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LILIAN DE PAIVA RODRIGUES ANÁLISE DAS CONCENTRAÇÕES DE TIREOTROFINA E TIROXINA LIVRE EM GESTANTES: CORRELAÇÕES E QUANTIFICAÇÕES DE ACORDO COM O ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Medicina Área de concentração: Tocoginecologia Orientador: Profa. Dra. Sônia Maria Rolim Rosa Lima São Paulo 2008

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LILIAN DE PAIVA RODRIGUES

ANÁLISE DAS CONCENTRAÇÕES DE TIREOTROFINA E TIROXINA LIVRE EM GESTANTES:

CORRELAÇÕES E QUANTIFICAÇÕES DE ACORDO COM O ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA

Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Medicina

Área de concentração: Tocoginecologia

Orientador: Profa. Dra. Sônia Maria Rolim Rosa Lima

São Paulo 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Rodrigues, Lilian de Paiva

Análise das concentrações de tireotrofina e tiroxina livre em gestantes: correlações e quantificações de acordo com o índice de massa corpórea./ Lilian de Paiva Rodrigues. São Paulo, 2008.

Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de pós-graduação em Medicina.

Área de Concentração: Tocoginecologia Orientador: Sonia Maria Rolim Rosa Lima 1. Tireotropina 2. Tiroxina 3. Índice de massa corpórea 4.

Gravidez

BC-FCMSCSP/71-08

DEDICATÓRIA

Em especial ao Professor Doutor José Júlio de Azevedo Tedesco

Agradeço por cada dia, cada instante que tive a benção de desfrutar ao seu

lado. Por tanta sabedoria, por seus ensinamentos, pelo lado humano que tive

oportunidade de conhecer.

Sua presença não se faz, apenas fisicamente, na conclusão deste projeto,

por nós iniciado. Muito do que aprendi durante esses anos de convivência, de certa

forma, está presente nessas páginas.

Mas a marca maior desse grande educador que foste, trago em meu

coração e em minha vida.

Apesar da saudade imensa e da emoção que inunda a minha alma nesses

momentos de finalização, a alegria e a satisfação por ter cumprido essa etapa, me

traz conforto.

Obrigada mais uma vez ao mestre, educador, amigo que foi não só para

mim, mas para tantas pessoas a quem inspirou, conquistou e transformou ao longo

de toda a sua existência.

Sua luz sempre continuará entre nós.

A você Hsu,

Meu grande companheiro e amigo, com quem tive a felicidade de compartilhar os

momentos mais importantes de minha vida.

Obrigado pelo seu amor incondicional e pela sua sabedoria, sempre presentes nos

momentos necessários, pois sabia que esses eram os que mais preciva de você.

Camila e Vinicius,

As essências da minha vida!

Obrigada por alegrarem os meus dias, pelas palavras de apoio, pela confiança, pela

paciência e por acreditarem que esse dia finalmente chegaria!!!

Meu amor por vocês é eterno e imensurável.

Aos queridos Cesarino e Maria da Glória

Meus maiores exemplos de vida.

Obrigada pelo incentivo, pela confiança, pelas palavras de estímulo sempre

presentes.

Agradeço a benção de tê-los como pais, de vivenciar ao longo de minha vida tantos

momentos de amor, dedicação, doação.

Meus maiores ensinamentos vieram de exemplos que tive a oportunidade de

vivenciar junto a vocês, meus maiores mestres.

Obrigada por me fazerem entender desde a minha infância a essência de duas

palavras: Amor e Família.

Aos meus irmãos

Lenice, Lenira, Lenilton ,

Pelo apoio incondicional, por me permitirem compartilhar da luz de cada um de

vocês. Por estarem sempre presentes em minha vida, torcendo, vibrando, chorando

juntos... O importante é que nós fazemos a diferença!

E em especial ao meu querido Lenilson,

O amor e carinho que sinto por você vão além da vida!

AGRADECIMENTO ESPECIAL

À Professora Doutora Sonia Maria Rolim Rosa Lima:

"... a harmonia possível das coisas depende do seu equilíbrio e do tempo que

acontecem, não cedo demais, não tarde demais, por isso nos é tão difícil alcançar a

perfeição." (José Saramago) Obrigada pelo acolhimento e pela confiança.

AGRADECIMENTOS

Ao mestre, Professor Doutor Sebastião Piato, pela imensa contribuição não só neste

trabalho como em minhas atividades diárias.

Ao Prof. Dr. Tsutomu Aoki, diretor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia

(DOGI) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pelo incentivo e pela

confiança.

O Prof. Dr. Antônio Pedro Flores Auge, coordenador do Programa de Pós-

Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo, a quem aprendi admirar e respeitar.

A Silvia Regina Piza Ferreira Jorge, amiga, irmã, confidente. Quis o Pai que

compartilhássemos dessa jornada, dividindo, somando e principalmente crescendo

juntas ;

Aos Professores Doutores Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Mary Uchiyama

Nakamura e Valquíria Roveran, componentes da banca de qualificação, pela

colaboração, análise e sugestões valiosas que contribuíram para a finalização desse

estudo;

Aos amigos Lúcia Yamano, Mônica López Vazquéz, Noel de Aquino Marques, Maria

Helena Morita, Carolina Scalissi, Adriana Aparecida Fregonese por me permitirem a

realização de um sonho: formarmos não só uma equipe, mas uma família;

Aos funcionários do Laboratório de Medicina Nuclear, em particular a Dra.

Marilia Morrone, pela contribuição neste trabalho;

Ao Prof. Dr. Ulysses Dória Filho, pela análise estatística deste estudo;

A professora Cecília Nami pelo auxílio na redação deste trabalho.

As amigas Sonia, Priscile e Celina, da secretaria da Pós-Graduação, pelo carinho,

paciência, boa vontade e humor com que sempre me receberam;

A Srta. Sabia Hussein Mustafa, bibliotecária da Faculdade, por sua colaboração

quanto às referências bibliográficas;

A Suely Orlandeli do NAP - Núcleo de Apoio à Publicação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo empenho e dedicação com que me

auxilou na elaboração do artigo referente a este estudo.

As sempre companheiras Amanda, Ana, Marta, Ruver nossas pacientes e

prestativas secretárias;

A Lia Mara, do CEAP (Centro de Apoio à Pesquisa), por sua preciosa contribuição

nas diferentes etapas desse estudo;

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo

apoio a esse trabalho;

Aos residentes e estagiários do DOGI, pela grande colaboração na seleção das

gestantes;

A cada uma das pacientes que concordaram em participar desse estudo;

Ao Pai que sempre esteve presente e sem dúvida me amparou nos momentos mais

difíceis dessa longa caminhada.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 01

1.1 Fisiologia da tireóide 04

1.2 A Tireóide e a Gravidez 13

1.3 Índice de massa corpórea (IMC) na gravidez 18

1.4 Obesidade materna e função tireoidiana 21

2. OBJETIVOS 26

3. CASUÍSTICA E MÉTODO 27

4. RESULTADOS 32

5. DISCUSSÃO 43

6. CONCLUSÕES 54

7. ANEXOS 56

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66

9. FONTES CONSULTADAS 74

10. RESUMO 76

11. ABSTRACTS 78

1. INTRODUÇÃO

2

De acordo com a World Health Organization (World Health Organization,

1998), a obesidade pode ser definida como o grau de armazenamento de gordura no

organismo. Associa-se a riscos para a saúde, devido à sua relação com várias

complicações metabólicas. A base da doença é a alteração do balanço energético

que resulta em ganho de peso excessivo para o organismo.

Sua prevalência vem crescendo, acentuadamente, nas últimas décadas, o

que leva a obesidade à condição de epidemia global. Há, cerca de 1,7 bilhões de

pessoas com sobrepeso e obesidade no mundo (Deitel, 2003). Ocorre não só nos

países industrializados, mas também, e de forma crescente, naqueles em

desenvolvimento, sobrepondo-se ao problema da fome e da desnutrição (World

Health Organization, 1998).

Cabe ressaltar que a prevalência de obesidade tem aumentado entre as

mulheres. No Brasil, 12,5% da população é composta por mulheres obesas. No

México, Paraguai e Argentina os índices são de 25%, 35,7% e 25,4%,

respectivamente (Monteiro e Conde, 1999; Monteiro et al, 2000; Filozof et al, 2001).

A etiologia da obesidade, segundo Jebb (1997), apresenta aspectos de

grande complexidade. O seu desenvolvimento possui múltiplas causas e é o

resultado de complexas interações entre fatores genéticos, psicológicos,

socioeconômicos, culturais e ambientais.

3

Existem situações e fases do curso da vida em que as pessoas mostram

maior propensão à obesidade. Fatores relacionados ao ciclo reprodutivo, como o

ganho de peso gestacional, o número de filhos, o intervalo interpartal e a duração da

amamentação têm sido relacionados ao excesso de peso (Gigante et al, 1997; World

Health Organization, 1998; Mendonça, 2005).

Considerada como problema atual de saúde pública, no ciclo gravídico

puerperal, expõe a grávida ao risco de complicações, tais como gestação

prolongada, pré-eclampsia, macrossomia fetal, diabetes gestacional (Ehrenberg et

al, 2002; Jensen et al., 2003; Roenberg et al, 2003;), infecções, endometrite (Myles

et al, 2002) e maiores taxas de cesárea (Cedergren et al, 2004).

A gravidez, por si só, impõe adaptações ao organismo da mulher. Para o

adequado desenvolvimento do concepto, respostas distintas são apresentadas por

diferentes gestantes diante do aumento das demandas metabólicas. Assim, o ciclo

gestatório atua como fator de estresse para o organismo materno. Ocorrem

pequenos e contínuos ajustes fisiológicos, que afetam o metabolismo de todos os

nutrientes. Os ajustes são individuais, dependentes do estado nutricional pré-

gestacional, do estilo de vida materno e de determinantes genéticos do tamanho

fetal (King, 2000).

