

seja a mais correcta, os projectos de investimento devem respeitar um conjunto de

procedimentos, necessários a uma óptima avaliação económica e financeira do

mesmo.

1 Caracterização

Um investimento em termos económicos tem como noção, a aplicação de

capital com o objectivo de obter um retorno financeiro, que se traduz num lucro

esperado pelo promotor do investimento. Previamente, o projecto de investimento

deve incluir um conjunto de informação que proporcione ao analista, as condições

necessárias em estimar a viabilidade financeira, económica e social do mesmo.

Entende-se como avaliação financeira, o estudo que apoia a tomada de

decisão do investidor (detentor do capital próprio necessário ao projecto), e dos

financiadores (detentores do capital alheio), de forma a medir a rentabilidade em

termos de mercado através das despesas realizadas e das receitas captadas pelo

projecto. (Barros, 1994)

A avaliação económica apoia a tomada de decisão pública, relativamente ao

projecto, normalmente utilizada em projectos de natureza pública ou privada quando

parcialmente financiado com fundos públicos. Não se afere apenas a rentabilidade

financeira, mas principalmente a contribuição do projecto para o bem-estar da

população ou para os objectivos da política económica nacional. (Barros, 1994)

Page 37: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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A avaliação social mede a contribuição do projecto para os objectivos sociais,

tais como, a distribuição do rendimento, melhorias das condições de vida, entre outros.

(Barros, 1994)

Um investimento público não possui como objectivo, a rentabilização dos

capitais investidos, sendo o propósito das acções públicas a melhoria da qualidade de

vida e do bem-estar da população. Por esta razão, um investimento de natureza

pública, utiliza em grande parte das situações, apenas a avaliação económica e social,

menosprezando a avaliação financeira. No entanto, este tipo de avaliação sustenta-se

com indicadores de rentabilidade, que poderão fornecer aos gestores públicos (ou a

quem está incumbido a responsabilidade dos projectos), uma realidade económico-

financeira mais clara dos resultados que poderão advir.

Actualmente Portugal encontra-se limitado nas suas acções pela Troika, que

constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o Fundo Monetário

Internacional apoiam financeiramente o país. Dada a conjuntura económico-social em

que o país se encontra, e as restrições constantemente impostas ao Governo, torna-se

imprescindível adoptar critérios de viabilidade financeira na elaboração de projectos de

investimento de natureza pública.

Compreende-se que é possível adoptar critérios de avaliação financeira de

projectos públicos, sem comprometer os princípios fundamentais da Administração

Pública. Pretende-se que com esta adaptação, seja possível inovar as organizações

públicas, através de investimentos que terão um retorno financeiro positivo, suficiente

para se auto-sustentarem.

O paradigma de crise financeira dos Governos não assola somente Portugal

mas toda a Europa. As instituições museológicas acabam por se encontrarem mais

susceptíveis, de serem lesadas, pela menor capacidade dos Governos em apoiar as

mesmas. Efectivamente face a uma escassez de recursos públicos, os mesmos serão

canalizados preferencialmente para situações de cariz social emergente, como é o

exemplo dos subsídios sociais.

Em conformidade com Jonathan Jones numa publicação no The Guardian, um

jornal britânico online, face à crise que os distintos museus atravessam, a melhor

solução passa por cobrar as entradas nos museus. Efectivamente muitas destas

instituições, outrora de amplo sucesso, aparentam actualmente sérias dificuldades,

que são colmatadas por decisões que não serão as mais correctas do ponto de vista

deste autor. Despedir funcionários, vender as suas obras de arte são algumas das

Page 38: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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soluções pouco benéficas para o património cultural que alguns museus vêm como

única alternativa. Um país que ostenta Museus gratuitos com um governo de apoio, é

uma realidade muito díspar da existência de museus gratuitos em clima de acentuada

austeridade, onde o governo não apresenta capacidade de apoio.

Neste paradigma, Jonathan Jones defende que de forma a não trair aquilo que

considera a herança cultural, a melhor opção dos museus passa por criar uma taxa de

admissão aos mesmos, podendo ainda ser criado um Passe Nacional de Arte,

correspondendo ao livre acesso a este género de instituições de cultura ao longo do

ano.

O museu deve dispor de recursos financeiros especialmente consignados,

adequados à sua vocação, tipo e dimensão, suficientes para assegurar a respectiva

sustentabilidade e o cumprimento das funções museológicas. (Lei n.º 47/2004 de 19

de Agosto – Lei-Quadro dos Museus Portugueses, artigo 48º)

Neste projecto de investimento, classificado como um projecto de natureza

pública, pelos factores explícitos anteriormente, a sua avaliação em termos de

rentabilidade, será realizada através de indicadores financeiros. Tendo em conta a

legislação que regula os museus portugueses, pressupõe-se uma taxa de entrada a

cada visitante, de forma a assegurar a sustentabilidade do respectivo projecto.

2 Tipologia de Projectos

Após esclarecer a existência de diferentes tipos de avaliação de projectos, é

relevante compreender a diversidade dos tipos de projectos. “Existem tantos tipos de

projectos de investimento quanto os critérios adoptados para os classificar.” (Barros,

1994, p. 20)

Apesar da variedade na classificação dos projectos de investimento, apenas

serão apresentados as tipologias pertinentes de compreender neste estudo - quanto

ao sector de actividade e quanto à natureza do investidor.

A classificação mais comum dos projectos numa perspectiva macroeconómica

e na opinião de Barros (1994) é a distinção entre sectores de actividade. Podem ser

projectos agrícolas, industriais, comerciais e de serviços.

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O projecto de investimento a que este estudo se refere, classifica-se como um

projecto de serviços, atendendo que diz respeito a um serviço prestado pela Casa-

Museu Teixeira Lopes.

Contudo, ainda é possível distinguir projectos públicos de projectos privados.

Neste caso, o projecto será implementado pela potência pública, pelo que parece clara

a natureza do investidor.

Conclui-se portanto, que este estudo engloba um projecto de serviços onde a

natureza do investidor é pública. Consequentemente é adequado perceber de que

forma é realizada a avaliação do projecto de investimento, considerando o próximo

subcapítulo essa exposição.

3 Critérios de Avaliação

Os projectos de investimento sujeitam-se a critérios de avaliação económico-

financeiros, que mensuram a rentabilidade futura do mesmo. Com base em

indicadores de rentabilidade do investimento, os analistas apoiam a sua decisão de

implementar ou não, determinado projecto.

“A decisão de se fazer investimento de capital é parte de um processo que

envolve a geração e a avaliação das diversas alternativas que atendam às

especificações técnicas dos investimentos. Após relacionadas as alternativas viáveis,

tecnicamente é que se analisam quais delas são atractivas financeiramente. É nessa

última parte que os indicadores gerados auxiliarão o processo decisório”. (Souza e

Clemente, 2009, p.66)

A realização de um projecto de investimento depende essencialmente da sua

rentabilidade futura, ou seja, da capacidade daquele gerar fluxos financeiros num

futuro mais ou menos próximo, de modo a cobrir as despesas efectuadas com a sua

realização e funcionamento. Neste âmbito, Barros (1995) refere que os fluxos anuais

ao longo do período de vida do projecto de investimentos, denomina-se de cash-flow

obtendo-se através do somatório dos resultados líquidos, reintegrações e/ou

amortizações técnicas, provisões não utilizadas e encargos financeiros.

A decisão sobre implementar ou não um projecto é apoiada, por um conjunto

de indicadores que avaliam financeiramente a rentabilidade do mesmo. A existência

de várias medidas capazes de caracterizar a rentabilidade de projectos de

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investimento, sendo que os resultados do seu exercício são considerados a medida

por excelência. Contudo, o resultado do exercício que reflecte os lucros, é uma medida

de avaliação relativa uma vez que depende em grande escala dos procedimentos

contabilísticos adoptados, de tal forma que para a mesma empresa e para o mesmo

período, são utilizadas duas medidas distintas do lucro, dependendo se são

apresentadas aos serviços fiscais ou aos accionistas. De forma a evitar esta situação,

é utilizado o conceito de cash-flow, que transparece os fluxos líquidos gerados pelo

projecto. (Barros, 1994)

As diferentes técnicas de avaliação económico-financeira que serão descritas

posteriormente – Valor Actual Líquido, Taxa Interna de Rentabilidade, Período de

Recuperação do Investimento, Análise Benefício/Custo - podem dar resultados

diferentes no mesmo projecto. Deste modo, a decisão sobre a técnica a adoptar

depende das considerações importantes para o decisor. (Miguel, 2006)

A avaliação financeira possibilita uma análise multicritério através da

combinação de vários indicadores. Tal como Duarte e Cunha (2006) referem, o

Período de Recuperação do Investimento (PRI), o Valor Actualizado Líquido (VAL) e a

Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) posicionam o investimento em termos

exclusivamente financeiros.

3.1 Período de Recuperação do Investimento (PRI)

O Período de Recuperação do Investimento refere-se à duração de vida do

projecto, e ao prazo durante o qual os capitais investidos serão recuperados. Na

opinião de Barata (2004), este indicador é um dos critérios que para além de simples,

obtém maior utilização na avaliação do mérito de um projecto.

De forma a determinar o período de tempo que o projecto leva a recuperar o

capital investido, é calculado o critério de período de recuperação. Um projecto de

investimento tem um período inicial que se refere a despesas, sendo que

posteriormente surge um período de receitas líquidas. Assim, “o período de tempo

necessário para as receitas recuperarem a despesa em investimento é o período de

recuperação” (p.87). (Barros, 1994)

Page 41: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Define-se pela seguinte equação:

É necessário apurar o Free Cash-Flow de cada ano de vida do projecto, tal

como a taxa de actualização associado ao investimento.

3.2 O Valor Actual Líquido (VAL)

O Valor Actual Líquido apresenta-se como um indicador de viabilidade

financeira de projectos, que relaciona-se com o conceito de actualização em contexto

de investimento, que deverá ser entendido. Logo, Vasco e Zunido (2006) explicam que

esta noção está associada, à possibilidade de aplicar capitais num dado momento,

visando um rendimento futuro.

