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Publicação mensag nº 14TRANSCRIPT
AOS LEITORES
6 Vitória da pluralidadeA parceria de sucesso dos leitores com ANÁLI$E, uma publicaçãopluralista que defende os interesses do Rio Grande do Sul e ofortalecimento da democracia no Brasil.
ENTREVISTA
8 Mais qualidade, globalizaçãoe vinhedos descentralizadosO jovem Adriano Miolo é umdos líderes da frente que vemacrescentando cada vez maisqualidade aos vinhos finosbrasileiros. Conhecedor doque há de melhor pelo mundoafora, o diretor-técnico daMiolo Wine Group dizque a base desse avançoestá no uso de novastecnologias na elaboraçãode vinhos, como mudascertificadas, manejo porespaldeira, enologia mais racional de vinificação euso da madeira. Além disso,ele ensina: "É precisodescobrir as potencialidadesde cada região".
4 l ANÁLI$E
ÍNDICE
ARTIGOS
18 Em defesa da extensão ruralPor Caio Rocha
19 Geração biológica deeletricidade: um novo passo para a sustentabilidadePor Christiane Saraiva Ogrodowski e Fabricio Butierres Santana
VITIVINICULTURA
24 Nosso vinho começaa despertar emoçõesOs produtos do Vale dos Vinhedos passarão a contarcom certificado de origem, assim como acontece na França,valorizando nossa produção.
INDÚSTRIA PLÁSTICA
14 Mais competitividade para aterceira geração do setor petroquímicoProjeto do governo do Estado pretende aumentaro poder de fogo das empresas gaúchas de plástico,um segmento composto por cerca de 900 companhias,responsáveis por mais de 25 mil empregos diretos e comfaturamento superior a R$ 3 bilhões.
VITIVINICULTURA
24 Nosso vinho começaa despertar emoçõesOs produtos do Vale dos Vinhedos passarão a contarcom certificado de origem, assim como acontece na França,valorizando nossa produção.
PORTOS E HIDROVIAS
28 Em Rio Grande, o futuro já chegou
Com calado ampliado, região portuária já registrou omaior volume de carga embarcada em um só navio.
Maio de 2010 l 5
SUPLEMENTO
3 Rumo à ISO 14001
Companhia Riograndense de Mineração (CRM) implantaSistema de Gestão Ambiental.
6 Engajamento
O trabalho diário do Grupo CEEE para minimizar os impactosdecorrentes de suas atividades.
7 Tijolos ecológicosA Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec)negocia parcerias com a iniciativa privada com o objetivo deprogramar processosconstrutivos para a fabricaçãode blocos a partir do usode cinza de carvão e calcomo matéria-prima.
DO BOM E DO MELHOR
29 Mercado de luxoSegmento cresce a uma surpreendentetaxa anual de 35% a 40%.
30 Paixão pela carneFestival do assador agoraé permanente no Vermelho Grill.
PEQUENAS E MICROEMPRESAS
20 Serviçode excelênciaSebrae/RS possibilitaa qualificação de 80companhias do setormetalmecânico quefornecem para oGrupo Gerdau.
Maio de 2010l Nº 14 l Ano 5
Redação:Saldanha Marinho, 30, 303
Porto Alegre (RS) - CEP: 90160-240Telefone - (51) 3223.3185
E-mail: [email protected]
Editor:Hélio Gama Neto
Planejamento Gráfico:Kraskin Comunicação
Ilustrações:Cristiano Chaui
Colaboradores:Ana Maria Stella de Albuquerque,
Carol Walfrid e Ivan Carvalho
Fotos:Divulgação e Danny Bittencourt
Textos:Guilherme Arruda, Hélio Gama,
Hélio Gama Neto, Ita Pritsch, Jefferson Klein,Laura Fraga, Leticia Marchetti e
Marianna Senderowicz.
Revisão de textos:Zoleva Carvalho Felizardo
Comercial:Mauro Kanarzveski
e Rogério Turelly
Impressão:Gráfica Editora Pallotti
Revista ANÁLI$E é uma publicação de:
Desde 1989Fundador: Hélio Gama
Os artigos assinados não representam
a opinião da revista
Para anunciar ou assinar, ligue:(51) 3062.1388
6 l ANÁLI$E
AOS LEITORES
Vitoriosa parceriaPOR HÉLIO GAMA NETO*
Desde o seu lançamento como anuário, em 2005, a revista ANÁLI$E
tem sido uma fiel parceira de estudiosos, empreendedores, em-
presários, executivos, políticos e governantes que colocam os interesses
da sociedade gaúcha acima de suas paixões ideológicas e de seus inte-
resses econômicos ou corporativos ou pessoais.
Essa parceria, aliás, não foi em vão. ANÁLI$E tem propugnado e apoiado todas
as iniciativas que foram concretizadas desde aquela data ou que serão realidades em
futuro próximo. Elas constituem importantes fundamentos para o momento de
prosperidade do Rio Grande do Sul.
ANÁLI$E, como podem testemunhar seus leitores fiéis e os que quiserem exa-
minar suas edições anuais, semestrais, bimestrais e mensais, tem defendido várias teses
vitoriosas, como os exemplos listados a seguir: o equilíbrio das finanças públicas; a re-
tomada das funções de Estado das mãos das corporações que as privatizaram; a mo-
dernização e redução de custos de educação, saúde e segurança; a montagem de uma
infraestrutura capaz de reduzir os custos da logística, atrair novos investimentos e ga-
rantir mais segurança para mercadorias e pessoas; o ingresso do Estado em novos se-
tores, como biocombustível, indústria naval, cadeias de base florestal, laticínios e tu-
rísticos; o desenvolvimento da irrigação e drenagem para revolucionar a produção de
alimentos; e, no que se refere à sua responsabilidade social, de ser um agente em favor
da democratização da informação.
Os resultados dessa parceria têm sido magníficos. O Rio Grande do Sul está no
caminho seguro de um crescimento econômico veloz e sustentável, capaz de suportar
as pressões de uma segunda rodada da crise econômica mundial que parecia domina-
da. Esse cenário é mais uma vez bem retratado aqui, nesta edição de número 14.
Destaque para a fantástica evolução da nossa vitivinicultura e a zelosa ação de algumas
das nossas principais empresas no quesito sustentabilidade.
ANÁLI$E se orgulha de ter participado dessa caminhada, sempre reconhecendo
a importância das decisões que contribuíram para esses bons resultados, assim como
os acertos de seus autores. Mas nem sempre a tranquila posição independente de
ANÁLI$E tem sido bem compreendida.
Alguns desejam ter servos e apoiadores incondicionais, e não parceiros indepen-
dentes que reconheçam a existência de um mundo caracterizado pela pluralidade. Es-
sa publicação apoia teses e soluções das mais diferentes origens e precisa continuar fa-
zendo isso para merecer a credibilidade que conquistou nesses cinco anos de existên-
cia. A parceria de ANÁLI$E é com o Rio Grande do Sul e seu povo. E isso é reco-
nhecido como suficiente por todos aqueles que desejam, de fato, e acima de tudo, o
fortalecimento da democracia no Brasil.
*Editor
PROFUNDO CONHECEDOR
DA VITIVINICULTURA EM TODO O
MUNDO, ADRIANO MIOLO É UM
DOS LÍDERES RESPONSÁVEIS PELA
CONSTANTE MELHORA DOS
VINHOS FINOS BRASILEIROS
PROFUNDO CONHECEDOR
DA VITIVINICULTURA EM TODO O
MUNDO, ADRIANO MIOLO É UM
DOS LÍDERES RESPONSÁVEIS PELA
CONSTANTE MELHORA DOS
VINHOS FINOS BRASILEIROS
Visão globalVisão global
8 l ANÁLI$E
ENTREVISTA / Adriano Miolo, enólogo e diretor-técnico da Miolo Wine Group
Fotos: Divulgação
POR GUILHERME ARRUDA
Avitivinicultura brasileira per-
correu várias fases desde a
chegada das primeiras barri-
cas trazidas nos porões das
caravelas de Cabral, passando pela vinda
dos imigrantes italianos, em 1875, das
multinacionais, na década de 70, até che-
gar aos dias atuais. Nada, contudo, é
comparável à espantosa evolução ocorri-
da nas últimas duas décadas, a melhoria
da qualidade dos vinhos e dos es-
pumantes. Os empresários saíram das
suas aldeias. Foram buscar conhecimento
lá fora e voltaram carregados de planos.
Sabe-se, hoje, que o Brasil tem um
dos melhores terroirs do mundo para es-
pumantes. Mas é preciso uma boa dose
de humildade para reconhecer que a dis-
tância que nos separa dos franceses, dos
italianos, dos espanhóis ou dos portugue-
ses é enorme, muito embora sejamos elo-
giados e premiados em cotejos às cegas
com os melhores exemplares do Velho
Mundo. Enfim, a viticultura ganhou visi-
bilidade entre produtores do chamado
Novo Mundo, graças à dedicação e à li-
derança de muitas forças locais que pen-
saram o conjunto ao invés de lutarem
por interesses isoladamente.
Uma dessas lideranças é o empresá-
rio Adriano Miolo, diretor-técnico da
Miolo Wine Group, incansável defensor
do vinho brasileiro, uma pessoa admirá-
vel, simples e simpática, personalidade
marcante no mundo do vinho em fun-
ção da visão que tem do mundo vitiviní-
cola. Ele é um dos principais responsá-
veis pelo salto de qualidade e imagem do
vinho brasileiro.
Adriano é bisneto do patriarca Giu-
seppe Miolo, italiano vindo de Piombino
Dese, Vêneto, em 1897. Foi ele quem
adquiriu o Lote 43, marco zero na cami-
nhada da família Miolo. Após formar-se
no Curso Técnico de Enologia, em Ben-
to Gonçalves, viajou para Mendoza
(ARG) para fazer o curso superior e, fi-
nalmente, mais quatro anos de mestrado
em Marketing do Vinho, que o levou a
estudar em 12 países.
Nesta entrevista, ele fala das transfor-
NOVAS TECNOLOGIAS, COMO MUDAS CERTIFICADAS,MANEJO POR ESPALDEIRA, ENOLOGIA MAIS RACIONALDE VINIFICAÇÃO E USO DA MADEIRA: MAIS QUALIDADE
Maio de 2010 l 9
10 l ANÁLI$E
ENTREVISTA / Adriano Miolo, enólogo e diretor-técnico da Miolo Wine Group
mações do setor nos últimos anos, dos
planos para o grupo - no momento os es-
forços estão focados na Almadén - de
tornar-se o maior do Brasil e como perce-
be o futuro para o vinho brasileiro.
Revista ANÁLI$E - O que mudou
no setor nos últimos cinco anos?
Adriano Miolo - A qualidade. Isso é
resultado de novas tecnologias na elabo-
ração de vinhos, como mudas certifica-
das, manejo por espaldeira, enologia mais
racional de vinificação e uso da madeira.
Desde a safra de 2005, a vitivinicultura
sofreu grandes transformações.
ANÁLI$E - Na nova geografia do
vinho, quais as características que po-
dem ser identificadas em cada um dos
polos?
