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Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

Divulgação: on-line: https://semavet.wordpress.com/

Todos os direitos reservados: a reprodução não

autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei n. 9. 610).

O conteúdo dos resumos expandidos contidos nesta

publicação é de inteira responsabilidade de seus

respectivos autores.

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

Edição

Camila De Gaspari

Comissão Organizadora

Christine Strussmann

Fabiana Dumit Pizzinatto

Fabíola Akatsuka Bonete

Richard Pacheco

Camila Cunha Lopes Farias

Nathália Assis

Yara Cavalari de Morais

Bianca Costa Rezende

Valéria Dutra

Leandro Soares Chagas

William Gustavo da Silva

Edson Figueiredo

Nathany Vieira

Comissão Científica

Christine Strussmann

Yara Cavalari de Morais

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

Avaliadores

Christine Strussmann

Gerusa Silva Salles Corrêa

Sandra H. R. Corrêa

Valeria Régia F. Sousa

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

Índice

HIDROCEFALIA EM CANINO: RELATO DE CASO ______________________________________ 6

PERFIL DO PÚBLICO VISITANTE DO MUSEU DE ANATOMIA DE ANIMAIS SILVESTRES DO

ZOOLÓGICO DA UFMT _________________________________________________________ 9

DEFEITO DO SEPTO ATRIAL (DSA) EM CÃO DA RAÇA POODLE: RELATO DE CASO ___________ 13

UTILIZAÇÃO TÓPICA DE PAPAÍNA NO DEBRIDAMENTO DE FERIDA TRAUMÁTICA EM UM GANSO

AFRICANO (Anser cygnoides) – RELATO DE CASO ___________________________________ 16

FIXAÇÃO EXTERNA DOS OSSOS TARSOMETATARSO DIREITO E ESQUERDO EM SERIEMA

(Cariama cristata) – RELATO DE CASO ____________________________________________ 19

INTRODUÇÃO DE PALESTRAS SOBRE NUTRIÇÃO ANIMAL NA SEGUNDA INFÂNCIA _________ 23

EFEITOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE MACACOS NA CIDADE DE CUIABÁ, MATO

GROSSO ___________________________________________________________________ 26

UROLITÍASE VESICAL EM CANINO: RELATO DE CASO ________________________________ 30

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

HIDROCEFALIA EM CANINO: RELATO DE CASO

CAMPIOLO, K.S.¹*; FONTES, J.E.P.1; NUNES, K.G.¹; OTSUBO, A.A.F.1; PIRES, N.C.C.1;

FIGUEIREDO, T.C.F.2; SOUSA, V.R.F.3; ALMEIDA, A.B.P.F.3

¹ Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá –

Mato Grosso. 2 Residente do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso,

Cuiabá – Mato Grosso. 3 Profa Adjunta de Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade

Federal de Mato Grosso. *Autor para correspondência: [email protected]

PALAVRAS CHAVE: Hidrocefalia, cães, neuropatia

INTRODUÇÃO: A hidrocefalia é caracterizada pelo aumento do volume do

líquido cerebroespinhal (LCE), com dilatação progressiva do sistema ventricular

(geralmente os ventrículos laterais), com posterior destruição e atrofia do

parênquima encefálico (CHAVES et al., 2015). Esta anomalia pode ocorrer com

frequência na clínica de pequenos animais (CHAVES et al., 2015). Pode se

apresentar na forma adquirida ou congênita, sendo a segunda mais comum em

filhotes (BERMAN et al., 2015). Os sinais clínicos de hidrocefalia podem variar

de acordo com o grau de aumento da pressão intracraniana e com os locais de

compressão. Além do aumento do crânio, pode se observar outros sinais

neurológicos associados a patologia como andar em círculos, alterações

comportamentais (agressividade, depressão, vocalização excessiva, colisão

contra obstáculos, estrabismo, convulsões, nistagmo e ataxia) (QUESSADA et

al., 2014). O diagnóstico pode ser definido baseado na anamnese, nos

achados do exame clínico e neurológico e na avaliação do tamanho ventricular

através de exames de imagem (CHAVES et al., 2015). O objetivo do presente

trabalho é relatar um caso de hidrocefalia, abordando aspectos clínicos e

laboratoriais.

MATERIAIS E MÉTODOS: Canino, macho, pinscher, com 56 dias de vida,

pesando 0,250 kg foi atendido no setor de clínica médica do Hospital

Veterinário da UFMT, apresentando como queixa principal aumento de volume

craniano. Durante anamnese foi relatado episódio de convulsão no dia anterior.

Segundo proprietária, o cão havia sido rejeitado pela mãe, além de apresentar

alteração do nível de consciência, intercalando de apatia à alerta. Ao exame

físico apresentou-se desidratado (aproximadamente 8%), mucosas oral e

ocular hipocoradas e linfonodos submandibulares aumentados de volume,

calota craniana aberta e estrabismo. Os parâmetros vitais encontravam-se

dentro do normal. Diante do quadro suspeitou-se de hidrocefalia, sendo

realizados exames complementares como hemograma completo, dosagem

sérica de uréia, creatinina e alaninoaminotransferase, bem como radiografia

craniana simples e ultrassonografia. O paciente foi internado para fluidoterapia

para correção da desidratação, antibioticoterapia à base de doxiciclina na dose

de 0,5mg/kg, a cada doze horas, polivitamínicos e foi submetido à transfusão

sanguínea decorrente da anemia intensa apresentada. No entanto, animal foi a

óbito no mesmo dia.

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

RESULTADOS: O hemograma revelou uma anemia normocítica

normocrômica, grave (hematócrito 13,3x106/μl), leucopenia (6,0x10³/μl) e uma

trombocitopenia intensa (11x10³/ μl). Na bioquímica sérica apenas a uréia se

encontrava aumentada (110 mg/dL). Na ultrassonografia craniana havia

preservação da massa encefálica e moderada dilatação do ventrículo lateral

direito, com 0,48 cm de tamanho. Na radiografia observou-se um aumento do

diâmetro da calota craniana e a persistência da fontanela.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Estudos de prevalência indicam que

anormalidades congênitas em cães constituem aproximadamente 6% do total

de neuropatias diagnosticadas. A hidrocefalia representa metade dessas

anormalidades, tornando-se uma das patologias congênitas mais comuns em

cães (Carvalho et al., 2007). A hidrocefalia congênita ou primária é mais

diagnosticada que a adquirida na rotina da clínica veterinária, além disso, a

hidrocefalia primária é a que mais acomete animais jovens (Festugatto et al.,

2007). Como foi relatado por Ludwing; Teichmann; Serafini (2015) a maior

incidência de hidrocefalia ocorre em raças toy e os animais afetados tendem a

apresentar fontanelas abertas palpáveis e ter um abaulamento do crânio, assim

como no paciente relatado que era da raça pinscher e apresentou as

alterações de calota craniana não fechada e aumento craniano. Os animais

que possuem esta neuropatia podem apresentar alterações de comportamento

com mudança de atitude para estados mais dóceis, agressivos, histéricos,

perturbações de consciência com alterações de estado mental, podendo

manifestar depressão, letargia, obnubilação, estupor ou coma, entre outros

sinais (Saraiva 2016). O animal atendido apresentava como sinal clínico

estrabismo e alterações no nível de consciência, além de crises convulsivas.

Suspeitou-se de hidrocefalia com a realização da anamnese e exame físico. Na

radiografia foi encontrado um aumento da calota craniana e persistência da

fontanela e na ultrassonografia foi observado moderada dilatação do ventrículo

lateral direito, confirmando, então, o diagnóstico de hidrocefalia congênita,

condizendo com o relatado por Ludwing; Teichmann; Serafini (2015) que

afirmam que o diagnóstico da doença é firmado pela radiografia e

ultrassonografia craniana. De acordo com Chaves et al. (2015) o tratamento

pode ser clínico ou cirúrgico, sendo que o clínico inclui cuidados gerais de

suporte e administração de medicamentos para diminuir a produção de líquido

cerebroespinhal e com isso, diminuir a pressão intracraniana (PIC), como

corticóides, diuréticos (furosemida, manitol), bloqueadores da anidrase

carbônica (acetazolamida), até mesmo o omeprazol associado ao

corticoesteroides que pode melhorar o estado neurológico de cães com

aumento da PIC devido a hidrocefalia congênita, no caso relatado a terapia

primária baseou-se na terapia para resolução do quadro de anemia e da

suspeita de ehrlichiose canina, baseado nos resultados do hemograma,

instituindo-se doxiciclina (0,5mg/kg), polivitamínicos e transfusão sanguínea. A

hidrocefalia congênita é considerada uma patologia sem cura e o prognóstico é

reservado, o tratamento médico é bem sucedido em alguns animais, entretanto

pode ter o desfecho com eutanásia ou mesmo com o óbito natural do animal

(QUESSADA et al., 2014), como no caso do paciente que veio a óbito no dia

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

seguinte à terapia de suporte, o óbito provavelmente ocorreu devido à doença

concomitante que o paciente apresentava. De acordo com os sinais clínicos

apresentados e a idade do animal, este caso condiz com hidrocefalia

congênita, sendo que o tratamento deve ser realizado com a intenção de

diminuir a pressão intracraniana, entretanto, mesmo aplicando-se o tratamento

adequado o índice de sobrevida é baixo, podendo piorar com doenças

concomitantes, principalmente em filhotes.

