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0 Paula Jaeger de Freitas TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO Análise dos fatores da Qualidade de Vida no Trabalho e do Comprometimento Organizacional dos funcionários no setor de Suprimentos do Centro de Serviços Perdigão em Itajaí - SC Administração de Recursos Humanos ITAJAÍ (SC) 2008 II UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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0

Paula Jaeger de Freitas

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

Análise dos fatores da Qualidade de Vida no Trabalho e do Comprometimento

Organizacional dos funcionários no setor de Suprimentos do Centro de Serviços

Perdigão em Itajaí - SC

Administração de Recursos Humanos

ITAJAÍ (SC)

2008 II

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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1

PAULA JAEGER DE FREITAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

ESTÁGIO

ANÁLISE DOS FATORES DA QUALIDADE

DE VIDA NO TRABALHO E DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

DOS FUNCIONÁRIOS NO SETOR DE SUPRIMENTOS DO CENTRO DE

SERVIÇOS PERDIGÃO EM ITAJAÍ - SC

Trabalho de Conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

ITAJAÍ – SC, 2008

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2

Primeiramente agradeço a Deus por

me iluminar e guiar meus passos.

Agradeço a minha mãe, Laura, pelo

incessante incentivo aos estudos,

carinho e educação. Ao meu esposo

Igor, pelo seu companheirismo,

amor e dedicação. As minhas

colegas Kariny Müller, Célia

Dalabrida e Francieli Corrêa, pela

amizade.

Agradeço a todos os professores

que transmitiram seus

conhecimentos no decorrer deste

curso, em especial a minha

orientadora Professora Cristina

Balsini, pela competência,

dedicação e amizade.

À Perdigão Agroindustrial S.A, pela

oportunidade do desenvolvimento

deste trabalho.

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3

“...Bom mesmo é ir à luta com

determinação, abraçar a vida com

paixão, perder com classe e vencer

com ousadia, porque o mundo

pertence a quem se atreve...

A vida é “muito” pra ser

insignificante”.

Charles Chaplin

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4

EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Paula Jaeger de Freitas

b) Área de estágio

Área de Recursos Humanos

c) Supervisor de campo

Jair Bondicz

d) Orientador de estágio

Prof. MSc. Cristina Pereira Vecchio Balsini

e) Responsável pelo Estágio Supervisionado em Administração

Prof. MSc. Eduardo Krieger da Silva

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5

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão social

Perdigão Agroindustrial S.A.

b) Endereço

Rua Jorge Tzachel, 475. Fazenda. Itajaí SC.

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Setor de Recursos Humanos

d) Duração do estágio

240 horas

e) Nome e cargo do orientador de campo

Jair Bondicz – Gerência Relacionamento com Clientes

f) Carimbo e visto da empresa

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6

AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

ITAJAÍ, 03 DE NOVEMBRO DE 2008.

A Empresa PERDIGÃO AGROINDUSTRIAL S.A., pelo presente instrumento, não

autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar em sua biblioteca, o

Trabalho de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Supervisionado,

pela acadêmica PAULA JAEGER DE FREITAS.

_____________________________

Jair Bondicz

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RESUMO

A preocupação em manter um ambiente de trabalho saudável, deve ser uma constante nas organizações que buscam melhores níveis de produtividade, visto que promover o bem-estar de seus funcionários, desenvolvendo elementos que a QVT gerencia, resulta num aumento da motivação, satisfação e produtividade, tornando-os comprometidos com o negócio da empresa. Este trabalho abordou uma pesquisa realizada na empresa Perdigão Agroindustrial S.A. O objetivo geral foi o de analisar os fatores que influenciam na qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional, segundo o modelo de Walton (1973) e Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997). Para o desenvolvimento do trabalho utilizou-se uma abordagem quantitativa, tendo como tipologia de estágio a pesquisa-diagnóstico. E para a coleta de dados junto aos 32 funcionários utilizou-se um questionário com questões fechadas. Os resultados obtidos demonstram que os fatores da QVT que são mais favoráveis foram: o trabalho e o espaço total de vida, relevância social da vida no trabalho, integração social na organização e condições de saúde e segurança no trabalho e os poucos favoráveis: compensação justa e adequada e uso e desenvolvimento de capacidades. Quanto ao comprometimento predomina a dimensão afetiva. Acredita-se que por ser a primeira pesquisa sobre o tema QVT e comprometimento organizacional no setor, esta servirá de base para a aplicação em outros departamentos da empresa, e os seus resultados utilizados para melhoria no ambiente e na satisfação dos funcionários, procurando desta forma alinhar a realização pessoal com a busca de resultados organizacionais. PALAVRAS-CHAVE: Recursos Humanos, Qualidade de Vida no Trabalho e

Comprometimento.

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8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Elaboração do instrumento de coleta de dados ...................................... 18

Figura 1 – Os Seis Processos de Gestão de Pessoas .............................................. 25

Quadro 2 - Evolução do conceito de QVT ................................................................. 41

Quadro 3 - Indicadores de Qualidade de vida no Trabalho. ...................................... 46

Quadro 4 - Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho – QVT ............ 47

Quadro 5 - As três componentes mais comuns do comprometimento organizacional

.................................................................................................................................. 59

Figura 2 - Estrutura organizacional do Centro de Serviços Perdigão ........................ 63

Quadro 6 - Resultado do perfil dos funcionários ....................................................... 68

Gráfico 1 - Fatores de qualidade de vida no trabalho ................................................ 80

Gráfico 2 - Tipos de Comprometimento .................................................................... 85

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9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Compensação justa e adequada ............................................................. 72

Tabela 2 – Condições de segurança e saúde no trabalho ........................................ 73

Tabela 3 – Uso e desenvolvimento de capacidades ................................................. 74

Tabela 4 – Oportunidade de crescimento e segurança ............................................. 75

Tabela 5 – Integração social na organização ............................................................ 76

Tabela 6 – Constitucionalismo .................................................................................. 77

Tabela 7 – O Trabalho e o espaço total de vida ........................................................ 78

Tabela 8 – Relevância social da vida no trabalho ..................................................... 79

Tabela 9 – Comprometimento Afetivo ....................................................................... 81

Tabela 10 – Comprometimento Instrumental ............................................................ 83

Tabela 11 – Comprometimento Normativo ................................................................ 84

Tabela 12 – Critérios utilizados para promoção ........................................................ 86

Tabela 13 – Feedback do trabalho realizado ............................................................ 87

Tabela 14 – Informações sobre todos o processo de trabalho realizado no setor .... 87

Tabela 15 – Franqueza e honestidade dos colegas .................................................. 88

Tabela 16 – Tratamento igualitário ............................................................................ 88

Tabela 17 – Funcionários que gostariam de retornas os estudos ............................. 88

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10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 Problema da Pesquisa / Justificativa .............................................................. 13

1.2 Objetivos geral e específicos ........................................................................... 15

1.3 Aspectos metodológicos .................................................................................. 15

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio ............................................................. 16

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa .............................................................. 17

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados .......................................... 18

1.3.4 Tratamento e análise dos dados ...................................................................... 20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 21

2.1 Administração ................................................................................................... 21

2.2 Administração de recursos humanos ............................................................. 24

2.2.1 As funções de recursos humanos .................................................................... 26

2.3 Trabalho ............................................................................................................. 28

2.4 Motivação ........................................................................................................... 30

2.5 Liderança ........................................................................................................... 34

2.6 Cultura Organizacional ..................................................................................... 36

2.7 Clima Organizacional ........................................................................................ 37

2.8 Qualidade de Vida no Trabalho ........................................................................ 39

2.9 Modelos de estudo de QVT .............................................................................. 43

2.9.1 O modelo de Nadler e Lawler (1983)................................................................ 44

2.9.2 O modelo de Siqueira e Coletta (1989) ............................................................ 44

2.9.3 Modelos de Dimensões Básicas da Tarefa de Hackman e Oldham (1975) ..... 45

2.9.4 O modelo de Westley (1979) ............................................................................ 46

2.9.5 O modelo de Walton (1973) ............................................................................. 47

2.10 O Comprometimento Organizacional ............................................................ 53

2.11 O Modelo das três dimensões de Meyer e Allen .......................................... 56

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ............................................. 61

3.1 Caracterização da organização ........................................................................ 61

3.1.1 Histórico ........................................................................................................... 61

3.1.2 Ramo de Atividade ........................................................................................... 63

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11

3.1.3 Estrutura organizacional ................................................................................... 63

3.1.4 Visão ................................................................................................................ 64

3.1.5 Missão .............................................................................................................. 65

3.1.6 Princípios e Valores ......................................................................................... 65

3.1.7 Filosofia ............................................................................................................ 66

3.1.8 Produtos/Serviços ............................................................................................ 66

3.1.9 Principais clientes ............................................................................................. 67

3.2.0 Principais fornecedores .................................................................................... 67

3.2.1 Principais concorrentes .................................................................................... 67

3.2 Resultados da pesquisa de campo .................................................................. 68

3.2.1 Apresentação do perfil dos funcionários........................................................... 68

3.2.2 Fatores que afetam a QVT na percepção dos funcionários do setor de

suprimentos do CSP ................................................................................................. 72

3.2.3 Identificação do tipo de comprometimento predominante no setor de

suprimentos do CSP ................................................................................................. 81

3.2.3 Correlação dos resultados da pesquisa com o perfil dos funcionários ............. 86

3.3 Sugestões de melhorias ................................................................................... 89

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 91

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 93

APÊNDICE ................................................................................................................ 99

DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO ............................................... 102

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ................................................................... 103

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12

1 INTRODUÇÃO

O trabalho no decorrer de sua história sempre ocupou lugar de destaque na

vida do ser humano, pois é através dele que indivíduo se desenvolve e cria sua

identidade. Nos últimos tempos esta relação passou por profundas transformações:

os trabalhadores deixaram de ser meras engrenagens na linha de produção para

tornarem-se qualificados e polivalentes.

A partir destas mudanças, a preocupação com o bem-estar dos funcionários

no ambiente de trabalho começou a ter destaque nas práticas administrativas, pois

foi percebido que a valorização dos recursos humanos interfere direta ou

indiretamente na produtividade e nos resultados financeiros da organização. Desta

forma entende-se que o grande capital é o homem, e um dos principais motivos para

se investir em qualidade de vida é a sobrevivência da organização.

Nesse contexto as organizações vêem a necessidade de manter uma força

de trabalho efetivamente comprometida, com sua missão e valores. Em um mercado

com empresas semi-igualadas o grande diferencial são as pessoas, e a organização

necessita destas para atingir seus resultados. Este recurso humano deve ser tratado

da melhor maneira possível para que a empresa possa, por meio desse, alcançar

vantagens competitivas sobre os demais concorrentes, pois pessoas motivadas,

recompensadas e valorizadas contribuirão positivamente para o sucesso da

organização.

Esta pesquisa teve como pressuposto a ciência da Administração com foco

na área de Recursos Humanos (RH). Esta área quando atuante é de imprescindível

importância para o perfeito andamento de uma organização, pois dela dependerá

atividades, tais como: recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de

desempenho, administração de salários e benefícios, dentre outros. Portanto, para

que seja participativa é necessário que a organização tenha interesse na valorização

e no aperfeiçoamento de todos os processos relacionados ao desenvolvimento das

pessoas que dela fazem parte.

O desenvolvimento da pesquisa foi realizado na empresa Perdigão

Agroindustrial S/A. Atuando no setor alimentício, tem crescido consideravelmente

nos últimos anos, se transformado em uma das maiores empresas de alimentos de

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13

América Latina. Devido as suas recentes aquisições tem demandado um grande

número de profissionais, para integrar o seu quadro funcional. Diante da situação,

torna-se importante à organização utilizar-se de ferramentas para analisar a

qualidade de vida do trabalho e comprometimento organizacional de seus

funcionários. Para tanto, foram levantadas informações, através de uma pesquisa

quantitativa para diagnosticar o ambiente interno do setor de Suprimentos no Centro

de Serviços Perdigão - CSP em Itajaí, assim como verificar o tipo de

comprometimento predominante na organização.

A preocupação com a satisfação e a qualidade de vida no trabalho deve ser

uma constante, pois quanto melhor as condições de trabalho e de vida, mais alto

será o nível de comprometimento dos funcionários com a empresa e em

conseqüência se tornará mais competitiva, maximizando assim a sua lucratividade.

De acordo com o exposto acima, apresenta-se o Problema de Pesquisa.

1.1 Problema da Pesquisa / Justificativa

Apresenta-se neste item o problema de pesquisa e a justificativa. Marconi e

Lakatos (2007, p. 161) enfatizam que “o problema é uma dificuldade, teórica ou

prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve

encontrar uma solução”. Corroborando com a citação dos autores Roesch (2005, p.

90) menciona “um problema é uma situação não resolvida, mas também pode ser a

identificação de oportunidades até então não percebidas pela organização”.

Nesse contexto, esta pesquisa abordou dois temas na área de

Administração de Recursos Humanos, mais especificamente a qualidade de vida no

trabalho e comprometimento do funcionário com a empresa, onde se buscou

responder a seguinte questão: Quais os fatores que influenciam na qualidade de

vida no trabalho dos funcionários do setor de suprimentos e o seu comprometimento

com a organização?

Roesch (2005) destaca que justificar é descrever os motivos para a

existência da pesquisa. A autora ainda comenta que na justificativa deve se

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14

argumentar as razões pelas quais o desenvolvimento do estudo é importante, viável

e oportuno.

A abordagem da qualidade de vida e do comprometimento organizacional

no trabalho caracterizou-se como importante, pois é necessário para toda e qualquer

empresa possuir em seu quadro funcional, profissionais motivados, que busquem

constantemente o alcance dos objetivos organizacionais. Portanto, é conveniente

que a organização identifique os fatores que estão gerando problemas e foque seus

esforços em melhorias, o que sem dúvida será transformado em satisfação do

cliente.

Quanto à importância do desenvolvimento do presente estudo, Roesch

(2005, p. 99) acrescenta sua opinião:

É sempre importante melhorar uma prática ou política, e este é evidentemente o propósito dos métodos e técnicas da administração. Neste sentido, um caminho para justificar a importância do projeto é recorrer aos objetivos-fins do plano ou programa que se está propondo implementar ou avaliar.

Este estágio foi de grande importância, tanto para a empresa quanto para a

acadêmica, assim como para a universidade. Para a empresa foi importante, pois

verificou os fatores que influenciam na qualidade de vida no trabalho e o

comprometimento do funcionário, o qual é essencial para o bom andamento das

tarefas.

Já para a acadêmica teve grande significado em relação ao seu

conhecimento, proporcionando novos aprendizados e enriquecendo sua vida

profissional, sendo uma oportunidade de aliar parte da teoria de recursos humanos

com a prática, a qual é fundamental para a sua formação.

A importância para a universidade foi à ligação que neste período de

estágio, entre empresa e o aluno, formando um elo e desenvolvendo um trabalho

que beneficiou a própria organização e poderá beneficiar outras que porventura

venham a ter os mesmos problemas.

Este foi um trabalho viável, pois se tratou de um assunto muito discutido

atualmente, e como a acadêmica exerce suas atividades profissionais no setor

pesquisado, não teve elevados custos financeiros na execução da presente

pesquisa.

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15

A empresa por sua vez, disponibilizou as informações necessárias, para a

execução da pesquisa, até porque nenhum estudo sobre o tema foi realizado no

setor de Suprimentos, caracterizando assim a sua originalidade.

1.2 Objetivos geral e específicos

O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar os fatores que

influenciam na qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional

na percepção dos funcionários do setor de Suprimentos no Centro de Serviços

Perdigão – CSP.

Roesch (2005, p. 96) afirma que “o objetivo geral define o propósito do

trabalho [...] é formulado de forma genérica o suficiente para abranger vários

objetivos específicos”. Conclui a autora que os objetivos específicos referem-se à

forma de como se pretende alcançar o objetivo geral.

Nesse sentido, definem-se os seguintes objetivos específicos:

• Identificar o perfil dos funcionários;

• Identificar os fatores que afetam a qualidade de vida no trabalho, com

base no modelo de Walton;

• Identificar o tipo de comprometimento predominante no setor de

suprimentos do CSP, segundo o modelo de Meyer e Allen;

• Correlacionar os resultados da pesquisa com o perfil dos funcionários;

• Apresentar sugestões de melhorias.

1.3 Aspectos metodológicos

Nesta etapa da pesquisa, apresenta-se a metodologia do trabalho,

descrevendo a caracterização do trabalho de estágio, contexto e participantes da

pesquisa, instrumento de coleta, tratamento e análise de dados.

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16

De acordo com Roesch (2005) o capítulo da metodologia tem o objetivo de

descrever como foi desenvolvida a pesquisa, a partir dos objetivos previamente

estabelecidos.

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio

De acordo com os objetivos propostos nesta pesquisa, a tipologia

caracterizou-se como pesquisa-diagnóstico, pois consistiu em levantar e definir

problemas, assim como explorar o ambiente da empresa pesquisada. Roesch (2005)

afirma que a pesquisa-diagnóstico é basicamente empregada em empresas que

possuem o intuito de diagnosticar problemáticas organizacionais.

Esta pesquisa teve como delineamento, o método quantitativo. Richardson

(2007) considera que o método quantitativo se caracteriza pelo emprego da

quantificação, ou seja, dados numéricos, tanto na coleta de informações quanto no

seu tratamento por meio de técnicas estatísticas. Corroborando com o conceito do

autor, Roesch (2005, p. 130) salienta:

Se o propósito do projeto implica em medir relações entre variáveis (associação ou causa-efeito), ou avaliar o resultado de algum sistema ou projeto, recomenda-se utilizar preferentemente o enfoque da pesquisa quantitativa e utilizar a melhor estratégia de controlar o delineamento da pesquisa para garantir uma boa interpretação dos resultados.

Desse modo, está pesquisa utilizou-se do método quantitativo para

identificar os fatores que influenciam na qualidade de vida no trabalho e

comprometimento organizacional no setor de Suprimentos do Centro de Serviços

Perdigão na cidade de Itajaí em Santa Catarina.

Foi utilizado o método de pesquisa exploratória. Define Richardson (2007)

que este método é indicado ao pesquisador que está iniciando o estudo de um

determinado assunto. Em perspectiva similar, acrescenta Mattar (2005, p. 85):

a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema [...]. É apropriada para os primeiros estágios da investigação, quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador, são, geralmente, insuficientes ou inexistentes.

A fim de atingir os objetivos propostos, utilizou-se também do método de

pesquisa descritiva, conforme afirma o autor citado anteriormente, neste método já

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17

se tem conhecimento do problema a ser estudado. “O pesquisador precisa saber

exatamente o que pretende com a pesquisa, ou seja, quem e (ou) o que deseja

medir [...]” (MATTAR, 2005, p. 90). Neste sentido, buscou descrever as

características da população pesquisada, o seu perfil, tais como faixa etária, nível

educacional e de saúde, dentro outros.

A estratégia de pesquisa pode ser definida como um estudo de caso. Cervo e

Bervian (1996, p. 50) explicam que o estudo de caso “é a pesquisa sobre um

determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar aspectos

variados de sua vida”. Roesch (2005, p. 201) cita que “estudar pessoas em seu

ambiente natural é uma vantagem do estudo de caso”. Acrescenta a autora (apud

YIN, 1981) que nesta estratégia de pesquisa, pode-se trabalhar tanto com

evidências quantitativas como qualitativas. Para Yin (2005) o estudo de caso é um

plano de investigação, que se concentra no estudo de um "caso", que nesta

pesquisa é uma organização. Esta metodologia é a mais adequada quando se

necessita saber o "como" e o "porquê" de um acontecimento.

O estudo de caso pode ser interpretado como uma categoria de pesquisa que

tem o intuito de retratar uma configuração, funcionando como ponto de partida para

uma análise que busque o estabelecimento de relações sociais mais amplas de um

determinado objeto de estudo.

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada no setor de suprimentos do Centro de Serviços

Perdigão em Itajaí / SC, no período de agosto de 2008. O estudo tratou de analisar

os fatores que influenciam na qualidade de vida no trabalho e o comprometimento

organizacional na percepção dos funcionários.

A população é definida como sendo a totalidade dos indivíduos ou objetivos

de determinado caso que se esteja analisando. Neste contexto, a população foi

constituída pelo total de funcionários do setor, totalizando trinta e dois respondentes.

Roesch (2005, p. 138) define população como sendo “um grupo de pessoas ou

empresas que interessa entrevistar para o propósito específico de um estudo”.

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18

Pelo fato da pesquisa ter sido aplicada em todos os funcionários, foi

classificada com censo. De acordo com Malhotra (2001, p. 301) “um censo envolve a

enumeração completa dos elementos de uma população”. Acrescenta Mattar (2005)

que na pesquisa censitária não é necessário definir a amostra, pois se utiliza toda a

população para o propósito do estudo.

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Para a elaboração do presente estudo, utilizou-se como coleta de dados

fontes primárias e secundárias. Dessa forma, Mattar (2005) comenta que as fontes

primárias são aquelas informações que não foram ainda coletadas e quando forem,

servirão para atender a um fim especifico, como no caso desta pesquisa.

