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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA JÚLIA TAVARES SALVIATO ANÁLISE DO PADRÃO DE VENTO SUPERFICIAL E SUA RELAÇÃO COM A RESSURGÊNCIA AO LONGO DA COSTA DO ESPÍRITO SANTO E NORTE FLUMINENSE VITÓRIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

JÚLIA TAVARES SALVIATO

ANÁLISE DO PADRÃO DE VENTO SUPERFICIAL E SUA RELAÇÃO COM A RESSURGÊNCIA AO LONGO DA COSTA

DO ESPÍRITO SANTO E NORTE FLUMINENSE

VITÓRIA 2013

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JÚLIA TAVARES SALVIATO

ANÁLISE DO PADRÃO DE VENTO SUPERFICIAL E SUA RELAÇÃO COM A RESSURGÊNCIA AO LONGO DA COSTA

DO ESPÍRITO SANTO E NORTE FLUMINENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Oceanografia, do Departamento de Oceanografia e Ecologia (DOC) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), como requisito para obtenção do título de Bacharel em Oceanografia. Orientador: Prof. Dr. Renato David Ghisolfi.

VITÓRIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

JÚLIA TAVARES SALVIATO

ANÁLISE DO PADRÃO DE VENTO SUPERFICIAL E SUA RELAÇÃO COM A RESSURGÊNCIA AO LONGO DA COSTA

DO ESPÍRITO SANTO E NORTE FLUMINENSE

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Dr. Renato David Ghisolfi ORIENTADOR – UFES/DOC

___________________________________________ Dr. Meyre da Silva

EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC

___________________________________________ Ricardo Nogueira Servino

EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC

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ANÁLISE DO PADRÃO DE VENTO SUPERFICIAL E SUA RELAÇÃO COM A RESSURGÊNCIA NA COSTA DO ESPÍRITO SANTO

Por

Júlia Tavares Salviato

Submetido como requisito parcial para a obtenção de grau de

Oceanógrafo

na

Universidade Federal do Espírito Santo

Abril de 2013

© Júlia Tavares Salviato

Por meio deste, o autor confere ao Colegiado do Curso de Oceanografia e ao Departamento de Oceanografia e Ecologia da UFES permissão para reproduzir e distribuir cópias parciais ou totais deste documento de trabalho de conclusão de curso para fins não comerciais. Assinatura da autora...................................................................................................

Curso de graduação em Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo

02 de Maio de 2013

Certificado por............................................................................................................ Prof. Dr. Renato David Ghisolfi

Orientador

Certificado por ........................................................................................................... Dr. Meyre da Silva

Examinador Interno - DOC/UFES

Certificado por ........................................................................................................... Ricardo Nogueira Servino

Examinador Interno – DOC/UFES

Aceito por .................................................................................................................. Dr. Angelo Fraga Bernadino

Prof. Adjunto/Coordenador do Curso de Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo

CCHN/DOC/UFES

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AGRADECIMENTOS

São tantos aqueles que pela minha vida passaram e cada um contribuiu de alguma

forma para eu me tornar o que sou hoje. Agradeço a todos, pois tenho orgulho do

que me tornei e pelas mudanças que passei. Em especial, agradeço aos maiores

contribuidores para o meu sucesso. A Deus meu eterno protetor, aos meus pais pelo

esforço e amor inigualável, pela paciência nas minhas crises, pelo colo sempre que

necessário e por ficarem mais felizes com a minha conquista do que eu mesma. Aos

meus irmãos que deram todo o tempero da minha personalidade. Agradeço a minha

avó Augusta, minha mãe de ouro, que ajudou a tornar meu sonho possível e por

todo amor dispensado a mim, afinal, sou a sua “favorita”. Ao Sr Joel, meu avô

emprestado que fez minha avó ser mais feliz e pelo carinho de vô tão necessário. Ao

meu tio Mendes pela paciência, carinho, caronas de madrugada, pelos conselhos a

essa sobrinha emprestada aqui. A tia Ciany afinal de contas, quem me influenciou

tão bem as doideiras e a boa música? e quem me dispensou atenção infinita. A Lays

pela amizade de irmã e pelo maior presente, minha afilhada Isadora. Aos meus

demais familiares que sempre torceram por mim com toda vontade. Aos meus

amigos, afinal, sem eles nada teria sido tão divertido. Obrigada por me aturarem

sempre em tantos anos. Aos amigos que fiz na Ufes, pessoas as quais eu sei que

sempre posso contar e sem os quais a Ufes nunca teria sido tão divertida, dramática

e as noites de sono ganhas estudando não teriam passado na brincadeira, sem os

quais os congressos nunca teriam o gostinho de quero mais, rs. Agradeço a todos

do laboratório Posseidon, por toda ajuda, por toda bagunça, cumplicidade e

“encheção de saco”, principalmente ao Ricardão, pela paciência do universo, rs. Ao

Ghisolfi pela orientação, lágrimas e puxões de orelha. Aos meus professores

queridos da graduação. Ao Eguchi e a Mirtes pela grande ajuda em tão pouco

tempo. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) pela bolsa de iniciação científica

concedida. Ao INMET pelo fornecimento dos dados. A todos que não cito aqui, mas

que sabem que fizeram parte disso tudo.

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“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não

tivesse amor, seria como metal que soa ou como o sino

que tine. E ainda que tivesse o Don de profecia, e

conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda

que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse

os montes, e não tivesse amor, nada seria.”

I Coríntios 13: 1-2

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RESUMO

Utilizando dados in situ de 5 estações de coleta de dados atmosféricos do INMET e

da Boia do Projeto Pirata, 19°S 34°W, foi realizada uma caracterização do padrão de

ventos na costa do Espírito Santo em relação as variações sazonais entre anos de

2008 a 2011. De acordo com as estações do ano, pôde-se perceber uma

modificação de preferência direcional dos ventos e da intensidade dos mesmos ao

longo da costa. Adicionalmente, a partir da componente de vento paralela à costa

estimou-se o índice de ressurgência. No outono foram observados os menores

valores de intensidade dos ventos e uma maior frequência de ventos de Sudeste. A

média de intensidade do vento foi maior na primavera com direção predominante de

Nordeste. Já no verão e inverno, as intensidades e direções foram semelhantes com

magnitudes médias entre 2 e 3,41 m s-1 e direção Leste-Nordeste. O padrão de

vento mostrou-se favorável a uma ascensão de água na costa do estado ao longo

do ano exceto no outono, sendo a estação de Campos a que apresentou os maiores

valores de Índice de Ressurgência e a estação de Vitória os menores valores.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Modelo idealizado de circulação global. ..................................................... 12 Figura 2: Média de pressão à superfície em janeiro e julho ...................................... 13

Figura 3 – Climatologia de vento de superfície (m/s) para o mês de julho ................ 15 Figura 4 – Climatologia de vento de superfície (m/s) para o mês de janeiro ............. 15

