ana lÚcia sÊnos de mello gerenciamento da rotina … · do gerenciamento da rotina escolar....

162
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR: PROPOSTAS DE MELHORIA PARA UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Organizações e Estratégias. Linha de pesquisa: Sistemas de Gestão pela Qualidade Total. Orientador: Prof. Guido Vaz silva, D. Sc. Universidade Federal Fluminense Niterói 2018

Upload: others

Post on 22-Jan-2021

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

0

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO

ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO

GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR: PROPOSTAS DE MELHORIA PARA

UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em

Sistemas de Gestão da Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Organizações e Estratégias. Linha de

pesquisa: Sistemas de Gestão pela Qualidade

Total.

Orientador:

Prof. Guido Vaz silva, D. Sc.

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2018

Page 2: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

1

Page 3: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

2

ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO

GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR: PROPOSTAS DE MELHORIA PARA

UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em

Sistemas de Gestão da Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Organizações e Estratégias. Linha de

pesquisa: Sistemas de Gestão pela Qualidade Total.

Aprovada em 24 de outubro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Guido Vaz Silva, D. Sc.

Universidade Federal Fluminense – UFF

______________________________________________

Prof. Marcelo Jasmim Meiriño, D. Sc.

Universidade Federal Fluminense – UFF

______________________________________________

Prof. Fernando Neves Pereira, D. Sc.

Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ

Page 4: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe e à minha filha.

Minha mãe, professora dedicada e competente, de quem herdei a paixão pela educação.

Aposentou-se após vinte e nove anos de atuação na rede pública, um ano antes de meu ingresso

no Colégio Pedro II.

Orgulhava-se muito de minha trajetória profissional, que acompanhava bem de perto.

Participou de todos os momentos. Vibrava com cada conquista!

Brincava sempre dizendo que o Colégio Pedro II era o "Colégio das Reuniões". E

minha dissertação aborda, entre outras coisas, as reuniões do Colégio Pedro II.

Minha mãe iniciou sua partida na tarde de minha primeira aula no Mestrado. Sei que

partiu feliz... Amou e foi muito amada! E eu, nesse dia, fui conduzida para a aula pelas mãos

de minha filha. É o ciclo da vida...

Filha amiga, companheira, muito amada! Estudou no Colégio Pedro II, do qual muito

se orgulha, apesar deste ter roubado sempre tanto tempo de sua mãe.

Diferente da mãe e da avó, quis ser médica. Cursa Medicina em Universidade Pública

Federal, como seu antigo Colégio. O que une nossas carreiras? A valorização do conhecimento,

o amor ao próximo, o lidar com gente. E, quem sabe, o cuidar de crianças...

Page 5: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

4

AGRADECIMENTOS

Tenho muitos agradecimentos para fazer... E me emociono com cada um deles...

Aos meus pais, Luiz Francisco e Iracy, in memoriam. Me formaram. Me apoiaram. Me

amaram... Estão eternamente comigo!

À Luciana, filha e amiga, que sempre está ao meu lado.Ouvia minhas dúvidas, vibrava

com as descobertas... Fez as revisões do trabalho, deu sugestões, esteve comigo em todas as

horas de desespero, na corrida contra o tempo!

Ao Edson, marido e amigo, que sempre me apoiou profissionalmente, mesmo isso

significando muitos dias quase sem me ver.

Aos meus irmãos, Carlos Eduardo e Silvia Regina, que sempre me apoiaram e

incentivaram. Torcem por mim e consideram cada vitória minha como deles também!

Aos meus sobrinhos, Arthur e Maria Eduarda, que sempre me deram muito carinho.

Filhos do coração... E Rafael, Fábio e Beatriz, também sempre na torcida por essa tia.

A todos os parentes e amigos que sempre me incentivaram como profissional e como

estudante.

À Alice e Carmem Evelim, amigas de uma vida, dividiram comigo os desafios, as

angústias e as alegrias da Direção. Unidas, também decidimos fazer o mesmo curso de Mestrado

para buscar novos conhecimentos e aprimorar nossa gestão.

À Evelim, agradeço também pela parceria ao longo da elaboração de nossas

dissertações. Nos desesperamos juntas na corrida contra o tempo... Acho que gostamos de

emoção! Nas madrugadas, enquanto a cidade dormia, trocávamos ideias e aflições. Refletimos

juntas sobre os melhores caminhos. Foi enriquecedor!

À Talita, assessora da Direção e amiga muito querida, que com carinho e dedicação

me apoiou ao longo da realização deste trabalho. Deu sugestões, broncas e muito incentivo,

além de me salvar todas as vezes em que meu trabalho misteriosamente sumia do computador.

Aos colegas do curso de Mestrado que, com alegria e bom humor, tornaram as noites

de sexta e os sábados bem mais leves e agradáveis.

Aos meus professores de toda a vida, que me capacitaram para que eu pudesse agora

realizar este trabalho.

Ao meu orientador, Dr. Guido Vaz Silva, que a cada encontro compartilhava seu saber

e apresentava novos desafios, que foram fundamentais para o enriquecimento deste trabalho.

Aos professores, Dr. Marcelo Jasmim Meiriño e Dr. Fernando Neves Pereira que com

muita disponibilidade aceitaram o convite de participar desta banca.

Page 6: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

5

À Universidade Federal Fluminense, pela excelência de seu curso e de seus

professores.

Ao Colégio Pedro II, minha segunda casa. Oportunizou meu crescimento profissional.

Aos Diretores e Reitores que tive ao longo da minha vida profissional, que me

ensinaram, me apoiaram e confiaram em mim.

Aos Diretores que foram meus pares ao longo dos meus 17 anos de Gestão. Um

agradecimento especial às Diretoras que participaram desta pesquisa, concedendo-me as

entrevistas tão necessárias para sua realização.

À querida amiga e eterna Reitora, Professora Vera Maria Ferreira Rodrigues, que

confiou a mim a implantação do mais novo campus do Colégio Pedro II, o querido Campus

Realengo I.

Ao Campus Realengo I, do qual fui a responsável pela implantação em 2010 junto com

uma maravilhosa e competente equipe e onde atuei como Diretora-Geral até final de 2017.

Ao Campus São Cristóvão I, no qual ingressei quando empossada no Colégio Pedro II

em 1985 e do qual fui Diretora-Geral eleita por dois mandatos, de 2001 a 2009.

Aos colegas de profissão, que através de constantes reflexões, contribuíram com minha

formação profissional.

Aos responsáveis de alunos, que confiaram ao Colégio Pedro II seus bens mais

preciosos e que sempre foram parceiros para a realização de um trabalho de excelência.

A todas as crianças, que merecem meu carinho e respeito, dedicação e competência,

conhecimento e alegria. Que eu tenha conseguido contribuir com a formação de pessoas do bem

e ajudado a semear uma sementinha de amor no coração de cada uma delas ao longo da minha

vida profissional.

E agredeço, principalmente, a Deus por ter me permitido a realização deste trabalho e

por ter colocado tanta gente especial em meu caminho.

Minha gratidão a todos!

Page 7: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

6

“E quando digo um Brasil melhor, estou afirmando

que esse sonho só poderá ocorrer quando tivermos de

fato a escola de qualidade com que sonho – e para

todos os brasileirinhos. Sem o que, não há esperança

de um futuro justo e igualitário, nem se poderá falar

com integridade de cidadania de verdade.”

Zagury

Page 8: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

7

RESUMO

A sociedade brasileira apresenta muitas desigualdades e injustiças sociais. Um

caminho para a transformação desta situação é o acesso de todos a uma educação de qualidade.

Constata-se, no entanto, que a educação básica brasileira apresenta problemas de rendimento,

de fluxo e de desigualdades regionais e sociais. Considerando que a gestão escolar é uma das

principais vertentes para a evolução da qualidade da educação, este estudo objetiva desenvolver

propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma educação básica de

qualidade. Por meio de um Estudo de Caso sob o paradigma epistemológico da Design Science,

a pesquisa diagnostica uma situação real a fim de projetar uma intervenção na realidade para

oportunizar melhorias. Conclui-se que as práticas alinhadas com a literatura descritas no Estudo

de Caso somadas às intervenções projetadas compõem um conjunto de propostas de melhoria

do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível

em escolas de educação básica e, ainda, que sua implantação poderá contribuir para a melhoria

da qualidade da educação básica brasileira.

Palavras-chave: Educação de Qualidade. Gestão Escolar. Gerenciamento da Rotina.

Page 9: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

8

ABSTRACT

Brazilian society presents many inequalities and social injustices. A way to transform

this situation is access for all to quality education. However, it can be observed that Brazilian

basic education presents problems of performance, flow and regional and social inequalities.

Considering that school management is one of the main aspects for the evolution of the quality

of education, this study aims to develop proposals for improving the management of the school

routine for a quality basic education. Through a Case Study under the epistemological paradigm

of Design Science, the research diagnoses a real situation in order to design an intervention in

the reality to opportune improvements. It is concluded that the practices aligned with the

literature described in the Case Study, together with the designed interventions, constitute a set

of proposals to improve the management of the school routine. It is considered that this set of

proposals is feasible in schools of basic education, as well as that its implementation may

contribute to the improvement of the quality of Brazilian basic education.

Key-words: Quality Education. School Management. Routine Management.

Page 10: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Conceitos abordados na Revisão Bibliográfica.................................. 24

Figura 2 Composição do Sistema de Avaliação da Educação Básica............. 33

Figura 3 Distribuição da taxa de insucesso (soma de reprovação e

abandono) por município em 2016....................................................

37

Figura 4 Distribuição do Ideb dos Anos Iniciais e dos Anos Finais do Ensino

Fundamental na Rede Municipal de Ensino e do Ensino Médio na

Rede Estadual de Ensino no Brasil em 2017......................................

39

Figura 5 Pilares da Gestão Escolar para uma Educação Básica de

Qualidade...........................................................................................

49

Figura 6 Ciclo de Planejamento, Monitoramento, Avaliação e

Replanejamento de Ações.................................................................

55

Figura 7 Ciclos PDCA e SDCA....................................................................... 72

Figura 8 Organização do roteiro da entrevista................................................. 82

Figura 9 Categorização da entrevista............................................................... 86

Figura 10 Relação entre concepção de educação do gestor, a gestão escolar e

o gerenciamento da rotina.................................................................

87

Figura 11 Organograma do Colégio Pedro II.................................................... 90

Figura 12 Gestão Geral dos Campi I: Engrenagem........................................... 96

Figura 13 Reuniões da Gestão Geral................................................................. 119

Figura 14 Reuniões da Gestão Pedagógica........................................................ 123

Figura 15 Fluxograma da Rotina do Processo Ensino-Aprendizagem.............. 124

Figura 16 Reuniões da Gestão Administrativa.................................................. 129

Figura 17 Conjunto de propostas de melhoria do gerenciamento da rotina

escolar para uma educação básica de qualidade................................

140

Page 11: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Percentual de matrículas nos anos iniciais e nos anos finais do

Ensino Fundamental..........................................................................

36

Gráfico 2 Quantitativo de matrículas do Ensino Fundamental e do Ensino

Médio em 2017..................................................................................

37

Gráfico 3 Desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa no Saeb –

Brasil 2017........................................................................................

38

Gráfico 4 Desempenho dos estudantes em Matemática no Saeb – Brasil

2017....................................................................................................

39

Page 12: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Plano de Ação 5W1H e 5W2H.......................................................... 73

Quadro 2 Etapas da pesquisa e seus objetivos................................................... 76

Quadro 3 Protocolo de Pesquisa........................................................................ 79

Quadro 4 Relação entre as perguntas elaboradas, os conceitos abordados e

seus respectivos referenciais teóricos................................................ 83

Quadro 5 Documentos analisados e suas contribuições.................................... 85

Quadro 6 Pilares com questões em desacordo com a literatura, pilares com

ações insuficientes e pilares sem eficácia esperada...........................

131

Quadro 7 Ações bem-sucedidas realizadas por somente 1 Campus.................. 132

Quadro 8 Intervenções projetadas para melhoria do gerenciamento da rotina

escolar nos campi I do CPII............................................................... 138

Quadro 9 Quadro síntese das propostas de melhoria do gerenciamento da

rotina escolar para uma educação básica de qualidade........................

141

Page 13: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 IDEB de 2017 dos anos iniciais do Ensino Fundamental por rede de

ensino e por região brasileira...............................................................

38

Tabela 2 Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: anos iniciais do

Ensino Fundamental............................................................................

40

Tabela 3 Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: anos finais do

Ensino Fundamental.............................................................................

40

Tabela 4 Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: Ensino Médio...........

40

Tabela 5 Ideb apurado em 2017 e metas para 2021........................................... 40

Tabela 6 Quantitativo de alunos e turmas nos campi I do Colégio Pedro II em

2017......................................................................................................

92

Tabela 7 Percentual de renda familiar dos alunos dos campi I do Colégio

Pedro II em 2016................................................................................

93

Tabela 8 Ideb dos anos iniciais do Ensino Fundamental nas esferas nacional,

escola pública, escola privada e nos campi do Colégio Pedro II em

2013, 2015 e 2017...............................................................................

93

Tabela 9 Índices de aprovação, reprovação, abandono e insucesso escolar na

esfera nacional e nos campi I do Colégio Pedro II em 2016...............

94

Page 14: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

13

LISTA DE SIGLAS

ANA Avaliação Nacional da Alfabetização

Aneb Avaliação Nacional da Educação Básica

Anresc Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

CONAE Conferência Nacional da Educação

CP II Colégio Pedro II

Cis/PCCTAE Comissão Interna de Supervisão da Carreira dos Técnico-

Administrativos em Educação

COC Conselho de Classe

CODIR Colégio de Dirigentes

CONSUP Conselho Superior

CONDEPAR Conselho Departamental

CONEPE Conselho de Ensino, Extensão e Pesquisa

CPPD Comissão Permanente de Pessoal Docente

DA Diretor(a) Administrativo(a)

DG Diretor(a)-Geral

DP Diretor (a) Pedagógico (a)

DIS Distorção idade/série

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

EN I Campus Engenho Novo I

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

H I Campus Humaitá I

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC Ministério da Educação

NAPNE Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas

PDCA Plan, Do, Check, Act (Planejamento, Execução, Controle, Atuação

Corretiva)

Page 15: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

14

PDE Plano de Desenvolvimento da Escola

PNAIC Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa

PNE Plano Nacional da Educação

PPP Projeto Político Pedagógico

PPPI Projeto Político Pedagógico Institucional

PROAD Pró-Reitoria de Administração

PRODI Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucioal

PROEJA Programa de Educação de Jovens e Adultos

PROEN Pró-Reitoria de Ensino

PROGESP Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas

PROPGPEC Pró-Reitorai de Pós-Gradução, Pesquisa, Extensão e Cultura

RE I Campus Realengo I

Saeb Sistema de Avaliação da Educação Básica

SC I Campus São Cristóvão I

SDCA Standart, Do, Check, Act (Manutenção, Execução, Controle, Atuação

Corretiva)

SEB Secretaria de Educação Básica

SEE Setor de Educação Especial

SESOP Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica

SNE Sistema Nacional de Educação

RPG Reunião pedagógica Geral

RPS Reuniões Pedagógicas Semanais

T I Campus Tijuca I

TQM Total Quality Management (Gestão pela Qualidade Total)

Page 16: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 19

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA .......................................................................... 19

1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA .................................................................................. 20

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA .......................................................................................... 20

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................... 21

1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA .................................................... 21

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................... 22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 23

2.1 EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE ...................................................................... 23

2.1.1 Legislação da Educação Básica ..................................................................................... 29

2.1.2 Avaliação da Qualidade da Educação Básica Brasileira................................................ 31

2.1.2.1 O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as Avaliações que o Compõem

....................................................................................................................................... 31

2.1.2.2 Censo Escolar da Educação Básica ........................................................................... 33

2.1.2.3 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)............................................. 34

2.1.2.4 Avaliação da Qualidade da Educação Básica Brasileira na Atualidade ................... 34

2.2 GESTÃO ESCOLAR ....................................................................................................... 40

2.2.1 Evolução da Gestão Escolar Pública Brasileira ............................................................. 41

2.2.2 Gestão Escolar Democrática .......................................................................................... 43

2.2.3 A Gestão Escolar e sua Relação com a Qualidade da Educação ................................... 46

2.2.4 Pilares da Gestão Escolar para uma Educação Básica de Qualidade............................. 48

2.2.4.1 Participação ................................................................................................................ 49

2.2.4.2 Liderança .................................................................................................................... 52

Page 17: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

16

2.2.4.3 Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Replanejamento de Ações Escolares ... 53

2.2.4.4 Projeto Político Pedagógico (PPP) ............................................................................ 56

2.2.4.5 Avaliação Institucional ............................................................................................... 57

2.2.4.6 Inclusão ....................................................................................................................... 58

2.2.4.7 Formação Continuada ................................................................................................ 60

2.2.4.8 Comunicação Interna ................................................................................................. 61

2.2.4.9 Limpeza e Manutenção Predial .................................................................................. 62

2.2.4.10 Uso de Recursos Financeiros ................................................................................... 62

2.3 GERENCIAMENTO DA ROTINA ................................................................................. 63

2.3.1 Gerenciamento da Rotina Escolar .................................................................................. 63

2.3.1.1 Rotina de Reuniões ..................................................................................................... 66

2.3.2 Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total ........................................... 67

2.3.3 Proximidades entre Gerenciamento da Rotina Escolar e Gerenciamento da Rotina na

Gestão pela Qualidade Total ......................................................................................... 73

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 74

3.1 ETAPAS DA PESQUISA ................................................................................................ 74

3.2 PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO ............................................................................... 76

3.3 MÉTODO DA PESQUISA .............................................................................................. 76

3.4 UNIVERSO E AMOSTRA .............................................................................................. 78

3.5 PROTOCOLO DA PESQUISA ........................................................................................ 78

3.5.1 Abordagem da pesquisa ................................................................................................. 79

3.5.2 Fontes de dados .............................................................................................................. 79

3.5.3 Formas de coleta de dados ............................................................................................. 79

3.5.4 Procedimentos de análise dos dados .............................................................................. 84

4 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 87

4.1 O COLÉGIO PEDRO II ................................................................................................... 87

Page 18: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

17

4.1.1 Estrutura Organizacional ............................................................................................... 88

4.1.2 Missão, Visão e Valores ................................................................................................ 90

4.1.3 Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) .......................................................... 90

4.2 OS CAMPI DE ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: CAMPI I .............. 91

4.2.1 Alunos dos campi I ........................................................................................................ 91

4.2.2 Índices dos campi I ........................................................................................................ 92

4.2.3 Componentes Curriculares e os respectivos Departamentos Pedagógicos .................... 93

4.3 GESTÃO DOS CAMPI I .................................................................................................. 94

4.3.1 Gestão Geral dos Campi I .............................................................................................. 94

4.3.2 Gestão Pedagógica dos Campi I .................................................................................... 95

4.3.3 Gestão Administrativa dos Campi I ............................................................................... 96

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA

MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR DOS CAMPI I

DO CPII ........................................................................................................................ 98

5.1 CONCEPÇÃO DAS GESTORAS SOBRE EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E SUA

RELAÇÃO COM A GESTÃO ESCOLAR .................................................................. 98

5.2 PILARES DA GESTÃO ESCOLAR PARA UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE

QUALIDADE E SUAS ROTINAS .............................................................................. 99

5.2.1 Participação .................................................................................................................. 100

5.2.2 Liderança ..................................................................................................................... 102

5.2.3 Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Replanejamento de Ações ..................... 103

5.2.4 Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) ........................................................ 106

5.2.5 Avaliação Institucional ................................................................................................ 107

5.2.6 Inclusão ........................................................................................................................ 109

5.2.7 Formação Continuada .................................................................................................. 112

5.2.8 Comunicação Interna ................................................................................................... 113

5.2.9 Limpeza e Manutenção Predial .................................................................................... 115

Page 19: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

18

5.2.10 Uso de Recursos Financeiros ..................................................................................... 115

5.3 ROTINA DE REUNIÕES .............................................................................................. 117

5.3.1 Reuniões da Gestão Geral ............................................................................................ 118

5.3.2 Reuniões da Gestão Pedagógica .................................................................................. 122

5.3.3 Reuniões da Gestão Administrativa ............................................................................. 128

5.4 DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DAS ROTINAS ESCOLARES NOS CAMPI

I DO CPII .................................................................................................................... 129

5.5 INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA

ROTINA ESCOLAR DOS CAMPI I DO CPII ........................................................... 131

5.5.1 Intervenções Projetadas para Adequação das Questões em Desacordo com a Literatura

..................................................................................................................................... 132

5.5.2 Intervenções Projetadas para Melhoria do Gerenciamento dos Pilares com Ações

Insuficientes ................................................................................................................. 133

5.5.3 Intervenções Projetadas para Melhoria do Gerenciamento dos Pilares sem a Eficácia

Esperada ...................................................................................................................... 134

5.5.4 Quadro Sintético das Intervenções Projetadas ............................................................. 137

6 PROPOSTAS DE MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR

PARA UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE ....................................... 139

7 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 146

7.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ..................................................................................... 148

7.2 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ................................................... 148

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 149

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista semiestruturada realizada com as Diretoras-Gerais

dos campi de Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II no período de

2014 a 2017 ................................................................................................................. 158

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................... 161

Page 20: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

19

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é situar o leitor sobre a contextualização do tema da pesquisa,

o problema científico que a norteou, seus objetivos geral e específicos, sua justificativa e

relevância e a estrutura do trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

A sociedade brasileira, em pleno século XXI, ainda apresenta muitas desigualdades e

injustiças sociais. Instituições internacionais consideram que o acesso à educação possibilita a

mobilidade social e a redução da pobreza e, desde a década de 1990, influenciam políticas

públicas educacionais em todo o mundo (BRAGAGNOLO; BRIDI, 2018).

Acreditando que a educação possa funcionar como um elevador social, famílias

buscam uma educação de qualidade para suas crianças e jovens (MELLO, 2017). Para diversos

pesquisadores da atualidade, uma educação de qualidade é aquela capaz de formar cidadãos

plenos. Para isso, faz-se necessário a promoção de conhecimento e o desenvolvimento das

capacidades cognitivas, operativas e sociais dos alunos (ZAGURY, 2018; VOORWALD, 2017;

MARTINS, 2015; LIBÂNEO, 2013).

A qualidade da educação básica brasileira, no entanto, demanda ações de melhoria. De

acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica e das avaliações externas realizadas

pelos alunos concluintes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, dos anos finais do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio, constata-se que a Educação Básica Brasileira apresenta

questões de fluxo, de desigualdades regionais e sociais e de rendimento.

Para se ter uma escola autônoma, de qualidade e que cumpra sua função social, é de

fundamental importância haver uma gestão escolar eficaz. A gestão escolar está associada à

intencionalidade que se projeta nos objetivos que dão o rumo, a direção da escola (LÜCK,

2015).

Melhorias na gestão escolar são fundamentais para melhoria da qualidade da educação,

visto que as práticas de organização e gestão se relacionam diretamente com a qualidade das

escolas. Essas práticas garantem as condições de pleno funcionamento da escola, o que favorece

efetiva aprendizagem por toda sua comunidade (LÜCK, 2015; LIBÂNEO, 2013).

Estudos científicos sobre práticas de gestão, no entanto, são escassos. As ações de

melhoria da qualidade da gestão têm sido efetivadas de forma isolada e, muitas vezes, sem

análise, registro e interpretação de resultados. Destarte, não se constrói conhecimento sobre o

Page 21: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

20

processo e, quando há, o mesmo não é socializado para que possa ser aproveitado, com

continuidade de ações, solidificação das melhorias e avanço para outros níveis de

desenvolvimento (LÜCK, 2015). Observa-se, ainda, pouca publicização do cotidiano escolar

(ESQUINSANI; SILVEIRA, 2015).

Nesse contexto, torna-se imperioso que sejam realizados estudos científicos sobre o

gerenciamento da rotina escolar para serem compartilhados, visando à melhoria da qualidade

da educação básica.

1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA

A educação básica brasileira apresenta questões de fluxo, de desigualdades sociais e

regionais e de rendimento, demandando, portanto, ações de melhoria de qualidade. A literatura

aponta para uma relação direta entre gestão escolar e a qualidade da educação. Sendo assim,

uma gestão eficaz faz-se necessária.

Verifica-se, no entanto, uma escassez de estudos científicos sobre práticas de gestão.

Esquinsani e Silveira (2015) consideram que poucos são os dados e detalhamentos do cotidiano

escolar que são publicizados. Segundo Lück (2015), ações para a melhoria da qualidade da

gestão têm sido efetivadas de forma isolada e, muitas vezes, sem análise, registro e interpretação

de resultados. Destarte, não se constrói conhecimento sobre o processo e, quando há, o mesmo

não é socializado para que possa ser aproveitado, com continuidade de ações, solidificação das

melhorias e avanço para outros níveis de desenvolvimento.

Considerando ser imperiosa a realização de estudos sobre práticas de gestão para a

melhoria da qualidade da educação básica brasileira, este trabalho desenvolveu propostas de

melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma educação básica de qualidade.

A questão científica que norteou a pesquisa foi: Como devem ser gerenciadas as

rotinas escolares na educação básica para uma educação de qualidade?

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo geral da pesquisa é:

Desenvolver propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade.

Page 22: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

21

Os objetivos específicos da pesquisa são:

Diagnosticar o gerenciamento da rotina escolar em uma instituição pública de ensino

e projetar intervenções de melhoria;

Verificar como é avaliada a educação básica brasileira na atualidade;

Apontar as proximidades entre gerenciamento da rotina escolar e Gerenciamento da

Rotina na Gestão pela Qualidade Total.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Colégio Pedro II, uma instituição de ensino pública federal

localizada no Rio de Janeiro, com o objetivo de verificar como eram gerenciadas as rotinas

escolares.

O Colégio Pedro II possui quatorze campi. Optou-se por realizar o Estudo de Caso nos

cinco campi de Anos Iniciais do Ensino Fundamental, denominados campi I.

A pesquisa abrangeu o período de 2014 a 2017, que corresponde ao mandato da gestão

anterior à gestão em curso.

1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Verifica-se na literatura diversos estudos teóricos sobre educação de qualidade, gestão

escolar e seus princípios basilares. No entanto, por meio de pesquisa bibliográfica, constata-se

escassez de estudos sobre práticas de gerenciamento de rotinas escolares na educação básica

para uma educação de qualidade.

Com o objetivo de diminuir a lacuna de conhecimento científico existente, este estudo

realizou uma revisão bibliográfica e um Estudo de Caso sob o paradigma epistemológico da

Design Science para tecer propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade.

As propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar desenvolvidas poderão

impactar a prática da gestão, tornando-a mais eficaz e, consequentemente, contribuir com a

qualidade da educação básica brasileira.

Page 23: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

22

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está organizado em 7 capítulos. Neste primeiro, denominado Introdução, a

pesquisadora situa os leitores sobre a contextualização do tema, o problema científico, os

objetivos da pesquisa, a delimitação do estudo, a justificativa e relevância da pesquisa e a

estrutura do trabalho.

A apresentação da revisão bibliográfica que serviu de arcabouço teórico para a

realização da pesquisa compõe o capítulo 2. O capítulo 3 apresenta a metodologia da pesquisa:

suas etapas, paradigma epistemológico, método, universo e amostra e o protocolo de pesquisa.

O capítulo 4 discorre sobre o Estudo de Caso com a apresentação da instituição de

ensino pesquisada, assim como sua organização, funcionamento e relevância no cenário

educacional.

No capítulo 5, é realizada a análise comparativa de resultados entre os aspectos

observados e a literatura pesquisada, além de apresentar as intervenções projetadas para

melhoria da instituição em tela.

As propostas desenvolvidas para a melhoria do gerenciamento da rotina escolar para

uma educação basica de qualidade constituem o capítulo 6.

No capítulo 7 são apresentadas as conclusões do estudo, além de serem apontadas as

limitações verificadas na pesquisa e recomendações para estudos futuros.

Por fim, são apresentados as referências e os apêndices.

Page 24: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica realizada serviu de arcabouço teórico para a realização da

pesquisa. Os conceitos abordados foram educação básica de qualidade, gestão escolar e

gerenciamento da rotina, como mostra a figura 1.

Foram selecionados artigos científicos, dissertações, teses, livros e documentos

oficiais a partir de buscas em bancos de dados bibliográficos e de indicações de profissionais

da área da pesquisa.

Figura 1 – Conceitos abordados na Revisão Bibliográfica.

Fonte: Elaborado pela autora.

2.1 EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE

Qualidade é uma palavra polissêmica. Seus diversos significados são permeados por

valores e vivências, pela cultura e representações sociais (CATUNDA, 2012; CORRADINI,

2012; DOURADO; OLIVEIRA, 2009; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003).

Qualidade da educação, segundo Oliveira e Araújo (2003) é uma preocupação

mundial. Para Voorwald (2017), educação pública de qualidade é uma demanda da sociedade

brasileira. Segundo Dourado e Oliveira (2009), conceito de qualidade da educação é histórico

e se altera ao longo do tempo e do espaço. Em todos os momentos históricos e culturais, no

EDUCAÇÃO BÁSICA

DE QUALIDADE

1GESTÃO ESCOLAR GERENCIAMENTO DA

ROTINA

Page 25: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

24

entanto, “percebe-se a necessidade de transformação da educação e pela educação”

(GROCHOSKA, 2007, p. 23).

De acordo com Tenório e Ferreira (2010), indicadores de qualidade apontam a direção

das ações que precisam ser executadas para que se atinja os objetivos.

Para Oliveira e Araújo (2003), a educação brasileira possuiu, ao longo dos tempos, três

indicadores de qualidade: acesso, fluxo e capacidade cognitiva dos alunos.

Beisiegel (1986), alinhado com Oliveira e Araújo (2003), afirma que o primeiro

indicador de qualidade da educação brasileira era relacionado ao acesso, uma vez que as vagas

eram insuficientes e existiam rigorosos mecanismos de seleção extra e intraescolares. Dessa

forma, somente uma pequena parcela elitizada da população era atendida.

Em 1889, ano da Proclamação da República, as taxas de alfabetização da população

brasileira eram uma das mais baixas da América do Sul. Até meados do século XX, o

analfabetismo atingia por volta de 50% da população brasileira e o cidadão brasileiro estudava,

em média, três anos (VOORWALD, 2017). Importante ainda destacar que durante muito tempo

era considerada alfabetizada a pessoa que conseguia escrever apenas seu próprio

nome (ARELARO, 1988). Na década de 1940 teve início um processo de ampliação do acesso

da população brasileira às escolas (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003; HOBSBAWM, 1995).

A partir da década de 1970, o acesso à escolarização foi significativamente ampliado,

possibilitando o ingresso das camadas sociais menos favorecidas nas escolas. Apesar da

ampliação de acesso, os recursos não foram proporcionalmente ampliados e as ações

pedagógicas continuaram as mesmas de quando as escolas atendiam as classes média e alta da

sociedade. A falta de adequação à nova realidade gerou problemas na qualidade do ensino.

Constata-se que houve uma evolução quantitativa, mas esta não foi acompanhada de melhorias

qualitativas. Com isso, os índices de reprovação se elevaram consideravelmente e o desafio da

educação passou a ser a permanência dos alunos no sistema escolar (LIBÂNEO; OLIVEIRA;

TOSCHI, 2012; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003).

Neste contexto, o segundo indicador de qualidade da educação passou a ser o fluxo.

Esse indicador foi incorporado ao debate nacional no final dos anos de 1970 e nos anos 1980. A

qualidade da escola era medida por meio da diferença entre ingressos e saídas de alunos.