Como coleta de dados primários, utilizou-se de questionários e observação

não-participante. Richardson (2007, p. 189) destaca que, “geralmente, os

questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e

medir determinadas variáveis de um grupo social”. Na mesma linha, Marconi e

Lakatos (2007) complementam que o questionário é um instrumento de coleta de

dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser

respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

A elaboração do questionário foi realizada da seguinte forma, para cada

fator de QVT mencionado por Walton (1973) foram elaboradas três afirmações,

totalizando vinte e quatro e para cada tipo de comprometimento determinado por

Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997) elaboradas cinco afirmações,

totalizando quinze, conforme mencionado no quadro abaixo:

AUTOR CONSTRUTO FATORES QUANTIDADE

DE AFIRMAÇÕES

Walton (1973) QVT

Compensação justa e adequada Três Uso e desenvolvimento de capacidades Três Oportunidade de crescimento e segurança Três Constitucionalismo Três Condições de segurança e saúde no trabalho Três Integração social na organização Três Relevância social da vida no trabalho Três O trabalho e o espaço total de vida Três

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19

Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991,

1997)

Comprometi-mento

Afetivo Cinco

Normativo Cinco

Instrumental Cinco

Quadro 1 - Elaboração do instrumento de coleta de dados Fonte: Walton (1973) e Meyer e Allen (1991)

Para o preenchimento do questionário, foi utilizado uma escala de

concordância de 1(um) a 6(seis), onde 1 (um) referia-se a grande discordância

quanto à afirmação, e 6 (seis) grande concordância quanto ao item. Quanto à

escala, HAIR Jr. et al.. (2005) comenta que por julgamento do pesquisador, pode-se

optar por número impar ou par de categorias. Quanto se opta por número par,

acredita-se que há probabilidade de porção da amostra sentir-se neutra, quanto ao

item questionado.

Escalas com número ímpar de categorias possuem um ponto neutro, enquanto as com número par não o possuem. [...] estudiosos argumentam que em escalas com ponto neutro [...] há uma tendência a muitos respondentes se posicionarem nestes pontos (ou por comodidade, ou por não desejarem se expor ou por terem dúvidas), enquanto nas escalas sem ponto neutro [...] são obrigados a tomar posições expressando certo grau de sentimento pró ou contra (MATTAR, 2005, p. 223).

Após a elaboração do questionário, foi realizado um pré-teste, para verificar

a existência de alguma dificuldade quanto ao preenchimento. Conforme define

Marconi e Lakatos (2007, p. 205) “depois de redigido, o questionário precisa ser

testado antes de sua utilização definitiva, aplicando-se alguns exemplares em uma

pequena população escolhida”. Para o pré-teste foram selecionados três

funcionários do setor, onde a pesquisadora aplicou o questionário nesses e após,

respondido, questionou sobre as dúvidas quanto à objetividade, clareza e também

ao enunciado das afirmações. Nenhuma dificuldade foi encontrada, portanto o

instrumento foi aplicado sem haver modificações.

Quanto ao outro método utilizado para a coleta de dados primários, à

observação não-participante, foi considerado que a acadêmica exerce suas

atividades profissionais no setor pesquisado, podendo assim complementar dados

da pesquisa. Sobre o assunto Richardson (2007, p. 260) acrescenta sua opinião:

“nesse tipo de observação o investigador não toma parte nos conhecimentos objeto

de estudo como se fosse membro do grupo observado, mas apenas atua como

espectador atento”.

Utilizou-se também de dados secundários para a realização da pesquisa.

Conforme define Mattar (2005) os dados secundários, já foram coletados pela

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20

empresa, para um fim específico. Como fonte de dados secundários foi utilizado o

site da empresa, a fim de obter o seu histórico e documentos para extrair outras

informações, como missão, visão, princípios e valores.

O referencial adotado para a elaboração dos instrumentos de pesquisa

foram os autores Luz (2003), para a análise da QVT o modelo de Walton (1973) e o

modelo de Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997) para a análise do

comprometimento organizacional.

1.3.4 Tratamento e análise dos dados

Os dados foram tratados e analisados de forma quantitativa, sendo

interpretados através da abordagem descritiva.

O tratamento e análise de dados objetiva dar significado ao material

coletado, em relação aos objetivos propostos, evidenciando as relações entre o

fenômeno estudado e outros fatores. Marconi e Lakatos (2007) enfatizam que após

coletados os dados e obtidos os resultados, a próxima etapa é a sua análise e

interpretação, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa.

Os dados coletados através de questionários com perguntas fechadas

foram analisados e tabulados quantitativamente utilizando-se a estatística descritiva

(médias e desvio-padrão).

Na análise quantitativa, podem-se calcular médias, computar percentagens, examinar os dados para verificar se possuem significância estatística; ainda é possível calcular correlações [...]. Essas análises permitem extrair sentido dos dados, ou seja, testar hipóteses, comparar resultados para vários subgrupos e assim por diante (DIEHL, 2004, p. 84).

Nesta presente pesquisa foram utilizadas tabelas, quadros e gráficos, para

melhor visualização dos resultados. Como cita Roesch (2005, p. 189) “a

apresentação dos dados fica mais clara quando se utilizam tabelas e gráficos”.

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21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta os pressupostos teóricos que serviram de base para

a realização do presente estudo. Foram considerados os seguintes itens:

Administração, Administração de Recursos Humanos, Trabalho, Motivação,

Liderança, Cultura Organizacional, Clima Organizacional, Qualidade de Vida no

Trabalho e Comprometimento Organizacional.

2.1 Administração

Neste cenário contemporâneo, com profundas transformações tecnológicas,

econômicas e sociais, a Administração tornou-se uma ciência importante para a

atividade humana, algo indispensável para a existência, sobrevivência e sucesso

das organizações.

Toda empresa precisa ser administrada adequadamente, para alcançar os

seus objetivos com a maior eficiência e eficácia. As melhores estratégias para

solucionar os problemas empresariais são definidas na prática da administração. “A

Administração é o processo que permite alcançar metas de uma empresa, fazendo

uso do trabalho com e por meio de pessoas e outros recursos da empresa” (CERTO,

2005, p. 5). Portanto, é um processo que tem como finalidade garantir a eficiência e

a eficácia de um sistema.

A administração é o ato de trabalhar por meio das pessoas para realizar os

objetivos tanto da organização quanto de seus funcionários. Enfatiza Certo (2005, p.

4) “faz com que as empresas caminhem em direção a seus objetivos e metas ao

designar atividades que seus membros devem realizar”. Andrade e Amboni (2007, p.

8) ressaltam que a “administração é a arte de liderar pessoas e de gerir recursos

escassos e valiosos dentro e fora das organizações”.

O administrador deve estar apto à velocidade das mudanças e adequar-se

rapidamente, mantendo-se assim competitivo no mercado. Conforme menciona

Maximiano (2000, p. 26) “a administração significa em primeiro lugar ação. A

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administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que compreendem

quatro processos principais interligados [...]”. Salienta Daft (2005, p. 5)

“administração é o alcance de metas organizacionais de maneira eficaz e eficiente

por meio do planejamento, organização, liderança e controle dos recursos

organizacionais”.

O planejamento é uma função administrativa que determina com

antecipação o que se deve fazer e quais os objetivos que devem ser atingidos. Certo

(2005, p. 5) menciona, “planejar envolve a escolha de tarefas que devem ser

desempenhadas a fim de atingir os objetivos da empresa [...] enfoca a realização

das metas”.

A organização é a segunda função administrativa. “Envolve a atribuição de

tarefas, o agrupamento das tarefas em departamentos, e a atribuição de autoridade

e alocação re recursos pela organização (DAFT, 2005, p. 6).

Já a direção trata de relações interpessoais, que implica em comunicar as

pessoas dos objetivos da organização e conseguir fazer com que elas o alcancem

da melhor maneira possível. Por esse motivo, a direção exige do administrador,

conhecimentos da motivação humana, do processo de liderança e de comunicação.

Barros Neto (2001. p. 46) evidencia, “direção é conduzir a empresa tendo em vista

os objetivos e procurando obter o máximo retorno dos recursos disponíveis”.

Após o planejamento, a organização e a direção, vêm o controle que se

destina a medir e corrigir o desempenho dos subordinados, garantindo que os

objetivos da organização e os planos traçados para alcançá-lo sejam realizados.

Maximiano (2000) explica que a função controle consiste em ser um

processo cíclico formado por quatro fases: estabelecimento de padrões ou critérios,

observação do desempenho, comparação do desempenho como padrão

estabelecido e ação corretiva.

A administração apresenta-se a partir de suas diversas áreas de atividades,

tais como: a Administração financeira, Administração de materiais, Administração

mercadológica, Administração de Produção e a Administração de Recursos

Humanos.

O setor Financeiro tem como um de seus fundamentos principais a

administração de recursos monetários, ficando a seu cargo analisar investimentos,

custos e despesas, ou seja, observar todo o Balanço Patrimonial da empresa,

objetivando o lucro. Gitman (2001) tece, a administração financeira é a disciplina que

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23

trata dos assuntos relacionados a finanças das organizações, sendo uma

responsabilidade do administrador financeiro o seu controle.

Para Jacobsen (2003) o objetivo fundamental da Logística é atender

adequadamente o consumidor final, administrando globalmente a empresa e seus

agentes logísticos externos, através de processo gestão integrado, cooperativo e

harmonioso de negócio, de forma sistêmica, envolvendo toda a cadeia de demanda

e suprimentos, composto de fornecedores, almoxarifado, fábrica, depósito de

produtos acabados, centro de distribuição, atacadistas, varejistas e consumidores

finais.

Administração Mercadológica, segundo Kotler e Keller (2006) é o processo

através do qual os indivíduos ou grupos obtêm aquilo que desejam ou de que

necessitem, com a criação da oferta e da negociação de produtos ou serviços uns

com os outros. O marketing exerce um papel fundamental dentro das empresas,

possibilitando-lhes estar continuamente ligadas ao mercado e assim obterem

vantagens competitivas diante de seus concorrentes.

Compete à administração da produção agrupar os insumos em um plano de

produção aceitável que realmente utilize os materiais, a capacidade e o

conhecimento disponível nas instalações de produção. Chiavenato (1999) observa

que cada organização visa à produção de um determinado bem ou serviço,

constituindo-se assim a finalidade de sua existência, sendo que através da

Administração da Produção que se alcançará melhores resultados.

Já a Administração de Recursos Humanos é uma especialidade que surge

com o crescimento das organizações e com a complexidade das tarefas

organizacionais, envolvendo todas as ações que têm como objetivo a integração do

trabalhador no contexto da organização e o aumento da produtividade. Conforme

cita Chiavenato (2004a, p. 130) “é um meio de alcançar a eficácia e eficiência da

organização através das pessoas, permitindo condições favoráveis para que estas

alcancem seus objetivos pessoais”.

Apesar das áreas da administração estarem classificadas separadamente,

elas se inter-relacionam, uma vez que uma área depende da outra para atingir os

resultados estabelecidos pela organização. Para tanto, nesta pesquisa será

abordada a Administração de recursos humanos com maior ênfase, devido ao tema

da pesquisa pertencer a esta área da administração.

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24

2.2 Administração de recursos humanos

A administração de recursos humanos é um ramo especializado da ciência

da administração, responsável por uma série de decisões integradas que formam as

relações de trabalho, sua atividade influencia diretamente a capacidade das

organizações, assim como de seus empregados em atingir os objetivos.

Para Chiavenato (2004a), as pessoas passam grande parte de sua vida

dentro das organizações, onde cada indivíduo espera um retorno sobre o seu

esforço aplicado, procurando alcançar seus objetivos, uma vez alcançados, sentem-

se motivadas para o trabalho e desempenham melhor seu papel, acarretando assim

em uma relação duradoura.

A administração de recursos humanos possui como principal objetivo,

administrar a relação com seus funcionários, considerados hoje, como parceiros do

negócio, e não mais como meros recursos da organização. Sendo assim, a

vantagem competitiva das empresas está nas pessoas, são elas que produzem,

vendem, tomam decisões, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam e

dirigem os negócios, e a maneira como a qual realizam estas tarefas, depende em

grande parte das políticas e diretrizes organizacionais (RIBEIRO, 2006).

Milkovich e Boudreau (2000) sustentam que a administração de recursos

humanos compreende um conjunto de decisões, que integram as relações de

trabalho, sendo a qualidade de seus processos e o comprometimento de seus

empregados à base para se alcançar a sua missão. Complementa o mesmo autor

(2000, p. 19) “os recursos humanos (RH) trazem o brilho da criatividade para a

empresa, sem pessoas eficazes é simplesmente impossível para qualquer empresa

atingir seus objetivos”.

Nessa perspectiva, Gil (2001) conclui que, a Gestão de Pessoas tem como

objetivo ajudar a organização a alcançar a excelência necessária para enfrentar os

desafios. Para isto, o profissional de recursos humanos precisa assumir novas

responsabilidades, novas habilidades, como, proporcionar a organização

funcionários motivados e capacitados, preocupar-se com a qualidade de vida, tratar

as pessoas como parceiras da organização e manter um comportamento

responsável e ético.

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Para Ribeiro (2006, p. 6) “a área de Recursos Humanos deve estar voltada

permanentemente a ajudar a organização a alcançar seus objetivos e a realizar suas

missões, tornando-a competitiva”. Quando a organização busca um desempenho

superior, se torna necessário que viabilize um desenvolvimento de todas as áreas

que a compõem, incluindo assim os recursos humanos com uma de suas prioridades

organizacionais.

O setor de recursos humanos começa a ter mais responsabilidade por todo

o desenvolvimento das pessoas na organização. Nessa perspectiva, Chiavenato

(2004b, p. 5) acrescenta que “as organizações são constituídas de pessoas e

dependem dela para atingir seus objetivos e cumprir sua missão [...] para as

pessoas, as organizações constituem o meio do qual elas podem alcançar vários

objetivos pessoais”.

Ainda cita o mesmo autor, que a administração de Recursos Humanos está

inserida em seis processos integrados, conforme demonstra figura abaixo, os quais

são fundamentais para o desenvolvimento organizacional e evoluem-se com a

maneira de administrar pessoas.

Gestão de Pessoas

Processos de

agregar pessoas

Processo de

aplicar pessoas

Processo de

recompensar

pessoas

Processo de

desenvolver

pessoas

Processo de

manter

pessoas

Processo de

monitorar

pessoas

Recrutamento Desenhos de cargos

Remuneração Treinamento Disciplina,

Banco de dados

Seleção Avaliação de desempenho

Benefícios e serviços

Mudanças Higiene, segurança e QVT

SIG

Comunicações Relações com Sindicatos

Figura 1 – Os Seis Processos de Gestão de Pessoas Fonte: Chiavenato (2004b, p. 14) adaptado pela acadêmica.

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Segundo Chiavenato (2004b), o processo de agregação também chamado

de processo de provisão ou suprimento de pessoas é admitir novos indivíduos na

organização, através do recrutamento e seleção. Aplicar pessoas é determinar as

atividades destas dentro da organização, coordenando e supervisionando o seu

desempenho. Incluem-se também os processos utilizados para proporcionar um

bom ambiente de trabalho: administração do clima, disciplina, higiene e qualidade

de vida.

De acordo com o mesmo autor, recompensar pessoas é um processo de

como será incentivado e recompensado o funcionário para satisfazer suas

necessidades pessoais, desde o pagamento de salários até os benefícios

variados, como assistência médica, ajuda nos custos da universidade entre

outros. Já desenvolver pessoas é utilizar-se de ferramentas, como por exemplo, o

treinamento, para promover o desenvolvimento pessoal e organizacional.

O processo de manter pessoas é a administração da parte burocrática

dos funcionários, com base na disciplina e nas relações trabalhistas. Monitorar é

usar banco de dados e sistemas, objetivando acompanhar e controlar as

atividades dos funcionários, analisando seus resultados.

Estas seis etapas são essenciais para a empresa, pois cada funcionário

desempenha suas tarefas, com maior ou menor rendimento e satisfação, e a

organização sabendo administrar uma força de trabalho, será mais competitiva.

A área de Recursos Humanos possui várias funções que auxiliam no

andamento das demais áreas da organização.

2.2.1 As funções de recursos humanos

As políticas de recursos humanos recrutamento, seleção, treinamento e

desenvolvimento, avaliação do desempenho, descrição e análise de cargos estão

sob responsabilidade da área de recursos humanos, a qual busca também a

integralização e socialização das pessoas no ambiente organizacional.

O recrutamento é uma ação da empresa para buscar o mercado de

recursos humanos candidatos de que necessita para suprir as suas lacunas. Ribeiro

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27

(2006) classifica o recrutamento como o conjunto de procedimentos adotados de

modo a atrair profissionais qualificados para ocupar os cargos em aberto nas

organizações. Já para Carvalho e Nascimento (2000) o recrutamento é o elo que

interliga o mercado de trabalho e a organização a partir de um ponto referência entre

o candidato a uma vaga e a empresa. Para a organização, o recrutamento consiste

num processo de extrema importância, pois o recurso humano se faz necessário

para o andamento das atividades, uma vez que a produtividade depende da eficácia

da qualidade de mão-de-obra profissional.

Com a existência do cargo vago, e após o recrutamento, a seleção tem a

incumbência de escolher candidatos que tenham o perfil mais próximo do

desejado para o cargo. A seleção é um processo basicamente de comparação e

decisão, pois de um lado estão os requisitos para o cargo e de outro, pessoas

totalmente diferentes buscando a oportunidade de emprego. Lacombe (2005, p.

79) comenta, “a seleção abrange o conjunto de práticas e processos usados para

escolher, dentre os candidatos disponíveis, aquele que parece ser o mais adequado

para a vaga existente”.

Para Tachizawa; Ferreira e Fortuna (2004, p. 220) o treinamento “visa ao

aperfeiçoamento do desempenho funcional, ao aumento da produtividade e ao

aprimoramento das relações interpessoais”. O treinamento e o desenvolvimento

de pessoal devem caminhar junto nas organizações, pois enquanto o treinamento

interessa-se pelo aprendizado das pessoas, o desenvolvimento gera perspectivas

de evolução nos resultados, e assim motiva os funcionários a buscarem sempre

mais. O desenvolvimento de recursos humanos é um processo que possibilita

aperfeiçoar e explorar o potencial de aprendizagem e as capacidades e

motivações dos empregados. Estando vinculado ao interesse estratégico das

organizações, onde os funcionários são capacitados para responder os desafios

traçados. Segundo Mikovich e Boudreau (2000, p. 338) “o desenvolvimento é um

processo de longo prazo para aperfeiçoar as capacidades e motivações dos

empregados”.

A descrição de cargos consiste em detalhar todos os requisitos

necessários a execução das atividades competentes a cada cargo, para que a

pessoa que venha executar as tarefas que lhe competem de maneira eficiente e

eficaz. Marras (2002) afirma que a descrição dos cargos se dá através de um

texto detalhado e padronizado, que segue um determinado modelo, buscando a

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uniformização do conteúdo. Já na análise de cargos Robbins (2000) conclui que,

nada mais é, do que a definição dos cargos e os comportamentos que são

necessários para desempenhar as funções competentes a cada cargo.

A avaliação de desempenho é composta de uma série de técnicas com a

finalidade de obter informações sobre o comportamento profissional do avaliado

durante seu desempenho no trabalho, visando comparar o que o avaliado faz

com o que deveria fazer. Como cita Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004, p. 207)

“em geral trata-se de um conjunto de técnicas visando obter e analisar

informações que possibilitem estimar a qualidade da contribuição prestada pelo

empregado à organização”. A avaliação de desempenho é uma estratégia

importantíssima de gestão de pessoas, à medida que proporciona um feedback

ao funcionário perante o trabalho realizado, aumentando assim o desempenho

individual juntamente com o da organização, resultando em um melhor nível de

comprometimento.

2.3 Trabalho

Vários são os motivos que levam uma pessoa a iniciar a sua vida

profissional: independência econômica, necessidade de sobrevivência,

aprendizagem, perspectiva de crescimento, entre outros. Nestas várias situações os

valores individuais e as condições de vida de cada um determinam diferentes

percepções sobre o trabalho.

O trabalho pode ser definido de várias formas. Fryer; Pauyne (1984 apud

MORIN, 2001, p. 12) afirmam que “o trabalho seria uma atividade útil, determinada

por um objetivo definido além do prazer gerado por sua execução”. Diante disso,

pode ser definido como um conjunto de atividades que visa produzir algo, sendo o

comprometimento com trabalho o principal indicador de uma organização eficaz.

De forma mais abrangente os autores Dejours; Dessors; Desriaux (1993)

destacam que o trabalho não significa apenas um meio de se ganhar a vida, mas

uma forma de se inserir na sociedade, podendo também ser um fator de equilíbrio e

desenvolvimento pessoal e não só de deterioração física e psíquica. Os autores

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concluem que o trabalho e o significado desse trabalho para o indivíduo, assim com

as condições que é realizado, são fatores preponderantes no estado de felicidade do

ser humano.

Os recursos humanos fazem parte da organização de uma forma muito ativa

e um conceito que pode influenciar na qualidade de vida dos funcionários é o

entendimento que estes possuem em relação ao trabalho que executam.