Adriano - É preciso descobrir as po-
tencialidades de cada região. No Vale
do São Francisco, por exemplo, sabe-se
que a vocação é para o Moscatel. Na
Serra Gaúcha, para o espumante clássi-
co e o Merlot. Na região da Campanha,
para o Cabernet Sauvignon e o Pinot
Noir. Há outras regiões, como os Cam-
pos de Cima da Serra, Planalto Catari-
nense, Serra do Sudeste que devem
aprofundar as pesquisas sobre as melho-
res cepas para as suas regiões. Na reali-
dade, o que tem acontecido é a descen-
tralização de vinhedos.
ANÁLI$E - Como você vê o futuro
para o vinho brasileiro?
Adriano - O futuro passa necessa-
riamente pelo mercado. O consumi-
dor, aliás, começa a ver e a identificar
produtos de qualidade na frente do
trade. Ele está se antecipando porque
sente que o vinho melhorou. O trade
precisa olhar isso.
ANÁLI$E - Você considera positiva
a adoção do Selo de Qualidade para os
vinhos e derivados?
Adriano - Vejo como uma função
ética. É uma medida que chega para
conter o contrabando. O selo é para to-
dos, acaba com a falsificação e a sone-
gação. A indústria é altamente atrativa
para sonegação. É claro que isso não
acontecerá de uma hora para outra. O
efeito prático será a partir de 2011,
com o controle fiscal mais apurado.
ANÁLI$E - E os planos da Miolo
Wine Group?
Adriano - O passo imediato é conso-
lidar os projetos, como Almadén, Seival e
Ouro Verde. Queremos ser a maior e a
melhor vinícola do Brasil. Esse desejo
não é de agora. Existe desde a criação do
planejamento estratégico que prevê me-
tas até 2012 - 1,2 mil ha e 12 milhões de
Um dos desafios deAdriano é garantir maiorconsumo dos vinhos depreços mais acessíveis e de qualidade
litros produzidos. Com a chegada da
Almadén, refizemos o planejamento
que, agora, vai até 2018. Ele sinaliza al-
cançar 2,0 mil ha de vinhedos próprios
(maior vinhedo brasileiro) incluindo os
seis empreendimentos, mais 300 ha de
produtores integrados; 20 milhões de li-
tros anuais de vinhos e espumantes e ex-
portação de 40% da produção.
ANÁLI$E - E a projeção de receitas?
Adriano - Em 2009, o faturamento
foi de R$ 95 milhões. Para 2010, a expec-
tativa é de alcançar R$ 125 milhões.
ANÁLI$E - Certa vez você disse
que gostaria de fazer um vinho de
cem dólares. Agora qual é o seu próxi-
mo desafio?
Adriano - Meu desejo agora é fazer o
consumidor brasileiro valorizar os vinhos
de R$ 10 que tenham qualidade.
Miolo Wine Group■ Vinícola Miolo(Vale dos Vinhedos-RS) ■ Fortaleza do Seival Vineyard(Campanha-RS) ■ RAR (Campos de Cima da Serra-RS) ■ Lovara Vinhos Finos(Serra Gaúcha-RS) ■ Vinícola Ouro Verde(Vale do São Francisco-BA) ■ Via Sul (Chile) ■ Osborne (Espanha, Portugal) ■ Los Nevados (Argentina)
SELO DE QUALIDADE:TEM FUNÇÃO ÉTICA,ACABA COM A FALSIFICAÇÃO E COMA SONEGAÇÃO
14 l ANÁLI$E
INDÚSTRIA PLÁSTICA
POR JEFFERSON KLEIN
Uma das áreas mais im-
portantes da economia
gaúcha, o segmento do
plástico, está prestes a
receber do governo do Rio Grande
do Sul um apoio para seu crescimen-
to. O secretário do Desenvolvimento
e dos Assuntos Internacionais (Se-
dai), Josué Barbosa, adianta que a me-
ta é agregar valor a essa atividade. Pa-
ra alcançar esse objetivo, a ferramenta
a ser utilizada pelo governo do Estado
é o Integrar-RS. O programa funciona
como uma espécie de "Fundopem tur-
binado" e prevê benefícios fiscais para
empresas que invistam em municí-
pios que apresentem maiores dificul-
dades econômicas.
"Nossa ideia é de que o Integrar
também possa favorecer alguns setores
relevantes, entre os quais o do plástico",
explica Barbosa. O secretário acrescenta
que a questão ainda será discutida na
Assembleia Legislativa. Ele enfatiza que
somente poderão se habilitar ao Inte-
grar companhias que realizarem novos
investimentos, ampliações ou aumento
do número de postos de trabalho.
PROGRAMA PREVÊ BENEFÍCIOS FISCAIS PARA EMPRESAS QUE INVISTAM EM REGIÕES MAIS CARENTES
Empresários e governo querem"turbinar" setor do plástico
Segundo Barbosa, as vantagens fis-
cais concedidas pelo Integrar não signi-
ficarão uma perda de arrecadação para
o Estado, pois a perspectiva é de que se
eleve a produção de plástico e, por con-
sequência, o incremento de vendas deve
compensar o subsídio. Além disso, Bar-
bosa espera que o Integrar possa atrair
novos empreendedores.
O presidente do Sindicato das Indús-
trias de Material Plástico no Estado do
Rio Grande do Sul (Sinplast/RS), Alfredo
Schmitt, destaca que a medida aumentará
a competitividade das empresas gaúchas
de transformação de plástico. Ele enfatiza
a relevância estratégica da cadeia do plásti-
co para o Rio Grande do Sul quanto à ge-
ração de empregos e movimentação da
economia. O segmento é composto por,
aproximadamente, 900 companhias res-
ponsáveis por cerca de 25 mil empregos
diretos e, em 2006, alcançou o fatura-
mento de R$ 3,5 bilhões.
O dirigente comenta ainda que ou-
tros pleitos estão sendo debatidos com
o governo do Estado para melhorar as
condições de disputa das empresas
gaúchas, principalmente em relação às
rivais localizadas na vizinha Santa
Catarina. Outro programa que interes-
sa ao setor petroquímico, ressaltado
por Schmitt, é o BNDES Proplástico.
Para ele, a iniciativa permitirá a moder-
nização e crescimento do setor.
BNDES injeta R$ 700 milhões
O Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social (BNDES)
aprovou a criação do programa específico
de financiamento para a indústria de
transformados plásticos. Com recursos
que somam R$ 700 milhões e prazo de
vigência que vai até 30 de setembro de
2012, o novo programa contempla ações
ligadas à produção, inovação, reciclagem,
consolidação e internacionalização de
empresas. Com isso, o BNDES Proplás-
tico pretende também contribuir para a
redução do déficit comercial da cadeia
produtiva de plásticos, promovendo a
maior inserção do Brasil no mercado in-
ternacional.
A medida abrangerá companhias de
todos os portes. Os beneficiários serão
sociedades empresárias como produtor,
fornecedor de equipamentos, reciclador
e distribuidor. O valor mínimo das ope-
rações a serem apoiadas no âmbito desse
programa é de R$ 3 milhões. O custo
financeiro do BNDES Proplástico terá
como base a TJLP (atualmente em 6%
ao ano). A remuneração básica do BN-
DES varia de acordo com o tamanho da
empresa, sendo de 1% ao ano para as
pequenas. As taxas de risco de crédito
das operações de companhias com fatu-
ramento bruto de até R$ 300 milhões
serão fixas em 0,5% ao ano, enquanto
as operações com as demais companhias
seguirão as políticas operacionais do
BNDES. O prazo total do financia-
mento é de até dez anos, incluindo até
três anos de carência.
Foto: Tânia Meinerz Foto: Divulgação/Sedai
Presidentedo Sinplast,AlfredoSchmitt
Secretárioda Sedai,Josué Barbosa
16 l ANÁLI$E
INDÚSTRIA PLÁSTICA
1 - Fundopem/RS (Fundo Operação Empresa)
Trata-se de um incentivo já consagra-
do na política de atração de investi-
mentos industriais e agroindustriais
para o Rio Grande do Sul. Consiste
em financiar até 75% do ICMS in-
cremental devido mensalmente pelo
estabelecimento incentivado. O tri-
buto ICMS é o responsável pela prin-
cipal fonte de arrecadação de recursos
financeiros pelo Estado.
2 - Integrar/RS (Programa de Harmonização
do Desenvolvimento Industrial)
Além do financiamento de parte do
ICMS incremental devido, que o Es-
tado concede através do Fundo-
pem/RS, é oferecido o incentivo adi-
cional denominado Integrar/RS, com
o objetivo de promover a descentrali-
zação industrial. Esse incentivo, na
prática, consiste na concessão de um
percentual de abatimento incidente
sobre o valor de cada parcela de
amortização do financiamento do
Fundopem/RS, inclusive encargos, se
paga até a data de vencimento. Esse
abatimento, dependendo do estágio
de desenvolvimento da região ou do
município, determinado pelo indica-
dor denominado Integrar/Idese, po-
derá variar com base no mínimo de
25% até o máximo de 70%.
Fonte Sedai
■ Proplástico Produção e Modernização: investimen-
tos para implantação, expansão e modernização da ca-
pacidade produtiva de transformados plásticos e de re-
ciclagem, bem como aquisição de equipamentos novos
com objetivo de aumentar a produtividade e a compe-
titividade do segmento.
■ Proplástico Renovação de Bens de Capital: apoio à
troca de equipamentos antigos por novos, com a inuti-
lização (sucateamento destrutivo) das máquinas usadas,
de forma a impedir a sobrevida de equipamentos inefi-
cientes, com baixa produtividade, reduzida segurança
do trabalhador e alto consumo de energia.
■ Proplástico Fortalecimento das Empresas Nacio-
nais: apoio à incorporação, aquisição ou fusão de em-
presas que levem à criação de firmas de controle nacio-
nal de maior porte, de maior integração vertical ou in-
ternacionalização. Nesse subprograma, o apoio será
mediante instrumentos de renda variável e/ou finan-
ciamento com limite máximo de R$ 50 milhões por
grupo econômico.
■ Proplástico Inovação: investimentos em pesquisa, de-
senvolvimento e inovação que possibilitem novos usos e
aplicações de produtos, inclusive ligados a processos de
reciclagem de material plástico, além de design.
■ Proplástico Socioambiental: investimentos envolven-
do a racionalização do uso de recursos naturais, meca-
nismos de desenvolvimento limpo, projetos de recicla-
gem e material, sistemas de gestão e recuperação de pas-
sivos ambientais. Além disso, estão contemplados proje-
tos e programas de investimentos sociais realizados por
empresas ou em parceria com instituições públicas ou
entidades de fins não econômicos.
