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Analisando o processo do ensino em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental 1 Professora Pedagoga PDE Eulalia Maria Carolino Orientadora: Professora Me. Leila Pessôa Da Costa RESUMO: Este projeto teve como objetivo analisar como ocorre o processo de ensino e aprendizagem em duas 5 as. séries do Ensino Fundamental do período matutino do Colégio Tancredo Neves, pertencente ao Núcleo Regional da cidade de Maringá, situada a noroeste do Estado do Paraná. Nessa análise, considerou-se o processo de interação entre professor aluno na sala de aula, bem como a identificação de propostas de trabalho que atendam aos princípios e pressupostos do ensino e da aprendizagem veiculados pela Secretaria de Estadual de Educação do Estado do Paraná. Dele participaram professores, funcionários, alunos e pais através de reuniões, encontros com professores e funcionários, observações em sala de aula e análise de documentos comprobatórios do rendimento escolar desses alunos. A partir disso foi realizado o acompanhamento pedagógico de planejamento, replanejamento, elaboração e aplicação de atividades e instrumento de avaliação nessas turmas. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Ensino Fundamental; Repetência; 5 as. Séries do Ensino Fundamental de oito anos. ABSTRACT: This project aimed to analyze how is the process of teaching and learning for the two 5as. series of the morning of the College Tancredo Neves belonging to the Regional Center of the city of Maringá, located northwest of the State of Paraná). In this analysis we considered the interaction between student teacher in the classroom as well as the identification of workable proposals that meet the principles and assumptions of teaching and learning run by the Department of Education State of Paraná. Participants were faculty, staff, students and parents through meetings, meetings with faculty and staff, observations in the classroom and review of supporting documentation of academic performance of students. From this were monitored educational planning, replanning, development and implementation of activities and assessment tool in these classes. . Keywords: Teaching, Education; Repetition; 5as. series basic education of eight years. 1 Trabalho apresentado como conclusão da etapa final. implementação do Projeto de Intervenção pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizado no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves durante o ano letivo de 2009. 1

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Analisando o processo do ensino em turmas de 5ª série do Ensino

Fundamental1

Professora Pedagoga PDE Eulalia Maria Carolino

Orientadora: Professora Me. Leila Pessôa Da Costa

RESUMO: Este projeto teve como objetivo analisar como ocorre o processo de ensino e aprendizagem em duas 5as. séries do Ensino Fundamental do período matutino do Colégio Tancredo Neves, pertencente ao Núcleo Regional da cidade de Maringá, situada a noroeste do Estado do Paraná. Nessa análise, considerou-se o processo de interação entre professor aluno na sala de aula, bem como a identificação de propostas de trabalho que atendam aos princípios e pressupostos do ensino e da aprendizagem veiculados pela Secretaria de Estadual de Educação do Estado do Paraná. Dele participaram professores, funcionários, alunos e pais através de reuniões, encontros com professores e funcionários, observações em sala de aula e análise de documentos comprobatórios do rendimento escolar desses alunos. A partir disso foi realizado o acompanhamento pedagógico de planejamento, replanejamento, elaboração e aplicação de atividades e instrumento de avaliação nessas turmas.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Ensino Fundamental; Repetência; 5as.

Séries do Ensino Fundamental de oito anos.

ABSTRACT: This project aimed to analyze how is the process of teaching and learning for the two 5as. series of the morning of the College Tancredo Neves belonging to the Regional Center of the city of Maringá, located northwest of the State of Paraná). In this analysis we considered the interaction between student teacher in the classroom as well as the identification of workable proposals that meet the principles and assumptions of teaching and learning run by the Department of Education State of Paraná. Participants were faculty, staff, students and parents through meetings, meetings with faculty and staff, observations in the classroom and review of supporting documentation of academic performance of students. From this were monitored educational planning, replanning, development and implementation of activities and assessment tool in these classes. .Keywords: Teaching, Education; Repetition; 5as. series basic education of eight years.

1 Trabalho apresentado como conclusão da etapa final. implementação do Projeto de Intervenção pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizado no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves durante o ano letivo de 2009.

1

Introdução

Este artigo é resultado de um estudo oferecido pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, que é uma política educacional inovadora de formação continuada dos

professores da rede pública estadual. O PDE foi elaborado como um conjunto de

atividades organicamente articuladas, definidas a partir das necessidades da

Educação Básica, e que busca no Ensino Superior a articulação solidária e

compatível com o nível de qualidade desejado para a educação pública do estado

do Paraná (Documento Síntese PDE, 2007). Na trajetória desenvolvida durante o

percurso do programa, foram realizadas as seguintes atividades:

a) Projeto de intervenção pedagógica na escola: atividade realizada no 1º

período do Programa;

b) Produção didático-pedagógica: caracteriza-se como material didático e

constitui uma das atividades a ser elaborada no 2º período do Programa, sob

a orientação do professor orientador da IES (GTR);

c) Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola: ocorreu

no 3º período, pela atuação do Professor PDE na escola.

