análise da relação entre ambientexusuário & propostas alterações espaciais em insituição...

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Apresenta-se aqui uma APO desenvolvida na Creche Municipal Waldemar da Silva Filho, em Florianópolis-SC, a partir de uma abordagem multi-métodos que considerou aspectos da Psicologia Ambiental e da Ergonomia. A APO realizada permitiu o reconhecimento de conflitos e deficiências no local, bem como a compreensão da relação entre os seus diversos usuários (pais, alunos, educadores e funcionários) com os ambientes da intituição. Esta análise possibilitou a definição de referências de projeto capazes de embasar diretrizes de adequação do ambiente físico da instituição, considerando aspectos arquitetônicos e paisagísticos. Orientação: Vera Helena Moro Bins Ely e Vanessa Goulart Dorneles. Bolsistas: Flávia Martini Ramos e Mariana Morais Luiz.

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Roselane NeckelReitora

Débora Peres MenezesPró-Reitora de Pesquisa e Extensão

Edison da RosaDiretor do Centro Tecnológico

Sônia AfonsoChefe de Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Fernando WestphalCoordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo

Vanessa Goulart Dorneles, MsCVera Helena Moro Bins Ely, Dr. Eng.

Orientadoras

Flávia Martini RamosMariana Morais Luiz

Bolsistas

RAMOS, Flávia Martini; MORAIS LUIZ, Mariana; DORNELES, Vanessa Goulart; BINS ELY, Vera Helena Moro; Análise da Relação entre Ambiente e Usuário e Propostas de Adequações Espaciais para a Creche Municipal Waldemar da Silva Filho. Florianópolis: PET/ARQ/UFSC, 2012. 282 p.

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Flávia Martini RamosMariana Morais Luiz

Vanessa Goulart DornelesVera Helena Moro Bins Ely

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINADepartamento de Arquitetura e Urbanismo

Grupo PET/ARQ/SESu

Florianópolis, agosto de 2012

Análise da Relação entre Ambiente e Usuário &

Propostas de Adequações Espaciais para a Creche Municipal Waldemar da Silva Filho

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Coordenação e OrientaçãoVanessa Goulart DornelesVera Helena Moro Bins Ely

Textos, Fotos, Tratamento de Imagens, Arte Final, Edição, DiagramaçãoFlávia Martini RamosMariana Morais Luiz

CapaMariana Morais Luiz

IlustraçõesFlávia Martini Ramos

Croqui a partir de http://www.dicasecia.com/brincadeiras-para-divertir-as-criancas

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Este caderno é composto por duas partes: 1 e 2. Na Parte 1 tem-se a pesquisa entitulada Análise da relação entre Ambiente e Usuário na Creche Waldemar da Silva Filho e a Parte 2 se apresenta as Propostas de Alter-ações Espaciais para a mesma instituição.

Sumário Parte 1

Capítulo 1 - Introdução 221.1 Apresentação 241.2 Justificativa 241.3 Objetivos 251.4 Metodologia 251.5 Estrutura 26

Capítulo 2 - Fundamentação teórica 302.1 Psicologia Ambiental 32 2.1.1. Comportamento humano e ambiente 2.1.2. Percepção ambiental 2.1.3. Apropriação espacial e seus reguladores2.2 Ergonomia 46 2.2.1. Problemas Ergonômicos 2.2.2. Ergonomia e ambiente escolar2.3 O Conceito de Creche 54 2.3.1. O que é uma Creche? 2.3.2. O Outro Papel da Creche 2.3.3. O Papel dos Professores

Capítulo 3 – Estudo de caso 60 3.1. A Creche Waldemar da Silva Filho 62

Croqui a partir de http://www.dicasecia.com/brincadeiras-para-divertir-as-criancas

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Capitulo 4 – Procedimentos de pesquisa 664.1 Visita Exploratória 69 4.1.1. Desenvolvimento 4.1.2. Resultados4.2 Walkthrough 71 4.2.1. Desenvolvimento 4.2.2. Resultados4.3 Questionários 72 4.3.1. Desenvolvimento 4.3.2. Resultados4.4 Observações 74 4.4.1 Observações Assistemáticas 4.4.1.1 Desenvolvimento 4.4.1.1 Resultados 4.4.2 Observações Sistemáticas 4.4.2.1 Desenvolvimento 4.4.2.2 Resultados4.5 Poemas dos desejos 79 4.5.1. Desenvolvimento 4.5.2. Resultados4.6 Mapa Comportamental 80 4.6.1. Desenvolvimento 4.6.2. Resultados4.7 Avaliação Dimensional 824.7.1. Desenvolvimento4.7.2. Resultados

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Capítulo 5 - Síntese da Avaliação 865.1. Aspectos do Trabalho 885.2. Aspectos do Ambiente 91

Capítulo 6 – Considerações Finais 98

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Lista de Figuras - PARTE 1

Figura 1. A influência do ambiente no ser humano 27Figura 2. Espaço Pessoal mais contraído na cultura brasileira 31Figura 3. Espaço Pessoal mais expandido na cultura oriental 32Figura 4. Espaço Pessoal expandido em ambientes mais formais 33Figura 5. Espaço Pessoal contraído em ambientes informais 33Figura 6. Distância Íntima entre familiares 34Figura 7. Distância Pública 35Figura 8. Regulação das relações de isolamento e aproximação 37Figura 9. Aglomeração causada por violação do Espaço Pessoal 38Figura 10. Territorialidade a partir de arranjos diferentes 40Figura 11. Mobiliário ergonomicamente adequado 45Figura 12. Desconforto ergonômico por mobiliário muito alto 45Figura 13. Desconforto ergonômico causado por mobiliário baixo 45Figura 14. Diversidade Antropométrica encontrada em uma Creche 46Figura 15. Variáveis usadas em medidas antropométricas estáticas 47Figura 16. Princípios para aplicação dos dados antropométricos 48Figura 17. Localização da Creche em Florianópolis 56Figura 18. Contextualização da Creche no bairro da Trindade 56Figura 19. Planta Baixa Esquemática 58Figura 20. Planta baixa esquemática 64Figura 21. Refeitório 72Figura 22. Fraldário 72Figura 23. Sala de Aula 72Figura 24. Desenhos da turma G6 – 5 – 6 anos 74Figura 25. Mapa Comportamental Circulação Salas 76Figura 26. Mapa de Descobertas 87

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Sumário Parte 2

Capítulo 1 – Introdução 1041.1 Apresentação 1061.2 Justificativa 1061.3 Objetivos 107 1.3.1. Objetivo geral 1.3.2. Objetivos específicos1.4 Estrutura 108

Capítulo 2 - Fundamentação teórica 1122.1. Arquitetura para Centros de Educação Intantil 114 2.1.1. Espaços Internos 2.1.2. Espaços Externos2.2. Paisagismo 118 2.2.1. Vegetação 2.2.2. Materiais 2.2.3. Paisagismo para Centros de Educação Infantil

Capítulo 3 - Referências de Projeto 1403.1. Ambientes Internos 1423.2. Ambientes Externos 150

Capítulo 4 - Condicionantes de Projeto 176 4.1 Quadro Específico 1784.2 Quadro Geral 188

Capítulo 5 - Projeto Arquitetônico 192

Capítulo 6 - Projeto Paisagístico 212

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Capítulo 7 - Considerações Finais 232

Referências Bibliográficas 238

Apêndices 244

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Lista de Figuras - PARTE 2

Figura 1. Influência do arranjo espacial. 113Figura 2. Maciço Heterogêneo 120Figura 3. Maciço Homogêneo 121Figura 4. Melhoramento da ambiência urbana 122Figura 5. Atraso térmico provocada por árvores de copas densas 123Figura 6. Atraso térmico provocado por árvores de copas densas 123Figura 7. Menor iluminância sob a copa de árvores mais densas 124Figura 8. Maior iluminância sob a copa de árvores menos densas 125Figura 9. Efeito de corredor de vento 127Figura 10. Efeito de deflexão do vento 128Figura 11. Efeito de deflexão do vento 128Figura 12. Efeito de obstrução do vento 129Figura 13. Ilustração de filtragem psicológica do vento 130Figura 14. Ilustração de remoção de partículas do ar pela vegetação 131Figura 15. Ilustração de remoção de partículas do ar pela vegetação 133Figura 16. Objetivo contemplativo 135Figura 17. Objetivo recreativo 135Figura 18. Objetivo utilitário 136Figura 19. Playground em Utrecht, Holanda 141Figura 20. Playground em Utrecht, Holanda 141Figura 21. Children’s Institute: The Otis Booth Campus 142Figura 22. Rollercoaster em Beijing, China 143Figura 23. Cerca que delimita o Water Playground 144Figura 24. Banco presente no Water Playground 144Figura 25. The molecule seating system 145Figura 26. Escultura Sonora “Peixe”, em Florianópolis 146Figura 27. Brinquedo “The Bird”, em Vienna, Austria 147Figura 28. Fachada da Tellus Nursery School 148Figura 29. Planta Baixa do 1º Pavimento 149Figura 30. Planta Baixa do 2º Pavimento 149Figura 31. Ambiente de uma Creche com aberturas diferenciadas 150Figura 32. Kindergarten 8units Velez Rubio 151

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Figura 33. Quarto projetado pela empresa Dearkids 152Figura 34. Quarto de Hospital Psiquiátrico em Berlim 153Figura 35. Ambiente para Hospital Psiquiátrico em Berlim 154Figura 36. The Emmental Stairs 155Figura 37. Micheli Residence 156Figura 38. Micheli Residence 156Figura 39. The mirror triangle 157Figura 40. The shop game structure 158Figura 41. Entradas 159Figura 42. Divisórias móveis 160Figura 43. Móvel para troca de fraldas 161Figura 44. The Caspar Children’s Table 162Figura 45. Casper Children’s Table desmontada 162Figura 46. DUNE 163Figura 47. ATOLL 164Figura 48. COCOON 164Figura 49. MOLECULE 1 165Figura 50. MOLECULE 2 165Figura 51. Smell Tunnel 166Figura 52. Play forms: 3D Blocks 166Figura 53. Sala de Aula 167Figura 54. Cadeira Bent Beechwood 168Figura 55. Basic Chair 168Figura 56. Plataformas 169Figura 57. Motor Play Elements 169Figura 58. Motor Play Elements 169Figura 59. Piso de semi-esferas 170Figura 60. Piso “OOPS” Rectangular 170Figura 61. Painéis Retráteis 171Figura 62. Vias de acordo com ventos 177Figura 63. Cruzamentos de Pedestres 179Figura 64. Esquema da orientação da Creche Waldemar da Silva Filho 181Figura 65. Ventos predominantes em Florianópolis. 183Figura 66. Adaptação do programa Analysis Bio 2.1.5 184

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Figura 67. Esquema de ventos predominantes em relação à Creche 186Figura 68. Planta Baixa atual da Creche Waldemar da Silva Filho 192Figura 69. Planta Obra Civil: Remover e Construir 193Figura 70. Planta Baixa Humanizada proposta 194Figura 71. Zoneamento sobre a planta atual da Creche 195Figura 74. Situação Atual Acesso Principal 195Figura 75. Secretaria: Restrição do Espaço 196Figura 76. Falta de Integração 196Figura 77. Situação Atual Salão 198Figura 78. Situação Atual BWC 200Figura 72. Situação Atual Hall e Área de Espera 201Figura 79. Situação Atual Sala Professores 202Figura 80. Situação Atual Lavanderia 205Figura 73. Situação Atual Sala de Aula Comum 206Figura 81. Planta baixa atual dos pátios da CWSF 213Figura 82. Planta baixa dos pátios modificados da CWSF 214Figura 83. Vegetação mantida na proposta 215Figura 84. Zoneamento dos pátios para explicação das alterações 216Figura 85. Situação Atual Entrada 218Figura 86. Situação Pátio Acesso 219Figura 87. Situação Pátio Refeitório 220Figura 88. Situação Atual Estacionamento 222Figura 89. Situação Atual Pátio 223Figura 90. Situal Atual Pátio 226Figura 91. Situação Atual Parque Princip al 227Figura 92. Situação Atual Espaços Residuais 228Figura 93. Situação Atual - Cercas divisórias 229

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Parte 1

Análise da Relação entre Ambiente e Usuário na Creche Municipal Waldemar da Silva Filho

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IntroduçãoCapítulo 1

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1.1 Apresentação

Esta pesquisa é a continuação de uma pesquisa desenvolvida pelo Grupo PET, in-titulado “Avaliação e Propostas de Projeto de Acessibilidade Espacial para a Creche Mu-nicipal Waldemar da Silva”. Percebeu-se que, além dos problemas de acessibilidade já explorados, era pertinente avaliar aspectos relacionados tanto a questões psicológicas e sociais, quanto a funcionalidade e adequação dos postos de trabalho. Assim, esta pesquisa alia Psicologia Ambiental e Ergonomia, e avalia a instituição considerando as necessidades físicas e psicológicas de todos os seus usuários – professores, funcionários, alunos e pais. Neste sentido, realizou-se uma APO (Avaliação Pós Ocupação) na Creche, um instru-mento que, ao comparar o desempenho do ambiente ideal com o real, permite o reconhe-cimento de conflitos e deficiências e gera referências de projeto capazes de embasar tanto reformas no ambiente analisado quanto projetos para novos ambientes. (ORNSTEIN, 1995) Este tipo de Avaliação tem ocorrido no Brasil a partir dos anos 70, quando a construção civil, passa a valorizar o usuário, destacando aspectos de conforto e funcionalidade dos ambientes. A APO pode englobar fatores construtivos, de con-forto ambiental, funcionais, estéticos, comportamentais e organizacionais do am-biente em uso, ou seja, tanto aspectos objetivos, quanto subjetivos, sendo sua abordagem interdisciplinar. Conforme o exposto, esta Avaliação inclui o ponto de vista do ocupante a partir das abordagens da Psicologia Ambiental e da Ergonomia.

1.2 Justificativa

Os centros educacionais são importantes na formação das crianças, que começam a desenvolver sua autonomia e identidade baseadas nos valores passados tanto pela família, quanto pela instituição de ensino, o que é explicitado na consideração de Carvalho (2008): “A educação de uma criança se inicia no convívio familiar e depois passa a ser divi-dida com a escola, que participa cada vez mais precocemente do processo educacional”. Percebe-se a necessidade de o espaço da Creche ser bem organizado, tranquilo, acolhe-dor, e bem equipado, para assegurar o bom desempenho do educador, bem como moti-var o interesse dos alunos e permitir a plena apreensão do conteúdo que lhes é passado. A APO permite que se avalie o espaço da Creche a partir do ponto de vista

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de seus diferentes usuários, verificando sua adequação tanto às peculiaridades in-fantis quanto às necessidades dos trabalhadores. Boa parte dos problemas en-contrados nestas instituições deve-se ao fato da s suas instalações serem em edificações preexistentes que se adaptadam a este. Além disso, a escassez de re-cursos financeiros, condiciona a falta da apropriação espacial, não contempla os pré-requisitos da Ergonomia e conforto. Desta forma, os espaços criados para agregar valores e intensificar a sociabilização não conseguem incorporar a visão das crianças, nem servir os educadores com os devidos equipamentos, prejudicando a atividade educacional. A pesquisa agrega assim, dados a partir da APO capazes de embasar adaptações que melhorem a relação entre o ambiente e seus usuários.

1.3 Objetivos

1.3.1. Objetivo geral Deseja-se, através desta pesquisa, realizar uma avaliação para compreender a relação entre os usuários e o espaço físico da Creche Waldemar da Silva Filho, le-vantando os principais problemas que a Instituição enfrenta do ponto de vista da Psi-ciologia Ambiental e Ergonômia.1.3.2. Objetivos específicos Espera-se: - Compreender os conceitos relacionados à Psicologia Ambiental e à Ergono-mia; - Avaliar a Creche segundo os preceitos de apropriação, comportamento e per-cepção de todos os seus usuários, a partir da Psicologia Ambiental; - Avaliar a Creche segundo análises posturais e de disponibilidade e configura-ção de equipamentos destinados a todos os usuários a partir da Ergonomia; - Compreender, relacionar e avaliar o resultado dos dados obtidos; - Sintetizar a análise.

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1.4 Metodologia

Para analisar a relação entre ambiente e usuário na creche, utilizou-se a APO – Avaliação Pós Ocupação, que consiste em uma avaliação de desempenho do ambiente construído, permitindo observar a qualidade do lugar. Esta metodo-logia, considera fatores técnico-construtivos, funcionais e comportamentais, e os inter-relaciona, revelando o caráter interdisciplinar da pesquisa. (ORNSTEIN, 1995) Para realizar esta avaliação utilizou-se duas principais abordagens: Ergono-mia e Psicologia Ambiental. Os procedimentos utilizados são específicos de cada uma das abordagens citadas, pois as mesmas se complementam. Como exemplo tem-se: a visita exploratória, utilizada para fazer o reconhecimento do espaço; o walktrough, que já representa uma fase de aprofundamento, na qual se fez uma observação mais criteriosa dos espaços; as observações sistemáticas e assistemáticas, com as quais se verificaram a rotina de trabalho e o comportamento dos usuários. Mais relacionados à Ergonomia tem-se a avaliação dimensional com modelos antropométricos, compos-to de levantamento físico de mobiliário e simulação computacional das posturas; os questionários, aplicados para compreender a rotina dos usuários e sua percepção do ambiente; e o Censo de Ergonomia, que, anexado aos questionários, permitiu o levan-tamento dos desconfortos e limitações encontradas na realização de tarefas, uma vez que configura uma espécie de questionário mais técnico. No que tange a Psicologia Ambiental, destacam-se: o poema dos desejos, que buscou identificar como seria o espaço ideal da creche segundo a visão de seus usuários; o mapa comportamental, que revela a freqüência de uso dos ambientes; e a observação incorporada, instrumento da abordagem experencial com o qual o observador registra suas sensações no ambiente. Cada um destes métodos será explicado no desenvolvimento a seguir.

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1.5 Estrutura

O Caderno de Pesquisa está estruturado em duas partes subdivididas em 7 Capí-tuos. A primeira parte, composta pelos Capítulos 1 e 2, expõe o embasamento teórico, enquanto a segunda parte, composta pelos demais Capítulos, consiste no Estudo de Caso. O Capítulo 1 – Introdução – apresenta o tema, a justificativa e rele-vância do estudo proposto e os objetivos a serem alcançados. Além dis-so, apresenta uma síntese dos procedimentos de pesquisa utilizados; O Capítulo 2 – Referencial Teórico – expõe os conceitos bases desta pes-quisa seguindo aspectos relacionados à Psicologia Ambiental e à Ergonomia; Já o Capítulo 3 – Estudo de Caso - é destinado a apresentar a Creche Waldemar da Silva Filho a partir de sua dinâmica de funcionamento e sua caracterização física; No Capítulo 4 – Procedimentos de Pesquisa – explicam-se detalhadamente os métodos e técnicas utilizados na Pesquisa, com seus respectivos objetivos e aplicações; O Capítulo 5 – Resultados e discussão – expõe os resultados positivos e negativos obtidos com a aplicação dos métodos, bem como sua análise e síntese. Capítulo 6 – Recomendações – Neste capítulo são in-dicadas algumas sugestões de adequação do ambiente de acor-do com o levantamento de problemas apresentados no Capítulo Por fim, o Capítulo 7 – Conclusão – expõe as considerações finais da pesquisa baseadas na relação entre os resultados do estudo de caso e o referencial teórico.

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Fundamentação teóricaCapítulo 2

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Este Capítulo está dividido em duas partes. A primeira parte apresenta as abordagens da pesquisa: a Psicologia Ambiental e a Ergonomia, e seus princi-pais conceitos, enquanto a segunda parte caracteriza uma Creche, investigando o que a configura como tal e qual é o papel de seus usuários na constituição do am-biente institucional. A compreensão destes preceitos orienta a APO, permitindo a elaboração do estudo de caso e a aplicação dos procedimentos de pesquisa.

2.1 Psicologia Ambiental

A Psicologia Ambiental é um dos mais recentes campos da psicologia, apesar de ter surgido na metade do século XX. Desenvolve-se principalmente após a década de 90, com a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvim-ento, a ECO92, que intensificou as discussões sobre a influência de fatores psicológicos, sociais e ambientais na saúde humana. A finalidade principal desta abordagem é o entendimento das relações entre pessoa e ambiente, estudada por diversos teóricos. A psicóloga Márcia Correia (2006) afirma que a Psicologia Ambiental é con-siderada eminentemente prática, envolvendo várias abordagens da Psicologia e sendo interdisciplinar. A autora considera a Psicologia Ambiental como de fun-damental importância para levantar as variáveis ambientais e por isso seu objeto de estudo é sempre a inter-relação pessoa-ambiente e nunca a pessoa ou o am-biente isoladamente. A definição de Psicologia Ambiental se aproxima da Psico-logia Comportamental, no entanto, o diferencial desses dois campos, segundo a autora, é que enquanto a Psicologia Ambiental lida com o ambiente físico, a Psico-logia Comportamental considera que tudo que não é o observador é ambiente para ele, fazendo com que outra pessoa também passe a ser ambiente, por exemplo. Para Gifford (1997) a Psicologia Ambiental é uma disciplina jovem e vital, que necessita de princípios científicos e aplicação prática para comportar a ampla varia-ção de problemas relacionados às transações pessoa-ambiente. Segundo este autor, a Psicologia Ambiental é o estudo da transação entre indivíduos e o cenário físico, onde indivíduos modificam o ambiente e seu comportamento e experiência são também modificados, o que apresenta, portanto, o comportamento e a experiência humana; o cenário, ou espaço, físico; e o vínculo recíproco entre esses, exemplificados na Figura

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1, que mostra influências visuais, auditivas, entre outras, presenciadas pelo indivíduo.

Figura 1. A influência do ambiente no ser humano

Esta pesquisa considera a Psicologia Ambiental como o campo do conhecimento que permite, através de análises práticas, compreender tanto a influência do ambiente no comportamento humano, quanto influência do homem no ambiente. Isso é possível através da percepção das intervenções que o homem realiza no ambiente na tentativa de torná-lo mais agradável para si, o que revela as carências e potencialidades do mesmo. Para facilitar a compreensão desta abordagem serão explicados a seguir os conceitos de Comportamento Humano, Percepção Ambiental e Apropriação Espacial.

2.1.1. Comportamento humano e ambiente

Na mesma linha de raciocínio de Correia (2006) e Gifford (1987), Altman (apud Gif-

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ford, 1987) sintetiza o estudo da Psicologia Ambiental como sendo “[...] o estudo do com-portamento espacial humano e do bem-estar em relação ao ambiente, onde os indivíduos modificam o ambiente e sofrem troca mútua, com alteração de seus comportamentos”. Segundo Corrêa (2006), “o comportamento é um processo mutável, e muda de acordo com as variáveis das quais ele é função.” Ela afirma que os pensamentos e sentimentos também são comportamentos e que “[...] os eventos privados de uma pessoa não são a causa de seu comportamento, mas, ao contrário, são eventos regi-dos pelas mesmas variáveis ambientais que controlam o comportamento manifesto”. Desta maneira, encara-se o comportamento como o conjun-to de ações e posturas que o homem assume a partir das influências que recebe do meio. O comportamento caracteriza-se, portanto, como algo in-stável e mutante, uma vez que as influências não são permanentes. Já o ambiente, na Psicologia Ambiental, é definido por Savi (2008) como um sistema de influência para as atividades humanas. Aparece como mod-elo social de organização da atividade humana, ao mesmo tempo com um in-strumento funcional e contexto cultural. “Essa função numa moradia, por ex-emplo, não equivale apenas ao abrigo, mas à expressão das emoções e da vivência desenvolvida pelo sentimento ‘de estar e sentir-se em casa’’.(SAVI, 2008) O contexto ambiental onde crianças e adolescentes se desenvolvem, segun-do Savi (2008), é fundamental como a causa de manifestações de problemas, espe-cialmente em questões do desenvolvimento humano e comportamento espacial. Conforme Lee (1976), o ambiente é um conjunto de influências que se impõe sobre o comportamento, os juízos e as emoções humanas. Assim, ele modela parcial-mente a personalidade e, inversamente, o homem possui artifícios para modificá-lo. Em consequência, a percepção e os mecanismos reguladores da apropriação ambiental são fundamentais para a compreensão dos resultados da interação homem-ambiente. Cabe destacar que além de influenciar, o ambiente também é in-fluenciado tanto pelo contexto maior no qual se insere, o que com-preende o sistema político e sócio-cultural de uma área, quanto pelo seu usuário, que pode alterá-lo em resposta às influências que está recebendo.