Fonte: BNDES
Os cinco subprogramas do BNDES Proplástico:
Incentivos concedidos pelo Estadodo Rio Grande do Sul:
18 l ANÁLI$E
ARTIGOS
Em defesa da extensão rural POR CAIO ROCHA*
Aimportância da extensão ru-
ral para o desenvolvimento
econômico não é fato des-
conhecido. Pelo contrário, é
de domínio popular o fato de serem a
agricultura e a pecuária os motores do de-
senvolvimento econômico local e na-
cional. Desde seu descobrimento, nosso
País tem a base de seu progresso amparada
no agronegócio, como pau-brasil, cana-
de-açúcar, café, pecuária, complexo soja,
grãos, etc. Nos dias atuais, estamos dispu-
tando e ganhando a liderança mundial da
produção de proteínas animais e vegetais,
demonstrando que recursos públicos na
agricultura não são despesas públicas, mas
investimento. Note-se, contudo, que o pa-
pel da extensão rural no desenvolvimento
da agricultura, especialmente na familiar, é
crescente. Existe uma projeção feita pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário,
segundo a qual o investimento de R$ 1
em agricultura familiar gera R$ 6 em ri-
quezas, um volume multiplicador em ser-
viços, em geração de emprego, em segu-
rança alimentar e em benefícios para os
municípios, especialmente.
O Rio Grande do Sul, que ganha es-
paço no cenário mundial de grãos, é o
mesmo que precisa reconhecer, de forma
mais respeitosa e acelerada, a importância
do trabalho e das entidades oficiais de assis-
tência aos produtores. É o caso da Emater
e, em especial, dos milhares de agricultores
familiares, cuja atividade representa parcela
bastante significativa na produção de ali-
mentos, quer destinada à exportação ou
direcionada ao mercado interno. É gratifi-
cante observar que essa estrutura se consti-
tui em uma rede altamente capilarizada,
que presta serviço público e gratuito de for-
ma ágil e com qualidade, a partir de enti-
dades permanentes e descentralizadas, que
organizam e cooperam com o produtor e,
consequentemente, com a produção.
Desta forma, se o Rio Grande do
agronegócio é bem-sucedido também no
exterior, é preciso reconhecer que o pro-
cesso inclui a participação da Extensão
Rural (e de entidades como a Emater-
RS), setor que se desdobra em impulsio-
nar a pesquisa e em repassar conheci-
mento ao seu público-alvo, ao mesmo
tempo em que se esmera na educação
não-formal para homens, mulheres e jo-
vens rurais. O agribusiness brasileiro quer
e vai crescer. Porém necessita de um apa-
rato de mecanismos e instrumentos que
forneçam suporte para o processo desen-
volver-se em toda a sua plenitude. Sem
dúvida alguma, um destes instrumentos
é o Serviço de Assistência Técnica e Ex-
tensão Rural, garantido pela Constitui-
ção, e parte integrante das políticas agrí-
cola e agrária, de responsabilidade dos
três níveis de governo e de grande impor-
tância para implementar as respectivas
políticas setoriais. A extensão é, sem dú-
vida, um desses agentes indutores de mu-
danças na tecnologia de produção, pro-
cessamento e comercialização.
Todos sabem que os serviços de
ATER estão sustentados fundamental-
mente pelos governos estaduais e munici-
pais. Ressalta-se a participação de estados
como o do Rio Grande do Sul, que for-
nece respaldo suficiente ao desenvolvi-
mento regular das atividades. Mas exis-
tem barreiras nesse caminho. A primeira
surgiu há 13 anos, quando houve o afas-
tamento da União, que se distanciou na
coordenação do sistema de extensão rural.
No momento em que a sociedade
passa a dar maior importância à atividade
primária, busca-se a reorganização e o for-
talecimento do setor, que precisa se trans-
formar em preocupação explícita de todas
as entidades e instituições. Deve-se reco-
nhecer, também, a necessidade da criação
de estrutura específica para a coordenação
nacional do serviço de assistência técnica e
extensão rural, revestida da incumbência
que assegura à União uma maior sintonia
para a implementação de políticas orienta-
das ao campo. O cenário atual remete à
responsabilidade de constituir políticas
públicas eficientes e gratuitas, que permi-
tam proteção, sustentabilidade e condi-
ções de competitividade ao produtor ru-
ral. A Emater, nesse contexto, mais do que
uma forma de subsídio dos governos para
com a pequena propriedade, constitui-se
no grande agente qualificador da realidade
social do campo. Infelizmente, a Emater,
ao fazer 55 anos, diante desta realidade, ao
invés de comemorar está lançando a cam-
panha "SOS Emater", por uma melhor
estrutura física e técnica. Nós estamos de
pleno acordo com essa iniciativa, pois pre-
cisamos de uma extensão rural mais públi-
ca, gratuita e voltada à educação rural e or-
ganização do produtor.
*Extensionista Rural III, engenheiro
agrônomo, ex-diretor financeiro do Grupo
CEEE, ex-presidente da Emater/RS
Geração biológica de eletricidade: um novo passo para a sustentabilidadePOR CHRISTIANE SARAIVA OGRODOWSKI*
FABRICIO BUTIERRES SANTANA*
Até o presente momento, o
crescimento econômico e
industrial tem sido susten-
tado pelo uso de combustí-
veis fósseis. As mudanças climáticas ob-
servadas e as projeções para o cresci-
mento populacional mundial obrigam
mudanças na nossa matriz energética.
O desenvolvimento de novas tecnolo-
gias para a geração de energia, visando
ao aproveitamento eficiente dos com-
bustíveis fósseis e, principalmente, ao
uso de fontes alternativas deve ser
prioritário. Várias propostas estão
sendo apresentadas para a sociedade,
tais como o uso da energia solar, eóli-
ca, hidráulica (rios e oceanos), geotér-
micas, bicombustíveis (etanol, biodie-
sel, biogás, hidrogênio), entre outras.
Sabe-se que a solução para a escas-
sez de energia não está associada a ape-
nas um tipo de tecnologia ou fonte de
energia e, sim, ao aproveitamento ple-
no destas possibilidades.
Nesse contexto, uma nova propos-
ta surge com a intenção de associar
proteção ambiental, geração de energia
e valoração de resíduos. A geração bio-
lógica de eletricidade busca comple-
mentar a futura matriz energética, com
a conversão direta dos resíduos gerados
pela atividade industrial e urbana em
energia elétrica.
A essência dessa tecnologia baseia-
se na capacidade de alguns micro-or-
ganismos transferirem elétrons dos
compostos orgânicos e inorgânicos,
presentes nos resíduos, para um eletro-
do, produzindo uma corrente elétrica.
Apesar de a ideia principal ter surgido
em 1966, somente nos dois últimos
anos ocorreu sua apresentação como
tecnologia para geração de eletricidade.
Destacam-se nessa tecnologia as
inúmeras possibilidades de as matérias-
primas poderem ser utilizadas para a
produção de eletricidade, e a sua po-
tencialidade de geração de energia.
Quando associada ao tratamento de
esgoto sanitário, estima-se que podem
ser gerados até 86 W por kg de DQO
(Matéria Orgânica) degradada, signifi-
cando uma produção de 2,6 MW para
uma cidade com 100.000 habitantes,
melhorando as condições de sanea-
mento básico, já que mais de 76% da
população mundial vive em condições
precárias de saúde pública.
Aplicações industriais, como apro-
veitamento dos sedimentos coletados
pelas dragas, como no Porto do Rio
Grande/RS, são um exemplo na
aquisição de sustentabilidade energética
para seus processos e agregação de valor
a subprodutos, que eram desperdiça-
dos. As alternativas para a aplicação
dessa tecnologia e sua viabilidade eco-
nômica devem ser determinadas, para
tornar a geração biológica de eletricida-
de um fator real na nossa sociedade.
*Universidade Federal do Rio Grande -
FURG. Escola de Química e Alimentos
Para se tornar fornecedor de
uma multinacional como o
Grupo Gerdau, excelência na
prestação de serviço e forneci-
mento de produtos são essenciais. Peque-
nas e microempresas gaúchas do setor
metalmecânico já têm a oportunidade de
se qualificar para atingirem esse patamar e
manterem essa posição. Trata-se do De-
senvolvimento de Fornecedores Gerdau, pro-
movido pelo Sebrae/RS, que atua junto a
80 empresas do segmento. "As grandes
compradoras exigem cada vez mais redu-
ção de custos, cumprimento de prazos e
qualidade de entrega. O projeto tem o
objetivo de alinhar as empresas e torná-las
competitivas nesse cenário", destaca o ges-
tor do projeto, Fabiano Zortéa.
Iniciado em 2006 como piloto, o
projeto encontra-se em fase avançada. A
meta atual é contribuir para que as em-
presas cheguem a um nível de qualifica-
ção no qual não seja necessária a inspeção
na hora de fornecer produtos e serviços
para a multinacional. Com esse objetivo,
nos próximos dois meses, serão realizadas
mais de 450 horas de atividades de capa-
citação e consultoria para as participantes.
Estão previstas, principalmente, qualifica-
ção para aquelas já certificadas com ISO
9001 - visando à manutenção do certifi-
cado -, início do programa Rumo a ISO
9001 para as que ainda buscam a certifi-
cação, treinamentos em gestão comercial
e marketing, além da intensificação das
consultorias individuais para avaliação crí-
tica de indicadores de desempenho, com
foco em prazo de entrega, redução de cus-
tos e qualidade assegurada.
A Rodabem, de Esteio, é uma das in-
tegrantes do projeto desde 2008. A in-
dústria atua no segmento de implemen-
tos rodoviários e é fornecedora da Ger-
dau há 6 anos. Os conceitos de indicado-
res e metas disseminados pelo projeto
ajudaram a empresa a melhorar a gestão.
"Em 2008, tínhamos apenas indicadores
e metas referentes a conceitos básicos, co-
mo contas a pagar e a receber. Hoje, te-
mos dados sobre diversos processos, que
antes não eram controlados, como prazo
de entrega e satisfação de clientes", relata
o gerente administrativo Otávio Augusto
Toniolo Krey. Outra conquista, segundo
ele, foi a descentralização das decisões,
que, antes, eram concentradas na direto-
ria. Para 2010, a Rodabem projeta me-
lhorar os indicadores econômicos, preju-
dicados entre o final de 2008 e o início
de 2009 pela crise que atingiu o mercado
interno e externo. Outro objetivo, por
meio do projeto, é conquistar a certifica-
ção total com a ISO 9001.
Hoje, o Grupo Gerdau está entre as
maiores siderúrgicas do mundo e conta
com unidades distribuídas no Canadá,
Estados Unidos, México, Guatemala,
Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Uru-
guai, Espanha, Índia, República Domi-
nicana, Venezuela e Índia. Recentemen-
te, a multinacional divulgou os resultados
referentes ao primeiro trimestre de 2010,
quando registrou receita líquida de R$
7,1 bilhões - um avanço de 2% sobre o
mesmo período do ano anterior. Entre
janeiro e março, o mercado interno foi
bastante importante para os resultados da
empresa, que apresentou alta de 40% em
vendas no Brasil, nos três primeiros me-
ses do ano.
