anais - faculdade de ciências e letras · anais da v amostra de pesquisas em educação 3 unesp...

113
ANAIS

Upload: ngolien

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ANAIS

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

ANAIS

V Amostra de Pesquisas em Educação

__________________________

Junho 2011

__________________________

Organizador: Profª Drª Silvia Regina Ricco Lucato - PET Pedagogia

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

Faculdade de Ciências e Letras

Campus – Araraquara

Diretor: Prof. Dr. José Luis Bizelli

Vice-Diretor: Prof. Dr Luis Antonio Amaral

Tutora: Prof.ª Dr.ªSilvia Regina Ricco Lucato Sigolo

Programa de Educação Tutorial

Comissão Organizadora:

Amanda Fernandes Rosa Bueno

Auridiana Helena Laguna de Oliveira Carla Menezes Silvério

Carlos Samuel Rossi

Flavia Roberta Velasco Campos Jáina Vitória da Silva Oliveira

Juliana Nespolo Ferreira Pó

Laís Cassanho Silva

Luana Maria de Oliveira

Marina Nascimento Minarelli

Silvia Cristina Barbosa da Silva

Thainá Portela Rego Ribeiro

Thaise Fernanda Mendes Soares

Comissão Editorial: Auridiana Helena Laguna de Oliveira

Carlos Samuel Rossi

Caroline Aparecida Henriquez Dametto

Flavia Maria Uehara

Jáina Vitória da Silva Oliveira

Juliana Nespolo Ferreira Pó

Laís Cassanho Silva

Luana Maria de Oliveira

Maria Talita Baltieri da Costa

Rafaela de Katia Soares

Silvia Cristina Barbosa da Silva

Thainá Portela Rego Ribeiro

Thaís Rocha Baribieri Vatanabe

Thaíse Fernanda Mendes Soares

Apoio:

MEC/Secretária do Ensino Superior

Departamentos:

Ciências da Educação

Psicologia

Didática

SAEPE - Seção de Apoio ao Ensino

Pesquisa e Extensão

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

3

UNESP – Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Ciências e Letras - Câmpus de Araraquara

Rodovia Araraquara-Jaú, km 1

14800-901 – Araraquara – SP

Amostra de Pesquisas em Educação (5. : 2011 : Araraquara, SP)

Amostra de Pesquisas em Educação / V Amostra de Pesquisas em Educação;

Araraquara, 2011 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL - UNESP, 2011. –

Modo de acesso: <http://www.fclar.unesp.br/Home/Graduacao/Espacodoaluno/PET-

ProgramadeEducacaoTutorial/Pedagogia/anais_2011.pdf>.

ISBN 978-85-87361-82-0

1. Educação. I. Amostra de Pesquisas em Educação (5. : 2011 : Araraquara, SP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

4

Apresentação

É com imensa satisfação que apresentamos os Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

promovida pelo PET Pedagogia, realizada nos dias 06 e 07 de junho de 2011. Nesta edição da

Amostra contamos com a participação da Profª Drª Dulce Consuelo Andreatta Whitaker que

proferiu a conferência de encerramento, desenvolvendo o tema – Pesquisa em Educação: Ética e

Interdisciplinaridade. Abordou de uma perspectiva histórica o início da pesquisa científica no

período da renascença, que teve seu auge no século XIX, sem desconsiderar a crítica à produção do

conhecimento científico como bem de mercado no contexto do capitalismo. Também abordou a

questão de que a pesquisa científica, nos dias atuais necessita se aprofundar nos recursos da

interdisciplinaridade, na qual duas ou mais ciências estudam um mesmo problema, como também

nos da transdisciplinaridade, na qual diferentes perspectivas teóricas se fundem e apresentam um

novo olhar interpretativo para o fenômeno. Por fim, ressaltou sobre o conceito de ética, moral e suas

influências nas visões dos investigadores e no desenvolvimento da pesquisa cientifica na

contemporaneidade.

Sem duvida alguma, pode-se compreender o processo de fazer pesquisa como uma atividade

inerentemente social, com base na interrelação entre o pesquisador e aqueles cujas investigações

serviram de base para a realização do trabalho científico e, da mesma forma, entre o pesquisador e

aqueles que se utilizarão deste conhecimento para produzir novas pesquisas. È com base nesta

premissa que o PET Pedagogia tem sido estimulado a organizar a Amostra de Pesquisas em

Educação, como uma oportunidade impar para que pesquisadores iniciantes possam debater o

trabalho de investigação com outros mais experientes e com isso aprimorar o próprio trabalho,

desmistificando a visão de o conhecimento se constitui em um processo solitário de fazer ciência.

Os Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação trazem um contingente significativo de trabalhos

que envolvem as áreas de Educação Infantil, Psicologia da Educação, História da Educação, Ensino

em Ciências Exatas, Humanas e Biológicas, Trabalho Docente, Política Educacional, Filosofia da

Educação, Educação Especial e Sociologia da Educação.

Para o momento de apresentação das pesquisas foram convidados os professores pesquisadores:

Profª Drª Relma Urel Carbone Carneiro; Profª Drª Márcia Cristina Argenti Perez; Profª Drª Maria

Regina Guarnieri; Prof. Dr. José Vaidergorn; Profª Drª Ângela Viana Machado Fernandes; Profª

Profª Msª Virginia Pereira da Silva de Avila; Prof. Dr. Leandro Osni Zaniolo; Profª Drª Rosebelly

Nunes Marques; Profª Drª Eliza Maria Barbosa e Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia, vinculados

aos Departamentos de Ciências da Educação, Didática e Psicologia da Educação para a coordenação

e debate das investigações, conferindo aos autores um momento privilegiado para aprimoramento

do trabalho cientifico.

Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo

Tutora PET Pedagogia

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

5

Sumário

SEÇÃO A – EDUCAÇÃO INFANTIL

A BANALIZAÇÃO DA INFÂNCIA ............................................................................................... 12

CONCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA

O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS. ......................................................................... 13

SEÇÃO B – PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

DA PSICOLOGIA DA ARTE DE VIGOTSKI AOS PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS: UMA ANÁLISE INICIAL.........................................................................................14

O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A PSICOLOGIA

HISTÓRICO-CULTURAL E A FORMAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE SEGUNDO AGNES

HELLER: APORTES TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES.....15

CARACTERIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÃO SOCIAL EM PIAGET: UMA ANÁLISE A

PARTIR DOS CLÁSSICOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA............................................................16

PERCEPÇÕES DE CRIANÇAS SOBRE SEXUALIDADE A PARTIR DA MÍDIA TELEVISIVA:

APONTAMENTOS DE PESQUISA. ..............................................................................................18

A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICUL-

DADES DE APRENDIZAGEM..................................................................................................... 19

ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO SOBRE A VIOLENCIA SEXUAL CONTRA O

ADOLESCENTE A PARTIR DE COMUNIDADES DO SITE DE RELACIONAMENTO

ORKUT ..............................................................................................................................................20

SEÇÃO C – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

A PROFISSÃO DOCENTE NO MAGISTÉRIO PÚBLICO PRIMÁRIO MINEIRO: HOMENS OU

MULHERES? SOLTEIROS OU CASADOS? (1907-1918).............................................................21

CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “BENTO DE ABREU”

DE ARARAQUARA (1954-1971).....................................................................................................22

A RESISTÊNCIA DE PROFESSORES À DITADURA MILITAR NO BRASIL............................23

CARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO GINÁSIO ESTADUAL DE ARARAQUARA (1932-

1956)...................................................................................................................................................24

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

6

INFÂNCIA E EDUCAÇÃO...............................................................................................................26

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO BRASIL............................................................27

A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO INTERIOR PAULISTA: ESTUDO HISTÓRICO

SOBRE A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR HENRIQUE MORATO (1940-

1971)...................................................................................................................................................28

EDUCAÇÃO CONFESSIONAL: A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM JATAÍ-GO (1941 –

1945)...................................................................................................................................................29

SUD MENNUCCI E UM POSICIONAMENTO PEDAGÓGICO ESQUECIDO............................30

SEÇÃO D - ENSINO EM CIÊNCIAS EXATAS, HUMANAS E BIOLÓGICAS

AS EXPOSIÇÕES ITINERANTES DO CORPO HUMANO: APONTAMENTOS SOBRE O

FENÔMENO E SUAS CORRELAÇÕES COM A HISTÓRIA DA ANATOMIA............................31

ANSIEDADE À MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE UMA ESCALA PARA IDENTIFICAÇÃO

DE DIFERENTES GRAUS DE ANSIEDADE À MATEMÁTICA EM ESTUDANTES DO

ENSINO FUNDAMENTAL. ............................................................................................................33

A “EMEF EUGÊNIO TROVATTI”: LITERATURA, CONSERVAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO

DO MEIO AMBIENTE NO DISTRITO DE BUENO DE ANDRADA............................................34

POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS EM IMAGENS INTEGRANTES DA COLEÇÃO PROF.

EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS....................................................................36

“COMUNIDADE CIENTÍFICA DOS EDUCADORES”: REFERENCIAIS TEÓRICOS E

METODOLÓGICOS..........................................................................................................................38

A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E A MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: UM OLHAR

NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR ESPECIALISTA.................................................................39

SEÇÃO E – TRABALHO DOCENTE

O CASO DE UMA PROFESSORA “BRAVA”.................................................................................40

MUDANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DE PROFESSORAS DOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPACTO DAS AÇÕES POLÍTICAS NAS

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

7

PRÁTICAS DOCENTES...................................................................................................................41

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA..........................................43

SITUAÇÕES DE ENSINO: CONTRIBUIÇÕES À IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES

FORMATIVAS DE PROFESSORES.................................................................................................44

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES DE RANCHARIA-SP SOBRE A ESCOLA

PÚBLICA E SEUS ALUNOS: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS

COLOCADOS AO TRABALHO DOCENTE...................................................................................45

A IDENTIFICAÇÃO COM A DOCÊNCIA......................................................................................46

A EXPECTATIVA DISCENTE FRENTE À PRÁTICA DOCENTE.................................................48

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AS NECESSIDADES DAS CLASSES POPULARES

NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.......................................................................49

LEVANTAMENTO DE TEMAS GERADORES NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS DE ARARAQUARA.......................................................................................................51

PIBID: EXPERIÊNCIAS, PRÁTICAS DE LINGUAGEM, DENTRO E FORA DA AULA DE

LÍNGUA MATERNA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES.......................................................53

A PROBLEMATIZAÇÃO DE TEMAS SOCIAIS A PARTIR DE TEXTOS NA

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARARAQUARA...........................................54

ARTE, UMA EXPRESSÃO HUMANA: DOCÊNCIA EM ARTES.................................................56

CONHECENDO AS PRÁTICAS DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS DOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL A PARTIR DE PESQUISAS........................................58

O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP-ARARAQUARA EM FOCO........................................59

SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL

POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA ASSEMBLÉIA

CONSTITUINTE DE 1988................................................................................................................60

UM ESTUDO DO SISTEMA APOSTILADO EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

I...........................................................................................................................................................61

A ORALIDADE NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS......................................62

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

8

PROJETO DE EXTENSÃO “PET-GAEA NA ESCOLA” JUNTO À E. E. PROF. ELIAS DE

MELLO AYRES.................................................................................................................................63

BALANÇO DAS DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS NO PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESCOLAR (1999-2010) E SUA RELAÇÃO COM O ANO DE

2004....................................................................................................................................................64

EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE

INCLUSÃO SOCIAL DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS - CAMPUS DE

ARARAQUARA: ANÁLISE DAS BOLSAS....................................................................................66

PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BRASILEIRA E SUA

POTENCIALIDADE NA DÉCADA DE 90: INSERÇÃO NO ENSINO PÚBLICO E

PARTICULAR....................................................................................................................................67

APOSTILAS VIA INSTITUIÇÕES PRIVADAS E O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA: UM

LEVANTAMENTO DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS NO PERÍODO DE (2000-

2010)...................................................................................................................................................69

INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA POLÍTICA EDUCACIONAL

VOLTADA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................70

AS HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO COLETIVO (HTPCS) PODEM SER UM

ESPAÇO/TEMPO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA E CONSTRUÇÃO DE SABERES

DOCENTES?.....................................................................................................................................71

ENTRE O CORPO E A ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE UM CAMPO

COLONIZADO..................................................................................................................................72

TRAZENDO ALFABETIZANDOS ADULTOS DE VOLTA À ESCOLA: CONTRIBUIÇÃO PARA

AS POLÍTICAS DE COMBATE AO ANALFABETISMO EM ARARAQUARA..........................73

AS ESCOLAS NO CAMPO E AS SALAS MULTISSERIADAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:

UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO NO MEIO RURAL ENTRE OS

ANOS DE 2009 E 2010.....................................................................................................................75

UNIVERSIDADES: SERVIÇO PÚBLICO OU EMPRESAS DE CAPITALISMO DE

ESTADO?...........................................................................................................................................76

A RELAÇÃO ENTRE CUIDAR E ASSISTIR NA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

BRASILEIRA.....................................................................................................................................77

POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

9

MÉDIO: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO

PROGRAMA PROUNI......................................................................................................................78

GESTÃO DO ENSINO MÉDIO E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO SUPERIOR: UM ES-

TUDO DE CASO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MONTE ALTO..........................................79

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO POLÍTICA E PEDAGÓGICA..................................80

SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMORAL.................................................................81

A CIDADANIA MODERNA E A CENTRALIDADE DA POLÍTICA: O CAMINHAR EM

TORNO DO MESMO EIXO.............................................................................................................82

O ENSINO DE FILOSOFIA: POR QUE E PARA QUE?.................................................................83

SEÇÃO H - EDUCAÇÃO ESPECIAL

DEFICIÊNCIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: INCLUSÃO NA REDE PÚBLICA

DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA?...........................................................................................84

FORMAÇÃO INICIAL PIBID/PEJA: REFLEXÕES ACERCA DA ATUAÇÃO DOCENTE

FRENTE À INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.........................................85

QUESTÕES PARADIGMÁTICAS A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.........................................................................86

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A

APRENDIZAGEM DE UM ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO

FUNDAMENTAL..............................................................................................................................88

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTIVA NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO

ALUNO COM DEFICIÊNCIA..........................................................................................................89

O QUE É UMA BOA RELAÇÃO COM A ESCOLA? OPINIÃO DE PAIS DE CRIANÇAS PRÉ-

ESCOLARES INCLUÍDAS...............................................................................................................90

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTUDO

DE UM MUNICÍPIO.........................................................................................................................91

JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA NA EJA: UM ESTUDO DE CASO.........................92

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

10

ANÁLISE DO PERFIL E CONCEPÇÕES SOBRE O ALUNO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES

PRELIMINARES DOS PROFESSORES..........................................................................................93

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA REDE REGULAR DE

ENSINO: OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE SÃO

CARLOS............................................................................................................................................94

ANÁLISE DAS PESQUISAS BRASILEIRAS SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: PRODUÇÕES DE 1988 A 2008....................95

REAPRENDENDO A OLHAR: APRENDIZAGENS E DESCOBERTAS DE FAMILIARES DE

CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO...................................................................................96

INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES VISUAIS NO ENSINO COMUM............................97

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: UM ESTUDO

INICIAL DA REALIDADE DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP...................................................98

A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS

SURDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.....................................................................................99

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS LÚDICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS........................................................................................................100

DESENVOLVIMENTO DE UM RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM

DE CONCEITOS CURRICULARES DE FÍSICA PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA

VISUAL...........................................................................................................................................101

INCLUSÃO ESCOLAR E SURDEZ: UM ESTUDO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE

PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL.........................................................................102

O TRABALHO COM A ESTIMULAÇÃO PRECOCE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................................................103

PROFESSOR DO ENSINO REGULAR E PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM

ESTUDO DA INTERAÇÃO DESSES PROFISSIONAIS NA ELABORAÇÃO DE

ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL...............................................................................................................................104

OS ESTUDANTES COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO NO

ENSINO REGULAR: QUAIS OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS

EDUCADORES?.............................................................................................................................105

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

11

SEÇÃO I - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

“COMUNIDADE CIENTÍFICA” DOS EDUCADORES: REFERENCIAIS TEÓRICOS

METODOLÓGICOS. GTS ANPED................................................................................................106

VIOLÊNCIA, IMAGINÁRIO E EDUCAÇÃO ESCOLAR............................................................107

TRAJETÓRIAS DE ALUNAS E ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA................................108

MARCAS DE HETERONORMATIVIDADE: ESTUDO DE CASO SOBRE PROFESSORES/AS

ACERCA DA HOMOSSEXUALIDADE........................................................................................109

INDÚSTRIA ESCOLAR E PROCESSOS SEMIFORMATIVOS...................................................110

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E REPRODUÇÃO SO-

CIAL.................................................................................................................................................111

DA FÁBRICA PATRONAL À COOPERATIVA AUTOGERIDA: PROCESSOS EDUCATIVOS E

MUDANÇA ESTRUTURAL DE PENSAMENTO.........................................................................112

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

12

SEÇÃO A – EDUCAÇÃO INFANTIL

A BANALIZAÇÃO DA INFÂNCIA.

Autora(a): Andreza Marques de Castro Leão ([email protected])

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

No cenário contemporâneo há uma nova mentalidade sobre o conceito de infância, mentalidade esta

que foi ao longo dos séculos sendo transformada. Neste contexto, o filme “Anjos do Sol”, abarca

esta nova concepção, desvendando a banalização da infância. O intuito do filme, o qual foca a

prostituição infantil, é ir além desta exposição, é problematizar a visão que se tem do ‘ser criança’

no início do século XXI. Deste modo, o presente estudo, que consiste numa pesquisa descritiva, é

analisar o filme à luz do novo século, e se debruçar a compreender a nova visão que se tem de

infância. No enredo do citado filme, a personagem principal, Maria, uma garota de 12 anos, mirrada,

de família nordestina miserável é vendida por seu pai. A seguir, ela percorre junto a seu comprador,

um longo caminho a pé, após é transportada num caminhão de forma desumana, escondida em

baixo de caixas. Sem se aperceber do que está acontecendo ela é comercializada como uma

mercadoria a uma cafetina. Esta veste Maria como uma prostituta, com roupas ínfimas, preparando-

a para o leilão que ocorreria em sua residência. Neste, a adolescente é leiloada para um fazendeiro e

político, que queria uma garota virgem para presentear o filho no seu aniversário. Assim, ela é

levada por este político para uma fazenda, sendo neste estuprada concomitantemente por ele e pelo

seu filho. Em seguida, logo após ter sido molestada sexualmente e emocionalmente, Maria é

novamente vendida, porém, desta vez ela é enviada para um local fixo de prostituição na cidade de

Socorro, localizada na região Amazônica. Neste, ela passa a ser obrigada a se prostituir em troca da

sua própria subsistência. Em linhas gerais, este filme retrata a imposição do adulto para a criança

assumir a identidade sexual que lhe convier. Desta maneira, constata-se que a infância é

subitamente encerrada, porquanto a criança é forçada a interromper etapas essenciais ao seu

desenvolvimento psicosocial, o que ocasiona desvirtuamento da identidade infantil. No início do

século XXI, percebe-se que a concepção de infância tão bem retratada no citado filme tem sido

deturpada, pois a indústria cultural auxilia indivíduos com comportamentos inadequados a

divulgarem exposições negativas que se tem do ser criança, dando-lhes uma conotação sensual,

erótica e/ou pornográfica. Um exemplo deste cenário é a pornografia infantil, a qual tem sido

largamente divulgada em sites da internet, filmes, fotos, entre outros meios. Por fim, analisando o

filme Anjos do Sol, pode-se dizer que o cerne deste é problematizar a exposição sexual da criança

pelo adulto, desvelar a banalização da sexualidade infantil, a qual tem instigado todo tipo de

desrespeito aos direitos constitucionais que as crianças apresentam, privando-as do que lhes é de

direito, o usufruto da infância.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

13

CONCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS.

Autor(a): Keila Hellen Barbato Marcondes ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

A transição da educação infantil para o ensino fundamental é considerado como um importante

momento na trajetória de escolarização das crianças, no qual é possível encontramos práticas de

continuidade e/ou descontinuidade. Tal momento, que já se mostra delicado, merece especial

atenção quando ocorre em um contexto de alteração de políticas educacionais, como no caso da

implementação do ensino fundamental de nove anos. Diante desse cenário, a presente pesquisa se

desenvolveu tendo como objetivo principal compreender como são percebidas e esperadas, pelas

crianças, as possíveis rupturas e continuidades entre Educação Infantil e Ensino Fundamental de

nove anos. O estudo mostra-se relevante uma vez que a literatura especializada na área vem

destacando a importância das crianças serem consideradas como sujeitos primordiais dos estudos,

uma vez que podem ser vistas como produto e produtores de cultura (Corsaro, 1997; Kramer, 2002;

Borba, 2006; Müller e Carvalho, 2010). Assim, sublinha-se a importância em se conhecer o que é

ser criança e ser aluno pelo olhar delas próprias permitindo, portanto, conhecer não somente suas

culturas, mas os fenômenos sociais que muitas vezes são deixados na penumbra pelo olhar do

adulto. O estudo adota como referencial teórico a Perspectiva Bioecológica de Bronfenbrenner e a

teoria da Sociologia da Infância de Corsaro e colaboradores. Foram sujeitos da pesquisa treze

crianças que durante o ano de 2009 freqüentavam as últimas etapas da Educação Infantil em um

município do interior do Estado de São Paulo, com idades que variavam entre 5 anos e meio e 6

anos e meio. Para a coleta de dados foram utilizadas como instrumento entrevistas semi-

estruturadas baseadas na produção de desenhos com as crianças. Os dados coletados foram

analisados e organizado em uma grande categoria denominada de Expectativa e concepções sobre o

ensino fundamental, a qual se subdividiu em: 1- Desejo ou não em ir para a o ensino fundamental;

2- Informações sobre a escola; 3- Hora da merenda; 4- Sala da outra escola; 5- Percepções sobre a

professora do ano que vem; 6- Expectativas sobre a aprendizagem no ensino fundamental e 7-

Tempo de brincadeiras. Os resultados destacam que todas as crianças demonstram um

conhecimento prévio em relação à organização, funcionamento e função do ensino fundamental,

baseado em experiências próprias ou relatos de outros sujeitos. Apresentam concepções de que o

ensino fundamental será diferente da pré-escola, principalmente ao que se refere a afetividade das

docentes e ao tempo de brincar. Pode-se afirmar, por meio das análises, que a transição da educação

infantil para o ensino fundamental mostra-se um momento de grande tensão onde as crianças

salientaram que há o desejo pelo crescimento e pelo “aprender”, contudo há temores e desencontros,

principalmente tratando-se de um momento em que ocorrem alterações advindas da implementação

oficial da obrigatoriedade dos nove anos no ensino fundamental.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

14

SEÇÃO B - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

DA PSICOLOGIA DA ARTE DE VIGOTSKI AOS PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS: UMA ANÁLISE INICIAL.

Autor(a): Mariana de Cássia Assumpção ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Newton Duarte

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

Esta pesquisa de iniciação científica alinha-se ao projeto: “Arte e Formação Humana em Lukács e

Vigotski”, desenvolvido pelo orientador Prof. Dr. Newton Duarte com bolsa de produtividade em

pesquisa pelo CNPq. Esse projeto tem os seguintes objetivos: analisar os estudos desenvolvidos por

Lukács no campo da estética e da crítica literária, buscando detectar as concepções do filósofo

húngaro acerca do papel da arte na formação do ser humano; analisar trabalhos de Vigotski que

abordem os efeitos das obras de arte na formação do psiquismo humano; analisar as possíveis

aproximações e distanciamentos entre Lukács e Vigotski no que se refere ao papel formativo da arte;

extrair, das análises definidas nos objetivos precedentes, contribuições para a teoria educacional no

que se refere às relações entre a formação dos indivíduos e as objetivações do gênero humano. O

objetivo desta pesquisa em andamento é realizar uma análise das relações entre arte e vida cotidiana

no volume 6 dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), tendo como referencial teórico a obra

Psicologia da Arte do psicólogo soviético L. S. Vigotski e a obra Estética: a peculiaridade do

estético do filósofo húngaro G. Lukács. Para analisarmos as relações entre a arte e a vida cotidiana

nos PCN devemos nos atentar ao fato de que o período histórico correspondente à elaboração desse

documento foi marcado pela disseminação do ideário construtivista refletindo, desta maneira, o

pensamento pedagógico hegemônico do final do século XX. Com a leitura, sistemática, dos

Parâmetros Curriculares Nacionais é possível explanar, num primeiro momento, como se

caracterizou o ensino da arte ao longo do século XX. O estudo da arte nas escolas é um fenômeno

recente que sofreu bruscas transformações em decorrência as novas perspectivas pedagógicas

presentes no cenário educativo mundial. O ensino da arte, sob o ângulo tradicional, que segundo os

PCN apenas ressaltam a transmissão de conhecimentos foi, paulatinamente sendo substituída pela

visão construtivista de educação, a qual valoriza o processo de aprendizagem da arte, resultante de

uma manifestação espontânea, que proporciona o desenvolvimento dos alunos sem a participação

ativa do corpo docente deste processo. Na concepção de Vigotski e de Lukács a obra de arte é

considerada o reflexo da autoconsciência humana, ou seja, da objetivação da consciência que o ser

humano tem num determinado momento histórico, de si mesmo e dos seus conflitos. Por essa razão,

a obra artística se situa no âmbito da objetividade par-si, diferentemente do âmbito da genericidade

em-si, a qual é vivida de forma espontânea, não exigindo uma relação de consciência do indivíduo

com a sua realidade, ou seja, reproduzindo-se na esfera da vida cotidiana alienada. Vale lembrar que

Vigotski analisou a arte como uma técnica criada pelo ser humano para dar uma existência social

objetiva aos sentimentos, possibilitando que os indivíduos se relacionem com esses sentimentos

como um objeto, como algo externo que se interioriza por meio da catarse. Com as definições da

vida cotidiana e arte, bem como as conseqüências que estas exercem no desenvolvimento e no

reconhecimento do gênero humano, podemos afirmar o quão relevante é o estudo das concepções

artísticas no Ensino Fundamental, para assim contermos o avanço da individualidade fetichizada da

sociedade capitalista.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

15

O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A PSICOLO-

GIA HISTÓRICO-CULTURAL E A FORMAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE SEGUNDO

AGNES HELLER: APORTES TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ADOLES-

CENTES.

Autor: Ricardo Eleutério dos Anjos ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Newton Duarte

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

Visando contribuir para a educação escolar de adolescentes, esta pesquisa teórica tem por finalidade

apontar algumas aproximações entre o desenvolvimento psicológico na adolescência segundo a

psicologia histórico-cultural e a formação da individualidade segundo Agnes Heller. A busca de

articulação entre a Escola de Vygotski – ou seja, a psicologia histórico-cultural – e a Escola de

Budapeste – especialmente a teoria das objetivações do gênero humano desenvolvida por Heller,

tem precedentes em Duarte (1993; 1996) e Rossler (2006), entre outros. Como indicam esses

estudos precedentes, a teoria de Agnes Heller aborda a questão da individualidade no escopo das

relações entre a esfera da vida cotidiana e as esferas mais elevadas de objetivação do gênero

humano, como a ciência, a arte e a filosofia. Considerando-se a temática específica a esta pesquisa,

concentrarei meus estudos na abordagem helleriana da individualidade que, seguindo a terminologia

adotada por Duarte (1993), chamarei de formação da individualidade para-si. Este trabalho pretende

responder a seguinte questão: Quais contribuições o esforço por aproximar a psicologia histórico-

cultural e a teoria filosófico-ontológica da individualidade para-si pode gerar para a educação

escolar de adolescentes? Embora se reconheça que a criança, mesmo na mais tenra idade, já esteja

no processo de formação dos conceitos, por meio das fases da formação de aglomerados sincréticos

e do pensamento por complexos, é somente na adolescência que os verdadeiros conceitos se

formam. E, segundo Vygotski (1996), somente por meio dos conceitos é que o conhecimento, a

ciência, a arte e demais produções sociais poderão ser corretamente apropriadas. Considerando-se

que: a) Para a psicologia histórico-cultural a adolescência é um momento privilegiado tanto pelo

desenvolvimento do pensamento por conceitos, como pela formação da concepção de mundo e

desenvolvimento da autoconsciência e; b) Para a teoria da individualidade para-si um dos fatores

decisivos na formação humana é o desenvolvimento de relações conscientes entre o indivíduo e as

esferas mais elevadas de objetivação do gênero humano como a ciência, a arte e a filosofia: a

hipótese deste trabalho é a de que a educação escolar pode contribuir decisivamente, por meio do

ensino do conhecimento sistematizado, para a formação da individualidade dos adolescentes no

sentido da superação dos limites da vida cotidiana. Para isso, esta pesquisa apresentará a

necessidade da superação dos significados de adolescência centrados em mitos, sintomas,

desequilíbrios emocionais e concepções naturalizantes evidenciados pelas correntes liberais em

psicologia. Essas concepções de adolescência contrastam com o ponto fulcral no qual Vygotski e

colaboradores concentraram suas pesquisas, a saber, a formação dos conceitos como um salto

qualitativo no desenvolvimento psicológico nesta fase por eles chamada “idade de transição”.

Diante da especificidade da educação escolar, qual seja, a transmissão do conhecimento científico,

mediada pelo professor, este trabalho defenderá que a prática pedagógica pode conduzir o indivíduo

no processo de passagem das funções psicológicas espontâneas às funções psicológicas voluntárias,

ou seja, a passagem do em-si ao para-si.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

16

CARACTERIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÃO SOCIAL EM PIAGET: UMA

ANÁLISE A PARTIR DOS CLÁSSICOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA.

Autor(a): Vanessa Cristina Treviso ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Lígia Márcia Martins

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

Piaget (1973) ao discorrer sobre o que é um “ser socializado” propõe alguns estágios pelos quais o

indivíduo passa até chegar a essa conquista, ratificando que em cada momento existe uma forma de

interação social particular. Sendo assim, as fases definidoras das mais diferenciadas qualidades do

ser social acompanham as do desenvolvimento cognitivo e, constata-se que, Piaget reconhece a

socialização como parte do processo que compõe a inteligência. Piaget (1973) afirma que a

socialização é a passagem em que o indivíduo partindo de um pensamento e ações

naturais/individualizadas chegue ao pensamento e atos socializados, e, com isso, consiga se

relacionar com os outros. Dessa maneira, ao que parece Piaget estabelece uma dualidade entre o

individual e o social e, é a partir disso, que se busca realizar um estudo sobre o conceito de relação

social para o pensador, utilizando-se de uma fundamentação teórica dos clássicos da sociologia

(Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber) a respeito da categoria analítica, pois esses autores

discutem pontos importantes e diferentes metodologias de análise sobre as relações estabelecidas

entre indivíduo e sociedade, o que contribuirá para compreender e comparar o enfoque de Piaget na

questão. Diante de todo o debate que se trava em torno do pensamento de Piaget e, a partir da

hipótese de que o autor trata de maneira pertinente o “social” para a elaboração de sua obra, busca-

se esclarecer, sob uma abordagem de caráter sociológico, qual é a interpretação adotada por Piaget

para análise e explicação dessas relações. O objetivo é caracterizar o conceito de relação social em

Piaget procurando contribuir para uma discussão acerca da categoria no autor e as implicações que

dela resultam para o âmbito da educação escolar. Isso significa compreendê-la como parte

fundamental na elaboração da epistemologia piagetiana que atualmente se expressa na pedagogia

construtivista. A pesquisa é de natureza teórica e, para isso, será realizado um levantamento

bibliográfico dos clássicos da teoria sociológica e dos autores que abordam a temática proposta. As

teorias sociológicas clássicas se interessam pelo problema das relações entre indivíduo e sociedade.

Nesse sentido, Marx (2004), Durkheim (2002) e Weber (1979) desenvolvem conceitos e

pensamentos na tentativa de explicar essa relação, pois compreendem que algumas ações presentes

no cotidiano da vida em sociedade, não dizem respeito apenas à ação individual, mas também à

ação social. Para uma análise de como Piaget focaliza as relações entre indivíduo e sociedade para o

desenvolvimento dos processos cognitivos é preciso considerar que todo o debate piagetiano a

respeito da relação entre o desenvolvimento do indivíduo e a sociedade é norteado por uma

concepção bem delimitada de relação social. Esta concepção de relação social se expressa,

sobretudo, nas teorias educacionais apoiadas no pensamento de Piaget, uma vez que a educação

escolar só pode ser compreendida no contexto das relações sociais. Com isso, por meio da educação

escolar pode-se compreender a organização social que a sustenta. Por outro lado, a educação escolar

apresenta uma especificidade tanto no âmbito das relações sociais quanto no âmbito do

desenvolvimento do indivíduo: trata-se da questão do conhecimento. Nesse sentido, a epistemologia

de Piaget rompe radicalmente com a tradição ocidental, pois o conhecimento, para esse pensador,

remete à adaptação do indivíduo ao seu meio e, portanto, não diz respeito a algo existente fora do

sujeito. Segundo Duarte (2003), a pedagogia das competências, o construtivismo, a Escola Nova, as

teorias sobre o professor reflexivo agregam uma corrente educacional contemporânea chamada por

ele de pedagogias do “aprender a aprender”, uma vez que difundem ideários semelhantes e algumas

ilusões sobre a sociedade que atualmente a denominam de sociedade do conhecimento. Dessa

maneira, observa-se tomadas de posições valorativas no aprender a aprender e, criticá-lo exige ir

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

17

além das aparências, já que ele apresenta como sua finalidade o desenvolvimento da autonomia

intelectual, da criatividade e da independência do indivíduo. Dessa maneira, criticá-lo torna-se uma

tarefa difícil, pois é preciso esclarecer que isto não implica ser contrário a educar para a autonomia

ou para o desenvolvimento da criatividade. A questão é se realmente o aprender a aprender pretende

isso.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

18

PERCEPÇÕES DE CRIANÇAS SOBRE SEXUALIDADE A PARTIR DA MÍDIA

TELEVISIVA: APONTAMENTOS DE PESQUISA.

Autor(a): Evelin Oliveira de Rezende ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro

IES: Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

Departamento: Psicologia da Educação

A sexualidade está expressa nas relações humanas do sujeito, e por toda a sua vida, assim também

as crianças demonstram sua compreensão de sexualidade a partir de suas concepções de vida em

seu meio. Tais percepções se referem ao que elas observam e recebem da cultura, da mídia

televisiva e da família, ao que os adultos transmitem, ao que vivenciam na escola. A mídia

televisiva transmite valores e condutas que podem ser incorporados subliminarmente pelos

telespectadores mirins. Partindo desta reflexão, o presente estudo, de natureza analítica e descritiva,

teve como intuito centrar-se na questão do desenvolvimento da sexualidade infantil e a relação das

crianças com a mídia televisiva. Objetivou descrever a partir das falas de cinco crianças, sendo três

do sexo feminino e duas do sexo masculino, da quarta série do Ensino Fundamental de II Ciclo, de

uma escola pública, a percepção de mensagens da televisão que enfatizavam comportamentos e

valores sexuais. A primeira fase da pesquisa, a qual permeou todo o estudo consistiu na revisão da

literatura na área, seguida da observação dos sujeitos na escola. A terceira fase referiu-se a aplicação

de uma entrevista semi-estruturada com vinte e uma questões que ponderaram sobre a permanência

e preferência das crianças em assistir TV e outras mídias, como rádio e Internet. As considerações

que se pode apresentar evidenciam o fato das crianças se encontrarem isoladas para abordar e tirar

suas inquietações sobre sexualidade, pois o adulto muitas vezes esquiva-se de conversar sobre

sexualidade infantil e sobre as dúvidas que giram no tocante a esta temática. É imprescindível que

os pais e a escola aprofundem nos diálogos emancipados e críticos sobre a sexualidade infantil e

que acolham a criança na arena sexual.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

19

A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A SUPERAÇÃO DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Autor(a): Maria Rosângela da Silva Bunholli ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Érica Ramos Moimaz

IES: Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná.

