análise dos genes flrt2 e flrt3 no desenvolvimento da...

75
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra Frederico Manuel Santos Alves de Matos MESTRADO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA E DO DESENVOLVIMENTO 2009

Upload: lamhanh

Post on 13-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no

desenvolvimento da barbatana peitoral

em Peixe-zebra

Frederico Manuel Santos Alves de Matos

MESTRADO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA E DO DESENVOLVIMENTO

2009

Page 2: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 1

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no

desenvolvimento da barbatana peitoral

em Peixe-zebra

Frederico Manuel Santos Alves de Matos

MESTRADO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA E DO DESENVOLVIMENTO

2009

Dissertação orientada por Doutor Joaquín León

Orientador interno: Prof. Doutora Solveig Thorsteinsdóttir

Page 3: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 2

A todos aqueles que contribuíram e permitiram que este trabalho fosse feito;

À minha família.

Page 4: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 3

Resumo

A AER é uma estrutura ectodérmica que tem um papel

essencial no desenvolvimento dos membros, sendo conservada

desde peixes a tetrápodes. A sua acção depende da via de

sinalização por Fgf. Os estudos realizados neste trabalho visam

perceber a influência, a nível do desenvolvimento do membro em

vertebrados, de elementos de uma família de proteínas

denominada Flrt. Esta família é composta por 3 elementos, Flrt1,

Flrt2 e Flrt3 e está ainda pouco estudada. São proteínas

transmembranares caracterizadas por motivos de repetições ricas

em leucinas na sua parte extracelular. Existe ainda um domínio

intracelular, pouco estudado, mas que se sabe ser essencial ao

papel desta família como regulador da actividade da sinalização por

Fgf. Flrt3 é o membro mais bem caracterizado.

Em Xenopus laevis foi verificado que Flrt3 é regulado

positivamente por Fgf, e sendo ele próprio um regulador positivo

desta via. Em galinha Flrt3 é essencial à correcta expansão do eixo

proximal-distal do membro em desenvolvimento, sendo regulado

por Wnt. Este gene é expresso na AER em galinha e ratinho. Em

Peixe-zebra a sua função ainda não é completamente percebida.

Este trabalho de investigação consiste na clonagem de dois

membros da família Flrt (Flrt2 e flrt3) e análise da expressão destes

genes em embriões de Peixe-zebra nos estádios 32 e 48 horas pós

fertilização. Os resultados não mostraram marcação para o gene

Flrt2 e para Flrt3 sugerem uma marcação no mesênquima, ao

contrário do que ocorre com outros modelos. No entanto estes

resultados devem ser considerados preliminares, sendo necessária

a avaliação de hibridações in situ e análises de imunohistoquímica

em cortes histológicos.

Palavras chave: AER, Peixe-zebra, Flrt3, mesênquima, desenvolvimento

Page 5: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 4

Abstract

AER is an ectodermal structure, preserved in animals from fish to tetrapods, that plays an essential role in limb development and whose function depends on Fgf signalling. The studies conducted within this research project aim for the understanding of the influence exerted by elements from the Flrt protein family on the limb development in vertebrates. This family consists of 3 elements - Flrt1, Flrt2 and Flrt3 - and still needs further study. These are transmembrane proteins identifiable by their extracellular leucine-rich repeat motifs. There is also an intracellular domain, yet to be further studied, that is known to be of vital importance to the part played by this family as a regulator of Fgf signalling activity. Flrt3 is the best characterised member of this family.

In Xenopus laevis, Flrt3 was proved to be positively regulated by Fgf, and acts itself a positive regulator of this signaling pathway. In chicken embryos Flrt3 is vital to the correct expansion of the proximal-distal axis from the developing limb, being regulated by Wnt. This gene shows expression in AER from chicken and mouse. In zebrafish its function is not yet fully understood. This project consists in cloning two members of the Flrt family (Flrt2 and flrt3) and analysing the expression pattern of those genes in zebrafish embryos at early stages -32 and 48 hours after fertilization. The results have not shown any signal for the Flrt2 gene and suggest a signal in the mesenchyme for Flrt3, as opposed to what occurs with the other models. Nevertheless, these results should be considered preliminary and need immunohistochemistry analysis and in situ hybridisation evaluation of histological sections.

Keywords: (AER, zebra-fish, Flrt3, mesenchyne, development)

Page 6: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 5

Índice

1  -­  Introdução ________________________________________________________________________ 7  1.1  -­  Vias  de  sinalização __________________________________________________________________ 9  1.1.1  -­‐  Sinalização  da  via  Fgf ____________________________________________________________ 9  1.1.1.1  Transdução  do  sinal __________________________________________________________________10  1.1.1.1a  -­‐  Via  do  Mek/Erk _________________________________________________________________10  

1.1.1.2  -­‐  Actividade  biológica  da  via  Fgf._____________________________________________________12  1.1.1.3  -­‐  Regulação  da  via _____________________________________________________________________12  1.1.1.3a  -­‐  Regulação  extracelular _________________________________________________________13  1.1.1.3b  -­‐  Regulação  intracelular _________________________________________________________13  1.1.1.3c  -­‐  Reguladores  transmembranares_______________________________________________13  

1.1.2  -­‐  Via  dos  Wnt ______________________________________________________________________14  1.1.3    -­‐  Via  dos  BMP_____________________________________________________________________15  1.1.4  -­‐  Sinalização  via  Hedgehog  (HH) ________________________________________________16  

1.2  -­  Desenvolvimento  dos  membros  em  Vertebrados_____________________________16  1.2.1  -­‐  Introdução _______________________________________________________________________16  1.2.2  -­‐  Origem  evolutiva ________________________________________________________________18  1.2.3  -­‐  Posicionamento  do  membro ___________________________________________________18  1.2.3.1  -­‐  Regulação  dos  genes  Hox ___________________________________________________________19  

1.2.4  -­‐  Ácido  Retinóico__________________________________________________________________19  1.2.5  -­‐  Indução  do  membro ____________________________________________________________20  1.2.6  -­‐  Desenvolvimento  e  padronização______________________________________________20  1.2.6.1  -­‐  Padronização  do  membro __________________________________________________________22  1.2.6.2  -­‐  Crescimento  do  membro____________________________________________________________25  

1.3  -­  Desenvolvimento  da  barbatana  peitoral  em  Danio  rerio  (Peixe-­zebra) __26  1.3.1  -­‐  Indução  da  barbatana  peitoral _________________________________________________28  1.3.1.1  -­‐  Ácido  retinócio_______________________________________________________________________28  1.3.1.2  -­‐  Wnt2ba _______________________________________________________________________________28  1.3.1.3  -­‐  Fibin __________________________________________________________________________________28  1.3.1.4  -­‐  Sinalização  por  Fgf __________________________________________________________________29  1.3.1.5  -­‐  Tbx5 __________________________________________________________________________________29  

1.3.2  -­‐  Desenvolvimento  da  barbatana  peitoral ______________________________________30  1.3.2.1  -­‐  Formação  da  AER/AF _______________________________________________________________30  1.3.2.1  -­‐  Expressão  de  genes  na  AER_________________________________________________________31  1.3.2.1  -­‐  Padronização  das  barbatanas  pares _______________________________________________31  1.3.2.1a  -­‐  Eixo  dorso-­‐ventral ______________________________________________________________31  1.3.2.1b  -­‐  Eixo  antero-­‐posterior __________________________________________________________32  1.3.2.1c  -­‐  Eixo  próximo-­‐distal _____________________________________________________________32  

1.4  -­  A  Família  Flrt________________________________________________________________________33  1.4.1  -­‐  Flrt3 ____________________________________________________________________________________35  1.4.1.1  -­‐  Flrt3  no  desenvolvimento  em  Danio  rerio _________________________________________39  

1.4.2  -­‐  Flrt2 ______________________________________________________________________________40  2  -­  Métodos  e  materiais ____________________________________________________________42  2.1  -­  Manutenção  e  manipulação  de  Peixe-­zebra. ___________________________________42  2.1.1  -­‐  Obtenção  dos  embriões_________________________________________________________42  2.1.2  -­‐  Manipulação  dos  embriões _____________________________________________________42  

2.2  -­  Obtenção  das  sequências _________________________________________________________43  2.3  -­  Desenho  das  sequências  iniciadoras ____________________________________________43  2.4  -­  Extracção  e  isolamento  de  RNA __________________________________________________44  2.5  -­  Retrotranscrição ___________________________________________________________________44  2.6  -­  Electroforese  em  gel  de  agarose _________________________________________________44  2.7  -­  Amplificação  das  sequências  dos  fragmentos  de  genes  por  PCR.___________44  2.8  -­  Clonagem  dos  fragmentos  de  genes. ____________________________________________45  2.8.1  Reacção  de  ligação________________________________________________________________45  

Page 7: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 6

2.8.2  Transformação  bacteriana _______________________________________________________46  2.9  Purificação  do  DNA  plasmídico ____________________________________________________46  2.10  Digestão  do  plasmídio _____________________________________________________________47  2.11  Sequenciação _______________________________________________________________________47  2.12  Purificação  de  plasmídio  em  elevada  concentração  –  midipreps __________48  2.13  Produção  da  sonda  para  a  hibridação  in  situ __________________________________48  2.13.1  Linearização  do  plasmídio______________________________________________________49  2.13.2  Transcrição  in  vitro _____________________________________________________________49  

2.14  Hibridação  in  situ __________________________________________________________________50  2.15  Análises  bioinformáticas  complementares ____________________________________51  

3-­Resultados_________________________________________________________________________52  3.1  -­  Os  genes  Flrt2  e  Flrt3  em  Peixe-­zebra __________________________________________52  3.1.1  -­‐  Análise  bioinformática  do  gene  Flrt2__________________________________________52  3.1.2  Análise  bioinformática  do  gene  Flrt3 ___________________________________________54  

3.2  Padrão  de  expressão  de  Flrt2______________________________________________________56  3.3  Padrão  de  expressão  de  Flrt3______________________________________________________57  

4-­  Discussão _________________________________________________________________________60  4.1  Flrt1____________________________________________________________________________________60  4.2  Padrão  de  expressão  de  Flrt2______________________________________________________60  4.3  Flrt3____________________________________________________________________________________61  

Referências  bibliográficas_________________________________________________________65  Anexo  I  –  Sequências  de  DNA  clonadas  em  Danio  rerio _______________________72  Sequência  nucleotídica    de  FLRT2b  AW826912  (589pb) __________________________72  Sequência  nucleotídica  de  Flrt2c  NCBI:  AI588736  (502bp) _______________________72  Sequência  nucleotídica  de  Flrt3  CT636783  (708bp) _______________________________72  

Anexo  II  -­  Protocolo  da  hibridação  in  situ. ______________________________________73  

Page 8: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 7

1 - Introdução

O desenvolvimento embrionário pode ser definido como um

processo estereotipado, organizado e complexo, que adiciona a

uma escala ainda muito pouco compreendida, uma complexidade

ordenada e funcional a uma estrutura inicial relativamente simples.

A esta estrutura, composta por uma única célula, dá-se o nome de

zigoto. Esta complexidade concretiza-se em diversos aspectos como

o aumento do número total de células (proliferação celular), o

aumento do número total de tipos de células (diferenciação celular)

e também presente no número de diferentes estruturas ou órgãos

(morfogénese), e suas diversas funções, que formam o embrião.

De uma forma sucinta podemos referir que a complexidade criada

pelo desenvolvimento abrange a proliferação celular, a

diferenciação celular e a morfogénese.

À medida que decorre o desenvolvimento é essencial que

haja um rigoroso controlo, tanto espacial como temporal, da

expressão génica e de comportamento celular. É este controlo que

vai esculpir a forma, e também a função, do desenvolvimento do

ser, atribuindo-lhe as suas idiossincrasias enquanto elemento

único, original, mas também enquanto pertencente a um grupo ou

espécie. São estas particularidades dadas pelo desenvolvimento e o

seu controlo, sujeitos a várias gerações de evolução e selecção, que

determinarão a funcionalidade e o estilo de vida do ser.

É comum ao desenvolvimento de muitas estruturas e órgãos

a existência de um estado inicial de primórdio que é induzido numa

localização específica no embrião em resposta a uma combinação

única de determinantes posicionais. O estabelecimento de

interacções célula-a-célula entre o folheto mesodérmico e os

folhetos ectodérmico e endodérmico nos primórdios é aliás muito

Page 9: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 8

frequente, resultando no crescimento padronizado de estruturas.

Ao longo do estudo da Biologia do Desenvolvimento, tem-se

verificado que estas interacções são muito conservadas; elas estão

presentes nos primórdios de muitas estruturas e órgãos bastante

diferentes entre si como sejam os membros, dentes, pâncreas, rins,

pulmões, entre outros.

Algumas destas interacções são por exemplo mediadas pelas

proteínas ou moléculas sinalizadoras como Hedgehog, Wnt, factores

transformantes do crescimento ou TGF-β (do inglês Transforming

Growth Factor-β) e a família dos factores de crescimento dos

fibroblastos ou Fgf (do inglês, Fibroblast Growth Factor), que, em

conjunto com os seus transdutores, moduladores e efectores

alteram o comportamento celular. A estes conjuntos de proteínas,

ligando(s), transdutor(es), efector(es), dá-se o nome de via. Estas

vias constituem o que parece ser um conjunto de ferramentas

moleculares que recursivamente o ser biológico reutiliza para o

desenvolvimentos das diversas estruturas presentes no adulto,

lembrando uma ode à lei do menor esforço. O resultado final, a

forma e identidade característica de cada órgão, dependerá pois do

alvo destas ferramentas, que variará consoante se trate de um ou

outro órgão. Desta forma, embora a mesma ferramenta esteja

activa no desenvolvimento do membro e também no

desenvolvimento do rim, o resultado final é radicalmente diferente.

O membro do vertebrado tem-se revelado um excelente

modelo para o estudo desta questão, tanto a nível celular como dos

mecanismos moleculares que regulam a padronização que ocorre

durante a ontogénese. Sendo ainda uma estrutura não vital do

embrião, é possível operar nele uma série de manipulações sem

comprometer a viabilidade do embrião, facilitando os estudo do

processo de desenvolvimento.

Page 10: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 9

1.1 - Vias de sinalização

1.1.1 - Sinalização da via Fgf Um dos processos chave no desenvolvimento dos membros

em Vertebrados é a sinalização da via Fgf. Pertencendo ao conjunto

de ferramentas recursivamente utilizadas pelos seres vivos, esta

via desempenha papeis essenciais em muitos e diversos processos

nos seres vivos (Tickle 2002). Esta família está envolvida em

diversos comportamentos celulares, como a quimiotaxia, migração

celular, diferenciação, sobrevivência celular e apoptose. Associado

à expressão de Fgf estão os seus reguladores formando um grupo

genético conservado entre diversos grupos.

Figura 1.1: Esquema da estrutura proteica do Fgfr. A ligação do fgf

dá-se no domínio intermédio de Ig (Dmínio Ig (II)). Adaptado de

Bottcher and Niehrs 2005.

