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__________________________________________________________________________________________ 1 Análise da Qualificação da Micro e Pequena Empresa para a Sustentabilidade Daiana Paulina da Luz Censi Leripio 1 Anete Alberton 2 Alexandre de Avila Leripio 3 Resumo: As micro e pequenas empresas (MPEs) enfrentam desafios diários na gestão dos negócios e os mercados demandam garantias do cumprimento de requisitos de sustentabilidade de seus produtos e serviços. A partir deste dilema, foi definido o objetivo deste artigo: propor indicadores e critérios de sustentabilidade para MPEs. Para tanto, foram identificados os principais métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial e determinados os indicadores mais apropriados para as MPEs por meio de uma Matriz de Priorização, a qual avaliou 1539 e priorizou 756 indicadores. Após, uma análise de redundância resultante em 96 indicadores, permitiu a avaliação destes frente a sete bases de dados com enfoque em MPEs. Assim, foi possível inferir que cerca de 52% dos indicadores propostos são considerados “clássicos”, pois já foram coletados em bases de dados sobre MPEs (2001 à 2014). Os demais indicadores consistem em contribuições propostas por esta pesquisa, oriundas das melhores práticas sobre o tema. Palavras-chave: micro e pequena empresa. tripé da sustentabilidade. indicadores de sustentabilidade. desenvolvimento sustentável. 1 Engenheira Ambiental (UNIVALI), Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]. 2 Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Professora no Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]. 3 Doutor em Engenharia de Produção (UFSC). Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]

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Análise da Qualificação da Micro e Pequena Empresa para a

Sustentabilidade

Daiana Paulina da Luz Censi Leripio1 Anete Alberton2

Alexandre de Avila Leripio3

Resumo: As micro e pequenas empresas (MPEs) enfrentam desafios diários na gestão dos negócios e os mercados demandam garantias do cumprimento de requisitos de sustentabilidade de seus produtos e serviços. A partir deste dilema, foi definido o objetivo deste artigo: propor indicadores e critérios de sustentabilidade para MPEs. Para tanto, foram identificados os principais métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial e determinados os indicadores mais apropriados para as MPEs por meio de uma Matriz de Priorização, a qual avaliou 1539 e priorizou 756 indicadores. Após, uma análise de redundância resultante em 96 indicadores, permitiu a avaliação destes frente a sete bases de dados com enfoque em MPEs. Assim, foi possível inferir que cerca de 52% dos indicadores propostos são considerados “clássicos”, pois já foram coletados em bases de dados sobre MPEs (2001 à 2014). Os demais indicadores consistem em contribuições propostas por esta pesquisa, oriundas das melhores práticas sobre o tema. Palavras-chave: micro e pequena empresa. tripé da sustentabilidade. indicadores de sustentabilidade. desenvolvimento sustentável.

1 Engenheira Ambiental (UNIVALI), Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Administração na

Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]. 2 Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Professora no Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]. 3 Doutor em Engenharia de Produção (UFSC). Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Email: [email protected]

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1 Introdução As micro e pequenas empresas (MPEs) necessitam constantemente de novas

estratégias para garantir a perenidade dos seus negócios, devido a entrada de novos concorrentes no mercado, às pressões exercidas pela legislação e dos próprios consumidores. Os desafios são expressivos, as políticas públicas brasileiras destinadas às MPEs, por exemplo, são fundamentadas basicamente na liberação de crédito para os empresários e não estão atreladas ao desenvolvimento de programas de instrução para a utilização mais adequada dos financiamentos.

Independentemente da relevância das MPEs para a economia do país, o índice de mortalidade (com base no período de 2007 a 2010) no Brasil é de 24,4% para empresas com até dois anos de existência, evidenciando que a perenidade nos negócios é um desafio e que o ciclo de vida das MPEs ainda é curto apesar de já ter havido um incremento durante esses anos (GRAPEGGIA et al. 2011; SEBRAE, 2013).

Nesse contexto a sustentabilidade se configura como uma estratégia de competitividade e sobrevivência para as MPEs, pois aborda táticas de gerenciamento de riscos, contemplando aspectos econômicos, sociais e ambientais dos negócios analisados sob a ótica de suas interações, alinhados com o estado atual dos ecossistemas em que estão inseridos, bem como a incerteza dos mercados em que atuam (SMERALDI, 2009; ANDERIES et al., 2013; WU; OLSON; BIRGE, 2013). Afora da importância da sustentabilidade, segundo Condon (2004), a maioria das MPEs não possui estrutura suficiente para monitorar seus múltiplos aspectos, pois ainda há uma percepção talvez errônea desta, muitas vezes associada às pressões dos órgãos ambientais públicos e a necessidade de grandes investimentos.

Uma das formas de operacionalizar a sustentabilidade é por meio da pesquisa e aplicação de sistemas de indicadores. Diversos modelos de avaliação da sustentabilidade já foram desenvolvidos com o intuito de sensibilizar e contribuir com melhorias nos processos produtivos no âmbito do tripple bottom line, contudo, observa-se um desafio porque estes não foram construídos especificamente para MPEs. A literatura apresenta um foco nítido na discussão do empreendedorismo e sustentabilidade de empresas de grande porte, com edições especiais sobre a temática (JENKINS, 2004, 2006; FULLER; TIAN, 2006; PERRINI, 2006; WILLIAMSON; LYNCH-WOOD; RAMSAY, 2006; PERRINI; RUSSO; TENCATI, 2007; BAUMANN-PAULY et al. 2013). Assim o objetivo deste trabalho é propor indicadores e critérios de sustentabilidade para micro e pequenas empresas (MPEs).

