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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DE PROCESSOS CORROSIVOS DE ARMADURAS EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Leonardo Casales Giongo Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE PROCESSOS CORROSIVOS DE

ARMADURAS EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO

ARMADO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Leonardo Casales Giongo

Santa Maria, RS, Brasil

2015

ANÁLISE DE PROCESSOS CORROSIVOS DE ARMADURAS EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO

por

Leonardo Casales Giongo

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito

parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rogério Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, RS, Brasil 2015

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A comissão organizadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de conclusão de curso de graduação

ANÁLISE DE PROCESSOS CORROSIVOS DE ARMADURAS EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO

Elaborado por Leonardo Casales Giongo

Como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Rogério Cattelan Antocheves de Lima, Dr. (UFSM) (Orientador)

Profª. Évelyn Paniz (UFSM)

Profª. Juliana Pippi Antonizzi, Mª (UFSM)

Santa Maria, 10 de dezembro de 2015.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a minha família que teve participação direta

na minha formação na graduação de Engenharia Civil, cada membro

participou de forma peculiar, mas todos com os mesmos objetivos de me

dar conforto e proporcionar momentos de alegria.

Sou muito grato a minha namorada Márcia, que por todos os anos

que estivemos juntos teve paciência e comprometimento em me auxiliar

na vida acadêmica e pessoal, a conclusão de minha graduação dedico a

ela, pessoa especial que merece tudo o que há de melhor e farei o que

for possível para que isso aconteça.

Tenho gratidão ao meu orientador, professor Rogério que me

guiou durante ao trabalho de conclusão do curso de forma coesa e

transparente me proporcionando ensinamentos desconhecidos antes

por mim.

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria

ANÁLISE DE PROCESSOS CORROSIVOS DE ARMADURAS EM

EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO

AUTOR: LEONARDO CASALES GIONGO

ORIENTADOR: ROGÉRIO CATTELAN ANTOCHEVES DE LIMA

Data e local da defesa: Santa Maria, 10 de dezembro de 2015.

O presente trabalho tem como objetivo estudar os conceitos sobre os processos corrosivos de armaduras em edificações de concreto armado. Além disso, busca entender de forma preliminar os métodos preventivos e a técnicas de recuperação de edificações danificadas pela corrosão em concreto armado. Consoante a isso, o trabalho versa sobre as principais causas do processo corrosivo, bem como, as soluções indicadas para cada nível de corrosão. Nesse cenário, é importante destacar as manifestações patológicas prejudicam a estrutura das edificações e iniciam seu processo de degradação. Dessa forma, existem métodos preventivos que são utilizados para inibir a deterioração, protegendo contra a ação corrosiva. Assim, a engenharia civil torna-se peça fundamental para que a construção obtenha êxito e que não sofra a interferência de manifestações patológica, pois é possível concluir que a corrosão é um processo muito corriqueiro na construção civil, sendo consideravelmente difícil a sua previsão. Para tanto, é oportuno ressaltar que se aconselha empregar de forma adequada as técnicas preventivas na construção com concreto armado, considerando o elevado grau de aparecimento dessa patologia. PALAVRAS-CHAVE: Engenharia Civil; processo corrosivo; concreto armado.

RESUME

Completion of course work

Civil Engineering course

Federal University of Santa Maria

ANALYSIS OF ARMOUR CORROSIVE PROCESSES IN CONCRETE

OF BUILDINGS

AUTHOR: LEONARDO Casales Giongo

SUPERVISOR: ROGÉRIO CATTELAN ANTOCHEVES DE LIMA

Date and defense site: Santa Maria, December 10, 2015.

This work aims to study the concepts of the corrosive processes armor reinforced

concrete buildings. It also seeks to understand in a preliminary way the preventive

methods and building recovery techniques damaged by corrosion in reinforced

concrete. Depending on this, the work deals about the main causes of the corrosion

process as well as the solutions recommended for each level of corrosion. In this

scenario, it is important to highlight the pathological manifestations harm the

structure of the buildings and begin their degradation process. Thus, there preventive

methods that are used to inhibit deterioration, protecting against corrosive action.

Thus, the civil engineering becomes fundamental for the construction succeeds and

who does not suffer interference from pathological manifestations, it is possible to

conclude that corrosion is a very ordinary process in construction, being considerably

difficult to forecast. Therefore, it is important to emphasize that it is advisable to

employ appropriately preventive techniques in building with reinforced concrete,

considering the high degree of appearance of this pathology.

KEYWORDS: Civil Engineering; corrosive process; reinforced concrete.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Espaçamento irregular e armadura negativa fora de posição...............21

FIGURA 2 – Desgaste do concreto por abrasão........................................................22

FIGURA 3 – Processo de cura do concreto por aspersão e manta absorvente,

permeável e saturada.................................................................................................23

FIGURA 4 – Tempo de cura considerando o meio ambiente, clima e característica do

concreto......................................................................................................................24

FIGURA 5 – Valores de perda de massa de três tipos de aço diante da corrosão....30

FIGURA 6 – Sistema de medição para intervenção de corte em concreto................33

FIGURA 7 – Apicoamento mecânico e manual..........................................................34

FIGURA 8 – Execução do apicoamento manual........................................................34

FIGURA 9 – Jato de água..........................................................................................36

FIGURA 10 – Limpeza da superfície com jato de areia.............................................37

FIGURA 11 – Limpeza manual com escova de aço...................................................38

FIGURA 12 – Aspecto final da cavidade garantindo a aderência entre o concreto

novo e velho...............................................................................................................39

FIGURA 13 – Relação entre corte e ancoragem das armaduras de substituição.....40

FIGURA 14 – Ancoragem da barra à flexão com enchimento do furo por

gravidade....................................................................................................................41

FIGURA 15 – Injeção de fissuras com resina epóxi...................................................42

FIGURA 16 – Selagem de fissuras entre 10 a 30 mm...............................................43

FIGURA 17 – Selagem de fissuras com grandes aberturas......................................43

FIGURA 18 – Reparo de fissura por costura..............................................................44

FIGURA 19 – Fôrma com cachimbo para o pilar e fôrma com dispositivo de pressão

para viga....................................................................................................................46

FIGURA 20 – Armadura exposta em vigas e cabeça de pilar devido a má distribuição

da armadura e ineficiência de adensamento do concreto..........................................47

FIGURA 21 – Adição de barras devido à corrosão....................................................48

FIGURA 22 – Adição de novas barras na viga e demonstração do procedimento de

posicionar as barras...................................................................................................48

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Classe De Agressividade Ambiental (CAA)..........................................17

QUADRO 2 - Correspondência Entre as Classes de Agressividade e a Qualidade o

Concreto.....................................................................................................................19

QUADRO 3 - Correspondência entre a Classe de Agressividade Ambiental e o

Cobrimento Nominal...................................................................................................20

QUADRO 4 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção das

armaduras, em função das classes de agressividade ambiental...............................28

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 13

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 13

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 14

2 CORROSÃO EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO .............................. 15

2.1 CAUSAS DA CORROSÃO ............................................................................... 15

2.1.1 Influência do meio ambiente. ..................................................................... 16

2.1.2 Influência da relação água/cimento e controle de fissuras ........................ 18

2.1.3 Cobrimento do concreto ............................................................................. 19

2.1.4 Inêficiência da armaduras e qualidade do concreto ................................... 20

3 PREVENÇÃO DE CORROSÕES EM CONCRETO ARMADO .............................. 23

3.1 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO CONTRA CORROSÃO.....................................23

3.1.1 Cura do Concreto....................................................................................... 23

3.1.2 Galvanização das armaduras ..................................................................... 25

3.1.3 Inibidores químicos de corrosão ................................................................ 26

3.1.4 Controle de Fissuras .................................................................................. 27

3.1.5 Tipo de cimento .......................................................................................... 29

3.1.6 Tipo de aço ................................................................................................ 29

4 RECUPERAÇÃO E REPAROS DE CORROSÕES EM CONCRETO ARMADO .. 31

4.1 PROCEDIMENTOS DE REPARO.....................................................................32

4.1.1 Eliminação do concreto deteriorado........................................................... 33

4.1.1.1 Apicoamento ....................................................................................... 33

4.1.2 Limpeza das Armaduras ............................................................................ 34

4.1.2.1 Limpeza com soluções ácidas ............................................................ 35

4.1.2.2 Limpeza com soluções alcalinas ........................................................ 35

4.1.2.3 Jato de água ...................................................................................... 36

4.1.2.4 Jato de areia ...................................................................................... 36

4.1.2.5 Jato de ar comprimido ...................................................................... 37

4.1.2.6 Jato com limalha de aço ................................................................... 38

4.1.2.7 Escovação manual ............................................................................ 38

4.1.3 Tratamento da superfície do concreto original referente à aderência e

ancoragem .......................................................................................................... 38

