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Vitória (ES), maio de 2015 Análise de Competitividade da Indústria de Rochas Ornamentais do Estado do Espírito Santo

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Vitória (ES), maio de 2015

Análise de Competitividade da Indústria de Rochas

Ornamentais do Estado do Espírito Santo

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................... 3

1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS ................................................................. 4 1.1 Padrões de concorrência na indústria de rochas ornamentais - As cinco forças de Porter ...................... 5 1.2 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria de rochas ornamentais - Tipologia de

Pavitt ................................................................................................................................................................................................. 6 1.3 Posicionamento Estratégico na Cadeia de Valor da Indústria de rochas ornamentais ............................... 7

2. POSICIONAMENTO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA ................................................................................................. 10 2.1 Oferta Mundial .......................................................................................................................................................................... 10 2.2 Produção Interna ..................................................................................................................................................................... 11 2.3 Consumo Interno...................................................................................................................................................................... 12 2.4 Tecnologia ................................................................................................................................................................................... 13 2.5 Mercado Concorrente ............................................................................................................................................................ 14 2.6 Balança Comercial ................................................................................................................................................................... 14 2.6.1 Importação .................................................................................................................................................................................. 14 2.6.2 Exportação .................................................................................................................................................................................. 15

3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO

ESPÍRITO SANTO .................................................................................................................................................................... 17 3.1 Estrutura e dinâmica da Indústria de rochas ornamentais no Espírito Santo .............................................. 17 3.2 Mecanismos de concorrência do setor de rochas ornamentais .......................................................................... 20 3.3 Posição atual da indústria no mercado .......................................................................................................................... 21 3.4 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade ........................................................................... 22 3.5 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes ............................................................. 22 3.6 Propostas para o aumento da competitividade .......................................................................................................... 23

4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE

DO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS DO ESPÍRITO SANTO ..................................................................... 24 4.1. Caracterização das empresas ............................................................................................................................................. 24 4.2. Perfil da mão de obra ............................................................................................................................................................. 24 4.3. Perfil do mercado interno e externo ............................................................................................................................... 26 4.4. Desempenho das empresas ................................................................................................................................................. 27 4.5. Fatores associados à competitividade ............................................................................................................................ 30 4.6. Inovação ....................................................................................................................................................................................... 30 4.7. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e relações do trabalho ...................................... 31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................................... 32

6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................... 33

7. ANEXO .......................................................................................................................................................................................... 34

Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter............................................................................................................. 34

Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt ....................................................................................... 34

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APRESENTAÇÃO O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo

(Ideies) é uma entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do

Espírito Santo (Findes), responsável pelo apoio à Federação em questões

estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e de defesa de

interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos assuntos

legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento

das micro, pequenas e médias empresas.

A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da

indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,

que tem o objetivo de atender contrapartida do Contrato de Competitividade

firmado entre o Setor e o Governo do Estado do Espírito Santo, qual seja,

enviar à SEDES anualmente a análise da competitividade do setor.

Para realização da Análise de Competitividade do Setor de Rochas

Ornamentais, foram adotados marcos teóricos que estabelecem os padrões

de concorrência, de desenvolvimento tecnológico e de posicionamento

estratégico, das empresas e do estado, na cadeia global de valor do segmento.

Os fatores abordados dizem respeito à capacidade competitiva do setor,

relacionados aos mecanismos de concorrência (preço, diferenciação de

produtos, introdução de novos processos e capacidade de produção), à

dinâmica dos mercados, às atuais posições competitivas das indústrias

internacional e doméstica, às estratégias adotadas para garantir a capacidade

de competir no longo prazo, bem como às vantagens competitivas dos

concorrentes.

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1. ESTRUTURA DA CADEIA DE VALOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

O setor de rochas ornamentais tem características inerentes a uma indústria

tradicional. Trata-se de uma atividade extrativa cujos traços mais marcantes

são: o processamento de recursos naturais; a baixa intensidade tecnológica; a

reduzida exigência em termos de escala mínima de produção; o caráter

exógeno da inovação tecnológica, pois ela costuma vir incorporada nos

equipamentos; e o fato da capacidade empreendedora do dirigente ser um fator

crítico para a competitividade.

As rochas ornamentais e de revestimento, também chamadas pedras naturais,

rochas lapídeas e rochas dimensionais, do ponto de vista comercial, são

basicamente classificadas em mármores e granitos.

As rochas ornamentais são utilizadas na indústria da construção civil como

revestimentos internos e externos de paredes, pisos, pilares, colunas e

soleiras. Compõem também peças isoladas, como estruturas, tampos, pés de

mesa, bancadas, balcões, lápides e arte funerária em geral, além de

edificações. As pedras ornamentais podem também ser torneadas para

revestimento de colunas.

A aplicação do granito na construção civil em substituição a outros produtos

vem sendo crescente, pelo fato de suas características apresentarem

vantagens de uso: resistência, durabilidade, facilidade de limpeza e estética.

Seu dinamismo de mercado está fundamentado na sua elevada capacidade de

substituição em relação a outros materiais. Como é resistente ao ataque

químico, ao desgaste abrasivo, a utilização do granito em revestimentos

externos tem aumentado, tanto em pisos quanto em fachadas.

A dimensão estratégica do setor de rochas brasileiro baseava-se na

capacidade de expansão organizada do setor de rochas, assumindo como

adequadas as iniciativas financeiras e promocionais de incentivo. Hoje, o Brasil

tem capacidade de lavra e beneficiamento para uma complexa variedade de

1200 tipos de rochas em 1500 frentes de lavra. A produção média de 520

toneladas por trabalhador pode ser considerada competitiva, tendo em vista a

natureza predominantemente silicática dos materiais extraídos.

As empresas brasileiras que operam no setor somam cerca de dez mil,

prevalecendo as marmorarias, tendo-se algumas centenas de empresas

totalmente verticalizadas. Por seu lado, existem cerca de 400 empresas

exportadoras regulares, mostrando que as exportações estão relativamente

concentradas, diversamente do que acontece na estrutura de comercialização

do mercado interno.

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Nos segmentos de lavra e beneficiamento, a expansão brasileira está sendo

alcançada com a colaboração de tecnologia importada, principalmente italiana.

Sob este ponto de vista, deve-se destacar que o intercâmbio tecnológico tem

funcionado satisfatoriamente, especialmente à luz da capacidade local de

valer-se do “knowhow” de terceiros. Na lavra, conforme já referido,

prevaleceram os granitos que, em 2013, apesar de ter reduzida a sua

participação, representaram metade do volume de rochas extraído no Brasil.