Departamento: Educação

Dentro do contexto escolar encontramos uma porcentagem elevada de crianças que apresentam

algum transtorno ou dificuldade no processo ensino aprendizagem, sendo assim, torna-se

imprescindível a presença de um Psicopedagogo na escola, no entanto, a realidade e constrangedora,

pois na maioria das escolas não temos um psicopedagogo e os professores não são capacitados para

realizar um trabalho que possa ajudar a sanar ou amenizar as dificuldades das crianças. O

psicopedagogo dentro da escola pode realizar um trabalho preventivo juntamente com os

professores, através da orientação de como utilizarem os jogos e brincadeiras como instrumento de

trabalho, para ajudar as crianças a ampliar seus conhecimentos e assim possibilitar o aumento da

autoestima, no entanto, o psicopedagogo precisa alertar os professores da necessidade de respeitar

sempre o limite de cada criança. Todavia cabe ressaltar que o psicopedagogo precisará mediar esse

trabalho, pois o professor precisará saber como se dá o desenvolvimento da criança para utilizar os

jogos e brincadeiras de acordo com a maturidade da mesma, para não prejudicar ainda mais o

processo de ensino aprendizagem da criança. Foi dentro deste contexto que procurei através da

pesquisa bibliográfica ampliar meus conhecimentos em relação ao como e quando devo utilizar os

jogos e brincadeiras para facilitar a aquisição de novos conhecimentos por parte da criança, visto

que na realidade, podemos observar que a maioria dos professores não utilizam os jogos e

brincadeiras como instrumentos de trabalho, sendo assim, procurei aprender a planejar e executar

atividades que proporcionassem aprendizagem real a partir dos jogos e brincadeiras, pois os

professores devem utilizar os jogos e as brincadeiras como instrumento facilitador do processo

ensino aprendizagem. Vale a pena ressaltar que o jogo, a brincadeira implica para a criança muito

mais do que o simples ato de brincar, pois através dos mesmos, esta se comunica com o mundo e

também se expressa, experimenta novos papéis, internaliza regras de conduta e desenvolve ainda o

sistema de valores que desde já orienta seu comportamento. Posteriormente procurei transmitir

esses conhecimentos adquiridos às minhas colegas de trabalho, pois precisamos nos unir para

melhorar a qualidade do ensino dentro da escola, desta forma estaremos realizando um trabalho em

conjunto de caráter preventivo. Através desse trabalho conclui que as professoras acreditam que

podemos realizar um trabalho preventivo com a orientação de um psicopedagogo, visto que, como

já sabemos muitos transtornos ou dificuldades de aprendizagem são genéticos. Os professores

concordaram que precisamos desenvolver atividades direcionadas para ajudar sanar ou amenizar o

problema, pois todo o problema que é diagnosticado precocemente tem uma probabilidade maior de

ser solucionado e a criança poderá se desenvolver naturalmente sem prejuízos à sua aprendizagem e

afetividade, elevando sua autoestima. Acredito que este trabalho está diretamente vinculado a

Educação Especial.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

20

ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO SOBRE A VIOLENCIA SEXUAL CONTRA O

ADOLESCENTE A PARTIR DE COMUNIDADES DO SITE DE RELACIONAMENTO

ORKUT.

Autor(a): Thaise Fernanda Mendes Soares ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

A presente pesquisa se volta para o universo do adolescente que sofre violência sexual e pretende

investigar as percepções, sentimentos e conseqüências decorrentes desta violência, a nível real ou

simbólico, a partir das informações e depoimentos dados por um grupo de adolescentes membros de

comunidades do site de relacionamento Orkut. Não é raro ver o adolescente sendo relacionado com

a violência, tema que é hoje uma das grandes preocupações em nível mundial. Temos inúmeros

estudos sobre o assunto que tratam o adolescente como agente da violência, no entanto, na revisão

da literatura realizada verificamos que são poucos os estudos sobre o adolescente enquanto vítima

dos vários tipos de violência existentes, inclusive a violência sexual. A principal justificativa para o

desenvolvimento desta pesquisa, então, é justamente a existência de poucos estudos voltados

especificamente para a violência sexual contra o adolescente, não obstante a verificação do

significativo investimento de diferentes órgãos governamentais em campanhas contra a exploração

sexual e prostituição de menores, e contra a própria violência sexual. Pretendemos, neste estudo,

verificar como os adolescentes vítimas de violência sexual foram afetados pelas atitudes e ações

perpetradas contra eles, quais as principais queixas e sofrimentos que esses adolescentes trazem,

suas dificuldades de denunciar a violência e de procurar ajuda e a relação destes com a família. A

metodologia a ser utilizada é a pesquisa qualitativa online, feita inicialmente com a coleta de dados

por meio dos relatos em fóruns de cinco comunidades do Orkut voltadas especificamente para

vitimas de violência sexual. Esta metodologia permitirá fazer uma análise mais profunda sobre a

violência sexual contra o adolescente, uma vez que nestas comunidades os adolescentes sentem-se

mais à vontade para relatar e expressar o que sentem.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

21

SEÇÃO C – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

A PROFISSÃO DOCENTE NO MAGISTÉRIO PÚBLICO PRIMÁRIO MINEIRO:

HOMENS OU MULHERES? SOLTEIROS OU CASADOS? (1907-1918).

Autor: Jardel Costa Pereira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Por meio desse trabalho pretende-se uma aproximação da identidade do professor no Grupo Escolar

de Lavras no período de 1907-1918, apresentando especificidades de gênero e estado civil. Dentre

os sujeitos recrutados para a ocupação, organização e funcionamento do tempo e do espaço no

Grupo Escolar de Lavras, encontravam-se o diretor, os professores, os alunos e os demais

funcionários. Atento à importância do resgate de todos esses atores sociais, foi de suma importância

os escritos do diretor Firmino da Costa Pereira, sendo que por meio deles consegui quase parte das

informações necessárias para as categorias de seu corpo docente. Ancorado nos pressupostos

teóricos e metodológicos que a história cultural oferece para a história da educação, o estudo utiliza

técnicas de pesquisa histórica em história da educação, numa análise interpretativa a partir do

cruzamento de informações recuperadas por meio das fontes encontradas. Ao ser destacada a

questão de gênero e estado civil espero ter trazido à tona novas categorias que permitam uma maior

compreensão do processo de feminização do magistério público primário no Brasil.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

22

CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “BENTO DE

ABREU” DE ARARAQUARA (1954-1971).

Autor(a): Manuela Priscila de Lima Bueno ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Este trabalho visa expor a análise dos dados coletados do arquivo do Instituto de Educação “Bento

de Abreu” de Araraquara, traçando um panorama da população atendida pela escola compreendendo

as seguintes características: sexo, naturalidade, idade e residência. Para tal análise utilizei três Li-

vros de Matrícula referentes, respectivamente, aos períodos de 1954 a 1960; 1966 a 1968; e de 1968

a 1975. A análise feita é referente ao subprojeto intitulado “História do Instituto de Educação “Ben-

to de Abreu” de Araraquara (1954-1976)” vinculado ao projeto “Educação Secundária e Dissemina-

ção da Cultura Literária e Científica no Estado de São Paulo (1931 – 1982)” da Professora Doutora

Rosa Fátima de Souza Chaloba. A pesquisa em andamento fundamenta-se em procedimentos de

identificação, levantamento e coleta de dados, tendo em vista os procedimentos adequados à pes-

quisa histórica, com posterior organização e análise dos dados obtidos. Frente aos dados coletados e

organizados em tabelas comparativas pude depreender que em relação às classes da primeira série

do ensino normal a média de idade dos alunos ficou entre 17 e 18 anos, com exceção das classes do

noturno nas quais a média chegou até 28 anos e que a maioria dos alunos dos 1ºs anos era do sexo

feminino, porém em 1966 o “1º Normal A” era exclusivamente composto por alunos do sexo mas-

culino. A maioria dos alunos era de naturalidade araraquarense e residia no centro da cidade, análise

essa que se aplica também para as 2ªs e 3ªs séries do ensino normal no Instituto de Educação Bento

de Abreu. A 2ª série do ensino normal era composta predominantemente por alunos do sexo femini-

no e a média de idade ficava entre 18 e 19 anos. A população das 3ªs séries era quase que exclusi-

vamente feminina, com baixo número de homens ou nenhum por classe e a média de idade corres-

pondia à faixa entre 18 e 19 anos. A partir dos dados analisados, pude concluir que o Instituto de

Educação “Bento de Abreu” atendia a um número expressivo de alunos, pois em 1966 somente a

Escola de Professores tinha 309 alunos, sem considerar então todo o complexo de anexos que o I.E.

possuía. Também pude observar que a grande maioria dos alunos era do sexo feminino e essa popu-

lação residia no centro da cidade ou em bairros próximos refletindo a boa condição social e econô-

mica dos alunos que freqüentavam o Instituto. No tocante à média da faixa etária das classes de

ensino normal vê-se que na maioria das classes essa média correspondia a um ano a mais da possi-

bilidade de entrada na determinada série. Aqueles alunos que não eram de naturalidade araraquaren-

se, provinham de cidades do interior próximas à Araraquara, e em pequena quantidade pertenciam a

outros estados ou a outros países. É importante ressaltar que algumas classes eram do período no-

turno refletindo a expansão do ensino normal com vistas a atender às camadas que não tinham aces-

so à escola. A partir dos dados pode-se concluir que do momento em que foi fundado até seu fe-

chamento o Instituto de Educação Bento de Abreu esteve em franca expansão no que se refere à

Escola de Professores e aos cursos oferecidos por ela.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

23

A RESISTÊNCIA DE PROFESSORES À DITADURA MILITAR NO BRASIL.

Autor(a): Milene Cristina Hebling ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Massao Hayashi

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFSCar

Neste trabalho, que está em andamento, pretende-se averiguar se professores de nível primário e

secundário utilizaram-se de sua profissão para atuar contra o regime militar imposto no Brasil, mais

especificamente durante o período de 1968 a 1974. Busca-se descobrir se o fato de ser professor

influenciou ou auxiliou nos modos de resistência à ditadura militar e, em caso positivo, como isso

ocorreu. Para tanto, serão utilizados os seguintes métodos: pesquisa documental e história oral. A

pesquisa documental terá como fonte documentos primários produzidos pelo Departamento

Estadual de Ordem Política e Social – DEOPS, do estado de São Paulo, que se refiram aos

professores de ensino primário e/ou secundário cujos nomes foram selecionados através de pesquisa

anterior (Hebling, 2009). O trabalho de história oral será realizado com esses professores e,

possivelmente, com colegas de trabalho e/ou parentes próximos. O recorte histórico contemplará os

anos entre 1968 e 1974, pois esse foi o período em que o regime autoritário no Brasil se fortaleceu e

tornou-se mais repressivo. Os dados obtidos serão analisados numa perspectiva sócio-histórica a

fim de possibilitar sua inter-relação, bem como sua relação com o contexto social no qual estavam

inseridos. Através dos documentos do DEOPS, obtém-se a versão oficial dos fatos. Com os

depoimentos dos professores que são a base deste trabalho, espera-se obter a versão não-oficial,

vinda das vozes que a própria ditadura militar tentou silenciar, visto que se trata de sujeitos

investigados e fichados por um órgão de repressão, reconstituindo as histórias de vida desses

sujeitos. Comparando ambas as fontes, documental e oral, espera-se obter o maior detalhamento

possível para entender como esses professores auxiliaram no processo de denúncia à ditadura e

busca pela redemocratização do país.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

24

CARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO GINÁSIO ESTADUAL DE ARARAQUARA (1932-

1956).

Autor(a): Nayara Stival Navarro ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Este trabalho expõe a análise de dados coletados do Ginásio Estadual Bento de Abreu de Araraquara,

apresentando características dos discentes, a partir do sexo, idade, naturalidade, residência e

profissão do pai; vestígios do cotidiano escolar e como a imprensa noticiou a trajetória do primeiro

ginásio da cidade. O levantamento de dados foi realizado tendo em vista a leitura de reportagens

sobre a educação em jornais de Araraquara (Jornal Imparcial de 1932-1956), pesquisa nos livros de

matrículas de 1931 a 1934 e análise das atas de 1935-1961 e 1949-1960. A pesquisa realizada é

referente ao projeto de iniciação científica “História e Memória do Ginásio Estadual de Araraquara

(1932-1956)”, vinculado ao projeto “Educação Secundária e Disseminação da Cultura Literária e

Científica no estado de São Paulo (1931-1982)” coordenado pela Professora Dra. Rosa Fátima de

Souza Chaloba. O projeto em andamento assenta-se em levantamentos e coleta de dados que serão

realizados a partir de procedimentos de identificação adequados à pesquisa histórica, sendo

organizados e interpretados para uma análise posterior. Em relação aos dados coletados foi possível

realizar tabelas comparativas que puderam identificar características do Ginásio Estadual de

Araraquara, possuindo turmas de cursos preparatórios e exames de madureza, possível indicativo de

que a escola valorizava a educação, pois ambos preparavam alunos para continuar o ensino, apesar

de que tiveram seu fim antes da década de 30, mas ainda permaneceram até que criasse uma lei

geral para extinguir tais programas – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961-,

outros quatro fenômenos detectados nas análises foram: o número elevado de alunos no ginásio

depois da década de 30, intensa procura pelos ginásios na década de 30, estadualização do Ginásio

Estadual de Araraquara em 1932 e a Lei do Ensino Secundário de Francisco Campos que exigia a

frequência obrigatória ao ginásio –, o número maior de homens em relação ao de mulheres na sala

de aula – tradição de que os homens ingressavam na escola primeiro que as mulheres, pois estas

eram educadas para serem donas de casa – a grande procura pelo Ginásio Estadual de Araraquara,

que é justificado pelo fato da grande maioria dos alunos residirem no centro e serem naturais de

Araraquara, conhecendo a fama e o status que a escola oferecia e, além disso, a boa condição

financeira dos pais dos alunos já que a maioria era comerciante, lavrador, fazendeiro, entre outras

profissões que poderiam dar boas condições às famílias naquela época (claro que havia aquelas

famílias pobres que precisavam dos filhos para ajudar em casa e esse fato poderia justificar a

redução de alunos nas turmas), mas sempre colocando em destaque que esse fator não quer dizer

que os pais valorizavam ou não a educação, era uma questão de necessidade e valorização da

família já que houve a demora da estadualização do ginásio de Araraquara, o que poderia também

justificar a entrada tardia dos alunos. Em uma segunda análise dos dados coletados na escola, pude

observar vestígios do cotidiano escolar a partir da leitura das atas, na qual foi possível afirmar que

nestas constavam todo o histórico de como eram realizadas as reuniões, decisões relacionadas à

frequência, notas, reprovações, punições, prêmios, direitos e deveres de alunos e professores,

indicando a importância notória desde material para a cultura escolar. Busquei na imprensa (Jornal

Imparcial de Araraquara 1932-1950) artigos que retratavam como a construção da escola foi

recebida pela sociedade, a trajetória de sua consolidação até a estadualização e principalmente como

beneficiou a sociedade e as próximas gerações araraquarenses em aspectos intelectuais. Por fim,

trabalhar com os livros de matrículas e atas da Escola Estadual Bento de Abreu foi um progresso,

pois através desses documentos foi possível reconstruir um passado de prestígio, entendendo o seu

apogeu e delimitações, caracterizar a escola, seu corpo docente e discente, e, além disso, observar

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

25

como todo esse processo foi retratado pela imprensa araraquarense. Daí a contribuição para a

História da Educação do Brasil com dados específicos de uma História da Educação Local.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

26

INFÂNCIA E EDUCAÇÃO.

Autor(a): Luana Maria de Oliveira ([email protected] )

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto da Silva Monarcha

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Vinculado à iniciação científica o presente estudo bibliográfico tem como tema as formas e modos

contemporâneos de reorganização familiar, para tanto utilizamos autores e títulos focados na

temática desde um ponto de vista histórico, cultural e sociológico. Levando-se em consideração os

objetivos estabelecidos, pretende-se inicialmente analisar os autores e títulos constantes na

bibliografia de referência. Para a realização de tal propósito neste trabalho pretende-se abordar os

conceitos de educação e infância na perspectiva de Ariès (1997) e Finkelstein (1986). Em seu texto

“La incorporación de la infância a la historia de la educación” Barbara Finkelstein aponta que os

historiadores têm incorporado das crianças e os jovens aos seus estudos por entenderem que o

processo de transmissão cultural seria incompleto e limitado sem estes agentes. A autora chama a

atenção para os estudos de Phillipe Ariès, os quais abordam a história da infância e a história da

educação como fenômenos conectados conceitual e psicologicamente, além de estarem relacionadas

no tempo e unidas social e institucionalmente. Tal abordagem conferiu uma nova visão à educação

das crianças no seio de sua família, sendo o colégio um agente fundamental na educação da infância.

Tal concepção propôs um estudo sistemático das crianças e dos jovens redimensionando a história

da educação. Phillipe Ariès, no verbete “Infância” analisa e explica a evolução do conhecimento da

criança e do seu caráter particular, na antiguidade romana, menos estudada que a evolução dos

sentimentos da infância na Idade Moderna. Assim o autor faz observações a respeito da maneiras de

representação da infância na antiguidade romana e conclui sobre profunda valorização da vida da

criança no decorrer da Idade Moderna e da Idade Contemporânea. Ou seja, explica como a criança

saiu do anonimato e da indiferença das idades remotas para tornar-se a criatura preciosa, rica de

promessas e de futuro. No verbete “Educação”, Ariès expõe as mudanças profundas ocorridas na

sociedade e sua maneira de conceber a educação. Um ponto a destacar no texto é o caráter não-

escolar da educação ao longo dos séculos e as profundas mudanças nos mecanismos de transmissão

cultural registrada a partir do século XV, ou seja, a educação passou a ser fornecida cada vez mais

pela escola. Temos assim a substituição da aprendizagem na companhia dos adultos pela

aprendizagem escolar acompanhada da preocupação dos pais em relação aos seus filhos. Esse

desejo dos pais em manter seus filhos perto o mais tempo possível resultou no século XVII em uma

proliferação das instituições escolares com o objetivo de aproximá-las das famílias que tiveram um

importante papel na realização da escolarização. Segundo Ariès a escolarização foi alcançada à

medida que atendeu as novas necessidades de uma nova família, a família contemporânea formada

pelos pais e filhos. Uma das marcas mais características desse tipo de organização familiar são a

preocupação de igualdade entre os filhos, fenômeno que gerou uma preocupação com a educação,

carreira e futuro de cada um dos filhos. Portanto, juntamente com Ariès e Finkelstein, vemos a

importância em se estudar a infância, a educação escolar e a organização familiar moderna como

esferas complementares. Philippe Ariès não deixa de nos mostrar como o sentimento da infância

evoluiu solidificando-se na intimidade, na afeição e no sentimento. Houve assim, na Idade Moderna,

a descoberta da infância cuja valorização permanece até os nossos dias. Tal descoberta do

sentimento de infância levou a valorização das instituições escolares ancoradas na preocupação das

famílias com a educação, carreira e futuro de seus filhos. Já Barbara Finkelstein chama atenção para

a infância e a formação da criança, sendo estes dois campos de fundamental importância que

deveriam caminhar juntos na investigação histórica da educação. Tal concepção exposta pelos

autores contribuiu para uma melhor compreensão da inter-relação da infância, escola e família.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

27

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO BRASIL.

Autor(a): Auridiana Helena Laguna de Oliveira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Considerando a participação e o contexto histórico em que os negros estavam inseridos na história

do país, tenho por interesse verificar como se deram as iniciativas educacionais desses grupos

desde o período da escravidão até atualmente. É interessante refletir como se deu o processo de

escolarização dos negros no Brasil e as propostas educacionais para essa camada da população que

ainda vivem em condições sociais de desigualdade social. Também, é importante verificar o

posicionamento deles frente as situação de desigualdade e discriminação que enfrentavam no

sistema educacional. Pretendo assim, verificar suas iniciativas que buscaram na escolarização o

meio para a ascensão social e a participação na sociedade. A partir das leituras feitas até o

momento foi possível identificar o conceito de educação vinculado entre o período de 1915-1937

em um estudo feito com base nos jornais da Imprensa Negra. A educação era entendida de modo

amplo. Ela envolvia “a formação do caráter, a formação intelectual, a formação cultural e

principalmente a formação de um espírito de solidariedade entre os negros”. Ela era apresentada

como o caminho para o negro ascender socialmente. Assim, eram feitas várias recomendações as

famílias para que educassem seus filhos. Também havia uma grande preocupação por parte dos

negros em relação ao grande numero de analfabetos nos grupos. O aprendizado da leitura e da

escrita era considerado como um meio para se alcançar a dignidade na sociedade brasileira.

Também é possível notar criticas feitas à falta de apoio do governo as escolas criadas pelas

associações negras. Essas escolas foram criadas como estratégia das comunidades negras frente ao

preconceito e outras dificuldades que as crianças encontravam em frequentar as escolas publicas.

Alguns grupos escolares que recebiam as crianças negras as recebiam porque era obrigatório, mas

os professores “menosprezavam a dignidade da criança negra”. Muitos pais, pelo pouco

desenvolvimento dos filhos resolviam tirá-los da escola. Assim, pretendo compreender como se

desenvolveram as estratégias desenvolvidas pelos negros, principalmente as relacionadas à

educação, na interação com a sociedade e o exercício da sua cidadania.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

28

A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO INTERIOR PAULISTA: ESTUDO

HISTÓRICO SOBRE A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR HENRIQUE MORATO

(1940-1971).

Autor: Carlos Alberto Diniz ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

No século XX a educação brasileira passou por diversas transformações que permite a compreensão

da realidade educacional do país. A expansão do ensino secundário no interior do estado de São

Paulo a partir da década de 1930 contou com a participação do Poder Público Estadual em parceria

com o Executivo Municipal. A partir do arcabouço teórico oferecido pela História Cultural,

sobretudo no campo da cultura escolar e história das instituições escolares, o presente estudo incide

no exame da criação do primeiro Ginásio Estadual da cidade de Matão – SP, hoje denominado

Escola Estadual Professor Henrique Morato, data de 1940 com o intuito de analisar como se

estabeleceram as relações entre o poder público municipal e o estadual com vistas a promover a

difusão da educação secundária. Além disso, esta pesquisa objetiva também reconstituir de maneira

sistemática a trajetória do estabelecimento de ensino em questão entre os anos de 1940 a 1971, no

sentido de preservar a sua memória e evidenciá-la à comunidade local contribuindo assim com a

pesquisa desse ramo da história da educação, em especial, no interior paulista. Para esta

investigação estão sendo utilizados como fontes os artigos publicados no jornal local A Comarca,

Atas da Câmara Municipal de Matão, Relatórios de Recenseamento Geral do Brasil produzidos pelo

IBGE, Decretos, Portarias e Editais da Prefeitura Municipal dessa cidade, a Legislação Educacional

e as Mensagens dos governadores do Estado de São Paulo apresentadas à Assembléia Legislativa.

Além dessas fontes, outras têm sido incorporadas ao estudo para uma melhor compreensão da

cultura dessa escola, disponibilizadas em seu arquivo, como por exemplo, livros de matriculas,

livros ponto dos docentes e corpo técnico-administrativo, livros de atas de reuniões pedagógicas

e/ou outras, livros de ata de exames, portarias, fotografias, entre outros. Vale ressaltar que ainda

serão realizadas entrevistas com pessoas que fizeram parte do cenário educacional de Matão no

período já mencionado, em especial, ex-diretores, ex-professores, ex-funcionários e ex-alunos da

Escola Estadual Professor Henrique Morato, considerados a memória viva dessa escola, para

evidenciar a representação dessa escola para a sociedade local. Em suma, a história da educação

secundária é um campo de estudo que merece destaque e que ainda é pouco estudado no Brasil,

sendo essa pesquisa de âmbito local e regional uma contribuição para a compreensão da história da

educação brasileira.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

29

EDUCAÇÃO CONFESSIONAL: A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM JATAÍ-GO (1941 – 1945).

Autor(a): Ekristayne Medeiros de Lima Santos ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Vera Teresa Valdemarin

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

O trabalho anseia pesquisar a gênese da Educação Agostiniana em Jataí – GO, tomando como por-

ta de entrada o Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, que foi fundado em 1941, pela Congre-

gação das “Irmãs Agostinianas Missionárias da Província de Cristo Rei”. Vindas da Espanha a

convite do Bispo de Jataí, Dom Germano Veja Campon, as irmãs traziam um Projeto Educacional

como parte do projeto de reorganização das atividades desenvolvidas pela Igreja Católica no Brasil.

Trata-se de uma pesquisa histórico-historiográfica que permitirá, a partir dos arquivos historiográfi-

cos locais, regionais e nacionais, além de outras fontes, historicizar a referida Instituição e algumas

das práticas educacionais ali desenvolvidas que, por mais de 70 anos ininterruptos, tem representa-

tividade na educação do Sudoeste Goiano. A primeira etapa da pesquisa está dedicada à organização

do arquivo da referida instituição e à seleção da documentação, que possibilitará também delimitar

com maior especificidade os objetivos. Espera-se que esses caminhos sejam trilhados a partir de um

referencial teórico, cunhado nas atuais discussões que configuram uma nova história e historiografia

da educação brasileira, onde “a história de uma instituição educativa constrói-se entre a materiali-

dade, a representação e a apropriação.” (MAGALHÃES, 1988, p.64). Desse modo “as instituições

educativas e por conseqüências a sua história constituem a representação discursiva, memorística e

antropológica das mais complexas dialéticas educacionais.” (idem). Muitas são as questões que ins-

tigam a buscar compreensão sobre a gênese da Educação Agostiniana em Jataí – GO a partir do

Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho como comunidade educativa, inserida em seu contexto

histórico: clima social, cultural/organizacional, atores sociais, projeto pedagógico e os reflexos polí-

ticos e econômicos da época. Entre essas inquietações, algumas chamam atenção, de uma maneira

mais próxima: Quais os anseios da sociedade e da Igreja Católica, nesse período? Esses anseios

foram contemplados? Qual o papel da família junto à instituição? Como se estabelecia a relação

colégio-sociedade-trabalho? Qual a dinâmica socioeconômica no processo de implantação dessa

proposta Filosófica-Pedagógica da educação agostiniana em Jataí? Como a proposta católica se arti-

culou com a legislação e com as vertentes filosóficas existentes no Brasil? O que foi instituído para

a sociedade em que está inserida? O que esse colégio com sua proposta educativa instituiu para si e

para seus sujeitos?Assim, na conjunção das especificidades da instituição analisada com a educação

estadual e nacional, pretende-se contribuir com os estudos em andamento no GEPCIE e no Progra-

ma de Pós-Graduação em Educação Escolar.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

30

SUD MENNUCCI E UM POSICIONAMENTO PEDAGÓGICO ESQUECIDO.

Autor: Henrique de Oliveira Fonseca ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinícius Fonseca

IES: Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Departamento: Educação

O início da década de 1930 é considerado um momento emblemático para a História da Educação

brasileira, uma vez que em 1932 o afamado “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” foi

publicado. Dentro dos estudos da História da Educação este período é evidenciado pelo conflito

entre os conservadores – representados por membros da Igreja Católica que buscavam a

manutenção dos espaços adquiridos historicamente pela instituição dentro da organização

educacional nacional – e os liberais – figurado majoritariamente pelos defensores das propostas

contidas no Manifesto, que pretendiam romper com os atrasos educacionais. Esse embate entre dois

grupos é foco de estudos das principais pesquisas sobre este período dentro da educação brasileira.

Contudo este artigo pretende fugir destas possibilidades de análises já postas. Assim procuramos

compreender uma corrente pedagógica distinta defendida neste período, portanto estudaremos o

intelectual Sud Mennucci, que no mesmo período dos pioneiros, propôs um projeto pedagógico

alternativo voltado ao campo, conhecido como “ruralismo pedagógico”. Tal proposta era uma clara

defesa ao meio rural, pois tinha como objetivo principal formar professores aptos ao campo, como

também fornecer uma estrutura adequada à escola campesina. “Seja o que for, deliberadamente ou

não, o ruralismo de Sud Mennucci, sem dúvida um homem moderno de sua época, trafegava na

contramão do contagiante imaginário urbano-industrial em ascensão denominado ‘Escola Nova’,

segundo ele próprio das sociedades de grande avanço industrial, porém inadequado para um Brasil

agrário”. (MONARCHA In: WERLE: 2007, p. 20). Concomitantemente, segundo informações

presente em sua biografia escrita por Ralph Mennucci Giesbrecht, Sud Mennucci não era

efervescido pelos preceitos católicos cristãos (GIESBRECHT: 1998), o próprio intelectual dizia que

“não sentia a menor vontade nem o menor desejo de ser religioso” (MENNUCCI In:

CAVALHEIRO: 1944, p.254). Nesta vertente diferenciada de compreender a sociedade e os rumos

do Brasil, Mennucci figurou como uma via distinta neste embate educacional, sua visão sobre a

sociedade buscava preservar as tradições, porém, a partir delas propunha melhorias, avançando para

o futuro com a bagagem do passado. Uma análise muito condizente seria um redirecionamento dos

preceitos de Walter Benjamin para a pedagogia, Clarisse Nunes descreve que: “O sujeito na

experiência benjaminiana dispõe da possibilidade de surpreender, e essa capacidade vem menos da

novidade das perspectivas e mais de um trabalho constante e subterrâneo que recupera o antigo e

lhe imprime nova camadas de significação, camadas tecidas e buriladas pela linguagem”. (NUNES

In: FARIA FILHO: 2008. p.96).Neste ponto, pode-se compreender a distinção clara no pensamento

de Mennucci em relação aos católicos e os pioneiros, situando esta diferença na relação da

utilização do passado e suas tradições. Os católicos pretendiam armar uma resistência aos espaços

alcançados na organização do aparelho educacional e os pioneiros da escola nova procuravam uma

superação das estruturas atrasadas e retrogradas. Mennucci procurava uma reavaliação do passado,

observando na agricultura o elemento historicamente organizador nacional. Conseqüentemente a

educação deveria voltar-se para o meio rural e buscar através da modernização em voga adequar a

nação aos progressos modernos. Para tanto, procuraremos analisar como os discursos pedagógicos

do período foram produzidos e quais possíveis motivos levaram os estudiosos da História da

Educação não darem muita atenção a outras correntes do período. Assim, aprofundaremos na

produção discursiva e no local da produção da trajetória de Sud Mennucci bem como sua atuação

dentro da política educacional. Nesse sentido buscamos indícios de seu posicionamento nos livros

de sua autoria sobre temática educacional, como também na “Revista do Professor”, periódico

oficial do Centro do Professorado Paulista (CPP) no qual Mennucci foi fundador e presidente.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

31

SEÇÃO D - ENSINO EM CIÊNCIAS EXATAS, HUMANAS E BIOLÓGICAS

AS EXPOSIÇÕES ITINERANTES DO CORPO HUMANO: APONTAMENTOS SOBRE O

FENÔMENO E SUAS CORRELAÇÕES COM A HISTÓRIA DA ANATOMIA.

Autor(a): Ana Carolina Biscalquini Talamoni ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Claudio Bertolli Filho.

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru

Departamento: Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência

O presente trabalho deriva de resultados de pesquisa de doutorado, dedicado à análise compreensiva

do ensino de anatomia empreendido nas esferas formais e informais do ensino, utilizando como

abordagem metodológica a Antropologia Crítica de Clifford Geertz. Neste encaminhamento, foi

necessário também estabelecer relações entre o processo de objetivação do corpo no renascimento-

através do qual, a partir do século XIV, houve uma re-orientação das perspectivas sobre o corpo

humano, que do estatuto de “sagrado”, promovido pela cultura religiosa medieval, tornou-se alvo de

olhares curiosos e incursões anatômicas públicas – e o fenômeno das exposições itinerantes de

corpos, fenômeno pós-moderno que se pretende “educativo”. As dissecações públicas devem ser

compreendidas enquanto prática cultural e como um capítulo à parte no desenvolvimento da

disciplina anatômica, parte da história da ciência e que de certa forma culminou no advento, um

tanto polêmico, das exposições de corpos humanos re-inauguradas pelo anatomista alemão Gunther

von Hagens (1945- ), no século XX. Em entrevista realizada junto a uma turma de alunos de

licenciatura em Ciências Biológicas durante as primeiras aulas de Anatomia Geral e Humana,

constatou-se que 85% deles já tinham tido contato com peças anatômicas através das exposições

itinerantes. Essas exposições têm sido alvo de críticas e discussões por situarem o corpo humano,

objeto de estudo das ciências morfológicas e da saúde, em produções que se situam nos limites

entre o científico e o artístico, o educativo e o entretenimento. Em 1977, o médico e pesquisador

alemão Gunther von Hagens, criou o método de plastinação de cadáveres1, que o permitiu criar a

empresa “Body Worlds – The original exhibition of Real Human Bodies”, projeto destinado à

organização de exposições itinerantes de corpos plastinizados que, a partir do ano de 1995,

disseminaram-se pelo mundo2. Segundo o site oficial da “Body Worlds” (BODY WORLDS...,

2011), o objetivo do projeto é “educativo”, ou seja, proporcionar ao publico conhecimentos em

anatomia e fisiologia do corpo, salientando a importância da preservação da saúde e, sobretudo,

democratizando um conhecimento que foi incorporado com exclusividade pelas comunidades

médicas e científicas modernas. Os feitos de von Hagens, apelidado como “Dr. Frankenstein”,

situam-se nas fronteiras entre as esferas científica, cultural e mercadológica, tendo por pano de

fundo a “exploração/exposição” do corpo sob condições materiais que nenhuma instituição

acadêmico-científica do mundo tem atualmente. Segundo Rebollo (2003), as exposições

promovidas pela Body Worlds causam um misto de fascínio e inquietação, suscitando questões de

ordem ética e moral. Dentre estas críticas, são comuns as referências ao mórbido e ao grotesco de

suas “obras”, além de sua potencialidade educativa. Uma destas potencialidades está no fato das

exposições remeterem às dissecações públicas realizadas a partir do século XVI por cirurgiões

barbeiros, ou ainda, nas superlotadas sessões de dissecação e “ressuscitação” empreendidas por

filósofos naturais como o físico italiano Giovanni Aldini (1762-1834). Estas práticas ulteriores

1 Técnica considerada “revolucionária” por permitir a preparação de peças anatômicas duráveis, inodoras e atóxicas.

2 Segundo o site da Body Worlds, as exposições itinerantes já foram assistidas por mais de 32 milhões de pessoas ao

redor do mundo.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

32

materializaram a cultura da curiosidade que permeou os olhares humanos sobre o corpo (LE

BRETON, 1993), despertando um tipo de sensibilidade que inspirou trabalhos anatômicos de cunho

científico como os de Andreas Vesalius (1514-64) e de Leonardo da Vinci (1452-1519) e que

ajudaram a moldar o ensino ao mesmo tempo moderno e tradicional da anatomia no âmbito

acadêmico moderno. Sob os auspícios da moderna técnica científica, von Hagens tenta resgatar

através da prática secular da dissecação e exposição pública de cadáveres, restaurar a humanidade

dos mesmo, que dissimulam atividades cotidianas. A potencialidade educativa de seu trabalho reside,

portanto, nas questões de ordem ética, moral e filosófica que suscita, além de permitir uma

abordagem histórica do corpo no contexto do ensino anatômico.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

33

ANSIEDADE À MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE UMA ESCALA PARA

IDENTIFICAÇÃO DE DIFERENTES GRAUS DE ANSIEDADE À MATEMÁTICA EM

ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Autor(a): Bruna Cristina Comin ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. João dos Santos Carmo

IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Departamento: Psicologia (DPsi).