Figura 5 – Uso e ocupação do solo do município de Vitória, ES ............................... 16 Figura 6 – Transporte de Massa na camada de Ekman ............................................ 17

Figura 7 - Mapa de temperatura superficial do mar (TSM) ........................................ 18 Figura 8 - Localização das estações meteorológicas e Boia do Projeto Pirata ......... 20

Figura 9 - Rosa dos Ventos dividida em pontos cardiais, colaterais e subcolaterais. 21 Figura 10 - Rosa dos ventos rotacionada em 28° ..................................................... 21

Figura 11 – Climatologia de vento no período de verão. ........................................... 26 Figura 12 – Distribuição de ventos no verão na estação de Caravelas. .................... 27

Figura 13 – Distribuição de ventos no verão na estação de São Mateus. ................. 27 Figura 14 – Distribuição de ventos no verão na estação de Linhares. ...................... 28

Figura 15 – Distribuição de ventos no verão na estação de Vitória. .......................... 28 Figura 16 – Distribuição de ventos no verão na estação de Campos. ...................... 29

Figura 17 – Climatologia de vento no período de outono .......................................... 30 Figura 18 – Distribuição de ventos no outono na estação de Caravelas. .................. 31

Figura 19 – Distribuição de ventos no outono na estação de São Mateus. ............... 31 Figura 20 – Distribuição de ventos no outono na estação de Linhares. .................... 32

Figura 21 – Distribuição de ventos no outono na estação de Vitória. ........................ 32 Figura 22 – Distribuição de ventos no outono na estação de Campos. .................... 33

Figura 23 – Climatologia de vento no período de inverno ......................................... 34 Figura 24 – Distribuição de ventos no inverno em Caravelas. .................................. 35

Figura 25 – Distribuição de ventos no inverno em São Mateus. ............................... 35 Figura 26 – Distribuição de ventos no inverno em Linhares. ..................................... 36

Figura 27 – Distribuição de ventos no inverno em Vitória. ........................................ 36 Figura 28 – Distribuição de ventos no inverno em Campos. ..................................... 37

Figura 29 – Climatologia de vento no período de primavera ..................................... 38 Figura 30 – Distribuição de ventos na primavera em Caravelas. .............................. 39

Figura 31 – Distribuição de ventos na primavera em São Mateus. ........................... 39 Figura 32 – Distribuição de ventos na primavera em Linhares. ................................. 40

Figura 33 – Distribuição de ventos na primavera em Vitória. .................................... 40 Figura 34 – Distribuição de ventos na primavera em Campos. ................................. 41

Figura 35 – Distribuição de frequências de vento na Boia do Projeto Pirata ............. 42 Figura 36 – Índice de ressurgência para as cinco estações analisadas. ................... 44

Figura 37 – Padrão de pressão (mbar) à superfície do Centro de Alta Pressão ....... 46 Figura 38 – Climatologia das componentes do fluxo de calor ................................... 49

Figura 39 – variação de pressão local para a estação de Vitória .............................. 50 Figura 40 – Carta de temperatura da superfície do mar - verão. ............................... 52

Figura 41 – Carta de temperatura da superfície do mar - inverno ............................. 52 Figura 42 - Concentração de clorofila-a estimadas pelo sensor MODIS ................... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Intervalo em graus das direções nas distribuição da Rosa dos Ventos ... 22

Tabela 2 – Média mensal e sazonal das intensidades e direções do vento de acordo com os dados do INMET ........................................................................................... 25

Tabela 3 - Média mensal das intensidades e direções do vento de acordo com as Normais Climatológicas do Brasil. ............................................................................. 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 IMPORTÂNCIA ................................................................................................... 10

1.2 CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA .......................................................................... 11

1.3 RESSURGÊNCIA COSTEIRA CAUSADA PELO VENTO .................................. 17

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................. 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 19

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 20

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 45

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 55

7 PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................................. 57

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1 INTRODUÇÃO

A interação entre o oceano e a atmosfera é a responsável pela formação de centros

de alta e baixa pressão sobre o oceano e os continentes. Tais centros, por sua vez,

originam os padrões de vento que podem ser observados no globo. Assim, qualquer

variação no campo de pressão local ou global acarreta em modificações nos

padrões de vento local e global, respectivamente.

A geração de correntes superficiais, as ressurgências costeiras bem como as

alterações na hidrodinâmica de lagoas e estuários e a dispersão de poluentes são

alguns exemplos de respostas do oceano à atuação do vento. Portanto, o vento

influencia direta e/ou indiretamente na atividade pesqueira, no planejamento de rotas

de navegação, no planejamento das atividades para a indústria do petróleo, por

exemplo.

Os principais trabalhos realizados sobre a forçante do vento no Brasil são da região

de Cabo Frio (RJ), sendo o Espírito Santo um estado adjacente que possui também

uma importância petrolífera e fenômenos oceanográficos importantes. Em vista

disso, uma caracterização do padrão de ventos para esse estado se faz necessário

tanto pelo ponto de vista econômico como científico.

1.1 IMPORTÂNCIA

Do ponto de vista econômico, o aumento da demanda por combustível no mundo

tem impelido a prospecção de petróleo para regiões oceânicas cada vez mais

profundas. Mesmo sobre a plataforma continental, as medidas in situ de intensidade

e direção do vento são escassas, de modo que o conhecimento dos padrões de

vento vem, prioritariamente, de resultados numéricos e de informações remotas.

Conhecer o padrão e a variabilidade do padrão de vento é importante porque, em

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11 última instância, é a transferência de momentum que determina as correntes

superficiais que diretamente influencia no tipo e local de instalação de plataformas.

Além disso, tanto o vento quanto a corrente determinam o destino final do óleo

derramado na superfície do oceano. O vento também afeta a dispersão atmosférica

da fumaça gerada na queima de combustível.

Resultados de modelos transformam muitas variáveis em constantes, além de

representar uma grande área, não considerando pequenas modificações que

possam ocorrer devido a variação morfológica e físico-química. Os dados in situ por

sua vez, apesar de pontuais, fornecem a informação original do que está ocorrendo

no local no momento da medição, além de serem de grande importância para a

validação de muitos modelos numéricos.

1.2 CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA

A circulação atmosférica foi descrita primeiramente como o resultado do

aquecimento diferencial do globo pela radiação solar, adicionado posteriormente

movimentos mais complexos à essa circulação idealizada. Hadley, que forneceu

uma das primeiras contribuições para a criação do modelo clássico de circulação

global, sugeriu a existência de duas grandes células criadas através do contraste de

temperatura entre os polos e o equador, levando em consideração o aquecimento

desigual da superfície da Terra, assumindo-a sem continentes (LUTGENS &

TARBUCK, 2004).

