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ARRUDA J amp ARRAES N A M38

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 9 n 1 p 38-52 2007

ANAacuteLISE DO PROGRAMA DE HORTAS COMUNITAacuteRIAS EM CAMPINAS-SP

Analysis on the Community Vegetal-gardens Program in Campinas-SP

Juliana Arruda1 Nilson Antocircnio Modesto Arraes2

RESUMOA Agricultura Urbana e Peri-urbana (AUP) contemporacircneas vecircm ganhando destaque no cenaacuterio mundial e nacional e reafirmando-secomo um fator permanente nos processos de desenvolvimento sustentaacutevel das pessoas e da sociedade Em Campinas desde 1997 aCacircmara e o Executivo tecircm por meio das legislaccedilotildees municipais de criaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo do Programa de Hortas Comunitaacuterias deCampinas (PHC) sinalizado a intenccedilatildeo em trazer agrave agenda poliacutetica do municiacutepio o tema de agricultura urbana Nesse contextoobjetiva-se com este trabalho analisar o PHC de forma a subsidiar possiacuteveis formulaccedilotildees de poliacuteticas puacuteblicas de AUP no municiacutepiosob o aspecto especiacutefico da sua gestatildeo Os dados utilizados foram obtidos mediante anaacutelise exploratoacuteria e entrevistas ao longo do anode 2005 realizadas com os gestores do programa aleacutem das fontes documentais Pela anaacutelise constatou-se a quase total desvinculaccedilatildeoentre o PHC e as poliacuteticas setoriais de educaccedilatildeo sauacutede e accedilatildeo social

Palavras-chave hortas comunitaacuterias AUP poliacuteticas puacuteblicas agricultura-aspectos sociais

ABSTRACTContemporary Urban and Peri-urban Agriculture (UPA) is gaining worldwide and national prominence as it reassures itself as apermanent factor in people and society sustainable development processes In Campinas the Municipal Chamber and Executivehave through municipal legislation and regulation of the Community Vegetal-gardens Program of Campinas (CVP) signaled theintention of bringing to the political agenda the urban agriculture issue since 1997 In such a context the objective of this work is toanalyze the CVP specifically concerning to the aspect of the management thus subsiding possible reformulation of public policiesof UPA in the municipality The data used was obtained through exploratory analysis and interviews during 2005 with the participationof the program managers besides documental sources The analysis concluded that there is an almost total disconnection between theCVP education health and social action policies

Key words community vegetal-gardens UPA public policies agriculture-social aspects

Este artigo foi extraiacutedo da dissertaccedilatildeo ldquoAgricultura Urbana e Peri-Urbana em Campinas SP anaacutelise do Programa de Hortas Comunitaacuterias como subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicasrdquo A pesquisa contou com o apoio financeiro da CAPES e do Fundo de Apoio ao Ensino e agrave Pesquisa (FAEP)

1Mestre pela Faculdade de Engenharia Agriacutecola da Universidade Estadual de Campinas Licenciada em Ciecircncias Agriacutecolas pela Universidade Federal Rural do Rio de JaneiroUFRRJ Aluna da poacutes-graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Agricultura e SociedadeUFRRJ-RJ ndash R Imbariecirc lote 13 ndash Jardim Boa Esperanccedila ndash Seropeacutedica RJ ndash 23850-000 ndash japaranahotmailcom

2Engenheiro Agriacutecola ndash FEAgriUNICAMP Especialista em Economia Agroalimentar ndash CeFASItaacutelia Mestre em Engenharia de Sistemas ndash FEE Unicamp Doutor em Saneamento e Ambiente ndash FECUnicamp Prof Dr da Faculdade de Engenharia AgriacutecolaUNICAMP-SP ndash Rua Proenccedila 551 apto 24 ndash Bairro Bosque ndash Campinas SP ndash 13026-120 ndash nilsonagrunicampbr

Recebido em 060906 e aprovado em 110407

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil nos uacuteltimos 50 anos o crescimentourbano transformou e inverteu a distribuiccedilatildeo da populaccedilatildeoEnquanto em 1945 a populaccedilatildeo que vivia nas cidadesrepresentava 25 da populaccedilatildeo total de 45 milhotildeespassou no iniacutecio de 2000 para 82 do total de 169 milhotildees

Nesse processo histoacuterico a maioria das famiacuteliasque migraram das zonas rurais perdeu a relaccedilatildeo com anatureza e sofreu um processo de erosatildeo de seus saberese de transformaccedilatildeo de costumes alimentares Paralelamentea cidade e os seus sistemas econocircmicos natildeo conseguemtornaacute-las economicamente ativas natildeo dispondo assimdas condiccedilotildees apropriadas para satisfazer agraves suasnecessidades soacutecio-culturais e de qualidade de vida(BELTRAN 1995)

No entanto principalmente nos paiacuteses emdesenvolvimento as raiacutezes do homem com a terra natildeo foramtotalmente perdidas e vegetais e animais continuaram a serproduzidos ou criados nas aacutereas urbanas (UNDP 1996)

De acordo com Madaleno (2001) a AUP natildeo eacute umfenocircmeno novo nas cidades e atualmente eacute cada vez maisconsiderada como parte integral da gestatildeo urbana sendouma ferramenta para a diminuiccedilatildeo da pobreza por meio dageraccedilatildeo de renda e empregos e tambeacutem uma forma detrabalhar com o manejo ambiental Nesse sentido a AUPno Brasil passa a integrar o rol de opccedilotildees de poliacuteticas sociaisque buscam o resgate da cidadania e da sustentabilidadeurbana

O tema AUP comeccedila a ganhar espaccedilo em poliacuteticaspesquisas cientiacuteficas programas e projetos

Anaacutelise do Programa de Hortas Comunitaacuterias 39


governamentais do terceiro setor e da sociedade civilAtualmente existem alguns programas de agecircnciasinternacionais que datildeo suporte agraves atividades de AUP Entreelas a ONU com programas de uso de aacuteguas servidaspara criaccedilatildeo de peixes e irrigaccedilatildeo atraveacutes da UNDPWBprogramas de hortas caseiras e comunitaacuterias aleacutem deestudos poliacuteticos atraveacutes da UNICEF e programas desuporte a projetos hidropocircnicos com uso de casa devegetaccedilatildeo atraveacutes da UNDP amp FAO O IDRC ndash Canadaacutecom a manutenccedilatildeo do fundo de desenvolvimento epesquisa para projetos de agricultura urbana E na AmeacutericaLatina a FAO amp IDRC com programas de suporte a novasredes regionais

As universidades e os centros de pesquisa tambeacutemcomeccedilam a desenvolver pesquisas para gerar informaccedilotildeessobre AUP entre elas a Universidade das Filipinaslocalizada em Los Bantildeos para pesquisas com produccedilatildeode alimentos em pequena escala o Centro para oDesenvolvimento da Horticultura localizado no Senegalpara pesquisas e extensatildeo em horticultura urbana e oJardim Botacircnico de Jakarta para pesquisas sobre o uso decompostagem por agricultores urbanos No Brasil aEMBRAPA vem desenvolvendo projetos e pesquisas desuporte agrave horticultura urbana principalmente relacionadaa praacuteticas agroecoloacutegicas

Em Campinas esse tema nos uacuteltimos 10 anos jaacuteentrou e saiu da agenda poliacutetica por algumas vezes Elecomeccedilou a ganhar destaque em 10 de dezembro de 1997no governo de 1997-2000 com a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 9549que criou o Programa de Hortas Comunitaacuterias (PHC) Nesseperiacuteodo algumas Secretarias estimularam seusfuncionaacuterios a implantar projetos de hortas em suas aacutereasde atuaccedilatildeo Contudo apesar de a Lei ter sido aprovadanatildeo pocircde ser aplicada por falta de regulamentaccedilatildeo

Em 2002 na administraccedilatildeo 2001-2004 o temaretornou agrave pauta poliacutetica pelo Decreto nordm 14288 de 11 deabril de 2003 no qual a regulamentaccedilatildeo do PHC foiaprovada Poreacutem cabe ressaltar que entre os anos de 1997e 2003 o desenvolvimento de atividades de AUP continuouem algumas Secretarias como eacute o caso das Secretarias deAccedilatildeo Social de Educaccedilatildeo e de Sauacutede mesmo sem viacutenculocom o PHC

Em 2004 com a criaccedilatildeo da Comissatildeo Gestora doPrograma de Hortas Comunitaacuterias de Campinas (CGPHC)a administraccedilatildeo municipal iniciou efetivamente o PHCimplantando projetos de hortas no municiacutepio com destaquepara as hortas comunitaacuterias e escolares

