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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no
desenvolvimento da barbatana peitoral
em Peixe-zebra
Frederico Manuel Santos Alves de Matos
MESTRADO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA E DO DESENVOLVIMENTO
2009
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 1
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no
desenvolvimento da barbatana peitoral
em Peixe-zebra
Frederico Manuel Santos Alves de Matos
MESTRADO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA E DO DESENVOLVIMENTO
2009
Dissertação orientada por Doutor Joaquín León
Orientador interno: Prof. Doutora Solveig Thorsteinsdóttir
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A todos aqueles que contribuíram e permitiram que este trabalho fosse feito;
À minha família.
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Resumo
A AER é uma estrutura ectodérmica que tem um papel
essencial no desenvolvimento dos membros, sendo conservada
desde peixes a tetrápodes. A sua acção depende da via de
sinalização por Fgf. Os estudos realizados neste trabalho visam
perceber a influência, a nível do desenvolvimento do membro em
vertebrados, de elementos de uma família de proteínas
denominada Flrt. Esta família é composta por 3 elementos, Flrt1,
Flrt2 e Flrt3 e está ainda pouco estudada. São proteínas
transmembranares caracterizadas por motivos de repetições ricas
em leucinas na sua parte extracelular. Existe ainda um domínio
intracelular, pouco estudado, mas que se sabe ser essencial ao
papel desta família como regulador da actividade da sinalização por
Fgf. Flrt3 é o membro mais bem caracterizado.
Em Xenopus laevis foi verificado que Flrt3 é regulado
positivamente por Fgf, e sendo ele próprio um regulador positivo
desta via. Em galinha Flrt3 é essencial à correcta expansão do eixo
proximal-distal do membro em desenvolvimento, sendo regulado
por Wnt. Este gene é expresso na AER em galinha e ratinho. Em
Peixe-zebra a sua função ainda não é completamente percebida.
Este trabalho de investigação consiste na clonagem de dois
membros da família Flrt (Flrt2 e flrt3) e análise da expressão destes
genes em embriões de Peixe-zebra nos estádios 32 e 48 horas pós
fertilização. Os resultados não mostraram marcação para o gene
Flrt2 e para Flrt3 sugerem uma marcação no mesênquima, ao
contrário do que ocorre com outros modelos. No entanto estes
resultados devem ser considerados preliminares, sendo necessária
a avaliação de hibridações in situ e análises de imunohistoquímica
em cortes histológicos.
Palavras chave: AER, Peixe-zebra, Flrt3, mesênquima, desenvolvimento
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Abstract
AER is an ectodermal structure, preserved in animals from fish to tetrapods, that plays an essential role in limb development and whose function depends on Fgf signalling. The studies conducted within this research project aim for the understanding of the influence exerted by elements from the Flrt protein family on the limb development in vertebrates. This family consists of 3 elements - Flrt1, Flrt2 and Flrt3 - and still needs further study. These are transmembrane proteins identifiable by their extracellular leucine-rich repeat motifs. There is also an intracellular domain, yet to be further studied, that is known to be of vital importance to the part played by this family as a regulator of Fgf signalling activity. Flrt3 is the best characterised member of this family.
In Xenopus laevis, Flrt3 was proved to be positively regulated by Fgf, and acts itself a positive regulator of this signaling pathway. In chicken embryos Flrt3 is vital to the correct expansion of the proximal-distal axis from the developing limb, being regulated by Wnt. This gene shows expression in AER from chicken and mouse. In zebrafish its function is not yet fully understood. This project consists in cloning two members of the Flrt family (Flrt2 and flrt3) and analysing the expression pattern of those genes in zebrafish embryos at early stages -32 and 48 hours after fertilization. The results have not shown any signal for the Flrt2 gene and suggest a signal in the mesenchyme for Flrt3, as opposed to what occurs with the other models. Nevertheless, these results should be considered preliminary and need immunohistochemistry analysis and in situ hybridisation evaluation of histological sections.
Keywords: (AER, zebra-fish, Flrt3, mesenchyne, development)
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Índice
1 - Introdução ________________________________________________________________________ 7 1.1 - Vias de sinalização __________________________________________________________________ 9 1.1.1 -‐ Sinalização da via Fgf ____________________________________________________________ 9 1.1.1.1 Transdução do sinal __________________________________________________________________10 1.1.1.1a -‐ Via do Mek/Erk _________________________________________________________________10
1.1.1.2 -‐ Actividade biológica da via Fgf._____________________________________________________12 1.1.1.3 -‐ Regulação da via _____________________________________________________________________12 1.1.1.3a -‐ Regulação extracelular _________________________________________________________13 1.1.1.3b -‐ Regulação intracelular _________________________________________________________13 1.1.1.3c -‐ Reguladores transmembranares_______________________________________________13
1.1.2 -‐ Via dos Wnt ______________________________________________________________________14 1.1.3 -‐ Via dos BMP_____________________________________________________________________15 1.1.4 -‐ Sinalização via Hedgehog (HH) ________________________________________________16
1.2 - Desenvolvimento dos membros em Vertebrados_____________________________16 1.2.1 -‐ Introdução _______________________________________________________________________16 1.2.2 -‐ Origem evolutiva ________________________________________________________________18 1.2.3 -‐ Posicionamento do membro ___________________________________________________18 1.2.3.1 -‐ Regulação dos genes Hox ___________________________________________________________19
1.2.4 -‐ Ácido Retinóico__________________________________________________________________19 1.2.5 -‐ Indução do membro ____________________________________________________________20 1.2.6 -‐ Desenvolvimento e padronização______________________________________________20 1.2.6.1 -‐ Padronização do membro __________________________________________________________22 1.2.6.2 -‐ Crescimento do membro____________________________________________________________25
1.3 - Desenvolvimento da barbatana peitoral em Danio rerio (Peixe-zebra) __26 1.3.1 -‐ Indução da barbatana peitoral _________________________________________________28 1.3.1.1 -‐ Ácido retinócio_______________________________________________________________________28 1.3.1.2 -‐ Wnt2ba _______________________________________________________________________________28 1.3.1.3 -‐ Fibin __________________________________________________________________________________28 1.3.1.4 -‐ Sinalização por Fgf __________________________________________________________________29 1.3.1.5 -‐ Tbx5 __________________________________________________________________________________29
1.3.2 -‐ Desenvolvimento da barbatana peitoral ______________________________________30 1.3.2.1 -‐ Formação da AER/AF _______________________________________________________________30 1.3.2.1 -‐ Expressão de genes na AER_________________________________________________________31 1.3.2.1 -‐ Padronização das barbatanas pares _______________________________________________31 1.3.2.1a -‐ Eixo dorso-‐ventral ______________________________________________________________31 1.3.2.1b -‐ Eixo antero-‐posterior __________________________________________________________32 1.3.2.1c -‐ Eixo próximo-‐distal _____________________________________________________________32
1.4 - A Família Flrt________________________________________________________________________33 1.4.1 -‐ Flrt3 ____________________________________________________________________________________35 1.4.1.1 -‐ Flrt3 no desenvolvimento em Danio rerio _________________________________________39
1.4.2 -‐ Flrt2 ______________________________________________________________________________40 2 - Métodos e materiais ____________________________________________________________42 2.1 - Manutenção e manipulação de Peixe-zebra. ___________________________________42 2.1.1 -‐ Obtenção dos embriões_________________________________________________________42 2.1.2 -‐ Manipulação dos embriões _____________________________________________________42
2.2 - Obtenção das sequências _________________________________________________________43 2.3 - Desenho das sequências iniciadoras ____________________________________________43 2.4 - Extracção e isolamento de RNA __________________________________________________44 2.5 - Retrotranscrição ___________________________________________________________________44 2.6 - Electroforese em gel de agarose _________________________________________________44 2.7 - Amplificação das sequências dos fragmentos de genes por PCR.___________44 2.8 - Clonagem dos fragmentos de genes. ____________________________________________45 2.8.1 Reacção de ligação________________________________________________________________45
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2.8.2 Transformação bacteriana _______________________________________________________46 2.9 Purificação do DNA plasmídico ____________________________________________________46 2.10 Digestão do plasmídio _____________________________________________________________47 2.11 Sequenciação _______________________________________________________________________47 2.12 Purificação de plasmídio em elevada concentração – midipreps __________48 2.13 Produção da sonda para a hibridação in situ __________________________________48 2.13.1 Linearização do plasmídio______________________________________________________49 2.13.2 Transcrição in vitro _____________________________________________________________49
2.14 Hibridação in situ __________________________________________________________________50 2.15 Análises bioinformáticas complementares ____________________________________51
3-Resultados_________________________________________________________________________52 3.1 - Os genes Flrt2 e Flrt3 em Peixe-zebra __________________________________________52 3.1.1 -‐ Análise bioinformática do gene Flrt2__________________________________________52 3.1.2 Análise bioinformática do gene Flrt3 ___________________________________________54
3.2 Padrão de expressão de Flrt2______________________________________________________56 3.3 Padrão de expressão de Flrt3______________________________________________________57
4- Discussão _________________________________________________________________________60 4.1 Flrt1____________________________________________________________________________________60 4.2 Padrão de expressão de Flrt2______________________________________________________60 4.3 Flrt3____________________________________________________________________________________61
Referências bibliográficas_________________________________________________________65 Anexo I – Sequências de DNA clonadas em Danio rerio _______________________72 Sequência nucleotídica de FLRT2b AW826912 (589pb) __________________________72 Sequência nucleotídica de Flrt2c NCBI: AI588736 (502bp) _______________________72 Sequência nucleotídica de Flrt3 CT636783 (708bp) _______________________________72
Anexo II - Protocolo da hibridação in situ. ______________________________________73
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1 - Introdução
O desenvolvimento embrionário pode ser definido como um
processo estereotipado, organizado e complexo, que adiciona a
uma escala ainda muito pouco compreendida, uma complexidade
ordenada e funcional a uma estrutura inicial relativamente simples.
A esta estrutura, composta por uma única célula, dá-se o nome de
zigoto. Esta complexidade concretiza-se em diversos aspectos como
o aumento do número total de células (proliferação celular), o
aumento do número total de tipos de células (diferenciação celular)
e também presente no número de diferentes estruturas ou órgãos
(morfogénese), e suas diversas funções, que formam o embrião.
De uma forma sucinta podemos referir que a complexidade criada
pelo desenvolvimento abrange a proliferação celular, a
diferenciação celular e a morfogénese.
À medida que decorre o desenvolvimento é essencial que
haja um rigoroso controlo, tanto espacial como temporal, da
expressão génica e de comportamento celular. É este controlo que
vai esculpir a forma, e também a função, do desenvolvimento do
ser, atribuindo-lhe as suas idiossincrasias enquanto elemento
único, original, mas também enquanto pertencente a um grupo ou
espécie. São estas particularidades dadas pelo desenvolvimento e o
seu controlo, sujeitos a várias gerações de evolução e selecção, que
determinarão a funcionalidade e o estilo de vida do ser.
É comum ao desenvolvimento de muitas estruturas e órgãos
a existência de um estado inicial de primórdio que é induzido numa
localização específica no embrião em resposta a uma combinação
única de determinantes posicionais. O estabelecimento de
interacções célula-a-célula entre o folheto mesodérmico e os
folhetos ectodérmico e endodérmico nos primórdios é aliás muito
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frequente, resultando no crescimento padronizado de estruturas.
Ao longo do estudo da Biologia do Desenvolvimento, tem-se
verificado que estas interacções são muito conservadas; elas estão
presentes nos primórdios de muitas estruturas e órgãos bastante
diferentes entre si como sejam os membros, dentes, pâncreas, rins,
pulmões, entre outros.
Algumas destas interacções são por exemplo mediadas pelas
proteínas ou moléculas sinalizadoras como Hedgehog, Wnt, factores
transformantes do crescimento ou TGF-β (do inglês Transforming
Growth Factor-β) e a família dos factores de crescimento dos
fibroblastos ou Fgf (do inglês, Fibroblast Growth Factor), que, em
conjunto com os seus transdutores, moduladores e efectores
alteram o comportamento celular. A estes conjuntos de proteínas,
ligando(s), transdutor(es), efector(es), dá-se o nome de via. Estas
vias constituem o que parece ser um conjunto de ferramentas
moleculares que recursivamente o ser biológico reutiliza para o
desenvolvimentos das diversas estruturas presentes no adulto,
lembrando uma ode à lei do menor esforço. O resultado final, a
forma e identidade característica de cada órgão, dependerá pois do
alvo destas ferramentas, que variará consoante se trate de um ou
outro órgão. Desta forma, embora a mesma ferramenta esteja
activa no desenvolvimento do membro e também no
desenvolvimento do rim, o resultado final é radicalmente diferente.
