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A representação da cultura afro-brasileira no ENEM: uma análise acerca das rupturas provocadas pela lei 10639/03TRANSCRIPT
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SEMINRIO DE POLTICAS DE INSERO DA HISTRIA E DA CULTURA AFRO-
BRASILEIRA NO CURRCULO ESCOLAR RIO-GRANDINO
Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Anais Eletrnicos do Seminrio de polticas de insero da histria e
da cultura afro-brasileira no currculo escolar rio-grandino, Rio
Grande: Editora da FURG, 2013.
267p.
Vrios autores.
Bibliografia.
ISBN: 978-85-7566-305-9
1. Histria - 2. Ensino de Histria. - 3. Cultura Afro-brasileira.
4- Anais. - I. Schiavon, Carmem G. Burgert. II. Gomes, Arilson dos Santos. III. Oliveira, Marcelo Frana de. IV. Ttulo
CDD-960
COMISSO ORGANIZADORA
Adriana Kivanski de Senna (FURG)
Arilson dos Santos (FAPA)
Carmem G. Burgert Schiavon (FURG)
Daniel Porciuncula Prado (FURG)
Janaina Schaun Sbabo (CDH-FURG)
Marcelo Frana de Oliveira (PPGH-FURG)
Olivia Silva Nery (PPGMP-UFPel)
COMISSO CIENTFICA
Adriana Kivanski de Senna (FURG)
Arilson dos Santos (FAPA)
Carmem G. BurgertSchiavon (FURG)
Caiu Cardoso Al-Alam (UNIPAMPA)
Cassiane Paixo (FURG)
Drio de Arajo Lima (FURG)
Elisabete Moraes (PPGH-FURG)
Jos Antnio dos Santos (UFRGS)
Rosane Rubert (UFPel)
Solange de Oliveira (PPGEO-FURG)
COMISSO DE APOIO
Andrelise Santorum
Camila Rola Alves
Francine Barboza de Souza
Gabriel Brasil Lopes
Gabriela Costa da Silva
Gernimo Pereira
Julia Ramos da Conceio Telles
Julian Pereira Kepps
Larissa Oliveira Mendes
Luiz Felipe Pinheiro
Luiz Paulo Soares
Milene Chaves Cabral
Moacir Silva do Nascimento
Nadia da Costa Jaques
Nathaly de Lima
Norma Regina dos Santos Motta
Paulo Vitor Batisti
Vanessa de Cssia Panick Lopes
Yasmin Pereira Rosa
Se5282
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APRESENTAO
O Seminrio de polticas pblicas de insero da histria e da cultura afro-
brasileira no currculo escolar rio-grandino constitui a atividade de encerramento do
Projeto de Extenso intitulado Mapeamento, anlise e universalizao de polticas
afirmativas voltadas insero curricular da histria e da cultura afro-brasileira no
Municpio do Rio Grande, financiado pelo Programa de Extenso Universitria
(ProExt) do Ministrio da Educao, o qual teve incio em maio de 2013 com o objetivo
de diagnosticar e avaliar o desenvolvimento da Histria e da Cultura Afro-Brasileira no
mbito do Municpio do Rio Grande e a partir desta anlise, propor aes afirmativas
relacionadas s Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao das Relaes tnico-
Raciais. Alm disso, tambm visa a garantia de igualdade de oportunidades entre os
diferentes grupos tnicos formadores do Brasil e, nesta direo, os esforos para a
aplicao da Lei 10.639/03, em todos os estabelecimentos de ensino em nvel local,
regional e nacional, tornam-se fundamentais.
Decretada e sancionada no dia 09 de janeiro de 2003, a lei instaurou nos
currculos escolares a obrigatoriedade do ensino sobre a Histria e a Cultura Africana e
Afro-Brasileira nos estabelecimentos de educao bsica, oficiais e particulares de
nosso pas, completou dez anos. Procedente das aes do Estado em consonncia com
as organizaes polticas preocupadas com a educao abrangente e de qualidade, no
que tange a contribuio dos grupos formadores de nossa brasilidade, essa lei, embora
passados dez anos de sua fundao, tem encontrado dificuldades na sua aplicabilidade.
Salvo, quando professores e sistemas escolares comprometidos cumprem a regra.
Algumas escolas do Rio Grande do Sul, atravs dos discursos de seus gestores,
manifestam que a falta de aplicao da Lei se deve, em parte, pela indisponibilidade de
materiais didticos especficos e pela escassez de cursos de formao, visando
capacitao dos docentes. Situao que vem se repetindo. Entretanto, durante os anos
passados e, atualmente, foram e so organizados colquios, debates, seminrios e
publicaes, sobre as temticas atinentes a Lei, constituindo uma produo acessvel a
todos. Bastando aos professores bem como aos educadores se atualizarem.
Elementos culturais, polticos e sociais, e sobre tudo humanos, identificam as
possibilidades de (re) elaborao de aspectos concernentes s africanidades no plano
didtico-pedaggico, pois a participao das populaes afrodescendentes no Estado
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reportam as origens deste territrio. O trabalho, as resistncias contra o cativeiro, a
utilizao militar, os quilombos, as irmandades, a imprensa negra, as ligas esportivas, as
associaes bem como as personalidades so universos a se descortinar sobre a
trajetria afrodescendente. Em nosso cotidiano, as palavras, os gestos, o sincretismo
religioso, a alimentao, as danas, e tantos outros temas, tornam-se lugares nicos s
possibilidades de identificaes e compreenses das influncias dos povos africanos.
A Lei 10.639/03, desde 2008, acrescida das temticas Indgenas, resultou na Lei
11.645/08, tem tudo para ser institucionalizada. A institucionalizao um resultado
capaz de sobreviver aos seus atores e ser renovado por outras geraes (Arendt apud
AVRITZER, 2008). Ou seja, mesmo ela sendo fruto das negociaes polticas advindas
dos movimentos negros organizados com setores do Estado, quanto aos mecanismos
indispensveis sua institucionalizao ela vem encontrando limites. Entretanto, os
rgos reguladores e fiscalizadores do Estado, assim como setores da sociedade, devem
estar atentos sua permanncia.
Ressalta-se que essa conscincia deve perpassar toda a comunidade escolar,
formada por gestores, alunos, funcionrios e famlias, garantindo assim sua aplicao.
COMISSO ORGANIZADORA
Rio Grande, dezembro de 2013.
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SUMRIO
RESUMOS:
Lei 10.639/03, otimizando possibilidades para o ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira
Alexandre Silva da Silva.............................................................................................................................11
Relato sobre uma experincia com o ensino de frica em sala de aula com alunos de ensino
fundamental
ngela Pereira Oliveira e Jaqueline de Mattos Mendes...................................................................12
A presena escrava na cidade do Rio Grande, a partir da imprensa
Camila Rola Alves e Milene Chaves Cabral...........................................................................................14
A mitologia em prol da equidade de pensamento: um cotejo da cultura afro-brasileira em Rio
Grande e Bag
Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria..........................................................................15
Anlise acerca de prticas relacionadas insero curricular da Histria e da Cultura Afro-
brasileira no municpio do Rio Grande
Carmem G. Burgert Schiavon e Nadia Rosane da Costa Jaques ........................................................17
Relato de experincia: Pr Vestibular Zumbi dos Palmares, uma alternativa educacional solidria Daniela Schuller Pedroso............. .............................................................................................................18
Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das
Juventudes Negras Perifricas
Elias Csta de Oliveira; Alexon Messias da Rocha e Lara Colvero Rockenbach.....................................20
Trajetria histrica-social da Lei 12.711/12 na UFPel
Eliane de Oliveira Rubim, Sabrina de Souza Silva e Andr Gomes de Almeida........................................21
Grupo permanente de estudos e prticas pedaggicas para igualdade racial no ambiente escolar
Elke Daniela Rocha Nunes e Laurinaudia Barros Martins.......................................................................22
A representao da cultura afro-brasileira no ENEM: uma anlise acerca das rupturas provocadas
pela lei 10639/03
Elvis Patrik Katz e Alesson Ramon Rota....24
De que frica estamos falando? As concepes dos estudantes de histria sobre o continente
africano
Giovana Pontes Farias............................................................................................................................25
Ensino de Histria e cinema em sala de aula: possibilides para o cumprimento da Lei n
10.639/2003
Jaqueline de Mattos Mendes e ngela Pereira Oliveira...........................................................................27
A influncia da msica na famlia Cardoso
Jussara Cardoso de Cardoso.....................................................................................................................30
O Silenciamento do Negro no Livro Didtico - Do Segundo Reinado ao Ps-Abolio
Luciane dos Santos Avila; Luiz Paulo da Silva Soares e Fernanda Santos dos Santos .............................31
Carlos Santos: negritude e cidadania
Luiz Henrique Torres...................................................................................................................................32
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7
O ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira atravs das mdias cinemticas
Luiz Paulo da Silva Soares, Alexandre Silva da Silva e Luciane dos Santos Avila....................................33
Os manuais didticos do 7 ano: uma breve reflexo sobre o ensino da Histria Afro-Brasileira
Michele Borges Martins............................................................................................................................35
A Cultura Afro-Brasileira em nosso cotidiano
Milene Chaves Cabral e Camila Rola Alves..............................................................................................36
Currculo da rede oficial de ensino: interpretaes, pesquisas e prticas na Arte e Educao
Nadiele Ferreira Pires, Rosemar Gomes Lemos e Lisiane Gomes Lemos..................................................37
A construo do racismo brasileiro: da identidade nacional participao positiva da identidade
negra nos estudos acadmicos
Natiele Gonalves Mesquita e Carmem G. Burgert Schiavon....................................................................38
Espaos Educativos No-Formais e as legislaes para a Educao das Relaes tnico-Raciais
Patrcia da Silva Pereira.........................................................................................................................39
Sou um negro sim: tambm sou parte da Histria e construo do Brasil
