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FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE – FAFIRE ANÁLISE E PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA OS RESÍDUOS SÓLIDOS OCORRENTES NA ORLA MARÍTIMA DE BOA VIAGEM RECIFE – PERNAMBUCO Antonio Robson de Oliveira Correia Recife – PE Agosto - 2004

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FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE – FAFIRE

ANÁLISE E PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA OS

RESÍDUOS SÓLIDOS OCORRENTES NA ORLA

MARÍTIMA DE BOA VIAGEM

RECIFE – PERNAMBUCO

Antonio Robson de Oliveira Correia

Recife – PE Agosto - 2004

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Antonio Robson de Oliveira Correia

ANÁLISE E PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA OS

RESÍDUOS SÓLIDOS OCORRENTES NA ORLA

MARÍTIMA DE BOA VIAGEM

RECIFE – PERNAMBUCO

Monografia apresentada à Faculdade Frassinetti do Recife–FAFIRE, como requisito para conclusão do curso de Especialização em Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. José Augusto de Lira Filho

Recife – 2004

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FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE – FAFIRE

ANÁLISE E PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA OS

RESÍDUOS SÓLIDOS OCORRENTES NA ORLA

MARÍTIMA DE BOA VIAGEM

RECIFE – PERNAMBUCO

Antonio Robson de Oliveira Correia

Recife – PE Agosto - 2004

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CAPITULO I

1. INTRODUÇÃO

1.1. O problema e sua importância

O crescimento da população mundial aliado a um acelerado processo de

urbanização dos dias atuais acarreta um elevado uso das reservas do planeta, aumento na

demanda da produção e do consumo de bens e, conseqüentemente, no aumento da geração

de resíduos. Tudo isso vem sobrecarregando o meio ambiente com a degradação do solo, a

poluição das águas e do ar, comprometendo assim a qualidade de vida da população e dos

ecossistemas, pois grande parte dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas, não é

tratada. Nas civilizações mais antigas as eliminações desses resíduos ocorriam basicamente

por abandono, com disposição ao ar livre, sendo alguns restos queimados. Posteriormente,

o enterramento simples dos dejetos, pois não prejudicava o meio ambiente, uma vez que a

harmonia existente entre matéria e energia propiciava o natural processo de reciclagem.

Com o advento da Revolução Industrial foram intensificados os meios de produção,

provocando um acelerado crescimento demográfico dos centros urbanos ocasionados pela

migração. Este novo processo exigia um aumento na demanda de mão-de-obra a fim de

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atender ao mercado expansivo, gerando grandes impactos nas áreas urbanas, à medida que

aumentavam os problemas da produção de resíduos.

O adequado sistema de tratamento dos resíduos sólidos urbanos, especialmente

quanto à sua disposição final, é tão importante quanto à execução da sua coleta, pois coletar

e não tratar representa apenas a transferência do problema.

A difícil situação dos resíduos urbanos exige da sociedade uma mudança de

comportamento, de estilo de vida, uma transformação cultural no sentido de reduzir o

volume do consumo, conseqüentemente diminuir a quantidade de geração de resíduos nos

domicílios, no comércio, serviço público, lazer, etc. Portanto, a redução da produção de

resíduos leva a uma diminuição de utilização de aterro sanitário, da poluição, economia de

energia, redução dos custos da limpeza urbana e preservação dos recursos da natureza,

proporcionando, dessa forma, uma situação sustentável dos resíduos sólidos.

No Brasil, a maioria das administrações municipais não sabe o que fazer com os

resíduos sólidos urbanos, ocorrendo então um descontrole do processo na medida em que

gastos destinados para esse fim não são considerados no resultado final, nem tampouco na

preservação dos recursos naturais.

Buscando minimizar os impactos ambientais, o tratamento dos resíduos sólidos

requer uma definição de sua técnica e sua disposição final, pois qualquer que seja a medida

apontada é necessário a implementação do aterro sanitário.

A gestão dos resíduos sólidos, enquanto programa de melhoria do padrão sanitário e

ambiental tem sido pouco considerado. O problema ainda requer grande empenho da

sociedade, a fim de que se possa articulá-lo com outros segmentos.

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Apesar da regularidade da coleta domiciliar e comercial, a população continua

jogando resíduo sólido em terrenos próximo da orla e na própria praia, fomentando focos

de lixo.

Sendo Boa Viagem um bairro de grande potencial turístico, observa-se que a

disposição incorreta dos resíduos atinge a população residente e os turistas, provocando

risco à saúde, além de macular um dos cartões postais da cidade do Recife.

Neste contexto, justifica-se, então, um estudo a fim de se encontrar possíveis

soluções para o problema ambiental, orientando, desse modo, o destino dos resíduos sólidos

em áreas de lazer como a praia de Boa Viagem.