20 l ANÁLI$E
PEQUENAS E MICROEMPRESAS
Projeto qualifica empresasfornecedoras do Grupo GerdauSEBRAE/RS CAPACITA E DÁ MAIS COMPETITIVIDADE A 80 COMPANHIAS DO SETOR METALMECÂNICO
Divulgação
22 l ANÁLI$E
AGRONEGÓCIO
Amenos de dois meses do iní-
cio da Expointer 2010, o cli-
ma entre entidades setoriais é
de confiança. A tradicional
Exposição Internacional de Animais, Má-
quinas, Implementos e Produtos Agrope-
cuários (Expointer) começa no dia 28 de
agosto, em Esteio, com a expectativa de
captar o efeito positivo da valorização de
preços agrícolas e da supersafra recorde do
RS. No ano passado, os negócios durante
os nove dias de Expointer somaram R$ 1
bilhão, batendo todos os recordes de ne-
gócios de edições anteriores e indicando a
retomada do crescimento das atividades
agrícolas e pecuárias do Rio Grande do
Sul, depois da crise financeira mundial. O
Banrisul financiou R$ 118 milhões, o
que representou um incremento de 52%
em relação ao realizado em 2008.
Os números foram puxados pelo de-
sempenho do setor de máquinas e im-
plementos agrícolas, que faturou R$ 795
milhões em negócios, mais do que do-
brando o volume de vendas de R$ 370,3
milhões, de 2008. O balanço ainda
apresentou receita de R$ 8,4 milhões no
segmento dos animais e de R$ 1 milhão
na agricultura familiar. Os valores restan-
tes foram movimentados em vendas de
equipamentos para o agronegócio, como
armazéns, ingressos, estacionamentos e
serviços dentro do parque, que abrigou
2,2 mil expositores e cinco mil animais
durante os nove dias do evento.
Supersafra garante clima deotimismo para a Expointer 2010 EXPECTATIVA DA FEIRA É CAPTAR O EFEITO POSITIVO DA VALORIZAÇÃO DE PREÇOS AGRÍCOLAS
No ano passado, os negóciosdurante a Expointer já haviamregistrado recorde, somandoR$ 1 bilhão. Esse valor deveser superado neste ano
Fotos: Divulgação
No ano passado, os negóciosdurante a Expointer já haviamregistrado recorde, somandoR$ 1 bilhão. Esse valor deveser superado neste ano
Trinta e um fabricantes de máqui-
nas e equipamentos esperam uma vaga
para a Expointer, que ocorre de 28 de
agosto a 5 de setembro. Cento e catorze
empresas do setor são candidatas para
participar no Parque de Exposições de
Esteio, 11 a mais do que no ano passa-
do. "Nossa expectativa é a melhor pos-
sível. Acreditamos que a Expointer
2010 deva manter o ritmo das vendas
visto em 2009", afirmou Claudio Bier,
presidente do Sindicato das Indústrias
de Máquinas e Implementos Agrícolas
no Rio Grande do Sul (Simers).
Em vista do aquecimento da econo-
mia brasileira, a indústria agrícola tem
tido resultados muito bons. "Estamos
produzindo mais, especialmente para
atender ao mercado interno, que vive
um momento de grande demanda e,
como consequência imediata, gerando
mais empregos, com um salto de 29 mil
postos de trabalho no período da crise
para os atuais 33 mil", destacou Bier.
Com melhorias na infraestrutura do
Parque de Exposições Assis Brasil, os
tratadores tiveram mais conforto, e foi
possível receber expositores de vários es-
tados e países. "Foram construídas 600
novas baias de bovinos de leite no ano
passado. Para esta edição de 2010, estão
previstos mais 350 baias novas para
equinos", disse Paulo Demoliner, dire-
tor do Parque Assis Brasil.
O calendário do setor produtivo
do Rio Grande do Sul marca a pre-
sença da Extensão Rural no cotidiano
dos agricultores familiares há 55 anos.
Em 2 de junho de 1955 nascia, no
Rio Grande do Sul, a Associação Suli-
na de Crédito e Assistência Rural (As-
car), com o objetivo de promover o
desenvolvimento da agricultura e o
bem-estar das populações do meio ru-
ral. Em 1977, a Ascar passa a atuar
juntamente com a Associação Rio-
grandense de Empreendimentos de
Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater/RS). As duas Instituições são
sociedades civis de direito privado,
sem fins lucrativos. Com a denomi-
nação conjunta Emater/RS-Ascar, as
duas entidades executam, a partir de
então, as atividades oficiais de Assis-
tência Técnica e Extensão Rural no
Rio Grande do Sul.
A Extensão Rural fincou no solo
gaúcho uma trajetória construída pela
dedicação de profissionais que colocam
em ação as políticas públicas do gover-
no do Estado. Hoje, a agricultura fami-
liar gaúcha é modelo no País, graças ao
trabalho desenvolvido pela Emater/RS-
Ascar. Ao longo desse tempo, incorpo-
rou novos valores e conceitos modernos
exigidos pelo agronegócio.
A instituição atende às demandas
diárias do público, formado por agricul-
tores familiares, quilombolas, pescado-
res artesanais, indígenas, assentados, um
contingente superior a 280 mil famílias
de assistidos. É no coração de 492 mu-
nicípios que pulsa a atuação transversal
do Serviço de Extensão Rural em parce-
ria com o Governo do Estado, revigora-
da pelo convênio com as prefeituras,
fertilizando o desenvolvimento socioe-
conômico e cultural do Rio Grande do
Sul. "A Extensão Rural chega com essa
história graças às parcerias com o gover-
no do Estado, prefeituras, cooperativas,
federações e outras entidades que nos
acompanham no trabalho junto aos
agricultores familiares. Parabenizamos
principalmente nossos técnicos de cam-
po, que estão ao lado dos agricultores,
levando assistência técnica às famílias
rurais gaúchas", destacou o diretor ad-
ministrativo da Emater/RS-Ascar, Cilon
Fialho da Silva.
Extensão Rural completa 55 anosde atuação no Rio Grande do Sul
24 l ANÁLI$E
CAPA
Fotos: Gilmar Gomes
Mais próximo do estilo francês
VINHOS DO VALE DOS VINHEDOS PASSAM
A CONTAR COM CERTIFICADO DE ORIGEM,
ASSIM COMO ACONTECE NA FRANÇA
Mais próximo do estilo francês
VINHOS DO VALE DOS VINHEDOS PASSAM
A CONTAR COM CERTIFICADO DE ORIGEM,
ASSIM COMO ACONTECE NA FRANÇA
Maio de 2010 l 25
POR GUILHERME ARRUDA
Aemoção de um vinho não
está necessariamente na gar-
rafa e, sim, no interior das
pessoas que o experimen-
tam. E os franceses? Vamos combinar,
eles são mestres em provocar emoções.
A elite dos vinhos franceses é única
devido à estreita relação que possui com
as regiões onde são elaborados. Seus vi-
nhos ganharam reputação, fama e sucesso
comercial no mundo em função do seu
passado, mas também em razão de um
sistema jurídico de proteção que criou as
chamadas Appéllation d´Origine Contrôlée
(Apelação de Origem Controlada - AOC),
que nada mais é do que um conjunto de
regras que confere caráter exclusivo e ini-
mitável para uma determinada região. A
apellacion é uma espécie de propriedade
intelectual, é o equivalente a uma identi-
dade, a uma marca que traduz os atribu-
tos intrínsecos e qualidades de um terroir.
Na França, as AOCs adquiriram enorme
importância cultural e econômica. São
tratadas como patrimônio.
A experiência francesa com denomi-
nação de origem remonta ao Século
XVII. Os invernos rigorosos no começo
do Século XX, combinado com o apare-
cimento da Filoxera, os efeitos da Pri-
meira Guerra Mundial e a crise america-
na de 1929 (que afetou os exportado-
res), dividiram os produtores franceses
em dois grupos: no primeiro, estavam
aqueles que optaram por aumentar a
produção e diminuir a qualidade; no se-
gundo, os que preferiram manter a tra-
dição de fazer bons vinhos. Para conter
práticas desleais, o governo criou, em
1935, o INAO - Institut National des
Appéllations d'Origine. A missão: criar
um sistema de classificação para auxiliar
o consumidor a escolher o melhor vi-
nho, evitando assim os vinhos de baixa
qualidade.
Daí surgiu a Appéllation d'Origine
Contrôlée que classifica vinhos segundo
regras rígidas quanto à área de produção,
variedade e proporções das uvas, rendi-
mento por hectare, teor alcoólico, práti-
cas e sistemas de produção, entre outros
itens. Apenas na França existem mais de
400 AOCs para vinhos e espumantes.
As mais famosas são as de Bordeaux, Bor-
gonha e Champagne. O conceito serviu
de modelo para vinhos de outros países,
como Itália, Espanha, Portugal - além de
outros produtos, como para os queijos
Roquefort e Camembert.
Agora é a vez de o Brasil ter sua pri-
meira denominação de origem controla-
da. A qualquer momento, o Instituto
Nacional de Propriedade Industrial e o
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento formalizarão a entrega do
certificado de Denominação de Origem
Vale dos Vinhedos (D.O.V.V.) para a As-
sociação dos Produtores de Vinhos Finos
do Vale dos Vinhedos, coroando um lon-
go trabalho de planejamento. A conquista
acontece cinco anos após o recebimento
do certificado de Indicação de Procedên-
cia (IP), igualmente, a primeira do Brasil.
Outra boa notícia - desta vez para os
consumidores - é que 9 das 31 vinícolas
do Vale dos Vinhedos poderão estampar
o novo selo, já a partir deste ano. O Con-
selho Regulador da entidade avaliou 354
mil garrafas da safra passada, elaboradas
conforme as especificações da DO. O co-
mentário é que sete rótulos poderão es-
tampar o selo DO tão logo seja oficializa-
do. Contudo, será preciso esperar o mês
de setembro para que os vinhos e espu-
mantes estejam disponíveis no mercado.
O lançamento acontecerá, certamente,
em um grande evento, a ser cuidadosa-
mente preparado. E não é para menos:
trata-se de uma conquista comparável a
um título de Copa do Mundo.
O Vale dos Vinhedos elegeu a Merlot
como sua digna representante entre as
uvas tintas para produção de vinhos; a
Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves
Chardonnay entre as brancas para elabora-
ção de vinhos brancos, e a Chardonnay e
Pinot Noir para os espumantes. Outras
variedades podem ser encontradas dentro
do Vale, embora somente as citadas acima
possam originar vinhos e espumantes
com selo de DO. "Seria muita pretensão
da nossa parte dizer que a (uva) Merlot
do Vale é a melhor do Brasil. Podemos di-
zer que é, sim, a melhor variedade dentro
do Vale e, certamente, com um diferen-
cial para a Merlot de outras regiões", es-
clarece o presidente da Aprovale, Aldemir
Dadalt. "O Vale tem um microclima di-
ferente de outras regiões aqui mesmo de
Bento Gonçalves", acrescenta.
Para receber o selo, será preciso ado-
tar critérios diferentes da IP. As uvas terão
que ser 100% originárias do Vale (para
IP 15% podem vir de outros parreirais) e
usar o sistema de espaldeira para condu-
ção dos vinhedos, o que possibilita me-
lhor luminosidade. Além disso, a produ-
tividade não pode ultrapassar a 10 mil
quilos de uva por hectare para elaboração
dos vinhos tintos e brancos, e de 12 mil
kg/ha para espumantes.
