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Ana Maria Gomes Rodrigues
O GOODWILL NAS CONTAS CONSOLIDADAS: UMA ANLISE DOS GRUPOS NO
FINANCEIROS PORTUGUESES
Dissertao de Doutoramento em Organizao e Gesto de Empresas
FACULDADE DE ECONOMIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
2003
Ana Maria Gomes Rodrigues
O GOODWILL NAS CONTAS CONSOLIDADAS: UMA ANLISE DOS GRUPOS NO
FINANCEIROS PORTUGUESES
Orientadores: Doutora Lcia Maria Portela Lima Rodrigues, Professora Associada da Escola de Economia e Gesto da Universidade do Minho. Doutor Vicente Condor Lpez, Professor Catedrtico da Universidade de Saragoa.
VOLUME II
2003
AGRADECIMENTOS
Examinei o antigo caminho, a velha estrada seguida pelos seres despertos que vieram antes, esta foi a senda que segui. Siddhartha-Gautama (Budha)
Um pesquisador livre para aceitar ou rejeitar qualquer opinio, mas espera-se que, antes de rejeit-la, a considere seriamente e com esprito aberto. I. K. Taimni (1969:21), O Homem, Deus e o Universo
Qualquer tese de doutoramento representa o contributo de muitas pessoas. Esta no
excepo, pelo contrrio, a prova cabal de que todos no so muitos quando o objectivo
ambicioso.
Ao contributo de tantas e tantas pessoas e instituies se ficou a dever a
concretizao deste trabalho. Da, a minha gratido a todos aqueles que, amavelmente, o
assumiram como um objectivo prprio, no sendo, contudo, as falhas e incorreces que o
mesmo apresente, seno imputveis a mim prpria, por no ter sabido interpretar to bem
quanto necessrio as sugestes que generosamente me foram sendo oferecidas.
Assim, quero expressar os meus especiais agradecimentos:
o Prof. Doutora Lcia Rodrigues, da Universidade do Minho, orientadora desta
dissertao, pelo seu incentivador e crtico apoio durante esta longa jornada;
o ao Prof. Doutor Condor Lpez, da Universidade de Saragoa, co-orientador desta
dissertao, que, incondicionalmente, me recebeu e apoiou, envolvendo-se
intensamente nos objectivos da minha pesquisa, a cujos conselhos, sempre
oportunos, devo, inequivocamente, o enriquecimento do meu projecto de trabalho.
Cabe-me, ainda, realar a prestimosa contribuio de muitos outros Professores e
amigos, tais como o Prof. Doutor Chris Lefebvre, da Universidade de Leuven, que tambm
me acompanhou neste trajecto, recebendo-me em Leuven, mais do que como colega, como
um amigo, e que me disponibilizou importantes fontes de informao, alm do inestimvel
suporte dos seus aconselhamentos cientficos, o Prof. Doutor Archel Domench, da
Universidade de Pamplona, o Prof. Doutor Jos de Jesus, da Faculdade de Economia da
Universidade do Porto, a Dra. Leonor Ferreira, do ISEG, os Prof. Doutores Pedro Ferreira,
Xavier de Basto e Antnio Martins, da Faculdade de Economia da Universidade de
ii
Coimbra. Todos, como amigos e especialistas de reas afins, contriburam objectivamente
para a materializao deste trabalho.
Ainda a minha sincera gratido para:
o a FEUC por me ter facultado as condies para a elaborao da tese;
o o Alfredo Vieira, a Cristina Nunes, a Margarida Robalo, a Brbara Oliveiros, a
Margarida Marques, a Lara Ventura, o Joo Margarido e, companheiros de todas as
horas, a quem devo pontuais, mas imprescindveis, colaboraes, que tornaram
mais fceis as etapas de construo e finalizao desta dissertao;
o a todos os que, trabalhando na FEUC, pela sua disponibilidade, pela sua gentileza e
quantas vezes no seu anonimato, tornaram mais fceis as horas difceis de um
percurso a parecer, s vezes, interminvel.
Uma palavra muito especial para:
o as sociedades inquiridas, que colaboraram no preenchimento dos inquritos,
elementos centrais deste trabalho, e cujo generoso contributo se revelou
absolutamente indispensvel para a sua concretizao.
o a OROC, nas pessoas do seu Presidente, Dr. Vieira dos Reis, assim como o Dr.
Gastambides Fernandes e a Filipa Gonalves;
o as extraordinrias equipas das Bibliotecas do ISCAC e da Universidade de
Saragoa.
Registo, ainda, a minha dvida de gratido para com inmeras pessoas, individuais e
colectivas, que, no sendo nomeadas, foram, contudo, referncias explcitas de
acompanhamento e ajuda neste percurso, pelo que sero sempre lembradas com especial
carinho.
Finalmente, um pensamento muito especial para o Carlos, companheiro de vida,
sempre presente, e para os meus amigos-irmos que sempre me encorajaram, alm de
terem suportado aquela flutuao de estados de alma, inevitvel nos trajectos de longa e
penosa durao. De mil formas diferentes souberam sorrir e criar sol nos momentos mais
difceis, reforando-me a autoconfiana, exorcizando-me os medos e as dvidas, enfim,
embalando-me a esperana e acenando-me com a certeza do bom xito da jornada.
iii
Num verdadeiro acto de f, pus paixo e vontade ao servio desta etapa da vida.
Li, ou contactei presencialmente, muitos seres despertos que vieram antes, e
reflecti, amadurecendo em velhas e novas estradas, com a abertura de esprito de quem
quer, efectivamente, crescer.
As pginas que se seguem so, pois, o produto alqumico da senda que segui...
iv
NDICE
DEDICATRIA i
AGRADECIMENTOS ii
NDICE v
NDICE DE QUADROS xiv
NDICE DE GRFICOS xxv
LISTA DE ABREVIATURAS xxix
INTRODUO 1
PARTE I DESENVOLVIMENTOS TERICOS E REVISO DA LITERATURA
1. AS CONCENTRAES EMPRESARIAIS E OS GRUPOS DE SOCIEDADES 1.1. Origem e desenvolvimento 16
1.2. O caso particular dos grupos de sociedades 20
1.2.1. Generalidades 22
1.2.2. A diversidade dos conceitos de grupo 26
1.3. Os grupos na contabilidade: a classificao contabilstica prevista no
POC para as relaes entre empresas
34
2. IMPLICAES DA PRESENA DOS GRUPOS DE SOCIEDADES NA INFORMAO CONTABILSTICA
2.1. Informao individual versus informao consolidada: vantagens e
limitaes
40
2.2. A informao contabilstica consolidada e os activos intangveis 52
3. ELABORAO DAS DEMONSTRAES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS: CONTRIBUIES TERICAS E REFERENCIAIS NORMATIVOS
3.1. Teorias subjacentes elaborao da informao consolidada 59
3.2. Implicaes das teorias e das normas em alguns aspectos conceptuais
e metodolgicos das DFC
78
3.2.1. Determinao do grupo a consolidar: permetro de consolidao 79
3.2.2. Data de elaborao das DFC 91
3.2.3. Polticas contabilsticas 95
3.2.4. Mtodos de consolidao e seus problemas especficos 97
3.2.4.1. Mtodo de consolidao integral (MCI) 98
v
3.2.4.2. Mtodo de consolidao proporcional (MCP) 100
3.2.4.3. Mtodo de equivalncia patrimonial (MEP) 106
3.3. A consolidao de contas e o normativo contabilstico portugus 113
3.3.1. Panormica geral 113
3.3.2. mbito da consolidao 118
3.3.2.1. Sociedades a integrar na consolidao 118
3.3.2.2. Dispensas e excluses 123
3.3.2.3. Mtodos e tcnicas 131
3.4. O caso particular da eliminao do valor da participao financeira e
a evidenciao das diferenas de consolidao nas DFC
134
3.5. Limitaes e novas perspectivas da informao financeira
consolidada
140
4. OS ACTIVOS INTANGVEIS NAS CONTAS CONSOLIDADAS: CONTRIBUIES TERICAS E PRINCIPAIS REFERENCIAIS NORMATIVOS
4.1. Conceitos de activo intangvel 166
4.2. Identificabilidade, capacidade de gerao de benefcios e valorizao 171
4.3. O caso particular do goodwill 192
4.3.1. Controvrsia em torno do conceito de goodwill 192
4.3.2. Componentes do goodwill: teoria da agregao versus teoria da
desagregao
206
4.3.3. Tratamento contabilstico: reconhecimento inicial versus
reconhecimento subsequente
213
4.3.3.1. Reconhecimento inicial: mtodo da capitalizao 214
4.3.3.2. Reconhecimento inicial: mtodo do abate 219
4.3.3.3. Tratamento subsequente: amortizao anual sistemtica 235
4.3.3.4. Tratamento subsequente: reviso anual sistemtica do seu
valor (impairment)
248
4.3.4. ltimas orientaes normativas no registo contabilstico do
goodwill positivo
252
4.3.5. O goodwill e o normativo contabilstico portugus 260
PARTE II METODOLOGIA
1. DESCRIO DA POPULAO EM ESTUDO 1.1. O mercado de capitais e as sociedades com aces admitidas cotao 272
vi
1.2. Identificao da populao 273
1.3. Identificao das amostras 282
1.4. A representatividade da populao e das amostras por grandes reas
de actividade econmica
291
2. RECOLHA DE DADOS 2.1. Investigao por inqurito 296
2.1.1. Fiabilidade da investigao 298
2.1.2. Os questionrios e os seus contedos 300
2.1.2.1. Procedimentos e dificuldades associadas obteno de
respostas
306
2.1.2.2. Perfil dos subscritores 311
2.2. Relatrios e Contas Consolidadas 313
3. ESTUDOS A DESENVOLVER 3.1. Caracterizao dos grupos no financeiros com aces cotadas na
BVL
319
3.2. Polticas e estratgias de aquisio 319
3.3. Razes subjacentes aquisio de partes de capital e a teoria da
desagregao do goodwill
320
3.4. Procedimentos contabilsticos utilizados na contabilizao de uma
operao de aquisio de partes de capital, com particular realce
para a contabilizao do goodwill
335
3.5. Prticas utilizadas na elaborao das DFC e divulgadas nos
Relatrios e Contas Consolidadas
339
4. VARIVEIS E TRATAMENTO DOS DADOS 4.1. Escalas de medida das variveis 344
4.2. Fiabilidade interna e externa 348
4.3. A validade interna 350
4.4. Seleco das tcnicas estatsticas para a anlise dos dados 353
4.4.1. Anlise exploratria e descritiva 354
4.4.2. Construes de ndices 355
4.4.3. Anlise no clssica de clusters 356
4.4.4. Testes estatsticos 359
4.5. Breve sntese 368
vii
PARTE III APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS
1. CARACTERIZAO DOS GRUPOS NO FINANCEIROS COM ACES COTADAS
NA BVL
1.1. Caracterizao dos grupos constituintes da populao 374
1.2. Anlise de eventuais desvios entre as diferentes amostras que
integram a populao
396
2. DISCUSSO DOS RESULTADOS DO QUESTIONRIO DAS RAZES
2.1. Polticas e estratgias de aquisio de participaes sociais 407