Este trabalho teve como objetivo registrar as reflexões acerca do processo

de ensino e da aprendizagem em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental, a partir

da observação de que apesar das leis que determinam que toda criança tenha

direito ao acesso e à permanência na escola, isso não garante o seu sucesso como

aluno na prática. A democratização do acesso também não é garantia de

democratização da aprendizagem, pois ainda se lida com o fracasso escolar, seja

pelas repetências, seja pela defasagem de aprendizagem.

A análise empreendida considerou a realidade do Colégio Estadual

Tancredo de Almeida Neves, que atende 1.100 alunos no Ensino Fundamental e

Médio. Foi verificado, entre os alunos que frequentam o colégio, grande percentual

2

de reprovação nas 5ª séries do Ensino Fundamental nos três últimos anos (2005;

2006; 2007), além de grande percentual de reprovações e aprovações por Conselho

de Classe, que se assim não fosse, haveria ainda mais repetências.

No desenvolvimento do trabalho, optou-se por uma abordagem qualitativa

de estudo de caso junto às 5ª séries do período matutino, nas disciplinas Língua

Portuguesa e Matemática, para analisar como ocorre o processo de ensino e

aprendizagem e seus determinantes. Assim, procurou-se envolver não só os

professores e alunos, mas também os funcionários e pais, por acreditar que todos se

incluem nessa análise.

1 Desenvolvimento do trabalho

A partir da prática desenvolvida como professora pedagoga na rede

estadual de ensino em escolas públicas paranaenses, constatou-se que persiste um

grande número de reprovações e aprovações por Conselho de Classe nas quintas

séries do Ensino Fundamental. Para compor esse trabalho, partiu-se da elaboração

de um projeto de intervenção pedagógica na escola com o objetivo de analisar o

processo de ensino aprendizagem, tendo como ponto de partida a análise das

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, dos documentos oficiais da escola: o

Regimento Escolar e o Projeto Político Pedagógico, que se referem ao

acompanhamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e no sistema de

avaliação, além de entrevistas com professores, questionários para professores,

alunos e pais, bem como a realização de leituras programadas sobre a bibliografia

especializada nas áreas de Psicologia, Filosofia e História da Educação.

Como atividade inicial, foram aplicados questionários com questões

pertinentes ao ensino e aprendizagem para a comunidade escolar supracitada, e de

posse dos dados tabulados passou-se a trabalhar com cada segmento específico.

Para envolver os pais e as famílias nesse processo, optou-se por

empreender reuniões com o objetivo de analisar a visão que estes possuem do

processo de ensino e aprendizagem de seus filhos, bem como a incentivá-los a

participarem mais da vida escolar. Com os alunos, foram feitas reuniões em sala de

3

aula com aplicação de questionários acerca de suas expectativas em relação ao

ensino e à aprendizagem.

A relação professor-aluno durante o processo de ensino e aprendizagem e as

atividades propostas pelo professor foram observadas e analisadas se estavam em

conformidade com os princípios e pressupostos do ensino-aprendizagem veiculados

pela SEED. Foram desenvolvidos encontros com os professores e funcionários de

trinta e duas horas, com os temas pertinentes ao processo ensino aprendizagem.

Diante das múltiplas perspectivas e pluralidade de concepções e enfoques

acerca do processo de ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental e em especial

sobre a série inicial da 2ª. fase desse ciclo, optou-se por uma abordagem histórico-

crítica que irá contribuir para a elucidação do objeto de estudo: a repetência nas 5ª

séries do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves,

considerando, tal como aponta Saviani (2008, p. 9), que a concepção histórico-

crítica pressupõe que é pela interação dos professores com os alunos que se

promoverão mudanças na aprendizagem. Nas palavras do autor:

É possível afirmar que a tarefa que se propõe a pedagogia histórico-critica em relação à educação escolar implica:a)Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações bem como as tendências atuais de transformação.b)Conversão do saber objetivo em saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares. c)Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas aprendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação (SAVIANI, 2008, p. 9).

Essa concepção considera que o papel do professor é o de mediador das

relações humanas que permeiam o ato de educar e é na escola que esse processo

pode e deve ser sistematizado, veiculado pelos conteúdos nas diferentes áreas do

conhecimento. Saviani acrescenta:

O saber sistematizado; não se trata, pois, de qualquer tipo de saber. “Portanto, a escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não a cultura popular” (SAVIANI, 2008, p.14).

Nessa perspectiva, compete à escola trabalhar com o conhecimento elaborado,

sistematizado e erudito.

4

Neste sentido, para que a mediação ocorra é preciso, conforme aponta

Vygotsky, que a aprendizagem parta do nível real, ou seja, daquilo que a criança já

consegue realizar sozinha, porém o ensino acontece no nível proximal. Nesse nível,

a criança consegue realizar, mas precisa da ajuda do outro:

O estado de desenvolvimento mental de uma criança só pode ser determinado se forem revelados aos seus dois níveis: o nível de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal (Vigotski, 1998, p.113).

Nesse processo, o professor assume o papel de mediador, ou seja, de

viabilizar a apropriação do conhecimento por parte do aluno – desenvolvimento

potencial, considerando o nível de desenvolvimento real, ou seja, atua no que

Vygotsky chamada de zona de desenvolvimento proximal.