Quando a saída era pequena em relação à entrada, a escola ou o sistema como um todo era

classificado como de baixa qualidade. O alto índice de reprovações era o grande responsável

pela não saída dos alunos do sistema educacional. Com a reprovação, os alunos permaneciam

nas primeiras séries ou abandonavam a escola sem concluir os estudos (OLIVEIRA; ARAÚJO,

2003).

Page 26: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

25

Na década de 1990, tem início uma tentativa de regularização do fluxo escolar no

Ensino Fundamental. Foram adotados ciclos de escolarização, promoção continuada e

programas de aceleração da aprendizagem. Essas ações, que já haviam sido implantadas em

vários estados e municípios desde a década de 1980, foram amplamente difundidas a partir da

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº 9394/96. Essas

ações têm como consequência uma queda expressiva na taxa de repetência no sistema

educacional e, consequentemente, uma elevação no percentual de alunos que conseguem atingir

as séries finais do Ensino Fundamental (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003).

As ações supracitadas para regularização do fluxo escolar no Ensino Fundamental

reduziram o índice de reprovações, modificando os índices de produtividade dos sistemas. No

entanto, não houve ações para a transformação da prática pedagógica, não acarretando a

melhoria da qualidade do ensino. Destarte, apresenta-se um novo problema: a constatação de

que os índices de produtividade não podem mais ser uma medida adequada para a aferição da

qualidade do sistema educacional (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003).

O terceiro indicador de qualidade da educação surge, então, a partir da necessidade de

verificação da capacidade cognitiva dos alunos, além de quantitativos de acesso e de fluxo. Essa

verificação passa a ser feita por meio da aplicação de testes padronizados em larga escala. Esses

testes, novidade no Brasil, já eram utilizados em outros países há mais tempo (OLIVEIRA;

ARAÚJO, 2003).

Tenório, Ferraz e Pinto (2014) reiteram a ideia dos autores supracitados ao afirmarem

que demanda atual da educação brasileira é a melhoria da qualidade da educação oferecida pelas

escolas.

A qualidade, em uma perspectiva polissêmica, depende da concepção de mundo, de

sociedade e de educação. A partir das concepções é que se estabelecem os elementos que irão

definir os atributos de um processo educativo de qualidade social (DOURADO; OLIVEIRA,

2009).

Para definir o conceito de qualidade é necessário considerar a diversidade de

expectativas e demandas da sociedade. Como consequência dessa diversidade, os indicadores

de qualidade serão diversos. Além da diversidade, os indicadores precisam ser dinâmicos e

permanentemente pensados e reformulados, pois o contexto histórico está em permanente

transformação. A definição dos indicadores de qualidade, além de uma tarefa técnica, é uma

tarefa política, pela necessidade da definição de insumos e parâmetros para a educação

(OLIVEIRA; ARAÚJO, 2003).

Page 27: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

26

O conceito de educação atualmente é bastante diferenciado do conceito tradicional.

Ensino era considerado uma mera transmissão de conhecimento, com o

aluno sendo considerado um ser passivo e com valorização de memorização dos conteúdos.

Nas últimas décadas, no entanto, o aluno é considerado um agente de sua aprendizagem e a

escola busca formar sujeitos pensantes e críticos, que estejam preparados para a cidadania

(LIBÂNEO, 2013).

No mundo contemporâneo o enfoque da aprendizagem deve ser a valorização de como

aprender, e, não, o que aprender. Os conteúdos devem servir para o desenvolvimento de um

sujeito capaz de enfrentar situações novas do mundo em constante transformação (MÉNDEZ,

2011).

Dourado, Oliveira e Santos (2007) consideram educação de qualidade como um

processo complexo e amplo, constituído de diversas dimensões, precisa ser compreendido por

meio de análise dos diversos aspectos que o compõem. Vieira (2009) também aborda a questão

da complexidade da definição de qualidade em educação. Para o autor, há elementos pouco

tangíveis envolvidos, como a liderança da equipe dirigente e a motivação da comunidade.

Tenório, Ferraz e Pinto (2014), corroboram a afirmação de educação de qualidade ser

um conceito complexo. Para os autores, educação de qualidade possui diversos sentidos e

demanda uma avaliação sistemática para melhoria do processo.

Um ensino de qualidade precisa garantir educação e conhecimento, que são conceitos

distintos. Educação está diretamente relacionada à perspectiva de qualidade política, que é

condição básica da participação do indivíduo na sociedade. É ideológica, não devendo, no

entanto, ser reduzida a partidarismos. É fundamental haver ética. Conhecimento relaciona-se à

qualidade formal, que é a habilidade de utilizar instrumentos, técnicas e procedimentos. São

fundamentais o manejo e a produção de conhecimento para a inovação. Ambos

são imprescindíveis no contexto escolar, não devendo haver prioridade de um em detrimento

de outro (DEMO, 2012).

Voorwald (2017) considera que houve a universalização do acesso à educação básica,

mas ainda é necessário reconhecer a importância da escola pública de qualidade. Esta precisa

atender às demandas da sociedade brasileira do século XXI. É fundamental que seja garantida

educação formal e o desenvolvimento de competências socioemocionais. O autor afirma que

por meio de uma educação de qualidade torna-se possível a transformação do país.

De acordo com a concepção de Zagury (2018), formar e informar são os objetivos

fundamentais e não excludentes de uma educação de qualidade.

Page 28: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

27

Uma educação de qualidade valoriza o desenvolvimento do pensamento autônomo, a

capacidade de raciocinar, de considerar opiniões diferentes e a comunicação escrita

(OLIVEIRA, 2013).

Para Zagury (2018), uma escola de qualidade capacita os alunos a serem críticos e

conscientes dos problemas da atualidade, conseguindo elaborar possíveis soluções para uma

sociedade mais justa. Para isso, é fundamental que as escolas sejam equipadas física e

intelectualmente.

A escola atual precisa ser, além de um espaço de construção e de socialização do saber,

um espaço de interação de pessoas e de preservação do meio ambiente. É fundamental que a

escola desenvolva um aluno crítico e consciente de sua cidadania, para que possa contribuir

com a sociedade (GROCHOSKA, 2007).

Brooke (2011) denomina escola eficaz “aquela que ensina bem os conteúdos

curriculares e se preocupa com o aluno de maneira global, com a formação de valores, ética e

cidadania e a criação de oportunidades” (BROOKE, 2011, p. 1).

A educação de qualidade visa à emancipação dos sujeitos sociais e contribui com a

formação dos estudantes nos aspectos culturais, antropológicos, econômicos e políticos,

possibilitando que possam desempenhar o papel de cidadãos (CONAE, 2014).

Uma educação de qualidade, que exerça seu papel na formação de cidadãos

conscientes e na construção da democracia social e política, precisa desenvolver as capacidades

cognitivas, operativas e sociais dos alunos, o fortalecimento da subjetividade e da identidade

cultural, a preparação para o trabalho e para a sociedade tecnológica e comunicacional, a

formação de cidadania crítica e formação de valores éticos (LIBÂNEO, 2013).

Uma educação de qualidade está associada a maiores possibilidades de

continuidade dos estudos, à ampliação das possibilidades de inserção no mercado de trabalho e

à melhoria das condições de vida, o que gera a mobilidade social (LIBÂNEO, 2013;

DOURADO; OLIVEIRA; SANTOS, 2007).

A questão da mobilidade social como consequência de uma educação de qualidade é

comungada por diversos autores. Gadotti (2010) afirma que a educação precisa formar um

indivíduo que esteja apto a transformar sua própria condição social, além de participar

ativamente da vida em sociedade. Para isso, faz-se necessário que o indivíduo tenha autonomia

e liberdade. O autor entende que esse indivíduo será capaz de contribuir para uma sociedade

com menos diferenças sociais, mais coletiva e preocupada com o bem comum.

Page 29: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

28

Bortolini (2013) considera que uma educação de qualidade forma cidadãos críticos e

sujeitos de sua própria história. A importância de um aprendizado que possibilite aos estudantes

o exercício pleno da cidadania também é defendida por Voorwald. (2017)

Ferreira e Tenório (2010) consideram quatro dimensões de uma educação de

qualidade: eficácia, efetividade, equidade e satisfação. A eficácia relaciona-se ao atingimento

de metas estabelecidas. A efetividade é a otimização do uso dos recursos. A equidade é a

capacidade de minimizar o impacto das origens sociais dos alunos no desempenho dos mesmos.

A satisfação é a relação entre as expectativas e a satisfação dos segmentos com o que foi

realizado.

Para uma sociedade democrática, com justiça social, a educação precisa ter qualidade

na perspectiva da eficácia e equidade. A garantia destas perspectivas é fundamental para uma

educação de qualidade (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

A discussão sobre educação de qualidade como um direito e como articulação entre

eficácia e equidade, além de avaliação constante do processo educacional, faz parte da agenda

da educação na atualidade (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

A educação deve ser um fator de realização da cidadania, colaborando com a superação

das desigualdades sociais e da exclusão social (LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOSCHI; 2012).

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) consideram que o desafio da educação é incluir em

uma vida de dignidade os indivíduos dela excluídos. Tenório, Ferraz e Pinto (2014) corroboram

esta ideia e acrescentam que o grande desafio da educação na atualidade é eficácia e equidade,

especialmente pelo contexto de desigualdades sociais. Faz-se necessário que o campo

educacional realize reflexões dessa temática para uma prática efetiva, eficiente e criativa, que

viabilize a inclusão e a permanência de todos os alunos.

Para Libâneo (2013), a promoção de conhecimento e desenvolvimento das

capacidades cognitivas, operativas e sociais para todos é o caminho para a construção de uma

sociedade mais justa e igualitária.

Equidade e justiça social não se realizam somente pela igualdade de acesso à educação.

As políticas públicas de inclusão social devem estar articuladas com ações que garantam a

permanência bem-sucedida dos alunos na escola. Para isso, faz-se necessário que as escolas

sejam eficazes, considerando a realidade social dos alunos, suas vivências e condições

históricas, culturais e econômicas (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Segundo Lück (2015), para que o ensino seja voltado para a promoção do

desenvolvimento humano e de competências, caracterizado em um processo de aprendizagem,

é preciso que aconteçam mudanças significativas não somente nas práticas pedagógicas, mas,

Page 30: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

29

também, mudanças de concepção orientadora das mesmas. É necessário haver um salto de

qualidade na educação brasileira para que haja melhoria na qualidade de vida das pessoas e o

desenvolvimento das comunidades. Dessa forma, haverá “[...] a transformação do Brasil em

uma nação desenvolvida, com uma população proativa, saudável, competente, cidadã e

realizada” (LÜCK, 2015, p. 21).

Citando Japão e Coreia do Sul, que são países que alcançaram elevados índices de

desenvolvimento após grandes crises através de forte investimento em educação, Lück (2015)

afirma que é necessária a construção de um projeto educacional competente. A autora

considera, ainda, que para conseguirmos um salto qualitativo na educação brasileira, com a

implantação das transformações necessárias dos sistemas de ensino e escolas, é fundamental

que haja o desenvolvimento e a formação dos gestores.

2.1.1 Legislação da Educação Básica

Os documentos que norteiam a educação básica brasileira são a Constituição da

República Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Nº

9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Básica e o Plano Nacional de Educação (PNE),

aprovado em 26 de junho de 2014 pelo Congresso Nacional (PORTAL DA SECRETARIA DE

EDUCAÇÃO BÁSICA, 2018). Em todos esses documentos, a educação de qualidade para

todos é valorizada e garantida.

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205º, garante o direito de todos à

educação.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida

e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

(BRASIL, 1988)

Em seu Artigo 206º, são definidos os princípios com os quais o ensino será ministrado.

No inciso VII, verifica-se "garantia de padrão de qualidade" (BRASIL, 2018).

De acordo com o Artigo 4º, Inciso IX da LDBEN Nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), é

dever do Estado oferecer “padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade

e a quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo

de ensino-aprendizagem”.

Page 31: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

30

A Lei Nº 13.005/2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) para o

decênio 2014-2024, em seu Artigo 2º, define as diretrizes do PNE. Verifica-se, assim como nos

documentos supracitados, a preocupação com a qualidade da educação. Destaca-se, no Artigo

2º, a erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a superação das

desigualdades educacionais, a melhoria da educação, valores morais e éticos, princípios do

respeito aos direitos humanos, à diversidade e sustentabilidade socioambiental (BRASIL,

2014).

O Documento Final da II Conferência Nacional de Educação (CONAE) explicita que

uma educação de qualidade deva contribuir para a formação dos estudantes de forma ampla,

considerando os “[...] aspectos humanos, sociais, culturais, filosóficos, científicos, históricos,

antropológicos, afetivos, econômicos, ambientais e políticos” (CONAE, 2014, p. 64) para que

sejam capazes de desempenhar seu papel de cidadão na sociedade.

A III CONAE, que realizar-se-á em Brasília em novembro de 2018, terá como tema

"A consolidação do sistema nacional de educação - SNE e o Plano Nacional de Educação -

PNE: monitoramento, avaliação e proposição de políticas para a garantia do direito à educação

de qualidade social, pública, gratuita e laica. O Documento-Referência da III CONAE (2017),

material elaborado para subsidiar os debates, considera que a educação de qualidade tem como

objetivo principal a emancipação dos sujeitos sociais. O desenvolvimento do processo

pedagógico, com conhecimentos, saberes, habilidades e atitudes que contribuam para a

formação dos estudantes, precisa ter como base a concepção de mundo, ser humano, sociedade

e educação.

A Emenda Constitucional Nº 59/2009, de 11 de novembro de 2009, alterou a idade de

escolaridade obrigatória. A nova faixa etária, de 4 a 17 anos, deveria ser implantada até 2016.

No Artigo 208º, Inciso I, verifica-se: “Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos

17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela

não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 2009).

A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que altera a Lei nº 9394/96, considera a nova

faixa etária de alunos da educação básica, que deve ser obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos

de idade (BRASIL, 2013).

A Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC), é

responsável por zelar pelas etapas que etapas que compõem a educação básica brasileira: pré-

escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

A educação básica deve assegurar a todos os brasileiros uma formação comum que os

capacite para o exercício da cidadania, além de fornecer meios para entrarem no mercado de

Page 32: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

31

trabalho e continuar os estudos. Com isso, pretende-se reduzir as desigualdades sociais e

regionais. Para isso, faz-se necessário que sejam considerados “[...] os princípios da equidade

e da valorização da diversidade, os direitos humanos, a gestão democrática do ensino público,

a garantia do padrão qualidade, a acessibilidade, a igualdade de condições para acesso e

permanência [...] (SEB, 2018).

Diversas ações e programas são desenvolvidos pelo MEC, através da SEB, com o

objetivo de melhorar a qualidade da educação. Envolvem a aprendizagem dos alunos, a

valorização dos profissionais da educação, a infraestrutura física e pedagógica das escolas e

apoio aos federados.

2.1.2 Avaliação da Qualidade da Educação Básica Brasileira

A avaliação da qualidade da educação básica brasileira é realizada pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), uma autarquia federal

vinculada ao Ministério da Educação (MEC).

O Inep é responsável pela formulação de indicadores educacionais e atribuição de

valores estatísticos à qualidade do ensino, tanto em relação ao desempenho dos alunos quanto

ao contexto social e econômico em que as escolas estão inseridas. Esses dados servem para

monitoramento dos sistemas educacionais (INEP, 2018).

O Inep é responsável pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pelo

Censo Escolar e pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

2.1.2.1 O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as Avaliações que o Compõem

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi instituído em 1990. É formado

por um conjunto de avaliações externas em larga escala. Seu principal objetivo é diagnosticar

a educação básica brasileira e fatores que influenciam o desempenho dos estudantes para

subsidiar a formulação, a reformulação e o monitoramento das políticas públicas, favorecendo

a melhoria da qualidade, equidade e eficiência da educação.

De acordo com a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, em seu Artigo 11º, o Saeb é

considerado como fonte de informação para avaliação da qualidade da educação básica e

consequente orientação para a formulação de políticas públicas.

Page 33: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

32

O Saeb conjuga os testes de desempenho dos estudantes com questionários que são

respondidos por diferentes membros da comunidade escolar. Esses questionários versam sobre

fatores associados aos resultados dos alunos.

O Saeb é composto, atualmente, por três avaliações externas em larga escala: Aneb,

Anresc e ANA, conforme demonstra a figura 2.

Figura 2 – Composição do Sistema de Avaliação da Educação Básica.

Fonte: Figura extraída de Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (2017).

A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), popularmente conhecida

como Prova Brasil, é aplicada a cada dois anos para os alunos que estão cursando os 5º e 9º

anos do Ensino Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio. Seu objetivo é avaliar a qualidade

educacional das escolas públicas.

Os testes avaliam os níveis de aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática. Os

resultados aferidos são divulgados para as escolas e para as redes de ensino. Além dos testes,

há os indicadores contextuais sobre as condições extra e intraescolares em que ocorre o trabalho

de cada escola, obtidos através do preenchimento de questionários por estudantes, professores,

diretores e pelos aplicadores da avaliação.

De acordo com a Cartilha Saeb 2017, o questionário do aluno é composto por

informações sobre fatores de contexto que podem influenciar no desempenho escolar: perfil,

nível de renda, estrutura familiar, hábitos de leitura, trajetória escolar, práticas cotidianas e

expectativas.

Os questionários dos professores e diretores abordam os seguintes aspectos:

caracterização sociodemográfica, formação, experiência profissional, condições de trabalho,

Page 34: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

33

violência na escola, práticas pedagógicas e/ou de gestão, participação e avaliação em políticas,

programas e projetos.

O questionário da escola é preenchido pelos aplicadores da avaliação e abordam a

infraestrutura, estado de conservação, segurança, utilização dos espaços e características gerais

da escola.

Os resultados são divulgados para as escolas e para as redes de ensino. A intenção é

subsidiar o diagnóstico, a reflexão e o planejamento pedagógico da escola e a formulação de

políticas públicas para a melhoria da educação básica. A média de desempenho apurada nessas

avaliações associada às taxas de reprovação subsidiam o cálculo do Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica (Ideb).

Os dados obtidos também são disponibilizados para consulta pública, possibilitando

que a sociedade acompanhe as políticas públicas implementadas. Em relação à Anresc, ainda é

possível observar o desempenho de cada rede de ensino e do sistema como um todo.

A Aneb utiliza os instrumentos da Anresc e segue a mesma periodicidade. A diferença

entre as duas avaliações é que a Aneb abrange também as escolas privadas, além de estudantes

e escolas que não atendem aos critérios da Anresc. A avaliação é feita de forma amostral com

estudantes do quinto e do nono anos do Ensino Fundamental e terceira série do Ensino Médio

regular.

A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) teve início em 2013 e tem como

origem o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), lançado em 2012. A meta

do PNAIC é que todas as crianças estejam alfabetizadas aos oito anos, ao concluírem o terceiro

ano do Ensino Fundamental. A ANA tem como objetivo verificar os níveis de alfabetização e

letramento em Língua Portuguesa e Matemática dos estudantes que estão cursando o terceiro

ano do Ensino Fundamental em escolas públicas. É uma avaliação censitária, logo, aplicada a

todos os estudantes do ano em tela. Além da avaliação da proficiência dos estudantes, a ANA

também informa o Indicador de Nível Socioeconômico e o Indicador de Formação Docente de

cada escola (PORTAL DO INEP, 2018).

2.1.2.2 Censo Escolar da Educação Básica

O Censo Escolar da Educação Básica é o principal instrumento de coleta de

informações e o mais importante levantamento estatístico da educação básica brasileira.

Participam do Censo Escolar todas as escolas públicas e privadas do país. Seu caráter

é declaratório e deve ser preenchido pelo diretor da escola. Sua periodicidade é anual e é

Page 35: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

34

dividido em duas etapas. Na etapa denominada Matrícula Inicial são preenchidas as

informações sobre o estabelecimento de ensino, turmas, alunos e profissionais escolares em sala

de aula. Na etapa denominada Situação do Aluno são registrados a movimentação e o

rendimento dos alunos. Essa etapa, naturalmente, só acontece após o término do ano letivo.

Os dados escolares e número de matrículas coletados servem de base para o repasse

de recursos do governo federal. Essas informações também são usadas para planejamento e

divulgação de dados das avaliações realizadas pelo Inep.

Com os dados de todas as escolas brasileiras, torna-se possível compreender a situação

educacional do país e acompanhar a efetividade das políticas públicas (PORTAL DO INEP,

2018).

2.1.2.3 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) teve início em 2007. Esse

índice foi criado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para

melhoria do ensino. Funciona como um indicador nacional, possibilitando o monitoramento da

qualidade da educação.

O Ideb é um indicador formado por dois conceitos importantes para a verificação da

qualidade da educação: o fluxo escolar e o desempenho dos estudantes nas avaliações. Os dados

do fluxo escolar são as taxas de aprovação, obtidas no Censo Escolar. Os dados do desempenho

são as médias aferidas pelo Saeb.

A combinação dos dois conceitos objetiva garantir um equilíbrio entre as dimensões

fluxo escolar e desempenho. É preciso aprovar estudantes com qualidade. Seu índice varia de

zero a dez.

O Inep divulga o Ideb observado e a meta a ser alcançada nas avaliações futuras por

escola, por rede de ensino, por cidade, por estado e o resultado nacional. Os resultados do Ideb

apontam as necessidades de melhoria e a partir deles são traçadas metas para a qualidade dos

sistemas (PORTAL DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018).

2.1.2.4 Avaliação da Qualidade da Educação Básica Brasileira na Atualidade

Analisando-se os dados da Educação Básica brasileira, por meio de dados estatísticos

do Censo Escolar da Educação Básica e do resultado do Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (Ideb) de 2017, constata-se que o fluxo escolar, problema da qualidade da

Page 36: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

35

educação até meados da década de 1990, teve melhora significativa, conforme demonstra o

gráfico 1.

Gráfico 1 – Percentual de matrículas nos anos iniciais e nos anos finais do Ensino Fundamental.

Fonte: Oliveira e Araújo, 2003 e Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas.

Em 1975, havia um abismo entre o número de alunos matriculados nos anos iniciais e

nos anos finais do Ensino Fundamental: mais de 70% dos alunos estavam cursando os anos

iniciais e menos de 30% estavam matriculados nos anos finais.

Com as políticas adotadas, após a LDBEN 9394/96, os índices de reprovação

diminuíram e o percentual de matrículas nos anos finais do Ensino Fundamental aumentou. Em

1998, a diferença de matrículas entre anos iniciais e finais se apresenta inferior a 20%.

Em 2017, apesar da diferença do quantitativo de matrículas entre os anos iniciais e os

finais ter reduzido em relação ao ano de 1998, ainda é constatada uma diferença superior a 12%.

Das 27.348.080 matrículas realizadas no Ensino Fundamental, 15.328.540 são nos anos iniciais

e 12.019.540 nos anos finais.

Analisando-se o gráfico 2, que apresenta o quantitativo de matrículas do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio em 2017, a existência da questão de fluxo escolar na educação

básica fica mais evidente. O Ensino Médio apresenta aproximadamente 50% do quantitativo de

matrículas dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

71,20%

59,65% 56,04%

28,80%

40,40%

43,96%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

1975 1998 2017

Anos Iniciais Anos Finais

Page 37: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

36

Gráfico 2 – Quantitativo de matrículas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio em 2017.

Fonte: Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas.

A questão do fluxo relaciona-se com o aumento gradativo no quantitativo de

reprovações e abandono escolar ao longo das etapas de escolaridade. A figura 3, com a

distribuição da taxa de insucesso por município brasileiro em 2016, confirma o aumento da taxa

de insucesso a medida que aumentam os anos de escolaridade: taxas mais baixas nos anos

iniciais do Ensino Fundamental e bastante elevadas no Ensino Médio.

Figura 3 – Distribuição da taxa de insucesso (soma de reprovação e abandono) por município

em 2016.

Legenda de valores da Taxa de Insucesso por Município Brasileiro

0,0 – 2,5% 5,1 – 10% 20,1 – 100%

2,6 – 5,0% 10,1 – 20,0% Sem Informação

Fonte: Figura extraída de Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas.

43%

34%

23%

Anos Iniciais Anos Finais Ensino Médio

Page 38: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

37

Além da questão de fluxo, os resultados do Ideb de 2017 dos anos iniciais do Ensino

Fundamental por rede de ensino e por região brasileira, conforme tabela 1, revelam a existência

de desigualdade regional e social na educação básica.

Tabela 1 – IDEB de 2017 dos anos iniciais do Ensino Fundamental por rede de ensino e por

região brasileira.

Rede pública Rede privada Todas as redes de ensino

Norte 4,9 6,8 4,9

Nordeste 4,9 6,5 5,1

Sudeste 6,2 7,4 6,4

Sul 6,0 7,5 6,2

Centro Oeste 5,8 7,2 6,0

Brasil 5,5 7,1 5,8

Fonte: Resumo Técnico: Resultados do Índice de desenvolvimento da Educação Básica: 2017.

As regiões norte e nordeste obtiveram índices abaixo da média nacional. Das regiões

que obtiveram índices acima da média nacional, a região sudeste foi a que apresentou os

melhores resultados, seguida da região sul.

Em relação à desigualdade social, constata-se em todas as regiões brasileiras um

resultado mais elevado na rede privada de ensino, onde o nível socioeconômico dos alunos é

mais elevado, do que o dos alunos da rede pública.

O desempenho dos alunos da educação básica é bastante preocupante. Os gráficos 3 e

4 demonstram os resultados apurados nas avaliações do Saeb de 2017.

Gráfico 3 – Desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa no Saeb – Brasil 2017.

Fonte: Figura extraída de Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IBED 2017.

Page 39: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

38

Gráfico 4 – Desempenho dos estudantes em Matemática no Saeb – Brasil 2017.

Fonte: Figura extraída de Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IBED 2017.

O percentual de alunos que apresentaram um desempenho insuficiente, tanto em

Língua Portuguesa, quanto em Matemática, é bastante elevado: mais de 30% dos alunos

concluintes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, mais de 60% dos concluintes dos anos

finais e mais de 70% dos concluintes do Ensino Médio.

A figura 4 também revela uma relação inversa: a medida que as etapas da educação

básica crescem, os rendimentos diminuem.

Figura 4 – Distribuição do Ideb dos Anos Iniciais e dos Anos Finais do Ensino Fundamental na

Rede Municipal de Ensino e do Ensino Médio na Rede Estadual de Ensino no Brasil em 2017.

Legenda de valores do Ideb para cada etapa da Educação Básica Brasileira

≤ 3,7 ≤ 3,4 ≤ 3,1

3,8 – 4,9 3,5 – 4,4 3,2 – 4,1

5,0 – 5,9 4,5 – 5,4 4,2 – 5,1

≥ 6 ≥ 5,5 ≥ 5,2

Sem Ideb Sem Ideb Sem Ideb

Fonte: Figuras extraídas de Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb 2017.

Legenda adaptada de Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb 2017.

Anos Iniciais Anos Finais Ensino Médio

Page 40: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

39

Os resultados do Ideb das redes privada e pública de 2005 a 2017 dos anos iniciais,

anos finais e Ensino Médio apresentam melhorias, conforme demonstrado nas tabelas 2, 3 e 4

respectivamente.

Tabela 2 – Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: anos iniciais do Ensino Fundamental.

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017

Privada 5.9 6.0 6.4 6.5 6.7 6.8 7,1

Pública 3.6 4.0 4.4 4.7 4.9 5.3 5,5

Total 3.8 4.2 4.6 5.0 5.2 5.5 5,8

Fonte: Portal do Ministério da Educação (2018).

Tabela 3 – Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: anos finais do Ensino Fundamental.

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017

Privada 5.8 5.8 5.9 6.0 5.9 6.1 6,4

Pública 3.2 3.5 3.7 3.9 4.0 4.2 4,4

Total 3.5 3.8 4.0 4.1 4.2 4.5 4,7

Fonte: Portal do Ministério da Educação (2018).

Tabela 4 – Ideb observado nas avaliações de 2005 a 2017: Ensino Médio.

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017

Privada 5.6 5.6 5.6 5.7 5.4 5.3 5,8

Pública 3.1 3.2 3.4 3.4 3.4 3.5 3,5

Total 3.4 3.5 3.6 3.7 3.7 3.7 3,8

Fonte: Portal do Ministério da Educação (2018).

O Plano de Nacional de Educação (PNE) de 2014 estabeleceu metas de Ideb para

serem atingidas em 2021, conforme demonstra a tabela 5. Essas metas correspondem a um

sistema educacional de qualidade de países desenvolvidos (PORTAL DO MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO, 2018).

Tabela 5: Ideb apurado em 2017 e metas para 2021.

Anos Iniciais Anos Finais Ensino Médio

2017 Meta 2021 2017 Meta 2021 2017 Meta 2021

Privada 7.1 7.5 6.4 7.3 5.8 7.0

Pública 5.5 5.8 4.4 5.2 3.5 4.9

Total 5.8 6.0 4.7 5.5 3.8 5.2

Fonte: Portal do Ministério da Educação (2018).

Page 41: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

40

Constata-se que nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o Ideb atual está se

aproximando da meta estabelecida para 2021. Nos anos finais do Ensino Fundamental e no

Ensino Médio, no entanto, a diferença entre o Ideb atual e a meta estabelecida para 2021 é

bastante elevada.

A educação básica brasileira, portanto, demanda ações de melhoria para resolver as

questões de fluxo, de desigualdade regional e social e de desempenho.

2.2 GESTÃO ESCOLAR

Gestão escolar é uma das áreas de atuação profissional na educação. É um meio para

a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais.

O objetivo maior de uma gestão escolar é garantir as condições necessárias para a

realização plena das metas da instituição de ensino, favorecendo, assim, a efetiva aprendizagem

de todos os alunos (LIBÂNEO, 2013).

Considerada de grande importância para a organização da escola, a gestão estabelece

unidade ao processo educacional e mobiliza a comunidade para o desenvolvimento e a melhoria

da qualidade do ensino (LÜCK, 2015).

A organização escolar envolve os princípios e procedimentos relacionados ao

planejamento da escola, ao uso dos recursos, à coordenação e à avaliação do trabalho para a

realização dos seus objetivos (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

Para que a escola alcance seus objetivos, garantindo que todos os alunos tenham

sucesso na aprendizagem escolar, é imprescindível que a escola seja bem organizada e bem

gerida, com a gestão assegurando condições pedagógico-didáticas, organizacionais e

operacionais (LIBÂNEO, 2013).

A gestão escolar pública é responsável por identificar problemas, fazer o

acompanhamento das ações realizadas, controlar e avaliar os resultados (DOURADO, 2007).

A gestão é “[...] destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a

orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos

necessários à efetividade das ações educacionais” (LÜCK, 2009, p. 23). Essas ações devem

promover a aprendizagem e a formação dos estudantes.

Além de aspectos técnicos, a gestão escolar envolve as concepções de homem, de

sociedade e de cidadão (BRITO; SIVERES, 2015).

Page 42: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

41

2.2.1 Evolução da Gestão Escolar Pública Brasileira

As escolas brasileiras, até o início dos anos 80, eram administradas por princípios

fundamentados na Administração Escolar. Administrar significava comandar e controlar o

processo educacional com visão objetiva e atuando sobre uma realidade de forma distanciada.

O modelo de direção era centralizado na figura do diretor da escola, que agia tutelado pelos

órgãos centrais com a missão de zelar pelo cumprimento das normas por eles estabelecidas. Sua

atuação consistia basicamente em repassar informações e controlar a prática escolar (LÜCK,

2015).