A matemática escolar tem sido considerada por diversas estudantes como altamente aversiva.

Provavelmente não se trata de uma característica intrínseca à disciplina, e sim a somatória de uma

série de fatores, como: metodologia inadequada de ensino; uso de controle aversivo durante de seu

ensino em sala de aula; falta de formação específica de muitos professores; crenças e regras

inadequadas acerca da matemática que são disseminadas por nossa cultura. Uma prolongada

história de fracasso na tentativa de aprender a matemática escolar está na raiz de um fenômeno

chamado, pela literatura internacional, de ansiedade à matemática. A ansiedade à matemática

caracteriza-se pela presença de reações emocionais, cognitivas e comportamentais diante de

situações que envolvem a matemática. Dentre essas reações, pode-se citar: taquicardia; alterações

na pressão arterial; sudorese; desconfortos gástricos; ausência das aulas; esquiva e fuga em relação

ao estudo da matemática; desenvolvimento de regras e auto-atribuições negativas. Alguns estudos

conduzidos pelo segundo autor e colaboradores têm identificado graus diferenciados de ansiedade à

matemática em estudantes do Ensino Fundamental. Dados iniciais de aplicação da escala têm

evidenciado a presença de maior ansiedade à matemática em alunos da 6ª série de escolas públicas,

dentre estudantes da 5ª à 8ª série. O presente estudo visou ampliar os achados na medida em que

propõe aplicar uma escala de ansiedade à matemática a fim de identificar graus diferenciados de

ansiedade e relacionar esses dados à idade, série, sexo dos estudantes de Ensino Fundamental, em

um range que abrange crianças da 4ª à 8ª série. Pretende-se, ainda, ampliar a amostra para alunos da

4ª série e verificar as diversas correlações, incluindo correlações entre quesito da escala que mais

gera ansiedade e tipo de escola (pública ou privada). A partir dos dados obtidos, ter-se-á um

parâmetro mais claro acerca da distribuição de ansiedade à matemática por série, sexo, idade,

quesito e escola pública ou particular, podendo-se desenvolver programas de auxílio a estudantes

com elevado grau de ansiedade, a partir do uso de estratégias múltiplas de rearranjo do ambiente de

estudo e de dessensibilização em relação à matemática.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

34

A “EMEF EUGÊNIO TROVATTI”: LITERATURA, CONSERVAÇÃO E

CONSCIENTIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO DISTRITO DE BUENO DE ANDRADA.

Autor: Carlos Samuel Rossi ([email protected])

Co-autor(es): Adriele Gonçalves da Silva; Auridiana Helena Laguna de Oliveira; Carolina Santos

Rodrigues; Cíntia Lins Rocha; Flávia Roberta Velasco Campos; Jáina Vitória da Silva Oliveira; Laís

Cassanho Silva; Luana Maria de Oliveira; Tamires Aparecida do Amaral; Thainá Portela Rêgo

Ribeiro; Thaise Fernanda Mendes Soares.

Orientador(a): Profª. Drª. Silvia R. Lucato Sigolo

Departamento: Psicologia da Educação

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Na contemporaneidade temos observado o quanto questões referentes aos problemas ambientais no

nosso planeta e a busca de ações possíveis para amenizá-los estão presentes no nosso cotidiano e até

mesmo nos Parâmetros Curriculares Nacionais. O grupo PET Pedagogia da Unesp de Araraquara

desenvolveu um projeto junto aos alunos e professores do ensino fundamental da Escola do Campo

Eugenio Trovatti, localizada no distrito de Bueno de Andrada, na cidade de Araraquara, de modo a

despertar o senso crítico das crianças em relação a este tema, além problematizar o que já era de

conhecimento deles. O tema centrou, em um primeiro momento, na divulgação e preservação do

Aquífero Guarani, pelo fato da maioria da população não conhecer este recurso presente em nossa

região e do significado que este apresenta para a qualidade de vida das pessoas a fim de alcançar a

utilização sustentável e conservação do manancial. No segundo momento, inserimos uma discussão

sobre a preservação ambiental com o apoio da literatura infanto-juvenil com a finalidade de refletir

sobre as práticas sobre o destino correto do lixo e as consequências que traz a ação inadequada

deste. Finalmente pretendeu alertar, de maneira lúdica, para a importância da separação do lixo.

Inicialmente foi feito um levantamento de informações oriundas de três fontes: coleta de dados no

Departamento de Água e Esgoto de Araraquara (DAAE); coleta de informações de entrevistas com

a população; levantamento de dados obtidos em uma visita monitorada a Estação de Tratamento de

esgoto (ETE) e ao córrego Itaquerê em Bueno de Andrada. Trabalhamos conceitos relacionados à

sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Produzimos materiais, os quais foram expostos

na escola para divulgação aos pais e à comunidade. Posteriormente foi realizada uma gincana com

jogos que objetivavam a consciência ambiental. Utilizamos a literatura como recurso metodológico

para aquisição de temas referente ao meio ambiente. Na primeira etapa do trabalho foi escolhido o

livro “O caminho para o vale perdido de autoria de Patrícia Engel Secco” do acervo da própria

escola. Utilizou-se como recurso pedagógico a contação da história. Os alunos discutiram e

produziram desenhos e textos sobre os temas: natureza versus lixo; e o destino correto do lixo assim

como no livro. Na última etapa do projeto, os integrantes do grupo PET elaboraram e ministraram

aulas, de acordo com o nível de desenvolvimento de cada ano. A preparação do roteiro das aulas

teve embasamento no livro “O Jogo de Não Jogar – Uma História Contra o Desperdício, de autoria

de Julieta de Godoy Ladeira”, cujo foco principal era a conscientização ambiental. Finalizamos

através de uma gincana com todos os alunos, com provas que retomavam os conteúdos sobre

sustentabilidade, reciclagem e consumismo de forma a avaliar a apreensão dos conteúdos

trabalhados. Os alunos mostravam-se interessados e discutiam a respeito daquilo que julgavam

importante fazer para a preservação da natureza e, com isso, nós acrescentávamos aquilo que os

alunos desconheciam, como por exemplo, o reaproveitamento de alimentos, para produção de

adubo e a reciclagem de materiais específicos. Essa discussão foi muito importante na confecção de

materiais pelos próprios alunos. O projeto foi de grande relevância, pois conscientizou os alunos

dos primeiros anos do ensino fundamental em relação à preservação do meio ambiente e as

implicações de ações desordenadas do homem que comprometem a vida futura das novas gerações.

Nesse aspecto, o Grupo PET-Pedagogia, concluiu satisfatoriamente por perceber a sensibilização

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

35

dos alunos e da população do Distrito de Bueno de Andrada em relação às questões ambientais.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

36

POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS EM IMAGENS INTEGRANTES DA COLEÇÃO

PROF. EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A

CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS.

Autor: Flávio Santiago ([email protected])

Orientador: Profª. Drª. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Departamento: Metodologia de Ensino (DME)

Este trabalho teve como principal objetivo a busca de potencialidades pedagógicas em imagens

integrantes da Coleção Professor Eduardo de Oliveira e Oliveira. O foco de análise centrou-se nas

possibilidades de tais materiais, cuja utilização possa vir a contribuir positivamente para a

construção da educação das relações etnicorraciais, na prática pedagógica em espaços escolares.

Materias com potencialidades pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais, conforme

sugere Evaldo Ribeiro Oliveira (2009), seriam aqueles que gerariam aprendizagens significativas

para a vida dos envolvidos nos processos de ensinos e de aprendizagens em que se objetiva a

construção de uma sociedade mais equânime. É importante destacar que tais materiais devem

expressar visões de mundo de ascendência africana, mostrar a produção e a capacidade das pessoas

negras, e ajudem a resolver problemas. As Imagens com potencialidades pedagógicas transmitem

significados que se entrecruzam entre o olhar do criador – o fotografo-, em relação ao fato ou objeto

retratado, e a interpretação do observador que contempla a fotografia, tendo em conta as

experiências e conhecimentos que tem acumulado ao longo da vida. Buscar potencialidades

pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais nas imagens da Coleção Professor Eduardo

de Oliveira e Oliveira é uma forma de valorizar a história e cultura da população negra, garantindo

o estudo e a divulgação da participação de africanos e de seus descendentes na construção do Brasil

(BRASIL, 2004, p. 22). Eduardo de Oliveira e Oliveira deixa um legado documental de denúncia e

combate a discriminação da população negra na sociedade brasileira, apresentando a situação do

negro no Brasil como um problema político que só politicamente poderá ser resolvido. As

potencialidades pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais, presentes nos materiais da

Coleção Prof. Eduardo Oliveira e Oliveira, poderiam sirvam como elementos para professores (as) e

educadores, na construção da sua prática pedagógica. A identificação das potencialidades

pedagógicas teve como guia os princípios para a promoção da educação das relações étnico-raciais,

conforme estabelecido pelo Parecer CNE/CP3/2004: “consciência política e histórica da diversidade;

fortalecimento de identidades e de direitos; ações educativas de combate ao racismo e a

discriminações” (BRASIL, 2004, p. 18-19). As imagens da Coleção Professor Eduardo de Oliveira

e Oliveira nos permitem compreendermos percepções múltiplas e plurais da sociedade, aqui

entendidas por visões de mundo ou cosmo visões, maneira como a pessoa identifica sua maneira

etnicorracial e conduz sua existência. Esta ação ao se construir de forma positiva permite que todas

as crianças, adolescentes e jovens se vejam representadas no ambiente escolar, e assim seja

incentivado a construir uma autoimagem positiva, valorizado o seu pertencimento etnicorracial.

Dessa forma podemos perceber que as imagens contribuiriam para que as crianças negras tenham

uma autoimagem valorizada e que as crianças não negras consigam perceber a heterogeneidade

etnicorracial que forma a nação brasileira. Múltiplas são os significados que podem ser explorados,

e novos podem ser percebidos pelos alunos negros e não-negros, entre possíveis significados estão:

a valorização do papel das mulheres negras, homens negros, e das crianças negras para a construção

da nação brasileira também pode ser um elemento, fundamental a ser trabalhado a partir das

imagens, construindo diálogos que afirmem a importância dessas pessoas para o desenvolvimento

do processo histórico da formação da nação brasileira. A utilização destas imagens pode ser

desenvolvida de inúmeras formas, não existindo uma maneira única para seu uso, contudo deve se

tomar sempre cuidado para não reproduzir estereótipos em relação à população negra, conduzindo

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

37

sempre os procedimentos educativos, adequados no sentido da construção da educação das relações

etnicorraciais de modo positivo.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

38

“COMUNIDADE CIENTÍFICA DOS EDUCADORES”: REFERENCIAIS TEÓRICOS E

METODOLÓGICOS.

Autor(a): Mariana de Fátima Tartarini ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

O estudo da perspectiva científica na pesquisa educacional requer uma referência à filosofia e à

epistemologia da ciência, uma vez que não há ainda uma identificação do fenômeno educativo

como uma ciência autônoma e madura, possuidora de métodos e técnicas próprios que o possa

distinguir dos outros campos de investigação. Por não ter tais atributos, não se identifica na

educação um paradigma, condição para a consolidação da comunidade científica e da própria

ciência. O trabalho em andamento, esta sendo desenvolvido na construção do modelo de análise

através do confronto das proposições de, entre outros autores, Kuhn, Popper, Lakatos, Bachelard,

Marx, Weber, Foucault, Bourdieu etc. De posse deste modelo, será iniciada a análise da produção

dos grupos de pesquisa da área educacional catalogados no CNPq e dos grupos de trabalho da

ANPEd, como representantes das tendências relevantes, para em seguida verificar, por amostragem,

a validação do modelo nas teses de doutoramento defendidas nos Programas de Pós-Graduação de

Educação a partir de 2009. Os grupos cadastrados no CNPq fazem parte de uma base de dados

utilizada pela comunidade científica e tecnológica no dia-a-dia do exercício profissional, sendo um

eficiente instrumento para o intercâmbio de informações entre pesquisadores. O mapeamento dos

grupos cadastrados no CNPq objetivou os pressupostos epistemológicos, conforme o modelo

proposto por Kuhn, que permitem reconhecer o grau de amadurecimento do campo educacional

enquanto comunidade científica, através da construção de um modelo fundado na produção

acadêmica de programa de pós-graduação e de eventos qualificados. Este trabalho desenvolve uma

análise entre concepções científicas, a respeito da natureza social da ciência. Uma aproximação

entre essas perspectivas pode ser traçada em função da importância que ambos atribuem à questão

da adesão a valores como um elemento fundamental para a compreensão da atividade científica.

Conferindo centralidade à noção de comunidade científica, convergem para a análise da ciência

como prática que se define a partir de um conjunto de crenças, princípios e normas compartilhados

por uma determinada coletividade. Ainda que apontando algumas diferenças substantivas entre as

perspectivas em questão pretende destacar a relevância de se considerar as crenças e os valores

institucionalizados como uma dimensão essencial a orientar as ações concretas dos pesquisadores.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

39

A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E A MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: UM

OLHAR NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR ESPECIALISTA

Autor: Rogério Colaço da Silva ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Denise S. Vilela.

IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Departamento: Metodologia de Ensino (DME)

Tendo como referencia as dificuldades que o professor especialista encontra no ensino da disciplina

de matemática para alunos da 5ª série e a ainda as experiências obtidas em estágios supervisionados,

em um primeiro esforço para compreender a formação do aluno da escola básica de uma forma

completa e indissolúvel, este trabalho tem como objetivo conhecer a formação matemática do

professor das séries iniciais. Com a necessidade de delimitar o objeto de estudo, nos atentamos

apenas ao curso de pedagogia da UFSCar, implantado em 1971, conta atualmente com 45 vagas no

período noturno e 45 vagas no período matutino e tem duração de 10 semestres. Tomamos como

referência para conhecer o curso de pedagogia os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) ciclos

I e II e a prática dos professores das séries inicias e de docentes da UFSCar que atuam diretamente

com a educação matemática. Foi realizado um levantamento bibliográfico, abrangendo teses de

mestrado e doutorado, revistas eletrônicas e impressas, artigos das áreas de educação e educação

matemática, análise dos PCN’s ciclos I e II e da proposta curricular do curso de pedagogia, foram

realizados questionários com os alunos do último ano do curso de pedagogia e com os professores

atuantes nas séries iniciais nas redes públicas e privadas, foram realizadas também entrevistas semi-

estruturadas com as professoras formadoras, ou seja, com as docentes da Universidade que atuam

na formação dos futuros pedagogos e pedagogas. Percebemos que a continuidade do trabalho com

os alunos de 5ª série não é favorecido pela diferença na formação, entre o pedagogo e o licenciando

em matemática (professor especialista), essa diferença na formação ficou explicitada, tanto na grade

horária do curso de pedagogia, que destina um baixo percentual do total de horas do curso ao ensino

de praticas de ensino de matemática, quanto nas opiniões dos formandos em pedagogia e dos

decentes da Universidade. Temos, portanto, que o professor especialista pode contribuir para

amenizar essas diferenças na formação, trabalhando de forma conjunta, tanto na formação do futuro

professor, quanto na sua prática diária.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

40

SEÇÃO E - TRABALHO DOCENTE

O CASO DE UMA PROFESSORA “BRAVA”.

Autor(a): Adriele Gonçalves da Silva ([email protected])

Co-Autor(a): Elaine Cristina Scarlatto ([email protected])

Orientadora: Profª. Drª. Marilda da Silva

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

O objetivo desta pesquisa é apresentar facetas violentas do habitus professoral. Fundamentamo-nos

em Pierre Bourdieu (1989) e Silva (2003), uma vez que buscamos os modos pelos quais os/as

professores/as exercem o conjunto de suas ações em sala de aula. Dessa forma, observamos 50

horas/aulas ministradas por uma professora do Ciclo I de uma escola pública situada em

Araraquara-SP. Esta possui 20 anos de carreira docente. Fatos, gestos, acontecimentos,

comportamentos, opiniões expressas e ações daquela profissional foram alvos de nossa investigação.

Trata-se, portanto, de um estudo de caso de natureza qualitativa. Ou seja, temos uma variante com

seus limites, mas que pode trazer ricos apontamentos para pensarmos o trabalho docente. Os

resultados evidenciaram que tais facetas são: gritos, humilhações e chacoalhões. Esses

comportamentos foram repetidos cotidianamente durante nossas observações. Logo, a relação

professora-alunos investigada é violenta. Neste contexto as crianças demostraram expressões de

medo, susto, evidenciavam sentir receio até mesmo de tirar uma dúvida acerca do conteúdo que era

exposto e diziam reiteradamente que a professora é “brava”. A reflexão que fazemos é em relação

ao tipo de habitus professoral que está sendo desenvolvido e reproduzido por nossos educadores no

que tange à violência em meio escolar. Assim, revelamos atos violentos provocados por uma

docente em sala de aula, a fim de encontrarmos alternativas para erradicar este fenômeno e

promover a paz em nossas escolas.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

41

MUDANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DE PROFESSORAS DOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPACTO DAS AÇÕES POLÍTICAS NAS

PRÁTICAS DOCENTES.

Autor(a): Ana Teresa Scanfella ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

Este trabalho tem por objetivo analisar a resistência de professoras alfabetizadoras em relação às

ações políticas voltadas à alfabetização e materializadas em programas de formação continuada

visando alterar as práticas docentes. Considera-se que a prática pedagógica está fundamentada em

procedimentos definidos por saberes oriundos de aspectos que compõem a trajetória de vida de cada

docente. De acordo com Borges (1998) é na prática pedagógica e no decorrer do processo formativo

que os professores constroem saberes, os quais se constituem num saber-fazer que direciona suas

ações e, com isso, lhes possibilita estabelecer relações com o conhecimento já sistematizado.

Muitos professores, no entanto, tendem a enfatizar e valorizar a prática em detrimento da teoria

adquirida em sua formação inicial e/ou continuada. Deste modo, evidencia-se uma fragmentação

entre teoria e prática que limita a ação do professor, pois de acordo com Gimeno Sacristán (2000, p.

48) “[...] a teoria deve servir de instrumento de análise da prática, em primeiro lugar, e apoiar a

reflexão crítica que torne consciente a forma como as condições presentes levam à falta de

autonomia”. Com a democratização do acesso à escola pública por volta da década de 1960, devido

ao crescimento urbano, à industrialização e o direito ao ensino, tais instituições passam a atender

uma demanda cada vez maior de alunos (MARIN, GIOVANNI e GUARNIERI, 2004). Amplia-se

assim a quantidade de pesquisas acadêmicas relacionadas ao assunto e o poder público brasileiro, na

década de 1990, passa a investir em Parâmetros Nacionais que direcionam o currículo das

instituições escolares, bem como incentivar medidas de formação continuada para os professores

devido, principalmente, aos altos índices de fracasso escolar, retenção e evasão. Neste contexto,

destacam-se ações políticas que procuraram implementar novas concepções teóricas e

metodológicas à alfabetização, por meio de cursos e/ou materiais teóricos destinados a formação

continuada do professor. Como exemplo destaca-se o PROFA (Programa de Formação de

Professores Alfabetizadores) formulado pela Secretaria de Educação Fundamental e apoiado pelo

Ministério da Educação, cujo início ocorreu no final da década de 1990. Outro programa de

alfabetização destinado à formação continuada de professores é o Pró-Letramento, realizado pelo

MEC em parceria com universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com

adesão dos estados e municípios, passando a vigorar um pouco depois do programa anteriormente

citado e procurou implementar propostas metodológicas direcionadas ao trabalho do professor

alfabetizador. É possível notar o esforço das ações políticas no sentido de promover mudanças no

que tange à alfabetização, no entanto, muitas vezes os professores demonstram resistência a tais

propostas e as “ressignificam” em suas práticas cotidianas. De acordo com Marcelo (1999) a

conduta dos professores se modifica somente quando diante de pequenas mudanças que não

oferecem riscos, caso contrário, apresentam resistência à mudança, a qual diz respeito aos fatores

que os impedem de realizar novos encaminhamentos à sua prática pedagógica. Assim sendo,

almeja-se pesquisar alguns programas de alfabetização desenvolvidos por uma Secretaria Municipal

de Educação do interior paulista a partir da década de 1990, analisando as concepções que os

embasam e comparando aspectos relativos aos métodos de ensino por eles abordados. Além disso,

pretende-se realizar entrevistas com professoras alfabetizadoras experientes objetivando apontar

reações de resistência em relação aos programas propostos para alfabetizar. Diante disso, cabe

levantar as especificidades e regularidades existentes entre os programas e comparar tais dados com

as manifestações das professoras, com o propósito de reconhecer e categorizar os tipos de

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

42

resistências presentes, bem como verificar por quais bases de saberes as professoras resistem,

ressignificam e mantêm estratégias pedagógicas de contorno a métodos, medidas e projetos

institucionais desenvolvidos a partir dessas ações políticas voltadas à alfabetização.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

43

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA.

Autor(a): Andréia da Cunha Malheiros Santana ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

Este trabalho tem como principal objetivo estudar o estágio supervisionado dentro de um curso de

licenciatura, tendo como local escolhido para observação o curso de Letras da Faculdade de

Ciências e Letras do Câmpus de Araraquara. Estudos mostram o estranhamento do docente iniciante

ao enfrentar a realidade da sala de aula, uma das causas encontradas para este estranhamento é a

falta de preparo prático do professor iniciante. Muitas vezes ele sai da graduação sem imaginar o

que vai encontrar, o que mostra que os cursos de formação de professores não estão atendendo a

todos os seus objetivos, de acordo com Schõn (2.000), tal fenômeno está acontecendo em diversas

áreas, mas é na área da educação que as críticas são mais intensas. Ao buscar um respaldo teórico

para entender esta realidade, pude perceber que a situação não é recente e que o problema há muito

já vem sendo discutido. Se há um tema que surgiu com vigor nos últimos anos, obrigando a

reformular os estudos sobre formação de professores, referimo-nos certamente às pesquisas que se

têm desenvolvido em torno do amplo descritor "aprender a ensinar" (Marcelo, 1998, p. 51). Dentro

do descritor aprender a ensinar, este trabalho pretende focalizar seus estudos no que se relaciona ao

estágio, entretanto, isto não significa que ele seja o único responsável pelas falhas na formação

pedagógica do professor, mas que será dada mais ênfase a ele no contexto em que está inserido,

com o intuito de centralizar o estudo num dos vértices bastante importante da formação docente. O

principal objetivo do curso de Letras é formar professores e pesquisadores nas diversas áreas:

Linguistica, Língua Portuguesa, Teoria Literária, Literatura Portuguesa e Brasileira, Filologia

Românica, Línguas e Literaturas Estrangeiras: Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Grego e Latim. A

primeira turma do curso de Letras teve seu ingresso em 1.960 e conclusão em 1.963. A formação

pedagógica caberia às seguintes disciplinas: História da Educação: 68 horas aulas; Filosofia da

Educação: 54 horas aulas; Psicologia: 95 horas aulas; Didática Geral: 57 horas aulas e Didática

Especial: 58 horas aulas. Tais disciplinas totalizavam 332 horas aulas dedicadas à área pedagógica.

Em 1.996 surge a nova LDB e os cursos de graduação precisam modificar-se para atendê-la. A lei

no. 9.394 no seu artigo 65 postula, anos depois, para a prática de ensino um total de 300 horas no

mínimo e termina este item com o seguinte parágrafo: A experiência docente é pré-requisito para o

exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério nos lermos das normas de cada

sistema de ensino. Embora a lei date de 1.996, a sua adaptação pela resolução Unesp (59) somente

foi publicada no Diário Oficial em 05/08/2.000 (seção I, página 30), revogando-se as disposições

contrárias e produzindo seus efeitos às turmas ingressantes a partir de 1.997. A partir desta data, a

formação pedagógica integrada passou a ter 525 horas distribuídas em 35 créditos, dos quais 15, o

equivalente há 225 horas somente para estágio, esta mudança reflete uma preocupação maior com a

importância da formação prática para os futuros professores. O projeto pedagógico para a

licenciatura focaliza o objetivo de formar professores que além do domínio na sua área de

conhecimento, também tenham uma visão ampla da educação, que incorporaria os aspectos

epistemológicos da função docente, a vivência da realidade de escola e a fundamentação teórica

necessária para que se possa refletir sobre os vários aspectos da educação.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

44

SITUAÇÕES DE ENSINO: CONTRIBUIÇÕES À IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES

FORMATIVAS DE PROFESSORES.

Autor(a): Camila José Galindo ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

O presente estudo situa-se no campo do trabalho docente e da formação de professores. É fruto da

Tese de Doutorado da autora intitulada “Análise de necessidades formativas de professores: uma

contribuição às propostas de formação”, defendida no contexto do Programa de Pós Graduação em

Educação Escolar da Unesp-Araraquara (Galindo, 2011), a qual contou com um período de estudo

na Universidade de Lisboa-Portugal no ano de 2010 para fins de aprofundamento teórico e

metodológico. O recorte aqui apresentado está teoricamente calcado na produção acadêmica

brasileira e internacional relacionada aos temas do trabalho docente (Tardif e Lessard, 2007;

Korthagen, 2009), da formação continuada de professores (Garcia, 1999; Day, 2001; Josso, 2002) e

da análise de necessidades formativas (Wilson e Easen, 1995; Rodrigues e Esteves, 1993; Rodrigues,

2006; Galindo, 2007; entre outros). Os autores utilizados contribuem para intensificar as discussões

relativas, especialmente, as necessidades formativas docentes no contexto de atuação profissional

na escola, bem como para ampliar as possibilidades de alcance teórico e prático dessa área em

formação, a qual está em comunhão com as demandas atuais de renovação da escola por meio da

formação e do trabalho docente. Objetiva-se com esse trabalho oferecer elementos para se

identificar e distinguir necessidades formativas de professores em situações de ensino, bem como

problematizar os processos de identificação de necessidades formativas, historicamente utilizados e

propor novas estratégias de identificação e de análise. A metodologia utilizada para o estudo com

características da etnografia (Rockwell, 2009) focalizou as situações de ensino de duas professoras

atuantes no primeiro ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental de uma escola pública periférica

da cidade de Araraquara-SP- Brasil, durante o segundo semestre do ano de 2009. Utilizou-se a

observação participante como técnica principal de coleta de dados. Os dados obtidos no contexto da

sala de aula foram registrados em Caderno e Notas de Campo e contrastados com outros dados

coletados por meio de fontes diversas relativas ao ensino e ao contexto de vida dos alunos. As

análises dos dados apontam que a centralidade do ensino na prática profissional docente reflete, de

diversas formas, necessidades formativas que podem ser alvo de propostas de formação na escola.

Os dados apontam ainda para a emergência de estratégias de identificação de necessidades

formativas dirigidas à complexidade das necessidades docentes, as quais repercutem diretamente

nas concepções de necessidades formativas, de formação docente e de trabalho docente. Os

resultados identificam que a rotina inerente ao trabalho docente constitui o centro do processo de

análise de necessidades em situações de ensino, a qual norteia o desempenho docente. Ela ainda se

apresenta paradoxalmente como via de acesso e desafio às propostas de formação baseadas em

análise de necessidades na escola.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

45

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES DE RANCHARIA-SP SOBRE A

ESCOLA PÚBLICA E SEUS ALUNOS: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS

COLOCADOS AO TRABALHO DOCENTE.

Autor(a): Gabriela Reginato de Souza ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Yoshie Ussami Ferrari Leite

IES: IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente

Departamento: Educação

Ao tratamos dos problemas que se colocam atualmente ao trabalho dos professores é importante

termos clareza de que a escola pública que conhecemos hoje, democratizada, é bastante recente.

Trata-se de uma conquista, não cabendo nenhum tipo de saudosismo em relação à escola elitista do

passado (BEISIEGEL, 1980). Dentre os desafios que se colocam atualmente à melhora qualitativa

da escola, está a formação de professores, tanto inicial quanto contínua, que vem apresentando

deficiências na preparação de profissionais para atuar na complexidade deste contexto educacional

(GHEDIN, LEITE e ALMEIDA, 2008). Outro ponto a ser considerado, quando pensamos na

superação dos problemas presentes na escola pública atual é a questão das representações sociais

dos professores (JODELET, 2001), que podem levá-los ter ações ou menos favoráveis em relação

aos alunos, incidindo sobre o sucesso de seu trabalho, já que de acordo com Rosenthal de Jacobson

(1983) os sujeitos tendem a agir de acordo com as expectativas que se tem em relação a eles.

Considerando estes aspectos foi realizada uma pesquisa que teve como objetivos realizar um

levantamento bibliográfico que se constituiu como base teórica para a pesquisa; investigar as

representações sociais dos professores de Rancharia-SP acerca da escola pública e seus alunos e

aprofundar os dados obtidos em relação a essas representações. Os dados referentes às

representações sociais dos professores da rede municipal de ensino de Rancharia-SP foram

coletados por meio de um questionário aplicado a 91 professores. Nesta fase da pesquisa foi

empregado o método da evocação de palavras que foram tabuladas com o auxílio do software

EVOC, que as organiza por ordem de evocação e de importância dentro das representações sociais.

Depois disso, foi efetuado o aprofundamento das representações detectadas através de entrevistas

semi-estruturadas aplicadas a 15 dos professores que participaram da primeira fase da pesquisa. A

tabulação e análise dos dados foram feitas manualmente por meio da análise de conteúdo. A análise

das representações sociais dos professores de Rancharia-SP sobre a “escola ideal” e a “escola

pública de hoje” bem como ao que se refere ao “aluno ideal” e ao “aluno da escola pública de hoje”,

mostra que tanto a escola quanto os alunos ideais são caracterizados de forma muito positiva,

enquanto que a escola e o aluno com os quais o docente se depara no cotidiano de seu trabalho são

vistos de forma negativa no núcleo central e no sistema periférico de suas representações sociais. O

perfil dos docentes nos trouxe a informação de que em sua totalidade são do sexo feminino e que a

maioria cursou instituições particulares de ensino superior. Ao aprofundarmos as representações

sociais expressas pelos docentes nossa investigação demonstrou que estas representações negativas

em relação à escola e ao aluno atuais são explicadas a partir da responsabilização de três agentes,

sendo eles: as famílias dos alunos, os alunos e os próprios professores, ou seja, a forma como

realizam seu trabalho. Constatou-se a necessidade de haver mais parceria entre famílias e escola e

também uma posição crítica dos docentes em relação ao trabalho realizado em sala de aula e sua

influência sobre a instituição escolas e seus alunos. Além disso, um dado relevante é que apesar das

dificuldades apontadas a maioria dos docentes afirma que é possível trabalhar com os atuais alunos

da escola pública. Por isso reiteramos a necessidade que os processos de formação considerem as

representações sociais dos professores possibilitando que estes profissionais reflitam sobre a

complexidade de seu trabalho e os desafios que se colocam cotidianamente nas escolas públicas,

buscando meios para a sua superação, possibilitando o acesso a uma educação de qualidade a todos

os alunos que conquistaram o direito à educação.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

46

A IDENTIFICAÇÃO COM A DOCÊNCIA.

Autor(a): Jáina Vitória da Silva Oliveira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

O presente trabalho visa compreender como se dá o processo de constituição de identidade do

professor e como este é reafirmado, abordando questões sobre o que leva o sujeito a se direcionar

para a docência, o que o motiva a permanecer na profissão e o que faz com que este obtenha

realização e gosto pelo trabalho realizado. Para uma aproximação inicial sobre o tema realizou-se

leituras de livros, teses e dissertações referentes ao trabalho docente e identidade de professores. Os

estudos analisados (FONTANA, 2000; MOGONE, 2001; SILVA, 2006) destacam que o ensino

ainda é escolhido como profissão devido a fatores de ordem material, pessoal ou profissional e o

tornar-se professor muitas vezes está ligado à questão da “vocação”. Deste modo encontram-se

relatos de professores que afirmam a escolha pela profissão por vocação, por gostarem de crianças,

pelas aulas de catecismo que ministraram e gostaram, por já terem cuidado de crianças (como babás,

de irmãos menores ou primos) e por possuírem o desejo de ensinar e de partilhar o saber; há

também aqueles que se encaminharam para a docência pelo fato de, como profissionais, “terem

liberdade de ação” e “horários flexíveis” que possibilitam “ter uma vida familiar normal”,

“acompanhar os filhos”. Para Mogone (2001) o trabalho de professor é vinculado a um desempenho

que exige outra qualificação, sendo concebido de menor valor quando comparado a outros trabalhos,

isso ocorre devido ao fato de que o papel do professor inclui vários trabalhos “invisíveis” presentes

nas condições da vida cotidiana (como o trabalho doméstico), de cuidado, socialização e educação

infantil. Tais funções não são remuneradas (no cotidiano) e possuem fortes conotações de expressão

afetiva e obrigação moral. A autora destaca que para ser um “bom profissional” não basta ter

vocação para o ensino, pois quando alguns desses professores se dirigem para a prática docente não

conseguem lidar com as dificuldades imprevisíveis do dia-a-dia da sala de aula. Segundo Mogone

(2001), há professores que se descobrem em uma identidade pedagógica com o passar do tempo na

profissão, há também àqueles que adquirem uma orientação mais positiva sobre sua função e se

satisfazem cada vez mais a partir de novos desafios ou aspectos do seu trabalho ou em relação aos

colegas de profissão. Além disso, apesar do trabalho do professor ser desvalorizado financeiramente

ou escolhido por falta de opção por outro trabalho, a própria prática docente pode se tornar a

motivação do profissional. O que dá energia e motivação ao docente, muitas vezes, é a relação que

possuem com as crianças, jovens e seres humanos, e pelo fato de contribuir para o crescimento dos

alunos. Os professores concordam que sem o “gosto” o trabalho docente seria meramente

insuportável e não haveria professores, porém, deve-se levar em consideração que o gostar docente

varia muito de professores a professores e que mesmo havendo professores que demonstrem um

enorme orgulho por gostar da profissão e prazer no que fazem não significa ausência de crítica em

relação as suas condições como é o caso dos salários baixos e do ambiente escolar de trabalho estar

longe do ideal. Porém, de todos os relatos coletados por Fontana (2000) evidencia-se que a maior

queixa dos professores referentes à profissão docente está em segundo lugar vinculada ao baixo

salário, e em primeiro lugar está a falta de reconhecimento social da magnitude e da importância da

educação. De acordo com Silva (2006), os professores estão vivenciando uma crise profissional que

se configura em uma desvalorização econômica, social e política. Econômica devido às questões

salariais; social pelo fato de que ora o professor é visto como único retentor de informações, ora não,

e a forma como a profissão é situada publicamente e socialmente tem um peso considerável; e por

fim política, visto que por mais que os professores formem uma categoria, esta não possui força

suficiente para mudar a situação em que se encontram. Conclui-se que o processo de constituição de

identidade de cada professor se dá de modos distintos e a reafirmação desta identidade ocorre no

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

47

cotidiano do trabalho docente, e compete ao professor buscar o melhor para sua profissão, tanto se

dedicando de forma digna ao trabalho, quanto se aperfeiçoando, atualizando seus conhecimentos, e

aprendendo no dia-a-dia da sala de aula qual a melhor forma de ensinar, de preparar seus alunos

para o futuro.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

48

A EXPECTATIVA DISCENTE FRENTE À PRÁTICA DOCENTE.