O membro do vertebrado tem-se revelado um excelente
modelo para o estudo desta questão, tanto a nível celular como dos
mecanismos moleculares que regulam a padronização que ocorre
durante a ontogénese. Sendo ainda uma estrutura não vital do
embrião, é possível operar nele uma série de manipulações sem
comprometer a viabilidade do embrião, facilitando os estudo do
processo de desenvolvimento.
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1.1 - Vias de sinalização
1.1.1 - Sinalização da via Fgf Um dos processos chave no desenvolvimento dos membros
em Vertebrados é a sinalização da via Fgf. Pertencendo ao conjunto
de ferramentas recursivamente utilizadas pelos seres vivos, esta
via desempenha papeis essenciais em muitos e diversos processos
nos seres vivos (Tickle 2002). Esta família está envolvida em
diversos comportamentos celulares, como a quimiotaxia, migração
celular, diferenciação, sobrevivência celular e apoptose. Associado
à expressão de Fgf estão os seus reguladores formando um grupo
genético conservado entre diversos grupos.
Figura 1.1: Esquema da estrutura proteica do Fgfr. A ligação do fgf
dá-se no domínio intermédio de Ig (Dmínio Ig (II)). Adaptado de
Bottcher and Niehrs 2005.
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A família de proteínas Fgf é composta, em humano, por 22
membros que interagem com os receptores de Fgf (Fgfr, do inglês
Fgf Receptor), que transduzem a resposta intracelular a estas
moléculas. Os Vertebrados codificam 4 tipos diferentes, embora
muito semelhantes, de Fgfr (Fgfr1-4). São moléculas
transmembranares, com uma região extracelular com domínios do
tipo imunoglobulina (Ig) essenciais à ligação dos Fgf e que regulam
a afinidade e a especificidade para o ligando (Figura 1.1). O
domínio intracelular contém os domínios de tirosina cinase
essenciais à passagem do sinal. As moléculas de Fgf, os ligandos
dos Fgfr, são partículas difusíveis (Christen and Slack 1999) e a sua
acção é dependente da concentração, induzindo diferentes genes
consoante a quantidade de moléculas de Fgf.
1.1.1.1 Transdução do sinal
A transdução do sinal é feita pela activação do Fgfr, após
ligação do ligando a este, por diversas vias citoplasmáticas. Após a
activação do receptor ocorre a dimerização do Fgfr, tornando os
domínios de tirosina cinase activos e promovendo desta forma a
autofosforilação do domínio intracelular (McKeehan et al. 1998). A
autofosforilação dos domínios de tirosina cinase provoca o
recrutamento de um complexo sinalizador que pode transduzir o
sinal por 3 vias distintas (Figura 1.2) denominadas (1) via do
PLCγ/Ca2+, (2) via PI3(K) e (3) a via do Mek/Erk. Esta última é a
via mais comum e na qual focarei a atenção por ser a que está
implicada directamente no âmbito deste trabalho.
1.1.1.1a - Via do Mek/Erk
Esta via envolve uma proteína intracelular, Frs2, que tem
uma relação de grande afinidade com o Fgfr1 e cuja actuação na
transdução do sinal associada a este receptor está descrita em
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vários processos do desenvolvimento (Hadari et al. 2001; Kusakabe
et al. 2001; Akagi et al. 2002). Após activação do Fgfr, ocorre a
fosforilação da Frs2 pela actividade dos domínios de tirosina cinase.
Fosforilada, esta proteína actuará como recrutadora citoplasmática
de um complexo multiproteico que activa e controla a via do
Mek/Erk. A Fsr2 é agora reconhecida por diversas proteínas
citoplasmáticas numa cascata que termina com a activação de Erk,
uma proteína MapK específica. A activação de Erk leva à
fosforilação de factores de transcrição específicos (c-myc, Ap1 e
membros da família Ets (Lee and McCubrey 2002)) com influência
na regulação génica (Figura 1.2).
Figura 1.2: Vias de sinalização conhecidas para Fgf. A via PLCγ/Ca2+(amarelo), PI3(K)
(verde) e Mek/Erk (azul). A vermelho estão marcados os elementos do grupos de expressão
de Fgf. Adaptado de Bottcher and Niehrs 2005.
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1.1.1.2 - Actividade biológica da via Fgf.
Dos diversos processos onde esta via é essencial, a formação
da mesoderme, os movimentos da gastrulação, a indução neural e
a padronização do embrião são apenas exemplos da participação
essencial desta via. Ela está estudada em diversos modelos como
ratinho, galinha, Xenopus e Peixe-zebra, entre outros. No âmbito
do presente trabalho, a sinalização da via Fgf está presente por
exemplo na indução da AER (do inglês, Apical Ectodermal Ridge),
onde é necessário um feedback positivo entre Fgf10, Fgf8 e uma
molécula da família dos Wnt, Wnt3a (Ohuchi et al. 1997).
1.1.1.3 - Regulação da via
A regulação dos Fgf é um tema complexo, pelo que vamos
referir brevemente as aspectos principais para apenas recorrer ao
detalhe nos pontos de maior interesse no âmbito deste trabalho.
Devido à grande influência desta via em vários processos, é
essencial que haja uma regulação precisa da via em aspectos, tanto
na activação desta via como na duração da sua actividade, entre
outros. Os mecanismos de regulação da via Fgf podem fazer uso
tanto de sistemas de retroacção positivos como negativos (Freeman
2000) e a regulação pode ser exercida a diversos níveis, quer
extracelularmente quer no interior da célula. Muitas destas
moléculas reguladoras são também, elas próprias, reguladas pela
sinalização Fgf; São co-expressas com Fgf, formando um grupo de
genes distintos, expresso em conjunto, e que actuam na mesma
via, formando um grupo de expressão (Niehrs and Pollet 1999).
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1.1.1.3a - Regulação extracelular
Como referido no parágrafo anterior existem diversos níveis
da regulação dos Fgf. Extracelularmente a via é regulada por
moléculas do tipo proteoglicano de heparano sulfato (Hspg do
inglês, Heparan Sulfate ProteoGglycans) aproveitando a alta
afinidade destes receptores para com estas moléculas (Ornitz
2000). Estas moléculas ligam-se a um domínio específico de Ig
(Figura 1.1) de modo a exercer a sua actividade reguladora. As
moléculas HSPG são necessárias para que as moléculas de Fgf
activem o receptor para Fgf e são responsáveis pela especificidade
entre determinadas formas de Fgf e os Fgfr. Esta regulação revela-
se essencial para a sinalização por Fgf, e mutantes Hspg mostram
um fenótipo semelhante aos mutantes para a sinalização Fgf
(Garcia-Garcia and Anderson 2003).
1.1.1.3b - Regulação intracelular
Alguns exemplos que integram sistemas de regulação
negativa da via dos Fgf ao nível intracelular são os genes Sprouty e
Mkp3, que actuam a diferentes níveis da via de sinalização Mek/Erk
e da via do PI3(K) (Zhang et al. 2001; Kawakami et al. 2003).
MKP3 actua a nível do Erk, inibindo a sua actividade ao impedir a
sua fosforilação. Em Peixe-zebra esta função parece conservada,
uma vez que a inibição de sprouty4 resultou em fenótipos
semelhantes ao da sobreexpressão de Fgf8 (Furthauer et al. 2001).
1.1.1.3c - Reguladores transmembranares
A proteína transmembranar Sef faz parte do grupo de
expressão da via Fgf em diversos modelos animais, incluindo Peixe-
zebra. A sua expressão segue o padrão de Fgf8 e é também
regulada pela via Fgf (Furthauer et al. 2001; Lin et al. 2002; Tsang
et al. 2002). Estudos de sobreexpressão de Sef em embriões de
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Peixe-zebra mostram que Sef inibe a sinalização por Fgf através da
interacção com o Fgfr1 e Fgfr4a (Tsang et al. 2002), actuando a
nível da Mapk ou a jusante desta (Furthauer et al. 2002).
Uma outra molécula que faz parte da via de sinalização Fgf,
segundo dados recolhidos em Xenopus, é a proteína
transmembranar Flrt3 (do inglês Fibronectin-Leucine-rich Repeat
Transmembrane) (Bottcher et al. 2004). A sua expressão é muito
semelhante à de Fgf8 e ao grupo de expressão deste, sendo
também regulada por Fgf. Sobre esta molécula serão referidos mais
pormenores adiante no texto.
1.1.2 - Via dos Wnt Outra via essencial é a via dos Wnt, um conjunto de factores
segregados pelas células. A família Wnt, com 22 membros em
Vertebrados, é responsável por diversas acções no
desenvolvimento, como a padronização de estruturas, diferenciação
e proliferação celular em vários modelos animais. Estas moléculas
sinalizam através dos receptores Frizzled, uma proteína
transmembranar, membro de uma família com cerca de 10
elementos. A sinalização desta via pode ter pelo menos 3
alternativas de sinalização distintas. Duas alternativas de
sinalização são a da polaridade planar da célula e a outra
dependente de cálcio mas não serão detalhadas. Uma terceira via,
a via canónica, é de maior interesse no âmbito deste trabalho e
sinaliza através da β-catenina. A activação do receptor Frizzled pela
sinalização Wnt tem como efeito a instabilidade de um complexo
proteico (Gskβ) cuja actividade, quando estável, reduz a
quantidade de β-catenina no citoplasma (Kikuchi 2000). Deste
modo, em células onde a via Wnt está activa, há a acumulação
citoplasmática de β-catenina, pela instabilidade Gskβ, possibilitando
que esta seja translocada para o núcleo. Uma vez presente no
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núcleo activa factores de transcrição, promovendo assim a
expressão de genes alvo.
1.1.3 - Via dos BMP As proteínas morfogénicas ósseas ou BMP (do inglês, Bone
Morphogenetic Proteins) são factores de crescimento pertencentes
à super-famíla dos TGFβ. Esta super-família é bastante
diversificada, com elementos muito diferentes entre si. As
moléculas difusíveis de BMP ligam-se a receptores específicos de
cinases de serina/treonina presentes na membrana plasmática que
dimerizam reagindo à ligação do BMP. Os BMP têm como efeito
clássico a indução de osso, cartilagem, ligamento e tendões, no
entanto são também conhecidos efeitos na regulação da
proliferação celular, diferenciação e apoptose.
Figura 1.3: Activação da
transcrição génica pela via
BMP. O complexo formado
pelos receptores com
domínios de serina/treonina
quando activado fosforiliza as
Smad, activando a
transcrição de genes alvo.
Adaptado de Sakou 1998.
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A transdução do sinal é realizada pela fosforilação, após
dimerização do receptor, de proteínas citoplasmáticas da famíla
Smad que, uma vez fosforiladas, ocorre a sua deslocalização para o
núcleo, activando genes alvo (Sakou 1998).
1.1.4 - Sinalização via Hedgehog (HH) Esta via de sinalização é também fulcral no desenvolvimento
da maioria dos órgãos e tecidos de Vertebrados. Hedgehog são
pequenas moléculas lipoproteicas segregadas pelas células para a
matriz extracelular. Estes ligandos actuam no receptor
transmembranar Patched (Ptch), que reage alterando a actividade
de Smoothened (Smo), outra proteína transmembranar. Com a
activação de Ptch, Smo torna-se activo, sinalizando para o
citoplasma, iniciando uma cascata de transdução de sinal que irá
regular a actividade de factores de transcrição da família Gli. Com a
regulação da actividade destes factores de transcrição, ocorre a
modulação da expressão génica da célula.
1.2 - Desenvolvimento dos membros em Vertebrados
1.2.1 - Introdução O desenvolvimento do membro tem sido desde há muito um
modelo de excelência no estudo dos processos de padronização. De
entre as estruturas e órgão que estão sujeitos à acção das
ferramentas moleculares descritas anteriormente, o membro do
vertebrado é um excelente modelo para o estudo dos mecanismos
celulares e moleculares que regulam a padronização que ocorre
durante a ontogénese.