Page 11: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 10

A família de proteínas Fgf é composta, em humano, por 22

membros que interagem com os receptores de Fgf (Fgfr, do inglês

Fgf Receptor), que transduzem a resposta intracelular a estas

moléculas. Os Vertebrados codificam 4 tipos diferentes, embora

muito semelhantes, de Fgfr (Fgfr1-4). São moléculas

transmembranares, com uma região extracelular com domínios do

tipo imunoglobulina (Ig) essenciais à ligação dos Fgf e que regulam

a afinidade e a especificidade para o ligando (Figura 1.1). O

domínio intracelular contém os domínios de tirosina cinase

essenciais à passagem do sinal. As moléculas de Fgf, os ligandos

dos Fgfr, são partículas difusíveis (Christen and Slack 1999) e a sua

acção é dependente da concentração, induzindo diferentes genes

consoante a quantidade de moléculas de Fgf.

1.1.1.1 Transdução do sinal

A transdução do sinal é feita pela activação do Fgfr, após

ligação do ligando a este, por diversas vias citoplasmáticas. Após a

activação do receptor ocorre a dimerização do Fgfr, tornando os

domínios de tirosina cinase activos e promovendo desta forma a

autofosforilação do domínio intracelular (McKeehan et al. 1998). A

autofosforilação dos domínios de tirosina cinase provoca o

recrutamento de um complexo sinalizador que pode transduzir o

sinal por 3 vias distintas (Figura 1.2) denominadas (1) via do

PLCγ/Ca2+, (2) via PI3(K) e (3) a via do Mek/Erk. Esta última é a

via mais comum e na qual focarei a atenção por ser a que está

implicada directamente no âmbito deste trabalho.

1.1.1.1a - Via do Mek/Erk

Esta via envolve uma proteína intracelular, Frs2, que tem

uma relação de grande afinidade com o Fgfr1 e cuja actuação na

transdução do sinal associada a este receptor está descrita em

Page 12: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 11

vários processos do desenvolvimento (Hadari et al. 2001; Kusakabe

et al. 2001; Akagi et al. 2002). Após activação do Fgfr, ocorre a

fosforilação da Frs2 pela actividade dos domínios de tirosina cinase.

Fosforilada, esta proteína actuará como recrutadora citoplasmática

de um complexo multiproteico que activa e controla a via do

Mek/Erk. A Fsr2 é agora reconhecida por diversas proteínas

citoplasmáticas numa cascata que termina com a activação de Erk,

uma proteína MapK específica. A activação de Erk leva à

fosforilação de factores de transcrição específicos (c-myc, Ap1 e

membros da família Ets (Lee and McCubrey 2002)) com influência

na regulação génica (Figura 1.2).

Figura 1.2: Vias de sinalização conhecidas para Fgf. A via PLCγ/Ca2+(amarelo), PI3(K)

(verde) e Mek/Erk (azul). A vermelho estão marcados os elementos do grupos de expressão

de Fgf. Adaptado de Bottcher and Niehrs 2005.

Page 13: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 12

1.1.1.2 - Actividade biológica da via Fgf.

Dos diversos processos onde esta via é essencial, a formação

da mesoderme, os movimentos da gastrulação, a indução neural e

a padronização do embrião são apenas exemplos da participação

essencial desta via. Ela está estudada em diversos modelos como

ratinho, galinha, Xenopus e Peixe-zebra, entre outros. No âmbito

do presente trabalho, a sinalização da via Fgf está presente por

exemplo na indução da AER (do inglês, Apical Ectodermal Ridge),

onde é necessário um feedback positivo entre Fgf10, Fgf8 e uma

molécula da família dos Wnt, Wnt3a (Ohuchi et al. 1997).

1.1.1.3 - Regulação da via

A regulação dos Fgf é um tema complexo, pelo que vamos

referir brevemente as aspectos principais para apenas recorrer ao

detalhe nos pontos de maior interesse no âmbito deste trabalho.

Devido à grande influência desta via em vários processos, é

essencial que haja uma regulação precisa da via em aspectos, tanto

na activação desta via como na duração da sua actividade, entre

outros. Os mecanismos de regulação da via Fgf podem fazer uso

tanto de sistemas de retroacção positivos como negativos (Freeman

2000) e a regulação pode ser exercida a diversos níveis, quer

extracelularmente quer no interior da célula. Muitas destas

moléculas reguladoras são também, elas próprias, reguladas pela

sinalização Fgf; São co-expressas com Fgf, formando um grupo de

genes distintos, expresso em conjunto, e que actuam na mesma

via, formando um grupo de expressão (Niehrs and Pollet 1999).

Page 14: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 13

1.1.1.3a - Regulação extracelular

Como referido no parágrafo anterior existem diversos níveis

da regulação dos Fgf. Extracelularmente a via é regulada por

moléculas do tipo proteoglicano de heparano sulfato (Hspg do

inglês, Heparan Sulfate ProteoGglycans) aproveitando a alta

afinidade destes receptores para com estas moléculas (Ornitz

2000). Estas moléculas ligam-se a um domínio específico de Ig

(Figura 1.1) de modo a exercer a sua actividade reguladora. As

moléculas HSPG são necessárias para que as moléculas de Fgf

activem o receptor para Fgf e são responsáveis pela especificidade

entre determinadas formas de Fgf e os Fgfr. Esta regulação revela-

se essencial para a sinalização por Fgf, e mutantes Hspg mostram

um fenótipo semelhante aos mutantes para a sinalização Fgf

(Garcia-Garcia and Anderson 2003).

1.1.1.3b - Regulação intracelular

Alguns exemplos que integram sistemas de regulação

negativa da via dos Fgf ao nível intracelular são os genes Sprouty e

Mkp3, que actuam a diferentes níveis da via de sinalização Mek/Erk

e da via do PI3(K) (Zhang et al. 2001; Kawakami et al. 2003).

MKP3 actua a nível do Erk, inibindo a sua actividade ao impedir a

sua fosforilação. Em Peixe-zebra esta função parece conservada,

uma vez que a inibição de sprouty4 resultou em fenótipos

semelhantes ao da sobreexpressão de Fgf8 (Furthauer et al. 2001).

1.1.1.3c - Reguladores transmembranares

A proteína transmembranar Sef faz parte do grupo de

expressão da via Fgf em diversos modelos animais, incluindo Peixe-

zebra. A sua expressão segue o padrão de Fgf8 e é também

regulada pela via Fgf (Furthauer et al. 2001; Lin et al. 2002; Tsang

et al. 2002). Estudos de sobreexpressão de Sef em embriões de

Page 15: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 14

Peixe-zebra mostram que Sef inibe a sinalização por Fgf através da

interacção com o Fgfr1 e Fgfr4a (Tsang et al. 2002), actuando a

nível da Mapk ou a jusante desta (Furthauer et al. 2002).

Uma outra molécula que faz parte da via de sinalização Fgf,

segundo dados recolhidos em Xenopus, é a proteína

transmembranar Flrt3 (do inglês Fibronectin-Leucine-rich Repeat

Transmembrane) (Bottcher et al. 2004). A sua expressão é muito

semelhante à de Fgf8 e ao grupo de expressão deste, sendo

também regulada por Fgf. Sobre esta molécula serão referidos mais

pormenores adiante no texto.

1.1.2 - Via dos Wnt Outra via essencial é a via dos Wnt, um conjunto de factores

segregados pelas células. A família Wnt, com 22 membros em

Vertebrados, é responsável por diversas acções no

desenvolvimento, como a padronização de estruturas, diferenciação

e proliferação celular em vários modelos animais. Estas moléculas

sinalizam através dos receptores Frizzled, uma proteína

transmembranar, membro de uma família com cerca de 10

elementos. A sinalização desta via pode ter pelo menos 3

alternativas de sinalização distintas. Duas alternativas de

sinalização são a da polaridade planar da célula e a outra

dependente de cálcio mas não serão detalhadas. Uma terceira via,

a via canónica, é de maior interesse no âmbito deste trabalho e

sinaliza através da β-catenina. A activação do receptor Frizzled pela

sinalização Wnt tem como efeito a instabilidade de um complexo

proteico (Gskβ) cuja actividade, quando estável, reduz a

quantidade de β-catenina no citoplasma (Kikuchi 2000). Deste

modo, em células onde a via Wnt está activa, há a acumulação

citoplasmática de β-catenina, pela instabilidade Gskβ, possibilitando

que esta seja translocada para o núcleo. Uma vez presente no

Page 16: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 15

núcleo activa factores de transcrição, promovendo assim a

expressão de genes alvo.

1.1.3 - Via dos BMP As proteínas morfogénicas ósseas ou BMP (do inglês, Bone

Morphogenetic Proteins) são factores de crescimento pertencentes

à super-famíla dos TGFβ. Esta super-família é bastante

diversificada, com elementos muito diferentes entre si. As

moléculas difusíveis de BMP ligam-se a receptores específicos de

cinases de serina/treonina presentes na membrana plasmática que

dimerizam reagindo à ligação do BMP. Os BMP têm como efeito

clássico a indução de osso, cartilagem, ligamento e tendões, no

entanto são também conhecidos efeitos na regulação da

proliferação celular, diferenciação e apoptose.

Figura 1.3: Activação da

transcrição génica pela via

BMP. O complexo formado

pelos receptores com

domínios de serina/treonina

quando activado fosforiliza as

Smad, activando a

transcrição de genes alvo.

Adaptado de Sakou 1998.

Page 17: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 16

A transdução do sinal é realizada pela fosforilação, após

dimerização do receptor, de proteínas citoplasmáticas da famíla

Smad que, uma vez fosforiladas, ocorre a sua deslocalização para o

núcleo, activando genes alvo (Sakou 1998).

1.1.4 - Sinalização via Hedgehog (HH) Esta via de sinalização é também fulcral no desenvolvimento

da maioria dos órgãos e tecidos de Vertebrados. Hedgehog são

pequenas moléculas lipoproteicas segregadas pelas células para a

matriz extracelular. Estes ligandos actuam no receptor

transmembranar Patched (Ptch), que reage alterando a actividade

de Smoothened (Smo), outra proteína transmembranar. Com a

activação de Ptch, Smo torna-se activo, sinalizando para o

citoplasma, iniciando uma cascata de transdução de sinal que irá

regular a actividade de factores de transcrição da família Gli. Com a

regulação da actividade destes factores de transcrição, ocorre a

modulação da expressão génica da célula.

1.2 - Desenvolvimento dos membros em Vertebrados

1.2.1 - Introdução O desenvolvimento do membro tem sido desde há muito um

modelo de excelência no estudo dos processos de padronização. De

entre as estruturas e órgão que estão sujeitos à acção das

ferramentas moleculares descritas anteriormente, o membro do

vertebrado é um excelente modelo para o estudo dos mecanismos

celulares e moleculares que regulam a padronização que ocorre

durante a ontogénese.

Page 18: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 17

Uma zona muito restrita e específica da mesoderme,

denominada por campo do membro, dá origem aos membros dos

Vertebrados. Após o estabelecimento do campo do membro dá-se a

formação do primórdio do membro. O membro desenvolve-se na

parte lateral do embrião, lateralmente aos sómitos, numa região da

mesoderme denominada mesoderme lateral (LPM, do inglês Lateral

Plate Mesoderm). As células desta zona proliferam, respondendo a

sinais, permitindo o desenvolvimento do membro.

Figura 1.4: Esquema do embrião de galinha. Os membros de vertebrados originam-se a partir de dois pares de primórdios em localizações específicas no flanco do embrião. Retirado de Capdevila and Belmonte 2001.

Como referido, uma vez formado o campo do membro, está

definida a localização do desenvolvimento do membro. Em traços

gerais, a mesoderme axial sinaliza para a mesoderme do campo do

membro que induz a formação de um primórdio do membro,

através de interacções entre a própria mesoderme e a ectoderme.

Este primórdio é coberto por um epitélio de origem ectodérmica,

pseudo-estratificado em galinha e estratificado em ratinho,

denominado crista ectodérmica apical (AER, do inglês Apical

Ectodermal Ridge). Esta estrutura é essencial na manutenção da

proliferação e padronização do membro. As células do mesênquima

Page 19: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 18

da parte distal do membro constituem a zona de progressão (PZ,

do inglês Progress Zone), que é mantida num estado proliferativo e

indiferenciado pela AER (Summerbe. D et al. 1973) (Figura 1.7). As

células da PZ proliferam e à medida que o desenvolvimento

decorre, algumas ficam deslocadas numa posição mais proximal

onde adquirem informação posicional de modo a formarem as

estruturas da cartilagem (que vai ser substituída pelo osso),

tendões e tecido conjuntivo presentes no adulto.

1.2.2 - Origem evolutiva Os cordados invertebrados não possuem membros. De entre

os Vertebrados, o primeiro par de membros surge nos Agnatha

(peixes sem mandíbula) na forma de um único par de barbatanas.

Só encontramos dois pares de membros em grupos mais derivados,

como os Vertebrados mandibulados (Gnathostomata), quer sejam

peixes ou tetrápodes, como o Peixe-zebra, ratinho ou galinha. Nos

Vertebrados ditos superiores os membros superiores e inferiores

são derivados, respectivamente, das barbatanas peitorais e pélvicas

dos Vertebrados mandibulados primitivos (Coates 1994).

1.2.3 - Posicionamento do membro É atribuída a uma combinação específica de genes Hox a

localização do campo do membro (Figura 1.4) e consequentemente

dos membros dos Vertebrados (Oliver et al. 1990). Os genes Hox

participam no posicionamento espacial de várias estruturas

embrionárias tanto em invertebrados como em Vertebrados

(Krumlauf 1994; Marshall et al. 1996; Deschamps et al. 1999),

estando também envolvidos na padronização dos membros e

barbatanas em Vertebrados.

Estudos em diferentes espécies, nomeadamente em ratinho

(Rancourt et al. 1995), galinha (Cohn et al. 1997) e cobras (Cohn

Page 20: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 19

and Tickle 1999) evidenciam o papel essencial que genes Hox e a

sua combinação específica têm na definição do campo do membro e

na diversidade anatómica presente nos seres vivos. Em diversos

Vertebrados as fronteiras anteriores da expressão de genes Hox,

como Hoxc6, Hoxc8 e Hoxb5 na LPM ocorrem no local exacto do

desenvolvimento do membro anterior ou barbatana peitoral (Oliver

et al. 1990; Rancourt et al. 1995; Nelson et al. 1996).

1.2.3.1 - Regulação dos genes Hox

Os estudos da regulação dos genes Hox são ainda

insuficientes para permitir saber completamente a que respondem

os genes Hox. No entanto sabe-se que no eixo no embrião a

expressão destes genes é controlada por uma variedade de factores

que incluem o receptor para o ácido retinóico (RAR, do inglês

Retinoic Acid Receptor), as já referidas ferramentas moleculares Fgf

e TGF-β assim como membros da família de factores de transcrição

T-box como o Tbx5 e Tbx4, entre outros.

1.2.4 - Ácido Retinóico O ácido retinóico é necessário para uma variedade de

processos durante o desenvolvimento embrionário em Vertebrados.

O seu efeito é transmitido pelo RAR, regulando a expressão de

genes alvo. É sintetizado no eixo embrionário, a nível do sómitos,

durante os passos iniciais do desenvolvimento pela enzima

Retinaldeído desidrogenase 2 (Raldh1a2) (Niederreither et al.

