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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
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ANÁLISE DA ESTRUTURA VEGETAL A PARTIR DA REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA COM O USO DE PIRÂMIDES DE VEGETAÇÃO
DIOGO LAERCIO GONÇALVES1 LIRIANE GONÇALVES BARBOSA2
MESSIAS MODESTO DOS PASSOS3
Resumo: O artigo tem como objetivo discutir o uso cartográfico de pirâmides, como instrumento de análise e representação da estrutura vertical da vegetação e enfaticamente sua construção gráfica sem a pretensão de discutir/divulgar resultados de pesquisas. Para isso, o texto fará uso de duas pirâmides elaboradas com informações de levantamentos fitossociológicos (lotes) realizados em localidades distintas: o primeiro na Várzea do rio Paranapanema, no município de Rosana, no Estado de São Paulo; o segundo na Floresta Nacional de Palmares no município de Altos, no Estado do Piauí, ambos são resultados de pesquisas de Mestrado em andamento que estão sendo realizadas pelos autores. As pirâmides foram elaboradas no editor de textos do Word e com o desenvolver das pesquisas, no aplicativo Corel DRAW.
Palavras-chave: Levantamento Fitossociológico, Pirâmide de Vegetação, Estrutura Vegetal.
Abstract: The paper aims to discuss the use of cartographic pyramids as an analytical tool and representation of vertical vegetation structure and emphatically its graphic construction, with no claim to discuss / disseminate research findings.For this, the text will use of two pyramids with elaborate information of Phytosociological surveys (lots) held in different locations:the first in the Paranapanema River flooddrain in the municipality of Rosana, in São Paulo; the second in the Floresta Nacional dos Palmares in Altos de county in the state of Piauí, both are Master's research findings on progress being made by the authors. The pyramids have been prepared in Word text editor and, then, with the development of the research, in Corel DRAW application. Key-words: Phytosociological surveys; Pyramid vegetation; Vegetable structure.
1 – Introdução
O uso de pirâmides gráficas para representar cartograficamente a estrutura
vertical da vegetação tem sido uma constante em alguns estudos da Geografia, cujo
objeto de análise é a vegetação, e se presta a evidenciar sua estrutura e dinâmica
interna, através da avaliação de parâmetros fitossociológicos.
Esta técnica só é possível acompanhada de levantamentos feitos a partir de
trabalho de campo. Essa orientação metodológica de estudo da vegetação, aliada à
1 Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia -Universidade
Estadual Paulista, Presidente Prudente- SP. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do programa de pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia -Universidade
Estadual Paulista, Presidente Prudente- SP. E-mail: [email protected] 3 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia -Universidade
Estadual Paulista, Presidente Prudente- SP. E-mail: [email protected]
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utilização de técnicas de sensoriamento remoto tem gerado um leque cada vez
maior de formas de representação cartográfica da vegetação que permitem a
interpretação/avaliação precisa do comportamento da cobertura vegetal de um lugar.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo discutir o uso
cartográfico de pirâmides, como instrumento de análise e representação da estrutura
vertical da vegetação e enfaticamente sua construção gráfica. Para demonstrar as
potencialidades do uso desta representação, o texto faz uso de duas pirâmides
elaboradas com dados de levantamentos fitossociológicos (lotes) realizados em
localidades fitogeográficas distintas: o primeiro no domínio da Mata Atlântica, na
Várzea do rio Paranapanema, no município de Rosana, Estado de São Paulo; o
segundo em um sistema de transição fitoclimático, na Floresta Nacional de
Palmares, localizada no município de Altos, no Estado do Piauí.
Os levantamentos são resultados de pesquisas de Mestrado em andamento,
que estão sendo realizadas pelos autores e têm como finalidade coletar as
informações necessárias para elaboração de pirâmides e análise da estrutura
vertical da vegetação. Ambas as pesquisas têm feito uso dos levantamentos
fitossociológicos e das pirâmides de vegetação para interpretação e análise
fitossociológica da cobertura vegetal das respectivas áreas indicadas.