Apesar de correto em princípio, o modelo de Hadley não levou em consideração o

movimento de rotação da Terra (VAREJÃO-SILVA, 2006). Outros pesquisadores

aperfeiçoaram o modelo de Hadley, criando um modelo idealizado de circulação

global com três células em uma Terra rotacional (Figura 1) (VAREJÃO-SILVA, 2006).

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Figura 1: Modelo idealizado de circulação global - proposta de três células considerando a rotação da Terra. Fonte: Lutgens & Tarbuck (2004).

Climatologicamente, pode-se observar ao nível da superfície da Terra vários centros

de alta e baixa pressão intercalados (Figuras 2 a,b). Próximo ao equador, o ramo

ascendente da célula de Hadley está associado a uma zona de baixa pressão

equatorial onde ocorre a convergência dos ventos alísios, a Zona de Convergência

Intertropical (ZCIT) (LUTGENS & TARBUCK, 2004). Localizadas em torno de 20° e

30° de latitude as Altas Subtropicais são de extrema importância para o clima nas

regiões de entorno (BASTOS E FERREIRA, 2000) devido a migração sazonal do

Centro de alta pressão (CAP).

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Figura 2: Média de pressão à superfície em janeiro (a – topo) e julho (b – inferior), com os maiores centros de alta e baixa pressão destacados. O intervalo das isóbaras é de 3 mbar. Fonte: Lutgens & Tarbuck, (2004)

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14 Como os centros de alta pressão dependem do aquecimento solar, as altas

subtropicais migram sazonalmente, acompanhando a ZCIT (LUTGENS &

TARBUCK, 2004). A Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), por exemplo, localiza-

se mais ao sul no verão austral, com as isóbaras mais espaçadas e mais ao norte no

inverno austral com isóbaras mais próximas e sobre os continentes, ditando as

modificações climáticas da região (WAINER &TASCHETTO, 2006).

No inverno, a ASAS causa impactos como a modificação da temperatura e mudança

climática, principalmente nas proximidades do litoral da região sudeste. A ASAS

nessa época do ano tende a migrar para o continente, diminuindo a magnitude do

vento de Nordeste e aumentando o de Sudeste, além de ser responsável pela

formação de nevoeiros, geadas e modificações no regime de chuvas (BASTOS &

FERREIRA, 2000).

Por outro lado no verão, a atuação da ASAS afeta o transporte de umidade dos

baixos níveis troposféricos ao longo da Zona de Convergência do Atlântico Sul

(ZCAS). Os ventos predominantes nessa época na região Sudeste são de Nordeste,

com grande componente do vetor do estresse do vento paralela à costa, que pode

favorecer a uma ressurgência costeira (CASTELÃO & BARTH, 2006).

Bastos e Ferreira (2000), através de imagens de satélite, constataram que no

inverno ventos de Leste são predominantes nas regiões norte do Espírito Santo e sul

da Bahia, enquanto nos períodos de verão ventos de Nordeste predominam no litoral

das regiões sul e sudeste do Brasil. Padrão similar também foi observado por Albino

et al. (1999) a partir dos dados fornecidos pela Empresa capixaba de pesquisa

agropecuária de 1981. Esse padrão é explicado pela migração da ASAS em direção

Leste-Oeste no inverno, possibilitando uma maior entrada de frentes frias e

enfraquecimento dos ventos de Nordeste no inverno. No verão a diminuição de

pressão sobre os continentes devido a migração da ASAS para Sul e para o meio do

oceano favorece a entrada de ventos Nordeste provenientes dos ventos alísios.

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15 A partir dos dados do radar escaterômetro SeaWinds à bordo do satélite QuickSCAT

da National Aeronautics and Space Administration (NASA) (SOUZA, et al., 2007)

mostraram que o padrão de ventos médio para os meses de julho e janeiro na costa

do Espírito Santo e Rio de Janeiro apresentou um padrão divergente entre 18ºS e

22ºS e um vento mais intenso ao Norte de 21ºS durante o inverno (Figura 3),

enquanto para o verão (Figura 4) têm-se uma maior atuação do vento de Nordeste e

ausência da divergência no inverno.

Figura 3 – Climatologia de vento de superfície (m/s) para o mês de julho obtidos a partir do sensor QuikSCAT. Fonte: Souza et al. (2007).

Figura 4 – Climatologia de vento de superfície (m/s) para o mês de janeiro obtidos a partir do sensor

QuikSCAT. Fonte: Souza et al. (2007).

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16 Galvani et al. (2009) salienta que locais com solo exposto tendem a apresentar

temperaturas mais elevadas durante o dia e mais frias durante a noite se

comparadas àqueles ambientes com uma cobertura vegetal mais preservada, para

uma mesma quantidade de energia disponível. Devido a diferença de incidência

solar nas diferentes estações do ano, uma modificação na radiação incidente assim

como no aquecimento do solo ocorrem fazendo com que algumas vezes o

continente possa se comportar como uma região de alta pressão em relação ao

oceano e vice-versa. O fluxo de calor no continente depende da condutividade

térmica, do calor específico, e de sua emissividade do solo, além da irradiância solar

global, temperatura do ar, nebulosidade, chuva, vento, relevo e tipo de cobertura do

terreno (BOWEN, 1926). Como a região de Vitória apresenta grande porção de solo

exposto e área urbana sem vegetação (Figura 5) (VIEIRA, 2004) ela é uma área

propícia para o desenvolvimento de brisa.

Figura 5 – Uso e ocupação do solo do município de Vitória, ES, usando o método de classificação supervisionada de distância mínima normalizada, para o ano de 2002. Fonte: Vieira, 2004.

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1.3 RESSURGÊNCIA COSTEIRA CAUSADA PELO VENTO

O processo de ressurgência costeira causada pelo vento está ligado ao transporte

de Ekman (90° à esquerda da direção do vento incidente, no Hemisfério Sul, e à

direita no Hemisfério Norte), que consiste na retirada de água superficial próxima à

costa através do cisalhamento do vento (Figura 6), provocando movimentos

ascendentes de água de camadas logo abaixo ou até mesmo de centenas de metros

de profundidade. Essa água normalmente é mais fria e rica em nutrientes, o que

favorece um aumento de produtividade no local (BAKUN & NELSON). No caso do

Espírito Santo, essa água consistiria na Água Central do Atlântico Sul (ACAS).

Figura 6 – Transporte de Massa na camada de Ekman desviado para a direita da direção do vento no Hemisfério Norte. Fonte: Cushman-Roising & Beckers, 2009

Outra forma de ascensão de água causada pelo vento é o processo de

Bombeamento de Ekman, o qual consiste na geração de divergência ou

convergência na superfície do oceano, provocando ascensão ou subsidência de

água respectivamente (PICKETT, 2003). Em regiões oceânicas a ascensão de água

se dá em larga escala nos centros de baixa pressão e subsidência em regiões de

alta pressão (PICKETT, 2003). O processo de Bombeamento de Ekman não será

abordado na discussão deste projeto, devido ao fato de ser considerado muito

pequeno para essa região, exceto ao sul de Vitória (CASTELÃO & BARTH, 2006).