4.1.3.1 Perfuração do concreto para ancoragem das armaduras .................. 40

4.1.4 Reparo de fissuras ..................................................................................... 41

4.1.4.1 Técnica de injeção de fissuras ............................................................ 41

4.1.4.2 Técnica de selagem de fissuras.......................................................... 42

4.1.4.3 Técnica de costura de fissuras ........................................................... 44

4.1.5 Reparo em elementos estruturais .............................................................. 44

4.1.5.1 Reparo com argamassa ...................................................................... 45

4.1.5.2 Reparo com concreto convencional .................................................... 45

4.1.5.3 Reparo com graute ............................................................................. 46

4.1.6 Reforço em elementos estruturais ............................................................. 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 49

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 51

12

1 INTRODUÇÃO

Este estudo acadêmico tem como propósito essencial analisar as estruturas

de concreto armado, o aço e o concreto como os principais elementos que

proporcionam suporte as edificações. Muito se tem discutido o aumento significativo

das novas edificações, e consequentemente a elevação no número de

manifestações patológicas decorrentes no campo da construção civil.

Portanto, parte-se do pressuposto que na construção civil, muitas vezes é

possível perceber a presença manifestações patológicas nas edificações. Pires

(2013, p.9) afirma que “Os edifícios iniciam o seu processo de degradação natural

e/ou provocado após a sua conclusão e evoluem ao longo do tempo em função de

muitos fatores, quer ligados as fases do processo construtivo quer ligados ao

processo natural de envelhecimento”.

Algumas manifestações patológicas podem estar associadas à amplitude

térmica elevada, a execução de obras de forma inadequadas, a projetos ineficientes,

a materiais sem controle de qualidade, a mão-de-obra despreparada, entre outros.

Entre as manifestações patológicas do concreto endurecido, Pires (2013)

afirma que a corrosão de armaduras é um dos principais agentes degradantes,

influenciando diretamente na durabilidade e resistência das estruturas de concreto.

É de extrema importância à ação preventiva do processo corrosivo em

estruturas de concreto armado, pois esta vistoria acarretará em um reparo mínimo

que possivelmente não desenvolverá custos elevados e situações desconfortáveis

aos usuários da edificação.

Alguns métodos de prevenção contra os processos corrosivos são utilizados

para inibir essa ação de deterioração, como a galvanização que é de um processo

de revestimento de zinco a quente ou a frio conforme aponta Gentil (1996),

preservando suas qualidades e resultando numa reação intermetálica, protegendo

contra a corrosão. Essa tecnologia vem sendo aplicada em regiões litorâneas, onde

o ambiente marítimo possui uma agressividade elevada.

A relevância deste trabalho consiste no reconhecimento da engenharia civil

como papel fundamental para prevenir o processo corrosivo, e consequentemente

minimizar seus efeitos nas edificações. Dessa forma, os meios metodológicos

13

empregados na constituição dessa análise comportam pesquisas de abordagem

qualitativa, documental e bibliográfica.

1.1 Objetivos

Objetivo Geral

Avaliar a degradação sofrida pelos elementos estruturais em concreto

armado, provenientes de processos corrosivos, através do estudo de técnicas

adequadas e indicar possíveis soluções.

Objetivo Específico

* Elucidar os processos corrosivos mais frequentes nas edificações em

concreto armado;

* Revisar as técnicas utilizadas para avaliar a intensidade do processo

corrosivo;

* Indicar medidas que possam ser adotadas durante as fases de projeto e

execução que possam vir a contribuir com a redução de danos futuros;

* Detalhar as diferentes técnicas utilizadas para recuperar os elementos

danificados.

1.2 Justificativa

O presente projeto justifica-se pelo estudo das manifestações corrosivas

presentes em edificações de concreto armado, uma vez que, influenciam

diretamente na durabilidade e vida útil das estruturas, resultando na deterioração

14

prematura do concreto armado, tornando-se um ramo relevante na área da

construção civil.

Portanto, o tratamento inadequado ou inexistente das manifestações

patológicas corrosivas em concreto armado pode resultar na perda significativa da

resistência dos elementos estruturais, podendo acarretar o colapso das edificações.

Nesse sentido, faz-se necessário um estudo teórico-prático com o intuito de

identificar as origens das manifestações patológicas corrosivas presentes nos

elementos estruturais no concreto armado, apresentando a sua erradicação total ou

parcial, proporcionando uma recuperação racional das estruturas, resultando na

longevidade da edificação.

1.3 Estrutura do Trabalho

O trabalho é constituído de um arcabouço teórico que serve como base para

a pesquisa científica. Inicialmente cita-se os objetivos e a justificativa do estudo

prático-teórico. No segundo capítulo descreve-se conceitos básicos sobre a corrosão

em edificações de concreto armado, bem como, as premissas teóricas sobre suas

possíveis causas, níveis de gravidade e apontamentos sobre a influência do meio

ambiente.

O terceiro capítulo explana sobre a prevenção de corrosões em concreto

armado, abordando os conceitos relativos às técnicas utilizadas e os métodos

preventivos. No quarto capítulo são relatados os métodos, juntamente com suas

execuções de reparos diante de armaduras do concreto armado corroídas.

Finalizando, os conceitos teóricos e o corpo do trabalho, o quinto capítulo do

trabalho acadêmico é composto pelas considerações finais e o último pelas

referências bibliográficas.

15

2 CORROSÃO EM EDIFICAÇÕES DE CONCRETO ARMADO

É de fundamental importância o estudo sobre os processos corrosivos, uma

vez que a corrosão degrada frequentemente o material metálico, diminuindo de

forma considerável a sua vida útil. Em edificações de concreto armado diagnostica-

se com frequência a presença de efeitos corrosivos. Andrade (1992) relata que a

vida útil pode ser compreendida por diversos aspectos, sendo uma delas as

características mínimas de utilização, serviço e resistência.

Cascudo (1997, p. 39) enfatiza que “a corrosão de armaduras em concreto é

um caso específico de corrosão eletroquímica em meio aquoso, em que o eletrólito

apresenta características de resistividade elétrica consideravelmente mais altas do

que as dos eletrólitos típicos.” Assim, entende-se que a corrosão inicia-se quando há

presença de umidade em contato com a armadura.

As corrosões geralmente ocorrem de forma espontânea, como aponta Gentil

(1996), transformando de forma constante os materiais metálicos, influenciando

diretamente na sua resistência e desempenho, alterando a durabilidade dos

materiais, prejudicando a estrutura.

Além disso, Helene (1998, p.01) descreve que “pode-se definir corrosão como

a interação destrutiva de um material com o ambiente, que seja por reação química,

ou eletroquímica”. Assim, pode-se afirmar que a corrosão é um processo que age de

forma concomitantemente com o ambiente, danificando a estrutura.

2.1 Causas da Corrosão

Existem inúmeras manifestações patológicas que podem ocasionar

danificação nas estruturas de concreto armado, sendo um problema crônico na

construção civil. A corrosão é um sintoma presente em diversas estruturas, podendo

ser ocasionado por fatores físicos, químicos e biológicos.

De acordo com Helene (1986), existem diferentes valores de tensão nas

armaduras que podem originar corrosões de forma indireta, tais como: estruturas

16

diferentes entre si, o aço e o concreto acabam “trabalhando” quando solicitados de

forma distintos; as composições superficiais químicas do aço que se encontra em

contato com o concreto são diferentes; o concreto apresenta uma porosidade e

menor compacidade do que o aço que possui uma aeração menor.

Ademais, cabe ressaltar que alguns fatores podem colaborar para o princípio

e/ou aceleração do processo corrosivo nas armaduras de concreto armado, assim

Andrade (1992) aponta que a umidade pode afetar a disponibilidade de oxigênio

interferindo na armadura e na resistência do concreto, além da proporção de

cloretos, temperatura e a existência de macropares galvânicos.