Nesse sentido, o interesse pelo trabalho pode estar associado ao grau de

correspondência de suas exigências, ao conjunto de valores, de interesses e de

competências do indivíduo e também das possibilidades de desenvolver sua

autonomia e perceber seu senso de responsabilidades. O trabalho permite

realização, oferecendo oportunidades para vencer desafios ou conquistar ideais, por

isto tem influência não somente no desenvolvimento da autonomia pessoal, mas

também na motivação (MORIN, 2001).

O autor ainda utiliza citações de Herzberg (1966, 1980, 1996) para

complementar sua idéia em relação ao trabalho, comentando que representa um

valor importante, pois exerce influência sobre a motivação, assim como também

sobre a satisfação dos trabalhadores e a sua produtividade.

As organizações devem estabelecer um limite entre a vida pessoal e

profissional, elaborando e apoiando programas para conscientizar está importância,

que se traduz em melhorias da qualidade de vida e aumento da produtividade.

Corroborando com esta afirmação, Bom Sucesso (1998, p. 19), salienta que

“o mais forte desafio tem sido viver com qualidade em um mundo de alto

desenvolvimento tecnológico e baixo desenvolvimento humano, que evidencia a

dificuldade de conciliar trabalho e vida pessoal”.

Salienta Carvalho e Nascimento (2000), que além dos valores individuais

há outras variáveis físicas e do cargo que devem ser consideradas na análise do

trabalho:

� Métodos de trabalho: “o que fazer?” e “como fazer?”

� Equipamentos de trabalho: máquinas e equipamentos como

ferramentas do trabalho.

� Espaço e organização do trabalho: espaço físico e disposição dos

instrumentos de forma adequada.

� Políticas da empresa: produção, marketing, recursos humanos,

administração.

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� Tipo de treinamento recebido: profissionais bem qualificados e

atualizados.

� Tipo de supervisão: capaz de influenciar positivamente a equipe.

� Tipos de incentivos: oportunidade, assistência, salário, prêmios.

� Aptidões: avaliação de aptidões.

� Características da personalidade: fatores mentais, morais e

físicos.

� Idade e sexo: oferecem aspectos sociais e psicológicos.

� Educação: compreensão do mundo.

� Experiência: tempo de duração no cargo.

Muitas vezes, a expectativa que a pessoa possui da empresa quando inicia

a trabalhar, vai se desfazendo com a realidade que ela encontra. O indivíduo além

de salário pode buscar desafios, status, crescimento na carreira e novos

aprendizados. Já para a empresa, o funcionário com o perfil ideal, pode ser aquele

que é assíduo, que demonstra empenho pela redução de custos e com alta

capacidade produtiva.

Foi a partir de preocupações ligadas à satisfação do indivíduo em seu

ambiente de trabalho que começaram os primeiros estudos da Qualidade de Vida no

Trabalho, tema que será abordado posteriormente.

Nas organizações que primam pela qualidade de vida no trabalho, os

funcionários trabalham num ambiente satisfeito, o que poderá refletir em melhores

resultados financeiros, em aprimoramento da imagem e a um futuro de sucesso.

Assim, este ciclo positivo de desenvolvimento tem continuidade e se fortalece na

motivação organizacional.

2.4 Motivação

A motivação refere-se aos desejos, aspirações e necessidades que

influenciam no comportamento do indivíduo. Comenta Silva (2001) que é difícil

definir um conceito de motivação, porém o seu estudo refere-se basicamente às

razões pelas quais as pessoas se comportam de certo modo. Desta forma, no

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ambiente de trabalho, pessoas motivadas são mais comprometidas com a

organização, e na medida em que se sentem valorizadas, o seu bem-estar aumenta,

gerando uma melhor qualidade de vida no trabalho.

Conforme Bergamini (1997), a palavra motivação deriva da palavra latina

movere, que significa mover. Essa origem da palavra induz a noção de dinâmica ou

de ação, que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica. O caráter

motivacional humano abrange, portanto, os diferentes aspectos que são inerentes

ao processo, por meio do qual o comportamento das pessoas pode ser ativado. A

autora complementa que a motivação do ser humano pode ser considerada como

uma força propulsora, que possui suas fontes escondidas dentro de cada um; o

indivíduo é portador de um estado de carência ou de necessidade que o conduz na

busca de determinado objetivo. E caso esse objetivo não seja conquistado, não se

dará então o ato motivacional, e conseqüentemente não será atingida a satisfação,

que é a união desses dois elementos.

Em perspectiva similar, Daft (2005) comenta que a motivação refere-se às

forças internas ou externas para um pessoa que estimulem o seu entusiasmo e a

sua persistência. É um processo individual, onde cada indivíduo possui suas

necessidades e a satisfação destas necessidades é o objetivo ou fim em torno do

qual a motivação é dirigida.

A motivação é o elemento que faz com que o indivíduo persista na ação

com a mesma vontade, assim como não pare de tentar. Para Silva (2001, p. 221)

"motivação é alguma força direcionada dentro dos indivíduos pela qual eles tentam

alcançar uma meta, a fim de preencher uma necessidade ou expectativa". Desta

forma, caracteriza-se como uma força impulsionadora em direção a um objetivo.

Lacombe (2005, p. 17) comenta que o sucesso de uma empresa depende

das pessoas que nela trabalham. “O êxito de uma empresa depende da

competência e da motivação dos empregados [...] de manter na empresa a equipe

adequada para produzir com eficiência e eficácia”. É importante ressaltar que as

pessoas são diferentes e agem de maneira diferente de acordo com suas

expectativas, experiências, cultura, sonhos, desejos, portanto cada pessoa se motiva

de uma forma diferente.

São muitas as teorias da motivação. A teoria tradicional da motivação,

surgida de um movimento científico da administração na virada do século XIX para o

XX, baseia-se na suposição de que o dinheiro é o principal motivador. Se a

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recompensa financeira for grande, os trabalhadores produzirão mais. Desta forma,

as recompensas financeiras devem estar relacionadas diretamente ao desempenho

(MONTANA; CHARNOV, 2003).

Silva (2001) divide as teorias motivacionais em dois grupos, as teorias de

conteúdo, aquelas cujo foco está em "o que" motiva o comportamento e as teorias

de processo onde o foco esta em "como" o comportamento é motivado.

Segundo o mesmo autor as principais teorias de conteúdo de motivação

são: teoria da hierarquia das necessidades, de Maslow; teoria ERC, de Alderfer;

teoria dos dois fatores, de Herzberg; teoria da realização de McClelland.

E as principais teorias de processo são: teoria da expectação, de Vroom;

teoria da equidade, de Stacy Adam.

Provavelmente o modelo de motivação mais difundido e importante seja a Teoria da Hierarquia de Necessidades desenvolvida por Abraham Maslow. De acordo com seus estudos, apenas as necessidades insatisfeitas são fontes primordiais de motivação (MONTANA; CHARNOV, 2003, p. 228).

Para Abraham A. Maslow as necessidades humanas estão dispostas em

uma ordem hierárquica de importância do comportamento humano, onde as

necessidades fisiológicas estão na base e as necessidades de auto-realização no

topo (DAFT, 2005). Antes que as necessidades de nível mais elevado sejam

ativadas, as necessidades de nível inferior precisam ser satisfeitas. Bergamini (1997)

propõe para o melhor entendimento da Teoria das Necessidades Humanas de

Maslow, que a motivação do ser humano não é um processo finito, sendo que à

medida que satisfeita uma necessidade, o indivíduo parte na busca de outra, ou

seja, é um processo seqüencial, que nunca se rompe.

Conforme Daft (2005), as cinco categorias de necessidade são:

Necessidades Fisiológicas ou biológica: referem-se às exigências básicas

do corpo, como alimentação, repouso, abrigo ou desejo sexual. Estas necessidades

são relacionadas com a subsistência e existência do indivíduo.

Necessidades de Segurança: constituem o segundo nível das necessidades

humanas, surge quando as necessidades fisiológicas já estão relativamente

satisfeitas. Estão vinculadas a assuntos de segurança no trabalho, auxílio-doença,

etc.

Necessidades Sociais: são as necessidade relacionadas com a vida

associativa do indivíduo com outras pessoas, de participação, de aceitação por parte

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dos colegas, de trocas de amizade, afeto e amor. A frustração dessas necessidades

conduzem geralmente a falta de adaptação social e a solidão.

Necessidades de Estima: estão relacionadas pela maneira pela qual a

pessoa se vê e se avalia. Envolvem a auto-apreciação, necessidade de aprovação

social, de reconhecimento, de status, prestígio e de consideração.

Necessidade de Auto-Realização: ocupam o nível mais elevado da

hierarquia de Maslow. São atingidas quando se proporcionam trabalhos gratificantes

e interessantes, através do qual o indivíduo possa se desenvolver.

Silva (2001, p. 231) ressalta que "o nível mais alto de necessidades

dificilmente pode ser satisfeito porque há sempre novos desafios e oportunidades de

crescimento, reconhecimento e realização das pessoas na vida".

Outra teoria voltada à motivação humana é a Teoria dos Dois Fatores de

Frederick Herzberg. Diferente da abordagem utilizada por Maslow, focalizou seus

estudos nas fontes de motivação relacionadas ao trabalho e às realizações no

trabalho, enquanto que Maslow se preocupava com as fontes de motivação de

maneira geral (MONTANA; CHARNOV, 2003).

A teoria de Herzberg é composta por fatores externos, também chamados

de higiênicos e internos, que são chamados de motivacionais:

Fatores higiênicos: estão relacionados com o ambiente que envolve o

trabalho, ou seja, as condições sob as quais ele é realizado. Estes estímulos

externos, não produzem nenhum crescimento, mas evitam perda do desempenho do

trabalhador (SILVA, 2001).

Segundo Pontes (2002) os fatores higiênicos abrangem os benefícios

oferecidos pela organização, tais como: ambiente de trabalho, relacionamento com

os superiores, benefícios sociais, segurança no emprego e salário, que são vistos

como fatores que podem gerar insatisfação, pois são extrínsecos à pessoa, ou seja,

o funcionário não tem controle sobre eles, pois normalmente são determinados pela

empresa.

Fatores motivacionais: Silva (2001) considera que estão relacionados com

sentimentos positivos dos empregados sobre o trabalho. São motivados pelos

fatores mais elevados, como realização, promoção, reconhecimento e crescimento.

Os fatores motivadores estão relacionados com o cargo ocupado pelo

funcionário e abrange o reconhecimento e a oportunidade de progresso funcional,

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34

responsabilidade e realização, que levam os funcionários do estado de não-

satisfação a satisfação (PONTES, 2002).

Em complemento a esta posição, Herzberg (1997) acrescenta que o

enriquecimento do cargo é uma forma de aumentar a satisfação do funcionário, pois

proporciona oportunidade de crescimento psicológico do funcionário. As mudanças

devem ser contínuas, durar um período longo e impulsionar o cargo para cima, até o

nível do desafio da habilidade encontrada.

A motivação está muito ligada a fatores individuais. Nessa concepção

Chiavenato (2004a) aponta outro fator motivacional extremamente relevante, a auto-

estima; a organização pode buscar incentivar as pessoas a exercitarem sua auto-

estima, incentivando-as a gostarem de si mesmas, mudar hábitos e a maneira de

encarar a vida.

A motivação é considerada como um aspecto intrínseco às pessoas:

ninguém pode motivar ninguém, sendo que a motivação específica para o trabalho

depende do sentido que se dá a ele, assim como também da forma de liderança

pela qual são submetidas. Cabe as organizações então investirem na qualidade de

vida de seus funcionários, proporcionando um bom clima do ambiente de trabalho e

a satisfação será vista nos resultados financeiros.

2.5 Liderança

A liderança tem um papel fundamental nas organizações, ter um líder é

fundamental para que os funcionários possam ser corretamente conduzidos e a

organização obter sucesso mediante ao alinhamento das atitudes individuais na

busca do objetivo organizacional.

Migginson, Mosley e Petri Jr. (1998, apud ARAUJO, 2006) comentam que

“liderança é um processo de influenciar as atividades individuais e grupais no

estabelecimento e atingimento das metas”. Liderar é atitude do líder, que deve

incentivar o desenvolvimento das pessoas, motivar e influenciar os liderados, tendo

em vista aos objetivos organizacionais.

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35

Liderança é o papel de encorajar as pessoas a trabalharem com entusiasmo

na direção dos objetivos. De acordo com Gardner (apud BURT, 2000, p. 21) “a

liderança é o processo de persuasão ou o exemplo pelo qual um indivíduo (ou uma

equipe de liderança) induz um grupo a realizar objetivos sustentados pelo líder ou

compartilhados por ele e por seus seguidores”.

Para Barros Neto (2001, p. 62) “liderar é conseguir que pessoa ou pessoas

certas façam as coisas certas na hora certa da maneira certa, que é mais ou menos

o mesmo que administrar com sucesso e conduzir as pessoas rumo ao objetivo”

Na concepção de Rowe (2002), a liderança pode ser analisada de três

prismas: liderança estratégica, gerencial e liderança visionária. A liderança gerencial,

conforme comenta o autor, é a utilizada pela maioria dos executivos. Para os líderes

gerenciais, as metas surgem da necessidade e não de desejos e sonhos.

Consideram o trabalho somente como um processo que permite a interação de

idéias e pessoas, com o objetivo de definir estratégias e tomar decisões. Seu

envolvimento com os liderados é de baixo comprometimento emocional, sendo o

grau de relacionamento determinado segundo as funções destas pessoas no

processo de decisão. Rowe (2002, p. 12) utiliza a citação de Hosmer (1982) para

complementar "lideres gerenciais influenciam somente as atitudes e decisões

daqueles que com eles trabalham". Neste sentido, se comprometem e sentem-se

melhores em áreas funcionais de responsabilidade, sendo considerados

especialistas em suas funções. Nessa linha, o autor conclui que um líder gerencial

não é ruim, porém seu estilo não deve predominar na organização.

Já na liderança visionária, os líderes são proativos e visionários, sendo

voltados para o futuro. Exercendo grande influencia na direção que a organização

deve seguir. Lideres visionários, buscam a criatividade, inovação, gostam de correr

riscos, principalmente quando o retorno é alto e compensador. Porém, Rowe (2002,

p. 12) ressalta "quando lideres visionários estão no comando, às relações humanas

tornam-se mais turbulentas, intensas e até desorganizadas, o que pode intensificar a

motivação individual e gerar resultados inesperados, tanto negativos quanto

positivos”.

A liderança estratégica, é a capacidade de influenciar os liderados, de forma

voluntária e rotineira a tomar decisões que aumentem a viabilidade em longo prazo

da organização, ao mesmo tempo em que mantêm a viabilidade financeira em curto

prazo. Para isso implementam estratégias em curto prazo para utilização imediata,

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36

assim como a preservação de metas de longo prazo, visando aumentar a evolução,

a sobrevivência e a viabilidade organizacional. Sempre enfatizando o

comportamento ético e a decisão baseada em valores.

Para os lideres estratégicos o sonho deve ser tornar realidade, podem ser

considerados uma mescla do líder gerencial, que nunca para de sonhar, e do

visionário, que apenas sonha.

Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994, p. 81), afirma “é muito importante

ter bons líderes na organização para que ela seja bem conduzida, para isso é

necessário saber inicialmente a diferença entre líder e gerente”.

Em complemento com essa afirmação Araújo (2006) acrescenta, o líder

trata de assuntos não palpáveis no âmbito organizacional, tendo foco principalmente

nas questões comportamentais enquanto que gerenciar é mais amplo, cuida de

pontos concretos, questões comportamentais e não comportamentais.

Um gestor busca garantir que uma atividade seja feita e o líder investe nas

pessoas, motivando-as para que realizem esta tarefa. Por isso, o papel do líder é

muito importante no processo de conduzir as pessoas aos objetivos organizacionais.

Nesse sentido, é cada vez mais necessário ter líderes que desenvolvam

uma cultura organizacional, que propicie um clima de respeito e motivação com os

funcionários, estimulando o desenvolvimento de cada um e que saibam delegar

tarefas e cobrar resultados, visando assim alcançar os objetivos organizacionais.

2.6 Cultura Organizacional

A cultura organizacional compreende um conjunto de propriedades do

ambiente de trabalho, percebidas pelos empregados e devido a sua importância no

cotidiano das organizações se tornou um tema constante entre as atividades

empresariais. Estudar os valores, normas e crenças de uma organização consiste

em ser essencial para captar certos fenômenos e obstáculos enfrentados por

administradores para implantar processos de mudança.

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Em complemento a essa posição, Silva (2001, p. 421) tece que, “a cultura

organizacional é o sistema de valores, crenças, normas e hábitos compartilhados

que rege a interação dos elementos de uma organização”.

A conceituação de cultura organizacional é vista de várias formas na

literatura, onde todas contribuem com algum aspecto para o melhor esclarecimento

do conceito. Luz (2003, p. 16) “define cultura organizacional como o conjunto de

atributos físicos e psicossociais de uma organização que caracteriza o seu modo de

ser e determina sua identidade”.

De modo amplo, pode ser entendida como a coleção de valores levantados

pelas relações entre cultura, administração e empresa com a sociedade como um

todo. A sua mudança é um processo que exige muito cuidado e tempo, consiste em

ser lento, devido ao fato de consistir em um conjunto de regras não escritas, que

condicionam atitudes tomadas pelas pessoas dentro de uma organização.

“Aprender a mudar é, provavelmente o principal requisito para a cultura

organizacional nas questões de competitividade e sobrevivência” (LIMONGI-

FRANÇA, 2007, p. 182).

Muitos dos problemas que interferem na qualidade de vida são

conseqüências dos valores organizacionais e pessoais.

Mesmo pessoas que gostam do que fazem podem experimentar insatisfação no trabalho em decorrência do estilo gerencial ou das relações interpessoais no trabalho. Postura autoritária, desconsideração, gestão centralizadora e ausência de delegação são algumas das posturas gerenciais apontadas como geradoras de conflitos entre chefes e subordinados (BOM SUCESSO, 1998, p. 33).

A cultura organizacional é algo que a empresa tem, faz parte do seu

ambiente cultural mais amplo, e é formado a partir das experiências individuais de

seus integrantes, a qual por sua vez pode intervir no clima organizacional.

2.7 Clima Organizacional

Dentro do atual momento, tanto da administração de empresas quanto da

gestão de pessoas, tornou-se fundamental conhecer como está o seu clima

organizacional, para que a organização possa identificar suas forças e fraquezas e

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38

conhecer as necessidades de seus funcionários. A satisfação de seu cliente interno

pode influenciar diretamente na produtividade, no desempenho e alcance dos

objetivos. Além disto, a elaboração do diagnóstico de clima organizacional também

indica as áreas de necessidade de treinamento ou desenvolvimento gerencial. “O

clima organizacional é favorável quando possibilita a satisfação das necessidades

pessoais e desfavorável quando frustra essas necessidades” (TACHIZAWA;

FERREIRA; FORTUNA, 2004, p. 239). Portanto, esta relacionado com o nível de

motivação e satisfação do indivíduo, o qual por sua vez pode afetar o desempenho e

a produtividade da organização.

Existem diversos conceitos sobre o tema. De acordo com Luz (2003, p. 13)

“clima organizacional é a atmosfera psicológica que envolve, num dado momento, a

relação entre a empresa e seus funcionários”.

Em perspectiva similar Lacombe (2005) cita que o clima organizacional é o

reflexo da qualidade do ambiente de trabalho. Se o clima for bom, as pessoas

tendem a ser proativas, inovar, ter iniciativa e bom relacionamento com os colegas.

Se ao contrário, for ruim, tendem a fazer o mínimo para manter-se no emprego.

O clima organizacional é característico de cada empresa e seus indivíduos

estão fortemente relacionados com a cultura organizacional. Luz (2003) afirma que

cultura seria a causa e o clima a conseqüência. Em complemento Oliveira (2006, p.

143) afirma que o “clima organizacional é a percepção coletiva que os profissionais

tem da empresa, através da experimentação prática e prolongada de suas políticas,

estruturas, sistemas, processos e valores”.

Em grande parte, o clima advém da cultura das organizações, entretanto

também sofre influência dos acontecimentos externos que são considerados de

pouco impacto, ao contrário dos acontecimentos internos, que afetam de maneira

intensa e permanente o clima da empresa.

Xavier apud Gomes (2002, p. 102) ressaltam que o clima organizacional

“sofre influências do sistema político, do sistema econômico, da turbulência social e

do sistema cultural”.

O clima precisa estar sempre sendo avaliado, e a organização realizando

mudanças necessárias. Na concepção de Silva (2001), para mudar o clima

organizacional, a organização precisa ter capacidade inovadora, ou seja, algumas

características como: adaptabilidade, senso de identidade, perspectiva exata do

meio ambiente e integração entre os participantes.

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Apesar de o clima organizacional ser algo intangível, há algumas formas de

manifestação dos trabalhadores que devem ser observadas no momento de analisar

o clima. Luz (2003) cita alguns indicadores que servem de alerta quando algo não

está bem, ou ao contrário, quando está tudo bom, são eles:

� Turnover: rotatividade de pessoal. Pode significar que as pessoas não têm

comprometimento com a empresa.

