ana paula cirino - pós-graduação · como e quando surgiu a educação infantil no brasil? o que...

39
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Paula Cirino Rio de Janeiro 2010

Upload: ngongoc

Post on 13-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ana Paula Cirino

Rio de Janeiro 2010

2

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ana Paula Cirino

Monografia apresentada à faculdade Candido Menses como

requisito à obtenção do grau Licenciatura em Orientação

Educacional e Pedagógica, curso de Pós Graduação, sob orientação

da Profª. Mary Sue.

Rio de Janeiro 2010

3

Agradecimentos Agradeço...

Agradeço a Deus por ter me dado a vida, saúde e vitória sobre essa

realização.

Agradeço à minha mãe pelo apoio constante para os estudos.

Agradeço aos amigos: Thais Fernandes Veloso, por ter me cedido o seu

computador para a confecção da monografia. Ronaldo Viana, por ter sido

minha inspiração nas horas de tédio e escuridão. Claudia Virginia, por ter sido

a minha companheira de curso, perseverando até o final para juntas vencermos

mais essa etapa de nossas vidas. Carla Santiago, por ter sido uma nova

conquista nos meus elos de amizade, e sempre que pode me ajudou no

caminhar árduo dos sábados em sala de aula.

...Oferto-lhes um acorde de amor.

4

“Sim, sou brasileiro e bem brasileiro.

Na minha música eu deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil”

“Um povo que sabe cantar está a um passo da felicidade. É preciso ensinar o mundo a cantar”.

Heitor Villa-Lobos

RESUMO

A intenção do presente trabalho permite a união de duas grandes paixões: a educação e a música. Mais do que isso, representa o desafio de alargar as formas (habituais) de apreensão: possibilita utilizar a música para fazer um estudo teórico sobre questões relativas à infância e, ao mesmo tempo, procurar entender a criança através de um outro olhar, menos racional – no olhar da arte, da emoção da música; dando uma contribuição para a educação Infantil levando a ampliação de um horizonte que nos leva a pensar a música para sentir a criança. Para fundamentar a pesquisa utilizou-se a metodologia bibliográfica que pode proporcionar uma ampla visão e análise sobre o tema, a evolução dessa pesquisa foi orientada da seguinte forma: historicisar o surgimento da Educação Infantil no Brasil, caracterizar a Educação Infantil, suas funções e objetivos, discutir os usos e funções da música na educação Infantil e apresentar sua importância na Educação Infantil. Observou-se que a integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. È uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de modo geral, e na Educação Infantil, particularmente. (RCNEI, 1998)

Palavras-chave: Educação Infantil. Música. Educação Musical.

5

ÍNDICE

Página 1 -INTRODUÇÃO....................................................................................... 07

2- EDUCAÇÃO INFANTIL, QUE ESPAÇO É ESSE.................................. 10

2.1– O COMEÇO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL................10 2.2- O SIGNIFICADO DA INFÂNCIA..................................................12 2.3–O SURGIMENTO DA CRECHE NA SOCIEDADE BRASILEIRA 19 2.4- EDUCAÇÃO INFANTIL E AS NOVAS DEFINIÇÕES DA

LEGISLAÇÃO.......................................................................................21 3- DÓ RÉ MI TEM MÚSICA AQUI................................................................24 3.1-QUE SOM É ESSE.......................................................................24 3.2-MÚSICA PRA QUE?.....................................................................25 3.3-DESAFINAÇÕES DO SEU USO...................................................30

4- A MÚSICA CERTA DÁ SAMBA.......................................................... ....32 5- CONCLUSÃO..................................................................................... ....34

6 -REFERÊNCIAS................................................................................... ....38

6

SUMÁRIO

Página INTRODUÇÃO........................................................................................... 07

EDUCAÇÃO INFANTIL, QUE ESPAÇO É ESSE........................................10

DÓ RÉ MI TEM MÚSICA AQUI...................................................................24

A MÚSICA CERTA DÁ SAMBA............................................................. ....32 CONCLUSÃO......................................................................................... ....33

REFERÊNCIAS...................................................................................... ....38

7

I�TRODUÇÃO

Nesta monografia estarei investigando o tema: a contribuição da música

na Educação Infantil. Decidi elaborar a minha monografia dentro do campo da

arte por ser estar uma das mais prazerosas práticas de se aprender algo, e

acredito que todo ser humano tem que desfrutar dela, até mesmo para se ter

gozo em viver. E em particular, vou abordar a música como ferramenta

principal no desenvolvimento do indivíduo, pois a música é uma grande aliada

na minha vida e me traz muito prazer.

Em minhas observações e leituras percebi a importância que a música

tem na humanidade. Até o animal irracional não ficou a par dessa proeza, pois

um animal não faz poesia, não faz desenho, não interpreta, não dança, mas

emite sons e canta, quão belo é o canto de um sabiá, de um rouxinol e de um

coleiro. Os pássaros cantarolam perfeitas melodias harmônicas, a música une

até mesmo o homem, a natureza e vice-versa.

A pouca experiência que tive da música em sala de aula começou no

Ensino Fundamental, digo isso, porque a música que tive na Educação Infantil,

não tinha o seu papel por si só de música, e sim, era uma forma até mesmo de

condicionamento para as atividades que deveriam ser cumpridas nos

determinados momentos, como: a música que cantávamos ao chegar dentro de

sala; a música que cantávamos para formar a fila na hora da merenda; a

música para escovar os dentes; a música que indicava o término da aula e a

hora de ir pra casa, e por aí se vai...

O experimento da música que vivi em sala no Ensino Fundamental está

registrado até hoje nas minhas lembranças, lembro-me nitidamente das

músicas que cantávamos e da harmonia que tinha aquela aula. Conheci

culturas de outros países e até mesmo, culturas de outros estados do Brasil.

Sei que a música é uma espécie de razão que se mistura com a emoção, e é

isso que me comove, que me encanta que mexe com o meu ser. Nela, posso

8

me expor de forma poética e também participo de sensações que outros

músicos vivenciaram em suas vidas.

Tem um provérbio popular que a minha mãe pronuncia quando vê que

eu estou na correria do dia-a-dia sem me alimentar direito; ela me diz que

ninguém vive de brisa e que eu preciso comer, mas eu posso dizer que eu me

alimento de som, vivo de música, da música cantada, da música ouvida, da

música falada, da música dos pássaros, dos sons da natureza, do som de uma

bela melodia, e quero aproveitar essa ardente paixão que tenho pela música e

unir isso ao meu ofício de educadora, pois a música na sala de aula - a

começar pela educação Infantil - é uma necessidade para o desenvolvimento

do indivíduo. Toda criança tem o direito de gozar dessa benfeitoria de ter a

música no seu dia a dia. A música faz parte da nossa cultura e a criança deve

ter acesso a ela.