2 – Desenvolvimento
2.1 Estudo e representação cartográfica da vegetação
O estudo da vegetação é um dos principais pilares da pesquisa ambiental
dada sua importância para a qualidade do ambiente e o equilíbrio do sistema
natural. A vegetação atua no processo de regulação dos fluxos do ciclo
biogeoquímico e do balanço energético (entradas e saídas de matéria, energia e
informação), através da relação de troca com demais elementos do sistema e da
interação com a radiação eletromagnética.
Ao mesmo tempo, é importante indicador de qualidade ambiental e matéria-
prima e base de sustentação do sistema econômico e social vigente, exercendo
funções de purificação do ar, arborização e distribuição de oxigênio. É ainda
utilizada na produção de alimentos, de madeira, de medicamentos, celulose,
produtos cosméticos, etc. Para Oliveira e Machado (2004) toda e qualquer atividade
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econômica do homem tem como base a exploração de algum bem natural e a
vegetação é um deles.
De acordo com Lacoste e Salanon (1973), a vegetação serve como um
sensor que adverte sobre as mudanças em determinado ecossistema permitindo a
partir da sua fisionomia e composição florística, o reconhecimento de áreas cujo
caracteres de povoamento e condições ecológicas são praticamente homogêneas.
Seu estudo diagnóstico e prognóstico (classificação, caracterização, avaliação,
zoneamento e monitoramento) requer o uso/aplicação de metodologias e técnicas
de pesquisa e representação que permitam estudá-la de modo sistemático.
A fisionomia, o comportamento temporal e espacial, as características
biofísicas e padrões, a composição florística e fenológica, a fisiologia e morfologia
das plantas, a abundância e frequência de espécies e a sociabilidade são alguns
parâmetros vegetais estudados com frequência. Esses parâmetros são resultantes
das inter-relações ambientais entre os elementos do sistema natural, e a partir deles
é possível extrair informações do clima, relevo, solo, hidrografia e do grau de
interferência antrópica na cobertura vegetal de um lugar.
Por exemplo, a composição florística de uma comunidade vegetal está
geralmente associada às características climáticas, aos solos e aos sistemas
hidrográficos regionais. As espécies de plantas se especificam, de um lugar para
outro, conforme esses condicionantes ambientais. A vegetação do semiárido é um
reflexo do sistema climático que atua na região e tem, assim como o regime
pluviométrico local, como principal característica a estacionalidade.
As pesquisas atuais sejam na área da Biogeografia e/ou áreas afins, têm se
apoiado em técnicas e tecnologias modernas com a finalidade de quantificar e
avaliar parâmetros biofísicos e fitossociológicos da vegetação, de modo que seja
possível sua representação cartográfica e avaliação horizontal e vertical, nas
escalas temporal e espacial.
Nesse sentindo, é possível destacar ao menos duas orientações
metodológicas, as quais têm norteado os estudos sobre vegetação na atualidade,
especialmente em pesquisas da Geografia e Geociências: as técnicas de
sensoriamento remoto e geoprocessamento e os levantamentos fitossociológicos.
Ambas as metodologias de estudo, se realizam fortemente apoiadas na pesquisa
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empírica, enfaticamente os levantamentos fitossociológicos, os quais dependem
exclusivamente do trabalho de campo para se concretizar.
O imageamento da superfície terrestre, por sensores orbitais de satélites
(Sensoriamento Remoto) permite a aquisição e exploração de dados “qualitativos e
quantitativos” (PONZONI et. al., 2012) da vegetação, e ao mesmo tempo, a
sistematização dos mesmos, através de técnicas de processamento de imagens e
sua representação em elementos cartográficos - mapas temáticos e as cartas de
índices de vegetação.
Segundo Ponzoni et.al.(2012), as informações extraídas de imagens orbitais
torna possível o mapeamento de dados qualitativos da vegetação, como as classes
e padrões fisionômicos e espaciais, as modificações temporais e espaciais, a
evolução temporal da cobertura e as interferências antrópicas, e ao mesmo tempo, a
quantificação de parâmetros geofísicos e biofísicos, como o índice de área foliar, a
biomassa, e a “morfologia - densidade da cobertura, distribuição horizontal e vertical
de folhas e o ângulo de inserção foliar” (MOREIRA, 2012).
