análise de sistemas - 1º módulo - si
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Ano Lectivo 2008/2009
Sistemas de Informação Informática de Gestão
2º Ano
1º Módulo – Análise de Sistemas
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Caracterização dos objectos organizacionais
Um objecto organizacional representa um determinado aspecto de interesse da
realidade organizacional. Os objectos organizacionais identificados no seu todo - transmitem a
ideia do que se entende por uma organização.
O trabalho organizacional não é mais do que um exercício para fazer ou conseguir
alguma coisa, podendo ser levado a cabo por pessoas ou por máquinas. O trabalho geralmente
é expresso a nível de processos ou actividades das quais se obtém um resultado, podendo este
ser um produto ou um serviço.
A intenção orienta e justifica a existência de trabalho da organização e representa uma
situação desejada que se procura dar resposta a situações reais do meio ambiente. A intenção é
geralmente expressa a nível de objectivos que a organização tenta alcançar e que são
consubstanciados através de uma estratégia.
Os agentes são quem realiza o trabalho organizacional. Eles, de acordo com a
perspectiva sócio-técnica da organização, ao participarem nas diferentes actividades
organizacionais, podem alterar a forma como foi desenhada a execução da actividade, conforme
os seus interesses, opiniões e motivações. O homem não é visto aqui como um simples braço da
organização, mas alguém que sente, pensa e que participa na organização. Os agentes, através
da sua participação e compreensão da situação organizacional, oferecem uma perspectiva
pessoal e informal de como executam e vêem o trabalho. Os agentes são importantes fontes de
conhecimento, tão necessário como as organizações.
Os recursos são tudo aquilo que a organização usa na realização do trabalho. Os
recursos englobam a matéria-prima, a tecnologia, o espaço de trabalho e os meios económicos e
humanos.
A matéria-prima representa o ou os objectos sujeitos à acção do trabalho. Conforme a
organização, podem identificar-se diferentes tipos de matéria-prima, podendo estes ser material,
energia ou informação. Para o primeiro caso, por exemplo, uma empresa de calçado, as peles
são matéria-prima pois há trabalho durante a produção que transforma a pele em sapato, mas na
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mesma empresa, a nota de encomenda de um cliente também é matéria apesar de ser do tipo
de informação. Numa central hídrica é a energia hidráulica a matéria-prima que é sujeita à
transformação para a produção de energia eléctrica.
Relativamente aos outros recursos identificados, a tecnologia inclui hardware e software
e todos os outros equipamentos necessários à execução do trabalho. O espaço de trabalho
refere-se aos elementos patrimoniais que são usados mas não são consumidos pelo trabalho.
Os recursos económicos representam:
1. Fontes de financiamento necessárias à concretização de um determinado
trabalho;
2. Os custos e os benefícios gerados pela sua implementação.
Os recursos humanos são entendidos como mão-de-obra, que é usada para levar a
cabo as actividades de trabalho. São, como qualquer outro recurso, um bem, necessário e
escasso, o que obriga a que seja convenientemente gerido.
O meio ambiente afecta a organização, tendo esta de se adaptar. O meio ambiente
explica e estabelece o funcionamento da organização e a sua permanente mudança gera
múltiplas oportunidades e ameaças a que as organizações têm de dar resposta se quiser
sobreviver.
O meio ambiente encontra-se geralmente subdividido em dois níveis: o meio envolvente
contextual, comum a todas as organizações, e o meio envolvente transaccional, específico de
cada área de negócio. O meio envolvente contextual condiciona a actividade da organização a
longo prazo, enquanto que o transaccional é constituído pelos elementos que interagem
directamente com a organização.
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Ilustração 1 - O ambiente contextual
As organizações e a necessidade de informação
A necessidade de possuir vantagem competitiva, a necessidade de inovação e a
convicção da sobrevivência das organizações associada à posse de conhecimento, justifica a
banalização da utilização do termo conhecimento nas organizações.
A necessidade de comunicar o conhecimento pessoal num contexto social e, em
particular, nas organizações, arrasta os termos de conhecimento e informação, os quais muitas
vezes são usados indiferentemente, apesar de não ser correcto dizer que eles são sinónimos, e
justifica a necessidade de se considerar o objecto agentes, quando se pensa na organização.
Informação e conhecimento
Expressões como “conhecimento é informação acumulada” exemplificam o modo como
estes conceitos são usados de forma indiferente. A fim de evitar tal confusão, é feita nesta
secção uma revisão mais profunda, com o objectivo de distinguir de uma forma mais clara estes
conceitos. Apesar de não se querer criar uma nova definição de informação, pretende-se adoptar
Organização
Fornecedores Clientes
Concorrentes
Accionistas Sindicatos
Governo Associações comerciais
Associações industriais
Tendências sociais
Não clientes
Organismos de investigação
Universidades
Mercados financeiros
Politica nacional
Politica internacional
Ambiente contextual
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uma posição que seja apropriada no contexto da organização e, em particular, dos sistemas de
informação (SI).
À informação, são também vulgarmente atribuídas as características de propósito, de
significado, de comunicação, de informar, de recurso e de sentido sintáctico.
CARACTERÍSTICA EXTRACTO DA DEFINIÇÃO
Propósito
“informação são dados dotados de importância
e objectivo”
“…informação não existe num vácuo..”
Significado
“informação… tem significado para o
receptor…”
“Informação são dados que foram organizados
em padrões com significado”
“informação…. tem significado”
Comunicação
“informação… tem significado para o receptor”
“informação é o incremento de conhecimento
originado por uma recepção numa
transferência de mensagem”
Informar “…além de informar o receptor…”
“informação… tem de informar…”
Recurso “…gerir a sua informação como um recurso
colectivo…”
Sentido sintáctico “…na nova economia a informação torna-se
digital reduzida a bits…”
Tabela 1 – Síntese de extractos de definições de informação Tome-se, por exemplo, um texto que não é compreendido por todos, portanto, que não
informa todas as pessoas. Isto faz que, para essas pessoas seja considerado irrelevante e sem
propósito, e por isso não reduz a incerteza das mesmas, não podendo ser usado para nada,
porque não comunica nada, não sendo também utilizável como recurso. Desta forma, as
propriedades de informar, de comunicar, de reduzir a incerteza e de recurso são apenas
objectivos da informação e não atributos inerentes à mesma.
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Mas se o mesmo texto, for compreendido por alguém, quando tem contexto e
significado, podendo enriquecer o conhecimento de alguma forma. Neste caso, o texto já é
considerado informação. Por exemplo, quando o leitor de um livro sobre o eclipse do sol não
percebe o que leu, não criou novo conhecimento. O que está escrito não pode ser considerado
informação para esse leitor. Podendo sê-lo, no entanto, para outro, quando o que está escrito
tem contexto e significado para essa pessoa.