Certo número de desordens endócrinas também pode conduzir à obesidade;

dentre as quais cumpre ressaltar a hipofunção da glândula tireoidiana (Jebb, 1997;

Roti et al, 2000; Tagliaferri et al, 2001; Ritz et al, 2002).

1.1 Fisiologia da tireóide

4

As disfunções da glândula tireóide estão associadas às mudanças no

metabolismo do tecido adiposo e na produção de diferentes hormônios (Iacobellis et

al, 2005).

A deficiência da secreção de hormônio tireoidiano tem sido sugerida como

causa de obesidade. O hipotireoidismo está associado com algum ganho de peso;

no entanto não explica tal fato na maioria da população obesa (Douyon, Schteingart

2002).

Sabe-se que o estado nutricional materno adequado (Rosenberg et al, 2003),

bem como a função tireoidiana normal, é de suma importância para o perfeito

desenvolvimento da gestação (Davies, Cobin, 2000)

O adequado funcionamento da tireóide depende da integridade de dois

mecanismos. O primeiro, extratireoidiano, representado pelo eixo: hipotálamo-

hipófise-tireóide. O segundo, intraglandular, iodo-dependente (Burrow, 1990).

No eixo hipotálamo-hipofisário, a regulação hormonal é exercida pelo

hipotálamo por meio da secreção do hormônio hipotalâmico liberador de tireotropina

(TRH) e pela hipófise mediante a produção da tireotropina hipofisária (TSH). A

secreção de TSH é determinada pelo estímulo do TRH e pelo mecanismo de retro-

alimentação negativa exercido pelos hormônios produzidos pela tireóide,

triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). A diminuição da concentração sérica dos

hormônios tireoidianos leva ao aumento da síntese e secreção de TSH (Burrow,

1990; Moura, Moura, 2004).

5

O TRH é um tripeptídeo, piroglutamil histidil prolinamida, responsável pelo

estímulo à síntese e secreção de TSH. Produzido por neurônios situados nos

núcleos paraventriculares do hipotálamo médio–basal, é liberado em capilares do

sistema porta–hipofisário, por meio dos quais chega à adenohipófise (Larsen et al,

2003).

O TSH, hormônio glicoprotéico estimulador da tireóide, é produzido na

adenohipófise, por células denominadas tireotrofos. Com peso molecular de 28.000

dáltons, é constituído por duas subunidades, α e β, unidas por ligações não

covalentes, e codificadas por genes distintos localizados nos cromossomos

humanos 6 e 1, respectivamente. A subunidade α é também comum a outros

hormônios, folículo estimulante (FSH), luteinizante (LH) e à gonadotrofina coriônica

humana (HCG) sendo, portanto encontrada em concentrações sanguíneas maiores

que o TSH. A subunidade β, limitadora da produção de TSH, é responsável pela

especificidade imunológica e biológica do hormônio. Os hormônios tireoidianos

inibem a síntese de ambas as subunidades e, dessa forma, interferem também na

síntese de LH, FSH e HCG (Melmed, Kleinberg, 2003).

O mecanismo intratireoidiano de auto-regulação da síntese hormonal, depende

do iodo fornecido pela alimentação. O iodo, na forma de iodeto, chega ao organismo

pela dieta e, após a absorção intestinal, suas duas maiores fontes de depuração

plasmática são a tireóide e o rim (Kabyemela et al, 1996). Cerca de 70 a 100 µg de

iodeto são necessários para o adequado funcionamento glandular. A carência de

iodo leva a tireóide a desenvolver intensa avidez pelo iodeto circulante, aumentando

6

sua captação, bem como as relações entre os hormônios tireoidianos (Ingbar, 1972;

Takasu et al, 1974).

A tireóide contém cerca de 90% do iodo corpóreo total, primariamente na forma

inorgânica de iodeto, e tem capacidade de concentrar o elemento cerca de 200

vezes mais que o plasma. Para o eutireoidiano, a captação glandular total de iodeto

é de 75µg / dia (Mazzaferri, 1988).

A tireoglobulina (TG), glicoproteína produzida pela tireóide, corresponde de

70% a 80 % o conteúdo protéico da glândula. Com peso molecular de 660.000

dáltons, serve de suporte para a síntese dos hormônios tireoidianos (Glinoer, 2000;

Vaisman et al, 2004).

O iodo entra, como iodeto, pela membrana basal da célula folicular, sendo

transportado junto com o sódio por uma proteína, sódio/ iodeto, simporter (NIS). O

NIS possui atividade eletrogênica e depende do gradiente de sódio gerado pela

bomba de sódio – potássio e catalisada pela adenosina–trifosfatase (ATP-ase),

sendo sua atividade inversamente proporcional ao conteúdo glandular de iodo. O

transporte de iodeto por meio do NIS é estimulado pelo TSH e pelo mecanismo de

auto–regulação dos tireócitos. No pólo apical dos tireócitos, o iodeto captado é

transportado pela pendrina, transportador cloreto–iodeto, através da membrana

celular. Subseqüentemente, é incorporado à tireoglobulina. Ainda na superfície

apical da célula folicular, na presença de peróxido de hidrogênio, ocorre oxidação e

7

organificação do iodeto, reações estas, catalisadas pela tireoperoxidase (TPO)

(Vaisman et al, 2004).

A TPO é uma hemoglicoproteína, que se encontra na membrana plasmática

apical da célula folicular, com domínio catalítico voltado para o colóide, com sua

expressão controlada pelo TSH. Acredita–se que a TPO seja responsável pela

catálise de três reações da biossíntese hormonal: a oxidação de íons de iodeto, a

iodação da tireoglobulina e o acoplamento das iodotirosinas, monoiodotirosina (MIT)

e diiodotirosina (DIT), formando iodotironinas, T3 e T4 (Taurog, 2000).

Considerada como principal componente do antígeno microssomal, a TPO é

alvo de auto–anticorpos, como por exemplo, os anticorpos (Acs) antiperoxidase

tireoidiana, presentes na tireoidite auto–imune e causadores da destruição da

glândula (McLachlan, Rapoport, 2000).

A organificação tireoidiana do iodo depende da atividade da TPO, modulada

pelas concentrações de tireoglobulina e iodo e pela presença de peróxido de

hidrogênio.

A enzima responsável pela geração de peróxido de hidrogênio associada à

hormonogênese tireoidiana foi caracterizada em tireóides humanas e posteriormente

clonada (De Deken et al, 2002), tendo sido denominada oxidase tireóidea (ThOx).

Encontrada no pólo apical dos tireócitos, é estimulada pela tireotrofina e inibida pelo

iodo (Cardoso et al, 2000; Vaisman et al, 2004).

8

Em reação oxidativa realizada na presença de TPO, o iodeto é incorporado à

tireoglobulina em regiões específicas, resíduos tirosil hormogênicos, ligando-se ao

aminoácido tirosina, forma monoiodotirosina (MIT). Essa reação produz radicais

livres. A MIT, ainda ligada à TPO, sofre nova oxidação e reage com outro radical de

iodeto, produzindo diiodotirosinas (DIT). As iodotirosinas formadas são acopladas

formando os hormônios tireoidianos, 3,5,3'–triiodotironina (T3) e tetraiodotironina

(T4). Dessa forma, os compostos orgânicos do iodo são armazenados na glândula

como parte da tireoglobulina. Por estímulo do TSH, a TG é reabsorvida pelas células

tireoidianas, envolvendo processo de endocitose. No epitélio da célula folicular, as

gotículas de colóide com tireoglobulina sofrem ação de enzimas lisossômicas,

liberando T3 e T4 e uma pequena quantidade de tireoglobulina para a circulação. O

iodo removido de MIT e DIT volta para o pool de iodo intracelular (Utiger, 1988). Na

Fig.1, esquematiza-se o mecanismo de formação dos hormônios tireoidianos.

9

Fonte: Hansen JT, Koppen BM. Atlas de fisiologia humana Netter. Porto Alegre: Artmed, 2003. 238p

FIGURA 1. Fisiologia dos hormônios tireoidianos

MIT: monoiodotirosina; DIT: diiodotirosina; T3: 3,5,3'–triiodotironina; T4: tiroxina; TG:Tireoglobulina;

10

Com o aumento do pool de iodo intratireoidiano, todo o processo de biossíntese

hormonal realizado pela tireóide sofre redução, desde o transporte de iodeto, até a

resposta da célula tireoidiana ao TSH, passando pela organificação do iodo até a

secreção hormonal. O bloqueio da organificação ocorre na presença de altas

concentrações de iodo e corresponde ao efeito denominado Wolff–Chaikoff.

Durante esse efeito, a enzima ThOx tem sua ação bloqueada (Vaisman et al, 2004).

Os hormônios tireoidianos biologicamente ativos são: tiroxina (T4) e 3, 5, 3'

triiodotironina (T3). Existem outras iodotironinas circulantes com pouca ou nenhuma

atividade biológica: 3, 3', 5' - triiodotironina, denominada T3 reverso (T3 r) e 3, 3'

diiodotironina (T2). Acredita-se, com base em estudos experimentais, que o T3

contribua com 85% a 90% dos efeitos tireoidianos, ficando os 10% a 15 % restantes

resultantes da atividade intrínseca de T4 (Mazzaferri, 1988).

O metabolismo do T4 ocorre em grande parte pela desiodização, em vários

tecidos, como músculo, fígado, coração e rins. A maior parte do T3 e do T3 r (95 a 98

%) é produzida pela monodesiodização de T4 nos tecidos periféricos. A enzima

responsável pela desiodização do T4 em T3 é a 5’deiodinase do tipo I e tipo II.