1997; Berggren et al. 1999) e está envolvido no controlo da

expressão dos genes Hox na LPM no momento da determinação do

campo do membro (Marshall et al. 1996). Ratinhos mutantes para

Raldh1a2 não expressam Tbx5, uma molécula essencial ao

desenvolvimento do membro superior, e não formam membros

(GibsonBrown et al. 1996; Tamura et al. 1999; Begemann and

Ingham 2000).

Page 21: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 20

1.2.5 - Indução do membro Após o estabelecimento do campo do membro, dá-se a

indução deste, através de mecanismos ainda não totalmente

compreendidos. Vários estudos mostram que os sinais para a

indução do membro iniciam-se na mesoderme axial, sendo este

sinal transferido depois para a LPM.

Neste momento, o gene que se conhece como o mais

precocemente expresso no mesênquima presuntivo do membro

superior é o Tbx5 (GibsonBrown et al. 1996; Simon et al. 1997;

Isaac et al. 1998; Logan et al. 1998). Este gene é essencial para o

desenvolvimento deste membro em vários modelos (Takeuchi et al.

1999; Ng et al. 2002; Agarwal et al. 2003; Rallis et al. 2003)

inclusive Peixe-zebra.

A molécula sinalizadora Fgf8, essencial na manutenção do

desenvolvimento dos membros, produzida pela AER em estádio

após a indução do membro, parece também ter um papel mais

precoce na indução do membro em certos modelo. No entanto há

ainda uma certa controvérsia quanto ao papel de Fgf8. fgf8 é

expresso na mesoderme intermédia, nas regiões adjacentes ao

campo do membro, na altura do inicio do seu desenvolvimento.

1.2.6 - Desenvolvimento e padronização A formação do membro é iniciada na LPM pela proliferação

contínua das células desta zona presentes no campo do membro.

Há um conjunto de sinais que são passados em sequência (Fgf e

Wnt) a partir de uma posição mais axial até a uma posição distal,

partindo dos sómitos para a mesoderme intermédia (IM, do inglês

Intermediate Mesoderm), passando para a LPM e por fim à

ectoderme. Estudos em galinha mostraram que existe um jogo

entre Fgf e Wnt envolvido na iniciação do membro (Kawakami et al.

2001).

Page 22: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 21

Tbx5 regula o gene Wnt2b na área presuntiva do membro

superior, enquanto que Tbx4, expresso na zona presuntiva do

membro inferior, regula o gene Wnt8c previamente à iniciação do

desenvolvimento do membro inferior (Figura 1.5). Está assim

iniciado, na IM, o jogo Wnt/Fgf. Em galinha, Wnt2b é expresso na

mesoderme intermédia e na LPM na região presuntiva da asa, ao

passo que Wnt8c é expresso na LPM na zona presuntiva da pata.

Wnt2b e Wnt8c, através da via canónina da β-catenina, restringem

a expressão de Fgf10 à LPM do campo do membro, superior no

caso de Wnt2b e inferior com o Wtn8c. Fgf10, com expressão no

mesênquima, é necessário à indução de Wnt3a na ectoderme que

parece induzir a expressão de Fgf8 na ectoderme tanto em galinha

como em ratinho (Wnt3) (Galceran et al. 1999; Kawakami et al.

2001; Norton et al. 2005).

Figura 1.5: Representação esquemática das interacções entre Tbx/Wnt/Fgf em galinha.

No membro superior (asa), Tbx5 activa a sinalização Wnt2b/Fgf. Uma vez activadas as

vias Wnt/Fgf estas regulam positivamente Tbx5, criando-se um sistema de retroacção

positiva. O membro inferior tem a mesma dinâmica, embora mantendo as mesmas vias

mas com moléculas diferentes. Adaptado de Takeuchi et al. 2003.

Page 23: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 22

A resposta celular é uma proliferação rápida das células nas zonas

presuntivas do membro, ao contrário das células da LPM que estão

fora da futura localização do membro. Estas células do folheto

mesodérmico em proliferação provocam uma protuberância sob a

ectoderme, estabelecendo-se interacções entre ectoderme e

mesoderme. A comunicação entre os diversos folhetos é essencial

para a manutenção do crescimento assim como para a

padronização do mesmo. Estas interacções ocorrem em localizações

específicas no membro em desenvolvimento e podem-se agrupar

em três conjuntos, denominados organizadores, essenciais à forma

final do membro, como será descrito em maior pormenor no

capítulo seguinte.

1.2.6.1 - Padronização do membro

Diferenças ao longo dos vários eixos (antero-posterior (A-P),

próximal-distal (P-D), dorso-ventral (D-V)) são observadas entre os

membros de Vertebrados diferentes. A estrutura esquelética básica

em tetrápodes é relativamente conservada. Consiste num elemento

proximal, o estilopódio, um elemento medial, o zeugopódio, e um

distal chamado autopódio.

Figura 1.6: Representação esquemática das estruturas esqueléticas dos membros

anteriores de alguns Vertebrados, evidenciando a elevada conservação entre os

diferentes grupos. Adaptado com base em Capdevila and Belmonte 2001.

Page 24: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 23

O crescimento e padronização envolve uma coordenação de

diversas vias de sinalização. Deste modo é necessário o

estabelecimento e manutenção dos 3 centros organizadores que

são responsáveis tanto pelo crescimento como pela padronização

do membro: (1) a AER, (2) um conjunto de células do mesênquima

posterior chamada zona de actividade polarizante (do inglês zone of

polarizing activity, ZPA), assim como (3) um conjunto de células

ectodérmicas dorsais que actuam como terceiro centro organizador.

O tamanho e a forma final do membro dependem assim destas

estruturas, e da comunicação entre elas, polarizando o membro

segundo os eixos P-D (ombro-ponta dos dedos), responsabilidade

da AER, A-P (polegar ao mindinho), como resultado da actividade

da ZPA, e D-V (costas da mão à palma da mão) fruto da acção da

ectoderme dorsal. Estas redes de sinalização têm como base da sua

actividade algumas moléculas parácrinas como sejam Wnt, Bmp,

Fgf e Shh (Capdevila and Belmonte 2001).

Figura 1.7: Esquema da vista dorsal do primórdio do

membro, evidenciando os centros organizadores da

padronização. Retirado de Capdevila and Belmonte

2001.

Page 25: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 24

O eixo P-D, por estar directamente envolvido no tema deste

trabalho, será o eixo mais detalhado. A padronização segundo este

eixo ainda não reúne consenso, sendo um tema bastante alargado.

Existem basicamente três visões distintas acerca desta tema: o

modelo da progressão, proposto por Summerbell em 1974,

(Summerbell 1974) e considerado com o modelo clássico, afirma

que cada célula da mesoderme é especificada pelo tempo a que

está sujeita a divisões nessa zona. Assim, quanto mais tempo a

célula passa na zona de progressão, mais distal será o seu destino.

Em 2002 um modelo alternativo foi proposto por Dudley et al., o

qual estabelece que é no início do desenvolvimento que são

estabelecidos os domínios de cada célula (Dudley et al. 2002). Mais

recentemente foi proposto um modelo em que a especificação das

estrutura seria resultado da sinalização de dois sinais com origens

opostas, um proximal produzindo o estilopódio, e um distal

produzindo o autopódio, cuja difusão combinatorial dos sinais

especifica o zeugopódio (Mariani et al. 2008).

Para o desenvolvimento da padronização do eixo A-P é

necessário a acção da ZPA. Estudos de 1993 mostraram que a a

acção da ZPA é exercida pela produção da proteína Shh (Riddle et

al. 1993).

O eixo D-V depende da expressão exclusivamente na

ectoderme dorsal da proteína segregada Wnt7a. A sua localização

exclusivamente dorsal é resultado da sua inibição ventral pela

acção do factor de transcrição Engrailed-1 (Eng1), localizado na

ectoderme ventral (Parr and McMahon 1995; Loomis et al. 1996).

Wnt7a induz também Lmx-1 no mesênquima dorsal, um factor de

transcrição com homeodomínios.

Page 26: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 25

1.2.6.2 - Crescimento do membro

Após o estabelecimento da expressão de Fgf-10 na zona

presuntiva do membro estar consolidada na LPM, a proteína Fgf-10

sinaliza para a ectoderme envolvente, iniciando um programa de

expressão génica que inclui a activação da transcrição de Fgf-8

ainda antes de haver um botão do membro reconhecível. Em

muitos tetrápodes, estes eventos resultam na formação da AER.

Em galinha a AER é essencial ao desenvolvimento do membro

(Saunders 1948; Todt and Fallon 1984). Após remoção da AER, a

proliferação das células do mesênquima pertencentes ao membro

em desenvolvimento é inibida, resultando num membro truncado,

caracterizado pela falta das partes mais distais.

Em Peixe-zebra existe a formação de uma AER temporária,

que a partir das 36 horas pós fertilização (hpf), dá lugar a uma

estrutura diferente, assemelhando-se a uma dobra protuberante

(Grandel and Schulte-Merker 1998). Esta estrutura tem o nome de

dobra apical (AF, do inglês Apical Fold) . Este tema será abordado

em detalhe mais adiante no texto.

Figura 1.8: Cascatas regulatórias envolvidas na indução e manutenção da AER. Retirado de Fernandez-Teran and Ros 2008.

Page 27: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 26

1.3 - Desenvolvimento da barbatana peitoral em Danio rerio (Peixe-zebra)

O Peixe-zebra tem sido usado nos últimos 30 anos como

modelo para o estudo do desenvolvimento de vários processos. Os

trabalhos realizados neste modelo levaram a uma proliferação dos

estudos acerca dos aspectos fundamentais do desenvolvimento a

que recentemente se vêm juntar as ferramentas moleculares e

genéticas.

Peixe-zebra, um elemento dos teleósteos, pertence ao grupo

dos Actinopterygii, ou peixes raiados. Na base da radiação deste

grupo, o terá havida uma duplicação do genoma a que se terá

seguido um rearranjo do genoma com a inactivação de alguns

genes duplicados e ainda casos de sub-funcionalização de alguns

genes parálogos, deixan algum espaço para a evolução destes

genes.

Este modelo animal pertencente ao grupo dos Actinopterygii,

não está incluído no grupo de peixes que se encontra

evolutivamente mais próximo dos tetrápodes (os Sarcopterygii).

Apresenta no entanto várias características que o tornam vantajoso

como modelo animal no estudo do desenvolvimento do membro.

Algumas reservas que este modelo apresenta são resultantes

da duplicação do genoma já referida ou ainda da relativa distância

evolutiva de modelos mais próximos do Homem. Relativamente ao

tema do desenvolvimento dos membros, apresenta-se como

desvantagem o facto de a barbatana peitoral não apresentar

quaisquer ossos homólogos com os membros dos tetrápodes, pelo

que os estudo desta estrutura terão sempre algumas limitações

quanto às inferências retiradas.

Page 28: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 27

As barbatanas do Peixe-zebra são classificadas de acordo com

5 tipos, agrupando-se em dois grupos, de acordo com a sua origem

embrionária. A barbatana dorsal, caudal, e a anal são derivadas da

mesoderme somítica, sendo a barbatana peitoral e pélvica

derivadas da LPM (Smith et al. 1994; Grandel and Schulte-Merker

1998; Freitas et al. 2006). As barbatanas peitorais e pélvicas são

homólogas aos membros anteriores e posteriores, respectivamente,

dos tetrápodes. Da análise a linhas de mutantes em Peixe-zebra foi

permitido perceber que os mecanismos moleculares presentes no

desenvolvimento das barbatanas pares dos Teleósteos e dos

membros dos Vertebrados são, de um modo geral, conservados. No

entanto existem também certas particularidades nas ferramentas

moleculares que permitem o desenvolvimento do membro, como

também se verifica entre galinha e ratinho. Estas particularidades

são importantes para as diferentes formas de membros entre

espécie, quer sejam um membro de ratinho, patas ou asas de

galinha, ou uma barbatana.

Figura 1.9: Fotografia de Peixe-zebra macho, estirpe AB. Podemos observar os cinco

diferentes tipos de barbatanas. Barbatana Peitoral (1), Pélvica (2), Anal (3), Dorsal (4) e

Caudal (5).

Page 29: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 28

1.3.1 - Indução da barbatana peitoral

Conforme já descrito, o sinal para a indução do membro

surge na mesoderme axial, sendo depois transmitida à LPM.

1.3.1.1 - Ácido retinócio

É durante a somitogénese, entre as 12 e as 14 hpf que é

necessária a síntese de RA para a iniciação da barbatana (Gibert et

al. 2006).

O RA é sintetizado na LPM e nos sómitos principalmente pela

Raldh1a2. A inibição do RA resulta na falha do desenvolvimento do

membro (Begemann et al. 2001; Grandel et al. 2002), havendo

uma conservação do papel do RA entre tetrápodes e Peixe-zebra

nesta função.

1.3.1.2 - Wnt2ba

A via de sinalização de Wnt2ba parece estar funcionalmente

ligada à via do RA, uma vez que o bloqueio desta última via leva à

diminuição dos níveis de wnt2ba a nível do membro (Mercader et

al. 2006). wnt2ba é expresso na mesoderme intermédia, adjacente

ao domínio de expressão de Tbx5. A injecção de mRNA de Tbx5

recupera parcialmente o fenótipo obtido com o uso de morfolinos

contra Wnt2ba, pelo que os autores sugerem que Wnt2ab actua a

montante de Tbx5 (Ng et al. 2002).

1.3.1.3 - Fibin

Esta molécula segregada, recentemente descoberta e

exclusiva de Vertebrados, é também essencial para a indução de

tbx5 na LPM. A activação desta molécula é a jusante de RA e de

Wnt2ab. Das 10 às 14 hpf, fibin é expresso nos sómitos, e a partir

Page 30: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 29

das 14 hpf é expressa na LPM num domínio adjacente ao campo do

membro, entre os sómitos e o domínio de expressão de tbx5. A

regulação negativa de fibin, através do uso de morfolinos, impede a

formação da barbatana peitoral, sem afectar outras estruturas do

embrião. O seu domínio de expressão faz dela um excelente

candidato para estabelecer o elo entre os sinais axiais de RA e

Wnt2ba de modo a activar a expressão de tbx5 nos progenitores do

membro.

1.3.1.4 - Sinalização por Fgf

Verifica-se que em Peixe-zebra, após tratamento com um

antagonista de Fgf8 (SU5402), não é necessário Fgf8 para a

expressão de tbx5 na LPM (Mercader et al. 2006). Parece assim

que Fgf8 não participa na transmissão do sinal indutor do membro,

desde a mesoderme axial até à LPM. Tendo em conta os dados para

Fibin, pode ser que seja esta molécula a desempenhar este papel.

1.3.1.5 - Tbx5

O primórdio da barbatana no embrião de Peixe-zebra é

composto por um conjunto muito reduzido e fino de células da LPM

e surge na região da LPM, ao nível dos sómitos 2 e 3. Estudos em

mutantes para Tbx5, apoiado também pelo uso de morfolinos,

mostram que a inactivação deste gene causa a falha da iniciação do

desenvolvimento da barbatana peitoral (Ahn et al. 2002; Garrity et

al. 2002; Ng et al. 2002), pelo que os autores sugerem que tbx5 é

critico na indução da barbatana.

 

Page 31: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 30

1.3.2 - Desenvolvimento da barbatana peitoral

1.3.2.1 - Formação da AER/AF

A AER em Peixe-zebra consiste num espessamento apical

ectodérmico na extremidade mais distal do botão do membro

(figura 1.10) sendo formada por células cuneiformes do estrato

basal (Grandel and Schulte-Merker 1998).