Searcy (2012) realizou uma revisão da literatura sobre sistemas de medição de desempenho em sustentabilidade corporativa para a definição de lacunas de pesquisa nessa temática e dentre as mencionadas pelo autor encontra-se a importância em elaborar os ajustes necessários nos sistemas de medição para que pequenas, médias e grandes empresas alcancem requisitos de sustentabilidade, em consonância com o objetivo deste deste trabalho. Sartori e Campos (2014) realizaram igualmente uma revisão bibliográfica sobre as ferramentas dedicadas a avaliação da sustentabilidade e a sua importância para a compreensão e maior transparência nas relações entre os aspectos que regem essas relações. Dentre as conclusões das autoras, encontra-se a necessidade de estudos sobre a evolução dos métodos de avaliação e a aplicação destes em contextos específicos, públicos e privados. Portanto, com a composição de um conjunto de métricas de sustentabilidade adequadas ao contexto das MPEs pretende-se colaborar com o aprofundamento na pesquisa científica e na gestão empresarial.

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A importância da temática como contribuição social é ainda mais relevante quando citados os desafios enfrentados pelos micro e pequenos empresários para sobreviverem em uma economia com altas cargas tributárias, como a brasileira. Segundo Farias e Teixeira (2002) a limitação de recursos financeiros e principalmente a carência de tempo em função do empresário geralmente ser o único responsável pela gestão de todos os aspectos do negócio, impede que este se dedique a outras dimensões da sustentabilidade, como a social e a ambiental. Silva (2005) cita ainda no âmbito das dificuldades de gestão, que os gerentes em caráter geral, sofrem conflitos entre as relações de trabalho e familiares. Nas MPEs estas interligações estão fortemente associadas, pois geralmente o patriarca é também o empresário, e seus filhos respectivamente seus funcionários (NASCIMENTO et al., 2013). Portanto, novas perspectivas de gerenciamento de micro e pequenas empresas que levem em consideração indicadores sociais, ambientais e econômicos, tendem a explicitar situações de conflito e buscam por meio de programas de gestão transpor tais obstáculos no desenvolvimento das pequenas empresas.

2 Material e Métodos Com o intuito de facilitar a reprodução do trabalho, foi desenvolvido um roteiro

metodológico, apresentado na Figura 1. O roteiro metodológico permite a análise dos objetivos do trabalho e os produtos científicos alcançados em cada etapa de desenvolvimento. Figura 1 - Roteiro Metodológico.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015).

Inicialmente foi realizada pesquisa bibliográfica e documental com o intuito de identificar os métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial mais aderentes à temática do trabalho e relevantes no âmbito da academia e dos mercados. A proposta do trabalho mostrou-se pouco explorada no âmbito acadêmico brasileiro e internacional, conferindo ao

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trabalho um diferencial característico. Como resultado dessa iniciativa foi obtido o Produto Científico 1, em que foram estudados doze métodos sobre sustentabilidade empresarial.

Contudo, os objetivos dos métodos estudados não foram todos compatíveis com o escopo do trabalho. Algumas metodologias, por exemplo, são consolidadas na temática sustentabilidade porém foram desenvolvidas visando grandes corporações. Desta forma, para analisar quais as categorias e indicadores pertencentes as melhores práticas estudadas eram mais adequadas ao objetivo geral do estudo, foi elaborada a Matriz de Priorização baseada nas características das MPEs brasileiras, citada na Figura 1 como Produto Científico 2.

A partir do desenvolvimento da Matriz de Priorização foi possível analisar os indicadores dos métodos estudados e priorizar aqueles adequados para as características das MPEs, formando um conjunto de indicadores.

Posteriormente, foi realizada a Categorização que consiste no encadeamento das relações dos processos de gestão das MPEs, adicionando uma estrutura lógica ao agrupamento dos indicadores. A categorização teve como base o triple bottom line de Elkington (2001) e as categorias e temas abordados nos métodos analisados, dessa forma os indicadores priorizados foram agrupados (Produto Científico 3). Após, foi realizada a análise de redundância dos indicadores, distribuindo os mesmos em indicadores qualitativos e quantitativos, formalizado como Produto Científico 4.

O Produto Científico 5, definido como Banco de Dados sobre MPEs, foi baseado em pesquisas nas homepages de Instituições que desenvolvem estudos específicos sobre MPEs no Brasil. A partir do levantamento dos dados sobre MPEs foi realizada uma comparação com o Produto Científico 4, visando a análise dos indicadores em comum. O propósito desta verificação foi identificar os indicadores já coletados sobre MPEs em outros estudos, ou seja, constatar a aplicabilidade dos indicadores priorizados.

A elaboração Produto Científico 6, considerou o perfil do gestor-proprietário das MPEs (Aspectos Decisionais e Individuais detalhados na Matriz de Priorização do Produto Científico 2), identificado por meio da pesquisa bibliográfica e documental, para a elaboração de breves textos descritivos e instrutivos sobre os indicadores qualitativos e quantitativos que compõem o conjunto de indicadores. O processo de construção dos critérios, contemplou a pesquisa sobre Legislações e Melhores Práticas visando a compreensão, sensibilização e orientação do gestor-proprietário sobre a sustentabilidade.