Ou ainda, atua a partir do que o aluno sabe e o que ele deve saber e

estabelece as relações com os mesmos, é que a aprendizagem se efetiva e

novamente alcança o nível real, possibilitando novas aprendizagens. Isso significa

que a forma a para se atingir o desenvolvimento no aprendizado formal será a

mediação do professor.

Segundo Saviani (2007), a mediação ocorre quando o professor tem clareza

de que sua prática pedagógica é decorrente de sua prática social e que essa deve

estar voltada para a realidade na qual trabalha, instrumentalizando-se para garantir

a apropriação dos conteúdos aos seus alunos.

Se a educação é mediação, isto significa que ela não se justifica por si mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam para além dela e que persistem mesmo após a cessação da ação pedagógica. Considerando-se, como já se explicitou, que, dado o caráter da educação como mediação no seio da prática social global, a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto de chegada, resulta inevitável concluir que o critério para se aferir o grau de democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na prática social (SAVIANI, 2007, p. 76-77).

Sendo assim, é pela mediação que os indivíduos se apropriam dos

conhecimentos e estabelecem relações com a realidade e com os objetos que estão

em fase de internalização. Vygotsky (1998, p. 74) chama de “internalização a

reconstrução interna de uma operação externa”. Portanto, trata-se de uma

aprendizagem formal e intencional, que deve ficar sob a responsabilidade da

instituição escolar.

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Assim, o professor, ao mediar esse processo pelas atividades trabalhadas

em sala de aula, seja por livros, filmes, objetos, seja por conversas com seus pares,

com outros adultos, viabiliza o ensino dos conteúdos sistematizados pelo homem. A

esse respeito Gasparin (2007, p. 27) orienta:

O conteúdo é a seleção e a transposição didática, para a sala de aula, do conhecimento científico que deve ser apropriado pelos educandos. Apresenta-se no currículo da escola e no programa de cada disciplina, como uma listagem de unidade, tópicos e subtópicos.

As concepções supracitadas são utilizadas para melhor entender as

questões relacionadas ao ensino-aprendizagem dos alunos de 5ª série do Ensino

Fundamental nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática do Colégio

Estadual Tancredo de Almeida Neves e os motivos dos índices de reprovações e

aprovações por Conselho de Classe.

2 Caracterizando as turmas de 5ª série do Ensino Fundamental

A partir da LDB 9394/96, o Ensino Fundamental, no Brasil, está organizado

em séries ou em ciclos. Essa lei estabelece, em seu Art. 32, que “o ensino

fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola

pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão”.

Em 6 de fevereiro de 2006 foi aprovada a lei federal nº. 11.274 para o

ensino de nove anos, alterando a LDB, instituindo nove anos para o Ensino

Fundamental e modificando a redação do Artigo 32 da LDB para: “O ensino

fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,

iniciando-se aos (6) seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do

cidadão...” (Lei Federal 11.114/05).

As séries observadas para este estudo estão ainda na fase do Ensino

Fundamental de oito anos. Esse período perfaz duas etapas distintas: a primeira

corresponde aos quatro primeiros anos, também chamados de séries iniciais do

Ensino Fundamental, que vai da 1ª à 4ª série, nos quais os alunos têm um único

professor que os acompanha no período de quatro horas diárias em todas as

atividades desenvolvidas na escola.

6

As turmas de 5ª séries do Ensino Fundamental de oito anos, ou as 6ª séries

do Ensino Fundamental de nove anos, têm uma particularidade bastante importante

e que deve ser considerada. Os alunos que a ela ingressam mudam não só de série,

mas fundamentalmente de uma nova organização disciplinar e de organização do

próprio sistema de ensino: passam a ter vários professores ao invés de um professor

polivalente, uma organização por disciplinas, ao invés de áreas, ministradas em um

horário específico, regulado agora pelo relógio e não mais pelo término da atividade,

além de conviverem com metodologias diferenciadas no desenvolvimento das

atividades.

Além desses aspectos, cabe pontuar que o aluno vem para a escola com

uma expectativa muito grande para essa nova etapa de sua vida escolar, e na

escola observada – que atende a partir da 5ª série, esses alunos chegam ávidos em

conhecer o novo ambiente, os novos colegas e a nova rotina, o que demanda uma

adaptação a essa nova realidade.

Nesse processo, inicialmente, entram em choque com a troca de

professores e a grande quantidade de matérias e até que se ambientem nesse novo

contexto, muitos acabam por perder o ano, pois não conseguem se adaptar às

novas metodologias que os professores utilizam para trabalhar os conteúdos, uma

vez que não têm claro essa organização, por ela não ser explicada nos primeiros

dias de aula por cada um dos envolvidos no processo.

Verifica-se que cada professor das diferentes disciplinas inicia seu trabalho

discorrendo apenas de sua área do conhecimento, como se esse aluno já

conhecesse os encaminhamentos da escola, ou seja, os procedimentos diários de

organização da própria escola, como: horário de aulas e merenda, como é servida a

merenda, do funcionamento e normas da biblioteca, entre outros. Além disso, cada

professor encaminha suas aulas dentro de uma organização específica e que

precisa ser explicitada aos alunos, mas isso não ocorre.

