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Julio Cesar Teixeira Chagas ANALISE DA METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE SUPERFÍCIE DE PEÇAS INJETADAS EM UMA ORGANIZAÇÃO DO SETOR AUTOMOTIVO Taubaté – SP 2004

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Julio Cesar Teixeira Chagas

ANALISE DA METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE

SUPERFÍCIE DE PEÇAS INJETADAS EM UMA

ORGANIZAÇÃO DO SETOR AUTOMOTIVO

Taubaté – SP

2004

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Julio Cesar Teixeira Chagas

ANALISE DA METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE

SUPERFÍCIE DE PEÇAS INJETADAS EM UMA

ORGANIZAÇÃO DO SETOR AUTOMOTIVO

Monografia apresentada para obtenção do

Certificado de Especialização em MBA

Gerência Empresarial do Departamento de

Economia, Contabilidade e Administração da

Universidade de Taubaté.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Pascoal Del’Arco Junior

Taubaté – SP

2004

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JULIO CESAR TEIXEIRA CHAGAS

ANÁLISE DA METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE SUPERFÍCIE DE PEÇAS

INJETADAS EM UMA ORGANIZAÇÃO DO SETOR AUTOMOTIVO

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP.

Data: 16/12/2004

Resultado: APROVADO

COMISSÃO JULGADORA Prof. Dr. ANTÔNIO PASCOAL DEL’ARCO JUNIOR

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. TOSHIHARU OKAMOTO

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. FRANCISCO CRISTOVÃO LOURENÇO DE MELO

Assinatura _____________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família e, em especial a minha esposa Andréa A. de

Gouvêa Chagas, pelo empenho em me incentivar, pôr compreender as minhas

alterações de humor devido as grandes dificuldades encontradas no decorrer deste

trabalho.

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AGRADECIMENTOS A Deus, pois grandes foram as lutas, maiores as vitórias e sempre estava comigo.

À Universidade de Taubaté, pela oportunidade de aprofundar meus conhecimentos em

uma área que oferece grandes oportunidades futuras.

Ao Prof. Dr. Antônio Pascoal Del’Arco Junior pela paciente e dedicada orientação e

aos professores desta Instituição que participaram, direta ou indiretamente, da

execução dessa Monografia.

À Empresa Automobilística onde trabalho, pelo estímulo contínuo ao desenvolvimento

pessoal e profissional de seus funcionários.

Ao amigo e cunhado Jean Gmack Gomes que abraçou com determinação na

elaboração e estruturação desta Monografia.

Ao Gerente da Produção Julio César Togni, pelo estímulo, orientação e colaboração

para a elaboração deste trabalho.

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Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única e

nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas

não vai só, nem nos deixa só. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si

mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Há os que deixam

muito , mas há os que não deixam nada. Essa é a maior responsabilidade em nossa

vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso.

(Antoine De Saint Exupéry)

Grandes foram às lutas, maiores as vitórias.

Sempre esteve comigo.

Muitas vezes, pensei que este momento nunca chegaria.

Queria recuar ou parar.

No entanto tu sempre estavas presente.

Fazendo da derrota uma vitória, da fraqueza uma força.

Com a tua ajuda venci.

A emoção é forte.

Não cheguei ao fim, mas ao início de uma longa caminhada.

(Isaías 55.10-11)

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CHAGAS, Julio Cesar Teixeira. Análise da Metodologia da Avaliação de Superfície de Peças Injetadas em uma Organização do Setor Automotivo. 2004. 55 f. Monografia (MBA em Gerência Empresarial e Negócios) – Departamento de Economia, Contabilidade e Administração – ECA, Universidade de Taubaté, Taubaté.

RESUMO

O trabalho desenvolvido foi baseado no processo padronizado de auditoria, propondo

uma metodologia a ser empregada em um processo produtivo em série, para

avaliação e aprovação da qualidade da superfície de peças injetadas plásticas; onde

os principais defeitos devem ser contidos e resolvidos no ponto de origem. Para tanto,

existe a necessidade de mudança comportamental nas pessoas que atuam de forma

direta no processo. A necessidade de desenvolvimento e adaptação para essa

metodologia foi focada com a finalidade de empregar e praticar os direcionamentos de

forma objetiva e consistente, através do gerenciamento da gestão de sistema, com

foco em metas e resultados. A observação da necessidade em praticar e promover

esta metodologia ocorreu em função da prática existente em uma linha seqüencial de

uma indústria automobilística, onde se busca a qualidade do produto e a satisfação do

cliente. Com isso, a qualidade passou de uma disciplina restrita e baseada na

produção fabril para uma disciplina com implicações mais amplas para o

gerenciamento. A prevenção de problemas continuou sendo o seu objetivo

fundamental, mas os instrumentos da profissão se expandiram para muito além da

estatística. Havia quatro elementos distintos: quantificação dos custos da qualidade,

controle total da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero defeito.

Palavras-chave: Processo produtivo, peças injetadas, qualidade.

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CHAGAS, Julio Cesar Teixeira. Análise da Metodologia da Avaliação de Superfície de Peças Injetadas em uma Organização do Setor Automotivo. 2004. 55 f. Monografia (MBA em Gerência Empresarial e Negócios) – Departament of Economics, Accounting and Administration – ECA, University of Taubaté, Taubaté, BRAZIL.

ABSTRACT

The present report was based on the audit standard’ process, with a methodology

focused on the productive process, in order to evaluate and approve the Quality and

also, try to eliminate and solve the problems as they appear. The only way to follow

this process is requiring all the people who work directly on this, to change the conduct

and the manner of working. The necessity of developing and adapting people to this

methodology was focused on employing and practicing objective and consistent

directions through management of business focused on targets and results. This

necessity came to ensure about the Quality of the product and satisfactions of

customers. After all this change, Quality from a restricted subject became a subject,

involving wider management skills. Although Quality’s’ aim is still the same, to prevent

from problems, it has extended much further than just statistics they used to have four

different elements: quantification of Quality’ costs, Quality control, engineering of

confidence, zero fault.

Keywords: Process Productive, Inject part, Quality.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 13

1.1 OBJETIVO ....................................................................................... 14

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................... 14

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................... 14

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................... 15

2.1 CONCEITOS DA QUALIDADE ........................................................ 15

2.2 METODOLOGIA DO PDCA ............................................................. 18

2.3 PRINCIPIOS DE DEMING PARA QUALIDADE .............................. 24

2.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ......................................................... 25

2.5 INDICADORES DA QUALIDADE ..................................................... 26

3 GLOBAL MANUFACTURING SYSTEM (GMS) .................................. 27

3.1 VISÃO DA MONTADORA ................................................................ 27

3.2 VISÃO E PRIORIDADE DO SISTEMA GLOBAL DE

MANUFATURA (GMS) .......................................................................... 27

3.3 ESTRUTURA DO GMS ................................................................... 28

3.4 OS 5 PRINCÍPIOS DO GMS............................................................ 29

3.5 OS 33 ELEMENTOS DO GMS......................................................... 30

3.6 DIRETRIZ OPERACIONAL DO GMS - PRINCÍPIO FEITO COM

QUALIDADE........................................................................................... 31

4 METODOLOGIA ................................................................................. 32

4.1 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................ 32

4.2 SITUAÇÃO ATUAL .......................................................................... 32

4.3 FOLHA DE INSTRUÇÃO DE PROCESSO (FIP) ............................. 33

4.4 INSTRUÇÃO DE TRABALHO (IT) ................................................... 35

4.5 CONTROLE DE REFUGOS ............................................................ 36

4.6 DEVOLUÇÃO DOS CLIENTES ....................................................... 37

4.7 MATÉRIA PRIMA, MATERIAIS E COMPONENTES NÃO

CONFORMES ........................................................................................ 37

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4.8 REGISTROS .................................................................................... 37

4.9 AÇÃO CORRETIVA.... .................................................................... 38

4.10 AÇÃO PREVENTIVA ..................................................................... 39

4.11 SITUAÇÃO PROPOSTA ............................................................... 40

4.12 TABELA DE PONTUAÇÃO ............................................................ 42

4.13 CÁLCULO DA PONTUAÇÃO DAS DISCREPÂNCIAS .................. 43

4.14 PLANO DE AÇÃO .......................................................................... 45

5 RESULTADOS .................................................................................... 46

6 DISCUSSÃO ....................................................................................... 52

7 CONCLUSÃO ..................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 54

ANEXO A – DIARIO DE BORDO............................................................ 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de Pontuação Zona A e B ........................................ 42

Tabela 2 – Setembro de 2004 – Quantidade de Peças Produzidas,

Retrabalhos e Refugos pela Avaliação Atual ......................................... 46

Tabela 3 – Outubro de 2004 – Avaliação Proposta ............................... 47

Tabela 4 – Quantidade de Peças Produzidas, Retrabalho e Refugo

por Causas e Porcentagens de Problemas ............................................ 49

Tabela 5 – Situação Proposta ................................................................ 50

Tabela 6 – Situação Atual Custo Mão de Obra e Material ..................... 51

Tabela 7 – Situação Proposta Custo Mão de Obra e Material ............... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Folha de Instrução de Processo (FIP) .................................. 34

Figura 2 – Instrução de Trabalho ........................................................... 35

Figura 3 – Controle de Refugos ............................................................. 36

Figura 4 – Zona “A” Acabamento Externo ............................................. 41

Figura 5 – Zona “B” Acabamento Externo ............................................. 41

Figura 6 – Cálculo de Conversão de Discrepâncias .............................. 43

Figura 7 – Relatório de Avaliação de Superfície com Pontuação .......... 44

Figura 8 – Variação da Pontuação ......................................................... 45

Figura 9 – Demonstramento de Retrabalho e Refugo Mês de

Setembro de 2004 .................................................................................. 48

Figura 10 – Demonstramento de Retrabalho e Refugo Mês de

Outubro de 2004 .................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

A garantia da qualidade conforme Juran (1991) fornece proteção contra os

problemas que podem surgir, tanto interno quanto externamente. Essa garantia é dada

pela evidência objetiva, porém o tipo de evidência varia muito de acordo com as

pessoas que pedem a garantia e com a natureza do produto.