1.2. Objetivos

Com este estudo pretende-se, em termos gerais, analisar a incidência dos resíduos

sólidos na orla marítima da Praia de Boa Viagem, na zona sul do Recife, oriundos da

freqüência da população que usufrui o referido balneário marinho.

Especificamente, pretende-se:

- Propor soluções a partir de ações adequadas para os serviços dos resíduos

sólidos com base nas características físicas dos mesmos, a fim de controlar

a poluição existente no local.

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- Fornecer subsídios para a elaboração de possíveis projetos de Educação

Ambiental a serem implementados no ecossistema a fim de minimizar os

problemas ambientais.

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CAPITULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Histórico

O lixo representa nos dias de hoje uma grave ameaça às nossas vidas. Nos

deparamos, quase que diariamente com o problema do lixo, principalmente com relação ao

seu destino. Porém, o acúmulo do lixo já vem ao longo dos tempos. Nas comunidades

nômades não existiam problemas com o lixo por estarem em constante movimentação,

deixando para trás os restos de suas atividades.

Quando o ser humano passou a se fixar em pequenas comunidades, o seu lixo era

constituído basicamente de restos alimentos e não causava problema: era produzido em

pequenas quantidades que podiam ser aproveitados por pequenos animais ou simplesmente

transformados em adubo pela própria natureza.

No Brasil, lixo sempre foi um problema. Em 1760, a cidade do Rio de Janeiro já

contava com cerca de 30 mil habitantes e o lixo produzido era jogado pelas janelas ou nas

águas dos rios, lagoas ou mar. Em 1885, o francês Aleixo Gary foi contratado,

provisoriamente, para executar o serviço de limpeza das praias e a remoção do lixo da

cidade do Rio de Janeiro.

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De lá para cá, as formas de coleta e disposição do lixo urbano foram se

desenvolvendo. Porém, ainda não conseguimos encontrar uma maneira de resolver o

problema da crescente quantidade de lixo produzida em nossas cidades. (SANTOS, 2003).

O destino do lixo é um dos temas de maior gravidade. Trata-se de saber como se

livrar do que é considerado inservível e de reconhecer que se está diante de um problema

ambiental de grandes proporções. Consome-se sem qualquer preocupação com a destinação

do lixo e menos ainda com a sustentabilidade dos recursos naturais. (COZETTI, 2001).

Nas grandes cidades, principalmente, a maior parte do que uma pessoa joga no lixo

poderia ser aproveitada por outra. Dados estatísticos indicam que 95% de massa total dos

resíduos sólidos urbanos têm um potencial significativo de aproveitamento, o que nos leva

à conclusão de que apenas 5% do lixo urbano é, de fato, lixo. (SANTOS (coord.), 2003).

O processo de urbanização nas grandes cidades está ocorrendo de forma rápida e

desordenada, onde o uso dos recursos naturais é abusivo e não há respeito pela natureza.

Hoje, milhares de toneladas de lixo estão presentes de diversas formas na água, no solo e

porque não dizer no ar, através do odor.

No litoral do nordeste brasileiro, é comum as lixeiras estarem repletas de casca de

coco. Dependendo do local e da época do ano, a quantidade de detritos produzidos nas

áreas urbanos aumenta significativamente. Um exemplo típico são os pólos turísticos

situados nas praias e montanhas, como Olinda, em Pernambuco ou Canela e Gramado no

Rio Grande do Sul. Durante os períodos de alta temperatura, esses centros recebem tantos

turistas que a população chega a ser, no mínimo, três vezes superior à normal, aumentando

consideravelmente o volume de resíduos. (RODRIGUES, 2002).

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Faz-se necessário encontrar possíveis soluções a fim de que possa garantir a

sobrevivência da humanidade. A partir da necessidade de avaliar os problemas que o

acúmulo de resíduos sólidos causam na orla marítima de Boa Viagem e as possíveis

alternativas para elimina-los, é que surgia idéia de se desenvolver este trabalho.

2.2. Conceito de lixo marinho

O lixo marinho é constituído por restos introduzidos no ambiente marinho como

resultado da manipulação ou eliminação descuidada. O lixo no mar inclui todos os restos

que se encontram no ambiente marinho (que consiste não apenas no oceano, mas também

na orla marítima, estuários, praias, represas e mangues) e que não provêm dele

naturalmente. Embora objetos como ramos de árvores e ossos de animais marinhos possam

ser considerados, o termo é empregado geralmente para artigos que foram fabricados ou

utilizados pelas pessoas e descartados. As categorias mais comuns são plásticos, vidro,

borracha, metal, papel, madeira e tecidos. (São Paulo. Secretaria de Meio Ambiente, 1997).