Somente um vento favorável não é suficiente para causar ressurgência, a qual

também é condicionada pelo formato da linha de costa e da plataforma continental,

bem como pela estratificação da coluna d’água (TOMCZAK, 1998). No Espírito

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18 Santo, segundo Bakun (1996) e Tomczak (1998), o padrão de vento e a orientação

da costa seriam favoráveis à ocorrência de ressurgência costeira.

Schmid et al. (1994), sugeriram a ocorrência de uma ressurgência costeira na região

de Vitória após a análise de imagens de temperatura da superfície do mar (Figura 7).

A presença de organismos tipicamente oceânicos, como zooplâncton e fitoplâncton

encontrados por Fernandes et al. (2007) e Leal (2009) fortalecem a evidência de

ressurgência costeira no sul do Espírito Santo.

Figura 7: Mapa de temperatura superficial do mar (TSM) computados por dados coletados pelo sensor Advanced Very High Resolution Radiometer no 33º dia de 1991. Fonte: Schmid et al. (1994).

HIPOTESE:

Tendo em vista as evidências de ressurgência costeira descritas para a área de

estudo, este trabalho tem como hipótese de investigação verificar se o padrão de

vento medido in situ ao longo da costa capixaba é coerente com a ocorrência de

ressurgência costeira forçada pelo vento na região.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar as características do padrão de ventos observados ao longo da costa do

Espírito Santo e associa-lo às condições de promover ressurgência costeira pelo

transporte de Ekman.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar o padrão sazonal de direção e intensidade de vento ao longo da

costa do estado;

Quantificar a capacidade do vento paralelo à costa para promover

ressurgência costeira.

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3 METODOLOGIA

Os dados de vento costeiro, assim como os dados de pressão, são disponibilizados

pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) no sítio

<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas>. Para este

estudo os dados utilizados correspondem aos anos de 2008 a 2011. As estações

automáticas escolhidas foram as de Caravelas (BA), São Mateus, Linhares, Vitória

(ES) e a de Campos (RJ). Dados offshore foram adquiridos através da Boia19s34w

do Projeto Pirata (Figura 8).

Figura 8: Localização das estações meteorológicas e Boia do Projeto Pirata de fornecimento de dados para este estudo. Fonte: Google Earth.

Os dados oriundos das estações costeiras contém informações horárias (GMT) de

direção média de incidência dos ventos fornecidos em graus, em relação à rosa dos

ventos. Já os dados da Boia do Projeto Pirata são dados de vento e pressão de alta

resolução fornecidos em coordenadas oceanográficas. Dessa forma, foi necessário

uma padronização de todas as informações para o padrão da rosa dos ventos. As

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21 direções de incidência foram transformadas em pontos cardiais, colaterais e

subcolaterais de acordo com a Figura 9.

Figura 9: Rosa dos Ventos dividida em pontos cardiais, colaterais e subcolaterais.

A rosa dos ventos foi rotacionada em 28° para que se adequasse à costa do Espírito

Santo para o cálculo do Índice de Ressurgência, sendo dividida em 16 partes

posteriormente. Assim a linha Norte-Sul da rosa dos ventos passou a ser paralela à

costa e a linha Leste-Oeste passou a ser perpendicular à costa (Figura 10). Dessa

forma, pode-se averiguar a frequência e intensidade dos ventos paralelos à costa

que, por sua vez, estão diretamente associados a ocorrência de ressurgência

costeira via transporte de Ekman.

Figura 10: Rosa dos ventos rotacionada em 28° para adequar o Norte a linha de costa do Espírito Santo. Fonte Google Earth

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22

Os dados horários das estações automáticas do INMET e do projeto Pirata foram

introduzidos no programa WRPLOT View – Freeware o qual distribuiu os ventos de

acordo com o ângulo, agrupando-os de 22°5’ em 22°5’ (Tabela 1), e intensidade

gerando gráficos do tipo Rosa dos Ventos. Esses gráficos foram, posteriormente,

exportados para o Google Earth, conforme a latitude de cada estação, possibilitando

uma melhor visualização dos ventos que atingem o estado.

Tabela 1 – Intervalo em graus das direções nas distribuição da Rosa dos Ventos

INTERVALO DIREÇÃO

]348.45° a 360°] e de ]0º a 11.25°] Norte (N)

]11.25° a 33.75°] Norte-Nordeste (NNE)

]33.75° a 56.25°] Nordeste (NE)

]56.25° a 78.75°] Leste-Nordeste (ENE)

]78.75° a 101.25°] Leste (E)

]101.5° a 123.75°] Leste-Sudeste (ESE)

]123.75° a 146.25°] Sudeste (SE)

]168.75° a 191.25°] Sul (S)

]191.25° a 213.75°] Sul-Sudoeste (SSO)

]213.75° a 236.25°] Sudoeste (SO)

]236.25° a 258.75°] Oeste-Sudoeste (OSO)

]258.75° a 281.25°] Oeste (O)

]281.25° a 303.75°] Oeste-Nordeste (ONO)

]303.75° a 326.25°] Noroeste (NO)

]326.25° a 348.45°] Norte-Noroeste (NNO)

A estimativa do transporte de Ekman perpendicular a costa foi feita a partir da

Equação 1 (CUSHMAN-ROISING, 2009).

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23 onde os valores de (Equação 2) correspondem ao somatório da componente

do estresse do vento (Equação 3) ao longo da camada de Ekman (d), ou seja,

(2)

(3)

é o transporte perpendicular à costa, é a densidade do ar a 10m de altitude,

a densidade da água do mar, o parâmetro de coriolis para a latitude em questão,

é a componente do vento perpendicular à costa e é o coeficiente de arrasto. O

oposto do transporte de Ekman gera o Índice de Ressurgência (IR). Assim, um

resultado positivo de transporte de Ekman perpendicular à costa gera um indicativo

de que a região é propensa à ocorrência de ressurgência costeira.

Para este trabalho foram assumidos os valores =1.3 kg m-3, = 1025 kg m-3,

= 7.55x10-4 para velocidades de até 4.5 m s-1 ou para

velocidades superiores a 4.5 m s-1 como calculado por Anderson (1993).

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24

4 RESULTADOS

A climatologia construída a partir dos dados do INMET mostrou que na região

costeira do estado do Espírito Santo os ventos variaram em intensidade, desde

calmos (menores que 0,5 m s-1) a ventos moderados (entre 8,8 e 11,1m s-1) de

acordo com a classificação automática do programa WRPlot. Os ventos raramente

foram superiores a 11,1 m s-1 exceto pelos valores observados na estação de

Campos (12,4 m s-1 no outono) e Linhares (11,7 m s-1 no inverno). Os valores médios

mensais e sazonais de todas as estações são mostrados na Tabela 2. Devido a

grande ausência de dados nos anos de 2008 e 2010 na estação de São Mateus e

Caravelas, a climatologia dessas estações foi baseada apenas nos anos de 2009 e

2011.