3 Resultados e Discussão A partir da pesquisa bibliográfica e documental desenvolvida, foram encontradas

características similares e diferenças na análise comparativa apresentada na Tabela 1, caracterizada como Produto Científico 1. Foram estudados os documentos disponibilizados publicamente dos doze métodos de indicadores de sustentabilidade referentes ao âmbito empresarial.

Na Tabela 1 é possível notar que há divergência conceitual sobre as categorias baseadas nas dimensões da sustentabilidade a serem adotadas pelos métodos. Este fator se deve aos enfoques dados de acordo com os objetivos de cada modelo de avaliação. Van Bellen (2005) ressalta que de acordo com a esfera em que se mede a sustentabilidade: global, nacional, regional, local, comunitária ou empresarial; os aspectos culturais e sociais apresentam maior ou menor relevância, por exemplo. Guimarães e Feichas (2009) corroboram a percepção de Van Bellen (2005) e mencionam que de acordo com o conceito de desenvolvimento sustentável adotado as reflexões, propostas e escolhas dos indicadores se

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alteram por completo. Apenas dois métodos foram concebidos para avaliar a sustentabilidade no âmbito regional, a proposta de Siena (2008) e de Ahi e Searcy (2015), os demais focalizaram o nível local com públicos em sua maioria corporativos para definição de indicadores de sustentabilidade. Tabela 1 - Produto Científico 1: análise comparativa dos métodos para avaliação de indicadores de sustentabilidade empresarial

Identificação Categorias da Sustentabilidade Público Alvo Tipologia dos Dados

Balanced Scorecard da Sustentabilidade (FIGGE et al., 2002)

Financeira, Cliente, Processos Internos, Aprendizagem e Crescimento, Não Mercadológica.

Empresas Âmbito estratégico

Qualitativos Quantitativos

Mensuração da Sustentabilidade Corporativa através de Indicadores (STROBEL, 2005).

Ambiental, Social, Econômica. Corporativo Qualitativos Quantitativos

Modelo de Referência para Mensuração da Sustentabilidade Corporativa (DELAI; TAKAHASHI, 2008)

Social, Ambiental, Econômica. Corporativo Qualitativos Quantitativos

Método para avaliar desenvolvimento sustentável (SIENA, 2008)

Humano, Ecossistema. Usuários da Sociedade

Qualitativos

Grid de Sustentabilidade Empresarial (GSE) (CALLADO, 2010)

Ambiental, Econômica, Social. Empresas Rurais Qualitativos Quantitativos

Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas (ETHOS; SEBRAE, 2012).

Valores, Transparência e Governança, Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade, Governo e Sociedade.

Micro e Pequenas Empresas

Qualitativos

Diretrizes G4 para Relatórios de Sustentabilidade da Global Reporting Iniciative (GRI, 2013)

Econômica, Ambiental, Social. Corporativo Qualitativos Quantitativos

Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis (ETHOS, 2013) Social, Ambiental.

Corporativo Qualitativos Quantitativos

Dow Jones Sustainability Index (DJSI, 2014) Econômica, Ambiental, Social. Corporativo (Bolsa de Valores)

Qualitativos Quantitativos

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) (BM&FBOVESPA, 2014)

Ambiental, Econômico-Financeira, Geral, Governança Corporativa, Mudanças Climáticas, Social, Natureza do Produto.

Corporativo (Bolsa de Valores)

Qualitativos Quantitativos

Ferramenta de avaliação rápida e holística da sustentabilidade para PMEs em nichos de fabricação (CHEN et al., 2014)

Social, Institucional, Ambiental, Econômica Pequenas e Médias Empresas (Manufatura)

Qualitativos

Modelo conceitual para medir o desempenho da Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde (GCSV) e Gestão Sustentável da Cadeia de Suprimentos (GSCS) (AHI; SEARCY, 2015)

Ambiental, Social, Voluntariado, Resiliência, Longo Prazo, Partes Interessadas, Fluxo, Coordenação, Relacionamento, Valor, Eficiência, Desempenho, Economia.

Cadeia de Suprimentos

Qualitativos

Fonte: Elaborado pelos autores (2015). Quadros similares ao comparativo apresentado na Tabela 1 foram desenvolvidos por

Barddal (2008) e Malheiros, Coutinho e Philippi Jr (2013), porém com enfoque em metodologias de avaliação da sustentabilidade territorial.

Em sua maioria, os métodos descritos na Tabela 1 foram desenvolvidos de forma genérica para aplicação em quaisquer setores produtivos. As exceções encontram-se em métodos reconhecidos pelo mercado como a Global Reporting Iniciative que possui módulos exclusivos de indicadores de sustentabilidade para Operadores de Aeroportos, Indústria de Alimentos, Construção Civil, Energia Elétrica, Organizadores de Eventos, Serviços Financeiros, Mineração e Organizações Não Governamentais; e o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA em que a Categoria Ambiental do método é dividida nos Grupos A, B, C, D, E e IF, contemplando empresas que apresentam características ambientais semelhantes em seus processos. Além disso, dez métodos apresentaram seus indicadores de sustentabilidade em artigos e documentos oficiais, e Chen et al. (2014) e Ahi e Searcy (2015) demonstraram seus métodos por meio de frameworks com as respectivas categorias e subcategorias da sustentabilidade.