Inúmeros fatores podem prejudicar a atividade dessas enzimas, como por exemplo,

jejum, doenças, contrastes iodados, altas doses de propranolol. Outra enzima, a 5

deiodinase do tipo III, remove um anel completo do iodo e converte o T4 no

metabólito biologicamente inativo, o T3 r, e atua na conversão do T3 para o T2,

também sem atividade biológica. A 5-deiodinase do tipo III pode ser encontrada no

cérebro fetal, na pele e nas células trofoblásticas da placenta. Dessa maneira, de

30% a 40 % de T4 secretados pela glândula são convertidos em T3, respondendo por

11

80% a 90 % do T3 circulante. Os restantes, 10% a 20 %, derivam da secreção direta

do T3 pela tireóide. A secreção tireoidiana responde por fração ainda menor de T3 r

circulante (Chopra, 1976).

As iodotironinas (T3 e T4) circulam tanto na forma livre, como ligadas a

proteínas. A globulina transportadora de tiroxina (TBG), de origem hepática, é

considerada a principal proteína transportadora e responsável pelo transporte de

aproximadamente 70% de tiroxina. Os hormônios podem ser encontrados ainda

ligados à pré-albumina transportadora de tiroxina (TBPA) e à albumina

(Hoffenberger, Ramsden, 1983). Pequena fração, aproximadamente de 0,03% a

0,05% da tiroxina total não está ligada a proteínas, constituindo a fração livre, forma

biologicamente ativa do hormônio (Georgiu, Cristofidis, 1996).

A triiodotironina (T3), da mesma forma, pode conjugar-se ao TBG e à albumina,

embora com menor afinidade que T4; cerca de 0,4% constitui a fração livre de T3, que

apresenta menor afinidade com as proteínas carreadoras que T4 (Mazzaferri,1988).

De acordo com Smallridge (2002), grande número de fatores pode alterar as

concentrações das proteínas transportadoras do hormônio tireoidiano, aumentando-

as (estrógenos, gravidez, porfiria, hipotiroidismo, hepatite, cirrose biliar), ou

diminuindo-as (hereditariedade, testosterona, glicocorticóides, fenitoína, aspirina,

síndrome nefrótica, hipertireoidismo, estresse, desnutrição). Mesmo no estado

eutireóideo, tais fatores podem alterar significativamente as concentrações totais de

12

T4 e T3, já que quase todo o hormônio plasmático se encontra ligado a essas

proteínas.

Há condições que elevam a TBG circulante como, por exemplo, a gestação.

Assim, aumentam as concentrações plasmáticas das formas ligadas (TBG-T4 e

TBG-T3) e reduzem inicialmente a concentração das formas livres (T4 e T3); porém, o

eixo hipotálamo-hipófise-tireóide se encarrega de manter as concentrações das

formas livres no valor normal, após o equilíbrio. O resultado, portanto, será um

pronunciado aumento do T4 total e T3 total, sem alterar o T4 livre e o T3 livre.

Valores reduzidos de TBG, como nos casos de desnutrição protéica, têm-se o

efeito inverso (diminuem a concentração total de T3 e T4, sem alterar as frações

livres dos hormônios). O mesmo raciocínio vale para as outras duas proteínas

(TBPA e albumina), só que em menor escala, pois estas últimas carreiam apenas

pequeno percentual desses hormônios.

Sabe-se que a desnutrição pode acarretar alterações no eixo hipotálamo-

hipófise-tireoidiano já que a concentração das proteínas carregadoras TBG, pré-

albumina e albumina, se encontram diminuídas. Em fase inicial, contudo, o eixo

hipotálamo-hipófise-tireóide consegue manter as frações livres dos hormônios em

frente da diminuição de T3 e T4 totais. Já na forma mais prolongada, os mecanismos

adaptativos são ineficientes, o que resulta em aumento na secreção de TSH e

redução da forma ativa (T3) e aumento da forma inativa (T3 r). Ocorre resposta

exagerada do TSH ao TRH. A redução na forma ativa do hormônio diminui a

13

termogênese e o consumo de oxigênio, o que permite maior conservação de energia

diante da escassez de substrato (Brown, Brasel, 1990).

1.2 A Tireóide e Gravidez

Durante a gestação, desenvolve-se carência relativa de iodo, decorrente da

elevação precoce e contínua da depuração renal, pelo aumento do clearance renal

(Dowling et al, 1967). A partir da segunda metade da gravidez, há decréscimo

adicional das reservas de iodo materno por transferência de fração do contingente

de iodo inorgânico para a unidade feto–placentária (Oddie et al, 1977; Porterfield,

Hendrich,1993). A diminuição do iodo inorgânico determina aumento compensatório

da entrada e depuração do íon na glândula tireóide, para, assim, manter o estado

eutireoidiano (Burrow et al, 1994).

O aumento da produção hormonal materna, em resposta às adaptações da

fisiologia da tireóide durante a primeira metade da gestação, prossegue até o seu

término visando a compensar a transferência dos hormônios tireoidianos e do iodo

para o feto, pelo aumento da turnover do T4 placentário e da atividade da 5-

deiodinase tipo III.

A deiodinação placentária dos hormônios tireoidianos maternos garante o iodo

necessário para a atividade tireoidiana fetal. A 5-deiodinase tipo II parece estar

implicada na manutenção de concentrações placentárias adequadas de T3, devido à

estimulação pela hipotiroxinemia. A 5-deiodinase do tipo III, encontrada nas células

trofoblásticas da placenta, tem sua atividade estimulada pelo T3 e aumentada na

14

presença de grandes massas placentárias. Relaciona-se, provavelmente, às

concentrações diminuídas de T3, e elevadas de T3 r, características do feto (Brent,

1997).

A membrana placentária (ou sincício-vascular) interpõe-se entre os eixos

hipotálamo–hipófise–tireóide materno e fetal. A transferência placentária de

hormônios tireoidianos é variável no decorrer da gravidez. Assim como a TBG, os

hormônios tireoidianos e a tireotrofina atravessam a placenta em níveis

insignificantes, embora estudos tenham demonstrado a presença de T3 no cérebro

do feto antes do aparecimento da tireóide fetal (Davies, Cobin, 2000).

Atualmente, acredita-se que a concentração de TSH é reduzida no primeiro

trimestre, quando os valores plasmáticos de gonadotrofina coriônica (HCG) estão

mais elevados. Supõe-se que o excesso de HCG encontrado no primeiro trimestre

leve à estimulação de receptores de TSH, devido à presença de subunidade β em

ambos. Além disso, os receptores para TSH e HCG / LH são similares. Pequeno

aumento nas concentrações séricas das frações livres dos hormônios tireoidianos

resulta em diminuição das concentrações do TSH. Exemplo disso é observado em

grávidas com hiperêmese gravídica, quando os níveis de HCG estão acima dos

considerados normais. Há elevação da fração livre de T4 e diminuição das

concentrações de TSH, em aproximadamente 60 % dessas gestantes (Davies,

Cobin, 2000; Smallridge, 2002).

A resposta do TSH ao TRH aumenta entre a 16ª e 20ª semanas de gestação,

aparentemente devido ao efeito do estrogênio sobre a hipófise, que eleva o TRH

endógeno.

15

Dentre as adaptações da função tireoidiana, tem-se também o aumento dos

valores plasmáticos de T3, T4 e T3 r (Refetoff, 1989; Burrow et al, 1994), decorrente

das elevadas concentrações plasmáticas de TBG, induzidos pela ação dos

estrogênios, produzidos pela unidade feto-placentária (Maruo et at, 1992). Tais

hormônios levam ao aumento da síntese e liberação hepática da TBG (Guillaume et

al, 1985). Ocorre, ainda, maior capacidade de ligação dos hormônios tireoidianos à

TBG, ao contrário da associação à TBPA, que se encontra diminuída (Robbins et al.,

1978; Swahney et al, 1981). Verifica-se, também, aumento da meia vida da TBG

circulante que passa de quinze minutos para três dias. Isso se deve à elevação da

concentração de ácido siálico nas cadeias oligossacarídeas, alterando a estabilidade

e depuração da TBG no soro. A elevação da TBG inicia–se nas primeiras duas

semanas de gestação e persiste até o parto, duplicando–se em relação aos níveis

pré-gravídicos (Ain, Refetoff, 1988).

As concentrações de T3 eT4 aumentam significativamente durante os dois

primeiros trimestres de gestação, atingindo seu ápice por volta da 20 ª semana de

gravidez, mantendo-se elevada até o termo, retornando ao normal de quatro a seis

semanas pós-parto (Glinoer, 1997). As concentrações de tiroxina (T4) acompanham

as variações da globulina transportadora de tiroxina (TBG), devido à sua maior

afinidade quando comparada a triiodotironina (T3). Assim, a relação T3/T4 permanece

inalterada durante a gestação (Glinoer et al, 1990).

É consenso que ocorre aumento transitório da fração livre de T4 no primeiro

trimestre de gravidez, período que coincide com aumento das concentrações de

HCG, secretado pela placenta, que age como agonista do TSH (Lazarus e Kokandi,

16

2000). Os valores de T4 livre diminuem no segundo e terceiro trimestres, atingindo

taxas normais de referência. A razão desse declínio não é bem estabelecida.

Acredita-se que o TSH, os estrogênios e as proteínas transportadoras tenham

participação efetiva neste fato (Glinoer, 1997; Lazarus, 2002).

Embora as concentrações séricas de T3 e T4 estejam elevadas, as frações

livres desses hormônios encontram-se nos limites da normalidade. É consenso que

ocorre aumento transitório da fração livre de T4 no primeiro trimestre de gravidez

(Ramsay, 1991).

Fisiologicamente, na gravidez, pode-se esperar, portanto, valores maiores na

concentração sangüínea de TBG, T4 e T3 e valores normais de T4L, com pequeno

aumento dentro dos limites de normalidade (Glinoer et al, 1990; Brent, 1997; Vieira

et al, 2004) Fig. 2.