Cada produto possui a sua qualidade, no caso de produtos manufaturados de

natureza simples e vida curta, a evidência sensorial deve geralmente ser

complementada por testes de laboratório. Aquele que não tem facilidade para efetuar

testes deve depender da palavra do fabricante ou das informações obtidas após o uso

(Juran 1991).

Produtos de vida mais longa são precisos testes mais elaborados [ambientais,

de durabilidade], porém a maioria dos comerciantes e usuários não tem tais condições

de teste. Assim sendo, eles devem ter assegurado uma garantia adicional com base

na reputação do fabricante, testes conduzidos por laboratórios independentes ou

garantias.

Segundo Juran (1991) produtos complexos, até mesmo obtidos com

sofisticados testes ambientais e de durabilidade não fornecem garantia total da

qualidade. Devido a isso, para atender a essas necessidades adicionais da garantia da

qualidade, o fabricante não deve apenas produzir o produto, mas também preparar e

colocar à disposição do cliente a prova de que o produto é adequado ao uso. Em

produtos complexos, essa prova geralmente consiste em:

• Um plano formal, que detalhe, para todas as fases da vida do produto,

“do nascimento à morte”, como será obtida a adequação ao uso.

• Um sistema de análises para verificar que o plano, caso seja seguido,

resultará na adequação ao uso.

• Um sistema de auditorias para verificar se os planos estão realmente

sendo seguidos.

• Um sistema para fornecer dados sobre a qualidade obtida.

Até a década de 50 descreve Garvin (1992) a maioria das tentativas de se

melhorar a qualidade eram baseadas na premissa implícita de que os defeitos tinham

um custo. Quanto eles custavam era uma questão de opinião, pois poucas empresas

tinham se dado ao trabalho de totalizar as despesas em que incorriam por que os

produtos não eram feitos corretamente da primeira vez. Com o passar dos tempos

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criou-se à auditoria da qualidade geral; onde é feito uma análise independente

conduzida com o fim de comparar alguns aspectos do desempenho da qualidade com

um padrão para aquele desempenho. O termo “independente” é crítico e utilizado no

sentido de que o examinador [chamado de “auditor”] não é a pessoa responsável pelo

desempenho a ser examinado e nem o supervisor imediato dessa pessoa. Uma

auditoria independente fornece um quadro imparcial do desempenho.

Auditorias de qualidade são utilizadas principalmente por companhias para

avaliar seu próprio desempenho da qualidade e o desempenho de seus fornecedores,

licenciados, agentes, entre outros. Essas auditorias são utilizadas também pelas

agências regulamentadoras para avaliar o desempenho das organizações cuja

regulamentação está sob sua responsabilidade.

Os propósitos normais das auditorias da qualidade são fornecer produtos que

garantam à satisfação dos seus clientes.

1.1 OBJETIVO

Estabelecer um processo padronizado de avaliação, propondo uma

metodologia para verificação de requisitos da qualidade da superfície de peças

plásticas injetadas no acabamento externo do veículo.

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema desenvolvido contribui para tornar a empresa mais competitiva, pois a

auditoria realizada pode resultar em ganhos financeiros significativos colaborando para

a sobrevivência da organização.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esse trabalho se propõe a analisar a superfície de peças injetadas, neste caso

o pára-choque dianteiro do novo carro.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo foram abordados a Metodologia do Plan, do Check, Action

(P.D.C.A.), o Planejamento da Qualidade, o Controle da Qualidade, a Melhoria da

Qualidade, a relação entre Produtividade e Qualidade, os Conceitos da Qualidade, a

Avaliação da Qualidade, os Indicadores da Qualidade e o Sistema Global de

Manufatura (GMS).

2.1- CONCEITOS DA QUALIDADE

Quando falamos em Qualidade, a maioria de nós pensa unicamente, em

qualidade do produto final, ignorando todos os outros aspectos qualitativos que são

condição de extrema importância para a produção de algo com qualidade.

Neste aspecto de acordo com Juran (1990), queremos nos referir a qualidade

dos Recursos Humanos, sem, contudo ignorarmos os outros aspectos da Qualidade,

pois é a partir da qualidade das pessoas que se produz algo com qualidade.

Quaisquer empresas sejam eles estatais ou privados, multinacionais ou nacionais,

tecnologicamente avançada ou não, é constituída por pessoas e é ela quem

fundamentalmente, diferenciam as empresas.

Qualidade é algo que hoje é parte integrante das nossas vidas, abrangendo

desde os aspectos puramente particulares e individuais aos de serviço e da

sociedade. Qualidade não é só um produto ou serviço que adquirimos e usamos em

casa; qualidade é também a forma como estamos perante a vida, como nos

comportamos individual, social e profissionalmente. Qualidade tem como principal

alicerce a educação e, podemos dizê-lo, começa no lar. Como premissa fundamental

para a implantação de qualquer sistema da qualidade, baseado ou não nos princípios

da Norma Internacional ISO 9000, temos a postura que a Alta Administração de uma

empresa tem para com a qualidade, tendo que dela partir os exemplos maiores de

comprometimento como forma de demonstração a todos os funcionários da sua

vontade de implantar um Sistema de Qualidade.

Esta demonstração deve ser visível a todos os funcionários e o

comprometimento pode ser demonstrado de diversas formas, nomeadamente através

da participação em discussões com trabalhos sobre assuntos de qualidade, da

apreciação e, sobretudo, não autorizar, sob algum pretexto, o envio aos clientes de

produtos não conformes. Qualquer empresa só pode sobreviver no mercado dos

nossos dias, se o que ela produz ou vende, atender às expectativas dos clientes.

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Buscar um conceito de Qualidade merece todo cuidado. Indagado sobre o que

significa a palavra, segundo Juran (1990): ”há muitas frases curtas a escolher, mas

frases curtas são armadilhas”.

Na formulação de um conceito da qualidade é essencial a clareza de uma

definição breve, mas o fundamental é que seu significado esteja perfeitamente

entendido numa linguagem comum para toda a empresa.

Pode-se definir Qualidade como sendo a satisfação das necessidades e

expectativas dos clientes, uma vez que a norma NBR ISO 9000:2000 é apresentada

com bases voltadas ao Sistema de Gestão de Qualidade e apresenta em seus pilares

a necessidade de foco de cliente, bem como o monitoramento da percepção do cliente

com bases em ações corretivas [desperdícios] e ações preventivas (Paula, 1994).

Segundo Paula (1994) a norma descreve toda a estrutura de requisitos a serem

implementados pela organização para o modelo do Sistema de Gestão da Qualidade,

sendo uma evolução da norma NBR ISO 9001:1994 – Sistemas de Qualidade –

modelos para a garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produção,

instalação e serviços associados. É uma norma voltada à eficácia do sistema de

gestão da qualidade e vista como norma contratual, ou seja, aquela a ser utilizada

para certificação do Sistema de Gestão da Qualidade.

A certificação NBR ISO 9000:2000, dentro dos modernos conceitos da

Administração, enfoca hoje em dia, a necessidade de Administradores Globais e em

permanente evolução e não apenas restritos a uma determinada área da

administração (Paula, 1994).

O homem moderno é completamente diferente na sua forma de pensar e de

agir ou de se comportar do homem de há vinte ou trinta anos atrás, na medida em que

ele tenta e influencia, mais do que nunca, a forma de pensar e de agir, isto é, a forma

de liderar, fazendo com que o centro das decisões seja ele próprio.

O homem não só é econômico e social. Ele deseja ter autonomia, desenvolver-

se profissional e espiritualmente, participar da vida das empresas, da nação, entre

outros. Surge, assim, um novo conceito de homem, aquele responsável, cujo perfil é:

escolaridade, autonomia, diversificação, preocupação com o progresso num contexto

global, automatização, democracia industrial, internacionalização e mega economia

mundial. Em outras palavras, surge o Homem Qualitativo, mais preocupado com a

Qualidade, seja ela de vida, seja de produtos ou serviços.

Paula (1994) descreve a necessidade das empresas terem um Sistema de

Garantia de Qualidade implantado, para que o produto seja fabricado de acordo com

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especificações previamente aceitas ou acordadas, levou os países europeus a criarem

uma série de normas de garantia da Qualidade, hoje mundialmente aceitas e

conhecidas como as Normas Internacionais série ISO 9000.

Essas Normas ao promoverem a instalação de sistemas da garantia da

Qualidade, de acordo com os requisitos por elas especificados, não visaram apenas

os processos produtivos. Elas foram mais além e dedicaram um capítulo ao

Treinamento, Capacitação e Motivação do pessoal que desempenha atividades que

afetam a qualidade e que, no fundo, somos todos os funcionários de uma empresa.

Acredita-se que este é o caminho para se atingir a Qualidade nas pessoas e as

Normas Internacional ISO 9000:2000 são as vias que nos conduzirá a um futuro que

está bem mais próximo do que muitos pensam.

Este é o grande desafio que temos que enfrentar nos dias de hoje e para o qual

as empresas possuem como principal ferramenta a sua política de recursos Humanos.