Figura 1.10: Esquema mostrando a localização da

AER na barbatana peitoral em embrião com 31

hpf. Retirado de Mercader 2007.

A presença desta estrutura especializada é mais breve que

em galinha e ratinho, uma vez que às 36 hpf as células formadoras

da AER formam uma estrutura secundária denominada dobra apical

(AF)

Figura 1.11: Esquema da barbatana peitoral em embrião com

38 hpf evidenciando a transformação da AER em AF. Adaptado

de Mercader 2007.

Page 32: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 31

Apesar de morfologicamente diferente (Figura 1.11), a AF

continua a desempenhar o mesmo papel que a AER. A AF expressa

genes idênticos aos expressos pela AER de tetrápodes como Fgf8,

Sp8, Sp8 entre outros (Grandel and Schulte-Merker 1998)

sugerindo que as funções permaneçam conservadas.

1.3.2.1 - Expressão de genes na AER

Neste modelo animal, a formação da barbatana peitoral é

normal em mutantes para Fgf8 (Reifers et al. 1998), sugerindo este

resultado que existe redundância entre os Fgf com origem na

ectoderme na promoção do desenvolvimento do membro. Além da

expressão de Fgf8, estão já conhecidos como expressos na AER

outros Fgf, incluindo Fgf24, Fgf4 e Fgf16. Estudo de inibição da

expressão de Fgf16 com o uso de morfolinos mostraram que este é

necessário para a formação da barbatana peitoral (Fischer et al.

2003; Nomura et al. 2006). O papel do Fgf10 na indução da

expressão génica na AER pelo mesênquima parece ser conservado

entre Peixe-zebra e tetrápodes, onde Wnt3a em galinha é o

mediador entre Fgf10 e Fgf8 (Kawakami et al. 2001),

desempenhando Wnt3 o mesmo papel em ratinho (Galceran et al.

1999).

1.3.2.1 - Padronização das barbatanas pares

1.3.2.1a - Eixo dorso-ventral

Há ainda poucos estudos com o objectivo de perceber a

padronização D-V neste modelo. No entanto foi já verificado que o

padrão de expressão de Wnt7a e de Eng1a sugere uma

conservação deste mecanismo, ja brevemente referido

anteriormente para Vertebrados em geral, na padronização dorsal e

ventral, respectivamente (Hatta et al. 1991; Norton et al. 2005).

Page 33: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 32

1.3.2.1b - Eixo antero-posterior

Na definição deste eixo, a sinalização por Shh evidencia ser

um mecanismo conservado. Shh é expresso no domínio posterior

da barbatana em desenvolvimento, parecendo controlar a

padronização A-P. Uma análise detalhada ao mutante para Shh,

sonic you (syu), revelou que existe uma fase inicial da

padronização AP que é independente de Shh, característica esta

que é partilhada com outros Vertebrados incluindo tetrápodes como

galinha e ratinho (Echelard et al. 1993; Krauss et al. 1993; Roelink

et al. 1994).

1.3.2.1c - Eixo próximo-distal

Tal como em tetrápodes, também em Peixe-zebra os genes

Hoxa11 e Hoxa13 são expressos nas barbatanas em formação. No

entanto, a sua expressão sobrepõe-se no mesênquima mais distal,

ao contrario do sucedido em tetrápodes, onde nesta região não é

expresso Hoxa11. Estudo do desenvolvimento da barbatana

peitoral em Sarcopterygii poderão fornecer mais detalhes acerca da

transição barbatana/membro ocorrida durante o Devónico. A

análise das barbatanas pares em Peixe-zebra na tentativa de

perceber a evolução do membros dos tetrápodes poderá ser pouco

informativa, pois este modelo animal é um teleósteo muito

derivado. Este facto poderá questionar a noção de que o autópodio

será uma novidade surgida nos tetrápodes; aliás, estudos de 2007

da análise a fósseis de uma espécie extinta pertencente ao grupo

dos Sarcopterygii, sugerem que o autopódio poderá não ter surgido

nos tetrápodes, e ter surgido sim ainda em espécies aquáticas

(Dahn et al. 2007).

Page 34: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 33

1.4 - A Família Flrt Em 1999, resultando de uma análise a proteínas do tecido

muscular humano, foi descrito pela primeira vez uma família de

glicoproteínas transmembranares do tipo I presente em

Vertebrados e composta por 3 membros, denominados Fibronectin-

Leucine-Rich Transmembrane protein 1, 2 e 3 (Flrt1, Flrt2 e Flrt3).

Figura 1.12: Representação esquemática das proteínas da família Flrt. SS:

sequência sinal; NFR: Sequência flanqueadora N-terminal; LRR: Motivos ricos

em repetições de leucinas; CFR: sequência flanqueadora C-terminal; TM:

Domínio transmembranar; IC: domínio intracelular. Retirado de Haines et al.

2006.

Em ratinho adulto, encontramos todos os membros desta

família expressos no cérebro, tendo-se encontrado ainda Flrt1 no

rim, Flrt2 no coração, músculo esquelético e pâncreas sendo o Flrt3

expresso em vários locais, tendo todos os locais testados mostrado

a presença da proteína (Lacy et al. 1999). Posteriormente esta

família foi ainda identificada em Xenopus laevis (Bottcher et al.

2004), assim como verificada a sua expressão em galinha, 2 anos

mais tarde (Smith and Tickle 2006). Esta família é expressa em

diversos tecidos como no rim, músculo esquelético, pulmão e

cérebro (Lacy et al. 1999; Haines et al. 2006), entre outros e

verificado o seu elevado nível de homologia entre ratinho e humano

(Haines et al. 2006).

Page 35: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 34

As proteínas desta família são codificadas por um único exão

(Haines et al. 2005) e têm em comum motivos estruturais

conservados compostos por 10 repetições de regiões extracelulares

ricas em leucina (LRR, do inglês Leucine Rich Repeats) que se

encontram flanqueadas por repetições de cisteínas, um domínio de

fibronectina de tipo III, um domínio transmembranar e ainda uma

curta cauda citoplasmática (Lacy et al. 1999; Haines et al. 2006). A

presença do domínio rico em repetições de leucina, torna esta

família membro da super-família das proteínas LRR, onde estão

incluídas várias glicoproteínas. O motivo LRR é caracterizado por

sequências, ricas em leucina, repetidas com cerca de 20 a 30

aminoácidos. Estes domínios formam uma estrutura solenóide com

uma curvatura em forma de ferradura, altamente propícia ao

ancoramento de proteínas pela interacção com as cadeias laterais

dos aminoácidos (Kobe and Kajava 2001). No entanto ainda pouco

se saibe acerca das moléculas que interagem com esta estrutura.

São motivos de proteínas presentes em todos os organismos, com

uma função diversa, podendo estar presentes intracelularmente, na

membrana celular ou extracelularmente (Kobe and Deisenhofer

1995).

Existem já evidências de que os diferentes domínios da

família Flrt têm diferentes funções: o domínio hidrofóbico LRR tem

uma função na adesão celular homotípica e parece ser o único com

influência na distribuição celular, sendo dependente da quantidade

de Flrt3, conforme verificado por diversos autores (Haines et al.

2006; Karaulanov et al. 2006; Egea et al. 2008); o domínio de

fibronectina de tipo III está envolvido na ligação aos receptores de

Fgf (Bottcher et al. 2004); o domínio intracelular é responsável pela

modulação do sinal dos receptores de Fgf, verificado tanto em

ratinho como em Xenopus (Bottcher et al. 2004; Haines et al.

2006).

Page 36: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 35

Em ratinho, foi demonstrado que cada membro desta família

tem um padrão de expressão específico, localizado em diferentes

populações de células, ao longo de grande parte do embrião

(Haines et al. 2006). Alguns desses locais, como a AER e na

fronteira entre cérebro médio e posterior (MHB, do inglês Midbrain-

Hindbrain boundary), estão sob a influência da sinalização da via

Fgf. Estes autores mostraram também em ratinho que 30 minutos

após a estimulação com Fgf2, houve um aumento da expressão de

todos os elementos da família Flrt, pelo que esta família pode ser

regulada pela sinalização Fgf. No entanto os detalhes acerca da

interacção entre Fgf e Flrt permanecem ainda por resolver, não

obstante a sua interacção e co-expressão sugerirem que a família

Flrt desempenhe um papel relevante na via Fgf.

Dados de Karaulanov et al. (Karaulanov et al. 2006) mostram

que é possível que esta família proteica esteja implicada na

modulação da adesão celular, devido ao papel dos domínios LRR na

adesão celular e do domínio intracelular na via dos Fgf. Se tivermos

em conta que a regulação negativa da adesão celular é um

processo essencial a muitos tumores, seria interessante perceber o

papel da família Flrt neste processo. Dados de expressão génica,

retirados de certos tumores uterinos e também dos ovários

mostram uma forte diminuição na expressão de flrt2 (Donninger et

al. 2004; Santin et al. 2004; Santin et al. 2005) o que poderá

relacionar-se com os dados relativos à diminuição da adesão celular

e à EMT, como visto para Flrt3 em (Ogata et al. 2007).

1.4.1 - Flrt3

Em Xenopus, o padrão de expressão deste gene foi

intensamente estudado por Bottcher et al em 2004. Estes autores

verificaram que o início da expressão de Flrt3 dá-se no estádio 9.

Na gástrula este gene é co-expresso com Fgf8 na zona marginal,

Page 37: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 36

assim como durante a neurulação na MHB e na crista neural

anterior. Já na fase larvar esta co-expressão é mantida no

telencéfalo, diencéfalo dorsal, na fronteira entre cérebro médio e

posterior e arcos branquiais (Bottcher et al. 2004).

Em embriões de Xenopus, existe uma grande semelhança

entre a expressão de Fgf, em particular de Fgf8, (Christen and

Slack 1997) e a expressão de xFlrt3. No entanto não podemos

adicionar Flrt3 ao grupo de expressão do Fgf8 uma vez que há

alguns domínios de expressão adicionais, como no coração e nos

olhos, para xFlrt3. Há ainda a evidência de que xFlrt3 é

positivamente regulado pela sinalização via Fgf em embriões de

Xenopus, havendo a sugestão de que também xFlrt3 actua

promovendo a sinalização por Fgf activando a cascata de

sinalização Mek/Erk, e não através da via PI(3)K, (Bottcher et al.

2004), sendo assim um modulador positivo da sinalização Fgf

através da via Mek/Erk. A expressão ectópica apenas da porção

intracelular de xFlrt3 induz a expressão de Xbra, que também é

induzido directamente por Fgf8, e do próprio Fgf8 além de provocar

a formação de caudas ectópicas, fenótipo semelhante ao obtido na

indução ectópica da via dos Fgf (Bottcher et al. 2004).

Bottcher et al. (2004) demonstraram que xFlrt3 é expresso

onde existe a forma activa de Erk, o pErk. Esta molécula foi

também identificada na AER em galinha (Tomás 2005), apoiando o

modelo de que flrt3 está co-localizado com as áreas de actividade

da pErk. Ainda de acordo com este modelo seria de esperar que em

zonas de inactividade de Erk, como na PZ, não seja encontrado

Flrt3, o que de facto se verifica em galinha (Tomás 2005). Esta co-

localização entre a actividade de pErk e Flrt3 é conservada em

ratinho, sendo que neste modelo pErk está activado na PZ e não na

AER, reflectindo-se esta inversão nos resultados das hibridações in-

situ para flrt3 (Tomás 2005). pErk é translocada para o núcleo

promovendo a fosforilação de factores de transcrição que

Page 38: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 37

desempenham um papel importante em vários processos celulares,

tanto no adulto como ao longo do desenvolvimento e diferenciação.

Por sua vez, estes factores de transcrição activam a expressão de

genes alvo dos Fgf, como Sprouty e Sef (Sharrocks 2001; Thisse

and Thisse 2005), entre outros.

Em galinha foi testada a regulação de Flrt3 através da

aplicação exógena de Fgf, tanto endógeno da AER (Fgf2, Fgf8,

Fgf19) como do mesênquima (Fgf10), na parte mais distal e

anterior do mesênquima, em contacto com a AER. Em ambos os

casos estas moléculas não promoveram a expressão ectópica de

Flrt3. Inesperadamente, os resultados para Fgf8 parecem inibir a

expressão de Flrt3 (Tomás 2005). No mesmo trabalho, esta autora

mostra ainda que a aplicação de um antagonista de Fgf também

não produziu diminuição no número de transcritos de Flrt3 (Tomás

2005), em contraste com o que seria de esperar de acordo com os

resultados para Xenopus (Bottcher et al. 2004). Ainda no mesmo

trabalho (Tomás 2005), a autora procurou perceber se seriam

outras moléculas presentes na AER a regular Flrt3. Deste modo,

esta autora procedeu à aplicação ectópica de Wnt3a na mesma

localização das aplicações de Fgf, e do seu antagonista. Este teste

resultou na indução da expressão de Flrt3 na AER num muito curto

espaço de tempo, sugerindo uma activação directa da expressão

deste gene. Os membros tratados com Wnt3 mostram um

alongamento da expressão de Flrt3 na ectoderme apical. Foram

ainda observáveis a formação de múltiplas AER como resultado da

sobreexpressão de Wnt3a (Tomás 2005). Esta autora sugere ainda,

no mesmo trabalho, que Wnt3a poderá induzir directamente a

expressão de Flrt3 antes de estabelecer a expressão de fgf8.

Em galinha este gene foi também identificado na AER, tendo

um papel essencial na manutenção desta estrutura (Tomás 2005).

Após o silenciamento de Flrt3 é possível observar a descontinuidade

da AER, com alteração da expressão de Fgf8. No entanto, a

Page 39: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 38

alteração da expressão de Fgf8 poderá não ser resultado directo da

inibição de Flrt3, uma vez que há dados em ratinho que mostram a

independência entre a expressão de Fgf8 e Flrt3 marreto et al.

Verificou-se também, em experiências de co-

imunoprecipitação que a proteína xFlrt3 se associa directamente a

Fgfr1 e Fgfr4a, e que a ablação do domínio de fibronectina III reduz

esta interacção, sugerindo os autores um papel de modulação dos

Fgfr. Foi ainda verificada, através da técnica BRET (do inglês,

Bioluminescence Resonance Energy Transfer), a associação muito

próxima entre Fgfr1 e Flrt3 em células vivas (Bottcher et al. 2004).

Tsuji et al. verificaram em rato que Flrt3 está implicada no

crescimento de neurites in vitro (Tsuji et al. 2004). Em células do

cerebelo estes autores verificaram que havia um aumento

significativo no comprimento das neurites quando estas células

eram cultivadas sobre células CHO expressando Flrt3, 24 horas

após o início da cultura celular. Os autores sugerem que Flrt3

poderá desempenhar papel semelhante in vivo uma vez que Flrt3 é

sobreexpresso na parte distal do nervo ciático após lesão (Kubo et

al. 2002). Flrt3 seria expresso nas células da glia actuando como

uma molécula de adesão, contactando com os neurónios e

promovendo o crescimento destes. Apoiando ainda estes estudos,

existem dados em ratinho que mostram Flrt3 como sendo um dos

genes induzidos após a lesão de gânglios nervosos (Tanabe et al.

