análise do desempenho energético de briquetes...

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL Análise do Desempenho Energético de Briquetes de Resíduos Agroindustriais gerados no Distrito Federal Estudante: Quércia Mayara Alixandre Pinto Matrícula: 11/0136756 Linha de Pesquisa: Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais Orientador: Dr. Thiago Oliveira Rodrigues Trabalho apresentado ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, como parte das exigências para obtenção do título de Engenheira Florestal. Brasília-DF, 9 de Dezembro de2016

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Análise do Desempenho Energético de Briquetes de Resíduos

Agroindustriais gerados no Distrito Federal

Estudante: Quércia Mayara Alixandre Pinto

Matrícula: 11/0136756

Linha de Pesquisa: Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais

Orientador: Dr. Thiago Oliveira Rodrigues

Trabalho apresentado ao Departamento

de Engenharia Florestal da

Universidade de Brasília, como parte

das exigências para obtenção do título

de Engenheira Florestal.

Brasília-DF, 9 de Dezembro de2016

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III

Aos meus pais, Geraldo e Fátima

Dedico.

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IV

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Geraldo e Fátima, por todo amor e carinho sem medidas.

Às minhas irmãs, Tineska e Isabely, e ao meu irmão, Kallebe, pela companhia

desde sempre, por serem meus melhores amigos e principalmente por me inspirarem a ser

uma pessoa melhor.

Ao meu amor, Douglas, por toda paciência, todo amor e companheirismo.

À minha família, por serem a base de tudo e me incentivarem sempre.

Aos meus mestres por todo conhecimento adquirido, em especial ao meu

orientador, Dr. Thiago Oliveira Rodrigues, por toda ajuda, todo apoio, pela amizade e pelo

bom humor.

Ao Serviço Florestal Brasileiro, mais especificamente à Plataforma de Biomassa e

Energia do Laboratório de Produtos Florestais, pelo espaço cedido para as pesquisas e por

todo enriquecimento acadêmico adquirido. Aos pesquisadores, Bruno e Gustavo, pela

ajuda e assistência no laboratório.

Aos membros da banca, Professor Dr. Ailton Teixeira do Vale e ao pesquisador

Luiz Gustavo Oliveira Galvão, por aceitarem contribuir com desenvolvimento da pesquisa.

Às empresas Feijão da Mamãe e Café do Sítio, por disponibilizarem o material para

estudo.

À Universidade de Brasília e ao Departamento de Engenharia Florestal, pela

oportunidade de realização pessoal e profissional.

Aos meus amigos, da graduação e da vida, por todo apoio, pelo incentivo, pela

companhia, pelas risadas e por tornarem essa caminhada mais leve.

A Deus, por toda sua bondade e seu infinito amor.

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V

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi caracterizar as propriedades energéticas do material in natura

e dos briquetes produzidos, além de analisar a queima dos briquetes por meio de ensaios de

combustão, visando estimar a qualidade energética dos resíduos agroindustriais

selecionados in natura e compactados. Os ensaios que estimaram o teor de umidade,

densidade aparente, densidade energética e poder calorífico superior e inferior para o

material in natura e para os briquetes, bem como o teor de cinzas, materiais voláteis e

carbono fixo para a biomassa não compactada foram desenvolvidos no Laboratório de

Energia do Serviço Florestal Brasileiro, juntamente com a análise da granulometria

utilizando peneiras de diferentes tamanhos, o ensaio de briquetagem e o de combustão com

os briquetes. Não foi possível briquetar os grãos de café, portanto o material foi misturado

com resíduos de feijão (70% de feijão e 30% de café). Os teores de umidade das amostras

de resíduos de feijão foram iguais a 19,27% e 18,46% e para os grãos de café de 12,91%.

Tais valores de teor de umidade foram superiores aos encontrados para os briquetes, sendo

de 14,29% para o fabricado com resíduos de feijão e de 13,98% para o fabricado com

resíduos de feijão e café. O poder calorífico superior encontrado para os resíduos de feijão

em média foi de 15,74 MJ/kg e para o café de 20,02 MJ/kg. Para o poder calorífico inferior

os valores encontrados foram em média de 14,38 MJ/kg e de 18,67 MJ/kg para os resíduos

feijão e café, respectivamente. O briquete produzido com resíduos de feijão não teve

alteração do poder calorífico, e para o produzido com resíduos de feijão e café os valores

foram de 17,51 MJ/kg (PCS) e 16,16 MJ/kg (PCI). Os resultados da caracterização das

biomassas mostram que ambos resíduos agrícolas estudados apresentam propriedades

energéticas compatíveis com os biocombustíveis sólidos tradicionais e que a compactação

é uma alternativa potencial para valorizar biomassas que não compactam naturalmente. Os

ensaios de combustão precisaram de elevada quantidade de etanol no processo de ignição,

sendo que o briquete de resíduo de feijão consome mais etanol em relação com o briquete

de resíduo de feijão com café. De forma geral, a taxa de perda de massa, ou seja, quanto de

massa por tempo foi consumida durante o ensaio, foi menor para os briquetes com resíduos

de feijão em relação aos com adição de café.

Palavras-chave: biomassa; poder calorífico, caracterização energética; briquetagem.

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VI

ABSTRACT

The objective of this work was to characterize the energetic properties of the natural

material and of the produced briquettes, besides analyzing the combustion of the briquettes

by means of combustion tests, in order to estimate the energetic quality of the

agroindustries selected in natural and compacted. The tests estimating the moisture

content, bulk density, energy density and the gross and the net calorific value for in natural

condition and for briquettes, as well as ashes content, volatile matter and fixed carbon for

uncompacted biomass were developed in the Laboratory of Energy of the Brazilian Forest

Service, together with the analysis of the granulometry using different sieves, the

briquetting test and the combustion with the briquettes. It was not possible to briquette the

coffee grounds, so the material was mixed with beans residues (70% bean and 30% coffee

residue). The moisture content of the bean residue samples were equal to 19.27% and

18.46% and for coffee grounds of 12.91%. These values of moisture content were lower

than those found for briquettes, being 14.29% for beans and 13.98% for beans with coffee.

The gross calorific value found for beans averaged 15.74 MJ/kg and for coffee 20.02

MJ/kg. For the net calorific value the values found were on average 14.38 MJ/kg and 18.67

MJ/kg for beans and coffee, respectively. The briquette produced with beans had no

change in calorific value, and for the produced with beans and coffee the values were

17.51 MJ/kg (gross) and 16.16 MJ/kg (net). The results of the biomass characterization

show that both studied agricultural residues present energy properties compatible with

traditional solid biofuels and that compaction is a potential alternative to value biomasses

that do not naturally compact. The combustion tests required a high amount of ethanol in

the ignition process, and the bean residue briquette consumed more ethanol in relation to

the bean residue briquettes with coffee. In general, the rate of mass loss, that is, how much

mass per time was consumed during the test, was lower for briquettes with beans than

those with coffee addition.

Keywords: biomass; calorific value, energy characterization; briquetting.