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2.1.2. Percepção ambiental

A Figura 1 ilustra o fato de que a maneira como o usuário obtém experiências no ambiente depende de suas características biológicas, de sua percepção sensorial e de características psicológicas que envolvem a formação social do sujeito. Esta formação se dá através da cultura, valores, condutas do grupo e de sua personalidade como indi-víduo. Sua experiência no ambiente está, portanto, impregnada de significados, simbo-lismos, afetos e valores que poderão influenciar sua relação com o lugar (PASCOA, 2008). Essa relação dinâmica entre homem e ambiente determi-na posturas e comportamentos. Segundo Savi (2008), essas reações comportamentais originam-se da percepção da realidade ambiental. O princípio do processo perceptivo se inicia com a captação, através dos órgãos dos sentidos, de um estímulo que, em seguida, é enviado ao cérebro. Este proces-so pode ser dividido em sensação, que é o mecanismo fisiológico através do qual os órgãos sensoriais registram e transmitem os estímulos externos; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos (SERRANO, 2004). Para Bins Ely (2003), os sentidos fazem parte do aparelho percep-tual, pois estabelecem o vínculo e acionam o sistema nervoso. “A per-cepção começa, então, a ser organizada através dos sentidos (sensa-ções), organizando os impulsos conforme eles ascendem ao cérebro”. Serrano (2004) considera o ato de perceber algo como o de captar através dos sentidos e também de fixar essa imagem. Para ele, a percepção pode ser descrita como a forma como vemos o mundo, “o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a representação e o conhecimento que possui das coisas, pessoas e situações”. A percepção ambiental é tratada, então, como uma atividade constante e dinâmica que se origina na relação do homem com o ambiente. Ela consiste na representação que o indivíduo, através de seus sentidos e da interpretação das in-fluências que recebe, cria do ambiente ao experimentá-lo. Como as formas de inter-pretação dependem das experiências e valores de cada usuário, a percepção carac-teriza-se como algo pessoal e mutável, dependendo tanto destes fatores humanos, quanto dos fatores externos, que compreendem influência climática, ruídos, etc.

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2.1.3. Apropriação espacial e seus reguladores

A apropriação pode ser compreendida como o ato de tornar próprio, de tomar para si, de acomodar, de adequar algo ou algum lugar às neces-sidades individuais ou de um grupo. Em relação à apropriação espacial, Savi (2008) afirma que se pode entendê-la como um processo psicológico de ação e intervenção sobre um espaço, a fim de transformá-lo e personalizá-lo. Uma das formas de entender a apropriação consiste na necessidade do indivíduo se diferenciar do outro, demarcando seu território, e criando, desse modo, referências estáveis que o ajudam a orientar-se e a preservar sua iden-tidade diante de si e dos outros (POL, 1996). Conforme Oliveira (2008) para se descobrir essas alterações no espaço vivenciado deve-se compreender como acontecem esses processos de trocas Pessoa-Ambiente para então, poder identi-ficar os fatores que atuam sobre esse sistema e como se dá essa mútua influência. A apropriação ocorre através de diferentes níveis, indo do coletivo ao privado. Nos espaços privados a apropriação física esta muito ligada à idéia de um território. Ela com-preende principalmente duas etapas sucessivas e simultâneas: a organização do espaço, que segue as referências dos modelos culturais de sociabilidade; e o uso. (BINS ELY, 1997) Segundo Oliveira (2008), o estudo do uso de um espaço envolve a análise das atividades realizadas no seu interior, os equipamentos necessários para realizar es-sas atividades, o espaço para o acionamento desses equipamentos, e essencialmente se esse conjunto está adequado à função do espaço e às pessoas que irão utilizá-lo. Em ambientes escolares, onde se tem a necessidade da criação de um elo entre alu-nos e escola, a apropriação e a personalização de ambientes são fatores importantes, con-siderando os significados psicológicos e culturais produzidos nessa relação (PASCOA, 2008). O estudo da apropriação considera a forma como os usuários de um de-terminado espaço se identificam com o mesmo, como conseguem alterá-lo para que se torne mais adequado aos seus gostos pessoais, à sua rotina de uso. Quanto maior o nível de apropriação, maior é o nível de identificação do usuário com o es-paço, mais ele reconhece aquele lugar como seu, e como algo importante para estruturar a sua relação com o mundo. Isso é importante para que as pessoas desenvolvam, no decorrer de suas vidas, relações de apego com os diversos locais vi-venciados. Por exemplo, existem locais que serão sempre lembrados por estarem liga-dos à primeira infância, ou a um longo período de permanência ou a experiências cur-

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tas, porém com grande significado em algum momento de suas vidas (OLIVEIRA 2008). A apropriação espacial trata, portanto, das modificações que os usuári-os fazem nos ambientes que utilizam na tentativa de torná-los seus, ou seja, de se sentirem confortáveis e acolhidos. Estas intervenções consistem no com-portamento humano gerado a partir das influências do ambiente, que pode ou não despertar apropriação. Percebe-se, então, que as influências revelam tan-to os elementos geradores de identidade, quando as carências do espaço, tor-nando a análise da apropriação espacial um importante instrumento de projeto. Em geral, nos estudos das interações usuário-ambiente, se anal-isam quatro reguladores: o espaço pessoal, a territorialidade, a privacid-ade e a aglomeração. Cada um deles é abordado resumidamente a seguir.

Espaço pessoal O espaço pessoal refere-se a uma área que cerca o corpo humano que es-tabelece limites às demais pessoas conforme o nível de intimidade, de modo in-visível. Para Gifford (1997) ele é uma espécie de bolha, dentro da qual o indivíduo encontra-se inserido. Essa bolha pode esticar ou encolher, de acordo com o tipo de relação entre indivíduos, e o contexto cultural no qual eles se inserem, o que é exemplificado nas Figuras 2 e 3, abaixo. Na figura 2 observa -se que a “bolha“ que envolve o indivíduo é mais contraída que a figura seguinte, tendo em vista que a cultura brasileira envolve uma maior proximidade com indivíduos, mesmo esses sen-do desconhecidos, diferentemente da cultura oriental, representada pela figura 3

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Figura 2. Espaço Pessoal mais contraído na cultura brasileira

Figura 3. Espaço Pessoal mais expandido na cultura oriental

Gifford (1987) afirma ser “[...] um território pessoal e portátil: o espaço pessoal difere de outros territórios porque este é portátil. Onde quer que você pare ou sente, você está envolto por todos os lados pelo espaço pessoal”. O autor afirma que o Espaço Pessoal é definido culturalmente e que com o passar do tempo e dependendo da situação em que

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se encontra, seus limites são ajustados e até eliminados com o surgimento da intimidade. Também para Savi (2008) “As características individuais (person-alidade, estado de espírito, sexo e idade) afetam o espaço pessoal, assim como as normas culturais associadas aos diferentes contextos ambientais”. Além disso, uma mesma pessoa varia seu Espaço Pessoal conforme o ambiente em que se insere, e a atividade que desempenha, o que se ilustra nas Figuras 4 e 5.

Figura 4. Espaço Pessoal expandido em ambientes mais formais

Figura 5. Espaço Pessoal contraído em ambientes informais

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Percebe-se, assim, que a dimensão do espaço pessoal é variável, e que quan-do é violada, há a sensação de desconforto. Indivíduos podem invadir deliberada-mente o espaço pessoal de outros, ou inocentemente, escolher distâncias interpes-soais inadequadas, podendo assim estar próximos ou distantes dos demais. Conforme Gifford (1987), quanto à Proximidade, a distância inapropriada é percebida como uma invasão e quanto ao Distanciamento, como falta de envolvimento ou frieza. Hall (apud Gifford, 1987) descreveu os graus de distância interpessoal, os distin-guindo em:a) Distância Íntima; b) Distância Pessoal; c) Distância Sociald) Distância Pública

a) Distância Íntima: Próxima – 0 a 15cm: Corresponde a sensações de consolar, proteger, amar, lutar e out-ras atividades de contato pleno. Pode ser observado entre familiares ou casais, con-forme a Figura 6. Distante – 15 a 45 cm: normalmente, os envolvidos dessa forma de interação são grandes amigos.

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Figura 6. Distância Íntima entre familiares

Distância Pessoal:Próxima – 45 a 75cm: é a zona das relações familiares. Grandes amigos ou um casal feliz usa esta distância para conversar.Distante – 75 a 120cm: usada para interações sociais entre amigos e conhecidos.

Distância Social:Próxima – 1.2 a 2m: usada para comprar um som, por exemplo. Distante – 2 a 3.5m: usada em negócios mais formais. Tenta-se ser amigável.

Distância Pública:Próxima – 3.5 a 7m: pode ser usada por um conferencista, como o caso ilustrado na Figura 7. Distante – superior a 7m: usada em relação a uma figura pública.

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Figura 7. Distância Pública

O espaço pessoal caracteriza-se, então, como um território imaterial iner-ente ao ser humano, constituído através do contexto cultural e dos níveis de re-lacionamento que ele experimenta. Os espaços destinados ao uso dos homens devem respeitar a noção de espaço pessoal, possibilitando os diversos graus de distância a fim de evitar sua violação, e gerar conforto nos ambientes coletivos.

Privacidade A privacidade corresponde ao regulador que controla o anseio de isol-amento e distanciamento entre as pessoas. Para Oliveira (2008), “a priva-cidade é tida como uma das condições mais importantes para o ser huma-no interagir e situar-se no mundo em que vive”. Segundo Gifford (1987) ela consiste no processo no qual se tenta regular a interação com os outros e as infor-mações sobre si mesmo. O autor também afirma que este processo “[...] é ponto primordial da vida das pessoas e é administrado com baixo nível de consciência”. No mesmo sentido, Tuan (1982) considera que, em alguns casos, a privacidade é a necessidade de estar consigo próprio nos seus atos e pensamentos, não perturba-dos por algum estranho. Segundo ele, na solidão uma pessoa cria seu próprio mundo

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e a salvo do olhar de outros, parece suster a existência do que vê. Para o autor to-das as pessoas necessitam de privacidade: o grau e a natureza é que podem variar. Gifford (1987) justifica esta variação a partir dos aspectos sócio-culturais de cada indivíduo. Dessa forma, Oliveira (2008) considera que o ser humano tem a necessidade de regular os complexos processos de interação e or-ganização social do qual faz parte, para poder estabelecer uma identidade pes-soal e/ou grupal que irá refletir a sua respectiva forma de interagir com o mundo. Altman (apud Gifford, 1987) afirma que as crianças possuem pouca necessidade de privacidade, especialmente para os comportamentos espaciais de solidão, reserva e anonimato. No entanto, as necessidades aumentam com o crescimento. Para o autor, crianças entre quatro e sete anos pouco mencionam a privacidade, e as mais velhas (en-tre oito e dezessete anos) já demonstram meios de regulá-la. Para isso, a maneira mais comum seria permanecer num ambiente, em especial o quarto, com a porta fechada. A privacidade consiste, então, em uma regulação intuitiva entre as rela-ções de isolamento e aproximação dos seres humanos, ilustrada na Figura 8. Esta regulação se expressa através de um comportamento espacial, e, por consistir em uma necessidade humana, deve ser respeitada e possibilitada pelos ambientes.

Figura 8. Regulação das relações de isolamento e aproximação

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Aglomeração Este conceito refere-se à presença excessiva de pessoas em um ambiente, capaz de gerar sensação de bloqueio, desgaste ou incômodo. Diferente da densidade, que é uma medida matemática relativa ao número de pessoas por unidade de espaço, para Gifford (1987) a Aglomeração resulta da Densidade Percebida, que é a estimativa de um indivíduo com relação à densidade de um determinado lugar, ou seja, como ele percebe o ambiente a partir do número de pessoas que o rodeiam e da sensação que isso lhe causa. Esta percepção é por definição variável entre os indivíduos, o que leva Gifford (1987) a enunciar que muitas situações que levam alguns indivíduos a se sentirem incomodados com a aglomeração, podem não afetar outros indivíduos. Desta forma, a experiência da aglomeração é acentuada por fatores pessoais como a personalidade, as expectativas e as distâncias interpessoais; fatores sociais, como ações das outras pessoas e qualidade dos relacionamentos interpessoais; e fatores físicos, como variações arquitetônicas e de escala. Gifford (1987) ainda faz considerações acerca dos aspectos biológi-cos desencadeados por essa experiência. Ele afirma que a aglomeração pode prejudicar a saúde, o desempenho em atividades e a interação social. Em relação às influências provindas de variações arquitetônicas, a aglom-eração provavelmente é pior quando, por exemplo, a densidade aumenta, o pré-dio é alto, os corredores são longos, o teto é baixo e a luz do sol não atinge o am-biente. Contudo, isso pode ser minimizado através de um cuidadoso projeto, com o uso de, por exemplo, divisórias e um zoneamento comportamental que ame-nize esta sensação de aglomeração dentro de um espaço limitado (GIFFORD, 1987). Resumidamente, Tuan (1982) enuncia que a aglomeração tem um ter-mo físico já que é afetada pelo espaço físico e pelo número de pessoas; pos-sui um termo biológico, já que aparecem indicadores biológicos de tensão; e um determinado termo humano, pois requer um entendimento cultural. É importante ressaltar ainda que a sensação de desgaste originada pela aglomeração deve-se também ao fato de o subconsciente perceber que passam a existir perspectivas diferentes e conflitantes vigiando o mesmo campo objetivo. Desta forma, percebe-se a aglomeração como uma percepção (variável, portan-to, entre os indivíduos) de desconforto causada por um número excessivo de pessoas ao redor de um indivíduo, o que se verifica na Figura 9. Ela pode ser justificada a partir da vi-olação do espaço pessoal deste indivíduo, e da impossibilidade de conferir-lhe privacid-ade, desencadeando reações biológicas e psicológicas que dificultam as relações sociais.

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Figura 9. Sentimento de aglomeração causado por violação do Espaço Pessoal

Territorialidade Este regulador de interação entre usuário e ambiente está associado à idéia de definição de territórios. Um território é caracterizado por Savi (2008) como um ambiente que as pessoas reconhecem, personalizam, demarcam, possuem e defendem. Segundo Oliveira (2008), “Ao definir territórios a pessoa está limitando e controlando a interação com o outro e com o mundo, bem como definindo sua identidade e seu papel na sociedade”. O mesmo autor define o estabelecimento de territórios como um pro-cesso natural, uma vez que existe uma necessidade original de utilizar esse re-curso para se relacionar com o mundo. Qualquer invasão desses territórios re-sultará em uma reação de defesa que varia de acordo com o grau de intromissão e com a importância simbólica que o território invadido tem para o indivíduo. Para se compreender como a territorialidade funciona, Altman (apud GIFFORD, 1987) agrupa os territórios de acordo com o grau de pri-vacidade, apego ou acesso permitido em cada caso, os classificando em: • Primário, quando este pertence a uma pessoa ou um grupo primário e é demarcado claramente;

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• Secundário, quando relativo a uma ocupação compartilhada com estra-nhos, mas ainda assim percebida; • Público, quando referente a uma área de acesso livre a todos; • Interacional, quando controlada temporariamente por grupos de pes-soas que interagem; • Corporal, referente ao limite de pele, controlado e personalizado; • De Objetos, referente aos territórios que não são convencionalmente recon-hecidos, mas que possuem grande importância para o ser humano, relacionado aos objetos pessoais; e de Idéias, como é o caso, por exemplo, das idéias protegidas por direitos autorais. Neste sentido, os mesmos autores definem a territorialidade como o padrão de conduta associado com a ocupação de um lugar ou área geográfica por um indivíduo ou grupo que resulta na personalização e defesa contra invasores. Segundo Gifford (1987), territorialidade é um conjunto de comportamentos e atitudes por parte de um indivíduo ou grupo, baseado em controle percebido, tentado ou real sobre um espaço físico definív-el, objeto ou idéia, que pode implicar em ocupação habitual, defesa, personalização e demarcação. Um caso de personalização sobre um espaço físico definível é a mudança no arranjo do mobiliário de uma sala de aula, por exemplo, o que consta na Figura 10.

Figura 10. Expressão da territorialidade a partir de ar-ranjos diferentes para o mesmo ambiente

De acordo com Oliveira (2008), a importância da territorialidade fica evi-dente quando se analisam os benefícios psicológicos que esta promove para os in-divíduos ou grupo que possuem um território. Ela facilita a ligação com o lugar, o desenvolvimento de sentimentos de apego, segurança e pertencimento. A

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ausência de possibilidades de estabelecer territórios pode ser desastrosa tan-to para as relações Pessoa-Ambiente, quando para as relações interpessoais. Considera-se, então, que a territorialidade é a apropriação de um espaço por seus usuários. Por permitir a construção de uma identidade, ela desperta segurança e conforto nos usuários, motivando a permanência destes no espaço. Este aspecto é muito importante para um bom desenvolvimento de uma atividade educacional, o que justifica a relevância de se observar este regulador na pesquisa aqui apresentada. Apesar de apresentados individualmente, os reguladores espaciais estão rela-cionados e interferem de modo conjunto no desenvolvimento humano. Conforme Savi (2008), a série de padrões de comportamento espacial, resultado da interação e apro-priação ambiental, determina os ambientes como espaço e lugares de vivência humana.

2.2 Ergonomia

Conforme Couto (1995), o termo ergonomia é derivado das pala-vras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras, normas), consistindo no es-tudo das regras de organização de um trabalho. A ergonomia é um im-portante instrumento de análise da relação entre as pessoas e seu meio ambiente físico, na busca de uma relação harmoniosa entre os dois (CARLIN, 2004). Em agosto de 2000, a International Ergonomics Association, IEA, adotou como definição oficial de Ergonomia (ou Fatores Humanos) como sendo “uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e out-ros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema”. Já a Associação Brasileira de Ergonomia, ABERGO, a trata como uma discipli-na orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade hu-mana. Segundo a ABERGO, para os ergonomistas darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades do trabalho é preciso que tenham uma abordagem geral de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físi-cos e cognitivos, como sociais, organizacionais, ambientais, etc. Também por esse motivo, a ergonomia foi aliada à psicologia ambiental no estudo que se apresenta. Apesar de sutilezas que diferenciam as duas definições apresentadas, é de co-mum acordo que a ergonomia caracteriza-se como um sistema de estudo a relação

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homem-tarefa-ambiente. Desta forma, a análise já pretendida pela psicologia ambiental é ampliada ao incluir-se a tarefa no sistema de estudo, enfatizando a realização da ativi-dade e da disponibilidade e qualidade dos equipamentos necessários para seu suporte como elementos igualmente capazes de influenciar a relação entre homem e ambiente. Isto é enfatizado por Tavares (2000), ao afirmar que a ergonomia se baseia es-sencialmente em conhecimentos que são oriundos do campo das ciências do homem (antropometria, fisiologia, psicologia e parte da sociologia), assim como constitui parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz no dispositivo técnico. Da mesma maneira, ILDA (2005) afirma que a Ergonomia estuda diversos aspectos do comportamento humano no trabalho e outros fatores importantes para o plane-jamento da tarefa, que são o homem (características físicas, fisiológicas, sexo, idade, entre outros) e a máquina (equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações). De modo complementar, MORAES E MONT’ALVÃO, consideram função da ergo-nomia a avaliação e consequente problematização do sistema homem-tarefa-máquina, relacionando além dos fatores listados por Ilda, a realização da atividade pelo homem, a partir dos instrumentos que lhes são oferecidos. Segundo esta visão, faz-se necessária uma identificação da situação, relacionada à filosofia e visão de mundo, para definição do problema e sua posterior solução, as quais dependem da tecnologia e da ciência. O objetivo do desenvolvimento de avaliações ergonômicas é, portanto, com-preender as características dos seres humanos no desenvolvimento de tarefas em am-bientes ou equipamentos para melhorar seu desempenho (ILDA, 2005). Na pesquisa em questão, é isto o que explicita o diálogo entre a Ergonomia e a Psicologia Ambi-ental: o estudo das influências técnicas e psicológicas que um espaço exerce sobre um indivíduo ao abrigar uma atividade desenvolvida por ele. Cabe destacar ainda que esta se baseia na disponibilidade e facilidade de manejo dos equipamentos suporte, o que gera sensações capazes de influenciar o desenvolvimento da apropriação espacial.

2.2.1. Problemas Ergonômicos

Um problema, considerado por Barbosa (1980) é a defasagem en-tre o que é e o que deveria ser, um artifício que sistematiza uma situa-ção desconfortável e facilita sua solução. Sua identificação ocorre basi-camente em três fases: o reconhecimento, a delimitação e a formulação. A fase de identificação engloba o levantamento geral dos aspectos mais

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graves da situação; a delimitação, por sua vez, consiste na seleção e classifica-ção dos aspectos levantados; e a formulação, por fim, reduz a situação aos seus aspectos mais significativos e solucionáveis. Ackoff (1978) divide esta fase em formulação positiva, quando contempla a aquisição do que falta e do que de-seja, e negativa, quando contempla o que está presente, mas não se deseja. O frágil e dinâmico sistema homem-tarefa-ambiente não está livre de apresentar situações de constrangimento. Isto levou Moraes e Mont’Alvão a listarem os indicadores dos problemas deste sistema como: incidentes e paradas, baixa produtividade com com-prometimento da qualidade e resultados despropositados do sistema. Como forma de sistematizar as problemáticas identificadas a partir destes preceitos, recorre-se a cate-gorização dos problemas propostos por Moraes & Mont’Alvão (2003), subdivididos em: • Interfaciais: relacionados a posturas, alcances, campo de visão, etc; • Instrumentais: compreendem arranjos físicos de painéis de informação e de comandos, identificados quando há prejuízo de memorização e aprendizagem; • Informacionais ou Visuais: relacionados a visibilidade, legibilidade e comp-rensibilidade de signos visuais; • Acionais (Manuais ou Pediosos): relacionados a comandos e empunhaduras – que englobam ângulos, movimentação e aceleração, dimensões, conformação e aca-bamento; • Comunicacionais (Orais ou Gestuais): contemplam dispositivos de comunica-ção à distância, ruídos, audibilidade, etc; • Cognitivos: relacionados a decodificação, aprendizagem e memorização; • Interacionais: compreendem o diálogo computadorizado, sua utilidade(tarefa), usabilidade(diálogo) e amigabilidade(apresentação das telas); • Movimentacionais: características físicas (peso), distâncias e freqüências; • De deslocamento: avalia as distâncias a serem percorridas pelo usuário; • De acessibilidade: envolve preceitos de independência e autonomia no des-locamento de qualquer tipo de usuário; • Urbanísticos: referem-se a circulação, referências e áreas públicas de lazer e integração; • Espaciais (Arquiteturais de Interiores): englobam luz, cor, paisagismo, am-biência gráfica, fluxo, circulação, conforto termo-acústico, etc; • Físico-Ambientais: relacionam-se a conforto lumínico, térmico e acústico; • Químico-Ambientais: relacionados a presença de partículas, elementos tóxi-

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cos, etc; • Biológicos: englobam preceitos de higiene e assepsia; • Naturais: relacionados a exposição às condições naturais; • Acidentários: relacionados a segurança, manutenção, colocação e sinalização de extintores de equipamentos para emergências; • Operacionais: relacionados a ritmo e pressão exigidos na realização das tare-fas; • Organizacionais: englobam parcelamento de trabalho, responsabilidade, autonomia e participação dos funcionários da instituição avaliada; • Gerenciais: avaliam a gestão – se é participativa ou não, a centralização, hier-arquia, coerência, etc; • Instrucionais: relacionam-se aos treinamentos e manuais disponibilizados aos funcionários da instituição avaliada; • Psicossociais: relacionados a conflitos, comunicação, opções de repouso, alimentação e lazer; Como o intuito desta pesquisa é avaliar tecnicamente a instituição sob as abor-dagens da Ergonomia e da Psicologia Ambiental, os problemas relacionados à gestão e organização institucional da mesma não foram avaliados. No que tange a Ergonomia, a problemática engloba o mobiliário e o arranjo do mesmo, bem como a disposição dos espaços, englobando alturas, distâncias, e seus efeitos sob a realização das ativi-dades por parte de todos os usuários, com ênfase nas posturas por eles assumidas. Neste sentido, é importante ressaltar que as melhores posturas são as que contam com o maior número de superfície de apoio. Quando as posturas em pé são inevitáveis, entretando, Ilda constata a importância de torná-las dinâmicas, uma vez que as estáticas implicam no uso assimétrico das extremidades do corpo, quan-do se alternam apoios (Adams e Hutton citado por Oliver e Middleditch, 1998). Se-gundo o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora- NR-17, submeter seres humanos a posturas em pé só se justifica nas seguintes condições, quando: • a tarefa exige deslocamentos contínuos como no caso de carteiros e rondan-tes; • a tarefa exige manipulação de cargas com peso igual ou superior a 4,5 kg; • a tarefa exige alcances amplos freqüentes para cima, para frente ou para baixo; no entanto, deve-se tentar reduzir a amplitude desses alcances para que se pos-sa trabalhar sentado;

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• a tarefa exige operações freqüentes em vários locais de trabalho, fisicamente separados; • a tarefa exige a aplicação de forças para baixo, como em empacotamento. Para facilitar a análise postural dos usuários nos ambientes, conta-se tam-bém com a biomecânica ocupacional, que estuda os movimentos corporais e seus efeitos relacionados à atividade exigida e realizada e, também visa a segu-rança e o conforto dos usuários, evitando dores, fadigas, lesões e estresse. Dentro dela, Dul e Weerdmeester (2004) definiram seis recomendações de movimentação: a) Manter as articulações em posições neutras, para minimizar a tensão nos músculos e ligamentos, conforme ilustrado na Figura 11; b) Manter pesos próximos ao corpo, para evitar tensões nos braços e nas cos-tas, o que é dificultado em casos como o apresentado na Figura 12; c) Evitar curvar-se para frente, o que causa contração dos músculos e dos liga-mentos nas costas, o que se exemplifica na Figura 13; d) Manter a cabeça na vertical, também pra evitar dores; e) Evitar tensões do tronco, para não carregar assimetricamente o corpo, o que provoca tensões nas vértebras e articulações; f) Alternar posturas e movimentos, para evitar fadiga. A análise ergonômica vale-se destes preceitos uma vez que o mobiliário e a atividade a ser desempenhada com seu suporte influenciam o usuário, deter-minando sua movimentação, e as posturas que assume. Em um ambiente edu-cacional, é importante que os usuários (tanto alunos, quanto professores e de-mais funcionários) se sintam confortáveis durante a realização das tarefas no ambiente, a fim de garantir o pleno desenvolvimento da atividade educacional.