De acordo com Paula (1994) os oito princípios da Gestão da Qualidade,

conforme propõe a norma apresentam-se da seguinte forma:

• Foco no cliente: entender todas as necessidades e expectativas dos

clientes quanto a produtos, preços, prazos e comunicar essas necessidades e

expectativas através da organização. Administrar as relações com os clientes,

monitorando sua satisfação, focando em resultados.

• Liderança: agir proativamente, entendendo e respondendo a mudanças

externas. Estabelecer uma visão clara do futuro da organização,

implementando metas e objetivos desafiadores e prover recursos e canais de

comunicação.

• Comprometimento de pessoas: delegar responsabilidades para a

solução de problemas, promovendo o trabalho em equipe e reconhecendo a

competência pessoal. Focar na criação de valores para os clientes e aflorar o

sentimento de orgulho em fazer parte da organização, lembrando que a

diferença entre uma organização de sucesso e organização medíocre está no

envolvimento das pessoas.

• Abordagem de processos: definir os processos para atingir os

objetivos desejados, identificando e monitorando as entradas e saídas desses

processos. Avaliar os riscos e impactos desses processos nos clientes,

fornecedores e outras partes interessadas e estabelecer claramente as

responsabilidades e autoridades para o gerenciamento desses processos.

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• Abordagem sistêmica para a gestão: definir o sistema identificando

ou desenvolvendo os processos que afetam um determinado objetivo,

estruturando-o para alcançar o objetivo do modo mais eficiente. Entender as

interdependências entre os processos e melhorar continuamente por medição e

avaliação.

• Melhoria contínua: melhorar continuamente produtos, processos e

sistemas, buscando sempre o meio mais eficiente. Utilizar avaliações

periódicas contra critérios de excelência estabelecidos para identificar áreas

com potencial de melhoria e estabelecer meta que proporcionem melhoria.

• Abordagem factual para tomada de decisão: coletar dados

relevantes para o cumprimento dos objetivos, assegurando a veracidade dos

dados e informações analisando-os através de ferramentas estatísticas

validade e tomar decisões lógicas baseadas em informações.

• Benefício mútuo nas relações com os fornecedores: identificar e

selecionar os fornecedores chaves. Prover canais de comunicação,

desenvolvendo conjuntamente melhorias de produtos e processos e

compartilhar informações e planos futuros, além de reconhecer as melhorias

praticadas por fornecedores.

2.2 METODOLOGIA DO PDCA

O ciclo P.D.C.A. é um método gerencial de tomada de decisão que pretende,

como um de seus principais objetivos, garantirem o alcance das metas necessárias à

sobrevivência e crescimento das organizações.

Segundo os conceitos de Ishikawa (1986) e Campos (1996), o método do

P.D.C.A. contém quatro etapas bem definidas.

1. Plan = Planejar (P)

Neste estágio inicial do ciclo são estabelecidas as metas, assim como o

método que será usado para alcançá-las.

2. Do = Fazer ou Executar (D)

Tudo o que foi planejado anteriormente é agora executado. Os dados são

coletados para análise, tratados e utilizados na etapa seguinte para verificação

da performance do processo. Para isto são de suma importância a educação, o

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treinamento, a motivação e o comprometimento das pessoas envolvidas no

processo.

3. Check = Verificar (C)

Nesta fase, os dados coletados são comparados com a meta, para análise da

tendência dos mesmos. É nesta fase que as ferramentas estatísticas assumem

importância analítica. Muitas são comumente utilizadas nesta e outras fases do

modelo PDCA, tais como: Gráfico de Pareto, Histograma, Intervalo de

Confiança, Gráfico de Controle, Índice de Capacidade de Processos e

Confiabilidade.

4. Action = Atuar (A)

Esta etapa assume um papel importante no processo, onde se prevê que duas

possibilidades podem ocorrer:

4.1 A meta é atingida: neste caso, adota-se o plano proposto como sendo o

padrão a ser seguido.

4.2 A meta não é atingida: neste caso deve-se agir sobre as causas da

frustração da meta, adotando-se a ferramenta “5W1H” em cada medida a ser

tomada para correção das causas fundamentais. O uso do “5W1H”, segundo

Werkema (1995), tem-se mostrado eficiente para ajudar na resolução das

causas fundamentais e seu desdobramento pode ser resumido como segue:

• QUE (WHAT): definem-se a(s) tarefa(s) que será (ão) feita(s), mediante

um plano de execução.

• QUANDO (WHEN): traça-se um cronograma detalhando o(s) prazo(s)

para o cumprimento da(s) tarefa(s).

• QUEM (WHO): denomina-se qual (is) será (ão) a(s) pessoa(s)

responsável (is) pela(s) tarefa(s).

• ONDE (WHERE): determina-se em que local (is) a(s) tarefa(s) deverá

(ão) ser executada(s).

• PORQUE (WHY): significa a razão pela qual a(s) tarefa(s) deve(m) ser

executada(s).

• COMO (HOW): estabelece-se à maneira mais racional e econômica

pela qual a(s) tarefa(s) deve(m) ser executada(s).

Além das melhorias qualitativas nos processos e produtos, para que estas

atinjam o cliente final, segundo a visão de Deming (1986) é necessário o

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comprometimento de todos, principalmente da alta administração da empresa, porém

isto não significa sucesso necessariamente ou não garante a melhoria contínua.

É necessário que haja, além do comprometimento da alta gerência, o

compromisso com o treinamento dos funcionários e também com a sua formação. O

treinamento das habilidades de cada funcionário contribui para o seu crescimento e

desenvolvimento, fazendo com que ele se sinta orgulhoso dos trabalhos que executa,

melhorando significativamente o seu desempenho (Deming, 1986).

O treinamento é fundamental em uma organização, sendo que todos devem

ser treinados em métodos estatísticos básicos para que possam compreender os

conceitos relativos à variabilidade e indicar maneiras de como remover as causas das

variabilidades. Por outro lado, os métodos estatísticos permitirão que sejam separados

os problemas especiais [que podem ser resolvidos pelos próprios empregados] dos

problemas comuns [que devem ser resolvidos pela gerência].

Conforme Deming (1986) o treinamento adequado deve proporcionar aos

trabalhadores compreensão sobre seus trabalhos e suas tarefas do dia-a-dia, além de

tratar das tarefas de toda a área à qual ele pertence, para que tenha conhecimento e

versatilidade em relação a todas as operações. Isto pode ser considerado

motivacional, resultando em melhoria qualitativa, pois os empregados sentem-se

envolvidos e comprometidos com o processo como um todo, podendo opinar em

outras operações e sugerir modificações que valham como o “combustível” da

melhoria contínua.

Após vários anos de pesquisa com operários, Deming (1986) e seus

colaboradores encontraram algumas barreiras que são os principais bloqueadores da

qualidade e produtividade nas empresas:

- Treinamento inadequado.

- Atraso e falta de componentes.

- Instrumentação e documentação escrita inadequada.

- Planejamento inadequado [serviço de última hora].

- Desenhos ultrapassados.

- Projeto inadequado [desenhos alterados após execução, gerando

retrabalhos].

- Chefes sem conhecimentos suficientes para liderar.

- Ferramentas e instrumentos errados e inadequados.

- Falta de comunicação entre operários e administração.

- Ambiente de trabalho inadequado [frio, calor, gases no ambiente].

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- Avaliação de desempenho por méritos.

- Falta de qualidade dos fornecedores, gerando atrasos no serviço.

- Esforço para conseguir ajuda técnica dos engenheiros.

De acordo com Deming (1986), a administração precisa se comprometer

fortemente para eliminar estas barreiras, pois elas ferem profundamente a auto-estima

dos empregados, impedindo a sua realização profissional e prejudicando fortemente a

qualidade e, com ela, a produtividade.

Na visão compartilhada de Juran (1990), a responsabilidade pela melhoria da

qualidade dos processos, produtos e serviços, está intimamente ligada com as

atividades administrativas, ou seja, a maioria dos problemas é de responsabilidade da

administração e não dos operadores. Mesmo assim, o autor acha que os

trabalhadores diretos podem causar ações de impacto nos processos, influenciando

diretamente na melhoria da qualidade.

A importante contribuição deste pesquisador e autor, nas várias

transformações do conceito de qualidade ao longo da história, se deve ao fato de o

mesmo ter transformado a idéia de que “Qualidade é o atendimento às especificações”

em uma noção mais voltada para o usuário. Sendo assim, o criador da expressão

“Adequação do uso”, pode muito bem atender as especificações e, ainda assim, ser

prejudicial para o usuário. Na sua visão, a qualidade tem dois pontos considerados

críticos:

1. Desempenho do produto: mostra a satisfação com o produto, se

referindo a característica como:

• Rapidez no atendimento às solicitações dos clientes;

• Eficácia do produto;

• Uniformidade intrínseca de um processo de produção deste produto;

2. Ausência de deficiências: mostra a insatisfação com o produto, se

referindo a deficiências como:

• Atraso na entrega;

• Problema na utilização;

• Retrabalhos e refugo nas fábricas;

Uma observação importante de Juran (1990) diz respeito à satisfação e à

insatisfação com um produto. A satisfação ele considera o motivo pelo qual o cliente o

compra e a insatisfação é o motivo pelo qual os clientes reclamam. Dizem eles, ainda

que é perfeitamente possível que um produto que não tenha deficiências, apresente

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uma baixa performance de vendas, pelo fato de algum produto concorrente ter

desempenho melhor.

Segundo Juran (1990), a qualidade é gerenciada por três processos básicos

[gerenciais], que constituem a sua trilogia [A trilogia de Juran] e se inter-relacionam.