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VII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 13

3.1 MATRIZ ENERGÉTICA .......................................................................................... 13

3.2 BIOMASSA E ENERGIA......................................................................................... 14

3.3 CONVERSÃO ENERGÉTICA DA BIOMASSA .................................................... 15

3.3.1 Combustão .............................................................................................................. 16

3.4 BRIQUETAGEM/COMPACTAÇÃO ...................................................................... 17

3.6 RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS .......................................................................... 18

3.6.1 Feijão ...................................................................................................................... 18

3.6.2 Café ......................................................................................................................... 19

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 20

4.1 AMOSTRAGEM ....................................................................................................... 20

4.1.1 Amostra de feijão.................................................................................................... 21

4.1.2 Amostra de café ...................................................................................................... 21

4.1.3 Amostra da mistura de feijão e café ....................................................................... 22

4.2 PREPARO DAS AMOSTRAS ................................................................................. 22

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL .................................................................. 22

4.3.1 Teor de umidade ..................................................................................................... 23

4.3.2 Teor de cinzas ......................................................................................................... 23

4.3.3 Materiais voláteis .................................................................................................... 25

4.3.4 Carbono fixo ........................................................................................................... 25

4.3.5 Densidade aparente ................................................................................................. 26

4.3.6 Poder Calorífico Superior (PCS) ............................................................................ 26

4.3.7 Poder Calorífico Inferior (PCI)............................................................................... 28

4.3.8 Poder Calorífico Útil (PCU) ................................................................................... 28

4.3.9 Densidade energética .............................................................................................. 29

4.4 ENSAIO DE BRIQUETAGEM ................................................................................ 29

4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES ............................................................... 31

4.6 ENSAIO DE COMBUSTÃO .................................................................................... 31

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VIII

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 35

5.1 GRANULOMETRIA DOS RESÍDUOS COLETADOS .......................................... 35

5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................... 36

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES ............................................................... 38

5.4 ENSAIO DE COMBUSTÃO .................................................................................... 41

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 44

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 45

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Produção Nacional de Feijão (em mil toneladas) safra 2015/1016................. 19

Figura 3.2 – Produção Nacional de Café (em mil sacas beneficiadas) safra 2015/1016. .... 20

Figura 4.1 – Mufla utilizada para a determinação do teor de cinzas. .................................. 24

Figura 4.2 – Cadinhos contendo o teor de cinzas após o ensaio para sua determinação. .... 24

Figura 4.3 – Recipiente para estimar a densidade aparente. ................................................ 26

Figura 4.4 – Peletizadora utilizada para transformação do feijão em pellet. ....................... 27

Figura 4.5 – Componentes internos da peletizadora utilizados para agregação do materia 27

Figura 4.6 – Calorímetro utilizado para obtenção do poder calorífico superior. ................. 28

Figura 4.7 – Briquetadeira utilizada no ensaio de compactação. ........................................ 30

Figura 4.8 – Tentativa mal sucedida de briquetagem para o café. ...................................... 31

Figura 4.9 – Esquematização do dispositivo de ensaio de combustão. ............................... 32

Figura 4.10 – Dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. ....................................... 33

Figura 4.11 – Parte interna do dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. .............. 33

Figura 5.1 – Distribuição granulométrica da primeira amostra de feijão. ........................... 35

Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da segunda amostra de feijão. ........................... 35

Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da amostra de café. ............................................ 35

Figura 5.4 – Perda de massa pelo tempo nos ensaios de combustão. .................................. 42

Figura 5.5 – Temperatura pelo tempo nos ensaios de combustão ....................................... 43

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Média dos resultados obtidos a partir do material bruto ................................ 36

Tabela 5.2 – Média dos resultados obtidos a partir dos briquetes ....................................... 39

Tabela 5.3 – Taxa de perda de massa média nos ensaios de combustão. ............................ 41

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XI

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

Bar - Bares (Unidade de Pressão)

CF - Carbono Fixo

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento

COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas

CO - Monóxido de Carbono

CO2 - Dióxido de Carbono

Cz - Teor de Cinzas

D - Densidade

DAp - Densidade Aparente

DEn - Densidade Energética

DF - Distrito Federal

ETOH - Etanol

FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

g - Grama

GW - Gigawatt

H - Teor de Hidrogênio

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Kcal -Quilocaloria

Kg - Quilograma

KWh -Quilowatt-hora

LPF - Laboratório de Produtos Florestais

M - Massa da Amostra

MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

M0 - Massa do Cadinho

M1 - Massa do Cadinho + Resíduo

M2 - Massa do cadinho pós mufla a 900°C

MJ - Megajoule

MV - Teor de Materiais Voláteis

MW - Megawatt

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XII

m³ - Metro cúbico

OIE - Oferta Interna de Energia

PCI - Poder Calorífico Inferior

PCS - Poder Calorífico Superior

SFB - Serviço Florestal Brasileiro

SINDIGRÃOS - Sindicato das Indústrias de Beneficiamento, Moagem, Torrefação e

Fabricação de Produtos Alimentares de Origem Vegetal do DF

TU - Teor de Umidade

US$ - Dólares

V - Volume da amostra

°C - Graus Celsius

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12

1 INTRODUÇÃO

A humanidade sempre utilizou recursos da natureza para obter a energia necessária

para execução de suas tarefas e suas necessidades energéticas estão em constante evolução.

Ao longo da história constata-se que várias formas de energia têm provido nossas

necessidades, aumentando o consumo à medida que o homem utiliza novas técnicas

(TESSMER, 2009).

O maior crescimento do consumo mundial de energia esteve ligado ao impulso do

consumo de carvão mineral desde o fim do século XVIII, com a revolução industrial, e

ganhou mais força ao início do século XX com a utilização do petróleo como combustível,

acarretando um salto no desenvolvimento de novas tecnologias de produção industrial

(RIZZO e PIRES, 2005). Entretanto, o aumento da produção decorrente do uso de energias

de origem fóssil também gerou externalidades negativas, entre elas o aumento das

emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera (MOREIRA, 2011).

A biomassa é um recurso alternativo aos combustíveis fósseis, pois a

disponibilização generalizada da biomassa tem sido amplamente reconhecida, com seu

potencial para fornecer quantidades muito maiores de energia útil com menos impactos

ambientais que combustíveis fósseis (OLIVEIRA, 2014).

O Brasil está em posição de aumentar sua utilização da energia da biomassa,

oferecendo potencial considerável para a diversificação da energia, sendo berço mundial

da agricultura, portanto tem enorme potencial para a geração de energia através do uso de

culturas energéticas e resíduos agrícolas (GOLDEMBERG e MOREIRA, 2005;

ZERBINATTI, 2012).

No entanto, a biomassa residual das atividades agrícolas apresenta densidade muito

baixa, fato que pode inviabilizar projetos de aproveitamento energético deste material. A

briquetagem é uma alternativa viável para reduzir o volume da massa vegetal por consistir

na densificação energética da biomassa em um combustível sólido de alto poder calorífico,

denominado briquete. Com este processo, vários tipos de materiais podem ser prensados

em diversos formatos, como forma de substituir a lenha natural nas indústrias alimentícia,

metalúrgica, química, cerâmica ou outras que utilizem fornos para alimentar caldeiras ou

para secagem. A queima de biomassa “reciclável” se inclui entre as alternativas mais

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13

econômicas e ambientalmente corretas, sendo uma energia renovável e sustentável, que

atende os preceitos do Protocolo de Kyoto (ZERBINATTI, 2012).

Estudos que analisem o potencial para geração de energia de resíduos

agroindustriais são importantes ferramentas na preservação ambiental, pois além de

diminuírem o acúmulo de materiais potencialmente poluentes representam uma alternativa

aos combustíveis fósseis.

2 OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo geral analisar o desempenho energético de

briquetes produzidos a partir de resíduos agroindustriais – de feijão e café – gerados em

atividades comerciais no Distrito Federal.

Como objetivos específicos têm-se:

Analisar a distribuição granulométrica dos resíduos agroindustriais;

Caracterizar as biomassas de acordo com suas propriedades físicas energéticas;

Caracterizar os briquetes produzidos a partir dos resíduos agroindustriais segundo

suas propriedades energéticas.

Analisar desempenho dos briquetes nos ensaios de combustão.

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 MATRIZ ENERGÉTICA

Em caráter nacional, a matriz energética é o conjunto de recursos utilizados para

provimento energético de um país. Dentro desse contexto, estão inseridos todos os

prováveis elementos de origem, transformação e uso final da energia existente

(MARCOCCIA, 2007).

Em âmbito mundial, a matriz energética é composta em sua maioria por fontes

energéticas primárias não renováveis, e em particular os combustíveis fósseis – petróleo,

carvão mineral e gás natural. Estes combustíveis são grandes emissores de dióxido de

carbono (CO2), um dos gases relacionados ao efeito estufa, causador de elevação da

temperatura do planeta e de mudanças climáticas (VENTURA FILHO, 2009).

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14

Atualmente são discutidas medidas mitigadoras, tais como a taxação de emissões

de carbono e a utilização de recursos energéticos renováveis como a energia solar, eólica, e

por meio da biomassa (GALDINO et al., 2009).

A utilização de fontes renováveis de energia proporciona não apenas benefícios

ambientais, mas também uma diversificação nas fontes de energia, reduzindo os riscos de

descontinuidade de abastecimento e obtendo ainda maior competitividade e preços mais

equilibrados (SALES, 2007).