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Uma zona muito restrita e específica da mesoderme,
denominada por campo do membro, dá origem aos membros dos
Vertebrados. Após o estabelecimento do campo do membro dá-se a
formação do primórdio do membro. O membro desenvolve-se na
parte lateral do embrião, lateralmente aos sómitos, numa região da
mesoderme denominada mesoderme lateral (LPM, do inglês Lateral
Plate Mesoderm). As células desta zona proliferam, respondendo a
sinais, permitindo o desenvolvimento do membro.
Figura 1.4: Esquema do embrião de galinha. Os membros de vertebrados originam-se a partir de dois pares de primórdios em localizações específicas no flanco do embrião. Retirado de Capdevila and Belmonte 2001.
Como referido, uma vez formado o campo do membro, está
definida a localização do desenvolvimento do membro. Em traços
gerais, a mesoderme axial sinaliza para a mesoderme do campo do
membro que induz a formação de um primórdio do membro,
através de interacções entre a própria mesoderme e a ectoderme.
Este primórdio é coberto por um epitélio de origem ectodérmica,
pseudo-estratificado em galinha e estratificado em ratinho,
denominado crista ectodérmica apical (AER, do inglês Apical
Ectodermal Ridge). Esta estrutura é essencial na manutenção da
proliferação e padronização do membro. As células do mesênquima
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da parte distal do membro constituem a zona de progressão (PZ,
do inglês Progress Zone), que é mantida num estado proliferativo e
indiferenciado pela AER (Summerbe. D et al. 1973) (Figura 1.7). As
células da PZ proliferam e à medida que o desenvolvimento
decorre, algumas ficam deslocadas numa posição mais proximal
onde adquirem informação posicional de modo a formarem as
estruturas da cartilagem (que vai ser substituída pelo osso),
tendões e tecido conjuntivo presentes no adulto.
1.2.2 - Origem evolutiva Os cordados invertebrados não possuem membros. De entre
os Vertebrados, o primeiro par de membros surge nos Agnatha
(peixes sem mandíbula) na forma de um único par de barbatanas.
Só encontramos dois pares de membros em grupos mais derivados,
como os Vertebrados mandibulados (Gnathostomata), quer sejam
peixes ou tetrápodes, como o Peixe-zebra, ratinho ou galinha. Nos
Vertebrados ditos superiores os membros superiores e inferiores
são derivados, respectivamente, das barbatanas peitorais e pélvicas
dos Vertebrados mandibulados primitivos (Coates 1994).
1.2.3 - Posicionamento do membro É atribuída a uma combinação específica de genes Hox a
localização do campo do membro (Figura 1.4) e consequentemente
dos membros dos Vertebrados (Oliver et al. 1990). Os genes Hox
participam no posicionamento espacial de várias estruturas
embrionárias tanto em invertebrados como em Vertebrados
(Krumlauf 1994; Marshall et al. 1996; Deschamps et al. 1999),
estando também envolvidos na padronização dos membros e
barbatanas em Vertebrados.
Estudos em diferentes espécies, nomeadamente em ratinho
(Rancourt et al. 1995), galinha (Cohn et al. 1997) e cobras (Cohn
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 19
and Tickle 1999) evidenciam o papel essencial que genes Hox e a
sua combinação específica têm na definição do campo do membro e
na diversidade anatómica presente nos seres vivos. Em diversos
Vertebrados as fronteiras anteriores da expressão de genes Hox,
como Hoxc6, Hoxc8 e Hoxb5 na LPM ocorrem no local exacto do
desenvolvimento do membro anterior ou barbatana peitoral (Oliver
et al. 1990; Rancourt et al. 1995; Nelson et al. 1996).
1.2.3.1 - Regulação dos genes Hox
Os estudos da regulação dos genes Hox são ainda
insuficientes para permitir saber completamente a que respondem
os genes Hox. No entanto sabe-se que no eixo no embrião a
expressão destes genes é controlada por uma variedade de factores
que incluem o receptor para o ácido retinóico (RAR, do inglês
Retinoic Acid Receptor), as já referidas ferramentas moleculares Fgf
e TGF-β assim como membros da família de factores de transcrição
T-box como o Tbx5 e Tbx4, entre outros.
1.2.4 - Ácido Retinóico O ácido retinóico é necessário para uma variedade de
processos durante o desenvolvimento embrionário em Vertebrados.
O seu efeito é transmitido pelo RAR, regulando a expressão de
genes alvo. É sintetizado no eixo embrionário, a nível do sómitos,
durante os passos iniciais do desenvolvimento pela enzima
Retinaldeído desidrogenase 2 (Raldh1a2) (Niederreither et al.
1997; Berggren et al. 1999) e está envolvido no controlo da
expressão dos genes Hox na LPM no momento da determinação do
campo do membro (Marshall et al. 1996). Ratinhos mutantes para
Raldh1a2 não expressam Tbx5, uma molécula essencial ao
desenvolvimento do membro superior, e não formam membros
(GibsonBrown et al. 1996; Tamura et al. 1999; Begemann and
Ingham 2000).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 20
1.2.5 - Indução do membro Após o estabelecimento do campo do membro, dá-se a
indução deste, através de mecanismos ainda não totalmente
compreendidos. Vários estudos mostram que os sinais para a
indução do membro iniciam-se na mesoderme axial, sendo este
sinal transferido depois para a LPM.
Neste momento, o gene que se conhece como o mais
precocemente expresso no mesênquima presuntivo do membro
superior é o Tbx5 (GibsonBrown et al. 1996; Simon et al. 1997;
Isaac et al. 1998; Logan et al. 1998). Este gene é essencial para o
desenvolvimento deste membro em vários modelos (Takeuchi et al.
1999; Ng et al. 2002; Agarwal et al. 2003; Rallis et al. 2003)
inclusive Peixe-zebra.
A molécula sinalizadora Fgf8, essencial na manutenção do
desenvolvimento dos membros, produzida pela AER em estádio
após a indução do membro, parece também ter um papel mais
precoce na indução do membro em certos modelo. No entanto há
ainda uma certa controvérsia quanto ao papel de Fgf8. fgf8 é
expresso na mesoderme intermédia, nas regiões adjacentes ao
campo do membro, na altura do inicio do seu desenvolvimento.
1.2.6 - Desenvolvimento e padronização A formação do membro é iniciada na LPM pela proliferação
contínua das células desta zona presentes no campo do membro.
Há um conjunto de sinais que são passados em sequência (Fgf e
Wnt) a partir de uma posição mais axial até a uma posição distal,
partindo dos sómitos para a mesoderme intermédia (IM, do inglês
Intermediate Mesoderm), passando para a LPM e por fim à
ectoderme. Estudos em galinha mostraram que existe um jogo
entre Fgf e Wnt envolvido na iniciação do membro (Kawakami et al.
2001).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 21
Tbx5 regula o gene Wnt2b na área presuntiva do membro
superior, enquanto que Tbx4, expresso na zona presuntiva do
membro inferior, regula o gene Wnt8c previamente à iniciação do
desenvolvimento do membro inferior (Figura 1.5). Está assim
iniciado, na IM, o jogo Wnt/Fgf. Em galinha, Wnt2b é expresso na
mesoderme intermédia e na LPM na região presuntiva da asa, ao
passo que Wnt8c é expresso na LPM na zona presuntiva da pata.
Wnt2b e Wnt8c, através da via canónina da β-catenina, restringem
a expressão de Fgf10 à LPM do campo do membro, superior no
caso de Wnt2b e inferior com o Wtn8c. Fgf10, com expressão no
mesênquima, é necessário à indução de Wnt3a na ectoderme que
parece induzir a expressão de Fgf8 na ectoderme tanto em galinha
como em ratinho (Wnt3) (Galceran et al. 1999; Kawakami et al.
2001; Norton et al. 2005).
Figura 1.5: Representação esquemática das interacções entre Tbx/Wnt/Fgf em galinha.
No membro superior (asa), Tbx5 activa a sinalização Wnt2b/Fgf. Uma vez activadas as
vias Wnt/Fgf estas regulam positivamente Tbx5, criando-se um sistema de retroacção
positiva. O membro inferior tem a mesma dinâmica, embora mantendo as mesmas vias
mas com moléculas diferentes. Adaptado de Takeuchi et al. 2003.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 22
A resposta celular é uma proliferação rápida das células nas zonas
presuntivas do membro, ao contrário das células da LPM que estão
fora da futura localização do membro. Estas células do folheto
mesodérmico em proliferação provocam uma protuberância sob a
ectoderme, estabelecendo-se interacções entre ectoderme e
mesoderme. A comunicação entre os diversos folhetos é essencial
para a manutenção do crescimento assim como para a
padronização do mesmo. Estas interacções ocorrem em localizações
específicas no membro em desenvolvimento e podem-se agrupar
em três conjuntos, denominados organizadores, essenciais à forma
final do membro, como será descrito em maior pormenor no
capítulo seguinte.
1.2.6.1 - Padronização do membro
Diferenças ao longo dos vários eixos (antero-posterior (A-P),
próximal-distal (P-D), dorso-ventral (D-V)) são observadas entre os
membros de Vertebrados diferentes. A estrutura esquelética básica
em tetrápodes é relativamente conservada. Consiste num elemento
proximal, o estilopódio, um elemento medial, o zeugopódio, e um
distal chamado autopódio.
Figura 1.6: Representação esquemática das estruturas esqueléticas dos membros
anteriores de alguns Vertebrados, evidenciando a elevada conservação entre os
diferentes grupos. Adaptado com base em Capdevila and Belmonte 2001.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 23
O crescimento e padronização envolve uma coordenação de
diversas vias de sinalização. Deste modo é necessário o
estabelecimento e manutenção dos 3 centros organizadores que
são responsáveis tanto pelo crescimento como pela padronização
do membro: (1) a AER, (2) um conjunto de células do mesênquima
posterior chamada zona de actividade polarizante (do inglês zone of
polarizing activity, ZPA), assim como (3) um conjunto de células
ectodérmicas dorsais que actuam como terceiro centro organizador.
O tamanho e a forma final do membro dependem assim destas
estruturas, e da comunicação entre elas, polarizando o membro
segundo os eixos P-D (ombro-ponta dos dedos), responsabilidade
da AER, A-P (polegar ao mindinho), como resultado da actividade
da ZPA, e D-V (costas da mão à palma da mão) fruto da acção da
ectoderme dorsal. Estas redes de sinalização têm como base da sua
actividade algumas moléculas parácrinas como sejam Wnt, Bmp,
Fgf e Shh (Capdevila and Belmonte 2001).
Figura 1.7: Esquema da vista dorsal do primórdio do
membro, evidenciando os centros organizadores da
padronização. Retirado de Capdevila and Belmonte
2001.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 24
O eixo P-D, por estar directamente envolvido no tema deste
trabalho, será o eixo mais detalhado. A padronização segundo este
eixo ainda não reúne consenso, sendo um tema bastante alargado.
Existem basicamente três visões distintas acerca desta tema: o
modelo da progressão, proposto por Summerbell em 1974,
(Summerbell 1974) e considerado com o modelo clássico, afirma
que cada célula da mesoderme é especificada pelo tempo a que
está sujeita a divisões nessa zona. Assim, quanto mais tempo a
célula passa na zona de progressão, mais distal será o seu destino.
Em 2002 um modelo alternativo foi proposto por Dudley et al., o
qual estabelece que é no início do desenvolvimento que são
estabelecidos os domínios de cada célula (Dudley et al. 2002). Mais
recentemente foi proposto um modelo em que a especificação das
estrutura seria resultado da sinalização de dois sinais com origens
opostas, um proximal produzindo o estilopódio, e um distal
produzindo o autopódio, cuja difusão combinatorial dos sinais
especifica o zeugopódio (Mariani et al. 2008).
Para o desenvolvimento da padronização do eixo A-P é
necessário a acção da ZPA. Estudos de 1993 mostraram que a a
acção da ZPA é exercida pela produção da proteína Shh (Riddle et
al. 1993).
O eixo D-V depende da expressão exclusivamente na
ectoderme dorsal da proteína segregada Wnt7a. A sua localização
exclusivamente dorsal é resultado da sua inibição ventral pela
acção do factor de transcrição Engrailed-1 (Eng1), localizado na
ectoderme ventral (Parr and McMahon 1995; Loomis et al. 1996).
Wnt7a induz também Lmx-1 no mesênquima dorsal, um factor de
transcrição com homeodomínios.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 25
1.2.6.2 - Crescimento do membro
Após o estabelecimento da expressão de Fgf-10 na zona
presuntiva do membro estar consolidada na LPM, a proteína Fgf-10
sinaliza para a ectoderme envolvente, iniciando um programa de
expressão génica que inclui a activação da transcrição de Fgf-8
ainda antes de haver um botão do membro reconhecível. Em
muitos tetrápodes, estes eventos resultam na formação da AER.