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Figura 11. Mobiliário ergonomicamente adequadoFigura 12. Desconforto ergonômico causado por mobiliário muito altoFigura 13. Desconforto ergonômico causado por mobiliário muito baixo

2.2.2. Ergonomia e Ambiente Escolar

Uma instituição de ensino deve estar concebida tanto para as necessidades dos professor e demais funcionários (como cozinheiras e lavadeiras) quanto dos alunos, a fim de garantir o objetivo principal de fornecer uma educação completa e digna. Assim, o ambiente deve ser confortável e seguro, estimulando a permanência, dedicação e concentração de seus usuários. Para isso é necessário ambientes funcionais e que atendem expectativas formais. Os estudos ergonômicos deparam-se naturalmente com a diversidade humana o que exige equipamentos flexíveis, capazes de contemplar os diferentes usuários que possuem suas variações dimensionais, influenciadas pelo sexo, pela idade, pela etnia, e até mesmo por habilidades pessoais. No caso de um ambiente escolar, a diversidade é verificada através das diferenças entre os funcionários de diversos tipos físicos, entre os alunos, de diversas faixas etárias, e entre adultos e crianças, que possuem funções e necessidades diferentes. Esta diversidade é ilustrada na Figura 14. O presente estudo visa avaliar, portanto, os itens relacionados à realização de atividades tanto dos professores, quanto dos alunos, para os quais o mobiliário é geralmente pensado.

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Figura 14. Diversidade Antropométrica encontrada em uma Creche

Para a análise, tem-se como base a Norma Alemã denominada denominada Deutsches Institut Für Normung DIN 33402, de 1981, a qual apresenta medidas de antropometria estática de 54 variáveis dentro dos percentis de 5%, 50% e 95% da população de homens e mulheres. Esta norma é adotada pelo fato de ainda não existirem medidas abrangentes e confiáveis da população no Brasil, uma vez que foram feitas apenas medidas limitadas a parcelas da população. Iida comparou as medidas estrangeiras e as brasileiras e concluiu que estas são apenas 4% menores, o que não compromete a solução dos problemas arquitetônicos. Na figura 15, se vê as principais variáveis apresentadas na norma alemã.

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Figura 15. Principais variáveis usadas em medidas antro-pométricas estáticas do corpo. (IIDA, 2005)

O mesmo autor estabeleceu cinco princípios para a aplicação dos dados antropométricos, ilustrados na Figura 16 – projetos para a média da população (1), para extremos da população (2), para faixas da população (3), projetos de dimensões reguláveis(4) ou projetos para indivíduos(5) – sendo que, no caso de um ambiente escolar, os princípios que mais convém são os de projeto para faixas da população, ou de projetos de dimensões reguláveis, tendo em vista a grande diferença entre os dois grupos contemplados

.Figura 16. Princípios para aplicação dos dados antropométricos

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2.3 O Conceito de Creche

2.3.1. O que é uma creche?

De cunho privado ou público, as “creches”, hoje chamadas de núcleos educacionais ou centros de educação infantil, são instituições com finalidades educacionais, destinadas a formação de crianças de zero a seis anos, em sua maioria. As creches podem funcionar como estabelecimentos autônomos, sendo tanto privadas quanto municipais e estaduais, podem também ser integradas a outros estabelecimentos educativos mais abrangentes ou funcionar em conjunto a empresas ou serviços. As creches surgiram como instituições de caráter apenas assistencialista, como um auxílio às mães operárias, tendo por intuito suprir o cuidado com as crianças durante o tempo em que elas ficavam fora do lar. Nesta época as creches eram mantidas por doações ou por instituições religiosas. A partir de 1988, o Estado passou a garantir atendimento às crianças de até seis anos em instituições públicas de educação infantil, que ampliaram sua função, passando a agregar educação e aprendizado, além de promover o desenvolvimento motor e cognitivo de seus alunos. Este tipo de Instituição se insere na categoria de Educação Infantil, que é a primeira etapa da Educação Básica (Lei 9.394/96), tendo como principal finalidade o desenvolvimento integral de crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas. As creches representam a primeira vivência pública para a formação pessoal de uma criança. É através deste local que se tem o início do desenvolvimento pessoal e do aprendizado educacional, que vai além das propostas pedagógicas e atinge o relacionamento, a interação com outras crianças e a apropriação do espaço escolar. Neste tipo de ambiente é comum as crianças serem designadas a salas específicas conforme sua idade. Assim, crianças de zero a um ano e meio geralmente ficam agrupadas num local chamado Berçário; a partir de um ano e meio até em média três anos elas freqüentam o Maternal I, e crianças de três até quatro anos e meio correspondem aquelas do Maternal II. Após essa idade, é a Pré-escola, destinada a crianças com até seis anos. Para contemplar os objetivos aos quais se propõe, um centro de ensino infantil deve abrigar e ser destinado a toda a diversidade de usuários existentes na sociedade, permitindo sua apropriação e a fácil relação com os demais usuários.

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2.3.2. O Outro papel da creche Apesar do apresentado, as creches, que participam cada vez mais cedo da vida das crianças, extrapolam os limites do conceito formal e rígido de instituição de ensino. Por abrigar relações e trocas tanto entre os usuários, quanto entre estes e o ambiente, em sua estrutura física, elas evoluem de espaço para lugar socialmente construído. Desta forma, caracterizam-se mais do que um espaço físico no qual se desenvolve uma atividade educacional: as Creches consistem no lugar que as crianças tem para viver sua infância. Este estágio da vida representa um dos momentos mais intensos de desenvolvimento e absorção dos valores constituintes do caráter de um ser. Neste sentido, a creche, como abrigo, deve favorecer as descobertas e a formação da criança, respeitando-a e encarando os espaços segundo a sua perspectiva. Apesar de parecer simples, este enunciado consiste, segundo Agostinho (2003), em um “desafio à adultez impostora, controladora e normalizadora”, permitindo que a imaginação infantil imprima sua marca no espaço. Segundo a autora, é injustificável a tentativa de reafirmação da lógica de um sistema consumista, preconceituoso e excludente em um espaço que deve permitir o inusitado, a descoberta, e a experiência da tomada de decisões. Agostinho ainda destaca que a vida na creche é marcada pelo movimento e pela exploração, além do caráter de transgressão do traço arquitetônico, o que evidencia a necessidade de espaços motivadores e desafiantes, que permitam a ressignificação de seus elementos. Desta maneira, verifica-se o papel da creche na formação das crianças, e a responsabilidade de sua configuração física embasada nisso. Não basta apenas disponibilizar profissionais, funcionários e equipamentos que dêem suporte à atividade educacional, nem apenas garantir acesso aos equipamentos e materiais, e percursos seguros e confortáveis. É necessário fornecer espaço para o desenvolvimento da individualidade, da privacidade, da descoberta e da interação, em uma atitude de respeito à infância. A relevância da abordagem multidisciplinar da pesquisa aqui apresentada justifica-se com base no parágrafo anterior, e sob o aporte da afirmação de que “a criança é profundamente enraizada em um tempo e em um espaço; é alguém que interage com estas categorias, influenciando-as e sendo influenciadas por elas”, assim como os demais seres humanos (AGOSTINHO, 2003).

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2.3.3. O Papel dos Professores

O trabalho desenvolvido por educadores corresponde à assistência e à educação, oferecendo um atendimento comprometido com o desenvolvimento da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). Dentro deste contexto cabe, entretanto, uma importante distinção proposta por Ferreira e Freire (2001) entre trabalho prescrito, enunciado pela lei, e o trabalho real dos professores. O conceito de trabalho prescrito tem origem na administração científica do trabalho, próxima da visão taylorista, a qual propõe a realização de uma tarefa dentro de condições determinadas; enquanto o conceito de trabalho real leva em consideração as condições determinantes. Estas condições nem sempre se assemelham às propostas pelo trabalho prescrito, englobando fatores menos técnicos e mais de apropriação e prática, como o conhecimento do operário e sua inteligência criadora, inseridos no que os autores chamam de contexto sociotécnico. Esta distinção aplicada ao ambiente escolar pressupõe que o professor por vezes tenha que compensar as deficiências físicas do ambiente, ultrapassando os limites do trabalho que lhe é meramente prescrito, ou seja, excedendo a mediação do processo de conhecimento ao assumir, de acordo com Strenzel (2000), uma postura de observação e investigação contínua sobre os processos de formação das crianças, a fim de planejar e executar as ações educativas de acordo com a evolução das mesmas. Para tal, é necessário estabelecer uma relação próxima e constante com as crianças, lançar um olhar apurado sobre suas necessidades intelectuais, físicas e motoras, e contemplá-las de acordo com a filosofia da instituição, e com os equipamentos por ela disponibilizados. Estes equipamentos devem ser disponibilizados de forma a tornar o trabalho do professor seguro e confortável e a diminuir o risco de doenças ocupacionais. A infra estrutura dos núcleos educacionais, entretanto, apresenta inadequações e deficiências que fazem com que os trabalhadores necessitem de ajustes, expondo sua saúde. Isto se deve, em parte, ao fato de muitas das instituições públicas se instalarem em edificações preexistentes e adaptadas ao uso, o que, aliado à escassez de recursos financeiros, não explora as potencialidades do local, e não contempla pré-requisitos da Ergonomia Ambiental.

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Capítulo 3

Estudo de Caso

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3.1. A Creche Waldemar da Silva Filho

O presente estudo de caso foi realizado na Creche Municipal Waldemar Silva Filho, a primeira creche pública na comunidade da Trindade, em Florianópolis, Santa Catarina. A Instituição está localizada entre a Avenida Professor Henrique Fernandes e a Avenida Madre Benvenuta, próxima a Universidade Federal de Santa Catarina e ao Shopping Igua-temi, o maior da região. As Figuras 17 e 18 mostram, respectivamente, fotos aéreas da localização do bairro da Trindade em Florianópolis e do entorno imediato da instituição.

Construída em 1985 em um terreno de desapropriação da Congregação da Divina Providência, a creche foi fundada durante a gestão municipal de Aloísio Piaz-za, iniciando seus trabalhos com aproximadamente noventa crianças distribuídas em cinco turmas. Por volta de 1990 houve uma reforma com o acréscimo de duas salas,

Figura 17. Localização da Creche em Florianópolis - Fonte:

Adaptado do Google Maps

Figura 18. Contextualização da Creche no bairro da Trindade, em Florianópo-lis - Fonte: Adaptado do Google Maps

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ampliando o atendimento para cento e trinta crianças. Atualmente a creche atende, nos diversos períodos, cerca de 220 alunos distribuídos da seguinte maneira: os que possuem até três anos - um total de 15 - ocupam uma sala; os que possuem entre três e quatro anos, distribuem-se em 20 por sala, e a partir desta idade, tem-se cerca de 25 alunos por sala. O quadro funcional é composto por 44 educadores, dentre professoras e aux-iliares de sala, que atuam com carga horária semanal de 30h ou 40h. A instituição possui 6 funcionários responsáveis pela limpeza, 7 cozinheiras tercerizadas, e conta ainda com profissionais administrativos, atingindo um quadro total de cerca de 60 fun-cionários. O período de funcionamento da creche é de segunda-feira à sexta-feira, das 7h às 19h. Seu espaço físico configura-se de modo bastante irregular, tendo em vista as sucessivas reformas e a ausência de um projeto apropriado à Instituição. O edifício pode ser zoneado de acordo com áreas educativas, administrativas, de serviços e sociais ou de convívio. A figura 19, ao lado, explicita a organização espa-cial da creche e seu zoneamento funcional: A área educativa envolve 11 salas de aula; a área administrativa compreende coordenação, secretaria e sala dos professores, as áreas de serviço, por sua vez, abran-gem cozinha, lavanderia e depósito, enquanto as áreas sociais ou de convívio exercem função mais recreativa, compreendendo o hall de entrada, as circulações internas, a churrasqueira, a sala de vídeo, os pátios externos e as áreas de higiene, compostas por banheiros e fraudários geralmente compartilhados por duas salas de aula.

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Figura 19. Planta Baixa Esquemática

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Capítulo 4

Procedimentos de Pesquisa

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Os métodos utilizados para o desenvolvimento da Análise Pós Ocupação compreenderam instrumentos metodológicos para uma abordagem interdisciplinar: visita exploratória, walkthrough, questionários, observação incorporada, observação assistemática, observação sistemática, poema dos desejos, mapa comportamental e análise antropométrica. O emprego de diferentes métodos foi realizado a fim de evitar as possíveis limitações de cada um, complementando-os. O Quadro 1 a seguir apresenta uma síntese das funções de cada método utilizado, a abordagem de pesquisa e a amostra de cada um.

Quadro 1 – Métodos: Abordagem e Amostra

MÉTODO

ABORDAGEM AMOSTRA

Ergonomia PsicologiaAmbiental Professores Pais Alunos Ambiente

Visita Exploratória

Walkthrough

Questionários

Observação

Incorporada

Assistemática

Sistemática

Poema dos Desejos

Mapa Comportamental

Análise Ergonômica

Legenda Função de Reconhecimento

Função de Aprofundamento

As funções dos métodos utilizados estão divididas em duas: reconhecimento e aprofundamento. Em relação ao reconhecimento do ambiente escolar, os métodos utilizados foram: Visita Exploratória e Observação Incorporada. Ambos com amostra de análise focada no ambiente. A função de aprofundamento contou com um maior número de métodos: Walkthrough, Questionários, Observação Sistemática e Análise Ergonômica. Nessa função a amostra compreendeu a análise do espaço e dos professores.

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Em relação às abordagens de avaliação - Ergonomia e Psicologia Ambiental - alguns métodos serviram para ambos, o que confirma a possibilidade de utilização das duas abordagens em conjunto. Cada procedimento ressaltou diferentes dados que, cruzados, geraram um detalhado mapa de descobertas quanto às necessidades dos usuários em relação ao espaço institucional. Para melhor compreensão da aplicação da pesquisa, os métodos utilizados serão expostos a seguir, seguidos por seu resultado específico e a avaliação de sua aplicação.

4.1 Visita Exploratória

A Visita Exploratória tem, de acordo com Oliveira (2006, p. 18), o propósito de efetuar o levantamento das características do espaço onde se realizará experimentos para uma maior compreensão das suas disposições físicas. Conforme Ornstein (1992), este método busca analisar a funcionalidade do ambiente construído, propiciando a indicação dos principais aspectos positivos e negativos do objeto de estudo. Na pesquisa, ele estabeleceu o primeiro contato com a instituição e também serviu para se apresentar a proposta de pesquisa ao diretor da creche. A visita exploratória teve uma duração de duas horas e meia e aconteceu no período da tarde. Contou com a presença do representante da instituição, seu gestor, que buscou apresentar a estrutura física da instituição, explicar a rotina dos funcionários, e introduzir alguns dos problemas com os quais eles se deparam. Ela foi registrada através de anotações e registros fotográficos da estrutura física da creche.

4.1.1 Resultados

Este procedimento possibilitou uma leitura geral da configuração espacial da instituição e o esboço das manifestações comportamentais que ela abriga. A configuração do edifício pode ser compreendida de acordo com as áreas educativas, administrativas, de serviços e sociais ou de convívio, presentes na legenda

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da figura 2. A área educativa envolve 11 salas de aula. A área administrativa compreende a coordenação, a secretaria e a sala dos professores. As áreas de serviço, por sua vez, abrangem cozinha, lavanderia e depósito. E as áreas sociais ou de convívio exercem função mais recreativa, compreendendo o hall de entrada, as circulações internas, a churrasqueira, a sala de vídeo, os pátios externos e as áreas de higiene, compostas por banheiros e fraldários geralmente compartilhados por duas salas de aula.

Figura 20. Planta baixa esquemática, na qual 3a = Berçário; 3b = Sala G2; 3c = Salão.

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A Figura 20 ilustra um zoneamento confuso. Por exemplo, há um cruzamento de fluxos e problemas de deslocamentos devido a distância das salas próximas do Pátio 2 ao refeitório, que geralmente é percorrida por turmas de 20 alunos sob tutela de uma professora e uma auxiliar. As crianças se desviam do caminho e desconcentram as turmas que estão nas salas adjacentes cujas portas permanecem abertas. As áreas de higiene contemplam de modo confortável todas as turmas, uma vez que são compartilhadas e que seu horário de utilização é organizado de modo a evitar conflito de usos. As áreas de serviço são as mais concentradas, sendo que os depósitos localizam-se próximos as salas e ao refeitório, evitando grandes percursos para carregar equipamentos e abastecer ambientes. O conflito maior se verifica na parte administrativa, bastante fragmentada. Além disso, não há grandes distinções na identificação das salas, não favorecendo a apropriação do ambiente pelos usuários.

4.2 Walkthrough

A walkthrough consiste em um percurso dialogado que combina observações e entrevistas. Este método é um aprofundamento da Visita Exploratória, uma vez que também é uma visita acompanhada por algum representante da instituição abordada. Segundo Reinghantz et al (2008), o objetivo deste método é descrever e hierarquizar os aspectos do ambiente e de seu uso que tem alguma relevância ao estudo, tanto positivamente quanto negativamente. A Walkthrough foi aplicado na segunda visita a Creche, onde o diretor da instituição fez outra visita guiada com os pesquisadores, contemplando todos os ambientes. O registro dos aspectos relevantes identificados foi realizado em fichas de avaliação (Ver apêndice 1, parte 1) que verificam aspectos construtivos, de conforto e configuração espacial, com espaço para se fazer desenhos do espaço observado, o que já permite o registro da relação dos problemas com os ambientes.

4.2.1 Resultados

Este método permitiu analisar sensações, usos, características físicas, condições de conforto e de segurança na instituição. A edificação possui um estacionamento que

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é utilizado também como local de encontro dos funcionários. Possui uma extensa área externa, subdividida em 5 pátios parcialmente forrados com vegetação e um número significativo de árvores de médio porte. Por localizar-se em uma esquina, cujas vias frontal e lateral apresentam grande fluxo de veículos, possui relevante nível de ruídos, minimizados pela vegetação presente. Um destaque positivo, neste ponto, é que não há reclamações de ruídos produzidos dentro das salas prejudiciais às salas vizinhas, apesar do grande número de crianças que frequentam estes ambientes. As considerações sobre o conforto térmico variam de acordo com as salas, que possuem orientações bastante distintas. O sistema construtivo não contempla materiais ou estratégias de isolamento térmico. A maioria das salas, entretanto, possui aberturas de dimensões agradáveis dispostas de modo a promover a ventilação cruzada, o que, aliado ao uso de ventiladores, alivia a sensação de calor experimentada especialmente à tarde. No caso do Refeitório, que possui boa circulação de ar, há um desconforto térmico por calor causado pelo rebaixamento do forro de PVC na lateral direita do ambiente, próximo a cozinha, - que emana calor a todo o ambiente. Em relação a segurança da instituição, se ressalta os limites com o espaço externo, que é configurado por uma barreira de 1,80m (muro + grade). O acesso é feito por um portão frontal controlado por interfone na secretaria, porém é comum encontrá-lo aberto. Não há funcionários responsáveis pela segurança na instituição. O risco de acidentes, entretanto, é evitado pela vigia constante dos professores e auxiliares e pela adaptação do mobiliário às crianças tanto interna, quanto externamente.

4.3 Questionários

Os questionários, segundo Reighantz (2008), consistem em uma série de perguntas que devem ser respondidas sem a presença do pesquisador, podendo ser entregues via Internet ou pessoalmente. O objetivo dos questionários realizados (ver apêndices) foi compreender a percepção do ambiente físico por parte do usuário e o levantamento dos desconfortos e limitações encontradas na realização de tarefas. Nesta pesquisa foi realizado um questionário com 3 partes distintas: A primeira

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possuía 9 questões objetivas que investigavam a caracterização dos funcionários da creche. A segunda objetivava a compreensão das rotinas de trabalho dentro da instituição e continha uma planta na qual os funcionários deveriam assinalar, com números, a ordem dos ambientes que freqüentavam ao longo do dia, enquanto a terceira etapa parte enfocou a ergonomia e através do censo proposto por Couto e Cardoso (2007). Esta última etapa, mais técnica, trazia 10 questionamentos relativos aos possíveis desconfortos através de uma representação do corpo humano, na qual os funcionários assinalavam os membros em que sentiam maior desconforto e após, relacionavam e contextualizavam esse incômodo. Seu intuito, então, foi identificar, através dos membros fatigados, os esforços e atividades mais prejudiciais aos professores. Apesar de haver questionários para todo o quadro funcional da instituição, menos de 50% dos funcionários o respondeu, o que representou em quantidade 17 educadores e 4 funcionários.

4.3.1 Resultados

Em relação às características do quadro funcional da instituição, observou-se que a maioria dos funcionários trabalha há mais de um ano na instituição e a metade já mudou de função. A maior parte dos funcionários trabalha em período integral, dado que corresponde a 86% dos que participaram do questionário realizado. Estes profissionais permanecem ao longo de todo o dia na instituição e, portanto, realizam suas refeições e nos intervalos descansam neste local. Dos que trabalham apenas em um turno, metade possui outro emprego. De acordo com os aspectos físicos da instituição, 84% dos funcionários consideram a área do pátio como satisfatório ou muito satisfatório. Em relação ao acesso a creche, a maioria também aponta esse aspecto como positivo. Apenas um funcionário o atribui como sendo médio. Todos vêem as circulações internas como muito satisfatória e satisfatória. Em relação aos espaços internos para recreação dos alunos, observou-se respostas variadas: 75% dos funcionários que responderam ao questionário acham esses espaços muito satisfatórios e satisfatórios. Contudo, 25% o apontam como sendo um espaço médio a pouco satisfatório. Analisou-se também as dimensões das salas de aula e as respostas foram bastante variadas, provavelmente, por conta da diversidade de tamanhos e a diferença do número de alunos por salas.

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A maioria das professoras considera de médio a muito satisfatório. No entanto, duas professoras já as atribuem como sendo médio a pouco satisfatória. Verificou-se também aspectos relacionados ao conforto ambiental. Referentes ao conforto térmico da instituição observou-se respostas diversas também, possivelmente pela instituição possuir ambientes variados e posições dispostas diferentemente. A maioria considera de médio a muito satisfatório. Apenas 16,6% consideram pouco satisfatório. A iluminação natural é apontada por todos os funcionários como sendo positiva assim como o conforto acústico, que é visto por mais da metade como sendo de satisfatório a muito satisfatório. Analisando as respostas referentes ao censo de ergonomia realizado e identificou-os desconfortos causado nos membros. A coluna e o ombro, seguidos do pescoço, do quadril e do joelho aparecem como os membros que mais causam desconfortos e 75% dos colaboradores relacionam este com o seu trabalho atual. Para estes funcionários, a dor é a maior sensação de desconforto. O formigamento e o cansaço também foram considerados. Duas auxiliares de sala apontam esse desconforto como muito forte e a maioria dos funcionários sente durante a jornada normal um aumento desse incômodo. Quando questionados sobre a possibilidade de já terem realizado tratamento médico, a maioria responde que nunca fez, contudo, a maior parte dos funcionários pratica atividades físicas por mais de uma vez na semana. Quando contestados quanto as situações que contém dificuldade e que causam dor, fadiga e/ou desconforto, se obteve uma série de informações que permeiam a movimentação intensa e o longo período em que estes permanecem sentados. Enfatiza-se que através deste método pode-se identificar as atividades e ambientes mais problemáticos do ponto de vista ergonômico. Através das respostas dos funcionários, levantou-se, por exemplo, que o momento de trocar fralda traz inúmeros desconfortos para os educadores, que o fato das mesas do refeitório serem muito baixas força imensamente a coluna destes e que não há moveis confortáveis para os professores, sobretudo nas salas de aulas, onde os móveis destinam-se apenas as crianças.