Wagner (2013) avaliou a relação entre a variabilidade climática interanual e a
dinâmica espacial e temporal de áreas de campos na região do Pampa no Estado
do Rio Grande do Sul e no Uruguai, utilizando dados quantitativos de imagens de
séries temporais de índices de vegetação. A autora concluiu que a variável climática
é fator condicionante da dinâmica da vegetação de campo no Pampa.
Já Chaves et.al. (2013) realizaram estudo diagnóstico da cobertura vegetal e
degradação da vegetação de caatinga em uma bacia hidrográfica na região do Cariri
no Estado da Paraíba usando índices espectrais para discriminar os tipos de
vegetação e de uso da terra na área da bacia, fazendo uso, enfaticamente de dados
qualitativos como padrões fisionômicos e espaciais, interferências antrópicas e
modificações temporais e espaciais.
Por outro lado, os levantamentos fitossociológicos permitem avaliar
parâmetros qualitativos como a variabilidade de espécies, dinâmica interna,
estrutura estratigráfica, sociabilidade, a abundância/dominância de espécies e
estratos e, frequência e densidade e representá-los através de pirâmides gráficas e
fichas de campo, correspondendo estes a estrutura vertical da vegetação, algo que
ainda não é possível analisar somente com o uso do sensoriamento remoto.
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Costa (2011) realizou estudo com a orientação metodológica dos
levantamentos fitossociológicos no Parque Municipal de Goiabal no município de
Ituiutaba em Minas Gerais. O autor utilizou a proposta de estudo da vegetação de
Bertrand (1966) para diagnosticar a composição florística e estrutura dos estratos da
vegetação do parque.
De modo geral, utilizando uma ou outra metodologia, o estudo e
representação da vegetação são fundamentais para compreensão da dinâmica da
paisagem, que deve ser entendida também a partir da evolução histórica das
formações vegetais, onde ambas devem ser analisadas e estudadas
concomitantemente para que assim durante o processo de organização do espaço
obtenha-se o máximo de rendimento e o mínimo de exploração, da paisagem e
vegetação atual (PIROLI; PASSOS; MELO, 2007).
2.2. Técnicas de Construção de Pirâmides de Vegetação
Conforme já enfatizado anteriormente, esse texto traz como enfoque principal
a discussão sobre a importância da utilização de pirâmides cartográficas como forma
de representação da vegetação, e enfaticamente sua construção gráfica. As
pirâmides são uma forma de representação cartográfica da vegetação que permitem
a análise vertical da sua estrutura interna através da amostragem de parâmetros
fitossociológicos como abundância/dominância e sociabilidade.
Para a análise da estrutura vegetal através de pirâmides, leva-se em
consideração o número de estratos e o modo de agrupamento das plantas, com o
intuito de representa-las cartograficamente. Essa forma de representação
cartográfica dos estratos vegetais é um modelo de pirâmide de vegetação proposto
por Bertrand(1966) que tem como princípio, sua proposta teórica-metodológica, o
sistema GTP (Geossistema-Território-Paisagem) (PASSOS,2003). Bertrand defende
o GTP como modelo tridimensional de estudo do meio ambiente tendo como
elemento indicador de paisagem, a vegetação.
É preciso enfatizar, no entanto, que a representação cartográfica da
vegetação por meio de pirâmides só é possível acompanhada de levantamento
fitossociológico que, por sua vez, sua realização deve ser precedida e auxiliada por
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técnicas do sensoriamento remoto. Tais técnicas auxiliam na identificação de áreas
a serem amostradas e facilitam o planejamento prévio dos campos da pesquisa.
Sendo assim, a primeira etapa de uma pesquisa sobre vegetação, cuja
principal orientação metodológica é os levantamentos fitossociológicos, é a análise
da cobertura vegetal da área a ser estudada por meio de imagens de satélite com a
finalidade de planejar o campo e a escolha dos locais onde serão delimitados os
lotes da amostragem.
Para a realização dos levantamentos é preciso ter um conhecimento prévio
sobre o local estudado. A avaliação da vegetação é feita em uma primeira etapa a
partir de imagens de satélite georreferenciadas, e em seguida por meio da
confirmação das informações a campo. O procedimento consiste na obtenção das
coordenadas de cada local com ou sem vegetação e da conferência no campo para
avaliação da qualidade da informação obtida da imagem.