A partir das considerações acima, a questão da música me traz várias

indagações, e de forma geral, posso resumi-las numa tentativa de analisar a

contribuição da música para a Educação Infantil. Para alcançar esse objetivo é

necessário o cumprimento de alguns objetivos específicos, que são: mostrar o

surgimento do conceito de educação infantil no Brasil, caracterizá-lo, abordar

suas funções e objetivos. Analisar a contribuição da música para a Educação

Infantil, discutir o seu uso e suas funções na Educação Infantil.

Para estruturar a pesquisa utilizou-se as seguintes questões de estudo:

Como e quando surgiu a Educação Infantil no Brasil? O que é a Educação

Infantil? Que função tem a Educação Infantil? Quais os objetivos da Educação

Infantil? O que rege o Referencial Curricular Nacional em relação à música na

Educação Infantil? Qual a função da música na Educação infantil? Qual a

importância da música no contexto educacional ?

Para fundamentação dessa pesquisa foram selecionados alguns autores

como Kramer (1982), Áries (1981), Snyders (1997), Terry (1997), Hortélio

(2004), Alencar (2003), Maffioleti (2001) entre outros. Também recorri as Leis e

regulamentações do país sobre o assunto como o Estatuto da Criança e do

9

Adolescente (ECA), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB

9394/96), Constituição Federal de 1988 entre outros.

10

EDUCAÇÃO INFANTIL, QUE ESPAÇO É ESSE ?

O COMEÇO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

A História da Educação Escolar tem seu início na chegada dos jesuítas

no Brasil. Na articulação dos objetivos políticos da metrópole com seus

objetivos religiosos, os jesuítas visavam o fim da proliferação do

protestantismo, nesses objetivos, pretendiam formar quadros religiosos, e

também educar os indígenas de forma a submetê-los ao catolicismo.

Os filhos dos índios aprendiam a ler, escrever, contar e falar a língua

portuguesa, não só isso mas também recebiam os filhos dos colonos

instruções; tudo isso nessas escolas que continham a base de todo o sistema

colonial de ensino, ainda em formação. Os negros não tinham acesso às

escolas, por isso ficavam a margem da educação jesuítica. Só os mulatos, a

partir do século XVI, com a autorização do rei de Portugal, poderiam ter direito

a educação escolar. De acordo com Mattos (1958 apud RIBEIRO, 1998, p. ?)

“[...] se educassem os mamelucos, os órfãos e os filhos dos principais

(caciques) da terra além dos filhos dos colonos brancos dos povoados em

regime de externato.” Ainda segundo Ribeiro (1998, p. 23-24):

A catequese, do ponto de vista religioso, interessava à Companhia

como fonte de novos adeptos do catolicismo, bastante abalado com o

movimento de Reforma. Do ponto de vista econômico interessava

tanto a ela como ao colonizador, a medida que tornava o índio mais

dócil e, portanto, mais fácil de ser aproveitado como mão-de-obra.

O percurso da criança brasileira possui outras realidades que a

diferencia da criança européia, todavia, a inclusão de uma educação voltada

para a infância surge, assim como na Europa, valorizando a criança como

“tesouro da nação”.

11

A colonização portuguesa, trouxe ao cotidiano brasileiro a influência

européia a partir do século XVI. O que a colonização portuguesa proveu no

Brasil foi a miscigenação cultural entre Portugal e África, esse fato

proporcionou uma nova realidade cultural, que estabeleceu um modo de vida,

hábitos, costumes e relação social diferenciada em que encontramos seus

resquícios até hoje.

De acordo com Ribeiro (1998), o declínio da Companhia de Jesus já

acontecia em Portugal. Uma das mais notórias críticas feitas a Companhia,

naquele contexto, era contra a obra educacional, que era considerada obsoleta

e obscurantista. A educação jesuítica se opunha a uma formação científica, e

por isso era criticada uma vez que fundamentava seu plano de estudo em uma

formação literária. Por essa ocorrência, digo, esse movimento contra a

companhia de Jesus, resultou na expulsão da Metrópole das colônias

portuguesas pelo Marques de Pombal. Com isso, teve-se um lado negativo,

pois todo o esquema educacional do Brasil, que ainda não havia se

estruturado, foi destruído.

12

O SIGNIFICADO DA INFÂNCIA

A infância tem os seus significados, e especialidades. Todos nós fomos

infantes, todos nós fomos crianças e alguns de nós temos filhos. A infância não

é uma categoria estática, como algo sempre igual. A infância é algo que está

em permanente construção. A concepção que os meus pais tinham quando eu

era criança é muito diferente da concepção que eu agora tenho. A infância

rural, é diferente da infância urbana e isto é uma questão importante de se

pensar, quando se fala sobre uma proposta de educação para a infância.

O período em que estamos mostra que a concepção de infância está

mudando muito. A infância avançou como tempo de direitos. O movimento

social pelos direitos, leva-nos a ver que hoje se tem uma sociedade que luta

junta pelos seus direitos, tais como o direito da mulher, o direito do idoso, o

direito do trabalhador, assim como o direito da infância. Hoje temos o Estatuto

da criança e do adolescente. Antes, se tinha apenas o Estatuto dos Direitos do

homem. O movimento social vai caminhando cada vez mais no sentido de

definir, grupos sociais com seus direitos, grupos de idade com seus direitos e a

infância avançou como tempo de direitos.

Durante muitos séculos a infância não foi sujeito de direitos. Ela era

simplesmente algo à margem da família, considerada como um vir a ser. Só

era considerada sujeito quando chegava à idade da razão. A Igreja durante

muito tempo, também pensou assim. Hoje a criança pelo seu momento social,

já é considerada como alguém que tem sua própria identidade, seus direitos.

Antigamente a criança nem tinha direito à vida, por exemplo. A mortalidade

infnatil era alta demais, atualmente isto pôde ser reduzido. O direito à vida, à

moradia, à dignidade passam à ser direitos também da criança. Este ponto é

muito importante: a infância cresceu como sujeito de direitos.

A construção da infância, historicamente, depende muito da construção

de outros sujeitos. Qual sujeito mais próximo à construção da infância? É a

mãe, a mulher. Mulher e infância sempre estiveram próximos, porque a mãe na

nossa cultura é a reprodutora: não só aquela que gera, que dá a luz. Mas

também a que continua gerando, produzindo, reproduzindo a infância: na

13

saúde, na socialização e na moralização, nos cuidados etc. Dependendo do

papel da mulher na sociedade, vamos encontrar um papel diferente para a

infância. E este é um fenômeno muito sério na sociedade brasileira. Na media

em que os setores populares não dão conta de produzir sua assistência, que

tinha como centro o trabalho masculino, a mulher, que está em casa

trabalhando e reproduzindo, sai de casa para buscar trabalho. Também porque

ela deseja entrar na sociedade e não só ficar em casa. Apesar de minha mãe

ser de um período mais distante do que vivemos hoje, ainda sim ela, não quis

se submeter a cuidar apenas de mim e dos meus irmãos, ela quis um lugar na

sociedade, e com isso foi em busca de um emprego. Mas os setores populares

nem sempre se colocam nesta questão. O trabalho feminino, seja por

necessidade, seja por opção, traz como conseqüência a necessidade de tomar

coletivo o cuidado e a Educação da criança pequena. Surge, portanto, a

infância como categoria social, não mais como categoria familiar. A reprodução

da infância deixa de ser uma atribuição exclusiva da mulher, no âmbito privado

da família. É a sociedade que tem que cuidar da infância. É o Estado que,

complementando a família, tem que cuidar da infância.