De acordo com Tolmasquim (2012), o Brasil é grande referência para o mundo nos

dias de hoje, por ser identificado como potência energética e ambiental, e um país rico em

alternativas de produção das mais variadas fontes renováveis de energia (hidráulica, eólica,

etanol, biomassa, entre outras) com predominância ainda maior dessas fontes dentro de um

prazo de dez anos.

3.2 BIOMASSA E ENERGIA

Em 1850, a biomassa representava 85% do consumo mundial de energia e, antes

disso, era praticamente a única forma de energia usada pelo homem, além da força dos

ventos (para navegação), animais domesticados (na agricultura) e pequenas quantidades de

carvão para aquecimento residencial (GOLDEMBERG, 2009).

Apesar de constituir praticamente a única fonte de energia disponível ao longo da

história da humanidade, a biomassa perdeu importância ao longo do século XX, com o

aumento da disponibilidade de combustíveis fósseis, de elevada acessibilidade e de

elevado conteúdo energético, além de ser de baixo preço (AZEVEDO et al., 2011).

Até então, o uso de biomassa na forma primitiva e frequentemente predatória com

que era usada causava desmatamento e degradação do solo e, portanto, tornou-se

desaconselhável, passando a ser conhecida como o combustível dos mais pobres e

subdesenvolvidos (GOLDEMBERG, 2009).

A biomassa tem, no entanto, recebido atenção particular nos períodos de elevado

preço do petróleo. Foi o que se verificou nos anos 70 com a primeira crise do petróleo e,

mais recentemente, no início do século XXI, novamente por razões ligadas ao aumento do

preço dos combustíveis fósseis, mas também, em grande parte, pelo peso que as questões

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ambientais associadas à produção, transporte e utilização dos combustíveis fósseis tiveram

junto à opinião pública e dos mercados a partir dos anos 60 (AZEVEDO et al., 2011).

A biomassa “moderna” começou a representar uma contribuição crescente e está,

portanto, em plena recuperação. As projeções para o futuro indicam que a importância da

biomassa aumentará muito, chegando a representar no fim do século 21 de 10 a 20% de

toda a energia usada pela humanidade (GOLDEMBERG, 2009).

Uma característica particular do Brasil é o desenvolvimento industrial em grande

escala e a aplicação de tecnologias de energia da biomassa. Bons exemplos disso são a

produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, o carvão vegetal oriundo de plantações de

eucaliptos, a cogeração de eletricidade do bagaço de cana e o uso da biomassa em

indústrias de papel e celulose (cascas e resíduos de árvores, serragem, licor negro etc.).

Portanto, a utilização de biomassa, além de ser competitiva comercialmente com o petróleo

é mais limpa, renovável e permite gerar mais empregos (GOLDEMBERG e LUCON,

2007).

Caracterizam-se biomassa vários materiais naturais e derivados, como madeiras e

espécies herbáceas, resíduos de madeira, bagaço, resíduos agrícolas e industriais, papel

usado, resíduo sólido urbano, serragem, biossólidos, grama, resíduos de processamento,

resíduos animais, plantas aquáticas, algas, entre outros (KIMURA, 2010).

A utilização da biomassa como insumo energético apresenta uma particularidade

em relação às outras fontes: o resultado do processo de conversão pode gerar vários tipos

de combustíveis (sólidos, líquidos ou gasosos). Outra característica importante da

biomassa é a grande variedade de formas encontradas com potencial para aproveitamento

energético, o que é uma grande vantagem, na medida em que confere grande flexibilidade

de adaptação (MÜLLER et al., 2005).

3.3 CONVERSÃO ENERGÉTICA DA BIOMASSA

Os métodos de transformação de biomassa geralmente se relacionam com a perda

de água do material, resultando no incremento imediato da sua capacidade térmica e do seu

poder de preservação, favorecendo as características de manipulação da biomassa e

tornando-a, por exemplo, um fluido, que pode ser tanto líquido quanto gasoso (KIMURA,

2010).

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De acordo com Kimura (2010), madeiras e outras biomassas podem ser tratadas de

várias formas diferentes para combustíveis. Geralmente estes métodos são divididos em

biológicos e térmicos. Os principais processos biológicos de conversão são a fermentação e

a digestão anaeróbica, enquanto nos processos térmicos de conversão destacam-se a

combustão, torrefação, gaseificação, a liquefação e a pirólise.

3.3.1 Combustão

Dentre as técnicas de conversão energética de biomassa, a combustão representa

basicamente a reação química entre o hidrogênio e o carbono encontrados na biomassa

com o oxigênio, que normalmente é proveniente do ar. Este processo é o exemplo mais

antigo de utilização da biomassa para fins energéticos (KIMURA, 2009).

Assim como a pirólise, a combustão de biomassa é considerada um processo de

obtenção de energia renovável, visto que a biomassa libera sua energia em forma de calor e

o carbono é reoxidado, ou seja, transformado em CO2. Deste modo, o processo só retorna

para a atmosfera o CO2 incorporado pela planta na fase de crescimento, não colaborando

com o efeito estufa, já que o ciclo de crescimento e a combustão são autossustentáveis

(SANTOS, 2011).

A combustão direta da biomassa é a única tecnologia comercial utilizada em larga

escala, em caldeiras, em ciclos a vapor, com produção de 40 GW e em unidades médias

com potência de 20 MW. A combustão direta poderia atingir o valor de US$0,042/ kWh

com custos progressivamente menores da biomassa, e com alguns avanços tecnológicos

(pré-secagem do material, transporte/alimentação, fornalhas próprias para material com

alto teor de alcalis) (GENOVESE et al., 2006).

Industrialmente, a conversão da biomassa em energia acontece em fornalhas,

queimadores ou combustores. Em geral, os produtos da combustão são uma mistura dos

gases dióxido de carbono, monóxido de carbono, vapor d´água, nitrogênio e oxigênio. A

combustão fornece calor para a produção de vapor, e assim geração de energia (KIMURA,

2010).

A combustão de biomassa é largamente empregada para produzir calor para

aquecimento de ambientes, gerar vapor em caldeiras e movimentar turbinas geradoras de

eletricidade. Apesar da baixa eficiência para geração de eletricidade de 15% para plantas

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17

pequenas e 30% para plantas maiores e mais modernas, o custo é competitivo quando são

usados rejeitos ou resíduos (GOMES, 2012).

Apesar do baixo rendimento na geração de energia, as tecnologias para maximizar

o potencial energético na combustão de biomassa estão amplamente desenvolvidas e em

estado avançado de maturidade comercial, utilizando a combustão direta da biomassa em

fornalhas adequadamente projetadas e construídas (LEAL, 2005).

3.4 BRIQUETAGEM/COMPACTAÇÃO

A briquetagem é uma das alternativas tecnológicas para o melhor aproveitamento

dos resíduos de biomassa, consistindo num processo de trituração e compactação que

utiliza elevadas pressões para transformar os referidos resíduos em blocos denominados de

briquetes, os quais possuem melhor potencial de geração de calor (energia) em relação aos

resíduos in natura (ALVES JÚNIOR et al., 2003).

Quirino (1991) afirma que a briquetagem é uma forma bastante eficiente para

concentrar a energia disponível da biomassa. Segundo o autor, 1,00m³ de briquetes contém

pelo menos 5 vezes mais energia que 1,00m³ de resíduos, levando-se em consideração a

densidade a granel e o poder calorífico médio do material.

Visando a utilização energética dos combustíveis de biomassa é desejável uma alta

densidade energética, ou seja, uma maior quantidade de energia por unidade de volume

(PROTÁSIO et al., 2012), portanto a briquetagem transforma resíduos de baixa densidade

em produto densificado e com alto potencial energético (QUIRINO et al., 2004).

Gonçalves et al. (2010) comenta que materiais orgânicos, como os usados no

presente estudo, apresentam elevada umidade e dificuldade de moagem em partículas entre

5 e 10mm, podendo limitar tecnicamente sua briquetagem. Morais et al. (2006) também

elucidam em seu estudo que a granulometria é um fator decisivo para a obtenção dos

briquetes de carvão de casca de arroz.