Na etapa seguinte, a partir das informações prévias estabelecidas pelas
imagens de satélite, são escolhidas áreas core, para que sejam realizados os
levantamentos fitossociológicos. Neste contexto, aplica-se a metodologia detalhada
por Bertrand (1966), escolhendo um terreno ou setor (lote), delimitados num raio de
10 metros, que melhor represente a formação vegetal da área de estudo. Quatro
critérios devem ser tomados para efeito de escolha dos lotes: o relevo topo,
vertente, planície e/ou fundo de vale – o solo, a própria característica da vegetação,
principalmente as descontinuidades fisionômicas e a interferência antrópica. Esses
são os fatores que frequentemente mais contribuem para as descontinuidades da
vegetação em nível local.
A etapa seguinte à escolha dos lotes é a realização dos levantamentos em si,
que deve ser acompanhada por um guia de campo (mateiro) com profundo
conhecimento popular sobre as espécies de vegetação. Na verificação em campo é
observada a situação dos fragmentos florestais, levando-se em consideração
espécies presentes e a variedade, seu estágio sucessional, o acesso de animais, a
existência de plantações próximas, a presença de erosões dentre outros aspectos,
que influenciam no desenvolvimento dos estratos vegetais presentes naquele lote.
Com a ajuda do guia, as espécies são identificadas dentro da área do lote e
anotadas na ficha biogeográfica (figuras 2 e 3) que depois servirá de base para a
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Fonte: Braun- Blanquet,1979 apud Passos,2003
formulação das pirâmides de vegetação. Os parâmetros fitossociológicos utilizados
para nos levantamentos, são Abundância/Dominância e a Sociabilidade. Os dois
primeiros indicam a equivalência do grau de superfície coberta pelas plantas,
enquanto o último indica o grau de agrupamento das plantas (PASSOS, 2003). Para
estes parâmetros utilizam-se duas tabelas que indicam o percentual de Abundância/
Dominância e o grau de Sociabilidade das plantas e dos estratos, estabelecidos por
Braun-Branquet (1979).
Figura 1: Quadros de parâmetros fitossociológicos
Servem de ilustração dois levantamentos fitossociológicos. O primeiro, feito
na Várzea do rio Paranapanema, no município de Rosana, no Estado de São Paulo4,
que está localizado em uma importante área de preservação, tendo em vista a sua
localização geográfica, próximo a confluência dos rios Paranapanema e Paraná,
ficha de campo da figura 2. O segundo é o levantamento fitossociológico feito na
Floresta Nacional de Palmares, no município de Altos no Estado do Piauí.5 A área da
Floresta, integra uma importante faixa de transição entre os domínios
fitogeográficos dos Cerrados, da Caatinga e da Amazônia, com rica variedade de
fauna e flora (figura 3).
4 Pesquisa: “USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS NO BAIXO CURSO DO RIO PARANAPANEMA: conflitos
e potencialidades da aplicação do Código Florestal.” que está sendo desenvolvida pelo mestrando Diogo Laercio
Gonçalves, sob orientação do Prof. Dr. Messias Modesto dos Passos.
5 Pesquisa: “ANÁLISE DE SISTEMAS EM BIOGEOGRAFIA: ESTUDO DIAGNÓSTICO DA E
PROGNÓSTICO DA COBERTURA VEGETAL DA FLORESTA NACIONAL DE PALMARES, ALTOS,
PIAUÍ-BRASIL”, que está sendo desenvolvida pela mestranda Liriane Gonçalves Barbosa, sob orientação do
Prof. Dr. Messias Modesto dos Passos.
Percentual de Abundância/ Dominância
Cobrindo entre 75% à 100%.
4 Cobrindo entre 50% à 75%.
3 Cobrindo entre 25% à 50%.
2 Cobrindo entre 10% à 25%.
1 Planta abundante porém com valor de
cobertura baixo não superando a 10 %.
+ Alguns raros exemplares.