A maior intensidade média mensal foi medida no mês de Janeiro para a estação de

Campos enquanto que a menor foi observada na estação de Vitória durante o mês

de Maio. Esses dois limites (1,57 m/s e 4,18 m/s) estabeleceram a faixa de variação

de intensidade média mensal de vento na região. Com relação as intensidade

médias sazonais, todas as estações apresentaram o mesmo padrão, ou seja,

maiores intensidades médias durante a primavera e as menores durante o outono.

Além disso, no outono é que foram observados os ventos de Sul-Sudoeste,

enquanto em todos os outros períodos os ventos foram oriundos do primeiro

quadrante (convenção trigonométrica). A exceção ficou por conta do período de

inverno nas estações de Linhares e de Vitória quando o vento foi de Sul e Noroeste,

respectivamente. A distribuição espaço-temporal (sazonal) dos ventos ao longo da

costa capixaba é mostrada nas Figuras 11 a 34.

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25 Tabela 2 – Média mensal e sazonal das intensidades (m s

-1) e direções do vento (

o, de acordo com a rosa dos ventos) nas estações automáticas de

Caravelas, São Mateus, Linhares, Vitória e Campos. Em destaque em negrito são assinaladas as maiores intensidades (vermelho) na primavera e as menores intensidades (azul) no outono.

Caravelas São Mateus Linhares Vitória Campos

Média Mensal

Média Sazonal

Média Mensal

Média Sazonal

Média Mensal

Média Sazonal

Média Mensal

Média Sazonal

Média Mensal

Média Sazonal

Mês Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir Vel Dir

Jan 2,61 56

2,38 61

2,85 59

2,53 67

3,05 39

2,77 49

2,31 27

2,03 29

4,18 48

3,41 59 Fev 2,30 64 2,48 72 2,72 47 2,13 31 3,38 57

Mar 2,20 66 2,26 88 2,55 120 1,67 28 2,66 49

Abr 2,17 222

2,19 190

1,99 163

2,22 199

2,49 168

2,57 174

1,60 176

1,59 206

2,69 205

2,67 225 Mai 2,25 185 2,15 210 2,44 177 1,57 216 2,56 232

Jun 2,84 189 2,52 177 2,79 177 1,61 224 2,75 240

Jul 2,19 63

2,46 52

2,12 108

2,45 79

2,30 152

2,75 170

1,64 324

1,94 330

2,86 45

3,39 76 Ago 2,51 52 2,34 87 2,74 195 1,94 337 3,47 71

Set 2,94 49 2,89 65 3,21 169 2,26 331 3,85 90

Out 3,18 62

3,06 49

3,13 82

2,95 68

3,17 86

3,09 51

2,23 48

2,17 31

3,72 100

3,45 74 Nov 2,99 51 2,84 74 3,02 61 2,11 27 3,46 71

Dez 2,66 40 2,86 51 3,09 26 2,16 242 3,16 52

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Figura 11 – Climatologia de vento no período de verão nas estações automáticas do INMET ao longo da costa do Espírito Santo e na boia do Projeto Pirata.

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Figura 12 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no verão na estação de Caravelas.

Figura 13 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no verão na estação de São Mateus.

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Figura 14 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no verão na estação de Linhares.

Figura 15 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no verão na estação de Vitória.

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Figura 16 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no verão na estação de Campos.

Uma faixa restrita de variação na direção do vento foi observada nas estações de

Caravelas e São Mateus (Figuras 12 e 13), enquanto que a variabilidade em termos

de direção aumentou a partir da estação de Linhares até a estação de Campos. No

entanto, conforme mostrado na Tabela 2 a direção média foi no primeiro quadrante.

Em termos de intensidade os ventos estiveram em quase 90% dos casos entre 0,5

m s-1 e 5,7 m s-1 , a exceção das estações de Linhares e Campos que apresentaram,

aproximadamente, 7,6% e 9% das medidas variando entre 5,7 m s-1 e 8,8 m s-1.

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Figura 17 – Climatologia de vento no período de outono nas estações automáticas do INMET ao longo da costa do Espírito Santo e na boia do Projeto Pirata.

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Figura 18 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no outono na estação de Caravelas.

Figura 19 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no outono na estação de São Mateus.

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Figura 20 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no outono na estação de Linhares.

Figura 21 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no outono na estação de Vitória.

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Figura 22 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no outono na estação de Campos.

No outono, os ventos medidos nas estações automáticas do INMET mostraram uma

maior variação na direção do vento do que no verão. Os ventos foram predominante

de Sul e Sul-Sudoeste exceto em Vitória, que mostrou predominância nas faixas Sul-

Sudoeste e Oeste-Noroeste. A maioria das estações manteve predominância de

ventos entre 0,5 e 5,7 m s-1, exceto Linhares que apresentou 33,5% de valores de

intensidade de vento entre 2,1 e 3,6 m s-1. Já nas estações de Vitória e São Mateus

mais de 50% das medidas tiveram os valores variando entre 0,5 a 2,1 m s-1.

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Figura 23 – Climatologia de vento no período de inverno nas estações automáticas do INMET ao longo da costa do Espírito Santo e boia do Projeto Pirata.

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Figura 24 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no inverno em Caravelas.

Figura 25 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no inverno em São Mateus.

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Figura 26 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no inverno em Linhares.

Figura 27 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no inverno em Vitória.

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Figura 28 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) no inverno em Campos.

No inverno uma grande variabilidade de direção de vento foi observada em todas as

estações automáticas. O vento nesse período mostrou uma tendência de retorno ao

primeiro quadrante com ventos Nordeste e Leste-Nordeste, semelhante ao período

de verão, apesar de terem apresentado valores significativos de intensidade na

direção Sudoeste, como em Caravelas e Campos, que chegaram a apresentar

valores entre 5,7 e 8,8 m s-1. Porém, na estação de Vitória, observou-se uma maior

frequência de ventos do quadrante Norte, na faixa entre o Noroeste e o Nordeste de

até 5,7 m s-1 de intensidade. Os valores de intensidade aumentaram em relação ao

outono, sendo que em Vitória ainda foi observado mais de 50% dos valores na faixa

entre 0,5 e 2,1 m s-1.

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Figura 29 – Climatologia de vento no período de primavera nas estações automáticas do INMET ao longo da costa do Espírito Santo e boia do Projeto Pirata.

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Figura 30 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) na primavera em Caravelas.

Figura 31 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) na primavera em São Mateus.

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Figura 32 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) na primavera em Linhares.

Figura 33 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) na primavera em Vitória.

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Figura 34 – Distribuição de ventos em termos de direção (à esquerda) e em termos de intensidade (à direita) na primavera em Campos.