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Em cinco dos doze métodos analisados, o triple bottom line (ELKINGTON, 2001) se destacou em sua configuração original das dimensões da sustentabilidade, ou seja, com apenas três pilares. No entanto, os demais métodos incluíram de forma segmentada a mesma abordagem. Portanto, optou-se formalmente pela categorização dos indicadores de sustentabilidade das MPEs em três dimensões: Econômicos, Sociais e Ambientais.

No total dos doze métodos analisados, dez métodos apresentaram indicadores quantitativos e qualitativos distribuídos em categorias diversas, totalizando 1539 indicadores. Cada um dos métodos possui públicos alvos específicos, sendo que 58% são voltados ao nicho corporativo, desta forma para verificar quais indicadores eram aplicáveis às MPEs foi elaborada o Produto Científico 2, intitulado de Matriz de Priorização dos Indicadores de Sustentabilidade Empresarial. Tabela 2 - Produto Científico 2: matriz de priorização de indicadores de sustentabilidade empresarial

Pouco Adequado (PA) Grande

Empresa

Adequado (A) Média - Pequena

Empresa

Muito Adequado (MA) Pequena - Micro Empresa

Bases Teóricas

Asp

ecto

s O

rgan

izac

iona

is

Recursos abundantes; Recursos limitados; Recursos racionalizados;

Leone (1999), Silva; Pereira (2004), Leone; Leone (2011), Sebrae (2013).

Gestão descentralizada; Gestão centralizada aos sócios com delegação de funções aos funcionários com estreita relação;

Gestão centralizada; Leone (1999), Silva; Pereira (2004).

Estrutura complexa; Estrutura simples com organograma;

Estrutura simples; Leone (1999), Leone; Leone (2011).

Planejamento formal com métodos reconhecidos;

Planejamento de custos formalizado;

Ausência de planejamento formal;

Leone (1999), Leone; Leone (2011), Sebrae (2013).

Profissionais especializados;

Profissionais em capacitação; Profissionais pouco especializados;

Leone (1999), Silva; Pereira (2004), Leone; Leone (2011).

Estratégia formalizada e com metodologia instituída para registro e desdobramento;

Estratégia intuitiva com metas registradas;

Estratégia intuitiva; Leone (1999), Sebrae (2013).

Sistema de informação complexo, formalizado e informatizado;

Sistema de informação simples e com planilhas básicas;

Sistema de informação simples e manual;

Leone (1999), Silva; Pereira (2004), Leone; Leone (2011).

Forma jurídica sociedade anônima;

Forma jurídica limitada ou empreendedor individual;

Forma jurídica limitada, empreendedor individual ou informal;

Leone; Leone (2011), Sebrae (2013).

Alta utilização de tecnologia.

Uso de tecnologias de baixo custo e desenvolvimento de módulos "artesanais".

Uso de tecnologia "artesanal" devido aos custos associados.

Silva; Pereira (2004), Leone; Leone (2011).

Asp

ecto

s D

ecis

iona

is

Tomada de decisão padronizada e fundamentada;

Tomada de decisão com base em análise dos parâmetros internos e externos registrados informalmente;

Tomada de decisão perceptiva;

Leone (1999), Leone; Leone (2011).

Planejamento de acordo com metas de curto, médio e longo prazos;

Planejamento usualmente em curto prazo, na implantação de projeto especiífico define metas de médio e longo prazo;

Planejamento em curto prazo;

Leone (1999), Silva; Pereira (2004).

Monitoramento de dados quantitativos formalizado;

Monitoramento de dados associados a produtividade e desperdícios;

Monitoramento de dados quantitativos incipiente;

Leone (1999)

Autonomia alinhada com a descrição dos cargos e salários;

Alto grau de autonomia decisional dos sócios;

Alto grau de autonomia decisional;

Leone (1999), Silva (2005).

Racionalidade alinhada aos stakeholders identificados na atuação da organização.

Racionalidade alinhada em sua maioria aos stakeholders internos, ou na identificação de algum público em situação-problema.

Racionalidade alinhada em sua maioria aos stakeholders internos.

Leone (1999), Silva; Pereira (2004).

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Pouco Adequado

(PA) Grande Empresa

Adequado (A) Média - Pequena

Empresa

Muito Adequado (MA) Pequena - Micro Empresa

Bases Teóricas A

spec

tos

Indi

vidu

ais

Predominância dos acionistas;

Predominância do sócio-gestor e demais sócios;

Predominância do proprietário;

Leone (1999), Silva (2005).

Relação com os empregados geralmente pautada pelas características do superior imediato;

Colaboração com os empregados além da produtividade empresarial (saúde e meio ambiente);

Estreita colaboração com os empregados, relação paternalista;

Silva (2005)

Recursos e custos concentrados no valor de retorno aos acionistas;

Tentativa de separação dos custos pessoais das despesas empresariais;

Difícil dissociação entre patrimônio pessoal e patrimônio jurídico;

Leone (1999), Silva (2005).

Implantação de sistema de gestão de riscos.