Durante muito tempo a preocupação do Estado com a criança

começava a partir dos sete anos. A Constituição Brasileira ainda fala nisto: A

obrigação pública começa com sete anos, até os quatorze. A década de 80

mostrou à sociedade brasileira que isto não é verdade. A infância deixou de ser

apenas objeto dos cuidados maternos familiares e hoje tem que ser objeto dos

deveres públicos do Estado, da sociedade como um todo. Estes fenômenos,

estes fatos sociais, são fundamentais para que o educador tenha consciência

de seu papel enquanto educador da infância. Infância que muda, que se

constrói, que aparece não só como sujeito de direitos, mas como sujeito

público de direitos, sujeito social de direitos. Vejo que a nossa preocupação

com a política de educação da infância não deve ser por caridade, por amor,

por afetividade. E sim por termos obrigação pública frente à infância, diante da

infância que passou a ser sujeito de direitos e, consequentimente, criou

obrigações públicas por parte do Estado.

14

O Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam

para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas

identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à

infância são reconhecidos. Visa também, contribuir para que possa

realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa

educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação,

pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.

(RCNEI, 1998)

Nós educadores, sempre falamos que infância é o momento de

educação, de preparação. Mas não com o pensamento de antes de que o

educador é um parteiro ou um jardineiro, ou um condutor de infantes. Hoje

vemos que o movimento da identidade a consciência das identidades sócio-

culturais, avançou muito ultimamente e nos mostrou que cada idade tem sua

identidade. Cada idade não está em função da outra idade. Cada idade tem em

si mesma, a identidade própria, que exige uma educação própria, uma

realização própria enquanto idade e não enquanto preparo para outra idade.

Isto tem revolucionado incrivelmente a concepção de infância. Então vem

daquela concepção que dominou, de que infância é tempo para, passarmos a

considerar a infância como tempo em si, como vivência em si. Cada fase da

idade tem sua identidade própria, suas finalidades próprias, tem que ser vivida

na totalidade dela mesmo e não submetida a futuras vivências que muitas

vezes não chegam. Em nome de um dia chegar a ser grande homem, um

adulto perfeito, formado, total sacrificamos a infância, a adolescência, a

juventude. Hoje não é esta visão. A visão é que a totalidade da vivência tem

que estar em cada fase de nossa construção enquanto seres humanos. Se

formos observar um pouco da história da Educação da infância, veremos que

antes a infância não era objeto de educação. Era objeto apenas de cuidados.

Antes o pedagogo não era o educador de hoje. Era muito mais um condutor,

aquele que guiava, era quase um guia moral. Não tinha esta condição de

pedagogo que hoje damos à nossa profissão mais moderna. Isso porque a

infância era apenas um objeto de assistência. É uma concepção que vem

15

dominando durante séculos: A infância como objeto de assistência. E, nesta

concepção, a Educação assume uma finalidade meramente supletiva: Educar

para evitar carência da infância. Nós estamos superando esta concepção. Não

queremos dizer que não vamos atender estas crianças. O Estado tem que

suprir carências sim, mas estamos indo além desta concepção.

Outra concepção que esteve muito forte no projeto educativo para a

criança, era a de preparar as crianças pobres para o trabalho. A primeira

concepção assistencial esteve muito presente, sobretudo, nos chamados

orfanatos. A orientação mais para o trabalho esteve presente nas escolas do

trabalho.

Era esta concepção de criança: alguém que em que ser preparada

bem cedo para o trabalho. Tantos e tantos adultos se tivessem aprendido bem

cedo o valor do trabalho, hoje não estariam perambulando pela cidade e sim

trabalhando. Essa concepção ainda existe.

Não queremos que a criança se atire precocemente ao trabalho, ainda

que tenhamos a concepção que o trabalho é, em princípio, educativo. Outra

concepção muito freqüente no projeto educativo para a infância: a criança

enquanto sujeito de domínio de atividades letradas. A pré-escola, o que

significa esta palavra? Significa que entre os cinco/seis anos de idade a criança

já tem que estar pré-escolada já tem que dominar, se possível habilidades de

leitura, de escrita porque assim evitamos a reprovação na primeira série. Esta

concepção de submeter o mais cedo possível a criança aos cânones da escola

dominou durante várias décadas e continua dominando. A nova LDB não fala

em pré-escola e sim em educação infantil. Em um sentido muito certo, de que a

idade de zero a seis anos tem uma identidade em si mesma, ela não está

apenas definida pela futura inserção na escola. A pré escolarização prematura,

fazer tudo para que a criança tenha controle motor para segurar o lápis, para

que entre logo a matemática, tudo isso não vai na nossa direção.

16

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e

ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. (LEI

9.394/96).

Muitos profissionais da pré escola terão que ter coragem pra redefinir

esta visão. Ela é demasiado estreita para dar conta da construção social da

infância e dos avanços onde ela chegou. Uma outra direção da educação muito

freqüente, sobretudo, na década de oitenta: a infância, somente do futuro

cidadão. Comecemos a prepará-la para um dia ser cidadão. Comecemos a

prepará-la na arte da democracia, na arte do diálogo, na arte da cooperação,

na arte de um dia ter consciência de seus direitos.

Uma boa proposta, é ver uma educação que permita a vivência de

todas as dimensões da pessoa no presente. E nada disso, de ter uma escola

esperando um dia ser. É bom termos uma escola onde na infância a cidadania

seja uma realidade. Em nome de um dia ser, não deixamos que a criança seja

no presente. O ideal é que a escola infantil dê condições materiais,

pedagógicas, culturais, sociais, humanas, alimentares, espaciais para que a

criança viva como sujeito de direitos, se experimente ela mesma enquanto

sujeito de direitos. Permita ter todas as dimensões, ações, informações,

construções e vivências. Queremos ter uma escola viva, em que se viva a

cidadania e não a escola onde se sonhe um dia ser cidadão. A infância já

cidadã, é ser vivo, é ser cultural já, é ser social. Enquanto ser social que já é,

na medida em que ela viver com mais intensidade e que ela é, estará se

preparando para um dia viver com intensidade futuras idades, futuras fases de

sua vivência de sua formação.

Portanto, ao invés de se dizer: vamos preparar a criança para um dia

ser cidadão, será melhor dizer: a criança já é um cidadão. Construamos dia a

dia da escola como uma maneira digna de cidadãos, de sujeitos de direitos.

17

“[...] tratar de todos os assuntos que, direta e indiretamente, se

referiam à criança do ponto de vista social, pedagógico, higiênico,

em geral, como, particularmente em sua relações com a família, a

Sociedade e o Estado.” (KRAMER, 1982, p. 55).