Um varietal tinto com DO precisará
conter um mínimo de 85% da variedade
Merlot, e os 15% restantes, complemen-
tados com Tannat, Cabernet Sauvignon
ou Cabernet Franc. No caso dos vinhos
brancos, 85% do varietal devem ser de
Chardonnay, e os 15% completados com
Riesling Itálico. A exigência atual para ser
um varietal com Indicação de Procedên-
cia é de 60%. "O governo federal estuda
elevar o mínimo de um varietal para
80%. Como se vê, a nossa DO vai além",
diz o diretor do Conselho Regulador do Va-
le dos Vinhedos, o enólogo Ademir Bran-
delli, diretor da vinícola Don Laurindo.
Para ser um assemblage (corte de
duas ou mais variedades) tinto, a relação
é ter 60% de uva Merlot, e os 40% res-
tantes entre as variedades Cabernet Sau-
vignon, Cabernet Franc ou Tannat. Para
um assemblage branco, a relação é ter
60% de uva Chardonnay e 40% de cor-
te de Riesling. Para espumantes, a rela-
ção é 60/40, optando-se entre Chardon-
nay e Pinot Noir como uvas predomi-
nantes e Riesling como complemento.
Na prática, cada vinícola poderá fa-
bricar um varietal tinto, um varietal
branco, dois assemblages e um espuman-
te com DO. Atualmente, com IP, elas
podem elaborar até 12 tintos, 10 brancos
com 15% das uvas vindas fora do Vale.
"O trabalho que fizemos para ter a IP
deu a direção para chegar à DO" sinteti-
za Ademir Brandelli, lembrando que nem
todos os vinhedos do Vale estão adequa-
dos às novas regras. Muitos produtores de
uva que ainda usam o sistema latada terão
até 2012 para efetuar a mudança.
A partir da conquista da Denomina-
ção de Origem, o trade e, em particular, os
consumidores, perceberão o Vale dos Vi-
nhedos de nova maneira, uma região que
alcançou um status diferenciado com
produção de vinhos de qualidade superi-
or. "É uma imagem que traz mais res-
ponsabilidades", destaca Brandelli, cha-
mando a atenção para a valorização que
os produtos do Vale terão no mercado
com o selo de DO. É natural que ocorra.
O reconhecimento da região pela Comu-
nidade Europeia, em 2007, foi um sina-
lizador do que viria pela frente. Aliás, os
europeus conferiram tal distinção a duas
regiões em todo planeta: Vale dos Vinhe-
dos e Napa Valley (EUA).
O vinho brasileiro começa a desper-
tar emoções.
26 l ANÁLI$E
CAPA
Fotos: Divulgação
COM A DO, O VALE DOSVINHEDOS (FOTOS)
PASSA A SER MAISVALORIZADO, MAS
SERÁ MAIS COBRADO
Foto: Gilmar Gomes
Foto: Almir Dupont
Cultivares■ Tintas - Cabernet Sauvignon. Caber-net Franc, Merlot e Tannat.■ Brancas - Chardonnay, Riesling.■ Espumantes (brancos e rosados) -Chardonnay, Riesling e Pinot Noir.
Limites de produtividade■ Tintos - 10 toneladas por hectare. ■ Brancos - 10 toneladas por hectare.■ Espumantes - 12 toneladas porhectare.
Graduação alcoólica■ Tintos - mínimo de 12%, em volume.
■ Brancos - mínimo de 11%, em volume.■ Base para espumante - máximode 11,5, em volume.
Classificação dos vinhos■ Varietal Tinto - mínimo de 85% davariedade Merlot.■ Varietal Branca - mínimo de 85%da variedade Chardonnay.■ Assemblage Tinto - mínimo de60% da variedade Merlot.■ Assemblage Branca - mínimo de60% da variedade Chardonnay.Base espumante - mínimo de 60% davariedade Chardonnay e/ou Pinot Noir.
Condições■ Elaboração de espumantes somentepelo método tradicional (não é permi-tido usar a palavra de origem francesachampenoise no rótulo). No rótuloprincipal, deverão constar as classifica-ções nature, extra-brut e brut.■ A chaptalização e a concentraçãodos mostos não será permitida. Emsafras excepcionais, o Conselho Regu-lador pode permitir o enriquecimen-to. Poderá haver a utilização de barrisde carvalho. Não serão utilizadoschips e lascas ou pedaços de madeira.■ Uvas e vinhos deverão ser produzi-dos 100% no Vale dos Vinhedos.
Estes vêm do Vale dos Vinhedos
A Denominação de Origem (DO) é o no-
me geográfico de país, cidade, região ou lo-
calidade que designa produto ou serviço cu-
jas qualidades ou características se devam ex-
clusiva ou essencialmente ao meio geográfi-
co, incluídos fatores naturais e humanos.
A DO cria um aspecto distintivo do
produto, o que é visto, quando correta-
mente utilizado, com bons olhos pelos
consumidores, tendo seu preço valorizado.
Produtores ou prestadores de serviços se
unem para defender seus produtos e servi-
ços, motivados pelo lucro coletivo.
Os produtos e serviços são reconheci-
dos, e os consumidores se dispõem a pagar
mais, já que se trata de um produto ou ser-
viço diferenciado.
No sistema francês há quatro categorias:
AOC (Appéllation d'Origine Contrôlée),
no qual estão os produtos de melhor quali-
dade. Quanto mais específica for a citação
de onde foi produzido, melhor ele é.
VDQS (Vins Délimités de Qualité Supé-
riéure), vinhos que têm qualidade inferior
ao AOC e se enquadram em regras menos
rígidas de produção; Vins de pays, vinhos de
qualidade inferior ao VDQS, mas que, de-
pendendo da região produtora, são excelente
opção de compra; e Vins de table, vinhos de
mesa comuns, sem indicação geográfica.
2001 45 mil
2002 60 mil
2003 82 mil
2004 102 mil
2005 115,7 mil
2006 105,6 mil
2007 120,9 mil
2008 153,7 mil
2009 182,2 mil
O que é uma DO Número de visitantesno Vale dosVinhedos
Onavio Apostolos D, de
bandeira liberiana, que
recentemente encerrou
suas operações na Ter-
grasa, registrou o maior volume de carga
já embarcada em um único barco em Rio
Grande. Ao todo, foram carregadas mais
de 64 mil toneladas de soja em grão. A
operação foi possível devido à ampliação
do calado do Porto do Rio Grande de 40
para 42 pés no Superporto, autorizada em
maio deste ano e considerada obra prio-
ritária pelo governo do Estado.
O Tecon, que movimenta 99% da
carga de contêineres que passa pelo por-
to, pretende concentrar toda a carga dos
países do Cone Sul. A consolidação do
polo naval do município sinaliza a re-
tomada do desenvolvimento econômico
da Metade Sul. E a boa oferta de áreas
para expansão e o excelente calado do
porto incentivam investimentos públi-
cos e privados. Até 2012, o terminal
portuário deverá alcançar investimentos
de R$ 2 bilhões, resultando na geração
de mais de 10 mil empregos diretos.
Conforme o diretor dos terminais
Tergrasa, Guilhermo Dawson, os navios
embarcavam no máximo 60,5 mil
toneladas com os 40 pés. "No caso do
Apostolos D, que carregaria 59 mil
toneladas, conseguimos embarcar 5 mil
toneladas a mais com o novo calado de 42
pés, representando uma redução de 7%
no valor do frete por tonelada. Esse navio
representa a nova realidade do porto rio-
grandino, em especial para nossos termi-
nais, que escoam parte da safra gaúcha de
grãos. Com isso, o produtor gaúcho hoje é
mais competitivo", salientou Dawson.
Com a finalização da dragagem, o
porto passará a operar com 47 pés,
com um dos maiores calados do Cone-
sul. A dragagem de aprofundamento
foi realizada num trabalho de parceria
entre o governo do Estado e o governo
federal. Os investimentos foram de R$
196 milhões, sendo R$ 147,5 milhões
do Programa de Aceleração do Cresci-
mento (PAC) e R$ 48,5 milhões por
parte do governo do Estado.
28 l ANÁLI$E
PORTOS E HIDROVIAS
Os primeiros passos da novafase do Porto do Rio Grande REGIÃO PORTUÁRIA REGISTROU O MAIOR VOLUME DE CARGA EMBARCADA EM UM SÓ NAVIO
Divulgação
2 l ANÁLI$E Suplemento Negócio Social
USO RACIONALINCLUSÃO DIGITAL
Mais tecnologiano ensino
Em menos de um ano, segundo infor-
ma o governo do Estado. a inclusão digital
alcançou cerca de 1,1 milhão do total de 1,2
milhão de estudantes das escolas públicas es-
taduais do Rio Grande do Sul. Das 2,6 mil
instituições, 1.550 já contam com internet
banda larga gratuita. Nesse universo, mil es-
colas oferecem novos laboratórios de infor-
mática. Na visão do governo do Estado, essa
nova realidade, ao custo de aproximada-
mente R$ 26,8 milhões para os cofres esta-
duais, somente é possível por conta da eli-
minação o déficit fiscal verificado nas últi-
mas quatro décadas. A expectativa do gover-
no é a de que, até o final de 2010, o uso da
tecnologia da informação nas escolas esta-
duais, como recurso pedagógico para apren-
dizagem dos alunos, será universalizado.
Viabilizada por meio de convênios, a insta-
lação de internet banda larga nas escolas
complementa o Projeto Sala de Aula Digital.
As salas digitais são equipadas com mobiliá-
rio adequado, rede lógica e elétrica e apare-
lhos de climatização de ar - infraestrutura a
cargo do governo estadual. A distribuição
dos computadores é compartilhada pelo Es-
tado e pela União, por meio do Programa
Nacional de Tecnologia Educacional (ProIn-
fo), criado em 1997. Além de promover a
inclusão digital de alunos e professores e de
incrementar as práticas pedagógicas, o pro-
grama Sala de Aula Digital proporciona aos
alunos ferramentas indispensáveis para a in-
serção no mundo do trabalho.
O governo do Estado firmou
acordo que reforça a parceria do Esta-
do com o Banco Mundial: a doação
de US$ 5 milhões do Fundo Global
para o Meio Ambiente ao projeto de
preservação da biodiversidade gaúcha,
o RS Biodiversidade. O projeto busca
conservar o Bioma Pampa e terá con-
trapartidas de US$ 6,1 milhões por
parte do Governo. O Estado atuará
em 33 municípios e em 900 proprie-
dades rurais, que abrangem quatro
microrregiões do pampa.
Pela proposta, a biodiversidade
será compatibilizada com as ativida-
des de agricultura, silvicultura e
pecuária. Essas ações acontecerão em
16 unidades demonstrativas de mane-
jo sustentável. Assim que forem gas-
tando e comprovando as despesas, os
gestores do projeto terão acesso ao to-
tal do financiamento a fundo perdi-
do. A parcela estadual servirá para, en-
tre outras atividades, o pagamento da
estrutura necessária ao programa. Par-
te dos recursos será repassada aos pro-
dutores para a implementação das
ações nas unidades rurais.