Paulo Roberto Fonseca...............................................................................................................................41
Narrando histria e estrias: Literatura e Polticas Pblicas de insero da histria e da cultura
afro-brasileira no currculo escolar
Rgis de Azevedo Garcia............................................................................................................... .............43
Gravando o negro de minha histria
Renata vila Troca..................................................................................................... .................................44
Histria e Arte: uma experincia interdisciplinar de ensino de Histria da frica e Cultura
Africana na escola municipal de ensino fundamental Getlio Vargas
Tatiana Carrilho Pastorini Torres e Maria Fernanda Botelho...................................................................47
A memria da escravido em runas: Um estudo sobre o patrimnio histrico e cultura de
Cerrito/RS
Vanessa Martins da Costa......................................................................................................................48
A Hermenutica das diretrizes curriculares nacionais para a educao escolar Quilombola
Wanildo Figueiredo de Sousa....................................................................................................................49
A Educao escolar nas comunidades de remanescentes Quilombolas do Baixo Amazonas -
Santarm
Wanildo Figueiredo de Sousa e Rosane Maria Krausburg Molina ...........................................................50
TEXTOS DOS RESUMOS EXPANDIDOS:
Lei 10.639/03, otimizando possibilidades para o ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira
Alexandre Silva da Silva e Julia Silveira Matos..........................................................................................53
Relato sobre uma experincia com o ensino de frica em sala de aula com alunos de ensino
fundamental
ngela Pereira Oliveira e Jaqueline de Mattos Mendes.............................................................................63
A presena escrava na cidade do Rio Grande, a partir da imprensa
Camila Rola Alves e Milene Chaves Cabral..........................................................................................73
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A mitologia em prol da equidade de pensamento: um cotejo da cultura afro-brasileira em Rio
Grande e Bag
Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria..............................................................................77
Anlise acerca de prticas relacionadas insero curricular da Histria e da Cultura Afro-
brasileira no municpio do Rio Grande
Nadia Rosane da Costa Jaques e Carmem G. Burgert Schiavon..........................................................91
Relato de experincia: Pr Vestibular Zumbi dos Palmares, uma alternativa educacional solidria Daniela Schuller Pedroso............................................................................................................................98
Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das
Juventudes Negras Perifricas
Elias Csta de Oliveira; Alexon Messias da Rocha, Lara Colvero Rockenbach........................105
Grupo permanente de estudos e prticas pedaggicas para igualdade racial no ambiente escolar
Elke Daniela Rocha Nunes e Laurinaudia Barros Martins..............................................117
A representao da cultura afro-brasileira no ENEM: uma anlise acerca das rupturas provocadas
pela lei 10639/03
Elvis Patrik Katz e Alesson Ramon Rota..125
De que frica estamos falando? As concepes dos estudantes de histria sobre o continente
africano
Giovana Pontes Farias..............................................................................................................................135
Ensino de Histria e cinema em sala de aula: possibilides para o cumprimento da Lei n
10.639/2003
Jaqueline de Mattos Mendes, ngela Pereira Oliveira e Ana Ins Klein..................................................142
O Silenciamento do Negro no Livro Didtico - Do Segundo Reinado ao Ps-Abolio
Luciane dos Santos Avila; Fernanda Santos dos Santos, Luiz Paulo da Silva Soares........................150
Carlos Santos: negritude e cidadania
Luiz Henrique Torres................................................................................................................................160
O ensino da Histria e Cultura Afro-Brasileira atravs das mdias cinemticas
Luiz Paulo da Silva Soares, Alexandre Silva da Silva e Luciane dos Santos Avila.........................170
Os manuais didticos do 7 ano: uma breve reflexo sobre o ensino da Histria Afro-Brasileira
Michele Borges Martins............................................................................................................................179
A Cultura Afro-Brasileira em nosso cotidiano
Milene Chaves Cabral e Camila Rola Alves..............................................................................................190
Identidade nacional: a construo do racismo brasileiro
Natiele Gonalves Mesquita e Carmem G. Burgert Schiavon...................................................................197
Espaos Educativos No-Formais e as legislaes para a Educao das Relaes tnico-Raciais
Patrcia da Silva Pereira...........................................................................................................................207
Sou um negro sim: tambm sou parte da Histria e construo do Brasil
Paulo Roberto Fonseca..............................................................................................................................221
Narrando histria e estrias: Literatura e Polticas Pblicas de insero da histria e da cultura
afro-brasileira no currculo escolar
Rgis de Azevedo Garcia...........................................................................................................................232
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A invisibilidade da cultura afro-brasileira e africana no ensino de Histria: uma anlise das
injunes, causas e consequncias
Carlos Jos Borges Silveira e Simone Gomes de Faria............................................................................240
Histria e Arte: uma experincia interdisciplinar de ensino de Histria da frica e Cultura
Africana na escola municipal de ensino fundamental Getlio Vargas
Tatiana Carrilho Pastorini Torres e Maria Fernanda Botelho..........................................................249
A memria da escravido em runas: Um estudo sobre o patrimnio histrico e cultura de
Cerrito/RS
Vanessa Martins da Costa.........................................................................................................................258
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RESUMOS
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LEI 10.639/03, OTIMIZANDO POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA
HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Alexandre Silva da Silva1
O ensino de Histria passou nessa primeira dcada por duas relevantes alteraes
que foram resultado das demandas apresentadas e reivindicadas pelos movimentos
afirmativos, que foram as Lei 10.639/03 de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educao
nacional, para incluir no currculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e a Lei 11.645/08, que institui a
obrigatoriedade do Ensino da Cultura Afro-brasileira e Indgena. Diante disso, compila-
se a seguinte estrutura problemtica, como o PROFESSOR encarregado de
TRANSFERIR saber pode realizar uma tarefa qual no foi preparado, no
disponibilizando primeira vista de material didtico que venha a instrumentaliza-lo
para tal funo. Num contexto contemporneo no qual cada vez mais se evidencia a
necessidade de uma maior interao entre as prticas de ensino, com vistas a uma
melhor compreenso pelo discente, o MEDIADOR deve buscar atravs da
MULTIDISCIPLINARIDADE mecanismos e artifcios que possibilitem o
desenvolvimento da conscincia histrica, alcanando a TRANSDISCIPLINARDADE.
Nessa direo, com base nas TIC foi desenvolvido um banco de dados cujo endereo
(https://sites.google.com/site/otimizandopossibilidades/), que visa colaborar para a
ambientao e alargamento das possibilidades de abordagem da cultura Afro-brasileira
pelos educadores, permitindo trabalhar a desestruturao de alguns conceitos arcaicos,
discriminadores e excludentes, que se apresentam e so difundidos mesmo que sem intencionalidade no material didtico brasileiro. O presente trabalho objetiva disponibilizar material e tcnicas de abordagem que possam contribuir no mbito
escolar, proporcionando uma viso mais aprofundada e contextualizada da cultura Afro-
Brasileira suas caractersticas, influncias e resignificncias. Estimulando atravs da
reflexo e mais tarde da conscincia histrica o respeito mtuo e a relao de influncia
dialtica na formao indenitria, para que a insero da lei 10.639/03 cumpra o papel
pelo qual foi idealizada, diminuindo conflitos presentes no contexto social brasileiro.
Palavras-Chave: Lei 10.639/3. TIC. Cultura Afro-Brasileira. Conscincia Histrica.
Transdisciplinaridade.
1 Acadmico do Curso de Histria Bacharelado com nfase em Patrimnio Histrico e Cultural da
Universidade Federal do Rio Grande FURG. Coordenador de mdias do COMUF e LAHIS. Assessor de mdias do CAIC. E-mail: [email protected]
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RELATO SOBRE UMA EXPERINCIA COM O ENSINO DE FRICA EM
SALA DE AULA COM ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL
ngela Pereira Oliveira2
Jaqueline de Mattos Mendes3
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma atividade realizada na
escola relatando a experincia obtida em sala de aula. A experincia desenvolveu-se
com uma turma constituda por vinte e quatro alunos, de sexto ano do ensino
fundamental em uma escola municipal da cidade de Pelotas. Foi proposta aos alunos
uma atividade quando trabalhado o contedo de frica, na qual eles puderam expor sua
opinio sobre o assunto proposto. A atividade era para ser realizada em casa e,
infelizmente, a maioria dos alunos, por diversos motivos, no participou dela. Porm,
aqueles que a fizeram foram bastante criativos e surpreendentes em suas respostas.