Esta trilogia é constituída por: Planejamento da Qualidade; Controle da

Qualidade e Melhoramento da Qualidade.

A primeira etapa da trilogia de Juran (1990) começa com o Planejamento da

Qualidade, que tem como objetivo capacitar os meios de produção para atender as

necessidades dos clientes, sejam eles internos ou externos. Refere-se não somente

ao produto ou processo, mas também à prestação de serviços.

Quando termina esta fase do planejamento, planos de ação ou planos de

trabalho estão prontos e são entregues para as linhas de produção executá-los. À

medida que o trabalho vai-se desenvolvendo, aparecem às deficiências, normalmente

apontadas pelo Controle da Qualidade, e segundo Juran (1990), vinte por cento dos

esforços são desperdiçados em função dos retrabalhos causados pelas deficiências

de Qualidade. Juran considera este desperdício como crônico, pois atinge o produto

desde o planejamento, cabendo as equipes de produção fazer apenas o Controle de

Qualidade, “apagando o incêndio” considerado um pico esporádico.

A partir desta etapa, o desperdício crônico é reduzido em função das melhorias

contínuas, estabelecendo-se assim, os novos limites de Controle da Qualidade. As

ações da trilogia de Juran (1990) podem ser detalhadas como segue:

I - Planejamento da Qualidade

• Identificação dos consumidores.

• Determinação das necessidades dos consumidores.

• Tradução dessas necessidades em linguagem compreensível em todos

os níveis da empresa.

• Desenvolvimento de um produto que possa responder essas

necessidades.

• Otimização das características do produto de modo a satisfazer os

clientes tanto internos como externos.

• Desenvolvimento de um processo compatível para a fabricação desse

produto.

• Otimização do processo.

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• Estabilização e capacitação dos processos de forma a poder fabricar o

produto em condições normais de operação.

• Transferência do processo aos meios de produção.

II – Controle da Qualidade

• Avaliação do nível de desempenho atual do processo.

• Comparação do processo com os objetivos fixados.

• Providências para reduzir a diferença entre o desempenho atual e o

previsto.

III – Melhoria da Qualidade

• Reconhecimento das necessidades de melhoria, uma vez que, por

melhor que seja um processo e por mais estabilidade que alcance, pode-o ser

melhorado constantemente [conceito de melhoria contínua].

• Transformação das oportunidades de melhoria numa tarefa de todos os

trabalhadores, fazendo com que os trabalhadores tenham pleno conhecimento

de suas atividades, a ponto de enxergar as oportunidades de melhoria.

• Criação de um conselho de Qualidade e seleção de projetos de

melhorias, fase em que as equipes de projeto, facilitadores e os grupos

multifuncionais serão de extrema importância.

• Promoção da formação em Qualidade; instituindo o treinamento para

despertar o comprometimento para com os objetivos da Qualidade.

• Avaliação da evolução dos projetos.

• Premiação das equipes vencedoras.

• Publicação promocional dos resultados.

• Revisão dos sistemas de recompensa, para aumentar o nível de

melhorias.

• Inclusão dos objetivos de melhorias, nos planos de negócios da

empresa.

De um modo geral Juran (1990) enfatiza a necessidade de não se deixar

enganar por slogans de qualidade, dando muita ênfase para o consumidor e destaca a

necessidade do envolvimento da administração com os problemas. O autor chega a

ser contundente quando, sem dar ênfase ao trabalho participativo, considera mais

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importante o sistema de controle do que o próprio ser humano, nos procedimentos

produtivos.

2.3 PRINCIPIOS DE DEMING PARA QUALIDADE

Logo após a 2ª Guerra Mundial, o Japão, com seu parque industrial quase

totalmente destruído, encontrava grandes dificuldades para reconstruir sua economia.

Seus produtos eram de má qualidade e por isto de difícil colocação no mercado

externo. As indústrias remanescentes e os governos japoneses estavam arruinados.

Contudo, com o apoio e capital norte americano, a economia japonesa começou a ser

reconstruída. Neste contexto, uma das estratégias mais importantes adotadas à época

estabeleceu a necessidade de melhoria da produtividade e qualidade de produtos e

processos visando à captação de divisas com exportações de produtos aceitos no

mercado mundial (Deming, 1990).

Neste sentido, o estatístico, W.E. Deming foi uma das figuras mais

proeminentes e difundiu amplamente a necessidade do aumento da Produtividade em

função da melhoria da Qualidade.

Ele verificou que a melhoria da Qualidade se dava principalmente em função

da redução da variabilidade do processo produtivo.

A redução da variabilidade pode ser obtida através do estudo detalhado das

não variáveis de um processo produtivo. Por exemplo, deve ser levada em conta a

mudança nas definições operacionais relativas ao critério de aceitação (confronto

entre o aceitável e o inaceitável).

Os 14 princípios de Deming (1990) são:

1. Crie constância de propósitos para a melhoria do produto e do

“Processo”.

2. Adote a nova filosofia.

3. Cesse a dependência da inspeção em massa.

4. Acabe com a prática de aprovar orçamentos apenas com base nos

preços mais baratos.

5. Melhore constantemente o sistema de produção e de serviço.

6. Institua treinamento.

7. Adote e institua a liderança.

8. Afaste o medo.

9. Rompa as barreiras entre os diversos setores de pessoal.

10. Elimine slogans, exortações e metas para a mão-de-obra.

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11. Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-

os pelas lideranças.

12. a) Elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o

processo de administração por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os

pela administração por processos através do exemplo de líderes.

b) Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de

orgulhar se do próprio desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser

mudada de números absolutos para a qualidade.

c) Remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da

engenharia do direito de se orgulharem de seu desempenho. Isto significa a

abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da

administração por objetivo.

13. Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento.

14. Engaje todos os membros da empresa no processo de realizar a

transformação. A transformação é da competência de todos.

2.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

Pela sua importância, pois é por meio dela que se pode saber o nível de

satisfação que estamos atingindo com nossos consumidores, ela deve ser bem feita.

Segundo Paladine (1995, p. 107) “[...] a Qualidade Total requer bases objetivas para

sua avaliação efetiva”. Portanto, a avaliação da qualidade deve ser realizada com

base em informações confiáveis e de fácil obtenção e manutenção.

A avaliação da qualidade é feita a partir do confronto do projeto com o produto,

ou seja, verificando se o que foi planejado quanto às expectativas do cliente ou

consumidor está sendo atendido pelo produto ou serviço que está sendo oferecido.

Este confronto, que pode acontecer na forma de melhoria contínua da qualidade, pode

ser acompanhado através de indicadores da organização, que oferecerá a medida de

satisfação de seus clientes e de adequação de seus produtos e serviços ao uso

(Paladine, 1995).

Por esta razão, é que se enfatiza a importância do estabelecimento de um

método de avaliação consistente, com um sistema de informações bem estruturado,

que possa ser confiável, refletido nos indicadores de qualidade, que permitam eliminar

conclusões subjetivas e não fundamentadas e ofereçam consistência para a

redefinição de estratégias e metas para o próximo ciclo de planejamento.

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2.5 INDICADORES DA QUALIDADE

O conhecimento das necessidades e expectativas do consumidor, cliente ou

usuário, é o ponto fundamental para a obtenção de um produto ou serviço de

qualidade. Para se conhecer as necessidades e expectativas do consumidor, cliente

ou usuário, é necessário levantar e determinar os fatores que são responsáveis pela

adequação do produto ou serviço às necessidades, expectativas e ambições do

consumidor, como uma forma de agregar valor ao que será produzido ou oferecido

com menor custo. Estes fatores, depois de selecionados e priorizados em grau de

relevância, transformam-se em Indicadores da Qualidade, para auxiliar a organização

no dia-a-dia, bem como na definição de seu plano estratégico de gestão pela

qualidade (Paula, 1994).

Conhecer os Indicadores da Qualidade é estar constantemente atualizado

quanto às expectativas do consumidor. É ter informação no momento oportuno. Os

programas de qualidade mudaram substancialmente de atitudes e processos dentro

das organizações e, segundo Paula (1994), o profissional da informação é o primeiro a

ser convocado para participar das equipes que iniciam estes programas dentro das

organizações.

É preciso que atender o consumidor com qualidade não se resume a tratá-lo de

forma cortês. Mais do que isso significa agregar valor, prestando ao consumidor

serviços, que na sua percepção atendam ou supere suas expectativas. Um fato que

não pode passar despercebido, é que um consumidor está disposto a pagar mais por

um produto ou serviço que tenha sob o seu ponto de vista, mais qualidade.

Nesse empenho de melhor atender, a informação sobre o consumidor, suas

expectativas e satisfação pelo atendimento recebido é vital para a sobrevivência da

organização. Ações como a implantação de um Sistema de Atendimento ao Cliente

(SAC), ou Caixa de Sugestões, fornece o feedback necessário ao planejamento

estratégico, como formas de se saber o que o cliente quer e como ele percebe o

atendimento que está recebendo. O SAC ou Caixa de Sugestões percebe o padrão de

qualidade da empresa sob a ótica do cliente e com sua visão e independência, pode

mobilizar toda a organização em função do cliente (Paula, 1994)

Do mesmo modo que em um automóvel tem-se velocímetros, odômetros,

termômetros e outros indicadores do funcionamento do veículo, uma organização

precisa de instrumentos que ajudem na sua condução, que são os indicadores de

funcionamento de uma organização.