Desse modo observa-se que em Campinas desde1997 a Cacircmara e o Executivo tecircm por meio das legislaccedilotildees

municipais e do PHC sinalizado a intenccedilatildeo em trazer paraa agenda poliacutetica o tema de agricultura urbana Poreacutem naatual administraccedilatildeo 2005-2008 o PHC ainda natildeo temdestino definido o que se confirma principalmente pelafalta de constituiccedilatildeo de uma comissatildeo gestora haja vista ainexistecircncia de uma Portaria na qual se divulguem os nomesdos seus membros Portaria essa que no Decretoregulamentador explicita que apoacutes acordados os nomesdos integrantes da Comissatildeo a Secretaria Municipal deDesenvolvimento Econocircmico e Trabalho deveriacomunicaacute-los por ofiacutecio ao Gabinete do Prefeito para apublicaccedilatildeo da Portaria de nomeaccedilatildeo

Diante do exposto com este trabalho objetivou-seanalisar o Programa de Hortas Comunitaacuterias de Campinasde forma a subsidiar possiacuteveis formulaccedilotildees de poliacuteticaspuacuteblicas de AUP no municiacutepio

2 CONTEXTO POLIacuteTICO DA AUP NO MUNDO E NO BRASIL

Com a pesquisa bibliograacutefica foi possiacutevel teracesso a alguns projetos e programas que utilizam a AUPem accedilotildees poliacuteticas realizadas no mundo e no Brasil Para asistematizaccedilatildeo dessas experiecircncias essas foram divididasem quatro niacuteveis de atuaccedilatildeo mundial federal estadual emunicipal

21 Accedilotildees mundiais

Segundo Salmito (2004) existem diversosprogramas e iniciativas que indicam a importacircncia da AUPnas instacircncias internacionais Entre eles- O Programa Especial de Seguranccedila Alimentar3 que incluia AUP como alternativa para reduzir a maacute nutriccedilatildeo e apobreza da populaccedilatildeo urbana- A Cuacutepula Mundial da Alimentaccedilatildeo ocorrida em Roma em1996 quando chefes de Estado se comprometeram a acabarcom a fome indicando a AUP como uma das possiacuteveisaccedilotildees a se implementar- A 15ordf sessatildeo do Comitecirc de Agricultura da FAO em 1999em que os paiacuteses membros recomendaram agrave FAOdesenvolver um programa multissetorial em apoio agrave AUP- A Declaraccedilatildeo de Quito - Equador assinada por 27 cidadeslatino-americanas em 2000 em que se ressaltam aimportacircncia da AUP e a necessidade de implementarpoliacuteticas nessa aacuterea

3Eacute um programa que foi lanccedilado pela FAO em 1994 depois daaprovaccedilatildeo unacircnime pelo Conselho Executivo da FAO na sua106ordf sessatildeo



22 Accedilotildees federais

Muitos paiacuteses do mundo incentivam e implementamprojetos de AUP como exemplo Cuba Costa RicaArgentina Aacutefrica Canadaacute Peru Chile Colocircmbia EquadorMeacutexico Alemanha Ruacutessia e Portugal No Brasil o GovernoFederal no acircmbito do Programa Fome Zero e da criaccedilatildeo doMinisteacuterio de Seguranccedila Alimentar em 2005 transformadoem Ministeacuterio de Desenvolvimento Social e Combate agraveFome (MDS) deu um importante passo em direccedilatildeo agraveutilizaccedilatildeo da AUP como tema transversal nodesenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas setoriais

De acordo com informaccedilotildees extraiacutedas de ProjetoFome Zero (2004) o MDS conta com o apoio do ConselhoNacional de Seguranccedila Alimentar e Nutricional (CONSEA)oacutergatildeo de assessoramento imediato ao Presidente daRepuacuteblica Essa poliacutetica eacute executada por intermeacutedio daSecretaria de Seguranccedila Alimentar e Nutricional (SESAN)e para a execuccedilatildeo das accedilotildees o MDS oferece transferecircnciavoluntaacuteria de recursos natildeo-reembolsaacuteveis a oacutergatildeos ouentidades da administraccedilatildeo direta ou indireta dos governosestaduais municipais ou do Distrito Federal interessadosem implantar projetos de seguranccedila alimentar e nutricionalque tenham como objetivo apoiar por exemplo aimplantaccedilatildeo e ampliaccedilatildeo de hortas viveiros lavouras epomares comunitaacuterios e a compra direta local de produtosda agricultura familiar para a aquisiccedilatildeo de produtospereciacuteveis e semi-pereciacuteveis

Outro importante passo foi dado com a publicaccedilatildeoem janeiro de 2006 das Portarias nordm 0032006 e nordm 0042006que permitem a transferecircncia de recursos federais atraveacutesdo INCRA a projetos de AUP em Satildeo Paulo

23 Accedilotildees estaduais

No Piauiacute estaacute sendo desenvolvido um programaamplo de agricultura urbana para assegurar a alimentaccedilatildeoda populaccedilatildeo mais empobrecida objetivando auxiliar nocombate agrave pobreza e desenvolver accedilotildees de educaccedilatildeo egeraccedilatildeo de trabalho e renda O foco do programa eacute introduzire testar mecanismos de mobilizaccedilatildeo social educaccedilatildeo egeraccedilatildeo de trabalho e renda dentro de um marco referencialde promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local

No estado do Paraacute haacute um programa que beneficiaprodutores rurais e peri-urbanos mediante a sustentaccedilatildeode criaccedilatildeo de galinha e pato na regiatildeo amazocircnica orientalO programa eacute desenvolvido em parceria com os criadorese a Secretaria Estadual de Agricultura sendo cedidosterreno puacuteblico afastado um casal de aves para cada famiacuteliaselecionada e tambeacutem treinamento O Acre tambeacutem possui

um programa para agricultura urbana em seus municiacutepiosOutras iniciativas poliacuteticas devem estar ocorrendo peloBrasil mas como o tema ainda natildeo eacute muito divulgado torna-se difiacutecil encontrar o registro dos projetos assim como deseu detalhamento

24 Accedilotildees municipais

Segundo Nolasco (2004) a agricultura urbana podeser notada em vaacuterios municiacutepios brasileiros Muitas vezesem iniciativas individuais e isoladas natildeo descritas naliteratura ficando assim sem o devido registro no entantojaacute comeccedilam a surgir projetos e relatos sobre sua praacuteticanos municiacutepios brasileiros

Em alguns municiacutepios brasileiros leis e programassobre agricultura urbana e peri-urbana jaacute foram aprovadosou estatildeo circulando pelas cacircmaras municipais como porexemplo Caratinga-MG Lima Duarte-MG Sete Lagoas-MGe Governador Valadares-MG Satildeo Paulo-SP Campinas-SP eFortaleza-CE

Em outros municiacutepios o assunto jaacute ganha destaqueem seminaacuterios (envolvendo vaacuterios pesquisadores teacutecnicosde instituiccedilotildees de pesquisa e financiamento) lideranccedilascomunitaacuterias e projetos Como por exemplo Brasiacutelia-DFBelo Horizonte-MG Uberlacircndia-MG Viccedilosa-MG Curitiba-PR Londrina-PR Porto Alegre-RS Curaccedilaacute-BA Juiz deFora-MG Piracicaba-SP Presidente Prudente-SP SantoAndreacute-SP Rio Branco-AM Rio de Janeiro-RJ e Mauaacute-RJ

3 AGRICULTURA URBANA E PERI-URBANA DEFINICcedilOtildeES E MODALIDADES

Os conceitos de agricultura urbana e agriculturaperi-urbana satildeo difusos na medida em que essas podemser consideradas categorias identificaacuteveis em relaccedilatildeo a umlugar no qual a agricultura urbana se integra ao sistemaeconocircmico e ecoloacutegico urbano e ao mesmo tempo se inter-relaciona com as agriculturas peri-urbana e rural (ADAM1999 MOUGEOT 2000)

Atualmente vaacuterios pesquisadores do ramo dasciecircncias sociais entre eles Silva (2002) Veiga (2002) eWanderley (2000) discorrem seus estudos sobre a questatildeourbano-rural cada um dentro de abordagens teoacutericasdiversificadas Concordando que esses dois espaccedilos natildeosatildeo mais dicotocircmicos por completo e sim interatuantes(se inter-reagindo mutuamente) e que devem ser avaliadossob novos olhares fica claro o motivo pelo qual a definiccedilatildeodos conceitos de agricultura urbana agricultura peri-urbana e agricultura rural encontram-se em construccedilatildeo

Uma forma de esclarecer a conceituaccedilatildeo da AUP eda agricultura rural pode ser relacionada agraves poliacuteticas



setoriais implicitamente relacionadas a elas quais sejampoliacuteticas sociais e poliacuteticas econocircmicas respectivamente