Com relação à mudança física de prédio, os alunos passam a conviver em

um ambiente com uma organização espacial diferente da qual estavam

acostumados, dificultando a sua localização e, portanto, causando-lhes certo

desconforto, além de se relacionarem com pessoas diferentes daquelas com as

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quais conviveram por quatro anos. Esse momento de transição pode propiciar

insegurança e ao mesmo tempo ansiedade, pois nesse primeiro momento as

crianças ficam “perdidas” por não encontrarem orientações sobre a organização

geral da escola e nem das disciplinas.

Se esse primeiro momento não for trabalhado, poderá comprometer a

relação com a aprendizagem, podendo inclusive causar desinteresse e, por

conseguinte, comprometer seu desenvolvimento cognitivo. Esse aspecto pode ser

uma das possíveis causas das reprovações ou aprovações por Conselho de Classe,

o qual, por sua vez, em sua grande maioria, não evidencia um efetivo aprendizado

do aluno.

3 Coletando dados

Para compreender as questões da dificuldade de aprendizagem dos alunos

de 5ª série do Ensino Fundamental na escola Tancredo Neves, partiu-se de

investigações realizadas através de discussões com professores em reuniões

pedagógicas sobre o grande número de alunos aprovados por Conselho de Classe e

reprovação, análise de atas de Conselho de Classe, observação do desempenho

dos alunos em sala de aula nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,

coleta de impressões dos pais sobre o processo de ensino e aprendizagem de seus

filhos, análise dos índices de aproveitamento do IDEB, com a participação da equipe

pedagógica.

Esses procedimentos visaram a uma base para a análise do processo de ensino e

aprendizagem, objetivando uma intervenção capaz de, no mínimo, levantar reflexões

acerca das necessidades pedagógicas. Para melhor entender os dados pertinentes

ao Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, partiu-se de dados estatísticos do

estado do Paraná, comparando-os com os do colégio, como ilustra a Tabela 1.

TABELA 1: Dados estatísticos de abandono, reprovação e aprovação de alunos de

5ª a 8ª série do Ensino Fundamental do Estado do Paraná, nos anos de 2005 a 2008

8

Fonte: Censo Escolar. SERE (Taxas de rendimentos escolares), INEP. .

TABELA 2: Alunos reprovados na 5ª série do Ensino Fundamental do Colégio

Estadual Tancredo de Almeida Neves, Maringá, PR, de 2005 a 2007, 2008

FONTE: Relatório Final do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.

Analisando os dados de aprovação e reprovação do Estado do Paraná nos

anos de 2005 a 2008 e comparando com os dados do colégio, observa-se que tal

realidade não é peculiar somente no colégio analisado, e sim em outras escolas do

estado do Paraná, o que leva a considerar a atual situação da educação como no

mínimo preocupante. Tal preocupação refere-se aos grandes índices de

reprovações, aos alunos evadidos, e esse quadro já seria preocupante pelo que

expõe – um aumento significativo no índice de reprovações, mas há uma agravante

ainda maior, ou seja, o número de alunos aprovados por Conselho de Classe, que

se assim não o fossem seriam considerados também repetentes, como pode-se

observar na Tabela 3:

TABELA 3: Alunos aprovados por Conselho de Classe no Colégio Estadual

Tancredo de Almeida Neves, de 2005 a 2007

FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves .

A partir desses dados, verifica-se que no final, considerando apenas os

alunos frequentes, haveria uma reprovação, a priori, de quase 50% dos alunos.

Haveria também um índice mais elevado se fosse levada em conta a porcentagem

de alunos desistentes e transferidos, conforme a Tabela 4.

9

TABELA 4: Alunos transferidos e desistentes do Colégio Estadual Tancredo de

Almeida Neve, de 2005 a 2007

FONTE: Relatório Final do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.

A análise dessas tabelas indicou, ainda, que as disciplinas que mais

aprovaram por Conselho de Classe foram: Matemática, com 50 alunos, Inglês, 48

alunos, Língua Portuguesa, 42 alunos e Geografia, 25 alunos. A Tabela 5 ilustra

essa aprovação.

TABELA 5: Disciplinas em que os alunos foram aprovados por Conselho de Classe

no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, de 2005 a 2007

Fonte: Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves. .

Analisando as atas dos Conselhos de Classe Final dos anos 2005, 2006,

2007, constata-se que não constam informações sobre o rendimento escolar do

aluno e/ou justificativas para a sua aprovação ou reprovação, mas se encontram,

nas atas dos Conselhos de Classe dos trimestres anteriores, as seguintes

justificativas para o baixo desempenho dos alunos:

• Alunos que não faziam as atividades solicitadas;

• Alunos que conversavam muito;

• Alunos que andavam pela sala de aula atrapalhando a si e aos colegas;

• Alunos que desrespeitavam os colegas e professores e por isso não

conseguiam assimilar os conteúdos trabalhados;

• Descaso dos pais em acompanhar a aprendizagem de seus filhos;

10

• Alunos com defasagem de aprendizagem, precisando de atendimento

individualizado, sendo encaminhados para a Sala de Recurso.