Tendência a calcular riscos com base na experiência e observação do mercado comprador.

Riscos definidos geralmente em meio a estratégia ousada de crescimento empresarial.

Leone (1999), Sebrae (2013).

Fonte: Elaborado pelos autores (2015). A Matriz de Priorização foi fundamentada nos preceitos de Mattar (2014) para

pesquisas de marketing com enfoque em objetivos exploratórios. Optou-se pelo desenvolvimento de uma Escala de Avaliação Itemizada, composta por breves descrições associadas a categorias ordenadas de acordo com a avaliação pretendida. Para tanto, foram utilizadas as referências estudadas na literatura sobre as características das pequenas empresas brasileiras, em especial os estudos dos autores Leone (1999); Silva e Pereira (2004); Leone e Leone (2011); e Sebrae (2013) os quais permitiram a elaboração de cenários para os portes das empresas. Dessa forma, as estruturas e indicadores de cada método foram analisados na tentativa de verificar a aplicabilidade frente aos aspectos organizacionais, decisionais e individuais das MPEs.

Cada um dos 1539 indicadores foram avaliados e enquadrados em um dos Cenários: Pouco Adequado, Adequado ou Muito Adequado. A análise qualitativa efetuada por meio da Matriz de Priorização consistiu em reduzir a possibilidade da avaliação ser tendenciosa e/ou distante da realidade imediata das MPEs, alvo deste trabalho. Assim, acredita-se que tal comportamento foi minimizado e principalmente atende ao escopo do estudo com 29% de indicadores considerados "Adequados" e 20% avaliados como "Muito Adequados", resultando em 756 indicadores priorizados.

Os resultados do processo de priorização dos indicadores demonstram que as MPEs não diferem das grandes empresas apenas em termos de tamanho, mas também no processo de tomada de decisão em que a empresa é uma extensão do próprio empreendedor, com estruturas simples e reativas perante as exigências de mercado, reforçando a discussão teórica sobre a importância de estudos voltados para nichos específicos, já que o enfoque da sustentabilidade é preeminente no ambiente corporativo (JENKINS, 2004; 2006; PERRINI, 2006; WILLIAMSON; LYNCH-WOOD; RAMSAY, 2006; PERRINI; RUSSO; TENCATI, 2007; HOIVIK; MELÉ, 2009; BAUMANN-PAULI et al., 2013).

A partir da priorização, os indicadores foram agrupados nas Dimensões Econômica, Social e Ambiental (Produto Científico 3), conforme os resultados referentes às dimensões da sustentabilidade e explicitados na Figura 2.

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Figura 2 - Produto Científico 3 e 4: resultados da matriz de priorização divididos nas dimensões da sustentabilidade

Fonte: Elaborado pelos autores (2015).

Os 756 indicadores priorizados foram analisados em relação à sua redundância e redigidos conforme a melhor forma para a compreensão dos micro e pequenos empresários brasileiros, totalizando 96 indicadores de sustentabilidade aplicáveis à micro e pequenas empresas em países em desenvolvimento, tais como o Brasil.

A sobrecarga de funções sobre os gestores e funcionários nas MPEs afeta a percepção sobre a sustentabilidade e como é possível operacionalizar o conceito nos empreendimentos (CAREON; SILVA, 2010). O resultado alcançado e demonstrado na Figura 2 contribui para a sensibilização e compreensão de que não há um pilar mais importante que o outro, e sim a gestão para a integração destes que é fundamental para o encontro do equilíbrio no triple bottom line, mencionado no estudo de Sartori, Latrônico e Campos (2014) como uma lacuna de pesquisa.

Para auxiliar os micro e pequenos empresários acerca da prioridade para a coleta dos dados e monitoramento dos indicadores propostos, dentro de cada categoria foram propostos Estágios da Estratégia Sustentável da Produção, os quais permitem que o gestor-proprietário foque inicialmente nos indicadores que apresentam exigências legais associadas (Conformidade Legal), após o atendimento e integração desta subcategoria em todos os pilares possa dedicar seus esforços à padronização dos seus processos (Conformidade Normativa), seguido da eficiência e gestão dos riscos do seu negócio (Gestão de Riscos, Eficiência e Produtividade) e por fim interagir com seus stakeholders, buscando relações duradouras entre sociedade e empresa (Negócio Sustentável).

Para o desenvolvimento dos 96 indicadores de sustentabilidade para MPEs foram considerados os Princípios de Bellagio (IISD, 2013) e as definições da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (2014). Esta última define indicador como parâmetro, ou valor calculado a partir dos parâmetros, descrevendo situações complementadas por informações qualitativas. A Agência Ambiental Européia (EEA, 2014) igualmente considera indicador como medida utilizada para comunicar um acontecimento complexo ou tendência de forma simplificada. No presente estudo, optou-se por dividir os indicadores em qualitativos e quantitativos. Os indicadores qualitativos foram desenvolvidos por meio de questionamentos, com o objetivo de facilitar o entendimento do micro e pequeno

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empresário e manter a aderência com os resultados da Matriz de Priorização. Já os indicadores quantitativos são expressões de índices numéricos que em conjunto com as informações qualitativas constituem uma base simplificada para a tomada de decisão em relação à assuntos complexos, tais como a sustentabilidade.