31 Poliacuteticas Sociais e a AUP

De maneira geral a poliacutetica puacuteblica eacute dividida emalguns setores seguindo criteacuterios que direcionam accedilotildeesespeciacuteficas em determinadas aacutereas Assim em cada camposatildeo eleitos processos de tomada de decisatildeo para aexecuccedilatildeo de estrateacutegias programas e projetos especiacuteficosde atuaccedilatildeo Eacute possiacutevel relacionar os campos da seguintemaneira Poliacutetica Ambiental Poliacutetica Social (sauacutedeeducaccedilatildeo previdecircncia habitaccedilatildeo saneamento etc) PoliacuteticaEconocircmica (fiscal monetaacuteria cambial etc) e PoliacuteticaAgriacutecola (exportaccedilatildeo creacutedito)

Uma proposta para diferenciar a AUP da AgriculturaRural eacute mediante o tipo de poliacutetica envolvida em seudesenvolvimento Normalmente a AUP estaacute relacionada apoliacuteticas sociais e em alguns casos a poliacuteticas ambientaisJaacute a Agricultura Rural relaciona-se fortemente a poliacuteticaseconocircmicas e agriacutecolas Esse eacute um marco bastanteimportante pois por meio dele os processos de tomada dedecisatildeo satildeo diferenciados nos dois casos

Ao adotar um enfoque social a poliacutetica eacute centradabasicamente na qualidade de vida do cidadatildeo centradanum conjunto de diretrizes orientaccedilotildees criteacuterios edelineamentos que conduzam agrave preservaccedilatildeo e elevaccedilatildeodo bem-estar social objetivando que os benefiacutecios dodesenvolvimento alcancem todas as faixas da sociedadelevando a uma maior equumlidade (GESTIOPOLIS 2005)

32 Definiccedilotildees mais usuais da agricultura urbana

a) Localizaccedilatildeo intra-urbana ou peri-urbana

Sem duacutevida o elemento mais citado poreacutemapresentando maior fonte de conflito conceitual eacute o localonde a AUP eacute praticada Poucos estudos realizam umaverdadeira diferenciaccedilatildeo entre os locais intra-urbanos eos peri-urbanos ou se o fazem usam criteacuterios muitovariados Alguns autores tecircm tentado traccedilar o limite externoda aacuterea peri-urbana identificando por exemplo as zonasurbanas suburbanas e peri-urbanas com relaccedilatildeo agrave suaporcentagem de edificaccedilotildees e agrave infra-estrutura viaacuteria e aosespaccedilos abertos por quilocircmetros quadrados (LOSADA etal 1998)

A AUP pode estar relacionada a vaacuterios tipos deatividades como a criaccedilatildeo e cultivo ou processamentomiacutenimo produccedilatildeo de produtos de origem animal ou vegetallocalizaccedilatildeo e teacutecnicas utilizadas conforme o Quadro 1

b) Tipos de sistemas de produccedilatildeo

Em boletim divulgado pela SDFAO (1998) podeser encontrada a descriccedilatildeo de uma tipologia baseada emcategorias de produtos criados ou cultivados queexemplifica de forma resumida as modalidades deagricultura urbana e peri-urbana

Segundo LOPES (2004) a olericultura4 eacute um dosramos do sistema de produccedilatildeo denominado horticulturaDentro deste sistema de produccedilatildeo inserem-se tambeacutemoutros ramos como a fruticultura a floricultura ajardinocultura as ervas medicinais as ervas condimentaresa cogumelocultura e a viveiricultura Uma das teacutecnicas deAUP mais difundidas no Brasil satildeo as hortas que fazemparte das atividades de olericultura

bull Hortas e suas finalidades

As hortas podem ser realizadas de muitas maneirase com objetivos diversos Tambeacutem satildeo bastante diversasas motivaccedilotildees das accedilotildees que as desencadeiam A seguirseratildeo relacionados os conceitos segundo Lopes (2004) eos objetivos especiacuteficos segundo Roese (2004) das hortasinstitucionais (escolares e terapecircuticas) e comunitaacuterias

- Hortas escolaresEacute a horta cultivada pelos alunos seus pais e

professores Pode ser utilizada para o reforccedilo daalimentaccedilatildeo escolar e para auxiliar nos fundamentospraacuteticos de biologia ecologia teacutecnicas agriacutecolas eeducaccedilatildeo alimentar entre outras coisas Os objetivos quenormalmente estatildeo relacionados a esse tipo de horta satildeoproduccedilatildeo de alimentos reciclagem de lixo educaccedilatildeoambiental recreaccedilatildeo e lazer desenvolvimento humano eeducaccedilatildeo alimentar

-Hortas terapecircuticas ou ocupacionaisEacute a horta cultivada por idosos doentes mentais

portadores de necessidades especiais pacientes emtratamento quiacutemico eou psiquiaacutetrico e menores infratoresPode ser utilizada como coadjuvante em tratamentos dereabilitaccedilatildeo fiacutesica social e mental Os objetivos quenormalmente estatildeo relacionados a este tipo de horta satildeoatividade ocupacional tratamento fitoteraacutepico e valoresteacutetico

4Olericultura eacute o mesmo que falar sobre hortaliccedilas este eacute o nometeacutecnico-cientiacutefico utilizado pelos agrocircnomos e demais teacutecnicosdas ciecircncias agraacuterias para definir a cultura de oleraacuteceas ouhortaliccedilas As hortaliccedilas satildeo comumente chamadas de ldquoverdurase legumesrdquo esta denominaccedilatildeo estaacute erroneamente relacionada agravessuas partes comestiacuteveis (LOPES 2004)



QUADRO 1 ndash Sistemas de produccedilatildeo na agricultura urbana e peri-urbana

Fonte Traduzida de SDFAO (1998)

- Hortas comunitaacuteriasEacute a horta cultivada em conjunto por grupos de

famiacutelias ou pessoas de uma comunidade por meio decooperativas de produccedilatildeo que ficaratildeo responsaacuteveis pelogerenciamento da produccedilatildeo

A gestatildeo das hortas comunitaacuterias incorpora aparticipaccedilatildeo ativa da comunidade responsaacutevel pelaadministraccedilatildeo e manejo delas e eventualmente com oacompanhamento teacutecnico e fiscalizaccedilatildeo do poder puacuteblico

Em geral satildeo instaladas em aacutereas urbanas ociosas(puacuteblicas e particulares) usadas para o cultivo dehortaliccedilas plantas medicinais produccedilatildeo de mudasleguminosas frutas e outros alimentos e sua produccedilatildeoabastece famiacutelias que moram perto desses terrenos Osobjetivos que normalmente estatildeo relacionados a esse tipode horta satildeo utilizaccedilatildeo racional de espaccedilosdesenvolvimento local seguranccedila alimentar formaccedilatildeo demicroclima manutenccedilatildeo da biodiversidade escoamentode aacuteguas das chuvas diminuiccedilatildeo da temperaturadiminuiccedilatildeo da pobreza e geraccedilatildeo de renda

4 ANAacuteLISE DE POLIacuteTICA PUacuteBLICA

Entende-se por Poliacuteticas Puacuteblicas ldquoo conjunto deaccedilotildees coletivas voltadas para a garantia dos direitossociais configurando um compromisso puacuteblico que visa adar conta de uma determinada populaccedilatildeo em diversasaacutereas Expressa a transformaccedilatildeo daquilo que eacute do acircmbitoprivado em accedilotildees coletivas no espaccedilo puacuteblicordquo(GUARESCHI et al 2004)

Segundo Dagnino (2004) uma forma de resumir ascaracteriacutesticas do conceito de poliacutetica eacute dada por trecircselementosbull uma teia de decisotildees e accedilotildees que alocam (implementam)valoresbull uma instacircncia que uma vez articulada vai conformandoo contexto no qual uma sucessatildeo de decisotildees futurasseratildeo tomadasbull algo que envolva uma teia de decisotildees oudesenvolvimento de accedilotildees no tempo mais do que umadecisatildeo uacutenica localizada no tempo

41 Objetivos da anaacutelise de poliacuteticas puacuteblicas

Costa amp Marinho (2003) destacam que a anaacutelise depoliacuteticas puacuteblicas pode ter dois objetivos desenvolverconhecimentos sobre a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas em siestudos poliacuteticos conhecimento de poliacutetica revelandoportanto uma orientaccedilatildeo predominantemente descritivae apoiar os formuladores de poliacutetica agregandoconhecimento ao processo de planejamento envolvendo-se diretamente na tomada de decisotildees revelando assimum caraacuteter mais prescritivo ou propositivo