REFERÊNCIAS:

BERMAN, S. C. S. et al. Hidrocefalia em um felino: relato de caso. Revista de

Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 13, n. 2, p. 73-

73, 2015.

CARVALHO, C. F. et al. Ultra-sonografia transcraniana em cães com distúrbios

neurológicos de origem central. Arq. bras. med. vet. zootec, v. 59, n. 6, p. 1412-

1416, 2007.

CHAVES, R. O. et al. Hidrocefalia congênita em cães. Acta Scientiae

Veterinariae, v. 43, n. 1, p. 106, 2015.

FESTUGATTO, R. et al. Hidrocefalia secundária a meningoencefalite

bacteriana em cão. Acta Scientiae Veterinariae, v. 35, n. Supl 2, p. 599-600,

2007.

LUDWIG, M. P.; TEICHMANN, C. E.; SERAFINI, G. M. C. Ultrassonografia

transcraniana em um cão com hidrocefalia. Salão do Conhecimento, v. 1, n.

1,2015.

QUESSADA, A. M. et al. Hidrocefalia em cão: Relato de caso. Enciclopédia

Biosfera, v.10, n.19, p. 1154, 2014.

SARAIVA, C. R. V. Hidrocefalia em canídeos: a propósito de dezasseis casos

clínicos. 86 f. Tese (mestrado integrado em medicina veterinária) - Faculdade

de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa. 2016

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

PERFIL DO PÚBLICO VISITANTE DO MUSEU DE ANATOMIA DE ANIMAIS SILVESTRES DO ZOOLÓGICO DA UFMT

Guimarães, F. R.1*, Correa, S. H. R.1, Saddi, T. M.2, Ribeiro, J. P. C. 3, Reis, C. H. F. 3,

Almeida, L. G. C. 3, Carvalho, E. C. C. 3, Figueiredo, S. I. S.1

1 Professor, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 2 Professor, UFMT, DZER, Cuiabá, MT. 3 Acadêmico

de Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. *Autor para correspondência:

[email protected]

PALAVRAS CHAVE: ciência, educação informal, inclusão social, museologia

INTRODUÇÃO: A definição de museu mudou muito com o passar do tempo.

Se anteriormente eram reconhecidos pela coleta, restauração e exposição de

objetos em seus acervos, hoje sua função vai bem mais além, englobando a

pesquisa, a divulgação e a socialização do conhecimento (DE MARCHI;

TESTA; COSTA, 2005), atuando como um espaço informal de educação (DE

MARCHI; SILVA; TESTA, 2007). Neste sentido, acredita-se que essas

instituições possuem um grande potencial como promotoras do

desenvolvimento social e de apoio a educação. Entende-se que a missão

principal dos museus esteja centralizada em seus diferentes públicos e que

para compreendermos melhor a relevância dessas instituições para a

sociedade, devemos identificar quem são seus frequentadores e até mesmo

seus não frequentadores, analisando os processos de aproximação e/ ou

distanciamento entre os mesmos, bem como a relação dialógica estabelecida

entre eles (KÖPTCKE; CAZELLI; LIMA, 2009). A Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT) - Campus de Cuiabá possui em seu interior um Zoológico, fato

que oportuniza um maior contato da população local e dos turistas, com parte

significativa da fauna silvestre encontrada no estado. Dentro desse, encontra-

se o Museu Anatômico de Animais Silvestres (MAAS), que surgiu de uma

parceria estabelecida entre o próprio zoológico e o Laboratório de Anatomia

Comparada (LAC) da Faculdade de Medicina Veterinária da UFMT. Assim,

alguns dos animais que vêm a óbito no Zoológico ou no Hospital Veterinário da

UFMT são destinados ao referido laboratório, que os utiliza para estudos

morfológicos, preparação de esqueletos ou de peças anatômicas. Os

esqueletos passaram a integrar o acervo do MAAS e assim o museu torna

público o material anatômico produzido, socializando um conhecimento

normalmente mais restrito aos discentes da área. Associando o fato de que os

museus possuem função social e que a partir da análise do seu público é que

se pode repensar as estratégias para atrair um maior número de visitantes,

bem como despertar o interesse daqueles que ainda não se sentem atraídos,

objetivou-se nesse estudo traçar um perfil básico do público frequentador do

MAAS, utilizando-se dos dados contidos nos livros de assinaturas dos

visitantes.

MATERIAL E MÉTODOS: O Museu Anatômico de Animais Silvestres,

localizado dentro do zoológico da UFMT, ficou aberto para visitação durante o

período de janeiro a julho de 2016, nos finais de semana e feriados, além de

alguns dias da semana, buscando receber parte dos visitantes do zoológico da

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

UFMT. Durante esse período, as visitações foram monitoradas por acadêmicos

do curso de Medicina Veterinária da UFMT, estagiários do museu, e um livro de

registro de presença foi colocado na entrada do mesmo, onde além de

registrarem sua visitação por meio de assinaturas, os visitantes preenchiam

campos referentes a alguns quesitos de ordem pessoal, como gênero, idade,

município, estado e país onde residiam. Os dados foram lançados em planilhas

de Excel, sendo posteriormente tabulados e submetidos à análise estatística

descritiva. Este levantamento não levou em consideração as poucas visitas

escolares realizadas no período em questão, as quais estão registradas em

livro especificamente reservado para este público.

RESULTADOS: Durante o período de janeiro a julho de 2016, 5.243 visitaram

o MAAS. O mês em que ocorreu maior visitação foi o de julho, com a presença

de 3.086 pessoas (58,86% do total de visitantes do período analisado). O

gênero dos visitantes constava em 94,56% (4.958) dos registros individuais.

Destes, 54,62% (2.708) correspondiam aos visitantes do gênero feminino,

enquanto 45,38% (2.250) eram do gênero masculino. O registro da idade foi

realizado por 4.749 (90,6%) visitantes. A análise das idades mostrou, quando

tabuladas por faixa etária, que na faixa dos 0-10 anos, encontravam-se 19,50%

(926) dos visitantes; dos 11-20 anos, 21,46% (1019); dos 21-30, 21,94%

(1042); dos 3140, 23,37% (1110); dos 41-50, 8,55% (406); dos 51-60, 3,50%

(166) e na faixa com mais de 60 anos, 1,68% (80) dos visitantes. O município

de residência foi informado por 88,42% (4.636) dos visitantes. Destes, 56,36%

(2.613) foram oriundos do município de Cuiabá; 13,28% (616) foram oriundos

do município de Várzea Grande; 2,97% (138) vieram de outras cidades

vizinhas; 16,74% (776) vieram de cidades do interior do estado, 10,33% (479)

corresponderam a turistas de outros estados do país e 0,30% (14) de turistas

estrangeiros.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: Embora o período de análise tenha sido

relativamente pequeno, o público alcançado mostra-se importante do ponto de

vista quantitativo, uma vez que o MAAS ainda pode ser considerado como

modesto em termos de arquivo museológico, bem como por ainda estar restrito

a um espaço pequeno e não fazer parte diretamente do roteiro turístico da

cidade. Como resultados balizadores, podemos citar OLIVEIRA (2013), que ao

analisar a visitação do Museu Antares de Ciência/Tecnologia (MACT), situado

no Observatório Astronômico na cidade de Feira de Santana-BA, contabilizou

durante todo o ano de 2012, um público de 2.870 pessoas. Em contrapartida,

Krüger, Riquelme e Dhein (2013), ao analisarem o perfil dos visitantes do

Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul (MCTPUCRS), o qual já faz parte do roteiro turístico de Porto