4.4 Observações

O método da observação consiste na contemplação e no registro do

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funcionamento do ambiente sem interferência no mesmo por parte do observador. Ela fornece informações sobre as atividades realizadas, as relações necessárias para suporte destas, regularidades de conduta, usos esperados e também oportunidades e limitações comportamentais que o ambiente proporciona (ZEIZEL, 1995). Seu objetivo, portanto, é a compreensão da interação dos usuários com o espaço, bem como a configuração deste. Este método ocorre através do registro da rotina do ambiete através de sentenças escritas e esquemas em plantas. Como a pesquisa reúne duas abordagens distintas, o que exige maior coleta de dados, realizou-se dois tipos de observações: as Observações Incorporadas e as Observações Sistemáticas.

4.4.1 Observações Incorporadas

Este método é um dos desdobramentos práticos da Abordagem Experencial, prática baseada na experiência do homem no lugar (Varela et al 2003). Ele trata a observação como processo conscientemente guiado, e tem o objetivo de evidenciar a relação entre homem e ambiente, exaltando os aspectos subjetivos deste. Este método ocorre através do registro das sensações do observador durante sua experiência no ambiente, no intuito de decifrar comportamentos verificados nas atividades que o meio comporta. Para tal, a postura do observador deve ser aberta, atenta e consciente às influências e emoções provocadas pelo meio, exigindo equilíbrio de sentidos e emoções. Para a aplicação, o observador, não deve conhecer a instituição e assim, fazer percursos intuitivos, percebendo e registrando suas reações, efeitos e sensações. Ao final do experimento, produz-se uma tabela relacionando as próprias sensações aos elementos presentes no ambiente, auxiliando na compreensão da influência do ambiente no comportamento de seus usários.

4.1.1.1 Resultados

Realizada no dia 8 de abril de 2011, sexta-feira, dia rotineiro da instituição, das 15h às 17h, período no qual o clima permaneceu quente e ensolarado. Todos os ambientes foram percorridos de modo intuitivo, e as sensações que eles provocaram de acordo com seu uso, ocupantes, detalhes construtivos, localização e

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possibilidade de influência do clima foram registrados no quadro apresentado a seguir:

Quadro 2 - Observação incorporada: ambientes, sensações e justificativas

AMBIENTES SENSAçõES JUSTIFICATIVAS

Acesso Acolhimento Vegetação frondosa; Sombreamento

Sala G4A Inquietude Desconforto Térmico

Salão Desorientação Ambiente amplo; Ausência de mobiliário e usuários

Churrasqueira Aconchego Uso por parte das crianças; Sombreamento no pátio

Secretaria Agitação Pequeno tamanho

Hall Desorientação Ligação com o salão; Falta de sinalização

WC Masculino Sufocamento Desconforto térmico

Corredor 1 Opressão Pequena largura; Pouca iluminação

Corredor 2 Medo Estreito; Pé direito alto

Corredor 3 Amplidão (muda ao longo do percurso) Abundância de luz natural;

Refeitório Inquietude Proximidade com a rua; Janela alta;

Cozinha Disposição Iluminação natural; Amplidão; Boa organização de mobiliário;

Sala de Vídeo Aconchego Mobiliário confortável; Possibilidade de escurecimento

Lavanderia Sufocamento Pequena área; Pé direito baixo

Sala G2B Aconchego Luz natural; Cores quentes

WC Coletivo Enclausuramento Desconforto térmico; Disposição do mobiliário em corredor

Pátio Agitação Aridez; Insolação constante

Conforme o quadro acima, entre os catorze ambientes analisados, apenas três produziram sensações agradáveis e os demais transmitiram sensações negativas. Com base nas sensações produzidas pelos ambientes, pode-se compreender melhor o comportamento dos educadores, acompanhar atividades rotineiras da instituição e levantar os ambientes que necessitam de maior intervenção.

4.4.2 Observações Assistemáticas

Este tipo de observação é bastante utilizado em estudos exploratórios e não possui planejamento e controle prévios.

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O objetivo é recolher e registrar os dados da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou necessite fazer perguntas diretas aos indivíduos (Lakatos e Marconi, 2002). De acordo com Rudio (apud Marconi e Lakatos, 2002, p.89) o que caracteriza este tipo de observação é o fato de o conhecimento ser obtido através de uma experiência casual, sem que se saiba o que será observado. O observador deve manter-se atento a todos os comportamentos e atividades e com a função de reconhecimento, realiza-se conversas informais e registros dos pontos que necessitam de análises posteriores. Este é, portanto, o momento em que se identificam os problemas mais evidentes a serem investigados.

4.4.2.1 Resultados

A instituição observada em um dia normal de funcionamento, demonstrou sua rotina, organização, seus fluxos e usos. A observação destes reforçou as problemáticas levantadas na visita exploratória e esclareceu a necessidade de se realizar uma Observação Sistemática no Refeitório, Fraldário e Salas de Aula, onde o desconforto ergonômico do professor é mais evidente.

4.4.1 Observações Sistemáticas

Esta observação é mais estruturada, uma vez que se baseia em pontos pré-definidos de análise, oriundos da identificação e discussão de problemáticas. Segundo Marconi e Lakatos (1990), “na observação sistemática o observador sabe o que procura e o que carece de importância em determinada situação; deve ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que vê ou recolhe”. Assim, o observador deve continuar sem interferir no espaço, e observá-lo com o objetivo de verificar a adaptação do ambiente aos usuários. Para tal, faz-se a análise das posturas dos profissionais durante o exercício de suas atividades, bem como a configuração e disposição do mobiliário.

4.4.1.1 Resultados

A fim de se observar a instituição e verificar os desconfortos sofridos pelo trabalho

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dos funcionários, as observações foram desenvolvidas nos ambientes 1- Refeitório; 2- Fraldário; 3a- Berçario, 3b- Sala de aula 2-3 anos, 3c- Sala de aula 4-5anos. Durante as observações, as pesquisadoras permaneceram nos ambientes procurando não interferir nas atividades e realizaram registros fotográficos das atividades dos professores. Nesta etapa, fez-se também um levantamento específico dos mobiliários e das posturas assumidas em função deles, nos ambientes especificados anteriormente, através de medições e levantamentos físicos e fotográficos. No ambiente 1 - Refeitório (ver figura 21), observou-se um dinamismo que exige bastante rapidez na execução das tarefas, já que nele são realizadas 4 refeições por dia com todas as crianças de 2-6 anos. O ambiente 2 - Fraldário (ver figura 22) é compartilhado pelas salas de aula 3a e 3b e possui 2 postos para troca de fraldas, 2 banheiras e vasos sanitários adaptados para crianças.

As salas 3a, 3b e 3c, abrigam alunos de 0-6 anos. Cada sala possui um professor e um auxiliar que além de conduzir os processos de aprendizagem, são responsáveis por tratar dos processos biológicos e fisiológicos de seus alunos (Ver figura 23). Assim, eles preparam e auxiliam a alimentação na sala 3b, com crianças entre 0 e 3 anos, e conduzem os alunos das salas 3a e 3c, de 4 a 6 anos, ao refeitório. Além disso, realizam a troca de fraldas dos menores e encaminham os maiores até os sanitários.

Figura 21. Refeitório

Figura 22. Fraldário

Figura 23. Sala de Aula

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4.5 Poemas dos desejos

O wish poems, ou poema dos desejos, é uma ferramenta de pesquisa desenvolvida por Sanoff (1991), utilizada em processos participativos de criação. De acordo com Reinghantz et al (2008), trata-se de um instrumento não estruturado e de livre expressão, que incentiva e se baseia na espontaneidade das respostas. O objetivo do poema dos desejos consiste no registro das declarações, por meio de sentenças escritas ou de desenhos, das necessidades, sentimentos e desejos dos usuários sobre determinado ambiente. Para Sanoff (1991) o wish poems encoraja os usuários a refletir e registrar em uma folha de papel a descrição do “ambiente de seus sonhos”. De acordo com Reinghantz et al (2008), as declarações espontâneias compõem um conjunto de informações ilustrativo e possibilitam que se obtenha um perfil representativo dos desejos e demandas do conjunto de usuários de um determinado ambiente. Na instituição, o procedimento foi utilizado para compreender a percepção do espaço físico sob a ótica dos alunos e de seus pais. Para se aplicar com as crianças, primeiramente esclareceu-se o método para os professores, que então propuseram a atividade para seus alunos, os solicitando a todos que respondessem a pergunta “como você gostaria que fosse a sua creche?” através de desenhos, em folhas A4. A abordagem com os pais ocorreu de maneira direta, de modo que as próprias pesquisadores realizaram o mesmo questionamento e também forneceram folhas A4 para que os pais respondessem da forma mais conveniente.

4.5.1 Resultados

Aplicou-se este método com duas turmas da instituição: uma composta por 25 alunos de 4 a 5 anos e outra com 25 alunos de 5 a 6 anos. Quando solicitadas para desenhar como gostariam que sua creche fosse, demonstraram certa dificuldade, o que direcionou a se questionar o que mais gostavam em sua creche. Diante desta última pergunta, a maioria das crianças desenhou os elementos do Parquinho (41,17%). Notou-se que os mais novos (4-5 anos) tiveram maiores dificuldade s de compreender o propósito da atividade e foram mais influenciados pelos professores e colegas. Os maiores (5-6 anos) conseguiram se expressar melhor, utilizaram mais cores

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e desenharam com mais clareza, no entanto, todas as crianças demonstraram uma significativa percepção e interação com o espaço escolar. A grande quantidade de desenhos de espaços externos aponta como positiva a vivência e experiência nos parquinhos, tão presentes na instituição. Há ainda casos em que foram desenhados colegas de turma, o que evidencia a importância de espaços que estimulem as relações entre as crianças (Ver figura 24).

Acredita-se também, que a pouca lembrança dos espaços internos aponta certa deficiência de atrativos nestes locais, que somente foram representados em 11,6% dos desenhos. Em relação aos pais, em dia rotineiro da instituição as próprias pesquisadoras realizaram a abordagem, fazendo o mesmo questionamento. Em sua maioria, os pais responderam através de sentenças escritas bastante positivas, o que apresenta uma boa relação com a instituição e evidencia a confiança e credibilidade que esta possui para os mesmos.

Figura 24. Desenhos da turma G6 – 5 – 6 anos

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4.6 Mapa Comportamental

Este método consiste no registro rápido das observações sobre comportamento e atividades dos usuários em um determinado ambiente. De acordo com com Reinghantz et al (2008), é um instrumento bastante eficaz para se identificar arranjos espaciais, registrar fluxos e relações espaciais, bem como representar os movimentos e a distribuição de pessoas no ambiente analisado. Conforme Reinghantz et al (2008), o mapa comportamental objetiva a ilustração empírica do espaço e do tempo de permanência ou percurso dos indivíduos, seu comportamento e suas atitudes. É como uma fotografia aérea do uso do espaço, na qual relaciona-se os fatores externos capazes de influenciar o comportamento, como o dia e horário, e as condições climáticas apresentadas no momento de análise. Na instituição, foi realizado o mapeamento, com o intuito de avaliar as atividades, levantar os fluxos recorrentes e assim, observar a apropriação espacial. Utilizou-se como base a planta da instituição e uma legenda previamente definida, que especificava a idade do usuário e sua atividade (se estava parado, caminhando, correndo ou relacionando-se com outro usuário). A aplicação deste instrumento foi realizada em dia rotineiro da instituição, onde se observou as áreas comuns destes.

4.6.1 Resultados

A Figura 25 exposta a seguir ilustra o quadro encontrado na circulação central da instituição. A pesquisadora, parada em local que continua boa visibilidade e interferia o mínimo no movimento normal do ambiente, utilizava simbologias simples para registrar nas plantas a dinâmica do ambiente.

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Através dos mapeamentos comportamentais foi verificado que a dinâmica da instituição é bastante positiva. Na circulação, apesar de se ter uma dimensão mínima, não se encontrou confronto de fluxos. Já na sala de aula observada, verificou-se que as crianças estavam concentradas nas zonas mais próximas às aberturas.

4.7 Avaliação Dimensional com Modelos Antropométricos

Esta avaliação consiste na simulação digital das atividades dos professores, considerando suas dimensões corporais em relação às dimensões dos mobiliários utilizados. (BINS ELY et al, 2011). O método foi desenvolvido ao longo da pesquisa com o intuito de facilitar a leitura dos problemas ergonômicos levantados pelas Observações Sistemáticas e Censo Ergonômico.

Figura 25. Mapa Comportamental Circulação Salas

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Para realizar esta avaliação, primeiramente foi realizado um levantamento físico dos mobiliários nos ambientes. Após, os dados dos mobiliários e da estatura dos professores verificados nas abordagens anteriormente descritas foram desenhados em um programa computacional tipo CAAD para análise postural das atividades.

4.7.1 Resultados

Observado o dimensionamento dos mobiliários para adultos e crianças, e tendo em vista os resultados paralelos dos demais métodos foi possível realizar avaliações antropométricas dos ambientes problemáticos e seus mobiliários, quais são: conforme se verifica no Quadro 3.

Quadro 3 - Avaliação antropométrica no Refeitório, Fraldário e Salas de Aula

REFEITóRIO SALAS DE AULA

FRALDÁRIO - BANHEIRAS FRALDÁRIO - MóVEL TROCA DE FRALDAS

De acordo com as avaliações apresentadas, percebe-se que há grande esforço

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na realização das tarefas, uma vez que os mobiliários do refeitório e salas de aula possuem dimensões adequadas às crianças. Já no Fraldário, verifica-se que a maior altura do móvel para troca de fraldas, permite uma postura mais favorável ao funcionário.

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Capítulo 5

Síntese da Avaliação

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Após a avaliação realizada, foi preciso desenvolver uma discussão dos resultados obtidos com os diferentes métodos utilizados, e, desta forma discussão dos métodos consiste na síntese dos aspectos identificados durante a APO realizada. A síntese está dividida em duas partes: Aspectos do trabalho (taxionomia dos problemas) e aspectos do ambiente (mapa de descobertas).

5.1. Aspectos do Trabalho

5.1.1 Taxionomia dos Problemas Ergonômicos

Os levantamentos físicos e fotográficos, contrapostos ao questionário e censo de ergonomia resultaram na Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos, conforme classificação proposta por Moraes & Mont’Avão (2003). A seguir, o Quadro 4 apresenta os problemas conforme os ambientes avaliados.

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Quadro 4 - Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do Refeitório, Fraldário e Salas de Aula

Refeitório (1)ProblemasInterfaciais Psicossociais OrganizacionaisPor utilizar o mobiliário destinado às crianças, as professoras, quando em pé, encurvam-se com freqüência so-bre elas e, quando sentadas, execu-tam torções para servi-los.

Não há opções de repouso adequa-das. Uma das professoras se sentou na cadeira de crianças e as outras duas permaneceram em pé. As trabalhadoras relataram que são orientadas quanto às posturas, mas que a rapidez que o trabalho exige faz com que elas não executem a correta movimentação.

No horário das 16h, frequentam o ambiente duas turmas de crianças na faixa dos três anos. Nota-se prob-lema no parcelamento do trabalho, uma vez que uma turma é orientada por apenas uma professora e por isso, apresenta-se sobrecarregada.

Ilustração Ilustração Ilustração

ProblemasInterfaciais AcidentáriosPor utilizar o mobiliário destinado às crianças, as professoras, quando em pé, encurvam-se com freqüência sobre elas e, quando sentadas, executam torções para servi-los.

Piso escorregadio, sujeito a derra-mamento de líquidos e comidas

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Fraldário (2)ProblemasEspaciais MovimentacionaisNa sala, o móvel para troca fica embaixo de uma janela e ao lado da porta, apresentando riscos. Já na sala ao lado – o banheiro das crianças – onde ex-istem mais dois móveis e duas banheiras, dispostos de modo a formar um corredor. O desconforto se dá por questões térmicas, uma vez que não há ventila-ção no local. O mobiliário, neste caso, está disposto de forma agradável e possui dimensões adequadas, sendo possível o trabalho confortável de duas profes-soras tanto lado a lado, quanto frente a frente.

A atividade exige a elevação da criança até o topo do móvel onde ela será trocada. Uma das professoras entrevistadas relatou ser necessário cerca de cinco trocas diárias por cri-ança. Além disso, sua rotina de trabalho é de oito horas diárias. Assim, tem-se a constante repetição do movimen-to, que exige levantamento de peso, acarretando em ten-sões dorsais. Além disso, não há local para apoiar o mate-rial necessário à atividade, o qual fica dentro de bolsas no chão, exigindo que a funcionária se abaixe para apanhá-lo enquanto a criança permanece deitada no móvel.

Ilustração ProblemasInterfaciais De DeslocamentoNo banheiro, o móvel para troca de fraldas extrapola a profundidade necessária para garantir a segurança das crianças, dificultando o alcance das professoras a certas regiões.

As professoras e as crianças concentram-se próximo ao móvel de troca de fraldas e à pia, sendo pouco usada a outra extremidade da sala, a fim de evitar grandes deslo-camentos.

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Salas de Aula (3a, 3b, 3c)ProblemasPsicossociais EspaciaisNão há opções de repouso para os professores, uma vez que todo o mobiliário dentro das salas de aula foi pensado para as crianças. No berçário, as professoras sentam no chão para alimentar os pequenos; nas de-mais salas, utilizam as pequenas cadeiras para sentar-se e executar atividades. Na turma de cinco anos, onde as alturas já são maiores, a professora apresentava boa postura, mesmo utilizando o pequeno mobiliário, já nas salas dos menores, percebe-se encurvamento de coluna e má angulação das pernas das trabalhadoras.

A fim de manter as crianças dentro do ambiente regido pelas professoras, utilizam-se cercas baixas nas portas. A circulação dos profissionais, que nor-malmente deve ser rápida e sem barreiras, fica com-prometida pela necessidade de passar por cima das cercas.

Ilustração ProblemasComunicacionais InformacionaisAlgumas salas são ligadas ao pátio ou estão expos-tas a ruídos externos à creche, o que dificulta a comunicação entre pro-fessores e alunos.

A identificação das Salas é feita com pequenas folhas de ofício anexadas aos murais externos das mesmas, o que dificulta a clareza da informação.

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5.2. Aspectos do Ambiente

5.2.1 Mapa de Descobertas

A fim de sintetizar os resultados observados, elaborou-se uma matriz de descobertas, instrumento gráfico que possibilita uma leitura mais clara de todo o volume de dados obtidos a partir da APO, especialmente aquelas descobertas relacionadas a adaptações, aos fatores técnicos, funcionais e comportamentais, de acordo com o ilustrado abaixo: Esta síntese reúne as informações das duas pesquisas realizadas na Creche, explica e as organiza segundo os métodos. Para tal, tem-se a planta da edificação que abriga a Creche Waldemar da Silva Filho pontuada com espaços vermelhos e verdes, o que significa que eles se destacam quanto a aspectos negativos ou positivos, respectivamente. As descobertas estão classificadas segundo área de análise, divisão feita para facilitar a leitura, uma vez que a divisão nítida entre as áreas não é possível. As condicionantes derivadas do mapa de descobertas relacionam-se à manutenção dos aspectos positivos e à melhoria dos negativos. A Figura 23 apresentada a seguir corresponde ao mapa de descobertas elaborado. Após, tem-se maiores explicações a cerca das observações apontadas no mapa.

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Pátio externo: Os pátios são considerados como um fator positivo por possibilitarem o convívio entre os diferentes usuários e possuirem espaços para controle dos professores com mobiliário adequado e à sombra. Além disso, a construção de uma horta no pátio leste mostra a união e organização da coordernação da instituição, além de colaborar na educação e de servir de alimento para o refeitório. Como fator negativo, aponta-se os desníveis verificados nestes. Há, por exemplo, um meio-fio que constitui uma barreira e oferece riscos à segurança dos usuários do parque.

Sala de aula oeste: Localizada a oeste da edificação, também possui dimensões pequenas para a quantidade de alunos, e além disso sua proximidade com o pátio e com as atividades que são desenvolvidas neste, tornam as crianças agitadas em todos os períodos do dia.

Acesso e Portão de Entrada: O acesso principal é caracterizado como negativo pela ausência de cobertura e pelo sistema de acesso não garantir a segurança do local, já que nem sempre há pessoas na secretaria para controlar o mesmo. Além disso, o portão encontra-se frequentemente aberto, possibilitando a entrada de terceiros na instituição, sem a devida identificação.

Salas de aula leste: As mais afastadas do acesso principal da edificação foram consideradas positivas, pois sofrem pouca influencia do barulho e da agitação dos demais em função da sua distância.

Circulação: O Corredor de acesso ao setor de salas de aula e refeitório é muito estreito, não permite a circulação de mais que uma pessoa ao mesmo tempo o que pode causar problemas em caso de emergências.

Sala dos Professores: Possui dimensões pequenas para a quantidade de professores da instituição, não permitindo que os mesmo possam se apropriar e criar espaços de privacidade ou territorialidade no local, conceitos estes que são importantes para a Psicologia Ambiental.

Fraldários: Estes ambientes possuem mobiliários com altura adequada para os professores trabalharem sem problemas posturais, mas possuem janelas com dimensões pequenas o que gera falta de circulação de ar, tornando o espaço abafado durante o dia.

Refeitório e Cozinha : É o espaço com o maior número de problemas tanto para as crianças quanto para os professores. Seu piso é escorregadio podendo causar acidentes, não há mobiliários adequados ergonomicamente para os professores, há um fluxo de crianças,

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professores e funcionários muito intenso durante as refeições, e seu teto foi rebaixado o que prejudica a circulação de ar, tornando o espaço muito quente nos períodos de cozimento dos alimentos na cozinha.

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Capítulo 6

ConsideraçõesFinais

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A compreensão da complexidade de fatores envolvidos nas variadas relações encontradas numa instituição é fundamental para a concepção de ambientes que atendam as especificidades de seus usuários, bem como as atividades exercidas por eles. A abordagem multimétodos utilizada nesta APO possibilitou um entendimento apurado das necessidades físicas, funcionais, cognitivas e sociais de seus usuários e demonstrou sua relevância na elaboração de um mapeamento completo dos problemas e no esboço de melhorias dos ambientes experimentados pelos usuários. O estudo conjunto de abordagens permitiu a criação de referências e recomendações que podem servir de base a futuros projetos. Alguns métodos tiveram maior relevância que outros, cuja aplicação foi restringida ou prejudicada por determinados fatores e assim, forneceram dados apenas complementares. A análise dos resultados dos diversos métodos aplicados torna visível que o ambiente em questão é fisicamente mais adequado às crianças do que aos profissionais, o que prejudica o desenvolvimento da atividade educacional, uma vez que condições desfavoráveis de trabalho afetam a saúde e a produtividade do profissional e, consequentemente, as crianças. Esta pesquisa conta ainda com o desenvolvimento de propostas técnicas de melhoria destes ambientes com a participação dos usuários e com a elaboração de um projeto colaborativo com o intuito de configurar um ambiente confortável e seguro, que seja capaz de enriquecer e potencializar o desenvolvimento das atividades da instituição. Esta proposta está presente na parte 2.

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Parte 2

Propostas de Alterações Espaciais para a Creche Municipal Waldemar da Silva Filho

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IntroduçãoCapítulo 1

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1.1 Apresentação

Este caderno surgiu a partir da reunião e síntese das pesquisas “Avaliação e Propostas de Projeto de Acessibilidade Espacial para a Creche Municipal Waldemar da Silva”¹ e “Relação entre Ambiente e Usuário na Creche Waldemar da Silva Filho”². Estes estudos desenvolveram-se ao longo dos anos de 2010 e 2011, respectivamente, e permitiram um conhecimento aprofundado sobre as necessidades dos usuários da Creche. Aspectos referentes à acessibilidade e necessidades físicas e psicológicas dos alunos, familiares, professores e funcionários da Instituição foram avaliados, e geraram um repertório capaz de embasar propostas de ade-quação tanto para o ambiente in-terno da Instituição, quanto para seu exterior. Assim, o caderno aqui apresentado reúne propostas a nível de ante-projeto, elaboradas considerando a perspectiva dos usuários e suas necessidades espaciais. Nesta etapa, serão apresentadas as condicionais de projeto identificadas a partir da síntese da etapa anterior, do referencial teórico, e da avaliação física do espaço de inserção da Creche Waldemar da Silva Filho no contexto urbano, propostas de alter-ações no interior da Creche, abrangendo estudos de layout e desenho de mobiliário, e propostas para o paisagismo da Instituição.Para a aplicação das propostas, é necessário um trabalho conjunto de profissionais das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Paisagismo, e a posterior elabo-ração de um projeto executivo, que viabilizará o orçamento e a execução do projeto.

