análise e comentário lurdes silva

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Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: Metodologias de Operacionalização (conclusão) Módulo 6 Parte 2 | Práticas e Modelos de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares Análise e comentário crítico à presença de referências a respeito da BE nos relatórios de Avaliação Externa das Escolas Para proceder à realização desta tarefa, tive por base a leitura de quatro relatórios de avaliação externa, de diferentes escolas e abrangendo os anos de 2007, 2008 e 2009. Optei por analisar o relatório da minha escola e de escolas vizinhas para verificar até que ponto existem discrepâncias nas referências presentes nestes relatórios. Da leitura dos relatórios devo salientar a quase inexistência de referências a respeito da Biblioteca Escolar, o que me leva a concluir que a inclusão da Biblioteca Escolar na Avaliação Externa da Escola ainda não é uma prática efectiva por parte das equipas da IGE. ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO PROF.DR. FLÁVIO F. PINTO RESENDE 10/11 Dezembro 2007 Constata-se que a referência à BE apenas diz respeito à sua existência enquanto espaço. Esta referência surge no início do relatório, na caracterização da escola onde se lê que a escola Dispõe, ainda, de um moderno pavilhão de 2 pisos, recém-construído, com 8 salas, uma Biblioteca/mediateca, um novo auditório…”. Não existe qualquer referência ao trabalho ou impacto do trabalho desenvolvido pela BE na comunidade educativa. AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE SOUSELO 25 a 27 Fevereiro 2008 Ao analisar o relatório de avaliação externa do Agrupamento Vertical de Escolas de Souselo, verifica-se que no ponto 4.4 (Parcerias , protocolos e projectos) é referido que “O Agrupamento participa em projectos nacionais (Rede de Bibliotecas Escolares (…) Plano Nacional de Leitura (…) numa perspectiva de abertura ao exterior para promoção de melhores condições de sucesso e de uma educação mais abrangente.” Ainda que esta seja a única referência à Biblioteca em todo o documento, parece-me que já há uma maior valorização da Biblioteca Escolar, pois surge relacionada com a promoção do sucesso dos alunos, estando conotada com “abertura ao exterior” e “educação mais

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Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: Metodologias de Operacionalização (conclusão)

Módulo 6 Parte 2

| Práticas e Modelos de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

Análise e comentário crítico à presença de referências a respeito da BE nos relatórios de

Avaliação Externa das Escolas

Para proceder à realização desta tarefa, tive por base a leitura de quatro relatórios de

avaliação externa, de diferentes escolas e abrangendo os anos de 2007, 2008 e 2009. Optei por

analisar o relatório da minha escola e de escolas vizinhas para verificar até que ponto existem

discrepâncias nas referências presentes nestes relatórios.

Da leitura dos relatórios devo salientar a quase inexistência de referências a respeito da

Biblioteca Escolar, o que me leva a concluir que a inclusão da Biblioteca Escolar na Avaliação

Externa da Escola ainda não é uma prática efectiva por parte das equipas da IGE.

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO PROF.DR. FLÁVIO F. PINTO RESENDE

10/11 Dezembro 2007

Constata-se que a referência à BE apenas diz respeito à sua existência enquanto espaço. Esta

referência surge no início do relatório, na caracterização da escola onde se lê que a escola

“Dispõe, ainda, de um moderno pavilhão de 2 pisos, recém-construído, com 8 salas, uma

Biblioteca/mediateca, um novo auditório…”.

Não existe qualquer referência ao trabalho ou impacto do trabalho desenvolvido pela BE na

comunidade educativa.

AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE SOUSELO

25 a 27 Fevereiro 2008

Ao analisar o relatório de avaliação externa do Agrupamento Vertical de Escolas de Souselo,

verifica-se que no ponto 4.4 (Parcerias , protocolos e projectos) é referido que “O

Agrupamento participa em projectos nacionais (Rede de Bibliotecas Escolares (…) Plano

Nacional de Leitura (…) numa perspectiva de abertura ao exterior para promoção de melhores

condições de sucesso e de uma educação mais abrangente.”

Ainda que esta seja a única referência à Biblioteca em todo o documento, parece-me que já há

uma maior valorização da Biblioteca Escolar, pois surge relacionada com a promoção do

sucesso dos alunos, estando conotada com “abertura ao exterior” e “educação mais

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abrangente”. De facto, já pudemos constatar em sessões anteriores que está comprovado por

vários estudos que a BE pode contribuir para a melhoria dos resultados escolares dos alunos,

sendo para isso necessário que haja um trabalho de colaboração constante entre o PB/ a

equipa e os docentes.

AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE CINFÃES

3 a 5 Novembro 2008

Passando à análise do relatório de avaliação externa do Agrupamento Vertical de Escolas de

Cinfães, as referências à Biblioteca Escolar aumentam, ainda que de forma nem sempre

explícita:

- no ponto 1.1 (Sucesso académico) há uma referência à aplicação do Plano Nacional de

Leitura que ajuda a explicar a evolução verificada na melhoria dos resultados. Esta observação

pode estar ligada à acção desenvolvida pela BE no desenvolvimento do PNL, mas também

pode ter sido recolhida através das entrevistas com os vários painéis, como por exemplo, o

coordenador do Departamento de Línguas, que pode ter referido a aplicação do PNL como

estratégia para a melhoria do resultado dos alunos;

- no ponto 2.4 (Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem) é

referido que existe no Agrupamento uma forte aposta na “comemoração de dias festivos que

constam do calendário e no envolvimento dos alunos em projectos como (…) o “Dia

Internacional do Livro”…” entre outros, “como estratégia para a valorização sócio-cultural dos

alunos e, por vezes, da família, a par da diversificação dos saberes e das aprendizagens”. Mais

uma vez, sem existir uma referência explícita à BE, pode deduzir-se que está aqui presente o

trabalho da BE no âmbito de comemoração de datas e envolvimento dos alunos nas várias

acções a esse nível;

- no ponto 3.3 (Gestão dos recursos materiais e financeiros) regista-se uma clara alusão à

Biblioteca: “A Biblioteca da escola sede integra a rede nacional, está bem equipada, sendo

muito frequentada pelos alunos.” Aqui salienta-se a importância da BE enquanto centro de

recursos à disposição dos seus utilizadores que, neste caso, são assíduos frequentadores do

espaço. Parece-me que neste ponto é reconhecido o valor da BE;

- no ponto 4.4 (Parcerias, protocolos e projectos) pode ler-se o seguinte: “No sentido de

melhorar o sucesso educativo dos alunos, o Agrupamento aderiu ao Plano Nacional de Leitura

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(…). A Biblioteca viu melhorado o seu equipamento com a integração na Rede Nacional de

Bibliotecas Escolares, constituindo-se num espaço privilegiado de divulgação da cultura e de

estudo para os alunos.” Neste excerto está bem explícito o impacto da acção da BE na

escola/agrupamento enquanto fonte de divulgação da cultura e local de estudo para os alunos.

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO DE MARCO DE CANAVESES

6/7 Janeiro 2009

Finalmente, da análise do relatório de avaliação externa da Escola Secundária com 3º ciclo do

Ensino Básico de Marco de Canaveses pode extrair-se uma primeira referência à Biblioteca no

ponto 3. (Organização e gestão escolar) onde se lê: “Há investimento na qualidade das

relações interpessoais, no trabalho colaborativo e no bom ambiente educativo, constituindo-se

um processo organizado e faseado de melhoria sistemática dos recursos/instalações, com as

reformulações necessárias ao funcionamento das áreas chave da escola (Secretaria, Bufete,

Biblioteca, laboratórios…).” Surge aqui a Biblioteca como uma área chave da escola, o que é

significativo, bem como a importância dada ao facto de haver a preocupação de se melhorar

os recursos e instalações deste espaço que serve toda a comunidade educativa.

No ponto 4.1 (Visão e estratégia) é referido que “A Escola definiu as linhas orientadoras, as

finalidades e os objectivos nos documentos estruturantes e, embora não constem do Projecto

Educativo metas claras e quantificáveis, estabeleceu prioridades e planos de acção que,

expressam uma visão clara do rumo a seguir, sendo evidente a implementação de medidas

intencionais para a resolução de problemas, abrangendo áreas como (…) os serviços (…

Biblioteca, entre outros).” É certo que devem ser estabelecidos objectivos, metas e prioridades

para a BE, bem como elaborado o Plano de Acção, mas não fica claro se a referência a estes

aspectos está directamente relacionada com a BE ou se está relacionada com outros serviços

também referidos no mesmo relatório.

No ponto 4.4 (Parcerias, protocolos e projectos) é referido que “A Escola está envolvida em

diversos projectos e clubes, sendo de destacar (…) a “Rede de Bibliotecas Escolares” (…),

contemplados no Projecto Curricular de Escola.” Seria importante que não se fizesse apenas

referência ao envolvimento da escola na Rede de Bibliotecas Escolares, mas que se

apontasse(m) o(s) resultado(s) desse trabalho na comunidade escolar.

Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: Metodologias de Operacionalização (conclusão)

Módulo 6 Parte 2

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Conclusão

Após a leitura e análise dos vários relatórios de avaliação externa, pode concluir-se que as

referências a respeito da BE são escassas e nem sempre são explícitas. A informação é simples

e superficial, não abarcando os domínios que são objecto de avaliação de acordo com o

Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca Escolar RBE. No entanto, ao fazer o cruzamento dos

documentos da IGE com o MAABE podemos encontrar vários pontos que podem ser cruzados

na análise a ser efectuada pela equipa de inspecção, pelo que seria de se esperar que essa

análise se fizesse notar nos relatórios de avaliação externa. A conclusão que daqui retiro é que

ainda não existe um reconhecimento generalizado do papel da BE na escola, facto que conduz

à ausência do PB nos painéis de entrevistados pela IGE. É necessário que PB e equipa

continuem a trabalhar no sentido de promover a BE e contribuir para o reconhecimento do

seu papel e do seu valor a nível interno em primeiro lugar; é necessário desenvolver o trabalho

colaborativo em articulação com os parceiros internos e externos; é necessário proceder à

auto-avaliação da BE e à sua integração no relatório de auto-avaliação da escola. Talvez este

seja o caminho para que haja um maior reconhecimento do valor da BE e do seu impacto na

vida da escola/agrupamento, que a tornará mais acessível à IGE aquando da sua visita à Escola.

Lurdes Silva

13/12/2009