2.1.1. Polticas de aquisio de partes de capital: explcitas versus
implcitas
410
2.1.2. Polticas de crescimento dos grupos portugueses: externo versus
interno
411
2.1.3. Estratgias de aquisio dos grupos no financeiros 414
2.1.4. Anlise da importncia atribuda a diversos objectivos a atingir
com a aquisio de participaes sociais em anlise
416
2.1.5. Anlise de trs dos objectivos anteriormente considerados:
primeiro e segundo objectivos mais importantes e o objectivo
menos importante
421
2.1.6. Polticas de aquisies de partes de capital: nacionais e
estrangeiras
425
2.1.7. Volumes de capitais envolvidos nas aquisies de partes de
capital em sociedades nacionais e estrangeiras
426
2.1.8. Aquisies de partes de capital realizadas em bolsa e fora de
bolsa
429
2.1.9. Tipo de negociao subjacente aquisio de partes de capital:
amigveis versus no amigveis
431
2.1.10. Anlise das eventuais associaes entre aquisies realizadas em
bolsa e fora de bolsa e o tipo de negociao subjacente
433
2.1.11. Anlise das eventuais associaes entre preos de compra e
diferenas de aquisio e o tipo de negociao subjacente
(amigvel versus hostil)
435
2.1.12. Tipos de aquisies de partes de capital realizadas com
referncia s percentagens de capital adquiridas, s
437
viii
percentagens de votos detidos e s diferenas de aquisio
geradas
2.1.13. Anlise das eventuais associaes entre o tipo de participao
adquirida (maioritria versus minoritria) e as operaes
realizadas em bolsa e fora de bolsa
441
2.1.14. Anlise dos grupos da amostra e das participaes de capital
adquiridas, por grandes reas de actividade
442
2.1.15. Estratgias sectoriais de aquisio 446
2.1.16. Coincidncia de sectores entre a sociedade adquirente e
adquirida e as diferenas de aquisio geradas nas operaes de
aquisio
451
2.1.17. reas de actividade e capitalizao bolsista 452
2.2. Componentes do goodwill teoria da desagregao 453
2.2.1. Estudo das motivaes gerais para a determinao do preo das
aquisies
454
2.2.1.1. Tipologia das caractersticas mais frequentemente
apontadas como determinantes numa operao de compra de
partes de capital em filiais e associadas
455
2.2.1.2. Escales de importncia das diferentes razes gerais e o teste
de propores
467
2.2.1.3. A diferena de aquisio (goodwill) e as razes gerais 473
2.2.1.4. Tendncias comuns identificadas no processo de aquisio
de partes de capital: as primeiras e segundas razes gerais
mais importantes versus as razes gerais menos importantes
479
2.2.1.5. Modelo de clusters e a diferente natureza das razes gerais 488
2.2.1.6. Um modelo de anlise dos pesos das diferentes razes gerais
agregadas em seis diferentes reas de anlise, enquanto
determinantes do valor da diferena de aquisio (Modelo
Parcial)
491
2.2.1.7. Um modelo de anlise dos pesos das diferentes razes gerais
agregadas nas trs componentes principais consideradas,
enquanto determinantes do valor da diferena de aquisio
(Modelo Agregado)
495
ix
2.2.2. Estudo das motivaes especficas para a determinao do preo
das aquisies
500
2.2.2.1. Tendncias comuns identificadas no processo de aquisio
de partes de capital: as primeiras e segundas razes
especficas mais importantes versus as razes especficas
menos importantes em cada uma das seis reas
consideradas
502
2.2.2.2. A diferena de aquisio (goodwill) e as vrias razes
especficas
516
2.2.2.3. Modelo de clusters e a diferente natureza das razes
especficas integradas em cada uma das razes gerais
(Modelo Multifactorial Lato)
525
2.2.2.4. Um modelo de anlise dos pesos das vrias razes
especficas agregadas nas seis diferentes reas de anlise
consideradas, enquanto determinantes do valor da
diferena de aquisio (Modelo Parcial)
534
2.2.2.5. Razes subjacentes ao diferencial entre o preo de
aquisio e o valor contabilstico da participao
adquirida
537
2.2.2.6. As razes especficas em cada uma das reas
consideradas, significncia estatstica e sua contribuio
para a tipologia das razes especficas mais importantes
para a fixao do preo de aquisio de partes de capital
em filiais e associadas (Modelo Multifactorial Restrito)
542
2.2.2.7. Anlise das razes especficas presentes em cada uma das
reas que podem ser consideradas razes estratgicas
subjacentes a uma operao de compra de partes de
capital
547
2.2.3. Estudo dos efeitos de sinergia 553
2.2.3.1. Aquisio de partes de capital caractersticas das
empresas antes da aquisio e consequncias sobre o
desempenho futuro do conjunto, pelo aproveitamento dos
efeitos de sinergia
554
x
2.2.3.2. Tendncias comuns identificadas no processo ps-aquisio
de partes de capital
555
2.2.3.3. Modelo de clusters e a diferente natureza dos efeitos de
sinergia reconhecidos nas diferentes reas
563
2.2.3.4. Factores crticos de sucesso ps-operao de aquisio ou
anlise dos efeitos de sinergia considerados mais relevantes
em cada uma das reas
570
2.2.4. Um modelo de anlise dos pesos das diferentes razes gerais
agregadas nas trs componentes principais com a considerao
conjunta dos efeitos de sinergia, enquanto determinantes do
valor da diferena de aquisio (Modelo Total)
577
2.2.5. Breve sntese 581
3. DISCUSSO DOS RESULTADOS DO QUESTIONRIO DA CONTABILIZAO
3.1. Particularidades nas aquisies de participaes sociais 586
3.1.1. Modelos de avaliao das participaes sociais 587
3.1.2. Tratamento contabilstico da aquisio de participaes sociais 591
3.1.2.1. Anos de aquisio, preos e valores contabilsticos das
partes de capital
591
3.1.2.2. Tipos de financiamento nas operaes de aquisio das
participaes
606
3.1.2.3. Existncia de eventuais acordos nas operaes de
aquisio de participaes
610
3.1.2.4. Ligaes existentes entre as sociedades adquirentes e
adquiridas
613
3.1.3. Contabilizao das participaes adquiridas nas contas
individuais da sociedade adquirente
618
3.2. Contabilizao das participaes adquiridas nas contas consolidadas
e sua compatibilidade com os requisitos normativos
627
3.2.1. Mtodos de consolidao utilizados pelos grupos 628
3.2.1.1. Tratamento contabilstico das participaes sociais
includas nas contas consolidadas pelo MCI e MCP
630
3.2.1.2. Tratamento contabilstico das participaes sociais
includas nas contas consolidadas pelo MEP
654
xi
3.3. Tratamento contabilstico das diferenas de consolidao (goodwill
positivo)
659
3.3.1. O conceito de goodwill 662
3.3.2. Mtodos de contabilizao 672
3.3.3. Reconhecimento inicial do goodwill como activo e o seu
tratamento subsequente
676
3.4. Alguns aspectos particulares do goodwill: discusso de hipteses 680
3.4.1. Critrios de valorimetria aplicados no clculo das diferenas de
consolidao
681
3.4.2. Mtodos de contabilizao do goodwill 693
3.4.3. Causas explicativas da utilizao de diferentes mtodos de
contabilizao do goodwill nas contas consolidadas
708
3.4.4. Eventuais consequncias na informao consolidada resultantes
da utilizao de diferentes mtodos de contabilizao para
registar as diferenas de consolidao (goodwill positivo)
722
4. DISCUSSO E ANLISE DOS RELATRIOS E CONTAS NAS VERTENTES EM
ESTUDO
4.1. Discusso e anlise do tratamento contabilstico das diferenas de
consolidao divulgadas nos relatrios e contas consolidados dos
grupos da populao
729
4.2. As diferenas de consolidao 733
4.2.1. Critrios de valorimetria utilizados e o clculo das diferenas de
consolidao
734
4.2.2. Compensao entre diferenas de consolidao de natureza
distinta
743
4.2.3. Mtodos de contabilizao utilizados para o reconhecimento
inicial das diferenas de consolidao
746
4.2.4. Tratamento contabilstico posterior ao reconhecimento inicial
das diferenas de consolidao no activo e polticas de
amortizao
751
4.3. Informaes relativas s diferenas de consolidao divulgadas nos
relatrios e contas consolidados e a reviso de contas
755
4.4. Breve sntese da anlise de contedo dos relatrios e contas 758
xii
consolidados
5. PROPOSTA PARA UMA CONTABILIZAO MAIS ADEQUADA DO GOODWILL
5.1. Confronto dos resultados dos questionrios e da anlise dos
relatrios e contas e a necessidade de novos mtodos para a
contabilizao do goodwill
764
5.2. Proposta para uma diferente contabilizao do goodwill 768
5.2.1. Reconhecimento pleno dos elementos integrantes do goodwill nas
DFC
768
5.2.2. Reconhecimento dos elementos integrantes do goodwill no
ABDRC
776
5.2.3. Eventuais crticas s propostas avanadas 778
CONCLUSO 782
BIBLIOGRAFIA CITADA 799
ANEXOS
xiii
NDICE DE QUADROS
Quadro I.3.1: Implicaes da teoria financeira e econmica em algumas
rubricas das contas consolidadas
70
Quadro II.1.1: Nmero de sociedades com aces cotadas na Bolsa de Valores
no perodo 19941998
272
Quadro II.1.2: A capitalizao bolsista das sociedades com aces cotadas em
bolsa, em 1998
280
Quadro II.1.3: O volume de transaces das sociedades com aces cotadas em
bolsa, em 1998
280
Quadro II.1.4: A capitalizao bolsista das sociedades da populao com
aces cotadas em bolsa que divulgam informao consolidada
284
Quadro II.1.5: O volume de transaces das sociedades da populao com
aces cotadas em bolsa que divulgam informao consolidada
284
Quadro II.1.6: Nmero de sociedades com aces cotadas e que apresentavam
contas consolidadas ao longo do perodo
285
Quadro II.1.7: Sociedades que compem as amostras 290
Quadro II.1.8: Repartio da populao e das diferentes amostras pelas trs
reas de actividade econmica
293
Quadro II.2.1: Grupos funcionais 312
Quadro II.2.2: Habilitaes Acadmicas 313
Quadro II.4.1: Valores dos de Cronbach nas seis reas gerais 349
Quadro II.4.2: Valores dos de Cronbach nas trs componentes consideradas 349
Quadro III.1.1: Repartio dos grupos por classes de dimenso com referncia
aos activos totais
376
Quadro III.1.2: Repartio dos grupos por classes de dimenso em funo do