2.1.1 Influência do Meio Ambiente

O diagnóstico de causas da corrosão em concreto armado está associado ao

meio que o mesmo se localiza em que a classificação da agressividade do ambiente

submeterá diretamente na vida útil da estrutura.

Segundo Helene (1986) existem diversos tipo de meios ambientes que podem

influenciar as estruturas de concreto armado: atmosfera rural, atmosfera urbana,

atmosfera marinha, atmosfera industrial e atmosfera viciada.

Atmosfera rural trata-se de regiões ao ar livre sofrendo pouca influência de

fontes poluidoras de ar. Nesse sentido o processo agressivo contra as armaduras do

concreto armado é bastante lento, portanto não acelerando a corrosão.

No entanto, a atmosfera urbana em centros populacionais, contendo

impurezas dissolvidas, como óxido de enxofre, fuligens ácidas e outros agentes

agressivos, tornando mais acelerado o processo de degradação das estruturas em

concreto armado juntamente com a umidade crítica do ar, em que o metal inicia o

processo de degradação ao ser exposto a este ambiente.

Em regiões costeiras, as edificações em concreto armado estão expostas ao

ambiente marinho, atmosfera na qual possui cloretos de sódio, cloretos de magnésio

e entre outros. Assim, esses compostos apresentam elevados níveis agressores,

que estimulam o processo de corrosão, a título de comparação, a velocidade da

corrosão no ambiente marinho apresenta uma ordem de 30 a 40 vezes superior a

que acontece em uma atmosfera rural.

17

Em ambientes industriais é possível verificar a presença de gases, ácidos,

cinzas e outros agentes agressivos, tais elementos proporcionam uma elevação na

velocidade do processo de carbonatação nas armaduras na ordem de 60 a 80 vezes

a mais do que no ambiente rural.

Ainda pode-se encontrar atmosfera viciada localizada em ambientes fechados

com pouca de ventilação, em consequência, baixa renovação do ar. Alguns locais

são propícios a esses processos, como coletores e interceptadores de esgoto, na

qual geram ácidos sulfúricos, intensificando a deterioração das armaduras de

concreto armado.

Compreende-se a partir dos conceitos apresentados por Helene (1986) que

as atmosferas rurais caracterizam-se pela sua capacidade protetora inibindo a

intensidade dos processos corrosivos, ao contrário do que se verifica em ambientes

urbanos, marinhos e industriais, em que há um processo de degradação

considerável quando há existência de superfícies expostas, pois não há formação de

barreira protetora. A título de ilustração, apresenta-se a tabela abaixo que trata da

“Classe de Agressividade Ambiental”:

Classe de

agessividade

ambiental

Agressividade

Classificação geral do

tipo de ambiente para

efeito de projeto

Risco de deterioração

da estrutura

Rural

Submersa

Marinha

Industrial ¹ ²

Industrial ¹ ³

Respingos de maré

1 Pode-se admitir um micro clima com uma classe de agressividade mais branda

(uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros,

cozinhas e áreas de serviços de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais

ou ambientes com concreto revestidocom argamassa e pintura).

2 Pode-se admitir uma classede agressividade mais branda (uma classe acima)

em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou

igual a 65 %, partes da estrutura protegidas de chuvaem ambientes predominante

secos ou em regiões onde reramente chove.

3 Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,

branqueamento em industrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes,

industrias químicas.

III Forte Grande

IV Muito Forte Elevado

I Fraca Insignificante

II Moderada Urbana ¹ ² Pequeno

QUADRO 1 – Classe de agressividade ambiental (CAA). Fonte: ABNT NBR – 6118. Projeto

de Estrutura de Concreto – Procedimento

18

2.1.2 Influência da relação água/cimento e controle de fissuras

Para obter uma edificação com vida útil considerável, é necessário atentar

para a qualidade dos materiais empregados na edificação, além disso, é

imprescindível o manuseio correto dos materiais que compõem a execução da obra.

Grande parcela dos casos de corrosão em armaduras em concreto armado

está relacionada à exposição das armaduras com a umidade presente no ambiente.

Segundo Souza e Ripper (1998) a relação entre a água e o cimento determinam

características do concreto com densidade, compacidade, porosidade,

permeabilidade, capilaridade, fissuração, resistência mecânica.

Do ponto de vista das falhas técnicas, e a título de melhorar uma pseudotrabalhabilidade do concreto, é comum adicionar-se água a ele além do especificado, elevando-se substancialmente o fator água/cimento, o que torna o concreto poroso, de baixa resistência e com elevada retração. Outro agente de aumento do fator a/c é a utilização de areia úmida, sem que se faça qualquer redução na quantidade de água adicionada à mistura. (SOUZA E RIPPER, 1998, p.34)

Nesse sentido, é notório que na busca de um melhor manuseio, é acrescido

ao concreto um maior volume de água, proporcionando maior fluidez na mistura,

facilitando sua execução. Porém, o excesso de água no composto, ocasiona perda

significativa da resistência e qualidade do concreto, resultando a exposição das

armaduras a atmosfera presente.

Para Helene (1986) os processos corrosivos estão relacionados com a

agressividade do meio ambiente que atuam sobre as armaduras expostas,

ocasionadas pela ineficiência de técnicas construtivas de lançamento, transporte,

adensamento, cura, entre outros. Assim, a relação água/cimento é essencial na

permeabilidade dos gases, influenciando na velocidade de carbonatação.

No quadro 2, apresenta a relação de água/cimento que deve ser utilizada no

concreto armado ou protendido de acordo com seu ambiente de agressividade e a

resistência do concreto. Percebe-se que a água é inversamente proporcional a

resistências e ambientes com agressividades elevados.

19

QUADRO 2 – Correspondência entre as classes de agressividade e a qualidade do concreto.

Fonte: ABNT NBR – 6118. Projeto de Estrutura de Concreto - Procedimento

Para Cascudo (1997) a relação água/cimento é um aspecto de grande

importância na determinação da qualidade do concreto, definindo a compacidade e

porosidade do composto. Quando existe um baixo fator água/cimento, o concreto

apresenta um nível baixo de porosidade e permeabilidade, fatores que estão

diretamente ligados a prevenção da corrosão. Além disso, o controle de água no

concreto retarda a difusão dos cloretos, dióxido de carbono e oxigênio, agentes

causadores da corrosão nas armaduras.

2.1.3 Cobrimento de concreto

Por se tratar de uma barreira física, o cobrimento das armaduras de concreto

armado, tem por objetivo proporcionar um meio alcalino elevado, dificultando a

corrosão no aço (HELENE, 1986).

A espessura do cobrimento do concreto armado é diretamente proporcional à

exposição ao meio em que a edificação se encontra. Além disso, cabe ressaltar que

o não cobrimento previsto na norma, acarretará na exposição das armaduras ao

ambiente resultando na corrosão das mesmas.

De acordo com ABNT NBR 6118 (2014), o cobrimento das armaduras

juntamente o controle de fissuras reduzem o processo de carbonatação das

armaduras do concreto armado, aconselhando o uso de um concreto de baixa

porosidade.

20

QUADRO 3 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento

nominal. Fonte: ABNT NBR – 6118. Projeto de Estrutura de Concreto - Procedimento

Analisando a tabela de cobrimento nominal, é possível observar que à medida

que a agressividade ambiental aumenta, a proteção física das armaduras se eleva

proporcionalmente.

2.1.4 Ineficiência de armaduras e qualidade do concreto

A negligência no controle da qualidade do concreto juntamente com a

ineficácia das armaduras podem gerar sulcos na camada de concreto protetora,

deixando à mostra as estruturas do concreto armado à atmosfera podendo

ocasionar a carbonatação das mesmas.

Souza e Ripper (1998) classificam que a ineficiência de armaduras nas obras,

é um dos principais causadores de patologias relacionadas à corrosão, uma vez

que, a deficiência de armaduras ocasiona fissuras que são preenchidas por agentes

causadores pela oxidação do aço. A má intepretação e elaboração dos projetos, a

escassez e o mau posicionamento da distribuição de armaduras, dobramento

inadequado das barras, carência nas ancoragens e emendas do aço tendem a gerar

um decréscimo na resistência mecânica da estrutura, expondo-a fontes corrosivas.