Daqui se pode concluir que informação e conhecimento não são a mesma coisa, pois o
conhecimento obtêm-se pela transformação da informação. No entanto, assume-se que o
conhecimento é possuído e criado pelo indivíduo, podendo ser partilhado na organização através
do que se designa por informação.
A informação é uma forma de representar o conhecimento e que pode ser partilhada e
comunicada no seio de uma organização. Mas as capacidades mentais dos indivíduos que
constituem a organização não podem ser transferidas para os outros, e consequentemente para
a organização, e assim se tornarem “públicas”, mantendo-se sempre como propriedade do
indivíduo. Elas são utilizadas pela organização enquanto o indivíduo pertencer à mesma.
Vulgarmente, usa-se a designação de conhecimento organizacional para todo o conhecimento
que existe na organização e que permite que esta funcione com eficácia.
Assim, num contexto organizacional, poder-se-á dizer que a informação:
Tem contexto; Tem significado semântico; É enviada e recebida por uma pessoa, um grupo, uma organização ou uma máquina; É transmitida através de um suporte, podendo ser um livro, uma revista, um computador, o telefone, o ar..;
É uma entrada para a criação do conhecimento; É uma forma de representar conhecimento;
E o conhecimento:
É criado pelo indivíduo;
É adquirido através de um processo de aprendizagem;
Permite que se tomem acções;
Integra a informação, experiências e o processo mental próprio do indivíduo.
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Como a organização usa a informação
Poder-se-á dizer que, na organização, as pessoas necessitam de informação para
poderem levar a cabo o seu trabalho. Qualquer actividade humana necessita de uma
determinada quantidade de informação que é condicionada pelas características dessa
actividade.
A necessidade de informação varia com a complexidade das actividades e com as
características da organização; uma organização que comercialize um único tipo de produtos e
que recorra a um único tipo de trabalhadores requer tipos e quantidades de informação
diferentes de outras organizações mais complexas.
Associado ao conceito de quantidade de informação surge a expressão utilidade ou valor
da informação que é determinada pela natureza da actividade a que se refere. A informação só
tem utilidade se, quando utilizada, permitir reduzir a incerteza.
Normalmente, associa-se a necessidade de informação às necessidades cognitivas do
indivíduo, pois a procura de informação de que este necessita deve-se à existência de lacunas
no seu conhecimento. É neste processo de procura de informação que o indivíduo selecciona, de
entre toda a informação disponível, aquela que lhe é útil e vais ser utilizada. A utilização de
informação permite responder a questões, compreender situações, tomar decisões e resolver
problemas.
Perspectivando a necessidade de informação ao nível da organização, esta pode ser
usada para atingir três objectivos:
1. Compreender o ambiente;
2. Criar novo conhecimento;
3. Tomar decisões;
Compreender o ambiente visa tomar consciência de mudanças ocorridas que criam
descontinuidade nas actividades das organizações, identificando um conjunto de oportunidades
e ameaças com as quais a organização tem de trabalhar.
Criar um novo conhecimento pode resultar de facto dos problemas identificados serem
complexos, de se detectarem lacunas no conhecimento existente que não resolvem esses
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problemas, resultando assim a criação de novo conhecimento numa inovação ou expansão de
capacidades da organização.
Tomar decisões decorre de um processo racional que envolve a identificação a
avaliação de alternativas e respectivas soluções, de acordo com as preferências e os objectivos
definidos.
Entradas Saídas
Ilustração 2 – Relações na organização
Administração
Contabilidade I&d Stocks
Empregados
Vendas Armazém
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A necessidade de informação
A necessidade de informação surge como forma de cumprir objectivos, realizar acções…
A informação tem de possuir um conjunto de características que garantam a sua qualidade.
• PRECISA (correcta e verdadeira);
• CONCISA (de fácil manipulação);
• SIMPLES (de fácil compreensão);
• OPORTUNA (existe no momento e local correcto).
No entanto nem toda a informação tem a mesma importância, logo terá que haver
necessidade de estabelecer prioridades, ordenando a informação para diferentes canais de
tratamento.
Fluxo de Informação numa empresa
Fluxo formal (são dados que ficam registados ex: reuniões através das actas)
Fluxo informal (são os que não ficam registados)
Níveis de Responsabilidade
• Estratégico (planeamento a longo prazo da informação);
• Táctico (supervisão e planeamento de actividades a curto prazo);
• Operacional (supervisiona as actividades do dia a dia).
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Conceito de informação
É uma entidade bem tangível ou intangível, redutora de incertezas em relação a um
determinado estado ou acontecimento. É qualquer porção de conhecimento que possa ser
racionalmente utilizado na tomada de decisão por quem tem a autoridade e responsabilidade de
decisão. São dados processados de forma a terem significado para o utilizador.
Conceito de Sistema
Sistema É um conjunto de componentes que se interligam para alcançar um objectivo pré-
determinado. Agrupado em várias partes que se interligam para atingir um objectivo comum,
como por exemplo uma empresa, o corpo humano, etc….
Uma empresa é um sistema com objectivos e metas determinadas. As suas partes têm
componentes (marketing, vendas, contabilidade, pessoal), todas estas partes trabalham juntas
para criar lucros que beneficiem os empregados e gestores da empresa.
Todo e qualquer sistema possuí um conjunto de características que o identificam. O
conhecimento destas características permite a análise, o desenho e controlo de um sistema.
Pela sua importância distinguem-se 5 características de um Sistema:
• Objectivo
• Componentes
• Estrutura
• Comportamento
• Ciclo de Vida
Objectivo
É a proposta que justifica o sistema, é o motivo para a sua existência (ex: lucro, acção
social).
Componentes
Parte do sistema que funciona em conjunto para alcançar os resultados pretendidos.
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Estrutura
Relação entre os diferentes componentes de um Sistema.
Comportamento
É a forma do Sistema reagir ao meio ambiente que o rodeia.
Ciclo de Vida
Ocorre em qualquer sistema e inclui fenómenos de evolução, desgaste, desadequação,
envelhecimento, substituição e morte do sistema.
Uma empresa vista como um Sistema
Neste caso, as suas características são:
Objectivo
Conforme o nível de responsabilidade é possível definir objectivos estratégicos, tácticos
e operacionais. Para o alcance desses objectivos é necessária uma determinada quantidade de
informação.