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3 GLOBAL MANUFACTURING SYSTEM (GMS)

O Sistema Global de Manufatura, ou do inglês, GMS (Global Manufacturing

System) é a estratégia que a Montadora adotou para migrar todas as suas Plantas

[Fábricas] para um sistema comum de manufatura. Todas as áreas funcionais da

montadora devem compreender e aplicar os princípios do GMS, além de demonstrar

comprometimento e dar suporte, por meio do desenvolvimento de estratégias e

planos, para sua implementação (Manual do sistema global de manufatura, 2000).

O GMS consiste na integração de 33 elementos dispostos em 05 princípios e

suas categoria.

3.1 VISÃO DA MONTADORA

Tornar-se à líder mundial em produtos de transporte e serviços correlatos.

Conquistando-se o entusiasmo dos clientes por meio da melhoria contínua,

conseguida pela integridade, pelo trabalho em equipe e pela capacidade de inovar do

pessoal da montadora.

A Visão da Montadora é suportada por um sistema de valores cuja base está

enraizada na obtenção do entusiasmo do cliente por meio de Pessoas, Trabalho em

Equipe e Melhoria Contínua.

3.2 VISÃO E PRIORIDADE DO SISTEMA GLOBAL DE MANUFATURA (GMS)

A visão do Sistema Global de Manufatura é para um único, comum e

competitivo sistema de manufatura, consistente com os princípios da Rede de

Qualidade, que usa melhores processos, práticas e tecnologias que sustentam a visão

da Montadora na liderança mundial e um sistema Global de Entusiasmo do Cliente.

A realização desta visão irá assegurar que o Sistema Global de Manufatura

esteja alinhado, e suportando as seguintes prioridades de negócio da Montadora:

1 – Comunizar

2 – Pensar Enxuto e Agir Rápido

3 – Competir em Bases Globais

4 – Expandir o Negócio

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3.3 ESTRUTURA DO GMS

A estrutura de trabalho de todos os Planos de Negócios é conduzida pela Visão

da Montadora em ser a líder mundial em produtos de transporte e serviços correlatos,

conquistando o total entusiasmo do cliente e por meio da Melhoria Contínua,

conseguida pela integridade, pelo trabalho em equipe e pela capacidade de inovar do

pessoal da Montadora.

• Segurança

Estar comprometido em proteger a Saúde e Segurança de cada um de seus

funcionários é uma prioridade máxima da Montadora. O apoio contínuo a esses

esforços é responsabilidade de todos. O time deve ser conduzido de maneira a

assegurar a proteção e o bem estar de todos os membros.

• Qualidade

Melhorar continuamente a qualidade e assim atingir a liderança na qualidade

percebida pelo cliente em cada segmento de mercado.

• Desenvolvimento de Pessoas

Utilizar habilidade e qualificação de pessoas, comprometendo toda a força de

trabalho para o alcance das metas da organização, baseadas num

relacionamento duradouro de confiança mútua, respeito e apoio entre todos.

• Capacidade de Resposta

Responder prontamente para os clientes internos e externos, com o pronto e

total atendimento de suas reivindicações de qualidade, custo e satisfação geral.

• Custo

Eliminar todas as formas de desperdício que deterioram a habilidade de ser

competitivo. Cada função dentro da organização [engenharia, compras,

vendas, entre outros] tem objetivos similares. Integração, coordenação e

relacionamentos harmônicos são vitais para o sucesso da organização.

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3.4 OS 5 PRINCÍPIOS DO GMS

Cinco princípios organizacionais sustentam as metas do Sistema Global de

Manufatura:

• Comprometimento das Pessoas

A organização reconhece todos os seus funcionários como seu recurso mais

valioso, e dará todo o suporte necessário para permitir que as pessoas

trabalhem de forma participativa, capacitada e motivada.

• Padronização

Um processo dinâmico pelo qual se documenta se acompanha e realizam-se

os trabalhos, de acordo com padrões essenciais, terminologia, princípios,

métodos e processos para alcançar uma base comum.

• Feito com Qualidade

Expectativas de qualidade são alcançadas em cada processo para garantir que

defeitos não passem para o processo seguinte.

• Menor Tempo de Execução

Reduzir o tempo entre a colocação de um pedido pelo cliente final e a entrega

do produto e recebimento do pagamento. Existem três tipos de tempo de

execução que contribuem para este princípio:

- Tempo de execução total (de receber pedido a receber pagamento).

- tempo de execução de desenvolvimento do produto (do conceito de um

novo produto ao início de produção).

- Tempo de execução de processo (da matéria prima à montagem final).

• Melhorias Contínuas

A organização estimulará uma atitude que eduque para a mudança e apóie

seus funcionários a aprimorar seu próprio trabalho e o ambiente ao seu redor,

para a melhoria contínua da organização.

Seguir estes princípios organizacionais requer forte liderança que pode ser

definida da seguinte forma:

- Reconhecer que se deve conduzir o processo de transformação por

meio de conhecimento, desenvolvimento e comprometimento do pessoal. A

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organização busca tornar-se uma condutora, criando um ambiente para

mudança e ganhando o apoio de todos.

- Reconhecer a necessidade de disciplina de todos para a implementação

do sistema, requerendo bom planejamento, acompanhamento e sistemas de

controle.

3.5 OS 33 ELEMENTOS DO GMS

São condições necessárias para que cada elemento alcance o sucesso. Os

requisitos básicos devem ser inseridos no planejamento de novos projetos. Incluem as

ferramentas de implementação, métodos, atividades, sistemas e técnicas que

facilitarão preencher os Requisitos Básicos e disseminar de uma forma harmônica

todos os conceitos que envolvem a Implementação do Sistema Global de Manufatura.

As principais ferramentas são apresentadas a seguir com as seguintes definições:

• TPM – Manutenção Produtiva Total

São atividades que visam maximizar a produtividade.

• PMC – Processo de Melhoria Continua

É um processo para a eliminação de desperdícios.

• Treinamento Contínuo

Buscando tornar o time polivalente em todas as operações.

• Visão e Valores

Permite a idealização do objetivo ou condição desejada.

Sugestões

Pessoas participantes nas atividades de melhorias contínuas.

• Times de Trabalho

Pequenos grupos de pessoas que trabalham alcançando objetivos comuns.

• Comunicação Aberta

Fluxo livre e aberto de comunicações em todos os níveis.

• Q.C.O.S.

Critérios de avaliação e controle da qualidade por índices de criticidade

(pontuação).

• Áreas Confinadas

São áreas cuja entrada ou saída sejam limitadas ou restritas

• Andon

Sistema controle na fábrica para comunicar a necessidade de assistência.

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• Ergonomia

É a ciência que protege o ambiente do local de trabalho adequado às

capacidades dos trabalhadores.

• Análise de Risco

Determinar os riscos de acidentes sugerindo meios para eliminá-los

• Solução de Problemas

Análise e eliminação de discrepâncias

• Trabalho Padronizado

Maneira disciplinada de executar um processo de trabalho.

• Quality Gate

Sistema de avaliação executada pelos verificadores

• Programa de Produção Nivelado

Método de programação de produção que segue critérios.

3.6 DIRETRIZ OPERACIONAL DO GMS - PRINCÍPIO FEITO COM QUALIDADE

Padrões de qualidade do produto são elaborados para comunicar claramente

uma condição, dimensão ou valor que ser atingido para satisfazer o cliente interno ou

externo ou requisitos normativos.

A cada etapa dos processos de verificação e manufatura, as expectativas de

qualidade devem compreendidas por todos os membros do time. Os Benefícios são:

• Suporte ao membro de time no desenvolvimento, na utilização do

trabalho padronizado e avaliação correta do produto;

• Comunicar os padrões aos fornecedores e ao time não sendo mais

justos do que aqueles aplicados nos processos anteriores.

Estes padrões fornecem documentação de suporte a principio de Padronização

e ao Feito com Qualidade utilizando um conjunto de informações descritas e

ilustrativas.

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4 METODOLOGIA

A metodologia do trabalho foi verificar in loco, os indicadores do processo e

produto por meio de um processo padronizado de auditoria aplicável em veículos, para

auditar e analisar as peças injetadas e pintadas antes de serem montadas. Foram

feitas avaliações de superfície durante e após a produção de pára-choque dianteiro do

Novo Carro, em dois períodos: situação atual [setembro de 2004] e situação proposta

[outubro de 2004].

4.1 UNIVERSO E AMOSTRA

As amostras do estudo foram selecionadas nas áreas produtivas da Fabricação

de Peças Plásticas, na Montadora para observação e avaliação das peças injetadas

que apresentem deficiências em sua superfície.

4.2 SITUAÇÃO ATUAL

O sistema atual de avaliação da qualidade foi elaborado de modo a possibilitar

a obtenção de peças em condições de evitar envio defeitos para linha de montagem,

exportação e reposição em concessionárias, porém o sistema não garante a

repetibilidade do processo.

Após o processo de injeção são realizadas auto-inspeções nas peças por

operadores das máquinas e por verificadores de qualidade na forma subjetiva levando

em conta uma peça padrão de modelo e a prática de cada operador, verificadores e

líderes da área.

O verificador de qualidade realiza o trabalho detalhado de análise de peças

injetadas, porque após o setup [substituição de moldes] e durante o processo de

produtivo por cada duas horas são avaliadas qualidade das peças injetadas pela

experiência e prática de cada pessoa e liberados os lotes de produção para estoque.

Este meio de avaliação não é confiável porque cada pessoa possui uma forma de

avaliar, criando diferentes interpretações para as condições de cada peça.

São usados dois índices para tomada de ações na avaliação da qualidade das

peças injetadas e pintadas:

1º) Os refugos diários das peças levando em consideração o dia todo de

produção em três turnos e a partir destes resultados acima de 1.1 % refugo são

tomadas ações.