21

A Figura 1 representa alguns erros usuais na disposição das armaduras que

podem acarretar má distribuição das cargas provando exposição das armaduras ao

ambiente.

FIGURA 1 – Espaçamento irregular e armadura negativa fora de posição. Fonte: Souza e

Ripper (1998).

A qualidade do concreto é um fator importante no processo corrosivo às

armaduras, uma vez que se o fck apresentar um valor inferior ao desejado, os

agregados miúdos ou graúdos forem reativos ou a dosagem for executada

incorretamente, pode originar ação abrasiva e/ou cavitação. A abrasividade é

geralmente ocasionada pela água junto com a presença de ar que carregam as

partículas raspando-as e erodindo-as formando sulcos até o contato com o aço. A

cavitação inicia-se pela percolação da água corrente no interior do concreto

resultando vazios, fraturando o concreto (SOUZA e RIPPER 1998).

Pela figura 2 e possível notar a porosidade e permeabilidade do concreto,

fazendo que as armaduras tenham contato com agentes agressivos.

22

FIGURA 2 – Desgaste do concreto por abrasão. Fonte: Souza e Ripper (1998).

23

3 PREVENÇÃO DE CORROSÕES EM CONCRETO ARMADO

A prevenção de corrosões em concreto armado consiste em evitar que

agentes corrosivos penetrem nas armaduras, danificando as estruturas, dessa forma

aumentando a vida útil da estrutura de concreto armado.

3.1 Técnicas e conceitos de prevenção contra a corrosão

Existem algumas maneiras de proteção anticorrosiva, passivando ou

polarizando o material metálico por meio de revestimentos, inibidores de corrosão,

técnicas de alteração do meio e proteção catódica e anódica (FRAUCHES-SANTOS,

et al, 2014).

3.1.1 Cura do Concreto

Para Helene e Levy (2013) a cura do concreto tem por objetivos retardar a

perda de água de hidratação do concreto, controlar a temperatura do concreto por

tempo suficiente até que o mesmo atinja resistência adequada e fornecer em casos

excepcionais água para as reações de hidratação. Alguns procedimentos de cura do

concreto podem ser destacados como: imersão, aspersão ou spray de água, uso de

revestimento que conservam água quando saturados (mantas). Na Figura 3

demostra-se dois procedimentos distintos de cura, mas com o mesmo propósito.

(a) (b)

FIGURA 3 – (a) Processo de cura do concreto por aspersão; (b) Manta absorvente,

permeável e saturada. Fonte: Helene e Levy (2013).

24

A cura do concreto está diretamente ligada à exposição das armaduras, pela

formação de fissuras ou trincas, consequentemente sua corrosão. Devem-se

respeitar as referências específicas da cura do concreto, composto por uma série de

fatores que visam retardar a evaporação da água. Para que as reações de

hidratação do concreto sejam contínuas após sua pega, é necessário realizar a cura,

para que o concreto possa ganhar resistência conforme passe o tempo, evitando

fissuras ou trincas expondo as armaduras. Deve-se salientar que a cura deve ter seu

início pelo menos logo após a pega do concreto, pois se o mesmo já estiver seco,

não terá resultado algum (SOUZA E RIPPER, 1998).

A figura 4 representa o período necessário para cura adequada para o

concreto mediante a sensibilidade do concreto, agressividade ambiental e o clima

durante o procedimento de cura.

FIGURA 4 – Tempo de cura considerando o meio ambiente, clima e característica do

concreto. Fonte: Souza e Ripper (1998).

Souza e Ripper (1998) afirmam que quanto o maior período de cura, o

concreto apresentará mais características satisfatórias perante as tensões de

ruptura, impermeabilidade e resistência aos desgastes e ataques químicos.

Helene (1986) relata que a cura do concreto é um fator de extrema

importância que garante ao concreto e suas armaduras o cobrimento suficiente para

inibir os agentes causadores da corrosão.

A ausência de cura não só vai aumentar a permeabilidade do componente estrutural como um todo, mas, principalmente, criar uma série de canalículos superficiais no concreto, juntamente numa espessura da ordem

25

do cobrimento. Todos os fenômenos de permeabilidade à água, a gases, absorção d’água, retenção de fuligem, difusão de elementos agressivos etc., serão intensificados e comprometerão a proteção da armadura. (HELENE, 1986, p.26).

3.1.2 Galvanização das armaduras

O revestimento metálico consiste em partículas de metal líquido aplicados na

superfície limpa e rugosa do aço, que a partir de sua solidificação forma uma

superfície pouco porosa a fim de possuir uma máxima resistência aos agentes

corrosivos. As características de um revestimento metálico são a não existência de

emendas, baixa possibilidade de fissuras ou trincas, na maior parte são

impenetráveis a infiltrações, sua aplicação é rápida e de fácil execução, proporciona

reparos localizados e apresentam um bom custo/beneficio (FRAUCHES-SANTOS, et

al, 2014).

Galvanização ou zincagem feita por imersão a quente resulta no aço

galvanizado. Esse procedimento apresenta um sistema com boa resistência à

corrosão. Deve-se ponderar que o aço galvanizado apresenta uma vida útil maior

em ambiente atmosférico normal do que ambientes mais agressivos. A eficiência da

galvanização está diretamente ligada à espessura que envolve o aço, essa

característica é relacionada com o tempo e a temperatura do banho de zinco que o

aço recebe (GENTIL, 1996).

Pela citação de Helene (1986), geralmente o processo de galvanização de

armaduras é feito por imersão a quente, onde o aço é banhado em uma solução de

zinco em fusão. Este envolvimento do aço atua como uma espécie de barreira físico-

química ao meio agressivo, na qual o zinco opera como um anodo de sacrifício,

executando uma proteção catódica ao aço evitando assim a corrosão do mesmo.

Para Goes (2013) a galvanização do aço é constatada como um processo

preventivo e não como um meio de reparação da corrosão. Existem métodos de

galvanização aplicados durante a corrosão de armaduras, mas que não apresenta a

mesma eficiência do que uma estrutura galvanizada desde seu início.

26

3.1.3 Inibidores químicos de corrosão

Para Gentil (1996) inibidores são elementos ou misturas que quando

aplicadas em proporções adequadas no meio corrosivo, tendem a minizar ou

erradicar a corrosão.

A utilização dos inibidores deve seguir alguns aspectos para que seu uso seja

satisfatório:

- Identificar as causas da corrosão a fim de descobrir as manifestações

patológicas que poderão ser resolvidas pelo inibidor;

- Verificar o custo da operação no uso de inibidor;

- Conhecer as propriedades e características do inibidor a ser utilizado para

verificar a adequabilidade entre a peça corrosiva e o agente inibidor, evitando assim

a eventualidade de inibição de corrosão de alguns metais e outros não;

- Respeitar as condições regulares de adição e controle dos inibidores de

corrosões.

Além dos aspectos citados por Gentil (1996) anteriormente, o autor classifica

os inibidores em inibidores anódicos, inibidores catódicos e inibidores de absorção.

Os inibidores anódicos reprimem as reações anódicas atuando geralmente no

produto corrosivo recém-formado, aderindo ao aço um filme envoltório insolúvel

resultando na polarização anódica.

Os inibidores catódicos produzem o fornecimento de íons metálicos próprios

para reagir com a alcalinidade catódica, impossibilitando a difusão do oxigênio,

minimizando os efeitos da corrosão no aço.

Os inibidores de absorção operam como películas protetoras e podem atuar

nas áreas anódicas e/ou catódicas. As películas de absorção possui ligação com

velocidade do fluido, volume e concentração do inibidor a ser usado, temperatura do

ambiente, período de contato entre o inibidor e a superfície metálica, apresentando

boa eficiência mesmo em pequenas quantidades (GENTIL, 1996).

Através de ensaios realizados, Fonseca e Djanikian (1998) afirmam que a

adição de inibidores químicos ao concreto, faz com que sua resistência à

compressão apresente valores elevados com o crescimento da idade, apresentado

principalmente com o aditivo nitrato de cálcio, que também promoveu uma

aceleração de pega e altas resistências iniciais formando um produto hidratado

através de seus íons de cálcio.

27

Com a adição de inibidores de corrosão verifica-se uma incorporação de ar no

concreto, na qual ocasiona uma redução da exsudação de água. As bolhas de ar

bloqueiam a passagem de água até o exterior da peça, evitando assim canais de

percolação que diminui a resistência mecânica do concreto e aumente sua

porosidade, possibilitando o contato da armadura com o meio ambiente (FONSECA

E DJANIKIAN, 1998).