Alguns comentaram a participao dos familiares no auxlio elaborao da pesquisa e
manifestaram interesse em conhecer um pouco mais sobre aquele contedo trabalhado,
alegando no saberem muito a respeito por no o terem estudado em sua poca de
escola. O ensino sobre o contedo de Histria do Continente africano antes do contato
com o europeu e sobre algumas caractersticas de povos que ali habitavam,
proporcionou que fossem feitas as trs perguntas dissertativas. Tendo em vista o pouco
tempo para trabalho do contedo e a grande diversidade de etnias existentes foram
selecionados apenas algumas delas para serem abordadas na aula. A grande quantidade
de informao faria de uma prova mera reproduo de contedos, sem anlise e reflexo
crtica por parte dos alunos. A ideia de realizar a proposta se deu pela necessidade de
saber como os alunos viam a cultura do continente africano auxiliando na construo do
respeito s diferentes etnias, religies e modos de vida. Tambm visando, desconstruir
preconceitos que possam existir ocasionados pela falta de informao auxiliando na
construo do respeito e na formao de jovens ticos. A Histria tem poder de
conscientizar, de mobilizar, de transformar, cabe ao professor aproveitar-se disso da
melhor forma possvel influenciando o aluno a sentir-se incomodado com o desrespeito,
presente na sociedade, ao diferente e no acomodar-se com tal situao. Entre as
perguntas trabalhadas pensou-se uma que proporcionasse a integrao entre a
contribuio africana no Brasil e o cotidiano dos alunos, proporcionando uma
aproximao com o tema. Enquanto outra visava discutir representaes e criaes
caricaturadas, tanto pelos meios de comunicao como pela prpria construo
historiogrfica eurocntrica, a respeito do continente. FREIRE cita que no podemos desconhecer a televiso, mas, devemos us-la, sobretudo, discuti-la (1996, p.88) utilizando ela como um veculo de aproximao com o mundo do aluno. Como menciona KI-ZERBO na Histria Geral da frica (2010, p.30) a histria da frica, como a de toda a humanidade, a histria de uma tomada de conscincia. Nesse
sentido, a histria da frica deve ser reescrita. E isso porque, at o presente momento,
ela foi mascarada, camuflada, desfigurada, mutilada. Acrescentando que o conhecimento sobre a Histria da frica proporciona que conheamos mais sobre a
nossa prpria Histria. A comunicao em questo ir apontar as respostas dos alunos
apresentando algumas alm de argumentar sobre as influncias sociais em suas
2 Acadmica do curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
[email protected] 3 Acadmica do curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. E-mail:
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formaes e concepes. A partir da anlise das respostas obtidas demonstraremos as
mudanas proporcionadas na viso dos alunos aps esta experincia e o quanto essa
atividade contribuiu nas suas formaes como cidado.
Palavras-chave: Escola. Ensino de Histria. Histria da frica.
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A PRESENA ESCRAVA NA CIDADE DO RIO GRANDE A PARTIR DA
IMPRENSA
Camila Rola Alves4
Milene Chaves Cabral5
O trabalho busca mostrar que na cidade do Rio Grande a escravido esteve
presente, da mesma maneira que no resto do pas. Na presente pesquisa trabalhamos
com os anncios que tratavam de escravos na cidade, entre estes se encontram anncios
de comercializao como os de venda, aluguel, e tambm so presentes anncios de
fuga, entre outros. Encontrados nos jornais rio-grandinos O Artista e Echo do Sul, do
ano de 1875 a 1878, estes se encontram na Biblioteca Rio-Grandense, no municpio do
Rio Grande.
Muitos escravos chegavam atravs do Porto do Rio Grande, alguns ficavam por
aqui, e outros eram comercializados pela regio sul. Na cidade do Rio Grande, cerca de
25% da populao era de escravos, estes eram grande parte da mo- de- obra da cidade.
Trabalhando nas mais diferentes atividades entre elas, ama-de-leite, cozinheiro,
lavadeiras, pedreiro, devido o grande movimento de barcos no porto da cidade muitos
escravos trabalhavam embarcados, tambm vendiam hortalias, tais como alface, couve,
cebola e laranjas. No local denominado Geribanda (onde hoje a Praa Tamandar)
muitos escravos se encontravam para pegar gua para abastecer as casas de seus
senhores, j que aqui no havia nenhum manancial de gua doce e l haviam poos de
gua considerada de boa qualidade.
Nos jornais pesquisados entre os anncios o mais presente so os de alugueis de
ama- de- leite. Est escrava era responsvel pelo cuidado e amamentao do filho da
Sinh. Muitas vezes esta escrava era separada de seu filho por ordens do seu Senhor,
pois quem alugava este servio normalmente no queria que a escrava levasse junto seu
filho, j que est deveria dedicar ateno integral ao filho dos senhores. O filho desta
mulata era deixado junto dos outros escravos na senzala, mesmo que esta escrava nem
seja alugada, e fique prestando servio para o seu proprietrio, mesmo estando na
mesma propriedade o filho quase sempre ficava longe da me.
Neste anncio fica claro o que foi colocado anteriormente, a respeito da negra
ser separada de seu filho ou cria como era chamado o filho das escravas pelos brancos.
Precisa- se de uma ama- de- leite sem cria, para tratar a Rua Pedro II, n 58, loja de modas. A partir destes anncios temos informaes importantes destes que ajudaram a
construir a histria da cidade do Rio Grande.
Palavras-chave: Rio Grande. Anncios. Escravos.
4 Graduanda em Histria (Bacharelado) pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para
contato: [email protected] 5 Graduanda em Histria (Bacharelado) pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para
contato:[email protected]
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A MITOLOGIA EM PROL DA EQUIDADE DE PENSAMENTO: UM COTEJO
DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM RIO GRANDE E BAG
Carlos Jose Borges Silveira
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Simone Gomes de Faria7
O presente trabalho fora desenvolvido em torno da temtica da cultura afro-
brasileira e africana em prol de uma poltica de pensamento diferenciado. Esta pesquisa
de interveno pretendeu aferir duas realidades distintas, no entanto, fora notrio a
necessidade de criarmos inauditas prticas pedaggicas para que fosse instaurada uma
equidade de pensamento com relao cultura afro-brasileira e africana, visto que, nos
ltimos debates a abordagem se tem atentado somente para uma equidade de
oportunidade. Atravs do que fora exposto se objetivou criar novos recursos
pedaggicos j que se conta com pouco material nesta nuance. Vale ressaltar que se
apropriou da articulao do conceito de conscincia histrica porque a metacognio
fora de essencial acuidade para os propsitos das atividades partindo do pressuposto
que antes de qualquer ao necessrio compreender a bagagem cultural dos
estudantes assim como o nvel de seu aprendizado. Partindo dessa problemtica que
fora decidido trabalhar nas aulas de Histria com a produo de incipientes materiais
didticos referentes mitologia dos orixs, visto que, infelizmente ainda se conta com
pouco recurso pedaggico dessa alcunha. Vale ressaltar que na realidade nossa inteno
fora de simplesmente trabalhar com alguns dos principais orixs que apresentam
belssimas histrias e que traduzem valores de vida sem adentrarmos para a religio. O
objetivo central foi o de explorar a matriz africana de modo que eles incorporassem
uma nova viso sobre o assunto para desconstruir a imagem do negro e desses seres
mitolgicos mediante a literatura afro-brasileira. Nesse limiar, para suporte terico tem-
se Mircea, Prandi, Munanga, Nascimento, Rocha, Brasil, Oliveira, Shoat & Stam, e
Jrn Rsen. A srie escolhida fora uma turma do sexto ano da Escola de Ensino
Fundamental Maria de Lourdes Molina localizada na cidade de Bag comparando com
a Escola de Ensino Fundamental e Mdio Llia Neves situada no municpio de Rio
Grande. Neste sentido, pretendemos analisar os distintos contextos escolares para
observar qual a tipologia de narrativa histrica que se encontram nos sujeitos da
pesquisa nas delimitadas instituies, visto que, fundamental desbravar os marcos
referncias e os princpios operativos que servem de alicerce para o sentido do passado.
A justificativa para o presente trabalho decorre da percepo, mediante a uma
observao participante, do preconceito tnico-racial instaurado nas turmas durante o
ano letivo de 2013. Deste modo, fora necessrio utilizar incipientes mtodos para
equacionar o relacionamento dos discentes com a cultura africana, sendo assim, como
objeto de estudo se resolveu tratar da mitologia nessa interface. Assim sendo,
expusemos o gnero textual -mito- que ser delineado numa perspectiva onde a
narrativa transmitida oralmente abordando sobre as origens e o surgimento dos
homens. Assim sendo, a mitologia africana versa sobre o comeo da criao humana e
expe o porqu do surgimento da vida desvelando a essncia do povo. A esse patamar
6 Mestrando em Histria pela FURG. Email para contato: [email protected]
7 Mestranda em Histria pela FURG. Email para contato: [email protected]
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no se pode consider-las apenas uma simples histria porque a conexo com a vida.
Por fim, a mitologia africana serve para expor como fora conduzida a vida ao longo dos
milhares de anos e dela que foram instaurados os rituais, os cerimonias, as tradies e
seus costumes. Nesse limiar, procuramos direcionar os educandos para o mosaico
cultural e epistemolgico africano num processo de pertencimento tnico. Seguindo
essa linha de pensamento a abordagem da temtica cultural das manifestaes
religiosas dos africanos visou alert-los que o Brasil multicultural, formado por
culturas bem diversificadas e que muitas vezes so perseguidos, estereotipados e
discriminados. Nesse aspecto, se priorizou que os estudantes reconhecessem
caractersticas bsicas da estrutura textual do mito como uma narrativa, de origem oral,
que explica o surgimento dos fenmenos naturais, do universo e dos homens mediada
pela pluralidade, apreo, tolerncia e respeito diversidade. Desta forma, as atividades
trabalhadas produziram excelentes resultados ao longo das atividades pedaggicas onde
eles puderam compreender as injustias, os danos e as desvantagens do preconceito em
relao cultura desvelada. Em suma o trabalho surtiu bons resultados e a perspectiva
de inauditos trabalhos ao redor dos mitos africanos.
Palavras-chave: Mito. Mitologia africana. Cultura afro-brasileira e africana. Prticas
pedaggicas.