2003) e ainda estudos de 2004 que mostram o aumento da

expressão de Flrt3 em reposta à lesão do nervo ciático e com um

papel na regulação do crescimento de neurites (Robinson et al.

2004).

Flrt3 foi implicado ainda na manutenção da integridade da

membrana basal em estruturas extraembrionárias também em

ratinho. Verificou-se que em embriões Flrt3-/- havia um desarranjo

da membrana basal na endoderme visceral anterior, apresentando

Page 40: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 39

também uma transição epitélio-mesênquima com a expressão de

marcadores típicos deste processo, eomes, brachyury/t e fgf8

(Egea et al. 2008). Em discordância com os dados obtidos por

Bottcher et al. 2004 e Tomas 2005, foi registado, também nestas

células, que os níveis de fosforilação de Erk/Mapk mantinham-se

iguais ao controlo, semelhante ao sucedido com a sobreexpressão

de Flrt3 que não apresentou um aumento dos níveis de fosforilação

de Erk/Mapk (Egea et al. 2008). Estes autores sugerem que estas

células extraembrionárias não necessitam de Flrt3 como mediador

da via Fgf e que Flrt3 terá um papel importante na adesão célula a

célula na endoderme visceral anterior.

Ogata et al. verificaram que, durante a gastrulação, Flrt3, em

conjunto com Rnd1 (uma GTPase com fortes propriedades anti-

adesivas (Nobes et al. 1998; Wunnenberg-Stapleton et al. 1999)),

era expressos nas células equatoriais em involução. A

sobreexpressão de Flrt3 ou de Rnd1 reduz a adesão mediada por

caderinas (moléculas de adesão características de epitélios), ao

passo que a subexpressão Flrt3 e Rnd1 incrementa este tipo de

adesão. Estes autores mostraram ainda que a expressão de Flrt3

não estava sob o controlo de Fgf, antes era um efeito directo da

sinalização Activin/Nodal, membro da super-família Tgf-β

mostrando ainda a independência da sinalização Fgf pela ablação,

na molécula Flrt3, do domínio FNIII (Ogata et al. 2007).

1.4.1.1 - Flrt3 no desenvolvimento em Danio rerio

O estudo da expressão deste gene em Peixe-zebra está ainda

numa fase preliminar, assim como o seu estudo funcional. Dados

não publicados de um estudo neste modelo animal mostram que

Flrt3 não é regulado pela via Fgf, ainda que a sua expressão ocorra

nos centros de sinalização de Fgf (Tomás 2005).

Page 41: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 40

A Análise do padrão de expressão para este gene mostra que

este gene é expresso em diversas estruturas, desde a gástrula

(5hpf) até às 48hpf (Thisse 2005). Além da barbatana peitoral, está

presente em estruturas como o campo do olho, MHB, mesoderme

anterior paraxial, vesícula de Kupffer, entre muitas outras

estruturas descritas no trabalho de Thisse (Thisse 2005), disponível

na rede. No entanto não existem ainda estudos detalhados acerca

da importância deste gene.

1.4.2 - Flrt2 Em estudos de ganho e perca de função, Flrt2 mostra um

efeito semelhante à manipulação da sinalização por Fgf. N-Cam e

N-Tubulina são expressos após a injecção de mRNA de Fgf8 e a

aplicação de morfolinos contra Flrt2 impede a expressão destes

marcadores neurais.

Foi verificada a co-localização da expressão dos genes Flrt2 e

Raldh1a2 confirmando-se a expressão de flrt2 como co-localizada

com a actividade do RA. Foi verificado que flrt2 não participa na

indução do primórdio do membro, sendo sugerido que possa estar

envolvido na diferenciação condrogénica (Tomás 2005).

Page 42: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 41

O projecto deste trabalho, no inicio do seu desenvolvimento,

tinha como objectivo o estudo funcional da família Flrt no

desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra. No entanto

dificuldades durante o desenvolvimento deste projecto apenas

permitiram o estudo do padrão de expressão de dois genes desta

família, Flrt2 e Flrt3. Um estudo deste género seria sempre mais

interessante manipulando os genes através do uso de morfolinos,

como estava previsto no projecto de tese. Infelizmente dificuldades

técnicas impediram que o projecto fosse cumprido na íntegra.

Não obstante este problema, considero que no decorrer deste

projecto fui adquirindo valências diariamente. Penso que, nesta

altura da minha formação, é este o objectivo principal.

Page 43: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 42

2 - Métodos e materiais

2.1 - Manutenção e manipulação de Peixe-zebra.

Peixe-zebra, com o nome científico de Danio rerio

pertencente à família Cyprinidae, são pequenos peixes teleósteos

com cerca de 3 cm, nativos de ribeiros da Índia. Os exemplares

usados durante o presente trabalho são pertencentes à estirpe AB.

2.1.1 - Obtenção dos embriões

Os embriões usados nas hibridações in situ foram obtidos

através de cruzamentos durante as primeiras horas do dia. Os ovos

são mantidos em meio embriónico numa estufa a 28ºC até

atingirem o estádio de desenvolvimento pretendido. Nessa altura

são fixados em 4% PFA a 4ºC, durante a noite.

2.1.2 - Manipulação dos embriões

De modo a aumentar a detecção do sinal nas hibridações in

situ, os embriões são tratados com PTU (do inglês, tyrosinase

inhibitor 1-phenyl-2-thiourea) às 24 hpf (Karlsson et al. 2001). Este

composto impede a melanogénese ao inibir passos críticos na via

de síntese da melanina (Whittake.Jr 1966; Eppig 1970).

Page 44: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 43

2.2 - Obtenção das sequências Após pesquisa bioinformática prévia no laboratório onde

decorreu este trabalho, foram obtidas sequências de fragmentos de

genes expressos (EST, do inglês Expressed Sequence Tag). A

pesquisa, feita em conjunto com o serviço de bioinformática do

Instituto Gulbenkian de Ciência, tentou obter em Peixe-zebra os

homólogos, em ratinho e humano, dos genes em análise neste

trabalho.

2.3 - Desenho das sequências iniciadoras Foram escolhidas sequências iniciadoras, ou do inglês –

primers – com cerca de 24 nucleótidos tendo em conta o seu

conteúdo em Guaninas e Citosinas de cerca de 50 a 60%. Para a

escolha das sequências foi usado o programa informático Primer3

v. 0.4.0, disponível na rede em http://frodo.wi.mit.edu/primer3/. O

acerto final foi feito à mão.

O Quadro 1 resume as sequências dos primers utilizados

assim como a temperatura de annealing usada no PCR.

Quadro 1: Sequências dos primers usados na amplificação dos fragmentos de genes e suas

temperaturas de annealing (Ta).

Genes Par de primers usados Ta

flrt2b FW: 5’ CAC GAG GTT GCG GCT AGA TGA GAA TCG 3’

RV: 5’ TGG TGC AGA AAG AAA GTA GTG TGG G 3’ 56ºC

flrt2c FW: 5’ GAG CCT GAC GTC TGT GCC TCT GGG 3’

RV: 5’ TCA TCC TCA AGC AAG TTT CCA TCC 3' 56ºC

flrt3 FW: 5’ CGG TAC TAT TTC TCC AAA ACA ACC 3’

RV: 5’ GGT TAT CCA GGT CCT CAA ATA CC 5’ 56ºC

Page 45: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 44

2.4 - Extracção e isolamento de RNA A extracção e isolamento do RNA foi realizada usando o

reagente TRIzol® de acordo com (Chomczynski and Sacchi 1987).

Foi usado um kit dos laboratórios Invitrogen, TRIzol®reagent. Este

método permite obter RNA livre de contaminantes como proteínas e

DNA. O RNA assim obtido será depois usado para a produção de

cDNA.

2.5 - Retrotranscrição Esta reacção foi feita usando o kit dos laboratórios Roche,

first strand cDNA synthesis kit for rt-pcr(AMV). A partir de 1 µg do

RNA isolado foi feita uma transcrição reversa de modo a obter o

cDNA. Este cDNA será usado como molde para a amplificação dos

fragmentos dos genes em estudo.

2.6 - Electroforese em gel de agarose Esta técnica baseia-se na movimentação diferencial das

moléculas, tendo em conta parâmetros como o tamanho, quando

incluídas num gel sujeito a um campo eléctrico. O gel de agarose

usado neste trabalho foi feito a 1% p/v em TAE.

2.7 - Amplificação das sequências dos fragmentos de genes por PCR.

A partir do cDNA obtido pela retrotranscrição procedeu-se à

amplificação das sequências das EST usadas para o estudo dos

genes em análise. Para tal recorreu-se ao uso dos primers descritos

no ponto 2, aplicados numa reacção de polimerização em cadeia

(PCR, do inglês Polimerase Chain Reaction) feita de acordo com o

Quadro 2. A presença dos fragmentos pretendidos foi confirmada

Page 46: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 45

por electroforese em gel de agarose a 1%. Após purificação do

cDNA, obtiveram-se as seguintes concentrações:

Quadro 2 - Concentrações aproximadas de cada

fragmento de gene resultante da purificação da

amplificação por PCR.

2.8 - Clonagem dos fragmentos de genes. Para a clonagem dos fragmentos de genes foram usadas

células competentes E. coli, Subcloning Efficiency™ DH5α™

Competent Cells -Invitrogen.

Como vector para a clonagem foi utilizado o plasmídio

pGEM®-T Easy Vector - Promega.

2.8.1 Reacção de ligação De modo a determinarmos a quantidade de inserto necessária

foi usada a fórmula fornecida pelo fabricante e usando inicialmente

um rácio inserto:vector de 3:1 e 50ng de vector:

E

E

Estes cálculos estão resumidos no Quadro 3. De seguida

procedeu-se à realização do protocolo de acordo com as instruções

Fragmento Concentração

flrt2b 10 ng/µL

flrt2c 20 ng/µL

flrt3 80 ng/µL

= ng de vector x tamanho(x1000pb) inserto x 3 = ng de inserto

tamanho(x1000pb) vector 1

Page 47: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 46

do fabricante (Promega). A reacção de ligação foi deixada a ocorrer

durante a noite a 4ºC

Quadro 3 – Quantidade e volume de inserto usada na reacção de ligação ao vector

2.8.2 Transformação bacteriana Durante este processo pretende-se que as bactérias usadas

para a clonagem - células competentes DH5α - incorporem o

plasmídio com o inserto, resultado da ligação feita no ponto

anterior. Uma vez incorporado, este plasmídio será alvo de

replicação à medida que as bactérias proliferam aumentando assim

a quantidade disponível dos fragmentos de genes obtidos pelo PCR

feito a partir do cDNA no ponto 2.7.

2.9 Purificação do DNA plasmídico A partir das caixas de petri contendo a cultura da

transformação bacteriana, foram escolhidas 10 colónias para cada

gene. As colónias foram picadas com uma ponta estéril de pipeta e

colocadas em tubos de ensaio (falcons) de 15 mL de capacidade

contendo 5 mL de meio LB com ampicilina à concentração de

50ng/mL. Foram deixados em agitação – 300 rpm – durante a noite

numa estufa seca a 37ºC.

De modo a purificar o DNA plasmídico, foi usado o produto

comercial Wizard® Plus Minipreps DNA Purification System da

marca Promega..

Fragmento Tamanho Quantidade Volume

flrt2b ≅ 600 pb 30 ng 3,0 µL

flrt2c ≅ 500 pb 25 ng 1,25 µL

flrt3 ≅ 700 pb 35 ng 0,44 µL

Page 48: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 47

O DNA foi eluído em água Milli-Q, quantificado em

espectrofotómetro e armazenado a -20ºC.

2.10 Digestão do plasmídio É necessário nesta fase confirmar a inserção do fragmento

clonado. Para tal recorremos à digestão enzimática do plasmídio

purificado no ponto anterior, com recurso à enzima apropriada.

Desta formar podemos libertar o inserto e confirmar assim a sua

presença. O Quadro 4 resume as enzimas usadas.

Quadro 4: Enzimas usadas para libertar o inserto.

2.11 Sequenciação A sequenciação foi feita com base no método da reacção de

Sanger através de um sequenciador automático. Para a reacção de

Sanger foram usados os tempos de acordo com o Quadro 5.

Quadro 5: Tempos aplicado à reacção de Sanger.

x25 ciclos

Fragmento Enzimas usadas

flrt2b Sal I

flrt2c Sal I

flrt3 Nco I

Temperatura Tempo

96ºC 1 minuto

96ºC 10 segundos

50ºC 5 segundos

60ºC 4 minutos

Page 49: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 48

Os resultados da sequenciação foram depois analisados

usando o algoritmo BLASTn versão 2.2.18+ (Zhang et al. 2000).

Este programa informático, disponibilizado pelo NCBI (do inglês,

National Center for Biotechnology Information) está disponível na

rede em http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi. Os resultados

obtidos nunca foram inferiores a 94% de identidades – para o

fragmentos de gene Flrt2b – tendo atingido os 99% de identidade

para os fragmentos Flrt2c e Flrt3. Foi assim considerado como

significativamente semelhante ao fragmento a clonar e adequado à

síntese de sonda para a hibridação in situ.

2.12 Purificação de plasmídio em elevada concentração – midipreps

Para este processo procedeu-se à cultura em 100 mL de meio

LB com ampicilina, e sob agitação, dos clones cuja sequenciação foi

considerada significativa para cada um dos fragmentos de genes.

Para a purificação do plasmídio foi usado o produto comercial

PureYield™ Plasmid Midiprep System da Promega, de acordo com

as instruções do fabricante. Na eluição final do DNA foi usado um

volume de 50 µL em água Milli-Q e medidas as concentrações no

espectrofotómetro.

2.13 Produção da sonda para a hibridação in situ

A produção das sondas de RNA para a hibridação in situ

envolve a linearização do plasmídio contendo o fragmento de gene

e a transcrição in vitro das sondas sense e antisense. O fragmento

do gene encontra-se inserido no plasmídio estando rodeado de

sequências reconhecidas por diversas enzimas de restrição assim

como pelas sequências reconhecidas pelas enzimas polimerases de

Page 50: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 49

RNA T7 e SP6. Estas enzimas catalizam a síntese 5’3’ do RNA a

partir destas sequências.

2.13.1 Linearização do plasmídio Usaram-se 10 µg do plasmídio purificado no ponto 2.12, com

1 µL da enzima apropriada, num volume total de 20 µL. Esta

reacção decorreu durante cerca de 3 horas a 37ºC. Foi de seguida

verificada, através de electroforese em gel de agarose a correcta

linearização. Este será o DNA molde a partir do qual será feita a

transcrição in vitro. No Quadro 6 está o resumo das enzimas

usadas, com referência ao tipo de sonda produzida.

Quadro 6: Enzimas e polimerases usadas na síntese da sonda de RNA.

