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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO Prof. Dr. Luiz Antônio da Silva [email protected]

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

Prof. Dr. Luiz Antônio da [email protected]

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

Locutor1: Marquinhos:::... a bo:::la...

Locutor2: o almoço já tá pronto?

Locutor1: malcriA::do

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

CONVERSAÇÃO- Faz parte do cotidiano de todos.

- Trata-se de uma prática social que possibilita outras práticas.

- Por meio dela, as pessoas iniciam, desenvolvem e rompem relacionamentos, conversando ou deixando de conversar.

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

CONVERSAÇÃO- conversare: encontrar-se habitualmente

no mesmo lugar

- con-: junto versare: dar voltas

- Remete-nos à ideia de convivência.- Conversação: atividade em que duas

pessoas interagem por meio da linguagem verbal e/ou não-verbal.

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

CONVERSAÇÃO- Sentido restrito: oralidade; dialogicidade

(pelo menos, 2 interlocutores); imediatez; dinamicidade (troca de papéis conversacionais); cooperação (co-construção); temas cotidianos (não especializados)

- Sentido amplo: tipos diferentes de conversação

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

HISTÓRICO- Nasceu e desenvolveu-se,

primeiramente, no campo da Sociologia.

- Garfinkel e a Etnometodologia

- A Sociologia de Garfinkel

- A importância de Harvey Sacks

- A importância de Erving Goffman

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

- Marcuschi (1986) afirma que a Análise da Conversação busca responder:

- Como as pessoas se entendem ao conversarem?

- Como sabem que estão conversando?

- Como criam, desenvolvem e resolvem conflitos interacionais?

- Como usam seus conhecimentos linguísticos para criarem condições adequadas à compreensão mútua?

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

- Metodologia:

- coleta de material (gravação)

- transcrição

- análise do material

- apresentação dos resultados

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MODELO DE SSJ (1974)

- turno: é a vez de cada um falar.

- LRT: “lugar relevante para a transição do turno”. Considerar a completude sintático-semântica.

- Regra básica da conversação: “fala um de cada vez”

- Lista de 14 características para a tomada de turno:

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MODELO DE SSJ (1974)

1. A troca de falantes é recorrente.

2. Em geral, fala um de cada vez.

3. As ocorrências com mais de um falante são frequentes, mas são breves.

4. As transições de um turno a outro sem intervalo são comuns.

5. A fala pode ser contínua ou descontínua.

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MODELO DE SSJ (1974)

6. São usadas técnicas de distribuição de turno.

7. A ordem dos turnos não é fixa, mas variável.

8. Há mecanismos de reparação para resolver falhas ou violações na tomada de turno.

9. Não se pode especificar previamente a distribuição dos turnos.

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MODELO DE SSJ (1974)10. A duração dos turnos não é fixa, mas variável.

11. São empregadas diversas unidades que constroem o turno.

12. O tamanho dos turnos não é fixo, mas variável.

13. O conteúdo dos turnos não é fixo nem previamente especificado.

14. O número de participantes é variável.

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MODELO DE SSJ (1974)- Pares adjacentes- Sequência inserida

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PAR ADJACENTE

- Pergunta - resposta

- Saudação – saudação

- Convite – aceitação/recusa

- Agradecimento - assentimento

- Crítica – aceitação/refutação

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PAR ADJACENTELocutor 1: Oi... tudo bem?

Locutor 2: vou bem e você?

Locutor 1: tudo bem... como você se chama?

Locutor 2: Me chamo Luiz Antônio...

Locutor 1: o que você faz?

Locutor 2: não trabalho... só dou aula

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SEQUÊNCIA INSERIDA

- Trata-se de um par adjacente encravado entre duas partes de outro par adjacente.

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SEQUÊNCIA INSERIDA

Locutor 1: Pai::: me dá 50 reais?

Locutor 2: pra que você quer?

Locutor 1: pra pagar o livro de História...

Locutor 2: vou pegar na carteira...

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CARACTERÍSTICAS

1. Co-produção discursiva

2. Planejamento local (passo a passo)

3. Hesitações (pausas, alongamentos, repetições, marcadores

4. Correção

5. Paráfrase

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CARACTERÍSTICAS

6. InterrupçãoL1: é...a lagosta de lá é muito gostosa...e... e no em

Fortaleza nós comemos também

L2: não eu acho eu eu gosto de esporte

L1: quando eu disse ainda há pouco de que o homem ooo homem precisava que o homem precisava de solidão

L2: mas você pode não precisa essa análise você pode fazer tudo sem ter pressa

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CARACTERÍSTICAS

7. Topicalização

L1: medicina você sabe que é prática...

L2: o Japão... ele... desde o início...

L1: a minha de onze anos... Ela supervisiona o trabalho das cinco...

L2: merenda escolar eu tenho pouca noção...

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CARACTERÍSTICAS

8. Anacoluto

L1: peixe aqui no Rio Grande eu tenho a impressão que se come peixe exclusivamente na Semana Santa

L2: um arquiteto que se forma... o salário inicial de arquiteto tá em torno de quatro mil e quinhentos...

L1: o vestido de::... vocês usavam vestidos para para para baile de organdi... regra geral 

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CARACTERÍSTICAS

9. Relevo (elevação de voz, recorte silábico, alongamento)

L1: ho::je em dia... tudo está mais CARO... A inflação corrói o:: o:: di-nhei-ro::::

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ERVING GOFFMAN- Goffman estabeleceu uma espécie de

gramática dos rituais de interação que regem as relações sociais da vida cotidiana.

- Goffman analisou o comportamento humano em situações sociais, por meio de metáforas do meio teatral: a vida social pode ser comparada a uma cena, onde os atores representam e interpretam papéis, de acordo com a situação.

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ERVING GOFFMAN- FACE é o valor social positivo que uma

pessoa reclama para si mesma.

- Se, durante a interação, houver confirmação da face, haverá satisfação. Se houver a valorização, sentir-se-á bem. Caso não se cumpram as expectativas, sentir-se-á mal e ofendido.

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ERVING GOFFMAN- Três situações:

1. Face equivocada: a informação não condiz com a linha esperada.

2. Sem face: perda da imagem.

3. Face adequada: confiança e segurança

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ERVING GOFFMAN- Orientação defensiva: preservar a face do

outro.

- Orientação protetora: preservar a própria face.

- O simples contato com outras pessoas pode representar rompimento de um equilíbrio entre as partes.

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ERVING GOFFMAN- Como se pode ameaçar a face do outro?

1. Ameaça involuntária

2. Ameaça ocasional

3. Ameaça como estratégia