NOTAS
Convênio com Banco Mundialpara preservação do Bioma Pampa
Para reduzir despesas e incentivar o uso
racional dos recursos naturais, 84 escolas es-
taduais de Porto Alegre instalaram redutores
de polietileno nas estruturas hidrossanitárias
para diminuir a vazão de água em torneiras
e válvulas de descarga. Desde que foram im-
plementados, em 2008, os equipamentos
proporcionaram economia mensal de 28%
no consumo de água, o equivalente a R$ 40
mil. Por ano, a redução na despesa chega a
R$ 400 mil. A Secretaria Estadual da Edu-
cação (SEC) está trabalhando na ampliação
do uso do equipamento em escolas do Inte-
rior, processo que deve ser concluído até o
final deste ano. Cerca de 200 escolas esta-
duais passarão a ter redutores como forma
de diminuir despesas e contribuir com a
preservação do meio ambiente. O objetivo
da SEC é implementar aos poucos os redu-
tores de vazão de água nas 2,6 mil escolas da
rede estadual. Essa iniciativa pode propor-
cionar uma economia de mais de R$ 3 mi-
lhões ao ano. Atualmente, o consumo nas
instituições de ensino gera um custo anual
de R$ 12 milhões ao Estado.
A primeira instituição a adotar os redu-
tores foi a Escola Estadual Rio de Janeiro,
em Porto Alegre. De acordo com a diretora
Lucia Helena Mota Rogoski, os equipa-
mentos foram instalados nos sanitários e na
cozinha. Lucia Helena atribuiu a redução de
289 metros cúbicos de água por mês aos re-
dutores e ao trabalho de conscientização fei-
to com os alunos.
Equipamento reduz consumode água em escolas estaduais
Foto
: D
ivul
gaçã
o/Pi
ratin
i
Foto
: D
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gaçã
o/Pi
ratin
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ENERGIA E SUSTENTABILIDADE
Foto
: Fe
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do D
ias
CRM implanta Sistema de Gestão Ambiental
Um novo e importante capítu-
lo se abriu na história da
Companhia Riograndense
de Mineração (CRM), qua-
lificando o trabalho ambiental desenvolvido
pela empresa e fortalecendo o comprometi-
mento com a preservação dos recursos natu-
rais. Está sendo implantado o Sistema de Ges-
tão Ambiental (SGA), um caminho para a
busca da certificação ISO 14001 de geren-
ciamento ambiental. Com isso, estão sendo
padronizadas as ações da CRM, além de re-
formulada a política ambiental, a fim de
atender de forma efetiva à legislação e de
mostrar à sociedade que uma mineradora de
carvão é capaz de manter sustentabilidade
em todas as suas cadeias produtivas.
Segundo o diretor-presidente da em-
presa, Telmo Kirst, "2010 é um ano-chave
para a CRM, pois estamos muito perto
de alcançarmos os objetivos do nosso pla-
nejamento estratégico. A conclusão da Fa-
se C da Usina Presidente Médici, nossa
maior cliente, vai permitir entrarmos em
um novo patamar com a ampliação da
capacidade da Mina de Candiota. E o
lançamento do Sistema de Gestão Am-
biental nos aproxima da certificação ISO
14001, representando um passo impor-
tante rumo à sustentabilidade e um com-
promisso com a sociedade gaúcha."
Por meio de uma análise rigorosa de
todas as ações e atividades da CRM, des-
de as rotinas administrativas até a minera-
ção, foram levantadas todas as questões
sobre os impactos gerados no ambiente.
A partir desse diagnóstico, estabeleceram-
se metas para que a empresa obtenha
100% de conformidade com a legislação.
Um cronograma irá guiar as adequações
necessárias, com a coordenação de comi-
tês formados por funcionários e instalados
em cada uma das três unidades da empre-
sa, definindo estratégias e auxiliando no
processo de implantação do sistema.
Vantagem competitiva
No dia 22 de março, foi realizado o
evento de lançamento do Sistema de Ges-
tão Ambiental para os funcionários da sede
da CRM, em Porto Alegre. O diretor-téc-
Conjunto de ações deve garantir a certificação ISO 14001 à Companhia Riograndensede Mineração, qualificando ainda mais o trabalho ambiental desenvolvido pela empresa
CRM implanta Sistema de Gestão Ambiental
4 l ANÁLI$E Suplemento Negócio Social
nico Eduardo Medeiros falou em nome da
diretoria sobre a experiência de cada um
dos gestores na implantação de obras e
projetos em benefício do meio ambiente.
Ele explicou aos funcionários que "a ISO
14001 é uma vantagem competitiva, pois
garante aos fornecedores e clientes que a
CRM está adequada às normas estabeleci-
das pelos órgãos de fiscalização ambiental."
Na sequência, o assessor de Meio
Ambiente, Edson Beltrame de Aguiar,
coordenador geral da implantação do
SGA na CRM, explicou para os funcio-
nários o trabalho realizado pela CRM
nas unidades mineiras e onde o SGA se
insere nesse processo. No dia 23 de
março, os funcionários da sede foram di-
vididos em duas turmas para participa-
rem dos treinamentos realizados pela Pla-
nigeo, empresa licitada para prestar con-
sultoria à implantação do sistema. Foram
abordados temas sobre o meio ambiente e
o nosso papel na sua preservação, além de
questões mais específicas sobre o trabalho
a ser desenvolvido na empresa.
Ao final do treinamento, participa-
ram da palestra teatral "Conectando Ci-
clos e Pessoas", apresentada pela persona-
gem Recicleide, da atriz Karina Signori. A
atividade trouxe de uma forma bastante
descontraída informações sobre a coleta
seletiva em Porto Alegre, a necessidade de
repensar a quantidade de resíduos que ge-
ramos todos os dias, compostagem atra-
vés do uso do próprio lixo orgânico e ou-
tras curiosidades que instigaram os cole-
gas a participarem desse processo.
Implantação do SGA
O lançamento do SGA para os fun-
cionários das outras unidades da CRM
deve acontecer nos próximos meses, a
exemplo do que foi realizado na Capital
gaúcha. Mas algumas ações já estão sendo
executadas há algum tempo.
Como a unidade de Porto Alegre
concentra rotinas administrativas, a ade-
quação ao sistema prioriza questões sobre
o uso racional dos recursos naturais, redu-
ção da geração de resíduos e coleta seleti-
va. Foi entregue a cada funcionário uma
cartilha para sanar dúvidas sobre essa nova
consciência que está sendo implementa-
da, além da distribuição de copos e xícaras
de vidro para redução do uso de plástico.
Nas unidades mineiras, algumas me-
didas já estão em fase de testes, por meio
de projetos-piloto. Na Mina de Candio-
ta, estão sendo adotadas toalhas retorná-
veis e mantas para absorver o óleo de
máquinas e veículos no setor de manu-
tenção mecânica, extinguindo os "tra-
pos" de malha e serragem. Na Mina do
Leão, já foram instaladas lixeiras para co-
leta seletiva. Também estão sendo plane-
jadas obras estruturais para atender às
exigências ambientais e possibilitar a cer-
tificação da CRM.
TI Verde
Atualmente, na verdadeira revolução
tecnológica em que estamos vivendo, o
descarte de equipamentos e componentes
eletrônicos se tornou um desafio. Por isso,
a CRM lançou no dia 21 de maio uma
segunda etapa no Sistema de Gestão Am-
biental, referente à TI Verde. Integra essa
ação a parceria realizada com a empresa
Otser para descarte de equipamentos ob-
soletos que não servem para doação, sem
custo para a CRM. Os funcionários tam-
bém poderão participar trazendo das suas
casas os aparelhos que quiserem descartar.
A Otser busca o material descartado e dá
a destinação correta, reciclando o que po-
de ser reutilizado e descontaminando o
que pode ser prejudicial ao ambiente.
Os equipamentos eletrônicos são
compostos por partes plásticas, metálicas
e de vidro que podem ser recicladas para
Acima, lançamento doSGA, na Capital gaúcha.Abaixo, plantio de mudas na CRM pelos Vigilantes Ambientais
Foto
s : D
ivul
gaçã
o/CR
M
Maio de 2010 l 5
reutilização em novos aparelhos, poupan-
do assim os recursos naturais. Também
contêm substâncias como o chumbo e o
mercúrio, que podem vazar e contaminar
o ar e os lençóis freáticos.
Ainda nessa segunda etapa, foi apre-
sentado aos funcionários o projeto de vir-
tualização a ser implantado nos próximos
meses, através da substituição dos com-
putadores físicos por desktops virtuais. A
CRM irá adquirir um servidor específico
e projeta um total de 80% de virtualiza-
ção ainda neste ano.
Algumas ações alusivas à TI Verde na
CRM já foram realizadas, visando a eco-
nomia de recursos naturais. Os monitores
dos computadores foram substituídos por
telas de LCD, que consomem 60% me-
nos energia. A empresa só utiliza papel re-
ciclado e adotou nos departamentos im-
pressoras laser compartilhadas que podem
utilizar cartuchos reciclados. Alguns seto-
res possuem impressoras que utilizam o
verso de folhas para rascunho.
Regeneração
A CRM considera o meio ambiente
um fator relevante em todas as etapas de
produção das suas unidades mineiras. Por
isso, a regeneração é considerada parte in-
tegrante do processo produtivo da CRM,
sendo realizada concomitantemente à
lavra. Para auxiliar nesse processo, a em-
presa mantém um viveiro de mudas nati-
vas em Candiota, com aproximadamente
7 mil arbóreas de 18 espécies, como pai-
neiras, maricás, araçás, pitangueiras, ipês
roxo, guajuviras, cedros, entre outras. A
capacidade de produção é de até 10 mil
mudas por ano, totalmente adaptadas ao
clima severo da região.
Também são realizados o controle e
tratamento das águas provenientes das mi-
nas. Em Candiota, está sendo concluída a
implantação de uma estação-piloto para o
tratamento dos efluentes da Malha I, em
Candiota. Por ela serão drenados até 5m³
de efluentes por hora, provenientes de
áreas já exploradas há mais de meio século.
A planta será avaliada em termos de efeti-
vidade e custos de operação.
Concluídos os testes, a CRM im-
plantará uma estação definitiva para tratar
todos os efluentes da Malha I e, na se-
quência, da Malha II. As duas áreas foram
mineradas em épocas em que a legislação
ambiental brasileira ainda não impunha
regras rígidas. Hoje, já existem tecnologias
capazes de reconfigurar a composição dos
locais, voltando a ser muito próximas do
que eram antes da mineração.
Ações na comunidade
Promover a consciência ambiental
nas comunidades onde está inserida é
uma prática mantida pela CRM como
forma de colaborar com a saúde e a quali-
dade de vida da população.
Minas do Leão, uma das áreas regene-
radas pela CRM, abriga o Parque Polies-
portivo Othon Sá Castanho, entregue à
comunidade com o objetivo de possibili-
tar a prática de atividades de lazer e es-
porte. Em outra área, está o Posto de Saú-
de construído pela CRM e entregue em
regime de comodato à administração mu-
nicipal para o funcionamento do Progra-
ma de Saúde da Família - PSF.
Em Candiota, a CRM patrocina a
realização do curso de formação de Vigi-
lantes Ambientais pelo quarto ano con-
secutivo. A atividade visa capacitar mul-
tiplicadores da educação ambiental ao
restante da comunidade, potencializan-
do a criação de grupos de interação. São
realizadas palestras e atividades práticas
com a participação de alunos, professo-
res e voluntários.