Para verificar a aplicabilidade dos indicadores priorizados neste trabalho e analisar as informações reunidas sobre este nicho específico no Brasil, foram pesquisados estudos de instituições com acesso disponível ao público acadêmico. Na Tabela 3 são observadas as principais características dos estudos encontrados. Tabela 3 - Produto Científico 5: bases de dados sobre micro e pequenas empresas brasileiras Instituição/Ano de Coleta

Enfoque do Estudo/Distribuição Geográfica Pilares TBL

Setor / Amostra de MPEs

1 - IBGE/2001 Panorama das MPEs Comerciais e de Serviços / Brasil Econômico Comércio / 30.000 Serviços / 51.615

2 - CNI/Sebrae/ 2004, 2005

Indicadores de Competitividade na Indústria Brasileira / Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo.

Econômico Industrial / 496

3 - Sebrae/ 2012, 2013 Inovação, Competitividade e Sustentabilidade de Micro e Pequenas Empresas / Santa Catarina.

Econômico Ambiental

TIC, Calçados, Confecção, Metal-Mecânico, Moveleiro / 106

4 - DIEESE/Sebrae/2013

Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa / Brasil

Social Setores Diversos / 6,3 milhões de estabelecimentos.

5 - Sebrae/2013 Pesquisa sobre a Sustentabilidade nas MPEs / Brasil Econômico Social Ambiental

Comércio, Serviços, Indústria, Construção Civil, Agropecuária / 2.326

6 - Sebrae/2013 Inovação nos Pequenos Negócios / Brasil Econômico Social Ambiental

Comércio, Serviços, Indústria, Construção Civil, Agropecuária / 2.326

7 - IBQP/ Sebrae/FGV/ 2014

GEM - Empreendedorismo / Brasil Econômico Social

Setores Diversos / 10.000

Fonte: Elaborado pelos autores (2015). Os estudos foram publicados em um período de 13 anos (2001-2014),

coincidentemente o mesmo período entre os artigos de Leone (LEONE,1999; LEONE; LEONE, 2011) os quais contribuíram com o desenvolvimento da Matriz de Priorização (Tabela 2). Nota-se por meio da evolução na discussão dos artigos e do enfoque dos estudos (Tabela 3) que há um interesse crescente em compreender a integração das dimensões da sustentabilidade nas empresas de pequeno porte no Brasil. Leone e Leone (2011) ressaltam que a própria classificação do porte dos negócios, por exemplo, não deve ser uma medida estática, mas sim uma composição de requisitos dinâmicos em função do ambiente de mudanças constantes em que estão inseridos.

Os primeiros estudos desenvolvidos pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Sebrae (Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) no início dos anos 2000 apresentam um viés econômico para a definição do desempenho geral das empresas de pequeno porte no Brasil. A partir de 2012 os estudos passaram a diversificar o enfoque dos dados coletados, contemplando levantamentos de cunho social no âmbito trabalhista e até mesmo específicos sobre a percepção dos micro e pequenos empresários sobre a sustentabilidade. É válido ressaltar o papel do Sebrae nesta evolução, sendo que na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) realizada em 2012, a instituição se comprometeu com ações para o fomento da sustentabilidade das MPEs. Os estudos do Sebrae de 2013 (5 e 6 da Tabela 3) constituem iniciativas dos compromissos firmados.

A partir dos dados coletados nos estudos descritos no Quadro 3, foi realizada uma análise comparativa com o conjunto de indicadores de sustentabilidade para MPEs, os resultados podem ser observados na Figura 3.

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Figura 3 - Disponibilidade e coleta de indicadores de sustentabilidade sobre micro e pequenas empresas nas bases de dados brasileiras

Fonte: Elaborado pelos autores (2015). A Dimensão Econômica apresentou 50% dos indicadores já coletados em bases de

dados sobre micro e pequenas empresas brasileiras. É interessante ressaltar que no âmbito do Negócio Sustentável da Dimensão Econômica não foram identificados indicadores similares nos estudos. Este âmbito está alinhado com a priorização de fornecedores locais, substituição de produtos que causam impactos socioambientais e afetam o faturamento, sensibilização de consumidores acerca da logística reversa e suas ações que refletem em arranjos orçamentários para implementação. Acredita-se que os estudos não abordaram tais questionamentos por estes se constituírem das melhores práticas, alinhadas às exigências que as MPEs devem enfrentar em um futuro próximo. Segundo Ahi e Searcy (2015), medir sustentabilidade ao nível da cadeia de suprimentos, formada por clientes, distribuidores, fornecedores geralmente de pequeno porte, é um desafio para os modelos tradicionais de negócio. Os autores ressaltam que a medida que as ações de melhoria são implantadas nas empresas de grande porte, o conceito se estende para a cadeia de suprimentos através de uma ampla perspectiva nos sistemas de produção, consumo e pós-consumo, fazendo com que as empresas que desejam continuar no mercado se adaptem.