Os agentes económicos mostram preferência por rendimentos imediatos a

futuros, pelo qual estão dispostos a pagar um preço pelo custo de deferir o consumo

actual pelo rendimento futuro. Desta forma, Vasco e Zunido (2006) referem que o valor

do dinheiro no decorrer do tempo, está associado à possibilidade de poder ser

aplicado em activos, visando um rendimento futuro independentemente da inflação.

Implica então saber que uma unidade monetária hoje, relativamente a uma unidade

monetária em outro período, são consideradas dois bens financeiros distintos não

comparáveis.

O VAL é um critério financeiro com o objectivo de avaliar investimentos através

da relação entre os cash-flows gerados, no período de vida do projecto.

Em termos equacionais, Miguel (2006) defende que o VAL é uma técnica

financeira sofisticada que possibilita calcular um valor preciso para o projecto, através

da relação entre os cash flows descontados e o investimento inicial.

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Define-se portanto, por:

Verifica-se que o VAL concentra todos os valores esperados de um fluxo de

caixa, na data zero.

Atendendo que o VAL é reflexo do somatório dos cash-flows líquidos

actualizados, considera-se que o projecto é rentável e implementável quando o VAL

for superior a zero, sendo rejeitados quando o VAL for inferior a zero.

3.3 Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)

A Taxa Interna de Rentabilidade é mais um dos indicadores utilizados pelos

analistas, quanto à decisão de implementar ou não um projecto. Todavia, não será

correcto utilizá-lo na decisão entre mais do que um projecto. Segundo Barros (1994) a

TIR é a taxa de actualização do projecto que coloca o VAL nulo. Este indicador é “uma

taxa que o investidor obtém em média em cada ano sobre os capitais que se mantêm

investidos no projecto, enquanto o projecto inicial é recuperado progressivamente”

(p.95).

Compreende-se portanto, que é a taxa que relaciona o valor investido com o

valor recuperado ao fim do investimento. Desta forma, o mesmo autor defende que a

TIR, quando apresenta resultados superiores à taxa de juro, a decisão sobre a

implementação do projecto é positiva.

Prosseguindo com o argumento relativamente às taxas de juro, Barata (2004),

explica que a TIR determina o rendimento do capital investido, indicando a taxa de juro

máxima sobre empréstimos que o projecto poderá suportar sem cair em dificuldades.

Tal como referido anteriormente, atendendo que a TIR de um projecto é a taxa

de desconto do capital no momento em que o VAL iguala-se a zero, Miguel (2006)

acredita que este é um método de análise financeira mais sofisticado assim como mais

difícil de calcular que o VAL.

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Esclarece-se com a seguinte equação:

Tal como é possível constatar, este indicador financeiro é de difícil cálculo

matemático, pelo que geralmente são utilizados meios informáticos para a obtenção

de um resultado.

Ao realizar-se a análise de um projecto, deve ser estipulado pelo

empreendedor, em primeira mão, a taxa pelo qual a TIR não deve ser inferior. O

resultado obtido analisa o risco e o retorno do investimento.

Tal como Souza e Clemente (2009) indicam, na dimensão do retorno do

investimento, este indicador pode ser interpretado como um limite superior para a

rentabilidade de um projecto de investimento.

3.4 Análise Benefício/Custo (AB/C)

O objectivo da Análise Benefício/Custo é seleccionar os projectos que

maximizem o bem-estar social. Barata (2004) defende que a consideração do bem-

estar individual constitui o ponto de partida comum, para a o cálculo dos efeitos de um

projecto sobre a sociedade.

Este rácio constitui-se como a relação entre todos os proveitos de projecto e os

investimentos e para que tenha consistência, deverão ser utilizados os valores

actualizados dos proveitos e dos investimentos. (Quintas, 2009)

Page 44: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Como é possível verificar, a AB/C define-se em termos equacionais pelo

quociente entre o valor dos benefícios resultantes de um investimento e o valor dos

respectivos custos.

Em consonância com Silva (2009), o resultado deste indicador é interpretado

da seguinte forma:

AB/C < 1 : inviável (benefícios menores que os custos);

AB/C = 1 : indiferente (benefícios iguais aos custos);

AB/C > 1 : viável (benefícios maiores que os custos).

Presentemente após a descrição dos vários tipos de avaliação existentes –

financeira, economia e social - bem como, da classificação da tipologia de projectos de

investimento – projecto de serviços, com natureza de investidor público – e ainda, da

exposição dos diferentes critérios de avaliação que serão utilizados na análise do

respectivo projecto – VAL, TIR, PRI, AB/C – considera-se transitável este capítulo para

o seguinte.

Capítulo III – Problemática, Hipóteses e Metodologia

1 Problemática e Hipóteses

A Administração Pública e a pertinência dos seus serviços exigem uma

constante evolução, no sentido de aumentar a eficiência na utilização dos seus

recursos, e da qualidade na prestação dos seus serviços.

As novas tecnologias tornam-se essenciais em atingir os níveis de eficiência

que os cidadãos exigem. Desta forma, a Administração Pública tem vindo a inovar e

modernizar os seus serviços ao longo dos últimos anos, através de vários programas,

nomeadamente através da criação do Simplex e do Simplex Autárquico, que

efectivamente simplificaram o acesso dos cidadãos aos vários processos

administrativos.

Coloca-se contudo um desafio permanente à Administração Pública, na

constante evolução e utilização de novas tecnologias que facilitem, mas

principalmente que estimulem o contacto do cidadão com os serviços públicos. De

facto, apesar do progresso da utilização das TIC, o sector público permanece obsoleto

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relativamente ao sector privado, colocando o último em diversas situações como

concorrente do primeiro.

Investir em novas tecnologias, face ao panorama actual de crise emergente

que o país atravessa, parece pouco elucidativo para as entidades públicas, uma vez

que não se considera a hipótese da rentabilidade desse investimento. Efectivamente a

Administração Pública deve inovar, modernizar e alcançar uma posição estratégica

face ao sector privado, mas para tal é necessário adoptar outros critérios na análise de

investimentos públicos.

As entidades museológicas municipais têm como objectivo principal a

preservação e exposição do património cultural, que em grande parte das situações

não coloca qualquer custo ao visitante. Existem contudo, museus privados que

estipulam um valor monetário por visita, adquirindo assim, verba que garante a

sustentabilidade da organização.

Caracterizado como um museu sob tutela da Gaianima Equipamentos

Municipais, E. E. M., a Casa-Museu Teixeira Lopes, será a entidade objecto deste

projecto, que se refere a um investimento em novas tecnologias.

Coloca-se portanto a seguinte questão: De que forma um investimento num

dispositivo tecnológico, munido de hardware e software, permite obter uma realização

financeira positiva para a Entidade Museológica Pública que a adquire?

Com o objectivo de dar seguimento à problemática apresentada, coloca-se

como hipótese de investigação a viabilidade/inviabilidade económico-financeira do

Projecto B-Around Art.

2 Metodologia

O conhecimento científico é um resultado de uma investigação que segue uma

metodologia baseada em factos possibilitando aos analistas, descobrir, concluir, criar e

resolver problemáticas. (Fachin, 2003)

A motivação para a realização de um trabalho de investigação, é a

problemática. Tal como Vera (1979) refere, sem existência de problemática não há

razão para realizar a pesquisa. A pesquisa pode ser considerada como um

procedimento na descoberta de novos dados e informações, que pode ter sido

realizada por teóricos anteriores. Esta deve ser registada pela fonte e referência de

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onde foram retiradas as informações, atendendo as normas existentes. Neste

projecto/monografia foram utilizadas as normas da APA (American Psychological

Association).

As metodologias da investigação podem ser qualitativas e/ou quantitativas, e a

sua utilização depende dos objectivos da investigação, natureza do problema, bem

como, o seu nível de aprofundamento. (Diehl, 2004)

São objectivos da metodologia quantitativa, quantificar, identificar

características numéricas, medir, comparar, correlacionar, etc. No presente estudo,

será esta a metodologia utilizada, uma vez que serão analisados vários dados

matemáticos e precisos, constituindo estes, os principais indicadores da investigação.

O tema abordado neste projecto curricular exige a compreensão e domínio de

um conjunto variado de conceitos, pelo que foi utilizada a metodologia da pesquisa.

Foram consultados diversos livros, bem como publicações e endereços electrónicos.

No intuito de fundamentar este estudo, com os princípios legais, foi interpretada parte

da legislação aplicável.

O respectivo estudo consiste numa análise de um projecto de investimento,

sustentada em critérios de viabilidade económico-financeira: TIR, VAL, PRI, AB/C. Tal

como referenciado anteriormente, caracteriza-se como metodologia quantitativa.

A análise económico-financeira foi possível através do processo de recolha de

dados, relativamente ao número de visitantes anuais à Casa-Museu Teixeira Lopes,

informação cedida pela própria entidade. Além destes dados, foi ainda necessário

precisar o custo do investimento, pelo qual foi contactada a White Tower, Lda.,

empresa que desenvolve a aplicação B-Around Art, com o intuito de obter o devido

orçamento.

Após a obtenção dos resultados é possível efectuar a decisão relativamente à

implementação do projecto de investimento, que se encontra no próximo capítulo.

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Capítulo IV – B-Around Art na Casa Museu Teixeira

Lopes

1 B-Around Art

A utilização de tecnologias multi-toque como instrumento de comunicação

surge, em resposta a uma nova «cibergeração», com diferentes necessidades e

valores. A aplicação B-Around Art através de um dispositivo móvel faz, um

reconhecimento bidimensional e tridimensional em tempo real das obras presentes na

instituição museológica.

Considera-se uma ferramenta de diálogo que aproxima o visitante à obra e que

permite a partilha desta experiência com o mundo exterior (por exemplo: Twiter,

Facebook).

A entidade museológica tem mais capacidade em construir múltiplas narrativas,

aplicadas aos seus conteúdos, bem como capacidade de construir itinerários

temáticos nas exposições que provoquem novas aprendizagens.

É uma aplicação para iPad, cujo software é desenhado para a tecnologia Mac,

sendo possível posteriormente, desenvolver para outros formatos: smartphones

(tecnologia Android) e tablets (tecnologia Android/ Windows) prevendo assim outros

formatos de utilização para o visitante.