Componentes
As organizações envolvem um conjunto de pessoas. Os departamentos contribuem para
a organização, e cada um destes exige informação a diferentes níveis de responsabilidade.
Estrutura
Numa organização a estrutura é definida pela forma como a autoridade e a
responsabilidade são distribuídos pelas pessoas.
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Comportamento
É determinado pelos procedimentos da organização, os procedimentos constituem um
património de uma organização.
Ciclo Vital
A organização passa por vários estados ao longo da sua vida útil.
Numa organização (empresa) existe um componente que suporta o fluxo de informação
entre o sistema quer internamente, quer exteriormente.
Esse componente é o Sistema de Informação.
Sistema de Informação
Introdução
Falar em sistemas de informação encaminha-nos imediatamente a pensar em
organizações e informação. Vários autores debruçaram-se já sobre a relação destes três
conceitos: sistema, informação e sistema de informação, mostrando que entre eles há uma forte
interligação.
Poder-se-á dizer que não há organização sem informação, nem sistema de informação
sem informação e, consequentemente, não há organização sem sistemas de informação.
Partilhando a ideia de que a organização executa trabalho para atingir um propósito
comum levado a cabo por diversas pessoas, e que a entrada do trabalho pode ser matéria,
energia ou informação, poder-se-á dizer que o sistema de informação engloba as actividades
organizacionais que lidam com informação e que se podem enumerar como: adquirir, armazenar,
recuperar, manipular, transmitir e utilizar informação.
Partindo destes conceitos e posicionando o sistema de informação na organização,
deixam-se de lado todas as actividades que lidam directamente com energia ou matéria.
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Portanto, pode-se dizer que o sistema de informação permite:
1. A disponibilização da informação;
2. A garantia de que sejam levadas a cabo as actividades organizacionais que manipulam
a informação;
O termo sistema de informação pode-se referir, ou não, a um sistema que recorre às
tecnologias de informação (TI), apesar de se reconhecer que, cada vez mais, as organizações
integram computadores no seu SI. Para se identificar o SI que recorre obrigatoriamente às TI,
utiliza-se o termo sistema de informação baseado em computadores (SIBC), que é um sub-
conjunto do SI da organização.
Ilustração 3 – Posicionamento do SI e do SIBC na organização.
Conceito
É o meio através do qual os dados fluem de uma pessoa ou departamentos para outra,
pode englobar desde correspondência até ao sistema de computador. Os sistemas de
informação servem todos os sistemas de uma empresa, ligando diferentes componentes para
que estes possam trabalhar eficientemente para um objectivo comum.
Os sistemas de informação são como qualquer outro sistema dentro duma empresa, na
medida em que têm objectivos próprios e se relacionam com os outros componentes da
empresa.
Do ponto de vista técnico, um sistema de informação é qualquer sistema
computadorizado com um interface para o utilizador ou operador, em que o computador não
esteja fisicamente embutido, isto é, o computador é perceptível aos olhos do utilizador/operador.
SI
SIBC
Organização
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Do ponto de vista social, é um sistema que recolhe, processa, armazena e distribui
informação relevante para a organização de modo que a informação seja acessível e útil para
aqueles que dela necessitam incluindo gestores, funcionários, clientes. Os sistemas permitem
suportar a tomada de decisão e controlo numa organização.
Tendo presente as várias definições, considera-se que um sistema de informação:
• Inclui o trabalho da organização, do tipo informacional;
• Visa ajudar a atingir, no seu sentido mais alargado, os objectivos da organização,
através da recolha, armazenamento, processamento e distribuição de informação;
• Lida com representações simbólicas da organização, ou seja, neste caso particular, com
informação.
Exemplos de S.I. Sistemas de informação de contabilidade;
Sistemas de controlo de existências;
Sistemas de apoio à navegação;
Sistemas de apoio a vendas.
Os SI e a mudança organizacional
Aos SI é vulgarmente atribuído um papel crucial de mudança. Embora Davenport afirme
que as TI foram eleitas como sendo o instrumento mais poderoso para mudar as organizações, o
sucesso da mudança organizacional, não passa só pelas TI, mas essencialmente pela mudança
dos SI, sendo estes necessários e críticos. As TI são um agente de mudança organizacional
mas, no entanto, por si só, não provocam mudanças significativas para a organização, pelo que
é necessária a sua integração com os SI.
Os SI assumem dois tipos de papel na mudança: conduzem e permitem.
Conduzem a mudança, uma vez que proporcionam uma situação que causa a mudança na
organização, e permitem a mudança, pois apresentam-se como o meio de proporcionar a
mudança desejada, ou seja, são o meio que permite que a mudança se efective.
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O papel importante que hoje os SI assumem na mudança organizacional, deve-se não
só à possibilidade de introduzir novos métodos de trabalho, bem como à possibilidade de utilizar
novas plataformas que permitem os novos SIBC sejam desenvolvidos.
A vantagem conferida pelo SI na mudança surge de um balanço entre factores internos e
externos e entre o domínio da organização e das TI. Os SI assumem um papel importante,
acrescentando valor à mudança, uma vez que oferecem várias opções para reorganizar o
trabalho da organização.
O facto dos SI permitirem acrescentar o valor às organizações justifica o papel crucial
que as actividades de intervenção de SI têm para as organizações.
Objectivo dos SI
Os sistemas de informação permitem orientar a tomada de decisão nos três níveis de
responsabilidade descritos: operacional, táctico e estratégico.
Além das qualidades necessárias (precisa, concisa, simples e oportuna) a informação
tem de ser obtida mediante um custo razoável. Além disso o SI deve assegurar a segurança e
futura disponibilidade da informação.
Componentes dos SI
• Os Dados constituem a entrada do sistema e são compostos pelas ocorrências e
movimentações detectadas no sistema.
• O Sistema de Processamento de Dados (SPD) ocupa-se da transformação dos dados
em informação útil para o sistema. Os SPD baseiam-se em procedimentos, que podem
ser manuais (realizados pelas pessoas) ou automáticos (usando máquinas -
computadores)
• Os Canais de Comunicação constituem os meios pelos quais se transmite informação
entre os componentes do sistema e inclusivamente para o exterior.
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OBJECTOS DA INFORMAÇÃO
A necessidade de informação é um factor de sobrevivência para as empresas, mas deve
ser fornecida de forma adequada para ser útil. Os objectos da informação servem como
referência para a acção do SI. Existem dois tipos de objectos de informação:
• Entidades (pessoas, coisas, lugares);
• Acontecimentos ou Eventos (algo que ocorre num dado instante)
O conjunto de acontecimentos - eventos que ocorre numa troca comercial é designado por
transacção.