Neste trabalho o enfoque eacute dado basicamente agraveorganizaccedilatildeo de informaccedilotildees para elaboraccedilatildeo de poliacuteticasnesse caso pela anaacutelise do Programa de HortasComunitaacuterias de Campinas uma vez que seraacute possiacutevelorganizar dados e informaccedilotildees para propor a elaboraccedilatildeode novas poliacuteticas de AUP direcionadas para a realidadedesta cidade



A dinacircmica de elaboraccedilatildeo de novas poliacuteticas segueum modelo que pode ser denominado ldquoPolicy Ciclerdquo que eacuteum modelo que busca descrever a poliacutetica por processosque em cada momento vatildeo se modificando e se inter-relacionando de forma dinacircmica com os outros formando umciclo Para facilitar a compreensatildeo desses processos deve-sepercebecirc-los estaticamente reduzindo-os a um encadeamentode fases em que cada fase em determinado processo adquiremaior ou menor destaque De acordo com Frey (2000) pode-se dividir esse ciclo em quatro fases a) percepccedilatildeo definiccedilatildeoe introduccedilatildeo do problema na agenda poliacutetica b) elaboraccedilatildeode programas e decisatildeo c) implementaccedilatildeo de poliacuteticas e d)avaliaccedilatildeo (e ajuste) de poliacuteticas

a) Percepccedilatildeo definiccedilatildeo e introduccedilatildeo do problema naagenda poliacutetica ndash ldquoagenda setting5rdquo

Segundo Frey (2000) um fato pode ser percebido comoum problema poliacutetico por grupos sociais isolados comotambeacutem por poliacuteticos grupos de poliacuteticos ou pelaadministraccedilatildeo puacuteblica No entanto somente com a introduccedilatildeodesse problema na ldquoagenda settingrdquo eacute que se decide se umtema efetivamente vai ser inserido na pauta poliacutetica atual ouse o tema deve ser excluiacutedo ou adiado para uma data posteriore isso natildeo obstante a sua relevacircncia de accedilatildeo

Como foi dito anteriormente para que a temaacutetica daAUP seja incluiacuteda na agenda poliacutetica eacute necessaacuterio queprimeiro essa atividade seja percebida como uma forma deminimizar problemas sociais

Ainda haacute um processo anterior agrave formulaccedilatildeo que eacutea regularizaccedilatildeo dessas atividades por meio de leis eregulamentos aprovados pelo Legislativo

Alguns elementos satildeo essenciais para aconstituiccedilatildeo de um programa de AUP como exemplopoliacuteticas de incentivo agrave AUP acesso ao uso da terra urbanamanejo dos recursos hiacutedricos tecnologia apropriadaorganizaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo dos beneficiaacuterios

No entanto o que fica mais evidente em relaccedilatildeo agraveAUP eacute a importacircncia de processos de gestatildeo participativaa fim de facilitar e fortalecer o diaacutelogo entre a administraccedilatildeomunicipal e os setores da sociedade civil para a definiccedilatildeoe implementaccedilatildeo de projetos programas e poliacuteticasmunicipais desse tipo de agricultura (DUBBELING ampSANTANDREU 2004)

b) Elaboraccedilatildeo (formulaccedilatildeo planejamento) de programas edecisatildeo

Segundo Frey (2000) na fase de elaboraccedilatildeo eacutepreciso escolher a forma mais apropriada entre as vaacuterias

5Agenda de decisotildees governamentais ou agenda poliacutetica prioritaacuteria

alternativas de accedilatildeo Normalmente precedem ao ato dedecisatildeo propriamente dito processos de conflito e deacordo envolvendo pelo menos os atores mais influentesna poliacutetica e na administraccedilatildeo

Segundo Costa amp Marinho (2003) quando umproblema se torna foco de accedilatildeo governamental existemdiferentes formas de pensar as soluccedilotildees Dessa forma aimplantaccedilatildeo da poliacutetica depende do modelo que foi adotadona sua formulaccedilatildeo e haacute dois modelos baacutesicos utilizados omodelo incremental e o modelo racional

O modelo incremental caracteriza-se pelanegociaccedilatildeo com ou sem a utilizaccedilatildeo de qualquermetodologia de apoio especiacutefica Baseia-se no diaacutelogo entrepartidaacuterios de interesses e propostas para accedilatildeo distintastodos eles dispondo de informaccedilatildeo e poder diferenciadosSegundo Costa amp Marinho (2003) a adoccedilatildeo desse modelofrequumlentemente conduz a situaccedilotildees de natildeo-tomada dedecisatildeo que favorecem os atores sociais com maior podere natildeo se concretizam em uma proposta expliacutecita

Jaacute o modelo racional requer uma minuciosa definiccedilatildeo dosinteresses valores e objetivos de cada um dos atoresenvolvidos e detalhamento dos cursos de accedilatildeo definidosneste caso existe um elemento concreto o plano projetoprograma ou proposta que explicita o que foi decidido(COSTA amp MARINHO 2003 p 45)

E nesse momento fica ainda mais evidente aimportacircncia de que esses planejadores tenham em matildeos omaior e melhor nuacutemero de informaccedilotildees possiacutevel para quepossam ser formuladas poliacuteticas adequadas e direcionadaslocalmente Esse planejamento local natildeo soacute identifica asoluccedilatildeo de problemas e necessidades locais como tambeacutemfortalece as capacidades das comunidades envolvidas Adefiniccedilatildeo adequada e a adaptaccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo eplanejamento formal eacute frequumlentemente a etapa mais difiacutecildo processo

c) Implementaccedilatildeo de poliacuteticas

No que tange agrave anaacutelise dos processos de implementaccedilatildeopodemos discernir as abordagens cujo objetivo principaleacute a anaacutelise da qualidade material e teacutecnica de projetos ouprogramas daquelas cuja anaacutelise eacute direcionada para asestruturas poliacutetico-administrativas e a atuaccedilatildeo dos atoresenvolvidos No primeiro caso tem-se em vista antes demais nada o conteuacutedo dos programas e planos [] Nosegundo caso o que estaacute em primeiro plano eacute o processode implementaccedilatildeo isto eacute a descriccedilatildeo do ldquocomordquo e daexplicaccedilatildeo do ldquoporquecircrdquo (FREY 2000 p 228)



De acordo com Costa amp Marinho (2003) aimplementaccedilatildeo de poliacuteticas que sigam o modelo incrementalnatildeo promove nenhuma confusatildeo na medida em que natildeoexiste um elemento concreto como um plano que expliciteo acordo alcanccedilado e fixe uma situaccedilatildeo objetiva a perseguirAinda segundo esses dois autores no modelo racional eacutepossiacutevel fazer um acompanhamento mais abrangente dasaccedilotildees com uma avaliaccedilatildeo permanente do cumprimentodas metas prazos eficiecircncia e eficaacutecia

Ainda um outro aspecto relevante para aimplementaccedilatildeo de projetos diz respeito agrave participaccedilatildeo dosbeneficiaacuterios na sua gestatildeo Em relaccedilatildeo a isso Gandin(2001) relaciona trecircs niacuteveis de participaccedilatildeo quais sejam

Niacutevel de colaboraccedilatildeo ndash em que um agente externochama as pessoas para trazerem suas contribuiccedilotildees para oalcance de um objetivo previamente estipulado o que fazcom que as pessoas trabalhem e se esforcem sem discutirquais benefiacutecios adviratildeo desse trabalho

Niacutevel de decisatildeo ndash vai aleacutem da colaboraccedilatildeo e temaparecircncia democraacutetica mais acentuada mas em geral satildeodecididos aspectos menores desconectados da propostamais ampla e a decisatildeo se realiza como escolhas entrealternativas jaacute traccediladas sem afetar o que realmenteimporta

Niacutevel de construccedilatildeo em conjunto ndash embora napraacutetica seja pouco comum a construccedilatildeo em conjuntoocorre quando o poder de decisatildeo estaacute com as pessoasindependentemente das diferenccedilas menores efundamentado na igualdade real entre elas

Na literatura relacionada agraves experiecircncias de AUPno mundo e no Brasil nota-se uma forte tendecircncia deconstruccedilatildeo de projetos de AUP baseados na valorizaccedilatildeodo diaacutelogo entre atores e instituiccedilotildees locais No entantoas dificuldades para a organizaccedilatildeo de pessoas cominteresses afins e para a praacutetica participativa aindaconstituem uma grande barreira ao exerciacutecio da democraciaem nosso paiacutes As estrateacutegias para que haja envolvimentodos atores sociais na elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo doplanejamento local tecircm que estar sintonizadas com ascondiccedilotildees especiacuteficas da regiatildeo considerada VOLKERcitado por CAMPANHOLA amp SILVA (2000)