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2º) Quando peças são seqüenciadas para linha de montagem é analisada a

sujeira, danos, defeitos não detectados após injeção.

Com os resultados em mãos dos índices acima são tomadas ações para

contenção, correção e prevenção dos problemas de forma direta na orientação dos

empregados, não possuindo um sistema consististe e confiável para análise de

superfície de peças injetadas ocorrendo dúvidas nos defeitos avaliados durante o

processo para liberação ao cliente.

4.3 FOLHA DE INSTRUÇÃO DE PROCESSO (FIP)

A produção das Injetoras de Plástico utiliza a FIP (Figura 1) para regulagem

dos parâmetros de operações das injetoras que tenham alguma influência na

qualidade dos produtos. Esses documentos fornecem as informações necessárias

para que o operador execute corretamente seu trabalho e as inspeções de qualidade.

As FIP(S) são originalmente elaboradas pela Engenharia de Processos de

Componentes Plásticos com acompanhamento da Engenharia de Produção &

Qualidade.

As revisões e eventuais alterações são de responsabilidade da Engenharia

Produção, que as executam conforme necessidade apontada pelo departamento de

Produção. A FIP original modificada deve ser encaminhada para a Engenharia de

Processo de Componentes Plásticos para aprovação, que fica responsável pelo envio

de cópias controladas para as respectivas áreas. A FIP anterior deve ser substituída,

nesta ocasião, por uma das cópias.

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Figura 1 – Folha de Instrução de Processo (FIP)

FOLHA DE INSTRUÇÃO DE PROCESSO - F.I.P.

Molde: 1BM 18 80003 Nº Cavidades: 1

Nome da Peça: P/choque Diant. 4300 Nº Operadores: 2

Matéria - Prima: PP+EP(D)M+11%TC “Zero Gap"

Cor: Preto Tyson Peso da Peça: 3,140 Kg

Ciclo [S] : 90 Ciclo Hora: 40 Peças

1) Ao iniciar produção verificar a qualidade da peça

2) Checar 100% os pontos críticos (conforme instrução abaixo);

Rebarba Chupagem Emenda fria

Ondulação Falha Marca de extrator

Corte de estilete

A B C D E F G H I J L M N O P Q

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

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4.4 INSTRUÇÃO DE TRABALHO (IT)

A Instrução de Trabalho (Figura 2) é um documento que fornece as diretrizes

para execução das operações baseadas em documentos da Engenharia de Processo

de Componentes Plásticos.

São mantidas nas respectivas áreas cópias controladas da Folha de Instrução

de Trabalho a fim de facilitar a consulta pelos operadores.

As Folhas de Instrução de Trabalho são atualizadas quando:

• O produto for alterado;

• O processo for alterado;

• O método de inspeção for revisado.

Figura 2 – Instrução de Trabalho para Verificação de Defeitos

INSTRUÇÃO DE TRABALHO PARA VERIFICAÇÃO

Nome da Peça: Cobertura Coluna B Superior – Novo Carro

Rebarba Chupagem Emenda fria

Ondulação Falha Corte de estilete

Marca de extrator

Mancha Bolha Falta de Comp.

Riscos E Sujeira

Montagem Invertida

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4.5 CONTROLE DE REFUGOS

O refugo de peças injetadas é reportado no diário de bordo, conforme código

apropriado de defeitos/ falhas na injeção. As peças refugadas, assim como o canal de

injeção, é segregado em equipamentos adequado, os quais devem estar devidamente

identificados. (Figura 3)

O controle do índice de refugo nas Injetoras é realizado diariamente, utilizando

as informações do diário de bordo que devem ser repassadas à Supervisão.

Na Pintura, o controle do índice de refugo também é diário e as informações,

repassadas da mesma forma à Supervisão.

Reuniões diárias para discussão dos refugos devem ser conduzidas, contando

com a participação dos supervisores e gerente, para tomada de ações imediatas que

visem à redução destes índices.

Figura 3 – Controle de Refugos por Máquina e Causas por Dia

CONTROLE DE REFUGOS

MAQUINA Nº QUANT. PEÇAS

3 8 CAUSAS QUANT. PEÇAS

5 15 EMENDA FRIA 31

9 18 DEFORMAÇÃO / CHUPAGEM 29

10 10 MARCAS DANOS DE ROBOT 23

11 12 ONDULAÇÃO 46

12 5 POROSIDADE 0

15 4 REBARBA 0

16 6 CONTAMINAÇÃO DE MATERIAL 18

17 8 FALTA DE COMPONENTES 0

18 28 MANCHAS 26

19 9 PEÇA FALHADA 25

20 8 FURO OBSTRUÍDO 0

21 15 TOTAL 198

22 16

23 27 TOTAL PEÇAS OK 21240

24 9 TOTAL REFUGO 198

TOTAL 198 % 0,93%

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4.6 DEVOLUÇÕES DOS CLIENTES

Quaisquer não conformidades encontradas ou suspeitas, nas peças/ conjuntos

devolvidas pelos Clientes, devem ser devidamente avaliadas, analisando seus efeitos

reais e potenciais, de modo a propor ações de contenção e ações corretivas rápidas.

As peças não conformes devem ser segregadas dos produtos “OK” em áreas

adequadas e identificadas com uma etiqueta “REJEITADO”.

Na medida em que retrabalhos possam ser efetuados nas peças, eliminando as

não conformidades, estes devem ser identificadas, segregadas, retrabalhadas e

reinspecionadas, conforme plano de qualidade. Os verificadores não devem executar

retrabalhos, pois a reinspeção cabe a estes, preferencialmente, os mesmos que

fizeram à inspeção inicial das peças.

Instruções de trabalho devem estar disponíveis aos operadores que executam

o retrabalho.

4.7 MATÉRIA PRIMA, MATERIAIS E COMPONENTES NÃO CONFORMES

Caso ocorra alguma não conformidade, o material/ componente é identificado

com a etiqueta “REJEITADO” e devidamente segregado. Aciona-se o departamento

de CQPC para inspeção, seleção e retrabalho do fornecedor. Para tintas/ vernizes/

esmaltes deve-se acionar diretamente o fornecedor.

Se não houver materiais ou componentes em condições de uso ou similares,

que possam substituir o material não conforme sem comprometer a qualidade do

produto, a produção será interrompida até que o material ou componente, com

qualidade, seja recebido. O fornecedor será demeritado conforme procedimento do

CQPC.

4.8 REGISTROS

As não conformidades, acusadas nos produtos, devem ser registradas e

arquivadas por período determinado [conforme procedimento de controle de registros

da área]. As ações executadas sobre esses produtos, assim como o retrabalho

executado, também devem ser registradas e armazenadas por período igual ao

registro de não conformidades.

Todos os registros aqui referidos devem ser tais que permitam a rastreabilidade

dos respectivos produtos, peças ou lotes.

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A supervisão do departamento de Qualidade, ou outro representante por este

designado é responsável pela segregação/ aprovação final de lotes/ produtos

inspecionados.

4.9 AÇÃO CORRETIVA

Nas atividades de ações corretivas são observados os seguintes aspectos:

• Registro documentado das ações corretivas;

• Análise crítica das reclamações de clientes e relatórios de não-

conformidade do produto;

• Investigação da causa da não conformidade relacionada ao produto,

processo, sistema de qualidade e registros dos resultados;

• Determinação e implementação de ações corretivas para eliminar a não

conformidade, assegurando-se que estas não reincidirão;

• Análise crítica para assegurar que a ação corretiva está sendo tomada e

é efetiva, mantendo registro do mesmo;

• Aplicação da solução encontrada para outros produtos e processos

similares;

No caso de solicitação para ação corretiva emitida pelo cliente, o método para

solução do problema deve atender as exigências do cliente quando assim sugerido.

Os produtos não conformes devolvidos pelo cliente são auditados, registrados

e mantidos em arquivo para consultas e ações corretivas aplicáveis.

Para identificação das causas raízes das não conformidades e determinação

de ações que tragam efetivamente suas soluções, utiliza-se o “5 Passos” como

método de solução de problemas.

Convém ressaltar que as “não conformidades” aqui descritas devem incluir por

definição as reclamações de clientes internos e externos. As não conformidades e

observações de melhoria levantadas em auditorias internas e externas de Sistema de

Qualidade devem ser integralmente tratadas.

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4.10 AÇÃO PREVENTIVA

Todas as informações geradas no sistema de qualidade são utilizadas como

base para o desenvolvimento de ações preventivas, tais como:

• Elaboração de dispositivos à prova de erro;

• Melhorias de processo;

• Plano de reação;

• Entre outros.

Toda ação relevante, tomada para correção ou prevenção de problemas, deve

ser notificada à gerência para ser usada na análise crítica pela administração.

Nas atividades de ações preventivas são observados os seguintes aspectos:

• Definição da não conformidade potencial e de suas causas;

• Avaliação da necessidade de ações que visem evitar a ocorrência de

não conformidades;

• Definição e implementação das ações estipuladas;

• Registro dos resultados das ações executadas;

• Análise crítica das ações preventivas executadas

Processos de Melhoria Contínua (PMC’s) são um modo de se registrar ações

preventivas.

Este trabalho propõe uma nova maneira de realizar a avaliação da peças que

será tratada na próxima seção denominada situação proposta.

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4.11 SITUAÇÃO PROPOSTA

As coletas de dados serão executadas após a injeção das peças nas máquinas

e após pintura das peças no local de aprovação para envio ao estoque aplicando

somente aos itens de acabamento externo do veículo.