17

TBG

T4 total

hCG

TSH

T4 Livre

Semanas de gestação

10 20 30 40

(adaptado de Glinoer et al., 1990)

FIGURA 2. Valores de TBG, T4T, hCG, TSH e T4L durante a gravidez

Embora a gravidez leve a adaptações significativas, mas reversíveis, na função

tireoidiana, os achados associados com o estado hipermetabólico da gestação

normal podem sobrepor-se aos sinais e sintomas clínicos da doença tireoidiana.

A associação do hipotireoidismo com a gestação apresenta taxas de incidência

entre 2% e 5% (Klein et al, 1991). Parte dessas gestantes é assintomática, mas

apresentam concentrações plasmáticas elevadas de TSH e normais de hormônios

tireoidianos, caracterizando o estado subclínico da doença A doença clínica pode

ser sugerida pelo ganho excessivo de peso, intolerância ao frio, sonolência, dores

musculares, constipação e sintomas da síndrome do túnel do carpo (Ramsay, 1991;

Romaldini et al, 2004).

18

O hipotireoidismo na gravidez associa-se a abortamentos espontâneos,

abortamentos de repetição, anemia, pré-eclampsia, prematuridade, baixo peso ao

nascimento, morte fetal e perinatal. O hipotireoidismo materno pode resultar em

danos neurológicos irreversíveis para o concepto com disfunção psiconeurológica,

pois o desenvolvimento do cérebro fetal (com multiplicação neural, migração e

organização arquitetural) depende exclusivamente de hormônios de origem materna

Até o segundo trimestre, os hormônios tireoidianos maternos, são fornecidos por

transferência placentária ao feto e são necessários para o seu crescimento e

desenvolvimento. Após esse período, a tireóide fetal inicia sua própria produção

hormonal, contudo, apesar de exercer menor influência nesta fase, o papel dos

hormônios maternos mantém-se até o final da gravidez (Poppe, Glinoer, 2003;

Blazer et al, 2003).

1.3 Índice de massa corpórea (IMC) na gravidez

Há dificuldades em definir o que se entende por quantidade ou proporção

normal de gordura do organismo, já que sua distribuição é contínua nos grupos de

população e não há uma linha divisória entre pessoas normais e obesas (Santos

2003).

Tarui et al (1991) definem obesidade como o acúmulo excessivo de energia

corpórea sob a forma de gordura. A Organização Mundial de Saúde entende como

obesidade o grau de armazenamento de gordura no organismo, associado a riscos

para a saúde, devido à sua relação com complicações metabólicas (World Health

Organization, 2000). Já para American Association of Clinical Endocrinologists

19

(AACE/ACE Obesity Task Force, 1998), a obesidade é considerada como uma

complexa condição, multifatorial caracterizada pelo excesso de gordura corpórea,

devendo ser vista como uma desordem crônica que necessita de cuidados

constantes.

Recurso diagnóstico de fácil uso e de baixo custo recomendado para

caracterizar obesidade consiste no índice de massa corpórea (IMC); o mesmo se

expressa pelo quociente entre o peso em quilograma e o quadrado da altura em

metro. Também denominado índice de Quetelet, é recomendado para a medida de

obesidade populacional e na prática clínica (Garrow, Webster, 1985).

A partir do IMC, são estabelecidos distintos graus de obesidade nos adultos

entre 25 e 64 anos (Tab. 1).

TABELA1.Graus de obesidade segundo o índice de massa corpórea (IMC)

GRAU DE OBESIDADE IMC (Kg/m2)

Baixo peso

Normal

< 18,5

18,5 – 24,9

Sobrepeso 25 – 29,9

Obesidade I 30 – 34,9

Obesidade II 35 – 39,9

Obesidade III (extrema) >40

Fonte: adaptado World Health Organization, 2000

20

O Institute of Medicine (National Academy of Sciences, 1990) recomenda a

avaliação do estado nutricional materno, com base na classificação do IMC pré-

gestacional, para determinar o ganho de peso na gestação. Assim, mulheres que

apresentam baixo peso devem ter um ganho ponderal de 12,5 a 18,0 kg; gestantes

de peso adequado de 11,5 a 16,0 kg; mulheres com sobrepeso de 7,0 a 11,0 kg; e

gestantes obesas < 7,0 kg.

Adaptação do IMC para gestantes foi proposta por Atalah et al, em 1997,

e pode ser obtida da 6a até a 42ª semana de gestação. Pesquisadores

analisaram gestantes, com idade entre 18 e 35 anos, paridade inferior a quatro,

com gestação única e ausência de morbidades que pudessem interferir sobre o

crescimento fetal. Nas primeiras semanas, o critério para a classificação do

estado nutricional foi o mesmo adotado para o período pré-gestacional.

Estimou-se que o aumento de peso até a décima semana de gestação deveria

ser de 600g, o que equivale a 0,25 kg/m2 para mulher com 1,55 de altura. O

ganho de peso considerado ideal seria aquele com menor associação com

morbidade materna-fetal, correspondendo a 20% do peso inicial. O maior

ganho ocorreria entre a 20ª e a 30ª semana. Com base em dados

epidemiológicos, foi proposta a avaliação do estado nutricional da gestante

segundo o IMC por semana gestacional; essa medida é, atualmente, adotada

pelo Ministério da Saúde (Brasil. Ministério da Saúde, 2005).

21

1.4. Obesidade materna e função tireoidiana

Pinkney et al (1998) demonstraram haver correlação positiva entre

porcentagem de gordura corporal e TSH em indivíduos eutireoidianos.

Estudo nacional multicêntrico, realizado por Nucci et al, em 2001, mostrou

prevalência de 25% de grávidas com sobrepeso e obesidade, num total de 5.564

gestantes avaliadas.

A relação entre obesidade, complicações maternas e cesáreas foi

demonstrada por Weiss et al (2004), por meio de estudo multicêntrico prospectivo,

realizado em 16.205 gestantes. Os autores observaram taxas de pré-eclampsia,

macrossomia e diabetes gestacional aumentadas nas grávidas com IMC entre 30 e

34,9 kg ⁄ m2, e com IMC ≥ 35, classificada pelos autores como obesas e obesas

mórbidas, respectivamente. A taxa de cesárea foi de 47,4% nas gestantes obesas

mórbidas, comparadas com 20,7% no grupo de controle formado por grávidas não-

obesas.

Cedergren, 2004, avaliou, em estudo de coorte, 245.526 mulheres portadoras

de gestação única, de termo, que foram distribuídas em cinco grupos segundo o IMC

apresentado e em três grupos de acordo com o ganho ponderal adquirido na

gestação, inferior a 8 kg, entre 8 e 16 kg e superior a 16 kg. Concluiu que as

mulheres obesas podem beneficiar-se com um baixo ganho ponderal. A pré-

eclampsia, parto cesáreo e recém-nascidos grandes para a idade gestacional estão

relacionados ao ganho ponderal excessivo ao longo da gestação.

22

Estudo prospectivo, que envolveu 4.341 gestantes nulíparas, portadoras de

gestação única, apresentação cefálica, com idade gestacional entre 37 e 42

semanas e início de trabalho de parto de forma espontânea, mostrou que a

obesidade influiu na maior incidência de cesárea (Bergholt et al, 2007).

A associação entre a função tireoidiana e o IMC foi estudada por diferentes

autores em diferentes populações, entretanto não foram encontrados até o momento

estudos realizados em gestantes.

Uma possível relação entre a função tireoidiana e o IMC foi estudada por

Iacobellis et al em 2005. Avaliaram 87 mulheres obesas, sem doença tireoidiana ou

outras comorbidades e observaram que aquelas com IMC > 40 kg/m apresentam

concentrações séricas superiores de TSH quando comparadas às mulheres com

IMC < 40 kg/m. O TSH mostrou correlação positiva com o IMC.

Em estudo realizado, na população geral, por Knudsen et al (2005), foi

verificada associação positiva entre o IMC e o TSH e associação negativa entre o

IMC e T4L. Concluíram que os resultados obtidos sugerem que a função tireoidiana

pode ser um dos diferentes fatores determinantes para o aumento de peso corpóreo

da população.

Em estudo realizado em crianças por Reinehr em 2006, a relação entre

obesidade e alteração da função tireoidiana foi demonstrada, do que se concluiu que

concentrações plasmáticas de TSH são mais elevadas em crianças obesas (n=246)

23

que não obesas (n=71). Considerou o aumento hormonal como conseqüência e não

causa da obesidade.

Michalaki et al, em 2006, avaliaram 144 adultos (110 homens e 34 mulheres),

portadores de obesidade mórbida. Observaram elevadas concentrações plasmáticas

de TSH, com prevalência de hipotireoidismo clínico e subclínico elevadas (19,5%).

Em estudo que envolveu 361 mulheres e 40 homens, eutireoidianos com

idade entre 2 e 48 anos, realizado por Manji et al (2006), não foi encontrada

associação entre o IMC e as concentrações plasmáticas de TSH e T4L.

Várias complicações podem advir relacionadas tanto ao aumento do peso no

ciclo gravídico puerperal, quanto à inadequada função tireóidea no mesmo período.

Apesar da relevância do tema, quando analisamos os trabalhos relacionados aos

graus de obesidade e função tireoidiana, não encontramos, até o presente, dados na

literatura, o que justifica nosso interesse pelo tema.

24

2. OBJETIVOS

25

1. Correlacionar o índice de massa corpórea materno com as concentrações

plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L) consoante a idade

gestacional;

2. Quantificar as concentrações plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre

(T4L) segundo o índice de massa corpórea.

26

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

27

O protocolo do presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa

em seres humanos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e

seguiu a Resolução do Conselho Nacional de Saúde 196 / 96, de 10 de outubro de

1996 (Anexo 13). As gestantes concordaram em participar do estudo, e anuíram ao

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3.1 Casuística

Para a realização deste estudo de corte transversal, foram selecionadas 334

gestantes atendidas no Serviço de Pré-Natal do Departamento de Obstetrícia e

Ginecologia (DOGI) da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

(ISCMSP), entre julho de 2006 e janeiro de 2008.