Consideramos a escola como espaço de vivência da cidadania. Isto

implica em algo bem diferente da orientação do que já vimos, implica em não

estar apenas preocupados com as habilidades e conhecimentos que vai

adquirir para um dia ser trabalhador, ser profissional, vencer na vida, vencer no

vestibular, viver na cidadania. Reformar os conteúdos, torná-los mais críticos é

necessário, mas não é suficiente. Na última década, tudo foi orientado nessa

direção de aprender habilidades, dominar conteúdos escolares, inclusive,

enfatizava-se a importância do lúdico porque ajuda para aprender a

matemática. Quem disse que o lúdico tem que estar a serviço da matemática?

Por que o lúdico não tem serviço em si mesmo? A brincadeira, a música e as

diversas vertentes da arte tem sentido em si, porque somos seres lúdicos, tanto

quanto seres conscientes, intelectuais, conectivos, etc.

Somos seres corpóreos tanto quanto matemáticos. Temos a linguagem

corpórea tanto quanto a linguagem escrita e ambas têm que ser aprendidas, e

não só uma em função da que é prioritária.

Há uma super alfabetização e matematização de nossas crianças,

sendo assim, na escola, superestima o domínio da linguagem escrita porque

esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é válido

só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da

história da humanidade. Faz parte de nossa construção tanto quanto a leitura

para um dia ler e inserir-nos na sociedade.

Há questões muito sérias a seres discutidas quando pensamos na

infância como direito de vivências e não apenas como preparo para a

adolescência, a juventude ou a fase adulta.

18

Podemos notar do que foi dito até agora, é que as creches e pré

escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que

ocorreram na sociedade, e pela incorporação das mulheres à força de trabalho

assalariado, na organização das famílias, num novo papel da mulher, numa

nova relação entre os sexos, mas também, por razões que se identificam com

um conjunto de idéias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na

sociedade e de como torná-la através da educação, um indivíduo produtivo e

ajustado às exigências desse conjunto social, sem desrespeitar a criança como

um indivíduo individualizado, com suas necessidades específicas e pessoas,

que faz parte de um todo, mas que merece ser tratada como ser único,

atendendo assim as suas necessidades e respeitando suas etapas, pois não se

pode olhar somente para o macro em busca de bons resultados, tudo começa

no micro das ações, onde a criança tem que ser respeitada nas suas limitações

e nos seu processo evolutivo de crescimento, apreciando assim, cada etapa do

seu crescimento, sem apagar suas experiências.

19

O SURGIMENTO DA CRECHE NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Com a tentativa de produzir na classe popular um sentimento de

manutenção a família.

As creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas,

políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das

mulheres às força de trabalho assalariado, na organização das

famílias, num novo papel da mulher, numa nova relação entre os

sexos, para citar apenas as mais evidentes. Mas, também por razões

que se identificam com um conjunto de idéias novas sobre a infância,

sobre o papel da criança na sociedade e de como torna-la, através da

educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse

conjunto social. (BUJES, 2001, p. 15)

A creche surge no Brasil após a Lei do Ventre Livre, voltada para o

atendimento dos filhos de ex-escravos, visando prevenir tendências anti-

sociais. Ainda no século XX até o final da década de setenta, a creche teve a

roupagem de moralizar e controlar os hábitos, costumes e valores das

populações desfavorecidas.

Nesse contexto as primeiras creches brasileiras foram implantadas

por médicos que, aliados às mulheres burguesas, realizaram seus

projetos higienistas, visando o atendimento dos filhos das

trabalhadoras domésticas. (FARIA. 1994)

Dentro desse contexto surge o primeiro Congresso Brasileiro de

proteção à Infância, abrangendo homens ligados à iniciativa particular e

pública. Esse congresso tinha por objetivo:

“[...] tratar de todos os assuntos que, direta e indiretamente, se

referiam à criança do ponto de vista social, pedagógico, higiênico,

em geral, como, particularmente em sua relações com a família, a

Sociedade e o Estado.” (KRAMER, 1982, p. 55).

20

O importante papel das creches comunitárias no âmbito da educação

infantil no Brasil, que em muitos municípios o seu número é muito mais elevado

que as creches públicas, resistiu durante a última década enquanto se discutia

em âmbito nacional os rumos da Educação Infantil. O movimento de creches

comunitárias cresce em larga escala, ao mesmo tempo que busca deixar sua

raízes assistencialistas e seu caráter extra-oficial, o que tem sido objeto de luta,

uma vez que alguns municípios vêem essas creches apenas como convênios.

De acordo com a obra de Àries (1981 apud BUJES, 2000, p. 27) a

infância é:

Um acontecimento moderno, produto de uma série de condições que

se conjugam e que estabelecem novas possibilidades de

compreensão de um fenômeno que antes de uma realidade biológica,

como se quis fazer crer, é um fato cultural por excelência.

A partir do século, XVII a sociedade passou a se interessar pelas fases

de desenvolvimento da criança. Entender como ela é e criar condições para

que elas se tornem seres úteis e de acordo com o modelo proposto pela

sociedade,

21

EDUCAÇÃO INFANTIL E AS NOVAS DEFINIÇÕES DA

LEGISLAÇÃO

É importante consideramos que a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9.394/96), assim como outras leis recentes a respeito

da infância, são conseqüentes da Constituição Federal de 1998 que definiu

uma nova doutrina em relação à criança que é a doutrina da criança como

sujeito de direitos. Desde a Constituição de 1988 ficou legalmente definida que

os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar e garantir os direitos

das crianças definidos no artigo 227 que diz :

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e

ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. (LEI

9.394/96)

Há vários instrumentos legais, garantindo os direitos de cidadania das

crianças brasileiras de zero a seis anos. São elas: Constituição Brasileira de

1998; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9394/96);

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – (DCNEI/99);

Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8069/90); Lei orgânica da

Assistência social – LOAS (Lei 8742/93).

No Brasil a Educação Infantil, somente no fim dos anos 80, assumiu o

engajamento de serviço educacional e de direito da criança.

A Constituição da República Federativa do Brasil, rege: Artigo 208, “O

dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de:

“[...] atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a

seis anos de idade” (BRASIL,1988, p. 91)”.

22

O artigo caracteriza a creche e a pré-escola como equipamento

primordialmente educacional. Dessa forma a educação infantil deixa de lado

seu caráter assistencial de antes, e passa a exigir uma atuação efetiva do

sistema educacional nas suas instâncias federais, estadual e municipal.