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ANLISE ACERCA DE PRTICAS RELACIONADAS INSERO
CURRICULAR DA HISTRIA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NO
MUNICPIO DO RIO GRANDE
Carmem G. Burgert Schiavon8
Ndia Rosane Jaques9
O presente texto objetiva apresentar alguns resultados do Projeto de Extenso
intitulado Mapeamento, anlise e universalizao de polticas afirmativas voltadas insero curricular da histria e da cultura afro-brasileira no Municpio do Rio Grande, financiado pelo Programa de Extenso Universitria (ProExt) do Ministrio da
Educao, que teve incio em maio de 2013, e foi articulado com vistas avaliao e
diagnstico sobre o desdobramento da histria e da cultura afro-brasileira no mbito
municipal rio-grandino. A partir dos resultados obtidos, visa oferecer aos docentes
algumas ferramentas de subsdio com vistas a ampliar o campo da efetiva
implementao s diretrizes curriculares da Lei 10.639/2003. Quanto metodologia utilizada na captao dos dados, optou-se pela pesquisa-
ao, pois a mesma encontra-se alicerada em um processo de acompanhamento e
controle da ao desejada, sendo uma metodologia de interao entre pesquisador-
pesquisado, que propicia a articulao do conhecer e do agir, de modo a aproximar os
envolvidos no processo assim como mantm um constante relato durante o processo em
execuo. Contudo, destaca-se que o projeto, atualmente, encontra-se em fase de
finalizao, tendo em vista a concluso das visitas s Escolas de mbito municipal,
momento em que foram coletados dados referentes prtica da histria e da cultura
afro-brasileira junto direo e, posteriormente, foram efetuadas entrevistas com
professores indicados por suas respectivas supervises.
Aps a transcrio das entrevistas e da tabulao de dados, j foi possvel ter um
panorama da realidade escolar no que tange cultura afro-brasileira, bem como das
carncias e dificuldades encontradas por esses professores no cotidiano escolar rio-
grandino. A partir desta anlise, constatou-se que algumas Escolas desenvolvem
excelentes atividades dentro dessa temtica; contudo, em linhas gerais, a grande maioria
das Escolas municipais ainda no conseguiu superar as dificuldades. No obstante,
mister esclarecer sobre a conscincia geral quanto obrigatoriedade da Lei
10.639/2003, bem como favorecer o acesso da grande maioria dos docentes a materiais
didtico-pedaggicos nesta rea. Alm disso, torna-se necessrio a implementao de
aes afirmativas, efetivas e subsidirias da insero do tema no cotidiano escolar do
Municpio do Rio Grande.
Palavras-chave: Histria. Cultura Afro-Brasileira. Educao.
8 Doutora em Histria pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Professora
do Instituto de Cincias Humanas e da Informao da Universidade Federal do Rio Grande (ICHI-FURG)
e Coordenadora do Projeto. E-mail: [email protected] 9 Acadmica do Curso de Histria da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Bolsista do Projeto.
E-mail: [email protected]
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18
RELATO DE EXPERINCIA: PR-VESTIBULAR ZUMBI DOS
PALMARES, UMA ALTERNATIVA EDUCACIONAL SOLIDRIA
Daniela Schuller Pedroso10
Somos seres historicamente construdos e o que nos mobiliza a vontade de
fazer histria. Inspirados em Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido afirmamos que
para podermos ser mais, e fazer mais, precisamos conhecer nossa histria. Esse relato
muito mais que uma narrativa, uma reflexo/construo. Pois, como professora
voluntria de uma iniciativa solidria, no estamos apenas contando uma histria,
estamos fazendo ela. Anteriormente, h uns 18 anos atrs muitos de ns ao concluirmos
o ensino mdio em uma escola pblica tnhamos dvidas se realmente conseguiramos
cursar uma faculdade. Pois, comeavam alguns dilemas: como fazer para se preparar
para o concurso vestibular? Em que faculdade prestar vestibular? Em qual curso se
inscrever? As dvidas eram muitas, mas algumas questes eram determinantes como,
por exemplo: as nicas opes de cursar gratuitamente uma faculdade eram as
universidades pblicas, e os vestibulares dessas instituies eram muito concorridos e
at hoje continuam assim, o que suscita outro problema: como se preparar para uma
prova de vestibular com tamanha magnitude e complexidade?
Sabemos que um curso pr-vestibular tem um custo elevado demais para grande
parte das pessoas que so atendidas pela escola pblica, tornando-se assim inacessvel
para esse pblico. Nesse contexto o acesso educao superior era extremamente
complexo.
Os que tinham pretenso de acesso ao ensino superior viravam-se como podiam,
alguns trabalhavam para pagar um cursinho, outros se preparavam por conta prpria
para prestar vestibular nas universidades pblicas. Alguns conseguiam ser aprovados e
outros desistiam do ensino superior. Foi nesse cenrio que em 1995, no VI Encontro de
Educadores Negros, promovido pelos APN Agente do Pastoral do Negro, em Porto Alegre, surgiu ideia de desenvolver um curso Pr-Vestibular Popular (PVP) voltado
para a preparao de alunos, preferencialmente afrodescendentes, de baixa renda e
oriundos de escola pblica. Quem trouxe essa ideia para Porto Alegre, foi frei David
Raimundo dos Santos que desenvolvia um projeto similar na Baixada Fluminense no
Rio de Janeiro. Aqui em Porto Alegre recebeu em 1995 o nome de Pr Vestibular
Zumbi dos Palmares, em homenagem ao tricentenrio da morte de Zumbi. Nesse
mesmo ano de 1995, foi criado na Vila Cruzeiro em Porto Alegre um ncleo do Pr
Vestibular Zumbi dos Palmares. Passaram-se 18 anos e o Zumbi est em franco
crescimento com ncleo na regio de Porto Alegre e demais ncleos em municpios da
regio metropolitana: Alvorada, Cachoeirinha e Viamo. medida que mais pessoas
aderem ao projeto, consequentemente, aumenta a diversidade de atividades educativas e
culturais que conseguimos promover junto com nossos alunos e com nmero cada vez
maior de interessados. So compartilhadas experincias que nunca seriam aprendidas
em uma aula expositiva tradicional, como por exemplo, uma conversa com uma vtima
da ditadura militar.
10
Graduada em Histria Licenciatura da UNIASSELVI. Especializao em Histria e Cultura Indgena e Afro-Brasileira (ULBRA) e membra do GT Negros/ANPUH-RS. E-mail: [email protected]
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19
Nosso trabalho tem trazido resultados: no mesmo ano que o Pr-Vestibular
Zumbi dos Palmares abriu seu centro em Porto Alegre em 1995 para alunos
afrodescendentes, vimos no ano seguinte em 1996 a conquista de uma aluna quando
conseguiu aprovao em medicina no vestibular da UFRGS; e no para por a, pois o
Zumbi em todos esses anos tem conduzido muitos alunos afrodescendentes s
universidades pblicas em diversos cursos de ensino superior. E aqueles que um dia
foram nossos alunos da Zumbizada como chamamos, atualmente alguns so nossos
professores em ncleos do Zumbi. So tantos os mecanismos de excluso do ensino
superior, que ajudar a chegar l um pblico historicamente excludo, j um grande
feito. Muito mais que conquistas pessoais, acreditamos que pr-vestibulares populares
podem protagonizar conquistas sociais. Quanto mais refletimos conjuntamente sobre
nossos objetivos comuns, quanto mais integrarmos nossas prticas, mais avanados
estamos em direo a um movimento social de educao popular solidrio e organizado
em rede.
Palavras-chave: Alunos. Zumbi. Palmares.
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20
ENSINO DA HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: CONSTRUO
DE MATERIAIS PARADIDTICOS, O CASO DAS JUVENTUDES NEGRAS
PERIFRICAS
Elias Csta de Oliveira11
Alexon Messias da Rocha12
Lara Colvero Rockenbach13
O presente trabalho apresenta os resultados do Projeto Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos, o caso das Juventudes
Negras Perifricas. Tal trabalho uma iniciativa do Prxis - Coletivo de Educao Popular, em parceira com o Departamento de Histria da Universidade Federal de Santa
Maria, o Museu 13 de Maio e a Secretaria de Educao do Estado do Rio Grande do
Sul, atravs da 8 Coordenadoria Regional de Educao. Apresentando como objetivos
mapear, identificar e construir experincias referncias propondo instrumentos didticos
de apoio a educadores do sistema pblico de educao para as escolas de Ensino Bsico
de Santa Maria no que tange a implementao da Lei n 10.639. Aps avaliao de
algumas experincias de prticas de ensino da referida temtica na Rede Estadual,
optou-se pela criao de vdeos paradidticos que objetivam contribuir com as prticas
de ensino de Histria, atravs de uma abordagem metodolgica de cunho dialgico.
Entendemos a perspectiva de agentes historicamente excludos serem protagonistas e
no objetos como no caso de movimentos sociais. Este projeto busca interao entre
Escolas e Comunidades Afro-brasileiras para que jovens negros e negras sintam-se
contemplados e estimulados a buscar uma transformao dos mtodos de ensino. Em
um primeiro momento, o texto traz para reflexo alguns elementos relacionados
histria e ao perfil dos materiais didticos no Brasil para, em seguida, discute o mtodo
e as particularidades do projeto Ensino da Histria e Cultura Afro-brasileira: construo de materiais paradidticos. Esboamos algumas consideraes acerca do atual estgio do desenvolvimento da experincia e dos jovens que fazem parte do
material. Finalmente, foi desenvolvido o vdeo, onde so apresentados diversos grupos
de resistncia negra em Santa Maria, bem como o protagonismo dos jovens. A ideia do
material ser utilizado pela formao de educadores para estimular os mesmos para o
debate tnico racial, possibilitando que o professor recicle seu debate, suas percepes e
sua atuao em sala de aula. Ao mesmo tempo que poder ser utilizado como
instrumento didtico nas Escolas de Ensino Bsico provocando um maior pertencimento
e valorizao da cultura e histria afro-brasileira.
Palavras-chave: Histria e Cultura Afro-brasileira. Vdeos paradidticos. Materiais
didticos regionalizados.