� Absenteísmo: excesso de faltas e atrasos.

� Avaliação de desempenho: é um procedimento formal para avaliar o

desempenho, que muitas vezes irá confirmar que o baixo desempenho dos

empregados decorre de seu estado de animo, da sua apatia em relação a

empresa.

� Conflitos interpessoais e interdepartamentais: a intensidade desses conflitos é

que, muitas vezes, determina um clima tenso ou agradável.

É neste contexto que se encontra a importância da organização avaliar o

clima do ambiente de trabalho, uma vez que este afeta o comportamento dos

funcionários, que por sua vez afetam o próprio desempenho na organização.

A empresa pode se tornar mais eficaz a partir do momento em que

proporciona aos seus funcionários um clima que atenda às expectativas de seus

integrantes, e ainda que canalize o comportamento motivado para os objetivos

organizacionais (GOMES, 2002). Neste momento, é de suma importância a

conscientização de que todos pertencem a uma organização que possui missão e

responsabilidades bem definidas, onde as necessidades dos indivíduos são

reconhecidas, proporcionando a participação, a criatividade, desenvolvimento e

assim uma melhor qualidade de vida no trabalho.

2.8 Qualidade de Vida no Trabalho

Os primeiros estudos ligados a qualidade de vida no trabalho foram iniciados

na década de 50, principalmente no que se refere à satisfação do trabalhador com a

organização e com a tarefa que executa (HONÓRIO; MARQUES, 2001).

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Eric Trist e seus colaboradores do Instituto Tavistock de Londres, iniciaram

uma série de estudos que deu origem a uma abordagem sócio-técnica em relação à

organização do trabalho, com uma preocupação na satisfação e no bem-estar do

trabalhador, sendo considerados os precursores das pesquisas ligadas a qualidade

de vida no trabalho. Porém, somente na década de 60 cresceu o interesse sobre o

assunto, com o objetivo de alcançar o bem-estar geral, melhorando as formas de

organizar o trabalho e minimizando os seus efeitos negativos sobre o trabalhador

(TOLFO; PACCININI, 2001).

Conforme cita os mesmo autores, no início da década de 70, com o

agravamento da crise energética e o aumento da inflação, que atingiu as grandes

potencias do ocidente e, em particular, os Estados Unidos, decaiu o interesse pela

QVT. Devido à crise econômica da época, muitas empresas preocuparam-se

somente com a sua sobrevivência, tornando os interesses do funcionário de

importância secundária.

A partir de 1979, as preocupações com a QVT tomaram um novo impulso,

esta fase foi chamada de segundo ciclo de interesse da QVT. Esse ressurgimento foi

devido principalmente à perda de competitividade das indústrias norte-americanas

em face das suas concorrentes japonesas, e da constatação de que o compromisso

com o trabalho e com o empregador era menor nos Estados Unidos que em outros

países. Assim, os primeiros anos da década de 80, houve um interesse renovado e

uma apreciação pela importância da qualidade de vida dos empregados, onde a

ênfase maior foi na relação entre programas de produtividade centrados no

empregado e os esforços de QVT (NASCIMENTO; PESSOA, 2007).

No Brasil, a preocupação com a qualidade de vida no trabalho surge mais

tardiamente, conforme menciona Fernandes (1996), devido ao crescimento da

competitividade entre as empresas. Acrescenta Limongi-França (2004, p. 34) que

no país “o tema tem despertado o interesse de empresários e administradores pela

contribuição que pode oferecer para a satisfação do empregado e a produtividade

empresarial”.

Martins (2003) comenta que no Brasil, há cerca de 10 anos, falar em QVT

era utopia, porém hoje se percebe que isso mudou por determinantes de

sobrevivência num cenário competitivo. A autora ainda utiliza uma citação de Silva e

De Marchi (1997) para complementar que neste país os programas de QVT têm nos

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últimos anos despertado interesse das empresas, pois essas perceberam que QVT

está ligada a uma maior produtividade e vantagem competitiva.

As diferentes concepções e evolução da QVT está representada no Quadro

2, onde é possível compreender sua trajetória:

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QVT

CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT

CARACTERÍSTICAS OU VISÃO

1 – QVT como uma variável (1959 a 1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

2 – QVT como uma abordagem (1969 a 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção.

3 – QVT como um método (1972 a 1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era vista como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica.

4 – QVT como um movimento (1975 a 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram freqüentemente ditos como idéias do movimento de QVT.

5 – QVT como tudo (1979 a 1982)

Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problema de queixas e outros problemas organizacionais.

6 – QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de apenas um modismo passageiro.

Quadro 2 - Evolução do conceito de QVT Fonte: Nadler e Lawler (apud FERNANDES, 1996, p. 42).

Devido a grandes mudanças ocorridas no ambiente organizacional nas

últimas décadas, o tema Qualidade de Vida no Trabalho assume diversas definições.

Limongi-França (2004), a QVT passa a ser uma preocupação cada vez mais

presente nas organizações, pois está associada à nova realidade social, apelos a

novos hábitos, responsabilidade social e compromisso de desenvolvimento

sustentável, fazendo parte das mudanças pelas quais passam as relações de

trabalho.

Neste contexto, Bom Sucesso (1998) define como fatores relevantes para a

qualidade de vida no trabalho, a escolha da profissão, as características da cultura

organizacional, a infra-estrutura familiar, as relações interpessoais, os conflitos, a

auto-estima e a forma como o indivíduo se sente em relação a si mesmo.

Fernandes (1996) ressalta que o enfoque principal da qualidade de vida no

trabalho, volta-se para a conciliação dos interesses dos empregados e das

organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do

trabalhador, em conseqüência, melhora a produtividade da empresa. Conte (2003),

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42

enfatiza que a QVT pode significar a sobrevivência da empresa, baseando-se no

fato de que indivíduos motivados, envolvidos e satisfeitos com o trabalho que

realizam, são mais produtivos. Portanto o grande objetivo das organizações é

conciliar os seus interesses com o de seus funcionários, assim melhorar a satisfação

dos trabalhadores e em conseqüência a produtividade. Em complemento a essa

posição, Albuquerque e França (1998 apud NASCIMENTO; PESSOA, 2007)

mencionam que a qualidade de vida no trabalho é o conjunto de ações de uma

empresa que abrange diagnóstico e implementações de melhorias e inovações

gerenciais, tecnológicas e estruturais, tanto dentro como fora do ambiente de

trabalho objetivando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para a

realização do trabalho. Cabe evidenciar que as organizações estão percebendo que

melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, torna a empresa mais saudável,

competitiva e produtiva.

As preocupações sobre QVT é algo que sofreu mudanças com o decorrer

de alguns acontecimentos sociais. Limongi-França (2004) cita alguns destes

desencadeadores de QVT na Sociedade Pós-Industrial:

� Vínculos e estruturada vida pessoal: família, atividades de lazer,

expectativa de vida, grupos de afinidade e apoio.

� Fatores socioeconômicos: globalização, tecnologia, informação,

políticas de governo, padrões de consumo mais sofisticados.

� Metas empresariais: competitividade, qualidade do produto, custos.

� Pressões organizacionais: novas estruturas de poder, remuneração

variável, informação, agilidade, investimentos em projetos sociais.

Para Walton (1973 apud TOLFO; PICCININI, 2001) a concepção acerca da

QVT “é calcada em humanização do trabalho [..] envolvendo o entendimento de

necessidades e aspirações do indivíduo [...] aliada a uma formação de equipes de

trabalho com maior poder de autonomia e melhoria do meio organizacional”.

No trabalho a qualidade de vida representa hoje a necessidade de valorização das condições de trabalho, da definição de procedimentos da tarefa em si, do cuidado com o ambiente físico e dos bons padrões de relacionamento (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 168).

Qualidade de vida no trabalho é ouvir as pessoas, procurando identificar o

que querem, pensam ou o que sentem e utilizar ao máximo de suas potencialidades,

oportunizando condições para que essas desenvolvam junto à organização (CLEO

CARNEIRO apud FERNANDES, 1996).

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Conforme Albuquerque e França (1998 apud NASCIMENTO; PESSOA,

2007), a qualidade de vida no trabalho compreende o conjunto de ações realizadas

por uma empresa (implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e

estruturais) tanto em seu ambiente interno quanto externo, visando oferecer

condições plenas de desenvolvimento humano para a realização do trabalho. Diante

disso, as empresas devem propiciar um ambiente de maior satisfação e motivação

individual, que resultará um desempenho superior do funcionário.

Porém cabe ressaltar, que não somente a organização é responsável pela

qualidade de vida, mas também algumas políticas públicas devem promovê-la

através da garantia dos direitos fundamentais como: saúde, habitação, educação e

segurança.

O indivíduo também tem grande responsabilidade pela conquista da

qualidade de vida no trabalho. Depende da sua auto-estima, engajamento

profissional, político e social.

Acima de tudo a postura do sujeito empenhado na transformação da realidade, do cidadão responsável pelos seus atos, consciente de seus direitos e deveres [...].Mudar o próprio comportamento, alterar hábitos arraigados prejudiciais à qualidade de vida não se faz por mágica ou pela simples vontade de mudar. Disciplina, persistência e determinação constituem outros ingredientes (BOM SUCESSO, 1998, p. 45).

Alguns autores apresentam modelo de Qualidade de Vida no Trabalho,

sendo que cada um apresenta aspectos que devem ser considerados no momento

de analisar e principalmente promover a QVT nas organizações.

2.9 Modelos de estudo de QVT

Nas décadas passadas muitas foram as abordagens sobre QVT por diversos

autores. Neste item serão apresentadas algumas destas, enfatizando que o modelo

utilizado para este estudo é o de Walton (1973). Walton foi o primeiro autor norte-

americano a fornecer um modelo de análise de experimentos acerca da Qualidade

de Vida no Trabalho, iniciando estudos na linha de pesquisa de satisfação em

qualidade de vida no trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

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2.9.1 O modelo de Nadler e Lawler (1983)

Para os autores a qualidade de vida no trabalho consiste na busca de

maximizar a produtividade, porém sem desconsiderar os aspectos da motivação e

da satisfação do indivíduo (SOUZA et al.., 2005).

Nadler e Lawler (1983 apud VIEIRA, 1996) citam como indicadores que

compõem a qualidade de vida no trabalho:

1. Participação nas decisões;

2. Reestruturação do trabalho através de enriquecimento de tarefas e

grupos de trabalho autônomo;

3. Inovação no sistema de recompensas com remunerações financeiras e

não-financeiras;

4. Melhoria do ambiente de trabalho no que se refere às horas de trabalho,

condições, regras e meio ambiente físico entre outros.

Conforme Souza et al.. (2005, p. 5), “esses indicadores interferem no clima

organizacional e podem ser direcionados à obtenção de um ambiente de trabalho

favorável”. O autor complementa que para o sucesso dos projetos de QVT, há mais

seis fatores determinantes: a percepção da necessidade; o foco do problema

destacado na organização; a estrutura para identificação e solução do problema,

teoria/modelo de projeto de treinamento e participantes; as compensações

projetadas para os processos assim como para os resultados; os sistemas múltiplos

afetados e o amplo envolvimento da organização.

2.9.2 O modelo de Siqueira e Coletta (1989)

Realizaram um estudo sobre os fatores determinantes da QVT, a partir da

percepção dos trabalhadores. Estes estudos foram aplicados em cem empregados

de empresas industriais e comerciais de Uberlândia/MG (VIEIRA, 1996).

Siqueira e Coleta (1989 apud VIEIRA, 1996) com resultado das entrevistas,

identificaram como principais fatores determinantes da QVT :

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1. Política de Recursos Humanos: política de cargos e salários, treinamento,

educação, benefícios, estabilidade, cumprimento das regras e legislação

trabalhistas;

2. Trabalho: ambiente seguro e saudável, ausência de cobranças rígidas,

participação nas decisões, equipamentos adequados, tarefas enriquecidas, trabalho

em grupo, amizade entre colegas e contato com o patrão, tratamento adequado por

parte dos clientes da organização;

3. Interações pessoais: colegas-amizade, cooperação, confiança, chefia

aberta ao dialogo, participativa, autoridade, confiança, conhecimento técnico;

4. Indivíduo: assiduidade, baixo turnover, satisfação com o que faz,

responsabilidade, iniciativa, separação entre os problemas pessoais e profissionais,

confiança em si mesmo, residir em local de fácil acesso;

5. Empresa: imagem de organização, conceituada, sólida, administração

eficiente e regras bem definidas de funcionamento.

2.9.3 Modelos de Dimensões Básicas da Tarefa de Hackman e Oldham

(1975)

Segundo os autores, este modelo demonstra que os "resultados pessoais e

de trabalho", são obtidos através da presença de "estados psicológicos críticos", os

quais seriam capazes de determinar a motivação e a satisfação do indivíduo em

relação ao seu trabalho (VIEIRA, 1996).

Hackman e Oldham (1975 apud SAMPAIO, 2004) avaliam três

características objetivas do trabalho. A primeira refere-se às dimensões da tarefa,

identificando variedade de habilidade, identidade da tarefa, significação da tarefa,

autonomia, feedback e inter-relacionamento. A segunda, estado psicológico,

envolvendo significância percebida do trabalho, responsabilidade percebida pelos

resultados do trabalho e conhecimento dos resultados do trabalho. E a terceira, são

as respostas afetivas ao trabalho, que incluiu satisfação geral, motivação interna ao

trabalho e satisfações específicas (com a segurança no trabalho, remuneração,

ambiente social e necessidade de crescimento individual).

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“A QVT é entendida pelos autores como a combinação das dimensões da

tarefa que produzem motivação e satisfação em diferentes graus, com a capacidade

de gerar atitudes e condutas distintas nas pessoas em ambiente organizacional”

(SAMPAIO, 2004, p. 63).

2.9.4 O modelo de Westley (1979)

Para Fernandes (1996), outro modelo para analisar a QVT é o referenciado

na literatura de Westley (1979), segundo o qual a avaliação da qualidade de vida é

baseada em quatro indicadores: econômico, político, psicológico e sociológico, que

afetam ou se tornam obstáculos à QVT.

INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

ECONÔMICO POLÍTICO PSICOLÓGICO SOCIOLÓGICO

Equidade Salarial Segurança Emprego Realização Potencial Participação nas

Decisões

Remuneração

Adequada Atuação Sindical Nível de Desafio Autonomia

Benefícios Retroinformação Desenvolvimento

Pessoal

Relacionamento

Interpessoal

Local de Trabalho Liberdade de Expressão Desenvolvimento

Profissional

Grau de

Responsabilidade

Carga horária Valorização do Cargo Criatividade Valor Pessoal

Ambiente externo Relacionamento com a

Chefia Auto-Avaliação

Variedade Tarefa

Indent. c/ Tarefa

Quadro 3 - Indicadores de Qualidade de vida no Trabalho. Fonte: Westley (1979 apud FERNANDES, 1996).

Fernandes (1996) ressalta que os problemas econômicos trariam a injustiça;

o político, a insegurança; o psicológico, a alienação; e o sociológico, a anomia.

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2.9.5 O modelo de Walton (1973)

Por meio de pesquisas Walton buscou identificar os fatores e dimensões

que afetam de maneira mais significativa o trabalhador, sendo este o modelo

referencial para elaboração dos instrumentos de pesquisa do presente estudo.

A expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico (WALTON, 1973 apud RODRIGUES, 1994, p. 81).

Walton (1973 apud VIEIRA, 1996) propõe oito "categorias conceituais" com

o objetivo de fornecer uma estrutura para analisar as características notáveis da

Qualidade de Vida no Trabalho, como apontadas no Quadro 3:

FATORES DIMENSÕES 1-Compensação Justa e Adequada Renda adequada ao trabalho

Equidade interna e externa Justiça na compensação Partilha dos ganhos de produtividade

2-Condições de Trabalho Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável

3-Uso e desenvolvimento de capacidades Autonomia Significado da tarefa Identidade da tarefa Feedback

4-Oportunidade de crescimento e segurança Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança de emprego

5-Integração social na Organização Ausência de preconceitos Igualdade de tratamento Senso comunitário (cooperação)

6-Constitucionalismo Direito de proteção do trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas

7-O trabalho e o espaço total de vida Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo para lazer da família

8-Relevância social do trabalho na vida Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Responsabilidade para com os funcionários

Quadro 4 - Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho – QVT Fonte: Walton (1973 apud VIEIRA, 1996).

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48

Segue abaixo o modelo de Walton (1973) segundo a concepção dos autores

pesquisados.

2.9.5.1 Compensação adequada e justa

Fernandes (1996) evidencia que a compensação adequada e justa, refere-

se ao salário justo ou a adequação entre o trabalho e o pagamento em seus

diversos níveis relacionados entre si. Acrescenta Vasconcelos (2001), que a

compensação adequada e justa da remuneração ao trabalhador é aquela que

respeita a equidade interna e a equidade externa.

Este fator divide-se em três dimensões:

a) Remuneração adequada: remuneração que supra as necessidades do

indivíduo, para que possa viver dignamente dentro de seu contexto social;

b) Equidade interna: destaca o equilíbrio nas remunerações dos

funcionários no ambiente interno, ou seja, dentro da organização;

c) Equidade externa: destaca o equilíbrio da remuneração em relação a

outros profissionais no mercado de trabalho externo a organização.

Para Walton (1973), o trabalho primeiramente é um meio do indivíduo

ganhar a vida. A honestidade da compensação pode ser focalizada de várias

maneiras, como por exemplo, pelas relações entre salário e talentos, demanda de

mão-de-obra ou média de compensação da comunidade em questão (RODRIGUES,

1994).

2.9.5.2 Condições de segurança e saúde no trabalho

Este item analisa as condições do ambiente de trabalho oferecidas aos

empregados para a execução de suas atividades. Envolvendo a jornada e carga de

trabalho, materiais e equipamentos disponibilizados para a execução das tarefas e

ambiente saudável (VIEIRA, 1996).

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Horário razoáveis reforçados por um período normal de trabalho padronizado; condições físicas de trabalho que reduzem ao mínimo o risco de doenças e danos; limite de idade imposto quando o trabalho é potencialmente destrutivo para o bem-estar das pessoas abaixo ou acima de uma certa idade (WALTON, 1973 apud RODRIGUES, 1994).

Fernandes (1996) acrescenta mencionando que o trabalhador não deve ser

exposto a condições físicas e psicológicas prejudiciais a sua saúde, sendo que este

fator somente poderá ser avaliado se verificado as seguintes dimensões:

a) Jornada de trabalho: refere-se ao número de horas trabalhadas, estando

ou não de acordo com a legislação trabalhista, assim como sua relação com as

tarefas a serem realizadas.

b) Carga de trabalho: envolve a quantidade de tarefas exigidas para um

turno de trabalho.

c) Ambiente físico e saudável: refere-se ao local e condições de trabalho,

sendo que proporcione a redução dos riscos de danos físicos e doenças, condições

de segurança, bem estar (conforto), além do fator organização.

2.9.5.3 Uso e desenvolvimento de capacidades

Walton estabelece cinco requisitos básicos para que os funcionários

possam usar e desenvolver suas habilidades (FERNANDES, 1996):

a) Autonomia: refere-se à liberdade que o trabalhador possui para

programar e executar seu trabalho;

b) Significado da tarefa: refere-se à importância do trabalho realizado na

vida, assim como no trabalho de outras pessoas, internas ou externas a

organização;

c) Identidade da tarefa: refere-se à amplitude da tarefa na sua integridade e

na avaliação do resultado;

d) Variedade da habilidade: é a possibilidade do trabalhador estar sendo

informado acerca de seu desempenho em relação ao seu trabalho como um todo;

e) Retroinformação: avalia se o funcionário está sendo informado sobre seu

desempenho em relação ao trabalho realizado.

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Vieira (1996, p. 45) comenta que o uso e desenvolvimento de capacidades

"refere-se às possibilidades do trabalhador satisfazer suas necessidades de

utilização da habilidade e de conhecimento [...].

2.9.5.4 Oportunidade de crescimento contínuo e segurança

Neste item é comentado a oportunidade de crescimento, promoção,

autodesenvolvimento dos funcionários na organização, incluindo expectativas para

trabalhos futuros (RODRIGUES, 1994).

Conforme cita Fernandes (1996), as dimensões desse fator são:

a) Possibilidade de carreira: refere-se a oportunidades de avanço na

carreira e que esses sejam reconhecidos pela organização;

b) Crescimento pessoal: refere-se a oportunidades de aperfeiçoamento

como educação continuada das potencialidades do indivíduo e sua aplicação.

c) Segurança de emprego: grau de segurança dos funcionários em relação

a sua permanência no emprego.

Vasconcelos (2001) acrescenta que neste fator pode-se observar, através

das ações e políticas da empresa, o quanto suas práticas empresariais estão de fato

relacionadas com o respeito e a valorização do empregado.

2.9.5.5 Integração Social na organização

Vieira (1996) destaca que este item inclui as práticas de cultivo ao bom

relacionamento nas organizações: eliminação de barreiras hierárquicas marcantes,

apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de preconceitos. Sendo definidas

por Fernandes (1996) as seguintes dimensões para este fator:

a) Igualdade de oportunidades: refere-se a oportunidades de todos os

funcionários crescerem dentro da organização.