Os granitos também direcionaram a estrutura de beneficiamento, norteando um

expressivo crescimento do parque de teares multifios diamantados e ganhos

notáveis de produtividade frente a outros países.

Resta acrescentar que, com exceção das exportações de rochas brutas

(blocos), pouco inferior a 1,5 milhão de toneladas, os materiais lavrados no

Brasil são transformados em uma estrutura industrial capaz de trabalhar mais

de 80 por cento do total da produção nacional. Para um país que, até alguns

anos atrás, parecia ter colocado uma forte ênfase na exportação de blocos,

esta é uma referência importante, pois atesta a orientação para um

crescimento industrial qualitativo, seja do mercado interno, seja do mercado

externo.

1.1 Padrões de concorrência na indústria de rochas ornamentais - As cinco forças de Porter

O modelo das Cinco Forças de Porter oferece um instrumento importante para

compreensão dos padrões de concorrência das empresas em seus setores

industriais. A identificação da intensidade e da direção de cada uma das forças

que conformam a pressão competitiva, operante em cada setor, possibilita

compreender o posicionamento das empresas, as áreas em que as mudanças

estratégicas talvez proporcionem maior retorno e apontam as tendências

setoriais mais significativas para inserção e consolidação de suas posições no

mercado.

A seguir, será apresentada uma análise da indústria de rochas ornamentais à

luz do modelo proposto por Porter.

Poder de negociação dos consumidores: Elevado poder de negociação dos

consumidores principalmente os atacadistas e distribuidores que definem

preços graças ao grande número de empresas ofertantes.

Poder de negociação dos fornecedores: Alternativas de controle das fontes

da matéria prima aumentam a capacidade dos produtores em controlar os

custos de produção.

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Produtos substitutos: O principal produto substituto são os materiais de

construção (porcelanato, cerâmica, etc)

Novos entrantes: Altas barreiras a entrada – processo de abertura,

tecnológicas e de capital – visto que o empresário que deseja entrar no setor

de rochas ornamentais precisa cumprir com uma serie de requisitos (entrevista,

capital mínimo, etc).

Grau de rivalidade: A concorrência neste segmento se dá pela diferenciação

do produto e pelo preço. O controle das fontes de matérias primas garante às

empresas maior capacidade de competição por redução dos custos do produto.

A rivalidade é elevada entre as empresas do norte e sul capixabas.

Figura 1: Conformação das cinco forças de Porter na Indústria de rochas

ornamentais

Forças de Porter Rochas Ornamentais

Poder de negociação dos Consumidores

Poder de negociação dos Fornecedores

Produtos substitutos

Novos entrantes (barreiras à entrada)

Grau de rivalidade

Fonte: Pesquisa de rochas ornamentais/Ideies

1.2 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria de rochas ornamentais - Tipologia de Pavitt

A tipologia proposta por Pavitt (1984) sobre os padrões setoriais de mudança

tecnológica procura explicitar as similaridades e diferenças entre os setores

industriais quanto às fontes, usos, natureza e impactos das inovações. Assim,

as características específicas dos setores de atividade industrial impõem

alguns determinantes para o comportamento das empresas no que tange à

inovação e ao desenvolvimento tecnológico.

Algumas empresas do setor estão inseridas no padrão setorial de setores

intensivos em escala no qual é necessário o domínio de um conjunto de

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conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de processo e a

tecnologia de produtos; nessa classe de indústria, as inovações são tanto de

processos (objetivando a redução de custos de produção) quanto de produtos

(principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a produção de

produtos especiais são aspectos relevantes na concorrência); aqui as

inovações são geradas tanto internamente às empresas como em cooperação

com fornecedores, principalmente de bens de capital; por fim, esses mercados

são mais concentrados tanto pela escala de plantas e de empresas quanto

pelas economias de escala derivadas do aprendizado tecnológico.

1.3 Posicionamento Estratégico na Cadeia de Valor da Indústria de rochas ornamentais

O mercado internacional de rochas ornamentais é caracterizado pela

participação de grandes grupos compradores que controlam o fluxo de material

oriundo de países produtores para os países industrializados da Europa e Ásia.

Firmas beneficiadoras de rochas ornamentais estabelecidas no mercado

internacional, sobretudo as italianas, detêm avançada tecnologia no que se

refere à extração e beneficiamento, bem como o domínio dos canais de

distribuição. Entretanto este quadro está se transformando devido aos avanços

e agressividade da indústria chinesa.

A produção mundial de rochas saltou de 2,0 milhões de toneladas nos anos 20

do século passado para 67,5 milhões em 2002. As rochas carbonáticas

representam aproximadamente 58% desse volume; as silicáticas, 37%; as

ardósias, 5%. Em 2002, a Ásia, puxada pela China, Índia e Irã, ultrapassou

pela primeira vez a Europa na produção de pedras naturais, ao responder por

43% do total produzido no mundo. A Europa reúne os mais tradicionais e

importantes produtores mundiais: Itália, Espanha, Portugal, Turquia e Grécia,

posicionando-se logo atrás da Ásia, com 42% da produção.

Embora a Itália seja o núcleo difusor de inovação tecnológica dessa indústria, a

China assumiu o papel daquele país até o final dos anos 1990, de principal

produtor e exportador mundial, principal importador de produtos brutos e maior

exportador de manufaturados. A Itália permanece como maior exportador de

máquinas, equipamentos e tecnologia, cujo maior importador é a China.

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Figura 2: Cadeia produtiva do setor de rochas ornamentais

Fonte: ABIROCHAS – Associação Brasileira de Rochas Ornamentais

O primeiro estágio de cadeia produtiva das rochas ornamentais é a lavra de

blocos a céu aberto desempenhada pelas empresas extratoras. O

beneficiamento primário é feito nas serrarias. Compreende o corte de blocos

brutos em chapas, por meio de equipamentos denominados teares, ou em tiras

e ladrilhos por meio de talha-bloco para a produção de ladrilhos. A grosso

modo, cada metro cúbico de pedra bruta gera 30 m2 de chapas, variando de

acordo com a espessura da chapa, tipo e qualidade do material.

O último processo de transformação ocorre nas marmorarias, cujos principais

produtos são materiais de revestimento interno e externo em construções, além

de peças isoladas como bancadas, soleiras, rodapés e objetos de decoração.

Para atender à demanda do consumidor final, as marmorarias situam-se na

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fase do corte que dá dimensões e detalhes de acordo com as especificações

requeridas.

Os bloquetes são blocos pequenos e irregulares, geralmente com menos de 50

cm de aresta, que sobram nas pedreiras e são aproveitados por algumas

serrarias na fabricação de ladrilhos. Através de talhas blocos semelhantes a

“mini teares”, os bloquetes são serrados diretamente em ladrilhos. Este tipo de

processo, muitas vezes artesanal, é comum na região norte do estado da Bahia

na produção de ladrilhos de mármore bege.