A ação da escola era baseada em seleção e exclusão dos alunos, pois partia-se do

princípio de que os alunos deveriam se esforçar para ajustar-se aos padrões da escola. O aluno

era considerado o responsável pelo seu fracasso. A escola utilizava sistemas para avaliar os

alunos, mas não avaliava seu próprio processo educacional (LÜCK, 2015).

As transformações ocorridas nas últimas décadas na sociedade brasileira, no entanto,

tornaram as relações mais estreitas entre o Estado e os cidadãos. Na área educacional, a gestão

escolar também se apresenta mais participativa e valorizando a autonomia (SILVA, 2016).

Com a promulgação da Constituição Federal, em 1988, a gestão democrática foi

estabelecida como um dos princípios do ensino público brasileiro em todos os níveis.

As profundas mudanças econômicas e políticas na década de 1990 pelas quais

sociedade brasileira passou, refletiram, na educação, na discussão acerca da gestão escolar

democrática, de autonomia e de participação da comunidade (STÊNICO et al, 2015).

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394/96,

considera a gestão democrática do ensino público como um de seus princípios.

A Lei supracitada, em seu Artigo 14, estabelece:

Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público

na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princípios:

I – Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico

da escola;

II – Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes (BRASIL, 1996)

A partir da década de 1990, a gestão educacional ganhou destaque na literatura e

aceitação no contexto educacional, sendo um conceito comum nos discursos de orientação das

Page 43: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

42

ações dos sistemas de ensino e das escolas. Gestão educacional é a gerência do ensino como

um todo de acordo com as diretrizes e políticas públicas e deve estar compromissado com os

princípios da democracia, de participação e de compartilhamento, autocontrole e transparência

(LÜCK, 2015).

Em 2001 o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Educação (PNE), que aborda

a gestão democrática. Um dos objetivos estabelecidos no documento se refere aos

estabelecimentos de ensino público, que devem elaborar um projeto pedagógico próprio e ter a

comunidade escolar e local participando dos conselhos escolares.

A democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais,

obedecendo aos princípios de participação dos profissionais da educação na

elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar

e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 2001)

O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE – Escola) tem como objetivo a melhoria

da gestão escolar e é centrado na participação da comunidade. É feita uma autoavaliação para

diagnóstico dos problemas e, a partir da mesma, é traçado um plano estratégico com a definição

de metas, objetivos e necessidade de aporte financeiro suplementar. O plano estratégico é

orientado em quatro dimensões: gestão, relação com a comunidade, projeto pedagógico e

infraestrutura.

De acordo com o PDE – Escola, uma escola terá sucesso quando a gestão atuar com

eficiência, eficácia, efetividade e equidade. Para isso é fundamental que haja planejamento,

organização, liderança e controle de ações, processos e recursos (BRASIL, MEC, 2006).

O Documento Final da II Conferência Nacional de Educação (CONAE), realizada em

2014, reforça a importância da gestão democrática. Considera indispensável a participação da

comunidade no planejamento, execução e avaliação dos projetos e atividades educativas.

O Documento-Referência da III CONAE, que se realizará em novembro de 2018,

considera que “A implementação da gestão democrática é condição basilar para o

fortalecimento da autonomia, da participação popular e do controle social da educação

(DOCUMENTO-REFERÊNCIA DO III CONAE, 2017, p. 47).

Ainda de acordo com o documento supracitado, para que a participação possa propiciar

o compartilhamento de ações e decisões em um trabalho coletivo, é fundamental que haja “uma

concepção de educação voltada para a transformação social e a superação das desigualdades”

(DOCUMENTO-REFERÊNCIA DO III CONAE, 2017, p. 49).

Page 44: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

43

2.2.2 Gestão Escolar Democrática

Conforme verificado no histórico supracitado, desde as duas últimas décadas do século

XX, a gestão escolar pública brasileira é uma gestão democrática. Como tal, considera a

participação da comunidade como fundamental para a construção de uma escola pública de

qualidade.

O termo gestão democrática da escola tem implícito o significado de participação. A

gestão democrática do ensino possibilita a participação de toda a comunidade escolar na

elaboração de seus projetos político-pedagógicos e nas tomadas de decisões. Pode haver

participação também nas ações de execução, mas não se pode limitar participação a essas ações

(LÜCK, 2017; PARO, 2016; LIBÂNEO, 2013).

Alguns princípios são fundamentais para a realização de uma gestão democrática:

autonomia da escola e da comunidade, relação entre direção e equipe escolar, envolvimento da

comunidade, planejamento de ações, formação continuada dos profissionais, análise dos

problemas com profundidade, democratização das informações, avaliação compartilhada,

relações humanas produtivas e criativas em busca de objetivos comuns (LIBÂNEO, 2013;

LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

A gestão escolar operacionaliza e implanta as ações políticas da escola. A atuação na

perspectiva democrática apresenta caráter participativo, democrático, autônomo e

compromissado com os interesses da sociedade (RIBEIRO; CHAVES, 2012).

Uma gestão precisa estar alinhada com a comunidade e envolvida pelo

comprometimento de todos que a compõem: gestores, coordenadores, docentes, técnicos e

discentes. A implementação de modelos de qualidade também deve ter comprometimento de

todos para que se efetivem (XAVIER, 2016).

A prática cotidiana da administração escolar deve considerar o foco no aluno, o

compromisso com resultados e o trabalho em equipe como um conjunto de valores importantes

(VOORWALD, 2017).

Na gestão escolar democrática, o poder não é centralizado. Competentes são as escolas

em que o poder é disseminado coletivamente. O poder é exercido para a elaboração de soluções,

para a tomada de decisões e para a execução dessas decisões (LÜCK, 2017; ZUCCOLOTTO;

TEIXEIRA, 2015; LIBÂNEO, 2013).

Duas razões se destacam para justificar a importância da implantação de uma gestão

democrática. A primeira razão é o fato de que a escola deve formar as pessoas para a cidadania.

Page 45: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

44

A segunda, é o fato de que a gestão democrática pode melhorar o ensino, que é um objetivo

específico da escola (GADOTTI, 2010).

É fundamental, no entanto, que toda a comunidade esteja consciente de sua

responsabilidade e de seus deveres. A gestão democrática depende das capacidades e

responsabilidades individuais em ações coordenadas (LIBÂNEO, 2013).

A gestão escolar não pode ser reduzida a uma mera mobilização de pessoas para a

realização de atividades. Gestão escolar está associada à intencionalidade dos rumos da escola

(LIBÂNEO, 2013).

Os gestores têm como função a garantir um ambiente escolar que propicie a

participação plena de toda a comunidade, considerando essa como o conjunto de professores,

técnicos, pessoal de apoio, alunos e seus responsáveis. É função dos gestores desenvolver o

espírito de equipe e o trabalho colaborativo entre os profissionais da escola. Essa prática

interfere diretamente na qualidade do ensino (LÜCK, 2017).

O gestor escolar tem a função de conscientizar e integrar a comunidade escolar.

Também é sua função propiciar reflexões e garantir espaços para a tomada de decisões coletivas

(STÊNICO et al, 2015).

A gestão escolar está associada à gestão de um espaço social que possui uma cultura e

onde convivem docentes, técnicos, discentes e seus responsáveis. É um processo coletivo, em

que toda a comunidade participa democraticamente (STÊNICO et al, 2015).

A função da direção é colocar em prática o planejamento feito coletivamente,

coordenando os trabalhos para que as ações sejam executadas da melhor forma possível

(LIBÂNEO, 2013).

A gestão escolar possui objetivos políticos, técnicos e pedagógicos. Os objetivos

políticos estão associados à participação da comunidade escolar na gestão. Para que a escola

tenha autonomia, faz-se necessário que o gestor tenha vínculos com a comunidade. Entende-se

por autonomia a capacidade de as pessoas tomarem as decisões sobre suas próprias vidas. As

escolas públicas, no entanto, dependem do sistema central e das políticas públicas, possuindo,

assim, uma autonomia relativa. São autônomas no planejamento, organização, orientação e

controle de suas atividades internas (LIBÂNEO, 2013).

As funções do gestor escolar são administrativas e pedagógicas. Libâneo (2013)

entende que todas as suas ações possuem conotação pedagógica, visto que todas visam à

qualidade de um projeto educativo.

As práticas de organização e gestão objetivam garantir o funcionamento da escola,

favorecendo a aprendizagem de todos. Essas práticas se dividem em ações de natureza técnico-

Page 46: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

45

administrativa, que envolvem a legislação escolar, normas administrativas, recursos físicos,

materiais e didáticos, a direção e as rotinas administrativas, e ações de natureza pedagógico-

curricular, como formulação e gestão do projeto político pedagógico, currículo, ensino,

desenvolvimento profissional e as atividades da rotina pedagógica escolar (LIBÂNEO, 2013).

Na área pedagógica, um gestor escolar precisa compreender os fundamentos da ação

educacional e das ações pedagógicas e seus resultados na aprendizagem, conhecimento sobre o

processo educacional, mobilização da equipe escolar para alcance dos objetivos pedagógicos e

habilidade de orientação e avaliação do trabalho pedagógico (LÜCK et al, 2012).

Os objetivos técnicos estão relacionados à organização do trabalho escolar em suas

dimensões administrativa e financeira. O gestor precisa ter conhecimentos para gerenciar

recursos humanos e recursos materiais e na posterior prestação de contas. É necessário visão de

conjunto e de futuro, consciência do papel da escola na comunidade, conhecimento da

legislação, habilidade de planejamento e orientação de trabalho coletivo, habilidade para

gerenciar o orçamento, monitoramento de ações, avaliação diagnóstica de projetos e ações,

tomada de decisões de forma eficaz e capacidade de resolução de problemas com grande

variedade de técnicas (LÜCK et al, 2012).

O desenvolvimento da prática de assunção de responsabilidades em conjunto é

fundamental para a realização de um trabalho coletivo, com espírito de equipe. Para que a

gestão escolar aconteça de forma participativa, é necessário a mobilização da equipe para a

realização das atividades da escola., que são de responsabilidade de todos. Os gestores devem

ter ações de difusão contínua de informações claras e precisas a respeito das questões

fundamentais da vida escolar, pois quando isso não acontece, é comum que hipóteses e

conjecturas inverídicos sejam divulgados. Os gestores também devem ter ações de

estabelecimento de adequação entre a geração e a disseminação de informações no contexto

escolar para que não ocorram situações de haver informações diferentes da demanda necessária

para aprofundamento das ações pedagógicas, informações produzidas a partir de visões

limitadas ou até distorcidas da realidade. É importante que sempre se verifiquem a adequação

das informações obtidas. Os gestores devem, ainda, ter ações de desenvolvimento cultural e

capacitação técnico-operacional dos professores, para que possam atuar em dimensão

profissional, segundo os princípios da gestão participativa. Como todos são responsáveis pelas

ações e seus resultados, todos devem estar capacitados (LÜCK, 2017).

O sucesso organizacional como um todo é importante, pois as crianças aprendem

muitas coisas com o ambiente da escola: com suas formas de organização e de relacionamento,

Page 47: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

46

com as rotinas e com as maneiras de resolver problemas e de solucionar conflitos (LIBÂNEO,

2013).

O estilo de gestão tem influência nas interações entre as pessoas da comunidade

escolar, determinando as práticas e formas de relacionamento. A percepção e as atitudes do

gestor, assim como dos professores, em relação aos estudantes, são fatores importantes para o

sucesso escolar (LIBÂNEO, 2013).

A prática da gestão escolar depende de fatores fundamentais, como autoridade,

responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa. Autoridade significa o poder que foi delegado

a uma pessoa para dirigir as ações que foram planejadas coletivamente. Responsabilidade é

inerente à autoridade. Mesmo com a prática da participação e tomadas de decisões coletivas e

descentralização, a responsabilidade final é de quem dirige. Decisão significa a capacidade de

selecionar as medidas mais adequadas a cada situação. O plano de trabalho deve ser coletivo,

mas o gestor precisa tomar algumas decisões necessárias e não deve furtar-se das mesmas.

Disciplina é a compatibilização das ações individuais com as normas assumidas coletivamente.

Iniciativa é a capacidade de enfrentar situações não-previstas ou inusitadas que se apresentam

no desenvolvimento das ações planejadas (LIBÂNEO, 2013).

O gestor escolar precisa ter a visão de conjunto, articular e integrar os vários setores

da instituição. Ter visão de conjunto é fundamental para a gestão, visto que todos os elementos

de uma cultura estão associados (LÜCK, 2017; LIBÂNEO, 2013).

Cheng (2010) considera que a educação está em um processo de evolução e pode ser

entendido a partir de três modelos de gestão escolar. O primeiro modelo considera a estratégia

escolar como uma forma de melhoria interna, com foco no aprimoramento técnico das

operações internas de ensino, aprendizagem e gestão. As iniciativas são em maioria orientadas

para o curto prazo e com regulamentos burocráticos. O segundo modelo apresenta as reformas

direcionadas para a garantia da qualidade de acordo com os interesses de agentes internos e

externos. É orientada pela racionalidade mercadológica, conforme acontece em empresas. O

terceiro modelo de gestão escolar considera a relevância da educação para o pleno

desenvolvimento de indivíduos e da sociedade. Sua ênfase é na efetividade futura.

2.2.3 A Gestão Escolar e sua Relação com a Qualidade da Educação

A gestão escolar é uma das principais vertentes para a melhoria da qualidade da

educação. Para uma escola atingir seus objetivos de melhoria da aprendizagem escolar é

fundamental haver uma gestão eficaz. E a eficácia precisa ser tanto nos aspectos relacionados

Page 48: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

47

ao provimento de condições e meios para o funcionamento escolar quanto nas práticas com

caráter formativo dos alunos (LÜCK, 2015; ESQUINSANI; SILVEIRA, 2015; NEIS;

PEREIRA, 2015; LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

O investimento em gestão, com seu aperfeiçoamento e qualificação, tem como

objetivo a melhoria das ações e processos educacionais, buscando a melhoria da aprendizagem

e formação dos estudantes. Considerando que gestão é uma área-meio, não tendo um fim em si

mesma, sem esse resultado a gestão se desqualifica (LÜCK, 2015).

A organização escolar está diretamente associada à qualidade do ensino. A

organização da gestão escolar, envolvendo os aspectos gerenciais e técnico-administrativos, é

o eixo norteador de um trabalho pedagógico de qualidade (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,

2012).

Diversos fatores influenciam a qualidade da educação, mas a gestão escolar é um fator

fundamental. "[...] condições multifatoriais afetam a qualidade da educação e estas condições

estão, em larga escala, atreladas a natureza, aos princípios e as dinâmicas da gestão escolar"

(ESQUINSANI; SILVEIRA, 2015, p. 155).

Os vínculos palpáveis entre a qualidade da educação e a gestão escolar possuem

indicadores exógenos e endógenos. As dimensões dos indicadores exógenos são as estruturas

burocráticas das redes de escolas, os processos de formação de docentes e as avaliações em

larga escala. As dimensões dos indicadores endógenos são as práticas de gestão, os sujeitos e o

cotidiano escolar (ESQUINSANI; SILVEIRA, 2015).

As características da prática de organização e gestão de uma escola fazem diferença

em relação à qualidade de ensino e aos resultados dos estudantes. São exemplos de

características organizacionais a liderança do diretor, a gestão participativa incluindo os

responsáveis, o clima organizacional, o relacionamento entre os membros da comunidade, os

momentos de reflexão e de trocas de experiência, a estabilidade profissional, as condições

físicas da escola, os materiais disponíveis, os recursos didáticos e biblioteca (LIBÂNEO, 2013).

Voorwald (2017) considera haver relação entre bom gestor e indicadores de

aprendizagem. Destaca, ainda, que as experiências bem-sucedidas dos gestores devam ser

consideradas, além de destacar a importância da realização de trocas destas entre gestores.

Page 49: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

48

2.2.4 Pilares da Gestão Escolar para uma Educação Básica de Qualidade

Para uma educação básica de qualidade, alguns pilares da gestão escolar são

considerados fundamentais. São eles: participação, liderança, planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento de ações escolares, projeto político pedagógico, avaliação

institucional, inclusão, formação continuada, comunicação interna, limpeza e manutenção

predial e uso de recursos financeiros (figura 5).

Figura 5 – Pilares da Gestão Escolar para uma Educação Básica de Qualidade.

Fonte: A autora.

Participação

Planejamento,

monitoramento,

avaliação e

replanejamento

de ações Liderança Inclusão

Formação

Continuada

Avaliação

Institucional

Comunicação

Interna

Uso de

recursos

financeiros

Limpeza e

Manutenção

Projeto Político

Pedagógico

Institucional

PILARES DA GESTÃO

ESCOLAR PARA UMA

EDUCAÇÃO BÁSICA

DE QUALIDADE

Page 50: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

49

2.2.4.1 Participação

De acordo com a literatura, a rotina escolar em uma gestão democrática deve ser

pautada na participação da comunidade (VOORWALD, 2017; PARO, 2016; LÜCK, 2015;

LIBÂNEO, 2013).

O Documento Final da II Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2014), reforça

a importância da gestão democrática e considera indispensável a participação da comunidade

no planejamento, execução e avaliação dos projetos e atividades educativas.

A participação plena dos integrantes das organizações está diretamente relacionada à

qualidade do ensino. A participação é importante para transformar a prática pedagógica da

escola e de sua estrutura social, com o objetivo de que a formação dos estudantes se torne mais

efetiva e haja melhoria nos níveis de aprendizagem. Esses são os objetivos principais e

indicadores da qualidade de ensino (LÜCK, 2017; LIBÂNEO, 2013).

Participação é um direito em uma democracia e não pode depender de concessão

(PARO, 2016; LIBÂNEO, 2013). De acordo com Paro (2016, p. 25), “[...] democracia não se

concede, se realiza”.

Voorwald (2017) considera que a educação básica ainda é muito centralizada,

precisando expandir a participação colegiada.

A participação é caracterizada por uma atuação consciente através da qual os membros

de uma comunidade reconhecem e assumem seu poder de influenciar na determinação de sua

dinâmica, de sua cultura e de seus resultados. Esse poder é resultante de sua competência e

vontade de compreender, decidir e agir sobre questões que lhe são afetas, dando-lhe unidade,

vigor e direcionamento firme (LÜCK, 2017).

O envolvimento da comunidade com as propostas de escola e se caracteriza pela

mobilização efetiva dos esforços individuais e pela construção do espírito de equipe. É

imprescindível haver objetivos comuns e que esses sejam compartilhados (LÜCK, 2017;

LIBÂNEO, 2013).

A aproximação da comunidade escolar é favorecida pela participação, o que favorece

o exercício da cidadania. A participação da comunidade deve ser fundamentada no princípio da

autonomia, que é a capacidade dos indivíduos e dos grupos para livremente determinar a

condução da própria vida (LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

A participação democrática precisa ser incentivada, pois não acontece

espontaneamente. É imprescindível a criação de mecanismos institucionais para viabilizar e

incentivar as práticas participativas. É fundamental que os gestores exerçam uma liderança

Page 51: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

50

capaz de motivar e mobilizar a comunidade para uma atuação conjunta (PARO, 2016;

LIBÂNEO, 2013).

Uma questão em relação à participação é o tipo de envolvimento das pessoas. Há

situações em que a participação acontece somente na execução e, não, nas decisões. A

participação democrática pretendida é a partilha do poder na escola, o que envolve execução e

a participação na tomada de decisões (PARO, 2016).

O desafio participativo é a capacidade de inovar e de ter uma sociedade voltada para o

bem comum. Esse bem comum tem como metas uma sociedade marcada por paz, democracia,

equidade e riqueza (DEMO, 2012; GADOTTI, 2010).

O processo de participação, para ser mais efetivo e competente, deve estar orientado

por valores, como ética, solidariedade, equidade e compromisso. Com ética, a participação

acontece com cuidado e atenção aos interesses humanos e sociais. Com solidariedade, há o

reconhecimento do valor de cada membro da comunidade, com valorização de trocas e

reciprocidade. Com equidade, há condições diferenciadas para os possuem condições

diferentes, de modo que todos obtenham paridade com seus semelhantes. Com compromisso,

há envolvimento das pessoas no processo pedagógico (LÜCK, 2017).

É fundamental que as pessoas exerçam seu direito de participar do processo de

decisões e cumpram o dever de agir para implementação dessas decisões. A assunção de

responsabilidades é fundamental em um processo democrático (LÜCK, 2017; VOORWALD,

2017; LIBÂNEO, 2013).

A participação possui três dimensões que são convergentes. A dimensão política, está

relacionada ao poder das pessoas construírem sua própria história e a história das organizações

das quais fazem parte. Essa dimensão é associada à democracia e prevê o compartilhamento do

poder com a prática da cidadania no interior da escola. É construída autonomia e há o

empoderamento pela ampliação da consciência social. A dimensão refere-se a prática

pedagógica como um processo formativo. Constitui um processo permanente de ação-reflexão.

Os profissionais, enquanto compartilham as decisões gerais e específicas da escola, assumindo

responsabilidade sobre essas decisões e agindo para suas implementações, estão aprendendo a

atuar mais plenamente, se formando como um cidadão participativo. A dimensão técnica está

relacionada à ação pedagógica. Através dela, os ideais pedagógicos se transformam em ações.

É o modo de agir para realizar um planejamento que foi elaborado para melhorar a qualidade

do ensino (LÜCK, 2017).

Existem cinco formas de participação no contexto escolar. A participação como

presença se dá quando a pessoa participa do grupo apenas por sua presença física em um grupo

Page 52: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

51

do qual faz parte. A participação como expressão verbal e discussão é a denominação dada aos

casos em que as pessoas têm liberdade de expressão, mas representar avanço no processo

compartilhado. Por vezes, servem apenas para referendar decisões já tomadas. Participação

como representação política é quando há um representante instituído formalmente através do

voto e esse representa seus pares no contexto organizado. Participação como tomada de decisão

é a discussão de soluções de problemas definidos pelo dirigente, sem que as pessoas tenham

envolvimento na análise de seus significados e desdobramentos ou quando são decididas apenas

questões operacionais, sem discussão sobre os processos sociais e educacionais da escola.

Participação como engajamento é o envolvimento da comunidade nos processos, assumindo

responsabilidade, agindo com competência e dedicação para que os resultados almejados sejam

alcançados (LÜCK, 2017).

A participação da comunidade com respostas aos problemas da existência e

organização da escola retroalimenta o processo planejado, o que colabora para a realização dos

objetivos propostos para a instituição. Para isso, é imprescindível que as análises feitas não

sirvam apenas para que se tenha noção da realidade, mas para que se possa agir sobre ela de

modo consciente (LÜCK, 2015).

A prática da participação efetiva é responsável pelo sentimento de compartilhamento,

que estimula as pessoas a enfrentar as dificuldades, revigora as energias e cria um sentimento

de envolvimento com seu trabalho (LÜCK, 2017).

A criação de um ambiente e de uma cultura participativos deve ser um objetivo dos

gestores escolares. A valorização das capacidades e aptidões dos participantes deve ser um foco

de destaque na atuação dos gestores. A intervenção na realidade de cada membro da equipe

com suas competências e aptidões é tão importante quanto o trabalho de uma equipe. Ao

reconhecê-las e valorizá-las, o gestor está reforçando-as, transformando-as em referência

positiva para todos e transformando as mesmas em patrimônio da escola (LÜCK, 2017).

O desempenho de uma equipe está intimamente associado à capacidade de seus

integrantes trabalharem em conjunto e solidariamente. Fundamental, ainda, é capacidade de

liderança dos gestores para mobilizar a comunidade (LÜCK, 2015).

Zagury (2018) considera que a participação dos pais na vida escolar traz grande valia

para processo educacional. Ressalta, no entanto, que a participação deve ter como objetivo

somar ações. A autora entende que a capacitação da equipe escolar deva ser valorizada e que

seja garantida a autonomia profissional, com a confiança dos pais nas ações planejadas e

executadas. Voorwald (2017) corrobora a importância de valorização dos profissionais em

decisões técnicas da vida acadêmica.

Page 53: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

52

A importância da integração entre família e escola, sem a existência de conflitos e

disputa de poder, também é ressaltada por Voorwald (2017) e Zagury (2018). Esta destaca ser

necessário que haja pleno entendimento de que as instituições são partes correlatas e

complementares de um mesmo processo, cujo objetivo fundamental é “dar às novas gerações

um futuro mais justo, digno, feliz e democrático” (ZAGURY, 2018, p. 31).

2.2.4.2 Liderança

Liderança é a capacidade de motivar as pessoas para a realização dos objetivos

coletivos (LÜCK, 2012). O gestor precisa liderar a comunidade para coletivamente alcançarem

os objetivos (ZAGURY, 2018; VOORWALD, 2017; CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013;

LÜCK et al, 2012).

A liderança deve ser uma característica das chefias e deve ser demonstrada ao longo

do processo produtivo pelo envolvimento e respeito à criatividade do grupo. Destarte, é

alcançada a satisfação de todos (RIBEIRO, 2004).

O diretor tem grande importância na forma em que a escola é respeitada pela

comunidade. As decisões devem ser tomadas coletivamente, mas para serem colocadas em

prática, faz-se necessário que haja uma liderança que aglutine os desejos e as expectativas e

articule a participação de toda a comunidade (LIBÂNEO, 2013).

A prática de fortalecer a liderança dos membros do grupo é corroborada por Lück et

al (2012). De acordo com a autora, o diretor eficaz lidera a equipe para que juntos sejam

responsáveis pelo sucesso das ações, expandindo a liderança da equipe.

O papel do gestor escolar é de fundamental importância para o desenvolvimento da

equipe. O diretor de uma escola eficaz lidera sua equipe para juntos serem responsáveis pelo

sucesso da instituição, expandindo a liderança da equipe. Ademais, motiva a comunidade

encorajando a criatividade e o entusiasmo, o que propicia alcançar o ponto máximo de

eficiência (LÜCK et al, 2012).

No conceito de gestão escolar, que considera que os problemas educacionais são

complexos e demandam ações articuladas e integradas com a comunidade, a figura do gestor é

de orientador e líder. A liderança é fundamental para uma gestão democrática e

participativa (LÜCK, 2017).

A liderança numa escola é característica inerente à gestão escolar, não sendo possível

haver gestão se não houver liderança. Desempenhando sua capacidade de liderança, o diretor é

capaz de orientar, mobilizar e coordenar o trabalho da comunidade escolar interna e

Page 54: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

53

externamente, buscando a melhoria contínua do ensino e da aprendizagem. Em uma gestão

democrática, o líder descentraliza sua liderança, disseminando e compartilhando a tomada de

decisão por todos os membros da comunidade escolar. Destarte, a liderança não deve ser uma

função exclusiva de um indivíduo, mas uma função do grupo (LÜCK, 2017).

De acordo com Lück et al (2012), há quatro estilos de comportamento de líderes:

diretivo, de instrução, auxiliador e delegador. Segundo a autora, os momentos e circunstâncias

definem o melhor estilo de liderança a ser escolhido pelo diretor.

Pólon (2011) estabelece três perfis de liderança de gestores escolares, os quais foram

denominados liderança pedagógica, liderança organizacional e liderança relacional. De acordo

com a autora, a liderança pedagógica se define pelas atividades de orientação e

acompanhamento do planejamento escolar. A liderança organizacional dá suporte ao trabalho

docente nas atividades cotidianas e administrativas. A liderança relacional se refere às

atividades em que é necessária a participação do diretor, seja nos atendimentos cotidianos a

professores, alunos e famílias, seja na organização de eventos na escola. A autora afirma que

os perfis de liderança escolar se relacionam com a eficácia no ensino.

Para Andrade (2004), a eficácia da gestão está intimamente relacionada com o

exercício de liderança e sua essência é operacionalizar a instituição com eficiência. Sammons

(2008) considera que a maioria dos estudos sobre eficácia escolar destacam a liderança como

fator fundamental para melhoria da qualidade da escola. O papel do líder é caracterizado pela

visão, valores e objetivos da escola, assim como pelas suas abordagens em relação às mudanças.

O líder precisa atuar com firmeza e objetividade, buscando a participação de todos.

De acordo com Zagury (2018), a liderança pedagógica do gestor e de sua equipe é

fundamental para a qualidade da educação.

2.2.4.3 Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Replanejamento de Ações Escolares

Planejamento é uma reflexão sobre como está uma situação e como ela deveria ser,

elaborando, para tal, intervenções para melhoria. A partir do planejamento, ações são colocadas

em prática e devem ser monitoradas e avaliadas para realimentarem o planejamento (LÜCK,

2009).

O monitoramento e a avaliação devem acontecer de forma sistemática e contínua, por

meio de observações, registros, identificação das necessidades de ações de melhoria,

planejamento das ações e implantação das ações. A seguir, acontece novo ciclo desse processo.

Esse ciclo está representado na figura 6. (LÜCK, 2013)

Page 55: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

54

Figura 6 – Ciclo de Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Replanejamento de Ações.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planejamento é uma reflexão sobre como está uma situação e como ela deveria ser.

Para tal, há a elaboração de intervenções para melhoria. No planejamento, são elencados os

objetivos que se pretende atingir e os meios necessários. A partir do planejamento, ações são

colocadas em prática e devem ser monitoradas e avaliadas para realimentarem o planejamento

(CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013; LÜCK, 2013; LÜCK et al, 2012; GROCHOSKA, 2007).

Não definir nos planejamentos aspectos como quem será o responsável pela ação,

quando a mesma será executada, entre outros, está em desacordo com a literatura. Campos

(2013) e Lück et al (2012) consideram a definição desses aspectos fundamental para que a ação

planejada seja executada de forma eficiente.

O planejamento escolar é uma previsão de ações que serão realizadas. Consiste na

definição das necessidades que se pretende atender, dos objetivos que se pretende atingir, dos

procedimentos que serão adotados, das disponibilidades de recursos, do tempo de execução e

das formas de avaliação. É um esboço da sequência de ações que irão orientar a prática

(LIBÂNEO, 2013).

Planejar não é somente um momento de elaboração de um plano. Com caráter

processual, o planejamento é um processo contínuo que envolve reflexão e ação. Demanda

conhecimento e análise da realidade escolar e a busca de alternativas para a solução de

problemas e para a tomada de decisões (LIBÂNEO, 2013).

O planejamento escolar deve ser participativo, visto que todos os integrantes da

comunidade têm o objetivo de qualidade do processo educacional e o sucesso do aluno

(GROCHOSKA, 2007).

Voorwald (2017) considera que a ferramenta PDCA (Plan, Do, Check, Act) é

importante para o gerenciamento de resultados.

Planejamento Execução

da Ação Avaliação Replanejamento

Monitoramento

Page 56: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

55

Monitoramento é o acompanhamento das ações planejadas que estão sendo

executadas. Sua importância está na oportunidade de se verificar se há alguma situação que

demande acerto para melhoria e maior efetividade das ações (LÜCK, 2013).

Deve haver um acompanhamento contínuo das ações para verificação de como cada

área está se desenvolvendo e das correções que se fazem necessárias. Lück (2013) destaca que

devem ser identificados desvios de rumo em relação ao planejamento, situações que dificultem

a execução e que não foram previstas no planejamento e alternativas imediatas para correções

necessárias detectadas.

Zagury (2018) ratifica a importância do acompanhamento das ações que estão sendo

realizadas para viabilizar a realização de correções imediatas quando forem detectados

problemas no processo.

O monitoramento facilita a implementação de ações, a verificação de sua eficácia e de

sua adequação ao que se destina. O monitoramento orienta as ações de melhoria contínua das

práticas educacionais (LÜCK, 2013).