1.2 Justificativa

A atividade educacional tem grande valor na formação dos cidadãos, uma vez que as instituições de ensino são responsáveis por transmitir às crianças boa parte dos valores segundo os quais elas pautarão suas ações ao longo da vida. A estrutura dessas instituições influenciam diretamente o processo de desenvolvimento de seus alunos, e se compõem de modo bastante complexo. Grosso modo, pode-se dividi-la entre am-bientes internos e externos: enquanto o primeiro abriga salas de aula, funções admin-istrativas e atividades mais intelectuais e menos recreativas, o segundo compõe-se de

Notas:¹ Autoras: Vera Helena Moro Bins Ely, Milena de Mesquita Brandão, Gabri-ela Fávero e Julia Lidani

² Autoras: Vera Hel-ena Moro Bins Ely, Van-essa Goulart Dorneles, Flávia Martini Ramos, Mariana Morais Luiz

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pátios e jardins e favorece o desenvolvimento de atividades mais informais, como o lazer e a contemplação. Uma Instituição de sucesso baseia-se no equilíbrio entre estas atividades e, consequentemente, entre seus ambientes, que, apesar de apresentados separadamente a fim de simplificar a explicação, atuam em conjunto. Especialmente nas Creches, as atividades recreativas e educacionais não são e nem devem ser disso-ciadas, e sua estrutura deve ser flexível a ponto de permitir o intercâmbio entre elas. Os estudos realizados ao longo de dois anos pelo Grupo PET Arquitetura da UFSC na Creche Waldemar da Silva Filho reuniram dados e culminaram em descobe-rtas a respeito das necessidades dos usuários desta. Além disso, a Creche sempre se mostrou bastante interessada nos estudos e estabeleceu um diálogo aberto e con-stante com o Grupo, favorecendo o desenvolvimento de suas pesquisas. Neste sentido, para dar um retorno mais concreto e direto à Instituição e para reunir as descobertas e convertê-las em alterações espaciais, visando a melhoria da atividade educacional a partir de ambientes mais confortáveis e eficientes, foram elaboradas as propostas de alterações do seu espaço físico.

1.3 Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

O principal objetivo da extensão aqui apresentada é propor melhorias espaciais para a Creche Waldemar da Silva Filho. Sabe-se que esta instalou-se em uma edifica-ção pré-existente destinada, à princípio, a outros fins. Assim, seu espaço físico passou por diversas mudanças e ainda carece de muitas outras. As propostas de adequação aqui apresentadas visam suprir estas carências e tornar o ambiente da Creche ainda mais acolhedor e confortável para seus usuários, contribuindo para a vivência de uma infância feliz e produtiva para seus alunos, e para ambientes de trabalho confortáveis e prazerosos para seus funcionários.

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1.3.2. Objetivos específicos

Espera-se:• Aplicar os conhecimentos adquiridos relacionados à Acessibilidade Espacial;• Aplicar os conhecimentos adquiridos relacionados à Psicologia Ambiental;• Aplicar os conhecimentos adquiridos relacionados à Ergonomia;• Propor alterações nos espaços internos e externos da Creche;• Propor alterações de layout nos ambientes da Instituição;• Indicar mobiliário interessante e adequado às atividades educacionais;• Oferecer bases para a realização de um projeto executivo detalhado capaz de tor-

nar o ambiente da Creche Waldemar da Silva Filho ainda mais produtivo e agradáv-el aos seus usuários;

• Demonstrar o impacto positivo da arquitetura nas condições sociais.

1.4 Estrutura

Este Caderno de Extensão está estruturado em 9 Capítulos: O Capítulo 1 – Introdução – apresenta o propósito do Caderno, a justificativa e a relevância das propostas apresentadas e os objetivos a serem alcançados com elas; O Capítulo 2 – Referencial Teórico – expõe as peculiaridades dos espaços desti-nados às crianças e reforça a relevância de se atentar tanto para os ambientes internos quanto para os ambientes externos das instituições de ensino; Já o Capítulo 3 – Referenciais de Projeto – apresenta projetos bem sucedidos destinados à centros de educação infantil, equipamentos e recursos interessantes para auxiliar o desenvolvimento de atividades educacionais e exemplos de aplicação de pre-ceitos que embasam as propostas elaboradas para a Creche Waldemar da Silva Filho; No Capítulo 4 – Síntese da Análise – reúne-se as descobertas feitas durante as duas pesquisas realizadas na Instituição abordada, expondo as necessidades de seus diversos usuários, e apresenta-se as condicionantes de projeto, que devem ser levadas em consideração na elaboração das propostas de alteração espacial; Os Capítulos 5 e 6 – Projeto Arquitetônico e Projeto Paisagístico – expõem,

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então, as alterações propostas para os ambientes internos e externos, respectiva-mente, e suas justificativas; Por fim, o Capítulo 7 – Conclusão – reúne as considerações finais acerca das alterações propostas e de seus benefícios para os usuários da Creche.

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Fundamentação teóricaCapítulo 2

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Este Capítulo está dividido em duas partes. A primeira parte apresenta uma visão mais geral a respeito de projetos para crianças, o que engloba espaços inter-nos e externos das edificações e, consequentemente, projetos arquitetônicos e paisagísticos. A segunda parte, por sua vez, aprofunda-se no campo do paisagis-mo. Acredita-se que as considerações feitas nas duas pesquisas realizadas sobre a Creche contemplem o embasamento teórico necessário a respeito dos ambien-tes internos da Instituição, motivo pelo qual enfoca-se, aqui, o tema Paisagismo.

2.1 Arquitetura para Centros de Educação Infantil

A primeira parte deste caderno revelou que as atividades desenvolvidas nos ambientes são influenciadas pelas características destes. A Pesquisa “Análise da Rela-ção entre Ambiente e Usuário na Creche Waldemar da Silva Filho” valida esta afirma-ção para ambientes educacionais, garantindo que o índice de conforto de seus espaços influencia o comportamento de funcionários e alunos da Creche. Como características destes ambientes, destacam-se: nível de ruídos, dimensões, cor, texturas, compatibi-lização com a atividade, equipamentos disponíveis, integração com o exterior, entre outras. Algumas destas características são ilustradas na Figura 1, a seguir.

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Figura 1. Influência do arranjo espacial, das texturas, como a do piso emborrachado, da disponib-ilidade de equipamento apropriado para crianças, e de ligação com o exterior em uma sala de aula.

Além de atender a princípios básicos de conforto térmico e psicológico, por exemplo, deve-se atentar a outros aspectos que diferenciam os ambientes. A exploração dos sentidos é um aspecto importante na caracter-ização dos espaços, uma vez que o conforto se traduz segundo as respos-

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tas dadas aos sentidos. Segundo BINS ELY et al, 2010, quanto maior a ação cooperativa dos sentidos, ou seja, quanto maior o número de sentidos agindo simul-taneamente, melhor a percepção espacial. Também percebe-se que permitir a explo-ração dos ambientes através dos vários sentidos gera interesse por parte das crianças. Tanto os locais que se destinam à exploração dos sentidos quanto as salas de aula, normalmente mais sérias e pouco inovadoras, devem fugir da rigidez formal e psi-cológica e encarar a atividade educacional como um exercício da capacidade de desco-brir. Brincar é o jeito que as crianças tem de estabelecer relações com o mundo social e físico, e de realizar as descobertas a respeito de seu funcionamento. Esta atividade tam-bém é um direito das crianças garantido no artigo 31 da convenção de direitos das crian-ças (ONU, 1989). Permitir que as crianças tenham a opção te aprender brincando gera maior interesse das mesmas, o que, como consequência, proporciona um sentimento de identidade com a escola, que é também um local lúdico e de relações sociais positivas. Peculiaridades referentes aos espaços internos e externos dos centros de educação infantil que contemplem estes quesitos serão tratadas a seguir:

2.1.1 Espaços Internos

Um projeto de alterações arquitetônicas e de interiores para crianças deve levar em conta que a rigidez imposta há anos nas edificações dos centros de educação infan-til não é o melhor meio de se transmitir, através do objeto construído, a filosofia da in-stituição. A monotonia visual, e a falta de identidade não são aspectos atrativos, motivo pelo qual a Creche, um local de exploração, brincadeira, aprendizado e que marca forte-mente a infância, deixa de ser um ponto de interesse para os seus principais usuários: as crianças. Disponibilizar espaços que as desafiem, estimulando sua curiosidade, e que as permitam descobrir por si mesmas, e não a partir de proposições impostas pelos ambientes tradicionais e rígidos das escolas é um dever dos projetistas e das institu-ições edicacionais. Moore (2005) observa peculiaridades que devem ser consideradas em cada ambiente para que os mesmos sejam mais ricos formal e psicologicamente:• Banheiros: as crianças passam muito tempo no banheiro enquanto estão na

Creche, o que possui grande relevância como atividade educacional e social. Os banheiros são locais onde as crianças aprendem que suas funções corporais são normais e que a higiene é importante. Para mantê-las de bem com seu corpo, e

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para tornar as atividades de escovar os dentes e lavar as mãos, por exemplo, mais interessantes, o design deste espaço é de grande importância;

• Cozinha: disponibilizar uma cozinha que seja acessível para as crianças e que possa ser usada também por elas, permite não apenas o desenvolvimento de im-portantes habilidades, como aquelas referentes a uma alimentação saudável, mas também aproxima as crianças da instituição, uma vez que ela identifica atividades comuns com as realizadas em sua casa. Neste sentido, a cozinha também pode ser explorada como um local didático, e a instituição pode inovar desmistificando o ambiente;

• Depósitos: a maioria dos depósitos encontra-se acessível apenas para os adultos, e em locais pouco valorizados na instituição. Dependendo do caráter do depósito, é interessante permitir o acesso às crianças, imprimindo-lhes noções de independência e responsabilidade. Neste sentido, incorporar os depósitos no de-senho geral dos espaços é importante para garantir seu sucesso;

• Escritórios: estes ambientes costumam estar segregados das áreas acessíveis às crianças, porém, é importante que estejam visíveis e sejam acolhedores, evi-tando o caráter intimidador ao qual são frequentemente associados. Outro fator a ser considerado é a possibilidade de professores ou funcionários, quando reuni-dos, poderem observar os alunos. As sugestões devem atentar, entretanto, para os quesitos de conforto acústico, para que as reuniões não sejam perturbadas por ruídos externos. Quanto ao arranjo interno dos escritórios, Moore sugere que o el-emento central seja uma mesa, ao redor da qual o ambiente se estruture, de modo a encorajar a comunicação.

• Espaços complementares: além de ser importante destinar espaços para re-uniões familiares privativas, a fim de se manter um diálogo constante com as famí-lias, Moore destaca a importância de espaços centrais de uso coletivo. O autor considera que, por ser a Creche um local de conexões, este espaço é importante como referência à transparência da instituição, garantindo transparência entre seus espaços.

2.1.2 Espaços Externos

Não se pode falar de espaços externos de instituições de educação infantil sem

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se falar em elementos vegetais. E não se pode falar nisso sem se lamentar a perda diária de contato das crianças com a natureza. Segundo Moore (2005), todas elas tem o direito e a necessidade de experenciar o meio ambiente. O autor enfatiza que a es-pontaneidade da criança se manifesta na sua relação com esse, que, por sua vez, apre-senta às crianças todas as facetas da vida: nascimento, morte e metamorfose. Isto tem importante papel na recuperação de crianças que sofreram traumas, pois transmite mensagens claras de esperança e recuperação ao exaltar os ciclos de vida das plantas, por exemplo. Segundo Moore (2005), “uma das atividades mais significativas para as crianças que atravessam situações de estresse é a de intervir no ciclo da vida” Além disso, a riqueza inesgotável da natureza atinge todos os sentidos das cri-anças, contagiando-as com cores, texturas, gostos, odores, e movimento: isso encoraja a curiosidade e motiva o prazer em aprender através da experiência. Um jardim ainda pode oferecer a possibilidade de as crianças exercitarem o controle sobre si mesmo e sobre o ambiente ao seu redor. Desta forma, jardins desenhados para o bem-estar aju-dam no desenvolvimento de crianças psicologicamente e fisiologicamente saudáveis. Para tal, os paisagistas devem compreender como os ambientes externos podem su-portar a criatividade dos professores e dos alunos, dando suporte a suas atividades recreativas e didáticas.Percebe-se, desta forma, que a natureza tem um impacto positivo na sensação de bem-estar e que ajuda as crianças a viverem em harmonia e a adquirirem estilos de vida saudáveis. Entretanto, os termos mais convenientes para se usar quando se fala em es-paços externos de Creches, apesar das semelhanças, não são jardins, mas pátios – dos quais os jardins fazem parte, conjugados com inúmeras outras funções. Cabe destacar que pátios não são somente playgrounds repletos de brinquedos industrializados que limitam as possibilidades de aprendizado e exploração. Neste sentido, destaca-se como necessidades referentes aos pátios:• Áreas de brincadeiras sociais: áreas públicas e privadas unidas por caminhos que

abriguem jogos, sendo, muitas vezes, apenas grandes pátios para correr;• Áreas que estimulem a imaginação: cenários naturais ou construídos e ambientes

flexíveis que possam ser customizados pelos usuários; • Áreas de brincadeiras experimentais: que possuam caixas de areia, blocos de en-

caixar, pisos diferenciados, como terra e pedras, água, etc;• Elementos de exploração: pontes, caminhos diferenciados, escorregadores que

liguem ambientes, locais “secretos”, etc;

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• Experiências sensoriais: variedade de plantas e mobiliário que estimulem os diver-sos sentidos através de suas propriedades;

• Locais de desafio: sejam físicos ou mentais, como locais de escalada, túneis, jogos de tabuleiro em maior escala, etc;

• Áreas para exercício de habilidades: jardins, hortas e animais que precisem de cui-dados;

• Marcações com cores: podem delimitar áreas e atividades e atrair as crianças, cri-ando marcações de percursos e de áreas de interesse, por exemplo;

• Marcações com luz: podem simular a variedade e a flexibilidade da natureza, e podem tanto enfatizar áreas, quanto manter outras fora da zona de interesse das crianças. Para Moore (2005), as crianças demonstram grande interesse pela luz;

• Presença de texturas: podem ajudar a diferenciar espaços, a criar brincadeiras que explorem o tato, e também podem ser usadas como ferramentas didáticas;

• Presença de cheiros: podem marcar ambientes, ajudar na orientação espacial e conferir identidade à creche;

• Presença de sons: podem ser desejados ou não. Pode-se estabelecer ruídos carac-terísticos, como farfalhar de folhas e ruídos de elementos construídos, como jatos d’água, para tal a fim de se delimitar caminhos e ambientes e auxiliar na orienta-ção, porém, algumas áreas devem ser tratadas com materiais absorventes para não interferir nas atividades educacionais. Isso pode se dar de forma aliada às texturas. Pode-se ainda distribuir brinquedos musicais, que explorem a produção de ruídos;

• Telhados interessantes e dinâmicos: Por causa de sua pequena estatura e de suas diversas formas de se movimentar, as crianças estão constantemente olhando para cima, portanto, elementos localizados nos planos dos telhados podem ser pontos de interesse e ter significados especiais.

Ressalta-se, por fim, que as crianças adoram desafios. Conforme dito, elas não andam em linha reta quando tem que se deslocar de um ponto a outro, mas exploram os ambientes, e gostam de obstáculos e pontos de interesse ao longo dos percursos, uma vez que, para elas, qualquer atividade pode se transformar em uma brincadeira. Isto deve ser levado em conta ao se projetar espaços externos para centros de edu-cação infantil, podendo se refletir em desenhos de pisos mais lúdicos e orgânicos, por exemplo.

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2.2 Paisagismo

Segundo Bins Ely et. al (2010, pg. 17), o Paisagismo, ou seja, o estudo da paisa-gem, é um “agente estruturador dos espaços verdes e elemento de composição urbana intrínseco à configuração da paisagem”, que, para Mascaró e Macaró (2010, pg 11), é a “forma do território, a qual a ação do homem e de sua cultura lhe acrescentam seu caráter”. De modo complementar, José Coelho Silvério considera o Paisagismo como a resultante integrada das relações entre o clima e o solo, a vegetação, os processos evolutivos naturais e o homem. Para o autor, Paisagismo é a reunião de ciência e arte com o objetivo de estudar o ordenamento do espaço exterior, em função das neces-sidades atuais e futuras e dos desejos estéticos do homem. Silvério cita a ciência por considerar necessário o conhecimento das leis que regem o sistema solo-água-ar-luz-planta, para se planejar a estrutura natural de uma paisagem, e cita a arte pelo fato de o projeto ter a capacidade de atuar na sensibilidade humana. Este projeto consiste no arranjo harmonioso entre elementos vegetais, não vegetais, e elementos edificados, como, por exemplo, a compatibilização entre porte e localização de árvores com el-ementos de infra-estrutura urbana (fiação, largura de ruas e passeios, etc). Os primeiros registros de tratamento paisagístico dos ambientes foram obser-vados na China e no Egito, que se voltavam mais a questões arquitetônicas e esté-ticas. O crescente movimento de conscientização ecológica, entretanto, fez com que o paisagismo saísse de uma visão mais próxima da jardinagem, para uma visão mais ambientalista, motivo pelo qual ele se caracteriza hoje como uma atividade de inter-face, agregando conhecimentos ligados às artes plásticas e arquitetura, bem como às ciências ambientais. Neste sentido, pode-se encarar o paisagismo como a designação das intera-ções do homem com a paisagem, uma vez que esse, através de suas necessidades e habilidades, manipula e altera o ambiente natural de modo a imprimir-lhe uma nova identidade, capaz de conjugar a harmonia da natureza com os desejos do ser humano. A interação entre homem e natureza pode se dar de várias formas, como, por exemplo, através da manipulação e rearranjo dos objetos naturais disponíveis ou através da in-serção de novos objetos, sejam eles naturais ou construídos. A seguir, são apresentadas as principais características dos elementos naturais, e as diferentes formas de arranjá-los de acordo com influências de condicionantes que ajudam a definir as composições paisagísticas

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2.2.1 Vegetação

Independente da forma como o homem modificará a paisagem natural, ele li-dará com a vegetação. Segundo Mascaró e Mascaró (2010, pg. 13), propriedades como formas dos elementos vegetais, suas cores e seu arranjo podem contribuir na com-posição paisagística, organizando, definindo e até delimitando espaços. Desta forma, percebe-se que a vegetação se demonstra muito mais complexa, e oferece ainda mais possibilidades de composição do que as relacionadas a aspectos ambientais e mor-fológicos. Mascaró e Mascaró (2010) destacam diversas funções da vegetação, como: amenização da poluição, redução do efeito de ilhas de calor, redução do consumo de energia para controle térmico, promoção da biodiversidade, valorização de espaços, entre outros. Para melhor explicá-las, os autores dividem as funções em três:

2.2.1.1 Funções Paisagísticas As funções paisagísticas da vegetação referem-se ao modo de inserção das es-pécies no contexto que as circunda, relacionando-as ao porte dos edifícios no entorno, ao seu potencial escultórico e efeito estético, ao desempenho ambiental desejado, ao clima, à cultura local, etc. Além disso, a configuração espacial das plantas, suas textu-ras, aromas e cores, seu porte e formato de copa e o local em que são plantadas trans-mitem sensações, que devem ser cuidadosamente tratadas através da organização dos volumes vegetais. Mascaró e Mascaró (2010, p. 31) exemplificam o efeito da vegetação nas sensações no seguinte trecho: “muros estreitam o espaço da rua, contribuem para barrar a ventilação ao nível do usuário e aumentam a temperatura do ar do recinto quando são construídos com materiais que armazenam e, logo, irradiam calor. A vege-tação protegendo o muro amplia psicologicamente o espaço urbano, minimiza a aridez da paisagem e melhora sua ambiência.” Os modos mais comuns de agrupamento de elementos vegetais são os maciços, ou seja, agrupamentos densos que podem ser heterogêneos ou homogêneos. Os maciços heterogêneos (ver Figura 2) compõem-se de diversas espécies, apresentando, portanto, diversos formatos e alturas. Isso permite barrar ou direcionar o vento, ou mesmo permitir sua passagem, o que aliado ao estabelecimento de zonas de sombra, geram um microclima agradável no verão, por exemplo. Além disso, os

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maciços heterogêneos fornecem diversos valores de transmitância luminosa, oscila-ção de temperatura e umidade relativa do ar, favorecem a biodiversidade e adaptam-se facilmente às diversas estações, uma vez que pode-se plantar árvores caducifólias, que perdem folhas no inverno, árvores com floração na primavera, espécies de copa frondosa para dar sombra no verão, vegetais que amarelam as folhas no outono, etc. As propriedades de diversas espécies combinadas conferem uma dinamicidade à com-posição e garantem, desde que bem planejado, uma paisagem interessante e confor-tável em todas as épocas do ano.

Figura 2. Maciço Heterogêneo

Os maciços homogêneos (ver Figura 3), por sua vez, consistem na reunião de vegetais da mesma espécie, enfatizando o seu potencial. Por esse motivo, apresentam altura uniforme, permitindo a passagem direta do vento, garantindo sombreamento uniforme, amenizando ruídos e poluição quando ao logo de passeio de veículos e man-tendo a temperatura e a umidade relativa do ar constantes. As desvantagens deste tipo de agrupamento é que ele pode adaptar-se a somente uma época do ano, desfa-vorecendo o uso em determinados momentos, e que sua homogeneidade visual não compõe uma paisagem muito dinâmica, sendo interessante criar espaços diferenciados para evitar a falta de interesse e a subutilização dos ambientes. Os maciços homogê-

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neos não devem ser maiores que 30m de largura, para garantir visibilidade e facilidade de locomoção entre as árvores (MASCARó; MASCARó, 2010).

Figura 3. Maciço Homogêneo

É importante ressaltar, especialmente nos maciços, que as árvores necessitam de espaço aéreo e subterrâneo para se desenvolverem, e que sobrepor copas de árvores pode deformá-las, uma vez que seus galhos se entrelaçam e que elas crescem em direção à luz. Cabe ainda exaltar que, apesar de as espécies de médio e grande porte terem recebido maior atenção neste tópico, os efeitos dos arbustos, das herbáceas e das forrações são igualmente importantes na composição paisagística.

2.2.1.2. Funções Ambientais As funções ambientais da vegetação dizem respeito ao melhoramento da am-biência urbana (ver Figura 4), uma vez que elas são capazes de amenizar a radiação solar, modificar a velocidade e direção dos ventos, atuar como barreira acústica, inter-ferir na quantidade de chuvas, reduzir a poluição do ar e funcionar como termorregu-lador microclimático (MASCARó; MASCARó, 2010). Obviamente estes efeitos variam conforme o clima, o recinto, a época do ano, o tipo e quantidade de vegetação, en-tre outros fatores. Para facilitar o entendimento das funções ambientais, as mesmas foram divididas em: sombreamento, iluminância natural, temperatura e umidade do ar, ventilação e controle da poluição atmosférica.

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Figura 4. Melhoramento da ambiência urbana a partir da presença de vegetação

• Sombreamento As propriedades relativas ao sombreamento dizem respeito especialmente à sensação de resfriamento, uma vez que, dependendo da extensão e da densidade da massa vegetal, ela é capaz de reduzir a carga térmica ou aumentar o atraso térmico, diminuindo a variação de temperatura ao longo do dia (ver Figuras 5 e 6). Deve-se atentar, entretanto, para o sombreamento que a vegetação localizada no passeio ou em lotes vizinhos faz nas edificações, o que pode ser desejável ou não dependendo do ambiente e da estação do ano.

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Figura 5. Maior atraso térmico provocada por árvores de copas mais densas

Figura 6. Menor atraso térmico provocado por árvores de copas menos densas

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• Iluminância natural A iluminância natural diz respeito à quantidade de luz que atravessa a vegeta-ção e atinge os passeios, edificações e transeuntes (ver Figuras 7 e 8). A respeito da quantidade de luz que se quer transmitir ao ambiente urbano, os critérios de seleção de espécies a serem observados são, essencialmente, o porte e os tipos de copa e de folhagem, enfatizando que a estação do ano influencia no seu desempenho. Além das propriedades da vegetação em si, pode-se valer de recursos de composição, como o agrupamento de espécies em diversos níveis, estabelecendo filtros sucessivos ou com-plementares, para garantir um bom sombreamento dos espaços, por exemplo.

Figura 7. Menor iluminância sob a copa de árvores mais densas

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Figura 8. Maior iluminância sob a copa de árvores menos densas

O projeto paisagístico deve levar em consideração também as mudanças de forma e tamanho da vegetação ao longo do tempo, e deve possibilitar a manutenção das espécies para seu pleno desenvolvimento. A localização das mesmas também deve ser cautelosamente definida, considerando a harmonização com elementos de infra-estrutura urbana, a orientação solar, a época do ano e o clima em que se inserem. A redução do ganho solar e de iluminação sobre o entorno, são exemplos de efeitos que variam conforme a posição da vegetação, e que são mais ou menos desejáveis con-forme a época do ano.