A Dimensão Social apresentou, igualmente, 50% dos indicadores já incluídos nas bases de dados descritas na Tabela 3. A Dimensão Ambiental abrangeu 57% de indicadores previamente coletados nas bases de dados estudadas. A importância da inclusão da inovação na operacionalização da sustentabilidade foi destacada nesse âmbito, corroborada pelo conceito de Barbieri (2007). Para o autor uma

sustentabilidade sociedade e o meio ambiente” (BARBIERI, 2007, p. 105). Portanto, segundo o método adotado neste trabalho, é possível inferir que cerca de 52% dos indicadores propostos são considerados “clássicos” ou “usuais”, pois já são coletados em bases de dados específicas para MPEs brasileiras desde 2001. Os demais indicadores consistem no resultado das Melhores Práticas pesquisadas e priorizadas para MPEs. Desta forma, a contribuição científica deste trabalho encontra-se, principalmente, em 46 (quarenta e seis) indicadores de sustentabilidade inovadores e adaptados à realidade de um país em desenvolvimento.

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Em resumo, a perspectiva representada pelos indicadores propostos é provocativa por apresentar o apelo do mercado frente à diversas das dificuldades enfrentadas pelas MPEs, porém, indicando possibilidades para a gestão das empresas. Grapeggia et al. (2012) destaca que os micro e pequenos empresários brasileiros acreditam que na etapa de gênese dos negócios estes devem focar no planejamento financeiro, senso de organização e conhecimento do produto no mercado, estando estes fatores alinhados com as demandas da maioria dos 46 (quarenta e seis) indicadores não coletados nas bases de dados brasileiras. Contudo, na prática, os próprios empresários do estudo de Grapeggia et al. (2012) responderam que se preocuparam tardiamente com planejamento e organização, priorizando inicialmente na definição do foco do negócio. Logo, a importância de uma ferramenta de gestão com indicadores selecionados dentre as melhores práticas e adaptados para a realidade das MPEs se renova, reforçando a contribuição social do trabalho. Para Gomes e Malheiros (2012), os indicadores não devem abranger apenas as funções de mensuração e operacionalização de parâmetros, mas principalmente a capacidade de auxiliar na compreensão e reflexão sobre os impactos do negócio para apoio à tomada de decisão.

A versão completa da proposta do trabalho resultou em 96 (noventa e seis) indicadores de sustentabilidade, considerando aqueles coletados em bases de dados e os demais não disponíveis nos estudos descritos na Tabela 2. Assim, em razão das dificuldades de compreensão do conceito sustentabilidade (GUIMARÃES; FEICHAS, 2009; SILVA; SELIG; MORALES, 2012; SEBRAE, 2012) e os obstáculos enfrentados pelos micro e pequenos empresários para garantirem a sobrevivência dos negócios (LEONE, 1999; FARIAS; TEIXEIRA, 2002; SILVA; PEREIRA, 2004; SILVA, 2005; CAREON; SILVA, 2010; LEONE; LEONE; 2011; CHEN et al., 2014), foram elaborados critérios para complementação do indicadores de sustentabilidade visando a composição de bases de diretrizes de sustentabilidade para MPEs.

Segundo a NBR ISO 9001:2008 (ABNT, 2008), diretriz pode ser considerada um documento que estabelece recomendações ou sugestões facilitando a coerência e a compreensão das normas. Para a presente proposta foram desenvolvidas as bases para a elaboração de diretrizes para cada um dos 96 (noventa e seis) indicadores, buscando incrementar a clareza e o entendimento destes por meio de critérios específicos.

O processo de desenvolvimento do embasamento dos critérios envolveu a pesquisa por legislações e regulamentações associadas aos indicadores de Conformidade Legal, assim como detalhes de Pactos Voluntários na Conformidade Normativa e esclarecimentos nos documentos oficiais dos métodos de avaliação da sustentabilidade resultantes da Matriz de Priorização.

O Produto Científico 6, Critérios e Indicadores de Sustentabilidade para MPEs, constituiu em um incremento na contribuição social do trabalho, pois diferenciou o estudo em relação aos demais métodos pesquisados pelo caráter instrutivo atribuído a cada indicador selecionado, em razão do perfil deste nicho específico (LEONE, 1999; SILVA, PEREIRA, 2004; SILVA, 2005; LEONE; LEONE, 2011; SEBRAE, 2013). Na Tabela 4 é possível analisar um recorte dos indicadores econômicos, sociais e ambientais do Produto Científico 6.

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Tabela 4 - Exemplo do Produto Científico 6. CATEGORIA/DIMENSÃO ECONÔMICA DA SUSTENTABILIDADE - Conformid ade Legal

Critérios Indicadores Bases Teóricas Bases de Dados

A empresa deve realizar o monitoramento da folha de pagamento visando o acompanhamento de um indicador importante para a tomada de decisão frente ao incremento ou redução da produtividade.

Qualitativo: Processo formalizado de contratação de funcionários. Qual a forma de contratação dos funcionários? Quantitativo: - % Custo da Folha de Pagamentos no último ano = Folha de Pagamento/Faturamento Bruto - No de funcionários.

STROBEL (2005) SIENA (2008)

IBGE (2001) CNI; SEBRAE (2006) SEBRAE (2012) IBQP; SEBRAE; FGV (2013) SEBRAE; DIEESE (2013)

CATEGORIA/DIMENSÃO SOCIAL DA SUSTENTABILIDADE - Conformidad e Legal Critérios Indicadores Bases Teóricas Bases de Dados

A empresa deve estar em consonância com a legislação (Lei e Decreto Anticorrupção) e ser proativa por meio de sua conduta em assuntos como corrupção e suborno, confidencialidade de informações, concorrência desleal, lavagem de dinheiro, abuso de informação privilegiada, meio ambiente e saúde e segurança no que tange a atuação frente as suas partes interessadas.