O B-Around Art vem substituir, os tradicionais áudio-guias há muito utilizados

nos principais museus de arte. É portanto, uma ferramenta inédita, que vem completar

o leque de informação disponível para o serviço educativo de qualquer museu,

instituição ou espaço expositivo. A sua principal funcionalidade é o reconhecimento de

imagens, obras de arte, em tempo real, inseridas na instituição museológica em

questão, e realidade aumentada dos respectivos objectos.

A partir do reconhecimento da obra o visitante terá o leque de funcionalidades

que lhe possibilitam um conhecimento diversificado e aprofundado quer da obra em

questão, quer do contexto histórico, quer ainda, do artista.

A realidade aumentada é uma tecnologia, que combina elementos do mundo

real com elementos virtuais em 3D realizada por meio de algum dispositivo

tecnológico. Combina um software específico e equipamentos como câmaras digitais.

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Entre as áreas que mais beneficiam com a possibilidade de sobrepor a realidade

virtual com o nosso campo de visão destaca-se a arte - quando o espólio de um

museu não pode estar exposto na sua totalidade poder-se-á recorrer à criação de

museus virtuais (por exemplo).

Figura 7- Estrutura da Apresentação da Aplicação B-Around Art

Fonte: White Tower, Lda.

Tal como apresenta a figura 7, a aplicação B-Around Art funciona da seguinte

forma:

1) Locução Inicial: a partir do momento em que é carregada, a aplicação

activa a locução de boas-vindas e indicação de procedimento;

2) Tutorial: como opção;

3) Mapa: ícones agregados (artista, colecções, conceito operativo atlas,

núcleo por núcleo);

4) Modo Vídeo: depois da locução inicial (ou tutorial, se for o caso), o

modo vídeo é automaticamente accionado por defeito e terá um menu próprio com

infografismos iconográficos das funcionalidades disponíveis (ex: planta, museu, ajuda,

etc.) a deslizar no lado inferior do ecrã, independentemente da imagem. Quando o

visitante dirige a câmara para uma obra, a aplicação faz o reconhecimento da obra e

bloqueia na imagem que está em BackOffice, apresentando o menu das

funcionalidades disponíveis.

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5) Estas funcionalidades são: ícones agregados (Obra, Artista, Colecções).

Ao abrir o ícone obra, surgem os ícones com as funcionalidades do programa: locução

com leitura de obra; pormenores da obra; lupa 1x1; pantone;

6) Obra – informação descritiva do objecto artístico em questão, dimensão,

técnica, ano de execução, localização geográfica, período, etc.;

7) Artista – informação descritiva do percurso artístico do autor da obra,

podendo incluir referências a outros artistas (suportes – locução, texto, fotografia,

vídeo);

8) Colecções: permite identificar as colecções que compõem o Museu e

conhecer em pormenor obras que as integram;

9) Realidade aumentada: permite a interactividade entre objectos (reais e

virtuais) do museu em tempo real. Consiste na sobreposição de objectos virtuais

tridimensionais no ambiente real do espaço do museu.

1.1 Funcionalidades da B-Around Art

Com esta aplicação multimédia é possível a interacção em tempo real, da obra

com o exterior. Através de uma utilização sensitiva cognitiva, o visitante enquadra a

obra de arte no interface, permitindo assim o acesso às informações associadas em

tempo real. (Figura 8)

Figura 8 - Detecção da Obra

Fonte: White Tower, Lda.

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Tal como a figura 8 expõe, através do Ipad, o visitante detecta a obra, dispondo

de três opções do lado esquerdo, que lhe proporcionam a obter mais informação

relativamente à obra, bem como partilha-la com as redes sociais.

O visitante tem acesso a informação diversificada e aprofundada da obra;

artista, técnica, colecções, contexto histórico, etc., podendo decidir a qualquer

momento, qual a temática que mais lhe interessa. A informação disponibilizada existe

nos seguintes formatos: texto, áudio, fotografia e vídeo. (Figura 9)

Figura 9 - Informação detalhada da Obra, Autor, Obras Relacionadas

Fonte: White Tower, Lda

O visitante tem a possibilidade de seleccionar a informação disponibilizada

relativamente à obra, autor e obras relacionadas.

A aplicação permite guardar os conteúdos favoritos, disponibilizados pelo

museu, através do envio directo para a sua conta de correio electrónico. É possível

ainda ter acesso a um bloco de notas, para comentários pessoais que posteriormente

poderão ser enviados por correio electrónico.

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Proporciona ainda ao visitante o acesso às suas contas de redes sociais, fazer

likes, partilhar fotografias, vídeos e comentários sobre as obras, sendo postados na

sua página pessoal com “marca” da instituição. (Figura 10)

Figura 10 - Partilha da Obra

Fonte: White Tower, Lda.

É possível através de uma ferramenta ao dispor da instituição museológica que

permite a composição de um processo arqueológico, baseado numa obra, objecto,

autoria, etc., demonstrando a relação, origens e derivação dos processos criativos.

Permite detectar técnicas que terão sido utilizadas nas obras de arte, e auxiliar

a apreciação da obra. (Figura 11)

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Figura 11 - Detecção de Técnicas de Arte utilizadas

Fonte: White Tower, Lda.

A planta do museu permite detectar onde o visitante se encontra. Esta função

possibilita que o visitante tenha acesso à sua localização e informações úteis como:

entradas, saídas, loja museu, livraria, etc. É possível ainda obter informação específica

sobre a instituição museológica: história, agenda, horários, etc. (Figura 12)

Figura 12 - Planta do Museu: Você Está Aqui!

Fonte: White Tower, Lda.

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Através das potencialidades do zoom é possível visualizar ao pormenor, até à

escala real 1x1, o objecto artístico em questão. (Figura 13)

Os destaques de referência que permitem o acesso a conteúdos de informação

específica da obra de arte são visualizados através de highlights. (Figura 13)

Figura 13 - Zoom e Highlights direccionados à obra

Fonte: White Tower, Lda.

2 Casa Museu Teixeira Lopes

2.1 Enquadramento Histórico da Casa Museu Teixeira Lopes

A Casa Museu Teixeira Lopes foi o lar de habitação de uma das figuras mais

marcantes da história artística portuguesa, o escultor António Teixeira Lopes. O Museu

constitui dois edifícios, sendo o mais antigo outrora habitação da família Teixeira

Lopes, actualmente destinado à recepção, o segundo, arquitectado em 1898 pelo seu

irmão José Teixeira Lopes, designado como habitação do escultor.

A Casa-Museu foi oficialmente constituída a 18 de Março de 1933, após

doação onerosa do imóvel, do acervo e das oficinas por parte do artista à Câmara

Municipal de Vila Nova de Gaia mas já há muito funcionava como “Casa-Museu”, na

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medida em que António Teixeira Lopes recebia todas as pessoas que pretendiam

visitar a sua casa-museu.

Ao doar o seu espólio ao Município de Vila Nova de Gaia, o escultor sentia que

este conjunto de bens devia ser transmitido às gerações vindouras. A herança

acumulada ao longo da sua história fazem, da sua colecção uma das mais

impressionantes.

A Casa-Museu Teixeira Lopes não vive apenas da sua história, sendo um

espaço de difusão cultural de Arte Contemporânea, centrado nas Galerias Diogo de

Macedo, em homenagem ao também escultor Diogo de Macedo, cujo objectivo é

divulgar a sua obra e colecção, assim como promover o conhecimento e apreciação

do actual panorama artístico, através de exposições temporárias.

A Casa-Museu Teixeira Lopes foi integrada na Rede Portuguesa de Museus

em 2002, estando em consonância com o conceito de museu emanado pelo Conselho

Internacional de Museus.

3 B- Around Art na Casa Museu Teixeira Lopes

A Casa-Museu Teixeira Lopes ao alugar o dispositivo tecnológico (Ipad) dotado

de uma aplicação inédita (B-Around Art) permite, aos seus visitantes uma experiência

única e original. Esta entidade alcançará um lugar de prestígio no “mercado dos

museus”.

A B-Around Art, tal como detalhadamente foi explicado anteriormente, tem

uma aplicação que permite aceder directamente a uma rede intranet de conteúdos

informativos da responsabilidade de cada instituição museológica, apenas disponível

através da aplicação e dentro do contexto físico da instituição.

A Casa-Museu Teixeira Lopes, uma vez que adquire uma colecção bastante

completa de mais que um artista, poderão os visitantes, optar por visualizar apenas

uma parte do Museu. O B-Around Art permite um fácil acesso à colecção que lhe

interessará através da consulta do mapa, e das exposições acessíveis.

Permite aos visitantes infantis uma interacção distinta através da

funcionalidade de realidade aumentada, através de animação multimédia e criação de

objectos virtuais na envolvente da obra de arte.

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Os visitantes da Casa Museu Teixeira Lopes terão a oportunidade de vivenciar

momentos inesquecíveis, que poderão ser memorizados no Ipad, e posteriormente

enviados para a sua caixa de correio electrónico, ou ainda partilha-los nas redes

sociais de forma directa.

4 Avaliação do Investimento

A avaliação de Investimentos concretiza-se pela análise prévia de projectos,

tendo como finalidade o conhecimento relativo à sua viabilidade. Importa portanto,

conhecer se o projecto é útil e se valerá a pena ser desenvolvido.

4.1 Pressupostos

É importante perceber quais os pressupostos do projecto, de forma a

compreender os restantes documentos previsionais, tal como o balanço e a

demonstração de resultados.

Considerando os dados disponibilizados no Anexo 1, o projecto B-Around Art

considera as seguintes condições7:

O primeiro ano de actividade será em 2014;

O saldo de tesouraria terá aplicabilidade financeira a curto prazo, a uma

taxa de 0,70%;

Para implementar o projecto, pressupõe-se um financiamento a longo

prazo, a uma taxa de juro de 6,60%;

A taxa de actualização deve ter em conta o risco associado ao

investimento, pela sua expressão ao custo de oportunidade do capital.

Sendo assim, esta é determinada pela ponderação entre a taxa de

activos sem risco – 1,6%, e o prémio de risco de mercado – 10%;

É utilizada uma ponderação de 0,05 na determinação dos cash-flows,

após cinco anos de vida do projecto. Desta forma, após o ano 2019 é

considerada uma taxa de crescimento de cash-flows na perpetuidade.