Autor(a): Juliana Rossi Duci ([email protected])

Co-Autoras: Claudia Roberta Küll ([email protected]); Gisleine Cristina Mazzolin

([email protected]); Lilian Silva de Carvalho ([email protected]).

Orientador(a): Profª. Drª. Vanessa Girotto

IES: Universidade Federal de Alfenas

Departamento: Didática

O presente trabalho de pesquisa teve como norte a disciplina Profissão Docente na Sociedade

Contemporânea do curso de Especialização Ética, Valores e Saúde na Escola, do Programa

UNIVESP/USP o qual apresenta como ponto central a investigação e reflexão sobre a expectativa

discente frente a prática docente em escolas da rede pública e privada do interior de São Paulo,

região central. Observamos as motivações, buscas e expectativas dos estudantes das 7ª séries/8º

anos, perante a prática docente no cotidiano da sala de aula. Sobre esta visão buscamos analisar as

intenções, buscas e sugestões que os estudantes apontaram, pensando sempre na motivação que

perpassaram suas respostas. Na metodologia foram utilizados dados coletados através da aplicação

de questionário com questões abertas e fechadas. O método de análise qualitativo e descritivo

exploratório subsidia a avaliação e apresentação dos argumentos que contemplam nossa

investigação. A questão proposta tem por finalidade compreender a relação da profissão docente no

mundo contemporâneo e, nesse sentido, buscamos desenvolver nossa pesquisa, a fim de investigar

quais são as expectativas dos alunos em relação à prática utilizada pelos professores em sala de

aula. A partir da análise da sociedade da informação e do conhecimento (CASTELS,1999)

compreendemos que o ambiente escolar e o processo de ensino aprendizagem revela inúmeras

contradições que precisam ser debatidas, e buscando colaborar com esse debate apresentamos nossa

pesquisa, a qual tem por base a metodologia de pesquisa Problem Based-learning (PBL ou

Aprendizagem Baseada em Problemas e por Projetos - ABPP), além da utilização de análise

qualitativa a partir de questionário aplicado a um universo de cerca de 140 alunos, esses inseridos

em escolas da rede pública e privada do interior de São Paulo. A reflexão proposta parte da

apresentação de como se encontra, na contemporaneidade, a profissão docente, seus principais

desafios e compromissos, assim como também abordamos o papel do estudante (aluno) em um

contexto de grandes expectativas e exigências do mercado. Em conseqüência desse panorama

buscamos discutir qual é a realidade encontrada por professores e alunos no cotidiano escolar, a

partir do viés da motivação que cada componente escolar desenvolve ao longo do processo

educacional. Nesse sentido apresentamos discussões sobre como os professores podem estabelecer

laços de interação entre os estudantes a fim de conseguir estimular a proximidade, e

conseqüentemente desenvolver a motivação para que o estudante se torne ativo em seu processo de

aprendizagem (JESUS, 2002). Ao realizar a pergunta: “Qual a expectativa discente frente à prática

docente?” temos como foco a compreensão das motivações que levam os estudantes a estarem na

escola e assim compreenderem a sala de aula como espaço de construção do conhecimento, e nesse

sentido apontar algumas possibilidades de ações que os professores podem desenvolver em

convergência com as sugestões e necessidades indicadas pelos estudantes entrevistados. Desta

forma, através de um estudo descritivo exploratório, valendo-se de questionários aplicados a alunos

do 8ª ano (7ª série) do Ensino Fundamental II, apresentamos uma análise de dados a qual promove o

debate sobre a nossa pergunta inicial, visando assim apresentar de forma clara e objetiva as

expressões dos estudantes frente à prática docente. Toda a investigação depreendida ao longo da

pesquisa também se pautou na abordagem dos temas transversais que tem como preocupação a

educação em valores, com a busca da solução de problemas sociais, bem como a tentativa de

ligação dos conteúdos científicos e culturais com a vida das pessoas, as quais devem ser sujeitos da

educação nos processos de construção dos conhecimentos.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

49

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AS NECESSIDADES DAS CLASSES

POPULARES NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

Autor: Marcos Vinicius Marques ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Fernando Donizete Alves

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Departamento de Educação Física e Motricidade Humana

Entende-se ser uma das principais necessidades das classes populares, na busca de condições mais

dignas e justas de vida, a oportunidade de apropriação de forma crítica do saber sistematizado

construído historicamente pela humanidade, sendo o professor o mediador entre o aluno e estes

saberes, os quais em sua maioria lhe são negados através de ideologias capitalistas presentes na

escola, que se manifestam muitas vezes pelas tendências pedagógicas materializadas em seu projeto

político pedagógico (PPP). Este trabalho é de cunho qualitativo, sendo uma pesquisa de campo do

tipo exploratório, que tem por objetivo entender como se dá a relação entre o projeto político

pedagógico da escola e as necessidades das classes populares, para apontar caminhos em direção a

uma mudança no sentido do atendimento das necessidades/anseios dessa classe e da valorização da

Educação Física como uma importante área de conhecimento. Com base na revisão bibliográfica,

que diz respeito à pedagogia histórico-crítica como tendência pedagógica que apresenta idéias

essenciais em relação ao atendimento das necessidades das classes populares e ao projeto político

pedagógico, que deveria ser construído de forma coletiva e comprometida com as reais

necessidades da população que a escola atende, foi analisado de uma forma descritiva e crítica o

PPP de uma escola estadual de um município do Estado de São Paulo. Além disso, como

instrumento de coleta de dados, foram também realizadas entrevistas, do tipo semi-estruturada, com

os professores de Educação Física da mesma escola (três), a fim de identificar e entender como se

dá a relação da prática pedagógica dos mesmos com o projeto político pedagógico e com as

necessidades das classes populares. Através da análise do PPP e da transcrição e categorização das

entrevistas construiu-se os resultados, que se referem principalmente à alienação da prática docente,

principalmente dos professores de Educação Física, à desarticulação entre o projeto e a realidade. E

isso é um fato de extrema importância, pois como diz Vasconcellos (2002), o PPP “é um

instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de

organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação”

(VASCONCELLOS, 2002, p. 169) e por isso não pode ser construído e concretizado de uma forma

alienada. Além desses fatores constatamos uma necessidade de mudança no sentido do

cumprimento da verdadeira função da escola pública, que acredita-se ser a mediação entre o saber

do aluno e o saber historicamente construído pela humanidade, a ser apropriado de forma crítica.

Segundo Saviani (1991), as classes populares precisam da escola para ter acesso ao saber

sistematizado erudito e, ao mesmo tempo, usufruírem da cultura popular de uma forma elaborada,

para poderem, apropriadas realmente dos conhecimentos historicamente acumulados, provando na

prática a ontologia do ser social, ter instrumentos de contestação social. Segundo a nova Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), lei nº 9.394/96, artigo 12, inciso I: “Os

estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a

incumbência de elaborar e executar a sua proposta pedagógica” (BRASIL, 1996). Faz-se necessário

uma ação pedagógica mais comprometida e mútua, no sentido da participação de todos envolvidos

com o processo educativo na elaboração e construção desta proposta pedagógica (PPP), o que

geraria um maior comprometimento destes com as reais necessidades da escola e,

conseqüentemente, da população que a mesma atende. É preciso também, a cada dia mais, que o

professor de Educação Física tome consciência do seu papel de docente e mediador entre o aluno e

o conhecimento historicamente acumulado, para, assim, poder contribuir como uma escola mais

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

50

democrática e uma sociedade mais justa.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

51

LEVANTAMENTO DE TEMAS GERADORES NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS DE ARARAQUARA.

Autor(a): Raquel Rocha Geraldo ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Didática

A importância de se trabalhar com temas geradores na alfabetização de jovens e adultos é facilitar a

articulação entre o saber popular e a experiência de vidas dos alunos e os conteúdos do saber escolar.

O tema gerador constitui um recorte da realidade ao mesmo tempo em que remete para um texto e

para palavras geradoras que possibilitam o domínio da linguagem escrita. Como explica Brandão

(1981, p. 38-39), os temas geradores são: “Temas concretos da vida que espontaneamente aparecem

quando se fala sobre ela, sobre seus caminhos, remetem a questões que sempre são as das relações

do homem: com o seu meio ambiente, a natureza, através do trabalho; com a ordem social da

produção de bens sobre a natureza; com as pessoas e grupos de pessoas dentro e fora dos limites da

comunidade, da vizinhança, do município, da região; com os valores, símbolos, ideias.” Cada tema

é como se fosse uma ponte para ligar a realidade vivida (a “leitura do mundo”) com a realidade

estudada na escola por meio de textos e exercícios (a “leitura da palavra”). Portanto, para

selecionar temas geradores há a necessidade de se pesquisar a realidade local e social dos

educandos, percebendo não só o que existe nessa realidade, os problemas, conflitos, desafios, mas

também as conquistas, avanços e possibilidades de transformação. Dessa forma o procedimento

pedagógico que utiliza os temas geradores permite que o indivíduo se aproprie dos signos da cultura

elaborada, superando gradativamente a visão de senso comum, aproximando-se do saber universal,

historicamente acumulado, mas dando a esse conhecimento um significado concreto e um sentido

transformador. O Projeto “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado

de Araraquara”, vem desenvolvendo um processo integrado de pesquisa e extensão com os(as)

alfabetizadores(as) desse programa, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino, por meio

da produção de materiais pedagógicos e sequências de atividades didáticas que vem sendo

elaborados de forma participativa e colaborativa e aplicados nas salas de aula. Ao mesmo tempo, os

produtos da pesquisa de materiais e atividades didáticas vêm sendo utilizados para ações de

formação continuada com esse grupo de alfabetizadores. O início do processo de produção do

material didático deu-se a partir de encontros e conversas com os alfabetizadores. A partir desses

encontros foram levantados temas geradores que fariam parte do universo cultural dos educandos.

Esse procedimento foi utilizado tendo em vista que as aulas ainda não haviam se iniciado, não

sendo possível levantar os temas diretamente com os alfabetizandos. Ao mesmo tempo, os

alfabetizadores levantaram temas que consideraram importantes para formação crítica e cidadã.

Surgiram nesses debates temas como: trabalho, família, qualidade de vida, violência doméstica,

dentre outros. Ao final de algumas reuniões chegou-se a uma lista com 36 Temas Geradores,

apresentados a seguir:

Tabela 1: Lista de temas geradores

Catástrofes naturais Higiene pessoal Saúde Trabalho

A passagem do

tempo Educação escolar Políticas públicas Comunicação

Criminalidade Amizade Violência doméstica Migração

Autoestima Política Meios de comunicação Redes Sociais

Atividade física e

saúde Recursos naturais Consumo Cultura regional

Qualidade de vida Solidariedade Meios de transporte Família

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

52

Fé Industrialização Cuidados pessoais e

beleza Velhice

Futebol Alimentação

saudável

Qualificação

profissional Folclore

Sexualidade O homem e o lixo Solidão Religião

Fonte: Projeto “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado de

Araraquara”

Esse rol de temas foi utilizado para selecionar 50 textos e 50 palavras que estão sendo trabalhadas

na alfabetização de jovens e adultos. O conjunto temas, textos e palavras com respectivos exercícios

de uso da linguagem escrita estão sendo sistematizados em uma coleção de quatro cadernos

didáticos, de acordo com níveis de dificuldade de aprendizado que vão do nível 1 ao 5. Esses níveis

foram estruturados de forma representativa de acordo o grau de instrução ortográfica necessária em

cada nível. À medida que vai sendo produzido, esse material de apoio vai sendo aplicado pelos(as)

alfabetizadores(as) gerando sugestões de aperfeiçoamento. Ao utilizarmos os temas geradores

propusemos assuntos relevantes ao universo dos educandos, com o objetivo de resgatar sua

compreensão da realidade e sua cultura e, ao mesmo tempo, superar a consciência ingênua,

formulando uma visão mais crítica dessa realidade.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

53

PIBID: EXPERIÊNCIAS, PRÁTICAS DE LINGUAGEM, DENTRO E FORA DA AULA DE

LÍNGUA MATERNA, E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES.

Autor: Renan Bolognin ([email protected])

Co-autor(a): Vânia Cristina de Oliveira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Valencise Gregolin

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Departamento de Metodologia e Ensino (DME)

“O desafio é não transformar o ensino em mera transmissão de saberes e conhecimentos, mas que

queiram implementar uma educação cujo objetivo essencial é aprender a aprender” (Geraldi,1996

p. 73). Durante muito tempo acreditou-se que o ensino de língua deveria estar baseado no ensino de

estruturas e regras gramaticais. Com o desenvolvimento de teorias que privilegiavam o social e

discursivo, passou-se a defender este ensino deveria estar calcado em aspectos pragmáticos. O

trabalho com a linguagem, considerada como a capacidade humana de articular significados

coletivos e compartilhá-los, deve levar em conta não somente o trabalho específico com a língua,

mas priorizar as diversas possibilidades de articulação entre os conhecimentos prévios dos alunos e

os conhecimentos específicos de cada área (BRASIL, 2000). Com isso, o advento de teorias como a

sociolinguística interacional (BRONCKART, 1999) possibilitou que a reflexão sobre a língua se

baseasse em uma perspectiva pragmática, de modo a proporcionar ao aluno, na aula de língua

materna, novas práticas de linguagem. Pensando essa concepção socioconstrutivista de ensino de

línguas (Rojo, 1996) e as múltiplas possibilidades de atividades em sala de aula, o presente trabalho

apresenta resultados de pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação à Docência (PIBID/UFSCar). O objetivo central do PIBID é oferecer a alunos das várias

licenciaturas da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos – vivências em escolas públicas que

contribuam com sua formação, levando em conta os diferentes aspectos envolvidos na profissão

docente. Os dados utilizados para análise no presente trabalho foram coletados durante o

planejamento e desenvolvimento de atividades elaboradas e implementadas, colaborativamente, por

licenciandos em Letras e professores de uma escola pública do interior de São Paulo. As atividades

propostas tiveram como eixo norteador a necessidade de buscar novas estratégias que contribuíssem

com a melhoria da qualidade de ensino de língua, a partir de uma perspectiva sócio-interacionista,

que levou a uma reflexão sobre o funcionamento da linguagem (BRASIL, 1997) na

problematização de aspectos de uso em situações de interação. A partir de uma perspectiva crítico-

reflexiva (Almeida Filho, 1999; Schön, 2000), a pesquisa teve como objetivo desenvolver refletir

sobre a ação em sala de aula de língua materna. Inicialmente, foram analisadas práticas de ensino de

língua e, após essa etapa inicial, foram propostas e implementadas práticas de ensino que

privilegiassem o uso significativo e intercultural por meio do trabalho com diferentes gêneros

textuais. Por meio da reflexão, análise e problematização de situações práticas do cotidiano da sala

de aula de línguas, o processo de ação-reflexão-ação esteve presente nas soluções encontradas pelos

licenciandos para resolução de problemas. Os resultados alcançados evidenciam que a experiência

de convívio no ambiente de escola pública entre licenciandos e professores possibilitou o

desenvolvimento da capacidade de reflexão sobre aspectos relacionados à docência, o que

contribuiu para a constituição identitária de futuros profissionais críticos-reflexivos e o

amadurecimento, por parte dos universitários, de questionamentos teóricos que envolviam o ensino

nas instituições públicas e que agora também estão sendo, de certa forma, vivenciadas de maneira

prática. Nessa exposição serão apresentadas as atividades desenvolvidas, as principais dificuldades

no momento de implementação e os desafios que ainda devem ser enfrentados para que o trabalho

com a linguagem em sala de aula possa se dar de forma mais significativa.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

54

A PROBLEMATIZAÇÃO DE TEMAS SOCIAIS A PARTIR DE TEXTOS NA

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARARAQUARA.

Autor(a): Renata Braga ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

Na alfabetização de jovens e adultos, um dos desafios enfrentados pelos educadores é a dificuldade

de encontrar um material adequado para a essa faixa etária, que traga temas e textos que os

estimulem a continuar estudando e não torne o processo de aprendizagem desvinculado dos

problemas sociais vividos fora da escola. Selecionar e utilizar textos que problematizem a realidade

é uma ferramenta importante para que alfabetização promova um desenvolvimento dos educandos

como sujeitos críticos e participativos. A pesquisa, desenvolvida através do Núcleo de Ensino, com

o projeto: “Formação Continuada de Alfabetizadores do MOVA/BRASIL Alfabetizado de

Araraquara”, está possibilitando a elaboração de um material didático para ajudar os alfabetizadores

de Araraquara a realizarem essa problematização. Com esse material pretende-se contribuir para a

redução da evasão e aumento do interesse e envolvimento dos alunos nas atividades propostas. A

produção do material didático está sendo desenvolvida a partir de um conjunto de Temas Geradores

levantados junto aos alfabetizadores, abordando questões sociais como: trabalho, desemprego,

violência, questões de moradia, drogas, política, entre outros. Esses temas foram utilizados para

selecionar 50 textos e 50 palavras geradoras que estão sendo trabalhados na alfabetização de jovens

e adultos no âmbito do programa Brasil Alfabetizado/MOVA. O conjunto de temas, textos e

palavras com respectivos exercícios de uso da linguagem escrita estão sendo organizados em uma

coleção de quatro cadernos didáticos, de acordo com níveis de dificuldade de aprendizado que vão

do nível 1 ao 5. Esses níveis foram estruturados de forma representativa de acordo o grau de

instrução ortográfica necessária em cada nível. À medida que vai sendo produzido, esse material de

apoio vai sendo aplicado pelos (as) alfabetizadores (as) gerando sugestões de aperfeiçoamento e de

novas atividades didáticas. O trabalho com cada Texto Gerador no material parte do processo de

problematização para relacionar a leitura da palavra com a “leitura do mundo” (PAULO FREIRE).

Um exemplo de texto selecionado para compor o material ilustra esse processo:

A partir desse texto podem ser

levantadas várias Questões

Problematizadoras, como por exemplo:

Por que o pai confunde os significados

da palavra bala (doce x munição)?

Quais as consequências da banalização

da violência e sensacionalismo da

mídia? Por que os dois personagens

possuem características afro-brasileiras?

Como reagir a esse tipo de situação? O

debate sobre essas questões com os

alfabetizandos abre espaço para a

abordagem de temas sociais como: a

violência, os meios de comunicação de

massa, as desigualdades étnicas, etc.

Além do desenvolvimento de uma

reflexão crítica sobre a realidade vivida,

essa abordagem facilita a compreensão

do SENTIDO do texto, incentivando a

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

55

formação de um leitor ativo, que dialoga com o texto a partir de suas experiências pessoais e sociais.

Dessa forma a linguagem escrita pode ser apropriada como uma ferramenta de desenvolvimento e

transformação da realidade vivida pelos alfabetizandos jovens e adultos em Araraquara.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

56

ARTE, UMA EXPRESSÃO HUMANA: DOCÊNCIA EM ARTES.

Autor(a): Rosane Kloh Biesdorf ([email protected])

Orientador(a): Profª. Me. Marli Ferreira Wandscheer

IES: Universidade do Oeste de Santa Catarina

Departamento: Artes Visuais

A presente pesquisa realizada durante o estágio de docência, estuda a arte como necessidade de

expressão do ser humano. A arte se revela e se transforma ao longo dos períodos da história, na

contemporaneidade ela se manifesta de diversas formas e linguagens, sendo uma das mais

significativas, dessa forma, torna-se fundamental o estudo da mesma junto ao ensino fundamental e

médio. Diante de tal pensamento, e para garantir a eficiência da proposta, partiu-se da pesquisa-

ação de caráter etnográfica, qualitativa a qual é defendida por Marli André em sua obra Etnografia

da prática escolar. Inicialmente, buscamos embasamento teórico, analisando diversas abordagens

teóricas e metodológicas que versam sobre a Arte-Educação como João Francisco Duarte Júnior,

Anamélia Bueno Bouro, Ernest Fischer, entre outros. Temática essa, abordada e desenvolvida por

meio do estágio de docência junto aos educandos do ensino fundamental e médio do município de

Iporã do Oeste, SC. Elencamos como problema para a proposta de pesquisa: identificar de que

modo é possível propor uma prática educativa em arte, focada como necessidade humana na

educação básica. Para tanto, foi lançada uma proposta de ensino-aprendizagem em Arte-Educação,

que possibilitasse ao educando perceber a arte como elemento presente em seu cotidiano. Por meio

das propostas de estudos teóricos, desenhos, práticas artísticas, produções tridimensionais,

socializações entre outras atividades, investigou-se de que forma o educando se expressa e

compreende as diversas manifestações da Arte contemporânea; quais os valores, costumes, crenças,

hábitos presentes no ambiente escolar; de que forma a comunidade escolar compreende, aceita e

respeita as diversas manifestações artísticas, as diversas atividades e a avaliação desenvolvida em

Artes... A compreensão dos resultados da proposta da pesquisa resultou na reflexão das experiências

vivenciadas durante o processo no qual o pesquisador objetiva estudar cientificamente um problema

de modo a orientar, corrigir e avaliar suas ações e decisões, sendo desta forma o papel do

pesquisador o de encontrar ou não respostas às questões em pesquisa. Durante o estudo, utilizou-se

uma metodologia em que efetuamos registros em diários de aula, análise de produções, registros

fotográficos, registros esses, que posteriormente foram identificadas como unidades significativas,

das quais resultaram as essências fenomenológicas, para a compreensão dessas, buscamos suporte

em autores que versam sobre as mesmas. Além das questões que se objetivava pesquisar, outras

surgiram no decorrer do processo, as quais não podem ser desconsideradas pelo educador

pesquisador, entre as principais essências destacam-se: a falta de criatividade, de espontaneidade, de

auto expressão nas atividades propostas; a cópia, imitação e modelos prontos; a aceitação de uns e a

rejeição de outros pelas atividades propostas apresentadas; a indisciplina presente no ambiente

escolar; a desconsideração pela avaliação em Artes, entre outras essências. O processo de ensino-

aprendizagem em Arte-Educação atualmente oferece diversos desafios tanto aos educandos como

também aos educadores, faz-se necessária a compreensão por toda a comunidade escolar de que é

na escola que se dá a construção do saber, sendo tarefa do educador realizar a intermediação entre o

conhecimento e o educando, bem como de que a disciplina de Artes é de grande importância e valia

no despertar da criatividade e na construção do processo ensino aprendizagem dos educandos. Nesta

trajetória de estudo muitos conceitos foram criados, outros mudados, sendo a graduação de

licenciatura em Artes um processo de formação no qual encontrei significados sobre seu ensino,

bem como sobre a prática da docência. As atividades propostas e vivenciadas em artes

proporcionam o desenvolvimento da criatividade dos educandos, é necessário despertá-los das suas

capacidades, somente assim passarão a acreditar em suas potencialidades. O processo de pesquisa-

ação possibilitou a reflexão acerca do processo de ensino-aprendizagem em arte-educação,

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

57

vivenciando a docência percebeu-se as aulas de artes como momentos em que o educando possui a

oportunidade de expor sua identidade, seus sentimentos, suas vivências por meio das atividades

propostas, pois a arte em seu sentido nato é expressão de momentos, ideias, sentimentos. Não se

encontrou respostas, todos os questionamentos acerca do ensino-aprendizagem em arte-educação, o

processo de pesquisa-ação esclareceu algumas delas, mas outras tantas surgiram, e continuam sendo

objetos da incessante e incansável pesquisa, buscando compreender a arte como expressão fruto da

relação do homem com o mundo.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

58

CONHECENDO AS PRÁTICAS DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS DOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL A PARTIR DE PESQUISAS.

Autor(a): Suzana Tais Betoni ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

Este trabalho tem por objetivo central conhecer as práticas de professoras alfabetizadoras dos anos

iniciais do ensino fundamental a partir do que dizem as pesquisas, identificando-se nos estudos os

problemas vivenciados no dia-a-dia da docência. Trata-se de estudo de natureza bibliográfica que

possibilita indicar as principais tendências do campo da educação e apontar enfoques, abordagens

diversas e lacunas a serem preenchidas pelos pesquisadores (Marin, Bueno, Sampaio, 2005).

Buscou-se mapear o tema em foco em periódicos científicos da área de educação nos bancos de

dados SCIELO e INEP, compreendendo os anos de 2004 a 2010. A seleção dos artigos foi realizada

a partir de consulta aos títulos que constam no sumário de cada periódico e por meio dos descritores

“prática de professoras alfabetizadoras” e “alfabetização” resultando na localização de

aproximadamente 40 títulos sobre ao tema. A seguir procedeu-se com a leitura dos resumos dos

artigos cujo título mais se aproximava do tema sobre as práticas de professoras alfabetizadoras

resultando em nove artigos lidos na íntegra. Após a identificação e leitura dos artigos selecionados

organizou-se o material coletado em forma de quadro-síntese, conforme modelo proposto no estudo

de Vieira (2007). Com base nas análises feitas dos artigos sobre as práticas de professoras

alfabetizadoras foi possível identificar que, as docentes desenvolvem seu trabalho na perspectiva

voltada para o construtivismo, porém, utilizam alguns elementos do método tradicional, havendo

situações de alfabetização em que proporcionam atividades diversificadas e dão espaço para a

participação efetiva dos alunos. As professoras com sucesso no processo de alfabetizar parecem ter

tido uma boa formação e sabem como lidar com as situações em sala de aula e como enfrentar

diversas situações típicas do trabalho docente (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008). A

relação entre os sujeitos que participam do sistema escolar é bastante conturbada, principalmente

para professoras iniciantes, pois estas sofrem com a insegurança e falta de apoios típicos desta fase

(NONO; MIZUKAMI, 2006). O aprendizado fica prejudicado quando as professoras não

conseguem fazer uma avaliação eficaz de seus alunos e não sabem como direcionar suas ações no

processo de ensino-aprendizagem (SALLES; PARENTE, 2007). Relações entre professoras e seus

colegas de profissão, condições físicas e materiais da instituição escolar são relevantes para que as

docentes atinjam ou não o sucesso no ensino. As alfabetizadoras investigadas manifestaram que a

formação inicial não foi suficiente e que aprendem a ser professoras na prática (AMBROSETTI;

ALMEIDA, 2009). A partir desse estudo foi possível concluir que são poucas as pesquisas que

focalizam diretamente as práticas de professoras alfabetizadoras, sendo necessária a revisão do tema

proposto em mais publicações, além de procurar investigar sobre a dificuldade em encontrar estudos

nesta vertente, já que muitas das pesquisas analisadas enfocam mais os problemas do dia a dia

docente do que as práticas em si.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

59

O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP-ARARAQUARA EM FOCO.

Autor(a): Thaise Fernanda Mendes Soares ([email protected])

Co-Autores: Adriele Gonçalves da Silva, Auridiana Helena Laguna de Oliveira, Carlos Samuel

Rossi, Flávia Roberta Velasco Campos, Jáina Vitória da Silva Oliveira, Laís Cassanho Silva, Luana

Maria de Oliveira, Thainá Portela Rego Ribeiro

Orientador(a): Profª. Drª. Regina Ricco Lucato Sigolo

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

A Formação Docente é um campo de pesquisa que tem sido foco de muitos estudos, devido às

condições de caráter histórico e político, que vem influenciando a formação e prática docente.

Tendo em vista o interesse em analisar tais problemáticas, o grupo PET – Pedagogia vem

desenvolvendo desde 2008 a temática Educação: Docência e Trabalho, cujo objetivo é estabelecer

uma base para a compreensão das propostas contemporâneas de formação docente e investigar o

próprio curso de formação. Para tanto, buscamos fundamentação teórica, a partir de leituras e

revisão bibliográfica, que direcionou-se à investigação empírica. Um dos principais autores

estudados foi Dermeval Saviani, o qual deu base histórica e política para compreensão dos

caminhos percorridos pelos cursos de formação de professores até a contemporaneidade, o que nos

permite uma análise crítica das políticas atuais. Para efetivação da pesquisa foi aplicado um

questionário para alunos do 4º ano com o intuito de analisar sistematicamente as possibilidades e

limites da formação oferecida pelo curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Letras de

Araraquara – UNESP-FCLAr. As questões abordadas tinham como temas norteadores as Políticas

Educacionais, Organização do Curso - Eixos de Formação e Trabalho Docente. Os entrevistados

revelam que as finalidades da educação devem estar voltadas para o desenvolvimento das

potencialidades do ser humano e para a formação de cidadãos críticos, conscientes de deveres e

direitos. Já o bom professor, segundo eles, deve ter por características uma formação acadêmica

sólida e humanizadora e um constante aperfeiçoamento da sua formação, além de transmitir os

conteúdos com clareza. Também salientam a importância das características pessoais como

paciência, criatividade, sensibilidade entre outras. Quanto às políticas mais precisamente o

processo de municipalização do ensino apontam como uma condição que favorece o trabalho do

professor ao lhe oferecer condições de trabalho mais adequadas. Poucos se referem a uma visão

critica desta iniciativa. Parte significativa dos respondentes aponta que o curso sofre influencia das

reformas educacionais, sobretudo, pela primazia da prática sobre a teoria, e pela extinção de

conteúdos da educação especial e educação inclusiva de sua grade curricular. Com relação à

Organização do Curso – Eixos de Formação os entrevistados revelam que as disciplinas de estágio

em Educação Infantil e Ensino Fundamental I são as que oferecem subsídios para a prática

educacional. Além disso, afirmam que todos os conteúdos são interessantes e na maior parte houve

correspondência entre os objetivos e conteúdos divulgados no programa do curso. Afirmam que a

grade curricular é relativamente adequada para a formação, mas apontam a ausência de disciplinas

de educação especial e sobre inclusão escolar. O último eixo temático aborda o Trabalho Docente,

no qual os participantes apontam que a escola deve principalmente oferecer materiais como

subsídio para a consolidação do trabalho do professor, seguida de uma gestão escolar adequada. No

que se refere às propostas de Formação Continuada a maioria diz ser importante para se manter

atualizado e ampliar o conhecimento, no entanto, uma grande parte dos entrevistados respondeu de

forma superficial, não discorrendo muito sobre o tema. Os resultados apontam para pontos positivos

que devem ser enaltecidos na formação do pedagogo de nossa Unidade, mas ainda é possível

identificar algumas fragilidades como alguns conceitos não muito claros entre os alunos e ainda

algumas lacunas de conhecimento que precisariam ser trabalhadas.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

60

SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL

POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA ASSEMBLÉIA

CONSTITUINTE DE 1988.

Autor(a): Adriana Duarte de Souza Carvalho ([email protected])

Co-autor(a): Profª. Drª. Maria do Socorro Braga

IES: Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos.

Departamento: Ciências Sociais

A Constituição é um documento jurídico-político que fundamenta e legitima as instituições

democráticas de um sistema político. O modelo liberal de constitucionalismo, cuja maior expressão

é a Constituição americana, previa que caberia aos textos constitucionais garantirem a liberdade,

colocando limites ao poder dos governantes. Assim, as constituições liberais apresentavam

dispositivos que garantiam a tripartição dos poderes e a tutela dos direitos civis e políticos dos

cidadãos. É apenas no século XX, no período entre-guerras, que as constituições começam a

apresentar capítulos contendo direitos sociais, primeiramente no México, em 1917, seguida pela

Constituição de Weimar, em 1919. Nasce, assim, o chamado constitucionalismo social, movimento

que enfatiza a necessidade de incorporação de dispositivos programáticos de conteúdo social e

econômico às Constituições. É somente a partir de 1934 que nossos textos constitucionais começam

a incorporar capítulos contendo direitos sociais. Ao constitucionalizar direitos sociais, nossos

constituintes atribuíam objetivos, fins e princípios para o Estado, obrigando-o a empreender a tutela

dos bens jurídicos preconizados por esses dispositivos. O texto de 1988 é aquele que mais inovou

nessa área, incorporando um enorme conjunto desses direitos, inclusive direitos sociais à educação.

Nunca, até então, uma constituição brasileira havia agregado um número tão extenso de direitos

sociais. A literatura, contudo, apresenta severas críticas à constitucionalização de direitos sociais à

educação empreendida pela Assembleia Constituinte de 1986-88. O problema levantado é que a

Constituição de 1988 não prevê condições reais para a concretização plena desses direitos, o que

acaba transformando-os em meras promessas não cumpridas pelo Estado ou então em figuras de

retórica sem nenhum vigor coercitivo. Os direitos sociais à educação, constitucionalizados em 88,

não teriam um caráter jurídico, limitando-se a serem apenas um simples conjunto de decisões

políticas, sem nenhum caráter coercitivo. A Constituição não teria determinado uma proteção

juridicamente exigível aos direitos sociais, pois esses dependem de mecanismos institucionais que

um juiz não pode, pelo tipo de cargo que ocupa, criar. Em outras palavras, a efetivação dos direitos

sociais depende de decisões que são políticas, não jurídicas, ou seja, está sujeita à da implementação

de políticas públicas. Os direitos sociais, portanto, não seriam de fato autênticos direitos, mas

apenas princípios dirigentes da política social do Estado ou então meros programas de ação para os

governantes. Assim, o objetivo dessa pesquisa é realizar uma análise da Constituinte de 1986-88,

especificamente no que diz respeito às questões referentes aos direitos à Educação. Os discursos

constituintes são locais fundamentais para analisar como nossos atores políticos pensaram e

equacionaram soluções para os problemas colocados pelo seu tempo, uma vez que muitas ações

políticas são consumadas por meio de discursos. Através da Constituinte poderemos observar e

analisar a maneira pelas quais os direitos sociais à educação foram constitucionalizados em 1988 e

entender como nossos atores políticos constituintes problematizaram as questões que envolviam a

eficácia e vigência plena desses direitos. Uma vez que os direitos sociais à Educação são objeto de

tantas polêmicas, somente ao analisarmos seu processo de constitucionalização é que poderemos

identificar seus distintos níveis de significação.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

61

UM ESTUDO DO SISTEMA APOSTILADO EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

I.

Autor(a): Alessandra Aparecida Cain ([email protected])

Co-autor(a): Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Miceli Kerbauy

IES: Universidade Estadual Paulista

Departamento: Ciências da Educação

O projeto de pesquisa de doutoramento em Educação (2010-2014) objetiva aprofundar a

investigação das relações entre as esferas pública e privada na educação com vistas a analisar as

consequências da implantação de sistema apostilado na gestão e organização do trabalho na escola,

por meio de estudo de casos em duas escolas públicas municipais em um município paulista

intencionalmente selecionado por adotar sistema apostilado para o ensino fundamental I (1.º ao 5.º

ano) há mais de dois anos. Esta investigação integra a pesquisa institucional: As parcerias público-

privadas para a compra de sistema de ensino: análise das consequências para a organização do

trabalho na escola (2009-2011) financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPq. Considera-se que as reformas no campo educacional produzidas no país a

partir dos anos 1990, ao adotar uma perspectiva gerencial de administração contribuem

substancialmente para a formulação de políticas assentadas em padrões de eficiência e eficácia

próprios ao mercado; evocando a competência do setor privado na gestão, inclusive pública, e

estimulando que se tenha como parâmetros a definir a qualidade da escola pública, aspectos

próprios ao mercado, como a homogeneização de processos visando o melhor resultado possível e

no menor tempo (ADRIÃO; ARELARO; BORGHI; GARCIA, 2009). Apresenta-se, então, o marco

legal que, inicialmente, permeia este projeto de pesquisa. Na década de 1990, o Plano Diretor da

Reforma do Aparelho do Estado instituiu o setor “público não estatal”. A reforma foi orientada

pelos valores de eficiência e qualidade gerencial na prestação de serviços públicos e pela

disseminação de uma cultura gerencial nas organizações, como modelo de uma forma moderna de

gestão pública (PERONI, 2003). Em 1996, o governo federal criou e regulamentou o Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, gerando

um forte estímulo à municipalização do ensino fundamental e induzindo as prefeituras a assumirem

a responsabilidade deste atendimento (PINTO, 2007). Ainda, em 1996, o governo estadual paulista

instituiu o Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para Atendimento do

Ensino Fundamental – Municipalização, responsabilizando as redes municipais sobre a oferta do

ensino fundamental; muitos municípios passaram a adotar políticas educacionais estabelecendo

parcerias entre as esferas pública e privada, as quais se constituem no principal mecanismo de

privatização da educação no Estado de São Paulo (ADRIÃO, 2006).Têm se tornado uma constante

no país, sobretudo a partir das medidas instituídas em meados dos anos 1990, as parcerias firmadas

entre o setor público e o setor privado para atendimento a demandas educacionais. Conforme

diversos estudiosos analisam, configura-se uma tendência à transposição de responsabilidades sobre

a educação pública para a esfera privada (ADRIÃO, 2007; ARELARO, 2007; CURY, 2002;

PERONI, 2003). Tais parcerias constituem-se como estratégias à implantação do modelo de

administração gerencial, sob a alegação de produzir uma administração pública supostamente mais

eficiente e eficaz. Exemplo disso é a compra de sistemas de ensino apostilado.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

62

A ORALIDADE NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Autor(a): Aline Soler ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Calmon Nabuco Lastória

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da educação

A oralidade é um dos temas que perpassa todo o volume de Língua Portuguesa dos Parâmetros

Curriculares Nacionais, de modo a figurar, basicamente, como de mesma importância que a escrita.