Observando as justificativas apresentadas, percebe-se que algumas delas

focam no aluno a responsabilidade pela sua não-aprendizagem, desconsiderando o

processo de ensino e outros fatores que podem intervir no resultado

final. Quando a justificativa não está centrada no aluno, apontam o trabalho

realizado nas séries anteriores como insatisfatório e a culpa do baixo rendimento

passa a ser atribuída aos professores das séries iniciais.

Na análise das respostas dadas aos questionários, algumas indicavam a

insatisfação do professor em atuar nessa faixa etária, considerando o número

elevado de alunos em sala de aula e a falta de acompanhamento dos pais com

respeito à aprendizagem de seus filhos.

Quando indagados sobre como os problemas de aprendizagem dos alunos

poderiam ser encaminhados, foram apontadas as seguintes alternativas: atender

individualmente o aluno em contraturno, utilizando o sistema de monitoria aluno x

aluno ou estagiários; solicitar ajuda das famílias; encaminhar para a sala de apoio;

encaminhar os alunos para a sala de recurso ou para a equipe pedagógica.

Percebe-se, por essas respostas, que o problema de aprendizagem é encaminhado

para um novo espaço (sala de apoio), tempo (contraturno) ou pessoas (pai, equipe

pedagógica, monitoria/estagiários), desqualificando o trabalho realizado pelo

professor no período normal de sala de aula, bem como o “desvio” do papel e função

do professor tal como foram apontados nas respostas dos questionários. .

4 Organizando a intervenção

A partir dos dados coletados, julgou-se importante desenvolver um projeto que

auxiliasse no enfrentamento das questões apontadas no contexto das 5ª séries do

Ensino Fundamental. Estabeleceram-se como eixo norteador os dados apontados

pelo Conselho de Classe nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, e

como objetivos para esse trabalho, foram estipulados os descritos a seguir:

11

* Analisar como ocorre a relação entre professor e aluno na sala de aula no

processo de ensino e aprendizagem;

• Analisar como são propostas as atividades de ensino na sala de aula;

• Analisar como se dá o acompanhamento da aprendizagem em sala de aula;

• Identificar propostas de trabalho que atendam aos princípios e pressupostos

do ensino e da aprendizagem veiculados pela SEED.

Diante desses objetivos e dos dados já descritos, o estudo constatou um perfil desse

alunado.

Sendo assim, para identificar como os alunos se sentem diante da

passagem de uma fase para outra da escolaridade, realizou-se um levantamento a

partir de um questionário com perguntas relacionadas à vida escolar e à

aprendizagem dos mesmos, o qual foi respondido por todos os envolvidos.

Nesse levantamento, ficou confirmado, como aponta o Quadro 1, o quanto a

figura do professor como mediador é importante para o aluno, pois suas respostas

evidenciam esse fato, como: “gostaríamos que eles dessem mais atenção, que

ficassem mais perto, que nos ajudassem quando não conseguíssemos realizar as

atividades, que nos escutassem mais, que dessem atividades mais divertidas, que

fizessem passeios e que tivessem paciência de esperar terminar as atividades”.

QUADRO 1 – Respostas dos alunos quando indagados sobre as características de

um bom professor

12

COMO SERIA UM BOM PROFESSOR Um bom professor que tivesse mais calma, que fosse simpático e legal 3 Dar o conteúdo, explicar e tirar dúvidas 2 Explicar bem, não xingar 4 Explicar a matéria certinha e pôr ordem na sala 2 Um bom professor que ficasse junto e não saísse muito da sala 1 Aquele que dá uma ótima explicação 2 Aquele que dá coisas interessantes, que explica tudo certinho 1 Ajudasse os alunos quando eles perguntassem alguma coisa, não gritasse

Fosse mais calmo

3

Que sentasse perto da gente e explicasse o conteúdo com detalhes 2 Que saiba controlar uma sala de aula, que seja calma e justa 2 Que não reclamasse de tudo e explicasse 2 Que dessa mais atenção para todos e levasse para passeios 1 Aquele que escuta e que não muda de assunto, que explicasse com calma 2 Que fosse mais calma e que eu respeitasse e eu escutasse 1 Que me ajudasse e não brigasse 1 Simplesmente um professor honesto que saiba explicar 1 Legal que não passassem muitas atividades 3 Passando poucas coisas e tivesse aulas vagas 1 Fonte: questão 15 do questionário respondido pelos alunos.

Nesse âmbito, conclui-se que a mediação do professor fica comprometida quando o

próprio aluno percebe que o seu papel não está sendo cumprido. O professor está

tão preocupado com o processo de ensino ("dar a sua aula" e vencer o conteúdo) e,

na verdade, não se preocupa em verificar se alcançou o seu objetivo, não faz o

necessário feedback para constatar se o aluno aprendeu o que foi ensinado do jeito

que ele ensinou. Acredita-se que este pode ser o problema da reprovação: a

preocupação em “vencer o conteúdo” distancia o professor da tarefa que lhe cabe:

ensinar, e para tanto, deveria acompanhar a aprendizagem do aluno.