A idade gestacional foi determinada por ultra-sonografia realizada antes da

20.ª semana de gravidez estimada pela data da última menstruação. Ela foi

calculada em semanas completas. Quando necessário, as frações, representadas

por dias de gestação, foram consideradas da seguinte forma: (a) 1, 2, 3 dias

considerou-se o número de semanas completas, extraindo-se as frações, e (b) 4, 5,

6 dias considerou-se a semana seguinte.

O índice de massa corpórea (IMC) foi calculado de acordo com peso e altura,

aferidos durante a consulta de pré-natal, de acordo com a equação abaixo proposta

por Garrow et al.(1985):

28

IMC: ___ PESO (kg)_____ ALTURA (m) 2

Os critérios de exclusão adotados foram:

• Uso de medicamentos como amiodarona, glicocorticóide, β-bloqueadores,

• fenitoína sódica, heparina, lítio e salicilatos.

• Gestação múltipla.

• Diagnóstico clínico de doença tireoidiana anterior à seleção.

• Impossibilidade de confirmação de idade gestacional.

3.1.1. Caracterização da população

Com base nos critérios adotados, foram selecionadas 334 gestantes com

idade entre 14 e 49 anos, sendo a faixa etária determinada pela demanda da

população atendida. A idade gestacional variou entre seis e 39 semanas (Anexos 1

e 2).

Para verificar a presença de correlação entre o IMC apresentado e as

concentrações plasmáticas de TSH e T4L, as grávidas selecionadas foram

inicialmente distribuídas em dois grupos, adotando-se como critério a idade

gestacional (IG) apresentada no momento da seleção. Assim, formaram-se os

grupos A e B. O grupo A (GA), composto por 54 gestantes com IG inferior a 14

semanas, e o grupo B (GB), formado pelas 280 restantes com IG igual ou superior a

14 semanas.

Posteriormente, para quantificar as concentrações plasmáticas de TSH e T4L

as 334 gestantes foram reagrupadas em dois novos grupos:estudo e controle

29

No Grupo de Estudo (GE), foram incluídas 195 mulheres de acordo com IMC,

que foram subdivididas:

GE-1 (n=49) gestante com baixo peso;

GE-2 (n=99) gestantes com sobrepeso;

GE-3 (n=47) gestantes com obesidade.

Nosso grupo controle (GC) foi constituído por 139 grávidas com IMC normal.

As grávidas dos grupos GE-1 GE-2 e GE-3 foram divididas em dois

subgrupos, A e B, consoante a idade gestacional (IG): até 14 semanas e superior a

14 semanas respectivamente. No grupo GE-1A, foram incluídas 2 gestantes com IG

até 14 semanas; no GE 1B- 47 grávidas com IG acima de 14 semanas; no GE-2A,

18 gestantes com IG até 14 semanas; no GE- 2B, 81 grávidas com IG acima de 14

semanas; no GE-3A, 11 gestantes com IG menor que 14 semanas; no GE-3A, 36

gestantes com IG acima ou igual a 14 semanas. O grupo controle subdividiu-se em

GC-A, constituído por 23 gestantes com IG inferior a 14 semanas, e GC-B, com 116

gestantes com IG superior a 14 semanas (Tab. 2).

30

TABELA 2. Distribuição das gestantes de acordo com o IMC e idade gestacional

Os dados referentes ao estado nutricional das gestantes segundo o índice de

massa corporal (IMC) por semana gestacional são apresentados no Anexo 3.

3.2 Método

3.2.1 Quantificação de TSH e de T4 livre

Das gestantes dos grupos de estudo e controle foram colhidos 6 mL de

sangue por punção venosa periférica, em tubo seco. As análises desse material

foram processadas no Laboratório de Medicina Nuclear (Nuclimagem), serviço

conveniado com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

No mesmo ensaio, foram quantificadas as concentrações plasmáticas de

tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L), pela técnica de imunofluorimetria por tempo

Grupos Estudo (GE)

(n=195)

Controle (GC)

(n=139)

Subgrupos 1

(Baixo peso)

2

(Sobrepeso)

3

(Obesidade)

(Peso adequado)

A

< 14 semanas 2 18 11 23

B

>14 semanas 47 81 36 116

31

resolvido com uso de aparelho automatizado (AutoDelfia Wallac). Foram utilizados

kits fornecidos pela PerkinElmer do Brasil Ltda– SP, a saber:

Kit AutoDELFIATM h TSH Ultra

Valores de referência: 0,4 a 5,3 µU / mL

Kit AutoDELFIATM Free Thyroxine (T4L)

Valores de referência: 0,7 a 1,6 ng / dL.

Os passos técnicos para a realização do exame são expostos no Anexo 12.

3.3. Análise estatística:

As análises estatísticas foram feitas usando-se o software estatístico SPSS

versão 13.0. (Statistical Package for the Social Sciences) e o GraphPad InStat 3.06.

A aplicação da Análise de Correlação de Pearson foi utilizada com o intuito de

verificar possível correlação entre os valores plasmáticos de TSH, T4L e IMC.

O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para a análise das

concentrações plasmáticas de TSH e T4L nos diferentes grupos, estratificados de

acordo com o IMC materno e idade gestacional apresentada.

O nível de significância adotado foi de 5%.

32

4.RESULTADOS

33

4.1 Correlação entre o índice de massa corpórea e as concentrações de

TSH e T4L

Para verificar a presença de correlação entre o IMC e as concentrações de

TSH e T4L, foi utilizado o índice de correlação de Pearson.

4.1.1 Idade gestacional inferior a 14 semanas:

4.1.1.1 TSH x IMC

Não foi encontrada correlação estatisticamente significante entre o IMC e o

TSH (r= 0,266 p= 0,052).Conforme demonstrado no gráfico1.

GRÁFICO1: Correlação entre o IMC e o TSH em gestantes com idade gestacional menor que 14 semanas

TSH(µU/ mL)

IMC (kg/ m2)

34

4.1.1.2 T4L x IMC

Ao analisar a correlação existente entre o IMC e T4L, observou-se associação

negativa entre as variáveis analisadas (r = -0,312 p=0,022), conforme demonstra o

gráfico 2.

GRÁFICO 2: Correlação entre o IMC e T4L em gestantes com Idade gestacional menor que 14 semanas

IMC (kg/ m2)

T4L(ng/ dL)

35

4.1.2 Idade gestacional superior ou igual a 14 semanas:

4.1.2.1 TSH x IMC

A análise do índice de correlação entre o IMC e o TSH não se mostrou

estatisticamente significante (r=0, 036 p=0, 548), conforme ilustra o gráfico 3.

GRÁFICO 3: Correlação entre o IMC e o TSH em gestantes com idade gestacional maior ou igual a 14 semanas

IMC (kg/ m2)

TSH(µU/ L)

36

4.1.2.2 T4L x IMC

Encontrou-se correlação negativa estatisticamente significante entre o IMC

e T4L nas gestantes com idade gestacional superior ou igual a 14 semanas (r = -

0,137 p=0,022), representada no gráfico 4.

GRÁFICO 4: Correlação entre o IMC e T4L em gestantes com idade gestacional maior ou igual a 14 semanas

T4L(ng/ dL)

IMC (kg/ m2) IMC (kg/ m2)

37

4.2 Quantificação das concentrações plasmáticas de TSH e T4L segundo o

índice de massa corpórea

As 334 gestantes selecionadas foram distribuídas em dois grupos, baseados

no índice de massa corpórea (IMC) apresentado. O grupo com IMC alterado

denominou-se grupo de estudo (GE), sendo composto por 195 grávidas (58,4%), e

as 139 (41,6%) restantes formaram o grupo de controle.

De acordo com a idade gestacional, as grávidas foram divididas em dois

subgrupos: A, com IG até 14 semanas, e B, com IG igual ou superior a 14 semanas.

(Tab.3).

TABELA 3: Distribuição do grupo de estudo segundo a idade gestacional em

semanas

Idade Gestacional

1

(baixo peso)

Grupo de estudo (GE)

2

(sobrepeso)

3

(obesidade)

Grupo controle

(GC)

A

(<14 semanas)

02

(0,6 %)

18

(5,4%)

11

(3,3 %)

23

(6,9%)

B 47 81 36 116

(>de 14semanas) (14,1%) (24,2 %) (11,0 %) (34,7%)

Total 49

(14,7 %)

99

(29,6 %)

47

(14,1 %)

139

(41,6%)

38

As gestantes foram, então, incluídas nos grupos da seguinte forma: no GE-

1A: 2 com IG até 14 semanas; no GE 1B: 47 com IG igual ou superior a 14

semanas; no GE-2A: 18 com IG até 14 semanas; no GE-2B: 81 com IG acima de 14

semanas; no GE-3A: 11 com IG até 14 semanas; e no GE-3A: 36 com IG acima de

14 semanas.

Nosso grupo controle (GC) foi constituído por 139 grávidas com IMC normal,

das quais 23 (6,9%) apresentaram IG inferior a 14 semanas (GC-A), e 116 (34,7%)

com IG superior a 14 semanas (GC-B).

4.2.1 Idade gestacional inferior a 14 semanas:

4.2.1.1 TSH x IMC

A análise dos grupos de estudo (GE-2A e GE-3A) e controle, em relação às

concentrações de TSH, encontra-se na Tab. 4.

Grupo (n=54) Mediana V. máximo V.

mínimo Mann-Whitney (p)

Controle

(GC = 23) 1,27 4,92 0,16

Sobrepeso

(GE-2A=18) 1,55 6,21 0,42 0, 546

Obesas

(GE-3A = 11) 3,46 21,60 0,63 0, 034

TABELA 4: Distribuição de TSH (µU / mL) nos grupos de estudo e controle com

idade gestacional menor que 14 semanas

39

No grupo GE-2A não foi encontrada diferença estatisticamente significante

entre as medianas de TSH do grupo controle e do grupo com sobrepeso (Mann-

Whitney, p=0, 546).