Todas as peças injetadas e pintadas serão avaliadas por meio da criação de

um Roteiro de Verificação, a qual possui uma folha com instruções, referências de

como avaliar as peças, com descrição de especificações e método de medição para

os verificadores do processo.

Aplicando os seguintes critérios:

• Tato: deslizar a mão sobre a superfície para localizar possíveis defeitos

como depressões, ondulações, entre outros.

• Visual: deixar a peça limpa e seca e fazer a verificação sem o uso de

qualquer artifício, com o intuito de pegar defeitos maiores.

Veículo será dividido em zonas conforme e deverá ser analisada a parte

externa com visibilidade das peças.

Zona “A” Acabamento Externa (Figura 4) compreende todas as superfícies

externas do veículo, acima de uma linha imaginária formada pela parte superior dos

pára-choques onde as imperfeições são mais evidentes e fáceis:

• Grade radiador

• Superfície Horizontal dos pára-choques

• Região superior da moldura caixa de roda

• Cobertura coluna C externa

• Moldura traseira do teto e da caçamba

• Região externa da grade do curvão

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Figura 4 - Zona “A” Acabamento Externo

• Zona “B” Acabamento Externo (Figura 5) corresponde à superfície

vertical externa, abaixo da linha horizontal imaginária ao nível dos pára-

choques.

• Superfície vertical dos pára-choques.

• Região inferior da moldura caixa de roda.

Figura 5 - Zona “B” Acabamento Externo

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A Metodologia proposta envolve a análise dos defeitos conforme, classificação

por discrepâncias em classes abaixo:

Classe 1: As discrepâncias de Classe 1 são óbvias e graves podem ser vistas

com facilidades por uma pessoa sem experiência. Não requerem utilização de

luminância adequada, lupas, ou pintura. As discrepâncias de Classe 1 na Zona A e B

requerer um plano de ação imediato sobre a causa do problema para a solução, as

peças devem ser retrabalhadas para sua aprovação. Em caso de não haver retrabalho

as peças devem ser refugadas.

Classe 2: As discrepâncias de Classe 2 são aquelas que podem ser

detectadas por um auditor com experiência em auditoria de superfície seja visual ou

com a utilização de luminância adequada, lupas, ou pintura. As discrepâncias de

Classe 2 nas Zonas A e B requerem uma ação de correção imediata.

Classe 3: As discrepâncias de Classe 3 são aquelas que podem ser

detectadas por um auditor com experiência em auditoria de superfície seja em forma

visual ou com a utilização de uma luminância adequada, lupa ou pintura. As

discrepâncias de Classe 3 na Zona A e B devem ser analisadas e corrigidas na

ferramenta.

4.12 TABELA DE PONTUAÇÃO

Durante avaliação da superfície quando encontrado discrepâncias será

determinado uma pontuação por Zona A e B conforme apresenta a tabela 1

Tabela 1 – Tabela de Pontuação Zona A e B

CLASSE DE DEFEITOS

ZONA 1 2 3

A 100 35 15

B 60 25 10

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4.13 CÁLCULO DA PONTUAÇÃO DAS DISCREPANCIAS

Relatório de avaliação de Superfície com Pontuação (Figura 7)

• Colocar a quantidade de discrepâncias por Zona-Classe no espaço X

• No espaço Y quantidade de discrepâncias encontradas pela pontuação

que aparece na linha acima Z.

• Realizar a soma das discrepâncias encontradas e colocá-las em K.

• Realizar a soma dos pontos encontrados e colocá-los em W.

• Com o dado de W inserir na Figura de conversão (Figura 6), que

mostram a continuação.

• O valor encontrado na tabela deve ser colocado no espaço destinado à

NOTA, em R.

Figura 6 – Cálculo de Conversão de Discrepâncias

Pontos Nota Pontos Nota>750 5.0 200-209 2.5

700-749 4.9 190-199 2.4670-699 4.8 180-189 2.3640-669 4.7 170-179 2.2610-639 4.6 160-169 2.1580-609 4.5 150-159 2.0550-570 4.4 140-149 1.9520-549 4.3 130-139 1.8490-519 4.2 120-129 1.7460-489 4.1 110-119 1.6440-459 4.0 105-109 1.5420-439 3.9 100-104 1.4400-419 3.8 95-99 1.3380-399 3.7 90-94 1.2360-379 3.6 85-89 1.1340-359 3.5 80-84 1.0320-339 3.4 75-79 0.9300-319 3.3 70-74 0.8280-299 3.2 65-69 0.7260-279 3.1 60-64 0.6250-259 3.0 55-59 0.5240-249 2.9 50-54 0.4230-239 2.8 45-49 0.3220-229 2.7 40-44 0.2210-219 2.6 05-39 0.1

T A B ELA D E C ON VER SÃO

P eças de A cabamento Externo N ão P intadas

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Figura 7 – Relatório de Avaliação de Superfície com Pontuação

Relatório de Avaliação de Superfície com Pontuação

Nome: Pára-choque Dianteiro NOVO CARRO Data: ____ /_____ /_____

Defeitos de Superfície Símbolo Zonas de Superfície

Classificação das Discrepâncias

Emenda-fria A Zona A Defeitos óbvios e graves que podem

Deformação / chupagem B Zona B Ser vistas com facilidade por uma

Marcas danos de robô

1

Pessoa sem experiência

Ondulação Defeitos que podem ser detectadas

Porosidade Por um auditor com experiência sem

Rebarba excessiva

2

Recurso adequado

Contaminação de material Defeitos que podem ser detectadas

Falta de Componentes Por um auditor com experiência usando

Manchas (umidade , óleo)

3

Recurso adequado

Peça falhada / falta de material

* Recurso adequado refere-se: iluminação,

Furo obstruído Peça Padrão, ou pintura quando aplicável

COMENTÁRIOS: DATA: RÚBRICA:

Pontuação 100 60 35 25 15 10

Somatória 1A 1B 2A 2B 3A 3B Nº de defeitos / peça Nota

Defeito específico /peça X K

Somatória 1A 1B 2A 2B 3A 3B Somatória dos pontos

Pontos /peça Y W

R

PONTUADO POR: CONFERIDO POR:

Z

-

X

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4.14 PLANO DE AÇÃO

Sempre que os resultados da pontuação de superfície apresentarem alguma

das condições de variação da pontuação (Figura 8), um Plano de Ação deverá, ser

tomado:

Figura 8 – Variação da Pontuação

Tendência

Plano de ação

Variação da pontuação

Requer Não

Requer

Pontuação com tendência positiva

(manutenção ou queda) abaixo do objetivo.

Pontuação com 1 (uma) tendência negativa,

abaixo do objetivo.

Pontuação com 2 (duas) ou mais tendências

negativas abaixo do objetivo.

Pontuação com tendência de manutenção,

acima do objetivo

Pontuação com 1 (uma) ou mais tendência

negativa acima do objetivo.

X X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

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5 RESULTADOS

O estudo de caso apresenta a avaliação de superfície de peças injetadas

durante e após a produção do pára-choque dianteiro do Novo Carro, foram avaliados

dois períodos de produção o método atual [mês Setembro de 2004] e método proposto

[Outubro de 2004]. Esses resultados são proporcionados pelos registros em

documentos apresentados nos Anexo A - Diário de Bordo. O primeiro estudo

apresenta um numero maior de peças em retrabalho e rejeitadas, utilizando o método

atual de avaliação de superfície.

A Tabela 2 ilustra as quatro semanas do mês de setembro de 2004 e as

quantidades de peças produzidas em relação a retrabalho e refugo.

Tabela 2 – Setembro de 2004 – Quantidade de Peças Produzidas,

Retrabalhos e Refugos Pela Avaliação Atual.

Quantidade de peças

Produzidas Retrabalhos Refugos

1ª Semana 800 75 30

2ª Semana 900 82 28

3ª Semana 750 66 18

4ª Semana 800 74 22

Total 3.250 297 98

As discrepâncias encontradas no processo durante este período foram

separadas por causas, para avaliar o maior índice de problemas e determinar o foco

das ações no processo produtivo em relação à qualidade das peças injetadas.

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O segundo estudo apresenta um numero menor de peças em retrabalho e

rejeitadas, utilizando novo método com critérios mais rígidos de avaliação da

superfície de plásticas.

A Tabela 3 ilustra as quatro semanas do mês de outubro de 2004 e as

quantidades de peças produzidas em relação a retrabalho e refugo.

Tabela 3 – Outubro de 2004 – Avaliação Proposta

Quantidade de peças

Produzidas Retrabalhos Refugos

1ª Semana 820 35 10

2ª Semana 880 38 12

3ª Semana 790 29 9

4ª Semana 760 27 8

Total 3.250 129 39

Com método proposto ocorreu diminuição nos índices de retrabalho e refugo,

melhorando a qualidade do produto, redução de custo e tempo na atividade das

pessoas que trabalham na área.

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O Figura 9 demonstra o período de quatro semanas da situação atual do mês

de Setembro de 2004 quantidades de retrabalho e refugo.

Figura 9 – Demonstramento de Retrabalho e Refugo Mês de Setembro de 2004

A Figura 10 demonstra o período de quatro semanas da situação atual do mês

de Outubro de 2004 quantidades de retrabalho e refugo.

Figura 10 – Demonstramento de Retrabalho e Refugo Mês de Outubro de 2004

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4

RETRABALHOS REFUGOS

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4RETRABALHO REFUGO

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A análise dos gráficos demonstra que a situação proposta apresenta a

diminuição de retrabalhos e refugos das peças injetadas e em conseqüência ganhos

de qualidade, produtividade e custo.