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, os sete mares, que ocupa

70% da superfície do planeta, constituem fonte de alimento, de onde o homem retira

proteína para o sustento de milhões de pessoas, contudo, nas profundezas insondáveis dos

oceanos são lançados os esgotos das cidades transformando as suas águas em filtros

depuradores de matéria orgânica descartada pelo homem. É também, onde escondemos

toda sorte de resíduos, desde metais pesados a plásticos e vidros. Só esquecemos de uma

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única e simples questão: todos nós somos usuários dos recursos marinhos, e, portanto

dependemos dos mares e oceanos. O comprometimento da qualidade desses recursos

significa o comprometimento da continuidade da vida na terra.

À medida que cresce o número de pessoas que se mudam para o litoral e a produção

de lixo continua aumentando, é provável que a quantidade de lixo que entra em nossos

oceanos também aumente. Por estas razões, é importante atuar agora para evitar o lixo em

nossas praias e preservar a qualidade do ambiente marinho. No passado, o lixo nas praias,

rios e córregos eram considerados esteticamente contestáveis, desagradáveis para os olhos,

porém, livre do perigo. Agora, as pessoas já compreendem que sua presença no ambiente

marinho surte efeitos graves sobre a fauna, o ambiente e a nossa economia. Por exemplo,

milhares de animais marinhos ficam presos e acabam estrangulados pelo lixo a cada ano.

As comunidades costeiras também perdem dinheiro quando se vêem obrigadas a fechar e

limpar as praias cheias de lixo; e a indústria pesqueira tem que investir milhares de dólares

anualmente para consertar as embarcações danificadas por estes materiais.

Considerando os estudos da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, as pessoas

ao jogarem lixo de forma ou em local inadequado, pode tornar-se uma fonte importante

de lixo marinho.

O lixo lançado a milhares de quilômetros da costa também pode converter-se em

lixo marinho ao ser transportado por riachos, rios ou sistemas de esgotos e daí lançado ao

mar.

2.3. Classificação do lixo

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Com relação à classificação podemos dividir quanto à natureza física em:

- Seco – Os materiais poderão ser isolados com facilidade para serem reciclados.

Exemplos: Papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, cerâmicas,

guardanapos e toalhas de papel, ponta de cigarros, isopor, lâmpadas, parafina, porcelana,

espumas, cortiças.

- Úmidos – O seu contato direto com lixo seco faz com que muitos de seus

materiais não possam ser reaproveitados. Exemplos: Restos de comida, cascas e bagaços de

frutas, verduras, ovos e legumes, alimentos estragados.

Em 1991 o Centro de Conservação Marinha, entidade dos Estados Unidos que vem

patrocinando uma Campanha Nacional de Limpeza de Praias, registrou 12 tipos de lixo

com grande freqüência na orla. São eles: Pontas de cigarro, pedaços de plástico, pedaços

de espuma, sacos de plástico utilizados com os alimentos,

pedaços de papel, pedaços de vidros, tampas de plástico, latas de bebida, garrafas de vidro,

canudinhos de plástico, garrafas de plástico, copos de plástico.

2.4. Origem do lixo

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Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo o lixo marinho vem de

muitas fontes diferentes. Já foi dito que todo o lixo eliminado indevidamente, bem como

materiais transportados ou armazenados inadequadamente, podem converter-se em lixo

marinho. As fontes principais de lixo marinho são:

- Os freqüentadores das praias

- A eliminação inadequada do lixo no solo

- Os barcos e navio de todo tipo.

- As instalações industriais.

A cada ano milhares de pessoas visitam as praias e muitas deixam atrás de si restos

que si convertem em lixo marinho, tais como embalagens de alimentos e recipientes de

bebidas, pontas de cigarros e brinquedos. Este lixo vai para o mar, recolhido pelas ondas ou

levados pelas chuvas. Com o lixo jogado por quem mora longe da praia acontece à mesma

coisa. O vento pode joga-lo nos rios e córregos que deságuam no mar.

As embarcações de todo o tipo são fontes de lixo marinho. Às vezes, o lixo é

lançado intencionalmente, mas na maior parte dos casos, quem joga não conhece os

problemas que pode causar. Ele pode cair acidentalmente, sendo levado pelo vento ou

transportado pelas ondas. Redes, anzóis e outros equipamentos podem perder-se no mar

convertendo-se em lixo Marinho. (São Paulo. Secretaria de Meio Ambiente, 1997).

Uma vez introduzido no oceano, é difícil determinar a fonte do lixo. Um copo de

plástico, por exemplo, pode ter sido deixado por alguém numa praia, ter sido jogado na rua

de uma cidade e transportado através de um esgoto até o mar, levado pelo vento a partir de

uma embarcação recreativa, ter sido atirado do convés de um navio etc... É evidente que o

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lixo marinho constitui um problema complexo, para cuja resposta será necessário controlar

muitas fontes que contribuem para isso. (São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente, 1997).