Alegre, totalizaram 50.000 visitações em 2011. No presente relato, percebe-se

que o volume maior de visitação deuse no mês de julho, provavelmente por ser

o mês das férias escolares nas escolas do ensino fundamental e médio, o que

gerou uma maior visitação no zoológico da UFMT. Durante os outros meses do

ano, o maior volume de visitação ocorreu nos finais de semana. OLIVEIRA

(2013) detectou picos na visitação do MACT nos meses em que a Instituição

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

(Observatório) promoveu eventos. Isso mostra que estando atrelados a eventos

ou a pontos turísticos, os museus conseguem levar suas propostas a públicos

maiores, o que nos remete à importância do caráter itinerante dos mesmos. No

presente estudo, o gênero feminino superou o masculino, o que também foi

verificado por OLIVEIRA (2013) no MACT, inclusive com valores aproximados:

56,4% para o gênero feminino e 43,6% para o masculino, quando considerado

somente o público informante. Köptcke, Cazelli e Lima (2009), analisando os

dados de vários museus do estado do Rio de Janeiro, também relatam valores

parecidos com o desse estudo, encontrando 53,8% para o gênero feminino e

46,2% para o masculino. Diferentemente de alguns outros museus da região

Nordeste, os quais atendem principalmente grupos escolares (OLIVEIRA,

2013; FRANÇA; ACIOLY-RÉGNIER; FERREIRA, 2016), o MAAS tem atendido

um público bem mais eclético, constituído pela comunidade em geral e

englobando desde crianças até idosos. A faixa etária de maior visitação foi a

dos 31-40 anos, correspondendo a 23,37% do total. Esta característica parece

ser uma constante nos museus que atendem a comunidade em geral. Assim,

tal faixa também foi verificada por Krüger, Riquelme e Dhein (2013) ao

analisarem o perfil dos visitantes do MCTPUCRS, em 2012, quando verificaram

que 32% do total de visitantes enquadravam-se na mesma. Köptcke, Cazelli e

Lima (2009) também relatam que a faixa etária com o maior número de

visitantes foi a de 30-39 anos, correspondendo a 26,4% do público visitante. Do

público visitante do MAAS, a maioria (56,36%) era constituída de moradores da

cidade de Cuiabá, local onde o museu se encontra. De outras cidades do

estado, incluindo Várzea Grande, cidade vizinha da capital, originaram-se 33%

dos visitantes, enquanto de outros estados, originaram-se 10,33% dos

mesmos. Köptcke, Cazelli e Lima (2009), citando dados levantados em museus

do estado do Rio de Janeiro (situados em sua maioria na cidade do Rio de

Janeiro) mencionam que 58,2% dos visitantes moravam na capital, enquanto

15,6% residiam em outros municípios do estado e 13,2 % habitavam em outros

estados de federação. Embora na comparação o público do MAAS tenha uma

proporção maior de visitantes do interior do estado, pode-se observar que a

distância entre o local das residências e aquele onde o museu está instalado é

um importante fator influenciador para o acesso ao mesmo. Nesse sentido,

tornar o museu mais atrativo e mais conhecido, representam ações que podem

aumentar o fluxo de visitantes locais e de regiões mais longínquas. Para tanto,

conhecer o perfil dos visitantes de um museu pode ajudar a entender as suas

expectativas e a sua ligação com o tipo de acervo exposto, possibilitando às

equipes gestoras buscarem novas práticas para a otimização de todo o

processo. O presente estudo representa o primeiro passo para que o MAAS vá

nessa direção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE MARCHI, A. C. B.; SILVA, F. B.; TESTA, C. D. CV- Muzar- Uma

Comunidade Virtual de Aprendizagem que aproxima os Museus de Ciências

Naturais da Escola. In: CONGRESSO DA SBC, 27., 2007, Rio de Janeiro.

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

Anais... Rio de Janeiro, 2007.p. 297304. Disponível em: <http://www.br-

ie.org/pub/index.php/wie/article/viewFile/931/917> Acesso em: 16 out. 2016.

DE MARCHI, A. C. B.; TESTA, C. D.; COSTA, A. C. R. Um ambiente de

comunidade virtual baseado em objetos de aprendizagem para apoiar a

aprendizagem em museus. Novas Tecnologias na Educação CINTED-UFRGS,

Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 1-11, 2005.

FRANÇA, S. B.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M.; FERREIRA, H. S. Caracterização

do perfil educacional e de mediação dos museus de ciências da Região

Metropolitana do Recife. Prefeitura do Recife, Jardim Botânico do Recife.

Pesquisas Realizadas. 2016. Disponível em:

<http://jardimbotanico.recife.pe.gov.br/sites/default/files/midia/arquivos/paginab

asica/38.pdf> Acesso em: 20 out. 2016.

KÖPTCKE, L. S.; CAZELLI, S.; LIMA, J. M. Museus e seus visitantes: relatório

de pesquisa perfil-opinião 2005. Brasília: Gráfica e Editora Brasil, 2009, 76p.

KRÜGER, O.; RIQUELME, R.; DHEIN, C. E. Visitante/turista no Museu de

Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do

Sul. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL -

SEMINTUR JR., 4., 2013, Caxias do Sul. Anais... Caxias do Sul: UCS, 2013.

Disponível em: <https://www.ucs.br/site/midia/arquivo s/visitante_turista.pdf >

Acesso em: 20 out. 2016.

OLIVEIRA, R. X. Estudo de público no Museu Antares de Ciência / Tecnologia

em Feira de Santana, BA. 69p. Dissertação (Graduação em Museologia) –

Centro de Artes, Humanidades e Letras, Universidade Federal do Recôncavo

da Bahia, Cachoeira. 2013.

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

DEFEITO DO SEPTO ATRIAL (DSA) EM CÃO DA RAÇA POODLE: RELATO DE CASO

Otsubo, A. A. F.1*, Fontes, J. E. P.1, Pires, N. C. C. 1, Sousa, V. R. F. 2, Almeida, A. B. P. F.2

1 Acadêmico de Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 2 Professor, UFMT, FAVET,

Cuiabá, MT. *Autor para correspondência: [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: cardíaco, congênito, septo atrial, poodle

INTRODUÇÃO: Doenças cardíacas congênitas (DCC) são raras em cães, mas

são mais comumente observadas em animais jovens abaixo de três anos

(BUCHANAN et al., 1999; GUGLIELMINI et al., 2002). Os defeitos congênitos

podem ser consequências de vários fatores, como por exemplo, fatores

genéticos, fatores infecciosos, tóxicos e ambientais; porém o conhecimento do

papel que cada um destes fatores exerce sobre a doença ainda é obscuro

(SISSON et al., 2004). O defeito do septo atrial (DSA) é uma má formação

cardíaca raramente vista em cães, e se caracteriza pela comunicação entre os

átrios devido à um defeito no septo interatrial, permitindo a troca de sangue

entre os dois compartimentos (CHETBOUL et al., 2006). O objetivo deste

trabalho é relatar o caso de um cão com DSA, assim como discutir os achados

clínicos e laboratoriais encontrados no presente caso.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi atendido no Hospital Veterinário da

Universidade Federal de Mato Grosso (HOVET – UFMT), uma cadela, da raça

poodle, de dois anos de idade de porte médio, pesando aproximadamente 4Kg.

A proprietária relatou que o animal apresentava tosse seca e mucosa cianótica

quando agitada. Ao exame clínico, constatou-se a mucosa oral cianótica e

arritmia sinusal à auscultação. Como exames complementares, foram

realizados o eletrocardiograma e o ecocardiograma com doppler no paciente.

RESULTADOS: os resultados do ecocardiograma indicaram um aumento das

dimensões do átrio esquerdo, sendo que este mantém um trajeto comunicante

evidente com o átrio direito, confirmado através do doppler. Observou-se

também um aumento das dimensões do ventrículo direito e átrio direito, sem

alterações de contratilidade. No exame de eletrocardiograma observou-se

apenas arritmia sinusal.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: o DSA pode ser classificado em várias

categorias: defeito de ostium primum, que afeta a porção mais baixa do septo

atrial; defeito de ostium secundum, que se localiza na fossa oval e é o tipo mais

comum observado em cães; defeito do tipo seio venoso e defeito do tipo seio

coronário, ambos sendo altamente raros (GUGLIELMINI et al., 2002). Na

maioria dos casos de DSA, o sangue flui do átrio esquerdo (AE) para o direito

(AD) devido à força de pressão, resultando na sobrecarga e dilatação do AD,

como visto no presente animal. Grande parte dos animais são assintomáticos,

porém em casos mais graves podem apresentar sinais de insuficiência

cardíaca congestiva (ICC) (NELSON; COUTO, 2014). O animal em questão

apresentava sinais

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

respiratórios quando excitado, como tosse e mucosas cianóticas, consequentes

à cardiomegalia e reduzido fluxo pulmonar. Os sinais respiratórios são um dos

principais sinais observados em animais com DSA (CHETBOUL et al., 2006).