volume de negcios consolidados
376
Quadro III.1.3: Repartio dos grupos em funo do seu nmero de
trabalhadores
377
Quadro III.1.4: Repartio dos grupos em funo do seu volume de activos
corpreos, em milhes de contos
378
Quadro III.1.5: Repartio dos grupos em funo do seu volume de activos
incorpreos
379
xiv
Quadro III.1.6: Repartio dos grupos da populao em funo do saldo da
conta diferenas de consolidao do activo
380
Quadro III.1.7: Repartio dos grupos da populao em funo do saldo da
conta diferenas de consolidao registadas nos capitais prprios
380
Quadro III.1.8: Repartio dos grupos da populao em funo do saldo da
conta diferenas de consolidao registadas em diferenas de
consolidao e ajustamentos de partes de capital e filiais e
associadas nos capitais prprios
381
Quadro III.1.9: Classes do indicador imobilizaes incorpreas/activo total, na
populao
381
Quadro III.1.10: Classes do indicador imobilizaes incorpreas/capitais
prprios consolidados, na populao
382
Quadro III.1.11: Classes do indicador diferenas de consolidao
activas/imobilizaes incorpreas totais, na populao
382
Quadro III.1.12: Repartio dos grupos em funo dos passivos detidos 383
Quadro III.1.13: Repartio dos grupos em funo do seu volume de capitais
prprios
383
Quadro III.1.14: Repartio dos grupos em funo do seu volume de
resultados lquidos consolidados
384
Quadro III.1.15: Ranking dos dez maiores grupos por activos detidos 385
Quadro III.1.16: Ranking dos dez menores grupos por activos detidos 386
Quadro III.1.17: Ranking dos dez maiores grupos no financeiros por
resultados consolidados gerados
388
Quadro III.1.18: Ranking dos dez menores grupos no financeiros por
resultados consolidados gerados
389
Quadro III.1.19: Repartio dos grupos em funo dos seus valores de
capitalizao bolsista ao longo de 19941998
390
Quadro III.1.20: Classes do valor do rcio valor de mercado/valor
contabilstico para a populao no perodo 19941998
393
Quadro III.1.21: Medidas de localizao do rcio valor de mercado/valor
contabilstico
393
Quadro III.1.22: Valores mdios do indicador valor de mercado/valor
contabilstico por reas de actividade
394
xv
Quadro III.1.23: Os cinco maiores grupos em volume de imobilizados
incorpreos detidos
396
Quadro III.1.24: Diferentes amostras de grupos no perodo 19941998
frequncias e teste
397
Quadro III.1.25: Mdia dos ranks para as quatro variveis, nas trs amostras,
no perodo considerado
399
Quadro II.1.26: Teste de Kruskal-Wallis para as quatro variveis no perodo
considerado
400
Quadro III.1.27: Valores mdios em milhes de contos e taxa de crescimento
da populao ao longo de 1994-1998
401
Quadro III.1.28: Valores mdios das variveis consideradas e taxas de
crescimento ao longo do perodo nas trs amostras
402
Quadro III.1.29: Taxas de crescimento mdio nas trs amostras consideradas,
no perodo de 19941998
402
Quadro III.1.30: Testes multivariados 404
Quadro III.1.31: Testes dos efeitos entre sujeitos 405
Quadro III.2.1: Polticas de aquisio frequncias e teste 410
Quadro III.2.2: Polticas de crescimento frequncias e teste 413
Quadro III.2.3: Estatsticas descritivas, frequncias e teste de Cochran 414
Quadro III.2.4: Graus de importncia atribudos aos objectivos a atingir com
as aquisies
416
Quadro III.2.5: Estatsticas descritivas, frequncias e teste de Friedman 420
Quadro III.2.6: Quantidade de ocorrncias da varivel: 1 objectivo mais
importante, frequncias esperadas e teste do qui-quadrado
422
Quadro III.2.7: Quantidade de ocorrncias da varivel: 2 objectivo mais
importante, frequncias esperadas e teste do qui-quadrado
423
Quadro III.2.8: Quantidade de ocorrncias da varivel objectivo menos
importante, frequncias esperadas e teste do qui-quadrado
424
Quadro III.2.9: Nacionalidade das participaes adquiridas frequncias e
teste
426
Quadro III.2.10: Preo de aquisio das participaes frequncias e teste 427
Quadro III.2.11: Diferenas de aquisio das participaes frequncias e
teste
427
xvi
Quadro III.2.12: Classes do preo de aquisio nas participaes estrangeiras
frequncias e teste
428
Quadro III.2.13: Classes da diferena de aquisio nas participaes
estrangeiras frequncias e teste
429
Quadro III.2.14: Operaes em bolsa e fora de bolsa frequncias e teste 431
Quadro III.2.15: Tipo de negociaes frequncias e teste 433
Quadro III.2.16: Tabela de dupla entrada tipo de negociao e local de
realizao
433
Quadro III.2.17: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 434
Quadro III.2.18: Tabela de dupla entrada tipo de negociao e classes de
preo de aquisio das partes de capital
436
Quadro III.2.19: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 436
Quadro III.2.20: Operaes de aquisio frequncias e teste 438
Quadro III.2.21: Operaes de aquisio e diferenas de aquisio geradas
frequncias
439
Quadro III.2.22: Tipo de participao: maioritria versus minoritria
frequncias e teste
439
Quadro III.2.23: Percentagens de participao detidas pelos grupos nas
participaes adquiridas
440
Quadro III.2.24: Tabela de dupla entrada tipo de participao e local de
realizao
441
Quadro III.2.25: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 442
Quadro III.2.26: Repartio por rea das sociedades adquirentes frequncias
e teste
443
Quadro III.2.27: Operaes de aquisio realizadas por reas de actividade
frequncias e teste
444
Quadro III.2.28: Distribuio por reas de actividade das sociedades
adquirentes versus repartio por reas de actividade da populao
frequncias e teste
445
Quadro III.2.29: Classes dos valores das operaes de aquisio realizadas por
reas de actividade
445
Quadro III.2.30: Repartio dos grupos com base nas estratgias sectoriais 447
Quadro III.2.31: Estatsticas descritivas, frequncias e teste de Cochran 448
xvii
Quadro III.2.32: Sectores da me e filha frequncias e teste 450
Quadro III.2.33: Coeficiente de correlao de Spearman: coincidncia de
sectores e diferena de aquisio
452
Quadro III.2.34: Distribuio de frequncias dos graus de importncia das
diferentes razes gerais
455
Quadro III.2.35: Estatsticas descritivas das razes gerais 458
Quadro III.2.36: Estatsticas de ordem: percentis para as diferentes razes
gerais
459
Quadro III.2.37: Testes da normalidade das distribuies das razes gerais 461
Quadro III.2.38: Correlaes de Spearman para as diferentes razes gerais 462
Quadro III.2.39: Nveis do organigrama em funo dos valores das medidas de
localizao central das diferentes razes gerais
464
Quadro III.2.40: Escales das razes gerais: frequncias absolutas e relativas 467
Quadro III.2.41: Frequncias e teste de Cochran dos escales de importncia
das razes gerais
469
Quadro III.2.42: Estatsticas e teste de Friedman para as razes gerais 471
Quadro III.2.43: Correlaes de Spearman: goodwill e as razes gerais 474
Quadro III.2.44: Frequncias absolutas e relativas das razes gerais 480
Quadro III.2.45: Tabela de dupla entrada: a 1 razo geral mais importante
versus a razo geral menos importante
482
Quadro III.2.46: Testes do qui-quadrado 483
Quadro III.2.47: Medida de concordncia de Kendall 484
Quadro III.2.48: Quantidade de ocorrncias da varivel 1 razo geral mais
importante: frequncias e o teste do qui-quadrado
486
Quadro III.2.49: Quantidade de ocorrncias da varivel razes gerais menos
importante frequncias e e o teste do qui-quadrado
487
Quadro III.2.50: Natureza das variveis 491
Quadro III.2.51: Peso das diferentes razes gerais e o de Cronbach 494
Quadro III.2.52: Elementos integrantes da diferena de aquisio 497
Quadro III.2.53: Peso das trs componentes e o de Cronbach 497
Quadro III.2.54: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Valorizao
503
Quadro III.2.55: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas 505
xviii
Comercial
Quadro III.2.56: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Tecnologia
506
Quadro III.2.57: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Recursos Humanos (RH)
508
Quadro III.2.58: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Contexto
510
Quadro III.2.59: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Capacidades de Negociao I
512
Quadro III.2.60: Frequncias absolutas e relativas das razes especficas
Capacidades Negociao II
513
Quadro III.2.61: Modelo de regresso linear mltiplo 519
Quadro III.2.62: Resumo da ANOVA 520
Quadro III.2.63: Estatsticas dos resduos 523
Quadro III.2.64: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
valorizao
526
Quadro III.2.65: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
caractersticas comerciais
527
Quadro III.2.66: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
caractersticas tecnolgicas e de produtos
528
Quadro III.2.67: Natureza das variveis relacionadas com o conceito dos
recursos humanos
529
Quadro III.2.68: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
contexto
531
Quadro III.2.69: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
capacidades negociais I
532
Quadro III.2.70: Natureza das variveis relacionadas com o conceito de
capacidades negociais II
532
Quadro III.2.71: Razes especficas e os seus pesos mdios ponderados 535
Quadro III.2.72: Razes especficas tendo como referncia uma maior
frequncia no atributo a primeira e segunda razes gerais mais
importantes do que no atributo a razo menos importante e os seus
pesos mdios ponderados
538
xix
Quadro III.2.73: Repartio dos efeitos de sinergia pelas diferentes reas
consideradas
555
Quadro III.2.74: Repartio dos efeitos de sinergia da rea financeira 557
Quadro III.2.75: Repartio dos efeitos de sinergia da rea comercial 559
Quadro III.2.76: Repartio dos efeitos de sinergia da rea da tecnologia e
produtos
560
Quadro III.2.77: Repartio dos efeitos de sinergia da rea dos recursos