Na primavera foi observada uma pequena variabilidade de direção, ficando mais

centradas entre o Norte e o Norte-Nordeste na estação de Vitória e Linhares e entre

Norte-Nordeste e Nordeste nas demais estações. Apesar de a predominância de

intensidade de vento permanecer entre 0,5 e 5,7m s-1, na primavera foram

observados as maiores percentuais de frequência de ventos com intensidade

variando entre 5,7 e 8,8 m s-1.

As modificações em termos de direção observadas nas estações costeiras também

foram observadas em oceano aberto (Figura 35). De acordo com os dados medidos

na boia do Projeto Pirata, observou-se uma modificação semelhante à encontrada

ao longo da costa nos períodos de primavera e verão, principalmente se a

compararmos com a estação de São Mateus encontrada em latitude próxima a da

boia.

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Verão Outono

Inverno Primavera

Figura 35 – Distribuição de frequências das medidas de vento observadas na Boia do Projeto Pirata 19

o S 34

o W de acordo com as estações do ano. Nesse caso, a moda da direção variou de 90

o no

verão para 112,5o no outono, retornou a 90

o novamente no inverno e, finalmente, 45

o no primavera.

A variação sazonal da direção de vento em oceano aberto (região da boia do Projeto

Pirata) ficou restrita entre Norte-Nordeste, Leste e Sul-Sudoeste ao longo do ano,

com predomínio de intensidade entre 5,7 a 8,8 m s-1. No outono e inverno os ventos

Leste e Leste-Sudeste foram os predominantes e intensos (chegando a valores

entre 8,8 e 11,1 m s-1) enquanto no verão os ventos de Leste e Leste-Nordeste

predominaram, enquanto que na primavera os ventos foram tipicamente de Nordeste

e, em média, os mais intensos.

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Finalmente, a ocorrência de ressurgência/subsidência costeira associada aos ventos

de Nordeste/Sudoeste ao longo da costa capixaba foi investigada através da

determinação do Índice de Ressurgência estimado para as cinco estações. O

resultado está mostrado na Figura 36.

Os resultados mostram que, com exceção da estação de Campos, o índice

apresentou períodos positivos (favoráveis ao desenvolvimento de ressurgência) e

negativos (favoráveis ao desenvolvimento de subsidência) intercalados. Índices

negativos foram predominantes durante o outono enquanto que o período de

maiores valores estiveram associados com a primavera. Embora o padrão

apresentado na estação de Vitória tenha sido similar ao estimado nas estações ao

norte, os valores do índices foram, pelo menos, uma ordem de grandeza menores

resultado das menores intensidades de vento paralelo à costa medidos naquela

estação.

Na estação de Campos observa-se uma nítida sazonalidade dos valores positivos do

índice que foram maiores entre Julho de um ano e Abril do ano seguinte e bastante

baixos entre Abril e Julho (período correspondente ao outono). De fato, esses

índices foram os maiores entre as cinco estações. A clara sazonalidade dos índices

positivos não foi observada para os valores negativos do índice sugerindo que a

ocorrência de ventos do quadrante Sul-Sudoeste ocorreram quase que regularmente

ao longo do período.

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Figura 36 – Índice de ressurgência para as cinco estações analisadas. Índices positivos/negativos

(vermelho/azul) indicam condições favoráveis/desfavoráveis à ressurgência. A série horária das

estimativas correspondem a médias de 40 horas. Espaços em branco correspondem a ausência de

dados.

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5 DISCUSSÃO

Através dos resultados encontrados no estudo foi possível observar que existe um

padrão coerente de direção de vento ao longo da costa o que indica que toda a área

esteja sob a ação do sistema atmosférico de meso/larga escala denominado de Alta

Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Esse centro é dito ser semipermanente já que

ele migra meridional a zonalmente. A migração meridional sazonal do ASAS é

controlada pela migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (LUTGENS

& TARBUK, 2004), enquanto que a diferença de aquecimento entre o oceano e o

continente condiciona o deslocamento zonal.

Para entender o padrão de vento é preciso entender a dinâmica do ASAS. A Figura

37 mostra o padrão de pressão à superfície para quatro meses do ano,

representativos das estações do ano, calculados a partir da climatologia de Da Silva

(1994). Nos meses de Fevereiro e Novembro, representativos dos períodos de verão

e primavera respectivamente, o padrão de pressão é semelhante e as maiores

pressões estão centralizadas na porção sudeste do oceano Atlântico Sul, enquanto

que em Maio e Agosto, representando outono e inverno, respectivamente, o centro

de alta pressão está alongado na direção Leste-Oeste abrangendo uma maior área

superficial.

Tschuya (1985) sugeriu inclusive que neste período de outono/inverno a ASAS se

divida em dois núcleos. Com relação ao gradiente de pressão superficial verifica-se,

na Figura 37, que no período de primavera/outono que são observados os

maiores/menores gradientes de pressão, determina a predominância de ventos mais

intensos no período de primavera e mais fracos no outono, o que está de acordo

com os resultados mostrados na Tabela 2. Magnitudes médias de vento

semelhantes no verão e inverno (Tabela 2) indicam que o gradiente de pressão é

semelhante. Embora estimativas não tenham sido realizadas, a avaliação qualitativa

dos resultados mostrados na Figura 37 confirmam ser esse o padrão.

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Fevereiro Maio

Agosto Novembro

Figura 37 – Padrão de pressão (mbar) à superfície do Centro de Alta Pressão do Atlântico Sul nos meses de Fevereiro (verão), Maio (outono), Agosto (inverno) e Novembro (primavera). As maiores pressões ocorrem em Agosto (1024 mbar) quando o núcleo do centro está deslocado mais para Oeste e Norte. Em Fevereiro o núcleo do centro está mais para o Sul e leste, próximo à costa africana. Fonte: Da Silva (1994)

A Figura 37 também permite inferir sobre as direções preferenciais do vento. A boia

do Projeto Pirata, localizada no meridiano de 34oW (e latitude de 19oS) está

fundeada em uma região onde o direcionamento principal no outono e inverno é

zonal e, portanto, ventos típicos de Leste enquanto que na primavera e outono há

uma tendência de ventos Nordeste-Leste (Figura 35). A presença continental

condiciona o padrão preferencial ao longo da costa (Figuras 11, 17, 23 e 29) já que,

comparativamente com o oceano, ele se comporta climatologicamente como um

centro de baixa pressão. Além disso, o atrito superficial é mais significativo sobre o

continente e, portanto, condiciona as menores intensidades médias observadas nas

estações costeiras em relação às medidas feitas em oceano aberto.