Percentual de Sociabilidade
5 População contínua; manchas densas.
4 Crescimento em pequenas colônias;
manchas densas pouco extensas.
3 Crescimento em grupos
2 Agrupados em 2 ou 3
1 Indivíduos isolados
+ Planta rara ou isolada
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Figura 2 e 3: Fichas de Campo 1 e 2
FICHA BIOGEOGRÁFICA
Lote nº 1
Formação: Floresta Estacional Semidecidual Aluvial
Domínio Bioclimático: Mata Atlântica do Interior
Unidade Morfoestrtural: Bacia Sedimentar do Paraná
Sítio: Várzea do Paranapanema Série de Vegetação: Tropical
Município: Rosana Coordenadas Geográficas:
Latitude: 22º37’ 52.11’’ S Longitude: 53º5’ 41.90’’ W
Estado: São Paulo Data do levantamento: 29/10/2014
Espécies vegetais por
Estratos: Nº de
Indivíduos Altitude(m)
Aprox.:
Espécies: Estratos
A/D S A/D - Dinâmica
Arbóreo:
Sapopema (Sloanea monosperma) 1 30 2 1
= 3 = Equilíbrio
Jatobá (Hymenaea sp) 1 30 2 1
Açoita Cavalo (Luehea divaricata) 1 35 2 1
Angico (Anadenanthera Colubrina) 1 20 2 1
Farinha-Seca (Albizia niopoides) 1 25 2 1
Arborescente:
Marinheiro (Licania kunthiana) 1 8 2 1 = 2 = Equilíbrio Palmeira Licuri (Syagrus coronata) 1 8 2 1
Arbustivo:
Carrapateiro (Ricinus Communis) 6 5 2 2 = 1 = Equilíbrio
Subarbustivo:
Rubiácia (Rubiaceae) 1 3 1 1
<= 1 => Progressão
Limãozinho (Rheedia gardnerina) 1 3 1 1
X (Não identificada) 17 2 2 4
Herbáceo-rasteiro:
Samambaia (Nephrolepis polypodium) 15 - de 1 metro 1 4 = 1 =
Equilíbrio
Húmus/Serrapilheira: Ocorrência significativa (10 cm) com muitas folhas em decomposição
Altitude: 237 metros Declividade: 5% Exposição: NE/SW
Clima: Tropical (outono – março/chuvoso e seco) Precipitação: 1.300 mm (média anual)
Microclima: Úmido
Rocha- Mãe: Depósitos Cenozoicos Aluviais
Erosão: Inexistente
Ação Antrópica: Baixa ação antrópica no lote em si, no entanto, o entorno (ranchos, pousadas e estrada de acesso) bastante impactado
Dinâmica do Conjunto: No subconjunto o lote apresenta dinâmica estável
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FICHA BIOGEOGRÁFICA
Lote nº 6
Formação: Floresta Estacional Semidecidual Domínio Bioclimático: Sistema de Transição Fitoclimático
Unidade Morfoestrtural: Bacia Sedimentar do Parnaíba
Sítio: Floresta Nacional de Palmares Série de Vegetação: Tropical
Município: Altos Coordenadas Geográficas:
Latitude: 05º 03’ 25.15’’ S Longitude: 42º 35’ 33.6’’ W
Estado: Piauí Data do levantamento: 27/05/2014
Espécies vegetais por Estratos:
Nº de Indivíduos Altitude(m)
Aprox.:
Espécies: Estratos
A/D S A/D - Dinâmica
Arbóreo: Pouteria furcata (Tuturubá/Goiaba Leiteira) 1 12 1 2
= 4/5 = Equilíbrio
Cenostigma Macrophyllum (Caneleiro) 11 15 3 3
Cenostigma Macrophyllum (Caneleiro) 5 10 3 3
Anadenanthera Colubrina (Angico Branco) 2 15 1 1
Thiloa Glaucocarpa (Sipaúba) 1 12 + 1
Luehea Cymulosa (Mutamba Preta) 1 15 + 1
Cedrela Odorata (Cedro) 1 17 + 1
Bactris Vulgaris (Tucum) 2 15 1 1
Ziziphus Cinnamomum (Jacarandá) 1 17 1 2
Eschweilera alvimii (Sapucarana) 9 10 2 2
Cecropia Pachystachya Trécul (Embaúba) 1 15 + 1
Attalea Speciosa (Coco Babaçu) 5 15 4 3
Ouratea Racemiformais (Peito de Moça) 2 12 + 2
Tabebuia Ochracea (Ipê Amarelo) 1 17 + 1
Arborescente:
Dictyoloma Vandellianum (Pau de Urubú) 13 7 1 4
= 3/4 = Equilíbrio
Swartzia Oblata (Grão de Bode) 1 7 + 1
Attalea Speciosa (Coco Babaçu) 20 7 4 3
Eschweilera Alvimii (Sapucarana) 5 6 2 2
Duguetia Marcagraviana (Cundurú) 4 7 2 2
Ziziphus Cinnamomum (Jacarandá) 3 8 1 2
Cenostigma Macrophyllum (Caneleiro) 7 7 3 3
Arbustivo:
Duguetia Marcagraviana (Cundurú) 5 5 2 2
Subarbustivo:
Dalbergia Gracilis (Cipó de Escada) 15 - 2 2
3/3 <= => Progressão
Ziziphus Cinnamomum (Jacarandá) 1 1 1 2
Eschweilera alvimii (Sapucarana) 2 3 2 2
Bactris Vulgaris (Tucum) 3 2,5 1 1
Duguetia Marcagraviana (Cundurú) 16 3 2 2
Attalea Speciosa (Coco Babaçu) 4 3 4 3
Syagrus Oleracea (Pari;Guariroba) 3 4 1 1
Randia Armata (Espinho de Judeu) 5 3 1 2
Dolichandra Ungis-Cati (Unha de Gato) 1 - + 1
Herbáceo-rasteiro:
Bromelia Karatas (Croatá/Croá) 1 0,7 + 4 +/+ => <= Regressão Pouteria Furcata (Tuturubá/Goiaba Leiteira) 1 0,7 1 2
Húmus/Serrapilheira: Raízes finas e folhagem e galhos secos, principalmente palha de babaçu, em decomposição
Altitude: 162 metros Declividade: 1,7% (12 cm) Exposição: NE
Clima: Tropical (verão/outono chuvoso e inverno e primavera seco) Precipitação: 1.300 mm (média anual)
Microclima: subúmido
Rocha- Mãe: Arenito (Grupo Balsas; Formação Pedra de Fogo; alternância de arenitos, silexistos e folhelhos
Solo: Siltito arenoso
Ação Antrópica: Quase nenhuma ação antrópica no lote em si, apenas circulação de pessoas na trilha.
Dinâmica do Conjunto: No subconjunto o lote apresenta dinâmica estável, com vegetação preservada.
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Para a construção das pirâmides até o estágio atual das pesquisas, aqui
mencionadas, foi possível fazer uso tanto do recurso digital, o aplicativo de desenho
Corel Draw e o editor de textos Word, como também do modo mais convencional e
manual, fazendo uso do desenho à mão em folha de papel milimetrado.
Devem ser consideradas para elaboração das pirâmides as indicações de
Passos (2003), que recomenda as indicações numéricas para cada parâmetro e a
proporcionalidade matemática de cada estrato de acordo com os percentuais e os
graus dos parâmetros fitossociológicos atribuídos na ficha em campo.
Assim, a elaboração da pirâmide se dá em três etapas: a construção da
base, onde são inseridas a representação do perfil vertical da estrutura geológica do
terreno, do solo (espessura) e de sua cobertura orgânica e a declividade do terreno.
A partir de um segmento de reta horizontal traçado de 10 cm, elabora-se a base
seguindo ou a estrutura estratigráfica da formação geológica do terreno ou a cor a
ela atribuída na planilha de cores da Geologia, sobreposta pelas camadas do solo e
cobertura orgânica.
A segunda etapa é a elaboração dos estratos. Sobre a base, no centro,
ergue-se uma linha na vertical também com 10 cm, o eixo que servirá de
sustentação para composição dos estratos. Considera-se na construção da
pirâmide a ordem normal de superposição dos estratos (arbóreo, arborescente,
arbustivo, subarbustivo e herbáceo) o tamanho e a espessura são dados devido às
condições de Abundância/Dominância de cada estrato e no topo, indica-se a posição
da exposição solar.