Um estudo mostrou que as doenças cardíacas congênitas tendem a acometer

mais os animais de raça pura (sendo o Boxer e o Samoyeda os mais

acometidos), jovens de até 3 anos de idade e mais frequentemente machos

(OLIVEIRA et al., 2011; GUGLIELMINI et al., 2002), porém, no presente caso,

a doença se manifestou em uma fêmea da raça Poodle. O tratamento do DSA

abrange desde a correção cirúrgica, até o uso de vasodilatadores sistêmicos,

diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina em casos mais

brandos (KITTLESON, 1998; MACDONALD, 2006). Neste caso optou-se pelo

tratamento com protetor cardíaco à base de alanina e complexos vitamínicos

por 30 dias de uso contínuo e acompanhamento médico, já que os sinais

clínicos eram eventuais e o animal estava compensando. Devido à possível

relação das DCC com fatores genéticos, é importante identificar os indivíduos

com maior predisposição genética e racial, para a retirada destes da

reprodução. O diagnóstico precoce de DCC é de extrema importância para o

êxito da abordagem terapêutica. Sendo assim, o exame físico e exames de

ecocardiograma com doppler e eletrocardiograma dos pacientes cardiopatas

são os principais procedimentos que guiarão o veterinário ao diagnóstico

preciso para maximizar a expectativa de vida e a qualidade de vida destes

animais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Buchanan JW. Prevalence of cardiovascular disorders. In: FOX, P. R.; SISSON,

D. D., MOISE, N. S. Textbook of Canine and Feline Cardiology, 2nd ed.

Philadelphia, PA: WB Saunders Company, 1999. 458–463 p.

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UTILIZAÇÃO TÓPICA DE PAPAÍNA NO DEBRIDAMENTO DE FERIDA TRAUMÁTICA EM UM GANSO AFRICANO (Anser cygnoides) –

RELATO DE CASO

Costa, T.L.C.1*, Iglesias, G.A.1, Ribeiro, J.2, Corrêa, S.H.R.3.

1 Médica Veterinária Residente do Setor de Animais Selvagens, HOVET, UFMT, Cuiabá, MT. 2

Acadêmico de medicina veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 3 Docente do curso de

Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. *Autor para correspondência:

[email protected].

PALAVRAS-CHAVE: anseriformes, necrose, proteólise

INTRODUÇÃO: O ganso africano (Anser cygnoides) é um animal pertencente

à ordem dos Anseriformes, da família Anatidae que compreende a maior parte

dos anseriformes (SILVEIRA; FOWLER, 2001). São aves de hábitos aquáticos

que vivem em rios, lagos, charcos e áreas inundáveis de várzea. No Brasil são

criados para ornamentação, vigilância, corte e como animais de estimação

(GRESPAN, 2007). Seu estado de conservação é classificado como vulnerável,

suspeita-se que o insucesso reprodutivo nos últimos anos e o rápido declínio

populacional seja reflexo da considerável perda de habitat, resultado do

desenvolvimento agrícola, bem como da caça insustentável (IUCN, 2014). A

papaína é um produto proveniente do látex do mamoeiro Carica papaya,

comum no Brasil e com ampla aplicação terapêutica, utilizada no país desde

1983. Consiste de uma mistura complexa de enzimas proteolíticas e

peroxidases que induzem a proteólise do tecido desvitalizado não intervindo na

integridade do tecido sadio. Isto se deve a uma antiprotease plasmática, a α1-

antitripsina, presente somente no tecido sadio que inativa essas proteases

(PIEPER; CALIRI, 2003; LEITE, 2012). Além disso, a papaína possui ação

antiinflamatória, atuando na junção de bordos de feridas de cicatrização por

segunda intenção (FERREIRA et al., 2005). Reduz o pH do leito da ferida,

estimulando a produção de citocinas que promovem a reprodução celular e

tornam o meio desfavorável ao crescimento de microrganismos patogênicos.

Atualmente é utilizada de diversas formas terapêuticas, em forma de pó, gel,

creme, solução e pode ser utilizada durante todas as fases de cicatrização,

variando apenas sua concentração (PIEPER; CALIRI, 2003; JUNIOR;

FERREIRA, 2015). Em seres humanos, a papaína apresenta bons resultados

como agente de debridamento e baixo custo em relação a outras alternativas.

Já na medicina veterinária são escassos os relatos e as pesquisas sobre o seu

uso clínico terapêutico. O objetivo desse trabalho é descrever o caso de um

ganso africano (Anser cygnoides) com ferida traumática que foi tratada com a

aplicação tópica de papaína.

MATERIAL E MÉTODOS: Um ganso africano (Anser cygnoides), mantido em

ambiente doméstico como animal de estimação não convencional, jovem,

pesando 4kg, foi atendido no Setor de Animais Silvestres do Hospital

Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (Hovet-UFMT), com

suspeita de mordedura por uma jaguatirica (Leopardus pardalis). No exame

físico notou-se uma laceração extensa na base da cauda, com bordos

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

irregulares, edemaciados e com presença de grande quantidade de tecido

necrótico em toda área. Foi instituído o protocolo medicamentoso com

enrofloxacina 10% VO (30mg/kg SID) por 07 dias, amoxicilina + clavulanato

120mg VO (125mg/kg BID) por 07 dias, meloxican 2% IM (0,2mg/kg SID) por

03 dias e limpeza da ferida com solução de cloreto de sódio 0,9%, clorexidine

2% e aplicação tópica de papaína creme na concentração de 10%. Sobre o

creme de papaína era colocada uma compressa de gaze umedecida com

solução de cloreto de sódio 0,9%, fechado com atadura de crepe e

esparadrapos, esse procedimento foi realizado por 7 dias consecutivos. Por

conta do estresse gerado pelo ambiente de internação, o animal apresentou

hiporexia, optou-se

retornar o animal aos cuidados do proprietário em sua casa, com acesso a seu

recinto com tanque de água, e prolongar o intervalo de troca de curativos,

normalizando o seu apetite. Dessa forma, o curativo passou a ser feito duas

vezes por semana, durante 4 semanas. Nos últimos 20 dias de tratamento a

papaína foi alterada para a concentração de 6%.

RESULTADOS: Após 10 dias de tratamento observou-se epitelização das

bordas da lesão. Após 20 dias, houve destacamento completo do tecido

desvitalizado, com presença de tecido de granulação e cerca de 50% da lesão

já estava completamente epitelizada. Com 30 dias de tratamento, havia apenas

um foco, completamente debridado, porém ainda sem tecido epitelial, que

permaneceu com curativo até completa epitelização. O manejo da ferida com

utilização tópica de papaína apresentou resposta satisfatória com cicatrização

total da ferida em 40 dias de tratamento.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A papaína demonstrou bons resultados na

cicatrização deste caso, em humanos ela vem sendo utilizada em feridas de

características e etiologias variadas e em pacientes de diferentes faixas etárias

(LEITE, 2012). A utilização da solução de papaína na concentração de 10%

nos primeiros 20 dias de tratamento, e após o destacamento completo do

tecido desvitalizado, sendo alterada para a concentração de 6% mostrou-se

efetiva. Concentrações diferentes de papaína, para cada fase de uma lesão

tecidual, são importantes para a obtenção de um resultado final satisfatório

com a cicatrização e reepitelização da área lesionada (PIEPER; CALIRI, 2003;

RAMIRES et al., 2012). A papaína possui ação bactericida, uma importante

característica, uma vez que a presença de infecção na ferida tem a capacidade

de retardar o processo de cicatrização. Ainda assim, optou-se por associar ao

protocolo uma antibioticoterapia sistêmica, devido a suspeita de mordedura,

caracterizando uma ferida altamente contaminada (JUNIOR; FERREIRA,

2015). Embora a papaína seja utilizada no Brasil desde 1983, com diversos

estudos comprovando sua segurança e efetividade na medicina humana, são

necessárias mais informações quanto ao seu uso na medicina veterinária e sua

efetividade nas diferentes espécies e na diversidade de lesões com caráter

necrotizante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

FERREIRA, A. M. Revisão de estudos clínicos de enfermagem: utilização de

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Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

FIXAÇÃO EXTERNA DOS OSSOS TARSOMETATARSO DIREITO E ESQUERDO EM SERIEMA (Cariama cristata) – RELATO DE CASO

Costa, T.L.C.1*, Iglesias, G.A.1, Ribeiro, K.R.2, Amaral, A. R. B.3, SOUZA, R.L.4, Corrêa,

S.H.R.4.