humanos
562
Quadro III.2.78: Natureza dos efeitos de sinergia relacionados com a rea
financeira
564
Quadro III.2.79: Natureza dos efeitos de sinergia relacionados com a rea
comercial
566
Quadro III.2.80: Natureza dos efeitos de sinergia relacionados com a rea da
tecnologia e de produtos
567
Quadro III.2.81: Natureza dos efeitos de sinergia relacionados com a rea da
recursos humanos
569
Quadro III.2.82: Repartio do valor do goodwill (Componente II) pelos
intangveis e efeitos de snergia
578
Quadro III.2.83: Repartio dos intangveis pelas diferentes reas
consideradas
579
Quadro III.2.84: Repartio dos efeitos de sinergia pelas diferentes reas
consideradas
579
Quadro III.2.85: Peso dos intangveis e dos efeitos de sinergia no goodwill 579
Quadro III.2.86: Efeito conjunto da presena de intangveis e dos efeitos de
sinergia
580
Quadro III.2.87: Tipos de variveis e componentes nos diferentes modelos de
anlise
583
Quadro III.3.1: Modelos de avaliao utilizados 588
Quadro III.3.2: Frequncias e teste de Cochran 589
Quadro III.3.3: Distribuio das operaes de aquisio realizadas pelos
grupos, por anos frequncias e teste
592
Quadro III.3.4: Classes do preo de aquisio e estatsticas descritivas dos
valores absolutos da varivel
594
xx
Quadro III.3.5: Classes das menores operaes de aquisio realizadas 595
Quadro III.3.6: Peso dos custos de aquisio nos preos de aquisio das
participaes
598
Quadro III.3.7: Classes dos valores contabilsticos das participaes
adquiridas e respectivas estatsticas
598
Quadro III.3.8: Classes do preo de aquisio sobre o valor contabilstico 600
Quadro III.3.9: Classes do preo de aquisio sobre o valor contabilstico nas
reas de actividade consideradas
601
Quadro III.3.10: Classes das diferenas de aquisio e respectivas estatsticas 601
Quadro III.3.11: Frequncias absolutas e relativas do nmero de grupos tendo
como referncia o valor do ratio goodwill/preo de aquisio
604
Quadro III.3.12: Coeficientes de correlao de Spearman das classes: preo de
aquisio, diferena de aquisio e valores contabilsticos
605
Quadro III.3.13: Formas de financiamento das aquisies de partes de capital 606
Quadro III.3.14: Coeficientes de correlao de Spearman entre formas de
financiamento e classes dos preos de aquisio das participaes
607
Quadro III.3.15: Teste da mediana dos preos de aquisio e formas de
financiamento das participaes
608
Quadro III.3.16: Frequncias absolutas e relativas das clusulas previstas nos
acordos
612
Quadro III.3.17: Nmero de operaes de aquisio realizadas tendo por
referncia as percentagens de capital e de votos detidos
614
Quadro III.3.18: Percentagens de capital detidas nas sociedades adquiridas
frequncias e teste
617
Quadro III.3.19: Percentagens de voto detidas nas sociedades adquiridas
frequncias e teste
618
Quadro III.3.20: Mtodos de consolidao frequncias e teste 629
Quadro III.3.21: Passivos revalorizados e reconhecidos de novo 644
Quadro III.3.22: Activos revalorizados e reconhecidos de novo 647
Quadro III.3.23: Activos intangveis revalorizados e reconhecidos de novo 649
Quadro III.3.24: Bases de valorizao dos activos imobilizados incorpreos 651
Quadro III.3.25: Referenciais subjacentes ao clculo das diferenas de
consolidao
659
xxi
Quadro III.3.26: Diferentes entendimentos sobre o conceito de goodwill 663
Quadro III.3.27: Elementos integrantes na composio da diferena de
aquisio
665
Quadro III.3.28: Componentes da diferena de aquisio 667
Quadro III.3.29: Estatsticas descritivas das trs componentes da diferena de
aquisio
668
Quadro III.3.30: Mtodos de contabilizao do goodwill 672
Quadro III.3.31: Factores relevantes para a determinao da vida til do
goodwill
677
Quadro III.3.32: Factores relevantes para a determinao da vida til do
goodwill Teste de Cochran
678
Quadro III.3.33: Valor contabilstico versus justo valor frequncias e teste 682
Quadro III.3.34: Considerao ou no das intenes da sociedade adquirente
no clculo do justo valor frequncias e teste
687
Quadro III.3.35: Formas de apuramento do justo valor frequncias e teste 688
Quadro III.3.36: Estatsticas descritivas para as duas classes de grupos 690
Quadro III.3.37: Percentis para as duas classes de grupos 690
Quadro III.3.38: Diferenas de aquisio nas duas classes consideradas
frequncias e teste
691
Quadro III.3.39: Coeficiente de correlao de Spearman das classes das
Diferenas de aquisio (DA) e dos critrios valorimtricos
(Vc versus Jv)
693
Quadro III.3.40: Entendimentos sobre o goodwill frequncias e teste de
Cochran
694
Quadro III.3.41: Componentes do goodwill frequncias e teste de Cochran 696
Quadro III.3.42: Estatsticas descritivas para as duas classes de grupos 697
Quadro III.3.43: Diferenas de aquisio nas duas classes consideradas
frequncias e teste
698
Quadro III.3.44: Coeficientes de correlao de Spearman das diferenas de
aquisio e dos mtodos de contabilizao utilizados para registar o
goodwill
700
Quadro III.3.45: Tabela de dupla entrada classes da diferena de aquisio e
mtodos de contabilizao
702
xxii
Quadro III.3.46: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 702
Quadro III.3.47: Coeficientes de correlao de Spearman entre o nmero de
anos de amortizao e o valor das diferenas de consolidao
705
Quadro III.3.48: Coeficientes de correlao de Spearman entre perodos de
amortizao e vrios indicadores financeiros
707
Quadro III.3.49: Resultados consolidados no ano anterior e no prprio ano de
aquisio nas duas classes consideradas frequncias e testes
710
Quadro III.3.50: Capitais prprios no ano anterior e no ano de aquisio nas
duas classes consideradas frequncias e testes
712
Quadro III.3.51: Activo lquido consolidado no ano anterior e no ano de
aquisio nas duas classes consideradas frequncias e testes
713
Quadro III.3.52: Coeficientes de correlao de Spearman entre o mtodo de
contabilizao e vrios indicadores financeiros
714
Quadro III.3.53: Tabela de dupla entrada classes do Cp/activo com base na
mdia + dp no ano anterior e no ano de aquisio e o mtodo de
contabilizao: activo (1) e capitais prprios (2)
717
Quadro III.3.54: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 718
Quadro III.3.55: Tabela de dupla entrada classes do Goodwill/Activo, no ano
n e ano n-1, com base nos percentis 25 e 75 e o mtodo de
contabilizao do goodwill
720
Quadro III.3.56: Testes do qui-quadrado e coeficiente de contingncia 720
Quadro III.3.57: Tabela de dupla entrada classes do Goodwill/Capitais
Prprios, no ano n e ano n-1, com base nos percentis 25 e 75 e o
mtodo de contabilizao do goodwill
722
Quadro III.3.58: Cp/Ca nas duas classes consideradas, em funo do mtodo
de contabilizao utilizado frequncias e teste
724
Quadro III.3.59: Cp/Activo nas duas classes consideradas, em funo do
mtodo de contabilizao utilizado frequncias e teste
724
Quadro III.3.60: Ca/A nas duas classes consideradas, em funo do mtodo de
contabilizao utilizado frequncias e teste
724
Quadro III.3.61: RL/V nas duas classes consideradas, em funo do mtodo de
contabilizao utilizado frequncias e teste
725
Quadro III.3.62: RL/Cp nas duas classes consideradas, em funo do mtodo 726
xxiii
de contabilizao utilizado frequncias e teste
Quadro III.3.63: RL/A nas duas classes consideradas, em funo do mtodo de
contabilizao utilizado frequncias e teste
726
Quadro III.4.1: Imputao do valor da diferena de aquisio a activos e
passivos frequncias e teste
737
Quadro III.4.2: Critrios de valorimetria utilizados para o clculo das
diferenas de consolidao frequncias e teste
739
Quadro III.4.3: Apuramento do saldo das diferenas de consolidao
frequncias
745
Quadro III.4.4: Apuramento do saldo das diferenas de consolidao
frequncias e teste
745
Quadro III.4.5: Mtodos utilizados para o reconhecimento das diferenas de
consolidao frequncias e teste
747
Quadro III.4.6: Grupos que utilizam um duplo tratamento contabilstico para
as DC
749
Quadro III.4.7: Tratamento contabilstico das diferenas de consolidao
posteriormente ao seu reconhecimento inicial no activo
752
Quadro III.4.8: Um ou mais perodos de amortizao utilizados pelos grupos
da populao
754
Quadro III.5.1: Comparao de algumas respostas do questionrio das razes
e da contabilizao
767
xxiv
NDICE DE GRFICOS
Grfico I.3.1: Teorias e pticas de consolidao 61
Grfico II.4.1: Curvas dos graus de importncia 346
Grfico III.1.1: Taxas de crescimento do nmero de trabalhadores ao longo do
perodo
377
Grfico III.1.2: Distribuio das frequncias absolutas dos activos
consolidados
387
Grfico III.1.3: Taxas de crescimento dos activos consolidados 387
Grfico III.2.1: Caixa de bigodes das razes gerais 456
Grfico III.2.2: Grfico de reas dos graus de importncia atribudos a cada
uma das vrias razes gerais e grfico de bolas representativo da
diferena de frequncias das diferentes de frequncia das diferentes
razes gerais por graus de importncia
463
Grfico III.2.3: Organigrama das razes gerais com base nas medidas de
localizao central
465
Grfico III.2.4: Grficos de reas e linhas das frequncias do escalo I e II das
razes gerais
468
Grfico III.2.5: Grfico das frequncias absolutas das propores das razes
gerais (escalo I e II)
468
Grfico III.2.6: Valores mdios dos graus de importncia das razes gerais e
classes do goodwill
478
Grfico III.2.7: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes gerais
(em %)
481
Grfico III.2.8: Clusters das razes gerais 490
Grfico III.2.9: Diagrama de sectores: repartio percentual da diferena de
aquisio pelas seis reas consideradas
494
Grfico III.2.10: Diagrama de sectores da repartio percentual da diferena
de aquisio pelas trs componentes consideradas
498