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De acordo com a Tabela 2 foi na primavera e no outono que ocorreram as maiores

modificações em termos de intensidade e direção do vento. Na primavera os ventos

de Nordeste foram os mais intensos associados ao formato da ASAS e ao maior

gradiente de pressão entre o oceano e o continente. Esses resultados ratificam os

mencionados por Albino (1999) e também estão de acordo com as normais

climatológicas do Inmet para o período de 1961-1990. No entanto, apesar do padrão

ser similar, a magnitude dos dados recentes foi menor do que as normais (Tabela 3),

com exceção da estação de Campos, onde elas foram maiores. As normais

climatológicas foram distintas dos dados medidos recentemente durante o outono.

Apesar das intensidades normais serem menores neste período, os valores foram

maiores que as médias atuais. As maiores diferenças foram em termos de direção,

pois os dados atuais mostraram ventos de Sudoeste enquanto que as direções

normais foram de Sudeste. Novamente a estação de Campos foi significativamente

distinta, pois as normais não inferem uma direção preferencial.

As diferenças entre as normais e as médias atuais podem ser devidas a metodologia

de coleta das informações, tipo e qualidade de equipamento, localização da estação

etc, em suma, questões logísticas e metodológicas. Por exemplo, com apenas 3

medidas diárias (12, 18 e 24 UTC) os dados podem ter sofrido aliasing e não

estariam refletindo as reais condições vigentes do vento. A brisa marinha não seria

amostrada propriamente, por exemplo. Também é possível que as condições

climáticas estejam sofrendo algum grau de modificação e os presentes resultados já

estariam refletindo essas modificações. A análise desta questão está além do

escopo do presente estudo. Finalmente, também é preciso considerar que o

conjunto de dados é reduzido comparado aos 30 anos de informação usada para

estabelecer as normais climatológicas (INMET, 2009).

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48 Tabela 3 - Média mensal das intensidades (m s

-1) e direções do vento (

o, de acordo com a rosa dos ventos) nas estações automáticas de Caravelas, São

Mateus, Linhares, Vitória e Campos, de acordo com as Normais Climatológicas do Brasil. Em destaque os períodos de outono e início de inverno indicando as mudança de direção do vento, mais voltado para Sul-Sudeste. Dados insuficientes para geração de médias está representado com a letra “C”.

Mês Caravelas Linhares São Mateus Vitória Campos

Int Dir Int Dir Int Dir Int Dir Int Dir

Jan 3,36 53 3,24 43 4,21 54 3,29 32 2,26 49

Fev 3,11 64 2,99 49 3,66 63 3,31 29 2,54 51

Mar 2,82 90 2,62 58 3,23 66 3,06 37 1,90 62

Abr 2,93 137 2,51 164 2,73 123 3,22 210 1,32 C

Mai 2,82 148 2,21 163 2,51 147 2,89 228 1,14 C

Jun 2,62 146 2,31 146 2,31 140 2,69 225 1,26 C

Jul 2,67 134 2,27 145 2,59 112 2,89 C 1,50 C

Ago 2,85 98 2,85 81 3,11 84 3,37 24 2,18 63

Set 3,29 86 3,39 96 3,64 82 3,62 37 2,70 59

Out 3,67 71 3,48 86 4,03 73 3,58 35 2,40 68

Nov 3,74 70 3,52 63 4,20 63 3,59 40 2,29 72

Dez 3,62 56 3,44 39 4,36 56 3,47 23 2,20 57

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Como o vento responde a um padrão de pressão e esta responde ao balanço líquido

de calor, a Figura 38 mostra as componentes do fluxo de calor na interface oceano-

atmosfera para a região de estudo. Os resultados mostram que no verão e

primavera o oceano funciona como reservatórios de calor recebendo calor da

atmosfera (fluxo líquido positivo na interface oceano-atmosfera), enquanto no outono

e inverno o oceano perde calor gradativamente (fluxo líquido negativo na interface

oceano-atmosfera) (KANTHA & CLAYSON, 2003).

Figura 38 – Climatologia das componentes do fluxo de calor na interface oceano-atmosfera para a região de estudo. A linha preta indica o fluxo líquido de calor: positivo (verão e primavera) e negativo (outono e inverno). As demais linhas representam o fluxo de calor latente (azul), fluxo de calor sensível (ciano), onda longa (vermelho) e onda curta (verde).

A Figura 38 mostra que a perda líquida de calor é coerente com o input de onda

curta oriunda do sol, há um aumento no fluxo de calor latente durante o outono e um

aumento do fluxo líquido de onda longa no inverno. Esse resultado foi associado

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50 com a dinâmica anual de movimentação da ASAS. Por exemplo, o ar seco

descendente em um centro de alta pressão aumenta a diferença de umidade entre o

oceano e a atmosfera e aumenta a perda de calor latente. Kara et al. (2000) afirma

que a parda de calor latente é condicionada pela pelo aumento na intensidade do

vento. Embora haja um aumento na intensidade de vento do outono para o inverno o

aumento na perda de calor latente parece ser mais condicionado pela diferença de

umidade.

Um ar mais seco retém menos calor de onda longa. Assim, o aumento na perda de

calor de onda longa durante o inverno pode ser resultado da presença desse centro

sobre o continente. Da fato, as condições meteorológicas na região do Espírito

Santo mostram que o outono e o inverno são épocas de seca e com baixa umidade

relativa do ar.

A variação anual da pressão atmosférica em superfície é mostrada na Figura 39. Os

resultados mostram que as máximas e mínimas de pressão ocorrem em Julho e

Janeiro, respectivamente. Essa dinâmica ratifica a dinâmica anual de movimentação

da ASAS uma vez que a radiação de onda curta não aquece a atmosfera, já que ela

é aquecida por baixo.

Figura 39 – variação de pressão local para a estação de Vitória nos anos de 2008 a 2011 evidenciando uma máxima pressão no inverno e uma mínima no verão.

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51 Por o continente nessa época estar sujeito ao centro de alta pressão, assim como os

oceano, a explicação para as diferenças de direção observadas nas estações de

Vitória e Linhares no inverno estão condicionadas aos efeitos orográficos das

regiões, assim como a localização a qual estão instaladas as estações, mais

afastadas da costa e a quantidade de solo exposto no condicionamento das brisas

marítimas e continentais.

De acordo com a Equação 1 verifica-se que altos valores de índice de ressurgência

estão associados a maior capacidade potencial de gerar ressurgência (BAKUN,

1973) costeira. Assim, dentre os dados analisados o maior potencial ocorreria na

região de Campos e os menores ocorreriam na região de Vitória. Sazonalmente,

como os ventos mais intensos ocorreram na primavera, é esse o período mais

favorável para o desenvolvimento do transporte superficial de água em direção ao

oceano aberto e ascensão de água subsuperficial próximo ao oceano. A

predominância de ventos do quadrante Sul no outono se traduzem em condições

desfavoráveis ao desenvolvimento de ressurgência costeira.

Evidências de águas mais frias chegando a costa capixaba foram vistas em um

trabalho realizado pela CEPEMAR em 2004 como nas Figuras 40 e 41, as quais

mostram uma semelhança na distancia da costa de chegada de água mais frias, no

final do verão e final do inverno.