Bakker et al (2000) citam elementos que podempromover a AUP como o acesso aos recursos de terra eaacutegua mediante a eliminaccedilatildeo de restriccedilotildees legais Outroexemplo eacute o acesso dos agricultores urbanos a estudossobre agricultura agrave assistecircncia teacutecnica e aos serviccedilos decreacutedito Mais um exemplo eacute a adequaccedilatildeo das atividadesde AUP ao zoneamento urbano e ao plano diretor dascidades

d) Avaliaccedilatildeo (e ajuste) de poliacuteticas

A avaliaccedilatildeo ou controle de impacto pode no caso de osobjetivos do programa terem sido alcanccedilados levar agravesuspensatildeo ou ao fim do ciclo poliacutetico ou caso contraacuterioagrave iniciaccedilatildeo de um novo ciclo ou seja a uma nova fase depercepccedilatildeo e definiccedilatildeo e agrave elaboraccedilatildeo de um novo programapoliacutetico ou agrave modificaccedilatildeo do programa anterior (FREY2000 p 229)

Segundo os autores Costa amp Marinho (2003) nomodelo incremental a avaliaccedilatildeo fica restrita agrave verificaccedilatildeode eventuais impactos da poliacutetica No caso do modeloracional eacute possiacutevel fazer um acompanhamento maisabrangente das accedilotildees com uma avaliaccedilatildeo permanente documprimento das metas prazos eficiecircncia e eficaacutecia

A maioria dos estudos sobre poliacuteticas de AUP eacutedescritiva e baseia-se em entrevistas Isso eacuteespecialmente comum nos estudos sobreMonitoramento e Avaliaccedilatildeo (MampA) que utilizam umenfoque mais convencional Dessa forma nos estudosde caso disponiacuteveis verifica-se que parece haver umanecessidade de novos meacutetodos de MampA ou deprocedimentos no contexto da AUP Por outro lado haacutea evidecircncia de que a situaccedilatildeo urbana necessita deenfoques mais flexiacuteveis dinacircmicos e participativosespecialmente quando a intervenccedilatildeo de investigaccedilatildeo edesenvolvimento interessa ou afeta diferentes gruposde atores (CAMPILAN et al 2002)

Para que os estudos de poliacuteticas de AUP natildeo sejamsomente descritivos eacute muito interessante a afirmativa dosautores Aguilar amp Ander-Egg citados por Leite (2005) deque uma pesquisa de anaacutelise de poliacuteticas natildeo pode se limitara estabelecer quais foram os ecircxitos ou fracassos de umprograma - ela deve tratar de averiguar o porquecirc de certasconquistas

5 PROPOSTA METODOLOacuteGICA

Tendo em vista a anaacutelise do Programa de HortasComunitaacuterias de Campinas de forma a subsidiar possiacuteveisformulaccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas de AUP no municiacutepio ametodologia foi realizada por meio de uma fase anterior decaraacuteter exploratoacuterio em que se buscou identificardocumentos que pudessem resgatar o histoacuterico doPrograma de Hortas Comunitaacuterias e pessoas queestivessem envolvidas de alguma maneira na formulaccedilatildeoeou na gestatildeo do PHC em alguma de suas fases (1997-2000 2001-2004 e 2005-2008)



51 Coleta de dados

A fase exploratoacuteria ocorreu entre os meses denovembro de 2004 e janeiro de 2005 mediante contato comalgumas instituiccedilotildees que atuam na cidade de Campinascomo o GDR6 uma ONG7 e a UNICAMP Tambeacutem foramcontatadas as administraccedilotildees regionais da cidade assubprefeituras e pessoas que desenvolviam algum tipo deatividade de AUP O objetivou-se com esses contatospreliminares agrave aproximaccedilatildeo com essas pessoas paradelimitar o objeto de estudo e perceber as suas reaisdimensotildees de forma a facilitar a identificaccedilatildeo de projetosde AUP e em que regiotildees se encontravam Poreacutem por setratar de um periacuteodo de transiccedilatildeo poliacutetica nem todas asorganizaccedilotildees contatadas puderam auxiliar com informaccedilotildeessobre o PHC ou outras atividades de AUP no municiacutepio

Apoacutes esses contatos foram identificados algunsatores mais atuantes no cenaacuterio municipal que foramentrevistados e considerados ldquoinformantes-chavesrdquo Essadenominaccedilatildeo eacute dada em razatildeo da sua participaccedilatildeo efetivano contexto da AUP na cidade e por meio deles eacute que sepocircde delimitar mais substancialmente a aacuterea estudadaassim como elaborar com maior precisatildeo os temas a seremestudados e adequar o formulaacuterio que foi utilizado napesquisa de campo

Foram realizadas cinco entrevistas direcionadas ainformantes-chave e os dados levantados atraveacutes de umroteiro abordando o conhecimento dos entrevistadossobre grupos que estivessem discutindo e gerandomaterial sobre AUP na cidade a disponibilidade deinformaccedilotildees de projetos de AUP a ocupaccedilatildeo de terrenosbaldios com hortas dentro e fora do PHC a relaccedilatildeo detemas interessantes para o auxiacutelio de poliacuteticas de AUPaacutereas interessantes que pudessem direcionar o trabalhode pesquisa conhecimento de alguma organizaccedilatildeo deagricultores urbanos delimitaccedilatildeo de aacuterea peri-urbana comatividades agriacutecolas na cidade e relaccedilatildeo de hortas escolaresmunicipais

Posterior agrave fase exploratoacuteria recorreu-se ainda agraverealizaccedilatildeo de trecircs entrevistas dirigidas que eacute um modelode entrevista estruturada em um formulaacuterio com perguntasfechadas e semi-abertas tendo por base as categoriasgerenciaacuteveis apontadas pela metodologia do Project8

(2005) Essas categorias satildeo um conjunto de processosinterdependentes que ao serem analisados e organizadospodem subsidiar o controle dos processos e das decisotildeesem programas e projetos O objetivo era complementar asinformaccedilotildees jaacute coletadas sobre o PHC e os projetos dehortas coletivas bem com apreender a percepccedilatildeo dosgestores envolvidos

Os dados secundaacuterios foram obtidos por anaacutelisedocumental9 que objetivou primordialmente resgatar ohistoacuterico do programa de hortas comunitaacuterias e analisar asmudanccedilas que ocorreram ao longo das trecircs gestotildeespoliacuteticas

52 Anaacutelise dos dados

Neste artigo se deu destaque agrave formulaccedilatildeo do PHCem relaccedilatildeo agrave sua gestatildeo A anaacutelise foi realizada sob doisenfoques primeiramente foram consideradas as categoriasgerenciaacuteveis apontadas no Project (2005) e em seguida aanaacutelise foi realizada de maneira mais geral retomando osquatro aspectos avaliatoacuterios levantados por Aguilar ampAnder-Egg citados por Leite (2005)

- Categorias gerenciaacuteveisldquoINTEGRACcedilAtildeOrdquo- Procurou-se delinear quais processoseram necessaacuterios para assegurar que os diversos elementosdo projeto fossem adequadamente relacionados Eacutecomposta por perguntas relacionadas ao desenvolvimentodo plano programa gestatildeo desse plano e operacionalizaccedilatildeoldquoESCOPOrdquo- Foi considerada a sua composiccedilatildeo qual opuacuteblico e quais objetivosldquoTEMPOrdquo- Foram observados os processos utilizados paraassegurar o teacutermino do programa dentro do prazo previstosendo identificados iniacutecio das atividades a estimativa daduraccedilatildeo e desenvolvimento do cronogramaldquoRECURSOS FINANCEIROSrdquo- Buscou-se levantar a fontedos recursos se houve planejamento dos recursosestimativa dos custos orccedilamento dos custos e controledos custosldquoQUALIDADErdquo- Foi considerada a existecircncia de umplanejamento da qualidade e se foi feito algum tipo decontrole da qualidadeldquoRECURSOS HUMANOSrdquo- Foram identificados o nuacutemerode pessoas na equipe as responsabilidades de cada membroe a motivaccedilatildeo dos membros da equipe

6Grupo de Desenvolvimento Rural de Campinas7ONG Associaccedilatildeo Plantando Paz na Terra8Project Management Body of Knowledge ndash Universo deConhecimento em Gerecircncia de Projetos9Procedimento teacutecnico que possibilita a realizaccedilatildeo da anaacutelise dosresultados a partir de relatoacuterios ou documentos disponiacuteveis arespeito do assunto estudado Gil (1999 p 66) afirma que ldquoapesquisa documental vale-se de materiais que natildeo receberam aindaum tratamento analiacutetico ou que ainda podem ser re-elaboradosde acordo com os objetivos da pesquisardquo



ldquoCOMUNICACcedilAtildeOrdquo- Perguntou-se a respeito daelaboraccedilatildeo distribuiccedilatildeo armazenamento e prontaapresentaccedilatildeo das informaccedilotildees do programaldquoRISCOSrdquo- Foram descritos os processos que dizemrespeito agrave identificaccedilatildeo anaacutelise e resposta a riscos doprograma