A utilização da biomassa através de briquetes pode resultar num modelo que dê

sustentabilidade a um sistema empresarial urbano e rural, garantindo a autonomia

energética de uma pequena comunidade, funcionando como um fator de desconcentração

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de renda e descentralização do poder, visto que a capacidade produtiva de uma região está

intimamente ligada ao potencial energético (ALVES JUNIOR e SANTOS, 2002).

Outras vantagens do uso de briquete são: fácil estocagem, melhoria significativa na

ergonomia dos funcionários que alimentam a caldeira e diminuição da insalubridade na

alimentação da caldeira, pois o funcionário fica menos tempo exposto ao calor (ROCHA et

al., 2009).

3.6 RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS

Questões ambientais têm alavancado o interesse por fontes renováveis e os resíduos

agroindustriais tornaram-se uma fonte importante para a produção de novos materiais, de

produtos químicos e de energia (ROSA et al., 2011).A utilização da biomassa como fonte

de energia é uma das opções para se mitigar os malefícios do aquecimento global

(PROTÁSIO et al., 2012).

Qualquer matéria-prima orgânica com possibilidades de ser transformada em

energia pode ser enquadrada como biomassa e, de acordo com sua origem, pode ser

agrícola (arroz, cana-de-açúcar, soja, entre outros), florestal (madeira) ou oriundas de

rejeitos urbanos ou industriais, sólidos ou líquidos (ANEEL, 2008).

O Brasil se destaca como um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, em

consequência disto, é capaz de gerar grandes quantidades de rejeitos e resíduos

agroindustriais (SOUZA et al., 2012).

Diversas são as fontes alternativas de energia que apesar de não poderem substituir

o petróleo em sua totalidade, podem contribuir para a redução de seu consumo. A geração

de energia a partir de biomassa tem sido estudada por diversos autores (LEITE et al., 2003;

GONÇALVES et al., 2009; SOUZA et al., 2010).

3.6.1 Feijão

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, com produção média anual de 3,5

milhões de toneladas. Típico produto da alimentação brasileira é cultivado por pequenos e

grandes produtores em todas as regiões (MAPA, 2015).

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Figura 3.1 – Produção Nacional de Feijão (em mil toneladas) safra 2015/2016.

Fonte: CONAB (2016), adaptada pelo autor.

Gonçalves et al. (2010) afirma que a cadeia de produção de grãos de feijão, o

beneficiamento e a comercialização dos mesmos geram ocupação e renda, principalmente

para a classe menos privilegiada, tornando o feijão um dos produtos agrícolas de maior

importância econômico-social, devido especialmente à mão-de-obra empregada desde o

preparo para o plantio até o produto embalado nas prateleiras do mercado.

A produção de massa seca, de grão de feijão por hectare é de 1.350 kg, de palhada

da vagem é de 432 kg, de caule 810kg e de folha senescente, 1.032 kg. Logo, o resíduo

gerado na cultura de feijão chega a 60% do total da colheita (CHAGAS et al., 2007).

3.6.2 Café

Tendo em vista que o Brasil é o maior produtor de café do mundo, seus resíduos

podem se destacar como matéria-prima com grande potencial energético. Em 2016 a

previsão de colheita é de 49,13 a 51,94 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado

em uma área estimada de 1.977,5 mil hectares (CONAB, 2016), sendo que a produção de

resíduos do processamento do café pode chegar a 50% da colheita (ROCHA et al., 2006).

De acordo com Vilela et al. (2001) o beneficiamento do café ocorre por via seca, no

qual o fruto do café é seco ao sol ou em pré-secadores e secadores artificiais, o que resulta

em resíduos formados por casca e pergaminho, com rendimento de aproximadamente 50%

do peso colhido.

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Figura 3.2 – Produção Nacional de Café (em mil sacas beneficiadas) safra 2015/1016.

Fonte: CONAB (2016), adaptada pelo autor.

O resíduo do beneficiamento do café (material lignocelulósico), se disposto

inadequadamente, pode causar a poluição de solos e águas (BRUM et al., 2008). Os

resíduos de café são utilizados tanto para adubação dos cafezais como para queima em

fornalhas, podendo, também, ser utilizado como briquete energético (GIOMO, 2006).

De acordo com Vale et al. (2007), dois milhões de toneladas de casca de grãos de

café são produzidas anualmente no Brasil tornando-o um resíduo interessante do ponto de

vista da produção de energia.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Os ensaios contemplados nesta pesquisa foram desenvolvidos na Plataforma de

Energia da Biomassa (PEB) do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal

Brasileiro (LPF-SFB) situado em Brasília – DF.

4.1 AMOSTRAGEM

Para amostragem foi feito um levantamento bibliográfico das culturas mais

importantes do Distrito Federal e sua geração de resíduos. Por meio do sistema FIBRA

contatou-se o SINDIGRÃOS (Sindicato das Indústrias de Beneficiamento, Moagem,

Torrefação e Fabricação de Produtos Alimentares de Origem Vegetal do Distrito Federal) a

fim de estabelecer proximidade com as empresas, objetivando a coleta de amostras.

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Após a listagem e seleção das empresas fornecidas pelo SINDIGRÃOS, as com

potencial para a produção de resíduos foram selecionadas e foi estabelecido o contato com

cada uma delas para a possível disponibilização de material para as análises em estudo. Os

materiais fornecidos foram os resíduos agroindustriais de café e feijão.

4.1.1 A mostra de feijão

O resíduo de feijão coletado provém de uma fábrica de ensacamento de feijões, em

que eles já vêm beneficiados, ou seja, somente é feita a limpeza do feijão para que ele

esteja próprio para o consumo. A fábrica visitada localiza-se em Taguatinga Sul, em um

setor especializado de indústrias.

Dentro do resíduo gerado encontram-se pequenas folhas, vagens pequenas e secas,

cascas de feijões e alguns pedaços de plástico, devido à falta de cuidado e higienização do

espaço.

Há duas etapas de deposição de resíduos na indústria. Embora o resíduo pareça

homogêneo, a primeira etapa apresenta maior concentração de partículas pequenas e poeira

em relação à primeira.

Foram coletados dois sacos de 10 kg cada dos dois resíduos de etapas diferentes

para posteriores análises em laboratório. Desta forma, o estudo contemplou dois tipos de

feijão, um primeiro com mais resíduos, principalmente plástico, chamado no estudo de

Feijão 1 e um segundo com menos concentração visual de tais impurezas, chamado de

Feijão 2.

4.1.2 Amostra de café

Na coleta do resíduo de café visitou-se outra fábrica - de torrefação, moagem e

ensacamento do pó de café para comercialização - que produz resíduos agroindustriais a

partir do tratamento do material já beneficiado. Na fábrica, situada também em Taguatinga

Sul, existem três locais diferentes de depósito para os três respectivos tipos de resíduos

gerados. O primeiro é mais contaminado com outros materiais, pois tem a presença de

grãos de café inutilizados e pequenos pedaços de madeira. O segundo, proveniente da

segunda etapa de limpeza e seleção do café é composto somente de grãos de café que não

são próprios para consumo. Já o terceiro diz respeito a todo o resíduo acumulado em

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partículas pequenas que, ao invés de ficar suspenso no ar durante todo processo de

trituração, é conduzido para grandes sacos, evitando mal-estar dos funcionários e mau

funcionamento das máquinas. Para o estudo foi utilizado apenas o material com menos

impurezas, composto somente por grãos não próprios para o consumo.

4.1.3 Amostra da mistura de feijão e café

Inicialmente, a compactação do material se daria pela fabricação de briquetes de

café e briquetes de feijão, separadamente.

O resíduo usado do feijão foi facilmente compactado, entretanto para o de café não

foi possível compactar, pois sua composição apresenta elevados teores de óleo, impedindo

a confecção do briquete. Como alternativa foi realizada a mistura dos dois materiais (feijão

e café) para a compactação. Tal mistura foi feita com uma proporção de 30% de café e

70% de feijão a partir de ensaios pilotos para testar as proporções viáveis para essa mistura

e desta forma foram avaliadas suas propriedades energéticas.

4.2 PREPARO DAS AMOSTRAS

As amostras foram acondicionadas na Plataforma de Energia da Biomassa (PEB)

do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB).