A avaliação, como diagnóstico da situação atual, é uma estratégia para o processo de

tomada de decisão de ações necessárias para melhoria. É, pois, uma ferramenta da gestão,

possibilitando o entendimento das dimensões escolares e funcionando como um

direcionamento para as práticas educativas da escola (GROCHOSKA, 2007).

Avaliação é a coleta de dados para análise e verificação do atingimento dos objetivos

planejados. Por isso, é fundamental que seja uma prática, pois irá viabilizar o planejamento de

novas ações para melhoria (ZAGURY, 2018; VOORWALD, 2017, TENÓRIO; FERRAZ;

PINTO, 2014; CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013; LÜCK, 2013; GROCHOSKA, 2007).

Para Fernandes (2002), a avaliação é parte fundamental da docência, integra o

planejamento escolar. A partir da avaliação são verificadas as dificuldades e planeja-se ações

de superação. Libâneo (2013) corrobora a ideia de que a avaliação é uma etapa fundamental de

qualquer plano ou projeto, sendo uma visão retrospectiva do trabalho.

A avaliação é uma estratégia para a melhoria do contexto escolar. Revela demandas

para o redimensionamento da organização escolar, embasando, assim, a tomada de decisões

para os posicionamentos e ações da escola (GROCHOSKA, 2007).

Em educação, avaliação e qualidade são termos intimamente relacionados. A avaliação

direciona as ações, permite a tomada de decisões e a busca de novos caminhos para alcançar os

objetivos planejados (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Como coleta de dados para análise e verificação do atingimento dos objetivos

planejados, é fundamental que avaliação seja uma prática, pois irá viabilizar o planejamento de

Page 57: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

56

novas ações para melhoria (ZAGURY, 2018; VOORWALD, 2017, TENÓRIO; FERRAZ;

PINTO, 2014; LIBÂNEO, 2013; LÜCK, 2013; GROCHOSKA, 2007; FERNANDES, 2002).

O replanejamento é o planejamento de ações corretivas para o que foi avaliado como

insuficiente ou ineficaz. É uma ação fundamental para a melhoria do trabalho (LÜCK, 2013).

2.2.4.4 Projeto Político Pedagógico (PPP)

A LDBEN Nº 9394/96, em seu Artigo 1º, prevê que os estabelecimentos de ensino

elaborem seu PPP quando determina, em seu Artigo 1º que os mesmos têm a incumbência de

"Elaborar e executar sua proposta pedagógica" (BRASIL, 1996).

O PPP, como projeção da intencionalidade educacional de uma comunidade, deve

subsidiar os planejamentos das ações que serão executadas (LÜCK, 2017; MARTINS, 2015;

STÊNICO et al, 2015; LIBÂNEO, 2013; GADOTTI, 2010).

Uma instituição de ensino organizada precisa ressaltar a importância da construção de

seu Projeto Político Pedagógico, que deve ser elaborado coletivamente com a comunidade

escolar, assim como deve ser executado e avaliado. Um PPP elaborado com a participação da

comunidade é um dos viabilizadores da gestão escolar democrática (MARTINS, 2015;

STÊNICO et al, 2015; LIBÂNEO, 2013).

De acordo com Libâneo (2013), a comunidade escolar deve realizar o planejamento

das ações que pretende desenvolver. Devem ser elencadas as necessidades que querem atender,

os objetivos previstos considerando as possibilidades, os procedimentos, os recursos

disponíveis e necessários, o tempo de realização e a avaliação. O PPP tem a função de unificar

as ações de acordo com os interesses da comunidade (LIBÂNEO, 2013). Voorwald (2017)

ratifica a importância da participação dos diversos atores da comunidade escolar na elaboração

do PPP.

De acordo com Lück (2017), o PPP deve ser diuturnamente consultado por toda a

equipe para orientação, reflexão e enriquecimento do trabalho escolar cotidiano. Voorwald

(2017) alinhado com a autora, considera que os gestores precisam estar à frente do trabalho

pedagógico verificando as ações de Coordenadores e docentes. É preciso que a comunidade

conheça e efetivamente use o PPP no planejamento do trabalho, para evitar que sejam

executadas ações isoladas e diferenciadas dos objetivos da escola.

Considerando que o PPP representa o rumo que a comunidade pretende seguir, a

projeção do futuro que se almeja concretizar, é um projeto inconcluso, que precisa sempre ser

atualizado (GADOTTI, 2010).

Page 58: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

57

2.2.4.5 Avaliação Institucional

Para Libâneo (2013), a avaliação institucional é um processo que considera o

aprimoramento pedagógico curricular e a qualidade do ensino. A avaliação do desempenho dos

alunos deve ser considerada, visto que é um dado indispensável para a avaliação da efetividade

dos serviços prestados. No entanto, não deve ser o único parâmetro de análise da escola. É

fundamental que se avalie o conjunto de fatores que originaram o desempenho dos alunos.

Para isso, faz-se necessário que a avaliação da escola se paute em algumas variáveis,

como dados estatísticos de reprovação, abandono, situação socioeconômica dos alunos, clima

organizacional da escola, acompanhamento do rendimento escolar dos alunos, avaliação do

projeto pedagógico-curricular, avaliação de desempenho dos professores, características dos

estudantes, rendimento de cada turma, caracterização do corpo docente, suas condições de

trabalho e motivação, recursos materiais e de estrutura física da escola e materiais didáticos.

Segundo o autor, vários dados já estão nas escolas, mas faz-se necessário organizá-los e realizar

uma avaliação diagnóstica.

Embora os índices de desempenho dos alunos não sejam o único parâmetro para se

avaliar a qualidade de uma escola, os mesmos devem ser considerados e analisados para uma

reflexão que objetive a melhoria do trabalho realizado (WERLE; AUDINO, 2015; LIBÂNEO,

2013; LÜCK, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Voorwald (2017) destaca a

importância de as escolas analisarem os resultados das avaliações externas e traduzi-las em

planos de ação para melhoria da qualidade.

A avaliação institucional é um processo sistemático que analisa uma instituição,

permitindo a compreensão de suas dimensões e implicações. Deve ser uma prática permanente

da escola, pois propicia momentos de reflexão para o autoconhecimento e a tomada de decisão.

Destarte, a avaliação aperfeiçoa a instituição com ações de melhorias (BELONI; BELONI,

2003).

Grochoska (2007) corrobora a importância da avaliação institucional e acrescenta que

os momentos de reflexão geram conflitos, mas esses são fundamentais para as mudanças. A

partir dos conflitos, debates e reflexões, a melhoria da escola se efetiva, visto que a tomada de

decisão é realizada a partir de um diagnóstico concreto sobre os aspectos escolares.

As reuniões para avaliação da escola envolvem a discussão sobre o alcance dos

objetivos planejados, definições de ações e procedimentos necessários para retornar o rumo e

as mudanças necessárias para melhoria (LIBÂNEO, 2013).

Page 59: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

58

Segundo Lück (2013), a avaliação institucional possui um caráter global, considerando

as dimensões das ações de gestão escolar. Grochoska (2007) considera a avaliação institucional

funciona como uma estratégia para a gestão, pois revela dados para a tomada de decisão.

A avaliação das ações escolares não pode servir somente para fins burocráticos. O

diagnóstico precisa estar a serviço da melhoria da prática democrática, para a formação de uma

sociedade equânime, equitativa e justa (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Grochoska (2007) destaca que, além de diagnosticar questões que demandam ações de

melhoria, a avaliação evidência pontos positivos da instituição de ensino. Esse diagnóstico

positivo incentiva os profissionais à medida que reconhece o trabalho realizado por todos. Os

pontos positivos devem ser reforçados e servem de parâmetro para mudanças que se fazem

necessárias.

2.2.4.6 Inclusão

A inclusão de todos os diferentes, com garantia dos princípios de igualdade e equidade,

é fundamental para a qualidade da educação (BRAGAGNOLO; BRIDI, 2018; ZAGURY, 2018;

VOOLWALD, 2017; PARO, 2016; TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014; LIBÂNEO, 2013;

LÜCK, 2013; DEMO, 2012; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012; GADOTTI, 2010;

DOURADO, 2007).

Santos (2003) explica o direito de igualdade e equidade: as pessoas e os grupos sociais

precisam ter garantido o direito à igualdade nas situações em que as diferenças os

inferiorizarem, assim como devem ter o direito de serem tratados com respeito às suas

diferenças nas situações em que a igualdade de tratamento os descaracterizarem.

De acordo com o Documento Final da Conferência Nacional de Educação (CONAE)

de 2014, para garantir o direito a uma educação inclusiva e de qualidade social para todos, é

fundamental que haja respeito e consideração das características de cada estudante, de seus

tempos e ritmos.

Uma educação de qualidade precisa considerar a inclusão de todas as pessoas na

sociedade (PARO, 2016; CONAE, 2014; LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,

2012; GADOTTI, 2010; DOURADO, 2007).

De acordo com Zagury (2018), a função principal da educação é inclusiva. Para isso,

deve propiciar cidadania para aqueles que ainda não são cidadãos por não terem compreensão

da realidade social. Para compreender a realidade, são necessários conhecimentos básicos,

como fazer contas e ler compreendendo o que leu.

Page 60: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

59

Uma sociedade democrática deve garantir a inclusão social de todos e a educação

como direito público subjetivo. Essa tarefa não é fácil, considerando a realidade educacional de

nosso país, marcado por desigualdades regionais, culturais e econômicas (TENÓRIO;

FERRAZ; PINTO, 2014). A desigualdade social é anterior à escola, mas a educação define

quem será incluído ou não na sociedade (GADOTTI, 2010).

Equidade é um conceito que se relaciona com educação inclusiva e com inclusão

social. Garantir a convivência respeitando as diferenças, subjetividades e diversidades é um dos

grandes desafios das escolas na atualidade (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Em relação aos desafios da educação básica brasileira, a inclusão com sucesso de todos

os alunos no processo educacional se destaca. A garantia de oferta de vagas e o acesso de todos

os alunos às escolas não é suficiente. É imprescindível que haja uma educação de qualidade,

eficaz, em que todos os alunos possam aprender (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Quando a escola ignora as desigualdades, ela favorece os favorecidos e desfavorece os

desfavorecidos. A igualdade formal na prática pedagógica revela indiferença em relação às

desigualdades e corrobora sua manutenção (BOURDIEU, 1999).

Na educação, equidade significa o reconhecimento de que nem todos os alunos

aprendem da mesma forma. As escolas que buscam equidade precisam reconhecer e respeitar

as diferenças, buscando desenvolver as competências e habilidades esperadas considerando as

diferenças pessoais, socioeconômicas e culturais dos alunos. A escola não pode ser indiferente

em relação às diferenças. Faz-se necessário um tratamento diferenciado para a minimização das

desigualdades (TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014).

Bragagnolo e Bridi (2018) e Zagury (2018), defendem a importância de adaptações na

rotina escolar para melhor atendimento aos alunos em uma educação inclusiva, com

acompanhamento da aprendizagem para que sejam providenciadas atividades para os alunos

que estejam com algum tipo de defasagem.

Voorwald (2017) corrobora a importância de adaptações na rotina escolar para alunos

com necessidades especiais, como diferenciação de provas, contratação de especialistas, como

cuidadores e interlocutores, e adaptação da arquitetura dos prédios escolares para garantia da

acessibilidade.

Page 61: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

60

2.2.4.7 Formação Continuada

A formação continuada capacita aos professores para terem autonomia na sua prática

docente, preenchendo lacunas no conhecimento, fortalecendo o exercício diário da profissão e

valorizando o profissional (ASSUNÇÃO; FALCÃO, 2015).

É fundamental que os todos os profissionais participem de formação continuada para

melhoria da prática realizada (ZAGURY, 2018; LÜCK, 2017; VOORWALD, 2017;

ASSUNÇÃO; FALCÃO, 2015; OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2014; LIBÂNEO, 2013;

LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

Zagury (2018) enfatiza a necessidade de formação continuada, afirmando que “[...]

“acha-se” muito, mas pesquisa-se pouco” (Zagury, 2018, p. 21). A autora considera

preocupante que profissionais não tenham conhecimento e teçam opiniões sem embasamento

científico.

É importante haver formação continuada nas escolas, local onde acontece a práxis,

embora outros espaços também funcionam para a formação continuada. O papel dos

Coordenadores Pedagógicos é de extrema importância para a realização de formação

continuada nas escolas. Os Coordenadores, para serem formadores, também precisam

desenvolver habilidades e competências para que possam auxiliar os professores no processo

de reflexão sobre suas práticas na rotina diária e em proposições de intervenções. O

Coordenador precisa ter domínio de conteúdo, saber trabalhar coletivamente em parceria, ter

facilidade de comunicação, ter envolvimento com a realidade e ter convicção de suas limitações

(ASSUNÇÃO; FALCÃO, 2015).

De acordo com Oliveira e Guimarães (2014), os Coordenadores precisam ter formação

inicial e continuada para desenvolver suas atribuições de articulador, formador e transformador.

Como articulador, planeja a ação educativa de forma articulada com os participantes do

processo. Como formador, contribui com a formação continuada dos docentes. Como

transformador, reflete e avalia a realidade para transformar a prática.

As autoras consideram, contudo, que o papel de formador é o de maior destaque, pois

envolve o planejamento participativo para uma prática reflexiva. O trabalho pautado em ação-

reflexão-ação propicia uma educação de qualidade para todos.

A formação continuada é uma das atribuições da gestão escolar. Realiza-se no contexto

do trabalho por meio de encontros para troca de experiências e ideias, cursos, grupos de estudo,

projetos de pesquisa e reuniões com a Coordenação Pedagógica (LIBÂNEO, 2013).

Page 62: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

61

A formação continuada visa ao desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.

Possibilita que os professores deixem de somente cumprir rotinas e realizar tarefas para

refletirem e avaliarem suas práticas (LIBÂNEO, 2013).

A capacitação de todos os profissionais da escola pode acontecer de modo

descentralizado, por meio de Educação a Distância, ou por parcerias com universidades

públicas (VOORWALD, 2017).

Para Zagury (2018), verifica-se um despreparo de gestores por deficiência na

capacitação. Corroborando essa ideia, Voorwald (2017) afirma ser fundamental a

profissionalização dos gestores e destaca a importância de formação continuada.

2.2.4.8 Comunicação Interna

Comunicação interna era considerada uma ação voltada para o público interno com o

objetivo de informar e integrar as pessoas aos objetivos e interesses da organização.

Atualmente, o conceito de comunicação interna foi ampliado e significa um conjunto de ações

coordenadas pela gestão para mobilização, informação, participação e coesão interna de valores

que precisam ser reconhecidos e compartilhados pela comunidade (CURVELLO, 2012).

A democratização das informações é um dos princípios de uma gestão democrática

(LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Um gestor precisa ter habilidade

de se comunicar eficazmente (LÜCK et al, 2012; DOURADO; OLIVEIRA, 2009).

A descentralização, característica da gestão democrática, demanda uma comunicação

eficaz. Observa-se, no entanto, dificuldade no desenvolvimento de mecanismos ágeis de

comunicação (VOORWALD, 2017).

É fundamental que haja mecanismos adequados de informação e de comunicação entre

os membros da escolar (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Várias formas de

comunicação entre a escola e as pessoas são fundamentais para a gestão participativa. A

organização escolar precisa ter uma estrutura organizacional clara e com as responsabilidades

estejam definidas (LIBÂNEO, 2013).

Os gestores devem ter ações de difusão contínua de informações claras e precisas a

respeito das questões fundamentais da vida escolar. É comum que hipóteses e conjecturas

inverídicos sejam divulgados quando a comunicação não acontece de forma eficaz (LÜCK,

2017). Falhas de comunicação podem ter como consequência o fracasso da organização, por

gerarem desperdício de recursos (ARAÚJO; SIMANSKI; QUEVEDO, 2012).

Page 63: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

62

A quebra de arestas e eliminação de divisões precisa acontecer para fortalecer a

organização. Dificuldades de comunicação e relacionamento interpessoal geram atritos entre os

membros da equipe, criando tensões, conflitos e enfraquecimento da energia coletiva. Também

existem ocorrências de discordância exagerada de ideias e manifestações emocionais. É

importante uma atuação eficiente dos gestores, conversando com as pessoas para

esclarecimentos necessários (LÜCK, 2017).

Coerência, consistência e estabilidade na comunicação são fundamentais para a

mobilização, engajamento e responsabilização da comunidade no processo ensino-

aprendizagem (VOORWALD, 2017).

2.2.4.9 Limpeza e Manutenção Predial

Voorwald (2017) defende a ideia de que a infraestrutura é de grande importância para

o processo escolar. De acordo com Libâneo (2013) e Soares e Alves (2013), o espaço físico,

higiene e limpeza são aspectos da vida escolar que influenciam o processo educacional.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) consideram que espaço físico e condições de higiene

e limpeza contribuem para rendimento dos alunos.

Bragagnolo e Bridi (2018) corroboram a importância da infraestrutura em uma

organização escolar eficaz e destacam a importância de se monitorar a qualidade do espaço

físico, limpeza e conservação da escola e manutenção de seus equipamentos. Diferentemente

de Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), consideram estes aspectos, apesar de importantes, não

são vinculados diretamente ao desempenho dos alunos.

Soares e Alves (2013) destaca que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)

recomenda que as organizações escolares devem ser monitoradas com indicadores de qualidade

de seis dimensões, sendo o ambiente um deles.

Para Libâneo (2013), é função da gestão a organização da escola, e condições físicas

são uma das características de organização.

2.2.4.10 Uso de Recursos Financeiros

De acordo com Lück et al (2012), os objetivos técnicos da gestão escolar relacionam-

se à organização do trabalho escolar em suas dimensões administrativa e financeira. O gestor

deve ter conhecimento técnico para gerenciar os recursos materiais, tendo habilidade de manejo

Page 64: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

63

e controle do orçamento. Por fim, o gestor precisa realizar a prestação de contas do uso das

verbas públicas. Paro (2016) ratifica a importância da prestação de contas.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) consideram que a utilização eficaz de recursos e

são fundamentais para a organização escolar.

Existem instrumentos legais para o controle do uso dos recursos financeiros. O

tribunal de Contas é o órgão técnico encarregado do controle dos gastos públicos. No entanto,

apesar dos instrumentos legais para controle, as questões financeiras possuem um grau alto de

complexidade, dificultando a verificação dos gastos pela sociedade (LIBÂNEO; OLIVEIRA;

TOSCHI, 2012).

2.3 GERENCIAMENTO DA ROTINA

De acordo com a etimologia da palavra “Gerenciamento”, esta significa “Ato ou efeito

de gerenciar ou administrar uma organização ou uma empresa; gerência” (Dicionário Michaelis,

2018).

Já a palavra “Rotina” é descrita como “Sequência de instruções ou de etapas na

realização de uma tarefa ou atividade” (Dicionário Priberam, 2018), “Hábito de fazer uma coisa

sempre do mesmo modo” (Dicionário Aurélio, 2018), “Caminho já trilhado ou sabido”

(Dicionário Priberam, 2018; Aurélio, 2018), “Caminho habitualmente seguido ou trilhado;

caminho já conhecido; rotineira” (Dicionário Michaelis, 2018).

2.3.1 Gerenciamento da Rotina Escolar

A função social da escola se altera ao longo do tempo e está relacionada aos momentos

históricos e culturais. As transformações que ocorrem no mundo geram novas realidades

sociais, políticas, econômicas, culturais e geográficas. Essas novas realidades interferem

diretamente nas instituições escolares, que precisam diuturnamente repensar seu papel e suas

rotinas (PENIN; VIEIRA, 2002).

A escola precisa acompanhar as transformações sociais para contribuir com a mesma.

O gestor é um dos principais responsáveis por essa atualização da escola e deve inserir na

mesma uma cultura de participação, planejamento e avaliação em sua rotina (GROCHOSKA,

2007). O objetivo de uma escola é ensinar aos alunos a viver em sociedade, transmitindo valores

sociais (STÊNICO et al, 2015; LÜCK, 2009).

Page 65: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

64

Escola é um local de interação de pessoas, de socialização de diferentes culturas, que

reflete a sociedade na qual está inserida. Possui rotinas para alcançar os objetivos coletivos

(ONGARO et al, 2018; BRITO; SIVERES, 2015; LIBÂNEO, 2013). Segundo Voorwald

(2017), é importante a garantia da autonomia do corpo docente e técnico, além de haver

necessidade de rotinas diferenciadas para os diversos contextos escolares.

Existe uma diversidade de definições para qualidade de uma escola. No entanto, é

fundamental que seus profissionais estabeleçam um consenso mínimo sobre o padrão de

qualidade que servirá de norte para o trabalho que será desenvolvido e como seus objetivos

serão alcançados (LIBÂNEO, 2013).

Qualidade de uma escola se refere às suas características do gerenciamento de suas

rotinas ou à sua excelência de acordo com uma escala de valores. Para alcançar seus objetivos,

é fundamental que a escola tenha uma boa gestão, que assegure condições pedagógico-

didáticas, organizacionais e operacionais para os professores em sala de aula, fazendo com que

os alunos tenham uma boa aprendizagem (LIBÂNEO, 2013).

A caracterização de uma escola envolve valores que afirmam sua função social e

sensibilidade para compreender e agir sobre o estudante, seu principal componente. Uma escola

é organizada internamente de acordo com demandas e objetivos específicos, considerando a

realidade e valorizando os sujeitos e suas culturas (ONGARO et al, 2018).

Escola é um espaço de aprendizagem e de compartilhamento. A responsabilidade da

direção, assim como da coordenação pedagógica de uma instituição educacional é grande, uma

vez que está diretamente relacionado a aprendizagem dos alunos. Por isso, a atuação da gestão

precisa envolver em sua rotina questões além de práticas administrativas e burocráticas: é

preciso atuar nos motivos de aprendizagem dos docentes e alunos (LIBÂNEO, 2013).

Uma escola de qualidade não é aquela que garante o ingresso de alunos, mas aquela

que garante um desempenho de qualidade para todos. Uma instituição de ensino precisa

colaborar no movimento contra a exclusão social (LIBÂNEO, 2013; DEMO, 2012).

Para Cunha (2012), a cultura de uma escola é o conjunto de práticas realizadas em seu

cotidiano, suas rotinas. Envolve normas, procedimentos, valores e crenças de sua comunidade.

Lück (2009) considera que é fundamental conhecer o cotidiano de uma escola para se conhecer

de fato uma escola. Esquinsani e Silveira (2015) avaliaram em pesquisa realizada sobre

cotidiano escolar, que o mesmo é pouco revelado nos documentos oficiais e pouco se sabe sobre

o funcionamento interno das escolas.

A estrutura organizacional de uma escola, seu ordenamento, disposição de funções e

rotinas refletem a concepção de gestão da mesma (LIBÂNEO, 2013). A gestão atua sobre a

Page 66: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

65

rotina escolar e essa atuação é fundamental para a melhoria da qualidade educacional. O

cotidiano mostra o que ocorre em uma escola enquanto a cultura organizacional mostra “[...] o

que está por trás do que ocorre, a teia de significados que estabelece e mantém o que ocorre”

(LÜCK, 2009, p. 129).

De acordo com Murillo (2008), a linha de pesquisa em eficácia escolar relaciona-se à

capacidade da escola influenciar no desenvolvimento dos alunos e em conhecer os fatores que

determinam uma escola eficaz. O autor considera que o termo eficácia possui uma conotação

negativa por desconhecimento conceitual. Há uma associação de eficácia com produtividade,

no sentido econômico, o que não procede. Eficácia escolar está relacionada a estudos

pedagógicos, com foco na análise sobre quais rotinas redundam em melhores objetivos.

As escolas, sob o ponto de vista jurídico-normativo, estão sujeitas a um controle

burocrático e precisam estar organizadas e estruturadas de acordo com o modelo determinado

pelo sistema de ensino. No entanto, cada instituição possui suas formas próprias de interação e

interpretação, o que faz com que as regras hierarquicamente estabelecidas resultem em rotinas

diferenciadas. Ademais, as relações dos sujeitos e as especificidades de cada organização

resultam em unidades de ensino distintas, embora integrantes de uma mesma rede (LIMA,

2011).

Rockwell e Ezpeleta (2007) também consideram que os processos cotidianos de cada

escola, ainda que constituintes de uma mesma rede de ensino, possuem suas versões singulares,

pois “[...] cada escola, mesmo imersa num movimento histórico de amplo alcance, é sempre

uma versão local e particular desse movimento” (ROCKWELL; EZPELETA, 2007, p. 133).

A organização do cotidiano de uma escola interfere na qualidade das atividades de

ensino. Por isso, a organização da escola precisa contemplar todos os aspectos da vida escolar.

Libâneo (2013) separa esses aspectos em quatro grupos: vida escolar, processos de ensino e

aprendizagem, atividades de apoio técnico-administrativo e atividades que sustentam as

relações entre a escola e a comunidade.

A vida escolar relaciona-se à estrutura organizacional, legislação, normas

administrativas, espaço físico, higiene, segurança, limpeza, recursos materiais, didáticos e

financeiros, clima organizacional, relacionamento humano, procedimentos para tomada de

decisões e rotinas administrativas. O ensino e aprendizagem envolve o currículo, as

metodologias, horários, número de alunos por turma, avaliações, formação continuada,

acompanhamento do desenvolvimento do trabalho pedagógico, assistência pedagógica e

conselhos de classe. As atividades de apoio técnico-administrativo referem-se ao apoio para a

realização do trabalho docente e às atividades de secretaria escolar, serviços gerais e de

Page 67: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

66

multimeios. A organização de atividades que sustentam as relações entre a escola e a

comunidade dizem respeito à rotina de envolvimento da escola com os diversos tipos de relação

externa, como os níveis superiores de gestão do sistema escolar, os responsáveis por alunos,

organizações comunitárias, a cidade e os equipamentos urbanos (LIBÂNEO, 2013).

A qualidade de uma escola não pode ser considerada somente pelos resultados de

provas realizadas pelos alunos, pois uma escola de qualidade busca uma formação integral. No

entanto, esses índices devem ser considerados e analisados. A reflexão sobre as práticas

escolares deve considerar todos os dados para a busca de melhoria (WERLE; AUDINO, 2015;

LIBÂNEO, 2013).

As escolas precisam discutir e definir seus pressupostos, rumos, finalidades e rotinas

de gestão em seu Projeto Político Pedagógico. É fundamental que considerem rotinas que

efetivem a formação integral de seus estudantes: o desenvolvimento intelectual e, também, as

dimensões afetivas, estética, ética e física (LIBÂNEO, 2013).

2.3.1.1 Rotina de Reuniões

Libâneo (2013) entende por reunião o encontro formal para troca de ideias e tomada

de decisões sobre questões pedagógicas, administrativas e financeiras da escola. As reuniões

também funcionam como formação continuada, facilitam a comunicação e a construção

coletiva da gestão da escola, visto que promovem a participação.

O autor supracitado considera que a rotina de reuniões seja uma necessidade da

organização escolar e descreve quatro tipos de reunião de professores. A reunião informativa é

aquela destinada à transmissão de questões já decididas que deverão ser executadas. A reunião

de coleta de informações tem como objetivo ouvir as pessoas envolvidas para subsidiar

decisões. Opinativo-deliberativa é a reunião em que os assuntos são discutidos e as soluções

são tomadas de forma participativa. Reuniões de estudo, às vezes denominadas seminários,

visam ao aprofundamento de algum assunto, ao conhecimento de conteúdo de documentos e à

preparação de aulas de forma participativa.

De acordo com Esquinsani e Silveira (2015), a rotina de realização de reuniões

pedagógicas e administrativas com regularidade e pauta prévia revelam o preparo da equipe

gestora. As reuniões não devem objetivar somente a transmissão de avisos e de decisões

tomadas, mas reflexões e tomada coletiva de decisões.

Stênico et al (2015) considera que o gestor escolar tem a função de propiciar reflexões

e garantir espaços para a tomada de decisões coletivas.

Page 68: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

67

A rotina de reuniões são um procedimento pedagógico e administrativo de suma

importância. No entanto, para serem eficazes, precisam ser planejadas, organizadas e muito

bem conduzidas para que colaborem com a qualidade da gestão. É importante que sejam

realizadas em espaço físico apropriado, com condições de limpeza e manutenção, que sejam

reunidas pessoas com o mesmo interesse, que sejam elaborados objetivos e pauta viáveis de

serem executadas previamente. É fundamental também que os assuntos que possam ser

resolvidos individualmente não sejam tratados em reunião. As reuniões devem ser lideradas e

devem ter registro, incluindo a delegação de responsabilidades das ações planejadas nas

mesmas (LIBÂNEO, 2013).

O estabelecimento de demanda de trabalho centrada em ideias e não em indivíduos

garante o fortalecimento das ideias, que devem mobilizar o grupo para as ações necessárias ao

trabalho coletivo. Quando se valoriza o indivíduo, gera-se competição e luta pelo poder,

enfraquecendo, assim, a organização. Os gestores, ao liderarem as reuniões, devem atuar para

canalizar para o grupo as ideias individuais surgidas (LÜCK, 2017).

Zagury (2018) considera que a rotina de reuniões, especialmente as que envolvem

pais de alunos, devem ser pautadas por clareza, objetividade e fundamento.

Paro (2016) aponta para a dificuldade dos pais de alunos de conseguirem espaço e

tempo para se reunirem para discussões sobre a escolarização dos seus filhos. Considera que a

gestão possa contribuir para efetivar a participação deste segmento da comunidade escolar por

meio de algumas estratégias, como a marcação de reuniões em horários compatíveis com as

disponibilidades dos pais, agendar mais de uma reunião com a mesma pauta, mas em horários

diferentes, para atendimento de maior quantitativo de pais.

Zagury (2018) corrobora a importância de agendamento de reuniões de pais em

horários mais viáveis para diminuir o absenteísmo. É importante que a escola tenha consciência

das dificuldades de comparecimento dos pais pelas situações de vida. A autora considera, ainda,

que os pais devem ser acolhidos e que suas opiniões sejam ouvidas de fato.

2.3.2 Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total

De acordo com Voorwald (2017), diversas metas em gestão escolar são universalmente

aceitas. Há, no entanto, divergências sobre definição e implementação de estratégias para

alcançá-las.

Page 69: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

68

Esquinsani e Silveira (2015) consideram haver pouco conhecimento sobre o cotidiano

escolar. Segundo as autoras, poucos dados e detalhamentos da rotina escolar são publicizados

de maneira oficial para conhecimento.

Pesquisas bibliográficas revelam diversos estudos científicos sobre pilares da gestão

escolar e importância da rotina para uma educação de qualidade, mas há escassez de pesquisas

científicas sobre práticas de gerenciamento de rotinas escolares.

A busca por estudos de Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total, para

verificação de proximidades com o gerenciamento da rotina escolar, objetiva verificar possíveis

contribuições para a melhoria do gerenciamento da rotina escolar.

Assim como o conceito de qualidade é bastante discutido na área educacional,

qualidade também tem sido um tema bastante discutido nos estudos de Engenharia de Produção

nas últimas décadas. Diversas pesquisas têm sido realizadas, gerando conceitos para serem

aplicados tanto na área de manufatura quanto na área de serviços (HECKERT; SILVA, 2008).

A qualidade de um produto ou de um serviço está relacionada à sua capacidade em

satisfazer as necessidades e expectativas do usuário (CARDOSO et al, 2015; JURAN, 1998;

ZEITHAML et al, 1990).

Considerando as constantes transformações dos desejos e necessidades, torna-se

fundamental que as empresas se antecipem às necessidades futuras de seus clientes, o que gera

um caráter estratégico para a obtenção da qualidade (CORDEIRO, 2004).