Em galinha a AER é essencial ao desenvolvimento do membro
(Saunders 1948; Todt and Fallon 1984). Após remoção da AER, a
proliferação das células do mesênquima pertencentes ao membro
em desenvolvimento é inibida, resultando num membro truncado,
caracterizado pela falta das partes mais distais.
Em Peixe-zebra existe a formação de uma AER temporária,
que a partir das 36 horas pós fertilização (hpf), dá lugar a uma
estrutura diferente, assemelhando-se a uma dobra protuberante
(Grandel and Schulte-Merker 1998). Esta estrutura tem o nome de
dobra apical (AF, do inglês Apical Fold) . Este tema será abordado
em detalhe mais adiante no texto.
Figura 1.8: Cascatas regulatórias envolvidas na indução e manutenção da AER. Retirado de Fernandez-Teran and Ros 2008.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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1.3 - Desenvolvimento da barbatana peitoral em Danio rerio (Peixe-zebra)
O Peixe-zebra tem sido usado nos últimos 30 anos como
modelo para o estudo do desenvolvimento de vários processos. Os
trabalhos realizados neste modelo levaram a uma proliferação dos
estudos acerca dos aspectos fundamentais do desenvolvimento a
que recentemente se vêm juntar as ferramentas moleculares e
genéticas.
Peixe-zebra, um elemento dos teleósteos, pertence ao grupo
dos Actinopterygii, ou peixes raiados. Na base da radiação deste
grupo, o terá havida uma duplicação do genoma a que se terá
seguido um rearranjo do genoma com a inactivação de alguns
genes duplicados e ainda casos de sub-funcionalização de alguns
genes parálogos, deixan algum espaço para a evolução destes
genes.
Este modelo animal pertencente ao grupo dos Actinopterygii,
não está incluído no grupo de peixes que se encontra
evolutivamente mais próximo dos tetrápodes (os Sarcopterygii).
Apresenta no entanto várias características que o tornam vantajoso
como modelo animal no estudo do desenvolvimento do membro.
Algumas reservas que este modelo apresenta são resultantes
da duplicação do genoma já referida ou ainda da relativa distância
evolutiva de modelos mais próximos do Homem. Relativamente ao
tema do desenvolvimento dos membros, apresenta-se como
desvantagem o facto de a barbatana peitoral não apresentar
quaisquer ossos homólogos com os membros dos tetrápodes, pelo
que os estudo desta estrutura terão sempre algumas limitações
quanto às inferências retiradas.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 27
As barbatanas do Peixe-zebra são classificadas de acordo com
5 tipos, agrupando-se em dois grupos, de acordo com a sua origem
embrionária. A barbatana dorsal, caudal, e a anal são derivadas da
mesoderme somítica, sendo a barbatana peitoral e pélvica
derivadas da LPM (Smith et al. 1994; Grandel and Schulte-Merker
1998; Freitas et al. 2006). As barbatanas peitorais e pélvicas são
homólogas aos membros anteriores e posteriores, respectivamente,
dos tetrápodes. Da análise a linhas de mutantes em Peixe-zebra foi
permitido perceber que os mecanismos moleculares presentes no
desenvolvimento das barbatanas pares dos Teleósteos e dos
membros dos Vertebrados são, de um modo geral, conservados. No
entanto existem também certas particularidades nas ferramentas
moleculares que permitem o desenvolvimento do membro, como
também se verifica entre galinha e ratinho. Estas particularidades
são importantes para as diferentes formas de membros entre
espécie, quer sejam um membro de ratinho, patas ou asas de
galinha, ou uma barbatana.
Figura 1.9: Fotografia de Peixe-zebra macho, estirpe AB. Podemos observar os cinco
diferentes tipos de barbatanas. Barbatana Peitoral (1), Pélvica (2), Anal (3), Dorsal (4) e
Caudal (5).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 28
1.3.1 - Indução da barbatana peitoral
Conforme já descrito, o sinal para a indução do membro
surge na mesoderme axial, sendo depois transmitida à LPM.
1.3.1.1 - Ácido retinócio
É durante a somitogénese, entre as 12 e as 14 hpf que é
necessária a síntese de RA para a iniciação da barbatana (Gibert et
al. 2006).
O RA é sintetizado na LPM e nos sómitos principalmente pela
Raldh1a2. A inibição do RA resulta na falha do desenvolvimento do
membro (Begemann et al. 2001; Grandel et al. 2002), havendo
uma conservação do papel do RA entre tetrápodes e Peixe-zebra
nesta função.
1.3.1.2 - Wnt2ba
A via de sinalização de Wnt2ba parece estar funcionalmente
ligada à via do RA, uma vez que o bloqueio desta última via leva à
diminuição dos níveis de wnt2ba a nível do membro (Mercader et
al. 2006). wnt2ba é expresso na mesoderme intermédia, adjacente
ao domínio de expressão de Tbx5. A injecção de mRNA de Tbx5
recupera parcialmente o fenótipo obtido com o uso de morfolinos
contra Wnt2ba, pelo que os autores sugerem que Wnt2ab actua a
montante de Tbx5 (Ng et al. 2002).
1.3.1.3 - Fibin
Esta molécula segregada, recentemente descoberta e
exclusiva de Vertebrados, é também essencial para a indução de
tbx5 na LPM. A activação desta molécula é a jusante de RA e de
Wnt2ab. Das 10 às 14 hpf, fibin é expresso nos sómitos, e a partir
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 29
das 14 hpf é expressa na LPM num domínio adjacente ao campo do
membro, entre os sómitos e o domínio de expressão de tbx5. A
regulação negativa de fibin, através do uso de morfolinos, impede a
formação da barbatana peitoral, sem afectar outras estruturas do
embrião. O seu domínio de expressão faz dela um excelente
candidato para estabelecer o elo entre os sinais axiais de RA e
Wnt2ba de modo a activar a expressão de tbx5 nos progenitores do
membro.
1.3.1.4 - Sinalização por Fgf
Verifica-se que em Peixe-zebra, após tratamento com um
antagonista de Fgf8 (SU5402), não é necessário Fgf8 para a
expressão de tbx5 na LPM (Mercader et al. 2006). Parece assim
que Fgf8 não participa na transmissão do sinal indutor do membro,
desde a mesoderme axial até à LPM. Tendo em conta os dados para
Fibin, pode ser que seja esta molécula a desempenhar este papel.
1.3.1.5 - Tbx5
O primórdio da barbatana no embrião de Peixe-zebra é
composto por um conjunto muito reduzido e fino de células da LPM
e surge na região da LPM, ao nível dos sómitos 2 e 3. Estudos em
mutantes para Tbx5, apoiado também pelo uso de morfolinos,
mostram que a inactivação deste gene causa a falha da iniciação do
desenvolvimento da barbatana peitoral (Ahn et al. 2002; Garrity et
al. 2002; Ng et al. 2002), pelo que os autores sugerem que tbx5 é
critico na indução da barbatana.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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1.3.2 - Desenvolvimento da barbatana peitoral
1.3.2.1 - Formação da AER/AF
A AER em Peixe-zebra consiste num espessamento apical
ectodérmico na extremidade mais distal do botão do membro
(figura 1.10) sendo formada por células cuneiformes do estrato
basal (Grandel and Schulte-Merker 1998).
Figura 1.10: Esquema mostrando a localização da
AER na barbatana peitoral em embrião com 31
hpf. Retirado de Mercader 2007.
A presença desta estrutura especializada é mais breve que
em galinha e ratinho, uma vez que às 36 hpf as células formadoras
da AER formam uma estrutura secundária denominada dobra apical
(AF)
Figura 1.11: Esquema da barbatana peitoral em embrião com
38 hpf evidenciando a transformação da AER em AF. Adaptado
de Mercader 2007.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 31
Apesar de morfologicamente diferente (Figura 1.11), a AF
continua a desempenhar o mesmo papel que a AER. A AF expressa
genes idênticos aos expressos pela AER de tetrápodes como Fgf8,
Sp8, Sp8 entre outros (Grandel and Schulte-Merker 1998)
sugerindo que as funções permaneçam conservadas.
1.3.2.1 - Expressão de genes na AER
Neste modelo animal, a formação da barbatana peitoral é
normal em mutantes para Fgf8 (Reifers et al. 1998), sugerindo este
resultado que existe redundância entre os Fgf com origem na
ectoderme na promoção do desenvolvimento do membro. Além da
expressão de Fgf8, estão já conhecidos como expressos na AER
outros Fgf, incluindo Fgf24, Fgf4 e Fgf16. Estudo de inibição da
expressão de Fgf16 com o uso de morfolinos mostraram que este é
necessário para a formação da barbatana peitoral (Fischer et al.
2003; Nomura et al. 2006). O papel do Fgf10 na indução da
expressão génica na AER pelo mesênquima parece ser conservado
entre Peixe-zebra e tetrápodes, onde Wnt3a em galinha é o
mediador entre Fgf10 e Fgf8 (Kawakami et al. 2001),
desempenhando Wnt3 o mesmo papel em ratinho (Galceran et al.
1999).
1.3.2.1 - Padronização das barbatanas pares
1.3.2.1a - Eixo dorso-ventral
Há ainda poucos estudos com o objectivo de perceber a
padronização D-V neste modelo. No entanto foi já verificado que o
padrão de expressão de Wnt7a e de Eng1a sugere uma
conservação deste mecanismo, ja brevemente referido
anteriormente para Vertebrados em geral, na padronização dorsal e
ventral, respectivamente (Hatta et al. 1991; Norton et al. 2005).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 32
1.3.2.1b - Eixo antero-posterior
Na definição deste eixo, a sinalização por Shh evidencia ser
um mecanismo conservado. Shh é expresso no domínio posterior
da barbatana em desenvolvimento, parecendo controlar a
padronização A-P. Uma análise detalhada ao mutante para Shh,
sonic you (syu), revelou que existe uma fase inicial da
padronização AP que é independente de Shh, característica esta
que é partilhada com outros Vertebrados incluindo tetrápodes como
galinha e ratinho (Echelard et al. 1993; Krauss et al. 1993; Roelink
et al. 1994).
1.3.2.1c - Eixo próximo-distal
Tal como em tetrápodes, também em Peixe-zebra os genes
Hoxa11 e Hoxa13 são expressos nas barbatanas em formação. No
entanto, a sua expressão sobrepõe-se no mesênquima mais distal,
ao contrario do sucedido em tetrápodes, onde nesta região não é
expresso Hoxa11. Estudo do desenvolvimento da barbatana
peitoral em Sarcopterygii poderão fornecer mais detalhes acerca da
transição barbatana/membro ocorrida durante o Devónico. A
análise das barbatanas pares em Peixe-zebra na tentativa de
perceber a evolução do membros dos tetrápodes poderá ser pouco
informativa, pois este modelo animal é um teleósteo muito
derivado. Este facto poderá questionar a noção de que o autópodio
será uma novidade surgida nos tetrápodes; aliás, estudos de 2007
da análise a fósseis de uma espécie extinta pertencente ao grupo
dos Sarcopterygii, sugerem que o autopódio poderá não ter surgido
nos tetrápodes, e ter surgido sim ainda em espécies aquáticas
(Dahn et al. 2007).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 33
1.4 - A Família Flrt Em 1999, resultando de uma análise a proteínas do tecido
muscular humano, foi descrito pela primeira vez uma família de
glicoproteínas transmembranares do tipo I presente em
Vertebrados e composta por 3 membros, denominados Fibronectin-
Leucine-Rich Transmembrane protein 1, 2 e 3 (Flrt1, Flrt2 e Flrt3).
Figura 1.12: Representação esquemática das proteínas da família Flrt. SS:
sequência sinal; NFR: Sequência flanqueadora N-terminal; LRR: Motivos ricos
em repetições de leucinas; CFR: sequência flanqueadora C-terminal; TM:
Domínio transmembranar; IC: domínio intracelular. Retirado de Haines et al.
2006.
Em ratinho adulto, encontramos todos os membros desta
família expressos no cérebro, tendo-se encontrado ainda Flrt1 no
rim, Flrt2 no coração, músculo esquelético e pâncreas sendo o Flrt3
expresso em vários locais, tendo todos os locais testados mostrado
a presença da proteína (Lacy et al. 1999). Posteriormente esta
família foi ainda identificada em Xenopus laevis (Bottcher et al.