Se, como bem afirma Saviani (2000), a escola é o local do saber sistematizado, e a oralidade, a

priori, pertence ao que se pode chamar de saber não sistematizado, aquele cuja transmissão deveria

ocorrer no cotidiano, há de se questionar o motivo pelo qual ela é um dos principais temas do

documento. No intento de compreender o motivo pelo qual a oralidade figura no documento – pois

que compreender sua função nos dias de hoje implicaria numa reflexão muito mais profunda e

cuidadosa – é necessário compreender o papel que esta exerceu durante muitos séculos e que

ultimamente vem sendo abalado. Para isto, propõe-se aqui uma pequena incursão no texto “O

narrador, observações sobre a obra de Nikolai Leskov” de Walter Benjamin. De acordo com este, a

narrativa oral, durante muito tempo, exerceu papel fundamental na constituição e transmissão da

experiência, da sabedoria que perpassa gerações. Todavia, nos tempos modernos estaríamos

passando por uma crise da experiência, que, cada vez mais, encontra empecilhos em sua

transmissão para outrem. Mas, se a oralidade narrativa não se apresenta predominante nos dias de

hoje, tal qual a transmissão de experiências, não se pode afirmar, por outro lado, que a oralidade

deixou de exercer papel fundamental na sociedade, apenas que, em consonância com as condições

históricas, se presta a outras funções. E o desenvolvimento das mídias e da indústria cultural só viria

corroborar a importância da oralidade, ao lado da imagem. No que tange aos Parâmetros

Curriculares Nacionais e a função da oralidade nestes, poder-se-ia argumentar que diz respeito à

valorização da transmissão de experiências, no intento de promover uma valorização da cultura dita

popular e uma reflexão a respeito de seu papel (muitas vezes negligenciado) na história. Entretanto,

o próprio documento declara não ser este o objetivo de se tratar da oralidade na escola. Partindo do

pressuposto de que os Parâmetros estão inseridos no contexto neoliberal da década de 1990 e que

estiveram vinculados à preocupação de preparar mais adequadamente para o mercado de trabalho o

cidadão (Campos, 2009; Miranda, 2005), o que se sugere aqui é que a oralidade no documento

também seja compreendida sob a mesma ótica. A esta oralidade se propõe chamar de oralidade

instrumental, em oposição à oralidade narrativa. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

“[...] nas inúmeras situações sociais do exercício da cidadania que se colocam fora dos muros da

escola – a busca de serviços, as tarefas profissionais, os encontros institucionalizados, a defesa de

seus direitos e opiniões – os alunos serão avaliados (em outros termos aceitos ou discriminados) à

medida que forem capazes de responder a diferentes exigências de fala e de adequação às

características próprias de diferentes gêneros do oral.” (PCN, 1998, p.25, grifos meus). Fica

evidente no modo como a sentença se encontra articulada que a posição do documento é conivente

com as práticas discriminatórias ao afirmar que o aluno necessita do domínio da linguagem oral

para ser avaliado positivamente, ou seja, aceito. Mais do que o domínio da linguagem oral, o que

está em questão é o domínio de um gênero em específico da linguagem oral, como meio de inserir-

se na sociedade, aquele muitas vezes exigido pelo mercado de trabalho, como demonstram os

exemplos elencados pelo próprio documento. Assim, colocando seus pressupostos multiculturalistas

em xeque, os Parâmetros, que tanto defendem a valorização das variações linguísticas distintas,

acabam assumindo uma atitude discriminatória para com estas. Se pretende que a pequena análise

crítica que se prestou possa ser profundada e estendida para outros aspectos do documento no que

aborda o tema da oralidade.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

63

PROJETO DE EXTENSÃO “PET-GAEA NA ESCOLA” JUNTO À E. E. PROF. ELIAS DE

MELLO AYRES.

Autor: André E. Miyashita

Co-autores: Camila R. Peregrino, Caroline Ucella, Eliane Afonso, Letícia Sartori, Lucas Iugas e

Matheus Polo.

Orientador: Prof. Dr. Evaristo M. Neves

IES: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP);

Departamento: Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/USP

O projeto “PET-GAEA na Escola” tem como objetivo geral fazer extensão universitária,

perpassando pela pesquisa e ensino em seu desenvolvimento, de modo que a comunidade absorva e

utilize de forma autônoma os conhecimentos transmitidos. Como objetivo específico o grupo PET-

GAEA buscará despertar o interesse dos alunos da E. E. Prof. Elias de Mello Ayres pela

Universidade pública, fazendo com que os mesmos tomem conhecimento das oportunidades

oferecidas e sintam-se capazes de ingressar na Metodologia. Foram feitas 4 atividades com alunos

do segundo ano do Ensino Médio, sendo: a primeira atividade uma apresentação do grupo e das

atividades realizadas ao longo dos quatro encontros; a segunda apresentação de uma palestra sobre

“Inteligência Múltipla”, com a presença da pedagoga Varuna Viotti; a terceira atividade foi a vinda

dos alunos à ESALQ, para despertar o interesse deles pela universidade pública e a quarta e última

atividade consistiu em mostrar todas as oportunidades que os alunos encontram dentro das

universidades públicas, tanto para a graduação quanto para se manter financeiramente. Os

resultados obtidos foram o despertar dos alunos pelo interesse nas universidades públicas e o

conhecimento das várias oportunidades que existem para assegurar que o aluno tenha uma boa

formação acadêmica e um bem-estar enquanto esteja na universidade. Alunos que antes não se

interessavam por nenhuma profissão ou que não tinham conhecimento dos vestibulares e das

variadas profissões passaram, a partir do programa, a se interarem das informações necessárias para

a escolha do curso e para o ingresso nas grandes universidades públicas. A partir da realização do

projeto, os alunos da escola Mello Ayres passaram a conhecer as diferentes universidades públicas

existentes em nosso país, as informações necessárias para ajudá-los a ingressar em uma delas e as

oportunidades que terão se formados numa delas. Assim feito, conseguimos atingir nosso objetivo,

o de passar a pessoas fora da nossa comunidade acadêmica um pouco do que sabemos e assim

ajudá-los no sentido de prover um maior conhecimento do assunto escolhido para as atividades.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

64

BALANÇO DAS DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS NO PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESCOLAR (1999-2010) E SUA RELAÇÃO COM O ANO

DE 2004.

Autor: Antônio Netto Júnior ([email protected])

Co-autores: Ana Teresa Scanfella ([email protected]); Elisangela Ferreira Sentanin

([email protected]); Talita Mazzini Lopes ([email protected]).

Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática.

O presente trabalho se encontra situado no cenário da pesquisa em educação e tem como tema

principal a produção intelectual discente do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar

(PPGEE) da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Campus de Araraquara-SP. O mesmo,

desenvolvido como exigência da disciplina “Pesquisa em Educação – Mestrado” oferecida no 2º

semestre de 2010 pelo referido programa, teve como objetivo investigar e caracterizar as teses e

dissertações produzidas pelo programa de 1999 a 2010. A pesquisa em educação no Brasil passa por

análises e avaliações que tem questionado o seu sentido, a qualidade de sua produção e as

tendências de investigação. Assim, estudos dessa natureza se justificam, pois a consulta à literatura

que trata o tema educação evidencia que “mesmo situada no térreo da pesquisa científica, a

produção discente nos programas de pós-graduação em educação é poupada dos crivos que estão

necessariamente implicados nessa espécie de investigação” (WARDE, 1993, p.1). Para atingirmos

os objetivos propostos, foi realizada a análise documental dos resumos das teses e dissertações. Na

primeira etapa da pesquisa a turma que cursava a disciplina foi dividida em 12 duplas que

analisaram aproximadamente 34 resumos (de um universo de 418), os quais foram classificados de

acordo com as seguintes variáveis: assuntos (primário e secundário), referencial teórico,

metodologia, instrumento de pesquisa, fonte, âmbito geográfico, período e objetivo. Com o intuito

de cotejar os dados analisados na primeira etapa, cada dupla realizou numa segunda etapa a análise

de mais 34 resumos que já haviam sido classificados na etapa anterior por outras duplas. A terceira e

última etapa, foco central do trabalho aqui apresentado foi realizada por grupos de trabalhos

constituídos por quatro integrantes. Coube, então, ao nosso grupo analisar os dados referentes à

variável “assunto” de 30 trabalhos do ano de 2004 e, posteriormente, correlacioná-los com dados

produzidos e disponibilizados pelos outros grupos relativos aos anos de 1999 a 2005 referentes à

mesma variável. Para tanto, este trabalho baseou-se em uma pesquisa realizada por Warde (1993)

que por meio de um levantamento bibliográfico analisou dissertações e teses na área da educação no

Brasil, compreendidas entre 1982 a 1991. Os resultados obtidos evidenciam um alto grau de

dispersão temática tanto no ano de 2004 quantos nos demais anos, característica esta própria do

campo da educação que abrange uma diversidade e multiplicidade de temas. Dentre os assuntos

principais, os grupos temáticos mais abordados nas dissertações e teses do ano de 2004 foram

“Sistemas de Ensino” e “Temas pedagógicos”. Apesar de merecerem destaque não só em 2004

como nos demais anos, cabe ressaltar o declínio ao longo dos anos na abordagem do grupo temático

“Temas pedagógicos”, o qual reflete produções limitadas a solucionar problemas pontuais e de

ordem prática, tal fato pode demonstrar uma queda de interesses imediatistas dos estudantes,

evidenciando um aumento de vínculo do estudante em relação à pesquisa e/ou carreira acadêmica,

bem como melhores condições oferecidas pelos programas de pós-graduação, referentes a questões

que envolvem: grade curricular, linhas de pesquisa, orientações gerais, apoio/auxílio financeiro,

entre outros. Além disso, destaca-se também, a ascensão do grupo temático “Sistemas de ensino” o

que pode refletir tanto um maior interesse e preocupação dos pesquisadores em aprofundar estudos

sobre as questões internas (administrativa/burocrática) dos níveis de ensino, quanto uma pressão

dos agentes externos em financiar pesquisas que abordem a qualidade e as políticas educacionais.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

65

Diante dos resultados obtidos, concluímos que este trabalho pode contribuir para uma maior

reflexão acerca do que se têm produzido nesse PPGEE, bem como sobre a qualidade das pesquisas

produzidas, uma vez que dissertações e teses são importantes fontes bibliográficas que norteiam

futuras produções científicas. Sendo assim, esperamos que algumas questões possam ser revisitadas

nesse programa acerca do dilema existente entre o quantitativo x qualitativo, pois ao se pensar a

qualidade da pesquisa parece-nos que essa evolui para um conflito, visto que órgãos de fomento

como a CAPES têm colocado exigências que visam padrões de ordem quantitativa para a produção

intelectual de docentes e discentes.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

66

EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE

INCLUSÃO SOCIAL DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS - CAMPUS DE

ARARAQUARA: ANÁLISE DAS BOLSAS.

Autor(a): Deidiane Pereira da Silva ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Ângela Viana Machado Fernandes

IES: Faculdade de Ciências e Letras – UNESP

Departamento: Ciências da Educação

A Bolsa BAAE-I (Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão) é uma política de inclusão social da

Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara. Atualmente, está no valor de R$ 290,00 e

destina-se aos alunos de comprovada carência socioeconômica. Contudo, será que o aluno

contemplado por este auxílio sente-se participante do universo acadêmico? Ele consegue, além de

pagar as suas despesas, tirar xérox, comprar livros, frequentar palestras, congressos, shows, entre

outros? Esta pesquisa busca analisar este contexto, ou seja, de que forma o bolsista BAAE paga

suas despesas e, vive no campus. Atualmente, estamos coletando informações referentes à situação

financeira familiar dos bolsistas desde 2006, que foram disponibilizadas pelo NAE (Núcleo de

Apoio ao Estudante), através de um banco de dados do Programa Access, que é composto pelo

cadastro geral de todos os bolsistas da FCLAr, com mais de 20 campos e 1800 registros. Contudo,

já podemos apontar qual é a situação socioeconômica da maioria dos bolsistas BAAE-I: Renda

Bruta: até R$ 1.635,00; Renda Per Capta: até R$ 545,00. Estes dados demonstram que o grupo de

alunos que usufruem ou solicitam a bolsa BAAE estão no grupo social pertencente aos que

sobrevivem com 3 salários mínimos, portanto, não fazem parte da elite como apontado em alguns

estudos e refletidos na própria mídia, cuja justificativa é a privatização das universidades públicas.

Nosso trabalho faz parte da pesquisa da Profª. Drª. Ângela Viana Machado Fernandes, que tem

como título: Educação, juventude e políticas públicas: análise das políticas de inclusão social da

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara. E está diretamente vinculado com a área

de Política Educacional. A metodologia utilizada é de cunho qualitativo e analisa artigos,

dissertações e teses sobre o assunto, bem como documentos e entrevistas embasados por

bibliografia sobre política educacional, legislação da UNESP e o contexto brasileiro.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

67

PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BRASILEIRA E SUA

POTENCIALIDADE NA DÉCADA DE 90: INSERÇÃO NO ENSINO PÚBLICO E

PARTICULAR.

Autor(a): Ediane Carolina Peixoto Marques Lopes ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Roseana Costa Leite

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da educação

O presente trabalho é uma propositura de pesquisa para a dissertação de mestrado em educação

escolar em que desenvolvo atualmente na FCLAr/UNESP em Araraquara. A pesquisa tem como

tema central a educação a distância no Brasil e seus incrementos potenciais na década de 90. Os

objetivos do trabalho são: analisar o contexto histórico da modalidade EAD no Brasil, enfatizando a

década de 90 com a reforma do aparelho de estado; interpretar alguns documentos oficiais federais

(LDB 9394/96, decreto nº 5622/05, PNE e PDE); aduzir dois atuais programas de educação à

distância, sendo um deles oferecido no âmbito particular (UNISEB interativo) e outro público

(UNIVESP). Frente às transformações advindas do atual processo de globalização aliadas a

ideologia político/institucional do neoliberalismo observa-se que, atualmente tal conjuntura

manifesta-se em diferentes esferas, sejam elas, econômicas, sociais, políticas ou educacionais.

Analisa-se também que a globalização tornar-se-ia um ponto fundamental, em que é possível atrelar

entre si o cotidiano de sociedades diversas, com o auxílio das mais avançadas tecnologias, a um

imaginário, porém factual, sistema-mundo. Diante disso, as sociedades apregoadas nos sentidos

econômicos, políticos e, também, educacionais, são disseminados como modelos prestes a serem

plagiados, através de uma persuasão ideológica neoliberal. Todavia, não obstante dessa realidade,

nosso país imerge profundamente neste contexto através de sua reforma de estado. No Brasil, a

partir dos anos de 1990, instituem-se mecanismos para minimizar a ação do estado em sentido

estrito na vida em sociedade como seu papel na condução da mesma. Tal momento esteve atrelado a

idéia do mercado como instância central para organizar a vida coletiva, desse modo, trazendo à tona

a expansão do neoliberalismo como, “conjunto de políticas e processos que permitem a um número

relativamente pequeno de interesses particulares controlar a maior parte possível da vida social com

o objetivo de maximizar seus benefícios individuais” (CHOMSCKY, 2002, p. 07). Ressalta-se, no

campo social, que o neoliberalismo incentiva a desativação dos programas sociais públicos e o

estado deve-se ater somente a programas de auxílio a pobreza. Segundo Arce (2001), dentro desse

preceito, a educação é eleita como chave mágica para a erradicação da pobreza, pois, investindo-se

no indivíduo, dando-lhe a instrução, ele poderá ser capaz de buscar seu lugar ao sol. Nesse aspecto,

destaca-se a educação a distância, uma possível modalidade de ensino, que busca atender a essa

demanda educacional, ampliando o campo de oportunidades dos mais desfavorecidos, de modo a

que pudessem competir menos desigualmente com os demais. O atual avanço de projetos de

educação a distância, atrelado ao incremento e possibilidades das recentes tecnologias, vem sendo

observada como uma forma eficiente de lidar com problemas de política educacional e de permitir o

acesso de alunos às instituições educacionais, tendo em vista uma sociedade igualitária de

informação. Mediante as preposições legislativas lançadas (LDB 9394/96, decreto nº 5622/05, PNE

e PDE), bem como o atual processo de globalização e a ideologia do neoliberalismo, o que está em

jogo é o mercado de serviços educacionais, setor no qual, foi inserido na pauta da organização

mundial do comércio (OMC). Em seus estudos o autor Leher observa que “a inclusão da educação

no tratado de livre comércio tem o objetivo de promover a liberalização dos mercados, por meio do

fim das barreiras estabelecidas em leis autóctones, em especial para viabilizar cursos à distância

com a grife de instituições conhecidas no mercado educacional” (2001, p. 151). Contudo, a pesquisa

propõe a responder perguntas tais como: por que só então depois de quase um século a EAD

manteve por tanto tempo tão baixo grau de legitimidade? Que pressupostos sustentam a

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

68

credibilidade dessa modalidade atualmente? Que perspectivas o avanço acelerado da educação à

distância tem em relação à reforma do aparelho de estado no Brasil?

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

69

APOSTILAS VIA INSTITUIÇÕES PRIVADAS E O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA:

UM LEVANTAMENTO DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS NO PERÍODO DE (2000-2010).

Autor: Edimar Aparecido da Silva

Orientador(a): Profª. Drª.Yoshie Ussami Ferrari Leite

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Presidente Prudente

Departamento: Educação

O presente resumo apresenta reflexões iniciais de uma pesquisa de Mestrado em Educação, que tem

como objetivo compreender quais limites e possibilidades o uso de apostilas procedente de

instituição privada traz para a melhoria do atendimento das características da escola pública e para o

trabalho docente, de acordo com os professores que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental

da rede municipal de Álvares Machado-SP. Nesse sentido, questionar o uso de apostilas fornecidas

por empresas educativas para a realização do trabalho docente é permitir uma discussão sobre o que

consideramos a principal motivação para esta medida, ou seja, a busca da qualidade na escola

pública. Em conformidade com as idéias de Beisiegel (1980), consideramos que a escola pública

mediante ao processo de democratização obteve uma grande conquista no que se refere aos seus

aspectos quantitativos, isto é, a escola elitista do passado estendeu-se aos setores mais amplos da

população, proporcionando o acesso da classe trabalhadora. Notadamente, esta expansão não veio

conduzida por condições de permanência, como a adequação entre os conteúdos transmitidos, as

expectativas e as necessidades dos alunos das camadas populares e a eficácia na formação dos

professores para atuarem na construção e melhoria desta escola. Estes problemas apresentam o que

Leite e Di Giorgi (2004) pontuam e acreditamos como, a falta de aspectos qualitativos na mesma

medida que os aspectos quantitativos. Como nos explica Oliveira e Araújo (2005) entendemos que é

difícil chegar a um consenso do que seriam tais aspectos qualitativos, devido a polissemia do termo

“qualidade”, categoricamente no âmbito da educação, uma vez que esta contempla diversos olhares

paradigmáticos, conduzidos por transformações na sociedade em geral. Neste contexto, a falta de

indicadores claros para uma intervenção qualificada na educação pública delineia-se pelo

despreparo de quase um terço dos municípios paulistas que adquiriram “sistemas de ensino”

privados, na oferta de apostilas (ADRIÃO. et.al, 2009), o que sem dúvida pressupõe uma análise

premente e reflexiva que contemple uma investigação com os professores, atores desta política.

Portanto daí,decorre o objeto de estudo de nossa pesquisa. Em levantamento realizado,

considerando o período de 2000 a 2010, nos programas de Pós-Graduação em Educação das

instituições de ensino superior públicas, UFSCAR, UNESP e USP, e em uma instituição particular,

PUC-SP, localizamos 9 trabalhos, entre teses e dissertações, que se dedicaram ao estudo da temática

das “apostilas” no âmbito do ensino fundamental municipalizado. Constatamos também que o

Programa de Pós Graduação da UNESP de Rio Claro destaca-se, apresentando 4 das dissertações

encontradas. De modo geral as produções acadêmicas sobre “apostilas”, levantam importantes

elementos que contemplam a análise destas como parcerias público-privadas, reflexão crítica sobre

o uso delas e o processo formativo do aluno ou até mesmo na busca de um significado do que diz

esta política para os professores. Em compensação apesar da relevância do tema não observamos

nenhum trabalho que trate de modo específico o uso das apostilas, via instituição privada, como

desafio e possibilidade de refletirmos sobre a formação e organização do trabalho docente. Portanto,

reconhece-se a necessidade de indagar: Diante desta tendenciosa política de parcerias público-

privadas, como o professor compreende a melhoria do seu trabalho e formação com o uso de

apostilas?

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

70

INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA POLÍTICA EDUCACIONAL

VOLTADA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.

Autor(a): Elisângela Ferreira Sentanin ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Benedito Gomide de Souza

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara

Departamento: Departamento de Didática

Nos últimos anos assistimos a uma revolução cultural, originada por mudanças de valores e paradigmas

e, associada a essas mudanças, está a educação que vem se expandindo e buscando novas metodologias

de ensino. Uma das tendências emergentes é a geração de inovações que vem causando profundo

impacto na configuração da escola brasileira. Sendo assim, é provável que na elaboração de futuras

políticas educacionais, essas características estejam presentes nos planejamentos dos sistemas escolares

(CAMPOS, 2007). Pretto e Pinto (2006) reforçam que o espaço da escola, associado às novas

tecnologias, é o mais apropriado para a transformação na formação do povo brasileiro. Sendo assim este

trabalho relata a experiência de uma política educacional de inclusão digital voltada à educação infantil

com a finalidade de mudar a antiga concepção de ensino e aprendizagem para concepções em que o

conhecimento, cultura e comunicação aproximam-se, a partir do momento em que são pensados como

novos parâmetros conceituais (BARBOSA, MOURA e NAGEM, 2002). Teve por objetivo avaliar as

propostas de reforma no processo de ensino e aprendizagem das crianças de 5 e 6 anos de uma rede

pública municipal de educação infantil no interior de São Paulo, por meio de uma política de

implantação de um sistema digital. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa que, segundo

André (1983), possui algumas vantagens, pois busca significados diferentes nas experiências do

cotidiano escolar e auxilia a compreensão entre os indivíduos, seu contexto e suas ações. Sendo

assim, realizou-se um estudo de caso em uma escola piloto onde foram implantados notebooks com

softwares educativos para duas sala de aula que atendem crianças de 6 anos, buscando atender ao

Programa de Inclusão para Educação Infantil (PID-E.I) da prefeitura da cidade e objetivando inserir

esta tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Foram oferecidos cursos de formação aos

professores para que proporcionassem ao aluno uma intenção de aprendizagem contribuindo para a

formação de pessoas críticas (MATTEI, 2001; FONSECA, 2001). O acompanhamento e avaliação

foram constantes, por meio da observação das aulas, questionários e entrevistas realizadas com pais,

professores e familiares, e testes com as crianças. Com o propósito de verificar a aceitação do

sistema e também avaliar os professores quanto à utilização dos computadores associada à sua

prática pedagógica e a proposta pedagógica da escola, este trabalho centrou no processo de ensino e

aprendizagem dos alunos. Destacando os benefícios da tecnologia no processo de ensino-

aprendizagem das crianças, com a realização deste trabalho, percebe-se que o sistema piloto de

inclusão digital obteve a melhora dos aspectos cognitivos, ampliação das possibilidades de

construção do conhecimento pelas crianças, aceitação dos professores e alunos e bom desempenho

frente às tecnologias de informação e comunicação, desenvolvimento de trabalho criativo associado

ao currículo e à proposta pedagógica da escola, participação efetiva de todos sem que ocorresse a

exclusão digital e a troca de experiência entre os educadores realizada de forma efetiva. Todos os

envolvidos foram conduzidos ao processo de “aprender a aprender” e a dominarem os recursos

tecnológicos que muito contribuíram no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento

das habilidades intelectuais.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

71

AS HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO COLETIVO (HTPCS) PODEM SER UM

ESPAÇO/TEMPO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA E CONSTRUÇÃO DE SABERES

DOCENTES?

Autor(a): Gabriela Reginato de Souza ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Yoshie Ussami Ferrari Leite

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente

Departamento: Departamento de Educação

Neste resumo, iremos apresentar os dados obtidos até o momento como parte do aprofundamento

teórico para a realização de nossa pesquisa de mestrado que procura investigar se as Horas de

Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs) no município de Rancharia-SP, vem se constituindo como

espaços de formação contínua e construção de saberes docentes capazes de permitir aos professores

desenvolverem um trabalho de sucesso no contexto da atual escola pública. Ao abordarmos a

formação de professores é preciso considerar também o complexo contexto de seu trabalho, ou seja,

a escola pública, que deixou de ser uma instituição elitista para abrir-se à maioria da população

(BEISIEGEL, 1980). Levando em conta a importância de alcançar a melhora qualitativa da escola

pública, acreditamos que a formação contínua de professores tem um importante papel a

desempenhar. Compreendemos, com base em Silva (2000, p.21) que esta modalidade de formação,

refere-se basicamente ao “conjunto de atividades que se realizam após a formação inicial, que tem

como objetivo desenvolver os conhecimentos e as competências dos professores tendo em vista o

seu aperfeiçoamento profissional” (SILVA, 2000, p.21). Ao longo do tempo a formação contínua foi

designada de diversas maneiras. Tais denominações relacionam-se a determinadas ideologias e

interesses, de acordo com o contexto social e educacional (ALVARADO PRADA, FREITAS E

FREITAS, 2010). É possível perceber que desde a sua origem a formação contínua sempre irá

apresentar uma profunda ligação com o contexto social mais amplo em que a educação está inserida,

sendo expressão, em muitos casos, não das necessidades docentes, mas sim, dos interesses externos

que predominam em cada momento histórico. Muitos equívocos foram e ainda são cometidos,

quando se trata de formação contínua, ainda assim, é preciso considerar que esta modalidade de

formação é imprescindível para promover as necessárias mudanças em direção à melhoria do ensino

escolar público. Uma das questões que vem sendo discutidas é a importância de que a formação

contínua esteja centrada na escola, partindo das necessidades que surgem das situações concretas de

trabalho dos professores. Neste sentido, vemos as Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo – HTPCs,

como um espaço/tempo que pode se constituir em oportunidade de formação contínua. Disso

provém a nossa preocupação em tornar as HTPCs objeto de estudo em nossa investigação. Em

levantamento realizado nos programas de Pós-Graduação em Educação de instituições de ensino

superior públicas - UFSCAR, UNESP, UNICAMP, USP - e da uma instituição privada, a PUC-SP,

encontramos ao todo oito trabalhos que se dedicaram ao estudo da temática das HTPCs, no período

abordado em nosso levantamento, ou seja, de 2000 a 2011. Além disso, realizamos também um

levantamento na base de teses e dissertações da Capes/MEC, em que foram identificados seis

trabalhos relacionados às HTPCs. Alguns trabalhos, apesar de terem seus títulos e autores

localizados, não puderam ser analisados, por não estarem disponíveis nos sites das universidades.

Nesta breve apresentação das produções acadêmicas sobre as HTPCs, correspondendo ao período

de 2000 a 2011 foi possível perceber que os trabalhos realizados trazem importantes elementos para

a reflexão sobre as falhas que estes espaços/tempo de formação ainda apresentam. Em contrapartida

estas pesquisas também apontam que muitos professores reconhecem a escola como um importante

local de formação, ainda que apresentem insatisfação no que se refere a alguns pontos. Isto

demonstra que a formação contínua que acontece em espaços e tempos do cotidiano da escola, pode

se reverter em desenvolvimento profissional docente o que significa também a melhora da

qualidade da escola pública.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

72

ENTRE O CORPO E A ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE UM CAMPO COLONIZADO.

Autor: Gregory de J. G. Cinto

Orientador(a): Profª. Drª. Sueli Aparecida Itman Monteiro

IES: Universidade Estadual Paulista – UNESP/FCLAr

Departamento: Psicologia da Educação

Neste trabalho analisamos o processo educacional num esforço de compreensão sobre um campo de

fronteira configurado entre o corpo e a escola. A partir disso, observamos como se constitui um

movimento suficientemente forte para o estabelecimento de vínculos. Contudo, o modo como estas

formas se apresentam demarcam uma espécie de território que vem sendo intensamente colonizado

pelas forças do mercado capitalista neoliberal. Não obstante o movimento dos vínculos e as formas

de expressão situadas nesta fronteira se sintetizam naquilo que podemos denominar como ternura.

Nesta reflexão mostramos como estas fronteiras entre o corpo e a escola são submetidas por uma

dinâmica de poder, na medida em que percebemos que um sistema econômico global se torna

hegemônico e começa a colonizar todo este território onde a vida acontece. Para sustentar nossas

análises, pesquisadores nos informam claramente sobre dispositivos de empresariamento da vida

por parte do mercado neoliberal. (AMBRÓZIO 2011). Há também quem denuncia a arrogância do

mercado em se apresentar como uma nova religião operando com intensos movimentos de

arrebanhamento das massas (DUFOUR, 2005). As categorias de biopoder e bipolítica como nos

apresenta Michel Foucault, contribuem para o estudo sobre estes dispositivos de colonização. Nosso

ponto de partida se situa nas cenas oferecidas pelo filme Taare Zameen Par (2007) (Como Estrelas

na Terra: Toda Criança é Especial), uma obra do cinema indiano contemporâneo dirigida por Aamir

Khan. No primeiro momento refletimos sobre o filme Taare Zameen Par (2007) a partir da

categoria da ternura, na medida em que esta sofre os mecanismos de colonização dentro da

dinâmica de poder que se institui como forma de interdição dos movimentos de criação. Mostramos

também como as instituições em foco, a escola e a família, que ao se encontrarem dominadas pelas

forças do mercado têm dificuldades em lidar com movimentos de invenção. Em segunda parte do

texto apresentamos nossas reflexões estabelecidas a partir do diálogo com o livro O direito à

Ternura (1998), de Luis Carlos Restrepo. Aqui, a ternura é apresentada como um vínculo

estabelecido entre educador e educando na perspectiva do estabelecimento de um direito

fundamental ao desenvolvimento humano. Assim situamos os pólos das relações, pois de um lado

um corpo reclama pela ternura, e de outro, uma instituição, expõem seus limites. Nesta situação

enfatizamos como tal direito vem sendo negado aos educandos. Por fim enfatizamos a atitude do

educador em sua lida com a ternura, mostrando que ela pressupõe o exercício de um deslocamento

que Foucault (2005) identifica como uma vivência própria da modernidade. A atitude moderna que

o filósofo francês aponta aparece para nós no modo como o educador reinventa a sua autoridade. Na

medida em que esse educador reinventa sua autoridade na experiência do vivido, ele trava uma

guerra contra as forças que empurram o menino Ishaam, personagem principal do filme, para o

abismo existencial em meio a situações marcadas por extremo sofrimento. Nossa análise do

contexto do filme se faz com o auxílio da leitura do texto O que são as Luzes (2005).

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

73

TRAZENDO ALFABETIZANDOS ADULTOS DE VOLTA À ESCOLA: CONTRIBUIÇÃO

PARA AS POLÍTICAS DE COMBATE AO ANALFABETISMO EM ARARAQUARA.

Autor: Haroldo Campos ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

Apresentamos neste resumo um recorte a partir das atividades de pesquisa realizadas no âmbito do

projeto: “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado de Araraquara”,

ação de pesquisa e extensão vinculada ao Núcleo de Ensino da FCL/Araraquara. O projeto está

fundamentado nas contribuições da abordagem sócio-cultural de Vigotsky, Luria e Leontiev, da

Pedagogia Histórico-Crítica e do método Paulo Freire. Desenvolvem-se atividades tanto de

produção de material didático e propostas de ensino quanto um trabalho de formação continuada

dos professores alfabetizadores, cadastrados na Prefeitura Municipal de Araraquara, para atuarem

no projeto MOVA – Brasil Alfabetizado. O projeto é financiado com recursos decorrentes de

convênio entre a FUNDUNESP e a Prefeitura, tendo se iniciado em 2010. Um dos aspectos que tem

sido objeto de investigação é a dificuldade do programa Brasil Alfabetizado/MOVA, como Política

Pública, para atingir o universo dos jovens e adultos do município. Embora não haja números

precisos, estima-se que existam cerca de 5.000 pessoas nessa condição. No entanto o número de

matriculados nas classes de alfabetização não chega a 500 ao ano e vem decrescendo. Mesmo entre

os que são matriculados há um índice elevado de evasão. Metodologia: Um dos principais

instrumentos de levantamento de dados da pesquisa tem sido os debates com os educadores e a

realização de uma entrevista com educandos, através da técnica de “grupo focal”. A realização da

pesquisa com grupo focal foi desenvolvida no Parque São Paulo, bairro periférico de Araraquara,

onde foi constatada, por meio de dados secundários obtidos junto à Prefeitura Municipal, a

existência de um grande número de adultos analfabetos e jovens e adultos que interromperam os

estudos nos anos iniciais da Educação Básica. Com a participação da Direção e Coordenação

Pedagógica da Escola Estadual Sergio Pedro Speranza, foi conduzida uma reunião com os pais dos

alunos, com o propósito de dialogar, levantando problemas e identificando alternativas. Dessa

forma, ao mesmo tempo em que são investigadas as dificuldades para inclusão dos analfabetos no

programa e os índices de evasão, são discutidas, com os envolvidos, ações pedagógicas e sociais

que podem reduzir esses problemas. Utiliza-se, portanto, uma abordagem dialética fundamentado

no método instrumental de pesquisa, já que se trata de apresentar situações problematizadoras aos

sujeitos envolvidos, sugerindo e elaborando em conjunto instrumentos que superam essas situações

e verificando a aplicação prática desses instrumentos. Resultados: Ficou constatado que, entre

outros, os motivos mais recorrentes para a falta de procura pelo programa estão ligados às

condições de trabalho dos alunos, descompasso entre os horários de trabalho e o horário das aulas.