1 Médica Veterinária Residente do Setor de Animais Selvagens, HOVET, UFMT, Cuiabá, MT. 2

Acadêmico de medicina veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 3 Médica Veterinária

Residente do Setor de Anestesiologia e Medicina de Emergência, HOVET, UFMT, Cuiabá, MT.

4 Docente do curso de Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. *Autor para

correspondência: [email protected].

PALAVRA-CHAVE: aves, ortopedia, osteossíntese

INTRODUÇÃO: A seriema (Cariama cristata) é uma ave pertencente à ordem

Cariamiforme, família Cariamidae, possui porte grande, bico curto e forte,

pernas longas com dedos curtos adaptados para corrida, cauda longa e asas

largas que geralmente só voa para alcançar o poleiro ou quando é perseguido.

Ocorre na Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e em diversos estados

brasileiros, incluindo Brasil central, oeste do Mato Grosso, Pará e Maranhão

(HALLAGER; JOHNSON, 2013). A principal concentração de seriemas está

localizada na região de cerrado, demonstrando facilidade de adaptação a áreas

desmatadas, embora seus habitats apresentem-se ameaçados no Brasil

(FONTENELLE; BARROS, 2014). Quanto ao status de conservação da

espécie, está inserida no grupo de espécies classificadas como de menor

preocupação, fora do risco de extinção (IUCN, 2012). Inúmeras doenças

podem acometer aves, dentre elas, as mais comuns são as lesões ortopédicas

(TORRES et al., 2007; SÁ, 2012). As manobras de reparos que são realizados

objetivam o correto alinhamento dos fragmentos ósseos e a manutenção da

função biomecânica normal, e posteriormente, proporcionar rígida estabilização

da fratura para formação do calo ósseo (MARTIN; RITCHIE, 1994; CONTI et

al., 2007). A diferença de metabolismo entre mamíferos e aves proporciona

uma estabilização de fraturas mais rápida, embora o calo ósseo não seja

perfeitamente visível em um exame radiológico (CONTI et al., 2007).

Entretanto, a avaliação radiográfica é relevante para a identificação e

classificação da fratura. Em aves pernaltas é comum a ocorrência de fraturas

nas regiões de tibiotarsos e tarsometatarsos, considerando que são

pobremente cobertas por tecido mole. Tal característica aumenta o risco de

ocorrerem comprometimentos de estruturas nervosas, vasculares e

consequente necrose (MARTIN; RITCHIE, 1994). Não existe uma única técnica

para o tratamento de todas as fraturas, entretanto, neste tipo de fratura os

fixadores externos são adequados e demonstram maiores resultados positivos,

pois promovem ótimo alinhamento anatômico e boa estabilização da fratura

com perda funcional mínima (ALIEVI et al., 2001). O objetivo desse trabalho é

descrever a redução de fratura exposta dos ossos tarsometatarso direito e

esquerdo em uma seriema (Cariama cristata), utilizando-se a técnica de

imobilização com fixador externo tipo II.

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

MATERIAL E MÉTODOS: Uma seriema (Cariama cristata), adulta, pesando

2,2kg, foi encaminhada para ao Setor de Animais Silvestres do Hospital

Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (Hovet – UFMT),

encontrada no município de Várzea Grande, estado do Mato Grosso e

proveniente de vida livre. O animal não apresentava histórico prévio. Ao

exame físico foi constatada fratura exposta dos ossos tarsometatarso direito e

esquerdo. Foi instituído o protocolo terapêutico com meloxicam 2% IM

(0,2mg/kg SID), enrofloxacina 10% VO (30mg/kg SID), metronizadol 25mg VO

(50mg/kg SID), tramadol 50mg IM (8mg/kg BID) e cimetidina 150mg IM

(3mg/kg BID) e procedeu-se a imobilização dos membros por meio de tala

ortopédica. No dia seguinte, o animal foi submetido a contenção química,

utilizando-se a associação de cloridrato de cetamina 100mg (20mg/kg),

midazolam 5mg (1mg/kg) e tramadol 50mg (8mg/kg) por via intramuscular.

Para indução do paciente utilizou-se isoflurano com auxílio de uma máscara e

depois foi intubado utilizando sonda uretral número 18, mantendo o animal no

plano anestésico com isoflurano à 1,3 CAM (concentração alveolar mínima)

através do vaporizador universal e monitor multiparamétrico. Foram realizados

a avaliação radiográfica e o procedimento cirúrgico para o reparo da fratura. Na

avaliação radiográfica, observou-se fratura completa em espiral, com presença

de uma esquírola óssea no terço médio de diáfise do osso tarsometatarso

direito. Os segmentos fraturados estavam aproximados e alinhados. O

tarsometatarso esquerdo apresentou fratura completa oblíqua em terço médio.

Os segmentos ósseos fraturados estavam aproximados e discretamente

desalinhados. Com a ave posicionada em decúbito dorsal, realizou-se

antissepsia do campo cirúrgico. A técnica cirúrgica empregada consistiu na

inserção de pinos ortopédicos com diâmetro de 1,5mm pela face craniocaudal,

com o auxílio de um introdutor manual tipo Jacobs, sendo dois implantados em

região proximal e outros dois distalmente ao foco da fratura. Os pinos mais

distantes do foco da fratura foram introduzidos em ângulo reto em relação ao

eixo longitudinal do osso, enquanto os pinos mais próximos ao foco foram

introduzidos com angulação de aproximadamente 70º em relação ao eixo

longitudinal do osso. Cada pino foi dobrado em direção ao fragmento oposto

até se cruzarem, ficando paralelos à cortical óssea, após estarem devidamente

alinhados foram fixados com resina acrílica autopolimerizável à base de

metilmetacrilato, este procedimento foi realizado em ambos os membros. No

dia seguinte a osteossíntese, o fixador externo do membro esquerdo

apresentou desvio de seu eixo, demonstrando uma envergadura, com

comprometimento do alinhamento da fratura. Optou se por aguardar um

período de sete dias para recuperação do paciente, procedendo-se nova

intervenção cirúrgica. Após sete dias do procedimento o animal foi anestesiado

novamente, com o mesmo protocolo, para aplicação de um segundo fixador

externo, melhorando a estabilidade do foco de fratura. A abordagem foi

mediolateral, dois pinos implantados proximal e dois distalmente do foco de

fratura, com o auxílio de um introdutor manual tipo Jacobs, mesma técnica

utilizada anteriormente. No período pós-operatório, a ave foi mantida em

espaço restrito. Decorridos 60 dias após a cirurgia, o animal foi submetido à

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

nova contenção química para avaliação radiográfica e remoção dos fixadores

externos.

RESULTADOS: O protocolo anestésico escolhido foi considerado satisfatório,

pois não se observaram complicações e alterações nos parâmetros fisiológicos

do animal. A técnica cirúrgica utilizada foi satisfatória para o tratamento da

fratura, proporcionou imobilização eficiente, levando à cicatrização rápida e

retorno funcional dos membros afetados. Ao exame radiológico, após 60 dias

da intervenção cirúrgica, observou-se indefinição das linhas de fratura,

presença de calo ósseo bem definido abrangendo as corticais, indicando

consolidação completa da linha de fratura, possibilitando a remoção dos

fixadores de ambos os membros.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O protocolo anestésico empregado permitiu a

realização do procedimento de forma satisfatória, com ausência de

intercorrências nos parâmetros fisiológicos significativas para o animal. O

isoflurano é o anestésico inalatório de escolha para aves. Apesar de não

apresentar odor agradável, a grande velocidade de indução minimiza o

problema (HAWKINS, 2009). A escolha da aplicação do fixador externo tipo II

permitiu alcançar o objetivo do reparo da fratura e rápido retorno à função.

Apesar do envergamento do fixador do membro posterior esquerdo, a

aplicação de outro fixador externo foi suficiente para proporcionar maior

resistência ao envergamento e aumentar a estabilidade, ocorrendo à

consolidação óssea e o retorno funcional do membro. Os pinos intramedulares

neutralizam as forças de flexão e proporciona o alinhamento adequado da

fratura, o uso associado com a coaptação externa tem sido frequentemente

discutido (MARTIN; RITCHIE, 1994). Os pinos intramedulares têm várias

desvantagens quando comparados com fixadores externos, podem causar

danos articulares resultando em anquilose das articulações, levar a

complicações vasculares, danos a tendões e a ligamentos, resultando em um

membro parcialmente disfuncional (MARTIN; RITCHIE, 1994). O uso de

fixadores externos é considerado como a melhor técnica de estabilização para

imobilizar fraturas em aves que necessitam um retorno completo de suas

funções motoras para deambulação ou voo. Consiste em promover correto

alinhamento dos fragmentos ósseos e manter as características biomecânicas

normais do membro (CONTI et al., 2007). Conclui-se que o tratamento

realizado neste presente relato possibilitou a preservação das estruturas

acometidas em ambos os membros, boa estabilidade aos focos das fraturas,

permitindo adequada reparação óssea, promovendo assim condição favorável

ao encaminhamento do animal à reintrodução em seu habitat natural.