11
Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:
Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:
Graduando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail para contato:
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TRAJETRIA HISTRICA-SOCIAL DA LEI 12.711/12 NA UFPEL
Eliane de Oliveira Rubim14
Sabrina de Souza Silva15
Andr Gomes de Almeida16
A implementao da poltica de cotas sociais na Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) tem um grande significado na medida em que esta se mostrou por muitos anos
omissa em relao construo de espaos para debater e discutir aes reparatrias e
afirmativas de cunho social e, principalmente racial, sendo uma demanda antiga de
grupos e Movimentos Negros locais. Mas foi a partir das reivindicaes formuladas
pelo Coletivo Negada coletivo que rene estudantes e no estudantes em prol da
cultura e educao negra que ao longo de 2012, nos debates relacionados eleio
para a Reitoria da UFPel que houve uma ampliao a este discusso. Neste contexto, foi
promulgada a Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispe sobre a reserva de vagas
para o ingresso nas universidades federais e nas instituies federais de ensino tcnico
de nvel mdio. Mas para se chegar a todo esse processo e, passado um ano da Lei de
Cotas, nos cabe refletir o percurso histrico ante uma Constituio Federal que desde
sempre desfavoreceu negros e pobres de formas tanto subjetivas quanto objetivas.
Assim sendo, contextualizaremos historicamente a trajetria do Direito brasileiro para
com essa populao, desde a Lei do Sexagenrio at a chegar na Lei de Cotas Sociais,
nos dias atuais, para propor uma concluso da necessidade desta, alm de informar
sobre o ingresso via cotas nas instituies de ensino para acesso e incluso em mbito
educacional de pessoas de baixa renda alm de negros, pardos e indgenas, onde neste
momento h na UFPel a formao de um Frum chamado COTASSIM, que rene
representantes de diferentes entidades, entre elas o Conselho da Comunidade Negra,
integrantes de sindicatos, movimento estudantil, professores e alunos da universidade,
para discutir a implementao da Poltica de Aes Afirmativas bem como os
desdobramentos desta poltica de acesso, que dizem respeito s aes que visam o
acolhimento e a permanncia.
Palavras-chave: Aes Afirmativas. Direitos Humanos. Racismo. Cotas. Movimento
Negro.
14
Graduanda em Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:
Graduanda em Cincias Sociais Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:
Graduando em Histria Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:
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GRUPO PERMANENTE DE ESTUDOS E PRTICAS PEDAGGICAS PARA
IGUALDADE RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
Elke Daniela Rocha Nunes17
Laurinaudia Barros Martins18
Este trabalho foi proposto enquanto Grupo permanente de Estudos e Prticas Pedaggicas para Igualdade Racial no Ambiente Escolar surgindo da vivencia emprica; observao e do fazer cotidiano e enriquecimento pedaggico realizado em
Comunidade Quilombola com suas implicaes e resultados positivos que aconteceram
no perodo de 2010-2012, enquanto educadoras e realizadoras do Projeto de Identidade
Cultural com temtica especfica para relao entre Educao-Diversidade e Direito
Humano. Sendo assim, o desdobramento do projeto ocorreu a partir de 2010 com o
tema: As relaes Afro- brasileiras; 2011- As Manifestaes tnico-Raciais Amapaenses- Indgenas, Portuguesas e Africanas e com essa abordagem foi premiado em terceiro lugar no I PREMIO SEAFRO Igualdade Racial na escola coisa sria e em 2012 ampliou-se para As Manifestaes Afroamapaenses Interdisciplinares. Tendo como pblico alvo: a comunidade do entorno; educadores e educandos do
ensino fundamental I e II da Escola Estadual David Miranda dos Santos na Comunidade
Quilombola So Jos do Matapi no Municpio de Santana/Amap. Tendo como foco a
aplicabilidade a Lei N 10.639 de 09 de janeiro de 2003 que visa incluir no Currculo
Oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temtica Ensino de Histria e Cultura Afro-Brasileira e Africana no Currculo Escolar que alterou a Lei N 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educao Nacional.
Primando pela mudana comportamental e institucional da sociedade brasileira e
garantindo todos acesso e usufruto de direitos constitucionais apoiados em uma
prxis, ou seja, com mecanismos coerentes e coesos inseridos na diversidade dos
contextos - identitrios, geogrficos e socioeconmicos, onde se aplica a ao inclusiva
pela educao com respeito diversidade tnico-racial. A Educao das relaes tnico-
raciais faz-se importante para ressignificar e romper paradigmas e estigmas que
historicamente fundamentaram as prticas e as mentalidades construdas ao longo do
processo de formao brasileira, assim como suas relaes construdas cotidianamente.
Nesse sentido, o projeto reafirma o compromisso com a plena realizao dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais, buscando o exerccio da cidadania e uma
Cultura de Direitos Humanos. Contribuindo com a qualidade do ensino e o
protagonismo social do pblico alvo, em busca do aprender a aprender, e tambm o
ensinar a (des)aprender, neste campo de prticas ideolgicas afro-brasileiras. A
educao, assim age contribuindo com a formao de novas mentalidades e para a
superao de diversas problemticas como: a discriminao e as excluses herdadas.
Estas aes nas escolas e comunidades quilombolas no Estado do Amap esto em
processo contnuo de construo, mas ainda carentes da presena efetiva da
institucionalidade, principalmente para os atores sociais das comunidades negras rurais
17
Doutoranda em Histria pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, Professora Substituta da Universidade Federal do AmapUNIFAP e da Faculdade Atual. E-mail: [email protected] 18
Especialista em Histria e Cultura Africana e Afro-brasileira (Faculdade Atual); Educao Especial
(Faculdade Internacional de Curitiba-FACINTER) e Bacharelada e Licenciada em Histria (Universidade
Federal do Par). E-mail: [email protected]
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23
que tem o direito de propriedade definitiva das terras ocupadas, assegurada pela
Constituio Federal.
Palavras-chave: Amap. Educao Quilombola. Lei 10.639/03.
-
24
A REPRESENTAO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NO ENEM: UMA
ANLIS ACERCA DAS RUPTURAS PROVOCADAS PELA Lei 10.639/200319
Elvis Kats20
Alesson Rota21
O presente resumo tem como objetivo sintetizar o trabalho A Representao da Cultura Afro-Brasileira no ENEM: Uma anlise acerca das rupturas provocadas pela Lei
10.639/2003, um decreto cuja finalidade inserir o ensino da cultura afro no ensino fundamental e mdio. Tal artigo tem como finalidade analisar a representao da cultura
Afro-Brasileira no exame nacional do ensino mdio, traando um paralelo entre ENEM
(Exame Nacional do Ensino Mdio) e NOVO ENEM, problematizando as implicaes
na nova legislao, que institui o ensino da cultura Afro-brasileira nas escolas. Este
confronto se torna pertinente tendo em vista a ruptura que Lei 10.639 promoveu ou deveria ter promovido em todo o sistema educacional brasileiro. Observando que este tipo de prova caracteriza-se por uma variedade de temas nas questes, faremos uma
anlise de contedo qualitativa das fontes.
A lei 10.639/2003 foi instituda em janeiro de 2003 com a finalidade de
implementar o ensino da cultura Afro-brasileira no ensino fundamental e mdio. J o
Enem foi criado em 1998, tendo uma grande reformulao em 2009. A prova tinha o
objetivo de avaliar o conhecimento dos alunos que terminavam o ensino mdio, sendo
elaborada com os diversos conhecimentos aprendidos durante a formao escolar.
Nesse sentido, desenvolvemos anlises comparativas entre as diversas fases desta prova,
seja no Enem antigo, antes ou depois da lei 10.639, seja no Enem atual, a partir do final
da dcada passada.
As questes selecionadas sero relacionadas s Humanidades ou, mais
especificamente, Histria. Tal delimitao til, j que relevante pensarmos as
formas pelas quais se representa a cultura afro-brasileira do ponto de vista de seu
passado, ou seja, interessante percebermos qual a construo histrica da tradio
africano-brasileira se transmite a toda sociedade brasileira contempornea. Essa reflexo
tem impacto direto com o valor atribudo a esta cultura atualmente, que, em geral,
menosprezada pela civilizao ocidental.
Palavras-chave: Exame Nacional do Ensino Mdio. Cultura Afro-Brasileira. Lei
10.639/2003.
20
Graduando em Histria pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato:
Graduando em Histria pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato:
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25
DE QUE FRICA ESTAMOS FALANDO? AS CONCEPES DOS
ESTUDANTES DE HISTRIA SOBRE O CONTINENTE AFRICANO
Giovana Pontes Farias22
Essa pesquisa faz parte de um trabalho realizado com os alunos de primeiro ano
do ensino mdio, na disciplina de Histria, a respeito de suas concepes relacionadas
ao continente africano e a importncia do estudo da frica e da cultura afro-brasileira.