2004), assim como verificada a sua expressão em galinha, 2 anos
mais tarde (Smith and Tickle 2006). Esta família é expressa em
diversos tecidos como no rim, músculo esquelético, pulmão e
cérebro (Lacy et al. 1999; Haines et al. 2006), entre outros e
verificado o seu elevado nível de homologia entre ratinho e humano
(Haines et al. 2006).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 34
As proteínas desta família são codificadas por um único exão
(Haines et al. 2005) e têm em comum motivos estruturais
conservados compostos por 10 repetições de regiões extracelulares
ricas em leucina (LRR, do inglês Leucine Rich Repeats) que se
encontram flanqueadas por repetições de cisteínas, um domínio de
fibronectina de tipo III, um domínio transmembranar e ainda uma
curta cauda citoplasmática (Lacy et al. 1999; Haines et al. 2006). A
presença do domínio rico em repetições de leucina, torna esta
família membro da super-família das proteínas LRR, onde estão
incluídas várias glicoproteínas. O motivo LRR é caracterizado por
sequências, ricas em leucina, repetidas com cerca de 20 a 30
aminoácidos. Estes domínios formam uma estrutura solenóide com
uma curvatura em forma de ferradura, altamente propícia ao
ancoramento de proteínas pela interacção com as cadeias laterais
dos aminoácidos (Kobe and Kajava 2001). No entanto ainda pouco
se saibe acerca das moléculas que interagem com esta estrutura.
São motivos de proteínas presentes em todos os organismos, com
uma função diversa, podendo estar presentes intracelularmente, na
membrana celular ou extracelularmente (Kobe and Deisenhofer
1995).
Existem já evidências de que os diferentes domínios da
família Flrt têm diferentes funções: o domínio hidrofóbico LRR tem
uma função na adesão celular homotípica e parece ser o único com
influência na distribuição celular, sendo dependente da quantidade
de Flrt3, conforme verificado por diversos autores (Haines et al.
2006; Karaulanov et al. 2006; Egea et al. 2008); o domínio de
fibronectina de tipo III está envolvido na ligação aos receptores de
Fgf (Bottcher et al. 2004); o domínio intracelular é responsável pela
modulação do sinal dos receptores de Fgf, verificado tanto em
ratinho como em Xenopus (Bottcher et al. 2004; Haines et al.
2006).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 35
Em ratinho, foi demonstrado que cada membro desta família
tem um padrão de expressão específico, localizado em diferentes
populações de células, ao longo de grande parte do embrião
(Haines et al. 2006). Alguns desses locais, como a AER e na
fronteira entre cérebro médio e posterior (MHB, do inglês Midbrain-
Hindbrain boundary), estão sob a influência da sinalização da via
Fgf. Estes autores mostraram também em ratinho que 30 minutos
após a estimulação com Fgf2, houve um aumento da expressão de
todos os elementos da família Flrt, pelo que esta família pode ser
regulada pela sinalização Fgf. No entanto os detalhes acerca da
interacção entre Fgf e Flrt permanecem ainda por resolver, não
obstante a sua interacção e co-expressão sugerirem que a família
Flrt desempenhe um papel relevante na via Fgf.
Dados de Karaulanov et al. (Karaulanov et al. 2006) mostram
que é possível que esta família proteica esteja implicada na
modulação da adesão celular, devido ao papel dos domínios LRR na
adesão celular e do domínio intracelular na via dos Fgf. Se tivermos
em conta que a regulação negativa da adesão celular é um
processo essencial a muitos tumores, seria interessante perceber o
papel da família Flrt neste processo. Dados de expressão génica,
retirados de certos tumores uterinos e também dos ovários
mostram uma forte diminuição na expressão de flrt2 (Donninger et
al. 2004; Santin et al. 2004; Santin et al. 2005) o que poderá
relacionar-se com os dados relativos à diminuição da adesão celular
e à EMT, como visto para Flrt3 em (Ogata et al. 2007).
1.4.1 - Flrt3
Em Xenopus, o padrão de expressão deste gene foi
intensamente estudado por Bottcher et al em 2004. Estes autores
verificaram que o início da expressão de Flrt3 dá-se no estádio 9.
Na gástrula este gene é co-expresso com Fgf8 na zona marginal,
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 36
assim como durante a neurulação na MHB e na crista neural
anterior. Já na fase larvar esta co-expressão é mantida no
telencéfalo, diencéfalo dorsal, na fronteira entre cérebro médio e
posterior e arcos branquiais (Bottcher et al. 2004).
Em embriões de Xenopus, existe uma grande semelhança
entre a expressão de Fgf, em particular de Fgf8, (Christen and
Slack 1997) e a expressão de xFlrt3. No entanto não podemos
adicionar Flrt3 ao grupo de expressão do Fgf8 uma vez que há
alguns domínios de expressão adicionais, como no coração e nos
olhos, para xFlrt3. Há ainda a evidência de que xFlrt3 é
positivamente regulado pela sinalização via Fgf em embriões de
Xenopus, havendo a sugestão de que também xFlrt3 actua
promovendo a sinalização por Fgf activando a cascata de
sinalização Mek/Erk, e não através da via PI(3)K, (Bottcher et al.
2004), sendo assim um modulador positivo da sinalização Fgf
através da via Mek/Erk. A expressão ectópica apenas da porção
intracelular de xFlrt3 induz a expressão de Xbra, que também é
induzido directamente por Fgf8, e do próprio Fgf8 além de provocar
a formação de caudas ectópicas, fenótipo semelhante ao obtido na
indução ectópica da via dos Fgf (Bottcher et al. 2004).
Bottcher et al. (2004) demonstraram que xFlrt3 é expresso
onde existe a forma activa de Erk, o pErk. Esta molécula foi
também identificada na AER em galinha (Tomás 2005), apoiando o
modelo de que flrt3 está co-localizado com as áreas de actividade
da pErk. Ainda de acordo com este modelo seria de esperar que em
zonas de inactividade de Erk, como na PZ, não seja encontrado
Flrt3, o que de facto se verifica em galinha (Tomás 2005). Esta co-
localização entre a actividade de pErk e Flrt3 é conservada em
ratinho, sendo que neste modelo pErk está activado na PZ e não na
AER, reflectindo-se esta inversão nos resultados das hibridações in-
situ para flrt3 (Tomás 2005). pErk é translocada para o núcleo
promovendo a fosforilação de factores de transcrição que
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 37
desempenham um papel importante em vários processos celulares,
tanto no adulto como ao longo do desenvolvimento e diferenciação.
Por sua vez, estes factores de transcrição activam a expressão de
genes alvo dos Fgf, como Sprouty e Sef (Sharrocks 2001; Thisse
and Thisse 2005), entre outros.
Em galinha foi testada a regulação de Flrt3 através da
aplicação exógena de Fgf, tanto endógeno da AER (Fgf2, Fgf8,
Fgf19) como do mesênquima (Fgf10), na parte mais distal e
anterior do mesênquima, em contacto com a AER. Em ambos os
casos estas moléculas não promoveram a expressão ectópica de
Flrt3. Inesperadamente, os resultados para Fgf8 parecem inibir a
expressão de Flrt3 (Tomás 2005). No mesmo trabalho, esta autora
mostra ainda que a aplicação de um antagonista de Fgf também
não produziu diminuição no número de transcritos de Flrt3 (Tomás
2005), em contraste com o que seria de esperar de acordo com os
resultados para Xenopus (Bottcher et al. 2004). Ainda no mesmo
trabalho (Tomás 2005), a autora procurou perceber se seriam
outras moléculas presentes na AER a regular Flrt3. Deste modo,
esta autora procedeu à aplicação ectópica de Wnt3a na mesma
localização das aplicações de Fgf, e do seu antagonista. Este teste
resultou na indução da expressão de Flrt3 na AER num muito curto
espaço de tempo, sugerindo uma activação directa da expressão
deste gene. Os membros tratados com Wnt3 mostram um
alongamento da expressão de Flrt3 na ectoderme apical. Foram
ainda observáveis a formação de múltiplas AER como resultado da
sobreexpressão de Wnt3a (Tomás 2005). Esta autora sugere ainda,
no mesmo trabalho, que Wnt3a poderá induzir directamente a
expressão de Flrt3 antes de estabelecer a expressão de fgf8.
Em galinha este gene foi também identificado na AER, tendo
um papel essencial na manutenção desta estrutura (Tomás 2005).
Após o silenciamento de Flrt3 é possível observar a descontinuidade
da AER, com alteração da expressão de Fgf8. No entanto, a
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 38
alteração da expressão de Fgf8 poderá não ser resultado directo da
inibição de Flrt3, uma vez que há dados em ratinho que mostram a
independência entre a expressão de Fgf8 e Flrt3 marreto et al.
Verificou-se também, em experiências de co-
imunoprecipitação que a proteína xFlrt3 se associa directamente a
Fgfr1 e Fgfr4a, e que a ablação do domínio de fibronectina III reduz
esta interacção, sugerindo os autores um papel de modulação dos
Fgfr. Foi ainda verificada, através da técnica BRET (do inglês,
Bioluminescence Resonance Energy Transfer), a associação muito
próxima entre Fgfr1 e Flrt3 em células vivas (Bottcher et al. 2004).
Tsuji et al. verificaram em rato que Flrt3 está implicada no
crescimento de neurites in vitro (Tsuji et al. 2004). Em células do
cerebelo estes autores verificaram que havia um aumento
significativo no comprimento das neurites quando estas células
eram cultivadas sobre células CHO expressando Flrt3, 24 horas
após o início da cultura celular. Os autores sugerem que Flrt3
poderá desempenhar papel semelhante in vivo uma vez que Flrt3 é
sobreexpresso na parte distal do nervo ciático após lesão (Kubo et
al. 2002). Flrt3 seria expresso nas células da glia actuando como
uma molécula de adesão, contactando com os neurónios e
promovendo o crescimento destes. Apoiando ainda estes estudos,
existem dados em ratinho que mostram Flrt3 como sendo um dos
genes induzidos após a lesão de gânglios nervosos (Tanabe et al.
2003) e ainda estudos de 2004 que mostram o aumento da
expressão de Flrt3 em reposta à lesão do nervo ciático e com um
papel na regulação do crescimento de neurites (Robinson et al.
2004).
Flrt3 foi implicado ainda na manutenção da integridade da
membrana basal em estruturas extraembrionárias também em
ratinho. Verificou-se que em embriões Flrt3-/- havia um desarranjo
da membrana basal na endoderme visceral anterior, apresentando
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 39
também uma transição epitélio-mesênquima com a expressão de
marcadores típicos deste processo, eomes, brachyury/t e fgf8
(Egea et al. 2008). Em discordância com os dados obtidos por
Bottcher et al. 2004 e Tomas 2005, foi registado, também nestas
células, que os níveis de fosforilação de Erk/Mapk mantinham-se
iguais ao controlo, semelhante ao sucedido com a sobreexpressão
de Flrt3 que não apresentou um aumento dos níveis de fosforilação
de Erk/Mapk (Egea et al. 2008). Estes autores sugerem que estas
células extraembrionárias não necessitam de Flrt3 como mediador
da via Fgf e que Flrt3 terá um papel importante na adesão célula a
célula na endoderme visceral anterior.
Ogata et al. verificaram que, durante a gastrulação, Flrt3, em
conjunto com Rnd1 (uma GTPase com fortes propriedades anti-
adesivas (Nobes et al. 1998; Wunnenberg-Stapleton et al. 1999)),
era expressos nas células equatoriais em involução. A
sobreexpressão de Flrt3 ou de Rnd1 reduz a adesão mediada por
caderinas (moléculas de adesão características de epitélios), ao
passo que a subexpressão Flrt3 e Rnd1 incrementa este tipo de
adesão. Estes autores mostraram ainda que a expressão de Flrt3
não estava sob o controlo de Fgf, antes era um efeito directo da
sinalização Activin/Nodal, membro da super-família Tgf-β
mostrando ainda a independência da sinalização Fgf pela ablação,
na molécula Flrt3, do domínio FNIII (Ogata et al. 2007).