A distribuição granulométrica foi a primeira análise na qual as biomassas foram

submetidas. Na análise de granulometria foram usadas três peneiras de diferentes

tamanhos.

A primeira de 6,35mm, a segunda 2,38mm e a terceira 1,40mm, sem contar com o

fundo da estrutura. O peneiramento ocorreu por 20 minutos, em uma escala 10 de vibração.

Para moagem o material foi armazenado de modo que evitasse o ganho de umidade,

facilitando o uso no moinho. O moinho de facas utilizado encontra-se no galpão de

produtos do LPF.

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL

Para caracterização das amostras foram realizadas as análises das propriedades

químicas, físicas e energéticas, identificando o teor de umidade, densidade aparente, teor

de carbono fixo, teor de materiais voláteis, teor de cinzas e poder calorífico.

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As amostras foram separadas por peneiramento, separando uma quantidade

considerável do material utilizando a peneira de 60 mesh. O peneiramento foi realizado por

10 minutos, utilizando a escala 10 de vibração e, também, de forma manual, com a ajuda

de pincel.

Segundo os protocolos de análises adotados na PEB, o material retido acima da

malha de 60 mesh foi usado nos ensaios de análise química imediata – como teor de cinzas

e materiais voláteis – no teor de umidade e poder calorífico superior (PCS). A análise

química imediata e o teor de umidade foram determinados de acordo com a norma ABNT

NBR 8112/83.

4.3.1 Teor de umidade

Para medição do teor de umidade foram utilizados para cada amostra dois cadinhos

de porcelana com 7 a 15 gramas de cada material, sendo o teor de umidade a média entre

essas duas repetições. Este material encontrava-se em equilíbrio com a umidade do

ambiente e, após a pesagem, foi colocado em estufa para secagem até atingir massa

constante. O teor de umidade foi obtido pelo quociente da massa úmida em equilíbrio e da

massa obtida após a secagem, de acordo com a norma COPANT 460 (1972).

4.3.2 Teor de cinzas

O ensaio para determinar o de teor de cinzas foi realizado em forno mufla marca

Quimis modelo Q318S24 (Figura 4.1), com uma temperatura de 700°C e com as amostras

secas a 0% de umidade. Foram pesadas, em uma balança digital de precisão, as amostras

em triplicata (três repetições) com aproximadamente 1g do material. Os cadinhos (Figura

4.2) então foram colocados de forma ordenada no interior da mufla, com o auxílio de

equipamentos de proteção individual e, depois de fechada, esperou-se cerca de 5 horas para

retirada do material. Após a retirada, os cadinhos foram colocados no dessecador por cerca

de 15 minutos para resfriamento e foi feita uma nova pesagem do material. A Equação 4.1

apresenta o cálculo da porcentagem de cinzas.

(Equação 4.1)

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Em que:

CZ = teor de cinzas (%);

M = massa da amostra (g);

M0 = massa do cadinho (g);

M1 = massa do cadinho + amostra (g).

Figura 4.1 – Mufla utilizada para a determinação do teor de cinzas.

Figura 4.2 – Cadinhos contendo o teor de cinzas após o ensaio para sua determinação.

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4.3.3 Materiais voláteis

Para o ensaio de materiais voláteis foi usado um grama das amostras secas a 0%.

As amostras foram colocadas em cadinhos de porcelana com massas conhecidas e

devidamente tampados. Em seguida foram posicionadas na porta da mufla, com a mesma

já aquecida a 900ºC, durante 3 minutos e, depois no interior da mufla por mais 7 minutos.

Todo o procedimento aconteceu em tempo corrido. Depois desse período os cadinhos

foram retirados e colocados no dessecador para resfriamento e posterior pesagem. Assim,

com novos valores de massa, foi possível obter o teor de materiais voláteis a partir da

Equação 4.2. Foram feitas três repetições para cada amostra.

(Equação 4.2)

Em que:

MV = Teor de materiais voláteis (%);

M = Massa da amostra (g);

M1 = Massa do cadinho + amostra (g);

M2 = Massa do cadinho pós mufla à 900ºC (g).

4.3.4 Carbono fixo

Obtidos os valores para o teor de cinzas e para o teor materiais voláteis foi

calculado o teor de carbono fixo pela Equação 4.3.

(Equação 4.3)

Em que:

CF = Teor de carbono fixo (%);

CZ = Teor de cinzas (%);

MV = Teor de materiais voláteis (%).

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4.3.5 Densidade aparente do granel

A densidade do material bruto ou in natura foi obtida através da massa e do volume

do recipiente utilizado para pesagem. Na Figura 4.3 é possível observar o recipiente

contendo os resíduos de feijão e os grãos defeituosos de café. Devido à irregularidade da

amostra in natura utilizada, foi necessário fazer doze pesagens, desconsiderando o valor

mais alto e o mais baixo e tirando a média aritmética. Assim, a densidade aparente do

granel foi calculada pela Equação 4.4.

(Equação 4.4)

Em que:

D = Densidade (kg/m³);

M = massa da amostra (kg);

V = volume da amostra (m³).

Figura 4.3 – Recipiente para estimar a densidade aparente. Á esquerda o recipiente

contendo os resíduos de feijão e à direita o recipiente com café.

4.3.6 Poder Calorífico Superior (PCS)

Para estimar o valor do poder calorífico superior para a amostra de feijão foi

necessária a peletização da amostra com auxílio da peletizadora hidráulica marca Specac

modelo GS15011, com configuração de carga máxima de 15 toneladas (Figuras 4.4 e 4.5)

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para posterior determinação do PCS. Utilizou-se aproximadamente 1 grama para tal

procedimento.

Para a amostra de café, fez-se necessário o uso do material apenas triturado,

peneirado e misturado nas proporções de 30% de café e de 70% de feijão, pois o café não

foi viável para a peletização.

O poder calorífico superior foi obtido a partir de um calorímetro com bomba de

oxigênio marca Parr modelo 6400 (Figura 4.6) no Laboratório de Energia do LPF.

Figura 4.4– Peletizadora utilizada para transformação do feijão em pellet.

Figura 4.5 – Componentes internos da peletizadora utilizados para agregação do material.

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Figura 4.6 – Calorímetro utilizado para obtenção do poder calorífico superior. À direita o

equipamento aberto no local onde as amostras são inseridas.

4.3.7 Poder Calorífico Inferior (PCI)

O poder calorífico inferior (PCI) foi calculado de acordo com teor de hidrogênio e

de acordo com a Equação 4.5, citada por Gomide (1984).

(Equação 4.5)

Em que:

PCI = Poder Calorífico Inferior (kcal/kg);

PCS = Poder Calorífico Superior (kcal/kg);

H = Teor de hidrogênio (considere 6%).

4.3.8 Poder Calorífico Útil (PCU)

Por fim, foi determinado o valor de poder calorífico útil (kcal/kg) onde o teor de

umidade do resíduo é considerado. Ele foi calculado de acordo com a equação 4.6,

seguindo as orientações de Brito (1993) e Vale et al. (2007).

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Em que:

PCU = Poder Calorífico Útil (kcal/kg);

PCI = Poder Calorífico Inferior (kcal/kg);

U = Teor de umidade da amostra em base úmida (%).

4.3.9 Densidade energética

A densidade energética (MJ/m³) foi obtida através da simples multiplicação entre o poder

calorífico útil (PCU) e a densidade aparente do granel das amostras briquetadas e não

briquetadas.

4.4 ENSAIO DE BRIQUETAGEM

Para o ensaio de compactação, fez-se uso do material in natura, sem nenhum tipo

de moagem ou separação granulométrica. Adotou-se esse método para que o trabalho fosse

eficaz em mostrar o rendimento energético do material sem nenhum tratamento,

juntamente com seu baixo custo de produção e alta eficiência.

Os parâmetros adotados no ensaio seguem as normas utilizadas na PEB Laboratório

de Energia do LPF.

Para o ensaio foram devidamente separados e pesados cerca de 40g de cada

material que em seguida foram inseridos na briquetadeira (Figura 4.7) com a ajuda de um

funil.

O material foi comprimido sob pressão de 100 bar e temperatura de 100ºC durante

5 minutos. Após esse período, o material foi retirado e resfriado durante 15 minutos.