Ao contrário, a diferença obtida entre as medianas de TSH do grupo controle

e do grupo GE-3A demonstrou ser estatisticamente significante (Mann-Whitney, p=0,

034).

4.2.1.2 T4L x IMC

A análise dos grupos de estudo (GE-2A e GE-3A) e controle, em relação às

concentrações de T4 livre, está exposta na Tab 5.

Grupo (n=54) Mediana V. máximo V. mínimo Mann-Whitney (p)

Controle

(GC = 23) 0,90 1,10 0,70

Sobrepeso

(GE-2A=18) 0,80 1,10 0,70 0, 027

Obesas

(GE-3A = 11) 0,80 1,00 0,60 0, 034

TABELA 5: Distribuição de T4L(ng/dL) nos grupos de estudo e controle om idade gestacional menor que 14 semanas

O resultado obtido da análise realizada entre as medianas das concentrações

plasmáticas de T4L entre os grupos de estudo (GE-2A) e controle resultou

estatisticamente significante (Mann-Whitney, p=0, 027). Assim como a diferença

40

encontrada entre as medianas de T4L do grupo (GE-3A) e o grupo controle (Mann-

Whitney, p=0, 034).

4.2.2 Idade gestacional superior ou igual a 14 semanas:

4.2.2.1 TSH x IMC

Os valores das medianas das concentrações de TSH, no grupo de estudo com

IG igual ou superior a 14 semanas (GE-1B, GE-2B, GE-3B), encontram-se na Tab. 6.

Grupo (n=280) Mediana V. máximo V. mínimo Mann-Whitney (p)

Controle

(GC = 116) 1,66 9,00 < 0,03

Baixo peso

(GE-1B= 47) 2,11 3,82 < 0,03 0, 009

Sobrepeso

(GE-2B = 81) 1,72 6,80 < 0,03 0, 380

Obesas

(GE-3B = 36) 2,03 4,04 0,39 0, 335

TABELA 6: Distribuição de TSH (µU/mL) nos grupos de estudo e controle com idade

gestacional igual ou maior que 14 semanas

Observa-se que somente a diferença encontrada entre as medianas das

concentrações plasmáticas de TSH entre o grupo GE-1B e o grupo GC (Mann-

Whitney, p = 0,009) resultou estatisticamente significante. Não foram encontradas

diferenças estatisticamente significantes entre as medianas das concentrações de

41

TSH do grupo de controle e dos grupos GE -2B (Mann-Whitney , p = 0,380) e GE-3B

(Mann-Whitney , p = 0,335).

4.2.2.2 T4L x IMC

As diferenças entre as medianas obtidas nas concentrações de T4L nos

grupos de estudo e controle podem ser apreciadas na Tab.7.

Grupo (n=280) Mediana V. máximo V. mínimo Mann-Whitney (p)

Controle

(GC = 116)

0,8

5,1

0,5

Baixo peso

(GE-1B= 47)

0,8

2,2

0,6

0, 157

Sobrepeso

(GE-2B = 81)

0,8

2,4

0,5

0, 973

Obesas

(GE-3B = 36)

0,7

1,0

0,6

0, 040

TABELA 7: Distribuição de T4L(ng/dL) nos grupos de estudo e controle com idade

gestacional igual ou maior que 14 semanas

Nota-se que não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

entre as medianas de T4L do grupo controle e dos grupos de estudo GE-1B (Mann-

Whitney, p= 0,157) e GE -2B (Mann-Whitney , p=0,973).

42

A diferença encontrada entre as medianas de T4L do grupo controle e do

grupo GE-3B resultou estatisticamente significante (Mann-Whitney, p=0, 040).

Cabe ressaltar que, em cinco das 334 gestantes selecionadas, foi

diagnosticada a doença clínica: três com hipertireoidismo (0,9%) e duas com

hipotireoidismo (0,6%). Oito foram os casos de hipotireoidismo subclínico (2,4%) e

13 (3,9%) de hipertireoidismo subclínico. A distribuição dos casos de acordo com a

idade gestacional encontra-se no Anexo10.

43

5.DISCUSSÃO

44

As alterações na função da glândula tireóide durante a gestação são

extremamente complexas. A produção, circulação e distribuição dos hormônios

tireoidianos estão alteradas (Brent, 1997). O aumento da produção hormonal

materna, em resposta às adaptações da fisiologia da tireóide durante a primeira

metade da gestação, prossegue até o seu término visando a compensar a

transferência dos hormônios tireoidianos e de iodo para o feto.

Faz-se necessário o conhecimento das diferentes adaptações imposta pela

gestação, para diferenciar as grávidas tireoidopatas daquelas que apresentam

apenas adaptações impostas pela fisiologia gestacional, uma vez que a segunda

mais freqüente endocrinopatia que acomete mulheres em idade reprodutiva é a

doença tireoidiana (Power, et al, 2004).

A gestação, por si só, leva a mulher a um risco que, quando associado a

fatores como a obesidade, podem predispor a maior morbi-mortalidade materno-

fetal. O período gestacional pode atuar como desencadeante da obesidade, ou

como agravante desta. (Cormillot et al,1977).

É bem reconhecido que disfunções evidentes da glândula tireóide são

associadas com mudanças no IMC, refletindo influências na massa e gordura

corporal (Manji et al, 2006).

45

Com base nesses fatos, considerou-se a hipótese de verificar em gestantes, a

presença de correlação entre o índice de massa corpórea (IMC) e as concentrações

de tireotrofina (TSH) e tireoxina livre (T4L), bem como quantificar as suas

concentrações em grávidas, estratificadas de acordo com seu estado nutricional.

A avaliação do estado nutricional das gestantes foi realizada mediante a

aplicação convencional do IMC ajustado à idade gestacional (Atalah et al,1997). O

método utiliza o aumento ponderal de acordo com as semanas de gravidez,

consistindo em quatro curvas correspondentes aos percentis 10, 25, 50 e 90. Esse

modelo, incorporado no manual técnico de "Assistência pré-natal" do Ministério da

Saúde do Brasil, foi o adotado para a realização deste estudo por permitir que a

seleção das gestantes fosse realizada a qualquer momento, durante o

acompanhamento pré-natal. Assim, excluíram-se os casos de informações

inadequadas do peso pré-gestacional, o que acarretaria prejuízo à avaliação do

estado nutricional materno. (Brasil. Ministério da Saúde, 2005)

Optou-se por estudo transversal, considerado o mais adequado às condições

locais, por minimizar possíveis perdas de casos e apresentar resultados

semelhantes a outros tipos de estudo.

Para a seleção das gestantes, foram levadas em conta aquelas que não

apresentavam doenças clínicas ou obstétricas detectadas até o momento da

seleção, incluindo a doença tireoidiana, e aquelas que não faziam uso de

medicamentos, exceto polivitamínicos prescritos por ocasião da gestação. Deveriam

possuir gestação única, com idade gestacional determinada e residir em São Paulo,

46

excluindo-se, assim, as provenientes de possíveis zonas endêmicas de deficiência

de iodo. Dessa forma, foram excluídas as grávidas que apresentavam condições que

pudessem interferir nos parâmetros tireoidianos analisados.

Após a seleção as gestantes foram distribuídas segundo a idade gestacional,

menor que 14 semanas e igual ou superior a 14 semanas. Isso se deve ao fato de

que entre a 9ª e 13ª semana de gestação a alteração mais marcante é a possível

supressão do hormônio tireoestimulante (TSH), coincidente com pico de

gonadotrofina coriônica humana (β-hCG). Esse hormônio, secretado pela placenta,

possui molécula homóloga ao TSH, na sua subunidade alfa, agindo, por

conseguinte, como agonista. Desse modo, afastou-se possível interferência nos

resultados (Glinoer et al, 1990).

As concentrações plasmáticas de T4L e TSH, em conjunto, são indicadas

para diagnosticar e acompanhar as disfunções tireoidianas, por tal motivo optou-se

pela determinação desses hormônios no presente estudo.

O avanço tecnológico disponibilizou métodos altamente sensíveis e

automatizados para a avaliação da função tireoidiana, como o teste de

fluoroimunoensaio por tempo resolvido, utilizado neste estudo para a determinarção

das concentrações de TSH e T4L.O fluoroimunoensaio envolve técnica ultra-

sensível, capaz de determinar maior faixa de abrangência do hormônio, com isso

permite que disfunções mínimas possam ser detectadas (Stockigt, 2000; Romaldini

et al, 2004).

47

A escolha pela determinação da fração livre da tireoxina, e não a total,

justifica-se pelo fato de a primeira possuir atividade biológica e adicionalmente

eliminar potencial interferência de flutuações fisiológicas ou patológicas da globulina

transportadora de tireoxina (Kaplan, 1992; Vieira et al, 2004).

Das 334 gestantes selecionadas, foram detectadas concentrações

plasmáticas de TSH e / ou T 4 L alteradas em 26 (7,8%). A maior parte delas em

gestações acima de 14 semanas, fato este que pode ser atribuído ao maior número

de mulheres nessa fase da gestação (n=280).

Cinco tiveram diagnosticada a forma clínica da disfunção glandular: três com

hipertireoidismo (0,9%) e duas com hipotireoidismo (0,6%). Já os estados

subclínicos da doença, caracterizados apenas por alterações nas concentrações de

TSH estiveram presentes em 13 gestantes (3,9%) com hipertireoidismo subclínico

e em oito com hipotireoidismo subclínico (2,4%). Resultados semelhantes foram

encontrados por Rodrigues et al (2007), que constataram disfunção tireoidiana em

8 % da gestantes analisadas.