A utilização das cinzas de carvão
como subproduto resulta em nume-
rosos benefícios, entre os quais podem
ser citados: uma diminuição significa-
tiva da necessidade de áreas destinadas
aos aterros, a conservação de recursos
naturais, um ambiente mais limpo e
seguro, a redução de emissão de dió-
xido de carbono, a impulsão no de-
senvolvimento econômico e a redu-
ção geral do custo de geração de ele-
tricidade. O potencial produtivo das
cinzas de carvão é de 4 milhões de to-
neladas ao ano, e seu uso para a pro-
dução de tijolos ajuda a resolver um
problema associado à queima do car-
vão, que é a estocagem das cinzas ge-
radas. Significa que, além de resolver
um problema ambiental, as tecnolo-
gias para uso das cinzas colaboram pa-
ra a implementação de construções de
menor custo (veja mais na página 7).
O Estado detém 90% de todas as
reservas carboníferas brasileiras, o que
equivale a cerca de 28 bilhões de
toneladas. Segundo o geólogo e res-
ponsável pelo departamento de meio
ambiente da Fundação de Ciência e
Tecnologia (Cientec), Oleg Zwonok,
o carvão é considerado uma boa alter-
nativa para uso energético, e as tecno-
logias para as emissões, cada vez mais
limpas desta fonte, têm sido alvo de
constantes estudos. O carvão fóssil, ao
mesmo tempo, é a principal alternati-
va para alcançar, no Sul do Brasil, a
meta da independência energética.
O uso ecológico dascinzas de carvão
INOVAÇÃO
6 l ANÁLI$E Suplemento Negócio Social
ENERGIA E SUSTENTABILIDADE
Ao promover ações e progra-
mas com o intuito de mini-
mizar os impactos decor-
rentes de suas atividades, o
Grupo CEEE mostra um autêntico en-
gajamento com a natureza. As práticas de
sustentabilidade na empresa são diárias e
começam pela promoção da coleta seleti-
va do lixo. Em vigor desde 2002, o Pro-
grama Recicle CEEE, ensina e incentiva a
coleta seletiva de lixo seco e orgânico, in-
cluindo o recolhimento de pilhas e bate-
rias de celulares, em todas as unidades da
concessionária. Os resíduos recicláveis são
doados a associações de catadores, geran-
do renda em comunidades carentes.
A empresa é uma das primeiras do se-
tor elétrico nacional a buscar efetivamente
soluções para um melhor aproveitamento
de cada reservatório, contemplando
múltiplos usos (abastecimento, irrigação,
navegação, turismo e lazer, entre outros) e
atendendo à legislação vigente. Em
dezembro de 2009, a companhia esta-
beleceu uma cooperação institucional
com o Ministério Público Estadual, a
Secretaria Estadual de Meio Ambiente,
Fepam e Famurs, visando disciplinar o
uso e a ocupação do solo no entorno dos
reservatórios do Grupo CEEE.
As exigências setoriais e de mercado
fazem com que o Grupo CEEE atue
crescentemente em sintonia com o con-
ceito de desenvolvimento sustentável. A
companhia, inclusive, implementa um
Sistema de Gestão Ambiental em todas as
suas unidades de geração e estruturas as-
sociadas. Na distribuição, as atividades
estão a cargo da Divisão de Recursos Flo-
restais e Ambientais, responsável pela
gestão socioambiental, pelo viveiro de
produção de mudas exóticas e nativas e
pelos hortos florestais. As áreas de Geração
e Transmissão da empresa possuem uma
Divisão de Meio Ambiente com a incum-
bência de tratar as questões ambientais.
Uma das ações promovidas é o plan-
tio de eucaliptos e espécies nativas em 14
hortos de proteção ambiental, obtido
através do Programa de Reflorestamento e
Produção de Postes de Madeira. As árvores
plantadas pela empresa necessitam de 12
anos para atingirem o tamanho ideal de
um poste. A capacidade de produção do
viveiro é de 300 mil mudas nativas por
ano, distribuídas em 60 diferentes espé-
cies e em um milhão de mudas de eu-
calipto por ano.
O plantio de florestas destinado à
produção de postes é feito há quase 50
anos, sendo a empresa gaúcha a única do
País a ser responsável pelo ciclo completo
de construção de redes de energia. As re-
des de distribuição e de transmissão usam
postes de madeira preservada, oriunda
dos hortos ambientais, mantidos pela
empresa. Somente em 2009, a CEEE
implantou 360,50 hectares de florestas
de eucalipto para a produção de postes,
totalizando 612.850 mudas plantadas.
Uma das mais antigas atividades
ambientais do Grupo CEEE é a Estação
de Piscicultura, localizada junto à Usina
Hidrelétrica de Ernestina, no municí-
pio de Tio Hugo, no Norte do Estado,
inaugurada pela empresa em 1972. En-
tre as ações desenvolvidas pela Estação
de Piscicultura, está o monitoramento
qualitativo e quantitativo da fauna ícti-
ca (peixes), realizada em 16 Reser-
vatórios da CEEE, que serve de subsí-
dio para os programas anuais de Re-
povoamento e Soltura. Em 2009, o
Programa de Repovoamento de Alevi-
nos contemplou a soltura, devidamente
autorizada pelo órgão ambiental, de
410 mil peixes.
Engajamento diário no Grupo CEEEIniciativas preservacionistas são efetivadas por todo o ano pela empresa gaúcha
Em 2009, programa deRepovoamento de Alevinos
contemplou a soltura de410 mil peixes
Foto
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ENERGIA E SUSTENTABILIDADE
Tijolo e blocos ecológicos surgemcomo opção para baratear custosProdutos fabricados a partir de cinzas de carvão e cal como matéria-prima têm formatode peças de encaixe, o que permite a passagem de canos e fios e dispensa rejunte
Técnica permiteredução de até50% nos custosde construções
Odesenvolvimento econô-
mico só é possível atual-
mente se for baseado em
sustentabilidade. É uma
tendência mundial. A ecologia, somada
à pesquisa e à tecnologia, é a verdadeira
alternativa econômica para países que
pensam em investimentos a longo pra-
zo. A Fundação de Ciência e Tecnolo-
gia (Cientec), vinculada ao governo do
Estado, por meio da Secretaria da Ciên-
cia e Tecnologia, está negociando parce-
rias com a iniciativa privada para pro-
gramar processos construtivos para a fa-
bricação de blocos ou tijolos, utilizando
cinza e cal como matéria-prima. Atual-
mente, no Rio Grande do Sul, existem
três empresas trabalhando na fabricação
dos tijolos através das cinzas do carvão.
Com suas características físicas, o ti-
jolo ecológico proporciona economia, es-
tabilidade estrutural, harmonia e beleza,
fazendo com que a construção se torne
um local aconchegante e seguro. Barateia
o custo da obra por eliminar o desperdí-
cio de material típico de uma construção
comum, além de minimizar o tempo e
custo de mão-de-obra. "A construção
que substituti o produto tradicional pelo
tijolo ecológico tem seu custo
barateado, em média, de 40% a
50% do valor gasto com material
de construção", diz o presidente
da Cientec, Luiz Augusto Pereira.
Os tijolos ainda não são produ-
zidos em escala industrial, porém já
existem convênios assinados para que isso
seja viabilizado. Segundo explica o empre-
sário Mauro Petzi, os tijolos são feitos com
cerca de 90% de cinzas e apenas 10% de
cal, o que representa uma economia de
mais de 30% por bloco na produção. Pet-
zi aponta que as cinzas, ainda, podem ser
usadas no asfaltamento de estradas, com
uma economia significativa.
Maio de 2010 l 7
Foto: Divulgação / Piratini
O mercado de Luxo no Brasil
Por Carol WalfridEstilo
De acordo com algumas
pesquisas, o mercado de
luxo no Brasil vem cres-
cendo a uma taxa entre
35% a 40% ao ano, consolidando as-
sim as marcas desse setor. Com ticket
equivalente a mais ou menos R$ 3,5
mil por compra, o consumidor brasi-
leiro é hoje a grande aposta desse
mercado. O crescimento econômico
também é outro ponto que favorece
as marcas de luxo a investirem no
Brasil. Por outro lado, conforme
mostra o ranking da revista Forbes,
dentre os homens mais ricos do
mundo o país teve 18 nomes na lista,
sendo que um deles ficou entre os
dez primeiros.
O avanço desse segmento é um
consenso na economia que, antes, prio-
rizava mercados capazes de consumir
grandes volumes, como Estados Unidos
e Europa. No entanto, esses mesmos
mercados encontram-se em dificulda-
des, e as marcas estão se voltando para
países emergentes, como o Brasil, onde
cresce a demanda pelo luxo.
Há grande variedade de produtos e
serviços como carros, joias, vestuário,
cosméticos e imóveis (todo segmento
que envolve a construção de luxo), dis-
putando os interesses dos consumido-
res e a liderança desse mercado. Ao la-
do, as marcas de luxo, nacionais e in-
ternacionais, preferidas pelos brasilei-
ros, segundo pesquisas recentes.
O mercado de luxo no Brasil está
cada vez mais competitivo, e os consu-
midores, por sua vez, buscam produ-
tos que atendam às suas necessidades
por meio da singularidade e da sofisti-
cação. Posicionar a marca em segmen-
tos bem definidos e gerenciá-la com
base na sua identidade são ações fun-
damentais. Facilitam o elo de comuni-
cação entre o consumidor, uma vez
que esse já se reconhece como parte
integrante da marca.
Consultora de moda e estilo
Maio de 2010 l 29
DO BOM E DO MELHOR
As marcas de luxo internacionaispreferidas pelos brasileiros
Posição Empresa (%)1 Louis Vuitton 23%2 Giorgio Armani 10%3 Chanel 8%4 Christian Dior 6%5 Gucci 5%6 Tiffany & Co 4%7 Ferrari 4%
*Fonte: GfK e MCF Consultoria(pesquisa de 2008/2009)
As marcas de luxo nacionaispreferidas pelos brasileiros
Posição Empresa (%)1 Daslu 22%2 H.Stern 14%3 Forum 4%4 Victor Hugo 4%5 Osklen 4%6 Fasano 3%
*Fonte: GfK e MCF Consultoria(pesquisa de 2008/2009)
Joias H.Stern: produtos como esses atraem pela singularidade e sofistificação
30 l ANÁLI$E
DO BOM E DO MELHOR
Tiago Fornari não se considera
um chef da forma como a no-
menclatura prega e, sim, um
amante da gastronomia, em es-
pecial de pratos à base de carne. Enge-
nheiro-agrônomo de formação, mas "do-
no de restaurante" por afinidade e oportu-
nidade, ele usa a criatividade na cozinha, a
química dos alimentos e a compra de in-
sumos personalizados no conhecido Ver-
melho Grill, especializado em carnes, que
completa dez anos de sucesso.