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b) Relacionamento: refere-se ao grau de relacionamento interpessoal,

marcado por auxílio recíproco, apoio sócio-emocional e respeito às individualidades.

c) Senso comunitário: nível de senso de comunidade existente na

organização.

2.9.5.6 Constitucionalismo

Para o mesmo autor o constitucionalismo são os direitos e deveres dos

empregados. Implica respeito às leis trabalhistas, a privacidade pessoal e a

liberdade de expressão. Sendo estabelecidas as seguintes dimensões:

a) Direitos trabalhistas: refere-se ao cumprimento dos direitos dos

trabalhadores;

b) Privacidade pessoal: grau de privacidade que o funcionário possui dentro

da organização;

c) Liberdade de expressão: refere-se à possibilidade de o funcionário

expressar seus pontos de vista a seus superiores.

d) Normas e rotinas: refere-se ao grau de influência das normas e da rotina

na execução de suas tarefas.

Na concepção de Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994, p. 84) "as normas

que estabelecem os direitos e deveres dos trabalhadores são elementos chaves

para fornecer uma elevada QVT".

2.9.5.7 O trabalho e o espaço total de vida

Na visão de Chiavenato (1999, p. 393) "o trabalho não deve absorver todo

o tempo e energia do trabalhador em detrimento de sua vida familiar e particular, de

seu lazer e atividades comunitárias". Este fator menciona a importância de haver um

equilíbrio entre a vida pessoal e no trabalho.

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Fernandes (1996) evidencia as seguintes dimensões do trabalho e o espaço

total de vida:

a) Papel balanceado no trabalho: refere-se a possibilidades de equilíbrio

entre a jornada de trabalho, suas exigências e o tempo disponibilizado para viagens,

família, enfim tudo o que abrange a esfera pessoal do trabalhador.

b) Horário de entrada e saída: refere-se ao equilíbrio entre os horários de

entrada e saída do trabalhador na organização e como esse interfere na vida

pessoal.

2.9.5.8 Relevância social da vida no trabalho

Imagem da empresa, perante a sociedade, como é vista em relação à

responsabilidade social na comunidade, à qualidade dos produtos, práticas de

emprego e serviços (VASCONCELOS, 2001).

Fernandes (1996) utilizando o comentário de Walton (1973) ressalta que

algumas organizações agem de forma a depreciar seus serviços/produtos, podendo

assim afetar a auto-estima de seus empregados. E se o funcionário não perceber a

importância do trabalho, poderá não ver expectativas de reconhecimento pelo

mesmo. Esse fator contempla as seguintes dimensões:

a) Imagem da empresa: visão dos funcionários em relação à organização;

b) Responsabilidade social da organização: percepção dos funcionários

quanto à responsabilidade social da organização perante a comunidade;

c) Responsabilidade social pelos produtos/serviços: percepção dos

funcionários quanto à responsabilidade da organização com a qualidade;

d) Responsabilidade social pelos funcionários: percepção dos funcionários

no que se refere a sua valorização e participação na organização;

Na visão de Souza et al.. (2005) as oito dimensões apresentadas por

Walton é uma proposta ampla, que ultrapassa o limite do trabalho alcançando o

espaço total de vida do indivíduo. Considera que a QVT também pode ser expressa

por caracterizar determinados valores ambientais e humanos que foram

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53

negligenciados em favor do avanço da tecnologia, da produtividade industrial e do

crescimento econômico.

São vários os estudos sobre QVT, onde cada autor aborda o assunto sob

seu ponto de vista, porém sempre com o mesmo objetivo: a preocupação em facilitar

ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa.

2.10 O Comprometimento Organizacional

As organizações necessitam cada vez mais do comprometimento de seus

funcionários. Num ambiente competitivo que é vivido atualmente, as empresas

enfrentam situações que exigem soluções críticas e inovadoras, portanto necessitam

de um capital humano comprometido e disposto a colaborar para o alcance de seus

objetivos.

O conceito de comprometimento tem seu início no final dos anos setenta,

porém somente a partir da década de noventa, com o grande impacto das novas

tecnologias no processo de globalização é que ocorreu maior interesse sobre o

tema, tornando-se objeto de estudo pesquisadores (BASTOS, 1994 apud MARTINS,

2003). No Brasil, o trabalho pioneiro foi o de Borges-Andrade, Afanasieff e Silva

(1989), que divulgou os resultados de seus preditores em instituições de pesquisas

(MARTINS; ALVES, 2007).

Atualmente, o tema tem sido amplamente contemplado em periódicos,

dissertações e teses, fazendo parte de um grande número de artigos classificados

nos anais do ENANPAD - Encontros da Associação Nacional dos Programas de

Pós-Graduação em Administração. Sobre o ENANPAD, Roesch (2005) comenta que

é uma importante fonte para pesquisas, pois os temas ali encontrados são atuais e

relevantes desenvolvimento de estudos.

As várias pesquisas sobre comprometimento constatam uma forte relação

entre a empresa e o indivíduo, nas quais a situação de trabalho aparece como o

determinante principal da satisfação e performance. Lodahj e Kejner (1965 apud SÁ;

LEMOINE, 1999) definem comprometimento como “a medida segundo a qual a

performance no trabalho afeta a estima do próprio indivíduo”.

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Sá e Lemoine (1999) utilizam Thévent (1983) para conceituar o tema, os

autores mencionam que comprometimento supõe uma relação entre os valores do

indivíduo e aqueles da empresa – sua cultura, trazidos pelo seu processo de

trabalho, onde qualquer um é comprometido na medida em que adere aos valores

que constituem a cultura da organização. Isto quer dizer que cada um investe na

empresa quando encontra oportunidades correspondentes ao seu projeto pessoal e

também quando adere aos valores que constituem a cultura da empresa. Neste

sentido, o comprometimento organizacional apresenta-se como uma vantagem

competitiva, pois indivíduos comprometidos não medem forças para ajudar a

organização a alcançar os seus objetivos.

De fato, uma pessoa que se identifica culturalmente à organização na qual

esta inserida poderá realizar um trabalho apreciável e satisfatório, enquanto que ao

inverso, um indivíduo que não se identifica culturalmente, faz, consciente ou

inconscientemente, menos esforços, até mesmo esforços contrário aos objetivos

organizacionais.

Senge (1998 apud BARBORA; FARIAS, 2000) crítica, que o verdadeiro

comprometimento é pouco visto nas organizações. Muitas vezes, o que é

considerado comprometimento não passa de uma simples aceitação, pois as

pessoas até aderem às metas e objetivos organizacionais, participando ativamente,

porém concluir que se comprometam verdadeiramente algo difícil de se constatar.

“Estar comprometido, significa estar movido pelo desejo de ver o trabalho concluído

e o objetivo atingido da melhor, e mais eficiente, eficaz e efetiva maneira. É sentir-se

realmente responsável e demonstrar desejo de ver o sucesso da ação”, cita Barbosa

e Faria (2000, p. 4).

É extensa a literatura sobre os antecedentes de comprometimento. Como

cita Mottaz (1988), a variabilidade de antecedentes encontrada é devido à existência

de diferentes modelos teóricos que conduzem à escolha de conjuntos de variáveis

diversificadas. A abordagem de comprometimento como vínculo afetivo ou atitudinal,

proposta por Mowday (1982), difere-se, por exemplo, da abordagem calculativa ou

instrumental, na qual o comprometimento é visto como produto das trocas efetivadas

com a empresa (sistema de recompensas), ou da abordagem normativa, onde o

comprometimento é associado à internalização de normas sociais e também a

padrões de conduta (MARTINS; ALVES, 2007).

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Morrew (1993 apud MARTINS; ALVES, 2007, p. 4) observa “que o

comprometimento tem sido definido como uma atitude que reflete sentimentos como

apego, identificação ou lealdade com o objeto de compromisso”. Enquanto Bastos

(1994 apud MARTINS; ALVES, 2007) define o conceito de comprometimento por

outros conceitos, tais como o de envolvimento, de identificação além de apego.

Sendo assim, o comprometimento organizacional pode ser concebido como um laço

psicológico que une os indivíduos à organização, e que tem implicação para a

decisão de nela permanecerem.

Se comprometer implica sentimento de "lealdade em relação a algo" e o comprometimento organizacional está relacionado a uma resposta dada em função do tratamento oferecido pela organização, tratamento este que possibilite oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional (BASTOS, 1994 apud BORGES et al.., 2004, p. 6).

Os estudos realizados por Meyer e Allen (1991 apud BAÍA et al.., 2006)

enfatizam que o comprometimento organizacional pode se manifestar em três

enfoques: o afetivo, instrumental e normativo. O comprometimento afetivo é o grau

em que o indivíduo se sente identificado e envolvido na organização;

comprometimento instrumental, grau em que o funcionário se mantêm ligado a

organização devido ao reconhecimento dos custos associados a sua saída da

empresa e comprometimento normativo, grau em que o funcionário se sente com

dever moral de permanecer na empresa, um sentimento da obrigação. Nesta

concepção, um empregado pode sentir uma forte ligação com a empresa e um

sentimento de obrigação em permanecer, enquanto outro empregado, pode gostar

de trabalhar na organização, porém reconhece os custos que teria em deixar a

empresa. E por fim, o empregado pode sentir considerável grau de obrigação e

necessidade de permanecer no atual emprego. Meyer e Allen (1991) concluem que

comum a todos os conceitos, está o entendimento que o comprometimento une o

indivíduo a organização, pois pessoas comprometidas se empenham na realização

do seu trabalho e no alcance dos objetivos organizacionais, assim como possuem

maior probabilidade de permanecerem na organização. Nesse sentido as

organizações estão cada vez mais valorizando os funcionários comprometidos,

esses vêm sendo convocados para fazer parte das soluções, e é nesses que as

empresas mais tendem a investir (BAÍA, et al.., 2006).

Dessa forma, Moraes et al.. (1997) menciona o fato de que pesquisas já

realizadas no Brasil, identificaram que as variáveis do comprometimento possuem

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uma correlação com os seguintes aspectos: tempo de serviço, quanto mais longo é o

tempo do vínculo empregatício, maior é o grau de comprometimento; as

oportunidades de crescimento e o desenvolvimento profissional também estão

ligadas ao comprometimento na maioria das pesquisas, assim como a autonomia e a

identificação com o trabalho realizado apresentam vínculos ao comprometimento.

Medeiros, Albuquerque, Siqueira e Marques (2002 apud MARTINS; ALVES,

2007, p. 4) utilizam a definição elaborada por Porter e Smith para definir

comprometimento:

Comprometimento é uma relação forte entre um indivíduo identificado com e envolvido numa organização em particular, e pode ser caracterizado por pelo menos três fatores: (1) estar disposto em exercer um esforço considerável em benefício da organização; (2) uma forte crença e a aceitação dos objetivos e valores da organização; e (3) um forte desejo de se manter membro da organização.

Naves e Coleta (2003, p. 206) conceituam o comprometimento

organizacional com o “envolvimento com a organização que incita a realizar um

esforço considerável em prol da empresa, sendo este afetado pela natureza do

vínculo: afetiva, instrumental ou normativa”.

Para complementar o entendimento acerca do tema comprometimento, será

melhor detalhado a seguir, o modelo das três dimensões de Meyer e Allen (1984,

1988, 1990, 1991, 1997).

2.11 O Modelo das três dimensões de Meyer e Allen

Dentre os diversos instrumentos para a conceituação do comprometimento,

o modelo de Meyer e Allen (1993) é o mais aceito entre os pesquisadores. Os

autores mencionam que o comprometimento organizacional é baseado em três

dimensões: Afetiva, Instrumental e Normativa. Por fim, o conceituam com sendo uma

"força que liga um indivíduo ao curso de ações de relevância para um objetivo e

pode ser acompanhado por diferentes opiniões que têm a função de dimensionar o

comportamento” (MÜLLER et al.., 2005, p. 513).

Affective Commitment ou Comprometimento Afetivo: é o percebido como um

apego, como um envolvimento, onde ocorre identificação com a organização,

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caracteriza-se pela ligação efetiva/emocional. Neste caso, os funcionários com um

forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem, é

uma relação na qual o indivíduo deseja dar algo de si para contribuir com o bem-

estar da organização (BARBOSA; FARIA, 2000). Acrescenta Meyer e Allen (1991

apud BANDEIRA et al.., 2000, p. 137) que “empregados com um forte

comprometimento afetivo permanecem na organização porque assim o querem”.

Cruz (2002) destaca que o comprometimento afetivo pode aumentar com a

idade, o nível de escopo do trabalho, e está relacionado com a maior contribuição do

indivíduo à organização. Ainda cita a autora que nem sempre as recompensas

sociais materiais são determinantes da satisfação do trabalho. O salário, por

exemplo, não é o nível mais importante da satisfação, pois há outros atrativos que

podem sobrepor-se, tais como, a estabilidade, o crescimento profissional, a

segurança. E ainda, recompensas sociais e psicológicas, como incentivos, elogios,

compreensão, carinho, afeto, parceria, podem tornar o funcionário muito mais

comprometido com a organização.

Rego e Souto (2002 apud MARTINS; ALVES, 2007) mencionam que o

comprometimento afetivo reduz as intenções de abandono da organização por parte

do indivíduo, este passa a demonstrar mais disposição em exercer esforços de

desempenho, o que não se obtém com o comportamento instrumental.

Neste contexto Organ e Paine (2000 apud Rego et al.., 2007) conclui, que

pessoas efetivamente comprometidas são mais motivadas a contribuir com o

desempenho da organização, apresentando também um reduzido turnover, baixo

absenteísmo e comportamento de cidadania organizacional.

Os mesmos autores mencionam que o comprometimento afetivo de

desenvolve quando o funcionário se sente envolvido com a organização e reconhece

o valor na relação com ela ou se sente identificado com a empresa. Estes efeitos,

complementam os autores, podem ser alcançados quando por exemplo, o

funcionário (a) sente que a organização o trata de modo justo e respeitador; (b) tem

confiança na organização e nos seus líderes; (c) obtém satisfação no trabalho; (d)

considera que os valores da organização têm um orientação humanizada; (e) sente

que existe congruência entre os seus objetivos e os da organização; e (f) a

organização é um boa cidadã e assume comportamentos socialmente responsáveis.

Continuance Commitment ou Instrumental: indica que o indivíduo

permanece na organização pelo reconhecimento dos custos associados a sua saída.

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Segundo Meyer e Allen (1993 apud MÜLLER et al.., 2005), os funcionários com

comprometimento instrumental permanecem na organização porque precisam. Este

componente pode ser relacionado com a conformidade, onde as atitudes e

comportamentos são adotados com o objetivo de recebimento de recompensas.

Siqueira (2001) sustenta que o comprometimento instrumental seria

lembrado pela avaliação positiva dos resultados, tais como a posição alcançada na

organização, acesso a certos privilégios ocupacionais, planos de aposentadoria em

conseqüência ao que foi investido pelo indivíduo e a possibilidade de perder estas

vantagens decorrentes dos investimentos, caso se desligue da organização.

Para Medeiros et al.. (2003 apud MARTINS; ALVES, 2007), essa

modalidade de comprometimento está relacionada às alternativas que o indivíduo

tem, caso venha a deixar a organização. Isto pode acontecer quando faltam

oportunidades de reconhecimento quanto ao desempenho e esforço demonstrado

ou quando não existe equilíbrio entre as recompensas e as contribuições que a

empresa oferece aos seus empregados. Em conseqüente o enfoque instrumental é

função das trocas estabelecidas entre os funcionários e a empresa.

Concluindo, Rego et al.. (2007) enfatizam que o comprometimento

instrumental desenvolve-se quando o indivíduo (a) reconhece que, se sair da

empresa, perderá investimentos nela realizados e/ou (b) não tem alternativas

atrativas de emprego em outras organizações. Sendo também possível, que se sinta

instrumental ou calculativamente ligado à organização, quando se sentir insatisfeito,

injustiçado, impossibilitado de desenvolver o seu potencial e também realizando um

trabalho rotineiro e não desafiante.

Normative Commitment ou Comprometimento Normativo: está relacionado

a um alto nível de comprometimento por parte do funcionário em relação à empresa.

Conforme Meyer e Allen (1993 apud MÜLLER et al.., 2005), os funcionários com

comprometimento normativo permanecem na organização porque sentem que são

obrigados, é um comprometimento com a organização.

Cruz (2002) evidência que às normas, políticas e crenças organizacionais,

tem se ajustado às influencias externas e que em conseqüência, o funcionário

necessita estar comprometido para que consiga se comportar conforme as pressões

normativas, que são provenientes da cultura da empresa e estão voltadas à

satisfação dos objetivos e interesses da organização.

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De acordo com Naves e Coleta (2003) o comprometimento organizacional

pode ser entendido como o conjunto de pressões normativas internas que levam o

funcionário a se comportar de acordo com os objetivos e metas da organização.

Diante do ponto de vista de Rego et al.. (2007), o comprometimento

normativo emerge quando o indivíduo se internaliza as normas da organização, se

comportando segundo os padrões internos ou recebe benefícios que o induzem a

atuar reciprocamente. Acrescenta os autores, que é possível, por exemplo, que

desenvolva o dever de lealdade à organização quando (a) se sente satisfeito no

trabalho, justiçado e apoiado; (b) percebe que a organização fomenta valores que

ele próprio possui; (c) verifica que os seus líderes são de confiança; (d) percebe que

a organização adota políticas de recursos humanos que o valorizam como pessoa e

não como mero instrumento ou recurso.

O quadro em seqüência apresenta um resumo com as três dimensões de

Meyer e Allen (1991) segundo a concepção de Rego (2003, p. 27):

CATEGORIAS

CARACTERIZAÇÃO

A PESSOA PERMANCE NA ORGANIZAÇÃO

PORQUE...

ESTADO

PSICOLÓGICO

Afetivo

Grau em que o colaborador se sente emocionalmente ligado, identificado e envolvido na organização.

...sente que quer permanecer

Desejo

Normativo

Grau em que o colaborador possui um sentido da obrigação (dever moral) de permanecer na organização.

...sente que deve permanecer

Obrigação

Instrumental

Grau em que o colaborador se mantém ligado à organização devido ao reconhecimento dos custos associados com a sua saída da mesma. Este reconhecimento pode advir da ausência de alternativas de emprego, ou do sentimento de que os sacrifícios pessoais gerados pela saída serão elevados.

...sente que tem necessidade de permanecer

Necessidade

Quadro 5: As três componentes mais comuns do comprometimento organizacional Fonte: Rego (2003, p. 27).

Para Meyer, Allen e Smith (1993 apud BARBORA; FARIA, 2000), quando o

comprometimento é afetivo, o funcionário não se afasta da organização em virtude

de suas necessidades (psicológicas e materiais) estarem sendo supridas e ele não

possui garantias que em outra empresa terá as mesmas condições. Já, se o

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comprometimento é o de permanência (instrumental) o indivíduo se mantém na

organização porque, embora haja alternativa até mais compensadora, o custo de

integração e aprendizagem inicial é alto ou indesejado. Por fim, cita os autores que o

comprometimento normativo é o único que está no caminho de explicar as razões ou

motivações do comprometimento, pois ele propõe que o indivíduo continue na

organização por lealdade ou obrigação moral em detrimento do investimento

realizado ou da confiança depositada nele pela organização.

No próximo capítulo apresentam-se os resultados da pesquisa.

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3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

Este capítulo apresenta o resultado da pesquisa enfatizando a

caracterização da empresa e os demais objetivos propostos no trabalho.

3.1 Caracterização da organização

Esta etapa tem como objetivo apresentar informações referente à empresa

Perdigão Agroindustrial S/A, com destaque ao histórico, ramo de atividade, produtos,

visão, missão, valores, filosofia e mercados, dentre outros aspecto pertinentes da

organização.

3.1.1 Histórico

Este tópico apresenta as origens da Perdigão S/A, com base em

informações extraídas do site da empresa (www.perdigao.com.br).

A Perdigão Agroindustrial S/A foi fundada em 1934 no município de Videira

(antiga Vila das Perdizes), Meio-Oeste de Santa Catarina, pelos imigrantes italianos

Ponzoni e Brandalise. Neste ano foi inaugurado o armazém de secos e molhados

Ponzoni, Brandalise & Cia., que deu origem à Perdigão Agroindustrial S/A. Em 1939

a empresa inicia suas atividades industriais com um abatedouro de suínos.

No ano de 1941 é adotada a denominação social Perdigão Agroindustrial

S/A e criado um novo logotipo, que traz um casal de perdizes utilizado até hoje. Em

1955 é o início das atividades de abate de aves.

Em setembro de 1994, o controle acionário da Perdigão Agroindustrial S/A

foi adquirido pelo Fundo de Previdência do Banco do Brasil, determinando

importantes mudanças na administração da empresa. A implantação de uma gestão

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62

profissional levou a uma nova cultura empresarial e a um reposicionamento

estratégico, orientados para a busca de resultados.