7 As taxas apresentadas foram sustentadas em valores disponibilizados pelo IAPMEI, no seu

Programa Financeiro – Finicia.

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4.2 Vendas

O ponto de partida para alcançar a viabilidade positiva do projecto B-Around

Art, passou por determinar o preço de bilhete pela visita à Casa Museu Teixeira Lopes.

A Casa Museu Teixeira Lopes é um Museu que não cobra as visitas, pelo que

neste projecto, consideraram-se três preços distintos, consoante o género de visita –

individual, grupo ou familiar.

No primeiro ano do projecto, a estimativa do número de visitantes corresponde

ao mesmo número alcançado pela Casa Museu Teixeira Lopes, no ano 2012

(estimativa mais recente). Posteriormente apostou-se num crescimento das visitas em

7% entre 2015 e 2016, 10% em 2017 e 15%, entre 2018 e 2019, resultado de uma

previsão de êxito do respectivo investimento.

Como se pode verificar na tabela 5, é definida uma taxa de variação dos preços

de 3%, correspondendo a uma aproximação da previsão da PorData8.

Tabela 4 - Previsão de Vendas - Projecto B-Around Art

8 PorData – Base de Dados Portugal Contemporâneo – www.pordata.pt

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Taxa de Variação dos Preços 3% 3% 3% 3% 3%

Vendas 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Bilhete Individual 6.000 € 6.613 € 7.288 € 8.257 € 9.780 € 11.585 €

Quantidades Vendidas 1500 1605 1717 1889 2172 2498

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 4,00 € 4,12 € 4,24 € 4,37 € 4,50 € 4,64 €

Grupo > 10 Pessoas 22.500 € 24.797 € 27.329 € 30.964 € 36.677 € 43.443 €

Quantidades Vendidas 7500 8025 8587 9445 10862 12492

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 3,00 € 3,09 € 3,18 € 3,28 € 3,38 € 3,48 €

Famílias Numerosas > 5 Pessoas 3.500 € 3.857 € 4.251 € 4.817 € 5.705 € 6.758 €

Quantidades Vendidas 1000 1070 1145 1259 1448 1666

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 3,50 € 3,61 € 3,71 € 3,82 € 3,94 € 4,06 €

Total das Vendas 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

IVA das Vendas - 23% 7.360 € 8.111 € 8.940 € 10.129 € 11.997 € 14.211 €

Total do Volume de Negócios 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

IVA 7.360 € 8.111 € 8.940 € 10.129 € 11.997 € 14.211 €

Total do Volume de Negócios + IVA 39.360 € 43.379 € 47.808 € 54.166 € 64.160 € 75.997 €

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4.3 Fornecimentos e Serviços Externos

O projecto B-Around Art apresenta os seus FSE relativamente reduzidos, uma

vez que apenas respeita ao incremental, pela implementação do projecto.

Para garantir o bom funcionamento da aplicação B-Around Art, foi orçamentado

um valor de 5000€ anuais, para efeitos de manutenção – Anexo 21 e 22.

Determinou-se portanto uma previsão do consumo de água e electricidade,

tendo em conta o aumento do número de visitantes derivado do respectivo projecto,

ceteris paribus.

.

Tabela 5 - Fornecimentos e Serviços Externos

Para que fosse possível determinar um valor credível, no cálculo do consumo

da electricidade e da água, foram efectuados cálculos auxiliares.

Tal como a tabela 6 e 7 demonstram, o preço de cada metro cúbico de água

em Vila Nova de Gaia, tabelado para o serviço público, tem um custo de 2,5 Euros9

(Anexo 2). Antevê-se a probabilidade de 50% das pessoas que visitam o Museu,

utilizarem o WC. Tendo em conta, a capacidade de reservatório sanitário10 e o caudal

da torneira11, bem como o tempo de lavagem de mãos, é possível determinar o

consumo por lavagem de mãos, e posteriormente os metros cúbicos gastos

anualmente no WC. Finalmente obtêm-se o custo anual pela utilização do wc,

decorrente do Projecto B-Around Art.

9 A informação relativamente à tarifa encontra-se no Anexo 14

10 A informação relativamente à capacidade de reservatório sanitário encontra-se no Anexo 19

11 Anexo 15

2014 2015 2016 2017 2018 2019

12 12 12 12 12 12

1,5% 1,5% 1,5% 1,5% 1,5%

Serviços Especializados IVA Valor Mensal 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Conservação e Reparação 23% 5.000 € 5.075 € 5.151 € 5.228 € 5.307 €

Publicidade e Propaganda 23% 100 € 1.200 € 1.218 € 1.236 € 1.255 € 1.274 € 1.293 €

Energia e Fluídos

Electricidade 23% 2,07 € 24,79 € 25,16 € 25,54 € 25,92 € 26,31 € 26,70 €

Água 6% - € 7,25 € 15,11 € 27,19 € 47,16 € 70,35 €

Total FSE 102 € 1.225 € 6.250 € 6.352 € 6.459 € 6.575 € 6.697 €

282 € 1.436 € 1.458 € 1.481 € 1.504 € 1.528 €

1.506 € 7.687 € 7.810 € 7.940 € 8.080 € 8.225 €

Nº Meses

Taxa de Crescimento

IVA

FSE+ IVA

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Como se constata na tabela 6, o primeiro ano do projecto não obtém qualquer

previsão de consumo de água. De facto, a previsão do número de visitantes para o

ano 2014, corresponde ao mesmo número que a Casa Museu Teixeira Lopes obteve

em 2012. Desta forma, não é ponderado algum consumo de água, pressupondo que o

Museu já teria esse gasto pelo seu normal funcionamento, ou seja, sem a

implementação do projecto B-Around Art.

Tabela 6 - Cálculo Auxiliar do Consumo de Água durante os Anos de Vida do Projecto

Tabela 7 - Pressupostos de Cálculo do Consumo de Água

No que diz respeito ao incremento do consumo eléctrico, este deve-se aos

carregamentos dos Ipads. O Ipad será o utensílio básico e fundamental para colocar

em funcionamento a aplicação B-Around Art. Como é possível verificar na tabela 8

prevê-se, diariamente o carregamento de dez baterias de Ipad 4 tendo em conta que o

tempo de vida entre cada carregamento é de dez horas12. Considerando que o

consumo energético do carregador é de 12 watts13 e o preço por kw/h é de 0,1377

12

A informação sobre a autonomia da bateria do Ipad 4 encontra-se no Anexo 16 13

A informação relativamente à potência do carregador encontra-se no Anexo 17

Consumo de Água 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Nº Pessoas Adicional 700 749 1145 1889 2172

Probabilidade de

Utilizarem WC 350 374,5 572,5 944,5 1086,2

Litros de Água Gastos

Anulamente no WC 2856,0 3055,9 4671,2 7707,5 8863,6

m3 Gastos Anualmente

no WC 2,856 3,05592 4,671192 7,7074668 8,86358682

Custo Anual por

Utilização do WC 7,14 € 7,64 € 11,68 € 19,27 € 22,16 €

Preço água / m3 2,5 €

Capacidade Reservatorio Sanitario 7 litros

Caudal da Torneira7 litros/min

Tempo de lavagem de mãos10 segundos

Consumo por lavagem de mãos1,16 litros

Número de visitantes no 1º Ano de Projecto (2014)10000 Pessoas

Percentagem de pessoas que utilizam o WC 50%

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Euros14, é possível determinar o custo mensal pelos carregamentos e

consequentemente o gasto anual, que se encontra na tabela 5.

Tabela 8 - Pressupostos de Consumo Eléctrico

4.4 Investimento

O investimento deste projecto requere a obtenção do hardware onde será

instalado o aplicativo B-Around Art, que representará o equipamento básico. O

hardware elegido foi o modelo da Apple – Ipad 4 com ecrã de retina, wi-fi e com 16GB

de armazenamento. O anexo 20 apresenta o cômputo de 10 Ipads 4, bem como as

suas protecções, que totaliza um montante de 4.455,30 Euros.

Justifica-se o número de Ipads pela capacidade em reunir cerca de 10 pessoas

nos corredores do Museu, considerando que um número superior de visitantes

comprometerá a qualidade da visita. Supõe-se um reinvestimento em 2017 de mais 5

unidades de Ipads, atendendo a eventualidade de desgaste das primeiras unidades

adquiridas.

O próprio aplicativo B-Around Art foi orçamentado pela empresa que o

desenvolveu - White Tower Lda., exposto no Anexo 21 e Anexo 22, pelo montante de

85.000 Euros, sendo considerado um Programa de Computador.

Assim, concretiza-se um investimento de 89.455 Euros no primeiro ano do

Projecto, bem como de 2.228 Euros no terceiro ano, tal como a tabela 9 expõe.

14

A informação relativamente ao preço por kw/h encontra-se no Anexo 18

Nº de Ipads 10 unidades

Tempo de Vida entre cada Carregamento 10 horas

Consumo Energético de carregador 12 watts

Tempo de Carregamento 5 horas

Dias Utéis 25 dias

Consumo em KW por Mês 1,5 kw/h

Preço do kw/h 0,1377 € - Kw/h

Custo dos Carregamentos por Mês e por Carregador 0,20655 €

Custo dos Carregamentos por Mês 2,0655 €

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Tabela 9 - Investimento do Projecto B-Around Art

4.5 Financiamento

De forma a concretizar o Projecto será indispensável presumir a forma como o

mesmo será financiado.

Supondo que a entidade que tutela a Casa Museu Teixeira Lopes,

especificamente a Gaianima - Equipamentos Municipais E. E. M., não pretende

financiar o projecto na totalidade, será necessário recorrer a financiamento por capitais

alheios.

Tal como a tabela 10 esclarece, o capital alheio será no montante de 79.700

Euros, sendo o capital próprio de 10.000 Euros, o que totaliza um montante de 89.700

Euros, constituindo a quantia necessária ao investimento previsto acrescendo a

margem de segurança de 2%, que socorrerá eventuais imprevistos.

Os meios libertos a que a tabela seguinte apresenta, corresponde aos cash-

flows gerados no período de vida do projecto, contudo neste projecto, não será

considerado esse montante para financiar o investimento necessário.