Os materiais, muitas vezes refugados nas pedreiras, que não possuem

dimensões apropriadas para blocos ou bloquetes, são utilizados por empresas

de artesanato mineral, na feitura de mosaicos para tampos de mesa, esferas,

objetos de adorno e utilidades, como abajures, cinzeiros, castiçais.

O equipamento mais comum na serragem de granitos é o tear convencional,

constituído por multi-lâminas. O corte do bloco se dá pela combinação da lama

abrasiva (mistura de granalha, cal e água), conduzido por um conjunto de

lâminas movimentadas pelo tear. As lâminas, geralmente são provenientes de

São Paulo ou Santa Catarina, e a granalha, de São Paulo e Cachoeiro do

Itapemirim.

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2. POSICIONAMENTO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

A dimensão estratégica do setor de rochas brasileiro é destacada por uma

série de indicadores, já apontados desde 1976, pela ONU, como

recomendação direta aos governos interessados. Tais recomendações

baseavam-se na capacidade de expansão organizada do setor de rochas, e

assumindo como adequadas as iniciativas financeiras e promocionais de

incentivo. Hoje, o Brasil tem capacidade de lavra e beneficiamento para uma

complexa variedade de 1200 tipos de rochas em 1500 frentes de lavra,

ocupando cerca de vinte mil trabalhadores. A produção média de 520

toneladas por trabalhador pode ser considerada competitiva, tendo em vista a

natureza predominantemente silicática dos materiais extraídos.

Encontram-se no Brasil, especificamente no Espírito Santo, unidades de

beneficiamento de granito de altíssima produtividade, com maquinário de

origem italiana, a exemplo da marca Gaspari Menoti. Sua produção atinge 1,1

mil m2 de chapas por dia. A seqüência do maquinário é toda automática, com

condução das chapas a uma politriz, um forno de desidratação com capacidade

para 80 chapas, seguido da etapa de resinagem, outro forno de secagem e

uma máquina recortadora, onde as chapas são refiladas nos quatro lados e

catalogadas.

2.1 Oferta Mundial

Em 2013, a produção mundial estimada de rochas ornamentais atingiu 123,5

mil toneladas, com a China respondendo por cerca de 30,8%. O Brasil se

posiciona em 4º no ranking mundial de produção, com 7,5%. Destaca-se o

crescimento da produção da Turquia (+1278%) desde 1996 quando produzia

cerca de 900.000 toneladas anuais de rochas. Neste mesmo período, o

crescimento da produção brasileira foi da ordem de 400% e da China/Índia,

500%. Em 1996 a produção mundial de rochas estimada atingia 46,5 milhões

de toneladas, com um crescimento da ordem de 270% neste mesmo período.

Segundo dados do Anuário Mineral Brasileiro (AMB), as reservas recuperáveis

(30% das reservas medidas) são da ordem de 6 bilhões de m3 de rochas

ornamentais no Brasil, não existindo estatísticas consolidadas sobre as

reservas mundiais.

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Tabela 1 - Produção Mundial 2011-2013

2.2 Produção Interna

A produção brasileira estimada pela Abirochas (Associação Brasileira da

Indústria de Rochas Ornamentais) atingiu 10,13 mil toneladas em 2014 (- 4%

em relação a 2013). A participação dos granitos e similares correspondeu a

cerca de a 50% da produção nacional, tendo as ardósias e quartzitos foliados

produção ainda em declínio, devido à queda nas exportações conforme tabela

2.

Tabela 2 – Produção por tipo de Rochas

Fonte: Abirochas

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A região Sudeste foi responsável por 64% da produção nacional e a região

Nordeste 26% desta produção (Tabela 3).

Tabela 3 – Produção por tipo de Rochas

As transações comerciais na cadeia produtiva de rochas ornamentais estão

estimadas pela Abirochas em 5,5 bilhões de dólares, gerando cerca de 130.000

empregos diretos, em aproximadamente 10.000 empresas. A Abirochas

também estima que o parque produtivo de beneficiamento tenha capacidade

anual de processamento da ordem de 85 milhões de m² (serragem e polimento:

processamento especial) e 50 milhões de m² para processamento simples

(materiais de lamináveis manualmente).

2.3 Consumo Interno

No Brasil, o consumo interno de rochas foi estimado em 4,09 mil toneladas em

2014, novamente impulsionado pela manutenção do crescimento da

construção civil, maior disponibilidade de crédito e obras de infraestrutura,

relacionadas aos grandes eventos esportivos. Com base nas estimativas da

Abirochas, o consumo interno de chapas serradas atingiu o equivalente a

75,7milhões de m² em 2014 (34,1milhões de m² para granitos, 18,9 milhões de

m² para mármores e travertinos, 4,5 milhões de m² para ardósias e 8,3 milhões

de m² de quartzitos foliados e maciços). Para mármores importados, estima-se

1,5 milhão de m² e para materiais aglomerados (silestones), cerca de 0,8milhão

de m².

O crescimento do consumo interno é coerente ao das exportações,

especialmente em um país como o Brasil, que tem a quarta maior população

Fonte: Abirochas

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do mundo e, mais importante, ainda com propensão ao crescimento

populacional superior à média. Além disso, como sempre acontece nos lugares

cuja produção envolve materiais de alta qualidade e adequados para

exportação, induz-se um aumento proporcional na oferta para o mercado

doméstico, em função da substancial expansão do consumo popular, mas

sempre com a segurança da qualidade tecnológica requerida pelos clientes.

Em números absolutos, o consumo interno brasileiro ocupa atualmente a

quarta posição no mundo, precedido apenas por aqueles da China, Índia e

Estados Unidos, sendo, no entanto, inferior em volume per capita.

Em uma análise superficial, pode parecer uma situação normal e condicionada

ao nível demográfico, mas a análise histórica atesta o contrário, porque, em

2001, o Brasil ocupava o décimo segundo lugar no ranking mundial de

consumo. Isto significa que, em pouco mais de uma década, a sua capacidade

de desenvolvimento foi particularmente forte, graças ao investimento produtivo

e às promoções que não têm negligenciado a importância do mercado interno.

2.4 Tecnologia

A importação de tecnologia tem um papel crucial no desenvolvimento do setor

de rochas no Brasil, tanto em termos históricos quanto atualmente, ressaltando

a propensão de investimento em bens de capital para lavra e beneficiamento,

com a contribuição de “know-how” estrangeiro e, sobretudo, Italiano.