Observando a situação aqui descrita, assinala-se que alguns professores

apresentam dificuldades em ser o mediador do processo de ensino e aprendizagem,

ficando apenas na transmissão de conteúdos desvinculados com a realidade das

condições dos alunos. Ou seja, esse aluno que convive com a informática, com os

diferentes meios de comunicação não aceita mais as aulas baseadas somente em

livros didáticos e na transmissão expositiva dos conteúdos.

13

Durante o primeiro semestre de 2009, fizemos a implementação do Projeto, e pôde-

se constatar que alguns professores não têm clareza de como garantir o

aprendizado no processo de ensino. Por essa razão, nas disciplinas de Língua

Portuguesa e Matemática, nas quais houve maior incidência de aprovações por

Conselho de Classe e reprovações, foram realizadas reuniões com os professores,

discutindo e orientando como proceder para mediar o processo de ensino e

aprendizagem em sala de aula.

5 Mediando com os professores...

Compete aos professores elaborar atividades pedagógicas que propiciem

aos alunos condições para que realmente se apropriem dos conhecimentos e sejam

sujeitos de sua aprendizagem.

Neste sentido, entende-se que a ação do professor é mediar à relação do

aluno com a apropriação dos conhecimentos científicos, e para tal é preciso que

este organize sua ação pedagógica. A rotina de trabalho tem impossibilitado os

professores de repensarem sua prática pedagógica no processo de ensino e

aprendizagem, pois mesmo possuindo quatro horas semanais destinadas a estudos

e planejamentos, grande parte de seu tempo fica comprometido com o

preenchimento de diários de classe, preparação de aulas, correções de atividades,

restando um tempo escasso dedicado aos estudos.

Em função desse fato e entendendo a importância do estudo, os professores

participaram de encontros para reflexões acerca do tema. Esses encontros foram

transformados em curso, por meio de certificação. Não estavam previstos no projeto

inicial, porém durante a intervenção das primeiras etapas surgiu o interesse de

outros profissionais da educação em participar do estudo, por isso estes

aconteceram aos sábados, facilitando a participação de maior número de

professores.

O curso com trinta e duas horas permitiu a reflexão e a discussão de

temáticas que direcionassem o trabalho pedagógico em sala, conforme expõe-se a

seguir:

14

* A Importância do trabalho coletivo no espaço escolar

Refletir o valor do trabalho coletivo, no processo de ensino aprendizagem no Ensino

Fundamental.

Promovendo o ensino aprendizagem. Segundo (Ms Pessôa slide de 2008)Ponto de partida, compreender criticamente a realidade histórica social.Estar comprometido ética politicamente com a transformação da realidade social.Buscar a participação efetiva de todos os sujeitos da prática educativa.Construção coletiva das concepções de currículo, gestão democrática d de formação.

*O diagnóstico como instrumento de reflexão

O diagnóstico proporciona elementos ao educador para que possa descobrir o que o

educando sabe e assim planejar as intervenções necessárias para avançar no

processo de ensino-aprendizagem. Buscou-se fundamentação para este estudo nos

escritos do professor Libâneo, o qual enuncia que:

A função do diagnóstico permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua vez determina modificações do processo de ensino para melhor cumprir as exigências dos objetivos Na prática escolar cotidiana, a função de diagnóstico é mais importante por que é a que possibilita a avaliação do cumprimento da função pedagógico (LIBÂNEO, 1999, p. 197).

* Relação família escola no processo de ensino-aprendizagem

Tema que merece muita atenção, pois a estrutura das famílias vem mudando em

decorrência das necessidades de trabalho da sociedade moderna.

As discussões com os professores acerca desse tema foram calorosas, pois

a escola sente a necessidade de uma parceria com as famílias, mas estas estão a

cada dia mais distantes, deixando as responsabilidades da educação para a escola

e, infelizmente, por mais que se queira, a escola não dá conta de educar em sua

totalidade e formar cidadãos com conhecimento, e se acredita acreditamos que

somente através do conhecimento que os indivíduos poderão exercer sua cidadania.

Espera-se que as famílias cumpram seu papel, que é de matricular e

acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos, participando de reuniões, e

15

procurando conhecer o andamento da escola. A escola, por sua vez, tem o papel de

viabilizar a organização e a intencionalidade dos conhecimentos científicos.

Após as reflexões sobre o tema família, os professores participantes

concluíram que as duas instituições têm que caminhar juntas para que as crianças

tenham sua formação completa, pois tal como nos apresenta Parolin (2003, p. 99).

Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A escoa tem a sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.

Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as

crianças para o mundo; no entanto, as famílias têm suas particularidades que a

diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A

escola tem a sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela

necessita da família para concretizar o seu projeto educativo.

6 Mediando com os alunos...

O trabalho desenvolvido com os alunos se organizou por meio de

observações em sala e aplicação de questionário para analisar a visão dos mesmos

sobre o processo de ensino e aprendizagem, sendo organizados conforme os

procedimentos descritos abaixo:

Reunião com os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental do período

matutino, orientando sobre a importância de se organizar para melhor aprender.

Para tal, realizou-se um contrato de trabalho em relação aos estudos e às questões

de indisciplinas que têm atrapalhado a aprendizagem.

Acompanhamento da aprendizagem através da observação de cadernos e

atividades realizadas em sala de aula.