Grfico III.2.11: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Valorizao (em %)
503
Grfico III.2.12: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Comercial (em %)
505
xxv
Grfico III.2.13: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Tecnologia (em %)
507
Grfico III.2.14: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Recursos humanos (em %)
509
Grfico III.2.15: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Contexto (em %)
510
Grfico III.2.16: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Capacidades de Negociao I (em %)
512
Grfico III.2.17: Diagrama de barras rectangulares das diferentes razes
especficas Capacidades negociais II (em %)
514
Grfico III.2.18: Grficos de reas: frequncias das razes especficas nos
atributos consderados as primeiras razes mais importantes versus
as razes menos importantes
515
Grfico III.2.19: Clusters das variveis caracterizadoras do conceito de
valorizao
527
Grfico III.2.20: Clusters das variveis caracterizadoras das caractersticas
comerciais
528
Grfico III.2.21: Clusters das variveis caracterizadoras das caractersticas da
tecnologia e de produtos
529
Grfico III.2.22: Clusters das variveis caracterizadoras das caractersticas dos
recursos humanos
530
Grfico III.2.23: Clusters das variveis caracterizadoras das caractersticas do
contexto
531
Grfico III.2.24: Clusters das variveis caracterizadoras das capacidades
negociais
533
Grfico III.2.25: Anlise dos pesos mdios com que as diferentes razes gerais
ponderam na diferena de aquisio, pesos mdios com que as
diferentes razes especficas ponderam para cada uma das razes
gerais e, por ltimo os pesos mdios ponderados de cada uma das
razes especficas na diferena de aquisio, respectivamente pela
ordem que so apresentadas no grfico
536
Grfico III.2.26: Anlise dos pesos mdios das razes gerais e das razes
especficas, quando estas ltimas so assinaladas por maior nmero
539
xxvi
de inquiridos como as primeiras e segundas mais importantes do
que como as menos importantes
Grfico III.2.27: Diagrama dos factores de atractitividade nas caractersticas
da sociedade adquirida e nas capacidades negociais
551
Grfico III.2.28: Diagrama dos factores de atractitividade negativa nas
caractersticas da sociedade adquirida e nas capacidades negociais
552
Grfico III.2.29: Diagramas de barras dos diferentes efeitos de sinergia gerais
(em %)
556
Grfico III.2.30: Diagramas de barras dos diferentes efeitos de sinergia da
rea financeira (em %)
557
Grfico III.2.31: Diagramas de barras dos diferentes efeitos de sinergia da
rea comercial (em %)
559
Grfico III.2.32: Diagramas de barras dos diferentes efeitos de sinergia da
rea da tecnologia e produtos (em %)
560
Grfico III.2.33: Diagramas de barras dos diferentes efeitos de sinergia da
rea dos recursos humanos (em %)
563
Grfico III.2.34: Clusters construdos a partir dos efeitos de sinergia positivos e
negativos relacionados com a rea financeira
565
Grfico III.2.35: Clusters construdos a partir dos efeitos de sinergia positivos,
neutros e negativos relacionados com a rea comercial
567
Grfico III.2.36: Clusters construdos a partir dos efeitos de sinergia positivos e
negativos relacionados com a rea tecnolgica e de produtos
568
Grfico III.2.37: Clusters construdos a partir dos efeitos de sinergia positivos,
neutros e negativos relacionados com a rea dos recursos humanos
570
Grfico III.2.38: Diagrama dos efeitos de sinergia de atractividade elevada
presentes nas trs reas consideradas
575
Grfico III.2.39: Diagrama dos factores de atractividade negativa dos efeitos
de sinergia
575
Grfico III.2.40: Efeito conjunto da presena de intangveis e dos efeitos de
sinergia seus pesos relativos
580
Grfico III.3.1: Preos de aquisio das participaes (frequncias das classes
e dos preos de aquisio)
597
Grfico III.3.2: Valores contabilsticos das participaes adquiridas 599
xxvii
(frequncias das classes e simples)
Grfico III.3.3: Valores das diferenas de aquisio geradas nas operaes de
aquisio (frequncias das classes e simples)
602
Grfico III.3.4: Valores das diferenas de aquisio/custo de aquisio
geradas nas operaes de aquisio (frequncia das classes e simples)
604
xxviii
LISTA DE ABREVIATURAS
AAA American Accounting Association
ABDR Anexo ao Balano e Demonstrao dos Resultados
ABDRC Anexo ao Balano e Demonstrao dos Resultados Consolidados
AICPA American Institute of Certified Public Accountants
APB Accounting Principles Board
ASB Accounting Standards Board (organismo normalizador do UK, criado em 1990 e,
que substitui o ASC)
ASC Accounting Standards Committee
BVL Bolsa de Valores de Lisboa
CAE Classificao de Actividades Econmicas
CNC Comisso de Normalizao Contabilstica
CROC Cmara dos Revisores Oficiais de Contas
DC Directriz Contabilstica (organismo emissor das DC a CNC)
ECPADF Estrutura Conceptual para a Preparao e Apresentao das Demonstraes
Financeiras do IASB (Framework for the Preparation and Presentation of
Financial Statements)
ED Exposure Draft (Projecto de Norma)
DFC Demonstraes Financeiras Consolidadas
DFI Demonstraes Financeiras Individuais
FAS Financial Accounting Standard (normas contabilsticas emitidas pelo FASB)
FASB Financial Accounting Standards Board
SFRS Standard Financial Reporting Standard (normas contabilsticas emitidas pelo
ASB);
IAS International Accounting Standard (traduzida sob a responsabilidade da OROC, para
o caso portugus, por Norma Internacional de Contabilidade)
IASB International Accounting Standards Board
IASC International Accounting Standards Committee
IOSCO International Organization of Securities Commissions
NIC Norma Internacional de Contabilidade (o organismo responsvel pela sua emisso
o IASB)
OROC Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (substiituiu a CROC, em 1999)
POC Plano Oficial de Contabilidade
xxix
SEC Securities and Exchange Commission (nos EUA)
UE Unio Europeia.
xxx
INTRODUO
Introduo
Goodwill is one of the most intractable of accounting problems! Arnold et al. (1994: 531)
1 Propsitos e principais objectivos da investigao
O mago desta tese centra-se na problemtica da informao contabilstica divulgada
pelos grupos de sociedades, enquanto sujeitos econmicos e sociais de grande importncia
no quadro do movimento geral da concentrao de empresas que se vive neste sculo,
desempenhando um papel-chave e assumindo-se como uma forma revolucionria da
moderna organizao empresarial.
Neste contexto, os requisitos exigidos para a elaborao dos relatos financeiros destes
actores centrais do sistema econmico-societrio dos nossos dias so cada vez maiores, na
tentativa de garantir maior qualidade, veracidade, credibilidade, relevncia e
comparabilidade na informao contabilstica e financeira divulgada. De facto, esta assume
um papel cada vez mais relevante, servindo de suporte distribuio de recursos, que so
por natureza escassos, e conduzindo proteco dos interesses dos investidores e de
terceiros que se relacionem com o grupo de sociedades.
O objecto principal deste estudo o goodwill positivo adquirido no mbito de uma
concentrao empresarial originada pela aquisio de participaes sociais, o que leva
existncia de um grupo e, em determinadas condies, obrigatoriedade por parte do
mesmo de apresentar contas consolidadas, conduzindo ao reconhecimento do goodwill
(diferenas de consolidao).
A operao de aquisio de participaes sociais pode ser representativa da totalidade
ou de uma parte mais ou menos substancial do capital de uma outra sociedade1, desde que
haja condies que assegurem a capacidade de a sociedade adquirente exercer o controlo2
(ou a influncia significativa) sobre as actividades e operaes das sociedades adquiridas,
formando, no conjunto, uma unidade econmica de direco nica o grupo mantendo-
-se cada uma delas como entidades jurdicas autnomas.
1 Ao longo do trabalho, preocupmo-nos globalmente com participaes que asseguram controlo (filiais) e influncia significativa (associadas). 2 O controlo de uma sociedade sobre uma outra pode ser garantido pela posse de uma participao de capital que, isoladamente ou em conjugao com outros meios previstos na lei, nomeadamente de natureza contratual, assegure sociedade cabea do grupo (sociedade-me) um verdadeiro controlo (de direito ou de facto) sobre os recursos e as operaes de uma outra empresa (filial).
2
Introduo
A problemtica financeira e contabilstica do goodwill criado na aquisio de
participaes sociais est presente, tanto nas demonstraes financeiras individuais (DFI)
da sociedade adquirente3, como nas demonstraes financeiras consolidadas (DFC)
decorrentes do processo de integrao das sociedades adquiridas no permetro de
consolidao. O nosso interesse, no entanto, centra-se na informao consolidada que os
grupos devem apresentar, em particular no que respeita ao tratamento contabilstico das
diferenas de consolidao ou goodwill4.
Mais especificamente, e em primeiro lugar, avalimos quais os elementos ou
conjuntos de elementos explicativos que conduzem as empresas adquirentes a pagar um
determinado valor por uma participao, que se afasta mais ou menos do valor
contabilstico da empresa a adquirir, atendendo, por um lado, disparidade cada vez maior
entre valores de mercado e valores contabilsticos e, por outro, diferena entre o preo
pago pela participao e o justo valor que posteriormente se reconhece aos activos lquidos
identificveis da empresa adquirida. Em particular, procurmos identificar as motivaes
dos responsveis dos grupos que constituem estmulos ao pagamento de uma participao
de capital por um valor que se poder afastar, substancialmente, do seu valor contabilstico
ou mesmo do seu justo valor.