Tabela 10 - Financiamento do Projecto B-Around Art

2014 2015 2016 2017 2018 2019

4.455 € 2.228 €

4.455 € 2.228 €

85.000 €

85.000 €

89.455 € 2.228 €

Total de Activos Fixos Intangíveis

Total do Investimento

Programas de Computador

Investimento por Ano

Activos Fixos Tangíveis

Equipamento Básico

Total de Activos Fixos Tangíveis

Activos Intangíveis

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Investimento 87941,90 -155 -202 2064 -589 -547

Margem de Segurança 2% 2% 2% 2% 2% 2%

Necessidades de Financiamento 89700 -200 -200 2100 -600 -600

Necessidades de Fianciamento 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Meios Libertos 30.388 € 29.069 € 31.693 € 28.518 € 34.524 € 41.429 €

Capital 10.000 €

Outros Instrumentos de Capital

Financiamento Bancário e outras Inst.Crédito 79.700 €

Subsídios

TOTAL 120.088 € 29.069 € 31.693 € 28.518 € 34.524 € 41.429 €

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4.6 Demonstração de Resultados

A demonstração de resultados coloca em evidência os proveitos e ganhos,

bem como os gastos e perdas de um dado período.

O Projecto B-Around Art não carece de Custo de Mercadorias Vendidas e

Matérias Consumidas, pelo que os gastos existentes correspondem apenas aos

Fornecimentos e Serviços Externos bem como aos Juros e Gastos Suportados,

fundamentado pela saída de capital. No que diz respeitos às perdas, estas consistem

nas depreciações e amortizações, pois apesar de não significar saída de capital

constitui uma perda de valor dos activos. Por sua vez, as fontes de rendimento

correspondem às vendas de bilhetes de visitante, bem como, os juros obtidos pelas

aplicações a curto prazo do saldo de tesouraria anual.

Como é possível verificar na tabela 11, nos três primeiros anos o resultado

líquido do período é negativo. Em 2015, existe inclusive uma situação mais

desfavorável face ao primeiro ano, decorrente do aumento exponencial dos FSE. O

panorama permanece desfavorável no ano seguinte, contudo nesse ano, verifica-se

um aumento do resultado líquido do período, pela redução dos juros e gastos

suportados. Consequentemente, os anos seguintes alcançam um resultado positivo.

Tabela 11 - Demonstração de Resultados Previsional do Projecto B-Around Art

4.7 Balanço

O balanço é um documento que corporiza o planeamento financeiro e os

pressupostos assumidos no início deste projecto.

A tabela 12 mostra o balanço previsional do projecto a que este documento

respeita, correspondendo ao activo, os activos fixos tangíveis e intangíveis, bem como,

o montante em caixa e depósitos bancários, derivado do saldo de tesouraria anual.

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Vendas e Serviços Prestados 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

Fornecimentos e Serviços Externos 1.225 € 6.250 € 6.352 € 6.459 € 6.575 € 6.697 €

EBITDA (Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos) 30.775 € 29.017 € 32.516 € 37.578 € 45.587 € 55.090 €

Gastos/reversões de depreciação e amortização 29.224 € 29.224 € 29.224 € 1.337 € 1.337 € 446 €

EBIT (Resultado Operacional) 1.551 € 208 €- 3.292 € 36.242 € 44.250 € 54.644 €

Juros e rendimentos similares obtidos 192 € 221 € 285 € 379 € 513 € 833 €

Juros e gastos similares suportados 5.281 € 5.281 € 3.961 € 2.641 € 1.320 € - €

RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 33.979 € 43.444 € 55.477 €

Imposto sobre o rendimento do período - € - € - € 6.197 € 10.861 € 13.869 €

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 27.782 € 32.583 € 41.607 €

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Por sua vez, o Capital Próprio têm-se através da quantia de capital investido

pela entidade de tutela da Casa-Museu no projecto, o resultado líquido do período e

posteriormente, as reservas que decorrem dos resultados líquidos do período anterior.

Por fim, as rúbricas que preenchem o passivo respeitam o empréstimo obtido,

fundamental para o financiamento do projecto, e o encargo perante o Estado no que

concerne ao IVA.

Tabela 12 - Balanço previsional do projecto B-Around Art

2014 2015 2016 2017 2018 2019

ACTIVO

Activo Não Corrente 60.231 € 31.007 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

Activos fixos tangíveis 3.564 € 2.673 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

Propriedades de investimento

Activos Intangíveis 56.667 € 28.333 € 0 € 0 € 0 € 0 €

Investimentos financeiros

Activo corrente 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

Inventários

Clientes

Estado e Outros Entes Públicos

Accionistas/sócios

Outras contas a receber

Diferimentos

Caixa e depósitos bancários 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

TOTAL ACTIVO 87.675 € 62.639 € 42.531 € 56.748 € 74.659 € 119.822 €

CAPITAL PRÓPRIO

Capital realizado 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 €

Acções (quotas próprias)

Outros instrumentos de capital próprio

Reservas 3.538 €- 8.805 €- 9.189 €- 18.592 € 51.175 €

Excedentes de revalorização

Outras variações no capital próprio

Resultado líquido do período 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 27.782 € 32.583 € 41.607 €

TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 6.462 € 1.195 € 811 € 28.592 € 61.175 € 102.782 €

PASSIVO

Passivo não corrente 79.700 € 59.775 € 39.850 € 19.925 € - € - €

Provisões

Financiamentos obtidos 79.700 € 59.775 € 39.850 € 19.925 € - € - €

Outras Contas a pagar

Passivo corrente 1.513 € 1.669 € 1.870 € 8.231 € 13.484 € 17.040 €

Fornecedores

Estado e Outros Entes Públicos 1.513 € 1.669 € 1.870 € 8.231 € 13.484 € 17.040 €

Accionistas/sócios

Financiamentos Obtidos

Outras contas a pagar

TOTAL PASSIVO 81.213 € 61.444 € 41.720 € 28.156 € 13.484 € 17.040 €

TOTAL PASSIVO + CAPITAIS PRÓPRIOS 87.675 € 62.638 € 42.531 € 56.749 € 74.659 € 119.822 €

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4.8 Avaliação do Projecto B-Around Art

Quanto vale, hoje, um euro a receber amanhã? O que vale mais, um euro hoje,

ou dois euros a receber daqui a dois três anos? Quanto vale um euro hoje mais um

euro a receber daqui a um ano?

Segundo Correia (s.d.), são questões que remetem-nos para o valor temporal

do dinheiro. Efectivamente receber um euro hoje não é o mesmo que receber o

mesmo euro amanhã. Tal implicaria a privação temporária de um euro. Para podermos

comparar, ou somar valores monetários gerados em períodos diferentes, temos que os

reportar a um mesmo instante temporal.

De forma a entender a avaliação deste projecto, é indispensável dominar o

conceito de actualização, uma vez que este presencia-se nos critérios avaliativos

adoptados. Actualizar significa então, descontar um fluxo futuro a uma determinada

Taxa de Actualização, que espelhe o custo de oportunidade ou, de outra forma, o

rendimento exigido pelo investidor pelo facto de ter de aguardar, pelo tal momento

futuro para receber o montante em causa.

4.8.1 Free Cash-Flow

Os fluxos anuais ao longo do período de vida de um projecto de investimento

denominam-se de cash-flows. Estes obtêm-se através do somatório dos resultados

líquidos, reintegrações e/ou amortizações técnicas, provisões e encargos financeiros.

As análises previsionais de investimentos apoiam-se não raras vezes no cash-

flow para determinar a viabilidade dos projectos.

O cash-flow disponível para distribuir entre os detentores de fontes de

financiamento designa-se de free cash-flow, sendo o dinheiro disponível após o

pagamento dos custos operacionais, para remunerar quem efectivamente financiou o

projecto.

Calcula-se da seguinte forma:

Tal como se verifica nas tabelas 13 e 14, os Free Cash-Flows são distintos

consoante as perspectivas apresentadas – Perspectiva do Investidor e Perspectiva do

Projecto. Tal deve-se pelo facto de o cálculo do Free Cash-Flow na perspectiva do

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Investidor, não integrar os reembolsos do empréstimo adquirido, bem como, os juros

suportados desse mesmo empréstimo.

Atendendo que a o Free Cash-Flow é negativo apenas no primeiro ano do

projecto (na perspectiva do projecto), devido ao investimento realizado nesse ano, é

possível averiguar a partir deste dado que uma rentabilidade futura positiva.

4.8.2 Valor Actual Líquido

O VAL, tal como os restantes indicadores avaliativos deste projecto,

encontram-se calculados em duas perspectivas distintas, tal como referido

anteriormente. Sendo assim, na perspectiva do investidor, resulta do somatório dos

cash-flows actualizados a uma taxa de remuneração de uma aplicação sem risco com

uma retribuição desse risco, que o investidor (neste projecto considera-se o investidor

a Gaianima Equipamentos Municipais, E. E. M.) entenda como a sua remuneração

mínima. Por sua vez, na perspectiva do projecto a avaliação resulta do custo médio

ponderado do capital15 ao Ano zero (ano em que ocorre o maior volume de

investimento).

Concretizando, tal como as tabelas 13 e 14 apresentam, na perspectiva do

investidor o VAL é de 377.589 Euros sendo por sua vez, na perspectiva do projecto o

VAL de 457.183 Euros. Verifica-se que o VAL é superior na perspectiva do projecto, tal

deve-se em parte ao WACC que é inferior à taxa de actualização definida na

perspectiva do investidor, revelando que o custo do capital é superior na perspectiva

do investidor relativamente à perspectiva do projecto.

O cálculo do WACC é efectuado da seguinte forma:

Considerando os valores do VAL do respectivo projecto, é possível interpretar

que para além da taxa de actualização estipulada, foi ainda possível obter um ganho

remanescente em ambas as perspectivas. O valor remanescente corresponde ao

montante do VAL, mostrando a viabilidade do projecto pelo retorno do seu

investimento.