Para aqueles alunos que apresentaram dificuldade em realizar as atividades

sugeridas pelos professores, encaminhar para sala de apoio e também para as

monitorias.

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Os resultados desse processo serviram como subsídios para o trabalho

desenvolvido com os docentes.

7 Mediando com os pais...

Foi organizada uma primeira reunião com os pais para colher as impressões

destes a respeito da aprendizagem de seus filhos e como podem contribuir para

essa educação formal. Tal reunião foi além das expectativas: em um sábado à tarde,

compareceram número razoável de pais ou responsáveis de alunos das quintas

séries.

Em reunião junto ao grupo de estudos, discutiu-se o melhor horário para

esses encontros e foi sugerido o sábado à tarde, pois já se tentara vários outros

horários, sem resultados que fossem significativos. Foi então gratificante perceber

que o não comparecimento dos pais em reuniões anteriores deveu-se apenas à

incompatibilidade de horário. Foi um encontro bastante produtivo, já que se pôde,

pela primeira vez – junto às 5as. séries – ouvir e ser ouvidos. Nesse encontro, foi

possível discutir a importância do trabalho em conjunto, e a manutenção desse

espaço nesse horário.

Colhidas as impressões que os pais têm a respeito do ensino e

aprendizagem, foram marcadas reuniões para cada dois meses, a pedido dos

próprios pais, antes do Conselho de Classe, para que pudessem acompanhar o

rendimento escolar de seus filhos antes do fechamento das notas.

A coleta de sugestões para as próximas reuniões foi:

* Organizar um calendário de estudo com dias da semana e horas para os filhos

estudarem em casa de forma que os pais possam acompanhar.

* Participar mais das reuniões, trazendo críticas e sugestões para melhor atender

seus filhos.

Foram realizadas três reuniões e ficou agendada a última para o final de

novembro. Na segunda reunião, foram discutidos os encaminhamentos que haviam

sido sugeridos na primeira reunião, ao que alguns pais responderam positivamente,

e outros alegaram ser muito difícil acompanhar os filhos, porque estes se negam a

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obedecer; essa fala reforça a reclamação dos professores: que para muitos alunos o

estudo acontece somente no horário escolar.

Durante essa reunião foi discutida a importância do papel dos pais/família na

formação escolar de seus filhos, incentivar a leitura lendo com os filhos ou

simplesmente perguntando sobre o que está lendo e qual a história do livro.

A última reunião foi de avaliação e planejamento para o ano de 2010, pois se

pretendeu dar continuidade aos encontros e estudos. Quanto à avaliação das

reuniões, os pais relataram que foram bastante produtivas, uma forma de chamar

atenção para as responsabilidades que muitas vezes eles estavam relegando

apenas à escola.

8 Analisando os resultados...

Durante um semestre, houve a oportunidade de articular com professores,

alunos e funcionários reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem em

turmas de quintas séries do Ensino Fundamental., Analisando o rendimento escolar

dos alunos das quintas séries de 2008 e comparando-o com os anos anteriores

observu-se que no percentual de alunos reprovados houve uma queda, aumentando

o número de alunos aprovados, porém os alunos aprovados por Conselho de Classe

permaneceram os mesmos.

As tabelas abaixo demonstram os dados que sustentam essa afirmação.

TABELA 6: Alunos transferidos e desistentes do Colégio Estadual Tancredo de

Almeida Neves, 2008

Ano Alunos

matriculados

Desistentes Transferido

s

Remanejados

2008 260 02 26 oitoPorcentagem 5,2% 10% 3.07%

TABELA 6: Alunos frequentes, aprovados, aprovados por Conselho de Classe e

reprovados do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, 2008

Ano Alunos Alunos Aprovado Reprovados

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frequentes aprovados Conselho2008 224 153 47 24Porcentagem 68,3% 20,98% 10,7%FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.

TABELA 7: Disciplinas em que os alunos foram aprovados por Conselho de Classe

no Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves, 2008

DISCIPLINAS ANO 2008 %PORTUGUÊS 06 2,67%MATEMÁTICA 13 5,80%HISTÓRIA 16 7,14%GEOGRAFIA 19 8,48%CIÊNCIAS 06 2,67%EDUC. FÍSICA 06 2,67%ED. ARTÍSTIC. 05 2,23%LNGLÊS 20 8,92%Total 89FONTE: Atas de Conselho de Classe do Colégio Estadual Tancredo de Almeida Neves.

Durante a implementação do projeto, buscou-se contribuir com

encaminhamentos metodológicos, sugestões de leitura em torno de uma prática

mediadora e articulada com a concepção de escola pública: igualdade de condições

para o acesso e permanência na escola, orientando alunos e professores acerca do

processo de ensino e aprendizagem.

Ressalta-se que antes do conselho de classe realiza-se um pré-conselho,

em que os professores preenchem uma ficha com o nível geral da turma,

destacando tanto aqueles alunos que não apresentaram dificuldades como aqueles

que não conseguiram acompanhar, ou seja, que tiveram dificuldades em assimilar

os conteúdos trabalhados. De posse desses dados tabulados estes foram levados

para discussão dos conselheiros para que fossem tomadas as devidas providências.