Trata-se de saber exactamente o que que a empresa adquirente compra quando paga
um valor em excesso relativamente ao valor contabilstico (ou ao justo valor) dos activos e
passivos da sociedade adquirida. O objectivo conhecer as razes que condicionam a
aquisio de partes sociais dos principais grupos no financeiros cotados5 e que podem
explicar esse diferencial, na procura de um modelo de desagregao do goodwill nas suas
componentes principais, de modo a poder perspectivar uma forma mais correcta para a sua
contabilizao.
Centrar-nos-emos, portanto, na compreenso da natureza econmica do goodwill,
como ponto de partida para a desagregao, identificao, valorizao e divulgao dos
principais elementos includos, normalmente, sob a denominao genrica de goodwill. 3 Aparece, geralmente, implcito no saldo da conta Investimentos financeiros nas DFI. 4 Ao longo do texto, utilizaremos indiferentemente a expresso goodwill e diferenas de consolidao, embora com preponderncia para o primeiro. 5 Ainda que, ao longo do texto, se utilize a expresso grupos cotados, tal no traduz um conceito jurdico, mas apenas uma facilidade de linguagem. De facto, o grupo no entendido como uma entidade jurdica autnoma, logo no detendo a figura jurdica de sociedade, tambm, no detm capital social, no podendo, portanto, ter aces admitidas cotao. Essa caracterstica prpria no do grupo, mas sim da sociedade- -me que encabea esse grupo. Por conseguinte, ainda que se reconhea como teoricamente pouco correcta a expresso grupos cotados, iremos utiliz-la sempre como tradutora da expresso grupos no financeiros portugueses, cuja sociedade-me tem as suas aces admitidas cotao, no pressupondo, por isso, nenhum enquadramento jurdico concreto para a entidade grupo.
3
Introduo
Pretendemos comprovar que este um investimento de natureza intangvel, resultante de
um conjunto de factores que justificam que uma empresa valha mais do que a soma dos
seus elementos patrimoniais reconhecidos nas demonstraes financeiras.
Em segundo lugar, baseando-nos no caso portugus, analismos as prticas utilizadas
pelos grupos no financeiros na contabilizao das aquisies de participaes sociais,
particularmente no que respeita ao entendimento e tratamento contabilstico do goodwill,
de forma a obtermos um melhor conhecimento do comportamento desses grupos,
relativamente a algumas questes que se prendem com a elaborao da informao
consolidada.
No sentido de aferir as motivaes e as prticas contabilsticas mais comummente
utilizadas em Portugal, optmos pela anlise dos comportamentos adoptados pelos
principais grupos no financeiros, cujas sociedades-me tm as suas aces admitidas
cotao na BVL6 e se vem obrigadas por lei consolidao de contas.
2 Justificao do tema
A maioria dos autores unnime no reconhecimento geral do relevo prtico do
goodwill criado nas operaes de concentrao empresarial que se tm vindo a assumir
como um fenmeno-chave da ordem econmica mundial dos nossos dias. Este
protagonismo deve-se crescente complexidade do sistema econmico mundial dominado
por entidades tentaculares (nas quais os grupos assumem realce particular) que estendem as
suas relaes e transaces um pouco por todo o mundo.
Esta problemtica vem ganhando relevo, quando se assume que uma parte cada vez
maior de empresas desenvolve as suas actividades numa economia baseada no
conhecimento, na comunicao e na inovao tecnolgica, fazendo com que os elementos
diferenciadores no mundo dos negcios passem cada vez mais por factores de natureza
imaterial. Esta relevncia , no entanto, mascarada por um sistema de informao
contabilstico baseado, em grande parte, num quadro conceptual constitudo por um
conjunto de normas conservadoras que no permitem o reconhecimento dos intangveis na
informao contabilstica elaborada actualmente, sendo alguns deles apenas reconhecidos
desde que resultem de uma operao de concentrao empresarial.
6 Durante os anos em estudo, a Bolsa portuguesa era designada por Bolsa de Valores de Lisboa (BVL); a partir de 2000, passou a ser Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Utilizaremos, contudo, ao longo do trabalho a expresso BVL, j que era a adequada para o perodo em anlise.
4
Introduo
Portanto, apenas uma pequena parte dos intangveis que so detidos pela sociedade
adquirida reconhecida nas DFC; a generalidade desses elementos imateriais no tm
condies para serem identificados e valorizados com uma fiabilidade suficiente, sendo,
por isso, reconhecidos num agregado compsito e residual que se designa por goodwill. O
limitado reconhecimento desses elementos intangveis nas DFI por falta de instrumentos
adequados de valorizao e os elevados valores monetrios que as negociaes de
empresas (ou de partes delas) hoje envolvem originam diferenas de aquisio que atingem
valores muito significativos. Estes acabam por ser reconhecidos, em grande parte, como
goodwill, pelo que este agregado complexo pode ter profundos reflexos nas contas
consolidadas a divulgar pelos grupos.
Estas evidncias so tanto mais visveis quanto mais as operaes de concentrao se
realizam nos sectores dos servios ou das novas tecnologias, onde existem organizaes
cada vez mais desmaterializadas e em que uma parte substancial do seu valor se centra nos
activos intangveis que acabam por se integrar no valor do goodwill, representando esse
elemento o mais singular dos activos detidos pelas empresas.
No obstante a discusso sobre a natureza e o tratamento contabilstico do goodwill
contar com quase um sculo de existncia, ainda hoje se continua a fazer sentir um forte
desajustamento no seu tratamento, originando fortes crticas e oposies de alguns sectores
de opinio. Os projectos e contra-projectos, na mira de atingir alguma normalizao no seu
tratamento contabilstico, tm surgido das mais variadas instncias, tanto de natureza
internacional como regional e at nacional, nomeadamente do IASB (International
Accounting Stantards Board)7, da UE (Unio Europeia), do FASB (Financial Accounting
Standards Board) nos EUA, do ASB (Accounting Standards Board) no RU, e da CNC
(Comisso de Normalizao Contabilstica) em Portugal, entre outros.
A anlise das diferentes normas subjacentes ao tratamento contabilstico do goodwill,
tanto de alcance nacional como internacional, permite observar, todavia, notveis
divergncias na regulao desta questo, as quais dificultam, por vezes em grau extremo, a
anlise comparativa das contas dos grupos e, em alguns casos, podem mesmo constituir
vantagens competitivas para os que se instalam em pases com prticas mais liberais.
7 Optmos por utilizar ao longo do trabalho a actual designao de IASB (International Accounting Stantards Board), decorrente de uma redenominao em Abril de 2001, ainda que a designao deste organismo de normalizao contabilstica internacional fosse IASC (International Accounting Stantards Committee) no perodo em anlise neste trabalho.
5
Introduo
Apesar da potencial conflitualidade envolvida neste tema, pensa-se que os
organismos internacionais e nacionais tero que se unir e elaborar uma norma que tenha em
conta, mais do que o interesse dos grandes grupos econmicos e das macro-empresas de
consultoria mundial, o fundamento terico que deve conduzir a uma prtica contabilstica
adequada, que fira ao mnimo o princpio da imagem verdadeira e apropriada que deve
presidir elaborao das contas dos grupos de sociedades.
Neste contexto assenta a oportunidade do nosso trabalho, na medida em que
procuramos identificar algumas razes para o entendimento do valor, componentes e
mtodos de contabilizao do goodwill.
Com efeito, a corroborao das hipteses subjacentes ao nosso estudo permitir-nos-
sugerir alguns procedimentos a observar na contabilizao do goodwill gerado numa
operao de aquisio de participaes sociais, aquando do seu registo nas contas
consolidadas, a fim de procurar atenuar algumas deficincias que o seu tratamento
contabilstico actualmente poder enfermar. Desta forma, pensamos contribuir para a
discusso sobre o tratamento contabilstico mais adequado para o goodwill, tendo em conta
os elementos que o compem e avaliando se os actuais tratamentos contabilsticos nas
contas consolidadas so ou no os mais adequados para, por um lado, assegurar as
caractersticas qualitativas da informao contabilstica e, por outro lado, satisfazer as
necessidades dos potenciais utilizadores dessa informao.
Os resultados do nosso estudo podero revelar-se importantes como futuras
recomendaes para os organismos de normalizao contabilstica, tanto nacionais como
internacionais, que mantm em agenda, h mais de duas dezenas de anos e de forma quase
permanente, o tratamento contabilstico do goodwill surgido nas combinaes empresariais,
sem que at hoje se tivesse atingido uma posio de consenso que se viesse a revelar
teoricamente satisfatria.
Recentemente, em Junho de 2001, verificou-se uma profunda revoluo no
tratamento contabilstico do goodwill, com a publicao do SFAS (Statement of Financial
Accounting Standard)8 142 do FASB. J em 2002, e na mesma linha da norma anterior, foi
publicada pelo IASB uma nova proposta de norma, Exposure Draft (ED) 3, que aponta no
mesmo sentido que a norma emitida pelo FASB. Todavia, pensamos que as ltimas
8 De agora em diante, utilizaremos apenas a abreviatura de Statement of Financial Accounting Standard (SFAS) para designar qualquer norma emitida pelo FASB e NIC para as normas emitidas pelo IASC/IASB. Para estas ltimas normas, utilizaremos ao longo do texto a traduo da responsabilidade da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC).
6
Introduo
orientaes constantes tanto da norma como da proposta, ainda que caminhem numa
direco comum, no iro resolver os problemas complexos que se encontram associados
problemtica do tratamento contabilstico do goodwill. A tendncia internacional parece
apontar para a continuao de acesos debates na doutrina e na prtica resultantes destas
profundas modificaes.
3 Metodologia
A metodologia desta investigao assenta essencialmente na aplicao sistemtica de
dois questionrios aos grupos no financeiros portugueses, que elaboram informao
consolidada e cuja sociedade-me teve as suas aces cotadas na BVL no perodo
19941998.
No existindo qualquer instrumento disponvel e adequado para analisar as
problemticas que nos propnhamos tratar, foi necessrio um vasto trabalho de
investigao para a concepo e construo de instrumentos que capazes de aceder a
informaes viabilizassem os dois grandes objectivos do nosso trabalho.