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Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

INTRODUÇÃO DE PALESTRAS SOBRE NUTRIÇÃO ANIMAL NA SEGUNDA INFÂNCIA

Souza, V.A.

1*, Angerame, T.N.D.¹, Gaspari, C.¹, Viola, M.H.², Saddi, T.

3

1

Acadêmico de Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 2 Acadêmico de Agronomia,

UFMT, Cuiabá, MT. 3

Professor, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. *Autor para correspondência: [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: alimentação, extensão rural, intoxicação alimentar

INTRODUÇÃO: Uma dieta adequada é fundamental para o bem-estar de cães e gatos, a qual deve conter nutrientes essenciais, na quantidade e proporções corretas (CASE; CAREY; HIRAKAWA, 1998). No entanto, o hábito cotidiano de oferecer alimentos humanos, muitas vezes tóxicos, aos carnívoros domésticos (PIRES et al., 2011), pode causar reações que afetem os vários sistemas do organismo animal. A intoxicação, muitas vezes acidental, acontece devido ao desconhecimento do proprietário dos potenciais efeitos tóxicos e das substâncias nocivas contidas nos alimentos dados aos animais domésticos. Como exemplo de um dos maiores causadores de intoxicação de pequenos animais temos o chocolate (PELUSO; TUDURY, 2010), que, por conter a teobromina e a cafeína, pode causar aumento da pressão arterial, nervosismo, inquietude, insônia, tremores, convulsões crônicas, epilepsia e até mesmo a morte (SAMPAIO; DELLA FLORA; ROSSATO, 2010). Nessa perspectiva, buscou-se evidenciar, junto às crianças, quais os alimentos mais comuns causadores de intoxicação alimentar a fim de esclarecer o que deve ou não ser fornecido e quais são as consequências caso o animal os consuma. Assim, objetivou-se trabalhar a conscientização na segunda infância, por se tratar de uma etapa de amadurecimento das habilidades e potencialidades dos pequenos aprendizes (MONTEIRO; OLIVEIRA; RONDON, 2013), pois as crianças são multiplicadores de conhecimento e levam as informações inclusive para casa.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi desenvolvida no dia 30 de agosto de 2016, com crianças de 6 a 7 anos de idade, estudantes de primeiro ano de uma escola particular de Cuiabá, Mato Grosso. Para levantamento dos dados, foi ministrado um seminário de trinta minutos por acadêmicos de Medicina Veterinária e Agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso com o tema nutrição de animais domésticos, dando ênfase aos alimentos permitidos e proibidos para cães e gatos. Em seguida, foi entregue uma atividade de pintura às 24 crianças presentes para que fosse feito em casa e no dia seguinte entregue aos professores de classe. Na atividade pedia-se que fossem pintados os alimentos permitidos aos animais de estimação. Os desenhos contidos eram: chocolate, osso de frango, leite, cebola, abacate, bebida alcóolica, petisco de cães, café e ração e tinha como objetivo verificar a absorção do conteúdo ministrado durante a palestra. Utilizou-se estatística descritiva para a apresentação dos resultados.

RESULTADOS: Das 24 crianças (100%) que assistiram ao seminário e que receberam as atividades, 16 (66,66%) as devolveram aos professores de classe. Na atividade, havia desenhos representando alimentos como chocolate,

Anais da XI SEMAVET, 21 a 29 de novembro de 2016, Cuiabá,MT

osso de frango, leite, cebola, maçã, abacate, ração, bebida alcóolica, petisco de cães, cenoura, banana e café. A partir de análise estatística descritiva verificou-se que 100% (16/16) dos alunos completaram a atividade corretamente, colorindo de maneira adequada o desenho da ração. Além disso, 81,25% (13/16) das crianças pintaram também o petisco como sendo um alimento apropriado. Entretanto, 12,5% (2/16) selecionaram, além dos citados anteriormente, leite e café, respondendo o exercício de forma errada. Ademais, observou-se que 6,25% (1/16) dos indivíduos marcaram a opção cenoura, enquanto que 0% (0/16) osso de frango, 0% (0/16) cebola e 0% (0/16) maçã. Tanto a opção abacate quanto a bebida alcoólica tiveram contagem de 0% (0/16), assim como o chocolate e a banana.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: Como todas as crianças (100%) acertaram a atividade, elegendo a ração como alimento adequado para cães e gatos, foi possível observar que a partir do uso de uma linguagem, verbal e não verbal, adaptada à idade de 6 a 7 anos, conseguiu-se um feedback positivo do público-alvo. Por essa razão, a palestra apresentada gerou um excelente canal de comunicação, compreensão e captação da mensagem (ALTERMANN, 2010). Durante a palestra foi informado que petiscos para cães poderiam ser oferecidos. Isso justifica os 81,25% (13/16) de acerto dos alunos que pintaram o desenho do referido item na atividade; entretanto, a ração sempre foi ressaltada como melhor opção. Ao falar dos alimentos comuns do cotidiano nutricional dos humanos que têm potencial tóxico para carnívoros domésticos, como chocolate, alho e cebola, foi destacado os sintomas apresentados caso houvesse a intoxicação pelos mesmos. Segundo Ramos (2016), conscientizar as crianças faz com que elas levem informações para as famílias, pois compartilham as experiências em casa. Entre os equívocos que as crianças cometeram na atividade, a pintura do leite pode ser explicada devido ao fato de que informações erradas são difundidas via desenhos animados e filmes que imprimem no subconsciente a ideia de que gatos bebem e adoram leite, porém após o desmame, o leite não é mais essencial, pois há um declínio na capacidade de digerir a lactose e a possibilidade de intolerância alimentar ao leite aumenta (AGAR, 2001). Durante as palestras não foi incentivado e citado o fornecimento de frutas e verduras, para que as crianças pudessem perceber a necessidade e importância da ração, monitorando as refeições do cão e gato e difundindo essas informações com o acompanhamento dos pais. Acredita-se que a melhor maneira de estimular a curiosidade infantil é através de temas que fazem parte do cotidiano das crianças e que elas já tenham algum conhecimento prévio (MONTEIRO; OLIVEIRA; RONDON, 2013). Isso foi alcançado, visto que o Brasil é o quarto país com o maior número de animais de estimação (IBGE, 2013), fazendo com que a maioria das famílias conviva com cães e gatos no dia a dia. Portanto, proporcionar uma boa visão sobre nutrição de animais domésticos nessa etapa de formação da criança faz com que o indivíduo cresça com conceitos corretos. Por se tratar de uma fase em que boa parte da personalidade humana se forma, a introdução dessa atividade é uma iniciativa não só para que haja uma diminuição de casos de intoxicação alimentar no âmbito da clínica médica veterinária, mas também para que as crianças se envolvam em um meio de comunhão e respeito entre a educação e o bem-estar animal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ALTERMANN, D. Escreva como o seu público escreve. Midiatismo, 18 mai. 2010. Disponível em: <http://www.midiatismo.com.br/escreva-como-o-seu-publico-escreve> Acesso em: 23 out. 2016.

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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População de animais de estimação no Brasil - 2013 - em milhões. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_tematicas/Insumos_agropecuarios/79RO/IBGE_PAEB.pdf> Acesso em: 23 out. 2016.

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RAMOS, G. UFJF-GV leva projeto EducAnimal a crianças de Governador Valadares. Universidade Federal de Juiz de Fora, Governador Valadares, 19 out. 2016. Disponível em: <http://www.ufjf.br/campusgv/2016/10/19/ufjf-gv-leva-projeto-educanimal-a-criancas-de-governador-valadares/> Acesso em: 23 out. 2016.

SAMPAIO, A. B.; DELLA FLORA, A. M. V.; ROSSATO, C. K. Intoxicação por chocolate em cães. In: SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 13., 2010, Cruz Alta. Anais... Cruz Alta: Unicruz, 2010.

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EFEITOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE MACACOS NA CIDADE DE CUIABÁ, MATO GROSSO

Franco, L.J1*, Mudrek, J.R2, Strüssmann,C3.