Parte-se do princpio de que os estudantes possuem conscincia histrica, e desta forma,
levam para a escola noes sobre o tempo herdadas da cultura histrica pela qual esto
inseridos, a expresso cultura histrica traduz a perspectiva de articulao entre os processos histricos entre si e os processos de produo, transmisso e recepo do
conhecimento histrico (CERRI, 2011, p. 41). Acredita-se fundamental conhecer a concepo dos estudantes sobre os contedos trabalhados, para que assim possam se
desenvolver melhor o processo de ensino aprendizagem. Os resultados deste trabalho
apontam uma viso do continente africano, limitada e por vezes preconceituosa,
resultado de idias construdas historicamente e que ainda so reproduzidas pela nossa
sociedade. As imagens e informaes que dominam os meios de comunicao, os livros didticos, incorporam a tradio racista e preconceituosa de estudos sobre o
Continente e a discriminao qual so submetidos os afrodescendentes aqui dentro (OLIVA, 2002, p.431) A prpria historiografia negou durante muito tempo a
importncia do estudo da frica, assim como a histria indgena apenas considerada a
partir do momento em que entra em contato com o colonizador, concepes que
aparecem claramente na fala dos estudantes. A frica na fala dos alunos, muitas vezes
confundida apenas como um pas considerada pela maioria dos estudantes como um
territrio pobre, cheio de doenas, pouca so as relaes temporais utilizadas para
explicar como o continente chegou a esta condio de misria. A frica pensada apenas
aps a colonizao, em alguns momentos aparece como um continente com uma forte
cultura, porm muito explorado e vitima de preconceitos. Dos 14 alunos, apenas um
atribui uma perspectiva de futuro para a frica, relacionando a Copa do mundo,
ocorrida nos ltimos anos na frica do Sul como uma possibilidade de crescimento para
a regio. Sobre a importncia do estudo da frica, os estudantes se mostram otimistas,
reconhecendo que parte de cultura brasileira herdeira da cultura africana. Outros ainda
marcados pela viso de uma frica miservel acreditam que, estudando o continente
africano possvel que possamos valorizar mais o Brasil, pas diferente completamente
diferente do continente africano. Este trabalho ainda encontra-se em andamento,
pretende-se aplicar novamente as mesmas indagaes aos alunos, aps os estudantes
terem entrado em contato com informaes, documentos e vdeos sobre a frica, para
que seja possvel de analisar como o ensino de histria pode contribuir no processo de
formao de conscincia histrica dos alunos. Sabe-se que o ensino de histria da frica
ainda esta se desenvolvendo, fruto da prpria carncia na formao dos professores, do
pouco aprofundamento nos livros didticos e do pouco espao que possui nos prprios
currculos de Histria, ainda marcados pela formao eurocntrica. Desta no podemos
22
Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail: [email protected]
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negar a importncia de que novas pesquisas sejam desenvolvidas nessa rea, afim de
que possamos dar passos maiores em busca de um ensino de qualidade, que realmente
possa inserir a histria e a cultura afro-brasileira no currculo escolar.
Palavras-chave: frica. Ensino de Histria. Cultura afro-brasileira.
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ENSINO DE HISTRIA E CINEMA EM SALA DE AULA: POSSIBILADADES
PARA O CUMPRIMENTO DA LEI N. 10.639/2003
Jaqueline de Mattos Mendes23
ngela Pereira Oliveira24
O presente trabalho visa tratar das possibilidades da utilizao do cinema em sala
de aula para contribuir com as preocupaes que motivaram a Lei n. 10.639/2003, que
estabelece como obrigatoriedade o ensino de Histria e da Cultura Afro-brasileira e
Africana em todas as etapas/nveis da educao bsica no Brasil. A lei foi
complementada pelo parecer 3/2004, que torna legal o procedimento, pois "procura
oferecer uma resposta, entre outras, na rea de educao, demanda da populao
afrodescendente, no sentido de polticas de aes afirmativas, isto , de polticas de
reparaes, e de reconhecimento e valorizao de sua histria, cultura, identidade"
(Parecer CNE, 2004, p.2).
Neste trabalho, sero abordadas questes referentes ao cumprimento da lei, mas
importante observar que "o filme, imagem ou no da realidade, documento ou fico,
intriga ou pura inveno, Histria" (FERRO, 2010, p.32); ento, independente da
temtica abordada, o filme um elemento instigador de conhecimento e utilizvel para
vrias finalidades que se queira atingir em um trabalho educativo. importante
observar que a ferramenta "Cinema" pode contribuir, na formao dos alunos, para uma
conscientizao sobre a prtica cidad, explicitando os valores da diversidade existente
em nossa sociedade. Para isso necessrio sabermos que devemos "usar criticamente a
narrativa e as representaes flmicas como elementos propulsores de pesquisas e
debates temticos" (NAPOLITANO, 2003, p.28) e no somente us-los como meras
ilustraes, portanto necessrio analis-los e problematiz-los para que assim estes
tragam contribuies e discusses para a produo do conhecimento. Trata-se de uma
ferramenta rica no fazer pedaggico que contribui inigualavelmente com as atividades
pertinentes sala de aula.
No podemos deixar de considerar que o professor desempenha um importante
papel, seja como mediador do conhecimento, instigador crtico e formador de opinies,
estimulando os alunos na busca de informaes com um olhar crtico e analtico. Para
tanto preciso tambm trabalhar a questo da memria e da identidade dos alunos, e os
filmes auxiliam este trabalho. A memria e a identidade so elementos extremamente
prximos Histria e significativos para a construo de um ser que se reconhece e que
respeita o outro. atravs da memria que vamos colocando sentido nossa vida,
revendo nosso passado e dando significados ao nosso presente. Desta forma, vamos
construindo nossa identidade.
O Ensino de Histria possui elementos importantes para a compreenso da
Histria, dos acontecimentos histricos e da sociedade, oportunizando, atravs da
contextualizao dos fatos o desenvolvimento de uma viso crtica e analtica por parte
do aluno. O cinema um forte aliado para as aulas de Histria, o que exige
metodologicamente fazer uma anlise da obra a ser utilizada, bem como educar o olhar
23
Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:
Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:
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do espectador/aluno. indispensvel, portanto um trabalho antes, durante e ps a
exibio do mesmo. Existem vrios filmes, de curta ou longa metragem, que tratam
especificamente da temtica da cultura africana e afrodescendente, ou que pelo menos
trazem elementos que tornam possvel discusses relativas ao tema, e o acesso a eles
pode-se fazer atravs da internet, em sites prprios de armazenamento de filmes ou
ento pelo youtube.
Neste trabalho, alm da discusso a cerca da possvel contribuio do filme para
trabalhar a Histria e Cultura Africana e Afro-brasileira, tambm contar com sugestes
de algumas obras cinematogrficas que podem facilitar este trabalho, visando atender a
demanda da lei e desmistificando o argumento de muitos professores que dizem no ter
material para se trabalhar esta temtica.
Uma das obras em questo o curta "Vista Minha Pele", que se trata de uma
pardia social/histrica que instiga discusses a cerca do preconceito entre outros.
Tambm no formato de curta, temos o filme "Verses" que traz sua contribuio com
alguns tipos de preconceito existente em nossa sociedade elencados de forma inversa.
Essas duas obras so produes brasileiras e esto disponveis no site do youtube, sendo
de fcil acesso para qualquer pessoa que disponha de internet. Outro site muito
importante e de fcil acesso, que disponibiliza vrias obras cinematogrficas (curtas
metragens) voltadas para o trabalho em sala de aula o portal "Curta na Escola", as
obras disponibilizadas so produes brasileiras e liberadas para download. Portanto,
existe uma gama de possibilidades de acesso e tambm uma variedade de obras voltadas
ou adaptveis ao trabalho em sala de aula.
O uso do cinema em sala de aula no se trata de uma inovao, mas necessrio
salientarmos que as propostas com que so inseridos variam e vo se modificando e
aperfeioando com o tempo.
Acredita-se, finalmente, no potencial pedaggico desta relao cinema, temtica
africana e prtica pedaggica.
Palavras-chave: Ensino de Histria. Lei n. 10.639/03. Cinema.
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A INVISIBILIDADE DO NEGRO EM LIVROS DIDTICOS DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
Jos Carlos Ferrari Junior25
Certamente, ainda hoje, o livro didtico um grande recurso utilizado por
professores e alunos para a construo do conhecimento, seja na realizao de tarefas
(leitura, estudos, pesquisa) ou apenas como suporte para promoo de discusses
corriqueiras em pequenos ou grandes grupos. Neste sentido, a partir do ano de 2013,
professores de uma escola pblica do ensino fundamental de Porto Alegre, comearam a
(re) pensar suas prticas pedaggicas frente invisibilidade do negro nos livros
didticos de Histria e Geografia frente construo scio espacial e econmico do Rio
Grande do Sul. Foram feitas pesquisas em treze (13) livros didticos com a temtica da
Histria e formao Territorial do Rio Grande do Sul. A partir destas pesquisas, foi
reconhecida a necessidade de realizar um Projeto no intuito de trabalhar a temtica da
Invisibilidade Africana frente aos processos histricos, econmicos etc., no Rio Grande
do Sul, resgatando e publicizando a importncia do seu papel do negro na construo
social-histrica, econmica e cultural do estado. Para tanto se escolheu inicialmente,
entre os treze livros pesquisados, um livro de Geografia do RS. (FIOREZE, Z G.;
SILVA, A. M. R. & SPINELLI, J.) e um livro de Histria do RS. (PILETTI, F.) para
que pudssemos juntos com os alunos, analisarmos como o negro est inserido no
processo de construo scio-espacial do Estado atravs de uma perspectiva critica em
relao forma como os autores dos livros tratam, tradicionalmente, temtica, ou seja,
estamos analisando discursos dos autores dos referentes livros identificando a
(in)visibilidade do negro no processo scio-histrico, econmico, espacial, no Estado.
Aliado a isso, atravs de outros autores, textos e outros livros estamos tentando resgatar
e resignificar o papel do negro no processo acima descrito.
Palavras-chave: Livro. Negro. Invisibilidade. Rio Grande do Sul.
25
Ps-Graduado em Geografia Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E-mail: [email protected]
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30
A INFLUNCIA DA MSICA NA FAMLIA CARDOSO
Jussara Cardoso de Cardoso26
A presente pesquisa tem por intuito analisar as mudanas sofridas no perodo
histrico da ps-abolio da escravatura, alm de buscar averiguar a histria da
sociedade negra e da famlia Cardoso perante a este contexto de transformaes sociais.
Nesta conjuntura de tempo, estudamos a maneira como os pertencentes da famlia
viviam a partir de 1889, aps a proclamao da Repblica, onde os negros eram livres,
mas sobreviviam em condies difceis de vida, livres da escravido, porm sem
vnculo empregatcio. Ao longo deste estudo, procuramos suscitar e caracterizar a
permanncia do negro no interior da estrutura social em questo, a qual era totalmente
voltada instituio de benefcios ao individuo considerado branco. Dessa forma,
perante a este cenrio de desigualdade que ir se manter por um longo perodo,
consideramos que o trabalhador negro deveria ter a valorizao de seu potencial, pois
no deveria ser observado como uma mquina, com fora viril bruta e sim, um ser
pensante na sociedade, frente a estas dificuldades advindas do preconceito existente.