O investimento industrial em tecnologia, maquinários e sistemas teve decisiva

contribuição para inovação e progresso do setor de rochas no Brasil,

proporcionando alcance de taxas acima da média. Isto, prioritariamente

embasado nas importações, que em 2013 atingiram um novo recorde de cerca

de USD 150 milhões. Assim, quintuplicou-se o importado em 2007 e

incrementou-se em 47% o valor de 2012, o que destaca uma tendência

positiva,na qual a crise de 2009 teve um efeito marginal.

A principal contribuição da tecnologia estrangeira partiu da Itália, com volume

de negócios que, em 2013, ascendeu a mais de USD 93 milhões,

correspondentes a mais de 5,5 mil toneladas e a um valor de dois terços do

total importado. Confirma-se uma antiga relação de cooperação, que reitera a

valorização da qualidade, retorno e segurança oferecidos pelas máquinas

italianas. Na verdade, o peso das importações dos principais players do setor

de rochas atinge o seu nível máximo no Brasil.

O sucesso da tecnologia estrangeira é complementar ao volume de produção

local, incapaz de responder plenamente a uma demanda em rápido

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crescimento. No entanto, o papel da tecnologia local é significativo, como

evidenciado por um volume substancial das exportações, que se somam às

vendas internas e são destinadas sobretudo aos mercados latino-americanos.

2.5 Mercado Concorrente

A competição mais forte é aquela com a China. Apesar da competitividade do

seu preço médio por unidade de produto, a China não conseguiu ganhar uma

quota de mercado superior a 15%, permanecendo marginal à participação de

outros países fornecedores de tecnologia. O preço médio das importações no

Brasil, após um salto forte em 2008, foi de cerca de USD 15.000 por tonelada.

As importações provenientes da Itália têm preço médio 14% superior ao da

média geral, enquanto aquelas procedentes da China são quase três vezes

mais baratas, mas demonstram tendência de crescimento. Resta falar do preço

alemão, muito maior, mas, ao mesmo tempo, caracterizado por uma grande

variabilidade, resultante dos pequenos volumes de intercâmbio.

2.6 Balança Comercial

2.6.1 Importação

De acordo com o MDIC, as importações totais de rochas ornamentais atingiram

US$ 69,4 milhões em 2013 (+14,3% superiores em relação a 2012), sendo

US$ 45,3 milhões referentes a mármore beneficiado (NCM 6802.91.00/21.00).

A importação de mármores brutos (NCM 2515.12.10/20) atingiu US$ 14,6

milhões. As aquisições de rochas artificiais (NCM 6810.19.00/99.00) somaram

US$51,9 milhões (US$ 17,9 milhões em 2009, US$ 25,1 milhões em 2010, US$

30,2 milhões em 2011 e US$ 47,5 milhões em 2012) e atingiram 52,2 mil

toneladas. A elevação das importações de “silestones” (rochas artificiais) e seu

desenvolvimento qualitativo propiciaram a conquista de novos mercados.

Esses resultados positivos sinalizam a possibilidade de estudos, visando a sua

produção no mercado interno brasileiro. Os principais países de origem das

importações de rochas primárias são: Turquia, Espanha e Itália. A origem dos

produtos manufaturados de rochas ornamentais é: Itália, Espanha e Grécia.

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2.6.2 Exportação

Em 2014 as exportações brasileiras de rochas ornamentais e de revestimento

totalizaram USD 1.276.785.993,00 (USD 1,28 bilhão), correspondentes a um

volume físico comercializado de 2.547.185,49 t. As rochas processadas, tanto

simples (produtos de ardósia, quartzitos foliados, pedra morisca, etc.), quanto

especiais (chapas de granito, mármore e pedra-sabão, lajotas serradas, etc.),

relativas aos subcapítulos 6801, 6803 e 6802 da Nomenclatura Comum do

Mercosul (NCM), compuseram 79,31% do faturamento e 51,16% do total do

volume físico exportado. As rochas brutas (essencialmente blocos de granito,

mármore, quartzito, etc.), integradas aos subcapítulos 2516, 2515, 2506 e

2526, representaram por sua vez 20,69% do faturamento e 48,84% do volume

físico do total das exportações.

Em ordem decrescente de faturamento, os produtos mais exportados foram: as

chapas de granito e rochas similares, incluindo quartzitos maciços e pedra-

sabão (posições 6802.93.90, 6802.23.00 e 6802.29.00); os blocos de granito e

rochas similares (2516.12.00 e 251611.00); os produtos de ardósia (6803.00.00

e 2514.00.00); as chapas de rochas carbonáticas, incluindo mármores,

calcários e travertinos (6802.91.00, 6802.21.00 e 6802.92.00); os produtos das

posições 6802.99.90 e 6802.10.00, que se supõe incluam produtos acabados

cut-to-size e lajotas padronizadas, principalmente de granitos e rochas

similares; os blocos de rochas quartzíticas (2506.20.00); os produtos de

quartzito foliado, tipo pedra São Tomé (6801.00.00); e os blocos de rochas

carbonáticas (2515.12.10, 2515.11.00 e 2515.20.00).

Pelas posições fiscais utilizadas, observando as rochas e produtos comerciais

envolvidos, estima-se que foram exportadas cerca de 1,13 milhão t de chapas

de granito lato sensu, quartzitos em geral e pedra-sabão; 21,48 mil t de chapas

de mármore e, secundariamente, calcários e travertinos; 98,79 mil t de

produtos de ardósia, envolvendo lajotas para piso, telhas, chapas etc.; 41,52

mil t de produtos de quartzito foliado, envolvendo lajotas serradas e de corte

manual, cacos / cavacos, filetes e pavês; 1,19 milhão t de blocos de granito lato

sensu; 26,29 mil t de blocos de rochas quartzíticas maciças; 28,76 mil t de

blocos de mármores e rochas assemelhadas; e 12,21 mil t de produtos

acabados especiais (lajotas e cut-to-size de rochas diversas).

As exportações para a China recuaram 21,75% em faturamento e 23,39% em

volume físico frente a 2013, somando USD 144,46 milhões e 788.020,92 t. Este

foi o primeiro recuo anual significativo desde o início da contabilização das

exportações, há quase duas décadas, bem como a primeira vez em que o

volume físico exportado para a China foi inferior ao dos EUA.

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16

O preço médio dessas exportações foi de apenas USD 180/t, pois 97,5% do

volume físico comercializado é de rochas brutas (blocos). Pode-se, portanto,

observar que as exportações para os EUA, essencialmente de chapas, tiveram

um preço médio 4,5 vezes maior que o da China.