Os Entidades e Eventos podem ser reconhecidos, referidos e descritos em termos dos
seus Atributos que são factos caracterizadores dos objectos de informação.
Tipos de Atributos
Os tipos de atributos são:
• Identificadores: úteis na distinção de objectos;
• Descritores: fazem descrição física dos objectos;
• Localizadores: localizam o espaço físico dos objectos;
• Temporais: quando ocorre um evento (tempo);
• Relacionais: permitem relacionar eventos e entidades;
• Classificadores: factos que determinam o modo de relacionamento entre os objectos de
informação;
• Condicionais: factos que identificam o objecto de informação;
Os atributos são usados de forma combinada para descrever, de forma completa os
objectos de informação, quantos mais atributos, mais completa é a descrição do objecto de
informação.
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A necessidade de guardar a informação tanto humana como das empresas, é por
demais evidente. A acumulação de informação é uma das riquezas que as organizações
possuem, mas só é utilizável desde que seja possível a sua posterior recuperação.
O facto de tirar conclusões e tomar decisões requer normalmente o acesso a factos e
ideias passadas. Estes factos e ideias são mais confiáveis se forem registadas e com eles
guardadas as referências aos objectos de informação. Sendo assim o registo de factos e ideias
sobre eventos e entidades é um aspecto importante do processamento de dados.
Vários problemas devem ser analisados quando se pretende guardar dados.
• Captação dos dados (onde, como e quando);
• Como os ordenar;
• Que atributos considerar;
• Que segurança deve o sistema possuir;
• Quem e como deve recuperar os dados;
• Que tecnologia usar (hardware, software);
Formas de Registo
É essencial que os registos do mesmo tipo de informação sejam consistentes entre si
(em contexto e em formato).
Existem diversos suportes para registo de informação: Microfilme, papel, magnético e
óptico.
Qualquer que seja o suporte utilizado, devem ser especificados os procedimentos
necessários para o tratamento de registos, que incluem:
• Recolha;
• Obtenção;
• Armazenamento;
• Recuperação;
• Processamento;
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Quando se faz o armazenamento dos dados tem de ser definida a forma como os dados
vão ser recuperados e identificados. O conceito de chave é um auxiliar poderoso para resolver
este problema.
Igualmente os métodos de acesso definem que funcionalidade possui o sistema para
garantir mais do que uma chave.
• Acesso Sequencial – só é possível uma sequência que temos de percorrer, qualquer
que seja o elemento desejado;
• Acesso Directo – o elemento desejado é referenciado directamente, sendo recuperado
sem necessidade de mais processamento.
Um Sistema existe com o propósito de alcançar os objectivos a que se propõe, no
sentido de alcançar esses objectivos o sistema interage com o ambiente envolvente, os sistemas
que interagindo com o meio envolvente recebem e produzem dados são designados por
sistemas abertos. Um sistema que não interaja com o exterior é designado por sistema
fechado.
É possível desenvolver dois tipos de Sistema de Informação numa empresa:
� Sistemas de Processamento de Transacções
o Suportam e melhoram as actividades diárias de um negócio;
o Dão ênfase no processamento automático de dados;
o Dão grande atenção à eficiência, velocidade e à precisão no processamento de
grandes volumes de dados.
� Sistemas de Decisão para Gestão
o Suportam a tomada de decisões pelos gestores responsáveis;
o São sistemas altamente estruturados;
o Dão ênfase à informação auxiliar e não em como tomar decisões ou resolver
problemas.
Verifica-se que numa empresa os seus objectivos são alcançados através do tratamento
de informação, proveniente dos seus objectos de informação. Estes por sua vez possuem um
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comportamento ditado por procedimentos, sendo estes manuais e automáticos. O conjunto de
procedimentos manuais e automáticos constituem o Sistema de Informação.
Mas como determinar o SI?
A preocupação que constitui o objectivo de análise de sistemas.
O Analista de Sistemas terá de ter:
• A habilidade para examinar os requisitos de um indivíduo de forma a determinar da
necessidade ou não do uso de computador;
• O entendimento onde, numa organização, devem ser usados procedimentos manuais ou
automáticos;
• O conhecimento para selecção dos melhores métodos de entrada de dados,
armazenamento, recuperação e processamento de saída de dados;
• Uma visão actual da oferta do mercado em termos de tecnologia e aplicações em
tecnologias de informação;
• O conhecimento de como se desenvolve software, estratégias de implementação, etc..;
• A capacidade de comunicação.
Desenvolvimento de Sistemas de informação
O desenvolvimento de sistemas de informação (DSI) visa introduzir mudanças num
particular SI de forma a melhorar o seu desempenho. O DSI visa a construção de um SI baseado
em TI, ou simplesmente a adopção de um SI existente no mercado.
O DSI é geralmente composto pelas seguintes fases: estudo de viabilidade, engenharia
de requisitos, desenho, codificação, testes e implantação e manutenção.
O desenvolvimento de Sistemas de Informação possui dois grandes componentes:
• Análise de Sistemas
• Projecto de Sistemas
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A análise de sistemas consiste no processo de recolha e interpretação de factos,
diagnóstico de problemas e levantamento de necessidades de informação para melhoria de
conhecimento do sistema.
O projecto de sistemas consiste no processo de planeamento de um novo sistema de
gestão para substituir ou complementar o existente.
Planeamento de sistemas de informação
O planeamento de sistemas de informação (PSI) visa ajudar a organização a atingir os
seus objectivos através dos seus SI e estabelecer como podem ser suportados pelas TI. Poder-
se-á assim dizer que o PSI liga os planos da organização com o DSI, tentando evitar que os SI,
sejam construídos de uma forma fragmentada.
O PSI visa identificar o conjunto de SI, que tenha impacto e vantagem sob os
concorrentes, e que permite que as organizações realizem os seus planos e atinjam os seus
objectivos. O PSI inclui assim, todas as actividades que permitem identificar oportunidades de
utilização as TI para suportar a estratégia da organização.
É geralmente composto pelos seguintes passos:
(i) Início, compreensão da situação actual e interpretação das necessidades da
organização;
(ii) Definição e actualização da informação e das arquitecturas dos sistemas;
(iii) Determinação da estratégia de SI da organização;
(iv) Formulação da estratégia de TI;
(v) Preparação dos planos de migração.
Tipos de Utilizadores
• Utilizadores Directos
o Operam e mantém o sistema;
o Interagem com o sistema através do uso de equipamento apropriado.
• Utilizadores Indirectos
o Usam a informação produzida pelo sistema;
o Não operam equipamento do sistema.