A melhoria contínua é um processo de mudanças continuadas. Essas mudanças

melhoram a qualidade da organização, agregando valor à mesma (LOPES, 2014).

Qualidade significa a melhoria permanente em todas as etapas de funcionamento de

uma organização, incluindo a satisfação de todos os stakeholders (TOLEDO et al, 2013;

SILVA, 2009; LONGO; VERGUEIRO, 2003).

É fundamental que haja boas condições de trabalho, com bom clima organizacional e

valorização profissional para que possam ser gerados bens e serviços de qualidade (LONGO;

VERGUEIRO, 2003).

A filosofia denominada Gestão da Qualidade Total (TQM - Total Quality

Management) é baseada no princípio de melhoria contínua de produtos e processos e seu

objetivo é a satisfação dos clientes (CAMPOS, 2013; TOLEDO et al, 2013).

A Gestão da Qualidade consiste em atividades que servem para dirigir e controlar uma

organização. Envolve o planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. A

Gestão da Qualidade é um dever de todos da empresa. A alta administração deve exercer forte

Page 70: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

69

liderança na equipe, estabelecer metas, educação e treinamento e desenvolver programas para

obtenção da melhoria dos processos (PALADINI et al, 2012).

Para que a Gestão da Qualidade Total se realize é fundamental haver educação e

treinamento, trabalho em equipe, comprometimento e envolvimento de todos com o processo

de melhoria de produtos e serviços oferecidos (CAMPOS, 2013; TOLEDO et al, 2013).

A integração de todos os departamentos de uma empresa é fundamental para a

condução da mesma à competitividade duradoura (CORDEIRO, 2004).

O Gerenciamento da Rotina, um programa da Gestão pela Qualidade Total, é a

denominação para “[...] as ações e verificações diárias conduzidas para que cada pessoa possa

assumir as responsabilidades no cumprimento das obrigações conferidas a cada indivíduo e a

cada organização” (CAMPOS, 2013, p. 36). Para o autor, esse gerenciamento é a base da

administração de uma empresa e precisa ser extremamente bem conduzido.

A implementação do gerenciamento da rotina de forma integrada entre todos os

departamentos de uma organização será capaz de atender às necessidades de seus clientes, tanto

externos quanto internos (CORDEIRO, 2004).

As ações de uma empresa são direcionadas pela direção e devem ser padronizadas.

Para que a empresa mantenha os padrões existentes, é necessário que se cumpram as metas

padrão (CAMPOS, 2013).

A gerência de uma empresa precisa elaborar metas para melhorar sempre. É

fundamental que haja clareza de que mudanças acontecem e que é necessário se atualizar para

acompanhar as transformações. A gerência também precisa verificar os motivos de não ter

atingido uma meta, elaborar um plano de ação e executá-lo. Para resolver problemas, também

se faz necessário o estabelecimento de metas e um planejamento de ações para que as mesmas

sejam atingidas. Para isso é fundamental que haja conhecimento gerencial e conhecimento

técnico do trabalho (CAMPOS, 2013).

A liderança é fundamental para uma empresa realizar as mudanças necessárias e

alcançar suas metas. Embora liderança não seja uma característica de todas as pessoas, é

fundamental para a função gerencial. A atuação do líder está diretamente associada ao

desempenho da empresa. A experiência tem confirmado que uma empresa tem bons resultados

quando possui um bom líder. Cabe ao gerente, como líder, compreender a dificuldade que as

pessoas apresentam e conduzi-las para que aconteçam as mudanças necessárias. A educação e

treinamento da equipe são fundamentais para a realização das mudanças (CAMPOS, 2013).

Para a solução de alguns problemas há necessidade de um número reduzido de pessoas,

que identificam a causa e podem atuar rapidamente na anomalia detectada. Para outros

Page 71: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

70

problemas, no entanto, faz-se necessário a participação de muitas pessoas para identificação

das causas dos mesmos e elaboração de um plano de ação eficaz. Quando o plano de ação é

elaborado em reunião com toda a equipe, ele será um produto do melhor conhecimento de todos.

Os participantes assumem responsabilidades e têm vontade de aprender novos conhecimentos

(CAMPOS, 2013).

A motivação é uma das condições para o aprendizado e o gerente é o responsável pela

motivação e crescimento das pessoas de sua equipe. É fundamental que seja estabelecido um

item de controle sobre o tema, que sejam estabelecidas metas e que haja um gerenciamento da

questão. O item de controle da motivação é o moral das pessoas. É possível medir o moral da

equipe considerando as taxas de rotatividade, de faltas ao trabalho, de idas ao posto médico, de

causas trabalhistas, de sugestões, entre outros (CAMPOS, 2013).

Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia significa a busca de eficiência e

eficácia por meio de controle das partes nos processos (DELACORTE et al, 2008). O

gerenciamento da rotina é baseado no método e no humanismo. Não existe um método rígido

para a melhoria do gerenciamento, pois cada empresa possui uma especificidade e se encontra

em um estágio de gerenciamento. Assim, os planos de melhoria do gerenciamento são

específicos para cada empresa, para cada realidade (CAMPOS, 2013).

O gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia é centrado em 6 pontos: definição

da autoridade e responsabilidade de cada um, padronização dos produtos, processos e

operações, monitoramento dos resultados, ação corretiva a partir de desvios constatados, bom

ambiente de trabalho com uso do potencial das pessoas e busca contínua da perfeição

(CAMPOS, 2013).

O Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total é baseado no Ciclo

Plan, Do, Check and Act (PDCA), que possui 4 etapas. O planejamento inicia-se pela análise

da situação atual, identificando a causa principal do problema e planejando mudanças nos

mínimos detalhes para sua, posterior, implantação e avaliação. Nessa etapa, portanto, são

definidas as metas de melhoria e a previsão razoável de mudança (hipótese) e determinados os

métodos para alcançá-las. A execução engloba a educação e treinamento das pessoas que irão

atuar no processo e a realização do trabalho previsto para testar a hipótese conforme

determinado no plano de ação. O controle é a etapa crucial no processo, em que são verificados

os efeitos do trabalho realizado para confirmar se houve efetividade da ação e para validar o

grau de compreensão dos indivíduos envolvidos. A atuação corretiva são as ações e/ou

modificações necessárias com base nos resultados verificados na etapa anterior (PAVÃO,

2013).

Page 72: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

71

O PDCA é um método de gestão que considera o planejamento como fundamental

para o gerenciamento. Para a realização do mesmo, é imprescindível que os fatos e os dados o

embasem. Portanto, é fundamental que a capacidade de planejamento de toda a equipe seja

continuamente aumentada (CAMPOS, 2013).

Fatos, dados, informações e conhecimentos são fundamentais para um bom

planejamento e, consequentemente, para um bom gerenciamento. Quando uma meta for

atingida, faz-se necessário tanto a divulgação do resultado quanto a realização de um

gerenciamento por meio de operações padronizadas para mantê-lo. O plano para essa

manutenção é o procedimento operacional padrão (standard). O ciclo PDCA utilizado para

manutenção de metas é denominado SDCA (standard, do, check and act) (CAMPOS, 2013).

No entanto, quando o plano de ação tiver sido insuficiente e a meta prevista não tiver

sido atingida, faz-se necessário que a questão seja encaminhada para uma reunião para que

novos planos de ação sejam elaborados e possa ser novamente girado o PDCA. A motivação e

a adesão na implementação dos planos de ação são maiores quando há a participação da equipe

na sua elaboração (CAMPOS, 2013).

Os Ciclos PDCA e SDCA, com suas metas, podem ser observados na figura 7.

Figura 7 – Ciclos PDCA e SDCA.

Fonte: CAMPOS, 2013.

Page 73: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

72

Soluções devem ser tomadas com participação de pessoas. Para a solução de alguns

problemas há necessidade de um número reduzido de pessoas, que identificam a causa e podem

atuar rapidamente na anomalia detectada. Para outros problemas, no entanto, faz-se necessário

a participação de muitas pessoas para identificação das causas dos mesmos e elaboração de um

plano de ação eficaz. Quando o plano de ação é elaborado em reunião com toda a equipe, ele

será um produto do melhor conhecimento de todos. Os participantes assumem

responsabilidades e têm vontade de aprender novos conhecimentos (CAMPOS, 2013).

Para a elaboração de um plano de ação é importante que o gerente tenha estabelecido

a meta de melhoria que precisa ser alcançada. Com a participação de todos os envolvidos, o

gerente deve prestar os esclarecimentos sobre o problema detectado e a necessidade da meta

estabelecida, assim como as vantagens que a meta irá proporcionar. A seguir, deve ser discutido

com a equipe as possíveis causas do problema e as contramedidas que devem ser adotadas para

se alcançar a meta. Para cada contramedida é imprescindível que seja determinado quem será

o responsável pela mesma, quando será feito, onde acontecerá, por que é necessária aquela

atividade e como a mesma será executada (CAMPOS, 2013).

Essa ferramenta objetiva expor claramente todos os aspectos que precisam ser

definidos no plano de ação. Ao responder às perguntas, programa-se as soluções para se

alcançar os resultados desejados (WERKEMA, 2012; DEOLINDO, 2011; MESQUITA;

VASCONCELOS, 2009; BRASSARD, 2004).

O registro do plano de ação deve ser feito sob a forma do 5W1H e, quando o

planejamento envolver custos, utiliza-se o plano de ação 5W2H, com o acréscimo da pergunta

“Quanto custa?” (How much). Ambos os planos de ação estão demonstrados no quadro 1.

Quadro 1 – Plano de Ação 5W1H e 5W2H.

Meta (What) O que será feito?

Responsável (Who) Quem fará?

Prazo (When) Quando será feito?

Local (Where) Onde será feito?

Justificativa (Why) Por que será feito?

Procedimento (How) Como será feito?

Custo (How much) Quanto custa?

Fonte: CAMPOS, 2013.

Page 74: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

73

O Gerenciamento da Rotina tem como objetivo melhorar os resultados da empresa. É

fundamental, no entanto, que os resultados sejam monitorados e divulgados para toda a equipe.

Para a divulgação dos resultados, utiliza-se a Gestão à Vista.

A Gestão à Vista é uma ferramenta da Gestão pela Qualidade Total que consiste na

elaboração de material para socialização dos resultados obtidos com toda a equipe. O

material deve ser exposto em local de fácil acesso para visualização de todos. Deve haver

clareza e objetividade no material produzido para que todos consigam entendê-lo com

facilidade, sem esforço de interpretação dos dados (CAMPOS, 2013).

Essa ferramenta funciona como um sistema de planejamento, controle e melhoria

contínua por meio de ferramentas visuais. A situação atual é facilmente visualizada,

colaborando para a tomada de decisões para melhorias (STOROLLI; COELHO, 2011).

A Gestão à Vista tem como finalidade envolver a comunidade para maior participação

nas ações, pois todos possuem mais conhecimento dos problemas que demandam soluções de

melhoria (MANFROI; LIZ; JORDAN, 2011).

2.3.3 Proximidades entre Gerenciamento da Rotina Escolar e Gerenciamento da Rotina na

Gestão pela Qualidade Total

A partir da literatura estudada sobre Gerenciamento da Rotina da Gestão pela

Qualidade Total e gerenciamento da rotina escolar, percebe-se que diversos autores dão grande

importância para pontos nodais dentro de suas áreas de atuação. Ao analisar tais pontos nodais,

verifica-se a existência de pontos comuns entre os dois tipos de gerenciamento, caracterizando

que há proximidades entre ambos. Destacam-se os seguintes pontos:

Importância de planejamento, monitoramento e avaliação

Elaboração de novas estratégias quando as anteriores foram ineficazes ou insuficientes

Busca de melhoria contínua

Permanente processo de mudança, de atualização de acordo com as transformações sociais

Participação de todos os envolvidos no processo com comprometimento e responsabilidade

Reuniões com a participação do grupo

Valorização da integração da equipe

Formação continuada dos profissionais em serviço

Importância de um bom clima organizacional

Importância da liderança do gestor

Relação direta da gestão com a qualidade

Page 75: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

74

3 METODOLOGIA

A metodologia de uma pesquisa científica é o conjunto de critérios e métodos

utilizados pelo pesquisador para a construção segura e válida do saber (SILVA; SILVEIRA,

2014).

Para uma pesquisa ser reconhecida como sólida e potencialmente relevante, o

pesquisador precisa detalhar os procedimentos adotados e justificar as decisões tomadas na

condução da mesma. É fundamental, ainda, que sejam posicionados o paradigma

epistemológico e os métodos de pesquisa (DRESCH et al, 2015).

A realização da presente pesquisa demandou um procedimento sistemático,

organizado e reflexivo para permitir a busca pelas respostas necessárias à solução do problema.

Esse caminho será explicitado a seguir.

3.1 ETAPAS DA PESQUISA

A pesquisa teve início com a definição do problema que se pretendia estudar.

Sequencialmente foram definidos os objetivos e a delimitação da pesquisa.

Passou-se, então, para a revisão da literatura, que serviu de arcabouço teórico para o

desenvolvimento do estudo.

A seguir, foi definido o paradigma epistemológico, que orientou a busca do

conhecimento. Para viabilizar o atingimento dos objetivos da pesquisa de acordo com o

paradigma epistemológico, definiu-se o método da pesquisa.

Em seguida, definiu-se o universo e a amostra e o protocolo de pesquisa, formado pela

abordagem da pesquisa, fonte de dados, forma de coleta de dados e procedimentos de análise

de dados.

Em etapa subsequente, foram selecionados os documentos relacionados ao tema e foi

elaborado o roteiro da entrevista, que foi embasado pela literatura revisada. Posteriormente as

entrevistas foram efetuadas.

Foi realizado, então, o Estudo de Caso com a apresentação da instituição de ensino

pesquisada, assim como sua organização, funcionamento e relevância no cenário educacional.

A seguir, elaborou-se a análise dos resultados da pesquisa com a verificação do

alinhamento entre a prática observada e a literatura pesquisada.

Após feito o diagnóstico da situação analisada, foram projetadas intervenções para a

melhoria do gerenciamento da rotina escolar da instituição de ensino pesquisada.

Page 76: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

75

Tendo como base a revisão bibliográfica, o Estudo de Caso e as intervenções

projetadas, foram tecidas propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade.

Por fim, elaborou-se as conclusões do estudo e foram relatadas as limitações

verificadas na pesquisa e feitas recomendações para estudos futuros.

As etapas da pesquisa e seus objetivos estão sintetizados no quadro 2.

Quadro 2 – Etapas da pesquisa e seus objetivos.

ETAPAS DA PESQUISA OBJETIVOS

Definição do problema da pesquisa Definir o problema que será estudado

Definição dos objetivos da pesquisa Definir o objetivo geral e os objetivos

específicos da pesquisa

Delimitação do estudo Definir o recorte da pesquisa

Revisão da literatura Formar o arcabouço teórico que fundamentará a

pesquisa

Definição do paradigma epistemológico Definir o paradigma epistemológico da pesquisa

Definição do método Definir o método que viabilizará o atingimento

dos objetivos da pesquisa

Definição do universo e amostra Escolher, em um universo, a amostra que poderá

contribuir de forma relevante para a pesquisa

Definição do protocolo de pesquisa

Definir a abordagem da pesquisa, as fontes de

dados, as formas de coleta de dados e os

procedimentos de análise de dados

Elaboração do roteiro da entrevista e seleção dos

documentos

Elaborar um instrumento de pesquisa

significativo para a produção de conhecimento

da prática pesquisada e selecionar a

documentação relacionada

Realização das entrevistas Realizar as entrevistas elaboradas

Apresentação do Estudo de Caso Apresentar aspectos relevantes da instituição

pesquisada

Análise dos resultados Analisar a prática observada verificando seu

alinhamento com a literatura

Projeção de intervenções para a instituição de

ensino pesquisada

Contribuir para a melhoria da gestão escolar da

instituição pesquisada

Desenvolvimento de propostas de melhoria do

gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade

Contribuir para a melhoria da qualidade da

educação básica brasileira

Fonte: A autora.

Page 77: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

76

3.2 PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO

Uma pesquisa pode ter o objetivo de realizar uma observação para descrição e análise

da realidade ou pode ter o objetivo de intervir na realidade para resolver problemas ou

oportunizar melhorias. A literatura, considerando essas duas perspectivas, denomina as ciências

que se ocupam da análise e da descrição da realidade como ciências tradicionais e as que se são

prescritivas e de projetação, como ciências do artificial (DRESCH et al, 2015).

As ciências do artificial, como engenharia, medicina e gestão, buscam respostas para

como as coisas devem ser para atingir determinados objetivos. De acordo com Simon (1996),

o interesse do projeto é relacionado à melhoria. É a definição do quê e como uma coisa deve

ser, e, não, a descrição do quê e como a coisa é.

Para Dresch et al (2015), a base epistemológica para estudos do artificial é denominada

Design Science. Essa base epistemológica projeta e prescreve soluções para os problemas

detectados na realidade. A missão principal da pesquisa na Design Science, segundo Tranfield

e Van Aken (2006), é gerar conhecimento para a projeção de soluções para problemas

vivenciados por profissionais.

Para Van Aken (2004), a Design Science tem seu foco de preocupação nas possíveis

soluções para os problemas e, não, no entendimento dos problemas. Por isso, a pesquisa

fundamentada no paradigma da Design Science tem como objetivo projetar artefatos e

prescrever soluções para problemas existentes, através da criação de novos sistemas ou da

melhoria dos sistemas existentes.

Na elaboração das soluções para os problemas existentes, Simon (1996) destaca a

importância de projetos satisfatórios que sejam viáveis, em oposição a projetos ótimos, mas

baseados em modelos simplificados, distantes da realidade.

A presente pesquisa tem como objetivo a projeção de soluções viáveis para a melhoria

do gerenciamento das rotinas nas escolas. Considerando essa abordagem, enquadra-se no

paradigma epistemológico da Design Science.

3.3 MÉTODO DA PESQUISA

Pesquisas com o paradigma epistemológico da Design Science são comumente

operacionalizadas pelo método Design Science Research, que é um método prescritivo.

Page 78: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

77

O método Design Science Research é um processo sistemático cujo objetivo é projetar

e desenvolver artefatos para resolver problemas, o que garante alta relevância para o campo

prático (CAGDAS; STUBKAER, 2011).

Consiste em um rigoroso ciclo composto pela elaboração de artefatos, avaliação de

certa instanciação, comunicação de resultados alcançados e crítica rigorosa do próprio artefato.

A avaliação é um processo com uma série de procedimentos para verificação da relação do

artefato e as soluções que se propôs alcançar quando desenvolvido no ambiente para o qual foi

projetado (LACERDA et al, 2013).

O tempo previsto para a realização da presente pesquisa, no entanto, não viabilizava a

execução do ciclo completo da Design Science Research. Não havia possibilidade de colocar

um artefato em prática em uma situação real com acompanhamento rigoroso para avaliá-lo. A

Design Science Research foi, portanto, desconsiderada como um possível método para essa

pesquisa.

O método de Estudo de Caso é um método tradicional que pode ser usado em pesquisas

realizadas sob o paradigma da Design Science (DRESCH et al, 2015; LACERDA et al, 2013).

Para Lacerda et al (2013), nas pesquisas com objetivo prescritivo ou para

desenvolvimento de artefatos, o método do Estudo de Caso pode ser uma opção útil para a

compreensão de artefatos existentes e em funcionamento em um contexto. Os Estudos de Caso

podem cumprir dois objetivos: ampliar o conhecimento de artefatos bem-sucedidos e permitir

a formalização de artefatos eficazes que poderão ser úteis para outras organizações.

De acordo com Silva (2013), diversos autores reconhecidos sobre a análise do método

de Estudo de Caso o associam à compreensão de fenômenos in loco.

O Estudo de Caso é a estratégia ideal quando o pesquisador não tem controle sobre os

acontecimentos investigados e o foco da investigação recai sobre um fenômeno contemporâneo.

O Estudo de Caso deve ser a estratégia de pesquisa nos casos que envolvem questões do tipo

"como" ou "por que" (YIN, 2009).

As etapas previstas para a realização do Estudo de Caso são definição de uma estrutura

conceitual-teórica, planejamento do caso, realização de teste piloto, coleta de dados, análise dos

dados e geração de relatório (MIGUEL, 2007)

Após análise do objetivo da pesquisa, de seu paradigma epistemológico, das

circunstâncias e das possíveis abordagens, optou-se pela utilização do método de Estudo de

Caso sob o paradigma da Design Science.

Page 79: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

78

Pretendeu-se, com essa escolha, estabelecer uma comparação entre a literatura e a

realidade, verificando a existência de aderência entre a teoria revisada e a prática pesquisada,

sob uma perspectiva incrementalista para uma conclusão propositiva.

A pesquisadora optou por realizar o Estudo de Caso nos cinco campi destinados aos

anos iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II. Localizado no Rio de Janeiro, é uma

instituição de ensino público federal. Essa escolha se deu pelo fato desses campi apresentarem

índices que os caracterizam como escolas de qualidade.

A pesquisa caracteriza-se como sendo não experimental, uma vez que não serão

realizadas experiências nos campi pesquisados. Segundo Silva e Silveira (2014), no método

experimental são realizadas experiências com um grupo de controle para alcançar proposições

gerais.

3.4 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa será constituído pelos 14 campi de Educação Básica que

compõem o Colégio Pedro II. Da amostra participarão os 5 campi que atuam com alunos dos

Anos Iniciais do Ensino Fundamental, denominados campi I, a saber: Engenho Novo I,

Humaitá I, Realengo I, São Cristóvão I e Tijuca I.

3.5 PROTOCOLO DA PESQUISA

O protocolo da pesquisa, que é um instrumento que explicita os procedimentos adotados

em relação aos dados da pesquisa, está sintetizado no quadro 3.

Quadro 3 – Protocolo da Pesquisa.

Protocolo da Pesquisa

Abordagem Fonte de dados

Forma de coleta

de dados

Procedimentos de

análise de dados

Qualitativa

Documentos institucionais do

Colégio Pedro II

Disponibilizados

pela Internet; Análise documental

Atores envolvidos:

Diretoras-Gerais dos campi I do

Colégio Pedro II no período de

2014 a 2017 ou suas substitutas

Entrevistas com

roteiros

semiestruturados

Análise de conteúdo

Fonte: Elaborada pela autora, com base em SILVA (2013, p. 158).

Page 80: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

79

3.5.1 Abordagem da pesquisa

A abordagem da pesquisa é qualitativa. Pretende-se uma análise profunda do

fenômeno do estudo. De acordo com Silva e Silveira (2014), a pesquisa qualitativa caracteriza-

se por ser bem adaptada para a análise minuciosa da realidade complexa e por sua sensibilidade

ao contexto no qual ocorrem os eventos estudados.

Minayo (2010) considera que um estudo deve ser qualitativo quando se preocupa com

um nível de realidade que não pode ser quantificado, que é o caso da pesquisa em tela.

3.5.2 Fontes de dados

As fontes de dados selecionadas foram os documentos institucionais do Colégio Pedro

II e os atores envolvidos foram as cinco Diretoras-Gerais (DG) dos campi I do Colégio Pedro

II no período de 2014 a 2017 ou suas substitutas.

3.5.3 Formas de coleta de dados

Documentos institucionais do Colégio Pedro II

Foi feito um levantamento de todos os documentos institucionais do Colégio Pedro II

em sua Página na Internet.

Foram coletados os seguintes documentos:

Estatuto do CPII, aprovado pelo MEC e publicado no DOU Nº 86, de 8 de maio de

2014, Seção I (2014)

Projeto político Pedagógico Institucional - PPPI (2018)

Relatório de Gestão/2017 (2018)

Planejamento Estratégico 2015/2018 (2015)

CPII em Números/2016 (2017)

Carta de Serviço ao Cidadão (2018)

Regimento Interno do Colégio Pedro II (1987)

Portaria Nº 1.990/2017 (2017)

Portaria Nº 1.020/1995 (1995)

Page 81: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

80

Documentos que não estavam disponíveis para análise:

Estatuto do CPII elaborado pelo CONSUP em 2017: Aguardando aprovação do MEC.

Novo Regimento Interno do CPII: Sua elaboração só ocorrerá após aprovação do novo

Estatuto.

Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI): Foi elaborado em 2014, mas precisou

ser revisado por mudanças ocorridas na estrutura do CPII. Encontra-se em fase de

reestruturação.

Atores envolvidos:

As cinco Diretoras-Gerais dos campi I do Colégio Pedro II no período de 2014 a 2017

ou suas substitutas, que eram as Diretoras Administrativas (DA) ou as Diretoras Pedagógicas

DP).

A opção pelas Diretoras-Gerais (DG) ou suas substitutas se deu pelo fato de serem

responsáveis pelo gerenciamento da rotina escolar nos campi. Em relação ao período definido,

o mesmo se justifica por corresponder ao exercício do último mandato completo até a realização

da pesquisa.

A pesquisadora realizou entrevistas semiestruturadas com quatro DGs e uma DA.

Antes das entrevistas, foi realizado um teste piloto para testar os procedimentos de

aplicação, verificar a qualidade dos dados e fazer os ajustes necessários. O teste piloto foi

aplicado com a Diretora Pedagógica de um dos campi I. Verificou-se que as perguntas estavam

claras e oportunizavam que a Diretora pudesse relatar como era o gerenciamento da rotina

escolar, abordando práticas previstas pelo Colégio e práticas específicas do campus.

O agendamento das entrevistas foi feito por contato telefônico e cada entrevistada

definiu a data e o horário mais apropriados, assim como o local mais conveniente para a

realização da mesma. Nesse contato foi informado às entrevistadas o tema da pesquisa.

Todas as entrevistas foram realizadas em junho de 2018. Duas respondentes

escolheram como local o Gabinete da DG do campus em que atuavam, pois foram reeleitas para

a função. Duas entrevistadas solicitaram que a entrevista acontecesse em suas residências. Uma

entrevistada optou pela realização da entrevista na Sala dos Servidores do campus em que

atuava.

Antes de iniciar cada entrevista, a pesquisadora esclareceu o objetivo da pesquisa e se

disponibilizou a prestar qualquer esclarecimento que se fizesse necessário. A seguir, solicitou-

se autorização para gravação da entrevista e preenchimento do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido, cuja modelo encontra-se no apêndice B.

Page 82: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

81

Todas as entrevistas transcorreram de forma tranquila, sem qualquer constrangimento

observado. Posteriormente as entrevistas foram transcritas para facilitar as análises. Todas as

respondentes demonstraram empolgação ao relatar as práticas que eram realizadas em suas

gestões.

Com o objetivo de preservar o anonimato das gestoras entrevistadas, usou-se a

estratégia de denominá-las por meio de números de 1 a 5, sendo os mesmos usados de forma

aleatória, sem considerar qualquer ordem previsível, como ordem alfabética dos nomes dos

campi ou das respondentes ou ordem cronológica de implantação dos campi.

O objetivo da entrevista foi levantar dados para a realização de um diagnóstico do

gerenciamento das rotinas dos campi I do CPII. A questão norteadora das entrevistas foi: Como

é gerenciada a rotina escolar nos campi de Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Colégio

Pedro II?

As perguntas da entrevista foram elaboradas pela pesquisadora com base no referencial

teórico pesquisado e tendo a visão prospectiva dos objetivos pretendidos com a realização da

mesma.

O roteiro das entrevistas, que se encontra no Apêndice A, foi composto por duas

seções. A primeira seção era de dados informativos das respondentes e a segunda seção era

formada por perguntas para o diagnóstico pretendido. A figura 8 demonstra a organização do

roteiro da entrevista.

Figura 8 – Organização do roteiro da entrevista.

Fonte: Elaborada pela autora.

A seção com dados informativos possibilitou qualificar as Diretoras-Gerais que

atuaram na gestão dos campi I do CPII. Na entrevista realizada pela substituta da DG, que era

a DA do campus, foi solicitado à respondente os dados informativos da DG, que foram

considerados na qualificação das DGs.

Todas as DGs foram eleitas para a função pela comunidade do campus: docentes,

técnico-administrativos e responsáveis por alunos. Quatro estavam em seu primeiro mandato e

ENTREVISTA

Dados informativos

das entrevistadas

Perguntas para o

diagnóstico

Page 83: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

82

uma estava em segundo mandato no campus e já havia tido, anteriormente, dois mandatos em

outro campus do Colégio.

Duas DGs que estavam em um primeiro mandato possuíam experiência prévia em

Direção: uma havia sido Diretora-Geral Substituta na gestão anterior e em uma outra gestão na

década de 1990 e a outra DG havia sido Diretora-Adjunta em uma outra Instituição de Ensino,

na qual trabalhou antes de ingressar no CPII. As outras duas DGs em primeiro mandato nunca

haviam exercido a função de Direção, mas tinham experiência em Coordenação Pedagógica.

As DGs dos campi I que atuaram no período de 2014 a 2017 têm idade oscilando entre

52 e 59 anos e possuem mais de 31 anos de experiência profissional em magistério. Sobre tempo

de atuação no CPII, uma das dirigentes atua no Colégio há 23 anos e as demais, entre 31 e 34

anos.

Todas as DGs envolvidas na pesquisa têm curso superior completo: duas são

pedagogas, duas são graduadas em Letras e uma em Ciências Biológicas. Em relação a estudos

de pós-graduação, todas têm especialização, três estão concluindo o curso de Mestrado, uma já

o concluiu e outra já concluiu o Doutorado.

A segunda seção da entrevista foi formada por perguntas diretamente relacionadas ao

diagnóstico pretendido com a realização do Estudo de Caso. O quadro 4 demonstra a relação

entre as perguntas elaboradas, os conceitos abordados e seus respectivos referenciais teóricos.

Quadro 4 – Relação entre as perguntas elaboradas, os conceitos abordados e seus respectivos

referenciais teóricos.