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Figura 40 – Carta de temperatura da superfície do mar da região sudeste do Brasil, no final do verão, mostrando uma água mais fria cerca de 1 ou 2°C na região mais próxima a costa do que as regiões mais afastadas. Fonte: CEPEMAR (2004).

Figura 41 – Carta de temperatura da superfície do mar da região sudeste do Brasil, no final do inverno de 2001, mostrando uma água mais fria cerca de 1 ou 2°C na região mais próxima a costa do que as regiões mais afastadas. Fonte:CEPEMAR (2004).

A distância da costa a qual é possível observar águas mais frias é semelhante nos

períodos de verão e inverno devido a similaridade observada nessas épocas,

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53 principalmente relacionada a direção predominante de ventos. Apesar de restrita,

uma forma indireta de ocorrência de ressurgência seria o padrão superficial da

concentração de clorofila-a. Um exemplo é mostrado na Figura 42.

Figura 42 - Concentração de clorofila-a estimadas pelo sensor MODIS ao longo da costa capixaba do dia 08 de março de 2007 (esquerda), 23 de junho de 2006 (centro) e 14 de outubro de 2007 (direita).

Associar diretamente a ocorrência de ressurgência ao padrão mostrado na Figura 42

é difícil porque a região costeira é passível de contaminação na estimativa de

clorofila-a. De qualquer forma verifica-se que o padrão de clorofila-a em março e em

outubro são similares com as maiores concentrações localizadas bem próximas a

costa. Ventos de Nordeste típicos deste período associados a maior insolação

poderiam limitar a ascensão de água ressurgida a uma distância dependente do

impulso do vento, de Corioli e do raio interno de Rossby (CUSHMAN-ROISING,

2009). Já durante o outono (junho) ventos típicos do quadrante Sul associados a

uma perda líquida de calor pelo oceano favoreceriam subsidência costeira e mistura

vertical ao longo da plataforma continental, o fato de uma grande concentração de

clorofila ser presente nessa época não está relacionada a ascensão de água

provocada pelo vento, e sim, pode estar relacionada a outros fatores.

A intensidade do vento que atinge a região costeira do estado é fraca se comparado,

por exemplo, com os resultados encontrados por Carvalho et al. (2003) para a região

de Cabo Frio, cuja componente do vento paralela à costa ultrapassa os 7 m s-1 na

maioria dos dados observados. A ressurgência costeira na região sudeste do Brasil

é também favorecida pelo formato da topografia da plataforma (RODRIGUES &

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54 LORENZETTI, 2001). No caso da costa capixaba os ventos são favoráveis ao

desenvolvimento de ressurgência costeira.

Se considerarmos, por exemplo, uma camada de Ekma fixa de 5m de profundidadee

um transporte de 0,5m s-1, teremos aproximadamente 250l sendo arrastado da costa

para o oceano em um segundo. Comparado a outros trabalhos, esse tipo de

trasporte é sim favorável e influenciador de uma ascesão de água fria próximo ao

continente. Porém, é necessário um maior estudo sobre a origem da água fria

observada ao longo da costa, item esse fora do escopo deste trabalho.

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6 CONCLUSÃO

Os ventos que ocorreram no estado do Espírito Santo são tipicamente de Nordeste e

Leste-Nordeste no verão e inverno e principalmente de Nordeste na primavera, a

exceção da estação de Vitória que apresenta também componentes de Noroeste

nestes períodos. No inverno é provável que os ventos medidos na estação de Vitória

(e possivelmente em Linhares) sejam mais condicionados por efeitos orográficos e a

presença de solo descoberto que favorece a ocorrência de brisa marítima.

As intensidades e direções de incidência de vento variaram da costa para o oceano

devido ao efeitos orográficos dos continentes. Ventos do quadrante Sul e Sudoeste

ocorrem principalmente nos períodos de outono e com intensidades reduzidas,

sendo que as maiores intensidades são observadas nos períodos de primavera.

Sendo assim, as estações de verão e inverno ocupam posição intermediária entre os

extremos de primavera e outono.

Uma preocupação por parte das empresas petrolíferas é relacionada a dispersão do

óleo no mar, principalmente em regiões próximas a costa cujo óleo pode atingir a

região costeira causando sérios danos para a vida marinha e da população

adjacente. Devido ao padrão de ventos observado na costa do estado e ao

transporte de água superficial derivado deste padrão, considerando que ventos

acima de 20km h-1 determinam a movimentação de manchas de óleo em mar aberto

(FINGAS, 2001) é possível que em casos de derrame de óleo próximo a costa do

Espírito Santo este venham a atingir a costa, principalmente nos períodos do ano o

qual o vento ultrapassa 5,5m s-1, como na primavera e no verão. Já no outono, com

ventos mais fracos, um transporte preferencial em direção a região costeira foi

observado, garantindo assim uma possibilidade de chegada de óleo a costa, devido

ao transporte de Ekman.

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56 O padrão de ventos que ocorre na região é favorável a ocorrência de ressurgência

costeira durante o ano, principalmente na primavera por possuir os maiores índices

de ressurgência e exceto nos períodos de outono, cujo índice foi mais negativo,

favorecendo uma subsidência de água. Para uma confirmação dessa ressurgência

deve-se analisar a estratificação da coluna d’água e as modificações que ocorrem

na camada de mistura relacionadas as mudanças de vento durante o ano.

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7 PERSPECTIVAS FUTURAS

O presente trabalho inicia um estudo da forçante de vento na costa capixaba. Uma

análise espaço-temporal inicial foi realizada com base em dados de melhor

resolução temporal que os utilizados no cálculo das normais climatológicas do Brasil,

por possuir dados horários ao contrario de três dados diários. Porém, não possui a

quantidade de tempo necessária a uma boa climatologia quanto um conjunto de

dados de 30 anos, como nas normais. Dados remotos e dados in situ de maiores

resoluções são necessários para que seja feita uma climatologia de vento adequada

e uma melhor caracterização dos ventos na costa do estado.

Como o início de uma análise, este estudo indica a ressurgência costeira, devida ao

transporte de Ekman, mas não a comprova. Análises mais apuradas com retirada de

brisa e correlação com outras forçantes seriam necessárias para o entendimento

dos mecanismos influenciadores da ressurgência costeira na região. Além de vento,

análises de temperatura, salinidade, comportamento de massas d’água na região

podem comprovar a ocorrência de ascensão de água na costa do estado, visto que

a passagem de correntes ou a dinâmica da camada de mistura possam ser

forçantes no desenvolvimento de ressurgência costeira.

Para isso, a análise desses diferentes fatores e a correlação entre a forçante do

vento com a distribuição de clorofila juntamente com a estratificação da coluna

d’água, podem responder as diferenças sazonais encontradas em termos de

parâmetros físicos da água superficial dos oceanos e da atmosfera e o resultado da

interação entre eles.

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