15

O Custo Médio Ponderado refere-se à tradução da sigla - WACC (Weighted Average Cost Of Capital) presente na tabela 14

Page 66: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

54

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4.8.3 Pay-Back Period

O Pay-Back Period ou Período de Recuperação do Investimento tal como

designado anteriormente revela, que neste projecto os capitais investidos são

recuperados durante o primeiro ano de exercício da actividade, na perspectiva do

investidor. Já na perspectiva do projecto os capitais investidos são recuperados no

terceiro ano de exercício da actividade.

De forma a conhecer exactamente em que altura foi recuperado o investimento,

foram efectuados os seguintes cálculos auxiliares:

De acordo com este indicador, verifica-se que o projecto obtém um retorno

relativamente breve na primeira perspectiva – cinco meses, comparativamente à

segunda perspectiva que o obtém três anos mais tarde. Contudo, é possível confirmar

que a distância temporal entre o início do projecto e o seu retorno, não se considera

deveras longínqua, o que transparece um panorama favorável, quanto à viabilidade

deste projecto.

4.8.4 Taxa Interna de Rentabilidade

Sabe-se que a TIR representa a taxa máxima de rentabilidade do projecto, ou

seja, a taxa de actualização que no final do período de vida do projecto, iguala o VAL a

zero.

Sendo assim, este indicador revela uma expressão optimista, pelo facto de

obter um valor superior a zero em ambas as perspectivas, caracterizando o projecto

como capaz de gerar uma taxa de rentabilidade superior ao custo de oportunidade do

capital, qualificando assim o projecto como economicamente viável.

Page 67: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

55

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Especificamente, como a tabela 13 e 14 apresentam, a TIR é de 202% e de

52%, na perspectiva do investidor e na perspectiva do projecto, respectivamente.

4.8.5 Análise Benefício/Custo

A análise benefício/custo é considerado um critério, que avalia

economicamente e socialmente um projecto podendo medir inclusive o seu impacto na

sociedade, revelando qual o valor recolhido por cada unidade monetária investida.

Atendendo que o Projecto B-Around Art é realizado num cenário caracterizado

como serviço público, é pertinente conhecer a viabilidade do projecto segundo este

indicador. Assim, verifica-se nas tabelas 13 e 14, que por cada euro investido no

projecto será arrecadado 38,76 Euros e 6,10 Euros, na perspectiva do investidor e na

perspectiva do projecto, respectivamente.

A disparidade entre perspectivas é notável, e tal deve-se ao facto de na

perspectiva do investidor, este apenas considerar como investimento o seu capital, ou

seja o capital próprio. Por sua vez, a perspectiva do projecto integra para avaliação o

valor total do investimento, isto é, a soma entre o financiamento por capitais próprios e

alheios.

Corrobora-se que em ambas as perspectivas o projecto é viável, segundo este

indicador.

Tabela 13 - Avaliação do Projecto B-Around Art, sob a Perspectiva do Investidor

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

16.864 4.018 8.009 3.888 13.869 41.976 620.638

1,60% 1,65% 1,70% 1,75% 1,80% 1,85% 1,91%

10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00%

11,76% 11,81% 11,87% 11,92% 11,98% 12,04% 12,10%

1 1,118 1,251 1,400 1,568 1,756 1,969

16.864 3.594 6.403 2.777 8.847 23.898 315.206

16.864 20.458 26.861 29.638 38.484 62.383 377.589

377.589

Fluxos Actualizados

Valor Actual Líquido (VAL)

Na perspectiva do Investidor

Free Cash Flow do Equity

Taxa de juro de activos sem risco

Prémio de risco de mercado

Taxa de Actualização

Factor actualização

0 AnosPay Back period

TIR 202%

Análise Benefício/Custo 38,76

Page 68: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Tabela 14 - Avaliação do Projecto B-Around Art sob a Perspectiva do Projecto

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

-57554 29224 31895 26454 35114 41976 642974

5,45% 5,08% 5,08% 8,96% 11,80% 11,85% 11,85%

1,00 1,051 1,104 1,203 1,345 1,505 1,683

-57554 27811 28884 21987 26104 27899 382052

-57554 -29743 -860 21128 47232 75131 457183

457183Valor Actual Líquido (VAL)

Na perspectiva do Projecto

Free Cash Flow to Firm

WACC

Factor de actualização

Fluxos actualizados

3 AnosPay Back period

TIR 52%

Análise Benefício/Custo 6,10

Page 69: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Conclusão

O sucesso da implementação dos programas de modernização administrativa

permitiram reconhecer, que os serviços públicos portugueses encontram-se

actualmente preparados, para a constante inovação e inserção de novas tecnologias

no seio dos seus serviços.

Tal como se constatou, os Museus encontram-se em grande parte tutelados

pelas Autarquias Locais e Empresas Municipais. De facto, a Casa Museu Teixeira

Lopes, entidade eleita como objecto de estudo, encontra-se sob tutela da Gaianima

Equipamentos Municipais, E. E. M.. Desta forma, conclui-se que apesar de encontrar-

se sob poder de superintendência da Câmara Municipal de Gaia, esta empresa pública

obtém autonomia financeira, pelo que pode realizar investimentos.

A Administração Pública, no exercício das suas actividades, tem como

prioridade promover o aumento do bem-estar social e económico e da qualidade de

vida das pessoas. Assim, os investimentos de natureza pública baseiam-se

essencialmente em indicadores económicos e sociais, uma vez que não visam obter

retorno do capital investido, descartando muitas possibilidades empreendedoras.

Este projecto vem provar que um investimento público poderá ser atractivo,

mesmo numa situação de crise económica profunda em que Portugal se encontra.

É possível investir, obter resultados positivos e ainda manter as prioridades da

Administração Pública salvaguardadas.

As entidades museológicas são uma das áreas susceptíveis de serem

penalizadas pela constante falta de recursos que tanto tem caracterizado a

Administração Pública Portuguesa. Atendendo que o património cultural não deverá

ser comprometido pela falta de verbas existentes, à imagem do que tem acontecido

noutros países, parece fundamental investir nos museus portugueses para que estes

sejam considerados referência e atracção turística.

Como se referiu anteriormente o investimento deve começar por incorporar

competências na área do turismo no que respeita à gestão dos museus, de forma a

integrar estrategicamente o sector museológico na cadeia de valor do turismo, e ainda

aligeirar as diferenças conceptuais entre os dois sectores – turismo e museus.

A distinção entre os seus ideais podem constituir obstáculos na relação entre

estas duas vertentes. Efectivamente, tal como anteriormente foi referido, o turismo tem

Page 70: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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como principal objectivo maximizar o número de visitantes ao “recurso”, enquanto os

museus pretendem preservar o “recurso”, por outro lado, o turismo é um sector que

visa o lucro, pelo que os museus são entidades sem fins lucrativos

Considerando que as novas tecnologias multimédia se encontram em voga, e

que os visitantes se interessem pela originalidade da experiência, o Projecto B-Around

Art possibilita a auto-sustentabilidade do investimento. Contudo a rentabilidade deste,

apenas é possível através da estipulação de uma importância por visita.

A desvantagem deste Projecto assenta na eventualidade de determinados

visitantes não se interessarem pelo instrumento tecnológico, optando por visitar o

museu da forma tradicional. Nestes casos não poderá ser cobrado qualquer custo pela

visita, podendo contagiar negativamente a vontade de outros visitantes.

Com este estudo é possível demonstrar que a viabilidade financeira de um

projecto, não coloca em causa o conceito do museu como entidade não lucrativa,

podendo nesta situação colocar esta entidade em lugar de destaque face a qualquer

outro museu, uma vez que é pioneiro na adopção desta tecnologia. Oferece antes de

mais, um conjunto variado e selectivo de informação tanto audiovisual como

interactivo, que poderá tornar o local como referência de visita “obrigatória” pelos

turistas, pelo que poderá será promovido o turismo cultural local.

Assim, a Administração Pública encontra uma forma de progredir e manter-se

modernizada, através do investimento de recursos públicos com vista a rentabilidade

financeira dos mesmos. Além disso a adopção de novos critérios da avaliação de

projectos públicos, nomeadamente critérios utilizados pela vertente privada podem ser

utilizados, sem comprometer os princípios da Administração Pública.

Desta forma, a adaptação das entidades culturais aos novos hábitos

tecnológicos dos visitantes e suas formas de estar, permitem aos mesmos,

experiências de visita mais ricas e memoráveis.

Tal como foi possível constatar no capítulo anterior, o procedimento

metodológico adoptado neste projecto baseou-se numa avaliação com base em vários

indicadores, utilizados regularmente para analisar empreendimentos de cariz privado.

Os respectivos revelaram que o projecto é viável economicamente, financeiramente e

ainda socialmente, uma vez que apresentaram resultados favoráveis ao investimento

realizado, mostrando que o Projecto B-Around Art é viável pela sua auto-

sustentabilidade.

Page 71: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Numa perspectiva particular, o plano financeiro apresentado demonstra aptidão

para ser executado na medida em que, os pressupostos assumidos e clarificados

estão intimamente ligados com a realidade actual. O Projecto B-Around Art é um

empreendimento original podendo ser caracterizado como uma mais-valia para a

entidade que o executar.

Muito se tem argumentado ao longo dos últimos anos, quanto à Administração

Pública adoptar modos de gestão semelhantes à gestão privada. Actualmente,

Portugal encontra-se numa situação emergente onde é essencial repensar a sua

forma de agir, nomeadamente no que diz respeito aos investimentos públicos. Para tal,

torna-se imprescindível existirem mais estudos académicos deste género, com o

intuito de contextualizar um novo rumo para a Administração Pública Portuguesa.