- Aspectos avaliatoacuteriosldquoDISPOSICcedilOtildeES LEGAISrdquo- Trata-se de leis decretosregulamentos estatutos etc que podem colocarobstaacuteculos burocraacuteticos ou facilitar e promover a realizaccedilatildeodo programaldquoVONTADE POLIacuteTICArdquo- para que um programa tenhavalidade e operacionalidade deve contar com o apoiopoliacutetico da instituiccedilatildeo que o promoveldquoRECURSOS FINANCEIROSrdquo- trata-se de analisar osmeios financeiros que estatildeo efetivamente disponiacuteveis aoprograma quando for necessaacuterioldquoCONDICcedilOtildeES SOCIAIS E ECONOcircMICASrdquo- condiccedilotildeesestruturais ou conjunturais que influenciam na execuccedilatildeodo programa Como exemplo de condiccedilotildees estruturaispodem ser citados o ajuste fiscal e a relaccedilatildeo diacutevidaPIBComo exemplo de condiccedilotildees conjunturais podem sercitados o poder de persuasatildeo da populaccedilatildeo local emudanccedilas no quadro poliacutetico

6 PROGRAMA DE HORTAS COMUNITAacuteRIAS DE CAMPINAS

O PHC foi analisado no eixo temporal 1997-2006haja vista que em 1997 o Programa foi criado em 2003 foiregulamentado e em 2006 ainda estava em processo deimplantaccedilatildeo primeira fase 1997-2000 segunda fase 2001-2004 e terceira fase 2005-2008

Segundo Pessanha (2002) nas uacuteltimas deacutecadas aseguranccedila alimentar vem se constituindo em um temarecorrente no paiacutes provocando amplo debate puacuteblico egovernamental sobre os objetivos e criteacuterios prioritaacuteriospara o planejamento e construccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicaspara implementaacute-la no territoacuterio nacional Inuacutemerasexperiecircncias de programas e accedilotildees voltadas para ofortalecimento da seguranccedila alimentar foram implementadasnas distintas instacircncias de governo (central regional elocal) e as organizaccedilotildees sociais civis empresariaissetoriais e poliacutetico-partidaacuterias tecircm lanccedilado ao debatepuacuteblico diversas propostas de poliacuteticas especiacuteficas desuperaccedilatildeo da pobreza e garantia da seguranccedila alimentarno paiacutes

Vindo ao encontro dessa realidade o PHC tambeacutemfoi influenciado por essa temaacutetica e em decorrecircncia dolanccedilamento do Programa Fome Zero em 2004 a

preocupaccedilatildeo com a seguranccedila alimentar tambeacutem foi incluiacutedana relaccedilatildeo de objetivos do Programa PHC de Campinas

ldquoNeste programa que tinha como uma das questotildeesimportantes acabar com a fome a questatildeo da agriculturaurbana no caso o nome mesmo hortas comunitaacuterias erauma das previsotildees para que se pudessem ter poliacuteticasfederais estaduais e municipais que incentivasse umapoliacutetica puacuteblica Dentro da seguranccedila alimentar noacutestiacutenhamos outros programas mas principalmente estaquestatildeo das hortas era o lado da agricultura urbana jaacutevindo dessa ideacuteia do Fome Zero que ainda natildeo havia sidolanccediladordquo(Entrevista 7 ndash Ex-coordenadora GDR)

ldquoSe vocecirc entra num governo onde o principal problema eacuteo desemprego problema estrutural vocecirc vecirc nas hortasuma possibilidade de fazer esse encaminhamento parade uma maneira muito simploacuteria prover essas pessoasde ocupaccedilatildeo natildeo eacute uma renda significativa mas jaacute eacute algoque os ocupe E tem uma conotaccedilatildeo social na produccedilatildeodestas mudas junto com o trabalho da APAE tem motivose coisas muito positivas para se fazer algo na linha dashortasrdquo (Entrevista 8 ndash Presidente CEASA)

Um outro objetivo que natildeo chegou a ser incluiacutedono PHC mas que tambeacutem pode ter motivado o programafoi a possibilidade de integrar o programa agrave recuperaccedilatildeoambiental Dessa forma quando fossem aprovadas aacutereasem situaccedilatildeo irregular (proacuteximas a nascentes em aacuterea deproteccedilatildeo ambiental ou de mata ciliar) poderia ser feito umtrabalho de recuperaccedilatildeo

ldquoOutra vertente era que quando vocecirc tivesse a aacutegua e aterra improacutepria vocecirc poderia fazer a recuperaccedilatildeo ambientalda aacuterea Seriam dados cursos de restauraccedilatildeo ambientalpara produccedilatildeo de mudas nativas para o PCJ 10rdquo (Entrevista7 - Ex-coordenadora GDR)

10Comitecirc das Bacias Hidrograacuteficas dos rios Piracicaba Capivari eJundiaiacute (CBH-PCJ)

Apesar desse desejo de integrar o PHC agraverecuperaccedilatildeo ambiental da cidade natildeo houve a articulaccedilatildeodo PHC com uma lei jaacute existente sobre essa mesma temaacuteticaa Lei ndeg 11396 jaacute aprovada e proposta pelo legislativo eque se referia agrave criaccedilatildeo do Programa de ldquoViveiros deMudasrdquo nas Escolas do Municiacutepio o qual tinha como umde seus objetivos promover a educaccedilatildeo e a preservaccedilatildeo



ambiental Essa articulaccedilatildeo poderia ter auxiliado a efetivainserccedilatildeo desse objetivo agrave lei de criaccedilatildeo do PHCpossibilitando legalmente a sua realizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agraves responsabilidades de cada oacutergatildeoenvolvido no PHC em 2004 percebe-se a dificuldade dearticulaccedilatildeo entre as secretarias principalmente por se tratarde algo novo no municiacutepio

ldquo Todas as secretarias eram acumuladiacutessimas de serviccedilopara outras atividades entatildeo elas vinham numa reuniatildeoe na reuniatildeo seguinte vinha outra pessoa ficava muitopelo gosto pessoal se gostava do programa tudo bem(hellip) todo programa novo tem uma reaccedilatildeo brutal isso foimuito difiacutecil de mobilizar eles tinham tantas coisas eessa reuniatildeo da horta era mais uma reuniatildeo Que tinhamque ser organizados grupos de famiacutelias tinha queselecionar comunidades tinha que ver o terreno (se davaou natildeo) o pessoal da AR tinha que estar junto conoscoir ateacute a aacuterea e agraves vezes natildeo tinham combustiacutevel no caminhatildeopara levar as coisas para hortardquo (Entrevista 7 ndash Ex-coordenadora GDR)

O puacuteblico-alvo de maneira geral durante todo operiacuteodo analisado foi a populaccedilatildeo desempregada domuniciacutepio (residentes em periferias em situaccedilatildeo depobreza) mas especialmente portadores de deficiecircncia e apopulaccedilatildeo de terceira idade (pessoas em situaccedilatildeo deexclusatildeo social)

ldquoO puacuteblico-alvo no princiacutepio eram as famiacutelias de baixarenda de aacutereas de bolsatildeo de pobreza no Liliza (15 famiacutelias)e no Itajaiacute (22 famiacutelias) Como o projeto inicial era paraatender 37 famiacutelias e a verba conseguida foi para 42 houvesobra de recurso que passamos a utilizar nas hortasescolaresrdquo (Entrevista 6 ndash Agrocircnomo CEASA)

ldquo tem uma conotaccedilatildeo social com os aideacuteticos com opessoal da APAE os alcooacutelatras ele estaacute sendo umreferencial a uma populaccedilatildeo que satildeo poucas as pessoasque querem se dedicar a esta populaccedilatildeo satildeo populaccedilotildeesexcluiacutedasrdquo (Entrevista 8 ndash Presidente CEASA)

Algumas mudanccedilas marcantes foram observadas eseratildeo comentadas a seguir

Em relaccedilatildeo agraves responsabilidades administrativas doPHC no governo 1997-2000 a gestatildeo do PHC eraresponsabilidade da Secretaria de Assistecircncia Social (oacutergatildeoexecutivo) diferentemente de 2001-2004 quando a gestatildeopassou a ser realizada por uma articulaccedilatildeo da Secretaria de