Na Lei 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB/96), em seu artigo 2° A educação,

dever da família e do Estado, “[...], tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, [...]”. (BRASIL, 1996, p. 1). Nela

o atendimento a criança de zero a seis anos de idade é

mencionado no artigo 29 como “A educação infantil, primeira

etapa da educação básica, tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em

seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade”. (BRASIL,

1996, p. 13)

A Educação Infantil passa a ser reconhecida como parte do sistema

municipal de educação. As creches e pré-escolas, públicas e privadas, que

eram consideradas de assistência social, precisam então se integrar ao

sistema municipal de educação, e devem estar sob a coordenação e

supervisão e orientação das secretarias de educação.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado através da Lei n°

8069/90 é regulamento, um conjunto de regras e orientações criadas por

grupos sociais de diversas partes do país. Com a preocupação de garantir o

direito constitucional da criança e do adolescente o Estatuto parte do princípio

de que a criança e o adolescente são cidadãos independente de sua condição

social. Essa condição faz diferente das legislações anteriores que atendiam

exclusivamente à infância pobre.

Atendendo a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

9.394/96) o Referencial Curricular para a Educação Infantil visa a amparar e

dar assistência pedagógica às crianças para que desenvolvam suas

capacidades e sejam integrada na sociedade.

23

“O Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam

para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas

identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à

infância são reconhecidos. Visa também, contribuir para que possa

realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa

educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação,

pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural”.

(RCNEI, 1998)

De acordo com o RCEI os objetivos gerais da Educação Infantil deve

atender ao atender ao desenvolvimento de algumas capacidades nas crianças,

como levá-las a desenvolver uma imagem positiva de si, com uma atuação

independente, tendo confiança em suas capacidades e percepção de suas

limitações; descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas

potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de

cuidado com a própria saúde de bem estar; estabelecer vínculos afetivos e de

trocas com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando

gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;

estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos

poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,

respeitando seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a

diversidade e desenvolvimento atitudes de ajuda e colaboração; observar e

explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais

como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e

valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; brincar,

expressando emoções, sentimentos pensamentos, desejos e necessidades;

utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)

ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a

compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos,

necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de

significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;

conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de

interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

24

DÓ RÉ MI... TEM MÚSICA AQUÍ

QUE SOM É ESSE ?

De acordo com do Dicionário Aurélio (1977) a classificação para a

palavra música nos diz que música é a arte e ciência de combinar os sons de

modo agradável ao ouvido.

Ainda ouvindo o som da palavra música o RCEI (1998) diz que a música

é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e

comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e

relacionamento expressivo entre som e silêncio.

Música é toda a percepção que temos da Natureza, pois para as

pessoas sensíveis o mundo está cheio de ruídos, é preciso ouvi-los, percebe-

los bem, contextualizá-lo para estarmos conectados com o mundo sonoro. “A

música de fundo foi criada para pessoas sem ouvido”. (SCHAFER, 1991, p. 69)

Já Terry (1997) fala que a música modela-se a partir de melodia e letra

configuradas numa determinada forma final, que por sua vez vai transcender a

simples soma de seus elementos isolados; onde a matéria da música é

combinação de matérias, som e palavra .

Para finalizar, Alencar (2003) nos diz que a música é um jogo de

relações entre sons e silêncio. E Hortélio (2004) afirma que música é o que de

mais sensível e mais essencial existe na cultura de um povo, pois é

nascedouro de uma cultura.

Vemos que o que tem se falado da música é algo que vem a somar na

vida do ser humano, numa troca de sentimentos e pensamentos, a música

mexe com a emoção e tem a sua particularidade em cada cultura, por

expressar as especialidades das diversas particularidades do homem.

25

MÚSICA PRA QUÊ ?

De acordo com o RCNEI (1998), a música tem a função de fazer a

integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim

como a promoção de integração e comunicação social. Pois é um excelente

meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e

auto-conhecimento, além de um poderoso meio de interação social.

Vemos que a música é um instrumento que permite que as crianças

desenvolvam muitas capacidades.

Ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes

sonoras e produções musicais; brincar com a música, imitar, inventar

e reproduzir criações musicais; explorar e identificar elementos da

música para se expressar, interagir com os outros e ampliar o seu

conhecimento de mundo; perceber e expressar sensações,

sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações,

composições e interpretações musicais. (RCNEI, 1998)

No contexto educacional, a emoção, paixão, expressão artística,

funciona como mais uma possibilidade de conhecimento, pois a escola dentro

de uma prática tão rígida enquadrada em modelos pautados na razão e nas

verdades cientificamente corretas, pode beneficiar-se com um novo olhar e

escuta do universo infantil.

Pretende-se tornar o trabalho da escola “cientificamente” orientado e

busca-se cientificidade a partir de certa visão de ciência para as

teorias de educação. Perdeu-se seu caráter de arte, de originalidade,

de ação humana crítica e autêntica de afetividade e paixão. Pode o

trabalho pedagógico ser visto também a partir de uma visão estética?

Perdeu o ensino sua aura (ou as verdades sacras de suas estratégias

“tradicionais”, sem que tenha surgido, ainda, um “novo” ensino, como

arte? (KRAMER, 1993, p. 59)

26

A música permite que tenhamos um outro olhar para a criança, sem que

a razão prevaleça, e sim um olhar artístico.

[...] utilizar a música para fazer um estudo teórico, sobre as questões

relativas a infância e, ao mesmo tempo, procurar entender a criança

através de um outro olhar, menos racional – o olhar da arte, da

emoção da música popular brasileira. Talvez seja, portanto, uma

oportunidade de ampliar os horizontes a pensar a música para sentir

a criança. (TERRY, 1997, p. 228)

Percebe-se que a música por si só, tem uma característica de estar

contextualizando a criança a um determinado tempo histórico, ela faz com que

haja uma troca de cultura, valores e experiências vividas.

A música popular modela-se a partir de melodia e letra configuradas

numa determinada forma final (que, por sua vez, vai transcender a

simples soma de seus elementos isolados). A matéria da música

popular é combinação de matérias – som e palavra – ambas

subjetivas, abstratas, inevitavelmente impregnadas dos valores de

seu momento histórico, de ideologia e cultura.

Os compositores expressam através da música as concepções de

vida e de mundo de sua época; expressam determinada experiência

– que não é apenas deles, individualmente, mas de uma coletividade.

Os compositores e suas canções são fruto de um determinado

contexto sócio cultural, de certo momento histórico. Nesse sentido,

poderíamos dizer que funcionam como uma espécie de porta-voz de

seu grupo social, exprimindo vivências, valores, experiências comuns

desse grupo. (TERRY, 1997, p. 229)

Ao adotar a música para o contexto da sala de aula, é importante ter

sensibilidade no seu uso, para fazer com que a criança se favoreça dela com

liberdade de expressão, e não só receba a música como um produto final e

acabado mas, com possibilidades de que a criança construa sua própria forma,

ou seja, construa sua própria visão artística a partir do que a professora

27

apresente, onde, a razão e a emoção, sua individualidade, seu contexto

histórico, suas relações a palavra e melodia influenciem no resultado final de

suas próprias produções.