Com o objetivo de verificar a existência de correlação entre o IMC

apresentado e as concentrações plasmáticas de TSH e T4L, as 334 gestantes foram

distribuídas em dois grupos de acordo com a idade gestacional (IG), por ocasião da

seleção: Grupo A, composto por 54 gestantes com IG inferior a 14 semanas; e

Grupo B, composto por 280 gestantes com IG igual ou superior a 14 semanas.

48

Não se encontrou correlação estatisticamente significante entre o IMC e o

TSH tanto no Grupo A, quanto no Grupo B. Houve correlação negativa entre o IMC

e T4L em ambos os grupos.

Poucos são os estudos encontrados que avaliaram a relação entre o IMC e a

função hormonal da tireóide. Nenhum deles realizado em gestantes.

No presente estudo, encontrou-se correlação negativa entre o IMC e T4L

tanto nas grávidas com idade gestacional inferior a 14 semanas, como naquelas com

idade gestacional superior ou igual a 14 semanas. O que sugere que, à medida que

aumenta o IMC, diminuem as concentrações plasmáticas de T4L. Essa relação não

foi observada entre o IMC e o TSH.

Esses achados sugerem que pequenas variações na secreção de T4L, ainda

que dentro dos valores de normalidade para o método, podem estar associadas a

algum efeito sobre o IMC, independente da idade gestacional.

De um total de 334 gestantes, 146 (43,7%) apresentavam obesidade ou

sobrepeso, número superior às 139 (41,6%), que apresentavam peso adequado, e

às 49 com baixo peso.

Após a estratificação das gestantes de acordo com o índice de massa

corpórea (IMC) apresentado, observou-se que apenas duas delas apresentavam

baixo peso em IG inferior a 14 semanas (GE-1A). Pela sua baixa expressão, o grupo

GE-1 A não foi considerado na análise estatística.

49

Na análise do grupo de gestantes com IG inferior a 14 semanas, apenas a

mediana das concentrações de TSH do grupo de obesas (GE- 3A) mostrou diferença

estatisticamente significante em relação ao grupo controle.

Resultados semelhantes foram obtidos por Kok et al (2005), que

demonstraram ser a secreção de TSH significativamente elevada em mulheres

obesas, mostrando associação entre os valores do hormônio com o IMC, mas este o

estudo não envolvia gestantes.

No grupo GE - 2A, não foi encontrada diferença estatisticamente significante

entre as medianas de TSH do grupo controle e do grupo com sobrepeso.

A análise entre as medianas das concentrações plasmáticas de T4L mostrou

diferença estatística no grupo de obesas (GE- 3A) e sobrepeso (GE-2A) quando

comparadas ao grupo controle em gestações até 14 semanas.

Os resultados obtidos no presente estudo sugerem a presença de alterações

mínimas na secreção hormonal tireoidiana das gestantes classificadas como obesas,

alterações estas, não suficientes para representar uma disfunção, mas sim uma

adaptação glandular frente à situação de maior risco representada pelo aumento de

peso. As alterações ponderais no início da gestação não são expressivas o

suficiente. Assim, atribui-se às alterações na secreção de TSH a adaptação crônica

glandular adiante da maior necessidade em estimular os receptores tireotróficos

teciduais, mas dentro ainda do padrão de normalidade.

50

Nas gestações com IG igual ou superior a 14 semanas, observou-se que

resultou estatisticamente significante somente a diferença encontrada nas medianas

das concentrações plasmáticas de TSH entre as gestantes com baixo peso (GE -1B)

e o grupo controle. As diferenças obtidas nas medianas das concentrações de TSH

no grupo de obesas (GE-3B) e sobrepeso (GE-2B) não se mostraram

estatisticamente significantes.

Sabe-se que a desnutrição pode acarretar alterações no eixo hipotálamo-

hipófise-tireoidie já que a concentração das proteínas carregadoras TBG, pré-

albumina e albumina se encontram diminuídas; porém, em fase inicial, o referido

eixo consegue manter as frações livres dos hormônios frente à diminuição de T3 e

T4 totais. Já na forma mais prolongada, os mecanismos adaptativos são ineficientes,

o que resulta em aumento na secreção de TSH e resposta exagerada do TSH ao

TRH. A gestação pode acelerar o processo de desnutrição protéica, que pode

expressar-se pela elevação das concentrações de TSH, embora dentro dos valores

de normalidade e produção hormonal tireoidiana normal, demonstrando, assim, a

ação do mecanismo compensatório glandular.

A mediana das concentrações de T4L no grupo de obesas (GE-3B) resultou

estatisticamente significante quando comparada àquela no grupo de controle. No

grupo de gestantes com baixo peso (GE-1B) e sobrepeso (GE-2B), as diferenças

encontradas não se mostraram estatisticamente significante.

Em face do importante papel dos hormônios tireoidianos na regulação da

termogênese, as alterações encontradas podem justificar o fato de o grupo de

51

obesas apresentar concentrações de T4L relativamente diminuídas em relação às

apresentadas pelas não-obesas. Deve-se salientar que as medianas das

concentrações encontradas estão dentro dos valores de referência do método e não

apresentam significado clínico.

Este estudo mostrou que as anormalidades na função tireoidiana são

freqüentes e podem influenciar, e até mesmo ser influenciadas por diferentes fatores

como o estado nutricional da gestante. Logicamente, essa relação é mais evidente

quando existe a doença tireoidiana associada. Sugere ainda que a função da

tireóide pode guardar relação com o estado nutricional da gestante.

Vários são os fatores que podem interferir na evolução e no prognóstico da

gravidez, dentre eles o estado nutricional materno e o adequado funcionamento

tireoidiano.

Cabe ressaltar que, neste estudo, foram diagnosticados 26 casos de

disfunções tireoidianas em gestantes que desconheciam tal condição, sendo a maior

parte delas em gestações acima de 14 semanas, o que pode ser atribuído ao maior

número de mulheres selecionadas nessa fase da gestação (n=280). As gestantes

foram encaminhadas para seguimento e tratamento no serviço de endocrinologia.

Assim, a ação interdisciplinar permitiu que complicações acometessem o binômio

materno-fetal.

Este estudo sugere que oito em cada 100 gestantes atendidas no sistema de

saúde deixariam de apresentar diagnósticos de distúrbios da tireóide, quer na sua

52

forma clínica, quer subclínica, por apresentarem muitas vezes sinais ou sintomas

que são mascarados pelas adaptações próprias do ciclo gestatório, ficando, desse

modo, sujeitas a uma sorte de infortúnios que poderiam culminar com o malogro da

gestação.

Apesar de muitos serem os trabalhos envolvendo a doença tireoidiana e a

gestação, não se encontraram referências a estudos direcionados ao estado

nutricional materno e às alterações da função glandular. O período gestacional

envolve uma série de adaptações, que exigem um perfeito funcionamento de

diferentes sistemas, permitindo-se, dessa forma, o desenvolvimento fetal sem

comprometimento materno. A preocupação com a obesidade, perante a epidemia

mundial que representa, vem sendo motivo de inúmeros estudos em diferentes

populações, mas em gestantes ainda se restringe a complicações neonatais e ao

tipo de parto com suas complicações.

Apesar de não ser o objetivo, este estudo chama a atenção para a alta

prevalência de gestantes com sobrepeso e obesidade. Essas mulheres têm

necessidade de ser identificadas e monitoradas ao longo do ciclo gestatório. A

avaliação do estado nutricional dessas gestantes deve contribuir para o controle do

seu ganho de peso, com o objetivo final de colaborar para a redução das

complicações do binômio materno-fetal, assim como para a redução das taxas de

partos operatórios.

A gravidez é, sem dúvida, um importante período do ciclo vital da mulher.

Constitui um momento ideal para a promoção da saúde, pela procura por

53

atendimento pré-natal. Justifica-se, pois, a necessidade de maior atenção ao

adequado funcionamento tireoidiano e ainda ao estado nutricional materno, visto que

a associação obesidade e gestação é um problema de saúde pública e contribui

para aumento da morbidade materna e fetal. As mulheres identificadas com excesso

de peso na gravidez devem ser consideradas como gestantes de risco e receber

atenção diferenciada.

54

6. CONCLUSÕES

55

Os resultados obtidos por este estudo sugerem que:

1. Não houve correlação entre o índice de massa corpórea (IMC) e a tireotrofina

(TSH) nos diferentes períodos gestacionais estudados.

2. Houve correlação negativa entre o índice de massa corpórea (IMC) e tiroxina

livre (T4L), independente da idade gestacional.

3. As concentrações de tireotrofina (TSH) mostraram-se elevadas no grupo de

gestantes obesas com idade gestacional inferior a 14 semanas e no grupo de

gestantes com baixo peso com idade superior ou igual a 14 semanas.

4. As concentrações de tiroxina livre (T4L) mostraram-se significantemente

diminuídas nas gestantes obesas independente da idade gestacional e nas

gestantes com sobrepeso em gestação inferior a 14 semanas.