2.13.2 Transcrição in vitro Para esta reacção usou-se 1 µg de plasmídio linearizado.

Nesta reacção é utilizada uma mistura de ribonucleótidos feita com

os UTP marcados, através da sua ligação a uma molécula de

digoxigenina, que será importante para a revelação da hibridação in

situ. O uso das polimerases T7 e SP6, devido à posição oposta em

relação ao inserto destas sequências, permite obter os dois tipos de

sonda. Esta reacção ficou a 37ºC durante cerca de 3 horas e no

final foi feita a análise usando 1 µL numa electroforese em gel de

EST (Tipo de sonda) Enzima usada Polimerase usada

flrt2b (anti-sense) Sal I T7

flrt2b (sense) Nco I SP6

flrt2c (anti-sense) Sal I T7

flrt2c (sense) Nco I SP6

flrt3 (anti-sense) Nco I SP6

flrt3 (sense) Sal I T7

Page 51: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 50

agarose. No Quadro 6 podemos ver as polimerases usadas na

transcrição in vitro.

2.14 Hibridação in situ Esta técnica baseia-se na hibridação com elevada

especificidade de ácidos nucleicos marcados. O ácido nucleico

marcado é a sonda de RNA realizada no ponto 2.13.2 contendo um

epitopo, a digoxigenina, ligada às bases de uracilo. A utilização de

um anticorpo, conjugado com a Fosfatase Alcalina, contra este

epitopo, permite a visualização, através de uma reacção

cromogénica, do local de expressão do gene em estudo. Esta

análise é possível devido à elevada afinidade e especificidade da

hibridação, permitindo a utilização de condições de elevada

estrigência durante o protocolo.

A hibridação in situ foi realizada essencialmente em embriões

de 32 e 48 horas pós fertilização. O protocolo da hibridação in situ

encontra-se detalhado no anexo II e compreende três dias. No

primeiro os embriões são sujeitos à preparação para a hibridação

garantindo o acesso da sonda pela permeabilização das estruturas

do embrião por um lado e por outro usando condições de elevada

estringência de modo a garantir a especificidade do sinal. No

segundo dia ocorre a lavagem do excesso de sonda, cuja hibridação

em locais não específicos poderia juntar algum ruído ao sinal, e

ainda a colocação do anticorpo a 4ºC de modo a aumentar a

especificidade das ligações do anticorpo no embrião, idealmente

apenas com a digoxigenina dos ácidos nucleicos marcados. O

terceiro dia tem por objectivo a lavagem do anticorpo em excesso e

a revelação em meio alcalino.

Page 52: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 51

2.15 Análises bioinformáticas complementares

Além dos testes bioinformáticos com recurso ao software

online do NCBI, foi ainda necessário realizar testes

complementares. Para isso recorreu-se ao uso de um software

especializado que, fazendo uso de uma base de dados contendo

dados bioquímicos para os diferentes aminoácidos e através de um

algoritmo próprio, permite prever o comportamento da sequência

proteica (CLC DNA Workbench ver 5.5 Build 5501).

Page 53: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 52

3-Resultados

3.1 - Os genes Flrt2 e Flrt3 em Peixe-zebra Para o gene Flrt2, a pesquisa forneceu duas EST,

denominadas para este trabalho como Flrt2b e Flrt2c, anotadas no

NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) como AW826912 (Flrt2b) e

AI588736 (Flrt2c). Para Flrt3 a pesquisa forneceu uma EST anotada

com a referência CT636783. As sequências destas EST encontram-

se em anexo.

3.1.1 - Análise bioinformática do gene Flrt2 Para o gene Flrt2 foram isolados dois fragmento de gene,

correspondendo às duas EST encontradas durante a análise

bioinformática. Temos então os fragmentos de genes Flrt2b e

Flrt2c, tratando-se de duas sequências diferentes, que fazem parte

de regiões distintas e não sobreponíveis do mRNA do gene Flrt2,

em Peixe-zebra. A clonagem para Flrt2b isolou um fragmento com

589 pares de bases (pb) e para o gene Flrt2c obteve-se um

segmento com 502 pb, cujo alinhamento com as sequências da

base de dados para Flrt2 mostram uma homologia à volta dos 95%.

O gene Flrt2 está mapeado no cromossoma 17 de Danio

rerio. O BLAST com a sequência proteica deste gene mostra uma

menor conservação comparado com os resultados para Flrt3, talvez

por estar envolvida num número inferior de processos durante o

desenvolvimento.

A análise filogenética reflecte o padrão esperado de acordo

com a posição evolutiva das espécies analisadas e agrupa as

espécies em concordância com o resultado para Flrt3. A análise de

hidrofobicidade mostra igualmente uma putativa região

transmembranar em todos os modelos analisados.

Page 54: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 53

Figura 3.1: Alinhamento das sequências de aminoácidos para Flrt2 entre Peixe-zebra e Xenopus, galinha, ratinho, e homem, dispostas na vertical segunda esta ordem. Podemos perceber que as regiões altamente conservadas estão restritas aos domínios LRR. Os domínio LRR vão sensivelmente do aminoácido 60 ao 300. O gráfico de barras colocado abaixo da sequencia mostra o grau de conservação.

Page 55: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 54

3.1.2 Análise bioinformática do gene Flrt3 Para o gene Flrt3 a pesquisa forneceu uma EST anotada com

a referência CT636783. A clonagem realizada permitiu o isolamento

de um fragmento com 708 pb. O alinhamento da sequência de DNA

feito contra a sequência obtida das base de dados, contendo a ORF

completa para o cDNA, mostrou 99% de identidades. O

mapeamento deste gene revela a sua localização no cromossoma

13 de Danio rerio.

Foi feita também uma análise comparativa através do

alinhamento (BLASTp) entre a sequência proteica deste gene em

diversos modelos, como galinha, ratino e humano. Os resultados

mostram uma identidade de 74% contra galinha, e 73% contra

Xenopus, ratinho e humano. Tendo em conta as substituições

conservadas, os valores oscilam entre 85% e 86%. Tendo em conta

a divergência evolutiva entre as espécies, estes são valores

elevados de conservação da proteína. A porção N-terminal da

proteína é composta por cerca de 200 aminoácidos que estruturam

o domínio LRR. Avançando para a terminação COOH, temos de

seguida o domínio de fibronectina III, seguido da região

transmembranar. O domínio intracelular não possui domínio

conhecidos e é também ele muito conservado, sugerindo a

existência de elementos funcionais até agora desconhecidos.

Page 56: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 55

Figura 3.2: Alinhamento das sequências de aminoácidos para Flrt3 entre Peixe-zebra e Xenopus, galinha, ratinho, e homem, dispostas na vertical segunda esta ordem. Podemos perceber a elevada conservação das diferentes moléculas ao longo da maioria da sequência proteica. Do aminoácido 52 ao 256 encontramos as 10 repetições de luecina (os motivos LRR). O gráfico de barras colocado abaixo da sequencia mostra o grau de conservação.

Page 57: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 56

Uma análise filogenética à proteína Flrt3 entre as espécies

considerados mostra também o agrupamento esperado, de acordo

com as relações filogenéticas entre os organismos em estudo.

Assim, Mus musculus agrupa num clado monofilético com Homo

sapiens, deixando de fora Gallus gallus. Segundo esta análise

filogenética, Gallus gallus é a espécie mais próxima dos

mamíferos, seguindo-se Xenopus laevis e como espécie mais

distante encontramos Danio rerio.

Após uma análise da hidrofobicidade, usando tanto os

parâmetros de Kyte-Doolitle como de Eisenberg, foi revelada uma

região putativa para o domínio transmembranar de cerca de 27

aminoácidos. É uma região altamente hidrófoba, ladeada por

pequenas regiões muito hidrofílicas e é conservada entre Peixe-

zebra, Xenopus, galinha, ratinho e humano.

3.2 Padrão de expressão de Flrt2 Não foi possível obter resultados de hibridação in situ para o

gene Flrt2. No estudo do padrão de expressão deste gene usaram-

se os dois fragmentos de genes disponíveis, flrt2b e flrt2c. Em

nenhum caso foi possivel observar um padrão de expressão com

estas sondas (Fig 3.3)

Figura 3.3: Hibridação in situ para a sonda flrtc

antisense, evidenciando a ausência de marcação. A

sonda flrt2b apresenta o mesmo aspecto

Page 58: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 57

3.3 Padrão de expressão de Flrt3 As hibridações in-situ foram feitas na larva de Peixe-zebra

durante o período de faríngula que decorre entre as 24hpf e as

48hpf, tendo sido analisados essencialmente dois estádios: 32 hpf e

48 hpf. Na fase de faríngula, o sistema nervoso está já bem

desenvolvido, apresentando um cérebro anterior com 5 cavidades.

A somitogénese está já completa e é durante esta fase que as

barbatanas peitorais iniciam o seu desenvolvimento.

O padrão de expressão de Flrt3 varia consoantes os estádios

analisados. Assim, para os estádios de 32hpf (figura 3.1), mostra

marcação nos olhos, MHB, rombencéfalo, barbatanas peitorais e

cavidade pericardial.

Figura 3.4: Marcação para flrt3 em embriões com cerca de 32hpf. 1-

MHB; 2-Rombencéflao; 3- Barbatanas peitorais; 4- Cavidade

Pericardial

No estádio de 48 hpf, podemos ver como estruturas

marcadas os olhos, cerebelo, arcos branquiais, rombencéfalo e

barbatanas peitorias. Isto é consistente com o que foi visto em

ratinho, ratazana, galinha, Xenopus e, em parte, também com os

dados para Peixe-zebra de Thisse & Thisse publicados na rede em

www.zfin.org, embora não seja possível observar a marcação em

todas as estruturas descritas por este autor. A marcação para Flrt3

surge em locais onde, ou a sinalização por Fgf está presente, ou em

regiões afectadas por esta.

Page 59: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 58

Figura 3.5: Marcação para as barbatanas peitorias (1), arcos branquiais (2) cerebelo (3) e rombencéfalo (4).

De modo inesperado parece não haver marcação na AER/AF,

embora um estudo histológico mais aprofundado, pela análise de

secções, seja essencial na determinação desta marcação. Numa

tentativa de obter mais informação acerca da localização da

marcação, foi tirada a fotografia da figura 3.6. Na figura 3.6, onde

podemos observar um pormenor ampliado da barbatana peitoral,

vemos uma marcação sugerindo a localização do mRNA para Flrt3

no mesênquima.

Figura 3.6 (Image_4001): Pormenor da barbatana peitoral. Em B, uma ampliação da área do

rectângulo em A, aparentando uma marcação do mesênquima e não da ectoderme.

Page 60: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 59

De modo a comprovar a origem da marcação, foram feitos cortes

histológicos ao nível da barbatana (Figura 3.7). Os resultados

apresentados são no entanto preliminares, uma vez que faltará

ainda a análise da marcação com a sonda sense. No entanto os

resultados parecem sugerir uma marcação no mesênquima. Serão

necessários mais estudos de hibridação in situ com o

seccionamento da região em análise de modo a provar esta

localização.

Figura 3.7: A - Corte histológico ao nível das barbatanas peitorais. É possível

observar uma ligeira coloração do mesênquima, sugerindo marcação da sonda nesta

zona. Ampliação:20x. B: ampliação digital da secção transversal da barbatana

peitoral (zona delimitada pelo rectângulo em A). C: Imagem da ausência de

marcação para a hibridação controlo, com a sonda sense para Flrt3.

Page 61: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 60

4- Discussão

4.1 Flrt1 Durante a análise bioinformática pesquisaram-se os três

membros da família Flrt, não tendo sido possível encontrar o

membro Flrt1. Não se fizeram estudos mais aprofundados acerca

deste resultado, na tentativa de perceber as razões de Flrt1 não ser

encontrado. Talvez haja um parálogo, até agora desconhecido, de

um dos outros membros que esteja a desempenhar a função deste.

4.2 Padrão de expressão de Flrt2 A análise da hibridação in-situ feita para Flrt2 não mostrou

qualquer marcação, apesar de extensivamente ter sido repetida a

hibridação e utilizando condições diferentes como uma temperatura

de hibridação mais baixa de modo a baixar as condições de

estringência. Na clonagem para este gene, clonaram-se duas EST,

flrt2b e flrt2b. Ao analisar os fragmentos de gene clonados, estes

mostram uma identidade superior a 95% com os fragmentos de

gene das bases de dados, pelo que teoricamente a sonda tem

condições para hibridar com o seu alvo. Um outro aspecto relevante

é o protolcolo usado. No entanto, temos um controlo positivo para

o protocolo na expressão do gene Flrt3. Poderá ser que a sonda

sintetizada tenha alguma particularidade que impede a sua

hibridação, pelo menos usando este protocolo. No entanto isto teria

de ser verdadeiro para as duas sondas, o que parece ser

improvável. Foi ainda tentado diminuir a estrigência baixando a

temperatura de hibridação para 65º C, mas sem resultados. Talvez

a existência de formas alternativas deste gene, como a existência

de genes parálogos possa explicar estes resultados.

Page 62: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 61

4.3 Flrt3 Os primeiros estudos funcionais deste gene começaram por

sugerir que este seria mais um modulador da via Fgf (Bottcher et

al. 2004). Estes autores mostraram também que ocorre uma

interacção in vivo entre Flrt3 e Fgfr e que apenas a porção

citoplasmática de Flrt3 é necessária para a sua modulação da via

Fgf. No entanto a possibilidade de haver um ligando para Flrt3 não

está posta de parte, assim como a sua actuação autónoma. A

modulação exercida sobre a sinalização Fgf poderá servir para, em

determinadas situações, ser necessário activar a via Mek/Erk, em

detrimento da PI3(K). Posteriormente, verificou-se que estava

também implicado no crescimento de neurites após lesão, havendo

um aumento da expressão de Flrt3, e que a sobreexpressão deste

gene aumenta a taxa de crescimento das neurites (Robinson et al.

2004; Tsuji et al. 2004). Podemos estabeler uma relação entre os

trabalhos destes autores com os trabalhos de Bottcher et al. 2004,

na medida em que a sinalização por Fgf é constitutivamente

expressa e até aumentada a sua expressão em neurónios da raiz

dorsal após lesão (Grothe et al. 2001). Caso estes neurónios

respondam a Flrt3 produzindo fgf, esta molécula pode actuar sobre

as células de Schwann, que expressam Fgfr (Grothe et al. 2001),

aumentando a sua taxa mitótica, por exemplo. É possível que,

através da interacção entre Flrt3 e a sinalização por Fgf, haja a

ocorrência de processos regenerativos na lesão do nervo. Dados

obtidos em ratazana, mostram que a expressão de Flrt3 no cérebro

é profundamente alterada na transição entre o desenvolvimento

embrionário e a fase adulta (Robinson et al. 2004). Em adultos a

transcrição de Flrt3 neste órgão é muito limitada, ao contrário da

sua expressão generalizada durante o desenvolvimento, como

acontece durante o desenvolvimento de Peixe-zebra. Isto poderá

significar a sua acção sobre processos de diferenciação/proliferação

durante o desenvolvimento e ser responsável pela plasticidade do

Page 63: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 62

cérebro no animal adulto. Mais uma vez, a sinalização Fgf é

fundamental para estes processos, pelo que há mais uma vez há a

sugestão do envolvimento do dueto sinalização Fgf/Flrt3. Também

no caso da padronização dos sómitos, Flrt3 está expresso nas

células do lábio lateral do dermamiótomo, que delaminam e

migram para formar a musculatura hipaxial do tronco e do

membro.