1Acadêmica de Medicina Veterinária, UFMT, FAVET, Cuiabá, MT. 2Doutoranda no Programa

de Pós Graduação em Ecologia e Biodiversidade, UFMT, IB, Cuiabá, MT. 3 Professora, UFMT,

FAVET, Cuiabá, MT. *Autora para correspondência: [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: ambiente antrópico, área urbana, fragmentação, Primates

INTRODUÇÃO: O crescimento acelerado da população humana e das áreas

urbanas tem alterado, de maneira drástica, ambientes terrestres e aquáticos

(PAYNE, 1986). A perda e a fragmentação dos habitats, em decorrência da

urbanização, estão entre as principais ameaças à biodiversidade global

(MCDONALD et al., 2008; MCKINNEY, 2002) e, em particular, à conservação

de primatas (HASS, 2012). Primatas arborícolas, geralmente, evitam descer até

o solo e deslocar-se por áreas abertas. Esse comportamento os torna mais

suscetíveis à fragmentação em locais onde não há conectividade entre os

elementos que formam o dossel (WESTON, 2003). Espécies que costumam

descer ao solo para fazer travessias em regiões abertas também estão

expostas a riscos de atropelamento (KANOWSKI et al., 2001). Com o objetivo

de avaliar os efeitos causados pela urbanização sobre a população de

macacos que vivem na área urbana do município de Cuiabá, buscamos

localizar as áreas de ocorrência desses animais, bem como seus hábitos e

percepções da população quanto à sua presença.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado no município de Cuiabá

(15°30' - 15°41' S; 55°56' - 56°09' O). A vegetação da cidade é composta por

matas ciliares e remanescentes de Cerrado (BARROS et al., 2010). Por meio

do programa estatístico R (R Development Core Team, 2015), sorteamos 30

bairros de Cuiabá para a realização de entrevistas estruturadas. Esse número

corresponde a 25% do total de bairros de cada uma das quatro regiões

reconhecidas na cidade (CUIABÁ, 2009). As informações foram coletadas por

meio da aplicação de questionários, abordando diferentes questões referentes

à presença de macacos no bairro e às percepções e eventuais interações da

população com esses animais. O questionário foi composto por 16 perguntas

objetivas e uma tabela com nove afirmações, elaboradas segundo o método da

escala Likert, que mede atitudes em um conjunto de itens apresentados em

forma de afirmação (LIKERT, 1932). Também foi elaborada e apresentada, a

cada entrevistado, uma prancha de identificação com quatro diferentes

espécies de macacos – sagui-de-rabo-preto (Mico melanurus), macaco-da-

noite (Aotus azarae), bugio (Allouata caraya) e macaco-prego (Sapajus apela)

– para que fosse apontada a espécie que o morador costumava avistar e sobre

a qual estava fornecendo as informações. As ruas selecionadas foram aquelas

que caíram dentro de um buffer de 125 metros de raio, estabelecido a partir do

ponto central de cada bairro. As casas escolhidas para as entrevistas foram

aquelas em que o morador estava presente no momento da entrevista. Após a

finalização das entrevistas, analisamos a paisagem de cada buffer, por meio do

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programa GeoCloud, no qual estimamos o percentual de área coberta por

vegetação e o percentual de área urbanizada em cada buffer. Foi utilizada a

análise de modelo linear generalizado (GLM), família Poisson, para relacionar o

número de entrevistados que visualizaram macacos com a porcentagem de

urbanização de cada bairro. O nível de significância adotado para validar o

teste foi de 0,05.

RESULTADOS: Foram realizadas 283 entrevistas durante a pesquisa em 30

bairros da cidade; 54 pessoas (19%) observaram a presença de algum macaco

no bairro pelo menos uma vez. Mico melanurus foi a espécie mais avistada

pelos moradores, seguido de Sapajus apella. As espécies M. melanurus (P =

0,05) e S. apella (P = 0,01) responderam negativamente à porcentagem de

urbanização em torno da área amostrada. Já Aotus azarae (P = 0,07) não

apresentou resposta negativa à porcentagem de urbanização na área

amostrada. As entrevistas utilizando o método da escala Likert mostraram que

os moradores possuem boa relação com os macacos na área urbana. Grande

parte respondeu que o animal não é perigoso e que não deveria ser eliminado

da área urbana. A maioria dos entrevistados não se importa em conviver com

os macacos na cidade, ficam felizes ao ver os animais em seu bairro e acham

que eles precisam de proteção da população. Porém, acreditam que eles têm

que ficar nas florestas e que as autoridades deveriam achar meios para que

esses animais não fiquem no ambiente urbano, onde podem acabar sendo

vítimas de atropelamento. Os entrevistados mostraram preocupação com o

planeta e o futuro dos animais e mostraram-se, também, interessados em

colaborar em projetos para conservação dos macacos na área urbana de

Cuiabá.

DISCUSSÃO: A proximidade de fragmentos florestais e rios, em alguns dos

bairros amostrados, influenciou positivamente na visualização das espécies de

macacos por parte dos moradores. Este resultado era esperado na área

urbana, uma vez que a redução e a fragmentação de habitats florestais afetam

as populações de macacos do Novo Mundo que possuem habitat

essencialmente arborícolas (MACHADO et al., 2005). Neste estudo, Sapajus

apella foi avistado em grupos de dois a quatro indivíduos, enquanto que em

ambientes naturais os grupos podem variar entre seis e 30 indivíduos (SILVA

JR; SILVA; KASECHER, 2008). Com base no registro de grupos com pequeno

número de indivíduos, concluímos que, ao menos do ponto de vista da

estrutura social, Sapajus apella parece sofrer influência negativa da

urbanização, possivelmente devido à fragmentação do habitat. Mico melanurus,

a espécie de macaco mais frequentemente avistada pelos moradores, também

foi negativamente afetada pela urbanização. Um dos entrevistados relatou ter

visto um exemplar de M. melanurus morto, eletrocutado na fiação pública, e

três moradores relataram ter visto indivíduos locomovendo-se pelo chão.

Possivelmente devido à fragmentação do habitat, esses animais têm buscado

alternativas para se locomover nos ambientes urbanos e, desta forma, estão

mais suscetíveis a atropelamentos e eletrocussão. No presente estudo, Aotus

azarae não foi influenciado pela urbanização, resultado que pode ser devido

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aos hábitos peculiares da espécie. Indivíduos de A. azarae são mais ativos ao

anoitecer (ERKET et al., 2012) e, dessa maneira, sua visualização pela

população é difícil. O hábito noturno dessa espécie, pode ter influenciado os

resultados obtidos quando analisamos os efeitos da urbanização sobre a

população de macacos-da-noite da área urbana de Cuiabá.

CONCLUSÃO: Em conclusão, evidenciamos que as populações de Mico

melanurus e Sapajus apella conseguem permanecer na área urbana de

Cuiabá, embora ambas sejam negativamente influenciadas pela urbanização.

Esta leva à fragmentação ou destruição dos habitats utilizados pelos macacos,

constituídos por remanescentes de vegetação de cerrado e matas ciliares. Não

evidenciamos efeito negativo da urbanização sobre Aotus azarae,

possivelmente porque seu hábito noturno dificulta a visualização dessa espécie

pelos moradores. De modo geral, as espécies de macacos registradas em

Cuiabá demonstram certo grau de adaptação ao ambiente urbanizado,

eventualmente fazendo uso da fiação elétrica ou do solo durante seus

deslocamentos. A população cuiabana tem percepções positivas sobre a

presença de macacos na cidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

BARROS, M. P.; DE MUSIS, C. R.; HORNICK, C. Parque da cidade Mãe

Bonifácia, Cuiabá-MT: topofilia e amenização climática em um fragmento de

cerrado urbano. REVSBAU, Piracicaba-SP, v. 5, n. 2, p. 01-18, 2010.

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HASS, G. P. Levantamento populacional do bugio-ruivo (Alouttaclamitans) e do

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conclusão de curso (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande do

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LIKERT, R. A technique for the measurement of attitudes. Archives of

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MCKINNEY, M. L. Urbanization, biodiversity, and conservation. BioScience, v.

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SILVA, J. S. JR; SILVA, C. R.; KASECKER, T. P. Primatas do Amapá: guia de

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– James Cook University, Cairns.2003.