A criação artística tem, portanto uma estreita ligação com a realidade

e com a experiência concreta (e não apenas com a fantasia): com a

coletividade (e não somente com as motivações individuais), com o

contexto social e a cultura. A música enquanto forma de expressão

artística, deve ser pensada a partir dessas polaridades –

complementares – e indissociáveis : real e fantasia, razão e emoção,

individualidade e anonimato, palavra e melodia. E, a estas, irá somar-

se outra, também de extrema importância : compositor e ouvinte. O

“acontecer “ de uma obra de arte não está na obra em si, mas nas

interações que se tecem entre quem produziu a obra, quem a

contempla e a própria obra. (TERRY, 1997, p. 230)

Alencar (2003) ainda diz que as crianças precisam ter oportunidade de

construir conhecimentos em música porque na música não está tudo pronto só

para se repetir.

Na arte, sabemos que a nossa visão sobre o resultado final está à mercê

de nossas emoções e nossas particularidades que temos individualmente, pois

nossa imaginação e emoção leva-nos a buscar os nossos próprios resultados,

afinal cada pessoa tem sua ótica em apreciá-la.

A obra não está terminada no momento em que o pintor dá sua última

pincelada ou quando o músico encerra os últimos acordes. Quem

aprecia, escuta, “recebe” a obra é, ao mesmo tempo, seu co-autor,

pois ali também irá imprimir os seus significados. É nesse diálogo, na

fusão de todos esses sentidos, que a obra de arte acontece. “Na

música, como na pintura, e até mesmo na palavra escrita, que é mais

positiva das artes, há sempre uma lacuna completada pela

imaginação do ouvinte” (BAUDELAURE apud JOBIM e SOUZA,

1994, p. 109)

Dentro do fazer musical, na sua dimensão artística a criança, envolve

emoção, corpo, imaginação e cognição, na sua percepção de mundo, no que

28

está ao seu derredor, se relacionando com o tempo e isso é uma vantagem no

fazer musical.

[...] a gente transcreve quando faz música porque ela integra o fazer,

o sentir e o pensar: o pensamento sócio – motor está presente

quando a criança toca, canta, se movimenta, escuta. Ao mesmo

tempo, ela pensa, em níveis de complexidade diferentes quando

escuta uma produção musical, presta atenção em diferentes

aspectos, relaciona outros etc.

A música é um jogo de relações entre sons e silêncio e é importante

poder perceber, ouvir, analisar e criar essas relações. O fazer musical

da criança está conectado com seu todo, corpo, imaginação e

intelecto, é como ela percebe o mundo, se relaciona com o tempo.

Esse é o benefício maior. (BRITO, 2003, p. 08)

Um bom trabalho com a música em sala de aula é aquele que deixa a

criança participar de todo o contexto, pensando, questionado e somando suas

experiências, pois as atividades com a música estão ligadas à descoberta e a

criatividade das crianças, aguçando sua aprendizagem e o seu

desenvolvimento. As crianças precisam ter experiências concretas com objetos

que emitem sons, instrumentos musicais ou outros e formar um vocabulário

específico para se referir a eventos sonoros, pois o manuseio de objetos

sonoros cria situações em que será possível agrupar ou separar os sons,

classificar e seriar.

Um trabalho que abra espaços para as coisas simples que são

compartilhadas, as experiências de fazer e pensar junto, saber o

porquê está fazendo, porque chama assim, o que é isso. Um trabalho

que permita que as crianças cheguem às suas conclusões, que

tenham experiências, dêem opiniões, que escutem, avaliem. ( BRITO,

2003, p.10)

29

Segundo Mafiolletti (2001) além de brincar de roda, cantar e bater

palmas no ritmo, proporcionar as crianças o manuseio de objetos sonoros é de

extrema importância. Pois a escola está atenta para a construção de conceitos

que se fundamentam na percepção visual e tátil. O manuseio sistemático de

objetos sonoros permite a estruturação de pequenos jogos ou peças musicais.

As crianças desenvolvem formas de trabalhar com os sons que permitirão

organizar suas ações e realizar atividades expressivas com esses materiais.

Agindo assim, as crianças aprendem a fazer parcerias, criam e reproduzem

pequenas combinações, que são esboços das regras que regem os sons de

sua cultura.

A autora ainda diz que no contato com a música, a criança precisa

aprender que um som pode se combinar com um outro som, e que

principalmente é viável resultar significados aos sons. E esse contato é o que

capacitará a criança a ser um ser humano capaz de compreender os sons de

sua cultura e de se fazer entender pelo uso constante dessas aprendizagens

nas trocas sociais.

As crianças precisam ter experiências concretas com objetos que

emitem sons, instrumentos musicais ou outros e formar um vocabulário

específico para se referir a eventos sonoros. O manuseio de objetos sonoros

cria situações em que será possível agrupar ou separar os sons, classificar e

seriar. (MAFFIOLETTI, 2001, p. 130):

“Na Educação Infantil, a ênfase tem que ser na vivência qualitativa

da música e na criação. A criança deve aprender a escutar, pensar

sobre o que ouviu e mostrar o que sabe fazer com os sons que

inventa.” (BRITO, 2003, p. 10)

Dentro da Educação infantil, fazer uso da música como instrumento para

o conhecimento e aprendizado das crianças é preciso saber que a abordagem

musical tem que estar apresentada de uma forma que, as crianças pensem

sobre o que está se ouvindo e em cima disso, mostrem o que elas podem criar

a partir de suas observações.

30

DESAFINAÇÕES DO SEU USO

A arte e o ato da criação têm um papel fundamental na Educação

Infantil, e usar a música para levar as crianças a repetir, parodiar, imitar o que

já foi feito pode levá-las a se tornar dependentes no raciocínio e desqualificar

suas próprias idéias e expressão.

Embora os professores tenham formação suficiente para discernir

sobre o que é adequado à formação das crianças, no que se refere à

música essa capacidade fica subestimada. As atividades musicais

são aprendidas e multiplicadas tradicionalmente, sem a devida

reflexão sobre seus reais objetivos. [...] Na hora em que todos os

alunos devem fazer algo juntos, a música aparece como uma forma

de homogeneizar o tempo escolar : entrada, merenda e descanso.

Esse é um típico uso da música como recurso na educação.

(MAFFIOLETTI, 2001, p. 134)

O RCNEI (1998) exorta que algumas instituições de ensino desviam os

objetivos reais da música na Educação infantil, tais como: levando as crianças

a criarem hábitos, atitudes e comportamentos, para a hora de lavar as mãos

antes do lanche, escovar os dentes, etc., ou até mesmo, cantarolar somente

nos eventos e datas festivas do calendário; também permitir que as crianças

através da música memorizem conteúdos relativos a números, letras do

alfabeto, cores, etc. Também é notório a disfunção da música aplicada em sala

de aula quando utiliza-se instrumentos confeccionados com material

inadequado e que são utilizados para formação de bandinhas rítmicas, com

uma qualidade de som deficitária, isso leva o aspecto mecânico e a imitação,

não deixando que as crianças criem ou, não deixando que as crianças

percebam a qualidade expressiva dos sons.

Segundo Maffioletti (2001) música que leva o desenvolvimento para a

criança é aquela que leva a construção do conhecimento a partir daquilo que

se ouve, mas nem todas as organizações permitem que a criança construa seu

aprendizado nesse princípio.