56

7. ANEXOS

57

ANEXO 1: Distribuição da idade materna e desvios-padrão de acordo com a

idade gestacional

Grupo (n)

Idade

materna

± DP

Mediana V. máximo V. mínimo

<14 sem

(54) 27,5 ± 5,70 27,0 39,0 14,0

≥14 sem

(280) 28,6 ± 7,33 28,0 49,0 14,0

ANEXO 2: Distribuição média da idade gestacional e desvios-padrão de acordo

com a idade gestacional

Grupo (n)

Idade

gestacional

± DP

Mediana V.

máximo V. mínimo

<14 sem

(54) 11,2 ± 2,15 11,5 13,0 6,0

≥14 sem

(280) 25,8 ± 6,54 26,0 39,0 14,0

58

ANEXO 3: Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o índice de

Massa Corporal – IMC por semana gestacional

Semana Gestacional

Baixo Peso Adequado

Sobrepeso Obesidade

IMC≤ IMC entre IMC entre IMC≥ 6 19,9 20 24,9 25 30 30,1 8 20,1 20,2 25 25,1 30,1 30,2 10 20,2 20,3 25,2 25,3 30,2 30,3 11 20,3 20,4 25,3 25,4 30,3 30,4 12 20,4 20,5 25,4 25,5 30,3 30,4 13 20,6 20,7 25,6 25,7 30,4 30,5 14 20,7 20,8 25,7 25,8 30,5 30,6 15 20,8 20,9 25,8 25,9 30,6 30,7 16 21 21,1 25,9 26 30,7 30,8 17 21,1 21,2 26 26,1 30,8 30,9 18 21,2 21,3 26,1 26,2 30,9 31 19 21,4 21,5 26,2 26,3 30,9 31 20 21,5 21,6 26,3 26,4 31 31,1 21 21,7 21,8 26,4 26,5 31,1 31,2 22 21,8 21,9 26,6 26,7 31,2 31,3 23 22 22,1 26,8 26,9 31,3 31,4 24 22,2 22,3 26,9 27 31,5 31,6 25 22,4 22,5 27 27,1 31,6 31,7 26 22,6 22,7 27,2 27,3 31,7 31,8 27 22,7 22,8 27,3 27,4 31,8 31,9 28 22,9 23 27,5 27,6 31,9 32 29 23,1 23,2 27,6 27,7 32 32,1 30 23,3 23,4 27,8 27,9 32,1 32,2 31 23,4 23,5 27,9 28 32,2 32,4 32 23,6 23,7 28 28,1 32,3 32,5 33 23,8 23,9 28,1 28,2 32,4 32,6 34 23,9 24 28,3 28,4 32,5 32,7 35 24,1 24,2 28,4 28,5 32,6 32,8 36 24,2 24,3 28,5 28,6 32,7 32,9 37 24,4 24,5 28,7 28,8 32,8 33 38 24,5 24,6 28,8 28,9 32,9 33 39 24,7 24,8 28,9 29 33 33,1 40 24,9 25 29,1 29,2 33,1 33,2 41 25 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3 42 25 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3

Fonte: Atalah et al, 1997

59

ANEXO 4: Passos Técnicos do Método Imunoensaio por Fluorometria de Fase

Sólida

I. Amostra do soro do paciente é dispensada em fase sólida (poço de placa de

microtitulação)

II. Adição de reagente (antígeno ou anticorpo) marcado com Európio.

III. O tempo de incubação e a afinidade do anticorpo são padronizados de maneira

a não interferir significativamente na fração hormonal da amostra.

IV. Lavagem dos poços da amostra.

V. Adição de solução Enhancement (altamente fluorescente)

VI. Registro por sistema externo computadorizado da leitura fluorométrica, para cada

tipo de hormônio e / ou anticorpo dosado, segundo curva padrão especifica para cada

kit .

60

ANEXO 5: Aprovação do Comité de Ética e Pesquisa em Seres Humanos

61

ANEXO 6: Distribuição de TSH no s subgrupos de acordo com o IMC e IG inferior a

14 semanas

GC GE – 1A GE – 2A GE – 3A

62

ANEXO 7: Distribuição de TSH no s subgrupos de acordo com o IMC e IG inferior a

14 semanas

63

ANEXO 8: Distribuição de TSH nos subgrupos de acordo com o IMC e IG igual

ou superior a 14 semanas

64

ANEXO 9: Distribuição de T4 L nos subgrupos de acordo com o IMC e IG

igual ou superior a 14 semanas

65

ANEXO 10: Distribuição dos casos de disfunção tireoidiana de acordo com a idade

gestacional

N= 334 < 14 semanas (n=54) ≥ 14semnas (n=280)

hipertireoidismo 03

Hipertireoidismo

subclínico 02 11

hipotireoidismo 02

Hipotireoidismo subclínico 02 06

Total 06 (1,8%) 20 (6%)

66

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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10. RESUMO

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RESUMO

OBJETIVO: Correlacionar a o índice de massa corpórea materno com as concentrações plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L) e quantificar as concentrações plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L) segundo o índice de massa corpórea. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Estudo transversal analítico que envolveu 334 gestantes com idade entre 14 e 49 anos. A idade gestacional variou entre seis e 39 semanas, alocadas em dois grupos de acordo com a idade gestacional: inferior a 14 semanas (n=54), e igual ou superior a 14 semanas (n=280). As concentrações plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L) foram determinadas pela técnica de imunofluorimetria mediante o uso de aparelho automatizado AutoDelfia Wallac. Para a análise estatística, foi utilizado o índice de Correlação de Pearson. Para quantificar as concentrações plasmáticas de TSH e T4L, as 334 gestantes foram distribuídas em grupos de estudo e controle No Grupo de Estudo (GE), foram incluídas 195 mulheres de acordo com IMC, assim subdivididas: GE-1 (n=49), gestante com baixo peso; GE-2 (n=99), gestantes com sobrepeso; e GE-3 (n=47), gestantes com obesidade. Nosso grupo controle (GC) foi constituído por 139 grávidas com IMC adequado. RESULTADOS: Observou-se associação negativa entre o IMC e as concentrações de T4L, independente da idade gestacional apresentada (p=0,022). Não houve correlação significante entre o IMC e as concentrações de TSH nas diferentes idades gestacionais estudadas. Nas gestantes com idade gestacional menor que 14 semanas, não se observou diferença estatisticamente significante entre as medianas de TSH do grupo com sobrepeso e grupo de controle (Mann-Whitney, p=0, 546). Ao contrário, a diferença obtida entre as medianas de TSH do grupo controle e do grupo de obesas resultou estatisticamente significante (Mann-Whitney, p=0, 034). A análise dos grupos de gestantes com sobrepeso e controle, em relação às concentrações de T4L, resultou estatisticamente significante (Mann-Whitney, p=0, 027). Assim como a diferença encontrada entre as medianas de T4L do grupo de grávidas obesas e do grupo controle (Mann-Whitney, p=0, 034). A análise das gestantes com idade gestacional igual ou superior a 14 semanas evidenciou que somente a diferença entre as medianas das concentrações plasmáticas de TSH entre as grávidas com baixo peso e controle (Mann-Whitney, p = 0,009) foi estatisticamente significante. Já a diferença encontrada entre as medianas de T4L foi estatisticamente significante apenas no grupo de obesas em relação ao controle (Mann-Whitney, p=0, 040). CONCLUSÃO: Os achados sugerem que pequenas variações na secreção de T4L, ainda que dentro dos valores de normalidade do método, podem estar associadas a algum efeito sobre o IMC em gestantes, independentes da idade gestacional. Não houve correlação entre o IMC e o TSH nos diferentes períodos gestacionais estudados. As concentrações de TSH mostraram-se elevadas no grupo de gestantes obesas com idade gestacional inferior a 14 semanas e no grupo de gestantes com baixo peso com idade superior ou igual a 14 semanas. As concentrações de T4L mostraram-se significantemente diminuídas nas gestantes obesas, independente da idade gestacional, e nas gestantes com sobrepeso em gestação inferior a 14 semanas.

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11. ABSTRACTS

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ABSTRACT

OBJECTIVE: Correlate the maternal body mass index to thyrotrophin (TSH) and free thyroxine (T4L) concentrations in plasma, and quantify thyrotrophin (TSH) and free thyroxine (T4L) concentrations in plasma according to the body mass index. METHODS: Analytic transversal study involving 334 pregnant women aged between 14 and 49 years old. Gestational age has varied between 6-39 weeks, allocated into two groups: lower than 14 weeks (n=54), and equal or higher than 14 weeks (n=280). Thyrotrophin (TSH) and free thyroxine (T4L) concentrations in plasma were determined by the immunofluorimetry technique though an AutoDelfia Wallac automated device. The Pearson’s correlation coefficient was used to perform the statistical analysis. In order to quantify TSH and T4L concentrations in plasma, all the 334 patients were divided into control and study groups. 195 women were included in the Study Group (SG), according to their MBI, being subdivided into: SG-1 (n=49) low-weight pregnant women; SG-2 (n=99) overweight pregnant women, and SG-3 (n=47) obese pregnant women. Our Control Group (CG) was comprised by 139 pregnant women with appropriate BMI’s. RESULTS: A negative association was realized between BMI and T4L concentrations, regardless of the gestational age presented (p=0.022). There was no significant correlation between the BMI and TSH concentrations in the different gestational ages studied. Pregnant women with less than 14 gestational weeks showed no significant statistical difference between TSH medians in the overweight and the control groups (Mann-Whitney, p=0.546). On the other hand, the difference obtained between the TSH medians in the control group and the obese patients group has shown to be statistically significant (Mann-Whitney, p=0.034). The analysis of the overweight and the control groups in relation to free T4L concentrations has also shown to be statistically significant (Mann-Whitney, p=0.027), as well as the difference between free T4L between obese and control groups (Mann-Whitney, p=0.034). The analysis of pregnant women with gestational ages equal to or higher than 14 weeks has indicated that only the difference between the medians in TSH plasma concentrations between low weight and control groups (Mann-Whitney, p=0.009) was statistically significant. Now, the difference found between the T4L medians was statistically significant only in the obese group in relation to control group (Mann-Whitney, p=0,040). CONCLUSION: Findings suggest that small variations in T4L concentration might be related to some effect over the BMI in pregnant women, regardless of their gestational age, despite being under usual values for the method. There was no correlation between the IMC and the TSH in the several gestational periods studied. TSH concentrations were high in the obese pregnant women group with gestational age lower than 14 weeks, and in the lower weight pregnant women group with gestational age equal to or higher than 14 weeks. T4L concentrations have shown to be significantly reduced in obese pregnant women, regardless of the gestational age, as well as in over weight women with gestational age lower than 14 weeks.

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