A Tabela 4 ilustra uma relação de causas e a respectiva quantidade de peças

que precisaram de retrabalho ou se tornaram refugo e o percentual de problemas de

cada causa, para a situação atual.

Tabela 4 – Quantidade de Peças Produzidas, Retrabalho e Refugo por Causas e

Porcentagens de Problemas.

Quantidade de Peças

Causas Retrabalhos Refugos % Problemas

Emenda fria 0 8 0,25%

Deformação / chupagem 0 25 0,77%

Marcas danos de robô 26 0 0,37%

Ondulação 0 32 0,98%

Porosidade 77 0 2,37%

Rebarba 121 0 3,72%

Contaminação de material 0 3 0,25%

Falta de componentes 0 0 0,00%

Manchas 25 16 1,26%

Peça falhada (Falta de material) 0 9 0,28%

Furo obstruído 48 0 1,48%

Total 297 98 12,15%

Somando o numero de retrabalhos e refugos dividindo pelo número de peças

produzido valor de 12,15% é alto dificultando o processo produtivo e estas incidências

de problemas são elevadas ocasionando perdas e dificuldades em produzir peças

para atender os clientes.

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A Tabela 5 ilustra uma relação de causas e a respectiva quantidade de peças

que precisaram de retrabalho ou se tornaram refugo e o percentual de problemas de

cada causa, para a situação proposta.

Tabela 5 – Situação Proposta

Quantidade de peças

Causas Retrabalhos Refugos % Problemas

Emenda fria 0 3 0,09%

Deformação / chupagem 0 11 0,34%

Marcas danos de robô 12 0 0,37%

Ondulação 0 13 0,40%

Porosidade 27 0 0,83%

Rebarba 56 0 1,72%

Contaminação de material 0 3 0,09%

Falta de componentes 0 0 0,00%

Manchas 11 5 0,49%

Peça falhada (material) 0 4 0,12%

Furo obstruído 23 0 0,71%

Total 129 39 5,17%

Realizando a mesma relação entre o numero de peças, o resultado do estudo

da situação proposta demonstrou a redução no numero de retrabalho e refugos em

todas as causas do processo de injeção, não destacando um causa principal.

A quantidade de problemas diminui em todos sentidos, assim o processo

produtivo ganhou qualidade, produtividade e custos. Segue na próxima página um

demonstrativo de ganhos da situação atual e proposta.

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Tabela 6 – Situação Atual Custo Mão de Obra e Material

MÃO DE OBRA

SÁLARIO HORA DURAÇÃO (h) PESSOAS CUSTO

REFUGO R$ 9,50 4 2 R$ 76,00

RETRABALHO R$ 9,50 9 2 R$ 171,0

MATERIAL

VALOR PEÇA DURAÇÃO (h) PESSOAS CUSTO REFUGO R$ 80,00 4 2 R$ 640,00

RETRABALHO R$ 80,00 9 2 R$ 1.440,0

CUSTO TOTAL R$ 2.327,00

Tabela 7 – Situação Proposta Custo Mão de Obra e Material

MÃO DE OBRA

SÁLARIO HORA DURAÇÃO (h) PESSOAS CUSTO

REFUGO R$ 9,50 1,5 2 R$ 28,50

RETRABALHO R$ 9,50 4 2 R$ 76,00

MATERIAL

VALOR PEÇA DURAÇÃO (h) PESSOAS CUSTO REFUGO R$ 80,00 1,5 2 R$ 240,00

RETRABALHO R$ 80,00 4 2 R$ 640,0

CUSTO TOTAL R$ 984,50

Os resultados acima demonstraram ganhos em relação ao custo de mão de

obra e material determinando um processo de avaliação de superfície eficaz e consiste

após estudos apresentado neste capitulo.

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6 DISCUSSÃO

Os resultados da avaliação de superfície nestes últimos dois meses com o

método da situação atual e situação proposta demonstram muitos benefícios na

produção de peças injetadas, no desenvolvimento de melhorias com clientes e maior

repetibilidade do processo produtivo.

Antes da implementação deste método na produção, todas as peças eram

separadas no processo e a avaliação não possuía um método claro e sistemático,

assim cada pessoa adotava um critério de avaliação próprio e fazia reclamações

gerando; conflitos, demora nas ações corretivas e atraso para o cliente.

Para a análise das tabelas 5 e 6 o índice percentual de problemas nas tabelas

5 e 6 é obtido por meio do numero de peças que geraram retrabalho somando que

geraram refugo dividido pelo numero de peças produzidas no mês Setembro a

Outubro igual a 3.250 peças.

Comparando a situação atual com situação proposta em relação às causas que

geram retrabalho houve uma redução total no período de 168 peças em relação a

refugo no mesmo período de um mês houve uma redução de 59 peças.

Analisando a quantidade de refugo e retrabalho em relação à mão de obra e

material mantendo a mesma quantidade de pessoas e mesmo salário hora; houve um

ganho de tempo de 2,5 horas e redução de custo de R$ 47,50.

Na variável retrabalho em relação ao tempo houve um ganho de 5 horas.

Quanto ao custo de mão de obra, foi possível uma redução de R$ 95,00 por peça

retrabalhada por mês.

Em relação ao material mantendo o mesmo numero de pessoas e o mesmo

valor de peça na variável refugo houve um ganho quanto ao tempo do trabalho

executado de 2,5 horas. Quanto ao custo de material foi possível uma redução de R$

400, 00 na variável retrabalho houve um ganho de tempo de 5 horas e uma redução

de R$ 800,00.

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7 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos com esse novo método de avaliação proporcionaram

ganhos na qualidade das peças injetadas, definição de um padrão de trabalhos para

todos os envolvidos, melhor capacidade de respostas para problemas encontrados e

quando acionados pelo cliente, e em conseqüência a redução do custo operacional da

empresa.

Com os verificadores e operadores treinados e comprometidos na realização

das atividades e avaliação das plásticas o seu trabalho estará de acordo com os

procedimentos do GMS, isto é, não passando a peça para o cliente com defeitos,

obtendo um melhor resultado na qualidade e proporcionando maior produtividade.

Toda relação cliente-fornecedor deve ser mantida para aprimorar o sistema de

avaliação e na busca de melhorias direcionadas capazes de assegurar a qualidade,

fazendo certo da primeira vez, caso necessário solicitando ajuda e com aumento da

lucratividade da empresa.

A eficácia operacional foi melhorada por meio da adoção de uma postura que

possibilitou a área obter ganhos em todos os aspectos quer sejam na produtividade

através do combate as perdas do processo ou na qualidade combatendo o custo dos

retrabalhos motivados pela não qualidade e dos custos através da erradicação dos

desperdícios.

À medida que novos conceitos de Gestão de Qualidade vão sendo

incorporadas às áreas de manufatura, sempre ocorrem dificuldades em adaptar o

conceito para as pessoas que compõem o quadro operacional das organizações. À

medida que os conceitos vão sendo assimilados os resultados melhoram

simultaneamente.

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REFERÊNCIAS

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Christiano Otoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1996.

DEMING, W. E. Out of the crisis. Boston, MA: MIT Press, 1986.

GARVIN, D.A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva.

Rio de Janeiro: Qualitimark, 1992.

GENERAL MOTORS DO BRASIL, Manual do sistema global de manufatura.

São Jose dos Campos, SP.2000.120p.

ISHIKAWA, K. TQC, total quality control: estratégia e administração da qualidade.

São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos, 1986.

JURAN, J. M. Planejando para a Qualidade. São Paulo: Pioneira, 1990.

JURAN, J.M. Controle de qualidade: componentes básicos da função da qualidade.

São Paulo:McGraw-Hill/Mrakon, 1991

PALADINE, E. P. Gestão da Qualidade no Processo. São Paulo: Atlas, 1995.

PAULA, R. P. M. Aplicação da Norma ISO 9000 no mercado de trabalho da

informação: uma chance de sucesso para a área de GDI. In: SEMINÁRIO SOBRE

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WERKEMA, C. As ferramentas da qualidade no gerenciamento do processo. São

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Page 55: ANALISE DA METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO DE …ppga.com.br/mba/2004/chagas_julio_cesar_teixeira.pdf · julio cesar teixeira chagas analise da metodologia da avaliaÇÃo de superfÍcie

ANEXO A – DIARIO DE BORDO

DIÁRIO DE BORDO DATA: _____/_____/_____ Nº MÁQ: ______

PRODUÇÃO DO DIA OPERADORES

INÍCIO FIM Nº PEÇA NOME DA PEÇA TURNO NOME

QTDE. PEÇAS QTDE. PEÇAS

INÍCIO FIM Nº PEÇA OBJ OK +/- REFUGO Nº PEÇA OBJ OK +/- REFUGO

05:50 07:00

07:00 08:00

08:00 09:00

09:00 10:00

10:00 11:00

11:00 12:00

12:00 13:00

13:00 14:00

14:00 15:05

CÓDIGOS REFUGO INJEÇÃO

TOTAL 1º TURNO 1 FALHA

15:05 16:00 2 MANCHA

16:00 17:00 3 MARCA EXTRATOR

17:00 18:00 4 CHUPAGEM

18:00 19:00 5 MATÉRIA PRIMA

19:00 20:00 6 VAZAMENTO ÓLEO

20:00 21:00 7 VAZAMENTO ÁGUA

21:00 22:00 8 DANOS ROBÔ

22:00 23:00 9 MECÂNICA

23:00 00:03 # ELÉTRICA

TOTAL 2º TURNO # FERRAMENTARIA

00:03 01:00

01:00 02:00

02:00 03:00

03:00 04:00

04:00 05:50

TOTAL 3º TURNO