31

A música não é um produto acabado, e sim uma matéria prima, que

precisa ser lapidada pelas crianças, com suas criações.

[...] é que as pessoas se ocupam da música sempre em função de

outras coisas, quando na verdade, música é música ! Tem um valor

em si, é legítima como linguagem, como conteúdo. Uma coisa que

me incomoda profundamente é perceber como as pessoas não se

dão conta de que a música também é uma linguagem cujo o

conhecimento a criança deveria construir e que os adultos não

deixam porque já dão tudo pronto. (BRITO, 2003, p. 09)

A escola é o celeiro onde a música precisa ganhar o seu verdadeiro

papel de levar o indivíduo a construção de um raciocínio com liberdade de

expressão. Assim, aprender música não deve se resumir a escutar ou cantar o

que já está pronto. É preciso abrir um espaço para observar o que a criança

faz. E não é isso que se vê na maioria das vezes.

[...] Hoje em dia todo mundo fala de uma pedagogia construtivista,

buscando apresentar para as crianças algo que tenha significado pra

ela, se dedicando a perceber como pensa o mundo, o que ela já

sabe, que hipóteses ela cria sobre aquilo que percebe e faz em

diferentes áreas, mas com a música isso não acontece. Ainda se

propõe, na escola, uma música que não tem sentido para as

crianças. (BRITO, 2003, p.09)

Ensinar música, não é somente levar a criança a cantar, esse fazer tem

como base a produção e a reprodução das crianças. A utilização da música

em sala de aula ainda se destoa da sua real essência pois é uma ferramenta

subestimada muitos professores, mesmo quando são educadores qualificados.

O pensar na Educação Infantil está levando a muitos a pensarem suas práticas

musicais em sala de aula, visando o desenvolvimento musical da criança.

32

A MÚSICA CERTA DÁ SAMBA!

Quando se pensa um trabalho efetivo da assimilação da linguagem

musical no processo de ensino/aprendizagem, no ciclo da Educação Infantil,

duas questões centrais devem ser de imediato, contempladas: a apreciação do

“sentido musical” e o reconhecimento da “representação musical”, associada

às intenções descritivas, a associações, enfim, a tudo que estiver além do

puramente musical. Um caminho seguro na direção de uma educação

expressiva, criadora e reflexiva, contribuindo efetivamente com o processo

mais amplo de alfabetização.

[...]A música é um jogo de relações entre sons e silêncio e é

importante poder perceber, ouvir, analisar e criar essas relações. O

fazer musical da criança está conectado com seu todo, corpo,

imaginação e intelecto, é como ela percebe o mundo, se relaciona

com o tempo. Esse é o benefício maior. (BRITO, 2003, p. 08)

Usufruir da música não é uma questão de talento; para as crianças,

menos ainda. A criança é essencialmente um músico, pois ser músico é no

fundo, estar sensível aos sons, é se deixar tocar e envolver pela música. A

música está presente na vida cotidiana de todos, é parte integrante da nossa

existência. As experiências musicais da criança, quando realizadas

prazerosamente, poderão levá-la a amar a música por toda a vida e relacionar-

se melhor com o mundo.

Ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes

sonoras e produções musicais; brincar com a música, imitar, inventar

e reproduzir criações musicais; explorar e identificar elementos da

música para se expressar, interagir com os outros e ampliar o seu

conhecimento de mundo; perceber e expressar sensações,

sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações,

composições e interpretações musicais. (RCNEI, 1998)

33

A arte e o ato da criação têm um papel fundamental na Educação Infantil.

Criando pode-se vivenciar novos sentimentos, ter novas perspectivas e

compreender melhor a si mesmo e o mundo. A criança aprende através dos

seus sentidos e é a partir daí que a Educação deveria se firmar mais na

capacidade de ver, sentir, ouvir, cheirar e provar. O processo que a criança

usa, o pensamento, seus sentimentos e as suas percepções, muitas vezes

desconsideradas pelo adulto. A Educação deve concentrar-se no

desenvolvimento de experiências sensoriais em termos simples.

“A música enquanto forma de expressão artística, deve ser pensada

a partir dessas polaridades – complementares – e indissociáveis :

real e fantasia, razão e emoção, individualidade e anonimato,

palavra e melodia. E, a estas, irá somar-se outra, também de

extrema importância : compositor e ouvinte. O “acontecer “ de uma

obra de arte não está na obra em si, mas nas interações que se

tecem entre quem produziu a obra, quem a contempla e a própria

obra”. (TERRY, 1997, p. 230)

Estimular a criança a se expressar livremente, apresentando-lhe uma

novidade, uma brincadeira, uma música, tudo isso serve para desenvolver a

linguagem musical dos educandos. No período de alfabetização é importante

que as crianças cantem frequentemente, que ouçam uma história cantada. A

criança precisa aprender a expressar as suas habilidades, a música leva-a a

desenvolver suas idéias. O professor precisa saber aguçar a curiosidade, levar

às crianças a criar, pesquisar, selecionar, observar, refazer conceitos errados

adquiridos, descobrir novos caminhos. É importante a criança escutar histórias

da música, descobrir, pensar, e a música é um caminho para tudo isso.

34

CONCLUSÃO

Dentro do tema escolhido para investigação ficam considerações finais

que merecem ser destacadas. Pode-se observar que a evolução do conceito

de Educação Infantil chegou tarde na história do Brasil, percebo que esse fato

tem grandes influências na formação da sociedade e na construção da escola.

Vejo ainda que se a criança adquire desde o seu nascimento uma boa

orientação por meio de aparelhos institucionais especializados e profissionais

bem formados, elas têm condições de entender melhor a sociedade e agir

sobre ela. A pesquisa ainda mostra que o cuidado e o ingresso na vida

educacional das crianças de zero a seis anos não é um favor e sim uma

obrigação prevista na Lei.

Essa etapa da formação do indivíduo precisa ter mais do que uma

função de cuidar, que é válida e imprescindível, mas ainda sim precisa ter uma

função pedagógica tendo como princípio de seu trabalho a realidade e seus

limites bem como os conhecimentos infantis, ampliando-os por meio de

atividades que tenham significado real para as crianças e que proporcionem

aquisição de novos conhecimentos, e é por isso que fiz a abordagem da

música como ferramenta primordial para tal resultado. De acordo com

Snyders (1997, p. 79), “ A música não os prende apenas de um determinado

lado, não os atinge só em um determinado aspecto deles mesmos, mas toca o

centro de sua existência, atinge o conjunto de sua pessoa, coração, espírito,

corpo.”

A música tem o seu poder criador e libertador, é uma forma de

comunicação e expressão que está presente em todas as culturas mundiais e

até mesmo em todas as manifestações do homem, pois em qual lugar ou

situação que não se ouve o som? Ela tem uma suma importância para a vida

do homem, em qualquer evento o homem se apropria do som, da música.