De acordo com Helene (1986), inibidores químicos são compostos químicos

que agem nas superfícies metálicas, bloqueando as reações anódicas ou reações

catódicas separadamente ou ambos. O principio da inibição constitui na quebra da

continuidade do circuito eletroquímico produzido pela célula de corrosão.

Para Helene (1986) há inibidores anódicos do aço como:

- Nitritos de sódio;

- Cromatos de potássio;

- Benzoato de sódio;

- Fosfato.

Inibidores catódicos do aço como:

- Sulfitos

Os inibidores são adicionados ao concreto com o objetivo de minimizar a ação

dos cloretos. Entre os inibidores de corrosão pode-se destacar nitrito de sódio

indicados para situações com pouca corrosão, já o nitrito de cálcio é adequado para

situações de extremas corrosões (GENTIL, 1996).

3.1.4 Controle de fissuras

As fissuras nas edificações de concreto armado são formadoras de caminhos

para que os agentes corrosivos cheguem até as ferragens, causando sua corrosão,

tendo em vista isso, deve-se ter uma necessidade criteriosa para o controle de

fissuras prevenindo a corrosão. Segundo a ABNT NBR - 6118 (2014), as fissuras

estão diretamente ligadas ao cobrimento da armadura e a qualidade do concreto.

Para obter-se uma durabilidade e segurança estrutural satisfatória, pela norma a ser

seguida, as fissuras limitam-se conforme o quadro 4, que descreve valores

limitantes da abertura das fissuras para diferentes tipos de concretos e classes de

agressividade.

28

QUADRO 4 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção das armaduras, em

função das classes de agressividade ambiental. Fonte: ABNT NBR – 6118. Projeto de Estrutra de

Concreto – Procedimento

De acordo com o Quadro 4 , nota-se a abertura característica de fissuras na

superfície do concreto (wk) se torna mais “intolerante” à medida que a classe de

agressividade ambiental se torna mais severa. Desse modo os valores-limites

impostos para abertura, visam assegurar a prevenção da corrosão nas armaduras,

(ABNT, – 2014).

Segundo ABESC (2007) as fissuras no concreto armados podem ocorrer

antes do endurecimento do concreto oriundas das circunstâncias da sedimentação

da massa do concreto, além da retração da superfície do concreto causada pela

rápida perda de água. ou pela má colocação das fôrmas e pela desestabilidade por

elas causadas. Os motivos das fissuras após endurecimento são ocasionados

29

geralmente por retração do concreto, podendo ser evitadas com a utilização de

fibras no concreto, menor teor de água, telas soldadas, cura regular.

Para casos em que o ambiente encontra-se em baixa umidade relativa e calor

excessivo, recomenda-se o uso de aditivos plastificantes, assim, indica-se umedecer

as fôrmas e superfícies que entrarão em contato com o concreto. Ademais, é

oportuno frisar que deve-se evitar a adição de água ao concreto e iniciar o processo

de cura logo que seja possível. Dessa forma, seguindo essas etapas de prevenção,

é possível diminuir ou eliminar as fissuras e a exposição das armaduras. (ABESC,

2007).

3.1.5 Tipo de cimento

Os concretos que possuem em sua mistura adições de escória de alto-forno

ou materiais pozolânicos (cinza volante ou sílica ativa) demonstram uma maior

compacidade, portanto uma menor penetração de líquidos, gases ou íons, do que os

cimentos comuns tipo Portoland (CASCUDO, 1997).

3.1.6 Tipo de aço

Para Cascudo (1997), o processo de corrosão apresenta variabilidade diante

do tipo de aço que possui a estrutura. O autor afirma os aços que sofrem

tratamentos a frio, como encruamento, trefilação ou que possuem teores de carbono

elevados, são mais vulneráveis a corrosão, do que aços com menor dureza e baixa

resistência.

Experimentalmente, variando a relação água/cimento, tipo de cimento,

cobrimento da armadura, verificou que entre os aços usualmente comercializados e

utilizados CA-25, CA-50, CA-60, o que apresentou maiores taxa a corrosão foi o CA-

60. E o aço que se mostrou com maior resistência a corrosão foi o CA-25. Tendo

embasamento nesse experimento apresentado na referencia de Cascudo (1997),

percebe-se a influência da escolha correta do tipo de aço juntamente com o tipo de

cimento na busca de prevenir a corrosão das armaduras de concreto armado.

A figura 5 demostra as diferenças nas perdas de massas devido a corrosão

para os aços citados anteriormente, na qual o aço CA-25 apresenta melhores

rendimentos perante a variação de relação de água/cimento e tipo de cimento, tendo

30

o cobrimento fixado em 2,5 centímetros e 4% de aditivo a base de CaCl em relação

a massa do cimento.

FIGURA 5 – Valores de perda de massa de três tipos de aço diante da corrosão. Fonte:

Cascudo (1997).

31

4 RECUPERAÇÃO E REPAROS DE CORROSÕES EM CONCRETO

ARMADO

O êxito obtido na construção civil é quando uma edificação que está em

execução ou já existe, não necessita de reparos, aditivos, retrabalhos, ou até

mesmo demolição causando prejuízos financeiros e sociais. Esses imprevistos estão

presentes na maioria das construções sendo utópica a inexistência dos mesmos,

atribuindo ao responsável técnico minimizar os danos com o objetivo de erradicá-los.

A patologia que surge com frequência no ramo da construção civil é a

corrosão das armaduras no concreto armado, na qual o desafio é incumbir soluções

viáveis para o reparo parcial ou definitivo.

É de grande importância a detecção da corrosão em concreto armado com

antecedência, para que sua retificação seja possível de ser executada em um curto

espaço de tempo, evitando assim presumíveis ajustes mais complexos e demorados

ou substituição das peças deterioradas, causando um agravo financeiro maior.

Conforme as orientações de Souza e Ripper (1998) os serviços de reparos

exigem um roteiro de trabalho de cálculo estrutural estabelecendo elementos

básicos para o sucesso do conserto. Alguns itens devem ser observados

previamente ao restauro:

- Apontar as peças da estrutura que se encontram danificadas juntamente

com o grau de degradação, visando à recuperação do elemento sem perder as

características geométricas, a resistência e o desempenho original;

- Definir a quantidade suporte de carga residual da peça que necessita de

reparo, para que se possa mensurar o tipo e a dimensão do reforço a ser acrescido;

- Prever a necessidade de escoramentos e técnicas construtivas durante o

processo de ajuste;

- Mensurar a segurança antes, durante e depois da elaboração do reforço;

- Determinar a técnica a ser utilizada mais eficaz;

- Elaborar de cronogramas financeiros e de tempo juntamente com inspeções

periódicas do elemento desintegrado.

32

De acordo com Andrade (1992) a reparação da corrosão depende de diversos

fatores, como o acesso a peça a ser reparada, a viabilidade econômica e elementos

técnicos.

Após o seu inicio, a detenção da corrosão das armaduras em concreto

armado é possível apenas com proteção catódica, que em alguns casos não

apresenta viabilidade técnica ou econômica. Existem métodos que impedem o

processo corrosivo sem que haja a substituição do concreto, mas que exigem prazos

longos em sua restauração frente à oxidação das ferragens, como: a

“realcalinização” do concreto contaminado, feita através do emprego superficial de

argamassa rica em cimento, que deverá permanecer úmido por longo prazo na

tentativa de combater estruturas carbonatadas; em estruturas afetadas por cloretos

usam-se métodos eletroquímicos de extração, na procura de diminuir o teor de

cloretos no concreto, esses processos apresentam custos elevados e eficiência

duvidosa de longo prazo (ANDRADE, 1992).

Em outros casos de reparos da corrosão em concreto armado, está atrelada a

reconstituição do concreto danificado, limpeza na região e/ou substituição das

armaduras corroídas. Atentando para a compatibilidade entre o material de

substituição com o degradado, evitando assim diferenças de retrações e falhas

prematuras. Deve-se salientar a necessidade corrigir totalmente os casos de

corrosão antes de selar trincas ou fissuras, providos sempre de escoramentos e

contenções ao realizar reparos em peças estruturais (ANDRADE, 1992).