Foram feitos briquetes de feijão e de feijão+café (70% feijão + 30% café). Devido ao alto

teor de óleo na sua composição, o café não compacta no equipamento utilizado (Figura

4.8), não suportando nem mesmo a etapa de resfriamento.

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Figura 4.7 – Briquetadeira utilizada no ensaio de compactação.

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Figura 4.8 – Tentativa mal sucedida de briquetagem para o café.

4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES

A primeira pesagem de cada briquete foi realizada logo após o resfriamento e

depois foram pesados diariamente até atingirem massa constante. O material foi pesado e

colocado na estufa para secagem e devido acompanhamento. Após a estabilização da

massa, fez-se o cálculo de teor de umidade utilizando a norma COPANT 460 (1972).

Devido ao fato dos briquetes não serem cilindros perfeitos, para a densidade

aparente foi necessário mensurar seis medidas de largura de cada briquete e duas de

comprimento. Foi feita então a média das duas medidas e utilizando a Equação 4.4 descrita

anteriormente para o cálculo da densidade aparente dos briquetes.

O poder calorífico superior (PCS) foi obtido pelo calorímetro, assim como para os

materiais in natura e o poder calorífico inferior (PCI) foi calculado de acordo com a

Equação 4.5, descrita anteriormente.

4.6 ENSAIO DE COMBUSTÃO

Com o intuito de avaliar o comportamento dos briquetes frente à combustão, foi

utilizado o dispositivo de ensaio ilustrado na Figura 4.9. Trata-se de um reator composto

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por duas bandejas preenchidas com lã de vidro (1) para isolamento térmico, uma balança

com precisão de 0,1 g (2), um forno cilíndrico com abertura nas duas extremidades (3),

sendo que na abertura inferior foi inserida uma placa metálica com etanol (4), uma tela

para suportar os materiais a serem queimados (5), uma “camisa” que fica em volta do

forno (6), um termopar (7) para acompanhamento da temperatura e um cronômetro (8)

para o tempo. O sistema ficou montado abaixo de um exaustor (9).

Figura 4.9 – Esquematização do dispositivo de ensaio de combustão.

Para os ensaios de combustão foram utilizados os 6 briquetes produzidos de feijão e

de feijão+café, sendo realizadas 3 repetições do ensaio (utilizando cada um 2 briquetes).

Os briquetes foram colocados "deitados" na tela do forno, centralizados e

encostados um no outro. A massa inicial foi anotada e o termopar foi ligado, posicionando

seu medidor próximo aos briquetes e no mesmo local para todas as repetições do ensaio. O

exaustor foi acionado e cerca de 30 ml de etanol foram adicionados na placa metálica em

três momentos distintos do ensaio, totalizando 90ml por teste e sempre posicionando a

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placa logo abaixo dos briquetes sobre a tela. A combustão foi iniciada e o tempo foi

cronometrado. A queima do etanol foi acompanhada até extinção da chama estimando os

valores de massa, temperatura e tempo durante o ensaio. Um indicativo usado da queima

completa do material foi quando sua massa atingiu valor próximo ao do teor de cinzas. As

Figuras 4.10 e 4.11 ilustram o dispositivo utilizado e seus principais componentes

(termopar marca Almemo modelo 2590-9, balança eletrônica marca Marte modelo A5000

e a estrutura metálica) no ensaio de combustão.

Figura 4.10 – Dispositivo utilizado para o ensaio de combustão.

Figura 4.11 – Parte interna do dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. À

esquerda os briquetes antes de iniciada a combustão e à direita os briquetes durante a

combustão.

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34

4.6.1 Caracterização da combustão

Nesta etapa foi analisado o tempo (em minutos) necessário para combustão, a perda

de massa do material (em g/minuto) e a temperatura. As variáveis de estudo na combustão

foram analisadas através de gráficos de perda de massa pelo tempo, temperatura pelo

tempo e temperatura pela perda de massa dos ensaios e a taxa de perda de massa pelo

tempo foi calculada para cada tipo de briquete.

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos na caracterização das amostras do material in natura e dos

briquetes foram submetidos à análise estatística pelo software Assistat 7.7, contendo

médias e desvios padrão. Foi realizada a análise de variância (ANOVA), a fim de verificar

se existiu diferença estatística entre as médias dos tratamentos analisados entre os

diferentes materiais e entre os tipos de briquetes produzidos, bem como entre as taxas de

perda de massa calculadas para o ensaio de combustão. Para os dados em que a média

diferiu estatisticamente, ou seja, os dados em que o valor de F foi significativo (α=0,05)

aplicou-se o teste de média de Tukey a 5% de significância.

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35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 GRANULOMETRIA DOS RESÍDUOS COLETADOS

As figuras 5.1, 5.2 e 5.3 apresentam as distribuições granulométricas dos resíduos

coletados.

Figura 5.1 – Distribuição granulométrica da primeira amostra de feijão.

Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da segunda amostra de feijão.

Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da amostra de café.

77%

15% 6% 2%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo

89%

9% 2% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo

6%

92%

2% 0% 0%

20%

40%

60%

80%

100%

6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo

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36

Na distribuição granulométrica dos materiais coletados, pode-se observar que a

maior parte das duas amostras de resíduo de feijão ficaram retidas na malha de 6,35mm, o

que se deve ao fato do resíduo ser constituído basicamente por folhas secas de feijão e

cascas do mesmo. Enquanto que o café coletado é, em sua maioria, composto por grãos de

café impróprios para consumo, ficando a maior parte retida na malha de 2,38mm. Apesar

de em análise visual as amostras apresentarem-se heterogêneas a granulometria analisada

foi bem semelhante para as duas amostras de feijão.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

A Tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos a partir da caracterização das amostras

brutas do material coletado.

Tabela 5.1 – Média dos resultados obtidos a partir do material bruto

Amostras TU MV CZ CF PCS PCI PCU DAp DEn

% % % % MJ/kg MJ/kg MJ/kg kg/m³ MJ/m³

Feijão 1 19,27a

(0,10)

66,99c

(0,20)

18,50a

(0,27)

14,51c

(0,16)

15,49b

(0,08)

14,13b

(0,08)

10,92b

(0,05)

66,98b

(1,51)

731,38b

(3,27)

Feijão 2 18,46b

(0,18)

68,52b

(0,45)

15,59b

(0,38)

15,89b

(0,70)

16,00b

(0,08)

14,64b

(0,08)

11,47

(0,04)

70,78b

(0,86)

811,53b

(2,64)

Café 12,91c

(0,23)

77,34a

(0,16)

4,95c

(0,04)

17,71a

(0,16)

20,02a

(0,27)

18,67a

(0,27)

15,92

(0,29)

371,59a

(7,82)

5917,32a

(106,45)

Em que: TU = teor de umidade; MV = teor de materiais voláteis; CZ = teor de cinzas; CF =

carbono fixo; PCS = poder calorífico superior; PCI = poder calorífico inferior; PCU, poder

calorífico útil; DAp = densidade aparente; DEn = densidade energética.

Os valores entre parênteses são referentes ao desvio padrão. Valores assinalados com letras

diferentes para as médias foram verificados pela análise de variância.

O teor de umidade médio da primeira amostra de resíduo de feijão foi de 19,27%,

enquanto o da segunda foi de 18,46% e os resultados apresentaram diferença estatística

significativa entre eles, assim como entre o café, que obteve teor de umidade médio

consideravelmente inferior, de 12,91%. Araujo et al. (2010) encontraram para o resíduo de

feijão teor de umidade médio de 16,49%, inferior aos encontrados pelo estudo. Durante o

processamento primário do café, as bagas são sujeitas a secagem, de modo a obter um teor

de umidade próximo ou inferior a 12% em massa antes do processo de remoção da casca,

onde os grãos de café são separados das cascas (RABAÇAL, 2010), o que pode explicar o

teor de umidade inferior do café em relação ao feijão no estudo.

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Conforme esperado, a densidade aparente do granel do café (371,59 kg/m³) foi

muito superior à dos dois tipos de resíduo de feijão (66,98 e 70,78 kg/m³), tendo em vista

que, em um mesmo volume de grãos de café cabe menos resíduo de feijão, já que o resíduo

utilizado no estudo apresentava elevado teor de impurezas como terra e pedaços de

plástico, corroborando com os dados encontrados na distribuição granulométrica.