Qualitativo: A empresa possui um código de ética/conduta ou política anticorrupção divulgada aos seus funcionários e fornecedores? Quais mecanismos a empresa utiliza para que a conduta anticorrupção seja seguida (responsabilidades bem definidas, política de tolerância zero, entre outros) e assim quaisquer pagamentos ou recebimentos irregulares que tenham como objetivo facilitar negócios, influenciar decisões em benefício da empresa ou induzir pessoas a conceder permissões indevidas sejam coibidos/proibidos? Quantitativo: No de processos em que a empresa está envolvida por questões éticas (último ano).

STROBEL (2005) DELAI; TAKAHASHI (2008) CALLADO (2010) ETHOS; SEBRAE (2012) ETHOS (2013) GRI (2013) DJSI (2014) BM&FBOVESPA (2014)

SEBRAE (2013)

CATEGORIA/DIMENSÃO AMBIENTAL DA SUSTENTABILIDADE - Conformidade Legal Critérios Indicadores Bases Teóricas Bases de Dados Em caso de não conformidade ambiental perante à legislação identificada em fiscalização por órgãos ambientais ou pela polícia ambiental, a empresa pode ser autuada ou até mesmo embargada (Lei de Crimes Ambientais - Lei No 9.605/1998). O instrumento utilizado para a regularização das empresas é o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) realizado usualmente com o Ministério Público Federal ou o Termo de Compromisso de Execução Extrajudicial (TCEE) com os órgãos ambientais. Estes documentos formalizam as pendências que as empresas devem cumprir para alcançar as lacunas no atendimento da legislação, as medidas mitigadoras que reduzem os impactos gerados ou ainda as medidas compensatórias em que é necessário buscar outra alternativa para compensar o efeito indesejado.

Qualitativo: A empresa recebeu alguma sanção administrativa de natureza ambiental (autuações, multas, processos judiciais, embargos)? Qual o contexto das não conformidades? A empresa possui algum TAC ou TCEE em andamento? Como está o cumprimento dos prazos e critérios estabelecidos? Quantitativo: - % de multas e embargos resultantes de não conformidades com leis e regulamentos ambientais em relação à receita bruta, no último ano.

GRI (2013) BM&FBOVESPA (2014)

SEBRAE (2012)

Fonte: Elaborado pelos autores (2015). Assim, o Produto Científico 6 apresenta cunho sensibilizador para que os empresários

sintam-se motivados a buscar o incremento nos seus processos e no relacionamento com as partes interessadas. Os critérios buscaram sanar a lacuna da incerteza sobre a implantação dos indicadores, conduzindo através de breves recomendações maneiras de como desenvolver uma iniciativa ou monitorar um indicador específico.

4 Conclusões Dentre as potencialidades do estudo encontra-se a abrangência dos critérios e

indicadores de sustentabilidade em relação ao perfil de atuação interno e externo das MPEs. Através da pesquisa bibliográfica e documental pela qual foi desenvolvida a Matriz de Priorização, baseada em autores que explicitaram efetivamente as dificuldades das MPEs

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brasileiras em seus negócios, foi desenvolvida uma ferramenta para análise dos indicadores alinhada a um cenário verossímil à realidade. A utilização de métodos internacionais para a composição dos critérios e indicadores garante que os pequenos negócios possam se adaptar e incrementar sua competitividade, alinhados às exigências de mercados estrangeiros e igualmente confere uma aproximação da vivência das grandes empresas, geralmente clientes das MPEs, contribuindo para a qualificação das cadeias produtivas.

Para o desenvolvimento deste trabalho a escolha pelo conceito de sustentabilidade do triple bottom line de Elkington (2001) constituído pelos pilares econômico, social e ambiental foi decorrente dos resultados observados nos métodos de avaliação de indicadores de sustentabilidade empresarial estudados. Contudo, notadamente, existem perspectivas que integram diversos aspectos, como é o caso de Sachs (2002) com os âmbitos social, econômico, ecológico, espacial, cultural, político nacional e internacional da sustentabilidade. Para empresas que já estão em um estágio maduro da sustentabilidade, conceitos múltiplos como o de Sachs (2002) são indicados pois trabalham com particularidades do território em que a organização está situada. Para as MPEs, o triple bottom line mostrou-se adequado em função da disseminação no meio empresarial e a clareza mais facilitada.

Recomenda-se em trabalhos futuros a utilização dos critérios e indicadores propostos em uma amostra estatisticamente relevante com a finalidade de avaliar o grau de sustentabilidade de MPEs situadas em países em desenvolvimento. A partir do resultado alcançado (número de indicadores coletados), identificar as oportunidades de melhoria dos processos das MPEs e desenvolver objetivos, metas e programas para a melhoria contínua destas no âmbito da sustentabilidade. Ressalta-se igualmente a importância de estudos sobre a sustentabilidade no processo de internacionalização de MPEs situadas em países em desenvolvimento, no qual seria possível avaliar quais os critérios e indicadores de sustentabilidade presentes neste estudo são considerados "essenciais" para o sucesso de operações desse tipo.

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