O objectivo do primeiro questionrio, intitulado Aquisies de participaes sociais:
razes que condicionam o seu preo, conhecer a importncia que se atribui a diferentes
razes na fixao do preo de aquisio de partes de capital, de modo a conhecer as
motivaes fundamentais que presidem aquisio de participaes sociais e que podem
justificar a diferena de aquisio, nos casos em que essa aquisio assegura sociedade
adquirente uma situao de controlo (exclusivo ou conjunto) ou mesmo o exerccio de
influncia significativa. Para a sua preparao, baseamo-nos nos desenvolvimentos tericos
includos na literatura sobre a consolidao de contas e, em particular sobre os intangveis,
nomeadamente sobre a concepo e tratamento contabilstico do goodwill, enquanto
intangvel, talvez o intangvel mais intangvel de todos (Davis, 1992).
O segundo questionrio relaciona-se com o segundo grande objectivo do nosso
estudo: anlise das prticas contabilsticas utilizadas pelos grupos no financeiros
portugueses, no tratamento contabilstico do goodwill. Na preparao deste questionrio
intitulado Aquisio de participaes sociais: sua contabilizao, socorremo-nos dos
requisitos constantes do nosso enquadramento contabilstico, alm de outros requisitos
adicionais previstos na NIC 22 (1998) Concentrao de Actividades Empresariais. Este
questionrio teve como base uma concepo essencialmente normativa, centrada nos
7
Introduo
requisitos constantes das regulamentaes contabilsticas actualmente em vigor para o caso
portugus.
O objectivo principal era tentar verificar se, no perodo 1994 a 1998, as prticas
contabilsticas utilizadas pelos grupos no financeiros, para a elaborao da informao
consolidada, estavam mais ou menos prximas das actuais exigncias vertidas na
regulamentao contabilstica portuguesa, bem como das futuras exigncias previstas para
a elaborao da informao financeira consolidada com que os grupos se defrontaro, pois
a muito breve prazo as contas consolidadas para este tipo de grupos tero que ser
formuladas com base nas normas contidas no quadro conceptual do IASB9.
Este estudo, que tem por base o questionrio, ainda complementado com a anlise
de contedo dos relatrios e contas consolidados dos grupos do universo em estudo, para o
quinqunio em causa, pelo que podemos afirmar que o nosso eixo de pesquisa, neste caso,
envolveu uma anlise mista.
A utilizao desta trade de instrumentos descritos (os dois questionrios e a anlise
de contedo dos relatrios e contas consolidados) tem como objectivo discutir o nvel de
congruncia da informao recolhida, permitindo averiguar se os empresrios portugueses
objectivamente consideram o goodwill como um activo adquirido numa operao de
aquisio de participaes sociais e discutir em que medida as prticas de contabilizao
dos grupos tm em conta as motivaes de compra subjacentes ao processo de aquisio
das partes de capital, ou simplesmente as orientaes diversas constantes dos normativos
contabilsticos, ou, ainda, quaisquer outras motivaes estranhas a estas reas.
4 Estrutura da tese
Este trabalho est organizado em trs partes nucleares: desenvolvimentos tericos e
reviso da literatura (Parte I), definio da metodologia (Parte II) e discusso dos
resultados (Parte III).
9 Em 2000, iniciou-se um processo de harmonizao contabilstica a nvel mundial que teve como grande reflexo a aceitao pelo IOSCO (International Organization of Securities Commission) de um conjunto de normas, num total de trinta, bem como as respectivas interpretaes, designadas globalmente por Core Standard. Assim, estas normas passaram a ser aceites para a elaborao das DFC, das sociedades que pretendem ver as suas aces admitidas cotao em mercados de valores mobilirios internacionais. Na continuao destas negociaes, a UE acabou por aprovar, em Junho 2002, o Regulamento n 3626 do Parlamento e do Conselho Europeu, relativo aplicao das Normas Internacionais de Contabilidade (NIC), que obrigar as empresas consolidantes, no espao europeu, a elaborarem as suas contas consolidadas, desde que tenham valores mobilirios cotados num mercado a partir de 2005, inclusive, de acordo com as normas internacionais de contabilidade.
8
Introduo
Nos desenvolvimentos tericos e reviso da literatura, apresentamos e discutimos
alguns aspectos conceptuais relativos aos grupos de sociedades (Captulo 1) e
necessidade de estes divulgarem informao contabilstica e financeira distinta da
apresentada pela sociedade-me. Abordamos ainda, no mbito deste captulo, a
problemtica da integrao dos activos intangveis (particularmente do goodwill) na informao contabilstica consolidada (Captulo 2).
Algumas problemticas subjacentes elaborao das demonstraes DFC so, a
seguir, abordadas (Captulo 3), nomeadamente, as teorias subjacentes elaborao de
informao contabilstica consolidada, bem como a regulamentao especfica sobre o
assunto. Implicaes das teorias e normas em alguns aspectos conceptuais e metodolgicos
das contas consolidadas so tambm discutidos. O normativo contabilstico portugus ser
aqui destacado. O captulo continua equacionando o surgimento das diferenas de
consolidao nas contas consolidadas e finaliza, apresentando os limites e novas
perspectivas da informao contabilstica consolidada evidenciados na literatura e
sugeridos por ns.
Segue-se uma anlise dos principais aspectos conceptuais e normativos relativos aos
activos intangveis, com particular nfase para o caso do goodwill, dado ser o enfoque
principal do nosso trabalho (Captulo 4). Assim, a discusso abrange a controvrsia em
torno do conceito de goodwill, a sua natureza, discusso das suas componentes e,
finalmente, a problemtica do seu tratamento contabilstico. O normativo contabilstico
portugus ser, mais uma vez, destacado.
Na apresentao da metodologia, descreve-se o universo em estudo, identificando a
populao e as diferentes amostras. Analisa-se tambm a expresso da populao e das
amostras por grandes reas de actividade econmica.
No captulo seguinte (Captulo 2), abordamos a metodologia especfica utilizada na
recolha dos dados, salientando a investigao por questionrio, relativamente a outras
metodologias que se afiguravam possveis, alm dos procedimentos e dificuldades
associados obteno das respostas e, ainda, o perfil dos subscritores.
Segue-se a discusso dos estudos propostos (hipteses) (Captulo 3), considerando as
cinco grandes reas em anlise: a caracterizao da populao e a anlise de eventuais
desvios entre as diferentes amostras consideradas; polticas e estratgias de aquisio;
componentes do goodwill; a sua contabilizao nas DFC; e a anlise de contedo dos
relatrios e contas consolidados.
9
Introduo
Continuamos com a discusso das variveis, escalas, fiabilidade e validade, bem
como a apresentao das tcnicas estatsticas para o tratamento dos dados (Captulo 4).
A terceira parte apresentao e anlise dos resultados est organizada de
acordo com as grandes reas em estudo. Sendo assim, comeamos por apresentar uma
breve caracterizao dos grupos constituintes da populao. Analisa-se, posteriormente as
eventuais diferenas entre as amostras que integram a populao (Captulo 1).
Seguidamente, e com base nos resultados das respostas dos inquiridos, referimo-nos,
em primeiro lugar, s questes integradas nas seces de carcter geral includas no
questionrio Aquisio de participaes sociais: razes que condicionam o seu preo,
para avaliar as polticas e estratgias de aquisio de participaes sociais e os objectivos a
atingir com essas aquisies. Em segundo lugar, analisam-se e discutem-se os resultados
desse mesmo questionrio, no que respeita s caractersticas presentes na sociedade
adquirida, bem como s condies de negociao que justificam que o preo pago por uma
participao de capital em filiais e associadas se afaste substancialmente do valor
contabilstico dessas participaes. Esta anlise conduziu identificao da importncia de
cada uma das razes gerais e especficas e dos efeitos de sinergia para a deciso de fixao
do preo de aquisio, e indirectamente, para as diferenas de aquisio, com vista a
determinar as componentes do goodwill (Captulo 2).
Analisam-se e discutem-se, ao longo do Captulo 3, as respostas do questionrio
intitulado Aquisio de participaes sociais: sua contabilizao relativo aos
procedimentos contabilsticos que os inquiridos entendem utilizar nas aquisies de
participaes sociais, nas contas individuais e consolidadas, com particular realce para o
tratamento contabilstico do goodwill. Neste contexto, discute-se a adequao de alguns
desses comportamentos aos requisitos normativos portugueses. O captulo continua,
discutindo as hipteses relacionadas com alguns aspectos particulares do goodwill,
nomeadamente critrios de valorimetria aplicados no seu clculo, mtodos de
contabilizao, causas explicativas da utilizao desses diferentes mtodos e ainda
consequncias nas DFC, resultantes da utilizao desses diferentes mtodos.
Seguem-se os resultados da anlise de contedo dos relatrios e contas consolidadas
(Captulo 4), descrevendo os comportamentos contabilsticos aplicados pelos grupos,
particularmente no que respeita s diferenas de consolidao (goodwill) e s principais
concluses dessas prticas.
10
Introduo
Por ltimo, e a partir de uma brevssima anlise comparativa dos resultados obtidos
anteriormente, apresentamos algumas concluses e sugestes para uma contabilizao mais
adequada do goodwill (Captulo 5).
Na concluso so resumidas as principais contribuies deste trabalho, evidenciando
algumas sugestes para futuras investigaes.
11
PARTE I
__________________________________________________________________
DESENVOLVIMENTOS TERICOS
E
REVISO DA LITERATURA
Desenvolvimentos tericos e reviso da literatura
Nesta parte revem-se os assuntos considerados mais relevantes relacionados com a
problemtica da consolidao de contas, com especial destaque para o goodwill.
Assim, comeamos por descrever sumariamente no primeiro captulo os fenmenos
das concentraes empresariais, realando particularmente o caso do grupo de sociedades.
Abordamos tambm a forma como os grupos so tratados no direito contabilstico
nacional, designadamente no Plano Oficial de Contabilidade (POC).
No segundo captulo, e perante esta forma revolucionria de organizao da empresa
moderna10, abordaremos as limitaes de que enferma a informao prestada por cada uma
das mltiplas entidades constituintes do grupo, perante a alternativa de elaborao da
informao consolidada. Esta uma forma de, por um lado, responder prestao de
informao especializada sobre uma entidade econmica composta por uma multiplicidade
de entidades jurdicas e, por outro, de representar o mais realisticamente possvel o
patrimnio e a situao financeira de uma qualquer entidade. Em particular, os seus activos
intangveis, os quais constituem grande parte da riqueza dessas macro-entidades produtivas
e que actualmente so reconhecidos sob a designao genrica de goodwill.