Recuou assim, de 14,2% em 2013 para 11,1% em 2014, a participação chinesa

no total do faturamento das exportações brasileiras de rochas. Mesmo sobre

uma base relativamente baixa, é interessante observar que as exportações de

rochas processadas (subcapítulo 6802), para a China, tiveram incremento de

70,6% em valor e de 125,64% em peso no ano de 2014, totalizando USD 5,8

milhões e 4.226,27 t.

Uma das barreiras para a exportação de rochas ornamentais para a Europa é a

elevação das exigências de normas técnicas na comunidade europeia no caso

das ardósias. Os principais destinos para as rochas ornamentais do Brasil

foram EUA, China, Itália e Canadá. Cerca de 400 empresas realizaram

exportações para 100 países.

Tabela 4 – Principais Estatísticas do Brasil

Figura 3: Evolução do Comércio Exterior de Bens Minerais.

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17

3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO ESPÍRITO SANTO

Análises de competitividade devem levar em conta simultaneamente – e com o

devido peso – os processos internos à empresa e à indústria e as condições

econômicas gerais do ambiente produtivo.

Existem, como sabemos, grandes disparidades de produtividade entre os

vários setores da atividade privada, com níveis baixos decorrentes da falta de

inovação, de organização, de liderança e de gestão de recursos humanos (e

também da falta de capital e/ou de financiamento). Estes fatores estão para

além do ajustamento pelos salários e dependem quase inteiramente do lado

das empresas e, sobretudo, das suas lideranças.

Os fatores de competitividade, internos às empresas, que orientaram a

discussão e que serão abordados nesta análise foram: Alianças Estratégicas,

Capital Humano, Confiabilidade, Conhecimento, Custo, Fatores Culturais,

Flexibilidade, Inovação, Qualidade, Rapidez, Relacionamento com Clientes,

Responsabilidade Social, Sistemas de Controle, Técnicas de Produção e

Tecnologias da Informação e Comunicação.

Dentre os fatores externos ou sistêmicos, foram analisadas questões referentes

ao ambiente macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de

financiamentos, à infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e

educacional e à tributária.

3.1 Estrutura e dinâmica da Indústria de rochas ornamentais no Espírito Santo

No Espírito Santo existem 1.633 empresas no setor de rochas ornamentais

segundo a Rais 2014. O parque industrial deste setor corresponde 13% do

brasileiro, que possui 12.510 unidades distribuídas por todo território nacional.

As empresas brasileiras geram 125.171 empregos, destes 21.954 em

indústrias capixabas (tabela 5).

Tabela 5 - Número de empresas e empregos – Brasil e Espírito Santo

Fonte: Rais/ Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Elaboração: Ideies/ Sistema Findes Nota: Cnae 0810-0 /2391-5

Referência Indicador 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Empresas 9.828 10.282 10.886 11.420 11.924 12.510

Empregos 92.075 100.935 108.804 116.678 122.496 125.171

Empresas 1.459 1.482 1.534 1.577 1.626 1.633

Empregos 17.360 18.740 19.654 20.672 21.603 21.954 Espírito Santo

Brasil

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18

Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do

porte das indústrias pelo número de empregados (tabela 6), o setor é

constituído em grande maioria por micro e pequenas empresas que

correspondem juntas a 98,5% do total de empresas do setor no estado (gráfico

1).

Tabela 6: Classificação do porte por número de empregados

Porte N° de empregados

Micro com até 19 empregados

Pequena de 20 a 99 empregados

Média 100 a 499

Grande mais de 500 empregados

Fonte: IBGE

Gráfico 1: Número de empresas por porte: Espírito Santo 2014

O histórico das atividades mineiras e industriais com mármores e granitos no

Espírito Santo foram pioneiramente conduzidas por imigrantes europeus em

Cachoeiro do Itapemirim, na região sul do estado, onde ocorrem as reservas

naturais de mármore. A região norte concentra maior parte das jazidas de

granito. Nos anos 1950, com o aproveitamento dos mármores da região sul,

iniciou-se uma rede de atividades de lavra, beneficiamento, acabamento,

serviços etc. Paralelamente, começava-se a explorar o granito e a exportá-lo

sob a forma de blocos. A região norte do estado, cujo núcleo principal é o

município de Nova Venécia, acabou se transformando numa fronteira de lavra

de granitos, consolidada nos anos 1990.

Fonte: Rais/MTE 2014

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19

A vocação portuária do estado favoreceu a atividade exportadora,

transformando o Complexo Portuário de Vitória no maior pólo brasileiro de

exportação de rochas brutas e processadas. Por sua vez, a malha de ligação

rodoferroviária centralizada pela Estrada de Ferro Vitória/Minas – EFVM,

também contribuiu para o escoamento e distribuição da produção oriunda do

estado de Minas Gerais.

O número de empresas capixabas exportadoras de rochas evoluiu de 86 em

1997 para 154 em 2000, quando o estado passou a concentrar 30% das

empresas de exportação do Brasil. O Espírito Santo é o maior exportador de

rochas ornamentais brutas e manufaturadas.

Figura 3: Mapa político do Estado do Espírito Santo com Destaque dos

Principais Núcleos Produtores

Fonte: ABIROCHAS

A seguir, serão apresentadas as principais características apontadas pelos

empresários convidados a participar do Grupo Focal de Competitividade do

Setor de Rochas Ornamentais, como as que definem as formas de

Page 20: Análise de Competitividade da Indústria de Rochas ... · Ornamentais, foram adotados marcos teóricos que estabelecem os padrões de concorrência, de desenvolvimento tecnológico

20

concorrência do setor e os obstáculos para o crescimento sustentável do

segmento no Estado.

3.2 Mecanismos de concorrência do setor de rochas ornamentais

Os empresários participantes da pesquisa informaram que o setor compete

pelo mix de produtos e pela diferenciação oferecida, já que o setor de rochas

ornamentais é caracterizado pela qualidade. Entretanto, ressaltaram que as

empresas tem buscado reduzir a margem de rentabilidade para oferecer menor

preço e se manterem no mercado tendo em vista a redução das importações,

que representavam maior consumo do mercado capixaba nos anos anteriores.

Ressaltaram que a redução dos custos é uma estratégia que se tornou

impraticável devido ao aumento apresentado em diversos insumos e que por

isso grande parte das empresas reduzem a margem de lucro. Explicaram que

as empresas de maior porte e que ainda conseguem investir em tecnologia,

importam máquinas e equipamentos de países como Itália e China para

conseguirem aumentar a produtividade e equipararem com o aumento dos

custos.