Contudo, a famlia Cardoso nunca deixou se abater, refletindo em suas atividades do
cotidiano o quanto esta realidade pode ser modificada, ao mesmo tempo em que
mostrava que a liberdade observada como satisfatria para muitos, tornou-se um fator
infortnio em um contexto escravocrata. Assim, viemos relatar que esta viso pode ser
sim alterada por meio do estudo de relatos de famlias negras que, apesar de viverem
sob regras de uma sociedade voltada somente as questes do branco, onde o negro no
possua leis que o amparassem legalmente, sendo excludos, permaneciam na luta pelo
respeito e igualdade racial, para que assim, a sua participao na construo da atual
composio social brasileira fosse devidamente valorizada, resistncia esta
protagonizada pela famlia Cardoso, onde nem mesmo o analfabetismo foi um
empecilho, para as tentativas de construir um caminho melhor para seus filhos e,
posteriormente, seus netos.
Palavras-chave: Cultura-Afro. Famlia. Sociedade. Msica.
26
Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Trabalho orientado pela Profa. Dra. Jlia Matos.
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O SILENCIAMENTO DO NEGRO NO LIVRO DIDTICO DO SEGUNDO REINADO AO PS-ABOLIO
Luciane dos Santos Avila27
Luiz Paulo da Silva Soares28
Fernanda Santos dos Santos29
O presente artigo tem por intento abordar a representao do negro no livro
didtico de stima e oitava srie da coleo Saber e Fazer Histria de autoria de
Gilberto Cotrim. Sero analisados os contedos de Histria do Brasil referente ao
Segundo Reinado e durante a Consolidao da Repblica. Existe no livro didtico um
silenciamento da histria negra, principalmente no que tange ao ps abolio. Por ser
um tema amplo, este merece um estudo aprofundado. O livro didtico ao representar o
negro de forma negativa contribui para o processo racista. No artigo constatamos que o
negro representado fortemente enquanto est sob o status de escravizado, mas quando
conquista a liberdade h um apagamento a respeito desta figura na sociedade. Para
compreender este processo abordamos as teorias racistas e eugenistas, alm do mito da
democracia racial ainda fortemente presente no imaginrio social brasileiro, a imposio
de uma nica histria e a supresso de outras, contribui para justificar o processo de
desigualdades latentes no Brasil. Quando pesquisamos o Segundo Reinado o negro
aparece somente como escravizado, ou seja, como coisa sem que esta condio seja
problematizada. No ps-abolio este representado como pobre, mas no so citados,
explicitamente, os processos histricos que segrega o negro, no s pelo fator
econmico, mas tambm o social; h pouco espao para os processos de resistncia
como, por exemplo, a Revolta da Chibata, os clubes e irmandades negras que
almejavam a libertao dos negros escravizados, todas estas lutas protagonizadas por
estas pessoas. O autor no problematiza o projeto racista de estado ao trazer os
imigrantes para o Brasil, projeto este que almejava branquear o Brasil e assim civiliz-lo
a moda europeia. Como este processo higienizador surgiram as favelas e os mocambos
brasileiros desassistidos pelo poder pblico. No podemos naturalizar a pobreza e o
racismo, precisamos sim contar est histria, para que a sociedade comece a perceber
que somente refletindo e debatendo este tema que podemos super-lo de fato. O livro
didtico no pode perpetuar a imagem de escravo na historiografia, mas faz isto quando
no aborda o negro antes e depois da escravizao.
Palavras-chave: Silenciamento. Negro. Livro Didtico. Ps-abolio.
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Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntria no Projeto de Extenso Ncleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indgenas NEABI. Membro integrante do Coletivo de Estudantes Negras e Negros MACANUDOS. Contato: [email protected] 28
Acadmico do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia - PIBID. Voluntrio no Projeto
Mapeamento, anlise e universalizao de polticas voltadas insero curricular da Histria e Cultura
Afro-Brasileira no municpio de Rio Grande. Contato: [email protected] 29
Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID.
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CARLOS SANTOS: NEGRITUDE E CIDADANIA
Luiz Henrique Torres30
Carlos Santos, nascido em Rio Grande, uma referncia de parlamentar e
cidado brasileiro. A longevidade de sua vida pblica e o legado das propostas de
soluo para as questes sociais por ele enfrentadas dimensionam a relevncia em
retomar o contedo de seus discursos proferidos num sculo de grandes transformaes
na vida poltica e institucional brasileira. No sculo XX, Carlos Santos comeou sua
participao poltica nos quadros do federalismo da Repblica Velha, vivenciou a
Revoluo de 1930, a sindicalizao operria, a ditadura do Estado Novo, a
redemocratizao ps 1945, o populismo dos anos 1950-60, a ditadura militar a partir de
1964 e o processo de redemocratizao a partir de 1979. Em meio a tantas mudanas
polticas e de governantes ele continuou a defender temas perenes que superavam
questes partidrias e que possuam uma base estrutural na formao histrica
brasileira: o preconceito racial, a situao dos idosos, a criana abandonada, os
excepcionais, a subnutrio, a baixa renda dos trabalhadores, os pescadores artesanais
de Rio Grande e So Jos do Norte etc. So alguns dos temas que ele enfrentou e que,
onde no obteve avanos concretos, trouxe tribuna denncia da necessidade de
mudanas nas prticas sociais e nas normativas institucionais.
Rio Grande, uma cidade industrial e operria, o espao tempo essencial para
entender a cultura histrica em que Carlos Santos viveu os seus primeiros anos de vida e
onde ele comeou a desenvolver a conscincia de que o homem um ser poltico. Esta
construo se faz presente desde a sua participao nas lutas sindicais do operariado at
a denncia do racismo e a defesa da negritude. Carlos Santos tambm dedicou discursos
ao resgate da histria dos negros na formao brasileira propondo um revisionismo da
histria oficial e o resgate dos personagens no focalizados como agentes histricos e
relegados ao esquecimento pelas elites dominantes.
Palavras-chave: Carlos Santos. Negritude. Cidadania.
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Doutor em Histria (PUCRS) e Professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para
contato: [email protected]
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O ENSINO DA HISTRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA ATRAVS DAS
MDIAS CINEMTICAS
Luiz Paulo da Silva Soares31
Alexandre Silva da Silva32
Luciane dos Santos Avila33
A Lei 10.639/03 instituiu a obrigatoriedade da histria e cultura afro-brasileira
nos currculos oficiais das escolas pblicas e privadas do pas, principalmente nas reas
de artes, histria e literatura. Diante disso, o objetivo deste trabalho demonstrar como
a utilizao da mdia cinemtica alm de outros recursos audiovisuais, como por
exemplo, a msica e imagens, podem contribuir para a abordagem de tal temtica no
mbito escolar. Para tanto, utilizaremos como ponto de partida a anlise do
documentrio Vista Minha Pele, que trata da questo da segregao racial e preconceito
de maneira diferente, abordando o tema racismo por outro ngulo, atravs de uma
menina branca que sofre preconceito. Assim, este trabalho ldico atravs do
documentrio, pretende de forma explcita discutir e refletir sobre o racismo e suas
vrias facetas, alm de no deixar silenciar tal questo no mago escolar, combatendo
suas manifestaes e estimulando o respeito mtuo para com os semelhantes.
Consideramos tambm que a formao do preconceito no algo novo na sociedade
brasileira e mundial. Tal problemtica possui uma construo histrica que precisa ser
reflexivamente debatida em todos os setores da sociedade com o objetivo de
conscientizar sobre os processos discriminatrios que vem se perpetuando h sculos e
que acabam por acometer principalmente as pessoas negras e indgenas. Por isso, a
utilizao de mdias contemporneas, possibilita a compreenso atravs da relao
emissor mensagem meio receptor, no processo de cognio desta temtica.
Assim, ao nos apropriarmos do uso das TICs na escola em atividades sobre questes de
preconceito racial, obteremos uma abordagem de maior profundidade e ao mesmo
tempo acessibilidade. Configura-se ento, uma metodologia que possa ser utilizada por
profissionais da rea de ensino para que a insero da lei 10.639/3, cumpra o papel pelo
qual foi idealizada. Sendo que os smbolos e imagens so linguagens que nos auxiliam
na compreenso do passado, as tecnologias da informao e da comunicao propiciam
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Acadmico do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntrio no Projeto Mapeamento, anlise e universalizao de polticas voltadas insero curricular da Histria e Cultura
Afro-Brasileira no Municpio do Rio Grande. E-mail: [email protected] 32
Acadmico do Curso de Histria Bacharelado com nfase em Patrimnio Histrico e Cultural da
Universidade Federal do Rio Grande FURG. Coordenador de mdias do COMUF e LAHIS. Assessor de mdias do CAIC. Email: [email protected] 33
Acadmica do Curso de Histria Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia PIBID. Voluntria no Projeto de Extenso Ncleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indgenas NEABI. Membro integrante do Coletivo de Estudantes Negras e Negros MACANUDOS. E-mail: [email protected]
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a criao de um espao de construo de novos conhecimentos por meio da reflexo, da
curiosidade e criticidade do educando.
Palavras-chave: Histria. Ensino. Cultura Afro-Brasileira. Tecnologias.