4.1 Procedimentos de reparos

Segundo Andrade (1992) a reparação trata da eliminação total do concreto

danificado pela corrosão das armaduras sendo reconstituído com material “sadio” na

sua forma original ou com aumento na sua seção. Os métodos de reparos podem

ser: manualmente, utilização de formas ou jateado. Essa escolha dependerá do

sistema de reparação a ser escolhido e do material utilizado.

33

4.1.1 Eliminação do concreto deteriorado

A etapa inicial para a recuperação estrutural perante a corrosão das

armaduras é a remoção do concreto danificado até o encontro do concreto sadio no

interior da peça, sendo aconselhável a remoção de partículas soltas a fim de não

prejudicar a ancoragem do material de reparo e providenciar a retirada de concreto

atrás das armaduras corroídas em um espaço de 1 a 2 centímetros, que garantirá a

limpeza e aderência por completo da peça (ANDRADE, 1992).

Souza e Ripper (1998) confirmam que a medição dos serviços de retiradas de

concreto contaminado por corrosões é feito por metros quadrados (m²). Os custos de

cortes do concreto, remoção e transporte dos resíduos devem ser incluídos nos

serviços preliminares de reparação. A mensuração do reparo pode seguir a fórmula

e execução descrita na figura 6.

FIGURA 6 – Sistema de medição para intervenção de corte em concreto. Fonte: Souza e

Ripper (1998).

4.1.1.1 Apicoamento

O apicoamento trata-se de um procedimento de remoção do concreto

deteriorado localizado na camada externa, com o objetivo de assegurar maior

aderência ao material restaurador. O apicoamento pode ser mecânico, utilizado para

elevadas remoções superficiais de grandes profundidades, garantindo um grau de

rugosidade e uniforme satisfatório em um curto período de tempo. O apicoamento

manual tem uma produção de acordo com o operador e a posição da peça a ser

restaurada, tendo um rendimento na ordem de 0,5 a 0,8 m²/h. É considerado um

34

complemento do apicoamento mecânico. Esses processos devem proceder na

sequência, limpezas para que possuam uma eficácia elevada (SOUZA E RIPPER,

1998).

FIGURA 7 – Apicoamento mecânico e manual. Fonte: Souza e Ripper (1998).

FIGURA 8 – Execução do apicoamento manual. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.2 Limpeza das armaduras

Para que haja uma boa aderência entre o material restaurador e a peça a ser

reconstituída, Andrade (1992) afirma que toda corrosão deve ser removida da

superfície das armaduras, em geral utilizando jato de areia quando for reparada com

resina epóxi ou polimérica. Outra técnica de reparo é a pintura com “antióxido” que

necessita também de limpeza das barras de aço, através de jato de areia ou

escovação. Ao término da limpeza, é preciso verificar a redução que a seção de aço

sofreu, quando a seção transversal do aço diminuir em torno de 15 a 25% de sua

35

seção original, é recomendável que haja a reposição de novas armaduras,

respeitando a ancoragem e emendas das novas barras de aço de acordo com as

normas técnicas.

Souza e Ripper (1998) enaltecem algumas técnicas utilizadas de limpeza das

superfícies das armaduras, visando à remoção da corrosão garantindo uma maior

sanidade do aço e uma aderência eficaz:

4.1.2.1 Limpeza com soluções ácidas

O propósito da limpeza através de soluções ácidas, é a remoção de

compostos como tintas, ferrugens, graxas, carbonatos, resíduos e manchas de

cimentos. Esses elementos não seriam removidos simplesmente com a aplicação de

jatos de água.

Para utilização de soluções ácidas, a superfície em tratamento deve ser

molhada em abundância, evitando assim a penetração do ácido no concreto não

deteriorado. Deve-se ser aplicado em pequenas áreas através de aspersão ou com

auxílio de uma broxa, sempre em ambiente que tenha ventilação para garantir a

renovação do ar.

O elemento mais usado para a remoção de corrosões é o ácido muriático ou

ácido clorídrico, comercialmente chamado, utilizado na proporção de 1:6 com água.

Ao término de seu borbulhamento na peça reparada, o ácido deve ser lavado

com uma solução neutralizadora de amônia com água com relação de 1:4,

seguidamente por lavagem de água.

O ácido muriático não é indicado para peças que contenham a espessura de

cobrimento reduzida, pois tendem diminuí-las, a solução indicada seria a aplicação

de soluções alcalinas para este caso.

4.1.2.2 Limpeza com soluções alcalinas

Possuindo características semelhantes com a limpeza ácida, as soluções

alcalinas não exigem tanta preocupação em relação ao baixo cobrimento das

armaduras, pois essas soluções não são agressivas como as soluções ácidas.

Devem ser aplicadas de forma correta enquadram-se na técnica e objetivo que

necessitam alcançar.

36

4.1.2.3 Jato de água

Muito aplicado para remoção de substrato e preparação de superfícies, o jato

de água é um procedimento que assegura limpeza para a adição do material de

reparação, podendo ser de água fria ou água quente.

Ademais, é válido ressaltar que para superfícies muito gordurosas ou

impregnadas por agentes químicos, recomenda-se a utilização de jatos de água

quente. Por serem mais eficazes nessas regiões específicas.

Dessa forma, essa técnica de jato de água, torna-se consideravelmente eficaz

e com baixo custo operacional, tornando-se assim, um bom método e/ou

complemento para limpeza das armaduras corroídas.

FIGURA 9 – Jato de água. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.2.4 Jato de areia

Utiliza-se o método de jato de areia sob pressão controlada para a limpeza e

preparação da superfície danificada, e que posteriormente passará pelo processo de

recuperação. O jato de areia é uma das técnicas mais tradicionais, sendo utilizada

na grande parte dos casos após o processo de corte ou apicoamento do concreto.

Dessa forma, o material empregado para a execução da referida técnica é a

máquina de jato de areia acoplada a um compressor, a mangueira deverá ser

resistente, pois sofrerá forte degradação, além disso, deverá ser utilizado um bico de

projeção específico.

Ademais, é oportuno ressaltar que a areia que será empregada nesse

processo, deve estar limpa, totalmente seca e sem nenhum resquício de matéria

37

orgânica, além disso, o grão de areia deve ser ajustado com o tamanho da

mangueira.

Outrossim, para um bom desempenho desta técnica, sugere-se que a areia

não pode ser muito mole e nem fina, para que não aconteça o polimento da

superfície, assim, o jato de areia deve ser executado em círculos para a retirada de

todos os resíduos presentes no local. No entanto, após esse procedimento deverá

ser aplicado jatos de ar comprimido e de água fria, para retirada dos materiais

poluentes e para a preparação do local a ser recuperado.

De acordo com a Portaria nº 99 de 19 de outubro de 2004 proíbe trabalhos

que utilizam jateamentos de areia seca ou úmida, considerando que a composição

de sílica cristalina é uma substância comprovada que é cancerígena.

FIGURA 10 – Limpeza da superfície com jato de areia. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.2.5 Jato de ar comprimido

O Jato de ar comprimido é uma técnica destinada para a retirada de

pequenas partículas ou poeira, sendo apenas um procedimento complementar de

limpeza. A referida técnica será empregada apenas nos casos em que os recursos

de jato de areia e jato de água não forem suficientes para total retirada dos resíduos.

Além disso, o jato de ar comprimido usualmente é utilizado para a limpeza de áreas

de difícil acesso e também para a secagem das superfícies.

38

4.1.2.6 Jato com limalha de aço

O procedimento de jato com limalha de aço pode ser considerado similar às

técnicas anteriores, tendo seu poder de abrasão mais agressivo e potencializado em

relação ao jato de areia. Com isso não é indicado para situações em que as

armaduras se encontram expostas ou corroídas, pois tendem a reduzir a sua seção

transversal das armaduras devido à força excessiva de desgaste do jato de limalha

de aço.

4.1.2.7 Escovação manual

A técnica de escovação manual é executada para pequenas áreas corroídas.

Consiste no movimento repetitivo de modo que suas cerdas metálicas possam

remover a corrosão. Para sua total eficiência, necessitam de serviços

complementares de lixas de ferro posteriormente limpezas de ar comprimido.