A expressão de Flrt3 no cérebro após lesão não é detectável,

pelo que o papel deste gene na regeneração do sistema nervoso

central (CNS do inglês, Central Nervous System) será limitado. No

entanto seria interessante, de um ponto de vista terapêutico e não

só, verificar o seu potencial regenerador no CNS, uma vez que

axónios sensoriais transplantados para a matéria branca encefálica

não só sobrevivem como também regeneram (Davies et al. 1997).

O padrão de expressão de Flrt3 em Peixe-zebra mostra a

presença de flrt3 em várias estruturas cuja sinalização por Fgf é

essencial durante o desenvolvimento. É exemplo disso a MHB

(Scholpp et al. 2003), os arcos branquiais (Denise et al. 2009) e a

retina (Picker et al. 2009), entre outras. No entanto, os resultados

deste trabalho parecem apontar para uma expressão

mesênquimatosa de flrt3 durante parte do desenvolvimento da

barbatana peitoral, ao contrário do padrão de expressão

conservado para este gene, entre Xenopus, galinha e ratinho, onde

é expresso na AER. Este resultado, a confirmar, poderia indicar

uma função para Flrt3 no desenvolvimento do membro diferente do

desempenhado por Flrt3 nos outros modelos, e seria interessante

perceber a sua diferente regulação e suas causas.

Uma outra explicação poderá estar relacionada com o gene

Un5B. Este gene está ainda pouco estudado, mas são já conhecidas

propriedades desta proteína codificada por este gene na orientação

de axónios, apoptose e angiogénese.. No entanto há ainda muito

Page 64: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 63

por explorar acerca da proteína Un5B. A caracterização dos seus

ligandos, moduladores e alvos está ainda muito incipiente. Estudos

recentes mostram que a proteína Un5B interage com alta afinidade

com Flrt3 através dos domínio LRR, provocando uma diminuição da

adesão celular (Karaulanov et al. 2009). Dados obtido para o

padrão de expressão de Un5B em Peixe-zebra mostram a sua

expressão na AER (Figura 4.1).

Figura 4.1: Expressão de Unc5b em embrião de Peixe-zebra com 48 hpf,

evidenciando a marcação na AER/AF (seta), entre outras estruturas. Retirado

de (Thisse 2008)

Caso a proteína Flrt3 esteja presente no mesênquima, é

provável que possa estar haver uma interacção entre Un5B da AER

e Flrt3 do mesênquima. No entanto ainda não se percebeu qual o

tipo de interacção que ocorre entre estas duas proteínas, se em cis

(ocorrendo na membrana plasmática da mesma célula) se em trans

(entre células vizinhas). Esta interacção poderia servir para uma

diminuição da adesão celular, permitindo a expansão e proliferação

celular das células do membro em desenvolvimento, ou outro

Page 65: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 64

processo desconhecido, uma vez que não se conhecem todos os

alvos de Un5B. Seria também interessante estudar o envolvimento

de Flrt3 nos processos de angiogénese e apoptose mediados por

Un5B.

Outro aspecto futuro a considerar seria analisar

funcionalmente as propriedades do domínio intracelular das

proteínas da família Flrt na tentativa de perceber as interacções

com eventuais moléculas efectoras do citoplasma e suas acções.

Page 66: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 65

Referências bibliográficas

Agarwal, P., J. N. Wylie, et al. (2003). "Tbx5 is essential for forelimb bud initiation following patterning of the limb field in the mouse embryo." Development 130(3): 623-633.

Ahn, D. G., M. J. Kourakis, et al. (2002). "T-box gene tbx5 is essential for formation of the pectoral limb bud." Nature 417(6890): 754-758.

Akagi, K., E. K. Park, et al. (2002). "Docking protein SNT1 is a critical mediator of fibroblast growth factor signaling during Xenopus embryonic development." Developmental Dynamics 223(2): 216-228.

Begemann, G. and P. W. Ingham (2000). "Developmental regulation of Tbx5 in zebrafish embryogenesis." Mechanisms of Development 90(2): 299-304.

Begemann, G., T. F. Schilling, et al. (2001). "The zebrafish neckless mutation reveals a requirement for raldh2 in mesodermal signals that pattern the hindbrain." Development 128(16): 3081-3094.

Berggren, K., P. McCaffery, et al. (1999). "Differential distribution of retinoic acid synthesis in the chicken embryo as determined by immunolocalization of the retinoic acid synthetic enzyme, RALDH-2." Developmental Biology 210(2): 288-304.

Bottcher, R. T. and C. Niehrs (2005). "Fibroblast growth factor signaling during early vertebrate development." Endocrine Reviews 26(1): 63-77.

Bottcher, R. T., N. Pollet, et al. (2004). "The transmembrane protein XFLRT3 forms a complex with FGF receptors and promotes FGF signalling." Nature Cell Biology 6(1): 38-U8.

Capdevila, J. and J. C. I. Belmonte (2001). "Patterning mechanisms controlling vertebrate limb development." Annual Review of Cell and Developmental Biology 17(1): 87-132.

Chomczynski, P. and N. Sacchi (1987). "Single-step method of RNA isolation by acid guanidinium thiocyanate phenol chloroform extraction." Analytical Biochemistry 162(1): 156-159.

Christen, B. and J. M. W. Slack (1997). "FGF-8 is associated with anteroposterior patterning and limb regeneration in Xenopus." Developmental Biology 192(2): 455-466.

Christen, B. and J. M. W. Slack (1999). "Spatial response to fibroblast growth factor signalling in Xenopus embryos." Development 126(1): 119-125.

Coates, M. I. (1994). "The origin of vertebrate limbs." Development: 169-180. Cohn, M. J., K. Patel, et al. (1997). "Hox9 genes and vertebrate limb specification."

Nature 387(6628): 97-101. Cohn, M. J. and C. Tickle (1999). "Developmental basis of limblessness and axial

patterning in snakes." Nature 399(6735): 474-479. Dahn, R. D., M. C. Davis, et al. (2007). "Sonic hedgehog function in chondrichthyan

fins and the evolution of appendage patterning." Nature 445(7125): 311-314. Davies, S. J. A., M. T. Fitch, et al. (1997). "Regeneration of adult axons in white

matter tracts of the central nervous system." Nature 390(6661): 680-683.

Page 67: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 66

Denise, A. B., C. O. K. Eugenia, et al. (2009). "Prdm1a is necessary for posterior pharyngeal arch development in zebrafish." Developmental Dynamics 238(10): 2575-2587.

Deschamps, J., E. Van den Akker, et al. (1999). "Initiation, establishment and maintenance of Hox gene expression patterns in the mouse." International Journal of Developmental Biology 43(7): 635-650.

Donninger, H., T. Bonome, et al. (2004). "Whole genome expression profiling of advance stage papillary serous ovarian cancer reveals activated pathways." Oncogene 23(49): 8065-8077.

Dudley, A. T., M. A. Ros, et al. (2002). "A re-examination of proximodistal patterning during vertebrate limb development." Nature 418(6897): 539-544.

Echelard, Y., D. J. Epstein, et al. (1993). "Sonic-hedgehog, a member of a family of putative signaling molecules, is implicated in the regulation of CNS polarity." Cell 75(7): 1417-1430.

Egea, J., C. Erlacher, et al. (2008). "Genetic ablation of FLRT3 reveals a novel morphogenetic function for the anterior visceral endoderm in suppressing mesoderm differentiation." Genes & Development 22(23): 3349-3362.

Eppig, J. J. (1970). "Melanogenesis in amphibians .1. A study of fine structure of normal and phenylthiourea-treated pigmented epithelium in rana-pipiens tadpole eyes." Zeitschrift Fur Zellforschung Und Mikroskopische Anatomie 103(2): 238-&.

Fernandez-Teran, M. and M. A. Ros (2008). "The Apical Ectodermal Ridge: morphological aspects and signaling pathways." International Journal of Developmental Biology 52(7): 857-871.

Fischer, S., B. W. Draper, et al. (2003). "The zebrafish fgf24 mutant identifies an additional level of Fgf signaling involved in vertebrate forelimb initiation." Development 130(15): 3515-3524.

Freeman, M. (2000). "Feedback control of intercellular signalling in development." Nature 408(6810): 313-319.

Freitas, R., G. J. Zhang, et al. (2006). "Evidence that mechanisms of fin development evolved in the midline of early vertebrates." Nature 442(7106): 1033-1037.

Furthauer, M., W. Lin, et al. (2002). "Sef is a feed back-induced antagonist of Ras/MAPK-mediated FGF signalling." Nature Cell Biology 4(2): 170-174.

Furthauer, M., F. Reifers, et al. (2001). "sprouty4 acts in vivo as a feedback-induced antagonist of FGF signaling in zebrafish." Development 128(12): 2175-2186.

Galceran, J., I. Farinas, et al. (1999). "Wnt3a(-/-)-like phenotype and limb deficiency in Lef1(-/-)Tcf1(-/-) mice." Genes & Development 13(6): 709-717.

Garcia-Garcia, M. J. and K. V. Anderson (2003). "Essential role of glycosaminoglycans in Fgf signaling during mouse gastrulation." Cell 114(6): 727-737.

Garrity, D. M., S. Childs, et al. (2002). "The heartstrings mutation in zebrafish causes heart/fin Tbx5 deficiency syndrome." Development 129(19): 4635-4645.

Gibert, Y., A. Gajewski, et al. (2006). "Induction and prepatterning of the zebrafish pectoral fin bud requires axial retinoic acid signaling." Development 133(14): 2649-2659.

GibsonBrown, J. J., S. I. Agulnik, et al. (1996). "Evidence of a role for T-box genes in the evolution of limb morphogenesis and the specification of forelimb/hindlimb identity." Mechanisms of Development 56(1-2): 93-101.

Grandel, H., K. Lun, et al. (2002). "Retinoic acid signalling in the zebrafish embryo is necessary during pre-segmentation stages to pattern the anterior-posterior

Page 68: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 67

axis of the CNS and to induce a pectoral fin bud." Development 129(12): 2851-2865.

Grandel, H. and S. Schulte-Merker (1998). "The development of the paired fins in the Zebrafish (Danio rerio)." Mechanisms of Development 79(1-2): 99-120.

Grothe, C., C. Meisinger, et al. (2001). "In vivo expression and localization of the fibroblast growth factor system in the intact and lesioned rat peripheral nerve and spinal ganglia." Journal of Comparative Neurology 434(3): 342-357.

Hadari, Y. R., N. Gotoh, et al. (2001). "Critical role for the docking-protein FRS2 alpha in FGF receptor-mediated signal transduction pathways." Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 98(15): 8578-8583.

Haines, B. P., R. Gupta, et al. (2005). "The NLRB gene family and mouse development: Modified differential display PCR identifies NLRB-1 as a gene expressed in early somitic myoblasts." Developmental Biology 281(2): 145-159.

Haines, B. P., L. M. Wheldon, et al. (2006). "Regulated expression of FLRT genes implies a functional role in the regulation of FGF signalling during mouse development." Developmental Biology 297(1): 14-25.

Hatta, K., R. Bremiller, et al. (1991). "Diversity of expression of Engrailed-like antigens in Zebrafish." Development 112(3): 821-832.

Isaac, A., C. Rodriguez-Esteban, et al. (1998). "Tbx genes and limb identity in chick embryo development." Development 125(10): 1867-1875.

Karaulanov, E., R. T. Böttcher, et al. (2009). "Unc5B Interacts with FLRT3 and Rnd1 to Modulate Cell Adhesion in <italic>Xenopus</italic> Embryos." PLoS ONE 4(5): e5742.

Karaulanov, E. E., R. T. Bottcher, et al. (2006). "A role for fibronectin-leucine-rich transmembrane cell-surface proteins in homotypic cell adhesion." Embo Reports 7(3): 283-290.

Karlsson, J., J. von Hofsten, et al. (2001). "Generating transparent zebrafish: A refined method to improve detection of gene expression during embryonic development." Marine Biotechnology 3(6): 522-527.

Kawakami, Y., J. Capdevila, et al. (2001). "WNT signals control FGF-dependent limb initiation and AER induction in the chick embryo." Cell 104(6): 891-900.

Kawakami, Y., J. Rodriguez-Leon, et al. (2003). "MKP3 mediates the cellular response to FGF8 signalling in the vertebrate limb." Nature Cell Biology 5(6): 513-519.

Kikuchi, A. (2000). "Regulation of beta-catenin signaling in the Wnt pathway." Biochemical and Biophysical Research Communications 268(2): 243-248.

Kobe, B. and J. Deisenhofer (1995). "A structural basis of the interactions between leucine-rich repeats and protein ligands." Nature 374(6518): 183-186.

Kobe, B. and A. V. Kajava (2001). "The leucine-rich repeat as a protein recognition motif." Current Opinion in Structural Biology 11(6): 725-732.

Krauss, S., J. P. Concordet, et al. (1993). "A functionally conserved homology of the Drosophila segment polarity gene-hh is expressed in tissues with polarizing activity in zebrafish embryos." Cell 75(7): 1431-1444.

Krumlauf, R. (1994). "Hox genes in vertebrate development." Cell 78(2): 191-201. Kubo, T., T. Yamashita, et al. (2002). "Analysis of genes induced in peripheral nerve

after axotomy using cDNA microarrays." Journal of Neurochemistry 82(5): 1129-1136.

Page 69: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 68

Kusakabe, M., N. Masuyama, et al. (2001). "Xenopus FRS2 is involved in early embryogenesis in cooperation with the Src family kinase Laloo." Embo Reports 2(8): 727-735.

Lacy, S. E., C. G. Bonnemann, et al. (1999). "Identification of FLRT1, FLRT2, and FLRT3: A novel family of transmembrane leucine-rich repeat proteins." Genomics 62(3): 417-426.

Lee, J. T. and J. A. McCubrey (2002). "The Raf/MEK/ERK signal transduction cascade as a target for chemotherapeutic intervention in leukemia." Leukemia 16(4): 486-507.

Lin, W., M. Furthauer, et al. (2002). "Cloning of the mouse Sef gene and comparative analysis of its expression with Fgf8 and Spry2 during embryogenesis." Mechanisms of Development 113(2): 163-168.

Logan, M., H. G. Simon, et al. (1998). "Differential regulation of T-box and homeobox transcription factors suggests roles in controlling chick limb-type identity." Development 125(15): 2825-2835.

Loomis, C. A., E. Harris, et al. (1996). "The mouse Engrailed-1 gene and ventral limb patterning." Nature 382(6589): 360-363.

Mariani, F. V., C. P. Ahn, et al. (2008). "Genetic evidence that FGFs have an instructive role in limb proximal-distal patterning." Nature 453(7193): 401-U56.

Marshall, H., A. Morrison, et al. (1996). "Retinoids and Hox genes." Faseb Journal 10(9): 969-978.

McKeehan, W. L., F. Wang, et al. (1998). "The heparan sulfate fibroblast growth factor family: Diversity of structure and function." Progress in Nucleic Acid Research and Molecular Biology, Vol 59 59: 135-176.

Mercader, N. (2007). "Early steps of paired fin development in zebrafish compared with tetrapod limb development." Development Growth & Differentiation 49(6): 421-437.

Mercader, N., S. Fischer, et al. (2006). "Prdm1 acts downstream of a sequential RA, Wnt and Fgf signaling cascade during zebrafish forelimb induction." Development 133(15): 2805-2815.

Nelson, C. E., B. A. Morgan, et al. (1996). "Analysis of Hox gene expression in the chick limb bud." Development 122(5): 1449-1466.