Por outro lado, os empresários informaram que o mercado interno (Espírito

Santo e Brasil) e externo (outros países), fazem as empresas se posicionar de

formas diferentes, já que o primeiro tem buscado menor preço e segundo

aprecia a diferenciação e a qualidade do produto. Relataram, ainda, que o

mercado externo era o maior consumidor das indústrias de rochas ornamentais

nos anos anteriores, mas que as crises econômicas fizeram com que China e

outros países reduzissem o consumo. Nos dias atuais, portanto, o consumo

interno e externo encontra-se equilibrado.

Explicaram, também, que acreditam que quando o mercado chinês voltar a

consumir como antes, haverá uma queda de qualidade para o mercado interno,

já que a qualidade é mais apreciada para exportação. Relataram que a busca

pelo menor preço do mercado interno faz com que as empresas abram mão

dos quesitos de qualidade.

Com relação à concorrência os empresários relataram que ela acontece entre

os produtores capixabas da região norte e sul. Explicaram que o Espírito Santo

é o maior mercado produtor de rochas ornamentais do Brasil e que a

concorrência ocorre entre a diversidade de cores apresentada no norte do

estado e a expertise no beneficiamento do produto da região sul.

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21

3.3 Posição atual da indústria no mercado

No Espírito Santo, segundo os empresários, a produção de rochas ornamentais

capixaba concentram-se principalmente em dois polos: norte (Nova Venécia,

Barra de São Francisco, Baixo Guandu, São Mateus, Ecoporanga, etc.) e sul

(Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta, Rio Novo, Castelo). Explicaram que a

região norte caracteriza-se pela extração de rochas ornamentais com grande

diversidade de cores e qualidade. Já a região sul apresenta extração de

matéria prima com coloração básica, sendo o seu forte o beneficiamento do

produto.

Por outro lado, explicaram que nos últimos anos o norte tem apresentado

crescimento, pois algumas empresas já fazem o beneficiamento na região, ao

invés de trazer para o sul do Espírito Santo, ganhado competitividade na

redução de custo em logística com o material.

Explicaram que a logística é um fator importante para a competitividade das

empresas, pois as placas e blocos de rochas ornamentais são materiais

pesados para transportar e que precisam contar com pessoal qualificado para

esta tarefa. É por isso que algumas empresas (as que podem) tem instalado

suas unidades tanto na região norte, quanto no sul, de forma que em estando

em ambas as regiões conseguem aplicar menor preço para atendimento aos

estados de Minas Gerais e São Paulo.

Explicaram também que há uma tendência de que o norte do estado, a longo

prazo, se especialize no beneficiamento do produto e que as industrias do sul,

instale suas filiais na região, pois a carga de rochas ornamentais corre grandes

riscos ao serem transportadas para o sul devido à má qualidade do transporte

terrestre (rodovias ruins, caminhões que podem apresentar problemas, etc).

Com relação à mão de obra, os empresários explicaram que o mercado

capixaba apresenta baixa oferta de pessoal qualificado para a área operacional

e que grande parte das indústrias precisam investir na capacitação da mão de

obra, visto que as indústrias precisam seguir a normatização estabelecida para

o setor. Explicaram também que algumas empresas tentam mitigar a

deficiência na mão de obra com o investimento em tecnologia que aumentam a

produtividade.

Relataram que a vantagem competitiva do mercado capixaba é a

disponibilidade de matéria prima na região. Explicaram que o sindicato tem sido

muito importante para o setor para mitigar os impactos que as indústrias de

rochas ornamentais sofrem no mercado.

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22

3.4 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade

Os empresários explicaram que um dos fatores que tem impactado na

competitividade do setor é o desaquecimento da construção civil que é um dos

principais mercados consumidores de rochas ornamentais.

Relataram que o crescimento do setor reduziu de forma significativa e, por isso,

as empresas passam por um momento de incerteza. Informaram que há uma

expectativa de recessão a curto prazo, quando as empresas deverão parar de

investir por conta dos altos juros aplicados.

Os empresários explicaram também que nos anos anteriores havia incentivo

para acesso ao crédito, com financiamento a taxas competitivas e com

carência para iniciar o pagamento. Explicaram que o incentivo ao crédito

possibilitava às indústrias importar equipamentos da Itália que é o país com

maior know-how em termos de tecnologia em rochas ornamentais. Hoje o

acesso ao crédito está sendo dificultado pela elevação do custo de

financiamento.

Outra dificuldade citada foi o aumento de juros, a alta da inflação e do dólar e

aumento de insumos como energia elétrica. Em resumo, os custos de produção

estão maiores e o atual cenário econômico está impactando a rentabilidade das

indústrias capixabas de rochas ornamentais.

3.5 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes

Os empresários explicaram que o principal instrumento que o setor conta para

incentivo à competitividade é o contrato de competitividade. Relataram que o

instrumento permite deferimento para aquisição de máquinas além de estorno

de crédito de ICMS para rochas ornamentais através de uma base de cálculo

que possui como critério o grau de beneficiamento do produto. Ou seja, o

contrato incentiva a indústria que agrega mais valor ao produto.

Explicaram, ainda, que o contrato é de grande importância para as indústrias

de rochas ornamentais, e que o instrumento tem contribuído para que muitas

empresas se mantenham competitivas no mercado.

“Se não fosse o contrato de competitividade, hoje, boa parte das empresas

de granito ou tinham mudado de ramo ou tinham fechado”

Page 23: Análise de Competitividade da Indústria de Rochas ... · Ornamentais, foram adotados marcos teóricos que estabelecem os padrões de concorrência, de desenvolvimento tecnológico

23

3.6 Propostas para o aumento da competitividade

As principais propostas indicadas pelos empresários para o aumento da

competitividade da indústria de rochas ornamentais no Espírito Santo estão

descritas a seguir:

Isenção do IPI para os produtos de rochas ornamentais que estão em

processo de beneficiamento, desonerar as chapas polidas;

Equiparação da classificação dos produtos de rochas ornamentais, pois em

alguns estados é classificado como material de construção que sofre

substituição tributária;

Aumento da fiscalização para indústrias que utilizam de práticas irregulares

para ganho de competitividade;

Realizar pesquisas e estudos para entender e acompanhar as evoluções da

sociedade de forma a adequar os produtos para atendê-los;

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24

4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS DO ESPÍRITO SANTO

4.1. Caracterização das empresas

A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa,

elaborada e realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de

questionário eletrônico no mês de abril de 2015, junto às empresas que

participam do Contrato de Competitividade firmado entre o Governo do Estado

e o Setor das Indústrias de Rochas Ornamentais do Espírito Santo.

Salienta-se que os valores apresentados divergem dos dados da Receita

Estadual do Espírito Santo, visto que a pesquisa não atingiu a totalidade do

setor, entretanto, acompanha a tendência.