Para tanto, a empresa passou por uma profunda reestruturação societária,

financeira e administrativa, que deu origem a uma única empresa de capital aberto -

Perdigão S/A - e a uma única empresa operacional - Perdigão Agroindustrial S/A. Foi

à primeira empresa brasileira de alimentos a lançar ações na Bolsa de Nova York,

atualmente alcançando o nível II. Em 2001, fez parte do primeiro grupo de empresas

a aderir ao Nível I de Governança Corporativa da Bovespa. Hoje, a Perdigão

participa dos principais índices da Bolsa de Valores de São Paulo, além do Índice de

Sustentabilidade Empresarial (ISE), que tem como objetivo refletir o retorno de uma

carteira composta por ações de empresas que promovam boas práticas no meio

corporativo brasileiro, por meio de ações de reconhecido compromisso com a

responsabilidade social e sustentabilidade empresarial.

A empresa emprega atualmente mais de 55 mil funcionários e opera

unidades industriais em oito Estados brasileiros, além da Argentina, Inglaterra,

Holanda e Romênia. Escritórios comerciais da empresa estão instalados na

Inglaterra, Holanda, Hungria, Espanha, Áustria, Itália, França, Rússia, Emirados

Árabes Unidos (Dubai), Cingapura, Japão e Portugal, além de centro de distribuição

na Holanda.

O principal investimento da Perdigão Agroindustrial S/A nos últimos anos foi

à construção do maior complexo industrial da empresa na cidade de Rio Verde (GO),

região centro-oeste do Brasil. Um importante marco estabelecido pela empresa em

2003, foi à concretização do Complexo Agroindustrial Rio Verde. O complexo

permitiu à empresa desconcentrar sua produção nas unidades do Sul, possibilitando

que estas ficassem mais focadas nas demandas do mercado internacional.

Atualmente, além dessa unidade, conta também com plantas em Mineiros e Jataí.

Em junho de 2005, foi inaugurado na cidade de Itajaí – SC, o Centro de

Serviços Perdigão – CSP. O CSP faz parte do plano de competitividade da Perdigão,

que visa à flexibilidade no relacionamento com seus clientes e parceiros, eficiência

nas suas transações e eficácia em seus processos de suporte.

Em 2006 a Perdigão entrou no segmento de lácteos com a aquisição de

51% da Batávia S/A – Indústria de Alimentos, empresa sediada em Carambeí (PR) e

com atuação agroindustrial também no Estado de Santa Catarina. Já no segundo

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63

semestre de 2007 a Perdigão adquiriu os restantes 49% do capital da Batávia.

Atualmente, a marca é gerida pela Unidade de Negócios Lácteos Batavo/Elegê.

Em março de 2007 a empresa inaugurou o Complexo Agroindustrial de

Mineiros (GO), que deverá se tornar referência mundial na produção de aves.

Final de outubro de 2007, a Perdigão adquire a empresa de carnes e

laticínios Eleva, dona das marcas Avipal e Elegê. Com a negociação, a Perdigão

assume a liderança em faturamento no segmento de processamento de carne de

frango no País, tornando-se também a segunda maior do setor de leites.

Recentemente, a empresa incorporou, em Goiás, a unidade de lácteos que

pertencia a Eleva Alimentos. A planta fica em Itumbiara e produz leite UHT com a

marca Elegê, leite em pó, creme de leite e manteiga.

A entrada da Perdigão no mercado de lácteos foi uma decisão estratégica.

Com a diversificação de seus negócios, a empresa teve como principal objetivo a

diluição de riscos para os acionistas. As sinergias entre as operações de carnes e

lácteos, além do moderno sistema de gestão administrativa da Perdigão,

possibilitaram o aumento de competitividade dos produtos da marca Batavo.

3.1.2 Ramo de Atividade

A Perdigão Agroindustrial S/A é uma das maiores companhias de alimentos

da América Latina. Sua atuação está focada na produção, no abate de aves e

suínos e no processamento de produtos industrializados, elaborados e congelados

de carnes, além dos segmentos de massas prontas, tortas, pizzas, folhados e

vegetais congelados.

3.1.3 Estrutura organizacional

Segue abaixo, a estrutura organizacional do Centro de Serviços Perdigão

em Itajaí – SC, com ênfase no setor de Suprimento, onde se realizou a pesquisa.

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64

Cita Oliveira (2006, p. 69) que “a estrutura organizacional deve ser delineada,

considerando as funções de administração como um instrumento para facilitar o

alcance dos objetivos”.

Figura 2 - Estrutura organizacional do Centro de Serviços Perdigão Fonte: Dados secundários

A estrutura utilizada no Centro de Serviços Perdigão classifica-se com

linear, “aquela em que os chefes e subordinados estão ligados na hierarquia por

linhas claras de subordinação, sem deixar dúvidas quanto a quem tem poder

decisório, quem deve acatar decisões, com predominância da unidade de comando”

(LERNER, 1991, p. 17).

3.1.4 Visão

Afirma Oliveira (2006, p. 283) “a visão da empresa é a identificação dos

limites que os principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um

período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla”. Pode ser definida,

como aonde a empresa que chegar mediante a execução de sua missão.

A Perdigão tem como visão crescer e expandir as operações de forma

globalizada. Ser a melhor escolha em qualquer lugar, tornando-se uma empresa de

classe mundial. Para a Perdigão Agroindustrial S/A o trabalho de hoje faz o mundo

de amanhã melhor.

Gerência

CSP

Gerência

Financeira

Gerência

Controladoria

Gerência de Recursos Humanos

Gerência Tecnologia

Da Informação

Gerência Relacionamento com Clientes

Suprimentos Controles Internos

Service Desk Apoio a Vendas

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65

3.1.5 Missão

Para Oliveira (2006, p. 278) “a missão é a razão de ser da empresa.

Identifica a quem e como a empresa atende as necessidades e expectativas de

mercado”. É o propósito de uma organização, sendo declarações curtas, claras e

fáceis de entender, fornecendo uma importante orientação para os gerentes e

funcionários.

A missão da empresa Perdigão Agroindustrial S/A é participar da vida das

pessoas, oferecendo alimentos saborosos, de alta qualidade e a preços acessíveis,

em qualquer lugar do mundo.

3.1.6 Princípios e Valores

A Perdigão Agroindustrial S/A, ao longo dos anos, desenvolveu valores que

regem as relações entre seus funcionários e clientes. Os valores básicos que

orientarão as decisões e atitudes baseiam-se na dignidade, liberdade, integridade,

lealdade e justiça.

1. Confiabilidade: Nós somos confiáveis, éticos e transparentes. Cumprimos o

que prometemos e assim construímos relações de respeito mútuo com

nossos clientes, fornecedores, colegas de trabalho e acionistas.

2. Qualidade: Nós temos obsessão pela qualidade e segurança alimentar.

Perseguimos a inovação para estar na vanguarda e contribuir para o bem

estar de nossos consumidores em todas as partes do mundo.

3. Participação: Nós trabalhamos com paixão para sermos uma das melhores

empresas globais de alimentos. Somos comprometidos com o que fazemos e

fazemos com garra, força e determinação.

4. Simplicidade: Nós acreditamos na simplicidade operacional e a praticamos

como estilo de trabalho. Resolvemos problemas de forma rápida e prática.

5. Pessoas: Nós somos comprometidos, desenvolvemos e valorizamos o

espírito de equipe e assim construímos o futuro de nossa equipe.

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66

6. Eficiência: Nós praticamos uma gestão que valoriza a eficiência e a

lucratividade, evita o desperdício e assim respeita nossos acionistas.

7. Responsabilidade Sócio-Ambiental: Nós temos e teremos, cada vez mais, um

papel importante como agente de desenvolvimento social nas localidades que

atuamos.

3.1.7 Filosofia

A filosofia da Perdigão Agroindustrial S/A é sustentar os mercados

conquistados e a excelência nas relações entre consumidores/clientes, bem como às

comunidades em torno das unidades. A preocupação social e os investimentos

permanentes na proteção do meio ambiente.

3.1.8 Produtos/Serviços

A Perdigão Agroindustrial S/A produz uma grande variedade de produtos,

comercializados no mercado interno e externo, derivados de carnes e de lácteos,

além dos segmentos de massas prontas, tortas, pizzas, folhados, vegetais

congelados e lácteos. Seu portfólio conta com mais de 1.500 itens, com diversas

marcas, entre as quais se destacam Perdigão, Batavo, Elegê, Perdix, Chester, e

Cotochés.

Atenta ao potencial de crescimento do mercado de food service – que

envolve a alimentação fora de casa, a Perdigão Agroindustrial S/A mantém uma

gerência específica para atender os clientes desse mercado: lanchonetes, cozinhas

industriais, hotéis, restaurantes, etc., buscando, dessa forma, o desenvolvimento de

um portfólio específico de produtos, que atendam às necessidades do mercado

institucional, além de reforçar a prestação de serviços que é fator fundamental nesse

segmento.

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67

3.1.9 Principais clientes

Com relação a seus clientes, a empresa possui pequenas lojas próprias nas

cidades onde possui unidades industriais e/ou filiais de vendas, disponibilizando

produtos diretamente para o consumidor final. Porém, seu principal cliente é o

comércio varejista, que engloba o segmento de mercados, além dos distribuidores

regionais e o mercado externo.

3.2.0 Principais fornecedores

Devido a sua grande capacidade produtiva, a Perdigão possui inúmeros

fornecedores no país, assim como também no exterior. Dentre os principais,

destacam-se os produtores rurais integrados que a empresa fomenta nas

localidades onde atua, inclusive fornecendo treinamento para que os mesmos

possam desenvolver suas competências e oferecer a empresa uma prestação de

serviço com qualidade.

3.2.1 Principais concorrentes

Como a Perdigão atua em diversos segmentos, possui vários concorrentes.

Dentre esses pode-se destacar como principais, a Sadia Alimentos S/A, também

oriunda de Santa Catarina, no setor de carnes e congelados e a Nestlé e Danone no

setor de lácteos.

Com a diversificação do porfólio e recentes aquisições, como a compra da

Batavo e Elegê, a Perdigão ultrapassou sua maior concorrente, em termos de

faturamento e produção, consolidando-se com a maior indústria de alimentos do

país.

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68

3.2 Resultados da pesquisa de campo

Neste item apresenta-se os resultados da pesquisa realizada no setor de

suprimentos do Centro de Serviços Perdigão – CSP em Itajaí - SC.

3.2.1 Apresentação do perfil dos funcionários

No quadro a seguir estão apresentados os dados pessoais dos funcionários,

os quais foram coletados por meio de um questionário e utilizados para a análise do

perfil:

FREQUÊNCIA PERCENTUAL

SEXO

Feminino 19 59%

Masculino 13 41%

Total 32 100%

IDADE

24 a 29 anos 14 44%

18 a 23 anos 10 31%

30 a 35 anos 6 19%

36 a 40 anos 2 6%

Mais de 40 anos 0 0%

Total 32 100%

ESTADO CIVIL

Solteiro 18 56%

Casado 13 41%

Divorciado 1 3%

Viúvo 0 0%

Total 32 100%

POSSUI FILHOS?

Não 29 94%

Sim 2 6%

Total 31 100%

SEUS FILHOS FICAM COM QUEM?

Na creche 2 67%

Sozinhos 1 33%

Com meus pais 0 0%

Com parente 0 0%

Com empregada 0 0%

Outro 0 0%

Total 3 100%

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CIDADE QUE RESIDE

Itajaí 22 71%

Balneário Camboriú 7 23%

Navegantes 1 3%

Penha 1 3%

Total 31 100%

VEIO MORAR AQUI A TRABALHO?

Não 23 72%

Sim 9 28%

Total 32 100%

VOCÊ MORA COM?

Com a família 27 87%

Sozinho 4 13%

Com seus parentes 0 0%

Total 31 100%

VOCÊ MORA

Aluguel 17 53%

Casa Própria 15 47%

Total 32 100%

ESCOLARIDADE

Ensino superior incompleto 19 60%

Ensino superior completo 10 31%

Pós-graduado 3 9%

Ensino médio completo 0 0%

Total 32 100%

AINDA ESTA ESTUDANDO?

Sim 20 62%

Não 12 38%

Total 32 100%

ESTE É SEU PRIMEIRO EMPREGO?

Não 30 94%

Sim 2 6%

Total 32 100%

PORQUE NÃO ESTA ESTUDANDO?

Por causa do salário 5 45%

Outro 5 45%

Por causa do horário do trabalho

1 10%

Não tem interesse 0 0%

Total 11 100%

GOSTARIA DE VOLTAR A ESTUDAR?

Sim 12 100%

Não 0 0%

Total 12 100%

TEMPO DE EMPRESA

Até 1 ano 13 41%

De 1 a 3 anos 7 22%

De 3 a 6 anos 7 22%

De 6 a 9 anos 3 9%

De 9 a 12 anos 1 3%

Mais de 12 anos 1 3%

Total 32 100%

TEM BOAS CONDIÇÕES DE SAÚDE?

Sim 32 100%

Não 0 0%

Total 32 100%

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GOSTA DE ESPORTES? Sim 27 84%

Não 5 16%

Total 32 100%

PRATICA OU PARTICIPA DO SEU ESPORTE

FAVORITO?

Sim 17 53%

Não 15 47%

Total 32 100%

Quadro 6 - Resultado do perfil dos funcionários Fonte: Pesquisa Campo

Para levantar o perfil dos funcionários utilizou-se um questionário, tendo

como base o referencial teórico do autor Luz (2003), com o objetivo de verificar se

algum fator relacionado aos aspectos mencionados poderiam estar interferindo na

qualidade de vida no trabalho e no comprometimento.

Analisando o perfil, percebe-se que a maioria é do gênero feminino, porém

na contratação de novos funcionários não há preferência de sexo.

A faixa etária variou entre 18 a 40 anos, havendo predomínio na idade de 24

a 29 anos, correspondendo a quatorze indivíduos (44%) da população pesquisada.

Houve também expressiva concentração na faixa de 18 a 23 anos, representando

dez respondentes (31%). Essa concentração de jovens, na idade de 18 a 23 anos se

deve ao fato da empresa contratar grande parte de sua mão-de-obra em

universidades da região.

Outro aspecto que vem a corroborar com o item anterior, diz respeito ao

estado civil. Como a maioria dos questionados possui idade até 29 anos, há reflexo

no estado civil, com minoria de divorciado, uma pessoa (3%) e grande parte divida

entre o estado civil solteiro, dezoito (56%) e expressivo representativo de casados,

correspondendo a treze (41%) indivíduos da população. O número de funcionários

com filhos é pequeno, sendo que apenas dois possuem, isto se justifica pela faixa

etária encontrada no setor.

A grande maioria dos funcionários, representando, vinte e sete (87%) reside

com a família. Neste sentido um bom convívio familiar pode proporcionar uma boa

qualidade de vida. Ainda no que se refere à moradia, o número que pessoas que

pagam aluguel é superior ao que possuem casa própria, representando dezessete

(53%) respondentes. O comprometimento de parte da renda familiar com a despesa

de aluguel pode comprometer a qualidade de vida.

Com relação à escolaridade, a maioria ainda está estudando, cursando, o

ensino superior, correspondendo a dezenove (60%), há também uma parcela que já

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esta formada, dez indivíduos (31%), e uma minoria é pós-graduada três (9%)

questionados. Este item vem a justificar que a empresa tem preferência em contratar

funcionários que continuaram seus estudos após o ensino médio, ou seja, estão

mais qualificadas profissionalmente.

Da parcela de funcionários que no momento não está estudando, cerca de

38% da população questionada, todos gostariam de voltar a estudar, porém cinco

citam o motivo salário (45%) para não estarem estudando, cinco citam outro motivo

(45%) e um por causa do horário de trabalho (10%). Este item interfere

negativamente na qualidade de vida no trabalho, assim como no nível de

comprometimento organizacional.

A grande parte dos funcionários, representando trinta respondentes (94%),

já trabalhou em outra empresa antes de ser contratado pelo Perdigão, justificando

assim a preferência da empresa em contratar pessoas que já possuem experiência

profissional.

Com início das atividades do Centro de Serviços Perdigão (CSP) em 2005,

muitos funcionários vieram transferidos de outras unidades para Itajaí, porém no

setor de suprimentos apenas nove (28%) vieram morar na região a trabalho, o

restante, vinte e três (72%), já residia na cidade.

Outro aspecto importante, que vem a colaborar com a análise apresentada,

refere-se ao tempo de serviço na organização. A análise evidencia um quadro de

funcionários com tempo de empresa relativamente pequeno. Do total de

respondentes, um número significativo, treze (41%), ainda não completou um ano de

empresa. Do restante da população, sete (22%) possuem de um a três anos e o

mesmo percentual de três a seis anos, destacando-se um funcionário com mais de

doze anos de serviço.

A grande maioria, vinte e sete respondentes (84%), gosta de praticar

esportes, destes no número de praticantes de atividades esportivas é pouco superior

aos de não praticantes. Dos respondentes, dezessete (53%) afirmaram que praticam

seu esporte favorito, e quinze (47%) não. Isto vem a comprovar que horário de

trabalho na empresa não afeta a prática de exercícios físicos, o que pode ser

considerado um indicador positivo de qualidade de vida.

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72

3.2.2 Fatores que afetam a QVT na percepção dos funcionários do setor

de suprimentos do CSP

Para verificar os fatores que influenciam a qualidade de vida no trabalho, foi

realizada uma pesquisa por meio de questionários, onde se abordou os seguintes

aspectos de acordo com o modelo de Walton: compensação justa e adequada,

condições de trabalho, uso e desenvolvimento de capacidades, oportunidade de

crescimento e segurança, integração social na organização, constitucionalismo, o

trabalho e o espaço total de vida e relevância social da vida no trabalho.

Considerou-se a média de 1 (um) a 3 (três) como desfavorável, havendo

assim grande discordância quanto à afirmação questionada e de 3 (três) a 6 (seis)

como favorável, onde há grande concordância dos respondentes perante ao item

questionado.

Nas tabelas 1(um) a 8 (oito) estão apresentados os fatores que afetam a

qualidade de vida no trabalho, segundo a percepção dos funcionários do setor de

suprimentos.

Na tabela 1, constam os resultados referente ao fator compensação justa e

adequada, que teve por objetivo analisar a satisfação dos funcionários em relação à

eqüidade interna e externa e justiça na compensação.

Tabela 1: Compensação justa e adequada

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Meu salário é justo de acordo com as responsabilidades que tenho.

2 6% 8 25% 8 25% 5 16% 8 25% 1 3% 3,38 1,34

Se eu trabalhasse noutra empresa, exercendo a mesma função, seria melhor remunerado.

0 0% 1 3% 11 34% 14 44% 5 16% 1 3% 3,81 0,85

Tenho conhecimento dos critérios que a empresa utiliza para promoção.

6 19% 6 19% 7 22% 4 13% 8 25% 1 3% 3,16 1,52

MEDIA DO FATOR 3,45

Fonte: Pesquisa Campo

Percebe-se na tabela acima, que o fator compensação justa e adequada foi

relativamente positivo, demonstrando que apesar da média não tão alta, o fator é

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considerado favorável a qualidade de vida no trabalho, com algumas ressalvas.

Cabe destacar o item tenho conhecimento dos critérios que empresa utiliza para

promoção, pois foi o mais negativo, onde dezenove dos trinta e dois questionados

afirmaram não ter conhecimento. Ainda neste item o desvio-padrão foi o mais alto,

demonstrando falta de consenso entre os respondentes, sendo assim, esta

afirmação se destaca, pois pelo porte da empresa é necessário que todos conheçam

os critérios utilizados para promoção.

Outro item que ficou na média (3,38) refere-se à remuneração: se eu

trabalhasse noutra empresa exercendo a mesma função, seria melhor remunerado,

há também grande falta de consenso na afirmação. Segundo Sampaio (2004) a

remuneração por determinado trabalho, pode ser observada em função das relações

entre trabalho e responsabilidade exigida. Acrescentam os autores Harman e

Hormann (1992 apud SANCHES, 1997) que a compensação democrática e justa a

todas as pessoas da organização é fundamental para o desenvolvimento

organizacional, porém é preciso que os funcionários se sintam valorizados,

buscando de forma incessante a excelência, resultando assim num trabalho

significativo.

As afirmações referente ao fator condições de segurança e saúde no

trabalho, conforme segue na tabela 2, tiveram por objetivo analisar a percepção dos

funcionários quanto à jornada de trabalho e ambiente físico seguro e saudável.

Tabela 2: Condições de segurança e saúde no trabalho

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Minha jornada de trabalho é desgastante. * 1 3% 2 6% 6 19% 10 31% 6 19% 7 22% 4,22 1,32

Às vezes sinto que o trabalho esta prejudicando minha saúde. *

1 3% 1 3% 4 13% 5 16% 10 31% 11 34% 4,72 1,3

A empresa me proporciona todos os instrumentos/equipamentos para o desempenho da função.