• Temperatura e umidade do ar Segundo Mascaró e Mascaró (2010), uma conjugação de caracterísiticas (como exposição a sol, a vento e presença de vegetação) porpicia um comportamento té-rmico favorável do ambiente urbano. Inúmeros estudos comprovam a influência da morfologia urbana nas modificações de temperatura, a exemplo das ilhas de calor. Logicamente, a regulação da temperatura e da umidade do ar dependem ainda da incidência direta ou não da energia solar, além da combinação de fatores que caracter-izam os espaços (ângulo de visão de céu visível, cobertura vegetal existente, cor e tex-tura das fachadas, textura das fachadas, relação cheio-vazio, etc). A a vegetação tem

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um importante papel no equilíbrio térmico dos ambientes, uma vez que se relaciona “com o controle da radiação solar, ventilação e da umidade relativa do ar” (MASCARó; MASCARó, 2010, p. 49). A presença de massa vegetal aumenta a capacidade térmica e diminui a variação diária de temperatura ao dissipar carga térmica por meio da evapo-transpiração e de intercâmbio de calor sensível convectivo com o ar. Sabe-se que a presença de árvores aumenta a umidade relativa do ar, mas seus valores variam conforme a copa e o tipo de folha, uma vez que árvores mais densas retém mais água e, portanto, fornecem maiores índices de umidade relativa do ar. As folhas pequenas, por sua vez, possuem um processo de evapotranspiração acelerado, o que também aumenta a umidade. Para locais onde não se deseja que as árvores influenciem significativamente neste fator, Mascaró e Mascaró indicam espécies de fol-has grandes e rugosas, que retém o teor hídrico na superfície foliar e reduzem o efeito convectivo do vento, evitando o aumento da umidade no ambiente. A velocidade do vento tem influência semelhante quando atinge valores superiores 1,5m/s, acelerando as trocas térmicas e diminuindo a umidade relativa do ar.

• Ventilação A ventilação exerce significativa influência tanto nos espaços internos quanto nos externos. Além de ser responsável pela renovação do ar e, junto da iluminação natural, pela higienização e qualidade do ar dos ambientes, a ventilação altera a sensa-ção térmica, através das trocas por convecção. A ventilação pode também apresentar efeitos indesejáveis, como a produção de ruídos, o transporte de partículas de pó, e o desconforto psicológico quando atinge velocidades muito elevadas. A vegetação pode ser usada como forma de controle e equilíbrio entre as vantagens e desvantagens da ventilação, tem-se a vegetação, que pode compensar a permeabilidade e o perfil do terreno, a orientação, a densidade e o gabarito do entorno, por exemplo, através do porte, da forma, da permeabilidade e da idade das árvores.Robinete (1972) lista quatro efeitos básicos da vegetação em relação ao vento: • Canalização (ver Figura 9): a vegetação pode intensificar ou amenizar o efeito de corredor bem definido e estreito – assim considerado quando sua largura é menor que 2,5 vezes altura média dos elementos que o delimitam lateralmente - con-duzindo brisas de verão e desviando ventos de inverno. Este efeito é incômodo quando o vento atinge velocidade maior que 3,5m/s;

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Figura 9. Efeito de corredor de vento

• Deflexão (ver Figuras 10 e 11): consiste na alteração de velocid-ade e trajetória do vento através de “labirintos” que conduzem as rajadas;

Figura 10. Efeito de deflexão do vento a partir da mudança de trajetória

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Figura 11. Efeito de deflexão do vento a partir da mudança de velocidade

• Obstrução (ver Figura 12): se dá através barreiras de vegetação, que são mais eficazes que barreiras sólidas por obstruírem gradualmente, evitando zonas de tur-bulência. A forma e a altura da vegetação influenciam na eficácia da barreira, sendo necessário atentar para a escala do usuário: deve-se posicionar as barreiras de forma crescente em altura no sentido de incidência do vento;

Figura 12. Efeito de obstrução do vento

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• Filtragem (ver Figura 13): a vegetação não barra efetivamente os ruídos, porém, quando barra visualmente as fontes de ruídos, tem efeito psicológico de rela-tivo isolamento;

Figura 13. Ilustração de filtragem psicológica do vento por ob-servadores isolados visualmente da fonte emissora

Quanto a acústica, verifica-se os seguintes efeitos da vegetação: • Desempenho acústico da vegetação: os vegetais ajudam reduzir a con-taminação do ruído de 5 maneiras: pela absorção do som – cabe salientar aqui que as plantas absorvem melhor sons de alta freqüência - , pelo desvio, direcionando as ondas sonoras, pela reflexão, e pela refração ou dissimulação, quanto emitem ruídos que se sobrepõe aos demais; • Barreiras acústicas: A flora e a fauna mascaram os ruídos, especialmente quando o agrupamento dos elementos vegetais é mais denso. Cabe ressaltar que a barreira é mais efetiva quando mais próxima da fonte emissora estiver. • Atenuação do som pela combinação de vegetação e massa construída: os elementos construídos podem ser combinados à vegetação para barrar ou direcionar os ventos indesejados. Maciços vegetais podem tapar canais de vento entre edifica-ções, por exemplo; • Praças Acústicas: são zonas acusticamente inertes, ou seja, que possuem in-tensidade sonora menor que nas ruas. Elas não refletem as ondas sonoras, que aca-

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bam por se dispersar, e este efeito é conseguido através da correta configuração da massa vegetal, normalmente densa e em formato de anel.

• Controle da poluição atmosférica A vegetação urbana é capaz de remover partículas e gases do ar (ver Figura 14), especialmente através de espécies com folhas pilosas, cerosas ou espinhosas, di-minuindo a poluição atmosférica. Folhas úmidas também conseguem captar melhor as partículas por meio da umidade ou de carga elétrica. Esta é uma propriedade impor-tante, tendo em vista que a geração de contaminadores hoje supera a capacidade dos processos naturais de revertê-los. Densificar com vegetação ruas e avenidas nas quais circulam veículos pesados à diesel, especialmente onde eles aceleram (semáforos e subidas) e evitar que ruas transversais às ruas de fluxo intenso possam ser canais de distribuição de poluição através do posicionamento estratégico da vegetação – desde que a mesma não prejudique a visão do motorista- podem ajudar a reter parte dos contaminadores.

Figura 14. Ilustração de remoção de partículas do ar pela vegetação

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2.2.1.3. Funções Sensitivas Demonstrou-se no tópico de funções paisagísticas como as espécies veg-etais podem interferir nas sensações através de seu porte, por exemplo, com-binado com elementos construídos. Além desta possibilidade, a vegetação demonstra sua função sensitiva de modo ainda mais elementar, através de suas cores, odores, texturas, etc, que podem gerar sentimentos de nostalgia, fanta-sia, exuberância, mas também medo e insegurança, por exemplo. Pode-se diz-er que elas influenciam os sentidos de modo direto, quando suas propriedades instrínsecas geram sensações, ou indireto, quando dissimulam a percepção. A vegetação desperta os sentidos especialmente das crianças, contribuindo psicologicamente para seu bem-estar e para sua orientação, uma vez que suas pro-priedades podem tornar-se referenciais na paisagem. Segundo Bins Ely et. al, (pg. 32), “Em projetos universais deve-se utilizar elementos arquitetônicos que propor-cionem estímulos nos diversos canais perceptivos, para que usuários com diferen-tes habilidades possam receber de maneira igualitária as informações do espaço.” O trabalho com as sensações pode ainda amenizar a presença das edi-ficações e de veículos no entorno e de pessoas externas ao recinto do qual se está tratando. Também é possível fazer uma transição de escala, favorencendo a escala da criança ao trabalhar com as dimensões do espaço psicológico, de-limitado não pelos volumes, como o espaço físico, mas pelas texturas e cores. Bins Ely et. al (2010) relaciona as propriedades da vegeta-ção com sensações que elas podem transmitir nos seguintes exemplos: • variedade = curiosidade • Colorido = alegria • Desenho diferente de percurso = desafio/curiosidade • Cheiro/barulho = segurança/orientação • Áreas confortavelmente sombreadas = bem-estar/tranqüilidade • Vegetação margeando o caminho = segurança/orientação

2.2.1.4. Categorias da Vegetação Apesar de a explicação acima ter enfatizado espécies de grande porte, todas as categorias de vegetação são relevantes nas composições paisagísti-cas. Apresenta-se a seguir a categorização da vegetação, segundo Bins Ely et. al:

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- Árvores: vegetais complexos de grande porte com raiz, tronco, copa de folhas, flores e frutos, de variadas formas, capazes de amenizar o microclima e a poluição urba-na através de sua propriedade de sombreando, e de delimitar visualmente os espaços; - Arbustos: vegetais morfologicamente semelhantes às árvores, porém de menor porte que servem como limitadores de acesso e barreira vegetal à passagem de pessoas, sons, luz, vento, etc. São geralmente mais ramifica-dos, com diversos caules e mais densos, podendo apresentar flores e/ou frutos; - Trepadeiras: vegetais que, por não terem caules resistentes, precisam de suportes para crescer e se desenvolver. São muito utilizadas para sombrea-mento, e são bastante ornamentais. Também podem apresentar flores e/ou frutos; - Herbáceas: de porte baixo, são vegetais que se destacam pela produção abun-dante de flores, motivo pelo qual tem importante função ornamental. As herbáceas são diferentes dos arbustos porque não tem caule lenhoso e suas flores são mais abundantes; -Forrações: vegetais rasteiros, de porte baixo, capazes de formar tapetes vegetais que protegem o solo. Podem ser pisoteáveis ou não, e algumas espécies apresentam floração. A Figura 15 exemplifica uma composição paisagística feita com árvores (a), ar-bustos (b), trepadeiras (c) e herbáceas (d):

Figura 15. Ilustração de remoção de partículas do ar pela vegetação

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2.2.2. Materiais

Cabe aqui destacar que, conforme dito anteriormente, o paisagismo não se compõe apenas de elementos vegetais, tendo os materiais de revestimento importante papel na composição paisagística. Como eles também possuem diferentes características físicas (texturas e cores, por exemplo), também influenciam na percepção e orientação. Segundo Bins Ely et. al (2010), pode-se classificar os materiais em naturais e artificiais: 2.2.2.1. Materiais Naturais: São materiais encontrados na natureza. Entre eles destacam-se: - Madeira: de uso bastante tradicional, este material permite uma grande grnde diversidade de aplicações, uma vez que pode ser usada no piso, nas paredes, em móveis, em ambientes internos ou externos, revestindo suportes, como pergolado, etc. É resis-tente a intempéries, exige pouca manutenção e é facilmente encontrado no mercado. - Pedra: consiste em fragmentos de rocha, compostas, por-tanto, de minerais. Sua aplicação depende da dureza, cor, absor-ção de água, etc. Apresenta grande diversidade de tipos e tratamentos.

2.2.2.2. Materiais Artificiais: São materiais produzidos por meios artificiais. Entre eles, destacam-se: - Compostos: cimento e concreto: aglomerantes construtivos resistentes à compressão que impermeabilizam o solo (e, portanto, devem ser evitados em locais externos) e que são bastante utilizados com fins estruturais; - Cerâmica: material plástico facilmente moldável, que apresenta grande var-iedade e se adéqua a ambientes internos e externos. Geralmente usada como revesti-mento de pisos e paredes; - Pastilhas de Vidro: materiais frágeis que se apresentam em várias dimensões, quadradas ou retangulares. Exigem manutenção freqüente e são bastante utilizadas para revestir pisos ou paredes.

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2.2.3. Paisagismo para Centros de Educação Infantil

Segundo Silvério (20--), o paisagismo, cuja função básica é o ordenamen-to do espaço (exterior ou interior), objetiva amenizar as condições psicossoci-ais da civilização moderna. Essas condições atuam de modo mais exacerbado nas crianças, sendo necessária uma atenção maior nos projetos paisagísticos volta-dos para elas. O mesmo autor classifica estes projetos segundo 3 objetivos:

• Contemplativos (ver Figura 16) - destinados apenas aos prazeres sensoriais (visão, tato, olfato, etc.)

Figura 16. Objetivo contemplativo

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• Recreativos (ver Figura 17 - quando em uma área ajardinada, são inseridas unidades recreativas como playground, quadras de volei, peteca, piscina, lagos, etc.

Figura 17. Objetivo recreativo

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• Utilitários (ver Figura 18) - quando inseridas na vegetação ou colocadas em área es-pecífica, espécies condimentares, aromáticas, medicinais e mesmo, frutíferas.

Figura 18. Objetivo utilitário

No caso de jardins destinados a escolas ou Creches, que são espaços particu-lares de propriedade coletiva, além dos objetivos apresentados acima, eles podem ter finalidades direcionais, uma vez que envolvem funções didáticas e lúdicas. É impor-tante que os ambientes externos das Creches reforcem o caráter didático da natureza, ensinando as crianças a viverem “de acordo com o ritmo da natureza para que, dessa maneira, possa restabelecer seu equilíbrio emocional e despertar o sentimento de preservação e respeito a ela” (SILVÉRIO, 20--). Condicionantes relacionadas às neces-sidades das crianças serão listadas no capítulo 4. Condicionantes de projeto.

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Capítulo 3

Referências de Projeto

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Apresenta-se neste capítulo projetos executados que servem de exemplo e in-spiração para o desenvolvimento das propostas de alteração espacial para a Creche Waldemar da Silva Filho. As referências estão divididas entre ambientes externos e internos:

3.1 Ambientes Externos

3.1.1. Playground em Utrecht, Holanda

O playground apresentado nas Figuras 19 e 20 foi projetado pelo escritório Van Rooijen Architects para um bairro residencial de Utrecht. A parte edificada presente nas figuras foi projetada visando preceitos de segurança e durabilidade, e toda a es-trutura já se configura como um brinquedo: enquanto a base é um banco, a cobertura contém aberturas que integram os ambientes e exercitam a imaginação das crianças. A Figura 19 demonstra o respeito à escala da criança, com janelas em diferentes alturas, permitindo que elas se comuniquem com o exterior mesmo quando estiverem no inte-rior da parte edificada. A reformulação da fachada da Creche poderia se integrar desta forma com os pátios externos.

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Figura 19. Playground em Utrecht, Holanda Fonte: http://www.contemporist.com/2011/08/30/playground-building-by-van-rooijen-architects/

(Último acesso em março de 2012)

Figura 20. Playground em Utrecht, Holanda Fonte: http://www.contemporist.com/2011/08/30/playground-building-by-van-rooijen-architects/ (Úl-

timo acesso em março de 2012)

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3.1.2. Children’s Institute de Los Angeles,

O Children’s Institute de Los Angeles, uma organização que presta assistência à crianças expostas à violência, é um projeto premiado pelo AIA (American Institute of Architects) por reutilizar e recaracterizar edifícios metálicos, cuja rigidez formal não correspondia às necessidades infantis. A reestruturação dos 3 edifícios que compõem o Instituto foi feita visando a criação de um senso de identidade e de acolhimento. A comunidade teve uma importante contribuição no projeto, fazendo com que suas reais necessidades fossem atendidas. A linguagem visual utilizada, apesar de sóbria é bastante convidativa às crianças e a ideia de um mural de flores pode ser utilizada na entrada da Creche.

Figura 21. Children’s Institute: The Otis Booth Campus

Fonte: http://www.contemporist.com/2009/03/24/childrens-bedrooms-from-dearkids/(Último acesso

em março de 2012)

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3.1.3. Rollercoaster em Beijing, China

O escritório Interval Architects projetou um espaço público de encontro para o pátio de uma escola no Japão, utilizando como inspiração uma montanha russa, o que se verifica na Figura 22, na qual é evidente a continuidade da edificação que induz o olhar a passeios divertidos e cheios de descobertas. Este projeto redefiniu o uso da grande praça central da instituição, transformando um espaço que antes era pouco apropriado, em um lugar mais humano e funcional. O design da estrutura localizada na praça configura locais diferenciados, entre eles áreas de estar sombreadas, corredores para exposições e jardins. Essa é uma alternativa interessante para o pátio da Creche: embora a escala tenha de ser reduzida, o caráter integrador da estrutura seria bastante proveitoso para os espaços abertos.

Figura 22. Rollercoaster em Beijing, China

Fonte:http://www.contemporist.com/2011/11/08/rollercoaster-by-interval-architects/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+contemporist+%28CONTEMPORIS

T%29&utm_content=Google+Reader/ (Acesso em março de 2012)

3.1.4. Water Playground, Polônia

O Water Playground, projetado na Polônia pelo Grupo RS+, apresenta cercas e bancos interessanes. A cerca apresentada na Figura 23 possui alturas variáveis, reve-

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lando e escondendo elementos conforme o percurso ou a posição do observador. Isso incita a curiosidade do mesmo e configura um desafio no ambiente.

Figura 23. cerca que delimita o Water Playground

Fonte: http://www.contemporist.com/2012/02/04/water-playground-by-rs/ (Último acesso em março de 2012)

Do mesmo modo, o banco apresentado na Figura 24 direciona o observador e configura espaços de modo não rígido ou agressivo, suavizando o passeio e determi-nando os fluxos.

Figura 24. Banco presente no Water Playground

Fonte: http://www.contemporist.com/2012/02/04/water-playground-by-rs/ (Último acesso em março

de 2012)

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3.1.5. The molecule seating system

O designer Davide Tonizo projetou o molecule seating system, um banco modu-lar de disposição variável (ver Figura 25), para a empresa canadense Arconas. A forma rígida dos bancos convencionais foi contrastada com a forma flexível de elementos simples, o que faz com que esta alternativa suporte atividades tanto de trabalho, como de descanso. O arranjo do banco é variável, moldando seu tamanho e função conforme o ambiente e os usuários. Isso possibilita a territorialidade, e aproxima os usuários do ambiente no qual eles se inserem. O banco poderia ser usado na Creche nos espaços de uso tanto de adultos, como de crianças, bem como nas áreas multiuso, tendo em vista sua possibilidade de atender diversos usuários e atividades.

Figura 25. The molecule seating systemFonte: http://www.contemporist.com/2009/12/11/the-molecule-seating-system-by-davide-tonizzo/

(Último acesso em março de 2012)

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3.1.6. Escultura Sonora “Peixe”, Florianópolis

A escultura sonora apresentada na Figura 26 foi feita em 2007 pelo artista Fer-nando Sardo, e localiza-se no Parque Horto Florestal do Bairro Córrego Grandede, em Florianópolis. A obra foi doada à cidade pelo projeto TIM Música nas Escolas, e é um bom exemplo de equipamentos que permitem a interação das crianças, e estimulam outros sentidos, como a audição. A escultura se torna um atrativo no local onde se in-sere, ajudando na orientação das pessoas que se movem entorno dela. Equipamentos deste tipo poderiam ser inseridos nos pátios da Creche, inclusive nas áreas de espera. Observa-se que este tipo de elemento pode ser construído dentro da própria esco-la, valendo-se de recursos como tampinhas de garrafa, latas, papeis, etc, entretanto, deve-se atentar para sua localização, tendo em vista que a produção de ruídos nem sempre é agradável. Recomenda-se a localização de esculturas sonoras longe das salas de aula, biblioteca, e coordenação

Figura 26. Escultura Sonora “Peixe”, em FlorianópolisFonte: Acervo Próprio

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3.1.7. The Bird, Vienna - Austria

O brinquedo apresentado na Figura 27 encontra-se no playground do Palácio Schönb-runn, em Vienna - Austria, e foi desenvolvido pelo especialista em Design de Parques Günter Beltzig. O brinquedo atrai muitas crianças por seu formato de pássaro e pelas sensações que causa na sua experimentação. As crianças sobem até o pássaro esca-lando por meio de cordas e sentam-se dentro do brinquedo, de onde podem ter con-trole sobre as asas do mesmo e assim, movimentar-se. Briquedos como este auxiliam no desenvolvido da autonomia das crianças.

Figura 27. Brinquedo “The Bird”, em Vienna, Austria

Fonte: Acervo Próprio

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3.2 Ambientes Internos

3.2.1. Tellus Nursery School, Estocolmo

A Tellus Nursery School (ver Figura 28) localiza-se em Estocolmo, na Suécia, e foi projetada por Eric Engström. O painel amarelo de madeira que circunda toda a edificação filtra os raios solares

Figura 28. Fachada da Tellus Nursery SchoolFonte: http://zeospot.com/the-unique-building-design-of-tellus-nursery-school-by-tham-videgard-ar-

chitects/ (Último acesso em março de 2012)

Segundo as Figuras 29 e 30, percebe-se que a Creche configura-se em dois pavimentos a partir de um traçado orgânico que facilita a locomoção das crianças e dos educadores em seu interior e configura ambientes dinâmicos, ao contrário da rigi-dez das construções convencionais. Além disso, o formato ondulante permite con-tinuidade não só entre os espaços internos, mas também entre o interior e o exterior, tornando o percurso dentro e fora da edificação curioso e atrativo.

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Figura 29. Planta Baixa do 1º PavimentoFonte: http://zeospot.com/the-unique-building-design-of-tellus-nursery-school-by-tham-videgard-ar-

chitects/ (Último acesso em março de 2012)

Figura 30. Planta Baixa do 2º PavimentoFonte: http://zeospot.com/the-unique-building-design-of-tellus-nursery-school-by-tham-videgard-ar-

chitects/ (Último acesso em março de 2012)

A Figura 30 demonstra que a entrada da Creche é marcada por um recuo no perímetro da edificação, que configura um pátio onde os pais e as crianças podem se encontrar e permanecer.

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Figura 30 – Reentrância orgânica na edificaçãoFonte: http://zeospot.com/the-unique-building-design-of-tellus-nursery-school-by-tham-videgard-ar-

chitects/ (Último acesso em março de 2012)

Ressalta-se ainda a diferença de alturas nas janelas, dispostas de modo dinâmi-co, favorecendo todos os observadores que estejam no interior da Creche, desde os adultos, até as crianças, o que se constata a partir daFigura 31.

Figura 31. Ambiente interno de uma Creche, com diversas janelas em vários níveis

Fonte: http://zeospot.com/the-unique-building-design-of-tellus-nursery-school-by-tham-videgard-ar-

chitects/ (Último acesso em março de 2012)

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3.2.2. Kindergarten 8units Velez Rubio, Espanha

O projeto feito pelo escritório “LosdelDesierto” (ver Figura 32), inserido na ci-dade de Almeria, na Espanha, tem por objetivo auxiliar o desenvolvimento psicomotor, social e mental das crianças. Ao levar em conta a ideia de a Creche ser uma grande casa, na qual as crianças passam a maior parte do seu tempo, o projeto exalta a ne-cessidade de se diversificar os ambientes e criar focos de interesses nos mesmos. As janelas em diversas alturas, e com vidros coloridos reforçam esta ideia, ao fazer uma brincadeira de revelar-esconder o ambiente interior do exterior, e vice-versa. Além disso, estas aberturas diferenciadas dão identidade à Creche. A pintura das paredes, por sua vez, tem a função de demarcar os ambientes. Cada sala é identificada por uma cor, e a altura da pintura na parede demonstra quais espaços são destinados às crianças - nos quais a altura é de 1,30m, altura de visão das crianças -, e quais são mais destinados aos adultos.

Figura 32. Kindergarten 8units Velez RubioFonte:http://www.archdaily.com/129662/kindergarten-8units-velez-rubio-losdeldesierto/ (Acesso em

março de 2012)

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3.2.3. Quarto projetado pela empresa Dearkids

A Figura 33 apresenta um quarto projetado pela empresa italiana Dearkids, que aplica conceitos abordados nas pesquisas sobre a Creche. Além da flexibilidade, presente na transformação dos degraus da escada em gavetas para depósito de mate-riais, as rodinhas na cama permitem a modificação do ambiente alterando a disposição do mobiliário. O nome da criança na parte superior do móvel também favorece a ap-ropriação espacial e a identificação da criança com o ambiente. As cores tem funções tanto atrativas quanto identitárias. A Creche pode incorporar esses preceitos disponibilizando móveis que podem ser rearranjados no espaço, exercitando a flexibilidade do layout e a possibilidade de crianças e professores adequarem os ambientes conforme preferirem. A inscrição com o nome da criança, presente no quarto, é semelhante à identificação visual das salas, que deve ser igualmente clara a fim de facilitar a orientabilidade e identificação visual.