Entre as causa da evasão foram apontados: o cansaço e a desmotivação dos alunos. Entretanto, o

grupo de alunos e colaboradores participantes do projeto constatou também o uso de material

didático inadequado para a alfabetização de educandos adultos. Na pesquisa com o grupo focal, os

indivíduos presentes mostraram grande interesse em voltar a estudar. O público que teve maior

participação foi o gênero feminino, uma vez que estavam em maior número. As mulheres

mostraram e apontaram diversos motivos pelo qual tiveram que romper os estudos. Algumas delas

relataram ter trabalhado quando ainda eram jovens, o principal motivo era a pobreza vivenciada

pela família. Outras pessoas fizeram queixas em relação ao programa de alfabetização de jovens e

adultos dizendo que o material utilizado era sempre o mesmo, não havia novidades nem uma

preocupação em elevar o conhecimento a um grau de dificuldade mais avançado. Os indivíduos do

sexo masculino apresentaram dificuldades em retornar a escola por motivo de trabalho, mudanças

de turno ou viagens fora da cidade. Apresentamos também propostas de flexibilidade quanto à

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

74

assiduidade e um possível cronograma com aula aos sábados para que os mesmos efetivamente

retornassem à escola. Algumas pessoas se mostraram mais rígidas quanto ao retorno dizendo que o

tempo livre aos finais de semana seria com a família e lazer. Esses dados estão sendo sistematizados

com vistas à elaboração de propostas para melhor adequação da oferta de programas de

Alfabetização de Jovens e Adultos por parte do município de Araraquara (a serem discutidas com os

gestores públicos responsáveis), bem como para subsidiar a melhoria das atividades pedagógicas e

materiais didáticos utilizados, contribuindo para a ampliação da presença e permanência dos

trabalhadores analfabetos ou pouco escolarizados, gerando resultados relevantes para o resgate da

sua cidadania e superação das desigualdades sociais.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

75

AS ESCOLAS NO CAMPO E AS SALAS MULTISSERIADAS NO ESTADO DE SÃO

PAULO: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO NO MEIO RURAL

ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2010.

Autor(a): Jaqueline Daniela Basso ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Luiz Bezerra Neto

IES: Universidade Federal de São Carlos- UFSCar

Departamento: Educação

A educação brasileira ocorre primeiramente no meio rural, devido à predominância agrária do país,

que inicialmente se dedicava à produção e exportação de gêneros alimentícios para a Europa,

contudo, aqueles que vivem no campo tem acesso restrito à educação. No Estado de São Paulo esta

situação não é diferente. Objetiva-se, portanto, nesta pesquisa identificar a abrangência da educação

no meio rural paulista através da quantificação de municípios e escolas que a ofertavam entre os

anos de 2009 e 2010, bem como analisar as condições infra-estruturais, pedagógicas e de formação

docente neste contexto educacional. Os resultados parciais desta pesquisa, que será concluída em

março de 2013, nos dão alguns indícios da dificuldade de acesso à educação no meio rural paulista.

Dentre os 645 municípios deste Estado, apenas 265 deles, até o ano de 2009, possuíam escolas no

campo de acordo com o Plano de Ações Articuladas- PAR. Em 2009, os 157.164 alunos campesinos

(http://www.educasensomec.inep.gov.br/basica/censo/default.asp), eram atendidos em 357 escolas

estaduais e 1129 escolas municipais, que em sua maioria se limitam a ofertar os primeiros anos do

Ensino Fundamental, de acordo com os indicadores do PAR. Além da falta de escolas, no meio rural

persiste um tipo de organização escolar já extinto nas cidades: as salas multisseriadas. De acordo

com Santos e Meneses (2002), nas salas multisseriadas, o professor trabalha com alunos em

diferentes níveis de desenvolvimento em um mesmo ambiente, geralmente com infraestrutura

precária e prejuízos nos processos de ensino e aprendizagem.

(http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=71). No Estado de São Paulo, até 2009,

ainda existiam 987 turmas multisseriadas no Ensino Fundamental, o que representa

aproximadamente 16% das turmas deste nível educacional

(http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/sinopse/sinopse.asp). Ao término do levantamento

quantitativo pretendido, será realizado um estudo de campo junto às escolas paulistas no meio rural

e à uma amostra dos representantes do Programa Escola Ativa, única política pública nacional

voltada para as salas multisseriadas.A partir destes levantamentos e do estudo de campo, será

desenvolvido um estudo descritivo e analítico acerca das condições qualitativas e estruturais da

educação no meio rural paulista entre os anos de 2009 e 2010.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

76

UNIVERSIDADES: SERVIÇO PÚBLICO OU EMPRESAS DE CAPITALISMO DE

ESTADO?

Autor(a): Laís Cassanho Silva ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Este estudo pretende analisar a política atual proposta para o ensino superior, a princípio verificando

as concepções das propostas para este nível de ensino, ou seja, as bases que subsidiam as medidas a

serem implementadas para o conjunto do ensino superior. Pretendemos, através deste estudo,

verificar a qual tipo de ciência se dá mais validade, se a teórica ou a aplicada. Ou seja, a proposta

baseia-se na idéia de que atualmente, no mundo globalizado no qual vivemos e onde a corrida que

se firma é por tecnologia de ponta, tentaremos verificar a que se destina o conhecimento produzido

na universidade, se a produção de um saber desinteressado ou a interesses de desenvolvimento

econômico do país apenas. Deste modo, propomos examinar quais são as concepções de

universidade, ciência e tecnologia presentes nas propostas políticas que se apresentam nos

documentos do Ministério da Educação e de seus organismos (CNE, Capes) e no Ministério de

Ciência e Tecnologia. Seria a universidade um locus privilegiado de demandas empresariais ou há

uma disposição em expandir a formação desinteressada para a ciência? A hipótese, após esta

primeira análise, é a de que o conhecimento que se quer desenvolver é aquele capaz de produzir

uma nova tecnologia, ou seja, um conhecimento aplicável. Por haver um ideal da sociedade sobre a

importância do conhecimento científico como fator chave para o desenvolvimento econômico do

país com a conseqüente possibilidade de mobilidade social ascendente, se faz necessário um

aprofundamento para a discussão das políticas governamentais para o ensino superior e produção

acadêmica de ciência. Pretendemos verificar o discurso governamental sobre o pensamento

educacional e científico divulgado pelo Governo Federal e seus ministérios para obtenção de um

consenso social, acerca das medidas que pretende implementar para o ensino superior e a produção

de ciência e tecnologia na universidade. A partir desta observação, examinaremos o real papel da

universidade, se realmente se resume à produção e aplicação de tecnologia ou se apresenta uma

produção mais ampla de conhecimento. Tendo em vista o papel de destaque que a universidade tem

na sociedade, cabe verificar se as decisões que estão sendo tomadas para o ensino superior

contemplam as expectativas nele depositado. Esta pesquisa terá como base uma metodologia

analítica, de base teórica e comparativa, abordando os documentos oficiais que regem o ensino

superior e os investimentos em produção de ciência e tecnologia nas universidades brasileiras,

identificando as medidas que tem como referência as diretrizes contidas nos planos nacionais de

educação e outros documentos e suas execuções, limitados no ano de 2011.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

77

A RELAÇÃO ENTRE CUIDAR E ASSISTIR NA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO

INFANTIL BRASILEIRA.

Autor(a): Lilyann Rebeka Bondancia ([email protected])

Co-autores: Luciana Regina Valentim ([email protected]), Tamis Eliza Alves (ta-

[email protected])

Orientador(a): Profª. Me. Gabriela de Campos Tebet

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Educação Infantil

Este trabalho é fruto do estudo de vários autores e de pesquisas feitas durante a disciplina Políticas

de Educação Infantil, do curso de Especialização em Educação Infantil da UFSCar. A discussão

sobre a necessidade de atendimento adequado à criança de 0 a 6 anos, no Brasil, inicia-se no fim do

século XIX, devido ao fim da escravidão e a alta mortalidade infantil nas casas de acolhimento.

Contudo, políticas públicas específicas voltadas para o atendimento das crianças em idade pré-

escolar começaram a ser implantadas somente no século XX, na década de 30, por exigência social

de mulheres em emancipação no mercado de trabalho. Desde então, as instituições voltadas para a

infância assumiram o caráter de cuidado e assistência. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (Lei 9.394) determinou que as creches, que até então eram mantidas pela Assistência So-

cial, passassem a integrar a Educação Básica, como parte do Sistema Educacional. Essa determina-

ção trouxe duas grandes problemáticas: a dissociação da creche ao assistencialismo e a segunda,

quando ela se tornou uma instituição educacional, passou-se a interpretar que devesse seguir o mo-

delo educacional vigente no Ensino Fundamental, tornando-se assim, escolar. A primeira problemá-

tica torna-se conflitiva quando se diferencia educação, cuidado e assistência. Para muitos educado-

res, educar restringe-se ao sentido escolar do termo, ou seja, à transmissão dos conhecimentos acu-

mulados, por meio de conteúdos programáticos e avaliações, enquanto cuidar diz respeito à higiene,

alimentação, conforto e segurança. Para muitos pesquisadores, como Rosemberg (2002) esses dois

aspectos são indissociáveis na Educação Infantil. A segunda é um problema na medida em que se

entende Educação Infantil como ensino e se trata a criança como aluno. Destarte, as escolas dessa

modalidade de ensino deveriam comportar uma série de conteúdos, organizados num currículo, que

determinasse o que as crianças deveriam saber no fim de cada série e formas de avaliá-las. Para

muitos estudiosos essas concepções apontam para uma escolarização precoce e, ao privilegiar o

sujeito escolar, fere a criança enquanto sujeito de direitos. Assim pretende-se, nesse trabalho, discu-

tir como se instala o debate sobre as relações educar-cuidar-assistir no atendimento de crianças pe-

quenas. Para tal, utilizar-se-á de pesquisas bibliográficas e pesquisas da Legislação voltada à Edu-

cação Infantil.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

78

POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO

MÉDIO: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO

NO PROGRAMA PROUNI.

Autor(a): Maria Aparecida Bovério ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

O atual contexto educacional brasileiro aponta que existe uma demanda pelo ensino superior de

pessoas que não conseguem ingressar no sistema universitário público. São pessoas das classes so-

ciais que antes eram majoritariamente excluídas deste nível de ensino, classes trabalhadoras em

busca de novas opções de vida, ou ainda, em busca de apenas se manter em seus postos de trabalho

ou de almejar possibilidades de crescimento pessoal e profissional. Muitas dessas pessoas, apesar de

frequentarem cursinhos pré-vestibulares, gratuitos ou mesmo pagos, não conseguem ingressar no

ensino superior público, pois, ao se analisar a relação candidato-vaga, verifica-se que a concorrência

é acirrada. O acesso ao ensino superior que, no início dos anos 60, atingia de 2 a 5% da população

de 18 a 24 anos e, hoje, atinge cerca de 25,2%, demonstra a dificuldade histórica de ascensão a este

nível de ensino e, por isso, boa parte dos estudantes que estão no ensino superior compõem a pri-

meira geração de formação deste nível da sua respectiva família. O problema desta pesquisa é veri-

ficar se a política pública do governo federal, através do Programa Universidade para Todos (PRO-

UNI) – após 5 anos de sua implantação – está funcionando em uma instituição de ensino superior

privada de Monte Alto, interior do Estado de São Paulo, e em outras instituições que ficam em regi-

ões próximas à esta cidade, uma vez que o programa não soluciona as várias indagações sobre o

acesso e permanência dos alunos no ensino superior, mas é, como política pública, uma forma de

incentivo e acesso imediato para as classes mais pobres, que não conseguem, nem vêem possibili-

dades de acesso ao ensino superior público. O objetivo geral desta pesquisa é investigar se o pro-

grama PROUNI, enquanto política pública de ensino superior está atendendo às expectativas das

pessoas que estudam e das que já concluíram o curso em uma instituição de ensino superior privada

na cidade de Monte Alto, interior do Estado de São Paulo e de outros estudantes e/ou concluintes

que estudam e/ou estudaram em outros cursos, de outras instituições, abrangendo as regiões próxi-

mas à esta cidade. Será realizado inicialmente um estudo piloto de caso com os alunos que utilizam

e com os que já utilizaram o PROUNI, provenientes das escolas públicas de ensino médio que estu-

dam ou estudaram em um curso que permita estabelecer alguns critérios para a extensão posterior

da pesquisa – no caso, o estudo se dará junto ao Curso de Administração da Faculdade de Monte

Alto (FAN). Serão estudados, a seguir, e considerando os resultados do estudo piloto, outros estu-

dantes e/ou concluintes que estudam e/ou estudaram em outros cursos, de outras instituições, abran-

gendo as regiões próximas à cidade de Monte Alto, por processo de amostragem. Para a coleta de

dados, serão aplicados questionários e será feita uma entrevista focus group, para cumprir com os

objetivos propostos nesta pesquisa, ou seja, conhecer as opiniões, crenças, sentimentos, interesses e

expectativas de cada um. Os questionários e/ou as entrevistas serão realizados de acordo com a dis-

ponibilidade dos entrevistados. Serão utilizados, também, os recursos da pesquisa documental para

analisar o programa PROUNI.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

79

GESTÃO DO ENSINO MÉDIO E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO SUPERIOR: UM

ESTUDO DE CASO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MONTE ALTO.

Autor(a): Maria Aparecida Bovério ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. João Augusto Gentilini

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Esta pesquisa de mestrado abordou a temática da formação do aluno do Ensino Médio Público,

especialmente no que concerne a seu interesse de prosseguimento nos estudos de nível superior e

centra a questão do papel do Projeto Político-Pedagógico, da atuação dos gestores perante esta

demanda e a articulação entre estes níveis de ensino. A interação entre o Ensino Superior e o Ensino

Médio se faz necessária, pois é no Ensino Superior que são formados os profissionais responsáveis

por diversas áreas de nossa sociedade, inclusive os docentes que atuarão no Ensino Médio Público.

Desenvolver um Projeto Político-Pedagógico que atenda às necessidades dos alunos é a

consolidação da função social da escola. Firmamos o compromisso de identificar, documentar e

analisar esta questão através da pesquisa documental, da fala dos gestores escolares (diretores, vice-

diretores e coordenadores) e também através de pesquisa por amostragem com alunos do 3º ano do

Ensino Médio público, com o objetivo de verificar se o Projeto Político-Pedagógico das escolas de

Ensino Médio públicas de Monte Alto contemplam esta preocupação. Objetivamos apontar, no

âmbito das três escolas públicas envolvidas nesta pesquisa quais são as responsabilidades do Ensino

Médio Público perante a formação de seus egressos, principalmente no que diz respeito à

continuidade de seus estudos em nível superior. Analisamos as respostas dos questionários-

entrevistas aplicadas aos atores educacionais envolvidos no Projeto Político-Pedagógico das escolas,

que refletem as dificuldades vivenciadas e os avanços obtidos na consolidação da ação prática que

envolve a questão pesquisada, e estes foram confrontados com as respostas dos alunos e com os

Projetos Político-Pedagógicos no período de 2003 a 2006. Como resultados da pesquisa, pode-se

apontar que os alunos apresentam indicadores de baixa renda familiar, predominando o rendimento

de, no máximo, até três salários mínimos para famílias de quatro pessoas. A escolaridade das mães e

pais é baixíssima, predominando de 1ª a 4ª séries. Este cenário nos revela alunos com falta de

capital cultural necessário para cursar um ensino superior. A pesquisa revelou que as três escolas

públicas de Monte Alto, no âmbito de seus Projetos Politico-Pedagógicos, tentam desenvolver

competências gerais, habilidades especificas e práticas culturais. Porém, nas três escolas não foi

identificado nenhum projeto especifico que atendesse as expectativas de seus alunos egressos com

interesse nos estudos de nível superior. Democratizar o ensino, enquanto processo de construção da

cidadania, é oferecer também o ensino superior a todos os jovens que desejarem nele ingressar,

principalmente para os que são egressos da escola pública e que, geralmente, não possuem

condições de pagar um ensino particular de qualidade. Para estes, caberá a cada escola pública de

Monte Alto proporcionar meios, através de seu Projeto Político-Pedagógico, de suprir as

necessidades de vida social e capital cultural, atendendo assim, as demandas da comunidade escolar

e sendo o espaço comprometido com o desenvolvimento integral do educando, criando, no âmbito

dos Projetos Políticos-Pedagógicos, propostas que contemplem atividades curriculares, culturais e

extra-curriculares, na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualização, que atendam ao

interesse desses alunos pelo ensino superior, articulando, assim o Ensino Médio com o Ensino

Superior.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

80

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO POLÍTICA E PEDAGÓGICA.

Autor(a): Thainá Portela Rêgo Ribeiro ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

A tecnologia de nossa sociedade contemporânea tem invadido a vida de cada cidadão de uma

maneira especial. Já faz algum tempo que a tecnologia é utilizada na comunicação e, mais

recentemente, ela tem sido cogitada como um poderoso meio para a educação e transmissão do

conhecimento. O uso da tecnologia na educação propiciou o desenvolvimento da Educação à

Distância, que já está em funcionamento em muitos países, sendo muito utilizada na área da

educação. Esta pesquisa apresenta-se a fim de conhecer o instrumento da Educação à Distância,

enquanto medida para a expansão do acesso ao ensino superior, através de um estudo comparativo

de dois cursos de pedagogia, um oferecido através do instrumento da educação à distância e outro

oferecido no modo presencial. Torna-se importante, dada a centralidade atribuída ao conhecimento,

investigar e questionar a realização desta medida política educacional, enquanto medida principal

para a expansão do acesso ao ensino superior. Esta pesquisa tem por objetivo conhecer, através de

um estudo comparativo, um dos cursos que utiliza a modalidade da educação à distância, o curso de

pedagogia oferecido pela UNIVESP, no campus de Araraquara. Pretende-se verificar se a formação

desses estudantes é a mesma daqueles que estão no curso de pedagogia presencial oferecido pela

UNESP. Para isso, será analisado o projeto pedagógico do curso oferecido pela UNIVESP,

juntamente com o material didático, ambiente de aprendizagem, método de avaliação, entrevista

com os professores/tutores, em seguido será comparado o projeto pedagógico do curso de

pedagogia à distância com o curso de pedagogia presencial da UNESP do campus de Araraquara,

uma vez que todos os cursos de pedagogia da UNESP estão buscando uma aproximação das grades

curriculares. Para a consecução dos objetivos acima, propõe-se realizar uma breve análise da

Universidade Aberta do Brasil, destacando o número de pólos, quais cursos são oferecidos, se existe

alguma semelhança curricular ou parceria entre a UAB e a UNIVESP (Universidade Virtual do

Estado de São Paulo) e o porquê da criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo se já

existe a Universidade Aberta do Brasil. Essa pesquisa tem por método comparativo, através da

análise da UAB e da UNIVESP em seu curso de pedagogia e com o mesmo curso oferecido no

campus de Araraquara. A comparação se dará através dos projetos pedagógico dos cursos, nos seus

aspectos de conteúdo, material didático, grade horária (carga horária por disciplina), ambiente de

aprendizagem e o método de avaliação.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

81

SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMORAL.

Autor: José Francisco Navas ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Paula Ramos de Oliveira

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Tem-se que as regras que gerem o social, necessitam de uma ordem de caráter moral e a exigência

perante o individuo de agir de forma coesa em relação a tal ordem, implicando ainda um caráter

subjetivo, ou seja, diante de um ambiente discursivo deve-se agir e falar em conformidade com o

que pensa. Ao se analisar o papel da moral dentro do campo educacional, percebe-se a influencia de

valores sentimentos e juízos pré-concebidos, que irão moldar os inúmeros modelos, ou seja, é de

suma importância dar-se conta de tais afetações dentro da resolução de conflitos escolares, junto a

diversidade que corresponde as complexas teias relacionais. Acredito que o conceito de moral

transborda uma assimilação simplista dada pela grande maioria dos estudiosos dentro da educação,

ou seja, uma idéia voltada exclusivamente para a formação de um “bom cidadão”, ciente dos seus

deveres cívicos. Na medida em que se faz necessário enxergar dentro do estudo da moral uma

possibilidade para se repensar a construção de personalidades morais, fato esse que irá contribuir

para o pensamento das inter-relações entre razão e emoção, por exemplo. Para assim de alguma

maneira, repensar o desenvolvimento do ser humano como um todo, criar-se assim uma

sensibilidade tamanha, que poderá possibilitar a resolução de conflitos em busca de uma sociedade

verdadeiramente democrática. Dentro desse contexto acerca de uma reinterpretação da moral,

retomo a discussão antropológica em torno dos esforços para (des)organizar ainda mais os

consensos interpretativos, dicotomias dadas como certas , no âmbito de certas escolas do

pensamento , estão entrando em falência, é o caso da noção de Primitivo/Civilizado (Eles e Nós),

Natureza/Cultura (Um e Múltiplo) e, Indivíduo/Sociedade (Parte e Todo). É notório, a presença de

idéias novas como de simetria ou simetrização (que extrai todas as implicações da falência do

contraste entre primitivo e civilizado), de multiplicidade (que desloca o dilema da unidade e da

pluralidade) e de rede (que dissolve a distinção entre parte e todo). Na educação é fato que

conhecimento, habilidades e moral são alinhados sob uma perspectiva universalizante que deve

perseguir uma verdade única. O sujeito, por conseqüência, como encarnação dessa consciência

universal, torna-se um sujeito transcendente. A formação obedece a essa tarefa de transformar o

homem em um sujeito ideal: as particularidades da experiência devem ser elevadas ao universal.

Assim acredito que o verdadeiro ensino, esclarecido por essência, deriva do pensamento no qual

revela-se a ilusão do conhecimento universal: não há razão (como condição humana ) que dê conta

do mundo. O mundo não cabe na razão, à realidade não cabe no pensamento.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

82

A CIDADANIA MODERNA E A CENTRALIDADE DA POLÍTICA: O CAMINHAR EM

TORNO DO MESMO EIXO.

Autor(a): Juliana Tiburcio Silveira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Eliza Brefere Arnoni

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de São José do Rio Preto

Departamento: Departamento de Educação

Este trabalho se propõe a analisar o que representa em termos histórico-ontológico na luta por uma

comunidade humanamente emancipada, tomar a política como princípio de inteligibilidade da

totalidade social, considerando-se que para Marx, o trabalho é a matriz fundante do ser social.

Pautando-se, especialmente, na discussão abordada por Tonet (2009), em seu livro Descaminhos da

esquerda: da centralidade do trabalho à centralidade da política, procura-se, por meio de estudo

bibliográfico de alguns escritos de Marx, além da obra supracitada, discutir, também, de que forma

estes “descaminhos” articulados ao propósito de se formar para a cidadania, o ideal de formação

humana proclamado pela sociedade capitalista, mostram-se extremamente limitados e incapazes de

superar o capital. E, que, apesar da ênfase na política e no papel do Estado no atual momento

histórico, o indivíduo, assim como, a sociedade, continuarão caminhando em torno do mesmo eixo:

o eixo alienante, desumanizador, que caracteriza a sociedade capitalista, ou seja, o eixo do trabalho

abstrato, baseado no valor-de-troca, que tem como finalidade única o lucro, uma forma de trabalho

que separa o homem de si, de sua humanidade, sendo apenas um meio de garantir sua sobrevivência.

É possível inferir que enquanto esta forma de trabalho for predominante, as relações sociais serão

marcadas pela exploração do homem pelo homem, o que o impede de dar o salto qualitativo rumo à

emancipação humana.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

83

O ENSINO DE FILOSOFIA: POR QUE E PARA QUE?

Autor(a): Katherine Cortiana Fagundes ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Paula Ramos de Oliveira

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

Encontramos nas leis e parâmetros que regem a educação básica no Brasil discursos similares e

complementares, os quais enfatizam a necessidade de formarem cidadãos aptos a atuarem no

mercado de trabalho; desta maneira, o professor passa a exercer papel similar a de um técnico

incumbido de transmitir competências. É neste cenário que o ensino de filosofia volta a ser

obrigatoriedade no nível Médio. Mas, o que esperar desta disciplina em meio a uma realidade

educacional neoliberal? Quando indagados sobre as contribuições do ensino de filosofia para os

alunos, os professores e pesquisadores da área são quase unânimes ao declararem que a disciplina

vem a contribuir para a formação de cidadãos críticos, criativos e politizados, mas não teria esta

mesma pretensão o discurso defendido pelos parâmetros educacionais, os quais tanto criticamos? Se

fizermos uma leitura superficial dos PCNs para o nível médio em relação ao ensino de Filosofia não

notaremos as diferenças nos discursos (de professores, pesquisadores e parâmetros), porém, ao

fazermos uma análise mais atenta as discrepâncias serão nítidas. Quando falamos de ensino de

filosofia logo pensamos no perfil dos alunos que queremos formar – críticos, criativos, éticos,

politizados, etc – relegando a um segundo plano como e o que ensinar – a história da filosofia ou o

filosofar? – É provável que ao ensinarmos a história da filosofia e as concepções filosóficas

defendidas pelos grandes pensadores, sem praticar o exercício do filosofar, não estaremos

contribuindo para a formação dos cidadãos que almejamos, pois, continuaremos a reproduzir o

ensino que tanto criticamos, aquele denominado por Freire (1980) de educação bancária. O filosofar

é entendido aqui pelo exercício da reflexão que se concretiza através do diálogo, o mesmo praticado

por Sócrates e seus discípulos. É pelo diálogo com o outro que se constrói e se desconstrói

conceitos, idéias, valores, verdades... e é pela prática do mesmo, que provavelmente, conseguiremos

afetar nossos alunos. Segundo Spinosa (2003) o afeto é gerado em nós através das nossas interações,

desta maneira, deveríamos refletir sobre os afetos que buscamos motivar nos educandos, serão eles

afetos tristes ou alegres? O afeto alegre aumenta a potência de agir do individuo, impulsionando-o a

pensar sobre si e o mundo. O afeto triste, ao contrário, oprime, deprime, impossibilitando o

individuo de pensar e agir por si, para si e pelos outros. A partir de tais considerações se faz

necessário investir num ensino de filosofia que desperte nos alunos um afeto alegre, motivando-os

na construção de uma nova relação com o conhecimento, uma relação afetiva, que os permitam

“pensar por si”, “pensar de outra maneira”, “questionar o que pensam”. Acreditamos que é pelo

conhecimento de si e do outro que o educando aprende a ler o mundo, analisando e contestando

suas contradições.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

84

SEÇÃO H - EDUCAÇÃO ESPECIAL

DEFICIÊNCIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: INCLUSÃO NA REDE

PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA?

Autor(a): Heloisa Silva Neves ([email protected])

Co-autor(a): Ana Heloisa Souza Lima

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Júlia Canazza Dall´Acqua

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação.

O presente trabalho tem por propósito investigar a inclusão de pessoas com deficiências, por meio

de matrículas, em salas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas escolas da rede pública de

ensino do município de Araraquara/SP. Embora não haja número significativo de pesquisas e nem

dados conclusivos acerca da temática - EJA e alunos com deficiências - no Brasil, estima-se que no

contexto do analfabetismo na população brasileira tal população represente significativo

contingente, em decorrência de um conjunto complexo de fatores, dentre eles a falta de acesso e

permanência na escola. Segundo Ferreira (2009), sem ingresso na idade apropriada, sofrendo ainda

com a institucionalização ou com processos insatisfatórios de inclusão, jovens e adultos com

deficiências continuam à margem de serviços educacionais, mesmo quando percebe-se um número

crescente de matrículas nessa modalidade de ensino. Segundo dados do Resumo Técnico – Censo

Escolar 2010 (BRASIL, 2010), registra-se um declínio no número de matrículas na modalidade EJA

da ordem de 5%, com redução de 374.098 matrículas a menos e totalizando assim um montante de

4.234.956 matrículas em 2010. Nesse contingente, os dados oficiais mostram uma expansão de

alunos com deficiências, respectivamente nos anos de 2007 a 2010, passando de 28.295 para 41.385

matrículas. Percentualmente, de 0,7% de matrículas no ano de 2009, houve um crescimento para

0,9% em 2010. Com base nessa problemática e na urgência da construção de política públicas

voltadas para esta população, a partir do estudo em questão pretende-se caracterizar a oferta de EJA

para jovens e adultos com deficiência matriculados em escolas municipais de Araraquara, para

assim identificar e analisar os desafios que se colocam ao sistema educacional brasileiro para

assegurar a este grupo social o direito à alfabetização em condições de igualdade com seus pares.

Dessa forma estabeleceu-se como metodologia de pesquisa realizar levantamento bibliográfico

acerca da temática deficiência e a EJA e sobre o que a literatura pode contribuir para ampliar o

entendimento sobre o tema de pesquisa, bem como entrevistas com o responsável pelo Núcleo da

Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do município de Araraquara, para

levantamento de dados relativos às pessoas com deficiência que freqüentam a EJA. De posse das

primeiras informações passar-se-á a uma investigação de campo nas escolas municipais e no

Movimento de Alfabetização (MOVA), onde as aulas são ministradas por educadores populares,

selecionados a partir de critérios estabelecidos pelos Municípios. Como pesquisa em andamento, até

o presente momento, dispõe-se da informação de que no município há 20 salas de EJA, em quatro

escolas, (sendo uma delas o Núcleo de Educação de Jovens e Adultos). No MOVA há 19 salas, 19

professores, sendo parte delas sediadas em escolas e igrejas. Os dados fornecidos pela Secretaria

indicam que, no universo de todos os alunos de Araraquara há apenas um aluno com Síndrome de

Down matriculado, o que por certo contrasta com as hipóteses derivadas da literatura consultada.

Em continuidade pretende-se iniciar a pesquisa de campo.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

85

FORMAÇÃO INICIAL PIBID/PEJA: REFLEXÕES ACERCA DA ATUAÇÃO DOCENTE

FRENTE À INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

Autor(a): Karina Ruiz Alves ([email protected])

Co-autor(a): Larissa de Paula Ferreira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Maria Júlia Canazza Dall’Acqua

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação.

Este trabalho apresenta um estudo de caso com base no relato de uma experiência de observação

participante em sala de Educação de Jovens e Adultos (EJA) situada em uma EMEF na cidade de

Araraquara/SP, por meio da formação inicial propiciada pelo Programa Institucional de Bolsa de

Iniciação à Docência (PIBID/CAPES). Nesse contexto, as informações referem-se ao atendimento

educacional de uma aluna com deficiência física e intelectual matriculada no primeiro segmento.

Considerando a importância da inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais

(NEE) na escola, a educação dessas pessoas é hoje um conceito que engloba diversas propostas

educativas, entre as quais a educação especial para alunos jovens e adultos em contextos

especializados e a educação inclusiva, com apoio, em contextos regulares, ou salas de aula comuns.

Neste sentido, com a presente investigação pretende-se abordar os recursos e condições usados por

uma professora em sala de EJA, para a inclusão de uma aluna com deficiências, como ponto de

partida para uma análise acerca dessa vivência para a formação inicial de duas bolsistas

PIBID/PEJA, alunas de cursos de graduação da FCL/UNESP/CAr. Levando em conta o papel e a

importância da EJA e da Educação Inclusiva no recente cenário educacional brasileiro, avalia-se e

esse estudo poderá vir a contribuir para uma compreensão mais aprofundada do processo de

inclusão dos alunos com deficiências no que se refere ao desenvolvimento de habilidades,

competências e atitudes comunicativas, bem como para que seja possível estabelecer uma relação

entre as duas temáticas apontadas, com vistas a contribuir para preencher uma lacuna significativa

de estudos que, até então, têm sido desenvolvidos separadamente. Neste sentido, a pesquisa tem

como objetivo investigar em que medida e de que forma professores da EJA desenvolvem práticas

pedagógicas voltadas para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, visando

apreender e analisar suas práticas pedagógicas frente à inclusão. Para tanto, realizar-se-á

levantamento bibliográfico que possa propiciar um cenário para contextualizar a pesquisa em seus

fundamentos, quais sejam: EJA, educação inclusiva e formação de professores, bem como

observações em sala de aula e entrevista com as participantes (professora e aluna), no sentido de

apreensão da estrutura física da escola, organização curricular e prática pedagógica. Empreendendo

análise de cunho qualitativo, não se pretende, porém, negar a importância dos aspectos

quantitativos, a serem usados se necessário. Os primeiros resultados apontam que a prática

pedagógica da professora da sala não difere da maneira como ela também age com os demais

alunos, dando instruções da mesma forma, apresentando o material sem nenhuma adaptação, sem

estratégias ou apoios que possam contribuir para possibilitar o acesso da aluna ao currículo. Sua

atuação é significativamente semelhante àquela que realiza com os alunos sem necessidades

educacionais especiais, de forma que esse agir faz com que a aluna fique à margem do processo

realizado com o grupo de colegas, mesmo já estando freqüentando salas de EJA há 10 anos.

Observou-se que nos meses de março e abril, período em que as observações foram realizadas, a

professora não desenvolveu práticas pedagógicas inclusivas, melhor dizendo, as práticas não

focaram as necessidades e singularidades da aluna.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

86

QUESTÕES PARADIGMÁTICAS A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.

Autor: Saulo Fantato Moscardini ([email protected])

Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo

IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação

Nessa análise pretende-se apontar os aspectos centrais que norteiam uma pesquisa que vem sendo

realizada em nível de mestrado e que se encontra em fase de conclusão que busca incidir sobre as

fissuras que marcam o ensino ofertado ao aluno com deficiência intelectual inserido no ensino

comum, enaltecendo as práticas pedagógicas que são encampadas com esses sujeitos tanto no

contexto das salas de aula regulares nas quais se encontram, quanto durante as sessões de

Atendimento Educacional Especializado (AEE) que devem freqüentar. Essa proposta de estudo se

justifica tendo em vista que as crianças que apresentam essa condição, de acordo com Siqueira

(2008), são aquelas atingidas mais diretamente pelas controvérsias próprias ao processo inclusivo

em razão do compromisso assumido pela escola com a aprendizagem acadêmica, o que, em virtude

das dificuldades inerentes a deficiência intelectual, acaba se transformando em uma barreira para o

desenvolvimento cognitivo dos sujeitos que encerram esse quadro. No entender de Pletsch (2010), a

Educação Especial, na forma do AEE, mesmo em tempos de inclusão continua assumindo a

responsabilidade pela educação da criança com deficiência intelectual, o que se relaciona

diretamente com a indefinição que cerca o papel a ser adotado por essa modalidade de apoio que

vem se afastando do oferecimento de atividades que tenham como meta afiançar a estimulação das

funções psíquicas inerentes à aprendizagem dos alunos atendidos. A função a ser atribuída ao

Atendimento Educacional Especializado poderá ser melhor compreendida se forem levadas em

consideração as demandas dos indivíduos que lhe atribuem sentido, já que para que esse serviço

possa assumir no bojo do processo inclusivo um papel diferenciado que afiance a aproximação do

aluno com deficiência do currículo trabalhado no ensino regular, deve ser desencadeado nessa

realidade procedimentos de ensino que priorizem a compreensão dos processos envolvidos na

construção de pensamentos e na elaboração de conceitos. A presente investigação, definida como

um estudo qualitativo de caráter descritivo que se ancora nos pressupostos da Psicologia Sócio-

Histórica, se debruça sobre o exame das práticas encampadas com cinco alunos que se encontravam

matriculados em uma escola pública municipal que oferecia o primeiro ciclo do ensino fundamental,

acompanhando esses sujeitos por quatro meses tanto durante as suas sessões no AEE, quanto

enquanto permaneciam nas salas de aula comuns. A coleta dos dados necessários para realização

desse trabalho se valeu do emprego da observação participante como principal ferramenta de estudo.