Page 72: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Bibliografia

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www.fnac.pt

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www.pordata.pt

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http://www.dgap.gov.pt

http://www.icom-portugal.org/multimedia/Historia%20ICOM%201986-

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Legislação Consultada

Carta Europeia da Autonomia Local

Código de Procedimento Administrativo

Constituição da República Portuguesa

Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de Abril

Lei das Finanças Locais

Lei n.º 4/2004, de 15 de Janeiro

Lei n.º 4/2004, de 15 de Janeiro

Lei n.º 47/2004, de 19 de Agosto

Lei n.º159/99, de 14 de Setembro

Lei n-º 107/2001, de 8 de Setembro

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Anexos

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Anexo 1 - Pressupostos

Anexo 2 - Vendas

Nome do Projecto

Unidade Monetária Euro

1º Ano de Actividade 2014

Taxa de IRC 25%

Taxa de Aplicações Financeiras a Curto Prazo 0,70%

Taxa de juro de empréstimo ML Prazo 6,60%

Taxa de juro de activos sem risco - Rf 1,6%

Prémio de risco de mercado - (Rm-Rf)* ou pº 10%

Taxa de crescimento dos cash flows na perpetuidade 0,05

Beta empresas equivalentes 100%

B-Around Art

PRESSUPOSTOS

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Taxa de Variação dos Preços 3% 3% 3% 3% 3%

Vendas 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Bilhete Individual 6.000 € 6.613 € 7.288 € 8.257 € 9.780 € 11.585 €

Quantidades Vendidas 1500 1605 1717 1889 2172 2498

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 4,00 € 4,12 € 4,24 € 4,37 € 4,50 € 4,64 €

Grupo > 10 Pessoas 22.500 € 24.797 € 27.329 € 30.964 € 36.677 € 43.443 €

Quantidades Vendidas 7500 8025 8587 9445 10862 12492

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 3,00 € 3,09 € 3,18 € 3,28 € 3,38 € 3,48 €

Famílias Numerosas > 5 Pessoas 3.500 € 3.857 € 4.251 € 4.817 € 5.705 € 6.758 €

Quantidades Vendidas 1000 1070 1145 1259 1448 1666

Taxa de Crescimento das Unidades Vendidas 7% 7% 10% 15% 15%

Preço Unitário 3,50 € 3,61 € 3,71 € 3,82 € 3,94 € 4,06 €

Total das Vendas 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

IVA das Vendas - 23% 7.360 € 8.111 € 8.940 € 10.129 € 11.997 € 14.211 €

Total do Volume de Negócios 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

IVA 7.360 € 8.111 € 8.940 € 10.129 € 11.997 € 14.211 €

Total do Volume de Negócios + IVA 39.360 € 43.379 € 47.808 € 54.166 € 64.160 € 75.997 €

VENDAS

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Anexo 3 – Fornecimentos e Serviços Externos

Anexo 4 – Investimento em Fundo de Maneio

2014 2015 2016 2017 2018 2019

12 12 12 12 12 12

1,5% 1,5% 1,5% 1,5% 1,5%

Serviços Especializados IVA Valor Mensal 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Conservação e Reparação 23% 5.000 € 5.075 € 5.151 € 5.228 € 5.307 €

Publicidade e Propaganda 23% 100 € 1.200 € 1.218 € 1.236 € 1.255 € 1.274 € 1.293 €

Energia e Fluídos

Electricidade 23% 2,07 € 24,79 € 25,16 € 25,54 € 25,92 € 26,31 € 26,70 €

Água 6% - € 7,25 € 15,11 € 27,19 € 47,16 € 70,35 €

Total FSE 102 € 1.225 € 6.250 € 6.352 € 6.459 € 6.575 € 6.697 €

282 € 1.436 € 1.458 € 1.481 € 1.504 € 1.528 €

1.506 € 7.687 € 7.810 € 7.940 € 8.080 € 8.225 €

Nº Meses

Taxa de Crescimento

IVA

FSE+ IVA

FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS

Necessidades de Fundo de Maneio 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Reserva de Segurança de Tesouraria

Clientes

Inventários

Estado

Total

Recursos em Fundo de Maneio 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fornecedores

Estado 1.513 € 1.669 € 1.870 € 2.034 € 2.623 € 3.171 €

Total 1.513 € 1.669 € 1.870 € 2.034 € 2.623 € 3.171 €

Fundo de Maneio Necessário 1.513 €- 1.669 €- 1.870 €- 2.034 €- 2.623 €- 3.171 €-

Investimento em Fundo de Maneio 1.513 €- 155 €- 202 €- 164 €- 589 €- 547 €-

Estado

IVA 1.513 € 1.669 € 1.870 € 2.034 € 2.623 € 3.171 €

INVESTIMENTO EM FUNDO DE MANEIO

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Anexo 5 - Investimento

2014 2015 2016 2017 2018 2019

4.455 € 2.228 €

4.455 € 2.228 €

85.000 €

85.000 €

89.455 € 2.228 €

1.025 € 512 €

2014 2015 2016 2017 2018 2019

4.455 4.455 4.455 6.683 6.683 6.683

4.455 4.455 4.455 6.683 6.683 6.683

85.000 85.000 85.000 85.000 85.000 85.000

85.000 85.000 85.000 85.000 85.000 85.000

89.455 89.455 89.455 91.683 91.683 91.683

Taxas de Depreciações e Amortizações

Activos Fixos Tangíveis

Equipamento Básico 20,00%

Activos Fixos Intangíveis

Programas de Computador 33,333%

2014 2015 2016 2017 2018 2019

29.224 € 29.224 € 29.224 € 1.337 € 1.337 € 446 €

2014 2015 2016 2017 2018 2019

891 € 1.782 € 2.673 € 4.010 € 5.346 € 5.792 €

28.333 € 56.667 € 85.000 € 85.000 € 85.000 € 85.000 €

29.224 € 58.449 € 87.673 € 89.010 € 90.346 € 90.792 €

Valores Balanço 2014 2015 2016 2017 2018 2019

3.564 € 2.673 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

56.667 € 28.333 € 0 € 0 € 0 € 0 €

60.231 € 31.007 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

INVESTIMENTO

TOTAL

Valores Acumulados

Equipamento Básico

Activos Intangíveis

Programas de computador

TOTAL DE ACTIVOS FIXOS INTANGÍVEIS

Activos fixos tangíveis

Activos Intangíveis

TOTAL

Depreciações & Amortizações Acumuladas

Activos fixos tangíveis

Activos Intangíveis

Total de Activos Fixos Intangíveis

Total do Investimento

IVA

23%

Total de Depreciações e Amortizações

Depreciações e Amortizações

TOTAL

TOTAL DE ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS

Activos Fixos Tangíveis

Programas de Computador

Investimento por Ano

Activos Fixos Tangíveis

Equipamento Básico

Total de Activos Fixos Tangíveis

Activos Intangíveis

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Anexo 6 - Financiamento

Anexo 7 – Demonstração de Resultados

Previsional

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Investimento 87941,90 -155 -202 2064 -589 -547

Margem de Segurança 2% 2% 2% 2% 2% 2%

Necessidades de Financiamento 89700 -200 -200 2100 -600 -600

Necessidades de Fianciamento 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Meios Libertos 30.388 € 29.069 € 31.693 € 28.518 € 34.524 € 41.429 €

Capital 10.000 €

Outros Instrumentos de Capital

Financiamento Bancário e outras Inst.Crédito 79.700 €

Subsídios

TOTAL 120.088 € 29.069 € 31.693 € 28.518 € 34.524 € 41.429 €

N.º de anos reembolso 4

Taxa de juro associada 6,60%

2014

Capital em dívida (início período) 79.700 € 79.700 59.775 39.850 19.925 0

Taxa de Juro 7% 7% 7% 7% 7% 7%

Juro Anual 5.260 € 5.260 € 3.945 € 2.630 € 1.315 € - €

Reembolso Anual 19925 19925 19925 19925

Imposto Selo (0,4%) 21 € 21 € 16 € 11 € 5 € - €

Serviço da dívida 5.281 € 25.206 € 23.886 € 22.566 € 21.245 € - €

Valor em dívida 79.700 € 59.775 € 39.850 € 19.925 € - €

Capital em dívida 79.700 59.775 39.850 19.925 0

Juros pagos com Imposto Selo incluído 5.281 5.281 3.961 2.641 1.320

Reembolso 19.925 19.925 19.925 19.925

FINANCIAMENTO

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Vendas e Serviços Prestados 32.000 € 35.267 € 38.868 € 44.037 € 52.162 € 61.786 €

Fornecimentos e Serviços Externos 1.225 € 6.250 € 6.352 € 6.459 € 6.575 € 6.697 €

EBITDA (Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos) 30.775 € 29.017 € 32.516 € 37.578 € 45.587 € 55.090 €

Gastos/reversões de depreciação e amortização 29.224 € 29.224 € 29.224 € 1.337 € 1.337 € 446 €

EBIT (Resultado Operacional) 1.551 € 208 €- 3.292 € 36.242 € 44.250 € 54.644 €

Juros e rendimentos similares obtidos 192 € 221 € 285 € 379 € 513 € 833 €

Juros e gastos similares suportados 5.281 € 5.281 € 3.961 € 2.641 € 1.320 € - €

RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 33.979 € 43.444 € 55.477 €

Imposto sobre o rendimento do período - € - € - € 6.197 € 10.861 € 13.869 €

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 27.782 € 32.583 € 41.607 €

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS PREVISIONAL

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Anexo 8 – Mapa de Cash Flows Operacionais

Anexo 9 – Plano Financeiro

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Meios Libertos de Projecto

Resultados Operacionais (EBIT x (1- IRC) 1.163 € 156 €- 2.469 € 27.181 € 33.188 € 40.983 €