Figura 33. Quarto projetado pela empresa Dearkids

Fonte: http://www.contemporist.com/2010/04/28/the-2010-collection-of-childrens-bedrooms-from-

dearkids/ (Último acesso em março de 2012)

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3.2.4. Quarto de Hospital Psiquiátrico em Berlim

A agência Dan Pearlman projetou este quarto (ver Figura 34) para um Hospital Psiquiátrico em Berlim, na Alemanha, inspirado nas ilusões infantis e nos universos paralelos que as crianças criam para si. O uso de cores, formas variadas, texturas e jo-gos de luz visa a criação de uma atmosfera positiva que permita que a criança se sinta segura não só do ponto de vista físico – exaltado pelas grades e ausência de quinas, por exemplo – quanto psicológico, ao aproximá-la de objetos que respeitam sua escala e garantir que o ambiente seja moldável e flexível, capaz de abrigar suas fantasias. Este ambiente poderia ser reproduzido na Creche, com as modificações necessárias, no salão, por exemplo.

Figura 34. Quarto de Hospital Psiquiátrico em BerlimFonte: http://www.contemporist.com/2010/02/17/the-elise-island-project-by-dan-pearlman/ (Último

acesso em março de 2012)

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3.2.5. Ambiente para Hospital Psiquiátrico em Berlim

A Figura 35 apresenta outro ambiente criado pela agência Dan Pearlman para o hospital psiquiátrico de Berlim. Exalta-se aqui a reprodução do ambiente externo no interno, o que além de motivar a fantasia e permitir que a criança se transporte para outra realidade sem sair do quarto, gera uma atmosfera mais descontraída e incita emoções mais positivas nos pacientes. Este seria um bom exemplo a ser aplicado nas áreas de espera da Creche, por exemplo, permitindo área de descanso para os pais e atrativos para que as crianças permaneçam mais calmas.

Figura 35. Ambiente para Hospital Psiquiátrico em BerlimFonte: http://www.contemporist.com/2010/02/17/the-elise-island-project-by-dan-pearlman/ (Último

acesso em março de 2012)

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3.2.5. The Emmental Stairs

A escada desenhada pela arquiteta Biljana Jovanovic (Figura 36) apresenta um exemplo de como elementos indispensáveis aos ambientes, como escadas, rampas e guarda-corpos, por exemplo, podem assumir-se como barreiras físicas sem, entretan-to, serem barreiras visuais. O desenho diferenciado da escada a torna menos agressiva no ambiente e não prejudica a integração entre os espaços, ampliando-os. Além disso, as aberturas circulares permitem a passagem de luz e de ventilação, sem prejudicar o desempenho térmico do ambiente, e oferecem um ponto de curiosidade que pode ser experimentado pelas crianças não só visualmente, como também através do tato.

Figura 36. The Emmental StairsFonte: http://www.contemporist.com/2011/05/25/emmental-stairs-by-biljana-jovanovic/ (Último

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3.2.6. Micheli Residence

As Figuras 37 e 38 demonstram uma opção de separação de ambientes visual-mente permeável, o que torna a barreira somente física, caracterizando-a como me-nos agressiva e mais integradora. Ela pode ser usada em ambientes que necessitem de segurança, mas não sejam prejudicados por ruídos externos, insolação e ventilação.

Figura 37. Micheli Residence

Fonte: http://www.fazhd.com/blog/micheli-residence-by-simone-micheli (Último acesso em março de 2012)

Figura 38. Micheli ResidenceFonte: http://www.fazhd.com/blog/micheli-residence-by-simone-micheli (Último acesso em março de

2012)

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3.2.7. The mirror triangle

O triângulo tridimensional revestido internamente por espelhos (ver Figura 39) permite a transformação dos ambientes, incita a apropriação espacial, e tem uso flexível, atraindo as crianças por despertar sua curiosidade ao gerar o inusitado. Indica-se seu uso nas áreas de espera, por exemplo.

Figura 39. The mirror triangleFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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3.2.8. The shop game structure

Esta estante (ver Figura 40) foi desenhada para brincadeiras de compra e venda de objetos, porém, mais do que o exercício financeiro, ela possibilita a quebra da rigi-dez do ambiente educacional, geralmente configurado a partir de um traçado ortogo-nal. A estante possui um caráter mais lúdico, e pode ser usada tanto nas salas de aula, como nos depósitos.

Figura 40. The shop game structure

Fonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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3.2.9. Entradas

Assim como as fachadas das edificações, suas entradas também tem a função de atrair ou dispersar usuários. Os elementos apresentados na Figura 41 oferecem op-ções de delimitação de entrada através de barreiras físicas ou jogos de luz que facilitam a orientabilidade e direcionam os usuários.

Figura 41. EntradasFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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3.2.10. Divisórias móveis

A Figura 42 apresenta divisórias móveis que ajudam a delimitar espaços tem-porários com facilidade e praticidade. Estes biombos podem ser utilizados no Salão, servindo de camarim para apresentações, nas salas de aula, criando depósitos e escon-dendo materiais, e até nos pátios, gerando novas configurações espaciais, dependendo da necessidade.

Figura 42. Divisórias móveis

Fonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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3.2.11. Móvel para troca de fraldas

Um dos problemas recorrentes nas Creches são os desconfortos que os profis-sionais sentem pelas atividades repetitivas de agachamento e levantamento de peso. A alternativa apresentada na Figura 43 evita este tipo de fadiga ao permitir que as crianças que já sabem andar subam sozinhas no móvel destinado à troca de fraldas. Isto também estimula a vontade de caminhar e permite que as crianças desenvolvam esta habilidade com a supervisão dos profissionais. Além disso, o móvel destina locais para armazenagem de materiais necessários à atividade em alturas confortáveis para os professores.

Figura 43. Móvel para troca de fraldasFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

3.2.12. The Caspar Children’s Table

Os designers do Grupo Perludi desenharam uma mesa capaz de acompanhar o crescimento das crianças (ver Figura 44). Bastante simples e de fácil armazenagem

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(tendo em vista sua possibilidade de ser desmontada, (o que se verifica na Figura 45), a mesa possui pés coloridos com marcações em diferentes alturas, nas quais se encaix-am os anéis que sustentam a tampa do móvel, permitindo a regulagem de altura. Essa característica faz do móvel bastante flexível, o que torna possível seu uso em qualquer ambiente da Creche, desde as salas de aula, às áreas de espera e ao salão.

Figura 44. The Caspar Children’s TableFonte: http://www.contemporist.com/2010/07/04/caspar-by-perludi/ (Último acesso em março de

2012)

Figura 45. Casper Children’s Table desmontada

Fonte: http://www.contemporist.com/2010/07/04/caspar-by-perludi/ (Último acesso em março de 2012)

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3.2.13. PLAY+SOFT Children’s Furniture by Feelgood Designs

A Companhia britânica Feelgood Designs lançou esta linha de mobiliário para crianças no intuito de criar ambientes vibrantes, flexíveis e seguros para as crianças brincarem e explorarem. A companhia acredita que o design tem importante influên-cia no desenvolvimento das crianças. A maioria do mobiliário desenvolvido possui desenho orgânico, sem as quinas angulosas que representam perigo, uma vez que as crianças podem esbarrar nelas, e é feito de materiais estofados que absorvem impactos, permitindo um desenvolvimento confortável das atividades educacionais em uma Creche, por exemplo. A Figura 46 apresenta um sistema modular que cria espaços para relaxamento, interação e brincadeira. No caso da Creche Waldemar da Silva Filho, poderia ser usado no Berçário, por exemplo.

Figura 46. DUNEFonte: http://www.feelgood-designs.com/products/product/1 (Último acesso em fevereiro de 2012)

As Figuras 47 e 48 consistem em espaços delimitados e protegidos para social-ização das crianças, leitura, descanso e brincadeiras. Este tipo de mobiliário pode estar presente na Sala de Vídeo, nas áreas de espera, no Salão, e nas Salas de Aula de todas as faixas etárias.

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Figura 47. ATOLL

Fonte:http://www.contemporist.com/2008/06/24/playsoft-childrens-furniture-by-feelgood-designs/

(Último acesso em março de 2012)

Figura 48. COCOON

Fonte:http://www.contemporist.com/2008/06/24/playsoft-childrens-furniture-by-feelgood-designs/

(Último acesso em março de 2012)

Os exemplos apresentados nas Figuras 49 e 50 são cadeiras e bancos trans-formáveis e multifuncionais que favorecem a territorialidade, uma vez que podem ser arranjados segundo a necessidade ou interesse de seus usuários. Também podem

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ser usados nas salas de espera, mas recomenda-se seu uso em locais de caráter mais lúdico.

Figura 49. MOLECULE 1Fonte: http://www.feelgood-designs.com/products/product/29 (Útlimo acesso em março de 2012)

Figura 50. MOLECULE 2Fonte: http://www.feelgood-designs.com/products/product/30 (Último acesso em marõ de 2012)

A Companhia ainda oferece as “Play forms”, correspondente à Figuras 51, mobí-lia com propriedades multi-sensoriais, desenhada para inspirar a exploração e a intera-ção. A Imagem m mostra um túnel com abertura no teto e com um recipiente próprio para introduzir nesta abertura flores, ervas e demais elementos que exalem cheiros.

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Pode ser utilizada nos pátios da Creche, por exemplo.

Figura 51. Smell TunnelFonte: http://www.feelgood-designs.com/products/product/52 (Último acesso em março de 2012)

Por fim, apresenta-se um exemplo de mobiliário modular na Figura 52, que mostra blocos capazes de criar composições e paisagens tridimensionais modificáveis, além de estimularem o aprendizado de formas geométricas. Estes blocos também es-timulam a territorialidade e são indicados para os locais de espera e para o Salão da Creche.

Figura 52. Play forms: 3D Blocks

Fonte: http://www.feelgood-designs.com/products/product/88 (Último acesso em março de 2012)

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3.2.3. ATELIER³, por Feelgood Designs

Esta é uma linha que também respeita os preceitos de segurança, não-toxici-dade dos materiais e facilidade de manutenção. A Figura 53 apresenta um arranjo espacial que favorece o aprendizado em Gru-po, contém estantes acessíveis às crianças, favorecendo o uso do mobiliário sem hier-arquização entre professores e alunos – ou adultos e crianças - de modo seguro e con-fortável ergonomicamente, e reservando espaços tanto para os materiais individuais, quanto para os coletivos. Indica-se o uso desta mesa para espaços pequenos, uma vez que, ao permitir a visualização do chão, ela os amplia psicologicamente. A cadeira sor-riso apresentada na Figura 53 pode ser empilhada conforme o detalhe apresentado ao lado quando seu uso for dispensável e a liberação de espaço, necessária, e seu nome se deve ao local de encaixe para a mão, que parece um sorriso.

Figura 53. Sala de Aula

Fonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

As Figuras 54 e 55 apresentam cadeiras de madeira e metal, respectivamente. Sabe-se que a madeira traz benefícios psicológicos, uma vez que os ambientes geral-mente se tornam mais aconchegantes com sua utilização, porém o metal apresenta

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maior durabilidade e manutenção mais fácil. Os dois modelos tem em comum a facili-dade de empilhamento, importantes para facilitar o armazenamento e liberar espaço com facilidade quando necessário.

As plataformas apresentadas na Figura 56, apesar de terem quinas que podem ser perigosas para as crianças, oferecem diversos níveis dentro de uma sala de aula, e possuem uso flexível, assumindo papel de bancos, de local de reunião ou de descando ou mesmo de móvel para depósito, uma vez que possui gavetas capazes de armazenar almofadas, livros, entre outros materiais. As plataformas são pontos de atração dentro das salas, e incitam a curiosidade e exploração das crianças, além de deixarem os pro-fessores mais confortáveis.

Figura 54. Cadeira Bent BeechwoodFonte: http://www.feelgood-designs.com/cata-logue/atelier (Último acesso em março de 2012)

Figura 55. Basic ChairFonte: http://www.feelgood-designs.com/cata-

logue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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Os elementos lúdicos apresentados nas Figuras 57 e 58, além de favorecerem a exploração e a brincadeira, ajudam a desenvolver as habilidades motoras das crianças, bem como seu equilíbrio. Eles ainda podem ser combinados e rearranjados, favorecen-do a identidade e a territorialidade necessárias à apropriação espacial.

Algo pouco explorado nos projetos de interiores para centros de educação in-fantil são os pisos. Entretanto, eles são capazes de apresentar funções igualmente rele

Figura 56. PlataformasFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

Figura 57. Motor Play ElementsFonte:http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

Figura 58. Motor Play ElementsFonte: http://www.feelgood-designs.com/cata-logue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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vantes às apresentadas pelo mobiliário, o que se exemplifica pela Figura 59, que mostra um piso capaz de ajudar no desenvolvimento do equilíbrio nas crianças. Além disso, os pisos apresentados na Figura 60 dinamizam os percursos e são atrativos que evitam acidentes. Eles podem ser usados quando há necessidade de se percorrer grandes dis-tâncias com as crianças, facilitando o controle sobre elas.

Figura 59. Piso de semi-esferasFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

Figura 60. Piso “OOPS” RectangularFonte: http://www.feelgood-designs.com/catalogue/atelier (Último acesso em março de 2012)

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3.2.3. Painéis Retráteis, por Sigma Divisórias

Os painéis retráteis são divisórias móveis que correm em trilhos. Elas são fabri-cadas em diversos materiais, motivos pelo qual integram-se facilmente a diversos tipos de ambientes. Este recurso pode ser empregado em espaços flexíveis, como espaços multiuso ou de privacidade variável, abrigando desde pequenos grupos de pessoas, a um grande número de usuários, e permitindo a realização de atividades diferentes no mesmo espaço. Na Creche, os painéis podem ser utilizados no espaço multiuso, permitindo sua divisão em dois ambientes, ou sua integração total, quando do recolhi-mento dos painéis, e na sala de coordenação, permitindo privacidade ao diretor, sem isolá-lo em uma sala.

Figura 61. Painéis RetráteisFonte: http://sigmadivisorias.com.br/leia_mais.php?alias=divisoria-retratil (Último Acesso em agosto de

2012)

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Capítulo 4

Condicionantes de Projeto

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Nunes, Rebelo e Silva (2011) afirmam que conhecendo-se as necessidades bio-psico-sociais dos usuários, e encontrando-se as variáveis/condicionantes de utilização dos espaços, podem encontrar-se soluções ao nível do desenho. Neste sentido, visan-do a elaboração de um projeto eficaz e coerente com as necessidades de seus usuári-os, apresenta-se, a seguir, diversas condicionantes de projeto levantadas ao longo dos estudos realizados não só na Creche Waldemar da Silva Filho, como durante a etapa de levantamento bibliográfico, abrangendo outros espaços destinados especialmente ao uso de crianças.

4.1 Quadro Específico

As descobertas feitas nas duas pesquisas realizadas na Creche Waldemar da Silva Filho foram reunidas em um Mapa de Descobertas (figura 61), já descrito e apre-sentado na Parte 1.

Além das questões apresentadas, outras condicionantes também devem ser levadas em conta na hora de se propor alterações espaciais. Entre elas, destaca-se: localização geográfica e entorno, orientação em relação ao sol e orientação em relação aos ventos dominantes.

4.1. Condicionantes

4.1.1. Localização Geográfica e Entorno A Creche Waldemar da Silva Filho localiza-se em Florianópolis, capital catari-nense implantada na costa sudeste do Brasil. Esta região é caracterizada pelo clima subtropical úmido, cujo verão costuma ser bastante quente, com temperaturas máxi-mas de 34.8ºC, e cujos invernos são rigorosos, uma vez que as mínimas atingem 1.5ºC. A umidade relativa do ar anual fica entre 60% e 85%, e o índice pluviométrico é consid-erado moderado, ficando entre 500 e 1000 milímetros. Estas considerações interferem no desenho e orientação da edificação que abriga a Creche, uma vez que ela deve de adaptar tanto a temperaturas baixas, quan-

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to a altas, e deve permitir que suas atividades sejam plenamente desenvolvidas inde-pendente das condições do clima. Isto influencia, por exemplo, o dimensionamento e posicionamento de aberturas, as estratégias bioclimáticas adotadas, a configuração da vegetação, o consumo energético para compensar desconfortos, entre outros. Do mesmo modo, considerações acerca do entorno da edificação são igual-mente relevantes. Segundo Mascaró e Mascaró (2010), a permeabilidade e o perfil do terreno, bem como a densidade e o gabarito do entorno influenciam na penetração de ventos e raios solares. Cabe destacar que a vegetação - porte, forma, permeabilidade e idade – também está relacionada a estes fatores. A Imagem 62 apresentada a seguir, facilita a análise do entorno da Creche Waldemar da Silva Filho:

Figura 62. Vias de acordo com ventos

Fonte: Adaptado do Google Maps

A instituição localiza-se no Bairro da Trindade, próximo ao shopping Iguatemi, entre as ruas Avenida Madre Benvenutta, Avenida Prof. Henrique da Silva Fontes - que dá acesso à Beira Mar - e uma rua de ligação entre as avenidas. A imagem representa a hierarquia das vias, sendo a Av. Prof. Henrique da Silva Fontes a via com fluxo mais intenso e tráfego mais rápido. A Av. Madre Benvenuta apresenta fluxo e velocidade me-nos intensos, porém ainda bastante significativos, enquanto a rua de acesso à Creche

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possui o menor fluxo e comporta veículos que trafegam a velocidades menores. Os níveis de ruídos emitidos pelas duas Avenidas pode comprometer o desenvolvimento das atividades na Creche, sendo recomendável um tratamento nas faces sudeste e nordeste da mesma no sentido de diminuir a influência externa dos ruídos. Quanto aos aspectos topográficos e aos elementos vegetais, percebe que o en-torno é bastante plano, não oferecendo barreiras topográficas à incidência de ventos, e que há vegetação de grande porte especialmente no pátio da Creche, que sombreia a edificação e cria um microclima no local. Destaca-se o corredor de palmeiras localizado no terreno ao lado, que emite ruídos não prejudiciais, capazes de dar certa identidade ao local (ver Imagem 63). O gabarito das edificações próximas é relativamente baixo, não ultrapassando quatro pavimentos, o que não interfere na insolação da Creche. Destaca-se, como a maior edificação do entorno, o Shopping Iguatemi. Tendo em vista a localização da Creche em um cruzamento de importantes vias da região, torna-se necessário garantir um acesso seguro aos usuários da instituição sem, entretanto, comprometer o trânsito local. Segundo a Imagem 2, percebe-se que a travessia da Av. Prof Henrique da Silva Fontes ocorre através de uma passarela nas proximidades do shopping Iguatemi e por faixas de pedestres. A travessia da via de ligação entre as duas Avenidas também apresenta acesso fácil a partir de duas faixas de pedestres. A Av. Madre Benvenuta, entretanto, não apresenta opções seguras de cruzamento, apesar de ser o ponto principal de cruzamento, uma vez que corresponde à fachada frontal da Creche. Desta forma, torna-se necessário projetar um cruzamento seguro nesta região, que atenda os quesitos de acessibilidade espacial e não agrida a paisagem, deixando visível a entrada da Creche.

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Figura 63. Cruzamentos de Pedestres

Fonte: Adaptado do Google Maps

4.1.2. Orientação em relação ao sol:

O sol influencia as edificações de diversas maneiras que variam desde questões térmicas, a questões de iluminação e assepsia dos ambientes. Um projeto que leva em conta a orientação em relação ao sol é capaz de reduzir os gastos de energia com ilumi-nação artificial e de garantir ambientes mais salubres e saudáveis, ao permitir a entrada de sol durante algumas horas do dia. Além disso, o sol também influencia a vegetação que circunda a edificação. Se-gundo Mascaró e Mascaró (2010), enquanto plantas de porte normalmente precisam de insolação direta, arbustos e forrações podem precisar de sombra plena ou meia-sombra. Entretanto, toda planta necessita de luz natural, mesmo que indiretamente, para se desenvolver de modo saudável. No que tange o aspecto de ganhos térmicos, destaca-se que ambientes que recebem insolação direta, especialmente no período da tarde, tendem a ser mais desconfortáveis termicamente no verão. Ao mesmo tempo, ambientes que recebem

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pouca insolação no inverno podem tornar-se frios e úmidos, tendo em vista o clima subtropical úmido de Florianópolis. Conforme levantado na pesquisa “Análise da re-lação entre Ambiente e Usuário na Creche Waldemar da Silva Filho”, o desconforto térmico tem relação direta com o bem-estar e, consequentemente, com o rendimento dos alunos e dos professores durante as aulas. Desta forma, é necessário distribuir os ambientes de acordo com períodos e tempo de permanência, e de acordo com a orientação solar. Caso os ambientes sejam desconfortáveis termicamente pela má ori-entação solar, faz-se necessário, na maioria das vezes, o condicionamento de ar, o que exige espaços fechados e acarreta maior gasto de energia elétrica. A Figura 64 apresenta a orientação da Creche em relação à insolação, desta-cando que a face oeste recebe insolação direta à tarde e é, nas áreas não protegidas por vegetação, mais desconfortável termicamente, enquanto a face leste recebe in-solação direta apenas pela manhã, apresentando temperaturas mais amenas. A área em amarelo não recebe insolação direta, o que pode amenizar a temperatura, porém pode prejudicar o ambiente pela falta de luz natural, que, conforme dito, interfere na assepsia dos espaços. Desta forma, dependendo da época do ano, do caráter do ambi-ente, e das atividades realizadas nos mesmos, a insolação pode ser desejada ou não. Neste sentido, destacam-se como diretrizes de projeto relacionadas à insolação: • Locar áreas de menor permanência na face oeste, evitando salas de aula nes-ta região, com exceção das áreas protegidas por vegetação; • Garantir o máximo de iluminação natural possível, reduzindo os gastos com iluminação artificial e garantindo a salubridade dos ambientes; • Favorecer a vegetação já existente, garantindo incidência solar; • Assegurar o bom desenvolvimento da vegetação introduzida no local, asse-gurando que as exigências de insolação direta, meia-sombra ou plena sombra serão obedecidas; • Quando não se puder evitar a insolação direta nos ambientes, elaborar pro-teções - especialmente com espécies vegetais - capazes de amenizar o desconforto térmico; • Garantir insolação dos locais de recreio infantil pelo menos 4 horas durante o período frio (MASCARó; MASCARó, 2010). Pode-se utilizar vegetação caduca, a fim de se oferecer sombreamento no verão e insolação no inverno; • Garantir a insolação das fachadas norte, leste e oeste pelo menos durante

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duas horas no inverno (MASCARó; MASCARó, 2010); • Garantir que os ambientes sejam confortáveis durante todas as estações, valendo-se de combinações com vento e vegetação para amenizar possíveis desconfor-tos em determinadas épocas do ano;

Figura 64. Esquema da orientação da Creche Waldemar da Silva Filho em relação à insolação

4.1.3. Orientação em relação aos ventos dominantes Os ventos tem forte influência nas sensações de conforto térmico, podendo acentuar desconforto por frio quando em demasia e por calor quando não há ventilação cruzada, ou atenuar desconforto por calor através das trocas térmicas por convecção. Além disso, os ventos ainda se relacionam à produção de ruídos, renovação do ar – im-portante nas questões relacionadas à higiene -, transporte de partículas e aos níveis de umidade relativa do ar, podendo amenizá-la quando sua velocidade é superior a 1,5m/s (MASCARó; MASCARó, 2010). Na creche Waldemar da Silva Filho, as portas da maioria dos ambientes ficam abertas durante a maior parte do tempo, permitindo a ventilação

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cruzada, entretanto, há momentos em que esta pode ser prejudicial para a acústica dos ambientes. Sendo assim, há momentos em que a circulação de ar é necessária, e há mo-mentos em que a mesma pode ser prejudicial. Para desenvolver um projeto levando em conta a orientação da edificação em relação aos ventos, é necessário saber quais são os ventos dominantes na região de estudo. No caso de Florianópolis, destacam-se os ventos norte, predominante, e sul, que apesar de ser menos frequente, possui grande velocidade. A Figura 65, a seguir, elaborada pelo Laboratório de Conforto Am-biental do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, explicita a frequencia de incidência dos ventos conforme a orientação geográfica e a estação do ano.

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Figura 65. Ventos predominantes em Florianópolis conforme as estações do ano.

Fonte: http://www.labcon.ufsc.br/anexosg/123.pdf)

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A partir disso, estabelece-se como condicionantes de projeto relacionadas aos ventos os seguintes itens: • Permitir a circulação de ar nas áreas onde há atividade física mais in-tensa, já que as mesmas favorecem o desconforto por calor; • Permitir a ventilação cruzada nas estações mais quentes do ano uma vez que, segundo a Figura 66, esta estratégia é responsável por atenuar grande parte do desconforto térmico no verão em Florianópolis;

Figura 66. Adaptação do programa Analysis Bio 2.1.5.