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• Agentes Decisores
o Supervisionam a aquisição de equipamentos, a introdução de novos
procedimentos;
o Controlam e são responsáveis pela actividade do sistema.
A Análise e Projecto de um Sistema de Informação tem o seu início quando a entidade
responsável pela gestão, pretende melhorar ou optimizar o sistema.
O papel dos SIBC na organização
Os SIBC cobrem cada vez mais a organização, sendo hoje já vistos como um factor de
competitividade e como um meio que permite levar a cabo a mudança organizacional, com a
qual se atingem maiores níveis de efectividade.
A evolução da contribuição dos SIBC para a valorização da organização está
estritamente relacionada com a evolução e utilização das TI. A postura das organizações perante
a utilização das TI:
1. Usadas para automatizar processos na organização;
2. Usadas para suportar a organização em rede, interligando quer as diferentes
pessoas da hierarquia da organização quer, eventualmente, na organização com os
seus fornecedores e clientes;
3. Usadas como um recurso estratégico para melhorar a competitividade, alterando a
natureza ou o comportamento da organização.
Os SIBC e a competitividade organizacional
A preocupação de se harmonizar a estratégia da organização com os SIBC é
necessária, mas não suficiente. Hoje, pretende-se criar organizações informadas, em vez de
apenas automatizadas, e a forma de perspectivar os SI na organização assume, assim, um
papel fundamental.
Os SI podem ser usados para criar vantagens competitivas ou como resposta a uma
necessidade estratégica. A vantagem competitiva conferida pelos SI parte de uma visão holística
de usar as TI na organização e não de desenhar apenas aplicações singulares.
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Pretende-se com isto dizer que aplicações singulares de TI, mesmo recorrendo aos mais
sofisticados métodos, podem não trazer vantagens competitivas para a organização.
Deve-se deixar de considerar que o investimento em TI apenas como um custo, mas
também pesar as receitas provenientes desse investimento, ou seja, as vantagens que destas
advêm para a organização. Se o investimento em TI é parte integral de uma estratégia definida
de uma organização, ele é mais fácil de justificar e de compreender do que se aparecer como
um projecto desintegrado e parcelar.
É necessário definir o que são e o que serão no futuro os processos, os produtos e os
serviços da organização, para se fazerem os investimentos certos em TI.
Fases de Desenvolvimento de um Sistema
O desenvolvimento de um sistema é um processo que consiste basicamente na Análise
e projecto dos sistemas, ou seja os sistemas de informação nascem devido à necessidade de
resposta por parte das pessoas.
Ciclo de Desenvolvimento de um sistema
É um conjunto de actividades que os analistas do SI e utilizadores desenvolvem para
conceber e implementar um sistema de informação. O ciclo de desenvolvimento de um SI pode
ser visto como um conjunto de actividades integradas.
Existem vários modelos para o ciclo de desenvolvimento sendo que o apresentado é um
modelo clássico de sete actividades integradas. É normal estas actividades estarem
relacionadas e serem inseparáveis.
1º Investigação Preliminar / Estudo de viabilidade
É levada a cabo pelo analista de sistemas que trabalham sob a direcção do comité de
selecção, o objectivo é a avaliação dos pedidos para efectuar um projecto.
Porque fases terá o analista de passar?
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a) Classificar e entender o pedido
Tem de haver uma análise válida do pedido para se objectivar sobre a necessidade ou
não do pedido, o analista terá que manter contacto com aqueles que fizeram o pedido, de modo
a evitar futuros erros de interpretação.
b) Estudo de Viabilidade
É levado a cabo por um grupo de pessoas que conhecem as técnicas dos sistemas
informatizados, a viabilidade divide-se em:
Viabilidade Técnica � se temos pessoal com capacidade, se temos capacidade a nível
de resposta, se será preciso novas tecnologias;
Viabilidade Económica � o pedido pode ser rentável, mas não ter possibilidades
económicas, verificar se o sistema traz benefícios que possam cobrir os custos;
Viabilidade Operacional � qual a reacção por parte dos utilizadores, se o sistema vai
operar, se o sistema será usado, se depois de desenvolvido será implementado.
c) Aprovação do Pedido
Nem todos os pedidos são desejáveis ou viáveis. Os que são devem estar numa lista ou
plano de trabalho, a aprovação determina se, se pretende um projecto novo ou o
desenvolvimento do já existente.
Estes dois aspectos determinam o tamanho do projecto e determinam o número de
pessoas e o tempo para responder correctamente aos pedidos. Posteriormente determina-se os
custos de treino do pessoal e a introdução de novo software.
2º Determinação das Necessidades / Engenharia de requisitos
Nesta fase, os analistas trabalham com os empregados em questionários, para assim
adquirirem uma compreensão detalhada de todo o sistema em análise. Consiste em estudar o
sistema actual de modo a verificar como ele funciona. Por isso vamos ter:
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Recolha de dados;
Recolha de factos;
Recolha de documentos;
Estudo de manuais e relatórios.
Os analistas estruturam a sua investigação procurando responder às quatro grandes questões:
Compreender o todo o processo;
Identificar os dados usados e as informações;
Determinar os custos impostos pelo tempo;
Identificar toda a parte do controle.
Técnicas para levantamento de requisitos:
1. Análise de documentação
Consiste na consulta e estudo de diferentes documentos existentes na
organização como regulamentações governamentais, relatórios, impressos, etc.,
e que estão relacionados com o sistema de informação em causa, sendo uma
técnica que, de certa forma, se torna cómoda, pois os documentos são
facilmente transportáveis e, portanto, podem ser estudados em qualquer lugar.
2. Entrevistas
É a técnica mais usada para recolher informação. Esta técnica só permite
recolher informação relevante se for devidamente preparada. Numa entrevista,
pretende-se saber a opinião do entrevistado sobre o sistema.
Muitas vezes as opiniões são mais importantes que os factos, pois,
frequentemente, é através das opiniões que se descobrem os problemas.
3. Questionários
Permite obter determinados detalhes que não foram obtidos na entrevista ou
permite filtrar ou validar dados nas diferentes entrevistas.
4. Observação
É uma técnica muito usada e que permite observar directamente as pessoas na
execução do seu trabalho, facilitando a identificação do tipo de suporte que elas
necessitam do SI.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
- 25 -
5. Volumes
É uma análise numérica de dados relevantes à compreensão do sistema, tais
como os fornecedores nos últimos anos, o número de encomendas solicitadas por
dia, a percentagem de encomendas rejeitadas por dia.