1.4.1.1 - Flrt3 no desenvolvimento em Danio rerio
O estudo da expressão deste gene em Peixe-zebra está ainda
numa fase preliminar, assim como o seu estudo funcional. Dados
não publicados de um estudo neste modelo animal mostram que
Flrt3 não é regulado pela via Fgf, ainda que a sua expressão ocorra
nos centros de sinalização de Fgf (Tomás 2005).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 40
A Análise do padrão de expressão para este gene mostra que
este gene é expresso em diversas estruturas, desde a gástrula
(5hpf) até às 48hpf (Thisse 2005). Além da barbatana peitoral, está
presente em estruturas como o campo do olho, MHB, mesoderme
anterior paraxial, vesícula de Kupffer, entre muitas outras
estruturas descritas no trabalho de Thisse (Thisse 2005), disponível
na rede. No entanto não existem ainda estudos detalhados acerca
da importância deste gene.
1.4.2 - Flrt2 Em estudos de ganho e perca de função, Flrt2 mostra um
efeito semelhante à manipulação da sinalização por Fgf. N-Cam e
N-Tubulina são expressos após a injecção de mRNA de Fgf8 e a
aplicação de morfolinos contra Flrt2 impede a expressão destes
marcadores neurais.
Foi verificada a co-localização da expressão dos genes Flrt2 e
Raldh1a2 confirmando-se a expressão de flrt2 como co-localizada
com a actividade do RA. Foi verificado que flrt2 não participa na
indução do primórdio do membro, sendo sugerido que possa estar
envolvido na diferenciação condrogénica (Tomás 2005).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 41
O projecto deste trabalho, no inicio do seu desenvolvimento,
tinha como objectivo o estudo funcional da família Flrt no
desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra. No entanto
dificuldades durante o desenvolvimento deste projecto apenas
permitiram o estudo do padrão de expressão de dois genes desta
família, Flrt2 e Flrt3. Um estudo deste género seria sempre mais
interessante manipulando os genes através do uso de morfolinos,
como estava previsto no projecto de tese. Infelizmente dificuldades
técnicas impediram que o projecto fosse cumprido na íntegra.
Não obstante este problema, considero que no decorrer deste
projecto fui adquirindo valências diariamente. Penso que, nesta
altura da minha formação, é este o objectivo principal.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 42
2 - Métodos e materiais
2.1 - Manutenção e manipulação de Peixe-zebra.
Peixe-zebra, com o nome científico de Danio rerio
pertencente à família Cyprinidae, são pequenos peixes teleósteos
com cerca de 3 cm, nativos de ribeiros da Índia. Os exemplares
usados durante o presente trabalho são pertencentes à estirpe AB.
2.1.1 - Obtenção dos embriões
Os embriões usados nas hibridações in situ foram obtidos
através de cruzamentos durante as primeiras horas do dia. Os ovos
são mantidos em meio embriónico numa estufa a 28ºC até
atingirem o estádio de desenvolvimento pretendido. Nessa altura
são fixados em 4% PFA a 4ºC, durante a noite.
2.1.2 - Manipulação dos embriões
De modo a aumentar a detecção do sinal nas hibridações in
situ, os embriões são tratados com PTU (do inglês, tyrosinase
inhibitor 1-phenyl-2-thiourea) às 24 hpf (Karlsson et al. 2001). Este
composto impede a melanogénese ao inibir passos críticos na via
de síntese da melanina (Whittake.Jr 1966; Eppig 1970).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 43
2.2 - Obtenção das sequências Após pesquisa bioinformática prévia no laboratório onde
decorreu este trabalho, foram obtidas sequências de fragmentos de
genes expressos (EST, do inglês Expressed Sequence Tag). A
pesquisa, feita em conjunto com o serviço de bioinformática do
Instituto Gulbenkian de Ciência, tentou obter em Peixe-zebra os
homólogos, em ratinho e humano, dos genes em análise neste
trabalho.
2.3 - Desenho das sequências iniciadoras Foram escolhidas sequências iniciadoras, ou do inglês –
primers – com cerca de 24 nucleótidos tendo em conta o seu
conteúdo em Guaninas e Citosinas de cerca de 50 a 60%. Para a
escolha das sequências foi usado o programa informático Primer3
v. 0.4.0, disponível na rede em http://frodo.wi.mit.edu/primer3/. O
acerto final foi feito à mão.
O Quadro 1 resume as sequências dos primers utilizados
assim como a temperatura de annealing usada no PCR.
Quadro 1: Sequências dos primers usados na amplificação dos fragmentos de genes e suas
temperaturas de annealing (Ta).
Genes Par de primers usados Ta
flrt2b FW: 5’ CAC GAG GTT GCG GCT AGA TGA GAA TCG 3’
RV: 5’ TGG TGC AGA AAG AAA GTA GTG TGG G 3’ 56ºC
flrt2c FW: 5’ GAG CCT GAC GTC TGT GCC TCT GGG 3’
RV: 5’ TCA TCC TCA AGC AAG TTT CCA TCC 3' 56ºC
flrt3 FW: 5’ CGG TAC TAT TTC TCC AAA ACA ACC 3’
RV: 5’ GGT TAT CCA GGT CCT CAA ATA CC 5’ 56ºC
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 44
2.4 - Extracção e isolamento de RNA A extracção e isolamento do RNA foi realizada usando o
reagente TRIzol® de acordo com (Chomczynski and Sacchi 1987).
Foi usado um kit dos laboratórios Invitrogen, TRIzol®reagent. Este
método permite obter RNA livre de contaminantes como proteínas e
DNA. O RNA assim obtido será depois usado para a produção de
cDNA.
2.5 - Retrotranscrição Esta reacção foi feita usando o kit dos laboratórios Roche,
first strand cDNA synthesis kit for rt-pcr(AMV). A partir de 1 µg do
RNA isolado foi feita uma transcrição reversa de modo a obter o
cDNA. Este cDNA será usado como molde para a amplificação dos
fragmentos dos genes em estudo.
2.6 - Electroforese em gel de agarose Esta técnica baseia-se na movimentação diferencial das
moléculas, tendo em conta parâmetros como o tamanho, quando
incluídas num gel sujeito a um campo eléctrico. O gel de agarose
usado neste trabalho foi feito a 1% p/v em TAE.
2.7 - Amplificação das sequências dos fragmentos de genes por PCR.
A partir do cDNA obtido pela retrotranscrição procedeu-se à
amplificação das sequências das EST usadas para o estudo dos
genes em análise. Para tal recorreu-se ao uso dos primers descritos
no ponto 2, aplicados numa reacção de polimerização em cadeia
(PCR, do inglês Polimerase Chain Reaction) feita de acordo com o
Quadro 2. A presença dos fragmentos pretendidos foi confirmada
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 45
por electroforese em gel de agarose a 1%. Após purificação do
cDNA, obtiveram-se as seguintes concentrações:
Quadro 2 - Concentrações aproximadas de cada
fragmento de gene resultante da purificação da
amplificação por PCR.
2.8 - Clonagem dos fragmentos de genes. Para a clonagem dos fragmentos de genes foram usadas
células competentes E. coli, Subcloning Efficiency™ DH5α™
Competent Cells -Invitrogen.
Como vector para a clonagem foi utilizado o plasmídio
pGEM®-T Easy Vector - Promega.
2.8.1 Reacção de ligação De modo a determinarmos a quantidade de inserto necessária
foi usada a fórmula fornecida pelo fabricante e usando inicialmente
um rácio inserto:vector de 3:1 e 50ng de vector:
E
E
Estes cálculos estão resumidos no Quadro 3. De seguida
procedeu-se à realização do protocolo de acordo com as instruções
Fragmento Concentração
flrt2b 10 ng/µL
flrt2c 20 ng/µL
flrt3 80 ng/µL
= ng de vector x tamanho(x1000pb) inserto x 3 = ng de inserto
tamanho(x1000pb) vector 1
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 46
do fabricante (Promega). A reacção de ligação foi deixada a ocorrer
durante a noite a 4ºC
Quadro 3 – Quantidade e volume de inserto usada na reacção de ligação ao vector
2.8.2 Transformação bacteriana Durante este processo pretende-se que as bactérias usadas
para a clonagem - células competentes DH5α - incorporem o
plasmídio com o inserto, resultado da ligação feita no ponto
anterior. Uma vez incorporado, este plasmídio será alvo de
replicação à medida que as bactérias proliferam aumentando assim
a quantidade disponível dos fragmentos de genes obtidos pelo PCR
feito a partir do cDNA no ponto 2.7.
2.9 Purificação do DNA plasmídico A partir das caixas de petri contendo a cultura da
transformação bacteriana, foram escolhidas 10 colónias para cada
gene. As colónias foram picadas com uma ponta estéril de pipeta e
colocadas em tubos de ensaio (falcons) de 15 mL de capacidade
contendo 5 mL de meio LB com ampicilina à concentração de
50ng/mL. Foram deixados em agitação – 300 rpm – durante a noite
numa estufa seca a 37ºC.
De modo a purificar o DNA plasmídico, foi usado o produto
comercial Wizard® Plus Minipreps DNA Purification System da
marca Promega..
Fragmento Tamanho Quantidade Volume
flrt2b ≅ 600 pb 30 ng 3,0 µL
flrt2c ≅ 500 pb 25 ng 1,25 µL
flrt3 ≅ 700 pb 35 ng 0,44 µL
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 47
O DNA foi eluído em água Milli-Q, quantificado em
espectrofotómetro e armazenado a -20ºC.
2.10 Digestão do plasmídio É necessário nesta fase confirmar a inserção do fragmento
clonado. Para tal recorremos à digestão enzimática do plasmídio
purificado no ponto anterior, com recurso à enzima apropriada.
Desta formar podemos libertar o inserto e confirmar assim a sua
presença. O Quadro 4 resume as enzimas usadas.
Quadro 4: Enzimas usadas para libertar o inserto.
2.11 Sequenciação A sequenciação foi feita com base no método da reacção de
Sanger através de um sequenciador automático. Para a reacção de
Sanger foram usados os tempos de acordo com o Quadro 5.
Quadro 5: Tempos aplicado à reacção de Sanger.
x25 ciclos
Fragmento Enzimas usadas
flrt2b Sal I
flrt2c Sal I
flrt3 Nco I
Temperatura Tempo
96ºC 1 minuto
96ºC 10 segundos
50ºC 5 segundos
60ºC 4 minutos
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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Os resultados da sequenciação foram depois analisados
usando o algoritmo BLASTn versão 2.2.18+ (Zhang et al. 2000).
Este programa informático, disponibilizado pelo NCBI (do inglês,
National Center for Biotechnology Information) está disponível na
rede em http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi. Os resultados
obtidos nunca foram inferiores a 94% de identidades – para o
fragmentos de gene Flrt2b – tendo atingido os 99% de identidade
para os fragmentos Flrt2c e Flrt3. Foi assim considerado como
significativamente semelhante ao fragmento a clonar e adequado à
síntese de sonda para a hibridação in situ.
2.12 Purificação de plasmídio em elevada concentração – midipreps
Para este processo procedeu-se à cultura em 100 mL de meio
LB com ampicilina, e sob agitação, dos clones cuja sequenciação foi
considerada significativa para cada um dos fragmentos de genes.
Para a purificação do plasmídio foi usado o produto comercial
PureYield™ Plasmid Midiprep System da Promega, de acordo com
as instruções do fabricante. Na eluição final do DNA foi usado um
volume de 50 µL em água Milli-Q e medidas as concentrações no
espectrofotómetro.
2.13 Produção da sonda para a hibridação in situ
A produção das sondas de RNA para a hibridação in situ
envolve a linearização do plasmídio contendo o fragmento de gene
e a transcrição in vitro das sondas sense e antisense. O fragmento
do gene encontra-se inserido no plasmídio estando rodeado de
sequências reconhecidas por diversas enzimas de restrição assim
como pelas sequências reconhecidas pelas enzimas polimerases de
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 49
RNA T7 e SP6. Estas enzimas catalizam a síntese 5’3’ do RNA a
partir destas sequências.
2.13.1 Linearização do plasmídio Usaram-se 10 µg do plasmídio purificado no ponto 2.12, com
1 µL da enzima apropriada, num volume total de 20 µL. Esta
reacção decorreu durante cerca de 3 horas a 37ºC. Foi de seguida
verificada, através de electroforese em gel de agarose a correcta
linearização. Este será o DNA molde a partir do qual será feita a
transcrição in vitro. No Quadro 6 está o resumo das enzimas
usadas, com referência ao tipo de sonda produzida.
Quadro 6: Enzimas e polimerases usadas na síntese da sonda de RNA.