FIGURA 11 – Limpeza manual com escova de aço. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.3 Tratamento da superfície do concreto original referente à aderência e

ancoragem

O tratamento para a recuperação do concreto ao seu estado inicial faz-se

necessário para uma boa aderência do material de reparo, nesse sentido, a

restauração deve ser realizada para que o resultado final seja satisfatório. Conforme

aponta Andrade (1992, p.98):

A aderência é sempre favorecida com certa rugosidade superficial. Umedecer a superfície do concreto original ou utilizar resinas denominadas de ponte de aderência dependerá do tipo de material de reparo. Em certos

39

casos pode recorrer a chumbadores que são ancorados no concreto original ou velho e embutidos no novo material de reparo.

Assim, compreende-se o quão importante é o processo de aderência, pois a

adesão ineficaz do material restaurador resultará no desprendimento do mesmo.

Além disso, em áreas afetadas por processos corrosivos, utiliza-se a remoção

profunda do concreto degradado, com o intuito de proporcionar maior adesão do

material de reparo. Algumas características devem ser observadas na remoção do

concreto deteriorado como descrevem Souza e Ripper (1998, p. 116) “as arestas

internas da superfície devem observar um talude de 1:3, procurando-se manter os

seus cantos arredondados”, como elucida a figura a seguir:

FIGURA 12 – Aspecto final da cavidade garantindo a aderência entre o concreto novo e velho

. Fonte: Souza e Ripper (1998).

As amaduras devem ser ancoradas de modo que seus carregamentos que

estão sujeitas sejam transmitidos de forma uniforme e integral para o concreto

através de sua aderência (ABNT, 2014).

Seguindo as instruções da ABNT NBR 6118 (2014), as emendas das barras

das armaduras podem ser do tipo: por transpasse; por luvas com preenchimento

metálico, rosqueadas ou prensadas; por solda. Visando a integridade e

homogeneidade estrutural.

Em alguns casos, a corrosão se encontra em estado avançado ou presente

em grandes superfícies ocasionando a realização da troca ou reposição das

armaduras. Para realizar esse mecanismo é necessário atentar para os

comprimentos de ancoragem e emendas a serem aplicados, resultando assim em

40

um reparo com as mesmas resistências mecânicas da peça original (SOUZA E

RIPPER, 1998).

Na figura 13 descrita abaixo, o comprimento L1 representa a extensão do

corte do concreto além do necessário, para garantir uma emenda satisfatória entre

as barras de aço. No comprimento L2 percebe-se que a perfuração do pilar com o

intuito de obter uma boa ancoragem, preenchido posteriormente como concreto e

epóxi.

FIGURA 13 – Relação entre corte e ancoragem das armaduras de substituição. Fonte: Souza

e Ripper (1998).

4.1.3.1 Perfuração do concreto para ancoragem das armaduras

Na necessidade de repor ou substituir barras de aço, as armaduras

necessitam ser ancoradas. São introduzidas em perfurações posteriormente

preenchidas com resina epóxida ou cimentícia, que deve garantir a adesão entre os

materiais. Para casos em que a barra é submetida à flexão, a perfuração deve ter

uma pequena inclinação em relação a horizontal, não ultrapassando grandes

diâmetros conforme a figura 14 (SOUZA E RIPPER, 1998).

41

FIGURA 14 – Ancoragem da barra à flexão com enchimento do furo por gravidade. Fonte:

Souza e Ripper (1998).

4.1.4 Reparo de fissuras

O controle das fissuras faz com que as armaduras no concreto armado não

fiquem expostas aos agentes agressivos, como citado no item 3.1.4. Muitas vezes

essa precaução não é obtida, tendo na estrutura fissuras que devem ser eliminadas

garantindo a integridade das armaduras aos agentes corrosivos. Souza e Ripper

(1998) instruem que devem ser realizados serviços preliminares antes de reparar

uma fissura, como identificar o tipo de fissura e selecionar o método de restauração.

Para a recuperação das fissuras e consequentemente a proteção das

armaduras, geralmente usa-se matérias elásticos e de penetração no elemento

estrutural, devolvendo a funcionalidade da peça de forma monolítica (SOUZA E

RIPPER, 1998).

4.1.4.1 Técnica de injeção de fissuras

Essa técnica utiliza resina epóxi, material que constitui baixa viscosidade,

isenta de solvente e boa aderência. Executa-se a abertura de furos onde serão

locados os bicos de injeção ao longo da fissura. Após limpeza criteriosa, veda-se a

fissuras com resina, com exceção nos locais que irão os bicos injetores. Colam-se

os bicos injetores com a resina epóxi, garantindo a sua fixação. Após operação, com

pressão controlada injeta-se a resina colante através dos bicos, realizando o

preenchimento por completo das fissuras. A retirada dos bicos injetores deve ser

42

realizada após 24 horas com auxilio de um martelo (REVISTA EQUIPE OBRA,

2014).

A figura 15 demostra as precauções e procedimentos e de injeção de fissuras

através de resinas epóxi evitando que os agentes agressivos penetrem na estrutura

de concreto armado.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

FIGURA 15 – (a) Inspeção e limpeza da fissura; (b) Perfuração onde serão locados os bicos de

injeção; (c) Fixação dos bicos de injeção com resina epóxi; (d) Conexão do pressurizador com o bico

de injeção; (e) Verificação da pressão na saída do tanque; (f) Produto aplicado. Fonte: Revista Equipe

de Obra nº 78, Dezembro (2014).

4.1.4.2 Técnica de selagem de fissuras

O método de selagem de fissuras é geralmente empregado em fissuras

ativas, ou seja, abertura que ainda estão em processo de abertura. O material

selador deve possuir aderência e resistência mecânica. Essa técnica de

preenchimento de fissuras é utilizada para fissuras de 10 mm ou superiores a 30 mm

(SOUZA E RIPPER, 1998).

43

Fissuras com aberturas entre 10 mm e 30 mm fazem-se uso de graute ou

produto a base de epóxi para o fechamento da fissura, conforme descrito na figura

16 abaixo.

FIGURA 16 – Selagem de fissuras entre 10 a 30 mm. Fonte: Souza e Ripper (1998).

Para fissuras que apresentam aberturas maiores que 30 mm, é extrudado no

interior da fenda um cordão de poliestireno ou mangueira plástica ou neoprene ou

mastique, que garantirá o isolamento da selagem. Para obter uma maior aderência

entre o bordo da fissura e o material selador, aplica-se pincelagens de primer a base

de epóxi que garantirá maior aderência ao material restaurador com a fissura

conforme figura 17 (SOUZA E RIPPER, 1998).

FIGURA 17 – Selagem de fissuras com grandes aberturas. Fonte: Souza e Ripper (1998).

44

4.1.4.3 Técnica de costura de fissuras

Em casos de fissuras ativas em desenvolvimento ocasionadas isoladamente

por insuficiência de resistência mecânica, aplica-se a técnica de “costura” da fissura.

Através de grampos devidamente posicionados e ancorados, evitam que a fissura

ativa torne a se movimentar como demostra a figura 18. Essa técnica deve ser

realizada sempre que possível com a estrutura descarregada e complementada por

injeção ou selagem das aberturas (SOUZA E RIPPER, 1998).

FIGURA 18 – Reparo de fissura por costura. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.5 Reparo em elementos estruturais

Souza e Ripper (1998) classificam como reparos superficiais ou rasos aqueles

que possuem profundidade inferior a 2,0 centímetros, reparos semiprofundos

enquadram-se entre 2,0 a 5,0 centímetros já atingindo as armaduras e os reparos

profundos são aqueles que avançam valores superiores a 5,0 centímetros. Os

reparos semiprofundos e profundos devem obedecer ao corte do concreto descritos

no item 4.1.1.

45

4.1.5.1 Reparo com argamassa

Uma técnica indicada para reparos superficiais, na qual sua aplicação é

utilizada apenas para o cobrimento das armaduras, na virtude de substituir o

concreto deteriorado, evitando a exposição das armaduras ao ambiente (SOUZA E

RIPPER, 1998).

Para Souza e Ripper (1998) existem inúmeras argamassas restauradoras:

argamassa convencional composta de cimento e areia, argamassa farofa,

argamassa com polímeros composta por resina sintética dando maior plasticidade

no material e as argamassas epóxidicas, são aquelas que possuem em sua

composição resina epóxidica e apresentam níveis elevados de resistência mecânica

e química. É muito utilizada para reparos semiprofundos e profundos (argamassa

epóxidica projetada) por possuir uma boa aderência.