6. Protótipo
Muitas vezes não é possível definir todas as características do sistema por falta
de informação ou experiência, por isso são seleccionadas muitas vezes para protótipos.
O protótipo é um teste, que se espera muitas vezes alterado, terá de ser um sistema,
terá de ser facilmente mutável. O desenvolvimento do protótipo coincide muitas vezes
com o projecto do sistema.
7. Análise e negociação
Consiste em analisar os requisitos para explicitar conflitos, argumentos e razões,
e estabelecer um acordo entre todos os intervenientes do processo. Elaboram-se listas
de verificação, que são listas de questões que o analista usa para avaliar o requisito.
Uma possível lista de itens sobre potenciais problemas:
Ambiguidade: o requisito é ambiguidade?
Utilidade: será que o requisito é mesmo necessário?
Complexidade: será que é um requisito ou poderá ser decomposto?
Equipamento não standard: será que o requisito necessita de algum
equipamento específico?
Teste: pode-se testar o requisito?
Realismo: o requisito é realista, considerando a tecnologia disponível para
implementar o sistema?
8. Especificação e documentação de requisitos
9. Validação e verificação de requisitos
Pode-se definir verificação como “estou a construir bem o produto?” e validação
como “estou a construir o produto certo?”. A validação de requisitos tem como objectivo
validar se o documento de especificação de requisitos está consistente, completo e
correcto.
A validação de requisitos consiste na revisão dos documentos, na qual um grupo
de pessoas lê e analisa os requisitos e os modelos construídos e procuram problemas,
discutindo-os.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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3º Desenho do sistema
É um desenho lógico e físico do sistema, faz-se toda a parte de desenho de input e
output. Desenha-se toda a parte de interface com o utilizador (como será definido o ecrã),
desenham-se os outputs para ecrãs ou para mapas. Faz-se a definição dos próprios
processamentos, existem ferramentas e técnicas para desenhar e definir os inputs, outputs e
processamentos de dados. Na parte física define-se a estrutura de dados (ficheiros, campos,
registos).
4º Codificação, Testes e Implantação / Desenvolvimento do Sistema
Codificação
Nesta fase passa-se à programação, com a equipa dos programadores a desenvolver o
programa no ambiente definido na fase anterior. Nesta fase produzem-se também os
documentos. A documentação relativa ao programa é muito importante, assim como a
documentação relativa às instruções. As ferramentas usadas nesta fase são:
Fluxogramas dos programas;
Estrutugramas;
Pseudo-código;
Diagramas Tipo.
Testes de Sistema
É necessário realizar um teste global para que se possa ter uma visão geral sobre o
sistema e se este está ou não a cumprir os objectivos definidos.
Implementação
Esta fase é quando considera-se o sistema pronto a funcionar. Realiza-se a instalação e
a migração do sistema. A migração pode ser:
Paralela (em que se mantêm o sistema antigo a funcionar durante um tempo com o
novo sistema);
Instantânea (é a passagem para o novo sistema, desligando o sistema antigo).
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
- 27 -
5º Manutenção
A manutenção é o processo de alterar o SI depois de este ter sido implementado. Há
várias razões devido às quais poderá ser necessário alterar o sistema, como a seguir se
descreve.
Poderão ocorrer erros que têm que ser corrigidos. Se o sistema tiver sido devidamente
testado, é menos provável que ocorram.
É frequente que ocorrerem mudanças nos processos de uma organização. Estas
mudanças normalmente implicam alterações no sistema previamente desenvolvido.
Pode aparecer novos requisitos que também implicam alterações, novas
funcionalidades, no sistema.
Tendo problemas com equipamentos, por vezes, poderá ser necessário actualizar o
equipamento para obter melhor desempenho do sistema.
Poderão aparecer mudanças ambientais, tais como, por exemplo, a adopção do euro,
que obrigam a que os sistemas sejam actualizados.
Estas situações originam diferentes tipos de manutenção, normalmente designados por:
Manutenção perfectiva: mudanças que pretendem melhorar o sistema, sem afectar
a funcionalidade;
Manutenção adaptativa: mudanças que pretendem adaptar o sistema a um novo
ambiente, como por exemplo, a mudança de sistema operativo ou do sistema de
gestão de base de dados;
Manutenção correctiva: mudança para corrigir erros que não tinham sido
previamente detectados;
Manutenção preventiva: mudanças pró-activas que são feitas com o objectivo de
prevenir eventuais problemas.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Introdução
“Uma imagem vale por mil palavras”
Os diagramas claros e com bom conteúdo desempenham um papel importante no projecto de
sistemas complexos e no desenvolvimento de programas.
E porquê?
A capacidade de raciocínio depende muitas vezes da linguagem que é usada. Os diagramas que
representam um S.I são uma espécie de linguagem, o objectivo é fazer com que os
computadores possam lidar com processos mais complexos que os realizados manualmente.
Para a modificação de sistemas existe necessidade de responder com uma modificação no S.I
existente.
Assim sendo, um bom diagrama constitui uma ajuda importante, também para a manutenção:
Permitindo que novas pessoas sejam introduzidas no sistema existente;
Remontar o sistema numa outra organização;
Como documento de análise da organização;
Como modelo de causa e efeito para eventuais modificações;
Como auxiliar de análise e previsão do sistema.
Existem sistemas de representação para análise e projecto de sistemas em computador que
forçam a utilização de normas. Temos assim dois tipos de sistemas:
CASA (Computer Aided Systems Analysis)
CAP (Computer Aided Programming)
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Estes sistemas possuem:
Capacidades gráficas;
Interactividade;
Validação de diagramas;
Validação de consistência de dados;
Integração com um dicionário de dados;
Capacidade de geração automática de documentação.
Existe necessidade de um esquema formal, para a representação.
A análise de sistemas exige o trabalho de várias pessoas e este deve ser interligado de forma
integrada.
A Utilidade da Documentação
As técnicas de representação de um S.I. produzem documentação interna e externa.
Interna: está embebida no próprio código;
Externa: está separada do código fonte.
Enquanto os engenheiros de hardware consideram as suas ferramentas de um modo
sério, os engenheiros se software não. Tal facto provoca que o projecto e desenvolvimento de
software seja ainda encarado como uma arte, e sujeito a um grande número de erros. É
necessário empregar ferramentas que proporcionem aos engenheiros de software o mesmo
desempenho que o obtido pelos seus colegas do hardware.
Exemplos: CAD - Computer Aided Design
CAT - Computer Aided Thinking
CASE - Computer Aided Software Engineering
As formas correctas de representação devem possuir e permitir as seguintes funções:
Auxiliar para um raciocínio claro;
Comunicação com precisão entre os membros do projecto;
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Interfaces normalizadas;
Documentação de sistema;
Auxiliar para acompanhar a mudança dos sistemas;
Verificação automatizada (validação);
Permitir aos utilizadores a revisão do projecto.