Nas análises imediatas observam-se valores próximos relativos aos teores de

materiais voláteis nas diferentes amostras de resíduo de feijão (66,99% e 68,52%,

sequencialmente), enquanto o café apresenta um valor um pouco mais elevado, de 77,34%,

entretanto todos foram diferentes entre si estatisticamente. De acordo com Paula (2010), os

resultados de materiais voláteis, tanto para o resíduo de feijão quanto para o resíduo de

café apresentam valores superiores. Em seu estudo os resíduos de feijão apresentaram

77,53% de materiais voláteis e os resíduos de café 80,39%, levando em conta na análise o

caule e vagem do feijão e o caule e pergaminho do café, possivelmente causando as

diferenças encontradas entre os valores com os resultados obtidos, de forma que o material

com menor granulometria parece possuir menos teor de materiais voláteis.

Para o teor de cinzas, os resultados para as amostras de resíduo de feijão

apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si e entre o teor de cinzas do

café, que apresentou valor bem inferior em relação aos encontrados para o resíduo de

feijão (4,95% em relação aos de 18,50% e 15,59% para as análises com feijão). O café

para essa propriedade apresentou resultado próximo ao encontrado por Ramos et al. (2009)

de 4,33%. O autor, assim como neste estudo, também utilizou grãos de café defeituosos em

seu estudo.

Apesar do baixo valor encontrado para o teor de cinzas do café em comparação ao

dos resíduos de feijão, seu alto teor de voláteis equilibra essa diferença fazendo com o que

o carbono fixo do café (17,71%) seja maior que os valores de feijão 1 (14,51%) e feijão 2

(15,89%).

O poder calorífico superior (PCS) do café apresenta um valor superior (20,02

MJ/kg) quando comparado aos valores dos resíduos de feijão (15,49 MJ/kg e 16,00

MJ/kg), provavelmente pelo café possuir uma quantidade significativa de óleo em sua

composição, variando de 10 a 13% no café verde (FONSECA, 1971).

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Paula (2010) encontrou para os resíduos de caule do feijão PCS de 18,79 MJ/kg e

para resíduos da vagem do mesmo 17,66 MJ/kg, superiores ao encontrado no estudo. A

mesma autora encontrou para os resíduos de caule do café PCS de 19,02 MJ/kg e para os

resíduos do pergaminho 18,59 MJ/kg, inferiores ao encontrado no estudo para o café. Para

o feijão, os resíduos provenientes do caule e vagem parecem mais interessantes do ponto

de vista energético em relação ao material coletado neste estudo, que apresentava uma

série de resíduos como folhas secas e cascas, enquanto que os grãos de café forneceram

resultado melhor de poder calorífico no estudo quando comparados ao caule e pergaminho

relatados por Paula (2010).

Quirino et al. (2005) relata o valor de PCS para a palha de milho de 14,94 MJ/kg e

para a casca de arroz de 15,62 MJ/kg. Jenkins (1990) encontrou para o bagaço de cana

PCS de 17,33 MJ/kg. Coelho e Costa (2007) relatam valores de PCS de 15,09 MJ/kg para

casca de arroz, González et al. (2006) de 16,00 MJ/kg para sorgo e Protásio et al. (2011) de

19,28 MJ/kg para os resíduos do processamento do café. Zerbinatti (2012) encontrou

valores de 16,77 MJ/kg e 16,25 MJ/kg para o PCS e PCI, respectivamente, para amostras

compostas somente por palha de café e Seye et al. (2013) PCS de 17,33 MJ/kg. A média

dos valores de PCS citados acima é de 16,54 MJ/kg, comprovando que os resultados

encontrados neste estudo, onde o menor valor é 15,49 MJ/kg para o resíduo de feijão e o

maior valor é 20,02 MJ/kg para o resíduo de café, se aproximam do valor encontrado por

vários outros autores. Entre os diferentes resíduos agroindustriais estudados na literatura

supracitada os grãos de café defeituosos utilizados no estudo parecem superiores

energeticamente, já que o poder calorífico é um excelente parâmetro para se avaliar a

potencialidade energética de combustíveis de biomassa (BRAND, 2010).

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES

A Tabela 5.2 apresenta a média dos resultados obtidos a partir dos briquetes. Cabe

novamente ressaltar que a decisão de misturar os materiais foi dada pela necessidade, pois

o teor de óleo presente no café impede a briquetagem do material puro.

A partir dos resultados de granulometria foi possível observar que os resíduos de

feijão 1 e 2, que a princípio eram heterogêneos, são homogêneos. A partir disso os

briquetes de resíduo de feijão foram fabricados de um mesmo material, não sendo

necessária a distinção entre eles.

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Tabela 5.2 – Média dos resultados obtidos a partir dos briquetes

Briquetes TU PCS PCI PCU DAp DEn

% MJ/kg MJ/kg MJ/kg kg/m³ MJ/m³

Feijão 14,29a

(0,20)

15,74b

(0,36)

14,38b

(0,36)

11,97b

(0,31)

1233,25a

(38,84)

14.756,30b

(380,93)

Feijão+Café 13,98a

(0,16)

17,51a

(0,20)

16,16a

(0,20)

13,54a

(0,87)

1200,99a

(23,41)

16.259,91a

(204,40)

Em que: TU = teor de umidade; PCS = poder calorífico superior; PCI = poder calorífico

inferior; PCU = poder calorífico útil; DAp = densidade aparente; DEn = densidade energética.

Os valores entre parênteses são referentes ao desvio padrão. Valores assinalados com letras

diferentes para as médias foram verificados pela análise de variância.

Para os resultados referentes ao teor de umidade observa-se que o valor

diminuiu nos briquetes em relação ao material in natura (de 18,87% para 14,29%, que é a

média dos teores de umidade dos dois tipos de feijão). O valor obtido para o teor de

umidade dos briquetes da mistura (feijão + café) foi inferior ao teor de umidade encontrado

para os briquetes de resíduo de feijão, mas estatisticamente não significativo, de forma que

os dois tipos de briquete não apresentaram diferença considerável em relação ao teor de

umidade.

Elevado teor de umidade pode dificultar a ignição e reduzir a temperatura, dado

que a vaporização da água é uma reação endotérmica (RABAÇAL, 2010). Desta forma, os

resultados para os teores de umidade dos briquetes em relação ao material in natura são

importantes e representam melhoria dos briquetes em relação ao material não compactado,

já que diminuíram o teor de umidade. Reis et al. (2002) relatam que briquetes com teor de

umidade superior a 15% podem comprometer a eficiência de sua combustão devido a

relação negativa entre poder calorífico e umidade.

Em estudo avaliando a briquetagem de resíduos da cultura de café, Zerbinatti

(2012) observou a tendência de aumento da umidade nos briquetes em tratamentos que

foram compostos por misturas com maior quantidade de palha, o que levou,

provavelmente, a uma diminuição do poder calorífico superior (PCS) e inferior (PCI) tendo

as amostras umidade superior a 15%, quando briquetes com teores de umidade em torno de

12% resultaram em maiores PCS e PCI. Adicionalmente Cortez et al. (2008) comentam

que o valor quantitativo do poder calorífico pode variar muito de acordo com o teor de

umidade da biomassa, portanto a diferença é a energia requerida para evaporar a umidade

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presente no combustível e a água de formação obtida a partir da oxidação do hidrogênio do

combustível.

Em relação à densidade aparente os valores encontrados para os resíduos de feijão e

para a mistura não apresentaram diferença estatística. A densidade aparente do briquete de

resíduos de feijão – obtidos a partir da vagem e da folha – do estudo foi superior ao do

briquete, também de resíduo de feijão – porém do caule e da vagem -, de Paula (2010). O

valor encontrado no estudo foi de 1.233 kg/m³ e o encontrado pela autora de 916 kg/m³.

A compactação do material proporcionou a elevação de 11,2% da densidade

aparente em dos briquetes em relação ao material bruto e consequentemente a densidade

energética para os briquetes foi superior, elevando a qualidade energética do material.