PERGUNTA(S) CONCEITO REFERENCIAL TEÓRICO

1 Educação de

Qualidade

Zagury (2018), Mello (2017), Voorwald (2017), Lück

(2015), Martins (2015), Tenório, Ferraz, Pinto (2014),

Bortolini (2013), Libâneo (2013), Oliveira (2013),

Catunda (2012), Corradini (2012), Demo (2012),

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Brooke (2011),

Méndez (2011), Gadotti (2010), Dourado e Oliveira

(2009), Vieira (2009), Dourado, Oliveira e Santos

(2007), Grochoska (2007) e Oliveira e Araújo (2003)

2 e 3 Gestão Escolar

Zagury (2018), Voorwald (2017), Paro (2016), Xavier

(2016), Brito e Siveres (2015), Esquinsani e Silveira

(2015), Lück (2015), Stênico et al (2015), Zuccolotto e

Teixeira (2015), Neis e Pereira (2015), Libâneo

(2013), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Lück et al

(2012), Ribeiro e Chaves (2012), Lück (2011), Cheng

(2010), Gadotti (2010), Lück (2009) e Dourado (2007)

4 e 5 Participação Zagury (2018), Lück (2017), Voorwald (2017), Paro

(2016), Lück (2015), Libâneo (2013), Pavão (2013),

Page 84: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

83

Fonte: Elaborada pela autora.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Lück et al (2012),

Demo (2010) e Gadotti (2010)

6 e 7 Liderança

Zagury (2018), Lück (2017), Voorwald (2017), Lück

(2014), Campos (2013), Libâneo (2013), Lück et al

(2012), Pólon (2011), Sammons (2008), Andrade

(2004) e Ribeiro (2004)

8, 9 e 10 Planejamento de

Ações

Campos (2013), Libâneo (2013), Lück (2013), Pavão

(2013), Lück et al (2012), Lück (2009) e Grochoska

(2007)

11 e 12 Monitoramento de

Ações

Zagury (2018), Campos (2013), Lück (2013), Pavão

(2013) e Grochoska (2007)

13 e 14 Avaliação de Ações

Zagury (2018), Voorwald (2017), Tenório, Ferraz e

Pinto (2014), Campos (2013), Libâneo (2013), Lück

(2013), Pavão (2013), Grochoska (2007) e Fernandes

(2002)

15 Replanejamento de

Ações Campos (2013), Lück (2013) e Pavão (2013)

16 Ciclo PDCA Voorwald (2017), Campos (2013) e Pavão (2013)

17 e 18 PPPI Lück (2017), Voorwald (2017), Martins (2015),

Stênico et al (2015), Libâneo (2013) e Gadotti (2010)

19 e 20 Avaliação

Institucional

Voorwald (2017), Paro (2016), Werle e Audino

(2015), Tenório, Ferraz e Pinto (2014), Libâneo

(2013), Lück (2013), Libâneo, Oliveira e Toschi

(2012), Grochoska (2007) e Beloni e Beloni (2003)

21 e 22 Inclusão

Bragagnolo e Bridi (2018), Zagury (2018), Voolwald

(2017), Paro (2016), Tenório, Ferraz e Pinto (2014),

Libâneo (2013), Lück, (2013); Demo (2012), Libâneo,

Oliveira e Toschi (2012), Gadotti (2010), Dourado

(2007), Santos (2003) e Bourdieu (1999)

23 e 24 Formação

Continuada

Zagury (2018), Lück (2017), Voorwald (2017),

Assunção e Falcão (2015); Libâneo (2013), Oliveira e

Guimarães (2014) e Libâneo, Oliveira e Toschi (2012)

25 e 26 Comunicação

Interna

Lück (2017), Arantes e Giacaglia (2013), Libâneo

(2013), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Araújo,

Simanski e Quevedo (2012), Curvello (2012), Lück et

al (2012) e Dourado e Oliveira (2009)

27 e 28 Limpeza e

manutenção predial

Bragagnolo e Bridi (2018), Voorwald (2017), Libâneo

(2013) e Soares e Alves (2013) e Libâneo, Oliveira e

Toschi (2012)

29 e 30 Uso de Recursos

Financeiros

Paro (2016), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Lück

et al (2012)

31, 32 e 33 Reuniões Zagury (2018), Lück (2017), Paro (2016), Esquinsani e

Silveira (2015), Stênico et al (2015) e Libâneo (2013)

Page 85: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

84

Como uma entrevista semiestruturada, as perguntas planejadas tiveram, ao longo das

entrevistas, desdobramentos para complementação de respostas que não haviam revelado as

informações necessárias. Após a realização das perguntas planejadas, foi perguntado a cada

respondente se havia algum comentário final a fazer para acrescentar informações ao Estudo de

Caso.

3.5.4 Procedimentos de análise dos dados

Documentos institucionais do Colégio Pedro II

Foi realizada análise documental de todo o material coletado. Os documentos

analisados contribuíram com a pesquisa viabilizando informações sobre o Colégio Pedro II, a

concepção de educação de qualidade da comunidade escolar, a proposta administrativo-

pedagógica, seus servidores e alunos.

O quadro 5 detalha as contribuições obtidas em cada documento analisado.

Quadro 5 – Documentos analisados e suas contribuições.

DOCUMENTOS CONTRIBUIÇÕES

Estatuto do CPII (2014) Histórico, princípios, finalidades, gestão e órgãos colegiados e

processo de escolha de dirigentes.

PPPI (2018) Visão, Missão e Valores do CPII, concepções acerca de educação

de qualidade, componentes curriculares e organização do trabalho

pedagógico.

Relatório de Gestão 2017

(2018)

Organograma do CPII, dados estatísticos e ações realizadas pelo

CPII

Planejamento Estratégico

2015/2018 (2015)

Mapa de objetivos, projetos e propostas acadêmicas e

pedagógicas.

CPII em Números/2016

(2017)

Dados estatísticos do CPII (Renda familiar discente e Índices de

aprovação, reprovação, abandono, evasão e DIS)

Carta de Serviço ao

Cidadão (2018)

Histórico, natureza da instituição, princípios, finalidades e

características, formas de ingresso de alunos e estrutura de ensino.

Portaria Nº 1.990/2017 Normas dos Conselhos de Classe

Portaria Nº 1.020/1995 Normas do Conselho Pedagógico -Administrativo Setorial, que

embasa o atual Conselho Pedagógico e Administrativo de Campus

Fonte: Elaborada pela autora.

Constata-se, no entanto, que praticamente inexistem documentos acerca da rotina

escolar dos campi I. As únicas rotinas descritas e atualizadas são referentes aos Conselhos de

Classe (COC), normatizadas por meio da Portaria Nº 1.990/2017. Há, também, a Portaria Nº

Page 86: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

85

1.020/1995, com a regulamentação de funcionamento do Conselho Pedagógico-Administrativo

Setorial, que embasa o atual Conselho Pedagógico e Administrativo de campus.

De acordo com as respondentes, existem práticas estabelecidas em reuniões entre as

DGs dos campi I e entre essas e a PROEN, sem, no entanto, registros documentais formais e

públicos.

Entrevistas semiestruturadas com as Diretoras-Gerais do período de 2014 a 2017

Foi realizada análise de conteúdo com as entrevistas realizadas. A opção se justifica

pela intenção de realização de uma análise densa das entrevistas.

A análise de conteúdo, para Bardin (2011) é um conjunto de técnicas para análise de

mensagens que possibilitam a inferência de conhecimentos relacionados às condições de

produção das mesmas. É composta por três fases fundamentais: pré-análise, exploração do

material e tratamento dos resultados.

Na pré-análise, que é uma fase de contato inicial com o material, uma organização,

foram feitas as transcrições das entrevistas e, a seguir, uma leitura preliminar das mesmas.

Como última ação desta fase, foram tomadas as decisões sobre a categorização.

Na fase de exploração do material, foi feita a codificação e a categorização por tema,

explicitada na figura 9.

Figura 9 – Categorização da entrevista

Fonte: Elaborada pela autora

Reuniões da Gestão

Administrativa

Concepções das gestoras

sobre educação de

qualidade e sua relação

com a gestão escolar

Reuniões da Gestão

Geral

Reuniões da Gestão

Pedagógica

Pilares da gestão

escolar para uma

educação de qualidade

e suas rotinas

PERGUNTAS PARA DIAGNÓSTICO

Rotina de reuniões

Page 87: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

86

Os dados para a realização do diagnóstico pretendido foram divididos em três blocos,

a saber: concepções das gestoras sobre educação de qualidade e sua relação com a gestão

escolar, pilares da educação de qualidade e suas rotinas e rotina de reuniões.

O primeiro bloco abordou as concepções das gestoras sobre educação básica de

qualidade e sua relação com a gestão escolar. O objetivo desse bloco era identificar a visão de

educação de qualidade das DGs, visto que a gestão e o consequente gerenciamento da rotina

escolar, objeto do estudo, alinha-se com a visão de educação do gestor, conforme sintetiza a

figura 10.

Figura 10 – Relação entre concepção de educação do gestor, a gestão escolar e o gerenciamento

da rotina.

Fonte: Elaborada pela autora.

O segundo bloco foi constituído de perguntas para validar a importância de pilares da

gestão escolar que contribuem para uma educação de qualidade e para conhecer a rotina escolar

gerenciada nos campi para viabilizar a eficácia desses pilares.

O terceiro bloco teve como objetivo conhecer a rotina de reuniões realizadas nos campi

I. Esse bloco foi subdividido em três segmentos: Reuniões da Gestão Geral, Reuniões da Gestão

Pedagógica e Reuniões da Gestão Administrativa.

A fase do tratamento dos resultados compreende a inferência e a interpretação. Nessa

fase, trabalhou-se para tornar os dados brutos em significativos e válidos. A inferência é um

instrumento de indução para a investigação das causas a partir dos efeitos. A pesquisadora

apoiou-se na revisão da literatura para embasamento das análises, dando sentido à interpretação

dos dados. A interpretação pautada nas inferências buscou desvendar o que se escondia por trás

das palavras, visando a apresentação do discurso dos enunciados em profundidade.

GERENCIAMENTO

DA ROTINA

ESCOLAR

CONCEPÇÃO DE

EDUCAÇÃO DE

QUALIDADE

ESTILO DE GESTÃO

ESCOLAR

Page 88: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

87

4 ESTUDO DE CASO

O Estudo de Caso foi realizado no Colégio Pedro II, uma autarquia federal vinculada ao

Ministério da Educação (MEC). Localizado no estado do Rio de Janeiro, Brasil, é uma

tradicional instituição de ensino público.

4.1 O COLÉGIO PEDRO II

O Colégio Pedro II foi inaugurado em 2 de dezembro de 1837 para que Pedro II, o

Imperador-Menino, estudasse. Possui autonomia administrativa, financeira, patrimonial,

didático-pedagógica e disciplinar. Em 2012, foi integrado à Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica através da Lei nº 12.677, de 25 de junho de 2012.

É especializado em educação básica, embora tenha prerrogativa, de acordo com a

legislação vigente, para atuar com educação profissional de forma articulada com a educação

básica, com cursos de graduação e pós-graduação lato ou stricto sensu na área de Educação e

Formação de Professores.

Sua Reitoria é situada no Bairro Imperial de São Cristóvão. O Colégio conta

atualmente com 14 campi, 1 Centro de Referência em Educação Infantil e 5 Pró-Reitorias, a

saber: Pró-Reitoria de Ensino (PROEN), Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e

Cultura (PROPGPEC), Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (PRODI), Pró-Reitoria

de Administração (PROAD) e Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP).

Possui aproximadamente 12.500 alunos atendidos desde a educação infantil até a pós-

graduação, passando por cursos técnicos, de extensão e de capacitação. Cursos de Ensino Médio

para Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) passaram a ser ofertados pelo Colégio a partir

de 2006. Um centro de Referência em Educação Infantil para crianças de 3 a 5 anos foi

implantado em 2012.

Dos seus 14 campi, 5 destinam-se a alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental,

denominados campi I, e 9 são para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e/ou do

Ensino Médio, denominados campi II.

Page 89: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

88

4.1.1 Estrutura Organizacional

O CPII possui dois Órgãos Colegiados Superiores: o Conselho Superior (CONSUP) e o

Colégio de Dirigentes (CODIR). O CONSUP é o órgão máximo da instituição. O Reitor é o

presidente do Conselho e os demais membros que o compõem são eleitos por seus pares e

representam todos os segmentos que compõem a instituição: dirigentes, docentes, técnico-

administrativos, responsáveis, alunos, alunos antigos e um representante do MEC, indicado

pelo próprio Ministério. O CODIR é formado pelo Reitor, pelos Pró-Reitores e pelos Diretores-

Gerais de campi.

Existem ainda dois Conselhos no CPII, o Conselho de Ensino, Extensão e Pesquisa

(CONEPE) e o Conselho Departamental (CONDEPAR). Integram o CONEPE o Reitor, os

Diretores-Gerais (DGs), os Coordenadores Gerais dos Departamentos Pedagógicos, a Chefia

Geral do Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica (SESOP) e a Chefia do Setor de

Educação Especial (SEE). O SESOP, o SEE e os Departamentos Pedagógicos são vinculados à

PROEN. O CONDEPAR é formado pelos Coordenadores Gerais dos Departamentos

Pedagógicos, pela PROEN e pela PROPGPEC.

Os Departamentos coordenam academicamente o processo ensino aprendizagem do

CPII. Atualmente existem 20 Departamentos Pedagógicos, a saber: Artes Visuais, Biologia e

Ciências, Ciência da Computação, Desenho, Educação Infantil, Educação Física, Educação

Musical, Ensino Técnico, Espanhol, Filosofia, Física, Geografia, História, Informática

Educativa, Português e Literaturas de Língua Portuguesa, Línguas Anglo-Germânicas (Inglês),

Francês, Primeiro Segmento do Ensino Fundamental, Química e Sociologia.

Os Coordenadores Gerais dos Departamentos são escolhidos por votação entre seus

pares. Em cada campus há um Coordenador Pedagógico de cada disciplina, também escolhido

por seus pares, tendo como objetivo a unificação das atividades nos diferentes campi.

Os quatorze campi são dirigidos por um Diretor-Geral, um Diretor Pedagógico e um

Diretor Administrativo.

Como Órgãos de Controle, há a Auditoria Interna, a Corregedoria e a Ouvidoria.

O CPII possui ainda três Comissões: Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD),

Comissão Interna de Supervisão da Carreira dos Técnico-Administrativos em Educação

(Cis/PCCTAE) e a Comissão de Ética.

A figura 11, denominada Organograma do CPII, demonstra a estrutura organizacional

do Colégio Pedro II.

Page 90: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

89

Figura 11 – Organograma do Colégio Pedro II.

Fonte: Figura extraída do Relatório de Gestão 2017 (2018, p. 259).

Page 91: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

90

4.1.2 Missão, Visão e Valores

A missão do Colégio Pedro II é “Promover a educação de excelência, pública, gratuita

e laica, por meio da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, formando pessoas

capazes de intervir de forma responsável na sociedade” (PPPI, 2018). O Colégio tem como

visão “Ser uma instituição pública de excelência em educação integral e inclusiva, consoante

com o mundo contemporâneo e as novas técnicas e tecnologias, comprometida com a formação

de cidadãos, visando a uma sociedade ética e sustentável” (PPPI, 2018). Seus valores são Ética,

Excelência, Competência, Compromisso Social e Inovação” (PPPI, 2018).

4.1.3 Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI)

O primeiro Projeto Político Pedagógico (PPP) do Colégio Pedro II foi elaborado com

a participação ativa da comunidade em 2000 e foi publicado em 2002. Revelou a proposta de

educação almejada, ainda que consciente da necessidade de empenho coletivo para seja

realizada. Constantemente há revisões do PPP, atualmente denominado Projeto Político

Pedagógico Institucional (PPPI), objetivando atualizar as reformas exigidas tanto pela

legislação como por grande parte da comunidade escolar, construindo e reconstruindo o

conceito de educação de qualidade.

Em julho de 2018 foi publicado o PPPI 2017/2020, que foi construído pela comunidade

do CPII, por meio de representantes de todos os segmentos, que foram eleitos por seus pares, e

formaram as câmaras setoriais. Posteriormente, foram realizadas audiências públicas para que

todos pudessem participar da discussão.

De acordo com o PPPI (2018), a educação, num sentido mais formal, representa a

instrução por meio de um processo de formação, de ensino e de aprendizagens, para o

desenvolvimento de competências e habilidades.

É fundamental que a escola também pense na formação de seus estudantes como

cidadãos autônomos, críticos e autocríticos, que tenham valores éticos e humanos, respeitando

as diferenças individuais e socioculturais, e que sejam capazes de mobilizar-se por aspirações

justas visando ao bem comum.

A educação, de acordo com o PPPI (2018), “[...] deve ter como meta a emancipação

do indivíduo e seu empoderamento por meio do conhecimento, a fim de que ele seja capaz de

agir no mundo em que vive e transformá-lo.” (PPPI, 2018, p. 20)

Page 92: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

91

4.2 OS CAMPI DE ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: CAMPI I

O primeiro campus para alunos de Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Campus São

Cristóvão I, foi inaugurado em 1984. Nos anos subsequentes, foram inaugurados mais três

campi para alunos dessa etapa de escolaridade, respectivamente Campus Humaitá I, Campus

Engenho Novo I e Campus Tijuca I. Em 2010, foi implantado o campus mais novo do Colégio

Pedro II, Campus Realengo I.

O Campus São Cristóvão I foi projetado para ter 40 turmas e os demais, para terem 20

turmas. As turmas de 1º ano possuem em média 20 alunos. Do 2º ao 5º ano, 25 alunos.

Os campi I funcionam em 2 turnos de 5 horas para todos os alunos e oferecem

atividades complementares no contraturno, completando 7 horas diárias por turno.

4.2.1 Alunos dos campi I

Os campi I tinham, em 2017, 2.786 alunos matriculados em 120 turmas, sendo

distribuídos de acordo com a tabela 6.

Tabela 6 – Quantitativo de alunos e turmas nos campi I do Colégio Pedro II em 2017.

EN I H I RE I SC I T I

Alunos 463 455 474 934 460

Turmas 20 20 20 40 20

Fonte: Relatório de Gestão 2017 (2018).

Nota: EN I: Engenho Novo I; H I: Humaitá I; RE I: Realengo I; SC I: São Cristóvão I; T I: Tijuca I.

Os alunos ingressam nos campi I por sorteio público para 1º ano e, eventualmente,

para vagas ociosas em outros anos de escolaridade. O Campus Realengo I, além dos sorteados,

recebe os alunos oriundos do Centro de Referência em Educação Infantil de Realengo, que

ingressaram também por sorteio público.

Os alunos sorteados são provenientes de todos os estratos sociais, em diferentes

estágios de aprendizagem e com vários tipos de necessidades específicas.

A renda familiar dos alunos é muito diferenciada, variando entre categorias extremas.

Em 2016, conforme demonstra a tabela 7, aproximadamente um terços dos alunos encontrava-

Page 93: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

92

se em situação de vulnerabilidade social, com renda familiar per capita inferior a 1,5 salários

mínimos, e aproximadamente um terço das famílias com renda superior a 3 salários mínimos. 1

Tabela 7 – Percentual de renda familiar dos alunos dos campi I do Colégio Pedro II em 2016.

EN I H I RE I SC I T I

< 1,5 SM 31,51 18,51 38,52 33,62 27,37

> 3 SM 35,57 38,72 27,79 20,30 34,91

Fonte: CPII em Números (2016).

Nota: EN I: Engenho Novo I; H I: Humaitá I; RE I: Realengo I; SC I: São Cristóvão I; T I: Tijuca I.

4.2.2 Índices dos campi I

Os campi I têm obtido um resultado bem acima da média nacional na avaliação do

Ideb, conforme demonstrado na tabela 8.

No ano de 2013, o Ideb nacional foi 5.2, na rede pública foi 4.9 e na rede privada foi

6.7. O Ideb dos campi I variou entre 7.3 e 7.6. Em 2015, o Ideb nacional foi 5.5, na rede pública

foi 5.3 e na rede privada foi 6.8. Nos campi I, variou entre 7.0 e 7.9.

Em 2017, o Ideb nacional foi 5,8, na rede pública foi 5,5 e na rede privada, 7,1. Nos

campi I variou entre 7,0 e 7,8.

A meta nacional para o ano de 2021 é 6.0, índice esse já ultrapassado por todos os

campi I.

Tabela 8 – Ideb dos anos iniciais do Ensino Fundamental nas esferas nacional, escola pública,

escola privada e nos campi do Colégio Pedro II em 2013, 2015 e 2017.

Nacional Público Privado EN I HU I RE I SC I TI I

Ideb 2013 5.2 4.9 6.7 7.4 7.6 7.3 7.3 7.6

Ideb 2015 5.5 5.3 6.8 7.7 7.9 7.0 7.0 7.9

Ideb 2017 5,8 5,5 7,1 7,0 7,8 7,2 7,5 7,8

Fonte: Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas.

Nota: EN I: Engenho Novo I; HU I: Humaitá I; RE I: Realengo I; SC I: São Cristóvão I; TI I: Tijuca I.

1 Os dados sobre renda familiar dos alunos de 2016 são os mais recentes divulgados pelo

CPII até o momento da realização desta pesquisa.

Page 94: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

93

A tabela 9 demonstra os índices de aprovação, reprovação, abandono e insucesso de

alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental nacionais e nos campi I do CPII.2

Tabela 9 – Índices de aprovação, reprovação, abandono e insucesso escolar na esfera nacional

e nos campi I do Colégio Pedro II em 2016.

Nacional EN I H I RE I SC I T I

Alunos matriculados - 492 470 475 946 460

Aprovação % 93.2 95.33 94.89 96.42 96.51 93.48

Reprovação % 5.9 4.67 5.11 3.58 3.49 6.52

Abandono % 0.9 0 0 0 0 0

Insucesso % 6.8 4.67 5.11 3.58 3.49 6.52

Fonte: CPII em Números (2016). Fonte: Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas.

Nota: EN I: Engenho Novo I; H I: Humaitá I; RE I: Realengo I; SC I: São Cristóvão I; T I: Tijuca I.

O índice de evasão escolar dos campi I foi zero no ano letivo de 2016, ou seja, nenhum

aluno abandonou os estudos.

Os casos de defasagem idade/série (DIS) dos alunos dos campi I são poucos e

envolvem alunos com necessidades específicas, que são acompanhados pelo Núcleo de Apoio

às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE).

O índice nacional de insucesso, que consiste na soma das taxas de reprovação e de

abandono, nos anos iniciais do Ensino Fundamental no ano letivo de 2016, de acordo com o

Inep, foi 6,8%. Nos campi I, verificou-se que todos ficaram abaixo desse índice. Importante

destacar que não há aprovação automática no Colégio Pedro II em nenhum ano de escolaridade

do Ensino Fundamental.

4.2.3 Componentes Curriculares e os respectivos Departamentos Pedagógicos

Os alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II possuem

diversos componentes curriculares: Língua Portuguesa, Matemática, Estudos Sociais, Ciências,

Educação Física, Música, Artes Visuais e Literatura. Os alunos também realizam experiências

2 Os dados de aprovação, reprovação e abandono de 2016 são os mais recentes divulgados pelo

CPII até o momento da realização desta pesquisa.

Page 95: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

94

científicas no Laboratório de Ciências e usam a tecnologia como instrumento no Laboratório

de Informática. Nesses dois Laboratórios, as turmas têm aulas em bidocência. Há ainda a Sala

de Leitura, onde os alunos participam de atividades de estímulo à leitura.

O Departamento Pedagógico do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental é

vinculado exclusivamente aos campi I e gerenciam os componentes curriculares Língua

Portuguesa, Matemática, Ciências, Estudos Sociais e Literatura.

Os Departamentos de Educação Artística, Educação Física, Educação Musical e

Informática Educativa atuam nos campi I e campi II.

A proposta pedagógica de cada componente curricular é definida pelo Departamento

Pedagógico em Colegiado, reunião que envolve todos os professores da disciplina. Ao longo

do ano letivo, os Coordenadores Pedagógicos se reúnem com os Coordenadores Gerais dos

Departamentos para acompanhamento do trabalho pedagógico.

4.3 GESTÃO DOS CAMPI I

4.3.1 Gestão Geral dos Campi I

A Gestão Geral dos campi I é realizada por um Diretor-Geral (DG) eleito pela

comunidade, com paridade entre os segmentos docentes, técnicos e responsáveis. O DG, após

eleito, indica um Diretor Pedagógico, um Diretor Administrativo e um assessor para comporem

a equipe gestora do campus. A Gestão Geral do campus articula as ações da Reitoria e das Pró-

Reitorias do Colégio com as ações do campus.

A proposta de gestão do Colégio Pedro II, de acordo com a documentação em vigente,

é democrática, com participação da comunidade em diversos fóruns. A instância máxima dos

campi é o Conselho Pedagógico e Administrativo.

Cabe à Gestão Geral a liderança nas ações gerais do campus, seu planejamento,

monitoramento, avaliação e replanejamento, se necessário. Também compete à Gestão Geral a

articulação e integração dos setores e a participação da comunidade na vida escolar, como

ilustra a figura 12.

Page 96: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

95

Figura 12 – Gestão Geral dos Campi I: Engrenagem.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3.2 Gestão Pedagógica dos Campi I

A Gestão Pedagógica dos campi I é realizada pela Direção-Geral, Direção Pedagógica,

Coordenação Pedagógica, Professores de Apoio Interdisciplinar, Setor de Supervisão e

Orientação Pedagógica (SESOP) e Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas

(NAPNE). A Gestão Pedagógica é responsável pelas ações relacionadas ao processo didático-

pedagógico.

Os Coordenadores Pedagógicos são responsáveis pela verticalidade do trabalho de

cada componente curricular: Língua Portuguesa, Matemática, Estudos Sociais, Ciências,

Literatura, Educação Musical, Educação Artística, Educação Física. Há, também, um

Coordenador Pedagógico de Informática Educativa.

Os Professores de Apoio Interdisciplinar são responsáveis pela horizontalidade do

trabalho das séries. Os campi com 20 turmas possuem três Professores de Apoio Interdisciplinar

e o campus com quarenta turmas, cinco.

Gestão

Geral

Pró-

Reitorias

s

Reitoria

Pais

Alunos

Técnicos

Docentes

Page 97: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

96

O SESOP é responsável pela garantia de inclusão de todos os alunos, por orientação

dos alunos em relação ao comportamento e a questões emocionais. Realizam encaminhamentos

para o serviço de Assistência Estudantil e para avaliações de profissionais externos, como

psicólogos, fonoaudiólogos, pediatras, psicopedagogos, entre outros.

O NAPNE é responsável pelo trabalho com os alunos com necessidades específicas,

garantindo uma inclusão efetiva. A equipe do NAPNE elabora as adaptações curriculares e

avaliativas, além de realizar os atendimentos necessários aos alunos.

Os Docentes possuem, em seu regime de trabalho, carga horária destinada ao ensino,

à complementação do ensino, à extensão e à pesquisa. No horário de complementação ao

ensino, é prevista a participação dos docentes em diversas reuniões no campus.

4.3.3 Gestão Administrativa dos Campi I

A Gestão Administrativa dos campi é realizada pela Direção-Geral, Direção

Administrativa, Direção Pedagógica e pelas Chefias dos Setores Técnicos. A rotina

administrativa tem como objetivo dar suporte ao trabalho pedagógico, assistir aos alunos e

realizar as tarefas burocráticas necessárias ao funcionamento dos campi.

Os Setores Técnicos dos campi I são Prefeitura, Secretaria de Registro Escolar,

Coordenação de Turno, Setor de Finanças, Setor de Protocolo, Setor de Patrimônio, Setor de

Gestão de Pessoas (SGP), Setor de Assistência Estudantil, Setor de Reprografia e Setor de

Almoxarifado.

A Prefeitura é responsável por todos os setores que funcionam com funcionários

terceirizados, a saber: limpeza, manutenção predial, manutenção de piscina, guardião de

piscina, merenda, jardinagem, apoio escolar, vigilância noturna e portaria diurna.

A Secretaria de Registro Escolar é responsável por toda documentação dos alunos,

incluindo os registros de suas avaliações.

A Coordenação de Turno é responsável pela entrada, recreio e saída dos alunos, além

de cuidar da disciplina dos alunos e da movimentação das turmas.

O Setor de Finanças é responsável por toda a parte que envolve o uso de verbas

públicas, como compras, realização de pregões, empenhos, pagamentos, entre outros.

O Protocolo é responsável pelos processos abertos no campus e pela entrada e saída

de todos os processos.

O Patrimônio é o setor que gerencia os bens móveis do campus.

O Setor de Gestão de Pessoas é responsável pela vida funcional dos servidores.

Page 98: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

97

A Assistência Estudantil gerencia as bolsas de Assistência ao Educando. Os editais são

elaborados pela Assistência Estudantil Geral, na Reitoria e cada campus recebe as solicitações,

analisa os documentos, realiza as entrevistas necessárias e avalia a pertinência da solicitação.

O Setor de Reprografia é responsável pela duplicação dos materiais pedagógicos e

administrativos do campus.

O Almoxarifado armazena os materiais de uso coletivo do campus, tanto pedagógicos

quanto administrativos. Ao longo do ano, realiza a distribuição dos mesmos, quando solicitados

por algum servidor.

Page 99: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

98

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS E INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA

MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR DOS CAMPI I DO CPII

A partir da análise da concepção das gestoras sobre educação de qualidade e sua relação

com a gestão escolar, das rotinas dos pilares da gestão escolar e da rotina de reuniões, este

capítulo apresenta o diagnóstico do gerenciamento da rotina escolar dos campi I do CPII e

projeta uma intervenção para melhoria da qualidade.

5.1 CONCEPÇÃO DAS GESTORAS SOBRE EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E SUA

RELAÇÃO COM A GESTÃO ESCOLAR

Educação de qualidade é um conceito bastante amplo e está relacionado com a visão

de mundo das pessoas. O que um gestor entende por educação de qualidade está diretamente

relacionado aos seus valores e é determinante para o encaminhamento que dará em seu trabalho.

Para ter ciência da concepção de educação das gestoras dos campi I no período de 2014

a 2017, foi solicitado que as mesmas definissem resumidamente o que consideravam ser uma

educação de qualidade.

Uma educação de qualidade é aquela que valoriza o conhecimento e a formação dos

alunos, a ética, o respeito às diferenças, que inclui todos os alunos, que forma cidadãos

autônomos. E é aquela em que as crianças são felizes. (ENTREVISTADA 1, 2018)

É aquela que garante ao cidadão político a compreensão, o uso de possibilidades

concedidas pelo conhecimento. Desenvolve o sujeito crítico, ético, pronto para viver

em sociedade e para buscar transformar na sociedade que nós vivemos e diminuir a

grande desigualdade social. Que reconheça o direito à diferença. Que adquira

conhecimentos, habilidades. Uma formação que permita pensar no bem coletivo, não

apenas no individual. (ENTREVISTADA 2, 2018)

Considero educação de qualidade aquela que modifica a vida dos alunos para melhor.

Essa educação consegue respeitar as características dos alunos ao mesmo tempo em

que lhe oferece experiências enriquecedoras, que o levem a superar suas limitações.

É uma educação que abre portas e janelas para a construção de conhecimento e para

o domínio de hábitos, habilidades e conteúdos. (ENTREVISTADA 3, 2018)

Uma educação que a gente tenha bons resultados nos índices nacionais, e a gente tem.

[...] É ver as crianças felizes de estudarem na escola, participando, querendo mostrar

seus trabalhos, querendo participar mesmo do que fazem. [...] Eu acho que é esse

envolvimento de toda a comunidade para a educação dessas crianças, não é só a

criança entrar na sala, aprender, ler, assim... É saber que tem professores envolvidos,

até os funcionários terceirizados envolvidos na educação dessas crianças e as famílias.

Então acho que é muita gente assim querendo que dê certo, querendo que eles saiam

daqui cidadãos críticos, cidadãos participantes. (ENTREVISTADA 4, 2018)

Page 100: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

99

Uma escola crítica, que traga aspectos críticos, que inclua todos os alunos, uma

educação para todos os alunos. Estamos numa escola pública, precisamos trabalhar

para todos. Então eu acho que a gente tem que fazer um trabalho com qualidade, para

todos os alunos. Acho que era isso que nos movia. (ENTREVISTADA 5, 2018)

As definições elaboradas pelas gestoras demonstram que possuem um conceito de

educação de qualidade alinhado com autores da atualidade, que consideram educação de

qualidade aquela que é inclusiva e forma cidadãos plenos, com conhecimento e autonomia,

críticos, capazes de transformar a sociedade (ZAGURY, 2018; VOORWALD, 2017;

MARTINS, 2015; BORTOLINI, 2013; LIBÂNEO, 2013; OLIVEIRA, 2013; DEMO, 2012;

GADOTTI, 2010).

A qualidade de uma escola está relacionada diretamente com sua gestão, que deve ser

democrática, com participação efetiva de sua comunidade (ZAGURY, 2018; LÜCK, 2017;

MELLO, 2017; VOORWALD, 2017; PARO, 2016; XAVIER, 2016; ESQUINSANI &

SILVEIRA, 2015; STÊNICO et al, 2015; ZUCCOLOTTO& TEIXEIRA, 2015; NEIS &

PEREIRA, 2015; LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012; GADOTTI,

2010).