No terceiro captulo, discutem-se algumas problemticas subjacentes elaborao
das demonstraes financeiras consolidadas. Dada a controvrsia em torno das perspectivas
conceptuais que devem presidir elaborao da informao consolidada, procuram
analisar-se as principais contribuies tericas que tratam da questo, bem como o
respectivo normativo contabilstico nacional (POC e Directrizes Contabilsticas).
Recorremos ainda a outros normativos contabilsticos considerados de referncia,
designadamente do IASB, do ASB, do FASB e as Directivas Comunitrias (4 e 7),
medida que analisarmos algumas questes por eles abordadas. Alm disto, perante a
multiplicidade de questes tericas e prticas que a elaborao das contas consolidadas
parece implicar, procura-se debater algumas questes gerais sobre esta temtica, na mira de
conhecer e avaliar, ainda que de forma bastante parcial, algumas das lacunas que 10 Ao longo deste trabalho, utilizaremos o termo sociedades para designar as sociedades de capitais, mais concretamente as que se organizam sob a forma jurdica de sociedades annimas, por quotas ou em comandita por aces, sendo certo que tal designao integra tambm as sociedades de pessoas (sociedades em nome colectivo e em comandita simples). Alm disto, designaremos este tipo de entidades por empresas, expresso que, apesar de assumir um significado diferente de sociedade, utilizada na Contabilidade como sinnimo. Segundo o INE (1998: 22), a expresso empresa entendida como a mais pequena combinao de unidades jurdicas, que constitui uma unidade organizacional de produo de bens e servios usufruindo de uma certa autonomia de deciso, nomeadamente quanto afectao dos seus recursos correntes. Uma empresa exerce uma ou vrias actividades, num ou vrios locais. Uma empresa pode corresponder a uma nica unidade jurdica.. Um grupo de empresas rene empresas ligadas por vnculos jurdico-financeiros. O grupo de empresas pode comportar uma pluralidade de centros de deciso, nomeadamente no que diz respeito poltica de produo, de venda, de benefcios, etc.; pode unificar certos aspectos da gesto financeira e da fiscalidade e efectuar escolhas sobre as unidades a integrar no grupo.
12
Desenvolvimentos tericos e reviso da literatura
actualmente a sua elaborao comporta. O captulo termina sumariando algumas limitaes
gerais da informao financeira consolidada e oferecendo novas perspectivas, ao mesmo
tempo que se demonstra como a tcnica da consolidao tem em si mesma algumas
qualidades necessrias para o reconhecimento explcito de grande parte dos activos
intangveis que resultam de um processo de aquisio de partes de capital, bastando para tal
ultrapassar as fortes peias impostas pelo modelo contabilstico actualmente dominante.
No quarto captulo, tratamos de questes de princpio que condicionam as opes
relativas ao reconhecimento dos activos intangveis, destacando o caso do goodwill. Assim,
comeamos por rever aspectos relacionados com o conceito, principais caractersticas,
representao contabilstica e taxonomia dos activos intangveis. Na perspectiva mais
global dos intangveis particulariza-se o goodwill, tratando de algumas questes gerais
como a controvrsia em torno do conceito, diferentes tipos e data de reconhecimento.
Algumas questes mais especficas associadas sua presena nas contas consolidadas so
posteriormente discutidas, abordando nomeadamente as suas componentes, valorizao dos
seus elementos e o tratamento contabilstico do goodwill positivo. Neste contexto,
referimo-nos essencialmente ao normativo contabilstico portugus. Ao longo do captulo,
no entanto, outros normativos internacionais sero tambm mencionados, em particular no
que respeita s questes aqui abordadas.
13
CAPTULO 1
___________________________________________________________________
AS CONCENTRAES EMPRESARIAIS
E
OS GRUPOS DE SOCIEDADES
Desenvolvimentos Tericos e Reviso da Literatura Concentraes empresariais e grupos
O universo de estudo so as concentraes de actividades empresariais que resultam
numa relao adquirente adquirida11, em que a adquirente a sociedade-me e a
adquirida uma filial (subsidiria), constituindo atravs dessas relaes mais ou menos
complexas a figura jurdico-econmica designada por grupo de sociedades.
Dada a conflitualidade do conceito de grupo, enquanto unidade econmica una que
coexiste com uma multiplicidade de sujeitos jurdicos, justifica-se a sua integrao no
contexto mais amplo das concentraes empresariais num triplo plano: jurdico, econmico
e contabilstico.
1.1 Origem e desenvolvimento
Como a literatura sobre o tema evidencia, o fenmeno das concentraes
empresariais surgiu por volta de 1890, nos EUA, com o aparecimento dos grandes trusts12.
Segundo Carreira (1992: 16), inicia-se uma "fase de gigantismo empresarial, acompanhada
de sinais de concentrao tentacular e absorvente em diversos ramos da actividade
econmica".
Esta tendncia v-se reforada nos anos 30 pela constituio das denominadas
sociedades multinacionais, empresas unisocietrias dotadas de uma organizao gigantesca
de divises sem individualidade jurdica, mas que asseguravam a sua presena e
respectivas operaes em diferentes mercados estrangeiros.
Mais recentemente, e j na dcada de cinquenta, surge uma nova vaga de
concentraes econmicas mais complexas. Este fenmeno foi favorecido por factores
econmicos e sociais, subjacentes prpria organizao, ou resultantes das condies
macroeconmicas. A este nvel podero referir-se desde a proliferao de sociedades
annimas que permitiram a reunio massiva de capitais e, eventualmente, a respectiva
internacionalizao at ampliao dos mercados que exigiu uma nova planificao
organizativa e um acrscimo dos activos patrimoniais, passando tambm pelo forte
desenvolvimento tecnolgico e pela profissionalizao dos administradores.
11 Essa relao ser assegurada pela aquisio de partes de capital que, isoladamente ou em conjugao com outros meios previstos na lei, asseguraro o controlo da entidade em questo, conforme previsto no Decreto-Lei n. 238/91, de 2 de Julho. Abandonmos todas as estratgias de crescimento que envolvem acordos ou relaes contratuais de subordinao e/ou cooperao, se estas no forem acompanhadas da aquisio de uma participao financeira no capital dessas empresas, bem como a criao de novas entidades jurdicas resultantes de acordos de fuso ou ciso. 12 Esta forma de concentrao econmica surgiu como reaco proibio pela lei americana da existncia de participaes inter-societrias e veio a ser admitida entre finais do sculo dezanove e incios do sculo XX.
16
Desenvolvimentos Tericos e Reviso da Literatura Concentraes empresariais e grupos
Tambm as multinacionais tpicas deste perodo alteraram a sua estrutura. A
tradicional monoltica v-se substituda por um conjunto mais ou menos complexo de
sociedades de diferentes nacionalidades dominadas, directa ou indirectamente, a partir do
vrtice, por uma sociedade de controlo, que usa os mais variados instrumentos de natureza
financeira, pessoal, estratgica ou contratual13.
Fruto desta evoluo, assiste-se a uma acrescida competitividade internacional,
visando a diversificao dos mercados e a racionalizao nos processos produtivos.
Motivaes de ndole financeira, associadas a preocupaes de limitao e diversificao
do risco do negcio, conjugadas com tentativas de incremento das cotaes bolsistas,
tambm explicam a criao de grandes conglomerados actuando num mercado cada vez
mais internacional. Torna-se, assim, necessrio reinventar a organizao do tecido
empresarial, adequando a dimenso das empresas sua "dimenso ptima" e reagrupando
as actividades no sentido da obteno de maiores economias de escala.
Na literatura sobre o assunto14 abundam os motivos que explicam que as empresas
consubstanciem processos de concentraes. Os mais comummente apresentados so: a
posse de activos estratgicos, a conquista de novos mercados e a eventual eliminao ou
reduo dos concorrentes. Acrescem tambm o domnio e o poder de mercado, bem como
as perspectivas de maximizao da capacidade produtiva. Da podero decorrer eventuais
melhorias na afectao dos recursos e na gesto das sinergias, a combinao de uma
poltica de diversificao e diluio do risco empresarial e de implantao internacional, a
realizao de projectos de investigao e desenvolvimento mais arriscados que conduzam
concepo de novos produtos e novos processos produtivos e tecnolgicos, a procura de
benefcios fiscais e financeiros, alm de ganhos pessoais dos agentes envolvidos nestas
operaes, entre tantos outros. Trata-se de uma conjugao de factores que permitam
assegurar o respectivo crescimento e sobrevivncia numa economia cada vez mais global15.
Para que as empresas modernas expostas a imperativos de sobrevivncia tenham os
meios necessrios para competir, na Europa comunitria e no resto do mundo, permitindo-
lhes responder a uma procura eminentemente global, duas atitudes so possveis em
13 Antunes (1993: 70) refere que a empresa multinacional no constitui seno um verdadeiro grupo de sociedades, acrescido do elemento adicional da transnacionalidade do seu organigrama operativo e da diferente nacionalidade dos respectivos membros. 14 Sobre este assunto pode ser consultada uma extensa bibliografia. Apoiamo-nos, essencialmente nos seguintes autores: Jacquemin (1984), Montmorillon (1986), Condor Lpez (1988), Carreira (1992), Antunes (1993), Sudarsanam (1995) e Yoshino e Rangan (1996). 15 A propsito das motivaes que levam as empresas a concentrarem-se, ver entre muitos outros autores: Condor Lpez (1988), Carreira (1992) e Antunes (1993).
17
Desenvolvimentos Tericos e Reviso da Literatura Concentraes empresariais e grupos
abstracto16: uma estratgia de crescimento interno ou uma estratgia de crescimento
externo.
A escolha entre uma ou outra atende s especificidades de cada uma das empresas
(capacidade financeira, capacidade tecnolgica e de gesto, nmero e dimenso relativa das
empresas do sector, relao entre capacidade produtiva e procura, estrutura societria, entre
outras), aos mercados onde operam ou desejam operar, aos enquadramentos legais e s
vantagens que associam a uma ou a outra das estratgias alternativas. A ponderao de tais
variveis dever efectuar-se num quadro de anlise de custo e benefcio, que permita
comparar os retornos de um novo projecto de investimento com os que resultariam de uma
aquisio ou do reagrupamento com outra ou outras empresas.
Na estratgia de crescimento interno, a emp