2.13.2 Transcrição in vitro Para esta reacção usou-se 1 µg de plasmídio linearizado.
Nesta reacção é utilizada uma mistura de ribonucleótidos feita com
os UTP marcados, através da sua ligação a uma molécula de
digoxigenina, que será importante para a revelação da hibridação in
situ. O uso das polimerases T7 e SP6, devido à posição oposta em
relação ao inserto destas sequências, permite obter os dois tipos de
sonda. Esta reacção ficou a 37ºC durante cerca de 3 horas e no
final foi feita a análise usando 1 µL numa electroforese em gel de
EST (Tipo de sonda) Enzima usada Polimerase usada
flrt2b (anti-sense) Sal I T7
flrt2b (sense) Nco I SP6
flrt2c (anti-sense) Sal I T7
flrt2c (sense) Nco I SP6
flrt3 (anti-sense) Nco I SP6
flrt3 (sense) Sal I T7
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agarose. No Quadro 6 podemos ver as polimerases usadas na
transcrição in vitro.
2.14 Hibridação in situ Esta técnica baseia-se na hibridação com elevada
especificidade de ácidos nucleicos marcados. O ácido nucleico
marcado é a sonda de RNA realizada no ponto 2.13.2 contendo um
epitopo, a digoxigenina, ligada às bases de uracilo. A utilização de
um anticorpo, conjugado com a Fosfatase Alcalina, contra este
epitopo, permite a visualização, através de uma reacção
cromogénica, do local de expressão do gene em estudo. Esta
análise é possível devido à elevada afinidade e especificidade da
hibridação, permitindo a utilização de condições de elevada
estrigência durante o protocolo.
A hibridação in situ foi realizada essencialmente em embriões
de 32 e 48 horas pós fertilização. O protocolo da hibridação in situ
encontra-se detalhado no anexo II e compreende três dias. No
primeiro os embriões são sujeitos à preparação para a hibridação
garantindo o acesso da sonda pela permeabilização das estruturas
do embrião por um lado e por outro usando condições de elevada
estringência de modo a garantir a especificidade do sinal. No
segundo dia ocorre a lavagem do excesso de sonda, cuja hibridação
em locais não específicos poderia juntar algum ruído ao sinal, e
ainda a colocação do anticorpo a 4ºC de modo a aumentar a
especificidade das ligações do anticorpo no embrião, idealmente
apenas com a digoxigenina dos ácidos nucleicos marcados. O
terceiro dia tem por objectivo a lavagem do anticorpo em excesso e
a revelação em meio alcalino.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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2.15 Análises bioinformáticas complementares
Além dos testes bioinformáticos com recurso ao software
online do NCBI, foi ainda necessário realizar testes
complementares. Para isso recorreu-se ao uso de um software
especializado que, fazendo uso de uma base de dados contendo
dados bioquímicos para os diferentes aminoácidos e através de um
algoritmo próprio, permite prever o comportamento da sequência
proteica (CLC DNA Workbench ver 5.5 Build 5501).
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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3-Resultados
3.1 - Os genes Flrt2 e Flrt3 em Peixe-zebra Para o gene Flrt2, a pesquisa forneceu duas EST,
denominadas para este trabalho como Flrt2b e Flrt2c, anotadas no
NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) como AW826912 (Flrt2b) e
AI588736 (Flrt2c). Para Flrt3 a pesquisa forneceu uma EST anotada
com a referência CT636783. As sequências destas EST encontram-
se em anexo.
3.1.1 - Análise bioinformática do gene Flrt2 Para o gene Flrt2 foram isolados dois fragmento de gene,
correspondendo às duas EST encontradas durante a análise
bioinformática. Temos então os fragmentos de genes Flrt2b e
Flrt2c, tratando-se de duas sequências diferentes, que fazem parte
de regiões distintas e não sobreponíveis do mRNA do gene Flrt2,
em Peixe-zebra. A clonagem para Flrt2b isolou um fragmento com
589 pares de bases (pb) e para o gene Flrt2c obteve-se um
segmento com 502 pb, cujo alinhamento com as sequências da
base de dados para Flrt2 mostram uma homologia à volta dos 95%.
O gene Flrt2 está mapeado no cromossoma 17 de Danio
rerio. O BLAST com a sequência proteica deste gene mostra uma
menor conservação comparado com os resultados para Flrt3, talvez
por estar envolvida num número inferior de processos durante o
desenvolvimento.
A análise filogenética reflecte o padrão esperado de acordo
com a posição evolutiva das espécies analisadas e agrupa as
espécies em concordância com o resultado para Flrt3. A análise de
hidrofobicidade mostra igualmente uma putativa região
transmembranar em todos os modelos analisados.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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Figura 3.1: Alinhamento das sequências de aminoácidos para Flrt2 entre Peixe-zebra e Xenopus, galinha, ratinho, e homem, dispostas na vertical segunda esta ordem. Podemos perceber que as regiões altamente conservadas estão restritas aos domínios LRR. Os domínio LRR vão sensivelmente do aminoácido 60 ao 300. O gráfico de barras colocado abaixo da sequencia mostra o grau de conservação.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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3.1.2 Análise bioinformática do gene Flrt3 Para o gene Flrt3 a pesquisa forneceu uma EST anotada com
a referência CT636783. A clonagem realizada permitiu o isolamento
de um fragmento com 708 pb. O alinhamento da sequência de DNA
feito contra a sequência obtida das base de dados, contendo a ORF
completa para o cDNA, mostrou 99% de identidades. O
mapeamento deste gene revela a sua localização no cromossoma
13 de Danio rerio.
Foi feita também uma análise comparativa através do
alinhamento (BLASTp) entre a sequência proteica deste gene em
diversos modelos, como galinha, ratino e humano. Os resultados
mostram uma identidade de 74% contra galinha, e 73% contra
Xenopus, ratinho e humano. Tendo em conta as substituições
conservadas, os valores oscilam entre 85% e 86%. Tendo em conta
a divergência evolutiva entre as espécies, estes são valores
elevados de conservação da proteína. A porção N-terminal da
proteína é composta por cerca de 200 aminoácidos que estruturam
o domínio LRR. Avançando para a terminação COOH, temos de
seguida o domínio de fibronectina III, seguido da região
transmembranar. O domínio intracelular não possui domínio
conhecidos e é também ele muito conservado, sugerindo a
existência de elementos funcionais até agora desconhecidos.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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Figura 3.2: Alinhamento das sequências de aminoácidos para Flrt3 entre Peixe-zebra e Xenopus, galinha, ratinho, e homem, dispostas na vertical segunda esta ordem. Podemos perceber a elevada conservação das diferentes moléculas ao longo da maioria da sequência proteica. Do aminoácido 52 ao 256 encontramos as 10 repetições de luecina (os motivos LRR). O gráfico de barras colocado abaixo da sequencia mostra o grau de conservação.
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Uma análise filogenética à proteína Flrt3 entre as espécies
considerados mostra também o agrupamento esperado, de acordo
com as relações filogenéticas entre os organismos em estudo.
Assim, Mus musculus agrupa num clado monofilético com Homo
sapiens, deixando de fora Gallus gallus. Segundo esta análise
filogenética, Gallus gallus é a espécie mais próxima dos
mamíferos, seguindo-se Xenopus laevis e como espécie mais
distante encontramos Danio rerio.
Após uma análise da hidrofobicidade, usando tanto os
parâmetros de Kyte-Doolitle como de Eisenberg, foi revelada uma
região putativa para o domínio transmembranar de cerca de 27
aminoácidos. É uma região altamente hidrófoba, ladeada por
pequenas regiões muito hidrofílicas e é conservada entre Peixe-
zebra, Xenopus, galinha, ratinho e humano.
3.2 Padrão de expressão de Flrt2 Não foi possível obter resultados de hibridação in situ para o
gene Flrt2. No estudo do padrão de expressão deste gene usaram-
se os dois fragmentos de genes disponíveis, flrt2b e flrt2c. Em
nenhum caso foi possivel observar um padrão de expressão com
estas sondas (Fig 3.3)
Figura 3.3: Hibridação in situ para a sonda flrtc
antisense, evidenciando a ausência de marcação. A
sonda flrt2b apresenta o mesmo aspecto
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3.3 Padrão de expressão de Flrt3 As hibridações in-situ foram feitas na larva de Peixe-zebra
durante o período de faríngula que decorre entre as 24hpf e as
48hpf, tendo sido analisados essencialmente dois estádios: 32 hpf e
48 hpf. Na fase de faríngula, o sistema nervoso está já bem
desenvolvido, apresentando um cérebro anterior com 5 cavidades.
A somitogénese está já completa e é durante esta fase que as
barbatanas peitorais iniciam o seu desenvolvimento.
O padrão de expressão de Flrt3 varia consoantes os estádios
analisados. Assim, para os estádios de 32hpf (figura 3.1), mostra
marcação nos olhos, MHB, rombencéfalo, barbatanas peitorais e
cavidade pericardial.
Figura 3.4: Marcação para flrt3 em embriões com cerca de 32hpf. 1-
MHB; 2-Rombencéflao; 3- Barbatanas peitorais; 4- Cavidade
Pericardial
No estádio de 48 hpf, podemos ver como estruturas
marcadas os olhos, cerebelo, arcos branquiais, rombencéfalo e
barbatanas peitorias. Isto é consistente com o que foi visto em
ratinho, ratazana, galinha, Xenopus e, em parte, também com os
dados para Peixe-zebra de Thisse & Thisse publicados na rede em
www.zfin.org, embora não seja possível observar a marcação em
todas as estruturas descritas por este autor. A marcação para Flrt3
surge em locais onde, ou a sinalização por Fgf está presente, ou em
regiões afectadas por esta.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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Figura 3.5: Marcação para as barbatanas peitorias (1), arcos branquiais (2) cerebelo (3) e rombencéfalo (4).
De modo inesperado parece não haver marcação na AER/AF,
embora um estudo histológico mais aprofundado, pela análise de
secções, seja essencial na determinação desta marcação. Numa
tentativa de obter mais informação acerca da localização da
marcação, foi tirada a fotografia da figura 3.6. Na figura 3.6, onde
podemos observar um pormenor ampliado da barbatana peitoral,
vemos uma marcação sugerindo a localização do mRNA para Flrt3
no mesênquima.
Figura 3.6 (Image_4001): Pormenor da barbatana peitoral. Em B, uma ampliação da área do
rectângulo em A, aparentando uma marcação do mesênquima e não da ectoderme.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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De modo a comprovar a origem da marcação, foram feitos cortes
histológicos ao nível da barbatana (Figura 3.7). Os resultados
apresentados são no entanto preliminares, uma vez que faltará
ainda a análise da marcação com a sonda sense. No entanto os
resultados parecem sugerir uma marcação no mesênquima. Serão
necessários mais estudos de hibridação in situ com o
seccionamento da região em análise de modo a provar esta
localização.
Figura 3.7: A - Corte histológico ao nível das barbatanas peitorais. É possível
observar uma ligeira coloração do mesênquima, sugerindo marcação da sonda nesta
zona. Ampliação:20x. B: ampliação digital da secção transversal da barbatana
peitoral (zona delimitada pelo rectângulo em A). C: Imagem da ausência de
marcação para a hibridação controlo, com a sonda sense para Flrt3.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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4- Discussão
4.1 Flrt1 Durante a análise bioinformática pesquisaram-se os três
membros da família Flrt, não tendo sido possível encontrar o
membro Flrt1. Não se fizeram estudos mais aprofundados acerca
deste resultado, na tentativa de perceber as razões de Flrt1 não ser
encontrado. Talvez haja um parálogo, até agora desconhecido, de
um dos outros membros que esteja a desempenhar a função deste.