2.5. Práticas de controle do lixo

Em geral, poucos resíduos plásticos são reciclados, salvo os recipientes de leite e

garrafas de refrigerantes. Porém, melhor que a reciclagem, é a adoção de estratégias de

minimização de resíduos e de prevenção da poluição, que produzem menos lixo. Entre as

formas de minimização encontram-se a redução de consumo, a reutilização de materiais, o

uso de artigos não descartáveis e a redução da quantidade de embalagem ou invólucro

utilizado ao empacotar.

Pode-se adotar medidas para evitar que o lixo gerado se introduza no oceano. Os

proprietários de embarcações e banhistas deverão assegurar-se de que o lixo e outros

artigos não sejam levados pelo vento ou pelas águas durante suas atividades. Antes de

deixá-lo fora para a coleta, deverá ser bem acondicionado em sacos apropriados. Os

caminhões de coleta deverão estar sempre cobertos e os aterros sanitários cercados, para

evitar que o lixo se espalhe. As instalações industriais que produzem nódulos de resina

plástica podem modificar os processos de manipulação para controlar a dispersão do

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material. Esses métodos contribuem para que o lixo seja depositado em lugar adequado e

ali permaneça. (São Paulo. Secretaria de Meio Ambiente, 1997).

Segundo FERREIRA NETO (1998), os conceitos modernos de gerenciamento do

lixo urbano, amplamente difundido nos países desenvolvidos preconizados a partir da

década de 70, propõem modelos de gestão descentralizados para cada tipo de resíduo

gerado e priorizam a reutilização, o reuso e a reciclagem dos resíduos como os únicos

meios de garantir economia de energia e de recursos naturais, além, é óbvio, de favorecer

meio ambiente e a proteção da saúde pública.

CAPÍTULO III

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Características gerais da área estudada

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A pesquisa foi realizada na Praia da Boa Viagem, em Recife-PE, cuja caracterização

encontra-se nos itens que se seguem incorporada nos aspectos físicos, edáficos e

socioeconômicos.

3.1.1. Aspectos físicos

A área em enfoque, compreendida entre o 1º e 2º jardim da praia de Boa Viagem,

se encontra precisamente entre os paralelos de 08°06′02″ a 08°06′20″ de Latitude Sul e

aos Meridianos de 34°53′05″ a 34°53′10″ W. de Greenwich que corresponde a uma

extensão de 665m e uma área 86m2 (Figura 1).

Segundo Mabesoone (1964) a área possui clima tipo As’, segundo a classificação de

Köppen, com duas estações climáticas distintas: uma seca e outra úmida. A estação seca

corresponde à primavera e verão (Setembro a Dezembro) e a estação úmida ao outono e

inverno (abril a julho). A precipitação pluviométrica média anual na área em estudo é de

aproximadamente 1720 mm.

A temperatura média anual da área é de cerca de 24°C (Mabesoone, op cit.) e

segundo Cavalcanti & Kempf (1970), as variações anuais da temperatura do ar e da água do

mar são pequenas, sendo da ordem de 2,7°C, verificando-se os extremos nos meses de

Fevereiro (máximas) e Agosto (mínimas) .

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Na região, predominam os ventos alísios com velocidades médias variando

entre 6,1 e 9,3 KT, vindos principalmente do Nordeste no período de Janeiro a Março e de

Sul – Sudeste no restante do ano (Cavalcanti & Kempf, op cit.).

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Figura 1. Extensão da orla marítima de Boa Viagem estudada.

3.1.2. Aspectos edáficos

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Acompanhando toda a extensão da praia observam-se linhas de recifes areníticos

em franja, que tendem a ser paralelas a linha de praia atual.Segundo MABESOONE (1064),

o número de linhas de recifes é variável, observando-se geralmente duas ou três linhas

expostas na praia, permanentemente ou apenas durante a maré baixa, enquanto outras

podem encontrar-se submersas na praia submarinha.Os recifes consistem de areias

cimentadas com 20 a 80% de quartzo e pequenas porções de fragmentos carbonáticos,

principalmente artículos de alga calcário do gênero Halimeda (MABESOONE, op. cit),

com formas quase sempre alongadas e extensão variando entre 20 a 60 metros e largura de

2 a 4 metros (LIRA, 1976). A espessura média dos recifes é de cerca de 3 – 4 metros,

segundo HAWKSHAW (1879 apud MABESOONE, 1964). VAN ANDEL & LABOREL

(1964 apud LIRA, 1976), realizaram datação do carbono 14 nos recifes da Praia de

Piedade, e dataram estas rochas em 5.900 anos. Mabesoone (op. Cit.) atribui a origem dos

recifes da costa nordestina à recente transgressão do nível do mar ocorrido durante o

Holoceno. Na faixa de praia, encontram-se solos Arenoquartzosos profundos, oriundos do

Quaternário formadores da planície marinha.