A última etapa é inserção das informações do lote e a legenda da pirâmide.
Na pirâmide elaborada no aplicativo do Corel Draw, além dessas informações há o
acréscimo da localização geográfica do lote representada em um mapa de
localização.
As pirâmides aqui apresentadas (figuras 4 e 5) foram elaboradas no aplicativo
Corel Draw e Editor Word, respectivamente. A pirâmide da figura 4 foi feita no Corel,
após ter sido desenhada em papel milimetrado e digitalizada no computador para
servir de base para o projeto modelo de todas as demais pirâmides de ambas as
pesquisas. Ela apresenta maior riqueza de informações e detalhes, permitindo fácil
interpretação dos dados apresentados pelo leitor.
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Figura 5 - Pirâmide de Vegetação do Lote Nº 6 da Floresta Nacional de Palmares (Altos –PI) feita no software de edição de textos Word. Elaboração: Liriane Gonçalves Barbosa
Figura 4- Pirâmide de Vegetação do Lote Nº 1 na Várzea do Paranapanema (Rosana-SP) feita no software Corel Draw. Elaboração: Diogo Laércio Gonçalves
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3 - Considerações Finais:
Os estudos fitossociológicos, nos dão um embasamento teórico-metodológico
muito importante para a interpretação do estágio atual dos estratos vegetais que
compõem uma determinada área vegetada. Concomitantemente, permite avaliar a
evolução, o equilíbrio e a regressão dessas camadas e qual o grau de interação dos
estratos entre si. Este tipo de estudo, também permite ao geógrafo transitar entre
determinados temas de outras disciplinas, tais como a biologia e a botânica e sua
interdisciplinaridade para com a geografia, mais especificamente a biogeografia.
As pirâmides de vegetação fazem parte do “arranjo final” deste tipo de estudo,
sistematizando os dados do trabalho de campo anotados na ficha biogeográfica,
criando um modelo cartográfico, de análise e interpretação sobre a composição dos
estratos de uma determinada área estudada. Cabe aqui neste artigo, discutir as
potencialidades da construção do modelo cartográfico da estrutura vertical da
vegetação, a partir do uso das pirâmides de vegetação notadamente construídas
após os trabalhos de campo com o preenchimento das fichas biogeográficas.
Este tipo de representação cartográfica significa um avanço importante para o
entendimento do público no geral, tendo em vista a facilidade de se interpretar a
composição dos estratos e sua dinâmica com os elementos naturais em geral (solo
exposição solar, declividade, geologia e ação antrópica). Neste sentido, pretende-se
avançar nos estudos fitossociológicos, para aperfeiçoar este tipo de técnica
cartográfica, visando o aperfeiçoamento da construção das pirâmides de vegetação.
4- Referências Bibliográficas
CHAVES, Iêda de Brito et. al. Indices espectrais, diagnóstico da vegetação e degradação da caatinga da Bacia do Taperoá- PB. In: SILVA, Bernardo Barbosa da. Aplicações brasileiras do sensoriamento remoto. Campina Grande-PB:EDUFCG, 2013. COSTA, Rildo Aparecido. Análise Biogeográfica do Parque Municipal do Goiabal em Ituitutaba-MG. Caderno Prudentino de Geografia. Presidente Prudente, n.33, v.1, p.68-83, jan./jul.2011. LACOSTE, Alain e SALANON, Robert – Biogeografia – Editora Oikos-Tau, Barcelona, 1973. OLIVEIRA, Lívia de; MACHADO, Lucy Marion Calderini Philadelpho. Percepção, cognição, dimensão ambiental e desenvolvimento com sustentabilidade. (In):VITTE, Antonio Carlos; GUERRA, Antonio José Teixeira. Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil (Orgs). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. PASSOS, M.M. dos- Biogeografia e Paisagem. -2 ed. Maringá: [s.n.], 2003.
PIROLI, E. L.; PASSOS, M.M. dos. e MELO, C.R. de- O estudo da mata ciliar
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