Ao serem indagadas sobre essa relação, todas as gestoras afirmaram concordar com a

mesma. Relataram que buscavam, por meio da gestão, a melhoria da qualidade da educação.

Todas as respondentes consideram ter realizado uma gestão democrática.

5.2 PILARES DA GESTÃO ESCOLAR PARA UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE

QUALIDADE E SUAS ROTINAS

Foram abordados com as gestoras entrevistadas dez pilares da gestão escolar que, de

acordo com a literatura, são fundamentais para uma escola de educação básica de qualidade.

Tais pilares consistem em: participação, liderança, planejamento, monitoramento, avaliação e

replanejamento de ações, projeto político pedagógico institucional, avaliação institucional,

inclusão, formação continuada, comunicação interna, limpeza e manutenção e uso de recursos

financeiros.

A proposta era validar a importância desses pilares pelas entrevistadas e conhecer as

rotinas realizadas para efetivação desses pilares em cada campus.

Page 101: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

100

5.2.1 Participação

De acordo com a literatura, a rotina escolar em uma gestão democrática deve ser

pautada na participação da comunidade (VOORWALD, 2017; PARO, 2016; LÜCK, 2015;

LIBÂNEO, 2013).

O Documento Final da II Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2014), reforça

a importância da gestão democrática e considera indispensável a participação da comunidade

no planejamento, execução e avaliação dos projetos e atividades educativas.

As cinco respondentes demonstram estar alinhadas com a literatura, pois afirmam que

a participação da comunidade é fundamental para um trabalho educacional de qualidade.

Enfatizando a importância da participação da comunidade, a respondente 2 afirmou:

“Tem que ouvir quem será formado e quem trabalha para essa formação.” Como

complementação, destacou que também é importante que todos assumam responsabilidade no

processo: “Precisa haver compartilhamento de decisões, mas, também, de responsabilidade”.

A entrevistada relatou, ainda, como tentava romper a hierarquização e realizar uma

gestão participativa:

Buscava ações para romper a hierarquização e buscava, também, a participação de

todos da comunidade. Para isso, a Direção estava sempre aberta a todos e sempre

pensando em ações no sentido de trazer toda a comunidade para pensar junto o rumo

do campus. (ENTREVISTADA 2, 2018)

Sobre a participação nos campi em que atuaram, as cinco gestoras consideram que

havia a participação de todos os segmentos da comunidade. As respondentes 1, 2, 3 e 5 avaliam,

no entanto, que a participação ainda poderia ser maior.

As gestoras entrevistadas relataram que a participação era viabilizada por meio da

rotina de diversas reuniões que eram realizadas para planejamento, monitoramento, avaliação

e replanejamento de ações, informações, solução de problemas detectados e tomada de

decisões.

A entrevistada 2 teceu sua consideração: “A participação pode ser mais efetiva quando

tiver mais encontros com os segmentos juntos para maior horizontalização com tomada de

decisões.”

Para a respondente 3, um problema da participação que precisa ser melhorado é o

individualismo de algumas pessoas, que encaram a participação como um meio de resolver seus

problemas pessoais:

Page 102: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

101

A participação de cada segmento ainda necessita de aprimoramento. As pessoas

tendem a participar objetivando a solução de seus problemas individuais, muitas

vezes, externos ao campus, deixando a coletividade em último plano.

(ENTREVISTADA 3, 2018)

A respondente lamentou o fato de a situação supracitada não ser um caso isolado:

Esse tipo de situação foi mais frequente do que eu esperava e demandou muito

desgaste, no sentido de fazer as pessoas entenderem que determinadas demandas são

externas ao campus e que o gestor local não pode solucioná-las, mesmo tendo boa

vontade. Além disso, manter o foco nos objetivos das reuniões nas quais essas pessoas

tentavam desvirtuar o assunto, se tornava um trabalho hercúleo (ENTREVISTADA

3, 2018)

A respondente 5 avaliou: “Eu acho que tinha boa participação, mas também vejo que

podia ser mais.” E comentou:

Você reunir todas as pessoas, ter momentos coletivos é mais difícil. Mas são muito

importantes para que as pessoas possam participar. E quando elas não podiam

participar do momento geral, que eram as RPGs, que eram momentos para todo

mundo discutir, elas discutiam por meio de representatividade, que eram seus chefes

de equipe ou coordenadores (ENTREVISTADA 5, 2018)

Ao citar “reunir todas as pessoas, ter momentos coletivos”, a gestora não considerou

os responsáveis por alunos: Reuniões Pedagógicas Gerais (RPGs) são reuniões da Direção com

os servidores docentes e técnico-administrativos, não incluem os pais.

A entrevistada 1 destacou que os pais participavam maciçamente de eventos que

tinham apresentação de alunos. Segundo a gestora, era bastante comum a presença, inclusive,

de outros membros da família nesses eventos. “Quando o evento envolvia as crianças, as

famílias prestigiavam. Além dos pais, vinham avós, tios, madrinhas, mesmo que fosse em dia

de semana. Filmavam, fotografavam, ficavam muito orgulhosos”.

A entrevistada 4 relatou uma experiência de participação na gestão no campus em que

atuava, denominada Comissões de Trabalho. A gestora demonstrou, em sua fala, que a prática

foi bastante positiva, propiciando envolvimento e participação dos servidores. Com os olhos

brilhando, disse ao iniciar o relato: “O trabalho por Comissões é o meu xodó!”

Nos dois primeiros anos de seu mandato, cada servidor teve que se incluir em uma

Comissão de Trabalho. No início do terceiro ano do mandato, a participação dos servidores

passou a ser opcional. Mas a gestora verificou que todos se incluíram em alguma Comissão. A

Page 103: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

102

equipe gestora passou a integrar a Comissão de Infraestrutura, que dava suporte para todas as

Comissões.

Em Reunião Pedagógica Geral (RPG) no início de cada ano letivo, os servidores

apresentam propostas de Comissões para serem aprovadas pelo grupo, como Comissão de Festa

Junina, Comissão de Horários, Comissão de Formação Continuada, entre outras.

As Comissões elaboram os planejamentos das ações. No momento da execução, são

criadas subcomissões, pois é necessário o aumento de pessoas envolvidas.

A gestora avaliou que a maioria dos servidores técnico-administrativos não se incluía

nas Comissões para a etapa de planejamento, mas se inseriam nas subcomissões para execução

de ações.

As Comissões de Trabalho continuam na segunda gestão da entrevistada, que teve

início em 2018. A mesma relatou que os desafios atuais para esse trabalho são estimular a

inclusão dos técnicos-administrativos nas Comissões na etapa de planejamento e a formação de

Comissões de Responsáveis.

5.2.2 Liderança

Questionadas sobre a importância da liderança para a mobilização da comunidade, as

cinco respondentes concordam que a liderança do gestor é fundamental para atingir esse

objetivo. Consideram ter características de liderança e que, por isso, conseguiram estimular e

viabilizar a participação da comunidade em suas gestões.

O posicionamento das respondentes corresponde à literatura, que considera que o papel

do gestor é de fundamental importância para o desenvolvimento da equipe. O gestor precisa

liderar a comunidade para coletivamente alcançarem os objetivos (ZAGURY, 2018;

VOORWALD, 2017; CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013; LÜCK et al, 2012).

Em relação à liderança do gerenciamento da rotina escolar, todas as respondentes

foram unânimes em relatar que em cada ação sempre havia uma pessoa responsável pela

liderança do grupo.

O relato da entrevistada 4 sintetiza a ideia das demais respondentes sobre liderança na

rotina dos campi.

A gente tenta aqui revezar essa liderança [...] algumas vezes quem lidera, quem toca

a reunião sou eu, outras vezes é a Diretora Pedagógica, outras vezes é outra pessoa da

equipe pedagógica. [...] Outro dia a reunião foi sobre estrutura do campus e quem

liderou foram os professores participantes dessa comissão. Então não fomos nem nós!

Page 104: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

103

A gente veio como participante. Então a liderança existe, sim, mas ela é flutuante,

dependendo do tema e de como tenha sido a organização da reunião.

(ENTREVISTADA 4, 2018)

A prática de fortalecer a liderança dos membros do grupo é corroborada por Lück

(2012). De acordo com a autora, o diretor eficaz lidera a equipe para que juntos sejam

responsáveis pelo sucesso das ações, expandindo a liderança da equipe.

5.2.3 Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Replanejamento de Ações

Planejamento é uma reflexão sobre como está uma situação e como ela deveria ser.

Para tal, há a elaboração de intervenções para melhoria. No planejamento, são elencados os

objetivos que se pretende atingir e os meios necessários. A partir do planejamento, ações são

colocadas em prática e devem ser monitoradas e avaliadas para realimentarem o planejamento

(CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013; LÜCK, 2013; LÜCK et al, 2012; GROCHOSKA, 2007).

Todas as entrevistadas, ao serem indagadas sobre a importância de planejamento,

responderam afirmativamente. Usaram expressões como “com certeza”, “claro” e

“importantíssimo”.

De acordo com as entrevistadas, os planejamentos, tanto de ações gerais do campus

quanto das ações do trabalho pedagógico eram feitos em reuniões.

As gestoras consideram que é muito importante, em um planejamento, haver a

definição de o que seria executado, por que, por quem, quando, onde e como seria a execução

da ação. As entrevistadas 1 e 4, no entanto, relataram que, às vezes, essa definição não era feita.

A entrevistada 4 relatou a reação do grupo quando verificavam que não havia alguém

responsável pela execução de alguma ação:

A gente se perde se alguma coisa foi falada e ninguém ficou com a ação. A gente vê:

Cara, a gente falou disso na reunião e a gente não definiu o responsável pela ação! Às

vezes escapole, escapa. Na dinâmica, a gente vê: Ih! Quem ficou responsável por isso?

Ninguém! (ENTREVISTADA 4, 2018)

A respondente 1 explicou como procediam quando verificavam que não haviam sido

feitas as definições: “Às vezes a ideia era muito boa, mas não definíamos claramente quem faria

e, aí, não acontecia. Quando percebíamos, voltávamos para a discussão e definição de quem

faria e as outras coisas: quando, onde... Mas perdíamos tempo!”

Não definir nos planejamentos aspectos como quem será o responsável pela ação,

quando a mesma será executada, entre outros, está em desacordo com a literatura. Campos

Page 105: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

104

(2013) e Lück et al (2012) consideram a definição desses aspectos fundamental para que a ação

planejada seja executada de forma eficiente.

Lück (2013) define monitoramento como uma estratégia para acompanhar as ações

planejadas que estão sendo executadas. Sua importância está na oportunidade de se verificar se

há alguma situação que demande acerto para melhoria e maior efetividade das ações.

Todas as entrevistadas entendem que a rotina de monitoramento das ações que estão

sendo executadas é fundamental para a melhoria do trabalho desenvolvido, estando de acordo

com a autora supracitada. O monitoramento de ações acontece em diversas reuniões realizadas

pelos campi. Os dados são levantados e analisados para verificação de necessidade de algum

acerto no planejamento por ter sido detectado algum problema, como desvio do rumo planejado

ou alguma situação inesperada.

Zagury (2018) destaca que o acompanhamento possibilita correções imediatas. Uma

respondente defende a importância do monitoramento usando o mesmo argumento que a autora:

“Monitorando, é possível corrigir a falha mais rápido do que ter que esperar o momento de

avaliação. Podemos logo atuar.”

A respondente 5 considera que o monitoramento deve ser feito pelas chefias dos

setores: “Para isso tem o chefe do setor para organizar aquilo ali.” A respondente 1 também

entende que o monitoramento deve ser feito por cada setor, no entanto, considera que a Direção

também precisa acompanhar as ações. O posicionamento da entrevistada 1 é defendido por

Lück (2013), que afirma que o monitoramento das ações é uma das funções dos gestores.

A respondente 4 revela que, embora importante, às vezes o monitoramento de alguma

ação não é feito porque equipe se envolve com outras questões que surgem. E conclui afirmando

que não é bom quando isso ocorre. “Às vezes escapa. É ruim, mas acontece.”

De acordo com a literatura, avaliação é a coleta de dados para análise e verificação do

atingimento dos objetivos planejados. Por isso, é fundamental que seja uma prática, pois irá

viabilizar o planejamento de novas ações para melhoria (ZAGURY, 2018; VOORWALD,

2017, TENÓRIO; FERRAZ; PINTO, 2014; CAMPOS, 2013; LIBÂNEO, 2013; LÜCK, 2013;

GROCHOSKA, 2007).

As cinco gestoras demonstrarem estar alinhadas com a literatura no que tange a

questão da avaliação. Todas defenderam a importância da avaliação do trabalho realizado para

um trabalho de qualidade. Todas afirmaram realizar avaliações de todas as ações executadas.

Essas avaliações aconteciam em diversos fóruns, dependendo da ação a ser avaliada. Citaram

reuniões do Conselho Pedagógico e Administrativo, do Conselho Pedagógico, do Conselho

Page 106: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

105

Administrativo, reuniões de Planejamento de Professores e Reuniões de Setores Técnicos, além

dos Conselhos de Classe.

A entrevistada 3 relatou que nas reuniões dos Conselhos, a avaliação acontece por

representação e descreveu a rotina:

Geralmente, o Conselho Pedagógico avaliava o evento ou projeto com base no retorno

da comunidade e com o que havia sido observado durante o planejamento e a execução

do mesmo. Não havia um documento formal para isso. Simplesmente, registrávamos

na ata da reunião o que havia “dado certo” e o que não havia. (ENTREVISTADA 3)

A respondente 5 comenta como era feita a avaliação de ações no campus:

A gente tinha avaliação do trabalho pedagógico, como um todo, a cada trimestre, pela

equipe pedagógica. Anualmente avaliávamos com todos os setores da escola. E cada

setor, no dia a dia, está avaliando se está dando certo ou não para mudar o rumo.

(ENTREVISTADA 5)

A fala da respondente 5 revela a prática instituída da rotina de avaliação ao usar a

expressão “no dia a dia” e demonstra sua importância para o replanejamento ao comentar “[...]

está avaliando se está dando certo ou não para mudar o rumo”.

Estas duas questões também se fizeram presentes na fala da entrevistada 2:

“Após a ação ser realizada, sempre há avaliação e se replanejam novas ações”.

Avaliação como subsídio para o replanejamento mereceu destaque também no

comentário da entrevistada 1:

“É fundamental avaliar para melhorar. É preciso diagnosticar como está para

melhorar, não para punir. Também não é só para constatar que não foi bom. É para

melhorar, para acertar.” (ENTREVISTADA 1)

Embora considerem importante a avaliação das ações para que possam ser planejadas

ações corretivas, a respondente 4 relatou que, às vezes, surgem demandas e algumas ações não

são avaliadas. “É importante avaliar, mas, às vezes, quando percebemos, passou! Não houve

avaliação no tempo certo.”

De acordo com a literatura, o replanejamento é o planejamento de ações corretivas

para o que foi avaliado como insuficiente ou ineficaz. É fundamental para a melhoria do

trabalho (CAMPOS, 2013; LÜCK, 2013).

As respondentes 1, 2 e 5, ao falarem sobre avaliação, associaram-na ao

replanejamento, revelando sua importância, conforme relatado na seção 4.5.3.3. As

Page 107: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

106

respondentes 3 e 4, ao serem perguntadas especificamente sobre replanejamento, também

declararam considerar uma etapa fundamental do trabalho. Todas informam que o

replanejamento acontece de forma participativa nas reuniões.

A respondente 4 destacou que em algumas situações não havia tempo viável para

novas ações: “Replanejamos quando dá tempo ainda de se reverter os quadros. Às vezes, aquilo

passou e não tem como retomar. É uma retomada para o ano seguinte, se aquilo acontecer de

novo”.

5.2.4 Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI)

A Reitoria do CPII é responsável pela construção do PPPI e delega a coordenação das

ações para a Pró-Reitoria de Ensino. O documento é elaborado com a participação de todos por

segmentos da comunidade escolar.

Cabe aos Diretores-Gerais colaborar com a divulgação e com o envolvimento da

comunidade no processo de construção do documento para, posteriormente, o projeto ser

efetivado nos campi.

Todas as respondentes consideram que o PPPI é um documento muito importante, pois

é um planejamento dos rumos da Instituição. Por esse motivo, destacaram a importância do

mesmo ser construído coletivamente. A posição das gestoras entrevistadas está em sintonia com

a legislação e com a literatura, que consideram fundamental que as escolas tenham um projeto

político pedagógico e que o mesmo seja construído com a participação da comunidade (LDBEN

Nº 9394/96; VOORWALD, 2017; MARTINS, 2015; STÊNICO et al, 2015; LIBÂNEO, 2013).

Como ações para divulgar e envolver a comunidade sobre o PPPI, no âmbito do

campus, as entrevistadas relataram que abordavam a questão em reuniões e elaboravam bilhetes

e cartazes informativos sobre o processo de construção e sobre como acessar o documento, que

se encontra na Página do Colégio na Internet.

No entanto, pelos relatos das respondentes, constata-se que as ações para envolvimento

da comunidade revelaram-se ainda ineficientes. As entrevistadas consideram que o PPPI não é

do conhecimento de todos, incluindo servidores docentes e técnicos. Importante destacar que

as respondentes não se referiam ao documento divulgado recentemente, mas à sua minuta

divulgada por bastante tempo e ao PPPI anterior.

A entrevistada 3 tece suas impressões: “Não percebi grande envolvimento em relação

ao PPPI, creio que a maioria sequer o leu”.

A respondente 1 expõe suas considerações:

Page 108: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

107

Considero que poucos responsáveis tenham conhecimento do PPPI, embora todos

tenham sido convidados para as audiências públicas. Mas o mais preocupante, na

minha opinião, é um servidor não conhecer o PPPI. E temos esses casos!”

(ENTREVISTADA 1, 2018)

A entrevistada 4 corrobora a opinião de seus pares, considerando que a equipe gestora

do Colégio não foi eficiente:

Acho que a gente, Colégio Pedro II, não conseguiu envolver as pessoas de uma

maneira que ele seja construído coletivamente mesmo, discutido e depois seja

consultado até. Ele fica muito nas nuvens, é feito porque é obrigatório ter. Não que

ele seja realmente o que a gente faz. (ENTREVISTADA 4, 2018)

O desconhecimento, revelado pelas respondentes, está em desacordo com a literatura.

O PPPI, como projeção da intencionalidade educacional de uma comunidade, deve subsidiar os

planejamentos das ações que serão executadas (LÜCK, 2017; MARTINS, 2015; STÊNICO et

al, 2015; LIBÂNEO, 2013; GADOTTI, 2010).

5.2.5 Avaliação Institucional

Ao serem abordadas sobre a qualidade da educação realizada nos campi que dirigiram,

todas as respondentes afirmaram que o campus realizava um trabalho de qualidade.

As gestoras consideram que, além dos índices e taxas demonstrarem um bom

rendimento dos alunos, eles têm uma formação global como cidadãos éticos e responsáveis.

A entrevistada 3, assim como Voorwald (2017), destacou a importância do foco do

trabalho no aluno.

Todo o trabalho pedagógico e administrativo tem como foco o aluno, suas

necessidades e características, sem perder de vista o papel da escola e o que se

pretende oferecer a esse aluno. Há, igualmente, uma busca por novas práticas e novas

experiências que tornem o ensino ministrado no campus mais efetivo e de qualidade.

Essa característica aliada ao acompanhamento constante do desenvolvimento do aluno

garantem a qualidade do trabalho desenvolvido no campus. (ENTREVISTADA 3,

2018)

A entrevistada 5 destacou algumas práticas pedagógicas realizadas com os alunos que,

em sua concepção, contribuem para a garantia da qualidade do trabalho:

Eu acredito muito na qualidade do nosso trabalho. A gente investe muitas coisas na

leitura, na formação do leitor, na escrita, no estudo do meio, nas saídas das crianças

[...] Têm as discussões argumentativas, as discussões que trazem questões críticas para

Page 109: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

108

os alunos. Muita gente acha que criança não consegue discutir determinadas coisas,

mas eu acho que não é assim. A gente traz muitos debates e muitas atividades

diferenciadas que criam oportunidades para que nosso trabalho seja de qualidade.

(ENTREVISTADA 5, 2018)

A visão de que uma educação de qualidade não se restringe a avaliações quantitativas

está em sintonia com a literatura. Educação de qualidade é um conceito amplo, que envolve

diversos aspectos formativos.

Ao serem indagadas sobre a existência de rotina de avaliação do trabalho realizado no

campus considerando o Ideb e os índices de reprovação, evasão e distorção série/idade, não

houve uma resposta consensual. As entrevistadas 1, 2 e 3 afirmaram que realizavam reuniões

de avaliação considerando esses dados, mas as respondentes 4 e 5 informaram que não havia

essa prática no campus.

A entrevistada 2 relatou que a avaliação em tela era realizada no Conselho Pedagógico

e nas reuniões com professores. A entrevistada 3 informou que discutiam a avaliação do

desempenho discente em reuniões diversas ao longo e ao final do ano letivo e acrescentou que

os resultados das avaliações externas eram importantes.

A entrevistada 1 relatou que avaliação do processo educacional com todos os dados

disponíveis, incluindo os envolvidos na questão em tela, era pauta de Reuniões do Conselho

Pedagógico e Administrativo e de Reuniões com Docentes.

A entrevistada acrescentou que, além dos dados específicos de rendimento citados na

pergunta, também consideravam o quantitativo de alunos encaminhados para recuperação ao

longo do ano, analisavam os componentes curriculares que apresentavam avaliações baixas,

comparavam o desempenho entre as diversas séries e analisavam progressos entre o ano em

curso e o ano anterior. Explicou que as comparações eram para que tivessem parâmetros: “As

comparações eram feitas para termos um parâmetro, para analisar progressos ou quedas, enfim,

como dados para uma avaliação mais eficaz. Não havia nenhum tom de competição”.

A entrevistada relatou, ainda, que informava aos Responsáveis sobre o resultado do

Ideb toda vez que o mesmo era divulgado.

O resultado do Ideb não é o único parâmetro para avaliar a qualidade de uma escola,

mas é um dos dados. Então acho que devemos divulgar e analisar as pistas que eles

podem nos dar para melhorar nosso trabalho. (ENTREVISTADA 1)

Page 110: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

109

A fala da entrevistada 1 sobre avaliação do processo educacional está em sintonia com

a ideia de Paro (2016), que defende a importância da gestão ter instrumentos institucionais que

avaliem o rendimento escolar e processo escolar como um todo.

A rotina de avaliação institucional, considerando o Ideb e os índices de reprovação,

evasão e distorção idade/série, está em concordância com a literatura. Segundo diversos autores,

embora os índices de desempenho dos alunos não sejam o único parâmetro para se avaliar a

qualidade de uma escola, os mesmos devem ser considerados e analisados para uma reflexão

que objetive a melhoria do trabalho realizado (WERLE & AUDINO, 2015; LIBÂNEO, 2013;

LÜCK, 2013; LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

5.2.6 Inclusão

As entrevistadas 1, 2, 3 e 5, ao definirem suas concepções sobre educação de

qualidade, conforme descrito no item 4.4 deste estudo, abordaram a questão da inclusão dos

diferentes. As falas foram, respectivamente: “Uma educação de qualidade é aquela que valoriza

[...] o respeito às diferenças, que inclui todos os alunos”, “É aquela [...] que reconheça o direito

à diferença”, “Essa educação consegue respeitar as características dos alunos ao mesmo tempo

em que lhe oferece experiências enriquecedoras, que o levem a superar suas limitações” e “Uma

escola [...] que inclua todos os alunos”.

A inclusão de alunos revelou-se uma grande preocupação de todas as gestoras

entrevistadas. Elas entendem que as diferenças precisam ser respeitadas e que todos têm direito

a um trabalho de qualidade, com princípios de igualdade e equidade.

Essa concepção está de acordo com pesquisadores da área educacional, como

Bragagnolo e Bridi (2018), Zagury (2018), Voolwald (2017), Paro (2016), Tenório, Ferraz e

Pinto (2014), Libâneo (2013), Lück, 2013; Demo (2012), Libâneo, Oliveira e Toschi (2012),

Gadotti (2010) e Dourado (2007).

O perfil socioeconômico dos alunos do CPII é bastante diferenciado, variando de

situações de vulnerabilidade social a situações privilegiadas. As vivências também são diversas,

assim como a estrutura familiar e condições culturais. Há também alunos com necessidades

especiais.

Para garantir a inclusão de forma eficaz, tanto a inclusão social quanto a educação

inclusiva, os campi contam com o SESOP e o NAPNE, que são os setores que gerenciam ações

junto aos Docentes, aos Professores de Apoio Interdisciplinar e à Coordenação Pedagógica para

uma inclusão efetiva.

Page 111: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

110

Reuniões de Estudo de Caso, Reuniões de SESOP, Reuniões de Planejamento

Semanais e Conselhos de Classe viabilizam a análise das diversas situações, o acompanhamento

do desenvolvimento de cada aluno e a discussão de estratégias de ação.

As famílias também são envolvidas, participando de reuniões individuais com as

equipes do NAPNE e do SESOP para troca de informações e orientações sobre formas de

atuação.

A respondente 1 destacou a importância da realização de um trabalho pedagógico com

as turmas para que os alunos percebam que todos somos diferentes e que é fundamental que

todos sejam respeitados. Esse trabalho é feito pelos professores em parceria com o SESOP e o

NAPNE. Essa prática para a efetivação da convivência salutar entre os diferentes, está alinhada

com a literatura. Segundo Tenório, Ferraz e Pinto (2014), um dos grandes desafios das escolas

na atualidade é a convivência com as diferenças, subjetividades e diversidades.

Em relação à inclusão de alunos com necessidades especiais, os campi I realizam

algumas atividades para atendimento mais efetivo, além de adaptações curriculares e de

avaliação que são realizadas, dependendo da especificidade de cada caso.

Recuperação Pedagógica

Atividade realizada ao longo do ano letivo para alunos com dificuldade de

aprendizagem. Acontece preferencialmente no contraturno de aulas regulares do aluno. Os

grupos são formados com o limite máximo de oito alunos.

Laboratório de Aprendizagem

Denominação dada às atividades pedagógicas de investigação das possíveis causas da

dificuldade de aprendizagem dos alunos. Com isso, deve ser elaborada uma forma de atuação

pedagógica mais apropriada.

O Laboratório de Aprendizagem acontece ao longo do ano letivo e é realizado em

turno oposto ao turno regular de aulas do aluno.

Os alunos que participam das atividades supracitadas são indicados pelos professores

em reunião com o SESOP ou nos Conselhos de Classe.

Atendimento Educacional Especializado (AEE)

Atendimento pedagógico para alunos com necessidades especiais. As atividades

acontecem ao longo do ano letivo. O atendimento pode ser realizado no turno do aluno ou no

turno oposto, dependendo da avaliação realizada na reunião de Estudo de Caso.

Page 112: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

111

Bidocência

Atuação de um professor a mais em sala de aula para alunos com necessidades

especiais que necessitem de um acompanhamento mais individualizado. Essa bidocência pode

ser em todos os tempos de aula ou em algumas aulas, dependendo da avaliação realizada na

reunião de Estudo de Caso.

Profissionais de Apoio Escolar

São profissionais que atuam para garantir cuidados como higiene, alimentação e

deslocamento de alunos com necessidades especiais. São orientados, para melhor atendimento

aos alunos, em reuniões com o Coordenador do NAPNE.

Essas ações estão alinhadas com Bragagnolo e Bridi (2018) e Zagury (2018), que

defendem a importância de adaptações na rotina escolar para melhor atendimento aos alunos

em uma educação inclusiva, com acompanhamento da aprendizagem dos alunos para que sejam

providenciadas atividades para os alunos que estejam com algum tipo de defasagem.

Materiais pedagógicos apropriados para uso de alunos com necessidades especiais são

adquiridos pelos campi. Os mesmos são selecionados pela equipe do NAPNE.

Em termos de estrutura física, constata-se que os prédios onde estão instalados os

campi I, que foram dirigidos pelas entrevistadas 1, 3 e 4, foram construídos entre 2010 e 2016,

tendo sido projetados dentro das normas de acessibilidade. Os campi onde atuaram as

entrevistadas 2 e 5 estão instalados em prédios mais antigos, mas em ambos já foram realizadas

obras de adaptação para acessibilidade de banheiros para pessoas portadoras de deficiências

físicas. Sobre acessibilidade a demais espaços do prédio, foi instalado um elevador para pessoas

com necessidades especiais no campus que foi dirigido pela entrevistada 5. No campus onde

atuou a entrevistada 2, no entanto, ainda há salas nas quais alunos com questões de mobilidade

não têm acesso.

A entrevistada 2 considera que, apesar de todo o trabalho para a inclusão dos alunos

com necessidades especiais e do envolvimento das pessoas, ainda se enfrenta uma questão de

recursos humanos, que deveria ter o quantitativo de professores aumentado para um

atendimento aos alunos mais eficiente.

A rotina relatada para garantir a permanência bem-sucedida de todos os alunos na

escola está alinhada com a literatura. Tenório, Ferraz e Pinto (2014) consideram que o grande

desafio da educação na atualidade é eficácia e equidade, especialmente pelo contexto de

desigualdades sociais. Santos (2003) defende que as pessoas e os grupos sociais precisam ter

garantido o direito à igualdade nas situações em que as diferenças os inferiorizarem, assim

Page 113: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

112

como devem ter o direito de serem tratados com respeito às suas diferenças nas situações em

que a igualdade de tratamento os descaracterizarem.

5.2.7 Formação Continuada

O Governo Federal possui uma política de estímulo à formação continuada de

servidores, com a possibilidade de Licença Capacitação de três meses a cada cinco anos de

serviço efetivo.

O CPII também estimula a formação continuada, oferecendo alguns cursos em

convênio com outras instituições, autorizando liberação do serviço para que os servidores

participem de eventos de formação continuada e realizando o pagamento de diárias e passagens

quando os eventos são fora do Estado do Rio de Janeiro.

Todas as respondentes afirmaram que também buscavam, no âmbito do campus,

estratégias para a formação continuada dos servidores por considerarem-na muito importante

para a qualidade do trabalho.

As gestoras consideram que algumas reuniões pedagógicas de rotina realizadas nos

campi podem ser consideradas como formação continuada, pois geram conhecimento e

oportunizam reflexões. Esse entendimento é corroborado por Assunção e Falcão (2015),

Oliveira e Guimarães (2014) e Libâneo (2013), que defendem que os Coordenadores

Pedagógicos atuam na formação dos docentes.

Além de reuniões em que são oportunizadas reflexões e troca de experiências entre os

profissionais, foram citadas como atividades de formação continuada organizadas pelos campi:

Palestras nos campi com profissionais da instituição e com profissionais externos, Projeto

Conexões e Saberes, envolvendo a comunidade interna e externa, Semana de Matemática e

Semana de Língua Portuguesa e Mostra Cultural.

A entrevistada 2, que está atualmente em um segundo mandato de DG de campus,

relata que no último ano de seu mandato, iniciou o planejamento de um projeto de Educação à

Distância (EAD) para capacitação de docentes. Informou que o projeto teve início há menos de

um mês, não sendo possível, ainda, avaliar sua repercussão.