3.1.3. Aspectos socioeconômicos

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O povoamento de Boa Viagem teve início no século XVII quando comerciantes

instalaram, naquela área, algumas vendas que serviam de pontos de parada aos viajantes

que percorriam a parte sul da capitania de Pernambuco. No início do século XVIII, a

movimentação por aqueles caminhos aumentou e o padre Leandro de Carvalho, que morava

em Prazeres, resolveu construir ali uma capela, para rezar missas e encaminhar todos a uma

boa viagem. O terreno foi doado por Baltazar da Costa Passos (através de escritura lavrada

a 06/01/1707) e a igreja, sob invocação de Maria Santíssima, foi inaugurada em 1730. E foi

assim, em torno de tal capela que nasceu o hoje mais populoso bairro recifense.

Em 1858, quando da inauguração do primeiro trecho da estrada de Ferro Recife –

São Francisco (a segunda ferrovia construída no Brasil), a povoação de Boa Viagem

ganhou um novo impulso. Isto porque os trens que seguiam com destino à vila do Cabo

faziam parada na comunidade, o que fez crescer o deslocamento de recifenses para aquela

área, principalmente para curtir a beleza da praia. Mas, ainda assim, o bairro permanecia

praticamente desabitado na extensa faixa de terra que ia da praia até a Imbiribeira. Há,

inclusive, relatos de que, nessa época, Boa Viagem era um dos pontos ideais para a caça de

raposas e outros animais silvestres.

Foi só depois da chegada do bonde elétrico da Companhia Pernambuco Tramways

(inaugurada no Recife em 1914) que Boa Viagem começou ganhar ares de bairro próspero.

O crescimento continuou com a abertura da Avenida Boa Viagem, em 1924. Veio a

segunda Guerra Mundial, a ampliação dos transportes aéreos no Estado e, devido à

proximidade de Boa Viagem com o Aeroporto dos Guararapes, o bairro teve novo pique de

desenvolvimento. Em 1945, Boa Viagem ganha o seu primeiro estabelecimento hoteleiro

de padrão internacional, o Hotel Boa Viagem. A partir de então, Boa Viagem não deixa de

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crescer, até tornar-se em 2001, o bairro mais populoso do Recife”. (www.pe-az.com.br/boa-

viagem.htm). Conforme o site www.amabv.cjb.net, Boa Viagem se apresenta como o bairro

mais populoso do Recife com 100.388 habitantes.

3.2. Métodos

A realização desta pesquisa teve início a partir dos levantamentos documentais

sobre problemas relacionados aos resíduos sólidos em orlas marítimas, sobretudo, na praia

de Boa Viagem, a qual subsidiou a revisão bibliográfica. Neste sentido, serviram como

subsídios, referências bibliográficas coletadas por meio de documentos e artigos referentes

ao tema produzidos por órgãos e instituições compromissadas com estudo dos recursos

naturais. Com base na carta planimétrica, porção meridional da cidade do Recife – FIDEM

– 2001 e utilizando-se o Software Spring (INPE) foi elaborada a carta “Estudo sobre

resíduos sólidos na praia de Boa Viagem – Recife”, na escala de 1:10000.

A pesquisa de campo consistiu em fotografias in loco dos problemas; aplicação de

questionários (Anexo1) e entrevistas aos usuários da praia, tais como residentes, turistas e

vendedores ambulantes, os quais posicionaram-se sobre as condições ambientais, as

qualidades de vida, entre outros aspectos consideradas relevantes para a análise e proposta

de soluções para os resíduos sólidos na praia de Boa Viagem – Recife. Entrevistaram-se

100 (cem) pessoas de diferentes faixas etárias, graus de instrução, níveis de ocupação, bem

como as origens.

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Os dados foram coletados nos dias 9 e 10 de abril e 1º de Maio de 2004 no período

de 9 às 11 horas. Eles fornecem uma amostra sobre alguns aspectos como: nível de

satisfação com a limpeza; avaliação da coleta de lixo; destino final do lixo; período da

coleta do lixo; impacto negativo do lixo.

Dentre as possíveis propostas para solução do problema ambiental sugere-se a

elaboração de uma cartilha (Anexo 2), a ser distribuída entre os usuários da orla marítima.

3.3. Sistema de coleta do lixo empregado na área em estudo

Para manter toda orla limpa, 15 homens realizam três varrições diárias. Duzentos e

quarenta contenedores (depósitos de lixo com capacidade para 240 litros cada), foram

colocados perto das barracas de praia. Na área próxima às barracas de coco, no calçadão,

permanecem os lixeiros tradicionais. Durante o final de semana, entre os meses de

setembro e março, o litoral recifense recebe equipes do programa Praia Limpa. Auxiliados

por voluntários, os técnicos distribuem sacos de lixo e brindes com banhistas e

barraqueiros, conscientizando-os sobre a importância do recolhimento do lixo para a

preservação ambiental. (Jornal da Prefeitura do Recife – Janeiro 2004).