Além desse instrumental, foi efetivado um exame minucioso das atividades propostas aos alunos

observados no intuito de avaliar se durante o período acompanhado essas crianças alcançaram

níveis mais complexos de aprendizagem. As informações elencadas foram analisadas segundo os

preceitos da teoria de análise de conteúdo de Laurence Bardin, sendo organizadas em categorias que

foram estruturadas de acordo com as questões centrais que orientam a implementação dessa

pesquisa, tomando como norte os preceitos inerentes ao referencial teórico que subsidia a sua

realização. Apesar desse estudo ainda se encontrar em fase de conclusão, a inexistência de uma

proposta de trabalho comum que agregue as iniciativas encampadas no ensino regular e as medidas

tomadas no Atendimento Educacional Especializado que abarca os alunos com deficiência

intelectual inseridos nesse contexto deve ser pontuada. O distanciamento existente entre esses

ambientes inviabiliza a implementação de práticas de ensino que sejam voltadas para a supressão

das singularidades encerradas nesses sujeitos, fragmentando o seu desenvolvimento cognitivo e

inviabilizando que esse avanço ocorra de maneira plena. A superficialidade que marca as iniciativas

encampadas tanto no contexto do ensino comum, quanto no AEE também merece ser destacada, à

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

87

medida que essas atividades, via de regra, se limitam a tarefas concretas e infantilizadas,

dificultando assim a plena estimulação cognitiva das crianças atendidas.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

88

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE

A APRENDIZAGEM DE UM ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO

FUNDAMENTAL.

Autor(a): Alessandra Braz ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

Todas as pessoas têm o direito à educação e a uma educação de qualidade, incluindo as pessoas com

deficiência independente das diferenças que apresentam e à garantia de que a educação dessas

pessoas se integre ao sistema educativo. A inclusão é entendida como a flexibilização da sociedade

para poder inserir as pessoas com necessidades educacionais especiais em prol de desfrutarem de

seus direitos sociais, educacionais e morais (SAAD, 2003). A Política Nacional de Educação

Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) enfatiza a atuação da educação

especial articulada à educação comum, mas sem sua substituição. Este estudo aborda a temática da

inclusão escolar, focando as questões da aprendizagem escolar de um aluno com síndrome de Down

matriculado no Ensino Fundamental I em uma escola da Rede Municipal de uma cidade do interior

do estado de São Paulo. Segundo Flórez (1994) é necessário considerar que as pessoas com

síndrome de Down apresentam limitações no processo de aprendizagem e não seguem padrões

idênticos, variando de pessoa para pessoa. Além disso, a elaboração mental dessas pessoas é

observada em diferentes indivíduos com essa síndrome que se deve a diferentes variações na

alteração do desenvolvimento do sistema nervoso central, diferenças na educação e estimulo

recebido do ambiente em que vivem. Entender que tal síndrome tem em suas características a

deficiência intelectual. Smith (2008) define deficiência intelectual como uma incapacidade sendo

expressa no funcionamento individual do sujeito, limitando-o na habilidade conceitual, prática e

social, do nascimento até aos 18 anos de idade. Porém sabe-se que atualmente o desenvolvimento

das pessoas com síndrome de Down é como o de qualquer outra pessoa e que necessita de

influências sociais e culturais, ressaltando nas potencialidades dessas pessoas. As mesmas

dependem de procedimentos e técnicas pedagógicas capazes de tornar o aprendizado efetivo

resultando em seu desenvolvimento social e cognitivo (VITAL, 2010). O objetivo do presente

estudo foi traçar o perfil de um aluno com síndrome de Down do Ensino Fundamental I,

especificamente quanto aos seus processos de aprendizagem, elegendo a leitura e escrita como

indicador de resultados de ações pedagógicas por parte das escolas regulares. Foi utilizado como

referência metodológica o enfoque qualitativo, a partir da perspectiva do estudo de caso, ou seja, a

pesquisa visa investigar a realidade local e suas especificidades. Esta pesquisa encontra-se em

andamento, mas com os resultados preliminares foi possível nos aproximarmos de uma dada

realidade e constatar a complexidade que envolve o processo de inclusão escolar dos alunos com

síndrome de Down.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

89

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTIVA NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO

ALUNO COM DEFICIÊNCIA.

Autora(a): Aline Mercêz Silva ([email protected])

Orientador(a): Profª Drª Márcia Duarte

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

A carência de trabalhos nesta área tão desconhecida transmite a idéia de que a adoção e

escolarização de alunos com deficiência são assuntos dispersos, um pensamento errôneo, pois a

família é um dos fatores principais que contribuem para o desenvolvimento positivo do processo de

aprendizagem dos alunos. “A família é considerada a primeira agência educacional do ser humano e

é responsável, principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de

sua localização na estrutura social.” (OLIVEIRA, 2010 p. 100). “Assim, a escola que toma como

objeto de preocupação levar o aluno a querer aprender precisa ter presente à continuidade entre a

educação familiar e a escolar, buscando formas de conseguir a adesão da família para sua tarefa de

desenvolver nos educando atitudes positivas e duradouras com relação ao aprender e ao estudar.

Grande parte do trabalho do professor é facilitada quando o estudante já vem para a escola

predisposto para o estudo e quando, em casa, ele dispõe da companhia de quem, convencido da

importância da escolaridade, o estimule a esforçar-se ao máximo para aprender.” (PARO, 1999 p. 3).

No Brasil a legalização do processo de adoção teve início no século XX, quando pela primeira vez o

tema foi abordado no código civil brasileiro em 1916. A partir de 1957 ocorreram às primeiras

aprovações de leis, Em 1957, da Lei nº. 3.133; em 1965, da Lei nº. 4.655; e em 1979 da Lei nº.

6.697, que estabelece o Código Brasileiro de Menores. Atualmente a legislação que vigora sobre a

adoção no Brasil é Constituição Federal; Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA; Código Civil

Brasileiro; e a lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009. Sendo assim, o presente trabalho tem como

objetivo identificar famílias que tenham adotado filhos com deficiência e avaliar a participação dos

pais no processo de escolarização do aluno. Os participantes deste estudo são duas famílias que

possuem filhos adotivos. A coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas semi-estruturadas,

serão entrevistados os pais e professores dos alunos com deficiência. Os dados preliminares indicam

que a adoção de pessoas com deficiência antes de tudo deve ser considerada como uma ação de

grande responsabilidade, pois além de envolver sentimentos é preciso que haja a oferta de recursos

disponíveis e eficientes que possam possibilitar educação e assegurar uma escolarização de

qualidade ao filho adotado.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

90

O QUE É UMA BOA RELAÇÃO COM A ESCOLA? OPINIÃO DE PAIS DE CRIANÇAS

PRÉ-ESCOLARES INCLUÍDAS.

Autor(a): Danielli Silva Gualda ([email protected])

Co-autor(a): Laura Borges ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Fabiana Cia

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

Os princípios necessários para construção de um ambiente inclusivo na pré-escola são: cuidado,

confiança e reflexão, junto a uma articulação coletiva, ou seja, o compartilhamento de ideias para

construção da identidade, tanto dos alunos quanto dos professores envolvidos no processo

educacional, para que não haja preconceito e exclusão (SEKKEL; CASCO, 2008). O currículo e os

objetivos gerais são os mesmos para todos, inclusive para as crianças com necessidades

educacionais especiais (NEE), porém se necessário, há possibilidade de algumas modificações nos

objetivos específicos, materiais didáticos e barreiras arquitetônicas. Essas mudanças têm

contribuído para o benefício de todos na melhoria da escola e na transformação das práticas

pedagógicas (BRASIL, 2006). Além das mudanças nas práticas pedagógicas para um processo de

inclusão mais favorável, vários documentos também apontam para a importância da relação família

e escola. No âmbito político há diferentes menções no que se diz respeito à relação família e escola

e suas interferências no desenvolvimento do aluno. Por exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional-9394/96 afirma que a família deve agir juntamente com o Estado para promover

a educação. No Estatuto da Criança e do Adolescente, a família é contemplada em todas as etapas

da formação da criança/adolescente (CHACON, 2008). No entanto, família e escola, apesar de

reconhecerem a importância de uma relação estreita entre ambas, carecem de informações de como

estabelecer uma verdadeira parceria. Assim, o objetivo deste estudo foi o de descrever a opinião dos

pais de crianças pré-escolares incluídas, sobre o seu papel no sucesso escolar do filho e o que é uma

boa relação entre família e escola. Participaram do estudo sete mães e dois pais, que tinham filhos

com NEE (dois com atraso no desenvolvimento, dois com deficiência física, dois com autismo, um

com Síndrome de Down, um com deficiência visual e um com deficiência auditiva) incluídos em

pré-escolas municipais. Os pais tinham média de idade de 28 anos, com o nível de escolaridade que

variava de ensino fundamental incompleto a superior incompleto e a maioria tinha poder aquisitivo

médio a médio baixo. Os pais preencheram o “Questionário sobre a relação família e escola no

processo de inclusão – Versão para Pais”, que continha dados de identificação e duas questões

abertas, sendo: Em sua opinião, como a sua colaboração poderá ter influências no sucesso do seu

filho? Por favor, especifique e O que é para si uma boa relação entre família e a escola? Com os

dados coletados realizou-se análise de conteúdo, em que participaram dois juízes para elaboração

das categorias. Considerando a opinião dos pais de como a sua colaboração ajuda no sucesso do

filho, têm-se que para 33,3% a sua colaboração ocorre ao levar o filho em profissionais da área da

saúde, 22,2% colaboram dando continuidade ao que o filho aprende na escola e outros 22,2%

colaboram na educação que oferecem aos seus filhos. Quanto à opinião dos pais sobre o que é uma

boa relação família e escola, 44,4% relatam que é ter uma boa comunicação entre pais e professores,

33,3% apontam que é os pais participarem das reuniões escolares e dos eventos da escola. Por fim,

para 11,1% dos pais a boa relação entre família e escola é quando a escola informa aos pais sobre os

procedimentos que trabalham com o filho e outros 11,1% apontou que não sabia de uma boa relação.

Conclui-se que os pais têm pouco conhecimento da importância do seu papel para o

desenvolvimento dos filhos e que a boa comunicação que estabelecem com a escola é o aspecto

mais importante para manter uma boa relação família e escola. Tais dados indicam sugestões de

possíveis intervenções com pais e professores para melhorar a relação família e escola e das práticas

parentais favorecedoras do desenvolvimento infantil.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

91

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

ESTUDO DE UM MUNICÍPIO.

Autor(a): Roberta Karoline Gonçalves Rodrigues ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Fabiana Cia

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

De acordo com a lei nº 9394/96, o atendimento educacional especializado (AEE) às pessoas com

necessidades educacionais especiais (NEE) deve ser ofertado, preferencialmente, na rede regular de

ensino, quando for necessário para atender às necessidades específicas, sendo que a oferta destes

serviços deve iniciar-se na educação infantil, ou seja, na idade de zero a seis anos (BRASIL, 1996).

Considera-se que a função do AEE seja de: identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e

de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas

necessidades específicas sendo um complemento e/ou suplementação a formação dos alunos com

vista à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008). Em documento mais

recente, os alunos com NEE têm direito à educação realizada em classes comuns e ao AEE

complementar ou suplementar à escolarização, que deve ser realizada preferencialmente em SRMs

na escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional

especializado, ressaltando-se que o AEE não possui caráter substitutivo à classe regular de ensino

(NOTA TECNICA, 2010). Segundo o Ministério da Educação (MEC), as SRMs, espaço destinado

ao AEE, devem ser espaços organizados com materiais didáticos, pedagógicos equipamentos e

profissionais com formação para o atendimento às NEE (BRASIL, 2008). Nelas os professores

devem considerar diversas áreas do conhecimento, os aspectos relacionados ao estágio de

desenvolvimento cognitivo dos alunos, quais os recursos específicos para que ocorra seu

aprendizado e as atividades de complementação e suplementação curricular (BRASIL, 2006). Como

as SRMs foram implementadas há pouco tempo, pouco se sabe sobre o processo de implementação,

como ocorre o AEE e quais são os alunos atendidos nesta sala, ou seja, quais são os critérios para

que o aluno receba atendimento nas SRMs. Assim, o objetivo do estudo foi o de identificar como

ocorre o AEE nas SRMs e os critérios para as crianças pré-escolares receberem o AEE. Participou

do estudo uma chefe da divisão de educação especial, de um município do interior do estado de São

Paulo. A participante respondeu a uma entrevista semi-estruturada, para caracterizar as SRMs na

educação infantil. Como principais resultados, têm-se que quanto ao AEE nas SRMs da educação

infantil, inicialmente o professor faz uma avaliação do aluno e traça os objetivos para as habilidades

que têm que trabalhar. A partir disso, identifica-se o que precisa ser estimulado nessa criança e

inicia o atendimento. As SRMs geralmente são espaços que dispõe de recursos, de atividades

pedagógicas que propiciam o interesse da criança, o atendimento lúdico, com brincadeiras e

estimulação. Em relação aos critérios para o aluno receber o AEE, o primeiro ponto é o mesmo do

ensino fundamental, que é a criança ter deficiência. Mas, como na educação infantil existem várias

crianças em situação de riscos, crianças prematuras com atraso no desenvolvimento, já inicia um

trabalho de estimulação com as crianças que apresentam atraso na linguagem, atraso motor e/ou

cognitivo. Conclui-se que o AAE na educação infantil foca-se na estimulação das diversas áreas do

desenvolvimento e que os critérios de inclusão incluem, além das crianças com deficiência, as

crianças com atraso no desenvolvimento. Tal medida pode diminuir os riscos destas crianças virem

a ter problemas de desempenho acadêmico ao longo de sua trajetória escolar.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

92

JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA NA EJA: UM ESTUDO DE CASO.

Autor(a): Rafaela Lopes ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

Especificamente em relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA), no ano de 2009 houve 37.985

matrículas de alunos com deficiência (INEP/ MEC), sendo 34.730 na EJA nível fundamental, e

3.255 no nível médio. Tal alunado corresponde a 0,81% do número de matrículas totais da

Educação de Jovens e Adultos, com prevalência de matrículas no nível ensino fundamental. Vale

ressaltar, ainda, que quando comparados os censos escolares dos anos de 2008 e 2009, nota-se o

aumento no número de matrículas de alunos com deficiência apenas nos anos finais do Ensino

Fundamental, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos. De acordo com a Política

Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) as

modalidades de educação de jovens e adultos e educação profissional apresentam-se como

possibilidades de ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo

do trabalho e efetiva participação social das pessoas com deficiência. Por outro lado, a história tem

demonstrado que a Educação de Jovens e Adultos ainda esta longe de ser um espaço de inclusão de

pessoas com deficiência, caracterizado pela ausência de uma articulação efetiva desta modalidade

de ensino com a da Educação Especial. Segundo Haddad e Di Pierro (2000), o desafio da expansão

do atendimento na educação de jovens e adultos já não reside apenas na população que jamais foi à

escola, mas se estende àquela que freqüentou os bancos escolares, mas neles não obteve

aprendizagens suficientes para participar plenamente da vida econômica, política e cultural do país

e seguir aprendendo ao longo da vida. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede municipal da

cidade de São Carlos-SP que possui alunos com deficiência matriculados na modalidade de

Educação de Jovens e Adultos. No ano de 2010, a escola participante contava, no período noturno,

com 179 alunos matriculados na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo oito

alunos com deficiência, com idade variando entre 16 a 25 anos, e a maioria com deficiência

intelectual oriundos da APAE. Já no período da manhã, havia uma sala de EJA com 13 alunos,

sendo dois alunos com deficiência intelectual, um com baixa visão, e um com condutas típicas.

Participaram do estudo dois gestores, sendo um diretor e uma coordenadora; três professores da

EJA que tinham em suas classes alunos com deficiência; e a professora da educação especial. Todos

leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas entrevistas

semi-estruturadas junto aos gestores, sendo contempladas, por exemplo, questões referentes à

escolarização e ao processo de inclusão de jovens e adultos com deficiência na EJA, à parceria entre

profissionais da educação especial e da EJA, e à certificação de conclusão de escolaridade dos

alunos com deficiência da EJA. De acordo com os dados analisados, verificou-se que a escola

possui alunos com deficiência que frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período

matutino e noturno. No período noturno, há cerca de nove alunos com deficiência na EJA, com

variando entre 16 a 25 anos, sendo a maioria com deficiência intelectual oriundos da APAE. A

escola conta com professor especializado em educação especial, dando suporte aos professores da

EJA como também aos demais níveis de ensino. Verificou-se, ainda, que os gestores entrevistados

apresentam dificuldades no entendimento de conceito de terminalidade específica. Além disto, um

dos grandes desafios esta na inserção destes no mercado de trabalho.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

93

ANÁLISE DO PERFIL E CONCEPÇÕES SOBRE O ALUNO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES

PRELIMINARES DOS PROFESSORES.

Autor(a): Jessica de Brito ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

O censo de 2010 (MEC/INEP) revela 528.261 matrículas de alunos com deficiência em classes

comuns nos diferentes níveis de ensino da educação básica e da Educação de Jovens e Adultos. Esse

número comparado ao Censo escolar de 2009 que apresenta 450.407 matrículas mostra que além do

aumento no número de matriculas no ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e adultos

(EJA), ainda sinaliza a crescente presença desse novo alunado: os jovens e adultos com deficiência

e mais especificamente os alunos com deficiência intelectual, ou seja, quais as concepções dos

professores sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com deficiência

intelectual? A presente pesquisa tem como objetivo conhecer o perfil dos alunos com deficiência

intelectual matriculados na educação de jovens e adultos, bem como investigar as concepções dos

professores de educação de jovens e adultos sobre o aluno com deficiência intelectual. A pesquisa

está sendo realizada junto a uma escola da rede municipal da cidade de São Carlos- SP, no período

noturno, que possui alunos com deficiência matriculados na modalidade de Educação de Jovens e

Adultos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas junto aos professores, da Educação de

Jovens e Adultos e com a Educadora Especial que atende o aluno jovem e adulto com deficiência

intelectual, sendo contempladas questões referentes à concepções do professor sobre o aluno com

deficiência na EJA e sobre a relações do Educador Especial com os professores da EJA e com os

alunos com deficiência. Os resultados iniciais constatam que a escola possui 37 alunos matriculados

na EJA, sendo 27 alunos no Termo I 10 alunos do Termo II. O termo I da EJA possui um aluno com

deficiência intelectual que tem atendimento educacional especializado na escola em que o estudo

está sendo realizado. No que tange sobre a Concepção do professor da EJA sob o perfil de seu aluno

que possui deficiência intelectual em sua sala de aula, revela, além do desconhecimento sobre a

deficiência deste, ainda ressalta sua descrença em seu aprendizado, construindo uma “profecia” do

não sucesso escolar de tal alunado. Já a educadora especial que atende o aluno jovem e adulto com

deficiência intelectual caracteriza-o com a impossibilidade do aprendizado desse sujeito, já que este

se encontra na presente escola desde 2006. A concepção da educadora especial permite-nos a

reflexão de que este aluno está pautado no lugar do “não saber” perpetuado, termo enfatizado por

Naujorks (2010), não permitindo a mudança de sua concepção, nem mesmo do professor da EJA.

Verificou-se ainda que ambos os docentes possuem dificuldades conceituais sobre o termo

“Terminalidade Específica”. Ainda são poucos estudos sobre os jovens e adultos com deficiência

intelectual na EJA, bem como sobre a educação de jovens e adultos na interface com a educação

especial. É imprescindível a existência de políticas públicas efetivas que contemplem investimentos

financeiros, técnicos e científicos à educação de jovens e adultos com deficiência intelectual;

normalmente marcados pela exclusão e pela impossibilidade de serem tratados como cidadãos.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

94

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA REDE REGULAR DE

ENSINO: OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE SÃO CARLOS.

Autor(a): Tamis Eliza Alves ([email protected])

Co-autor(a): Lilyann Rebeka Bondancia; Luciana Regina Valentim

Orientador(a): Profª. Drª. Edna Aparecida Cursino

IES: Centro Universitário Central Paulista - UNICEP

Departamento: Departamento de Psicologia

A elaboração deste trabalho se deu a partir do estudo de vários autores e pesquisas feitas durante a

disciplina de Metodologia Científica e Técnica em Pesquisa, do curso de Psicologia do Centro

Universitário Central Paulista – UNICEP e das várias questões e reflexões que passei a fazer, em

momento oportuno, através das experiências de estágios e do trabalho docente na área de educação,

referente as dificuldades e desafios, vivenciados por professores de escolas regulares, na cidade de

São Carlos, com crianças do processo inclusivo nas salas de aulas. O principal conceito da inclusão

compreende em ir além da incorporação daqueles que estavam segregados, ela exige mudanças na

forma de se ver ás diferenças. É preciso enxergar o outro em toda a sua globalidade, em todas as

suas dimensões. O professor deve buscar o desenvolvimento integral de cada um de seus alunos.

Infelizmente, tornar a educação de fato totalmente inclusiva é um desafio ainda muito complexo e

um objetivo distante da prática pedagógica diária dos professores. Apontados como um dos

principais obstáculos para a efetivação da inclusão escolar educadores e suas ações pedagógicas

pouco ou em nada a têm colaborado para a efetivação da inclusão, tanto na relação aos conteúdos

estudados, quanto no trabalho pedagógico. Diante dessa complexidade, e relevância do tema, é que

se faz a necessidade de se investigar a inserção de crianças com necessidades especiais inclusas na

rede regular de ensino, a partir do olhar de seus professores, para uma compreensão mais detalhada

da realidade. Para tanto, tomamos como campo empírico, escolas de rede regular de ensino no

município de São Carlos/SP, e como sujeito de pesquisa 20 (vinte) professores que lecionam nestas

instituições. Como suporte pedagógico, adotamos a abordagem quantitativa e qualitativa, elegendo

o questionário (entrevista) como ferramenta. Esta pesquisa pretende investigar quais são os

principais desafios enfrentados no cotidiano escolar dos profissionais em questão, que impedem que

a inclusão aconteça de fato, na tentativa de indicar norteadores e de oferecer subsídios para

superação das possíveis dificuldades, na busca de uma educação livre de preconceitos e mais justa.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

95

ANÁLISE DAS PESQUISAS BRASILEIRAS SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: PRODUÇÕES DE 1988 A 2008.

Autor(a): Jessica de Brito ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

Dentre os muitos desafios que se coloca a educação inclusiva, está a educação de jovens e adultos

com deficiência, dentre estes se destacam aqueles com deficiência intelectual. Normalmente o que

se observa é que a trajetória escolar dessas pessoas é lembrada mais por histórias de fracasso do que

por possibilidades de sucesso. (Re)conhecer como a escola brasileira foi, é, e esta sendo organizada

para os jovens e adultos com deficiência intelectual, torna-se fundamental nesse momento; ou seja,

qual tem sido o foco de interesse nas pesquisas sobre educação de jovens e adultos com deficiência

intelectual? A presente pesquisa teve como objetivo investigar as produções científicas brasileiras

sobre a educação de jovens e adultos com deficiência intelectual, localizadas em dissertações e teses

defendidas no período de 1988 a 2008. Tendo como referência a pesquisa bibliográfica, realizou-se

o levantamento das dissertações e teses junto ao portal da CAPES, através da busca com descritores

específicos que contemplassem a educação de jovens e adultos, educação especial, e deficiência

intelectual ou mental. A partir desta etapa, seguida de leitura exploratória e seletiva, houve a

catalogação das informações contidas nos resumos informados, sendo identificados: instituição; ano

de defesa; programa de pós-graduação, tipo de documento; tema principal; tema secundário;

objetivos; tipo de pesquisa; participantes; instrumentos/ procedimentos para coleta dos dados; fonte

de coleta dos dados; resultados e conclusão. Após a seleção dos resumos, totalizando em vinte

produções que contemplassem o foco da pesquisa, a pesquisadora teve acesso à obra completa,

sendo realizados a leitura, levantamento e análise das informações contidas nas produções. Os

dados foram categorizados e organizados em tabelas. Dos vinte resumos analisados, apenas dez

produções foram selecionadas e analisadas, sendo oito dissertações e duas teses, a maioria

defendida ao longo da década de 2000. A maior parte das instituições de ensino superior (IES) das

produções defendidas localiza-se nas regiões sudeste e sul do país, sendo 78% oriundas das IES

públicas e 22% das privadas. Dentre os objetivos dos trabalhos analisados, 50% deles trataram

sobre a alfabetização de jovens e adultos com deficiência intelectual, 30% focaram sobre a tríade

família, escola e sociedade; e os 20% restantes trataram sobre a terminalidade específica e os

projetos político-pedagógicos de instituições beneficentes, públicas e privadas. As informações

levantadas, pautadas na análise descritiva, crítica e interpretativa dos dados possibilitaram uma

reflexão acerca das convergências e divergências entre diferentes realidades sobre a educação de

jovens e adultos com deficiência intelectual, encontradas nas produções científicas brasileiras; bem

como a necessidade de futuras pesquisas.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

96

REAPRENDENDO A OLHAR: APRENDIZAGENS E DESCOBERTAS DE FAMILIARES

DE CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO.

Autor: Diego Tadeu Mota Baptista. ([email protected])

Co-autores: Elisangela Cristina Baldan Pereira Neto; Joice Mariana Baldesin; Pérsio Aparecido

dos Santos; Rosemary Almeida Vasconi. Universidade Camilo Castelo Branco.

Orientador(a): Profª. Me. Giseli Renata Gouvea.

IES: Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO

Departamento: Psicologia.

O Presente trabalho se construiu através da experiência vivenciada na APAE de Porto Ferreira,

desenvolvida durante o estágio supervisionado da disciplina de Intervenções em Psicologia do

Portador de Necessidades Especiais do curso Psicologia da Universidade Camilo Castelo Branco.

No decorrer do estágio buscamos compreender as condições dos portadores de autismos na

dinâmica familiar e nos processos educacionais desenvolvidos apreendidos pela família dentro da

instituição de educação especial. O autismo é cientificamente conceituado como um dos transtornos

globais do desenvolvimento, tendo três núcleos centrais: relação; comunicação e linguagem e

ausência de flexibilidade mental e de comportamento, (COOL, 2004, p. 234). Sprovieri (2001) em

seus trabalhos notificou que, na maioria das famílias de autistas são as mães que são as lideres da

família, e o casal em muitos casos apresentam traços frigidos, pois a crise freqüente afeta a

estruturação de todos os membros da família, que sim a família esta em momentos de crise, porém

vê como uma crise momentânea onde a família passara por algumas mudanças para a adaptação

daquela realidade. O procedimento metodológico para a para a obtenção dos dados da pesquisa

consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas com 03 famílias de alunos portadores de

autismo, também utilizamos fichas de relatório diário e relatórios semanais para o armazenamento

de dados coletados. Após a análise dos dados pudemos perceber a existência de uma preocupação

latente dos pais em relação ao futuro dos seus filhos, procurando o apoio psicoeducacional dentro

da instituição, almejando buscar novas informações sobre o autismo. Com relação os pais de

autistas recém-descobertos existem uma euforia maior, para obtenção de novas informações, e após

o processo de aceitação e descoberta das características dos filhos autismos pudemos perceber uma

maior seriedade na postura estabelecida entre os familiares e o autista, existindo uma busca

constante pela melhoria na qualidade de vida de seus filhos, buscando entre inúmeros instrumentos

a utilização do Método Teacch, que ajuda o estabelecimento de rotina para o cotidiano do indivíduo

portador de autismo. O método TEACCH é utilizado para auxilio dos profissionais para

desenvolver a aprendizagem, independência, habilidades e comunicação do autista, (KWEE, 2006,

p.235). A importância deste método se estabelece devido à estruturação de atividades de vida diária,

possibilitando a construção de uma melhor qualidade de vida para os portadores de autismo. Apesar

dos pais apresentarem a preocupação em relação à melhoria da qualidade de vida dos seus filhos,

pôde perceber durante as entrevistas que não existe uma extensão educacional da utilização do

método TEACCH em suas casas, pois existe para eles uma significação diferenciada do é ser pais e

o que é ser professor, e muitas vezes esse modo de pensar pode ser prejudicial para o

desenvolvimento do autista, pois limita o exercício diário dos processos de aprendizagem do

método TEACCH.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

97

INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES VISUAIS NO ENSINO COMUM.

Autor: Vanderlei Balbino da Costa. ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonçalves Junior.

IES: Universidade Federal de São Carlos/PPGEEs-UFSCar.

Departamento: Departamento de Educação Física e Motricidade Humana.

O presente resumo é resultado da pesquisa, intitulada “A Prática Social da Convivência Escolar

Entre Estudantes Deficientes Visuais e seus Docentes: o estreito caminho em direção à inclusão” é

resultado de um trabalho realizado entre 2007 e 2008 nas escolas da rede básica da cidade de São

Carlos/SP. Identificamos nesse estudo que durante décadas as pessoas com deficiência foram

marginalizadas, excluídas e segregadas. Assim, nesse processo não se respeitava o outro, o

dessemelhante enfim, o deficiente. Justifica-se esse estudo a partir da necessidade de que na escola

as pessoas com deficiência precisam ser vistas, olhadas, percebidas enfim, respeitadas. Nesse

trabalho procuramos abordar como vem se dando o processo de inclusão escolar dos (as) estudantes

deficientes visuais regularmente matriculados nas escolas do ensino fundamental e médio desse

município. Deste modo, nossa questão suleadora nesse estudo foi: “Quais os processos educativos

vivenciados por estudantes Deficientes Visuais na prática social da convivência escolar no ensino

regular, em especial nas relações entre os (as) discentes com seus docentes?”. Os objetivos deste

estudo buscaram: compreender os processos educativos decorrentes da prática social da convivência

escolar, em especial nas relações entre os (as) estudantes Deficientes Visuais com seus (as)

docentes, particularmente se estão contribuindo para que aqueles(as) possam se perceber enquanto

estudantes incluídos(as) no ensino escolar regular; e investigar como vem se dando o processo de

inclusão dos(as) estudantes Deficientes Visuais no ensino regular em escolas onde são ministradas

aulas para estudantes considerados normais. Nossa opção metodológica nesse estudo foi a pesquisa

qualitativa com base nos princípios filosóficos da Fenomenologia, cujo enfoque é a observação, a

descrição compreensiva das vivências que realizei durante três meses com estudantes deficientes

visuais e a dialogicidade entre esses sujeitos e com esses sujeitos por meio da observação

participante. Os procedimentos foram: aproximação nas escolas e em seu entorno; convivência em

diferentes contextos educacionais com esses DVs bem como observação em sala de aula através do

convívio. O referencial teórico centrou-se nos escritos de Dussel, Freire, Fiori, Brandão, entre

outros(as) que nos possibilitou entender um pouco mais sobre a educação escolar. Utilizamos ainda

referenciais que abordam a temática da Inclusão em especial as que se referem às pessoas com

deficiência no ensino regular. Finalmente, para a Construção dos Resultados, utilizei as observações

feitas em três escolas de ensino regular, registrando os dados sistematicamente em notas de campo

(NC), bem como as entrevistas realizadas com seis estudantes deficientes visuais regularmente

matriculados nas escolas observadas. Os resultados obtidos nessa pesquisa nos levaram a pensar que

o processo de Inclusão ainda vem se efetivando de forma parcial, pois percebemos a necessidade de

formação docente, aquisição de recursos didático-pedagógicos, bem como adaptação na estrutura da

escola para receber com eficácia o ingresso e permanência dos (as) estudantes com deficiência

visual nas escolas de educação básica da cidade de São Carlos/SP.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

98

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: UM ESTUDO

INICIAL DA REALIDADE DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP.

Autor(a): Chaiane Candido dos Santos. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte.

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia.

A educação inclusiva se caracteriza como um acesso à educação das pessoas historicamente

excluídas em função de sua classe, etnia, gênero, idade e deficiência. A proposta da inclusão escolar

enfatiza, dentre outros aspectos, que os sistemas de ensino devem respeitar e atender as

necessidades educacionais das pessoas com deficiência na classe regular. Para tanto, as escolas

dispõem de vários serviços, recursos e estratégias, como: salas de recursos multifuncionais ou de

apoio pedagógico, atendimento educacional especializado, acesso ao currículo. Dentre os vários

documentos nacionais e internacionais que têm norteado a discussão e os movimentos da educação

inclusiva, cabe-nos destacar alguns que ressaltam a educação especial e priorizam a escolarização

das pessoas com deficiência nas escolas do ensino regular. São eles: Constituição Federal de 1988

(BRASIL, 1988), Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), Lei de Diretrizes e Bases da

Educação n. 9.394/ 96 (BRASIL, 1996), Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). A inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual tem

sido um dos principais pontos de discussão no âmbito educacional. Tais discussões visam refletir

acerca das demandas de um alunado que apresenta especificidades e que possui o direito de acesso e

permanência na escola e a um ensino de qualidade. Assim, considerando a proposta da inclusão

escolar, o objetivo do estudo aqui apresentado, foi mapear o número de alunos diagnosticados com

deficiência intelectual incluídos no ensino fundamental, nas classes da rede estadual e municipal de

uma cidade do interior do estado de São Paulo, e verificar como está ocorrendo a inclusão escolar

desses alunos na visão dos gestores da Educação Especial. O presente estudo teve como referência

metodológica a pesquisa exploratória, a partir da perspectiva do estudo de caso, ou seja, o estudo de

uma realidade local e suas especificidades. A pesquisa está sendo realizada na Secretaria Municipal

de Educação e na Diretoria de Ensino de uma cidade do interior do estado de São Paulo, tendo

como foco as escolas do ensino fundamental que possui alunos com deficiência intelectual

matriculados. Foi realizada entrevista semiestruturada com os gestores responsáveis pela Educação

Especial das respectivas redes de ensino. A cidade de São Carlos localiza-se no centro geográfico do

estado de São Paulo, com população estimada de aproximadamente 222.000 habitantes, sendo 96%

pertencentes na área urbana (IBGE, 2010). Dados do censo escolar de 2009 (MEC/INEP) revelam

39.171 matrículas de alunos na educação básica pública no município investigado, sendo 14.336

alunos matriculados na rede municipal de ensino, onde 189 matrículas são de alunos com

deficiência em classes comuns dos diferentes níveis de ensino. Os dados analisados até o presente

momento mostram que no ano de 2010, a rede estadual de São Carlos conta com 31 escolas do

Ensino Fundamental e tem em suas classes 109 alunos com deficiência intelectual matriculados,

sendo que 41 desses alunos frequentam a sala de recursos. Segundo o responsável pela Educação

Especial “a inclusão nas escolas de rede estadual é um processo em curso. O estado ideal de

inclusão é difícil de atingir uma vez que não há escolas inteiramente pronta e preparada,

considerando a diversidade que se constata entre os alunos ingressantes, o que requer sempre novas

medidas adaptativas além de flexibilização e dinamização do currículo para atender, efetivamente,

as necessidades educacionais dos alunos”.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

99

A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS

SURDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Autor(a): Daiane Natalia Schiavon. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Luci Pastor Manzoli.

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática

A inclusão educacional requer uma completa reestruturação nas ações de gestão e nas ações

educacionais de todo o sistema, o qual deve garantir todo o suporte necessário às condições de cada

aluno, assegurando uma resposta educacional adequada às suas necessidades, especialmente no

tocante às necessidades dos alunos surdos. Dessa maneira, os estudos bibliográficos têm apontado

que uma das maiores preocupações dos professores a partir do processo inclusivo, tem sido de

como ensinar alunos com deficiências em suas turmas comuns, uma vez que isso requer

reformulação de suas práticas pedagógicas. (OMOTE, 1996). Sob esta perspectiva, a inclusão se

configura como um longo caminho a ser trilhado, especialmente no tocante às necessidades de

alunos surdos, que possuem características de comunicação bastante diferenciadas das demais

pessoas. Atualmente a comunidade surda defende o uso da língua de sinais como forma de

linguagem mais acessível aos surdos, pois é considerada sua língua natural. Assim, a educação

bilíngue propõe a língua de sinais no trabalho educacional como fundamental para a aquisição da

linguagem pela pessoa surda, ou seja, esta é ensinada como língua materna. (GOLDELD, 2002).