Um analista de sistemas precisa de um conjunto de ferramentas que permitam executar as
tarefas que lhe são pedidas.
Ferramentas
As ferramentas que constituem o nosso objecto de estudo tem por objectivo,
implementar técnicas de representação.
Alguns exemplos de ferramentas:
Diagramas de fluxos de informação;
Diagramas de fluxo de dados;
Diagramas de estrutura de dados;
Diagramas de entidade-relação;
etc.
A Trindade dos Sistemas de Informação
É constituída por três partes que devem trabalhar cooperativamente. Essas três partes são:
O Cliente/Utilizador;
O Decisor;
O Analista.
Ilustração 4 – A trindade dos SI.
Utilizador
Decisor Analista
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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D.F.D - DIAGRAMAS DE FLUXO DE DADOS
Durante os primeiros passos da análise de um sistema, o analista recolhe uma grande
quantidade de informação, estes dados estão pouco estruturados e é necessário sumariá-los.
O DFD é o modelo lógico de um sistema (o modelo não depende do hardware, software,
estrutura de dados ou organização dos ficheiros). DFD é uma ferramenta para modelar o
processamento da informação de um sistema.
Consiste numa técnica de análise que auxilia o analista, compreende e descreve o
sistema que pretende modelar, com a vantagem de envolver o utilizador. É uma ferramenta
gráfica utilizada para descrever e analisar o movimento dos dados através de um sistema e a
base a partir da qual as restantes ferramentas são desenvolvidas. Sendo o diagrama um
desenho gráfico dos sistema lógico, torna-se facilmente compreensível por utilizadores não
especializados.
Funcionalidades do DFD…
Auxilia o analista a organizar e relacionar a informação que está a estudar;
Permite que o conteúdo de um DFD represente uma base de trabalho para o
desenvolvimento do DD;
É um excelente meio de comunicação, pois tem poucos símbolos;
É facilmente relacionável com outros tipos de ferramentas;
Proporciona uma leitura fácil do sistema;
O Diagrama de Fluxo de Dados mostra a essência lógica do sistema em estudo;
Mostra para o sistema, de onde vêm os dados, para onde vão os dados, onde os dados
são armazenados, que processos transformam os dados e a interacção entre os
processos e os depósitos de dados;
A primeira representação do sistema deve ser feita de forma muito simples, mostrando
apenas os principais Inputs e Outputs do sistema – Diagrama de Contexto.
O Diagrama de Contexto é então decomposto em outro DFD, o qual já apresenta maior
nível de detalhe, permitindo uma representação mais pormenorizada do sistema.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Vantagens do DFD:
O DFD não é um diagrama técnico por isso pode ser facilmente entendido por pessoas
que não sabem nada de computadores permitindo a compreensão pelos utilizadores do
sistema;
O DFD utiliza um pequeno número de símbolos específicos o que facilita a
representação e torna a descrição mais concisa;
O DFD mostra a essência lógica do sistema de informação em estudo;
O gráfico bidimensional facilita a visão das interconexões de objectos envolvidos;
A expansão de cada processo do DFD – permite uma visão mais detalhada sobre o
sistema;
No DFD as eventuais alterações do sistema dão facilmente identificadas;
No DFD todas as lacunas, redundâncias e inconsistências do sistema são facilmente
detectadas;
Facilita a análise com possibilidade de re-alimentação do trabalho;
Prevenir eventuais erros;
Permitir isolar as áreas mais complexas do sistema ou as que exigem maior detalhe;
Permitir a definição de fronteiras do sistema;
Permitir uma análise detalhada sobre os dados e eventuais necessidades de
armazenamento.
Características do DFD:
Sendo os DFD’s um método simples para a definição e representação dos fluxos de informação
num sistema, permitem identificar:
A fronteira entre o sistema e o mundo exterior;
As entidades externas que comunicam com o sistema;
Os processos assegurados no interior do sistema, isto é, acções que se realizam no
sistema;
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Os depósitos de dados onde fica armazenada a informação relativa ao sistema;
Os fluxos de dados no interior do sistema e de interacção com o mundo exterior.
Verificação do DFD
Para o analista se assegurar que tem um modelo razoável, deverá verificá-lo com o
utilizador. Deverá verificar os dados que entram e saem de um depósito de dados, que devem
conter todos os inputs e outputs, se um elemento entra mas não sai, esse elemento pode ser
redundante ou desnecessário. O analista terá de seguir todos os depósitos de dados e verificar
se existe redundância de dados, muitas vezes dois ou mais depósitos de dados podem ser
fundidos num só.
Simbologia dos DFD’s
Entidade Externa
Processo
Arquivo de Dados
Fluxo de Dados
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Componentes dos DFD’s
Processo
É algo que transforma os dados. Pode ser um ou um conjunto de programas. Possui
uma parte reservada à identificação do processo (um número), a outra parte descreve o
processo (preparar facturas, emitir cheques).
Recebe dados de Input e transforma estes dados num fluxo de Output.
Ilustração 5 – Composição de um processo.
1. Cada processo tem um nome único e um número de referência.
2. Os nomes dos processos devem transparecer as actividades que o processo engloba.
3. Os nomes dos processos devem ser constituídos por um único verbo e um artigo.
Entidade Externa:
É a entidade fora do sistema em estudo a qual transmite e recebe dados PARA e DO
sistema, (comunica com o sistema).
Ilustração 6 – Entidade externa.
1 Encomenda
Validar Encomenda
N.º do Processo
Módulo onde pertence o Processo opcional
Nome do Processo
Cliente Nome da Entidade
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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É a fonte ou destino dos dados, podem ser pessoas, programas, organizações exteriores
ao sistema.
1. Cada entidade externa tem um único nome.
2. As entidades podem representar:
� Pessoas; � Grupo de pessoas (organizações); � Departamentos, Secções; � Sistemas, Sub-sistemas.
Fluxo de Dados:
São dados em movimento, é algo que indica a direcção e sentido do fluxo, pode ter
várias direcções e também é possível ter 2 sentidos.
Os dados que fluem entre processos, entre processos e depósitos de dados ou ainda
entre processos e entidades externas, sem nenhuma especificação temporal.
Ilustração 7 – Fluxo de dados.
Cada fluxo de dados tem um nome e este deve ser elucidativo.
Nomes não válidos:
� Dados;
� Informação.