0 0% 1 3% 1 3% 7 22% 13 41% 10 31% 4,00 0,95

MEDIA DO FATOR 4,31

Fonte: Pesquisa Campo

No que se refere ao fator condições de segurança e saúde no trabalho, a

média foi considerada positiva, demonstrando que o ambiente de trabalho favorece

________________________ *Dados tabulados ao contrário para adequação do resultado.

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ao bom desempenho das tarefas, propiciando uma boa qualidade de vida. Comenta

as autoras Dourado e Carvalho (2005, p. 9) que quando uma empresa se preocupa

em “oferecer um ambiente de trabalho seguro e atrativo demonstra ao indivíduo

preocupação com sua segurança física e bem estar, funcionando como um engodo

para seu comprometimento e conseqüentemente, para seu desempenho superior”.

Neste fator a maioria dos respondentes discordou do item às vezes sinto

que o trabalho está prejudicando minha saúde, assim como houve discordância

quanto ao item minha jornada de trabalho é desgastante, onde vinte e três dos trinta

e dois respondentes não concordaram com a afirmação.

Na tabela 3, segue os resultados coletados referente ao fator uso e

desenvolvimento de capacidades, que abrangeu a autonomia, retroinformação e

informações sobre o processo total.

Tabela 3: Uso e desenvolvimento de capacidades

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Possuo autonomia suficiente para realizar bem o meu trabalho.

0 0% 3 9% 5 16% 7 22% 10 31% 7 22% 4,58 1,23

Constantemente recebo feedback das minhas ações perante o trabalho realizado.

11 34% 5 16% 7 22% 1 33% 5 16% 3 9% 2,78 1,73

Tenho informações sobre todo o processo de trabalho realizado no meu setor.

6 19% 5 16% 2 6% 7 22% 11 34% 1 3% 3,47 1,60

MEDIA DO FATOR 3,61

Fonte: Pesquisa Campo

O fator uso de desenvolvimento de capacidades, foi relativamente positivo,

não contribuindo fortemente para a qualidade de vida no trabalho. A média foi

considerada satisfatória no item: possuo autonomia suficiente para realizar bem o

meu trabalho, demonstrando assim que no setor a maioria dos funcionários possui

liberdade, dentro de um certo limite para executar suas tarefas. Conforme comenta

Morin (2001, p. 16) o interesse pelo trabalho “se origina das possibilidades que ele

oferece para provar seus valores pessoais e para realizar suas ambições [...]

também resulta das possibilidades de desenvolver sua autonomia e perceber senso

de responsabilidades”.

Quanto ao item tenho informações sobre todo o processo de trabalho

realizado no meu setor, a média não foi tão alta, o que pode ser considerado normal,

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pois a maioria dos funcionários não possui um ano de empresa. O item considerado

negativo: constantemente recebo feedback das minhas ações perante o trabalho

realizado, onde vinte e três dos trinta e dois questionados, afirmaram não haver

retorno acerca do desempenho do trabalho realizado e o desvio-padrão foi o mais

alto das afirmações dos fatores. Morin (2001) explica, que a utilização de

mecanismos de feedback mantêm os funcionários informados a respeito da evolução

de seu desempenho, permitindo realizar melhorias quando necessário, além de

estimular o senso de responsabilidade.

Na tabela 4, pode ser observados os resultados do fator oportunidade de

crescimento e segurança, no que se refere à possibilidade de carreira, segurança no

emprego e crescimento pessoal.

Tabela 4: Oportunidade de crescimento e segurança

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

A empresa me proporciona oportunidade de carreira.

1 3% 4 13% 7 22% 7 22% 9 28% 4 13% 3,97 1,33

Sinto-me realizado pessoalmente trabalhando nesta empresa.

1 3% 3 9% 6 19% 12 38% 8 25% 2 6% 3,91 1,16

Possuo estabilidade no emprego.

3 9% 1 3% 4 13% 12 38% 11 34% 1 3% 3,94 1,25

MEDIA DO FATOR 3,94

Fonte: Pesquisa Campo

Na tabela acima, a média do fator oportunidade de crescimento e segurança

foi considerada favorável, havendo grande equilíbrio entre as respostas dos três

itens questionados. Quanto à questão a empresa me proporciona oportunidade de

carreira, vinte dos trinta e dois respondentes concordaram com a afirmação. A

Perdigão realiza recrutamento interno, visando aos seus funcionários fazer carreira

dentro da organização, sendo uma forma de elevar a motivação. Walton (1973 apud

FERNANDES, 1996) menciona a importância do crescimento pessoal para a

qualidade de vida no trabalho, sendo assim necessário o desenvolvimento de

potencialidades e educação para os trabalhadores aplicarem no trabalho esses

conhecimentos.

Outro item relevante refere-se à realização pessoal, onde vinte e dois dos

questionados se sentem realizados trabalhando na empresa. Neste sentido, quando

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o funcionário possui orgulho de fazer parte da organização, se torna mais

comprometido com o alcance dos objetivos organizacionais.

Quanto ao item possuo estabilidade no emprego, a média também foi

considerada favorável, apesar do alto desvio-padrão (1,25). Acerca do assunto, Gil

(2001, p. 45) comenta que “certa garantia de estabilidade no emprego deve ser

encarada pela empresa como fator importante para garantir a produtividade e a

qualidade do trabalho de seus empregados”.

Finalizando, Vieira (1996, p. 45) menciona que oportunidade de crescimento

e segurança "está relacionada às possibilidades que o trabalho oferece em termos

de carreira na empresa, de crescimento e desenvolvimento pessoal e de segurança

no emprego de forma mais duradoura", sendo assim este fator é positivo para a

qualidade de vida no trabalho do setor.

Na tabela 5, foi abordado o fator integração social na organização,

abrangendo relacionamento entre colegas, igualdade e ausência de preconceito.

Tabela 5: Integração social na organização

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Meus colegas de trabalho são francos/honestos uns com os outros.

2 6% 6 19% 8 25% 9 28% 4 13% 3 9% 3,50 1,35

Sinto que colegas discriminam quem possui uma aparência física fora do padrão. *

0 0% 3 9% 1 3% 3 9% 12 38% 13 41% 4,97 1,21

Possuo um excelente relacionamento com meus colegas.

0 0% 0 0% 3 9% 10 31% 9 28% 10 31% 4,81 0,98

MEDIA DO FATOR 4,43

Fonte: Pesquisa Campo

O fator Integração social na organização foi considerado positivo,

demonstrando que o ambiente de trabalho é agradável para o convívio entre

colegas. O trabalho é uma atividade que estabelece relações interpessoais, cita

Morin (2001, p. 17) que “o fato de estar em contato com os outros [...] age como um

verdadeiro estimulante para si mesmo, não somente para o desenvolvimento de sua

identidade pessoal e social [...] procurando por vezes a segurança e a autonomia

pessoal”.

________________________ *Dados tabulados ao contrário para adequação do resultado.

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77

Porém destaca-se nesse fator o item meus colegas de trabalho são

francos/honestos uns com os outros que ficou com a média mais baixa das três

afirmações, o que é considerado desfavorável, pois existe falta de confiança e

honestidade entre os funcionários do setor. Cabe ainda destacar que apesar desse

item possuir uma média baixa, não afeta o relacionamento entre colegas, o qual foi

afirmado pela maioria como excelente. Nesse contexto, a mesma autora citada

acima, relata que no ambiente de trabalho encontra-se colegas que com quem os

contatos podem ser francos, honestos, com que se pode ter o prazer de trabalhar

até em projetos difíceis; porém o oposto também pode ser verdadeiro, afetando

assim o clima organizacional.

No fator Constitucionalismo, tabela 6, foram abordados itens que se referem

a direitos trabalhistas, liberdade de expressão e tratamento imparcial.

Tabela 6: Constitucionalismo

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Sei que a empresa garante todos os direitos trabalhistas.

0 0% 0 0% 1 3% 3 9% 13 41% 15 47% 5,31 0,77

Posso me expressar sem ter medo de repreensão.

5 16% 7 22% 2 6% 9 28% 6 19% 3 9% 3,41 1,6

No setor de suprimentos todos são tratados de forma igualitária.

5 16% 4 13% 10 31% 3 9% 8 25% 2 6% 3,34 1,51

MEDIA DO FATOR 4,02

Fonte: Pesquisa Campo

No fator constitucionalismo, a média foi considerada positiva, demonstrando

que os funcionários confiam que a empresa assegura seus direitos trabalhistas.

Destacando o item a empresa garante todos os direitos trabalhistas, que foi

apontado por trinta e um dos respondentes.

Evidencia-se o item que foi considerado mais negativo no fator: no setor de

suprimentos todos são tratados de forma igualitária, que obteve a média 3,34. Este

item pode interferir negativamente tanto na qualidade de vida no trabalho, quanto no

comprometimento com a organização, pois o funcionário pode não se sentir

valorizado, afetando assim a sua produtividade.

Salienta Sampaio (2004, p. 70) que "alguns aspectos do constitucionalismo

são elementos-chave para prover uma alta QVT, como a privacidade, liberdade de

expressão, tratamento equânime e estabelecimento de direitos trabalhistas". No

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78

geral, no setor de suprimentos, estes fatores-chave são favoráveis a uma alta

qualidade de vida no trabalho.

Na tabela 7, pode-se verificar os resultados referente ao fator o trabalho e o

espaço total de vida, que abrangeu papel balanceado do trabalho, estabilidade de

horários e tempo para lazer e família.

Tabela 7: O trabalho e o espaço total de vida

Grau de Concordância 1 2 3 4 5 6

Média DP Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Meu trabalho afeta de forma negativa o convívio com minha família. *

0 0% 3 9% 2 6% 6 19% 7 22% 14 44% 4,84 1,30

Normalmente meu horário de entrada e saída é o mesmo.

0 0% 1 3% 0 0% 3 9% 13 41% 15 47% 5,28 0,87

Trabalhando aqui consigo manter um horário para lazer.

1 3% 1 3% 3 9% 5 16% 14 44% 8 25% 4,69 1,21

MEDIA DO FATOR 4,94

Fonte: Pesquisa Campo

O fator, o trabalho e o espaço total de vida o ganho foi considerado muito

positivo, diante dos fatores já analisados, sendo favorável à qualidade de vida no

trabalho, pois se conclui que há um equilíbrio entre a jornada de trabalho e a vida

pessoal. Neste contexto, vinte e sete dos trinta e dois questionados responderam

que trabalhando na Perdigão conseguem manter um horário para lazer. Morin (2001,

p. 10) tece que “o trabalho deve permitir a união entre o exercício de atividades e

suas conseqüências sociais. Isto contribui à construção da identidade social e

protege a dignidade pessoal.

No outro item: normalmente meu horário de entrada e saída é o mesmo,

também houve grande concordância, onde trinta e um concordaram com a

afirmação. Sendo assim, o trabalho não afeta o convívio familiar para a maioria dos

questionados, o que é considerado um ponto bastante favorável para o bom

desenvolvimento da qualidade de vida.

Neste contexto Sampaio (2004) afirma que o equilíbrio entre o trabalho e o

espaço total de vida tem origem nos esquemas de trabalho, progressos e

promoções, expectativa de carreira, estabilidade de horário, poucas mudanças

geográficas, tempo para lazer e para a família, confirmando que as afirmações

analisadas contribuem para uma boa qualidade de vida no trabalho.

________________________ *Dados tabulados ao contrário para adequação do resultado.

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79

Na tabela 8 contam os resultados do fator relevância social da vida no

trabalho, no que se refere às praticas de emprego, responsabilidade social e imagem

da empresa.

Tabela 8: Relevância social da vida no trabalho

Grau de Concordância 1 2 3 4 5 6

Média DP Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Nesta empresa todas as relações são pautadas na ética.

0 0% 3 9% 3 9% 8 25% 9 28% 9 28% 4,56 1,25

Esta empresa realmente se preocupa com a Responsabilidade Social.

0 0% 2 6% 2 6% 5 16% 14 44% 9 28% 4,81 1,1

A imagem que a empresa possui perante o mercado, condiz com a forma que atua internamente com seus colaboradores.

0 0% 1 3% 4 13% 11 34% 11 34% 5 16% 4,47 1,00

MEDIA DO FATOR 4,61

Fonte: Pesquisa Campo

O fator relevância social da vida no trabalho, foi considerado positivo,

demonstrando que a percepção dos funcionários do setor em relação à imagem da

empresa é favorável. A maioria dos respondentes, afirmou que na Perdigão as

relações são pautadas na ética, que apesar do alto desvio-padrão (1,25) ainda é

favorável, pois demonstra transparência nas relações. Conforme Daft (2005) a ética

diz respeito aos valores e princípios morais de uma organização, guiando sua

conduta, entre o que é certo ou errado na tomada de decisões. Envolve os valores

internos que são uma parte da cultura corporativa e modela as ações relativas à

responsabilidade social, que corresponde ao ambiente externo.

No item esta empresa realmente se preocupa com a Responsabilidade

Social, também foi apontado por vinte e oito dos trinta e dois questionados. A

Perdigão realiza em Itajaí anualmente ações de cidadania envolvendo todos os

funcionários que desejam participar. Nesse sentido, Daft (2005, p. 108) revela que

“responsabilidade social é a obrigação da administração organizacional de tomar

decisões e medidas que realçarão o bem-estar e os interesses da sociedade, tanto

quanto os da organização”.

Quanto ao terceiro item do fator, que também foi de grande concordância,

onde vinte e sete respondentes afirmaram que a imagem que a empresa possui

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80

perante a sociedade condiz que a forma que atua com seus funcionários.

Complementando, Sampaio (2004, p. 70) acrescenta que este fator refere-se à

forma de como o funcionário "percebe a imagem da organização da qual faz parte,

assim como a visão da organização com relação a ele enquanto trabalhador, como

ela valoriza ou desvaloriza o trabalho por ele desenvolvido".

No gráfico abaixo, estão representados as médias referentes aos fatores de

qualidade de vida no trabalho, resultantes do questionário aplicado no setor de

suprimentos, segundo o modelo de Walton (1973):

Gráfico 1 - Fatores de qualidade de vida no trabalho Fonte: Pesquisa Campo

Percebe-se no gráfico acima, que em geral todos os fatores relacionados no

questionário foram considerados favoráveis pela população pesquisada. Este

resultado positivo vem a coincidir com o atual crescimento da empresa.

Diante dos fatores analisados, se sobressai o fator o trabalho e o espaço

total de vida que foi considerado o mais positivo pelos respondentes, seguido do

fator relevância social na organização, que também obteve uma média favorável. Os

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81

fatores compensação justa e adequada e uso e desenvolvimento de capacidades foi

mencionado pelos respondentes, como os menos favoráveis.

3.2.3 Identificação do tipo de comprometimento predominante no setor

de suprimentos do CSP

Para verificar o tipo de comprometimento predominante no setor de

suprimento utilizou-se o modelo de Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997),

onde os autores mencionam a existência de três comprometimentos: afetivo,

normativo e instrumental.

Considerou-se a média de 1 (um) a 3 (três) como desfavorável, havendo

assim grande discordância quanto à afirmação questionada e de 3 (três) a 6 (seis)

como favorável, onde há grande concordância do respondentes perante ao item

questionado, tal como realizado na análise de QVT.

Nas tabelas abaixo estão relacionados os tipos de comprometimento dos

funcionários do setor de suprimentos, de acordo com as respostas dos

questionários.

Na tabela 9, constam os resultados referente ao comprometimento afetivo,

segundo a concepção dos funcionários.

Tabela 9: Comprometimento Afetivo

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Para mim esta empresa é como se fosse uma segunda família.

3 9% 3 9% 12 38% 6 19% 6 19% 2 6% 3,47 1,32

Identifico-me com esta empresa. 0 0% 2 6% 6 19% 13 41% 6 19% 5 16% 4,19 1,10

Tenho orgulho em dizer a outras pessoas que faço parte desta empresa.

0 0% 1 3% 1 3% 6 19% 14 44% 10 31% 4,97 0,95

Importo-me realmente com o destino da organização.

0 0% 0 0% 3 9% 7 22% 11 34% 11 34% 4,94 0,97

Sinto-me como se os problemas da organização fossem meus próprios.

3 9% 5 16% 7 22% 11 34% 3 9% 3 9% 3,47 1,37

MEDIA DO FATOR 4,21

Fonte: Pesquisa Campo

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82

No setor de suprimentos predominou o comprometimento afetivo, com

média de 4,21, bem superior ao comprometimento instrumental e normativo

Segundo Bastos (1993), na dimensão Afetiva o indivíduo se identifica com a

organização e com seus objetivos, desejando manter-se membro desta, e

auxiliando-a na consecução destes objetivos. Está associado à idéia de lealdade,

desejo de contribuir, sentimento de orgulho em permanecer na organização. Neste

sentido houve grande concordância entre a maioria dos itens questionados do fator,

destacando-se que a maioria se identifica com a organização. Quando o funcionário

possui este comprometimento deseja dar o melhor de si para contribuir com o

sucesso da empresa, pois se identifica com ela. Sobre a afirmação, Gil (2001)

comenta que o funcionário que se identifica com a cultura e objetivos da organização

são mais produtivos e “vestem a camisa”, devendo ser considerados parceiros da

organização. Porém, cabe a empresa desenvolver estratégias para atrair e manter

profissionais com estas características.

Quanto ao item identifico-me com esta empresa, também foi fortemente

apontado pelos respondentes, sendo considerado favorável.

Sugerido pelo próprio nome, o Enfoque Afetivo relaciona-se com a identificação do indivíduo à organização por meio do estabelecimento de vínculos emocionais. O enfoque afetivo é a própria base do vínculo afetivo e destaca a natureza emocional que pode unir indivíduo e organização, em função do atendimento de expectativas e necessidades pessoais. É expressa por intermédio de sentimentos de gosta e desejar se esforçar em prol da organização (BAÍA et al.., 2006, p. 6).

Foi apontado por trinta dos trinta e dois respondentes, o orgulho de fazer

parte da organização, provocando assim uma sensação de bem-estar e felicidade, o

que leva a querer continuar na organização. Ainda acrescenta os mesmos autores

citados acima que “na perspectiva afetiva do comprometimento, o indivíduo assume

uma postura positiva e ativa diante do trabalho e da organização; supõe-se que a

ligação afetivo-emocional desperta desejo e vontade de contribuir” (BAÍA et al..,

2006, p. 6).

Cabe destacar que apesar do comprometimento afetivo ser a dimensão

mais presente na organização, a maioria não considera a empresa como segunda

família.

Consta na tabela 10, os dados referente ao comprometimento instrumental,

na percepção dos funcionários do setor.

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83

Tabela 10: Comprometimento Instrumental

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Contínuo nesta organização porque, se saísse, teria de fazer grandes sacrifícios pessoais.

8 25% 12 38% 6 19% 4 13% 1 3% 1 3% 2,41 1,25

Sinto que tenho poucas alternativas de emprego se deixar esta organização.

14 44% 3 9% 8 25% 3 9% 3 9% 1 3% 2,41 1,50

Não sinto qualquer obrigação de permanecer nesta organização.

4 13% 7 22% 9 28% 4 13% 6 19% 2 6% 3,22 1,45

Neste momento, permaneço em minha organização mais por necessidade do que por vontade.

7 22% 7 22% 9 28% 5 16% 3 9% 1 3% 2,78 1,36

Mantenho-me nesta organização porque sinto que não conseguiria facilmente entrar noutra organização.

11 34% 7 22% 7 22% 4 13% 2 6% 1 3% 2,44 1,39

MEDIA DO FATOR 2,65

Fonte: Pesquisa Campo

O comprometimento Instrumental é a segunda dimensão encontrada no

setor, porém pouco existente, pois sua média foi considerada baixa. Menciona

Barbosa e Faria (2000), que a base instrumental refere-se ao comprometimento

baseado nos custos associados a deixar a organização.

Houve grande discordância na maioria dos itens questionados. Cabe

salientar o primeiro e segundo item do fator onde há mais alta discordância, os

funcionários afirmaram que desejam continuar na Perdigão, não pela falta de

alternativas de emprego ou ter que realizar grandes sacrifícios pessoais. Conclui-se,

que permanecem na empresa não devido aos custos ou sacrifícios ocasionados pela

sua saída, e sim porque estão comprometidos afetivamente.

Outro item que vem a complementar é mantenho-me nesta organização

porque sinto que não conseguiria facilmente entrar noutra organização, onde

também há forte discordância, concluindo que os funcionários permanecem na

empresa, não devido à dificuldade de encontrar um novo emprego e sim por estar

ligado emocionalmente à organização. Finalizando, o comprometimento instrumental

é em função das trocas estabelecidas entre a organização e seus empregados. “O

empregado vê a empresa mais fortemente como uma fonte de renda, onde há uma

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84

espécie de troca entre o funcionário que entra com a força de trabalho e a empresa

que entra com a recompensa financeira” (BAÍA et al.., 2006, p. 8).

Na tabela 11, pode-se verificar os resultados referente ao comprometimento

normativo, com base nos questionários.

Tabela 11 - Comprometimento Normativo

Grau de Concordância

1 2 3 4 5 6 Média DP

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Acredito que a lealdade à organização é importante e, por isso, sinto que é meu dever permanecer nesta organização.

4 13% 6 19% 11 34% 8 25% 2 6% 1 3% 3,03 1,21

Mesmo que isso me trouxesse vantagens, sinto que não deveria abandonar minha organização agora.

5 16% 10 31% 7 22% 5 16% 3 9% 2 6% 2,91 1,42

Não deixaria minha organização agora porque sinto obrigações para com as pessoas que aqui trabalham.