A amostra da pesquisa é constituída por apenas 34 (trinta e quatro) empresas,

aderentes ao Compete, distribuídas nos municípios de Atílio Viváqua,

Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Colatina, Conceição do Castelo, Rio Novo

do Sul, Serra, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante e Viana..

4.2. Perfil da mão de obra

Em 2014, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as

empresas pesquisadas contavam com 2.418 pessoas registradas, um aumento

de 30,4% em relação a 2012 (gráfico 2).

Gráfico 2 – Número de Empregados 2012-2014

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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25

Questionadas sobre qual o profissional está tendo dificuldade em contratar, as

empresas afirmaram que há maior carência de operador de máquina (24%) e

encarregado de produção (20%) conforme apresentado no gráfico 3.

Gráfico 3 – Carência de mão de obra

Em relação à escolaridade dos empregados dessas empresas, observou-se a

predominância do nível médio (41,8%) e fundamental (40,1%). Já os níveis

superior, técnico e especialização representaram 9,8% e 6,4% e 1,8%,

respectivamente (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Perfil da força de trabalho

24%

20%

19%

15%

13%

4%2%

4%

Operador de máquina

Encarregado de produção

Mecânico

Planejamento e controleda produçãoEletricista

Polidor

Montador

Vendedor

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

40,1%

41,8%

6,4%

9,8%

1,8%

Ensinofundamental

Ensino médio

Nível técnico

Nivel superior

Especialização

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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4.3. Perfil do mercado interno e externo

Referente ao destino das vendas, 53% das empresas venderam para o Espírito

Santo e outros estados e 40% venderam para outros países. (Gráfico 5).

Quanto às vendas de seus produtos, as empresas responderam que, 38%

foram realizadas para distribuidores, 30% para a indústria e 26% para

consumidor final. (Gráfico 6).

Gráfico 5 – Destino das Vendas Gráfico 6 - Clientes

As empresas quando questionadas quais os estados concorrem com o Espírito

Santo no seu ramo de atuação, apresentaram Minas Gerais (39%) como o

principal estado concorrente (gráfico 7).

Quando questionadas sobre quais os países mais concorreram com o Espírito

Santo, 45% das empresas apontaram a China como principal país concorrente.

(gráfico 8)

Gráfico 7 – Estados Concorrentes Gráfico 8 – Países Concorrentes

1%

1%

3%

26%

30%

38%

Construtora

Outras empresas

Marmoraria

ConsumidorFinal

Indústria

DistribuidorSomente

para outros

estados4%

Somente para o ES

4%

Para outros países40%

Para o ES e outros estados

53%

39%

26%

19%

13%

2% 2%

MinasGerais

Bahia SãoPaulo

Ceará Paraná Rio deJaneiro

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

45%

30%

20%

4% 2%

China Itália India Turquia EUA

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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4.4. Desempenho das empresas

4.4.1 Faturamento das vendas

O faturamento total das empresas pesquisadas aumentou em 22,8% conforme

gráfico 9.

Gráfico 9: Desempenho do Faturamento total

Os fatores que proporcionaram o crescimento do faturamento podem ser

observados no gráfico 10 abaixo:

Gráfico 10 – crescimento do faturamento

656.856.752

759.990.544 806.848.157

2012 2013 2014

22,8%

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

1%

4%

6%

7%

12%

15%

19%

34%

Exportações

qualidade na linha de produção

redução da inadimplência,

elevação dos preços

incentivos tributários e fiscais,

fortalecimento da marca

diferenciação do produto

aumento das vendas

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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28

4.4.2 Rentabilidade, produtividade e tributário

Para 85% das empresas pesquisadas houve crescimento no custo total quando

comparado ao ano anterior. Os percentuais de crescimento, segundo os

empresários, estão apresentados no gráfico 11.

Gráfico 11– Crescimento dos custos

As justificativas para aumento dos custos podem ser observadas no gráfico 12.

Observou-se que a principal justificativa (35%) foi devido à elevação do custo

de matéria-prima.

Gráfico 12 – Fatores dos crescimentos dos custos

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

de 0,1 a 5%

29%

de 5,1 a 10%43%

de 10,1 a 20%18%

acima de 20%11%

1%

1%

1%

6%

7%

17%

32%

35%

Variação Cambial

Falhas no processo produtivo

Aumento de Produção

Energia elétrica

Elevação do custo de financiamento

Elevação dos impostos

Elevação do custo de mão de obra

Elevação do custo de matéria prima

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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29

Quanto à margem de lucro, houve redução para 44,8% das empresas, com

relação ao ano de 2013 (gráfico 13). Outras 24% das empresas apresentaram

crescimento sendo que para as demais empresas o lucro permaneceu

inalterado.

Gráfico13 – Margem de lucro O gráfico 14 apresenta o resultado do ICMS apurado nos anos de 2012 a 2014. No período, houve aumento de 30,2% no recolhimento do imposto.

Gráfico 14 – Recolhimento do ICMS

cresceu24,1%

reduziu44,8%

permanceuinalterado

21,6%

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

13.671.416 13.885.984

17.794.117

2012 2013 2014

30,2%

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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4.5. Fatores associados à competitividade

O gráfico 15 a seguir apresenta os fatores que contribuem para a

competitividade do setor de rochas ornamentais. Design de produto,

publicidade e aumento da produtividade são os fatores de maior importância

para o aumento da competitividade.

Gráfico 15 – fatores de competitividade

4.6. Inovação

As empresas quando questionadas sobre o desenvolvimento de novos

produtos nos últimos dois anos, 71% informaram que desenvolveram e 29%

não desenvolveram. 87% das empresas informaram, ainda, que fazem

investimento em novos processos.

Quanto ao impacto do desenvolvimento de novos produtos, observou-se de

acordo com o gráfico 16 que o maior impacto foi no aumento das exportações e

na satisfação dos clientes.

53%

21%

82%

50%

26%

56%

24%

47%

56%

15%

38%

35%

29%

29%

18%

3%

9%

18%

15%

24%

6%

3%

21%

24%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Aumento da produtividade

Capacidade de atendimento

Desig do produto

Marca

Preço

Publicidade

Qualidade

Muito

Média

Pouco

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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Gráfico 16 – Impacto do desenvolvimento de novos produtos

4.7. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e relações do trabalho

As empresas pesquisadas destacaram várias ações que foram implementadas

em 2013, no âmbito de programas sociais e ambientais. São elas:

Promoção junto aos colaboradores programas de conscientização sobre

conservação de energia e seu uso eficiente;

Realização de atividades regulares para monitorar e controlar possíveis

impactos de sua atividade sobre o meio ambiente;

Implantação de processos de destinação adequada aos seus resíduos,

Programas para reutilização/reciclagem de resíduos;

Realização de algum tipo de ação social ou doação em beneficio da

comunidade, Desenvolve produtos e processos que respeitam os

objetivos ambientais, de saúde e segurança;

Reutilização de recursos como água.