Nota_encomenda
Nome do Fluxo de Dados
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Depósito/Arquivo de Dados:
É o lugar onde os dados são armazenados para mais tarde serem acedidos e/ou
actualizados por um processo. São dados armazenados ou referenciados por um processo, pode
representar um computador ou outro qualquer dispositivo de armazenamento.
Ilustração 8 – Arquivo de dados.
Operações permitidas num arquivo de dados:
Operação de leitura (Read);
Operação de escrita (Write);
Operação de alteração (Update).
Leitura
Ilustração 9 – Operação de leitura do arquivo de dados.
Escrita
Ilustração 10 – Operação de escrita do arquivo de dados.
Cada depósito de dados tem um único nome.
Tipos de Dados de um Depósito de Dados � Dados de posição; � Dados históricos; � Lotes de movimentos (transacções); � Dados de extracção (selecção); � Cópias de referência de transacções.
D1 Clientes Nome do Depósito
Número do Depósito
D1
D1
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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Regras para a Construção do DFD
Cada processo deverá ser descrito por uma frase simples iniciada por um verbo activo;
Todos os fluxos de dados que se dirigem para um processo deverão estar relacionados de uma forma clara com os fluxos de dados que saem do processo;
Quanto menos Fluxos de Dados existirem entre cada processo mais fácil será o seu entendimento;
Os Processos não devem ser recipientes de entrada de dados, devem sim, ser agentes transformadores de fluxos de entrada em fluxos de saída de dados;
Os Depósitos de Dados devem ter fluxos em ambos os sentidos, isto é, os dados deverão ser criados e utilizados;
Torna-se possível traçar um histórico da vida de cada Fluxo de Dados desde o momento em que entra no sistema, passando pelo seu processamento, edição, transformação e arquivo;
Um fluxo nunca pode ir de um arquivo para uma entidade externa, nem de uma entidade externa para um arquivo. Os fluxos não podem ser linhas curvas;
Um fluxo nunca pode interligar dois processos no nível 0 e no nível 1, apenas nas expansões;
Normas para Projectar DFD
1. Identificar as Entidades;
2. Identificar os Fluxos de Entradas e de Saída (quais os dados que entram e saem);
3. Identificar os Processos;
4. Identificar os Arquivos (saber onde a informação está guardada).
Desenvolvimento de DFD’S
1. Elaborar Listas dos documentos usados e produzidos pelo sistema.
2. Elaborar um diagrama de “Fluxos de Documentos Físicos”.
Identificando para cada documento:
A sua origem e o seu destino;
As entidades externas envolvidas;
Os principais dados de entrada e saída;
Departamentos e secções;
O sistema existente.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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1. Elaborar DFD Nível 0 – (Diagrama de Contexto)
O sistema é representado por um diagrama constituído por um só processo.
À excepção dos fluxos de dados, tudo o que cerca o símbolo de processo é considerado
externo ao sistema e não será alvo de estudo detalhado.
2. Elaborar DFD Nível 1
Diagrama facilmente entendido pelo utilizador que ilustra o modo como o analista
compreendeu a estrutura fundamental do sistema.
Define apenas:
� Os principais processos (funções);
� Os principais depósitos de dados;
� Os fluxos de dados;
Fornece uma visão segmentada do sistema;
Seguir o desenvolvimento do DFD na sequência natural do problema a ser
desenvolvido.
3. Elaborar DFD Nível 2, 3, ...
Subdivisão dos processos;
Subdivisão dos fluxos de dados (dados de uso localizado);
Tratamento de erros e excepções;
Depósitos de dados de utilização local.
Com a subdivisão de processos torna-se mais fácil observar cada processo de uma forma
isolada e com um mínimo de referência aos restantes processos.
Sistemas de Informação – Análise de Sistemas
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D.D - DICIONÁRIO DE DADOS São a segunda componente da análise de fluxo de dados, os dicionários de dados fornecem informação adicional sobre o sistema. É uma lista de todos os elementos incluídos numa série de diagramas de fluxo de dados, que descrevem um sistema. Os principais elementos num sistema são os fluxos de dados, arquivos de dados, processos e as entidades. Os D.D. contém a descrição e detalhes sobre os elementos, sendo desenvolvidos no decorrer da análise de fluxo de dados. Contudo o conteúdo destes será também usado no desenho do sistema. Uma vez que o DFD não dá uma descrição detalhada do sistema em estudo, este é complementado com o Dicionário de Dados. O Dicionário de Dados é uma colecção organizada de informação sobre os dados. O dicionário de dados é formado por um conjunto de definições rigorosas sobre todos os elementos/objectos do DFD, portanto poder-se-á dizer, que é uma colecção organizada de dados sobre dados. No dicionário de dados encontramos definições de: - Fluxo dados - Ficheiro/depósito de dados - Processos - Entidades externas Necessidades de um D.D Os D.D registam mais detalhes sobre o fluxo de dados num sistema, de forma a que qualquer pessoa envolvida possa ver a descrição dos fluxos de dados, arquivo de dados, processos e entidades. Toda a informação num sistema é constituída por elementos de dados. Os elementos de dados agrupados formam uma estrutura de dados. Por exemplo a entidade (cliente) é representada por uma estrutura de dados (telefone). Razões pela qual se utiliza um Dicionário de Dados Porque facilita a comunicação entre o analista e o utilizador Porque pode facilitar a comunicação entre segmentos distintos numa empresa Porque ajuda o analista a evitar a redundância de dados Porque torna-se fácil avaliar o impacto de alterações num dado, uma vez que estão listadas no D.D toda a informação Vantagens de um Dicionário de Dados Listagens ordenadas de todas as entradas e com detalhe total e parcial Obtenção de relatórios compostos das estruturas (quais os componentes e quais as interligações) Saber num dado momento onde é utilizador determinado elemento Permite pesquisas por palavra chave ou por parte de palavra Um D.D permite-nos gerar a base de dados que se pretende Possibilita a verificação da consistência dos dados
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Cada definição do dicionário de dados, deve ser conciso, preciso e não conter redundâncias; deve ser de fácil acesso e propiciar a actualização. No dicionário de dados a estrutura (ou composição) é indicada usando a seguinte simbologia:
Dicionário de Dados de Processos ID: Nome: Fluxos de Output: Fluxos de Input: Descrição Lógica: Recebe: Consulta: Envia: Regista: Dicionário de Dados de Entidades Externas ID: Nome Descrição Dicionário de Dados dos Fluxos de Dados Nome De Para Conteúdo Descrição Dicionário de Dados dos Arquivos de Dados Nome Conteúdos Comentários