Na escola o sentido de “fazer música” está ligado a fazer as crianças a

pensarem sobre música, somando sua experiências vividas, se importando

35

com o papel que a música tem sobre o conjunto de valores que constituem a

cultura humana.

Fazendo música essas crianças também pensam sobre música:

partindo de sua própria experiência, com as vivências e os

conhecimentos já conquistados, contextualizam o fazer numa

dimensão mais ampla e rica, refletindo, desde então, sobre a

importância e o papel que a música tem no conjunto de valores

constituintes da cultura humana. (BRITO, 2003, p. 6)

A música faz parte de nossa cultura e por isso leva-nos a perceber que

é importante que ela faça parte do contexto educacional, ela está muito

presente na vida humana, está presente em muitas práticas da humanidade.

O homem tem música, sente música, toca, canta e, de certa forma,

todo mundo reconhece sua importância para o ser humano. E

porque é importante na vida dos homens deve estar presente no

processo de educação. A música existe na cultura e a criança deve

ter acesso. O acesso ao conhecimento musical. (BRITO, 2003, p. 08)

Em suma, percebe-se que a música é uma expressão artística que sua

finalidade em especial na Educação Infantil é de provocar nas crianças a

criatividade, uma de suas características é levar a sensibilização do indivíduo

numa forma de comunicação e expressão.

Segundo Brito (2003, p. 8) “Tem que ter música na Educação porque

ela é uma forma de comunicação e expressão, uma linguagem da

sensibilidade, um dos modos de expressão artística. Porque ela lida com a

estética e a criatividade.”

Numa linguagem da sensibilidade a música envolve, capacita ao

raciocínio e permite que as crianças desenvolvam suas próprias habilidades

artísticas; levando-as a pensar e a criarem sua própria arte a partir do que elas

ouvem do som.

Por ser a música uma arte universal, e que se inicia desde o som do

choro do nascer de uma criança até a marcha fúnebre quando a mesma

36

morre, digo que a vida é uma melodia que precisa ser cantada desde a

Educação Infantil.

Não existe o silêncio total em condições de sobrevivência humana.

Mesmo antes do aparecimento do homem sobre a terra, ruídos

manifestavam-se através do bramido do mar, da força do vento

sobre a vegetação, de rios correndo entre pedras ou mesmo de

animais que emitem sons em tentativa de comunicação. O que se

deve ao homem é a combinação desses elementos para a

exteriorização de suas emoções, através da palavra cantada, dando

origem à música... A voz humana foi o primeiro instrumento de sopro

ao alcance do homem e à sua custa teriam-se originado não só a

palavra, mas o canto, a mais primitiva modalidade de música.

(SILVA, 1975, p. 7-8)

Antes do início desta pesquisa, a música na minha vida era mais

condensada a um “certo” romantismo, mas a partir dessa pesquisa pude

aprender que a música não é só um som afinado gostoso de se ouvir, não é só

uma prática de cantar, mas sim uma ferramenta necessária para todo indivíduo

que se faz presente em todo o mundo.

Com as observações que se pode fazer a respeito da música no

ambiente escolar, vimos que a música é uma arte inovadora que desenvolve o

ser humano por inteiro, a sua linguagem culta ou até mesmo explícita de

significados, oferece-nos um conjunto de coisas boas. Ao passo que se

apropria dela cria-se uma infinidade de benfeitorias que muitas vezes alcança

muito além dos objetivos propostos. Os educandos se apropriam de saberes

culturais, fortalecendo da experiência sensível e inventiva.

Penso que a música está à mercê da vida e da civilização, a música é o som

da vida, pois a...

A música serviu para a criação do mundo através da Palavra de Deus, mas

também destrói a humanidade com o som da violência;

37

A música seduz o coração com o som do galanteio de um homem na

conquista de sua amada, mas também fere um coração por um som de uma

palavra mal falada,

A música ecoa na bolsa d’água de um ventre na gestação de uma nova

criatura, mas também o seu som numa arma de fogo finaliza muitas vidas,

A música se derrama num sorriso pela felicidade de uma conquista, mas

também marca a dor na marcha fúnebre de uma despedida,

A música nos acompanha durante toda a nossa jornada, guardada na

lembrança por grandes momentos vividos, perfuma os nossos dias, dá ânimo,

inspiração, levita a alma, explicíta o coração, mas também entristece, fere,

machuca e condiciona.

Vejo que em tudo na vida a música se faz presente, cabe a cada um apropriar-

se dela e permitir que ela desabroche em cada um de nós o que temos de

melhor, levando-nos a ter uma interação social e mundial, por isso é de suma

importância que ela esteja no âmbito escolar, como ferramenta para a

educação.

38

REFERÊNCIAS

ÀRIES, Philippe. História Social da Criança. Rio de Janeiro: Guanabara,

1981.

__________. A Idéia de Infância na Pedagogia Contemporânea, In: Revista em Aberto. Brasília: INEP/MEC, 1982.

______. Por entre as pedras: Arma e Sonho na Escola. São Paulo: Ática, 1993.

______. Constituição Brasileira, de 5 de outubro de 1988. Capítulo III dispõe da educação, da cultura e do desporto. Brasília, DF 5 de out. 1998.

______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 de dez. 1996.

______. Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília DF, 1998.

BRITO, Teca Alencar. Avisalá. A Música da Criança, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 6- 17, set. 2003.

BUJES, Maria Isabel Edelweiss. O fio da Trama. As crianças na Malha do poder. Revista educação e Realidade, Porto Alegre, v 25, n 1, p. 27-42, jan./jun. 2000.

FARIA, Sonimar Carvalho: OLIVEIRA. Evandro Lima de. Municipalização, poder local e educação de 0 a 6 anos em Niterói. Monografia de Graduação. UFF/ESS. Niterói, 1994.

FUKS, Rosa. O discurso do silêncio. Rio de janeiro: Enelivros, 1991.

39

HORTÉLIO, Lydia. Pátio Educação Infantil. Rio de Janeiro, Ano I, n.3, p. 21-24, Dez 2003/Mar 2004.

JOBIM e SOUZA, Solange. Infância e linguagem – Bakhtin, Vygotsky e Benjamim. São Paulo: Papirus, 1994.

KRAMER, Sonia; SOUZA, Solange Jobim e. Educação ou Tutela? a criança de 0 a 6 anos. São Paulo: Loyola, 1998.

MAFFIOLETTI, Leda. Práticas Musicais na Escola Infantil In: CARMEN CRAIDY. GLÁDIS E. KAERCHER. Educação Infantil: Pra que te Quero? Porto Alegre: Artmed, 2001, 123-134.

MEDINA, C.A . Música Popular e Comunicação. Petrópolis: ED. Vozes, 1973.

RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira: A organização escolar. 15. ed. São Paulo: Autores Associados, 1998.

SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Unesp. 1991.

SILVA, Vânia Marise de Campos e. Educação Especializada para deficientes Mentais. Goiana: Oriente, 1975.

SNYDERS, Georges. A Escola Pode ensinar as Alegrias da Música? 3. ed. São Paulo: Cortez, 1997.