5 16% 12 38% 7 22% 2 6% 5 16% 1 3% 2,78 1,39

Sinto que, se recebesse uma oferta de melhor emprego, não seria correto deixar minha organização.

18 56% 5 16% 6 19% 2 6% 1 3% 0 0% 1,84 1,12

Ficaria com um sentimento de culpa se deixasse minha organização agora.

19 59% 5 16% 5 16% 3 9% 0 0% 0 0% 1,75 1,03

MEDIA DO FATOR 2,46

Fonte: Pesquisa Campo

O comprometimento Normativo não predomina no setor, sendo sua média

de 2,46 considerada negativa, havendo forte discordância dos respondentes entre

os itens questionados. Considera Martins (2003) que no comprometimento

normativo, o funcionário sente que possui obrigação moral de permanecer na

organização.

Quanto à primeira afirmação, a maioria considera que não possui a

sensação de dever em permanecer na organização, assim como no item se

recebesse uma oferta melhor de emprego, não seria correto deixar minha

organização, que houve discordância de vinte e nove dos trinta e dois respondentes.

Conclui-se que caso algum funcionário recebesse uma boa oferta de emprego, se

desligaria da Perdigão. Outro item considerado negativo: ficaria com um sentimento

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85

de culpa, se deixasse minha organização agora, assim como na afirmação acima, o

indivíduo deixaria a empresa. Dessa forma, conclui-se, que um dos principais

capitais da empresa é o intelectual, e as organizações devem desenvolver

mecanismos para reter a evasão deste capital. Já não basta apenas oferecer bons

salários para mantê-los, “será necessário criar condições para que os empregados

desejem realmente permanecer na empresa, sintam a contribuição significativa para

seu desenvolvimento profissional e pessoal” (GIL, 2001, p. 46).

Finalizando, Barbosa e Faria (2000) comentam que o funcionário

comprometido normativamente permanece na organização por lealdade ou

obrigação moral em detrimento do investimento realizado ou da confiança nele

depositado. Neste sentido, caso predominasse a dimensão normativa no setor, os

funcionários mesmo recebendo melhores alternativas de emprego permaneceriam

na organização.

No gráfico abaixo, estão representados as médias dos tipos de

comprometimento existente no setor de suprimentos, segundo a percepção dos

funcionários:

Gráfico 2 - Tipos de Comprometimento Fonte: Pesquisa Campo

Como se pode observar, a dimensão de comprometimento mais fortemente

presente na pesquisa é de um comprometimento com base Afetiva, seguida de

Instrumental e, tendo em menor escala, o comprometimento Normativo. As

extremidades inferior e superior do Fator Afetivo de comprometimento foram de 3,47

Afetivo Instrumental Normativo

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86

a 4,97, do fator Instrumental de 2,41 e 3,22 o do Normativo com índices que variam

de 1,75 a 3,03.

Neste sentido, há predominância da base afetiva na organização, porém é

necessário destacar os fatores que levam os funcionários a serem comprometidos

ou não, são de ordem intrínseca e extrínseca e não estáticos, portanto o tipo de

comprometimento pode manter-se ou alterar-se, dependendo do cenário, mesmo

que dentro da própria organização.

3.2.3 Correlação dos resultados da pesquisa com o perfil dos

funcionários

Este item tem por objetivo relacionar os resultados da pesquisa obtidos por

meio do questionário aplicado nos funcionários do setor de suprimentos.

Na tabela 12 constam as informações sobre o perfil dos respondentes que

discordaram quando questionados do conhecimento sobre os critérios de promoção

utilizados pela empresa.

Tabela 12: Critérios utilizados para promoção

Afirmação Idade Tempo de empresa Escolaridade

Tenho conhecimento dos critérios que a empresa utiliza para promoção

44% 24 a 29 anos 39% Até 1 ano 67% Superior incompleto

22% 18 a 23 anos 28% 1 a 3 anos 28% Superior completo

17% 30 a 35 anos 28% 3 a 6 anos 6% Pós-graduado

Fonte: Pesquisa Campo

Percebe-se na observação da tabela 12, que 39% dos pesquisados

discordantes da afirmação: tenho conhecimento dos critérios que a empresa utiliza

para promoção, possuem menos de um ano de empresa e 28% possuem de 1 a 3 e

o mesmo percentual de 3 a 6 anos. Constata-se que esta informação não é

transmitida no momento da integração dos funcionários a empresa e nem após, pois

a maior parte dos questionados discordantes trabalham a menos de 1 ano na

empresa e não conhecem os critérios, e destaca-se também o percentual que já

exerce suas atividades de 1 a 6 anos e também não tem conhecimento. Isto vem a

justificar o fato da necessidade da empresa informar a seus funcionários, seja,

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87

através de reuniões, os critérios utilizados para progressão na carreira, até pelo fato

de todos os discordantes estarem cursando ensino superior ou já terem concluído,

visam a sua ascendência profissional.

Na tabela 13 evidencia o perfil dos questionados que discordaram com a

afirmação do recebimento de feedback perante o trabalho realizado.

Tabela 13: Feedback do trabalho realizado

Afirmação Sexo Tempo de empresa Escolaridade

Constantemente recebo feedback das minhas ações perante o trabalho realizado.

70% Feminino 30% Até 1 ano 57% Superior incompleto

30% Masculino 30% 1 a 3 anos 30% Superior completo

26% 3 a 6 anos 13% Pós-graduado

Fonte: Pesquisa Campo

Nota-se na tabela acima, que dentro os 74% dos respondentes que

afirmaram não receber feedback, há um grande equilíbrio no tempo que trabalham

na empresa, variando a maioria entre até 1 ano (30%) e de 1 a 3 (30%), dentre

estes, a parcela do sexo feminino (70%) é maior, e grande parte ainda esta

cursando o ensino superior (57%). Nesse sentido nota-se a necessidade da pratica

do feedback, para que os mesmos tenham conhecimento de como estão

desenvolvendo suas atividades, assim como dos pontos a melhorar.

A seguir, na tabela 14 podem ser visualizadas os resultados referente a

afirmação sobre o conhecimento de todos os processos de trabalho realizado no

setor.

Tabela 14: Informações sobre todo o processo de trabalho do setor

Afirmação Idade Tempo de empresa Veio morar a trabalho

Tenho informações sobre todo o processo de trabalho realizado no meu setor.

54% 24 a 29 anos 38% Até 1 ano 77% Não

23% 18 a 23 anos 23% 1 a 3 anos 23% Sim

15% 30 a 35 anos 23% 3 a 6 anos

Fonte: Pesquisa Campo

Observa-se na tabela 16 que dos respondentes que afirmaram desconhecer

todos os processos de trabalho realizado no setor 38% possuem menos de 1 ano de

empresa, o que é considerado natural, pelo fato de trabalharam a pouco tempo na

organização. Destaca-se também o percentual que trabalha de 1 a 3 anos (23%) e o

mesmo percentual de 3 a 6 anos (23%) que também não possuem conhecimento de

todo o processo, destes 23% vieram transferidos de outras unidades.

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88

Na tabela 15 observa-se o perfil dos funcionários que tiveram forte

discordância no que se refere à franqueza e honestidade dos colegas uns com os

outros.

Tabela 15: Franqueza e honestidade dos colegas

Afirmação Sexo Idade Tempo de empresa

Meus colegas de trabalho são francos/honestos uns com os outros.

81% Feminino 50% 24 a 29 anos 38% Até 1 ano

19% Masculino 25% 18 a 23 anos 31% 3 a 6 anos

19% 30 a 35 anos 19% 1 a 3 anos

Fonte: Pesquisa Campo

Visualiza-se na tabela 15, que grande parte dos questionados que afirmou

haver falta de franqueza e honestidade entre os colegas são sexo feminino (81%),

com predominância na idade de 24 a 29 anos. Quanto ao tempo de empresa, o

percentual maior está nos funcionários que tem até 1 ano de empresa (38%),

destacando-se também o percentual de quem trabalha de 3 a 6 anos (31%).

Na tabela 15 pode-se visualizar o perfil dos 59% dos questionados que

discordaram quanto ao item que se refere ao tratamento igualitário.

Tabela 16: Tratamento igualitário

Afirmação Sexo Idade Tempo de empresa

No setor de suprimentos todos são tratados de forma igualitária.

63% Feminino 53% 24 a 29 anos 37% Até 1 ano

37% Masculino 32% 18 a 23 anos 32% 1 a 3 anos

11% 30 a 35 anos 21% 3 a 6 anos

Fonte: Pesquisa Campo

Percebe-se na tabela 16 que a maioria que afirmou discordar quanto ao

item do tratamento igualitário é de sexo feminino (63%), havendo predominância da

idade entre 24 a 29 anos, assim como expressada no item anterior. Quanto ao

tempo de empresa também houve discordância do item entre, até 1 ano (37%), e os

que trabalham de 1 a 3 anos (32%).

Na tabela 17 constam os resultados dos funcionários que afirmaram não

estar estudando no momento, porém gostariam de retornar.

Tabela 17: Funcionários que gostariam de retornar os estudos

Afirmação Idade Tempo de empresa Veio morar a trabalho

Funcionários que não estão estudando porém gostariam de retornar.

42% 24 a 29 anos 33% 3 a 6 anos 58% Sim

42% 18 a 23 anos 25% 6 a 9 anos 42% Não

16% 30 a 35 anos 25% até 1 ano

Fonte: Pesquisa Campo

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89

Nota-se na tabela 17, que grande parte dos funcionários que afirmou não

estar estudando no momento, porém gostaria de retornar, possuem idade entre 24 a

29 anos (42%) e o mesmo percentual de 18 a 23 anos, destes destaca-se que a

maioria veio transferida de outra unidade (58%) e possuem de 3 a 6 anos de

empresa (33%).

De posse com os dados obtidos pela pesquisa foram sugeridas algumas

ações, para os itens de maior discordância.

3.3 Sugestões de melhorias

Este capítulo objetiva, diante das análises e da fundamentação

desenvolvida referente ao tema do trabalho, apresentar sugestões de melhoria para

a empresa.

Com base nos conhecimentos adquiridos pela estagiária acerca do tema e

nos resultados da pesquisa realizada, sugere-se as seguintes sugestões para a

organização em estudo:

Análise do perfil

• Através da análise do resultados do perfil dos funcionários, sugere-se a

empresa auxiliar no custeio de cursos de graduação e pós-graduação de áreas de

interesse da organização, tendo em vista que 38% da população não está

estudando, porém gostaria de retornar. Pelo fato do extenso quadro de funcionários,

a empresa também pode buscar parcerias, para obter vantagens, como por

exemplo, desconto nas mensalidades. Nesse sentido, o funcionário tornando

satisfeito está necessidade, tenderá a ser mais comprometido com os objetivos

organizacionais e a empresa beneficiada com sua melhor qualificação.

Compensação justa e adequada

• Tornar claro ao conhecimento de todos do setor de estudo, os critérios

utilizados para a promoção e valorização dos funcionários. Apesar da empresa

possuir um plano de carreira estruturado, pode-se constatar pelo resultado da

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90

pesquisa, que os critérios utilizados para progressão de cargo, não é do

conhecimento de todos os funcionários. Estas informações poderiam ser repassadas

através de uma reunião, depois de completados os noventa dias do período de

experiência. Sugere-se a empresa está ação, para que se torne transparente aos

funcionários quais serão suas perspectivas de crescimento permanecendo na

organização.

• Utilizar como critério de promoção, a ferramenta da avaliação de

desempenho. A empresa pode utilizar-se do método das escalas gráficas, ou seja,

determinar um padrão de desempenho, mensurando fatores como quantidade e

qualidade do trabalho, conhecimento, cooperação, assiduidade e iniciativa, dentre

outros. Assim como também seria adequado utilizar o método comparativo, ou seja,

quando há uma vaga numa determinada célula, por exemplo, Cotações de Pedidos,

pode-se comparar os fatores mencionados acima com o de outro funcionário que

exerce a mesma função. Através deste último método também é possível verificar

como está o desenvolvimento do funcionário perante as tarefas realizadas, dando-

lhe um feedback de seus pontos positivos e a melhorar.

Uso e desenvolvimento de capacidades

• Promover por parte dos coordenadores/gestores a prática do feedback,

proporcionando assim um retorno aos funcionários diante do trabalho realizado.

Através da pratica do feedback, o funcionário tem conhecimento dos pontos a

melhorar, assim como do seu desenvolvimento. Está ação poderia ser transmitida

tanto individual, quando possível, ou em grupo.

• Realizar o job rotation, para que os funcionários tenham

conhecimentos dos outros processos de trabalho realizado no setor. Através desse

método, podem-se identificar talentos, que serão incentivados a desenvolvê-los,

assim como auxiliar algum colega na falta de outro.

Constitucionalismo

• Realizar treinamento com os líderes do setor para aperfeiçoar o

relacionamento interpessoal, pois apesar o fator Constitucionalismo ter sido positivo,

percebe-se essa necessidade, diante da grande discordância no que se refere à

afirmação: no setor de suprimentos todos são tratados de forma igualitária.

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91

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou analisar os fatores que influenciam na

qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional. Para o alcance

deste objetivo, buscou-se referencial teórico embasando as proposições da

pesquisa. Utilizou-se o autor Walton (1973) para a qualidade de vida no trabalho e

Meyer e Allen (1984, 1988, 1990, 1991, 1997) para análise do comprometimento

organizacional.

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, contribuiu

positivamente, para o alcance dos objetivos propostos. Através de uma abordagem

predominantemente quantitativa, na qual para a coleta de dados utilizou-se um

questionário, foi possível atingir o objetivo esperado.

A partir dos dados levantados e analisados, pode-se concluir que

atualmente, os funcionários de uma forma geral, estão satisfeitos com a qualidade

de vida no trabalho oferecida pela empresa e estão comprometidos afetivamente, o

que para a empresa é extremamente benéfico. Assim, como cita Martins (2007, p.

7), "o enfoque afetivo é de grande relevância para que o funcionário obtenha

desempenho superior, uma vez que pressupõe a identificação com as metas da

organização".

Todos os funcionários aceitaram responder o questionário, não havendo

rejeição. A entrega dos mesmos respondidos foi de forma rápida, sendo recebidos

pela acadêmica à maioria no mesmo dia.

O presente trabalho foi desenvolvido de forma a estar mais próximo da

realidade da empresa, porém cabe destacar que por ter sido aplicado em um único

setor, os dados representam apenas uma pequena amostra da relação entre a

qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional existente na

empresa Perdigão, não sendo possível generalizar nesta pesquisa, os dados para

toda a empresa.

A literatura científica acerca do tema comprometimento é atual, por esse

motivo, existe carência de estudos na área voltados para as organizações, tornando

o assunto mais difícil e também mais interessante.

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92

Fato que vale comentar é a dificuldade de se analisar o comprometimento

em profundidade, de forma quantitativa, pois as questões referente à base

instrumental são muito negativas, o que gera atualmente, na maioria das pesquisas,

o predomínio do comprometimento afetivo, seguido do normativo e instrumental,

conforme demonstra as pesquisas desenvolvidas por Baía et al.. (2006); Martins e

Alves (2007); Müller et al.. (2005); Rocha e Bastos (1999) e Rego e Souto (2004).

Para a análise da qualidade de vida no trabalho, a amostra é totalmente

adequada, porém quanto à análise do comprometimento, provavelmente seria mais

adequado retirar da amostra os treze (41%) funcionários que possuem menos de um

ano de empresa.

Por fim, cabe salientar que esta pesquisa fomenta a abertura para o

desenvolvimento de outros estudos, sendo totalmente viável a continuidade e o

aprofundamento de algumas questões e teorias nele apresentadas, como a

realização de uma pesquisa qualitativa com os mesmos objetivos deste estudo, e de

abordar a empresa em sua totalidade.

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99

APÊNDICE

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100

Este questionário tem por objetivo analisar a relação existente entre a qualidade de vida no trabalho e o comprometimento organizacional dos funcionários do setor de Suprimentos da empresa Perdigão Agroindustrial S/A.

FORTE FORTE DISCORDÂNCIA CONCORDÂNCIA

Trata-se do trabalho de conclusão do curso de Administração da acadêmica Paula Jaeger de Freitas .

1 2 3 4 5 6

Meu salário é justo de acordo com as responsabilidades que tenho. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Se eu trabalhasse noutra empresa, exercendo a mesma função, seria melhor remunerado.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Tenho conhecimento dos critérios que a empresa utiliza para promoção. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Minha jornada de trabalho é desgastante. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Às vezes sinto que o trabalho esta prejudicando minha saúde. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) A empresa me proporciona todos os instrumentos/equipamentos para o desempenho da função.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Possuo autonomia suficiente para realizar bem o meu trabalho. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Constantemente recebo feedback das minhas ações perante o trabalho realizado.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Tenho informações sobre todo o processo de trabalho realizado no meu setor.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

A empresa me proporciona oportunidade de carreira. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sinto-me realizado pessoalmente trabalhando nesta empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Possuo estabilidade no emprego. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Meus colegas de trabalho são francos/honestos uns com os outros. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sinto que colegas discriminam quem possui uma aparência física fora do padrão.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Possuo um excelente relacionamento com meus colegas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sei que a empresa garante todos os direitos trabalhistas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Posso me expressar sem ter medo de repreensão. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) No setor de suprimentos todos são tratados de forma igualitária. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Meu trabalho afeta de forma negativa o convívio com minha família. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Normalmente meu horário de entrada e saída é o mesmo. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Trabalhando aqui consigo manter um horário para lazer. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Nesta empresa todas as relações são pautadas na ética. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Esta empresa realmente se preocupa com a Responsabilidade Social. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) A imagem que a empresa possui perante o mercado, condiz com a forma que atua internamente com seus colaboradores.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Para mim esta empresa é como se fosse uma segunda família. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Identifico-me com esta empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Tenho orgulho em dizer a outras pessoas que faço parte desta empresa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Importo-me realmente com o destino da organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Sinto-me como se os problemas da organização fossem meus próprios. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Contínuo nesta organização porque, se saísse, teria de fazer grandes sacrifícios pessoais.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Sinto que tenho poucas alternativas de emprego se deixar esta organização.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Não sinto qualquer obrigação de permanecer nesta organização. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Neste momento, permaneço em minha organização mais por necessidade do que por vontade.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Mantenho-me nesta organização porque sinto que não conseguiria facilmente entrar noutra organização.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Acredito que a lealdade à organização é importante e, por isso, sinto que é meu dever permanecer nesta organização.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Mesmo que isso me trouxesse vantagens, sinto que não deveria abandonar minha organização agora.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Não deixaria minha organização agora porque sinto obrigações para com as pessoas que aqui trabalham.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Sinto que, se recebesse uma oferta de melhor emprego, não seria correto deixar minha organização.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Ficaria com um sentimento de culpa se deixasse minha organização agora. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

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101

PERFIL PREDOMINANTE:

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Idade: ( ) 18 a 23 anos ( ) 30 a 35 anos

( ) 24 a 29 anos ( ) 36 a 40 anos

( ) mais de 40 anos

Estado civil:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado

( ) Viúvo

Possui filhos? ( ) Sim Quantos? ____

( ) Não

Enquanto trabalha, com quem ficam seus

filhos?

( )Com meus pais ( )Na creche

( ) Sozinhos ( ) Com a empregada

( ) Com parente ( ) Outro _______________

Cidade em que reside:

________________________

Veio morar aqui a trabalho? ( ) Sim ( ) Não

Você mora com: ( ) Sozinho

( ) Com a sua família ( ) Com seus parentes

Você mora: ( ) Aluguel

( ) Casa Própria ( ) Outros

Qual é a sua escolaridade?

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior completo

( ) Ensino superior incompleto

( ) Pós-Graduado

Você ainda está estudando?

( ) Sim ( ) Não

Este é seu primeiro emprego?

( ) Sim ( ) Não

Por que você não está estudando?

( ) Por causa do horário do trabalho

( ) Por causa do meu salário

( ) Não tenho interesse

( ) Outro motivo ________________

Você gostaria de voltar a estudar?

( ) Sim ( ) Não

Tempo de empresa:

( ) Até 1 ano ( ) De 6 a 9 anos

( ) De 1 a 3 anos ( ) De 9 a 12 anos

( ) De 3 a 6 anos ( ) Mais de 12 anos

Você tem boas condições de saúde?

( ) Sim

( ) Não Por quê ? _________________

Você gosta de esportes? ( ) Sim ( )

Não

Você pratica ou participa do seu esporte

favorito? ( ) Sim

( ) Não

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102

DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO

A organização cedente de estágio Perdigão Agroindustrial S.A. declara, para

os devidos fins, que a estagiária Paula Jaeger de Freitas, aluna do Curso de

Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, de 01 de abril de 2008 a 31 de outubro de 2008,

cumpriu a carga horária de estágio prevista para o período, seguiu o cronograma de

trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou as normas internas.

Itajaí, 03 de novembro de 2008.

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Jair Bondicz

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103

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

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Paula Jaeger de Freitas

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Jair Bondicz

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Prof. Cristina Pereira Vecchio Balsini

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Prof. Eduardo Krieger da Silva