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OS MANUAIS DIDTICOS DO 7 ANO: UMA BREVE REFLEXO SOBRE O
ENSINO DA HISTRIA AFRO-BRASILEIRA
Michele Borges Martins34
Pensar o Livro didtico enquanto uma fonte passvel de anlise histrica uma
ideia recente. A possibilidade de utilizao desses manuais nas pesquisas surge com a
ampliao das fronteiras temticas e metodolgicas da Histria. Ronaldo Vainfas, em
sua obra Os protagonistas annimos da Histria: Micro-Histria, evidencia que os integrantes do movimento dos Annales se opunham ao que chamaram de historia
historicizante. A preocupao em analisar novos objetos resultou na ampliao no
quadro de fontes que eram utilizadas pelos historiadores. No entanto, somente nas
ltimas dcadas que os manuais pedaggicos passaram a ser utilizados como fontes de
pesquisas, as quais no s se multiplicaram como tambm se estenderam ao mercado
editorial, as formas de impresso, a organizao dos contedos, etc.
A presente anlise, ento, objetiva verificar como os livros didticos do 7 ano
apresentam os contedos que envolvem a negritude no Brasil mais especificamente nos dois manuais de maior aquisio no ano de 2012: Projeto Ararib (Editora Moderna
LTDA) e Projeto Radix (Editora Scipione S/A). Estudos sobre temas como a escravido
e colonizao do pas, por exemplo, so essenciais para percebermos como o momento
em que houve a intensificao da diversidade cultural brasileira trabalhado
didaticamente. Nossas explanaes foram orientadas pelos seguintes questionamentos:
Quais temas centrais englobam a presena do negro nos contedos do 7 ano? Como
esses contedos so apresentados? Que reflexes propem? Os exerccios presentes
proporcionam uma reflexo sobre as realidades dos alunos?
Nossas reflexes comeam com o impresso pedaggico Projeto Ararib histria, mais especificamente na unidade sete - O imprio Ultramarino Portugus.
Basicamente a reflexo sobre a escravido desenvolvida a partir de dois subttulos: A escravido africana na Amrica e As feitorias, os quais se encontram nas pginas 192 e 193. Posteriormente no manual Projeto Radix tambm analisamos duas partes
especficas, o mdulo seis o qual apresenta no seu interior os captulos nomeados O Estado absolutista europeu e O mercantilismo e a colonizao da Amrica e o mdulo sete que tambm apresenta os captulos intitulados A administrao na Amrica portuguesa e O acar e a Amrica Portuguesa.
A partir desses manuais foi possvel observar que ambos apresentam certa
omisso no que se refere a uma discusso mais elaborada sobre as heranas culturais
africanas. A ausncia de reflexes sobre as contribuies das diversas etnias africanas e
tambm das etnias europeias que vieram para colonizar o Brasil resultam no s em
uma naturalizao do preconceito como tambm no possibilita a reflexo sobre os
movimentos sociais. possvel inferir, portanto, que mesmo aps a Lei 10.639/03 a
qual decretou o ensino obrigatrio de Histria e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de
ensino pblico e privado os livros didticos de maior circulao no pas ainda
apresentam omisses no que se refere a propostas de discusses sobre a cultura africana
e seus desdobramentos na realidade atual.
Palavras-chave: Livro Didtico. Ensino de Histria. Histria Afro-Brasileira.
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Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Histria Mestrado Profissional da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Orientadora: Dr. Jlia Silveira Matos. Email:
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A CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM NOSSO COTIDIANO
Milene Chaves Cabral35
Camila Rola Alves36
A grande influncia da cultura e identidade africana na formao da cultura e
identidade brasileira comeou quando os africanos chegaram ao Brasil, passaram a
conviver com diversos grupos sociais, at mesmo africanos originrios de diferentes
partes da frica, nessa mistura social tentaram sobreviver, construindo espaos para
prtica de solidariedade e recriando sua cultura. Com isso os africanos influenciaram
profundamente a sociedade brasileira e deixaram grandes contribuies para o que
chamamos de cultura afro-brasileira.
No Brasil a cultura africana tambm sofreu influncias. Notam-se muitos traos
da cultura africana presentes na brasileira, como na msica popular, religio, arte e
folclore, alguns estados brasileiros tiveram maior influncia pelo nmero de escravos
vindos pelo trfico negreiro. Na poca colonial e durante o sculo XIX a cultura
africana foi muito desvalorizada e at proibida de se cultivar no Brasil. A partir do
sculo XX que manifestaes culturais afro-brasileiras comearam a ser mais
valorizadas. Com isso os africanos influenciaram profundamente a sociedade brasileira
e deixaram grandes contribuies para o que chamamos de cultura afro-brasileira.
Ao abordar a influncia africana no Brasil nos deparamos com o preconceito,
fica evidente que cada povo que foi trazido foradamente trs junto de si sua cultura e
que nem todos vieram da mesma regio ou pas.
Graas a um passado de lutas e grandes feitos, o Brasil hoje um pas de muitas
facetas, para cada canto que se olha se nota a influncia africana, portuguesa, europeia,
cada uma de seu modo contribuindo para uma identidade prpria desta nao. A cultura
africana sem dvida nenhuma foi de grande contribuio para esta cultura nacional que
se tem hoje.
Palavras-chave: Histria. Cultura. Diversidade.
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Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected] 36
Acadmica do Curso de Histria Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected]
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CURRCULO DA REDE OFICIAL DE ENSINO: INTERPRETAES,
PESQUISAS E PRTICAS NA ARTE EDUCAO
Nadiele Ferreira Pires37
Rosemar Gomes Lemos38
Lisiane Gomes Lemos39
O referido trabalho apresenta parte da pesquisa realizada no Curso de Artes
Visuais Licenciatura e Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), cujo tema desenvolvido foi A incluso do contedo Histria e Cultura Afro-Brasileira no Ensino de Arte com base na Lei N 10.639 de 2003 (atualizada para Lei N 11.645/2008) que determina a insero obrigatria do contedo histria e cultura
Afro-Brasileira no currculo da rede oficial de ensino.
A pesquisa e o trabalho desenvolvido possuem vnculo com a Universidade
Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade Federal do Rio Grande, a Universidade
Catlica de Pelotas (UCPel) e o Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFRS) atravs da
construo do grupo de extenso intitulado DEA (Design, Escola e Arte).
Atravs das reflexes de tericos e pesquisadores como Kabengele Munanga o
trabalho tem por objetivo geral: Investigar, atravs de aes terico-prticos realizadas
em diversas escolas brasileiras a possibilidade concreta do desenvolvimento de
contedos sobre a histria e cultura afro-brasileira na disciplina de artes; bem como
aplicar atividades atravs de oficinas pedaggicas que contemplem os contedos em
questo, analisar os resultados prticos quanto ao interesse dos alunos e por fim
promover o debate sobre as questes de discriminao e preconceito.
Esta investigao justifica-se pela verificao de como o contedo histria e
cultura afro-brasileira vem sendo trabalhado nas escolas e em especial na disciplina de
artes das escolas brasileiras.
Atravs das oficinas pedaggicas que vem sendo desenvolvidas foi possvel
atender cerca de mais de quatro mil pessoas sendo em sua grande maioria alunos de
escolas pblicas e a comunidade em geral.
Acredita-se que esta pesquisa contribui para a compreenso de como so
trabalhadas as politicas educacionais e de que forma o contedo de histria e cultura
afro-brasileira pode ser trabalhado dentro da disciplina de artes ressaltando sempre a
importncia do arte educador como agente de transformao social apto no s a
auxiliar na formao de estudantes atravs de seus contedo e prticas de ensino, mas
tambm para formar cidados conscientes e responsveis.
Palavras-chave: Ensino. Arte. Cultura. Afro-brasileira. Lei N 10.639.
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Artes Educadora pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). E-mail para contato: [email protected] 38
Arquiteta, Dra. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail para contato: [email protected] 39
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail para contato: [email protected]
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A CONSTRUO DO RACISMO BRASILEIRO: DA IDENTIDADE
NACIONAL PARTICAO NEGRA NOS ESTUDOS ACADMICOS
Natiele Gonalves Mesquita40
Carmem G. Burgert Schiavon41
Este trabalho visa discutir as teorias raciais do final do sculo XIX, bem como as
prticas cotidianas no Brasil escravista e no ps-abolio. Nesta direo, a discusso
estabelecida tem como eixo a identidade nacional, que fora forjada, em princpio, por
uma negao-minimizao da contribuio do trabalho escravo no Brasil. Em outras
palavras, essa formao de identidade perpassa pela poltica de branqueamento, pela
perseguio de negros libertos, pela formao das cidades, entre outros aspectos que
sero abordados no texto.
Para tanto, utiliza-se o conceito de Munanga sobre racismo, o qual provm da
ideia de classificao da diversidade humana em raas, tal qual a Zoologia e a Botnica realizaram com animais e plantas. Destas reas do conhecimento, as ideias de
pureza e superioridade foram transportadas para os seres humanos, de modo a ratificar as relaes de domnio e de explorao entre classes sociais. Diante do
conhecimento de territrios longnquos no sculo XV, o mundo ocidental se depara com
outros grupos tnicos e passa a utilizar a categoria de raa para classificar os outros povos (MUNANGA, 2003, passim). Neste momento, nasce o racismo, que consiste em
classificar, de forma vertical, as diferenas entre os seres humanos, abrangendo desde
caractersticas fsicas, at genticas. Com base nestes preceitos, tem origem o racismo
brasileiro, que colocou a populao amerndia e africana em um patamar de
inferioridade em relao populao branca europeia.
Alm desses aspectos, tambm se trabalha com a abordagem da ideia de
construo de identidade, algo no aleatrio mas, produzido com intencionalidade e por
aes dos mais variados segmentos sociais da poca. A partir de ento, este trabalho
versar acerca das teorias raciais brasileiras do sculo XIX, a consolidao destas e sua
queda. No obstante, se pretende ponderar sobre a trajetr