Após o Conselho de Classe foi feita a devolutiva para os alunos, para que possam

analisar e repensar como estão empenhados nos estudos.

A reunião com os professores teve por objetivo estudar e analisar a prática

pedagógica voltada para a melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem. O

assessoramento junto aos professores para o instrumento de avaliação; provas

seminários, maquetes e outros.

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Com a implementação desse projeto já se percebem alguns frutos oriundos

das sementes disseminadas junto aos alunos, professores e comunidade escolar,

são sinais de que os dados iniciais conduzem a avaliação de que as reprovações

tendem a atingir índices inferiores aos anos anteriores, e estima-se que a mesma

conduta aconteça em relação aos Conselhos de Classe e aprovações.

Isso significa afirmar que o ensino- aprendizagem está acontecendo por

meio de uma ação planejada e refletida do professor no dia a dia da sala de aula.

São apenas prognósticos baseados em dados em aberto, pois o ano letivo ainda

não terminou. Esse trabalho ainda é uma obra aberta, não definitivamente concluída,

as ações continuarão a serem implementadas, na busca incessante pela construção

de um processo de ensino-aprendizagem eficaz e eficiente.

Considerações finais

O trabalho de implementação que resultou neste artigo possibilitou, por meio

do PDE, a viabilidade do início de um trabalho de estudos, reflexões e

conscientização com os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem sobre a

problemática em questão: as reprovações e as aprovações por Conselho de Classe

em turmas de 5ª série do Ensino Fundamental.

Salienta-se que projeto foi bem aceito e considerado relevante para a

escola, o que o tornou produtivo, porque as professoras, alunos e pais se

envolveram em sua implementação, inclusive com sugestões de melhoria.

Durante seu desenvolvimento, foram muito trabalhosos os registros do

levantamento de dados, porém a análise do resultado foi gratificante, já que

possibilitou reflexões acerca da necessidade de um trabalho pedagógico mais

direcionado, proporcionando:

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• Momentos para pensar e repensar as razões das estatísticas das

reprovações e aprovações por Conselho de Classe, cada um colocando-se

como parte do processo

• Encaminhamentos sobre recepção e motivação com os alunos das 5ª séries

do Ensino Fundamental, fixando a importância do trabalho coletivo, cada um

tendo claro sua função, não a deixando para o outro

• Necessidade de se fazer o diagnóstico, pois ele oferece pistas para o plano

de ação que vá ao encontro das necessidades de cada turma

• Sugestões para o trabalho coletivo, e principalmente para a função de

pedagoga

• O início de uma parceria com as famílias, mas essas estão cada dia mais

distantes, deixando as responsabilidades da educação para a escola e,

infelizmente, por mais que se deseja, a escola não dá conta de educar em

sua totalidade e formar.

Como exposto, procurou-se neste trabalho envolver os diversos segmentos

da escola: alunos, professores funcionários e pais, visto que se entende que todos

são responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem.

Mesmo diante das diversidades de ideias, chegou-se à conclusão de que se

faz necessário desenvolver diferentes encaminhamentos metodológicos com

objetivos claros, valorizando todo aprendizado dos alunos, pois não se pode

trabalhar de forma homogênea e esperando os mesmos resultados, uma vez que

cada aluno tem seu próprio ritmo e bagagem cultural, obrigando a repensar a prática

diante do processo de ensino e aprendizagem e dos conteúdos a serem

trabalhados, sempre fazendo a relação com o contexto social em que se está

inserido.

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Na tentativa de conciliar anseio, perspectivas e interesses, este trabalho,

através das mediações propostas aos integrantes desse processo de ensino-

aprendizagem, a passos lentos busca efetivar essas conquistas, fazendo com que

alunos, pais e professores caminhem juntos, cada qual com suas responsabilidades

inerentes. Não será entre um período de rotação terrestre que os resultados

aparecerão, mas no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. O passo inicial

foi dado, os resultados dos dados de 2009 ainda não puderam ser analisados, pois o

ano letivo ainda não se encerrou, porém poderão mostrar algum resultado efetivo,

mas certamente será necessário um período maior para serem significativos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Matriz de Língua Portuguesa de 4ª série. Disponível em: http://portal.mec.gov.br, acesso em 30/06/08.

PARANÁ, Portal Educacional do Estado do. Educadores – TV Multimídia – Imagens – Português – p.10. Disponível em: http://diaadiaeducacao.pr.gov.br, acesso em 10/12/08.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

______________. História das idéias pedagógicas no Brasil. 2.ª ed. Rev. E ampl. - Campinas: Autores Associados, 2008.(Coleção memória da educação).

_________________. Escola e Democracia. 39. ed.Campinas, SP: Autores Associados (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: vol 5).

VYGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. IN: LURIA, A. R. LEONTIEV, A., VYGOTSKY, L. S. (Orgs). Psicologia e Pedagogia: Bases Psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. 1.ed. São Paulo: Moraes, 1991.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério 2 grau. Série formação do professor).

PAROLIN, Isabel. As dificuldades de aprendizagem e as relações familiares. Livro da 5 série Jornada de Educação do Norte e Nordeste. Fortaleza, 2003.

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