Além desse serviço é realizada no período noturno, a coleta de resíduos sólidos

através do trator de Rastelo para fofar a areia e depois o BITCLIM para fazer o

peneiramento. O trator é um só. A limpeza vai do Pina até Boa Viagem, todos os dias a

partir das 20 horas.

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No calçadão a limpeza é feita através da varrição três vezes ao dia em 2 turnos. No

turno diurno o serviço é realizado com a presença de 25 homens, enquanto que no turno

vespertino ocorre com a participação de 29 homens.

Foram instalados porta-sacos de lixo, em pontos estratégicos da orla com o

propósito de que os freqüentadores do balneário tenham acesso fácil aos sacos para coleta

do lixo. As pessoas que utilizam desse serviço demonstram certo nível de consciência

ecológica uma vez que parte de si própria à iniciativa de ir buscar o saco nos referidos

pontos estratégicos. Isto não quer dizer que aqueles que recebem os sacos de lixo em mãos

não possuam uma certa consciência ao lixo. Entretanto há uma grande diferença entre ser

induzido diretamente por meio dos voluntários e apanhar os sacos de lixo em pontos

estratégicos. A Emlurb informou que poucas pessoas acessam a esses pontos estratégicos

de sacos de lixo; acreditam que se deve a pouca divulgação.

CAPITULO IV

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Perfil dos entrevistados

O perfil da população amostrada engloba os seguintes parâmetros: sexo, faixa etária,

origem dos entrevistados, grau de escolaridade, e atividade ocupacional.

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4.1.1. Sexo

Conforme ilustrado na Figura 2, o percentual de entrevistados do sexo feminino

(56%) se sobrepõe ao do sexo masculino (44%).

Masculino44%

Feminino56%

Masculino

Feminino

Figura 2. Classificação dos entrevistados por sexo.

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4.1.2. Faixa etária

Neste item, os dados revelam que a maioria dos entrevistados está nas classes de 25

a 35 anos (30%) e 35 a 45 anos (23%), conforme elucidado na Tabela 1.

Tabela 1. Perfil dos entrevistados por faixa etária

Classes por idade (anos) Freqüência Percentual

15 - 25 20 20%

25 -35 30 30%

35 -45 23 23%

45 -55 21 21%

55 - 65 03 03%

> 65 03 03%

Total 100 100%

4.1.3. Origem dos entrevistados

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Constatou-se que a grande maioria dos usuários da Praia de Boa Viagem é

originária de outros bairros de Recife (Figura 3). Verificou-se que uma minoria (3%),

considerada como turista, era originária de outros estados brasileiros ou de outros países;

este baixo percentual talvez se deve ao fato que o período em que se realizou a pesquisa era

de baixa temporada. Ressalta-se que, no período de alta temporada, esse percentual

possivelmente deva elevar-se consideravelmente.

Figura 3.

Procedências dos entrevistados.

4.1.4. Grau de escolaridade

21%

71%

3%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Do bairro:

Fora do bairro:

Turista (de outros estadose outros países):

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Quanto ao nível de escolaridade da população amostrada (Figura 4), verifica-se que

há um bom nível educacional, variando entre 2º e 3º graus completos, o qual totalizam

mais da metade dos indivíduos entrevistados. O percentual de indivíduos com 2º grau

completo foi um pouco mais elevado do que aqueles com 3° grau completo.

1%

30%

10%7% 8%

36%

3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Elementar:

1º grauincompleto:1º grau completo:

2º grauincompleto:2º grau completo:

Figura 4. Nível de escolaridade dos entrevistados.

4.1.5. Atividade ocupacional

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No que concerne a atividade ocupacional dos entrevistados, os dados (Tabela 2)

elucidam que os freqüentadores da praia enquadram-se nas categorias de comerciante,

estudante e servidor publico, com os percentuais de 17%, 8% e 8%, respectivamente.

Tabela 2. Atividade ocupacional da população amostrada.

CATEGORIAS f % Do lar 05 5% Estudante 08 8% Auxiliar administrativo 07 7% Comerciante 17 17% Servidor público 08 8% Comerciário 05 5% Aposentado 03 3% Professor 03 3% Outras 44 44% TOTAL 100 100%

4.2. Satisfação com a limpeza

A qualidade de uma prestação de serviço público pode ser medida por meio de

parâmetros como, por exemplo, o nível de satisfação dos usuários.

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4.2.1. Nível de satisfação

Verificou-se um elevado grau de satisfação no que se refere ao serviço de coleta dos

resíduos sólidos na praia de Boa Viagem. Isto pode ser comprovado pelo percentual

daqueles que responderam “sim” correspondente a 78%.

Apesar do serviço ainda não ter atingido um nível ideal, pode-se

considerar que por meio de um replanejamento se possa atingir este nível de

gestão ambiental.

44%

3%3% 5%8%

17%

7%

8%5%

Do lar

Estudante

AuxiliaradministrativoComerciante

Servidor Público

Comerciário

Aposentado

Professor

Outras

Figura 5. Avaliação, por parte dos entrevistados, sobre o sistema de coleta do lixo.