A figura 66 representa gráfico adaptado do programa Analysis Bio 2.1.5, desenvolvi-do pelo Laboratório de Eficiência Energética do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. O programa utiliza dados de normais climatológicas das cidades para gerar o gráfico no qual os pontos amarelos correspondem às temperaturas registradas por dia e as zonas destacadas correspondem às estratégias bioclimáticas capazes de amenizá-

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• Permitir a renovação do ar ao longo de todo o ano; • Priorizar locais de maior permanência, como as salas de aula, garantindo o maior período de conforto possível;• Evitar grandes velocidades de vento ao longo de todo o ano;• Evitar vegetação ou equipamentos que possam causar ruídos quando em contato com o vento próximo das salas de aula;• Explorar os ruídos causados pelo vento como forma de facilitar a orientação dos usuários, desde que o mesmo não prejudique atividades desenvolvidas em seu entorno imediato;• Permitir o controle dos níveis de ventilação por parte dos usuários, uma vez que cada indivíduo percebe o ambiente de modo diferente e para garantir a máxima eficiência nas diversas estações do ano;• Facilitar a circulação do vento norte, que, segundo a Figura 65, é o vento predomi-nante em Florianópolis e ameniza as altas temperaturas do verão;• Evitar a penetração do vento sul, que, apesar de sazonal, é forte, sendo capaz de pro-vocar desconforto por sua grande velocidade, por ruídos, e por frio;• Locar áreas de menor permanência na face sul - com exceção da cozinha - ou esta-belecer aberturas menores nesta fachada, que está sujeita a maior desonforto por frio, segundo exposto na Figura 67;• Locar áreas de maior permanência na face norte, sujeita a menor desconforto por frio, segundo exposto na Figura 67;

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Figura 67. Esquema de ventos predominantes em relação à Creche e áreas

termicamente confortáveis e desconfortáveis em relação aos ventos

Os recursos utilizados em nível de projeto para atender às condicionantes apre-sentadas serão expostos nos capítulos 5 e 6.

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4.2 Quadro Geral

Segundo o exposto no capítulo anterior, projetos destinados a crianças configu-ram-se como grandes desafios. Nenhum cliente é tão dinâmico e possui necessidades espaciais tão peculiares quanto elas. Neste sentido, apresenta-se a seguir uma série de condicionantes listadas a partir das necessidades observadas em relação aos espaços internos e externos dos Centros de Educação Infantil em geral:

• Respeitar os fatores naturais - solo, água, clima e paisagem – no processo de planeja-mento;• Respeitar os fatores sociais - sócio-econômicos, culturais e psicológicos - no processo de planejamento;• Atentar para que a área de circulação não ultrapasse 1/3 da área total (SILVÉRIO, 20--);• Disponibilizar caminhos principais que liguem diretamente pontos de interesse;• Durante o período quente, limitar a incidência de sol em pelo menos 2/3 da área de passeio e de recreação infantil (MASCARó E MASCARó)• Durante o período frio, garantir insolação dos locais de recreio infantil pelo menos 4 horas e garantir a insolação das fachadas norte, leste e oeste pelo menos durante duas horas, preferencialmente quando o sol está próximo ao meio dia (últimas horas da manhã e primeiras da tarde) que corresponde à sua máxima intensidade de radiação;• Permitir a relação entre criança e natureza;• Manter a maior quantidade possível de vegetação já existente;• Oferecer variedade de vegetação e revestimentos;• Evitar plantas tóxicas;• Garantir insolação adequada à vegetação (plantas de porte normalmente precisam de insolação direta, porém, arbustos e forrações podem precisar de sombra plena ou meia sombra);• Minimizar a necessidade de manutenção do jardim;• Garantir o acesso de equipamentos de manutenção;• Localizar a vegetação priorizando o usuário, sua facilidade de movimentação, aces-sibilidade, conforto e segurança;• Explorar os sentidos através da vegetação e materiais, e permitir o uso para crianças com limitações sensoriais de modo não agressivo para as demais;

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• Fornecer referenciais não só visuais para orientação;• Localizar a vegetação em locais adjacentes às áreas destinadas às crianças;• Localizar a vegetação em áreas visíveis ao público externo, como entradas e locais de espera, a fim de se reforçar o caráter convidativo da instituição;• Compatibilizar a vegetação com a estrutura da Creche evitando, por exemplo, espé-cies caducifólias próximo às calhas;• Destinar espaço não só aéreo como também subterrâneo para o desenvolvimento da vegetação, distanciando as árvores a, no mínimo, 7 m;• Contrastar portes e cores de vegetação no intuito de tornar nítidos os percursos, atendendo a quesitos de acessibilidade; • Criar continuidade entre espaço natural e construído através da combinação de soluções ambientais, arquitetônicas e urbanas;• Verificar as condições de segurança, garantindo entradas controladas e locais de vigia constante;• Tornar as soluções sustentáveis legíveis para as crianças; • Permitir liberdade e disponibilizar equipamentos lúdicos para as crianças;• Proteger áreas de acesso e permanência da chuva;• Garantir que o acesso seja acolhedor e atrativo para as crianças e seus familiares;• Garantir o acesso à ambulâncias, em caso de emergências;• Garantir evacuação rápida da edificação através das rotas de fuga em caso de emergências;• Estabelecer variedade de espaços/configurações espaciais, ou seja, variar os níveis de privacidade dos espaços, uma vez queas necessidades sociais e psicológicas das crianças estão em constante mudança; • Destinar locais para eventos/apresentações; • Projetar espaços multifuncionais; • Distribuir elementos/espaços desafiadores;• Garantir a manipulação dos ambientes por parte das crianças, permitindo o exercício da territorialidade;• Dimensionar e disponibilizar depósitos perto das áreas de atividades;• Permitir e incentivar atividades lúdicas.

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Capítulo 5

Projeto Arquitetônico

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Como a edificação que abriga a Creche já existe e contém qualidades significati-vas, o projeto arquitetônico apresenta adaptações espaciais que levam em conta, além das condicionantes citadas anteriormente, a conciliação entre melhoria da qualidade dos ambientes e dimensão das alterações. Evitou-se realizar modificações estruturais, bem como implementar estratégias muito custosas, visando a aplicação menos ide-alista e mais prática dos preceitos apreendidos durante as etapas de pesquisa.

A Figura 68 corresponde à configuração original da edificação, com base na qual foram propostas as alterações, a Figura 24 apresenta a planta de remover e con-struir, expondo as alterações realizadas em relação à edificação existente, e a Figura 25 apresenta, por fim, a nova planta proposta.

Figura 68. Planta Baixa atual da Creche Waldemar da Silva Filho

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Figura 69. Planta Obra Civil: Remover e Construir

Escala 1/500

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Figura 70. Planta Baixa Humanizada propostaEscala 1/500

As alterações serão explicadas separadamente de acordo com zonas demarca-das na Figura 71, a fim de se facilitar a explicação, tendo em vista a grande dimensão da edificação.

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Figura 71. Zoneamento sobre a planta atual da Creche para ex-plicação das alterações propostas de alteração

Zona 1Portão de Acesso

Problemas:• Falta de Segurança

Propostas de Solução:• Manutenção de acionamento com inter-fone a partir da secretaria com garantia de fechamento efetivo do mecanismo.

Figura 74. Situação Atual Acesso Principal

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Zona 2Secretaria e Depósito

Problemas:• Posicionamento, uma vez que barram o eixo visual do observador no acesso;• Falta de integração, já que estão isolados do corpo da edificação;• Subdimensionamento da Secretaria;

Propostas de Solução:• Reforço do eixo visual através do aumento da largura do acesso ao pátio e demolição da secretaria (ambiente 06) e do depósito (ambiente 34);• Realocação da secretaria mais próximo da entrada, onde a visibilidade do acesso é melhor, favorecendo a orientação dos usuários;• Realocação do depósito para o local onde hoje está a sala de vídeo, ampliando-o e reservando espaço também para armários privativos para professores e funcionários;

Figura 75. Secretaria: Restrição do Espaço Figura 76. Falta de Integração

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Ilustração da PropostaSituação Proposta: Integração da Secretaria com a instituição

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Salão e Churrasqueira

Problemas:• Subutilização;• Desorientação;

Propostas de Solução:• Recuo da parede frontal e da parede posterior do salão (ambiente 04), possibilitada pela demolição da churrasqueira (ambiente 05), criando um eixo visual que interliga as salas de aula do lado oeste e do lado leste. Configura-se um espaço multifuncional, que se abre para o exterior através de um deque e que se contrai ou se expande con-forme a necessidade de uso, a partir de painéis deslizantes. Quando fechados, estes painéis definem uma sala de vídeo mais espaçosa, capaz de comportar maior número de usuários;• O deque citado se destina também à área de lazer para os professores;• Em dias de chuva, o salão funciona como pátio coberto.

Figura 77. Situação Atual Salão

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Ilustração

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Zona 3Banheiros

Problemas:• Subutilização

Propostas de Solução:• Diminuição da área, sendo mantido o banheiro es-pecial (ambiente 09), dividido o banheiro feminino (ambiente 10) para uso de ambos os sexos removido o banheiro masculino (ambiente 08) para implanta-ção da secretaria;

Ilustração da Proposta

Figura 78. Situação Atual BWC

Localização em Planta

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Área de Espera

Problemas:• Dificuldade de circulação por conta da parede que protege a entrada dos banheiros;

Figura 72. Situação Atual Hall e Área de Espera

Propostas de Solução:• Remoção da parede, uma vez que o recuo presente na entrada dos banheiros é sufi-ciente para garantir sua privacidade, a fim de facilitar a circulação e favorecer as rotas de fuga.

Ilustração da Proposta

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Sala dos Professores

Problemas: • Subdimensionamento;

Propostas de Solução:• Ampliação ao juntá-la com o espaço hoje correspon-dente ao depósito (ambiente 11) e à biblioteca. Criação de espaço privativo, para reuniões com familiares e es-critório do diretor, e área coletiva com janelas no nível dos professores para que os mesmos consigam auxiliar no monitoramento das crianças mesmo quando em re-união;• A coordenação também passa a se localizar nesta nova área, e o depósito é transferido para o ambiente adja-cente;

Ilustração da Proposta

Figura 79. Situação Atual Sala Professores

Localização em Planta

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Zona 4Refeitório

Problemas:• Desconforto térmico;• Desconforto ergonômico para os professores.

Propostas de Solução:• Ampliação ao se fundir com o local onde hoje é a cozinha (ambiente 31), o ban-heiro para os funcionários da cozinha (ambiente 32) e a lavanderia (ambiente 33) e au-mento do pé direito no local. Além disso, a janela que dá acesso ao pátio do refeitório não favorece a escala das crianças. Propõe-se a criação de uma janela em fita abaixo da janela hoje presente, garantindo-se visibilidade e ventilação na altura de todos os usuários. • Para se solucionar os problemas ergonômicos, que consistem no tensionamen-to da coluna quando os professores precisam auxiliar as crianças na mesa, curvando-se sobre elas, sugere-se elevar o mobiliário com tapumes de madeira entre os quais os professores possam transitar e servir os alunos em alturas confortáveis, segundo o explicitado na Figura d.• Adicionou-se uma porta que dá acesso ao exterior a partir do Refeitório, o qual se comunica à área do pomar, sendo possível realizar refeições diferenciadas e exaltar,

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durante as mesmas, informações a respeito de sua origem, por exemplo.

Ilustração da Proposta

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Lavanderia e banheiro para funcionários da cozinha

Problemas:• Subdimensionamento;

Propostas de Solução:• Ampliação e abertura para o exterior da lavanderia, protegida por uma parede curva, a fim de que se possa estender as roupas e toalhas lavadas na Creche com a devida privacidade.• Sugere-se que os funcionários da cozinha utilizem o banheiro da zona 3, tendo em vista sua proximidade da área e a pouca freqüência de uso.

Comentários:• Sugere-se que não só o Refeitório, como as salas de aula, pátios e demais ambien-tes que exigem trabalho intenso dos profissionais conte com bancos altos: mobiliário simples destinado exclusivamente a adultos que consiste em um local de apoio para descanso para os professores. (Ver Apêndices)

Ilustração da Proposta

Figura 80. Situação Atual Lavanderia

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Zona 5Salas de aula

Problemas:• Falta de espaço;

Figura 73. Situação Atual Sala de Aula Comum

Propostas de Solução:• Tendo em vista o bom desempenho dos ambientes localizados na zona 5, os ambien-tes 15(Sala G2b), 16 (WC), 17 (Sala G3b), 25 (WC), 26 (Sala G2a) e 27 (Sala G2c), foram mantidos em seus lugares atuais;• A coordenação, realocada junto à sala dos professores na zona 3, deu lugar a uma biblioteca maior;• Além disso, realizou-se uma ampliação na área, que respeita o alinhamento da edifi-cação e abriga duas novas salas de aula e um banheiro compartilhado entre elas.

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Obs.: Os desenhos técnicos do projeto arquitetônico e do mobiliário sugerido são apresenta-dos nos Apêndices.

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Capítulo 6

Projeto Paisagístico

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Conforme dito em capítulos anteriores, o paisagismo aplicado às Creches abriga pátios e jardins. SILVÉRIO classifica os jardins segundo sua complexidade em:• Jardins simples, que são aqueles onde predomina um gramado, complementado por espécies ornamentais mais comuns, sem a presença de elementos sofisticados como estátuas, fontes, pérgolas e sistema de iluminação e irrigação;• Jardins médios, um pouco mais elaborados que os primeiros;• Jardins sofisticados, cuja sofisticação vai desde a escolha de uma espécie de grama mais nobre, espécies nativas e mesmo exóticas mais imponentes, presença de elemen-tos decorativos como fontes e pérgolas, até a opção por um sistema de irrigação au-tomatizado.

O objetivo do projeto paisagístico elaborado para a Creche Waldemar da Siva Filho é criar pátios com jardins médios, que não assumam custos muito elevados, mas que contem com a diversidade necessária para atrair as crianças e dar o devido suporte às atividades educacionais. O planejamento foi elaborado em nível de anteprojeto, en-globando procedimentos mais gerais, como movimento de terra e definição de forra-ção e linhas de concepção, como uso/ zoneamento, criação de microclimas, definição de caminhos . Como não se atinge um nível muito elaborado de detalhamento, se torna necessário, para posterior execução das propostas, a elaboração de um projeto defini-tivo junto a um profissional.

As figuras a seguir demonstram a configuração atual dos pátios da Creche (Fig-ura 81) e a configuração proposta (Figura 82), enquanto a Figura 83 demonstra a veg-etação atualmente presente no terreno e mantida na proposta de alteração.

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Figura 81. Planta baixa atual dos pátios da CWSF

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Figura 82. Proposta realizada para o espaço externo da CWSF

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Figura 83. Vegetação mantida na proposta

O projeto paisagístico é apresentado aqui da mesma forma que o arquitetônico,a partir da divisão em zonas (Ver a seguir figura 84), e de ilustrações complementares. (Conferir os Apêndices também).

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Figura 84. Zoneamento dos pátios para explicação das alterações

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Zona 1Via circundante

Problemas:• Nível de ruído por conta do tráfego in-tenso• Cruzamento perigoso*

Propostas de Solução:• Trabalho com vegetação densa bar-rando ruídos no nível do pedestre;• Faixa de segurança com semáforo na Av. Madre Benvenuta;

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Percurso de Acesso

Problemas:• Falta de identidade visual;• Exposição à chuva.

Propostas de Solução:• Trabalho com vegetação arbustiva colorida ao longo do percurso e com pergolado com trepadeira caduca para proteger da chuva e do sol de verão. • O percurso foi desenhado com traçado orgânico para enfatizar o caminhar da criança, que é explorador e es-pontâneo, enquanto o dos adultos costuma ser em linha reta. Entretanto, o percurso em linha reta é possibilita-do e tem, no mínimo, 1,30m de largura, tendo em vista quesitos de acessibilidade.

Ilustração da Proposta

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Figura 85. Situação Atual Entrada

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Acesso Principal

Problemas:• Rigidez

Propostas de Solução:• Inserção de elementos naturais que mesclem espaços interiores e exteriores a fim de se fazer uma transição mais agradável entre os mesmos.

Zona 2Pátio

Problemas:• Subutilização

Propostas de Solução:• Criação de área de espera para pais e funcionári-os. Trabalhou-se o paisagismo nesta área incluin-do-se herbáceas que exalam odores, a fim de gerar identidade não só visual, mas também olfativa para a instituição, favorecendo a maior quantidade de sentidos possível. A área é sombreada e foi trab-alhada para conferir aos pais conforto visual.• Próximo a área de acesso, criou-se um novo pa-ra-ciclo, valendo-se da iniciativa da Creche que im-plantou um pequeno para-ciclo de metal próximo à entrada da edificação. Destinou-se uma área maior ao para-ciclo, que é circundado por vegetação ca-paz de barrar o acesso das bicicletas ao pátio e de contribuir como gerador de identidade espacial;Ilustração da Proposta

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Zona 3Pátio

Problemas:• Subutilização

Propostas de Solução:• Reforçar o caráter de pomar da área, incluindo mais algumas espécies frutíferas, além das pre-sentes. Esta área dialoga com a horta presente na zona 4.• Buscou-se estimular seu uso tanto pelos pais quando estão na área de espera da zona 2, quan-to pelos alunos quando estão no refeitório, for-necendo a possibilidade de se fazer refeições ao

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Figura 87. Situação Pátio Refeitório

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ar livre através de uma porta ampla que faz a comunicação entre o interior e o exterior do ambiente.

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Entrada de Veículos

Problemas:• Dificuldade de acesso

Propostas de Solução:• Automatizar o sistema de abertura e fechamento do portão, que hoje é feito manu-almente, através de cadeados;• Liberar um eixo de circulação que garanta o acesso de veículos (como ambulâncias) à face leste da edificação, afastando brinquedos e vegetação dos pátios à frente;• Recuar a entrada de veículos do alinhamento da edificação, para facilitar sua visual-ização e evitar a obstrução da calçada;

Ilustração da Proposta

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Figura 88. Situação Atual Estacionamento

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Zona 4Pátios

Problemas:• Segregação;• Aridez do piso;

Propostas de Solução:• Manutenção da horta;• Conexão com o pomar;• Evitar a transição entre pátios de forma rígida. No lugar de cercas, utilizar vegetação arbustiva alta que barre a visão na altura da criança, fazendo com que a não ultrapassa-gem daquele limite seja uma atitude mais intuitiva.

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Figura 89. Situação Atual Pátios

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Zona 5Passagem

Problemas:• Espaço residual não utilizado;

Propostas de Solução:• Permitir a passagem, mas desestimulá-la por meio de vegetação pouco atrativa, como uma forração não pisoteável, deixando apenas livre para percurso o piso de madeira cortado em círculos. Ao mesmo tempo, esse é um local que gera curiosidade e pode ser explorado pelos professores.

lustração da Proposta

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vegetação não pisoteável

vegetação não pisoteável

piso de madeira

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Zona 6Pátio

Problemas:• Ausência de equipamentos;• Subutilização;• Segregação rígida;

Propostas de Solução:• Dotar o espaço de equipamentos;• Substituir a cerca por vegetação que iniba a passagem das crianças, constituindo-se como barreira menos agressiva;

lustração da proposta

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Figura 90. Situal Atual Pátio

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Zona 7Pátio Principal

Problemas:• Aridez do solo;• Desníveis;• Dificuldade de setorização das atividades;

Propostas de Solução:• Eliminação dos desníveis localizados na face noroeste;• Vegetação mais densa nas áreas de fron-teira com outros pátios, inibindo a passa-gem;• Criação de área de estar sombreada para os professores e pais;• Utilização de pisos diferentes: um para a região central do patio, onde se propõe o desenvolvimento das brincadeiras que en-volvam corridas e interação em grupos, e outro com caráter de passagem, conforman-do um percurso entre a vegetação agradável tanto às crianças quanto aos pais e aos fun-cionários.

Figura 91. Situação Atual Parque Principal

Ilustração da proposta

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Zona 8Passagem

Problemas:• Subutilização;• Espaço pouco convidativo;

Propostas de Solução:• Valer-se do caráter mais reservado do local para criar um enclave onde se possa exercitar a privacidade, dotando o espaço de mobiliário e vegetação mais acolhedora;. A vegetação ainda pode exalar odor caractrístico, dando identidade ao local.

lustração da Proposta

Figura 92. Situação Atu-al Espaços Residuais

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Zona 9Pátio

Problemas:• Segregação;• Subutilização;• Grande distância em relação às salas de aula;

Propostas de Solução:• Transferência das turmas que usam este pátio para uma região do pátio principal;• Integração do pátio com o acesso, a partir da criação de um espaço de exposições;• Parte do espaço do pátio será uma extensão do salão em formato de deque, que poderá ser apropriado tambem pelos professores, além de servir de espaço para apresentações ao ar livre. O Pátio da zona 9 constitui-se, assim como o salão, em um espaço multiuso.

lustração da Proposta

Figura 93. Situação Atual - cercas divisórias

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Capítulo 7

Considerações Finais

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A relevância da atividade educacional é inquestionável em qualquer época da vida, especialmente na infância, quando se inicia a formação cidadã. Entretanto, os ambientes educacionais são, por vezes, pouco especializados a nível espacial e care-cem de alterações capazes de otimizar a relação entre ambiente, usuário e tarefa. A ex-tensão realizada na Creche Waldemar da Silva Filho baseou-se em outras duas pesqui-sas anteriormente citadas, e, considerando as diversas influências espaciais capazes de imprimir qualidade às atividades desenvolvidas em ambientes internos ou externos da Instituição, demonstrou a aplicabilidade dos estudos acadêmicos, desenvolvendo propostas de alteração espacial a partir de uma Análise Pós Ocupação. Percebe-se, portanto, que a compreensão da complexidade de fatores envolvi-dos nas variadas relações encontradas numa instituição de ensino infantil é fundamen-tal para a concepção de ambientes que atendam as especificidades de seus usuários, e permitam o pleno desenvolvimento de suas atividades. A aprofundada avaliação re-alizada na Creche Waldemar da Silva Filho resultou em alterações capazes de otimizar a relação dos usuários com o espaço e, portanto, melhorar o exercício da atividade educacional. Cabe ressaltar que as adaptações espaciais esboçada não só são capazes de melhorar esta instituição, mas de incrementar a qualidade de projeto de novos centros de educação infantil, constituindo referências e recomendações de aplicação generalizada. Nesses termos, a arquitetura extrapolou seu caráter meramente funcional ou estético, e revelou sua multidisciplinaridade, reunindo estudos de Acessibilidade, Er-gonomia e Psicologia Ambiental em um ante-projeto responsável e exequível. Assim, a produção realizada dentro da Universidade atingiu a comunidade caracterizando-se não como assistencialismo prepotente e descomprometido, mas como uma verda-deira extensão de conhecimentos que se alimentaram mutuamente e permitiram o crescimento conjunto de todas as partes envolvidas. O estudo ainda está servindo de suporte na busca por verbas que permitam a execução das melhorias e iniciem uma nova concepção de projetos de ambientes de educação infantil a nível municipal. A instituição avaliada está bastante engajada no processo e a prefeitura municipal se mostra acessível às propostas, o que explicita o reconhecimento do trabalho e a valorização do mesmo frente ao tema que abrange. Entretanto, independente da execução das alterações propostas sabe-se que uma vasta reflexão sobre o papel da arquitetura e sobre a filosofia de ensino presente na sociedade atual se deu, o que demonstra a relevância do trabalho realizado e motiva

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o desenvolvimento de outros, reafirmando os estudos acadêmicos como métodos in-comparáveis na formação de profissionais comprometidos e cientes de seu papel no contexto em que se inserem. Além disso, a Creche Anjo da Guarda, também perten-cente à rede Municipal de Florianópolis, já procurou o Grupo a fim de melhorar seu pátio, demandando um projeto para tal ambiente. Isto demonstra o reconhecimento, a credibilidade e o respeito que o PET vem assumindo junto à comunidade a partir dos trabalhos que desenvolve.

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Referências Bibliograficas

Capítulo 8

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Apêndices

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sApêndice 1: Ficha de Walkthrough

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Apêndice 2: Questionários

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sApêndice 3: Poema dos Desejos

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Apêndice 4: Mapa de Descobertas

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sApêndice 4: Mapa de Descobertas

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Apêndice 5: Desenho Técnico de mobiliários pro-postos

• Banco alto para o Refeitório e demais ambientes que necessitem de áreas de descanso para os professores

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• Móvel para troca de fraldas

Vista frontal

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• Tapume de elevação para as mesas do refeitório

Vista 1

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Apêndice 6: Planta baixa Remover e Construir

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Apêndice 7: Planta baixa Layout Proposto

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Apêndice 8: Planta baixa Paisagismo Proposto

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sArtigos Apresentados em Eventos Científicos

a. SBQPSimpósio Brasileiro de Qualidade de Projetos

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b. ENEACIII Encontro Nacional de Ergonomia do Ambiente Construído e IV Seminário Brasileiro de Acessilidade Integral

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c. IEA18th World Congress on ErgonomicsInternational Ergonomics Association

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d. Revista Ação ErgonômicaRevista de características multidisciplinares destinada a difundir os trabalhos científicos e técnicos em Ergonomia.

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Banners apresentados em Eventos Científicos

a. SePExSemana de Ensino, Pesquisa e Extensão UFSC

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b. SBQPSociedade Brasileira para o Progresso da Ciência