60%

27%

30%

38%

5%

23%

32%

55%

20%

50%

35%

43%

27%

36%

32%

23%

5%

18%

30%

19%

50%

18%

27%

18%

15%

5%

5%

18%

23%

9%

5%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Aumento das exportações (se exporta)

Abertura de novos mercados

Aumento das vendas em outros estados

Aumento do faturamento

Diminuição dos custos

Imagem da marca

Comunicação com os clientes

Satisfação dos clientesAltoimpacto

Médioimpacto

Poucoimpacto

Nenhumimpacto

Fonte: Pesquisa do Setor de Rochas Ornamentais

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32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos 15 anos, foram registradas taxas médias anuais entre 7% e 8%

para o crescimento da produção, exportação e consumo. Portanto, apesar de

se tratar de uma indústria tradicional, em termos mundiais, suas taxas de

crescimento não são desprezíveis. Seus principais concorrentes são os

revestimentos cerâmicos cuja utilização tem crescido a taxas superiores às

pedras naturais. Entretanto, os mármores, granitos e outros tipos de rochas

ornamentais são considerados clássicos e estão menos sujeitos a modismo. As

projeções da Abirochas indicam a manutenção da tendência de crescimento no

mercado internacional de rochas e das perspectivas de aumento da

participação brasileira neste mercado.

Embora a Itália seja o núcleo difusor de inovação tecnológica como maior

produtor e exportador de máquinas, a partir de 2002, a China se tornou o maior

importador de produtos brutos e maior exportador mundial de

semimanufaturados.

O Brasil ocupa atualmente o quarto lugar como exportador de material bruto. A

posição brasileira como exportador de rochas processadas evoluiu

sensivelmente nos últimos anos. O país saltou da 12ª posição do ranking dos

maiores exportadores de rochas semimanufaturadas, em 1999, para 8ª em

2001.

Foram apontados os principais fatores determinantes para a liderança do

estado do Espírito Santo nesse setor, e particularmente do município de

Cachoeiro do Itapemirim. O melhor desempenho do Espírito Santo está

lastreado na existência de parques industriais de beneficiamento e em uma

base de competitividade firmada para produtos acabados/semi-acabados no

mercado interno.

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33

6. REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (2009). Guia de Rochas

Ornamentais.

Agência de Fomento do Estado da Bahia (2004). A indústria de Rochas

Ornamentais.

Departamento Nacional de Produção Mineral (2014). Informe Mineral.

Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy

and a theory. Research Policy, 13(6), 343-373.

Porter, M. E. (1996). Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus.

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7. ANEXO

NOTA METODOLÓGICA

Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter

Segundo o consagrado modelo de Porter (1996), a concorrência no seio de

uma indústria, ao condicionar as taxas de retorno, é orientada por cinco forças:

(a) ameaça de novos entrantes,

(b) grau de rivalidade entre as empresas existentes,

(c) ameaça de produtos substitutos,

(d) poder de negociação de fornecedores e

(e) poder de negociação de clientes.

Isoladas ou em conjunto, estas são cruciais na determinação ou formulação de

estratégias empresariais. As ameaça de novos entrantes é condicionada pelas

barreias à entrada cujas fontes fundamentais são: economias de escala,

necessidades de capital, diferenciação de produto, custo de mudança e acesso

a canais de distribuição. A rivalidade é conseqüência da interação dos

seguintes fatores: número de concorrentes; velocidade de crescimento da

indústria; peso relativo dos custos fixos na composição de gastos empresariais;

baixa diferenciação ou custo de mudança; altos custos para a obtenção de

incrementos de produção; concorrentes divergentes cujas assimetrias de

estratégias impedem o entendimento acerca do funcionamento da indústria e

baixas barreiras à saída. A ameaça de produtos substitutos é condicionada

pela oferta de produtos e serviços de outros segmentos industriais que podem

competir em um mesmo segmento de mercado. Por fim, um alto poder de

negociação de fornecedores e clientes pode afetar a rentabilidade de um

empreendimento

Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt

Pavitt (1984) através de um estudo empírico identificou quatro padrões

setoriais de inovação, a saber:

1- setores receptores de progresso técnico: compreendem setores

industriais nos quais as principais inovações foram geradas fora desses

mesmos setores, sobretudo na indústria de máquinas e equipamentos e de

insumos (nesse caso, a tecnologia vem incorporada em outras mercadorias –

maquinas e insumos – sendo seu o acesso feito nas transações de mercado).

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2 - setores intensivos em escala: nesses é necessário o domínio de um

conjunto de conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de

processo e a tecnologia de produtos; nessa classe de indústria, as inovações

são tanto de processos (objetivando a redução de custos de produção) quanto

de produtos (principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a

produção de produtos especiais são aspectos relevantes na concorrência); aqui

as inovações são geradas tanto internamente às empresas como em

cooperação com fornecedores, principalmente de bens de capital; por fim,

esses mercados são mais concentrados tanto pela escala de plantas e de

empresas quanto pelas economias de escala derivadas do aprendizado

tecnológico.

3 - ofertantes especializados: compreendem indústrias produtoras de

máquinas e equipamentos e de instrumentação; para essas indústrias deter

tecnologia de produto é estratégico (o fator crítico de concorrência é a

performance dos produtos); por atuarem sob encomenda não há espaço para

ganhos à escala o que implica que há espaço para atuação de empresas de

pequeno e médio porte (porém muito capacitadas tecnologicamente nos seus

segmentos de mercado); pela sua natureza, as inovações são geradas

internamente às empresas e em cooperação com seus grandes clientes.

4 - setores baseados em ciência: para as empresas pertencentes a essa

categoria o desenvolvimento tecnológico é de fronteira, utilizando-se também

os conhecimentos científicos que se encontram na fronteira das ciências

básicas; nelas, as inovações se orientam ao lançamento de novos produtos e

novos processos de produção objetivando a redução de custos; em geral

atuam são grandes empresas em termos de escala de gasto em faturamento e

P&D.

A tipologia Pavitt permite algumas conclusões importantes para serem

consideradas na definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional: (a)

mostra que os setores de atuação das empresas impõem determinados

comportamentos empresariais; (b) mostra que os setores também guardam

assimetrias entre si, revelando a importância da dimensão setorial para uma

consideração analítica; (c) indica que não apenas os setores industriais são

diferentes como existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que

alguns setores geram e transmitem conhecimento técnico e outros são

receptores de progresso técnico.