Desenvolvimento Econocircmico e Trabalho (oacutergatildeo executivo)e uma Comissatildeo Gestora Atualmente na administraccedilatildeo2005-2008 apesar de natildeo expressa em lei a Secretaria deCidadania Trabalho Assistecircncia e Inclusatildeo Social (oacutergatildeoexecutivo) eacute a gestora do programa e a Comissatildeo Gestoranatildeo estaacute atuante natildeo tendo sido expedida portaria com alistagem de nomeaccedilatildeo de sua composiccedilatildeo conformeprevisto no decreto de sua criaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agrave gestatildeo no governo 1997-2000 aSecretaria de Assistecircncia Social era o organismogerenciador do PHC na gestatildeo 2001-2004 a Secretaria deDesenvolvimento Econocircmico e Trabalho era agerenciadora e na administraccedilatildeo 2005-2008 o PHC aindanatildeo tem um oacutergatildeo gerenciador atuante e por esse motivooutros oacutergatildeos comeccedilam a assumir essa funccedilatildeo mesmoque extra-oficialmente como eacute o caso da CEASA queestabeleceu parceria com a Subprefeitura de Baratildeo Geraldoe estaacute implantando projetos de hortas escolares no distrito

Em relaccedilatildeo aos objetivos no governo 1997-2000 oprograma de Horta Comunitaacuteria no Municiacutepio de Campinastinha os seguintes aproveitar matildeo-de-obra desempregadaproporcionar terapia ocupacional para portadores dedeficiecircncia a homens e mulheres da terceira idadeaproveitar aacutereas devolutas e manter terrenos limpos eutilizados Em 2001-2004 houve uma alteraccedilatildeo sutil emrelaccedilatildeo aos objetivos do programa foi mantido o objetivode aproveitar a matildeo-de-obra desempregada da cidade noentanto com especial atenccedilatildeo para idosos e deficientesNa administraccedilatildeo 2005-2008 ainda natildeo haacute nenhum objetivodiferente dos jaacute relacionados Extra-oficialmente pode sercitado o objetivo de introduzir a temaacutetica da educaccedilatildeoambiental e alimentar por meio das hortas escolares Com ainclusatildeo da Subprefeitura do distrito Baratildeo Geraldo comoparceira do PHC houve a introduccedilatildeo das escolasmunicipais e estaduais como puacuteblico beneficiaacuterio

ldquoA meta estabelecida natildeo correspondeu partiu doreferencial do que a gente tinha condiccedilotildees de dartecnicamente as respostas mas natildeo se levou em conta aorganizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e isso criou ateacute coisas bastanteantagocircnicas Este eacute o ponto central saber trabalhar estaloacutegica da organizaccedilatildeordquo (Entrevista 8 ndash PresidenteCEASA)

Quanto aos recursos financeiros na gestatildeo 1997-2000 a lei natildeo expressava a fonte de recursos financeirospara o Programa Na gestatildeo 2001-2004 o primeiro projetoteacutecnico elaborado em fevereiro de 2003 pela CEASAGDRe levado agrave FAO (Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidades para



Agricultura e Alimentaccedilatildeo) Nesse projeto que tinha comometa implantar 100 hortas (um total de 1200 famiacutelias) forampedidos R$ 122440horta ou seja um total de R$12244000 Poreacutem o recurso natildeo foi liberado segundo Leite(2005) Na gestatildeo 2005-2008 ateacute o momento nenhumconvecircnio foi celebrado para o financiamento do PHC

Em relaccedilatildeo agrave qualidade em nenhuma das fasesanalisadas houve registro ou acompanhamentos dosresultados ou controle de qualidade

Quanto aos recursos humanos em 1997-2000natildeo houve previsatildeo de RH para o Programa Na gestatildeo2001-2004 havia a formaccedilatildeo de uma comissatildeogerenciadora com oito componentes um de cadasecretaria envolvida com o programa Em relaccedilatildeo aosuporte agronocircmico (elaboraccedilatildeo do projeto aimplementaccedilatildeo e monitoraccedilatildeo) era feito por umengenheiro agrocircnomo cedido pela CEASA ao GDR Naadministraccedilatildeo 2005-2008 oficialmente natildeo haacute nenhumaequipe constituiacuteda na comissatildeo gestora haja vista ainexistecircncia de uma portaria divulgando os nomes dosseus membros

ldquoEsse era um programa em gestaccedilatildeo noacutes deixamos umprograma em montagem natildeo cumpriu as metas natildeochegou a preencher nenhum desses itens (planejamentoorganograma etc) natildeo tiacutenhamos equipe verbardquo (Entrevista7 - Ex-coordenadora GDR)

Em relaccedilatildeo agrave comunicaccedilatildeo percebe-se pelasentrevistas e materiais documentais que se tratouessencialmente de divulgar a iniciativa da prefeitura e natildeonecessariamente para o reconhecimento e envolvimentodo puacuteblico-alvo

Natildeo foi previsto nenhum tipo de risco Dessa maneiranenhum plano contingencial foi elaborado Aleacutem disso longede ser um programa efetivamente implantado o PHC foi umaexperiecircncia com casos pontuais pelo municiacutepio

As Figuras 01 02 e 03 representam as trecircs fases doPHC 1997-2000 2001-2004 e 2005-2008 respectivamenteDe maneira esquemaacutetica resumem o resultado da anaacutelisedocumental pesquisada e constituem-se em uma siacutentesedas secretarias oacutergatildeos e parcerias assim como dasresponsabilidades de cada envolvido

FIGURA 1 ndash Organograma de Gestatildeo do PHC (1997-2000)Fonte Elaborado pela autora







7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pela anaacutelise da formulaccedilatildeo do PHC evidenciou-sea falta de concatenaccedilatildeo entre o programa e as poliacuteticassetoriais de educaccedilatildeo sauacutede e accedilatildeo social

Um ponto muito marcante em relaccedilatildeo aos objetivosdo PHC na gestatildeo 2001-2004 foi a meta inicial estabelecidade beneficiar 1200 famiacutelias ateacute o teacutermino do governo Noentanto essa meta mostrou-se fora da realidade ficandomuito aleacutem das possibilidades do Programa resultando noatendimento de apenas 40 famiacutelias e 4 escolas

Os recursos organizacionais (aspectos legaisrecursos humanos e financeiros a infra-estrutura easpectos poliacuteticos) para a viabilizaccedilatildeo do PHC foramsubestimados Isso se confirma na entrevista da ex-coordenadora do GDR pois apesar de ter resolvido osaspectos legais a infra-estrutura e aspectos poliacuteticos afalta de recursos humanos e financeiros inviabilizaram ocumprimento da meta inicial

Em relaccedilatildeo ao suporte agronocircmico (elaboraccedilatildeo doprojeto a implementaccedilatildeo e monitoraccedilatildeo) o envolvimentode uma uacutenica pessoa no desenvolvimento de vaacuteriasfunccedilotildees quais sejam montar o curso de olericultura daras aulas no centro de capacitaccedilatildeo e proferir palestras emescolas e secretarias que solicitavam informaccedilotildees sobre oPrograma mostrou-se insuficiente

Em relaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo apesar de a informaccedilatildeopreacutevia sobre o perfil soacutecio-econocircmico-cultural dosbeneficiaacuterios natildeo ter sido considerada na formulaccedilatildeo doPHC o conhecimento desse perfil mostrou-se bastanteimportante para o delineamento de accedilotildees efetivas umavez que ao trabalhar com populaccedilatildeo de baixiacutessima rendahaacute que se prever uma maneira de subsidiar as famiacutelias ateacuteque a atividade comece a prosperar seja com cestas baacutesicasseja com algum tipo de remuneraccedilatildeo Na primeiraoportunidade se natildeo forem garantidas as necessidadesbaacutesicas para a famiacutelia os membros do grupo procuram poroutra atividade evidenciando o caraacuteter transitoacuterio da AUPJaacute ao se trabalhar com uma populaccedilatildeo de baixa renda aprovisatildeo das necessidades baacutesicas natildeo eacute necessariamenteo fator limitante agrave atividade sendo que a organizaccedilatildeoadequada e a motivaccedilatildeo para o empoderamento do grupomostraram-se bastante eficazes

A garantia da eficaacutecia de poliacuteticas puacuteblicas de AUPestaacute diretamente relacionada agrave disponibilidade de teacutecnicose organizaccedilotildees da comunidade que acompanhem asprimeiras etapas do processo e de suporte poliacutetico efetivoao Programa Isso se deve agrave excessiva dependecircncia davontade poliacutetica da administraccedilatildeo municipal (disposiccedilotildeeslegais apoio financeiro etc) e do desenvolvimento de

instacircncias organizadoras comuns (cooperativasassociaccedilotildees sindicatos ONGrsquos) que consigam estimularmais efetivamente a promoccedilatildeo do trabalho associativocontribuindo para a sustentabilidade das hortas