Depreciações e Amortizações 29224,365 29224,365 29224,365 1336,59 1336,59 445,53

Provisões do Exercício

30.388 € 29.069 € 31.693 € 28.518 € 34.524 € 41.429 €

Invest./Desinvest. Em Fundo de Maneio

Fundo de Maneio 1.513 € 155 € 202 € 164 € 589 € 547 €

Cash Flow de Exploração 31.901 € 29.224 € 31.895 € 28.681 € 35.114 € 41.976 €

Invest./Desinvest. Em Capital Fixo

Capital Fixo 89.455 €- 2.228 €-

Free Cash Flow 57.554 €- 29.224 € 31.895 € 26.454 € 35.114 € 41.976 €

Free Cash Flow Acumulado 57.554 €- 28.330 €- 3.564 € 30.018 € 65.132 € 107.108 €

MAPA DE CASH FLOWS OPERACIONAIS

2014 2015 2016 2017 2018 2019

ORIGENS DE FUNDOS

Meios Libertos Brutos 30.775 € 29.017 € 32.516 € 37.578 € 45.587 € 55.090 €

Capital Social (entrada de Fundos) 10000

Outros Instrumentos de Capital

Emprestimos Obtidos 79700

Desinv. Em Capital Fixo

Desinv. Em Fundo de Maneio Necessário 1.513 € 155 € 202 € 164 € 589 € 547 €

Proveitos Financeiros 192 221 285 379 513 833

TOTAL DAS ORIGENS 122.181 € 29.394 € 33.003 € 38.120 € 46.690 € 56.470 €

APLICAÇÕES DE FUNDOS

Inv. Capital Fixo 89.455 € - € - € 2.228 € - € - €

Inv Fundo de Maneio

Imposto sobre os Lucros 6197,45611 10860,8751

Pagamento de Dividendos

Reembolso de Empréstimos 19.925 19.925 19.925 19.925 0

Encargos Financeiros 5281,2408 5281 3961 2641 1320 0

TOTAL DAS APLICAÇÕES 94.737 € 25.206 € 23.886 € 24.794 € 27.442 € 10.861 €

Saldo de Tesouraria Anual 27.444 € 4.188 € 9.117 € 13.327 € 19.247 € 45.609 €

Saldo de Tesouraria Acumulado 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

Aplicações / Empréstimo Curto Prazo 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

PLANO FINANCEIRO

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Anexo 10 - Balanço

2014 2015 2016 2017 2018 2019

ACTIVO

Activo Não Corrente 60.231 € 31.007 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

Activos fixos tangíveis 3.564 € 2.673 € 1.782 € 2.673 € 1.337 € 891 €

Propriedades de investimento

Activos Intangíveis 56.667 € 28.333 € 0 € 0 € 0 € 0 €

Investimentos financeiros

Activo corrente 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

Inventários

Clientes

Estado e Outros Entes Públicos

Accionistas/sócios

Outras contas a receber

Diferimentos

Caixa e depósitos bancários 27.444 € 31.632 € 40.749 € 54.075 € 73.322 € 118.931 €

TOTAL ACTIVO 87.675 € 62.639 € 42.531 € 56.748 € 74.659 € 119.822 €

CAPITAL PRÓPRIO

Capital realizado 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 € 10.000 €

Acções (quotas próprias)

Outros instrumentos de capital próprio

Reservas 3.538 €- 8.805 €- 9.189 €- 18.592 € 51.175 €

Excedentes de revalorização

Outras variações no capital próprio

Resultado líquido do período 3.538 €- 5.267 €- 384 €- 27.782 € 32.583 € 41.607 €

TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 6.462 € 1.195 € 811 € 28.592 € 61.175 € 102.782 €

PASSIVO

Passivo não corrente 79.700 € 59.775 € 39.850 € 19.925 € - € - €

Provisões

Financiamentos obtidos 79.700 € 59.775 € 39.850 € 19.925 € - € - €

Outras Contas a pagar

Passivo corrente 1.513 € 1.669 € 1.870 € 8.231 € 13.484 € 17.040 €

Fornecedores

Estado e Outros Entes Públicos 1.513 € 1.669 € 1.870 € 8.231 € 13.484 € 17.040 €

Accionistas/sócios

Financiamentos Obtidos

Outras contas a pagar

TOTAL PASSIVO 81.213 € 61.444 € 41.720 € 28.156 € 13.484 € 17.040 €

TOTAL PASSIVO + CAPITAIS PRÓPRIOS 87.675 € 62.638 € 42.531 € 56.749 € 74.659 € 119.822 €

BALANÇO

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Anexo 11 – Avaliação do Projecto

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

16.864 4.018 8.009 3.888 13.869 41.976 620.638

1,60% 1,65% 1,70% 1,75% 1,80% 1,85% 1,91%

10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00% 10,00%

11,76% 11,81% 11,87% 11,92% 11,98% 12,04% 12,10%

1 1,118 1,251 1,400 1,568 1,756 1,969

16.864 3.594 6.403 2.777 8.847 23.898 315.206

16.864 20.458 26.861 29.638 38.484 62.383 377.589

377.589

#NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM! #NÚM!

#NÚM!

0 Anos

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

-57554 29224 31895 26454 35114 41976 642974

5,45% 5,08% 5,08% 8,96% 11,80% 11,85% 11,85%

1,00 1,051 1,104 1,203 1,345 1,505 1,683

-57554 27811 28884 21987 26104 27899 382052

-57554 -29743 -860 21128 47232 75131 457183

457183

#NÚM! -49% 4% 25% 38% 46% 78%

77,72%

3 Anos

Cálculo do WACC 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Passivo Remunerado 79700 59775 39850 19925 0 0

Capital Próprio 6462 1195 811 28592 61175 102782

TOTAL 86162 60970 40661 48517 61175 102782

% Passivo remunerado 92,5% 98,0% 98,0% 41,1% 0,0% 0,0%

% Capital Próprio 7,50% 1,96% 1,99% 58,93% 100,00% 100,00%

Custo

Custo Financiamento 6,60% 6,60% 6,60% 6,60% 6,60% 6,60%

Custo financiamento com efeito fiscal 4,95% 4,95% 4,95% 4,95% 4,95% 4,95%

Custo Capital 11,60% 11,65% 11,70% 11,75% 11,80% 11,85%

Custo ponderado 5,45% 5,08% 5,08% 8,96% 11,80% 11,85%

Fluxos Actualizados

Valor Actual Líquido (VAL)

Taxa Interna de Rentibilidade

Pay Back period

AVALIAÇÃO DO PROJECTO

Na perspectiva do Projecto

Free Cash Flow to Firm

WACC

Factor de actualização

Fluxos actualizados

Valor Actual Líquido (VAL)

Taxa Interna de Rentibilidade

Pay Back period

Na perspectiva do Investidor

Free Cash Flow do Equity

Taxa de juro de activos sem risco

Prémio de risco de mercado

Taxa de Actualização

Factor actualização

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Anexo 12 – Cálculos Auxiliares

TIR

Investimento 10000

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

-10000 26620 4.018 8.009 6.115 13.869 41.976 620.638

TIR 202%

TIR

Investimento 89700

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Free Cash Flow

-89700 31901 29224 31895 26454 35114 41976 642974

TIR 52%

AB/C

Investimento 10000

Análise Benefício/Custo 38,76

AB/C

Investimento 89700

Análise Benefício/Custo 6,10

Perspectiva do Investidor

Perspectiva do Projecto

CALCULOS AUXILIARES

Perspectiva do Investidor

Perspectiva do Projecto

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Anexo 13 – Cálculos Auxiliares

Consumo de Água 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Nº Pessoas Adicional 700 749 1145 1889 2172

Probabilidade de

Utilizarem WC 350 374,5 572,5 944,5 1086,2

Litros de Água Gastos

Anulamente no WC 2856,0 3055,9 4671,2 7707,5 8863,6

m3 Gastos Anualmente

no WC 2,856 3,05592 4,671192 7,7074668 8,86358682

Custo Anual por

Utilização do WC 7,14 € 7,64 € 11,68 € 19,27 € 22,16 €

CALCULOS AUXILIARES

2,5 €

Capacidade Reservatorio Sanitario 7 litros

Caudal da Torneira7 litros/min

Tempo de lavagem de mãos10 segundos

Consumo por lavagem de mãos1,16 litros

Número de visitantes no 1º Ano de Projecto (2014)10000 Pessoas

Percentagem de pessoas que utilizam o WC 50%

Nº de Ipads 10 unidades

Tempo de Vida entre cada Carregamento 10 horas

Consumo Energético de carregador 12 watts

Tempo de Carregamento 5 horas

Dias Utéis 25 dias

Consumo em KW por Mês 1,5 kw/h

Preço do kw/h 0,1377 € - Kw/h

Custo dos Carregamentos por Mês e por Carregador 0,20655 €

Custo dos Carregamentos por Mês 2,0655 €

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Anexo 14 – Tarifa de Água por M3

Anexo 15 – Caudal da Torneira

Anexo 16 – Autonomia de Baterias de Ipad

Anexo 17 – Potência de carregador de Ipad

Page 90: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Anexo 18 – Tarifa de Electricidade por Kw/h

Anexo 19 – Capacidade de Reservatório de Sanita

Page 91: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Anexo 20 – Orçamento de Ipads 4

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Anexo 21 – E-mail de Pedido de Orçamento

De: White Tower ([email protected])

Enviada: quarta-feira, 18 de setembro de 2013 00:01:10

Para: Priscilla Amy ([email protected])

1 anexo

WhiteTower_2013-09-17_46_PriscillaLopes.pdf (45,2 KB)

Boa noite, Conforme solicitado remetemos em anexo a nossa melhor proposta. Atentamente, Miguel Alves Em 19/08/13 16:32, Priscilla Amy escreveu:

Exm.º Sr.

No âmbito na unidade curricular de Estágio e Projecto Curricular, da Licenciatura em Administração Pública

leccionada no Instituto Superior Politécnico Gaya, solicito um conjunto de informação que somente a V/ empresa

encontra-se apta a prestar.

Encontro-me a desenvolver o estudo relativamente à viabilidade económico-financeira de uma aplicação que

substitua os tradicionais áudio-guias, por um produto de maior nível tecnológico, que permita ao visitante retirar

maior vantagem da sua experiência na Casa- Museu Teixeira Lopes, situada em Vila Nova de Gaia.

Após conhecer o vosso produto " B-Around Art", pretendo inseri-lo neste meu projecto, uma vez que se apresenta

como o mais completo e original, colocando o Museu numa situação de destaque face aos demais.

Para prosseguir com esse estudo é necessário apurar o custo dessa aplicação na entidade mencionada, pelo que

solicito um orçamento da instalação do software, no hardware pré-adquirido, que serão Ipads 4 com capacidade de

armazenagem até 16G. Será igualmente necessário, quantificar o custo da manutenção e o período em que deverá

ser realizada, não comprometendo o bom funcionamento da aplicação.

Aguardo uma resposta com a maior brevidade possível,

Sem mais outro assunto,

Melhores cumprimentos,

Priscilla Lopes

Page 93: "Análise Económico-Financeira de um Investimento: A Aplicação Multimédia B-Around Art num Museu"

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Anexo 22 – Orçamento da Aplicação B-Around Art

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