4.1.5.2 Reparo com concreto convencional

Diante da recomendação de Gentil (1998), para realizar reparos através de

concreto, o composto ter qualidade adequada, estrutura projetada corretamente,

analisar previamente o meio ambiente e condições operacionais.

O reparo por concreto convencional consiste na troca do concreto deteriorado

por um de boa qualidade, a resistência do concreto de reposição deverá ser igual ou

superior a do antigo concreto sendo compactado de forma adequada. Em busca de

melhor desempenho na restauração usa-se concreto composto com adesivo epóxi e

que são projetados na área a ser restaurada. A camada de concreto projetada não

deve ultrapassar a espessura de 50 milímetros (SOUZA E RIPPER, 1998).

Em alguns casos de reparo com concreto, há a necessidade de utilização de

fôrmas, para casos onde a cavidade de restauração é muito grande faz-se uso de

formas com o objetivo de garantir uma cobertura ideal para as armaduras do

concreto armado.

Conforme a figura 19, demostra tipos de fôrmas para pilares e vigas.

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FIGURA 19 – Fôrma com cachimbo para o pilar e fôrma com dispositivo de pressão para

viga. Fonte: Souza e Ripper (1998).

4.1.5.3 Reparo com graute

O graute a base mineral consiste um uma argamassa que apresenta grande

fluidez e resistência mecânica, não manifesta retração e é auto adensável. Utilizado

em reparos semiprofundos e profundos. Por possuir resistência inicial elevada, suas

fôrmas podem ser retiradas em 24 horas e sua cura deve ser realizada durante 3

dias (SOUZA E RIPPER, 1998).

A exposição da armadura, conforme figura 20, foi oriunda do mau

adensamento do concreto e da alta densidade e má distribuição de armadura. O

processo de reparo nessa ocorrência foi feito através do lançamento manual de

graute, logo após recebendo um acabamento, protegendo assim as armaduras dos

agentes corrosivos presentes na atmosfera.

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FIGURA 20 – Armadura exposta em vigas e cabeça de pilar devido a má distribuição da

armadura e ineficiência de adensamento do concreto. Fonte: Leonardo Casales Giongo (2015).

4.1.6 Reforço em elementos estruturais

Muitas vezes, a corrosão encontra-se em estado avançado em que o

procedimento de reparos descritos na seção 4.1.5 não é suficiente na recomposição

da peça estrutural. Quando a corrosão reduz a seção transversal das armaduras em

concreto armado, ocasionando a diminuição da resistência dos elementos

estruturais, realizam-se trabalhos de reforços nas peças deterioradas, com o

propósito de corrigir as falhas de execução e/ou projeto; aumentar a capacidade

portante da estrutura; eliminar o desgaste e deterioração da peça danificada.

Usualmente, na presença de corrosão de armaduras, o reforço estrutural se da pela

substituição do aço ou adição de novas barras. A adição de novas barras ocorre

quando a área da seção de aço corroído ultrapassar 15% da sua seção original,

(SOUZA E RIPPER, 1998). Conforme figura 21 foram admitidas barras

complementares para suprir a área de aço corroída.

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FIGURA 21 – Adição de barras devido à corrosão. Fonte: Souza e Ripper (1998).

A realização do reforço das peças estruturais descritas na figura 22, demostra

a utilização de resina epóxi e a limpeza na superfície do concreto para garantir a

ancoragem das novas barras de aço. Deste modo, ocorre um aumento da

capacidade suporte perdida devido a exposição das armaduras ao meio ambiente.

FIGURA 22 – Adição de novas barras na viga e demonstração do procedimento de posicionar

as barras. Fonte: Husni (2013).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto, cabe ressaltar que o trabalho discute aspectos da

pesquisa cientifica, bem como, autores conceituados na área de processos

corrosivos em edificações de concreto armado, considerando o ponto central do

trabalho acadêmico: a relevância da análise sobre a degradação sofrida pelos

elementos estruturais em concreto armado provenientes de processos corrosivos.

Ademais, o trabalho acadêmico visou entender de forma preliminar os

principais processos corrosivos nas edificações, do mesmo modo que, revisar as

possíveis técnicas empregadas para avaliar a intensidade do processo corrosivo, e,

além disso, compreender a importância de tais técnicas, indicando os procedimentos

adequados para minimização dos danos e prevenção da corrosão.

Nesse cenário, é possível concluir que a corrosão é um processo de

degradação muito comum na construção civil, sendo consideravelmente difícil a sua

previsão, pois tal patologia pode se instalar por diversos fatores, dentre eles: a

porosidade, qualidade e cobrimento do concreto, a influência do meio ambiente, o

controle de fissuras e a relação da água/concreto, entre outras. Assim, é válido frisar

que o manuseio adequado desses materiais e as estratégias para construção e

durabilidade da edificação são fundamentais nessa situação.

Dessa forma, é possível afirmar que os objetivos do trabalho foram

corroborados no que concerne à importância do emprego das técnicas sobre a

corrosão para um bom desempenho das edificações e para a manutenção de sua

vida útil. Os procedimentos adequados e o importante papel do Engenheiro Civil na

construção tornam-se imprescindíveis para a perfeita execução e para à prevenção

dos processos corrosivos.

A utilização correta e manuseio dos elementos proporcionam que as

edificações tenham grandes chances de auferir êxito no seu objetivo final, isto é a

durabilidade da estrutura de concreto armado e a precaução em relação às

manifestações patológicas advindas da corrosão.

É oportuno ressaltar que no decorrer da pesquisa acadêmica, constatou-se

que atualmente existem poucas técnicas referentes à prevenção de corrosão em

armaduras de concreto armado, porém, há uma infinidade de técnicas para a sua

recuperação, sendo necessário, nesse sentido, mais pesquisas voltadas a

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prevenção, com o intuito de prevenir que as manifestações patológicas se instalem,

possibilitando que o Engenheiro Civil prognostique o dano, antes mesmo que ele

possa surgir.

Em vista disso, aconselha-se empregar de forma adequada as técnicas de

preventivas na construção com concreto armado, presumindo e levando em

consideração o elevado grau de aparecimento dessa patologia nas demais

edificações, conforme apontam os estudos acadêmicos voltados a essa área

específica.

Após toda a exposição de conceitos teóricos e análise dos processos

corrosivos em edificações de concreto armado, ressalta-se que as técnicas são de

extrema importância para a construção, bem como, a atuação e conhecimento do

Engenheiro Civil para o emprego das técnicas adequadas.

O trabalho acadêmico revela uma análise da corrosão sobre o viés da

prevenção e recuperação das estruturas, portanto, a relevância deste trabalho

consiste no reconhecimento da prevenção como papel essencial no processo de

edificação. A aproximação entre o estudo da teoria aplicado à prática traz uma

contribuição positiva tanto para o campo do conhecimento como para o campo

teórico. Pois hoje é impossível imaginar o cenário da construção civil sem o uso de

técnicas preventivas e de recuperação das estruturas.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil. São Paulo 2007

ANDRADE Pedrix, Maria del Carmen. Manual para diagnóstico de obras

deterioradas por corrosão de armaduras. São Paulo: Pini, 1992.

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estruturas de concreto armado - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

CASCUDO, Oswaldo. O controle da corrosão de armaduras em concreto:

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FONSECA, Renato Luiz Macedo / DJANIKIAN, João Gaspar. Inibidores de

Corrosão – Influência nas Propriedades do Concreto

FRAUCHES-SANTOS, C; ALBURQUERQUE, M.A.; OLIVEIRA, M. C. C.;

ECHEVARRIA, A. A Corrosão e os Agentes Corrosivos. Artigo Revista Virtual de

Química Vol. 6 nº 2 UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,

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GENTIL, Vicente. Corrosão. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro

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52

HELENE, Paulo R. L.; LEVY, Salomon. Cura do Concreto, Boletín Técnico –

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PIRES, J.R. Patologias na construção dos edifícios. Caso de estudo, edifício da

FICASE na Cidade da Praia. 2013. 2285. Tese (Licenciatura) – Faculdade de

Arquitectura. Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Palmarejo Grande, cidade

da Praia, 2013.

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SOUZA, Vicente Custódio de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço

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REVISTA EQUIPE DE OBRA, Como construir na prática, Edicão nº 78 Ano 2014

São Paulo: Pini