4.2 Padrão de expressão de Flrt2 A análise da hibridação in-situ feita para Flrt2 não mostrou
qualquer marcação, apesar de extensivamente ter sido repetida a
hibridação e utilizando condições diferentes como uma temperatura
de hibridação mais baixa de modo a baixar as condições de
estringência. Na clonagem para este gene, clonaram-se duas EST,
flrt2b e flrt2b. Ao analisar os fragmentos de gene clonados, estes
mostram uma identidade superior a 95% com os fragmentos de
gene das bases de dados, pelo que teoricamente a sonda tem
condições para hibridar com o seu alvo. Um outro aspecto relevante
é o protolcolo usado. No entanto, temos um controlo positivo para
o protocolo na expressão do gene Flrt3. Poderá ser que a sonda
sintetizada tenha alguma particularidade que impede a sua
hibridação, pelo menos usando este protocolo. No entanto isto teria
de ser verdadeiro para as duas sondas, o que parece ser
improvável. Foi ainda tentado diminuir a estrigência baixando a
temperatura de hibridação para 65º C, mas sem resultados. Talvez
a existência de formas alternativas deste gene, como a existência
de genes parálogos possa explicar estes resultados.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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4.3 Flrt3 Os primeiros estudos funcionais deste gene começaram por
sugerir que este seria mais um modulador da via Fgf (Bottcher et
al. 2004). Estes autores mostraram também que ocorre uma
interacção in vivo entre Flrt3 e Fgfr e que apenas a porção
citoplasmática de Flrt3 é necessária para a sua modulação da via
Fgf. No entanto a possibilidade de haver um ligando para Flrt3 não
está posta de parte, assim como a sua actuação autónoma. A
modulação exercida sobre a sinalização Fgf poderá servir para, em
determinadas situações, ser necessário activar a via Mek/Erk, em
detrimento da PI3(K). Posteriormente, verificou-se que estava
também implicado no crescimento de neurites após lesão, havendo
um aumento da expressão de Flrt3, e que a sobreexpressão deste
gene aumenta a taxa de crescimento das neurites (Robinson et al.
2004; Tsuji et al. 2004). Podemos estabeler uma relação entre os
trabalhos destes autores com os trabalhos de Bottcher et al. 2004,
na medida em que a sinalização por Fgf é constitutivamente
expressa e até aumentada a sua expressão em neurónios da raiz
dorsal após lesão (Grothe et al. 2001). Caso estes neurónios
respondam a Flrt3 produzindo fgf, esta molécula pode actuar sobre
as células de Schwann, que expressam Fgfr (Grothe et al. 2001),
aumentando a sua taxa mitótica, por exemplo. É possível que,
através da interacção entre Flrt3 e a sinalização por Fgf, haja a
ocorrência de processos regenerativos na lesão do nervo. Dados
obtidos em ratazana, mostram que a expressão de Flrt3 no cérebro
é profundamente alterada na transição entre o desenvolvimento
embrionário e a fase adulta (Robinson et al. 2004). Em adultos a
transcrição de Flrt3 neste órgão é muito limitada, ao contrário da
sua expressão generalizada durante o desenvolvimento, como
acontece durante o desenvolvimento de Peixe-zebra. Isto poderá
significar a sua acção sobre processos de diferenciação/proliferação
durante o desenvolvimento e ser responsável pela plasticidade do
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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cérebro no animal adulto. Mais uma vez, a sinalização Fgf é
fundamental para estes processos, pelo que há mais uma vez há a
sugestão do envolvimento do dueto sinalização Fgf/Flrt3. Também
no caso da padronização dos sómitos, Flrt3 está expresso nas
células do lábio lateral do dermamiótomo, que delaminam e
migram para formar a musculatura hipaxial do tronco e do
membro.
A expressão de Flrt3 no cérebro após lesão não é detectável,
pelo que o papel deste gene na regeneração do sistema nervoso
central (CNS do inglês, Central Nervous System) será limitado. No
entanto seria interessante, de um ponto de vista terapêutico e não
só, verificar o seu potencial regenerador no CNS, uma vez que
axónios sensoriais transplantados para a matéria branca encefálica
não só sobrevivem como também regeneram (Davies et al. 1997).
O padrão de expressão de Flrt3 em Peixe-zebra mostra a
presença de flrt3 em várias estruturas cuja sinalização por Fgf é
essencial durante o desenvolvimento. É exemplo disso a MHB
(Scholpp et al. 2003), os arcos branquiais (Denise et al. 2009) e a
retina (Picker et al. 2009), entre outras. No entanto, os resultados
deste trabalho parecem apontar para uma expressão
mesênquimatosa de flrt3 durante parte do desenvolvimento da
barbatana peitoral, ao contrário do padrão de expressão
conservado para este gene, entre Xenopus, galinha e ratinho, onde
é expresso na AER. Este resultado, a confirmar, poderia indicar
uma função para Flrt3 no desenvolvimento do membro diferente do
desempenhado por Flrt3 nos outros modelos, e seria interessante
perceber a sua diferente regulação e suas causas.
Uma outra explicação poderá estar relacionada com o gene
Un5B. Este gene está ainda pouco estudado, mas são já conhecidas
propriedades desta proteína codificada por este gene na orientação
de axónios, apoptose e angiogénese.. No entanto há ainda muito
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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por explorar acerca da proteína Un5B. A caracterização dos seus
ligandos, moduladores e alvos está ainda muito incipiente. Estudos
recentes mostram que a proteína Un5B interage com alta afinidade
com Flrt3 através dos domínio LRR, provocando uma diminuição da
adesão celular (Karaulanov et al. 2009). Dados obtido para o
padrão de expressão de Un5B em Peixe-zebra mostram a sua
expressão na AER (Figura 4.1).
Figura 4.1: Expressão de Unc5b em embrião de Peixe-zebra com 48 hpf,
evidenciando a marcação na AER/AF (seta), entre outras estruturas. Retirado
de (Thisse 2008)
Caso a proteína Flrt3 esteja presente no mesênquima, é
provável que possa estar haver uma interacção entre Un5B da AER
e Flrt3 do mesênquima. No entanto ainda não se percebeu qual o
tipo de interacção que ocorre entre estas duas proteínas, se em cis
(ocorrendo na membrana plasmática da mesma célula) se em trans
(entre células vizinhas). Esta interacção poderia servir para uma
diminuição da adesão celular, permitindo a expansão e proliferação
celular das células do membro em desenvolvimento, ou outro
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
Frederico Alves de Matos, 2009 64
processo desconhecido, uma vez que não se conhecem todos os
alvos de Un5B. Seria também interessante estudar o envolvimento
de Flrt3 nos processos de angiogénese e apoptose mediados por
Un5B.
Outro aspecto futuro a considerar seria analisar
funcionalmente as propriedades do domínio intracelular das
proteínas da família Flrt na tentativa de perceber as interacções
com eventuais moléculas efectoras do citoplasma e suas acções.
Análise dos genes Flrt2 e Flrt3 no desenvolvimento da barbatana peitoral em Peixe-zebra
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Anexo I – Sequências de DNA clonadas em Danio rerio
Sequência nucleotídica de FLRT2b AW826912 (589pb) 5’ CACGAGGTTGCGGCTAGATGAGAATCGCATTGCACTTATAACCGAGGACGCTTTCGAGAACGTGACAGGTCTTGAACTTCTTCTCCTGGACGGGAACCTGCTCACGGATGAGGGCATCACCCCCGGGTCTCTCCAGACGCTCGCTAATCTCAAAACCTTGTCAATGGCGCGGAACTCCCTCACGGTTCCTCCTCCTAACCTGCCCACAGAGTTTCTAATCAAGCTGAACTTGCAGGATAATCAGATGAATGAGATTCCTTTGACGGCCTTTCGAGGCCTCCATCGCTTGAAGAGACTGGATATTTCAAACAACCAGCTGCAGTCTCTCACACANGGGGTCTTTGACAGCCTTCACAGTCTGAGACAGCTCACTGTTCNAAACAACCTTTGGCTCTGTGACTGCGACATTAAATGGGTCATACTGTGGTTAAAGTCCCTGCCANCTACCCTCAACATCCATAGCTTCATGTACCATATACCAGAAAAGGTACCTAGCATAGTAATCAGAAAACTAACCCTAAGAACTCATCCANTAGTCCTAACAGCACCANCACANTCCCACANCCCACACTACTTTCTTTCTGCACCA 3’
Sequência nucleotídica de Flrt2c NCBI: AI588736 (502bp) 5’ GAGCCTGACGTCTGTGCCTCTGGGGGTGCAAGAGGGATACAAGACCCTCTTCCTCCACAACAATCAGATCAACAATGCCGGCTTTCCATTGGAGCTACACAATGTTGCCTCTGTAGAAACGGTTTACCTGTACGGGAATCAGCTGGATGAATTTCCCCTTAACCTTCCGAAGAATGTCCGAGTGTTGCATCTCCAGGAAAACAACATCCAGACCATTTCCAGGGCAGCACTTGCCCAGCTACACATGCTGGAGGAACTCCACCTGGATGACAACTCCATCTCAACTGTAGGGGTAGAGGAGGGGGGCTTTTAGGGAGGCTCTCAGTCTCAAACTTCTTTTCCTCACCAAAAACCATCTAAGCAGTATCCCTATCGGATTACCTGCAGACCTAAAGGAGCTGCGTTTGGATGAGAATCGAATTGCAGACATTGACGAGGATGCCTTTCAGAATGTCACCACCCTGCAGCGACTGTTACTGGATGGAAACTTGCTTGAGGATGA 3’
Sequência nucleotídica de Flrt3 CT636783 (708bp) 5’ CGGTACTATTTCTCCAAAACAACCGCATCAAAAGTGCAGGGATTCCTACAGATCTACGAAGGCTAAATGGCGTTGAAAAGATTTACCTATACTGCAACAACCTGGATGAGTTCCCCACCAATTTGCCGCTTAATGTCAAGGAACTTCATTTACAGGAGAACAATATCCGGACTATCACACACGCCTCACTTGCACAGATTCCCTTCATTGAGGAATTACACCTTGATGACAATTCTGTTTCAGCTGTCAGCATCGAAGAGGGTGCATTCCGGGACAGCAACCATTTGAGGCTGCTTTTTCTGTCCCGCAACCACCTAAGCACCATACCTTCCGGTTTGCCAATGACTATAGAGGAGCTTCGATTTGATGACAACCGCATCTCATCCATCTCAGAGGCATCTCTGCAGGACCTTATAAACCTGAAGCGACTGGTTCTGGATGGCAACCTCCTGAACAACAGGGGCATCGGGGAGATGGCCTTGGTGAATTTAGTAAATCTGACCGAGCTCTCATTGGTACGAAACTCCCTGACGTCCCCACCAGCCAACTTGCCTGGCTCAAGCCTAGAGAAGCTAAATCTTCAAGACAACCACATCAATCACGTACCACCAGGTGCCTTTGCTCTTCTGCGACAGCTGTACCGCTTGGATTTGTCAGGCAACAACTTGAGCAGTCTGCCCATGGGGGTATTTGAGGACCTGGATAACC 3’
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Anexo II - Protocolo da hibridação in situ.
Dia 1 1- Lavar com 50% MeOH/PBT, em agitação durante 5 minutos
2- Lavar com 25% MeOH/PBT, em agitação durante 5 minutos
3- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
4- Descorionar em assépsia
5- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
6- Fixar com 4% PFA em PBT no gelo durante 20 minutos
7- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
8- Tratamento com PK a 10µg/mL durante 10 minutos sem agitação.
9- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
10- Fixar com 4% PFA em PBT no gelo durante 20 minutos
11- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
12- Uma passagem rápida por água Milli-Q
13- Lavar durante 10 minutos sem agitação em solução com anidrido acético e
trietanolamina na proporção de 2,5µL de anidrido acético para cada 1,0 mL de
trietanolamina 0,1M .
14- Uma passagem rápida por água Milli-Q
15- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
16- Préhibridar a 70ºC durante 60 minutos
17- Hibridação durante a noite.
Dia 2 1- Retirar a sonda e reaproveitá-la para futuras hibridações.
2- Lavar em solução de 5xSSCT com 50% formamida durante 30 minutos a
70ºC.
3- Lavar em solução de 2xSSCT com 50% formamida durante 30 minutos a
70ºC.
4- Lavar em solução de 2xSSCT com 25% formamida durante 30 minutos a
70ºC.
5- Lavar em solução de 2xSSCT durante 30 minutos a 70ºC.
6- Lavar em solução de 0,2xSSCT durante 30 minutos a 70ºC.
7- Lavar com PBT, em agitação durante 5 minutos (duas vezes)
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8- Lavar em solução bloqueio (5% de soro inactivado de ovelha em PBT) durante
3 horas
9- Incubar com α-Dig a 4ºC durante a noite.
Dia 3 1- Lavar com PBT, em agitação durante 1 minuto (duas vezes)
2- Lavar com PBT, em agitação durante 15 minutos (seis vezes)
3- Lavar em NTMT com levamisol durante 5 minutos (duas vezes)
4- Revelar com BM purple em câmara escura
5- Lavar com PBT, em agitação durante 15 minutos (seis vezes)
6- Fixar com 4% PFA em PBT
7- Armazenar em Azida sódica a 1% em PBT a 4ºC.