A casa surgiu a partir da ideia de um
gaúcho radicado no Mato Grosso do Sul, o
médico veterinário e apaixonado por carnes
Clóvis Fornari, pai e sócio de Tiago. O so-
nho de ter o trabalho valorizado e reconhe-
cido pelo consumidor resultou em um res-
taurante com um cardápio de cortes no-
bres, grelhados à vista do cliente, com car-
nes compradas diretamente da fazenda e se-
lecionadas dentro dos padrões técnicos de
maciez, camada de gordura e idade do ani-
mal abatido. O primeiro Vermelho Grill
foi inaugurado em Campo Grande. A
unidade de Porto Alegre foi aberta há dois
anos. Trata-se de um espaço gastronômico
rústico, despojado e aconchegante, com
churrasqueira aberta para o salão.
Agora, o Vermelho Grill inova mais
uma vez e lança novos pratos e sobremesas.
A grande novidade é o Festival do Assador,
em que o restaurante oferece sequência de
cortes especiais, que inclui assado de tiras
acompanhado de salada Vermelho Grill,
farofa e purê de mandioca, bife de chorizo
com legumes grelhados e arroz à rodeio,
Master Lamb de cordeiro acompanhado de
purê de abóbora e geleia de alecrim.
O cardápio de sobremesas ganhou do-
ces caseiros produzidos artesanalmente em
Arvorezinha, no interior do Estado. As de-
lícias resgatam as receitas e os segredos
guardados por várias gerações, sem o uso
de conservantes químicos e com redução
de açúcar. "Meu dia a dia de chef busca
garantir a satisfação do cliente através de
produtos e serviços oferecidos pelo Verme-
lho Grill. É uma rotina que exige horas de
dedicação, incluindo horário noturno e fi-
nais de semanas", diz Tiago.
O que não pode faltar:■ Meu gerenciamento busca proporcionar: atmosfera agradável, atendimentocortez e eficaz e boa mesa.■ Fogo, afinal, nossa carne é toda feita sobre a grelha, com muito fogo.■ Carne, matéria-prima com certificação de origem.
Festival do Assador comemora osdez anos do Vermelho Grill
Vermelho Grill ■ Endereço: Avenida Veríssimodo Amaral, 37, no bairroJardim Europa, em Porto Alegre.■ Telefones : (51) 3333-0253.
O chef indicaTiago Fornari
Foto: Divulgação
MODO DE PREPARO:
■ A escolha da matéria prima é fundamental. No VermelhoGrill, é utilizado o legítimo Carré Francês (500 gramas).Fogo forte. Uma maneira prática para saber se o fogo estáforte é deixar a sua mão a 20 cm de distância do fogo. Sevocê não aguentar o calor por 5 segundos, é porque o fogoestá ótimo para preparar o carré.
■ Colocar o carré numa grelha de aço com cantoneirasem "v' e salgar assim que a carne começar a "suar".
■ Virar e salgar do outro lado.
■ O sal grosso deve ser moído para diminuir a sua partícula.
■ 15 - 20 minutos de fogo e está pronto.
■ A geleia de alecrim compõe o prato, assim como um vinhotinto redondo de tanino macio.
Carré de Cordeiro do Vermelho GrillFoto: Divulgação
Maio de 2010 l 31
A D E G A
OMinistério da Agricul-
tura (Mapa) colocou
em consulta pública,
até o começo de agosto,
proposta de atualização da legislação
para identidade e qualidade do vinho.
Para o presidente do Instituto Bra-
sileiro do Vinho (Ibravin), Júlio Fante,
a iniciativa é positiva, uma vez que a
última regulamentação foi feita há 12
anos, com a norma nº 229/1998, que
está em vigor. "Agora, vamos analisar
as propostas e ver se é necessário apon-
tar alguma alteração ou propor debates
técnicos para passar posicionamento
do setor."
O texto sugere a inclusão de ter-
mos qualitativos para vinhos, como re-
serva, reserva especial e gran reserva.
"Essas designações estão sendo, em al-
guns casos, utilizadas de forma incorre-
ta, podendo levar o consumidor a en-
gano", explica o coordenador-geral de
Vinhos e Bebidas do Mapa, Hélder
Borges. Além disso, serão incluídos pa-
drões para bebidas que não existiam na
época, como do tipo Cooler e alcoólico
composto. A nova norma trata tam-
bém da redução gradativa da adição de
açúcar (chaptalização), que eleva o teor
alcoólico em até três graus. "A intenção
é banir essa prática no Brasil, a exem-
plo dos demais países produtores."
Borges destaca que a norma está
alinhada às exigências dos importado-
res, o que deve abrir mais mercados pa-
ra o produto nacional. A proposta po-
de ser acessada no site www.agricul-
tura.gov.br.
PROPOSTA DE ATUALIZAÇÃO FICARÁ EM CONSULTA PÚBLICA ATÉ O COMEÇO DE AGOSTO
Nova regulamentação para avitivinicultura está em debate
32 l ANÁLI$E
DO BOM E DO MELHOR
Oitenta anos são passa-
dos desde que o
norte-americano, Jo-
seph Millender, na
ocasião presidente da Companhia
de Energia Elétrica Riograndense, à
frente de um grupo de amigos, fun-
dou o Porto Alegre Country Club.
Dessa forma, o grupo pôde contar
com um lugar próprio e exclusivo pa-
ra praticar suas tacadas, já que, até en-
tão, isso era feito no campo esportivo
da Brigada Militar, onde foi construí-
do um campo com cinco buracos.
A sede atual em nada lembra o
bonde onde a primeira sede foi provi-
soriamente instalada. De lá até os dias
de hoje, várias mudanças foram feitas
para proporcionar mais conforto aos
sócios, principalmente no que diz res-
peito ao espaço do Bar Inglês, ou, co-
mo também é chamado pelos golfis-
tas, o buraco 19. É ali, depois do jo-
go, a parada obrigatória para um des-
canso merecido, comentários sobre a
performance no campo e - por que
não? - para beber uma cervejinha.
Pode-se imaginar quantas histórias
foram vividas durante essas décadas
no percurso dos 18 buracos!
A área do campo de golfe pode
ser ainda hoje considerada um pul-
mão verde na região, apesar de toda a
transformação ocorrida ao seu redor,
o que em nada diminuiu a beleza e a
magia do lugar.
Hoje, o Porto Alegre Country
Clube tem como presidente o Sr.
Ramiro Agrifoglio Davis que, junto a
sua diretoria, imprime continuidade
ao que já foi feito anteriormente ain-
da que, principalmente, venha in-
vestindo na novíssima geração de jo-
gadores. Esses, apesar de ainda crian-
ças, levam as aulas de golfe a sério,
mostrando que o Porto Alegre
Country Club tem orgulho de seu
passado e com ele convive feliz , em-
bora seja para o futuro o enfoque de
seus projetos.
*Ana Maria Stella de Albuquerque é formada pela Socila - Rio de Janeiro, com permanente atualização profissional em eventos. Desenvolve trabalhos junto a empresase profissionais, nas áreas de Comportamento Profissional, Social, Moda, Atendimento ao Público e como Personal Stylist. [email protected]
Mais estilo, mais vida
Porto Alegre Country Club:um jovem de 80 anos
POR ANA MARIA STELLA DE ALBUQUERQUE*
Golfe
Foto: Henrique Amaral
34 l ANÁLI$E
HUMOR
POR IVAN CARVALHO
Avida moderna é mesmo uma
beleza. Creio que ninguém da mi-
nha geração, que não é tão remota
assim, sequer imaginou certas coi-
sas que hoje são corriqueiras. A internet, por
exemplo. Nenhuma obra de ficção cientifica,
por mais desvairada ou futurista, chegou perto
de imaginar algo como a rede mundial de
computadores e os seus desdobramentos. As
pessoas imaginavam o telefone antes da sua
invenção, assim como sonhavam em voar, an-
tes do avião. Os submarinos os foguetes espa-
ciais, o rádio e a televisão foram, de muitas
formas, antevistos pela imaginação humana.
Os computadores tiveram uma evolução
que, embora longe da compreensão dos mor-
tais, não nos espantou demais. O cérebro ele-
trônico, a máquina que armazena todas as in-
formações, já existia, de um modo ou de ou-
tro, nos quadrinhos de Flash Gordon, nos li-
vros de Julio Verne e nos filmes antigos de Ja-
mes Bond. Mas a internet nos pegou de sur-
presa. Nunca foi imaginada, a não ser num
círculo muito restrito de técnicos. E creio que
mesmo esse grupo restrito não fazia a mínima
ideia, nos primórdios da coisa, no que ela po-
deria vir a se tornar.
Outra maravilha: os vídeogames. A simu-
lação mais aproximada de um jogo de futebol,
por exemplo, para os meninos do meu tem-
po, era o fla-flu, que os paulistas chamam de
pebolin. Hoje, o vídeogame chega a ser mais
perfeito do que um jogo real. Pelo menos a se-
leção brasileira que vi meu sobrinho manejan-
do na tela era muito melhor do que a que
mandamos para a Copa. Se um guri saísse de
1960 diretamente para a frente de um jogo
desses, creio que enlouqueceria de felicidade.
Ou morreria de susto, sei lá... Tudo evolui
tanto e tão rápido que mal temos tempo de
acompanhar.
Existe janela com controle remoto, pipo-
ca de microondas, carro que não precisa fazer
mudança... Milhares de coisas, as mais bobas
possíveis, para facilitar a vida das pessoas. Até
escova de dentes elétrica, que é uma coisa
meio doida, porque só diminui um pouco o
movimento da mão. Vai ter preguiça assim lá
no Arroio dos Ratos.
Só tem uma coisa que anda na contra-
mão de tudo isso: as embalagens. Sei lá por
que raios os fabricantes de quase tudo, em vez
de inventarem embalagens que abram mais
facilmente, estão fazendo verdadeiros cofres
invioláveis. Parece uma gincana. A começar
pelos CDs. Os danados, se não forem piratas,
vêm envoltos em um papel celofane justo,
sem ponta para pegar. Se o sujeito não tiver à
mão um objeto apropriado, pontudo ou mui-
to afiado, pode desistir, porque só vai se irritar.
Unhas e dentes não fazem efeito algum.
Um dia desses comprei um alicate. Vinha
numa embalagem plástica com um fundo de
papelão. Parecia barbada. Tentei extraí-lo dali
com as próprias mãos. Engano meu. Comecei
pelo papelão, que me pareceu o ponto frágil
do invólucro. Negativo. O danado tinha uma
camada embaixo da outra e era forte como a
defesa da Itália. Fui para o plástico. Nem por
sonho. Se continuasse, ia lesionar os dedos e
precisar de um calmante. Olhei em volta em
busca de ajuda. Achei uma tesourinha, dessas
de cortar unhas. Nem arranhou o plástico e
não penetrava no papelão. Cheguei à conclu-
são absurda: para tirar o alicate da embalagem,
precisava de um alicate. Mas - bolas - se eu ti-
vesse um alicate não estaria comprando outro!
Outra coisa irritante são as tampas. Tem
um antisséptico bucal que é um horror. Não
abre na sutileza ou por qualquer meio civi-
lizado. Só na ignorância, na força bruta mes-
mo, de preferência com uma chave inglesa
de pressão. Um dia, espero, teremos embala-
gens que se abrirão num toque. Aí sim, será
a civilização.
Embalagens, esses cofres invioláveisCRÔNICA
Por Chaui ([email protected])