4.2.2. Sugestões (caso não)

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Dentre aqueles entrevistados que não estão satisfeitos com a prestação de serviço

(22%), os mesmos apontaram algumas sugestões para melhoria da qualidade da coleta do

lixo. Neste contexto, a maior ocorrência de sugestões aponta as campanhas alternativas

como uma das propostas viáveis para solução do problema (Tabela 3).

Tabela 3. Principais sugestões propostas pelos entrevistados.

Sugestões Freqüência Maior freqüência na coleta 7 Disposição de recipientes 8 Campanhas alternativas 12 Campanhas para processo de reciclagem 9 Maior número de coletores seletivos 3 Outros 7

4.3. Avaliação da coleta do lixo

Considerando-se o elevado índice de satisfação dos usuários da orla marítima, era

de se esperar, também, uma alta classificação do serviço prestado. Neste sentido, 52% dos

entrevistados classificaram o serviço como “bom”, seguido de regular (32%). Apenas 3%

dos entrevistados classificaram o serviço na situação de “ruim/péssimo”.

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52

1213

32Ótima/excelente

Boa

Regular

Ruim/péssimo

Não opinou

Figura 5. Avaliação, por parte dos entrevistados, sobre o sistema de coleta do lixo.

4.4. Destino final do lixo coletado

A Tabela 4 nos mostra que a maior ocorrência de opiniões sobre o destino do lixo

da praia está direcionada para a “caixa coletora”, perfazendo um total de 43 respostas

dentre a população amostrada. Uma outra alternativa para solucionar o problema da coleta

do lixo, apontado por parte considerável dos entrevistados, está na queima dos resíduos

sólidos; esta alternativa foi a segunda mais citada dentre as demais sugestões.

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Tabela 4. Opiniões sobre o destino final do lixo da orla marítima.

Destino do lixo Nº de ocorrências Caixa coletora 43 Terreno baldio 01 Enterrar 05 Jogar no rio 00 Queimar 29 Outros 28

4.5. Período da coleta do lixo

A Tabela 5 nos apresenta que 84 dos entrevistados são favoráveis a uma

coleta diária na praia de Boa Viagem. Em termos de gestão ambiental tal opinião pode ser

considerada como ideal, devido ao alto fluxo de usuários da praia.

Tabela 5. Número de ocorrências em relação ao período da coleta do lixo

Período p/ coleta Nº ocorrências Diária 84 2 vezes p/ semana 04 3 vezes p/ semana 12 Outros 03

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4.6. Impacto negativo

Como nos mostra a Tabela 6, os impactos mais importantes listados pelos

entrevistados foram os seguintes: incidência de doenças, a poluição do ar, do solo e da

água. Ressalta-se que para minimização de tais impactos adversos se faz necessário uma

melhoria na prestação de serviços, sobretudo no que se refere a aumento da mão-de-obra,

equipamentos e maquinários mais adequados, além da efetivação de um programa de

educação ambiental.

Tabela 6. Principais impactos negativos listados pelos entrevistados.

Impactos negativos Nº de ocorrências Doenças 79 Não provocam males 00 Poluição do ar, do solo e da água 54 Não sabe 01 Outros 15

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4.7. Modo dos usuários coletarem o lixo

Como nos apresenta a Tabela 7, a maioria dos entrevistados é favorável ao uso do

saco plástico como melhor forma para coleta do lixo. Em menor número de ocorrências

teve prioridade a utilização de baldes plásticos.

Tabela 7. Sugestões dos entrevistados quanto ao modo de coleta do lixo

Modo de coleta Nº de ocorrências Saco plástico 84 Deixar amontoado na areia 00 Balde plástico 14 Outros 07

4.8. Possíveis soluções a serem implementadas

O Poder Público Municipal, organizações não-governamentais e a sociedade civil

organizada têm se empenhado ativamente no sentido de proporem soluções para o

problema do lixo marinho na orla da Praia de Boa Viagem.

Alguns desses grupos estão elaborando programas educativos para incentivar as

pessoas a agirem no sentido da prevenção que é a forma mais eficaz de reduzir o lixo

marinho. Outras entidades estão realizando projetos visando a eliminação do lixo no

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ambiente marinho mediante campanhas de limpeza e programas de adoção das praias, entre

outras iniciativas. Além disso, foram estabelecidas leis internacionais, federais, estaduais e

municipais para controlar as atividades comerciais e recreativas que freqüentemente

resultam na geração de lixo marinho. Projeto pioneiro e único em abrangência no Brasil, a

Operação Praia Limpa tem por objetivos conscientizar e mobilizar a sociedade civil e o

poder público para a prática da limpeza, preservação e uso adequado das praias. A

Operação Praia Limpa tem cada vez mais se aperfeiçoado. Isso significa que ela traz

alterações para uma melhor performance. Em 1997, foi integrado o patrocínio de empresas

do setor público e privado, e inserções gratuitas na mídia para divulgação da Operação. Ou

seja, a campanha saiu praticamente a custo zero para o Estado. (São Paulo. Secretaria de

Meio Ambiente, 1997).