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UROLITÍASE VESICAL EM CANINO: RELATO DE CASO

NUNES, K.G¹*; CAMPIOLO, K.S¹; CASTILHO, A.R¹; SOUZA, E.S¹; SOUSA, V.R.F²; ALMEIDA,

A.B.P.F²

¹ Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá –

Mato Grosso. ² Profa Adjunta de Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade Federal

de Mato Grosso. *Autor para correspondência: [email protected]

PALAVRAS CHAVE: cães, urolitíase, urólito

INTRODUÇÃO: A palavra urolitíase refere à formação de cálculos urinários ou

mesmo de urólitos e seus efeitos patológicos, sendo, muitas vezes, uma

enfermidade recidivante (CZELUSNIAK, 2009). Cerca de 95% dos urólitos

localiza-se na uretra ou bexiga, e apenas 5% nos rins ou nos ureteres, sendo

os mais comuns o fosfato amônio magnesiano (38%) (estruvita) e oxalato de

cálcio (42%), e os de urato, cistina, xantina e sílica considerados infrequentes

(DALL’ASTA et al., 2011). Sua formação decorre de pH urinário favorável,

infecções, altas concentrações de sais na urina, retenção urinária

(CZELUSNIAK, 2009), além de poder ter uma certa predisposição familiar e

racial, defeitos congênitos, lesões adquiridas, administração de diversos

medicamentos (como acidificantes e alcalinizantes da urina), antibióticos,

quimioterápicos e corticosteroides. Tipo de alimentação e ingestão de agua

também são prováveis causas (LOPES et al., 2014), entre outros processos

patológicos, sendo estes, em algumas raças, decorrentes de anormalidades

metabólicas (CZELUSNIAK, 2009). O diagnóstico de urolitíase se baseia,

principalmente, na anamnese e sinais clínicos, além do exame físico, achados

dos exames laboratoriais e de imagem (CZELUSNIAK, 2009). O tratamento

pode ser médico, cirúrgico ou ambos, entretanto depende de diversos fatores e

é baseado em alguns princípios como, por exemplo, o alivio de qualquer

obstrução uretral e descompressão da bexiga urinária (MORFEDINI e

OLIVEIRA, 2009). Sendo assim o objetivo do presente trabalho é relatar um

caso de urolitíase vesical urinária, abordando aspectos clínicos, laboratoriais e

terapêuticos.

MATERIAL E MÉTODOS: Canino, fêmea, Sem Raça Definida, dez anos de

idade, atendido no setor de clínica médica do Hospital Veterinário da

Universidade Federal de Mato Grosso (HOVET-UFMT), com queixa de

disquezia, segundo proprietário, polaciúria, e hiporexia. Desverminação e

vacinação desatualizadas. A dieta da paciente consistia em ração para cães

adultos sendo relatado pelo proprietário que não era fornecido outros

alimentos. No exame físico os parâmetros fisiológicos se encontravam dentro

da normalidade e na palpação abdominal foi possível sentir a bexiga com

parede espessada e uma estrutura maciça e consistente na mesma. Diante

desse quadro suspeitou-se de cistolitíase, sendo realizados exames

complementares como urinálise, hemograma completo e dosagem sérica de

alaninoaminotransferase, fosfatase alcalina, albumina, uréia e creatinina, além

de exames de imagem como radiografia e ultrassonografia abdominal. O

paciente foi encaminhado para o tratamento cirúrgico para a remoção do

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urólito. Após a retirada, o cálculo foi enviado ao laboratório para análise de sua

composição. O animal não precisou permanecer internado recebendo alta após

recuperação anestésica, e tratamento medicamentoso com enrofloxacino (5

mg/kg) e meloxicam (0,15mg/kg) ambos por via endovenosa e dose única, não

recebendo nenhum tratamento domiciliar, a não ser os cuidados pós cirúrgicos

de limpeza da sutura com solução fisiológica e iodopovidine.

RESULTADOS: O hemograma revelou uma leve leucocitose por eosinofilia,

trombocitopenia, e aumento de proteínas plasmáticas totais. Na bioquímica

sérica apenas a uréia se encontrava aumentada. Na urinálise foi observada

hipostenúria, acidificação da urina, proteinúria e hematúria, além da presença

de eritrócitos, leucócitos, cilindros de fosfato amorfo, células epiteliais renais,

transicionais, escamosas e bactérias no sedimento. Não foi possível realizar a

cultura urinária devido a impossibilidade de coleta por cistocentese. A

radiografia abdominal nas posições ventro-dorsal e latero-lateral revelaram

uma estrutura radiopaca na projeção da bexiga, confirmada pela

ultrassonografia abdominal, concluindo a suspeita de cistolítiase. Após a

remoção cirúrgica do urólito, com cerca de 7 cm de diâmetro e

aproximadamente 24 gramas, foi mandado para análise laboratorial que

demonstrou se tratar de urólito misto, composto de fosfato de cálcio, estruvita e

carbonato de cálcio.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Existem várias hipóteses explicando a

patogenia dos urólitos como, por exemplo, a teoria da precipitação-cristalização

ou teoria da formação do núcleo da matriz, entretanto, a supersaturação da

urina com constituintes do urólito é essencial na formação dos urólitos em

todos os casos, ou seja, há um aumento das quantidades e concentração de

minerais calculogênicos (OYAFUSO et al., 2009). Ademais, diversos fatores,

como já citados, podem predispor os animais à formação de urólitos, porém é

sabido que a nutrição é um fator que está relacionado à formação, prevenção e

tratamento da urolitíase (FILHO et al., 2013). Na paciente em questão a

alimentação era exclusivamente ração para cães adultos, levando a crer que

esse não tenha sido um fator predisponente nesse caso, embora não se saiba

a marca e nem procedência do alimento, o condizente para a formação do

cálculo nesse caso é a presença da infecção bacteriana. Como já elucidado,

viu-se que existem vários tipos de urólito que são classificados, principalmente,

de acordo com a sua composição mineral, dentre outras coisas. No caso das

fêmeas a ocorrência de urólitos de estruvita é bem maior, sendo que em

relação ao macho a ocorrência maior é de oxalato de cálcio (CZELUSNIAK,

2009). A predominância da composição do urólito da paciente em questão era

fosfato amônio magnesiano, condizendo com o relatado por Czelusniak (2009),

embora houvesse uma quantidade de fosfato de cálcio em sua composição e

segundo Filho et al (2013) essa é a combinação mais comum de ser

encontrada. Como fator considerado predisponente da formação dos urólitos

verifica-se: a infecção do trato urinário (ITU) por meio de bactérias que

hidrolisam a uréia, sendo que esta é considerada como a causa mais comum

de urolitíase por estruvita em cães, entretanto infecções, também, podem ser

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acarretadas pela formação do urólito, ou seja, podem vir a ser secundárias a

sua formação (CZELUSNIAK, 2009). Na paciente do relato havia presença de

bactérias, entretanto não foi possível descobrir se foi a ITU que acarretou a

formação do urólito ou vice-e-versa. Nem todos os cálculos estão associados

com a presença de sinais clínicos, porém o que se costuma observar quando

estes surgem são sinais de hematúria, polaciúria, disúria e, por vezes em caso

de obstrução, anúria, principalmente em machos (MORFEDINI e OLIVEIRA,

2009), a paciente relatada apresentava alguns dos sinais citados por Morfedini

e Oliveira, como disúria, que no início foi confundida pelo proprietário com

disquesia devido a posição que o animal permanecia, e polaciúria, além de

sangue oculto. O diagnóstico de cistolitíase da referida paciente foi realizado de

acordo com o descrito por Filho et al. (2009) que menciona os sinais clínicos,

anamnese, a palpação abdominal, associado a presença de urólitos nos

exames de imagem como raio-x simples e/ou contrastados associados a

ultrassonografia, análises que firmaram o diagnóstico da paciente. O

tratamento consiste em médico ou cirúrgico e apenas a detecção do urólito por

si só, não é indicação para intervenção cirúrgica, entretanto, segundo Filho et

al. (2009), sob as condições apropriadas, a cirurgia é o tratamento preferível,

onde auxilia a identificar o tipo de urólito e providenciar uma terapia médica

com dieta para evitar a recorrência dos urólitos. A cirurgia é indicada em casos

que há obstrução urinária, quando os cálculos forem muito grandes e/ou

quando não foi possível a dissolução pelo tratamento médico além de quando

existirem anormalidades anatômicas predisponentes ou concorrentes (FILHO

et al., 2013). Na paciente foi optada pela intervenção cirúrgica, pois a mesma já

apresentava sinais de obstrução e devido à dor apresentada pela paciente e o

tamanho do urólito. Após tratamento cirúrgico e administração das medicações

a paciente foi liberada e, até a presente data, passa bem sem sinais de recidiva

de cálculo, foi recomendado que se estimulasse o animal a beber mais água

sempre disponibilizando água fresca, e recomendada ração urinária, pobre em

fósforo e magnésio além do controle da infecção do trato urinário, porém não

foi receitado nenhum antibiótico, pois não foi possível a realização da cultura e

antibiograma e a paciente não retornou mais para a realização do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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de pequenos animais) - Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

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