A pesquisa tem por objetivo analisar os efeitos da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS na

escolarização de alunos surdos do ensino fundamental, mais especificamente das séries iniciais,

bem como analisar o processo de ensino aprendizagem destes alunos juntamente com o professor da

sala de recursos especializado na área da surdez e com a professora do ensino comum. Neste

tocante, especificamente pretende-se analisar a influência da LIBRAS no processo de ensino-

aprendizagem do aluno surdo em sala de recursos; e a descrever as estratégias de ensino utilizadas

pela professora especialista e as adaptações da professora do ensino comum. Este trabalho se

constituiu numa pesquisa de cunho qualitativo. A pesquisa vem se realizando em uma escola da

Rede Municipal de uma cidade de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo. Os

participantes da pesquisa são 4 professores de sala comum do ensino regular, uma professora de

sala de recursos especialista em surdez, e seus 4 respectivos alunos surdos. Utilizaremos a

observação como recurso fundamental de investigação, visando identificar as práticas pedagógicas

utilizadas pelos professores; um questionário a ser aplicado com os professores do ensino regular; e

uma entrevista com a professora especialista em surdez acerca da relevância da Língua de Sinais e

os efeitos desta na escolarização dos alunos surdos. As observações estão em curso e são realizadas

semanalmente. Os dados coletados, de maneira geral, serão analisados, categorizados e atrelados à

bibliografia levantada, bem como com a realidade verificada. As categorias serão determinadas

tendo em vista os itens apontados no protocolo de observação das aulas, bem como do

questionário/entrevista aplicado com os professores, os quais abordarão especificamente: atuação

com alunos surdos; apoio ou orientação; ações comunicativas; estratégias pedagógicas; língua de

Sinais. Os resultados preliminares já apontam avanços significativos na aprendizagem dos alunos

surdos por meio da língua de sinais e de sua apropriação e indicam a divergência das metodologias

encontradas nas práticas dos professores envolvidos.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

100

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS LÚDICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS

COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Autor(a): Rafaela Marchetti. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Me. Janaína Lopes.

IES: Faculdade São Luis-Jaboticabal.

Departamento: Pós Graduação Lato Senso em Educação.

Com esta pesquisa demonstrarei como a utilização de recursos lúdicos pode facilitar o processo de

ensino e aprendizagem das crianças com necessidades especiais, em seu processo de alfabetização

na Educação Infantil, ampliando as possibilidades de atuação da criança no mundo apesar dos

déficits que apresenta, de forma a proporcionar novas e constantes aprendizagens à criança,

respeitando sempre seu ritmo de desenvolvimento e aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo

apresentar estratégias de ensino diversificadas a fim de facilitar o processo de alfabetização para

crianças com necessidades educacionais especiais na Educação Infantil, sendo esta etapa de suma

importância para o desenvolvimento integral do educando. Para este trabalho utilizarei de um

referencial teórico, embasado em documentos oficiais, e bibliografias que abordam este tema em

seus vários aspectos, em seguida uma pesquisa de campo, a fim de contrastar a teoria com a prática

realizada. O trabalho será estruturado da em três capítulos: o primeiro capítulo constará em um

referencial teórico sobre os conceitos de alfabetização e letramento, o segundo capítulo tratará sobre

a definição de recursos lúdicos, enfocando em jogos, relacionando a utilização dos mesmos como

forma para se trabalhar a alfabetização de crianças com necessidades especiais na Educação

Infantil , o terceiro capítulo será um estudo de caso com uma criança com a Síndrome de Duchenne ,

apresentando algumas possibilidades de intervenções utilizando de jogos para trabalhar a

alfabetização da referida criança. Para finalizar foi realizado um contrastamento entre o referencial

teórico, e sobre a aplicação das intervenções, considerando como foi de suma importância esta

relação entre a teoria e a pratica.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

101

DESENVOLVIMENTO DE UM RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO E

APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CURRICULARES DE FÍSICA PARA ESTUDANTES

COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

Autor(a): Josiane Pereira Torres. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Enicéia Gonçalves Mendes.

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

A política de inclusão escolar implica num processo de reforma e de reestruturação das escolas

como um todo, de forma que assegure a todos os estudantes o acesso e permanência no processo

educativo com qualidade. Mittler (2003) esclarece que entre as demais oportunidades que a escola

deve dispor para atender a esta política, está a disponibilização de recursos didáticos que possam

contribuir neste processo. Em relação a aprendizagem dos conceitos físicos, no ensino médio surge

uma preocupação, pois esta requer o uso do sentido visão, o qual parece dominar a compreensão do

mundo físico (CAMARGO, 2005). Diante disso, Cerqueira e Ferreira (1996) esclarecem que os

recursos didáticos assumem grande importância no processo educativo de pessoas com deficiência

visual (DV). Dessa forma, entendemos por recursos didáticos os meios alternativos desenvolvidos

para fins educacionais, com o intuito de contribuir para a aprendizagem do conteúdo curricular.

Partindo do pressuposto de que os estudantes com DV podem não conseguir acompanhar as

explicações sobre os conceitos físicos, trabalhados no ensino médio, identificamos nos recursos

didáticos meios potencializadores que podem contribuir na aprendizagem e no desenvolvimento

destes conhecimentos. Proporcionando de forma tátil que os conceitos possam ser manipulados

pelos estudantes com DV de forma que estes consigam identificar como ocorrem os fenômenos

físicos que são trabalhados no currículo da disciplina de física. Pesquisas que se propuseram a

desenvolver recursos didáticos para o ensino de física (MEDEIROS et al. 2007 ; CAMARGO, 2007,

2008; DOMINICI, 2008), apresentam propostas relevantes. No entanto, nestas propostas notamos

que há certo limite de aplicabilidade e modificações, além de exigirem tempo de planejamento e

terem curta durabilidade. Aliado a esta preocupação buscamos identificar materiais para o

desenvolvimento um recurso didático que possa permitir inúmeras variações, de modo que as

situações dos conceitos físicos possam ser montadas e manipuladas durante a aula, proporcionando

ao aluno com DV uma experiência mais significativa e contextualizada do fenômeno estudado,

garantido que tenha uma maior durabilidade e portabilidade. Acreditamos que um recurso com tais

características poderá subsidiar o trabalho pedagógico do professor com seus alunos com DV de

modo que estes possam acompanhar o desenvolvimento da aula juntamente com seus colegas sem

deficiência. Para tanto, temos por objetivo desenvolver um recurso didático para estudantes com

DV que possa proporcionar o desenvolvimento do trabalho pedagógico acerca dos fenômenos

físicos. A presente investigação encontra-se em andamento e tem como processo metodológico a

construção de um protótipo (recurso didático). Os procedimentos metodológicos se dividem em três

etapas. A primeira consistirá numa análise de livros didáticos de física para identificar a forma como

os conceitos são abordados para reorganizá-los de forma tátil. A segunda visa dimensionar e listar

os materiais que serão utilizados para a confecção do protótipo. E finalmente a terceira etapa será a

de aprimoramento do protótipo, que se dará com a participação de cinco alunos, cujo critério de

inclusão será: ser cego e estar no ensino médio. A fase de aprimoramento do protótipo acontecerá

em encontros com os alunos cegos. Os instrumentos usados será entrevista semi-estruturada, diário

de campo, gravações e filmagens.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

102

INCLUSÃO ESCOLAR E SURDEZ: UM ESTUDO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE

PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autor(a): Daiane Natalia Schiavon ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Luci Pastor Manzoli.

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Didática.

Há em nosso país um grande número de pessoas com surdez, e a sua principal repercussão

relaciona-se a um canal efetivo de comunicação. Um dos maiores comprometimentos relacionados

a estes distúrbios, especificamente no contexto educacional, é a ausência de práticas pedagógicas

realmente inclusivas, ou seja, que contribuam com a inserção deste alunado em classes comuns do

ensino regular. Neste sentido, conforme aponta Marchesi (1995, p.219) “a comunicação e a

linguagem na educação dos surdos é um dos pontos mais importantes que deve estar presente em

todo o processo de ensino-aprendizagem”. O trabalho teve por objetivo analisar o processo de

educação de surdos, período inicial de alfabetização, sob a ótica dos professores que atuam com

esses alunos, observando se as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores eram realmente

inclusivas. E neste tocante, especificamente a identificar como se configuram as barreiras

comunicativas em sala de aula no que se refere à relação do professor com o aluno surdo e

descrever as práticas pedagógicas dos professores que permeiam o processo educativo do aluno

surdo e comparar com o que estes denominam como sendo sua prática. Este trabalho se constituiu

numa pesquisa de cunho qualitativo, que de acordo com Bogdan e Biklen (1982, p.13) [...] “envolve

a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada

[...]”. A pesquisa desenvolveu-se em duas escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de

uma cidade de pequeno porte do Estado de São Paulo. Foi aplicado junto aos docentes um

questionário/entrevista constituído por reflexões acerca de sua própria prática pedagógica, referente

ao ensino aprendizagem do aluno surdo. Os resultados reforçam a idéia de que cabe aos educadores

estarem mais próximos ao desenvolvimento dos alunos, fazendo adaptações do currículo e

estruturando estratégias comunicativas e pedagógicas para cada um. Evidenciam a necessidade da

continuidade da formação dos professores, que atuam com estes alunos, e ainda apontam

dificuldades relacionadas ao padrão de comunicação entre a professora e o aluno, oriundas da

importância da LIBRAS como canal efetivo de compreensão entre ambos. Os dados mostraram

também a importância da formação contínua e o aprendizado da língua de sinais principalmente

para aqueles professores que possuem em suas classes alunos surdos. Também apontaram a

necessidade de uma atuação conjunta dos professores especializados na área de surdez a estar

orientando os do ensino regular, ressaltando ainda, a importância da presença do intérprete junto ao

aluno surdo, para que ele possa desfrutar do ensino inclusivo com mais qualidade. O trabalho

mostrou em todos os sentidos, que ao lidar com o aluno surdo nas escolas inclusivas, o fator

preponderante é a comunicação e o restante dos acontecimentos surgidos, são conseqüências, pois,

não só os dados deste estudo mostram que o problema vital que a maioria dos surdos enfrenta, é de

ordem sócio-cultural. Devido a sua incapacidade lingüística de receber informações do mundo que

o cerca, torna-se isolado por possuir características lingüísticas próprias, ou seja, diferente das

demais pessoas ouvintes. Para que a inclusão se concretize precisamos de profissionais

comprometidos com a educação que atuem para a ruptura de paradigmas que limitam e

estigmatizam o surdo, e que tenham a consciência de que para ser educador é preciso estar disposto

a aprender formando-se continuamente.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

103

O TRABALHO COM A ESTIMULAÇÃO PRECOCE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME

DE DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Autor(a): Rafaela Marchetti. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Me. Fabiana Chinalia.

IES: Faculdade São Luis-Jaboticabal

Departamento: Pós Graduação Lato Senso em Educação.

O Trabalho com a estimulação precoce com crianças com Síndrome de Down na Educação Infantil.

Este trabalho tem como objetivo apresentar a eficácia do trabalho com a estimulação precoce em

crianças com necessidades educacionais especiais na Educação Infantil, sendo esta etapa de suma

importância para o desenvolvimento integral do educando. Com esta pesquisa demonstrarei como a

estimulação precoce realizada na educação infantil, efetivamente amplia as possibilidades de

atuação da criança no mundo apesar dos déficits que apresenta, de forma a proporcionar novas e

constantes aprendizagens a criança, respeitando sempre seu ritmo de desenvolvimento e

aprendizagem. Para este trabalho utilizarei de um referencial teórico, embasado em documentos

oficiais, e bibliografias que abordam este tema em seus vários aspectos, em seguida uma pesquisa

de campo, a fim de contrastar a teoria com a prática realizada. O trabalho será estruturado da

seguinte forma: Em cinco capítulos, sendo o primeiro sobre a estimulação precoce e algumas

informações relevantes, o segundo sobre o roteiro de anamnese realizado na pesquisa de campo,

visando conhecer e obter dados sobre a criança em questão, o terceiro um estudo da faixa etária de

0-3 anos segundo as teorias de Jean Piaget, o quarto um pequeno estudo sobre as principais

características da Síndrome de Down e o quinto a elaboração de seis intervenções que também

serão realizadas na pesquisa de campo, a fim de aplicar efetivamente a estimulação precoce. Para

finalizar o trabalho as considerações finais visando contrastar a pesquisa teórica, com os dados

obtidos na pesquisa de campo.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

104

PROFESSOR DO ENSINO REGULAR E PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM

ESTUDO DA INTERAÇÃO DESSES PROFISSIONAIS NA ELABORAÇÃO DE

ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

Autor(a): Aline Nathalia Marques. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte.

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Psicologia

A educação e principalmente a educação especial, foram se modificando de acordo com sua época.

A educação para as pessoas com deficiência ocorreu em hospitais psiquiátricos, instituições

filantrópicas, salas especiais, até chegar ao que hoje chamamos de inclusão. Hoje o aluno com

deficiência deve estar matriculado meio período na escola regular e no contra-turno, no

Atendimento Educacional Especializado, podendo ser uma escola especializada ou uma sala de

recursos multifuncional. De acordo com as Diretrizes Operacionais para a Educação Especial, deve

haver uma transversalidade entre os ensinos regular e especial. Para isso é indispensável a ação

colaborativa entre os professores do ensino regular e do ensino especial. A ação colaborativa

proporciona aos professores novas experiências, e permite ao aluno que ele avance no processo de

ensino-aprendizagem, já que o professor do ensino regular é especialista em currículo e conteúdo e

o professor do ensino especial é especialista em avaliação, instruções e estratégias de ensino. Assim,

o objetivo dessa pesquisa é investigar como está ocorrendo o trabalho de colaboração entre os

professores do ensino regular e ensino especial em uma cidade de médio porte do interior do estado

de São Paulo na aprendizagem do aluno com deficiência intelectual, e analisar como este trabalho

auxilia nas adaptações curriculares. Os dados estão sendo coletados através de entrevistas semi-

estruturadas realizadas com dois professores do ensino regular e com dois professores de educação

especial, (professores do mesmo aluno com deficiência intelectual). Os relatos destes professores

deixam transparecer, a carência nos conteúdos específicos da educação especial, a insuficiência do

número de professores da educação especial para atender à demanda de alunos com deficiência

intelectual, por outro lado, a os professores investigados realizam adaptações curriculares, e

apontam benefícios na sua relação com o professor da educação especial na elaboração de

estratégias metodológicas para os alunos.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

105

OS ESTUDANTES COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO

NO ENSINO REGULAR: QUAIS OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS EDUCADORES?

Autor(a): Bruna Cristina Comin. ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Regina Onofre.

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Metodologia de Ensino.

O interesse pelo tema surgiu em 2009, quando na realização da disciplina de Estágio supervisionado

em docência (com um 4° ano), houve contato com uma estudante com Síndrome de Down, com a

qual foi realizado um atendimento mais individualizado. Essa experiência foi à grande responsável

pela motivação de buscar entender, de forma mais aprofundada, o funcionamento da Educação

Especial. As temáticas da Inclusão e da Educação Especial tornam-se evidentes a partir do instante

em que observamos a presença cada vez maior de estudantes com necessidades educacionais

especiais nas redes de ensino regular, graças à atual proposta governamental de inclusão que visa

oferecer uma boa escola para todos. Diante de tal fato, o objetivo principal desse trabalho foi o de

trazer uma discussão sobre como tem se dado a inclusão da criança com necessidades educacionais

especiais no sistema de ensino regular, considerando a visão dos educadores, a partir de entrevistas

com pesquisadores e professores da área da Educação Especial. Tomando como referência Bogdan

e Biklen (1994); Ludke e André (1986); Goode e Hatt (1977) e Triviños (1987), a metodologia deste

trabalho foi basicamente experimental de caráter qualitativo, com a aplicação de questionários aos

participantes. Sobre a disposição dos participantes, é possível considerar que ao todo foram quatro:

uma professora da rede pública de ensino, um professor da APAE, uma coordenadora de curso da

pós-graduação na área da Educação Especial e uma pesquisadora na área. A escolha destes

profissionais foi importante para que a compreensão dos olhares de diferentes profissionais da área

e experiências em relação ao processo de inclusão. De forma a preservar a identidade dos mesmos,

os quatro entrevistados serão classificados de acordo com o cargo que ocupam em seu ambiente

profissional. Os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os

resultados tidos estiveram relacionados aos diversos obstáculos enfrentados pelos educadores, tais

como: falta de infra-estrutura na escola, falta de material pedagógico, falta de clareza sobre o que é

a inclusão de fato e a presença de uma cultura que vê a necessidade especial como deficiência. Pelo

questionário, notou-se que os profissionais que lidam bem com a inclusão o fazem com sua conta

em risco, devido a essas precárias condições de trabalho que impedem muitas vezes um trabalho

com êxito. Sobre a formação inicial e continuada, foi observado que, apesar de permitir a reflexão,

não abrange toda a dimensão da educação especial, fazendo com que os educadores tenham

dificuldade para lidar com a inclusão de estudantes com necessidades especiais no ensino regular.

Apesar dos obstáculos, todo o esforço acaba valendo à pena quando o estudante realiza um pequeno

avanço que seja. Outro resultado marcante foi o significado diferente que cada profissional da à

Inclusão de acordo com o professor da APAE, pois poucos profissionais têm clareza sobre os

processos de inclusão às pessoas com deficiências, o que dificulta o trabalho do professor da sala de

apoio.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

106

SEÇÃO I - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

“COMUNIDADE CIENTÍFICA” DOS EDUCADORES: REFERENCIAIS TEÓRICOS

METODOLÓGICOS. GTS ANPED.

Autor(a): Ana Paula Barbim Taricio ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara.

Departamento: Ciências da Educação

O presente trabalho, ainda não concluído, tem como objetivo analisar as metodologias científicas

aplicadas à Educação, bem como seus referenciais teóricos, que servirão de sustentação para a parte

empírica que será investigada adiante. Os autores Fernando Gewandsznajder e Alda Judith Alves-

Mazzotti fazem comparações entre paradigmas das ciências naturais e sociais, Alda Judith Alves-

Mazzotti analisa paradigmas qualitativos a partir dos conceitos do construtivismo social, pós-

positivismo, e teoria crítica. Thomas S. Kuhn, basicamente, afirma que o desenvolvimento da

ciência e aperfeiçoamento de determinadas teorias ocorrem principalmente com o decorrer da

história. As pesquisas realizadas pelos grupos de trabalho da ANPED foram analisadas a partir dos

conceitos estudados da autora Alda Judith Alves-Mazzotti.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

107

VIOLÊNCIA, IMAGINÁRIO E EDUCAÇÃO ESCOLAR.

Autor(a): Ana Paula Poli ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara.

Departamento: Ciências da Educação.

O projeto em questão, de iniciação científica, sob orientação do Professor Dr. Denis Domeneghetti

Badia traz a pesquisa feita de outubro de 2010 a maio de 2011. Essa tem o intuito de mostrar aquilo

que os etólogos chamam de “homo violens”, cuja presença foi estudada não só por Konrad Lorenz,

mas por filósofos e antropólogos como G. Bataille, R. Dadoun e R. Girard, evidenciando a “parte

maldita”. Em um outro momento foi estudado, a partir do levantamento realizado por Marília

Pontes Spósito (2001), como se delineia a pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Sendo assim,

até o momento, objetivou-se equacionar o fenômeno da violência segundo a etologia, a psicanálise e

a sócio-antropologia e tomar contato e conhecimento da pesquisa escolar no Brasil. Em princípio

foi feito um estudo através da leitura na integra do livro intitulado “A violência: ensaio acerca do

“homo violens”” do autor Roger Dadoun. O propósito do livro em questão é o de introduzir uma

característica ao homem: a violência. O homo violens, que de acordo com o autor é o ser humano

definido e estruturado, intrínseco e fundamentalmente pela violência. Dadoun mostra em seu livro

até onde pode ir a violência e seus extremos. As formas de violência executadas por parte do

homem como o extermínio, os massacres, o terrorismo e os genocídios marcam toda a história do

inicio dos tempos até os dias de hoje. Voltando-se mais precisamente para a educação, o autor fala

que seria inútil pensar que o sistema educativo pode “transformar o potencial de violência do

sujeito”, uma vez que a educação trata a violência com violência. E ela, a escola, faz isso através de

suas “funções”. Nota-se, então, que o que existe dentro das escolas é um ritual de uma inegável

violência, com situações manipuladoras, regras normatizadoras, imposição de atitudes autoritárias,

toda uma cerimônia acontece com o intuito de gerar a “paz” e formar cidadãos. Sendo assim, o que

a pesquisa do livro de Dadoun mostra e é sintetizado aqui é a violência comum ao homem e que

esse, dessa forma, é sem dúvida, primordialmente, “um ser de violência, homo violens”, minúsculo,

mas decisivo “desvio” do homo sapiens sapiens. Em um outro momento do estudo foi trabalhado, já

tendo visto algumas formas e figuras da violência, a leitura do artigo “Um breve balanço da

pesquisa sobre a violência escolar no Brasil” escrito por Marília Sposito Pontes na Revista da

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. No presente artigo o balanço das pesquisas

apresentadas se refere ao período após a década de 80 e seu enfoque está nas escolas situadas em

locais sob a influência do tráfico ou do crime organizado. Após mostrar sua pesquisa, usando

diversos fatores, (como os tipos de violência, se ocorreu em escolas publicas ou privadas, quem foi

o objeto principal do estudo, qual foi o pesquisador e etc.), essa sinaliza que deveria haver novos

estudos, em outras cidades brasileiras que trouxessem novos elementos, que inovassem. Para ela, a

própria escola deveria, então, ser um campo de pesquisa e, portanto, de crítica, já que é nela que

incidem tais conflitos. Portanto, com base no visto até o presente momento, procura-se com o

presente trabalho dar inicio, de fato, a entender o que acontece nessas relações sociais, nesses

contextos sociais, divergentes e diversos para poder, então, achar o problema real envolto as

situações de violência num ambiente que deveria estar rodeado pelo saber. Contata-se, dessa forma,

que existem ainda algumas lacunas e a necessidade de novas investigações para que essa área de

estudos se consolide.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

108

TRAJETÓRIAS DE ALUNAS E ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA.

Autor(a): Darbi Masson Suficier ([email protected])

Orientadora: Profª. Drª. Luci Regina Muzzeti

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara

Departamento: Didática

Objetiva-se analisar a trajetória social de graduandos do curso de Pedagogia de uma universidade

pública, provenientes das camadas populares. Com isso, pretende-se verificar o porquê desses

jovens terem optado pela profissão docente, através da análise da constituição de seus habitus.

Compreende-se o habitus como sistema de disposições duráveis, gerador e estruturador das práticas

e das representações desses agentes (Bourdieu, 1983). Para este estudo propõe-se utilizar o

referencial teórico elaborado por Pierre Bourdieu e equipe. Nesta perspectiva sociológica, a noção

de trajetória é compreendida “como série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo

agente (ou um mesmo grupo) num espaço que é ele próprio um devir, estando sujeito a incessantes

transformações” (Bourdieu, 1996, p.189). Tendo em vista a redução no número de candidatos aos

cursos de Pedagogia das universidades públicas paulistas, perguntamo-nos: Porque os alunos

pesquisados optaram pela carreira de professor? O diploma de nível superior, na perspectiva dos

agentes, traz ascensão social? Quais as estratégias empregadas? Quais os fatores que auxiliaram na

escolha do curso e da universidade? Quais os fatores externos às instituições públicas de ensino

superior responsáveis pela redução no número de candidatos dos cursos de licenciatura na década

atual? Assim, este trabalho busca o entendimento do papel que a escolarização possui para os

agentes (alunos e familiares) das camadas populares, buscando colaborar para os estudos de

trajetória social de alunos provenientes das camadas populares que almejam o ingresso na profissão

docente.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

109

MARCAS DE HETERONORMATIVIDADE: ESTUDO DE CASO SOBRE

PROFESSORES/AS ACERCA DA HOMOSSEXUALIDADE.

Autor: Hamilton Édio dos Santos Vieira ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Luzia Sigoli Fernandes Costa.

IES: Universidade Federal de São Carlos

Departamento: Ciências da Informação.

Esta pesquisa tem como objetivo pensar as marcas de heteronormatividade nas significações sobre

homossexualidade construídas pelos/as professores/as de uma unidade escolar pública da cidade de

São Carlos-SP, e principalmente a partir de observações feitas nesta sala de professores/as. A

experiência ocorreu em junho de 2010 no Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), na

perspectiva de um estudo de caso do tipo etnográfico (ANDRÉ, 2005; MACEDO, 2006), e de

abordagens sobre educação sexual, educação e diversidade sexual (DINIS, 2008; FURLANI, 2003;

LOURO, 2007) e heteronormatividade (JUNQUEIRA, 2010; LOURO, 2009; MISCKOLCI, 2002;

MORENO, 1999; SABO, 2002). Um grupo de 19 professores/as (com 14 mulheres e 5 homens)

concordaram em participar de dois momentos: na primeira parte cada professor/a criaria

construções relacionais entre cinco figuras geométricas (com diferentes formas e cores) nomeadas

“masculino” e outras “feminino”. Em um segundo momento foi projetado 19 imagens com registro

de três palavras que lhes ocorressem espontaneamente. Nas análises preliminares, dos 20

participantes, apenas seis desses, construíram relações entre feminino/feminino (02) e

masculino/masculino (04). Porém, esses mesmos seis, descartaram ainda uma das figuras

geométricas e construíram a segunda relação com masculino/feminino ou feminino/masculino.

Interessante observar que muitos/as professores/as usaram essas formas geométricas para criarem

forma de uma casa, cuja matriz remete ao conceito de casamento e relacionamento monogâmico.

Ou mesmo da constante necessidade de associar sexualidade, como se não pudessem existir outras

práticas sexuais, por exemplo, ligadas somente ao prazer, que para Junqueira (2010) seria como se

somente as práticas de vínculo com a afetividade e relacionamento fossem naturalizadas e corretas.

As relações aqui são permeadas fortemente por uma noção normativa que transforma sexo-gênero-

sexualidade em mesmas instâncias definidoras do sujeito (Guacira, 2009) e convergem a idéia de

uma referência heterossexual, revelando que o(s) sujeito(s) constitui (em)-se em normatividade,

silenciando os que extrapolam essa territorialidade. A prática da invisibilidade muitas vezes

aparecia nos silêncios quando se projetavam imagens (que por ora apenas se registram na memória

do pesquisador), mas que materializavam muitas vezes na dificuldade de expressarem-se, por

exemplo, quando projetada imagem de dois homens se beijando. Um dos caminhos possíveis de

análise seria pensar sobre essas construções de relações de poder e naturalização da

heteronormatividade na escola pelas inúmeras nuances da normatização. Por isso, perceber como

esse/a professora elabora suas concepções sobre homossexualidade e entender que o cotidiano

escolar também é permeado dessas questões, e interferem diferentemente no processo de construção

de sujeitos dentro desses espaços.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

110

INDÚSTRIA ESCOLAR E PROCESSOS SEMIFORMATIVOS.

Autor: João Mauro G. V. de Carvalho ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. Luiz A. Calmon Nabuco Lastória.

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara

Departamento: Psicologia da Educação.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos até o momento em pesquisa

de iniciação científica. Partimos dos conceitos de indústria cultural e semiformação para refletir

sociologicamente acerca das atuais condições da educação escolar brasileira. O conceito de

indústria cultural foi desenvolvido por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, no livro Dialética

do esclarecimento, enquanto o conceito de semiformação foi posteriormente trabalhado por Adorno

no ensaio Teoria da semiformação, como um complemento à teoria da indústria cultural. A partir

dessas teorias, é possível refletir criticamente acerca das implicações da organização industrial

sobre a educação escolar e a cultura de modo geral. Andréas Gruschka ressalta a importância de

pensar a escola na situação social de subsunção da Educação à Economia. Assim, não se trata

apenas de investigar o modo como os conteúdos da indústria cultural são incorporados pela prática

educacional - de modo consciente ou não -, mas sim de pensar a escola como um elemento

constitutivo da indústria cultural. Além das já mencionadas teorias, é importante referir-se também

ao trabalho de Herbert Marcuse sobre a Ideologia da sociedade industrial, em que o filósofo

demonstra as consequencias da organização industrial sobre a política, teorizando o fechamento do

universo político e do universo locucional. Essa teoria é de grande valia para refletir a respeito das

políticas educacionais brasileiras, conforme aparecem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e

nos Parâmetros Curriculares Nacionais. No tocante a essa questão, referimo-nos ainda à

investigação sociológica de Thomas S. Popkewitz sobre a reforma educacional norte-americana, e

aos estudos de Dermeval Saviani sobre a institucionalização da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira. Por fim, retomamos a reflexão teórica de Adorno, dessa vez para refletir sobre

qual seria a importância da educação no mundo administrado, dominado pela razão instrumental,

cujo paradigma maior se expressa pelo horror de Auschwitz. Baseando-se em uma experiência

histórica concreta, Adorno apresenta um novo imperativo para a educação: impedir que a barbárie

se perpetue.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

111

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E REPRODUÇÃO

SOCIAL.

Autor(a): Lívia Bocalon Pires de Moraes ([email protected])

Orientador(a): Profª. Drª. Renata Medeiros Paoliello

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara.

Departamento: Antropologia, Política e Filosofia.

Esta pesquisa tem como objeto de estudo a formação de professores de Sociologia pela UNIVER-

SIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – nos cursos de Ciências Sociais oferecidos pela

mesma nos campi de Araraquara e Marília, e visa a identificar em que medida a licenciatura nesses

cursos contribui para que os discentes formados através dela não reproduzam, em sua prática en-

quanto professores, a valorização social de uma educação utilitarista e de cunho dominante. Para tal,

intenta analisar, a partir da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, e de suas noções de reprodução,

poder simbólico, capital cultural, e habitus, o processo de reestruturação dos referidos cursos, fina-

lizado em 2007, bem como o impacto cotidiano da atual grade curricular na formação dos discentes.

Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, operando tanto no âmbito da Instituição quanto no da

prática, tendo inicialmente duas instâncias diferentes de avaliação, para apreender as dimensões

prescritiva e performativa deste processo: a análise dos documentos da Legislação sobre o Ensino

de Sociologia no Ensino Médio, dos currículos lattes dos professores da licenciatura, dos currículos

dos dois cursos de Ciências Sociais estudados, e dos documentos advindos dos Conselhos de Curso

dos campi de Araraquara e Marília conjuntamente com entrevistas semiestruturadas realizadas com

os antigos membros destes conselhos; e a análise das demais entrevistas (com docentes de discipli-

nas pedagógicas, discentes que as cursam, representantes dos Centros Acadêmicos e professores de

Sociologia recém formados) e da observação empírica das disciplinas da licenciatura. Num segundo

momento da análise estes dois âmbitos serão considerados conjuntamente, a fim de evidenciar como

se dá a relação entre eles, e de que maneira dão-se na prática as determinações legalmente instituí-

das. Desse modo, esta primeira instância de análise tem por objetivo esboçar historicamente os sen-

tidos assumidos pela Sociologia enquanto ciência, ferramenta, e principalmente disciplina, ao longo

de sua história no Brasil, enfocando, sobretudo, as relações de poder (político e institucional) que

determinaram seus encaminhamentos tanto em sua legalização enquanto disciplina do Ensino Mé-

dio, quanto na estruturação dos cursos de Ciências Sociais a partir desta, no caso da UNESP. A aná-

lise das entrevistas e observações empíricas a serem realizadas ao longo do desenvolvimento deste

trabalho pretende, a partir da sistematização das mesmas, apontar aspectos recorrentes encontrados

nas observações e falas registradas, identificando, a partir destes, se com a mudança dos parâmetros

legais para a constituição dos cursos, e consequente reformulação dos mesmos, está se formando

um novo habitus na licenciatura em Ciências Sociais, e nos segmentos do Ensino Médio a ela vin-

culados. Assim, a partir dessas análises será possível relacionar teoria e prática, determinando em

que medida as alterações na esfera legal e institucional vinculadas ao ensino de sociologia apresen-

taram reflexos na dimensão prática dessa questão, estabelecendo em que medida os parâmetros ins-

tituídos são de fato norteadores das ações cotidianas dos agentes envolvidos no ensino de sociologia.

Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação

112

DA FÁBRICA PATRONAL À COOPERATIVA AUTOGERIDA: PROCESSOS

EDUCATIVOS E MUDANÇA ESTRUTURAL DE PENSAMENTO.

Autor(a): Nelia Maria Puccini Burigo ([email protected])

Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn.

IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara

Departamento: Ciências da Educação

O objetivo de nossa investigação é analisar a transição, os processos educativos envolvidos na

mudança de uma estrutura de pensamento que viabilizou trabalhadores de uma determinada fábrica

a aderirem à forma de cooperativa autogerida. A reestruturação do processo de trabalho, mediação

entre o velho e o novo modo de produzir, nas relações de trabalho e pedagogia daí originada,

permite apreender os fatores análogos que podem fazer um contraponto com as novas pedagogias

escolares. O campo desta pesquisa situa-se em Nova Odessa/SP, criada como Núcleo Colonial em

1905 e que teve, desde o início, a atenção das autoridades para a educação. Ao mesmo tempo a

transmissão do conhecimento de uma geração à outra era predominantemente garantida pela

participação das crianças nos trabalhos dos adultos. Na década de 1950, com a instalação de uma

fábrica de grande porte, migrantes oriundos da área rurais que a ela foram conduzidos, chocaram-se

com modernismo da “racionalização”, administração científica do trabalho na fábrica.

Aparentemente, tal estranhamento diluiu-se no decorrer do tempo, com os trabalhadores

incorporando valores até então identificados com os status superiores, como a escolarização do

filhos (Búrigo, 1997). Em setembro de 1997, a diretoria da fábrica emitiu um comunicado aos seus

funcionários anunciando a falência da empresa e sugeriu a formação de uma cooperativa. Esta

alternativa proposta pelos diretores revolveu a estrutura psicológica de cada trabalhador, que apesar

de aderirem, ainda se sentiam intimidados pelos antigos gerentes. Mas ao descobrirem

procedimentos dos ex-gerentes que contrariavam o estatuto da cooperativa passam a reestruturar a

mesma. Esta mudança para o sistema de cooperativa autogerida traz indagações, pois as duas

formas de gerir o trabalho são consideravelmente diferentes. Na administração racional, o saber

científico do administrador estabelece a liderança e a subordinação, então como esses trabalhadores

adquiriram a igualdade no poder de decisão? Aplicaremos os conceitos de sociogênese e

psicogênese de Norbert Elias, nos quais aborda – num processo de longa duração - as

transformações sociais que vão refletir nas estruturas psicológicas dos indivíduos, de maneira a

influenciar e modificar as mesmas; assim como as alterações ocorridas nas estruturas psicológicas

dos indivíduos estão intrinsicamente ligadas às transformações sociais. Considerando tais conceitos,

utilizou-se a análise de documentos e a aplicação de entrevistas para identificar como o

comportamento e a vida afetiva da população estudada – operários e sua família – foram ajustados à

experiência histórica porque passaram, da posição de empregados para a de cooperados, e as

conseqüências deste movimento para sociedade local. As técnicas qualitativas utilizadas são -

entrevistas semi-estruturadas, depoimentos, questionários e observação, diário de campo. Técnicas

quantitativas - pesquisa documental e análise de seu conteúdo.