Para a implementaccedilatildeo efetiva de programas destanatureza eacute necessaacuterio em primeiro lugar formar uma redeinstitucional trabalhar com escolas e demais organizaccedilotildeesdesenvolver uma primeira etapa educativa de sensibilizaccedilatildeocom a populaccedilatildeo Pois sem o compromisso e a participaccedilatildeoda populaccedilatildeo o programa torna-se inviaacutevel

Devem ser elaboradas poliacuteticas que garantam eestimulem regras tributaacuterias e estruturas legais que faciliteme regularizem as atividades da AUP Eacute importante tambeacutemo acesso dos beneficiaacuterios das hortas a organizaccedilotildees queconcedam creacuteditos com juros baixos e encontrar canais decomercializaccedilatildeo adequados para garantia de renda

O desejo neste trabalho foi ter colaborado naelucidaccedilatildeo de elementos favoraacuteveis e desfavoraacuteveis aprogramas de agricultura urbana e peri-urbana que possamser desenvolvidos nas mais diversas esferasgovernamentais e desta forma contribuir para asustentabilidade de poliacuteticas puacuteblicas que utilizem aagricultura urbana e peri-urbana como forma de garantir oacesso aos alimentos (quantidade e qualidade) bem comomelhorar as condiccedilotildees ambientais e sociais responsaacuteveispela maioria dos problemas urbanos

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PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGEPMBOK Disponiacutevel em ltwwwpmimgcombrgt Acessoem 6 jun 2005

PROJETO FOME ZERO Programa de acesso agravealimentaccedilatildeo hortas comunitaacuterias manual de orientaccedilatildeoao proponente versatildeo preliminar Brasiacutelia DF MDS 200452 p

ROESE A D Agricultura urbana uma apresentaccedilatildeoDisponiacutevel em ltwwwagriculturaurbanaorgbrDinnys20sobre20AUhtmgt Acesso em 24 set 2004



SALMITO A A mobilizaccedilatildeo da sociedade no combate agravefome In ROCHA M (Org) Seguranccedila alimentar umdesafio para acabar com a fome no Brasil Satildeo Paulo PerseuAbramo 2004 cap 5 p 167-178

SDFAO Lrsquoagriculture peacuteriurbaine au Panamaacute une approchenovatrice pour la preacuteservation de lrsquoenvironnement ReformaAgraacuteria [Sl] v 1997 n 2 abr 1998

SILVA J G da O novo rural brasileiro CampinasUnicamp 2002

UNDP Urban agriculture food jobs and sustainablecities United Nations Development Programme New York1996 v 1

VEIGA J E Cidades imaginaacuterias o Brasil eacute menos urbanodo que se calcula Campinas Autores Associados 2002

WANDERLEY M N B A valorizaccedilatildeo da agriculturafamiliar e a reivindicaccedilatildeo da ruralidade no BrasilDesenvolvimento e Meio Ambiente Curitiba v 2 p 29-37 2000



governamentais do terceiro setor e da sociedade civilAtualmente existem alguns programas de agecircnciasinternacionais que datildeo suporte agraves atividades de AUP Entreelas a ONU com programas de uso de aacuteguas servidaspara criaccedilatildeo de peixes e irrigaccedilatildeo atraveacutes da UNDPWBprogramas de hortas caseiras e comunitaacuterias aleacutem deestudos poliacuteticos atraveacutes da UNICEF e programas desuporte a projetos hidropocircnicos com uso de casa devegetaccedilatildeo atraveacutes da UNDP amp FAO O IDRC ndash Canadaacutecom a manutenccedilatildeo do fundo de desenvolvimento epesquisa para projetos de agricultura urbana E na AmeacutericaLatina a FAO amp IDRC com programas de suporte a novasredes regionais

As universidades e os centros de pesquisa tambeacutemcomeccedilam a desenvolver pesquisas para gerar informaccedilotildeessobre AUP entre elas a Universidade das Filipinaslocalizada em Los Bantildeos para pesquisas com produccedilatildeode alimentos em pequena escala o Centro para oDesenvolvimento da Horticultura localizado no Senegalpara pesquisas e extensatildeo em horticultura urbana e oJardim Botacircnico de Jakarta para pesquisas sobre o uso decompostagem por agricultores urbanos No Brasil aEMBRAPA vem desenvolvendo projetos e pesquisas desuporte agrave horticultura urbana principalmente relacionadaa praacuteticas agroecoloacutegicas

Em Campinas esse tema nos uacuteltimos 10 anos jaacuteentrou e saiu da agenda poliacutetica por algumas vezes Elecomeccedilou a ganhar destaque em 10 de dezembro de 1997no governo de 1997-2000 com a aprovaccedilatildeo da Lei nordm 9549que criou o Programa de Hortas Comunitaacuterias (PHC) Nesseperiacuteodo algumas Secretarias estimularam seusfuncionaacuterios a implantar projetos de hortas em suas aacutereasde atuaccedilatildeo Contudo apesar de a Lei ter sido aprovadanatildeo pocircde ser aplicada por falta de regulamentaccedilatildeo

Em 2002 na administraccedilatildeo 2001-2004 o temaretornou agrave pauta poliacutetica pelo Decreto nordm 14288 de 11 deabril de 2003 no qual a regulamentaccedilatildeo do PHC foiaprovada Poreacutem cabe ressaltar que entre os anos de 1997e 2003 o desenvolvimento de atividades de AUP continuouem algumas Secretarias como eacute o caso das Secretarias deAccedilatildeo Social de Educaccedilatildeo e de Sauacutede mesmo sem viacutenculocom o PHC

Em 2004 com a criaccedilatildeo da Comissatildeo Gestora doPrograma de Hortas Comunitaacuterias de Campinas (CGPHC)a administraccedilatildeo municipal iniciou efetivamente o PHCimplantando projetos de hortas no municiacutepio com destaquepara as hortas comunitaacuterias e escolares

Desse modo observa-se que em Campinas desde1997 a Cacircmara e o Executivo tecircm por meio das legislaccedilotildees

municipais e do PHC sinalizado a intenccedilatildeo em trazer paraa agenda poliacutetica o tema de agricultura urbana Poreacutem naatual administraccedilatildeo 2005-2008 o PHC ainda natildeo temdestino definido o que se confirma principalmente pelafalta de constituiccedilatildeo de uma comissatildeo gestora haja vista ainexistecircncia de uma Portaria na qual se divulguem os nomesdos seus membros Portaria essa que no Decretoregulamentador explicita que apoacutes acordados os nomesdos integrantes da Comissatildeo a Secretaria Municipal deDesenvolvimento Econocircmico e Trabalho deveriacomunicaacute-los por ofiacutecio ao Gabinete do Prefeito para apublicaccedilatildeo da Portaria de nomeaccedilatildeo

Diante do exposto com este trabalho objetivou-seanalisar o Programa de Hortas Comunitaacuterias de Campinasde forma a subsidiar possiacuteveis formulaccedilotildees de poliacuteticaspuacuteblicas de AUP no municiacutepio

2 CONTEXTO POLIacuteTICO DA AUP NO MUNDO E NO BRASIL

Com a pesquisa bibliograacutefica foi possiacutevel teracesso a alguns projetos e programas que utilizam a AUPem accedilotildees poliacuteticas realizadas no mundo e no Brasil Para asistematizaccedilatildeo dessas experiecircncias essas foram divididasem quatro niacuteveis de atuaccedilatildeo mundial federal estadual emunicipal

21 Accedilotildees mundiais

Segundo Salmito (2004) existem diversosprogramas e iniciativas que indicam a importacircncia da AUPnas instacircncias internacionais Entre eles- O Programa Especial de Seguranccedila Alimentar3 que incluia AUP como alternativa para reduzir a maacute nutriccedilatildeo e apobreza da populaccedilatildeo urbana- A Cuacutepula Mundial da Alimentaccedilatildeo ocorrida em Roma em1996 quando chefes de Estado se comprometeram a acabarcom a fome indicando a AUP como uma das possiacuteveisaccedilotildees a se implementar- A 15ordf sessatildeo do Comitecirc de Agricultura da FAO em 1999em que os paiacuteses membros recomendaram agrave FAOdesenvolver um programa multissetorial em apoio agrave AUP- A Declaraccedilatildeo de Quito - Equador assinada por 27 cidadeslatino-americanas em 2000 em que se ressaltam aimportacircncia da AUP e a necessidade de implementarpoliacuteticas nessa aacuterea

3Eacute um programa que foi lanccedilado pela FAO em 1994 depois daaprovaccedilatildeo unacircnime pelo Conselho Executivo da FAO na sua106ordf sessatildeo



























































































51 Coleta de dados


































































































































































































51 Coleta de dados








































































































anÁlise do programa de hortas comunitÁrias em …ageconsearch.umn.edu/record/43795/files/_03_...

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