O poder calorífico superior (PCS) para o briquete de resíduos de feijão não foi

alterado pelo processo de briquetagem, porém os briquetes produzidos com a mistura de

resíduos de feijão e café se apresentaram superior, com significativa diferença estatística,

valor de PCS, PCI e densidade energética, elucidando a influência positiva e considerável

do material oleoso presente no café.

Morais et al. (2006) encontraram PCS de 17,73 MJ/kg para briquetes produzidos

com casca de arroz, valor superior ao encontrado para os resíduos de feijão e ligeiramente

superior ao encontrado para a mistura de resíduo de feijão e café no estudo. Os valores de

PCS no estudo também não se apresentaram muito inferiores aos encontrados para

briquetes produzidos de Eucalytpus sp no estudo de Quirino et al. (2012), de 18,95 MJ/kg.

Chrisostomo (2011) encontrou para briquetes produzidos com bagaço de cana PCS

de 17,38 MJ/kg, valor ligeiramente superior ao estudo para a mistura de resíduos de café e

de feijão. O autor encontrou ainda valores de PCS para briquetes com serragem de

eucalipto 18,63 MJ/kg e para os briquetes de serragem de pinus 19,64 MJ/kg.

Com relação ao PCU, que leva em consideração a umidade presente nos briquetes de

resíduo de feijão e de feijão com café, pode-se observar uma melhoria nos valores quando

adicionado café, evidenciando que o incremento deste material ao feijão melhora as suas

propriedades energéticas.

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41

5.4 ENSAIO DE COMBUSTÃO

Os ensaios de combustão utilizando os briquetes fabricados de resíduo de feijão

tiveram tempo médio de duração de 38 minutos, enquanto os ensaios que utilizaram os

briquetes fabricados de resíduo de feijão e café tiveram duração de 28 minutos.

As taxas médias de perda de massa para os ensaios de combustão com os briquetes

de resíduos de feijão e de resíduos de feijão com café são apresentadas na Tabela 5.3. Elas

foram geradas a partir da observação dos valores de minuto em minuto.

Tabela 5.3 – Taxa de perda de massa média nos ensaios de combustão.

Briquetes Repetição Taxa de perda de massa (g/minuto)

Feijão

1 1,78 1,84b

2 2,43

3 1,33

Feijão + café

1 2,29

2,41a 2 2,17

3 2,79

Valores assinalados com letras diferentes para as médias foram verificados pela análise de

variância.

Analisando os dados observa-se que a taxa de perda de massa dos briquetes de

feijão foram menores em relação ao briquete de feijão+café, isso ocorreu devido ao

incremento do café, já que ele possui um elevado teor de materiais voláteis.

Na Figura 5.4 é possível observar o comportamento de cada repetição no ensaio de

combustão para cada tipo de briquete em relação à perda de massa ao longo do tempo de

ensaio.

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Figura 5.4–Perda de massa pelo tempo nos ensaios de combustão.

Analisando a relação gráfica ilustrada na Figura 5.4 é possível observar que alguns

ensaios tiveram uma duração maior de tempo em relação a outros, como a terceira

repetição do briquete de resíduos de feijão em relação aos demais, ou seja, demoraram

mais tempo para diminuir a massa do briquete até que ela fosse semelhante ao teor de

cinzas e desta forma o briquete fosse considerado totalmente queimado.

Analisando a Figura 5.4 também é possível observar que para os briquetes de

resíduo de feijão os picos de perda de massa aconteceram, em média, aos 8 minutos de

ensaio, enquanto que para o briquete produzido com adição de café os picos se deram em

média aos 7 minutos de ensaio. Em experimento realizado por Paula (2010) utilizando

vários resíduos agroindustriais divididos em 2 grupos, observou que para o grupo 1

(serragem, carvão, caule de café, palha de milho, caule de feijão, sabugo, caule de milho.),

os picos de perda de massa estavam em torno de 10 minutos, com exceção da serragem (19

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minutos) e do carvão (sem pico definido). Para o grupo 2 (vagem de feijão, folha de milho,

arroz, bagaço de cana, maravalha, pergaminho, palha seca, caule de soja, madeira, vagem

de soja) os picos de perda de massa estavam entre 9 e 16 minutos.

Na Figura 5.5 é feita a relação gráfica entre a temperatura e o tempo de ensaio para

cada tipo de briquete em cada repetição do ensaio.

Figura 5.5 – Temperatura pelo tempo nos ensaios de combustão

Nos ensaios acima os briquetes apresentaram dificuldade para entrar em

combustão, de forma que para todos os ensaios foi necessário adicionar 90 ml de etanol,

inseridos em três momentos distintos nas fases iniciais do processo, exceto para uma das

repetições com o briquete de feijão e café, que precisou de mais 30 ml de etanol,

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44

totalizando 120 ml durante o ensaio. O etanol era colocado sempre que a chama dele se

apagava e o briquete ainda não estava em combustão. Em estudo utilizando briquetes de

carvão vegetal, Quirino e Brito (1991) utilizaram para ignição dos briquetes uma

quantidade de 14ml de álcool, em uma placa de petri colocada logo abaixo da grelha do

combustor. Esta quantidade de álcool foi consumida em aproximadamente um minuto, não

interferindo diretamente na primeira medição aos cinco minutos. Neste estudo, como

relatado anteriormente, a quantidade de etanol adicionada à combustão foi bem superior

para que o material entrasse em combustão, o que parece ter interferido no comportamento

da temperatura e consequentemente em seus registros.

Para a análise da melhor composição para o briquete é preciso, comparando-os,

destacar o que fornece as mais altas temperaturas durante o maior tempo e consumindo a

menor quantidade de massa possível. No estudo, foi possível verificar que os briquetes

produzidos apenas com resíduos de feijão obtiveram uma taxa de perda de massa inferior

aos briquetes produzidos com resíduos de feijão com adição de café, entretanto, não foi

possível estimar qual briquete forneceu as maiores temperaturas em maior tempo de

ensaio, não sendo possível aferir de maneira consistente qual tipo de briquete é

energeticamente superior.

6 CONCLUSÃO

Analisando os resultados obtidos e comparando-os com os disponíveis na literatura

os resíduos de feijão e os grãos de café apresentaram características favoráveis a sua

aplicação como biomassa para energia.

O café apresentou teor de umidade inferior ao dos resíduos de feijão e superior

densidade aparente, resultando em melhor poder calorífico e densidade energética,

resultando na melhor opção para uso energético. Entretanto, se o produto requerido for

compactado, o café não possui granulometria e estrutura física e química coerentes com o

processo, de forma que o incremento de resíduos de feijão ao café torna-se indispensável.

Os briquetes produzidos com resíduos de feijão e de resíduos de feijão com café

apresentaram condições energéticas superiores aos do material in natura, principalmente

em relação a sua densidade energética.

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A possibilidade de compactação dos resíduos estudados mostra-se como uma opção

para o incremento das propriedades energéticas do material, viabilizando o seu uso como

uma alternativa em relação à energia fóssil. Outra possibilidade seria o a mistura entre

madeira e resíduo para a compactação, o que ajudaria a diminuir o teor de cinzas dos

resíduos.

Em relação ao ensaio de combustão a temperatura oscilou muito, acarretando em

dificuldades para analisar seu comportamento, provavelmente pela quantidade elevada de

etanol que teve que ser adicionado para a ignição do processo para o material estudado. Os

briquetes produzidos com resíduos de feijão apresentaram menor taxa de perda de massa

em relação aos produzidos com adição de café, mas não foi possível aferir de forma

consistente que suas temperaturas também se mantiveram maiores, não sendo possível

concluir que obtiveram melhores resultados em relação à combustão. Recomenda-se em

trabalhos futuros que novos ensaios de combustão sejam realizados com briquetes

produzidos com os materiais ensaiados neste estudo.

Conclui-se que os resultados deste trabalho mostram um caminho a seguir na

procura de soluções técnicas ambientalmente corretas para o aproveitamento energético

dos resíduos agroindustriais, visando a minimização destes e consequente preservação do

meio ambiente, principalmente para o Brasil que possui grande volume de resíduos

agroindustriais e baixo índice de aproveitamento.

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