Apesar da campanha realizada pela Prefeitura do Recife em parceria com empresas

privadas para diminuir a sujeira nas praias, que distribuem sacos plásticos para cada pessoa

depositar as sobras do piquenique, muita gente ainda não entendeu a proposta. Os sacos,

ainda vazios, ficam esquecidos entre as cadeiras e acabam tendo o mesmo destino que as

garrafinhas, as cascas de amendoim e as espinhas de peixe: as areias da praia.

Há outros banhistas que apóiam a iniciativa da Prefeitura e procuram seguir as

instruções para colocar o lixo nos saquinhos. Porém, alguns depois de umas cervejinhas,

esquecem seus depósitos na areia na hora de ir embora.

A campanha iniciada pela Prefeitura do Recife no verão é uma tentativa de inverter

resultados de uma pesquisa, publicada em dezembro, que aponta a sujeira das praias como

um dos pontos negativos colocados por turistas estrangeiros com relação às praias do

estado. Grande parte deste lixo é produzida por folhetos informativos. (SANTANA, 1998).

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As praias mais badaladas do Recife e região metropolitana contaram a partir de

Janeiro de 2004 com ações que estimulam a reciclagem de recipientes plásticos e de

alumínio. O projeto Recicla Verão, uma parceria das empresas Alcoa Alumínio e Tomra

Latasa, ocorrerá até o dia 7 de Março. O trabalho de conscientização ocorre no período em

que o consumo de líquidos comercializados em embalagem do tipo PET e em latas

metálicas é mais intenso devido ao calor. Trinta e seis pessoas estarão trabalhando nas

areias de Boa Viagem, Pina, Porto de Galinhas e Maracaípe recolhendo material

descartável. A expectativa dos organizadores da campanha é recolher 1,2 milhão de

embalagens. Para dar suporte a ação, cada localidade terá uma estrutura especial com

sinalização e postos coletores. Turistas, banhistas e freqüentadores das praias irão receber

sacos plásticos para coleta do lixo reciclado. “A ação não é para arrecadar grandes volumes.

O objetivo é despertar a consciência da população educando o consumidor final”, destaca a

supervisora de projetos Tomra Latasa, Janise Gonçalves Coelho. Apesar de a campanha ser

direcionada à coleta de resíduos plásticos e de alumínio, Janise Coelho reforça que o

objetivo do projeto é mais amplo.

Considerando-se que cerca de 25% da extensão da orla de Praia de Boa Viagem já

está totalmente comprometida em termos de qualidade ambiental, segundo

reportagem do Diário de Pernambuco de 18/04/2004, se faz necessário

pesquisas mais aprofundadas visando à mitigação dos impactos ambientais

incidentes na área. Segundo a Professora

Mônica Costa do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), desde meados da década de 90 as praias urbanas do Recife

passaram por um processo de degradação ambiental, o qual necessitam de urgentes

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trabalhos de recuperação e gestão ambiental mais consistente. Entre os setores mais

problemáticos, apontados pela referida professora, cita-se a área central com faixa

estreita de areia sendo altamente ocupada por ambulantes. Além disso, nesta mesma

área encontra-se um trecho com enrocamento, o qual dificulta o acesso à praia, não

podendo ser utilizado pelos usuários da orla.

Segundo Parente (2004), um dos grandes impactos no trecho central da orla se

refere à ocorrência de ratos no período noturno, indicador de que a coleta não tem sido

satisfatória para minimização dos impactos adversos.

5. CONCLUSÃO

Constatou-se no trecho entre o 1º e 2º jardim da Praia de Boa Viagem, na zona Sul

da cidade do Recife, a disseminação de resíduos sólidos de origem diversificada e

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indiscriminada, apesar do sistema de coleta sistemática aplicado no local. O trecho em

estudo, devido ao elevado fluxo de usuários e possuir uma faixa estreita de areia, pode ser

considerada como área de maior relevância e importância para a gestão ambiental.

No sentido de minimizar o problema, propõe-se aos freqüentadores da orla marítima

de Boa Viagem o estímulo à prática de recolher o lixo produzido, a fim de controlar a

poluição existente no local. Além disso, propõem-se ações mais adequadas para os serviços

de coleta dos resíduos sólidos com base nas características físicas dos mesmos. Tais ações

deverão ser implementadas tanto no âmbito técnico, quanto no âmbito educacional.

Ressalta-se que a coleta seletiva e a destinação correta do lixo produzido deverão ser

levadas em consideração, no sentido de solucionar o problema do acúmulo do lixo na orla

marítima de Boa Viagem.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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