Ng, J. K., Y. Kawakami, et al. (2002). "The limb identity gene Tbx5 promotes limb initiation by interacting with Wnt2b and Fgf10." Development 129(22): 5161-5170.

Niederreither, K., P. McCaffery, et al. (1997). "Restricted expression and retinoic acid-induced downregulation of the retinaldehyde dehydrogenase type 2 (RALDH-2) gene during mouse development." Mechanisms of Development 62(1): 67-78.

Niehrs, C. and N. Pollet (1999). "Synexpression groups in eukaryotes." Nature 402(6761): 483-487.

Nobes, C. D., I. Lauritzen, et al. (1998). "A new member of the Rho family, Rnd1, promotes disassembly of actin filament structures and loss of cell adhesion." Journal of Cell Biology 141(1): 187-197.

Nomura, R., E. Kamei, et al. (2006). "Fgf16 is essential for pectoral fin bud formation in zebrafish." Biochemical and Biophysical Research Communications 347(1): 340-346.

Norton, W. H. J., J. Ledin, et al. (2005). "HSPG synthesis by zebrafish Ext2 and Extl3 is required for Fgf10 signalling during limb development." Development 132(22): 4963-4973.

Page 70: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 69

Ogata, S., J. Morokuma, et al. (2007). "TGF-beta signaling-mediated morphogenesis: modulation of cell adhesion via cadherin endocytosis." Genes & Development 21(14): 1817-1831.

Ohuchi, H., T. Nakagawa, et al. (1997). "The mesenchymal factor, FGF10, initiates and maintains the outgrowth of the chick limb bud through interaction with FGF8, an apical ectodermal factor." Development 124(11): 2235-2244.

Oliver, G., E. M. Derobertis, et al. (1990). "Expression of a homeobox gene in the chick wing bud following application of retinoic acid and grafts of polarizing region tissue." Embo Journal 9(10): 3093-3099.

Ornitz, D. M. (2000). "FGFs, heparan sulfate and FGFRs: complex interactions essential for development." Bioessays 22(2): 108-112.

Parr, B. A. and A. P. McMahon (1995). "Dorsalizing signal Wnt-7a required for normal polarity of D-V and A-A axes of mouse limb." Nature 374(6520): 350-353.

Picker, A., F. Cavodeassi, et al. (2009). "Dynamic Coupling of Pattern Formation and Morphogenesis in the Developing Vertebrate Retina." PLoS Biol 7(10): e1000214.

Rallis, C., B. G. Bruneau, et al. (2003). "Tbx5 is required for forelimb bud formation and continued outgrowth." Development 130(12): 2741-2751.

Rancourt, D. E., T. Tsuzuki, et al. (1995). "Genetic interaction between hoxb-5 and hoxb-6 is revealed by nonallelic noncomplementation." Genes & Development 9(1): 108-122.

Reifers, F., H. Bohli, et al. (1998). "Fgf8 is mutated in zebrafish acerebellar (ace) mutants and is required for maintenance of midbrain-hindbrain boundary development and somitogenesis." Development 125(13): 2381-2395.

Riddle, R. D., R. L. Johnson, et al. (1993). "Sonic-hedgehog mediates the polarizing activity of the ZPA." Cell 75(7): 1401-1416.

Robinson, M., M. C. P. Perez, et al. (2004). "FLRT3 is expressed in sensory neurons after peripheral nerve injury and regulates neurite outgrowth." Molecular and Cellular Neuroscience 27(2): 202-214.

Roelink, H., A. Augsburger, et al. (1994). "Floor plate and motor-neuron induction by vhh-1, a vertebrate homolog of hedgehog expressed by the notochord." Cell 76(4): 761-775.

Sakou, T. (1998). "Bone morphogenetic proteins: From basic studies to clinical approaches." Bone 22(6): 591-603.

Santin, A. D., F. Zhan, et al. (2005). "Gene expression fingerprint of uterine serous papillary carcinoma: identification of novel molecular markers for uterine serous cancer diagnosis and therapy." British Journal of Cancer 92(8): 1561-1573.

Santin, A. D., F. H. Zhan, et al. (2004). "Gene expression profiles in primary ovarian serous papillary tumors and normal ovarian epithelium: Identification of candidate molecular markers for ovarian cancer diagnosis and therapy." International Journal of Cancer 112(1): 14-25.

Saunders, J. W. (1948). "The proximo-distal sequence of origin of the parts of the chick wing and the role of the ectoderm." Journal of Experimental Zoology 108(3): 363-403.

Scholpp, S., C. Lohs, et al. (2003). "Engrailed and Fgf8 act synergistically to maintain the boundary between diencephalon and mesencephalon." Development 130(20): 4881-4893.

Sharrocks, A. D. (2001). "The ETS-domain transcription factor family." Nature Reviews Molecular Cell Biology 2(11): 827-837.

Page 71: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 70

Simon, H. G., R. Kittappa, et al. (1997). "A novel family of T-box genes in urodele amphibian limb development and regeneration: Candidate genes involved in vertebrate forelimb/hindlimb patterning." Development 124(7): 1355-1366.

Smith, M., A. Hickman, et al. (1994). "Trunk neural crest origin of caudal fin mesenchyme in the Zebrafish Brachydanio-rerio." Proceedings of the Royal Society of London Series B-Biological Sciences 256(1346): 137-145.

Smith, T. G. and C. Tickle (2006). "The expression of Flrt3 during chick limb development." International Journal of Developmental Biology 50(8): 701-704.

Summerbe.D, J. H. Lewis, et al. (1973). "Positional information in chick limb morphogenesis." Nature 244(5417): 492-496.

Summerbell, D. (1974). "Quantitative-analysis of effect of excision of AER from chick limb-bud." Journal of Embryology and Experimental Morphology 32(DEC): 651-660.

Takeuchi, J. K., K. Koshiba-Takeuchi, et al. (1999). "Tbx5 and Tbx4 genes determine the wing/leg identity of limb buds." Nature 398(6730): 810-814.

Takeuchi, J. K., K. Koshiba-Takeuchi, et al. (2003). "Tbx5 and Tbx4 trigger limb initiation through activation of the Wnt/Fgf signaling cascade." Development 130(12): 2729-2739.

Tamura, K., S. Yonei-Tamura, et al. (1999). "Differential expression of Tbx4 and Tbx5 in Zebrafish fin buds." Mechanisms of Development 87(1-2): 181-184.

Tanabe, K., I. Bonilla, et al. (2003). "Fibroblast growth factor-inducible-14 is induced in axotomized neurons and promotes neurite outgrowth." Journal of Neuroscience 23(29): 9675-9686.

Thisse, B. and C. Thisse (2005). "Functions and regulations of fibroblast growth factor signaling during embryonic development." Developmental Biology 287(2): 390-402.

Thisse, B., Wright, G.J., Thisse, C. (2008). "Embryonic and Larval Expression Patterns from a Large Scale Screening for Novel Low Affinity Extracellular Protein Interactions." ZFIN Direct Data Submission (http://zfin.org).

Thisse, C., and Thisse, B. (2005). "High Throughput Expression Analysis of ZF-Models Consortium Clones." ZFIN Direct Data Submission (http://zfin.org).

Tickle, C. (2002). "Molecular basis of vertebrate limb patterning." American Journal of Medical Genetics 112(3): 250-255.

Todt, W. L. and J. F. Fallon (1984). "Development of the Apical Ectodermal Ridge in the chick wing bud." Journal of Embryology and Experimental Morphology 80(APR): 21-41.

Tomás, A. R. (2005). Role of Flrt3 in the control of Apical Ectodermal Ridge activity and limb outgrowth during vertebrate development. Coimbra, Portugal, FCTUC. Master Thesis.

Tsang, M., R. Friesel, et al. (2002). "Identification of Sef, a novel modulator of FGF signalling." N0ature Cell Biology 4(2): 165-169.

Tsuji, L., T. Yamashita, et al. (2004). "FLRT3, a cell surface molecule containing LRR repeats and a FNIII domain, promotes neurite outgrowth." Biochemical and Biophysical Research Communications 313(4): 1086-1091.

Whittake.Jr (1966). "An analysis of melanogenesis in differentiating pigment cells of ascidian embryos." Developmental Biology 14(1): 1-&.

Wunnenberg-Stapleton, K., I. L. Blitz, et al. (1999). "Involvement of the small GTPases XRhoA and XRnd1 in cell adhesion and head formation in early Xenopus development." Development 126(23): 5339-5351.

Page 72: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 71

Zhang, S. B., Y. F. Lin, et al. (2001). "Expression of Sprouty genes 1, 2 and 4 during mouse organogenesis." Mechanisms of Development 109(2): 367-370.

Zhang, Z., S. Schwartz, et al. (2000). "A greedy algorithm for aligning DNA sequences." Journal of Computational Biology 7(1-2): 203-214.

Page 73: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 72

Anexo I – Sequências de DNA clonadas em Danio rerio

Sequência nucleotídica de FLRT2b AW826912 (589pb) 5’ CACGAGGTTGCGGCTAGATGAGAATCGCATTGCACTTATAACCGAGGACGCTTTCGAGAACGTGACAGGTCTTGAACTTCTTCTCCTGGACGGGAACCTGCTCACGGATGAGGGCATCACCCCCGGGTCTCTCCAGACGCTCGCTAATCTCAAAACCTTGTCAATGGCGCGGAACTCCCTCACGGTTCCTCCTCCTAACCTGCCCACAGAGTTTCTAATCAAGCTGAACTTGCAGGATAATCAGATGAATGAGATTCCTTTGACGGCCTTTCGAGGCCTCCATCGCTTGAAGAGACTGGATATTTCAAACAACCAGCTGCAGTCTCTCACACANGGGGTCTTTGACAGCCTTCACAGTCTGAGACAGCTCACTGTTCNAAACAACCTTTGGCTCTGTGACTGCGACATTAAATGGGTCATACTGTGGTTAAAGTCCCTGCCANCTACCCTCAACATCCATAGCTTCATGTACCATATACCAGAAAAGGTACCTAGCATAGTAATCAGAAAACTAACCCTAAGAACTCATCCANTAGTCCTAACAGCACCANCACANTCCCACANCCCACACTACTTTCTTTCTGCACCA 3’

Sequência nucleotídica de Flrt2c NCBI: AI588736 (502bp) 5’ GAGCCTGACGTCTGTGCCTCTGGGGGTGCAAGAGGGATACAAGACCCTCTTCCTCCACAACAATCAGATCAACAATGCCGGCTTTCCATTGGAGCTACACAATGTTGCCTCTGTAGAAACGGTTTACCTGTACGGGAATCAGCTGGATGAATTTCCCCTTAACCTTCCGAAGAATGTCCGAGTGTTGCATCTCCAGGAAAACAACATCCAGACCATTTCCAGGGCAGCACTTGCCCAGCTACACATGCTGGAGGAACTCCACCTGGATGACAACTCCATCTCAACTGTAGGGGTAGAGGAGGGGGGCTTTTAGGGAGGCTCTCAGTCTCAAACTTCTTTTCCTCACCAAAAACCATCTAAGCAGTATCCCTATCGGATTACCTGCAGACCTAAAGGAGCTGCGTTTGGATGAGAATCGAATTGCAGACATTGACGAGGATGCCTTTCAGAATGTCACCACCCTGCAGCGACTGTTACTGGATGGAAACTTGCTTGAGGATGA 3’

Sequência nucleotídica de Flrt3 CT636783 (708bp) 5’ CGGTACTATTTCTCCAAAACAACCGCATCAAAAGTGCAGGGATTCCTACAGATCTACGAAGGCTAAATGGCGTTGAAAAGATTTACCTATACTGCAACAACCTGGATGAGTTCCCCACCAATTTGCCGCTTAATGTCAAGGAACTTCATTTACAGGAGAACAATATCCGGACTATCACACACGCCTCACTTGCACAGATTCCCTTCATTGAGGAATTACACCTTGATGACAATTCTGTTTCAGCTGTCAGCATCGAAGAGGGTGCATTCCGGGACAGCAACCATTTGAGGCTGCTTTTTCTGTCCCGCAACCACCTAAGCACCATACCTTCCGGTTTGCCAATGACTATAGAGGAGCTTCGATTTGATGACAACCGCATCTCATCCATCTCAGAGGCATCTCTGCAGGACCTTATAAACCTGAAGCGACTGGTTCTGGATGGCAACCTCCTGAACAACAGGGGCATCGGGGAGATGGCCTTGGTGAATTTAGTAAATCTGACCGAGCTCTCATTGGTACGAAACTCCCTGACGTCCCCACCAGCCAACTTGCCTGGCTCAAGCCTAGAGAAGCTAAATCTTCAAGACAACCACATCAATCACGTACCACCAGGTGCCTTTGCTCTTCTGCGACAGCTGTACCGCTTGGATTTGTCAGGCAACAACTTGAGCAGTCTGCCCATGGGGGTATTTGAGGACCTGGATAACC 3’

Page 74: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 73

Anexo II - Protocolo da hibridação in situ.

Dia 1 1- Lavar com 50% MeOH/PBT, em agitação durante 5 minutos

2- Lavar com 25% MeOH/PBT, em agitação durante 5 minutos

3- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

4- Descorionar em assépsia

5- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

6- Fixar com 4% PFA em PBT no gelo durante 20 minutos

7- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

8- Tratamento com PK a 10µg/mL durante 10 minutos sem agitação.

9- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

10- Fixar com 4% PFA em PBT no gelo durante 20 minutos

11- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

12- Uma passagem rápida por água Milli-Q

13- Lavar durante 10 minutos sem agitação em solução com anidrido acético e

trietanolamina na proporção de 2,5µL de anidrido acético para cada 1,0 mL de

trietanolamina 0,1M .

14- Uma passagem rápida por água Milli-Q

15- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

16- Préhibridar a 70ºC durante 60 minutos

17- Hibridação durante a noite.

Dia 2 1- Retirar a sonda e reaproveitá-la para futuras hibridações.

2- Lavar em solução de 5xSSCT com 50% formamida durante 30 minutos a

70ºC.

3- Lavar em solução de 2xSSCT com 50% formamida durante 30 minutos a

70ºC.

4- Lavar em solução de 2xSSCT com 25% formamida durante 30 minutos a

70ºC.

5- Lavar em solução de 2xSSCT durante 30 minutos a 70ºC.

6- Lavar em solução de 0,2xSSCT durante 30 minutos a 70ºC.

7- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)

Page 75: Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1412/1/20456_ulfc080621_tm.pdf · diferenciação celular e a morfogénese. ... resultando

Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra

Frederico Alves de Matos, 2009 74

8- Lavar em solução bloqueio (5% de soro inactivado de ovelha em PBT) durante

3 horas

9- Incubar com α-Dig a 4ºC durante a noite.

Dia 3 1- Lavar com PBT, em agitação durante 1 minuto (duas vezes)

2- Lavar com PBT, em agitação durante 15 minutos (seis vezes)

3- Lavar em NTMT com levamisol durante 5 minutos (duas vezes)

4- Revelar com BM purple em câmara escura

5- Lavar com PBT, em agitação durante 15 minutos (seis vezes)

6- Fixar com 4% PFA em PBT

7- Armazenar em Azida sódica a 1% em PBT a 4ºC.