Gerenciar rotinas para garantir a formação continuada dos servidores está de acordo

com a literatura, que considera fundamental que os todos os profissionais participem de

formação continuada para melhoria da prática realizada (ZAGURY, 2018; LÜCK, 2017;

VOORWALD, 2017; ASSUNÇÃO; FALCÃO, 2015; LIBÂNEO, 2013; OLIVEIRA;

GUIMARÃES, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

Page 114: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

113

A entrevistada 1 destacou a necessidade de mais oportunidades de formação

continuada específica para gestores. A percepção da entrevistada 1 fica ratificada com a análise

de respostas dadas a uma pergunta feita na entrevista. Foi questionado se havia a rotina do Ciclo

PDCA nos campi que dirigiram.

As entrevistadas 1, 2 e 3 responderam afirmativamente, mas informaram que não

utilizavam essa nomenclatura. A entrevistada 1 respondeu: “Não se usava esse nome, mas

considero que as etapas eram feitas na nossa prática.”. A fala da entrevista 2 se assemelha à fala

da entrevistada 1: “Não exatamente com esse nome. Mas fazemos, buscando qualidade e

eficiência.” A fala da entrevistada 3 está alinhada com a das duas respondentes anteriores:

De forma intuitiva, não formal. Faz parte de todo o trabalho do campus, nos mais

diversos setores, planejar, ver o que deu certo, levantar os motivos do sucesso e do

insucesso, repetir o que deu certo, buscar novas alternativas para o que não deu certo.

Esse hábito, no entanto, não possui um protocolo a ser seguido.

A entrevistadas 4 demonstrou que o Ciclo PDCA, não era totalmente desconhecido,

mas não era conhecido o suficiente para identificá-lo como uma prática na rotina do campus:

“Planejamento, desenvolvimento... É isso? Não! Não fazíamos!”

A entrevistada 5 demonstrou total desconhecimento do assunto: “Acho que não, né?

Você vai ter que me explicar melhor o que é. Pode ser que sim, mas com outro nome. Mas,

vamos lá, o que é exatamente isso?”

Importante esclarecer, conforme pode ser verificado na seção 4.5.3, que todas as

gestoras afirmaram considerar ações de planejamento, monitoramento, avaliação e

replanejamento como fundamentais para um trabalho educacional de qualidade.

O destaque que a entrevistada 1 fez sobre formação continuada específica para

gestores, ao tecer comentários sobre formação continuada de servidores em geral, também foi

feito por Voorwald (2017). O autor defende a formação de gestores e afirma ser premente a

profissionalização da gestão central e regional.

5.2.8 Comunicação Interna

A comunicação interna foi apontada pelas gestoras entrevistadas como muito

importante para o bom funcionamento de uma escola. Todas demonstraram ter efetivado

diversas ações para garantir uma comunicação eficaz.

Page 115: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

114

Essa preocupação com uma comunicação eficaz está em sintonia com a literatura, que

considera a democratização das informações como um dos princípios de uma gestão

democrática (LIBÂNEO, 2013; LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).

As respondentes 1 e 4 avaliaram que, apesar do empenho, a comunicação nos campi

que dirigiram não foi totalmente eficaz, embora considerem ter havido melhora.

A respondente 4 relatou que a comunicação na gestão anterior a sua era muito

deficiente e que, por isso, melhorar a comunicação foi uma das propostas de sua campanha no

processo de eleição para Direção-Geral. Ela considera que o problema melhorou, mas ainda

não está totalmente resolvido: “Comunicação é uma coisa muito difícil, não é? Ainda não está

100%, mas melhorou 80%”.

A respondente 1 comentou sobre as falhas que observava na comunicação: “Às vezes,

alguns servidores não tomavam ciência de alguma questão no tempo certo ou da forma correta.

Isso era muito ruim!” De acordo com essa entrevistada, todas as ações planejadas e demais

informações dos Conselhos deveriam ser informadas aos servidores nas reuniões de rotina pelos

Coordenadores Pedagógicos e pelos Chefes dos Setores Técnicos. “Mas, às vezes, os Chefes e

Coordenadores não incluíam na pauta um tempo para os informes e, aí, acabavam esquecendo.

Ou, então, falavam rápido, quase no final da reunião, e a informação não ficava clara, cada um

entendia de um jeito.”

A preocupação demonstrada pelas duas gestoras ao avaliarem que, apesar dos diversos

canais de comunicação, ainda aconteciam problemas, é sustentada pela literatura. Araújo,

Simanski e Quevedo (2012) consideram que falhas de comunicação podem ter como

consequência o fracasso da organização, por gerarem desperdício de recursos. Lück (2017)

afirma que os gestores devem ter ações de difusão contínua de informações claras e precisas a

respeito das questões fundamentais da vida escolar. A autora considera, ainda, que é comum

que hipóteses e conjecturas inverídicos sejam divulgados quando a comunicação não acontece

de forma eficaz.

As gestoras entrevistadas citaram diversas práticas que realizavam na busca de garantir

eficácia na rotina da comunicação: Divulgação das informações nas reuniões de rotina do

campus, organização de mural na sala dos servidores, envio de materiais escritos, como

bilhetes, boletins informativos, circulares e folders, envio de mensagens por E-mails, contato

telefônico ou por serviço de mensagens instantâneas de forma individualizada ou com pequeno

grupo de pais representantes que se encarregavam de multiplicar a informação.

Page 116: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

115

As diversas práticas para uma comunicação eficaz estão alinhadas com o que defende

Curvello (2012), que considera que comunicação interna é um conjunto de ações coordenadas

pela gestão.

5.2.9 Limpeza e Manutenção Predial

Os serviços de limpeza e manutenção predial nos campi do CPII são realizadas por

equipes terceirizadas. Em 2014 foi criado um setor denominado Prefeitura e foi instituída a

função de Prefeito, um servidor que é responsável pela supervisão de todos os serviços

terceirizados dos campi.

Todas as entrevistadas consideram que a limpeza e a manutenção predial são

importantes para a qualidade do trabalho. A posição das gestoras está sintonizada com

Bragagnolo e Bridi (2018), Libâneo (2013) e Soares e Alves (2013), que consideram que a

organização do cotidiano interfere na qualidade das atividades de ensino. Os autores citam as

condições físicas, serviços de limpeza e conservação como itens importantes em uma

organização escolar eficaz.

Todas as gestoras avaliam que o setor recentemente implantado, a prefeitura, melhorou

a qualidade dos serviços de limpeza e manutenção predial. A rotina de acompanhamento desses

serviços feita pelo Prefeito também proporcionou que a Direção tivesse maior disponibilidade

para se envolver com outras questões no dia a dia.

O Prefeito do campus participa das reuniões do Conselho Pedagógico e Administrativo

para avaliar os serviços e verificar as demandas de ações apontadas pela comunidade.

5.2.10 Uso de Recursos Financeiros

Até o ano de 2015, toda a verba do CPII era centralizada na Reitoria. Em 2016, teve

início o processo de descentralização financeira.

As entrevistadas consideram que recursos financeiros são fundamentais para

provimento das necessidades dos campi. Apontaram, no entanto, que a verba recebida tem sido

insuficiente para todas as demandas do campus. Disseram que era necessário fazer escolhas,

traçar prioridades.

Um protocolo com ações para uso da verba ainda está em processo de construção pelos

campi. Foi verificado, no entanto, que todas as gestoras viabilizaram ações para decidir o uso

da verba por meio de práticas descentralizadas.

Page 117: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

116

As ações relatadas para o uso da verba revelam a busca da participação foram:

Decisão das compras de valores mais elevados e de obras necessárias em Reuniões

do Conselho Pedagógico e Administrativo do campus;

Definição coletiva de aquisições e serviços necessários em Reuniões das equipes;

Decisão das prioridades a partir das listagens de necessidades elaboradas pelas

equipes pedagógicas e pelos setores técnicos em Reunião Pedagógica Geral

(RPG);

Realização de levantamento das demandas de materiais necessários dos serviços

de limpeza, manutenção, merenda, profissionais de apoio escolar, jardinagem,

limpeza de piscina, guardiões de piscina, portaria e vigilância noturna pelo

Prefeito do campus em reuniões com as equipes terceirizadas desses serviços.

A respondente 1 relatou que, apesar do Colégio realizar prestação de contas do uso das

verbas para o Tribunal de Contas da União (TCU) e da mesma ser publicizada pelo Sistema de

Informações do Governo Federal, ela considerava importante realizar uma reunião para

prestação de contas para a comunidade escolar.

Na reunião de início de ano letivo, em que reunia os docentes, os técnicos e os

responsáveis, a prestação de contas do ano anterior era um dos itens da pauta. Em um telão,

eram projetadas as receitas e as despesas totais do campus e os detalhamentos das aquisições,

organizadas por natureza da despesa.

Eram feitas prestações de contas sobre o que foi adquirido e pago. Embora o uso da

verba pública esteja disponível no Sistema de Informações do Governo Federal,

achávamos importante listar tudo o que foi pago e comprado para facilitar o acesso, a

transparência. A prestação de contas de 2016 foi feita na 1ª reunião de pais de 2017.

A prestação de contas de 2017, como era o último ano da gestão, foi feita em reunião

de final do 2º período, que, por causa de greves anteriores, aconteceu somente em

novembro e, nesse período, já tínhamos encerrado as compras e a contratação de

serviços. As despesas contínuas dos serviços terceirizados que ainda seriam prestados,

como limpeza, merendeiras, vigilantes, porteiros, e das concessionárias, como água,

luz e gás, já estavam devidamente empenhadas. (ENTREVISTADA 1, 2018)

De acordo com a gestora, nessas reuniões alguns responsáveis opinavam sobre

aquisições e serviços que consideravam importantes para serem providenciados no ano que se

iniciava. Também havia esclarecimento sobre o protocolo de uso de verba pública.

Nessas reuniões, ouvíamos sempre alguns pedidos de aquisições para serem feitas.

Algumas coisas eram possíveis, outras, não. Sugeriam marcas de produtos, pessoas

Page 118: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

117

conhecidas para realizarem serviços. Aí explicávamos suscintamente o uso correto da

verba pública, mostrando que sua administração era bastante diferenciada da verba de

nossas casas. (ENTREVISTADA 1, 2018)

A realização de reunião com a comunidade para prestação de contas do uso da verba

pública e para explicações sobre seu uso correto é uma prática que converge com a literatura.

Paro (2016) corrobora a importância da prestação de contas para a comunidade ao considerar

fundamental que, além de prestação de contas para o Estado, sejam criados mecanismos

institucionais que viabilizem que a comunidade fiscalize a aplicação dos recursos. Libâneo,

Oliveira e Toschi (2012) consideram que, embora haja instrumentos legais para controle dos

recursos financeiros públicos, as questões são consideradas complexas e de difícil

entendimento. Assim, por meio das reuniões, pode haver melhor entendimento das

informações, o que também é defendido por Libâneo (2013). Com informações democratizadas,

torna-se mais efetiva a participação da comunidade na rotina escolar, o que é defendido por

Voorwald (2017), Paro (2016), Lück (2015) e Libâneo (2013).

5.3 ROTINA DE REUNIÕES

De acordo com os relatos das entrevistadas, havia uma rotina de reuniões que eram

realizadas para efetivar os pilares da educação básica de qualidade elencados.

Ao serem questionadas se consideravam que reuniões eram importantes para a

qualidade do trabalho, todas as gestoras responderam afirmativamente. A respondente 1 disse:

“As reuniões servem para integração, discussão, conhecimento. Servem também para tomada

de decisões, para planejamento do trabalho, seu acompanhamento e avaliação, para pensarmos

em estratégias”. A respondente 2 afirmou: “As reuniões são fundamentais para desenvolver

uma educação de qualidade”. De acordo com a respondente 3, “Elas unem as equipes em prol

do trabalho, dão a sensação de pertencimento aos envolvidos, uma vez que todos se expressam

e procuram, juntos, caminhos para um trabalho de qualidade”. A respondente 5 afirmou: “É

muito importante você ter as discussões”.

A respondente 4 foi sucinta na verbalização ao responder. Usou apenas uma palavra:

“Sobremaneira”. A força semântica da palavra, que significa “de maneira excessiva”, “além da

medida” e “extraordinariamente” revela a demasiada importância atribuída pela respondente às

reuniões. A forma de pronunciar a palavra, de forma silabada “so-bre-ma-nei-ra”, e uma risada

ao final, também foram bastante significativos. Ficava evidenciada a certeza da gestora sobre a

importância das reuniões.

Page 119: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

118

De acordo com Esquinsani e Silveira (2015), a realização de reuniões pedagógicas e

administrativas com regularidade e pauta prévia revelam o preparo da equipe gestora. As

reuniões não devem objetivar somente a transmissão de avisos e de decisões tomadas, mas

reflexões e tomada coletiva de decisões. Zagury (2018) destaca que as reuniões, especialmente

as que envolvem pais de alunos, devem ser pautadas por clareza, objetividade e fundamento.

As reuniões relatadas pelas gestoras foram categorizadas em Reuniões da Gestão

Geral, Reuniões da Gestão Pedagógica e Reuniões da Gestão Administrativa.

5.3.1 Reuniões da Gestão Geral

As Reuniões da Gestão Geral (figura 13) envolvem reflexões, tomada de decisões,

planejamentos, monitoramentos e avaliações de assuntos gerais do campus.

Figura 13 – Reuniões da Gestão Geral.

Fonte: Elaborado pela autora.

Reunião do Conselho Pedagógico e Administrativo do campus

O Conselho Pedagógico e Administrativo é a instância máxima do campus. Integram

o Conselho a equipe dirigente do campus, a equipe pedagógica e as chefias dos setores

administrativos.

Conselho

Pedagógico

CONSELHO

PEDAGÓGICO E

ADMINISTRATIVO

Conselho

Administrativo

Direção com

Pais

Representantes

de Turma

Pedagógica

Geral

Page 120: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

119

É liderado pelo Diretor-Geral e são realizados planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento de ações gerais do campus, são feitas reflexões sobre a gestão

escolar, discussão de problemas verificados e tomada de decisões. Suas discussões e decisões

são embasadas pelo Conselho Pedagógico, Conselho Administrativo, Reuniões Pedagógicas

Gerais e Reuniões de Pais Representantes de Turma, assim como as fomentam.

Todas as respondentes relataram que realizavam a Reunião do Conselho Pedagógico

e Administrativo do Campus. A regularidade com que aconteciam, no entanto, era diferente

entre os campi I: as gestoras 1, 2, 3 e 5 realizavam essa reunião quinzenalmente e a gestora 4,

mensalmente.

As Diretoras-Gerais lideravam as reuniões e nelas eram discutidos assuntos gerais do

campus. Além dos membros previstos para a reunião, dependendo do assunto, outras pessoas

eram convidadas.

Os responsáveis por alunos, no entanto, não participavam das reuniões do Conselho

em nenhum dos cinco campi. Destarte, esse segmento da comunidade escolar não tinha

oportunidade de se fazer ouvir e participar diretamente das decisões da vida escolar no fórum

que é a instância máxima do campus.

A não-participação de responsáveis nas Reuniões do Conselho Pedagógico e

Administrativo de Campus está de acordo com as normas em vigor do CPII, mas não está em

consonância com a Legislação que orienta a Educação Básica Brasileira: a LDBEN Nº 9394/96

prevê a participação de Responsáveis no Conselho Escolar. A situação também não está de

acordo com a literatura, que defende a participação da comunidade nos momentos decisórios

da escola (VOORWALD, 2017; PARO, 2016; XAVIER, 2016; LIBÂNEO, 2013; LÜCK et al,

2012).

Reunião de Conselho Pedagógico

São reuniões da Direção com os Coordenadores Pedagógicos, Professores de Apoio

Interdisciplinar, Chefia do SESOP e do NAPNE para dialogar sobre as práticas pedagógicas da

escola. São planejadas ações pedagógicas, há o monitoramento das ações que estão sendo

executadas, avaliação de ações concluídas e replanejamento de ações quando necessário.

O Conselho Pedagógico também é responsável pela organização do horário das aulas

dos diferentes componentes curriculares e pela alocação de docentes nas turmas, que deve ser

orientada por princípios pedagógicos.

Todas as respondentes relataram que as Reuniões do Conselho Pedagógico eram

realizadas quinzenalmente.

Page 121: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

120

Reunião do Conselho Administrativo

Reunião coordenada pela Direção envolvendo todos os Chefes dos Setores Técnicos

para discussões sobre as ações administrativas do campus. Essas reuniões também almejavam

a integração entre os setores, com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.

Os cinco campi realizavam essa reunião. A previsão era de reuniões mensais, mas,

muitas vezes, aconteciam bimestralmente. Duas respondentes relataram que muitas questões

eram resolvidas nas reuniões de Setor Técnico e, por isso, espaçavam as reuniões do Conselho

Administrativo.

Reunião da Direção com Pais Representantes de Turma

Os Pais Representantes de Turma são eleitos por seus pares no início de cada ano

letivo, quando todos são esclarecidos acerca do significado de representação. Reúnem-se, ao

longo do ano letivo, com a equipe gestora de cada campus para tratarem de assuntos da rotina

escolar.

As Reuniões da Direção com Pais Representantes aconteciam nos campi das

entrevistadas 1, 2, 3 e 4, sendo realizadas com frequência diferenciada: as entrevistadas 1 e 2

realizavam reuniões mensais, a entrevistada 3 realizava trimestralmente e a entrevistada 4 fazia

as reuniões de acordo com a demanda, sem regularidade definida. Segundo as gestoras, essas

reuniões eram uma rotina que viabilizava a participação dos pais na vida escolar e eram

lideradas pela Direção.

A entrevistada 5 declarou não realizar Reuniões com Pais Representantes. Relatou que,

no início do período de sua gestão, aconteceram algumas reuniões, mas, depois, pararam de

acontecer. Os pais representantes não tinham muito contato com os outros pais e, por isso,

segundo a gestora, não estavam aptos a representá-los. Ela questionou: “Como vai representar

se não se encontram?” E concluiu: “Cada representante representava sua própria ideia”.

Como alternativa, nas reuniões de pais para avaliação dos alunos ao final de cada

período, a gestora planejava quinze minutos para que os pais conversassem entre si. Se

necessário, os pais chamavam a Direção para entrar na reunião. Ao justificar a não-realização

de Reunião de Pais Representantes, disse: “Tiramos os intermediários”.

Ao ser questionada sobre o resultado desta rotina alternativa, a gestora disse não saber

avaliar o que era melhor. Mas, a seguir, continuou a resposta: “Talvez tenha feito falta as

reuniões com representantes. Talvez tivesse valido a pena ter investido mais um pouco nas

reuniões com representantes.” Essa complementação da resposta, embora não afirmativa,

parece revelar que fez falta a participação dos pais representantes para a gestão do campus.

Page 122: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

121

A opinião da gestora sobre a não-representatividade de pais representantes não

coaduna com a literatura. Segundo Lück (2017), a participação de um representante instituído

formalmente através de voto dos seus pares é uma forma de participação, que a autora denomina

Participação como Representação.

Stênico et al (2015) considera que o gestor escolar tem a função de propiciar reflexões

e garantir espaços para a tomada de decisões coletivas. A opção de não-realização das Reuniões

de Pais Representantes também não está alinhada com esse aspecto, pois a gestora não

propiciou reflexões coletivas e não garantiu espaço para as decisões do coletivo de Pais

Representantes do campus. As discussões ficaram reduzidas ao âmbito de cada turma.

Reunião Pedagógica Geral (RPG)

Reunião Pedagógica Geral (RPG) é uma reunião da Direção com os servidores.

As cinco gestoras relataram que realizavam duas RPGs por ano letivo, conforme o

previsto. Consideram, no entanto, que o quantitativo dessas reuniões deveria ser maior, pois

favoreceria mais momentos de integração entre os servidores e tomada de decisões mais

coletivas. A reivindicação de mais reuniões envolvendo todos os servidores está alinhada com

os pressupostos da gestão participativa.

As respondentes 3 e 4 relataram que em algumas RPGs só havia a presença de

docentes, por terem pauta bastante específica. As demais respondentes, no entanto, informaram

que as RPGs envolviam todos os servidores, docentes e técnicos.

A respondente 1 justificou a importância da participação de todos os servidores

esclarecendo que as pautas das RPGs do campus eram gerais. “Numa escola, somos todos

educadores!”, disse. Relatou que na primeira RPG, eram definidos os eventos que seriam

realizados e era escolhido o tema do Projeto Coletivo Anual. Na última RPG, a pauta era

avaliação do ano e Experiências Exitosas, que eram apresentadas pelos servidores de forma

voluntária. “Eram práticas de sucesso sendo compartilhadas. E como tinha coisa boa! Considero

que era um tipo de formação continuada. E tinham muitos elogios aos colegas, muito carinho!

Era um clima muito bom!”, relatou a gestora demonstrando bastante emoção.

Reunião da Direção com Docentes, Técnicos e Responsáveis

A respondente 1 relatou uma reunião que realizava no início de cada ano letivo,

envolvendo todos os servidores e os responsáveis. Essa reunião era realizada no Teatro do

Complexo do campus em que era gestora, por ser o local que comportava todos os participantes.

Page 123: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

122

Nessa reunião, havia a apresentação de toda a equipe do campus e eram dadas

orientações gerais para o ano letivo. Havia prestação de contas do uso da verba pública do ano

civil anterior. Questões de interesse da comunidade eram debatidos para a busca de uma solução

coletiva. Para exemplificar, citou a reformulação do uso do espaço de entrada do campus por

responsáveis no horário entre os dois turnos.

A respondente relatou que também era rotina do campus realizar uma segunda reunião

com esses mesmos participantes ao longo do ano letivo. A pauta e o período de realização eram

diferenciados a cada ano, pois dependiam das demandas. Eram discutidas questões gerais do

campus, como a discussão de PPPI, importância da realização de Clubes de Leitura nas salas

de aula, entre outros.

5.3.2 Reuniões da Gestão Pedagógica

As Reuniões da Gestão Pedagógica (figura 14) são as que se relacionam diretamente ao

processo ensino-aprendizagem dos alunos. Suas discussões e decisões são fomentadas pelo

Conselho Pedagógico, que é vinculado à Gestão Geral do campus, assim como o embasam.

Figura 14 – Reuniões da Gestão Pedagógica.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planejamento

Interdisciplinar

Planejamento

de Período

Letivo SESOP

Estudo de

Caso

Início de Ano

Letivo de

Docentes com

Responsáveis

Reunião

Pedagógica

Semanal

Conselho de

Classe Docentes

com

Responsáveis

CONSELHO

PEDAGÓGICO

Page 124: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

123

Figura 15 – Fluxograma da Rotina do Processo Ensino-Aprendizagem.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planejamento

1º Período

Planejamentos

Semanais

Reuniões SESOP

Estudos de Caso

COC

Reunião

de Pais

Planejamento

2º Período

1º Planejamento

Interdisciplinar

2º Planejamento

Interdisciplinar

Planejamentos

Semanais

Reuniões SESOP

Estudos de Caso

COC

Reunião

de Pais

Planejamento

3º Período

Planejamentos

Semanais

Reuniões SESOP

Estudos de Caso

COC

Reunião

de Pais

Page 125: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

124

As reuniões de Planejamento de Período Letivo, reuniões de Docentes com SESOP,

reuniões de Estudo de Caso, Reuniões Pedagógicas Semanais, Conselhos de Classe e reuniões

de Docentes com Responsáveis acontecem ao longo de cada período letivo. Ao início de novo

período, acontecem novamente em um encadeamento cíclico, conforme demonstra a figura 15.

As reuniões interdisciplinares acontecem em dois momentos: a primeira no início do

ano e a segunda, no meio do segundo período, que corresponde ao meio do ano letivo.

A reunião de início de ano letivo de Docentes com Responsáveis é única e destina-se

à apresentação de docentes para os pais.

Reunião de Planejamento Interdisciplinar

Reunião da Equipe Pedagógica com os Docentes de todos os componentes curriculares

de cada série para planejamento interdisciplinar. Essa reunião acontece duas vezes por ano.

A primeira reunião acontece no primeiro período letivo. Os Coordenadores

Pedagógicos apresentam o planejamento anual dos componentes curriculares. A seguir, o grupo

discute formas de integrar os conteúdos e ajustam a ordem de trabalho dos mesmos. A seguir,

há maior detalhamento nas atividades que serão realizadas no primeiro semestre, como

organização de excursões pedagógicas e eventos envolvendo a série em questão.

A segunda reunião de planejamento interdisciplinar é realizada no início do segundo

semestre. Seu objetivo é avaliar o trabalho pedagógico realizado no primeiro semestre para

replanejar, se necessário, o que estava previsto para o segundo semestre. A seguir, faz-se o

detalhamento das atividades que serão realizadas até o final do ano letivo.

De acordo com as respondentes, todos os campi realizavam esta reunião, que era

considerada muito produtiva.

Reunião de Planejamento de Período Letivo

Essas reuniões acontecem no início de cada um dos três períodos letivos. Os

Coordenadores Pedagógicos, os Professores de Apoio Interdisciplinar e os professores regentes

se reúnem por série para conhecimento e discussão dos conteúdos previstos para o período.

Realizam o planejamento, que vai se ajustando ao longo do período nas Reuniões Pedagógicas

Semanais.

Nas duas primeiras semanas de aula do ano letivo são realizadas atividades para uma

diagnose. A partir do que foi diagnosticado, é realizado o planejamento do primeiro período

letivo.

Page 126: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

125

Os planejamentos do segundo e do terceiro períodos são realizados a partir da

avaliação do processo pedagógico do período anterior, realizada nos Conselhos de Classe do

primeiro e do segundo períodos, respectivamente.

Reunião Pedagógica Semanal (RPS)

As Reuniões Pedagógicas Semanais (RPSs) envolvem os Docentes, os Coordenadores

Pedagógicos e os Professores de Apoio Interdisciplinar. Realizam-se nos horários previstos

para manutenção de ensino dos Docentes.

As RPSs têm o objetivo de realizar o planejamento das aulas, definir o conteúdo que

será trabalhado por semana, discutir as práticas pedagógicas, relatar como está transcorrendo o

trabalho com as turmas para monitoramento, elaborar avaliações, discutir o desempenho dos

alunos, elaborar estratégias diferenciadas para os alunos que estejam apresentando dificuldade

de aprendizagem e planejar adaptações pedagógicas para os alunos com necessidades especiais.

As equipes também estudam temas relacionados ao trabalho que está sendo realizado,

fazem reflexões e trocam experiências, caracterizando a formação continuada.

Todas as gestoras confirmaram a realização das Reuniões Pedagógicas Semanais

(RPSs), com duração de duas horas-aula.

Os professores que lecionam Língua Portuguesa, Matemática, Estudos Sociais e

Ciências, se reuniam por série e com os Coordenadores Pedagógicos e o Professor de Apoio

Interdisciplinar. Os professores dos demais componentes curriculares se reuniam com o

Coordenador Pedagógico para tratar de assuntos de todas as séries.

Reunião de Docentes com Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica (SESOP)

Participam dessa reunião os Orientadores Pedagógicos e todos os Docentes que atuam

com alunos, incluindo os que atuam no NAPNE.

É feita a discussão de questões gerais das turmas e específicas de cada aluno, com o

levantamento de estratégias e de possíveis encaminhamentos para a Assistência Estudantil ou

para avaliação de alunos por profissionais especializados externos à escola, como Psicólogos,

Psicopedagogos, Fonoaudiólogos e Médicos. Nesses casos, os Orientadores convocam

posteriormente as famílias e fazem um encaminhamento para que os alunos sejam atendidos

por profissionais especializados, como

Características das turmas são analisadas para que dinâmicas possam ser escolhidas

para a realização de um trabalho pedagógico mais efetivo.

São avaliadas as ações planejadas anteriormente e, caso seja detectado que essas estão

sendo insuficientes ou ineficazes, há um replanejamento de ações.

Page 127: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

126

As reuniões de Docentes com o SESOP aconteciam em todos os campi I, mas a

regularidade, segundo os relatos das gestoras, era diferenciada, variando de uma reunião por

quinzena a uma reunião mensal.

Reunião de Estudo de Caso

A inclusão de alunos com necessidades específicas é uma rotina nos campi I. Além

das reflexões sobre as ações necessárias para cada aluno nas Reuniões de Planejamento

Semanais e de SESOP, há ainda a reunião de Estudo de Caso, liderada pelo NAPNE.

O Estudo de Caso é realizado para discussão e definição de ações próprias para os

alunos com necessidades específicas e de adaptações curriculares e avaliativas necessárias.

Participam, além da Coordenação do NAPNE, a Chefia do SESOP, a Coordenação Pedagógica,

os Professores de Apoio Interdisciplinar e todos os professores envolvidos.

As reuniões de Estudo de Caso eram realizadas nos cinco campi. Não há regularidade

pré-determinada, pois elas acontecem de acordo com a demanda.

Conselho de Classe (COC)

Reunião regulamentada por Portaria da Reitoria. Realizado ao final de cada período

letivo, o COC conta com a participação de todos os docentes da série, Coordenação Pedagógica,

Professor de Apoio Interdisciplinar, SESOP, NAPNE e Direção. Existe a previsão de que alguns

membros da comunidade sejam convidados a participar de algum COC, com o objetivo de

contribuir nas discussões.

Os COCs são divididos em dois momentos: um momento denominado visão geral das

turmas e um momento de casos específicos. Na visão geral das turmas, são avaliados os

resultados acadêmicos das turmas e os fatores que possam ter interferido e são identificados

aspectos atitudinais que possam ter interferido na dinâmica da turma. São discutidas estratégias

para melhoria das questões levantadas. No segundo momento, casos específicos, são discutidos

alunos de forma individualizada. São identificados alunos que precisam de acompanhamento

pedagógico mais sistemático e são discutidas e elaboradas estratégias para minimização das

diferenças pedagógicas dos estudantes. São, ainda, discutidos possíveis encaminhamentos para

atividades de Recuperação Pedagógica, de Laboratório de Aprendizagem (LA), Sala de Recurso

(SR), Mediação ou avaliação de profissionais especializados.

O encaminhamento das reuniões de Conselho de Classe está alinhado com Paro

(2016). O autor defende que os COCs não devem ser momentos burocráticos somente para

Page 128: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

127

atribuir conceituação de baixo rendimento aos alunos, mas devem ser momentos de avaliação

do processo escolar.

Nos COCs de 4º e 5º ano, os alunos representantes também participam da primeira

parte da reunião. Os alunos representantes relatam a avaliação feita coletivamente pelos alunos

e ouvem a avaliação dos professores, ficando responsáveis por transmiti-las aos colegas. A

participação de alunos também está em acordo com o posicionamento de Paro (2016), que

defende a participação dos alunos nas avaliações realizadas nos COCs.

Reunião de Docentes com Responsáveis

As reuniões de docentes com responsáveis são realizadas após o COC de cada período

letivo.

Nessas reuniões são entregues as avaliações dos alunos, é feito o relato de como estão

as turmas, do trabalho que foi realizado no período que terminou, do planejamento do período

seguinte e das estratégias planejadas no COC. São, ainda, esclarecidas dúvidas dos

responsáveis.

Essas reuniões, de acordo com as respondentes 1, 2, 3 e 5, aconteciam aos sábados. As

respondentes que realizavam as reuniões de pais aos sábados consideram que isso facilitava a

presença dos responsáveis, pois muitos não trabalham nesse dia. Essas respondentes disseram,

ainda, como não há aulas regulares aos sábados, fica viabilizada a participação dos professores

de todos os componentes curriculares.

O planejamento de reuniões aos sábados por ser um dia mais apropriado para os pais

está de acordo com o que Zagury (2018) defende. De acordo com a autora, “Buscar atender às

necessidades de horário dos pais é uma forma de diminuir o absenteísmo nas reuniões e de

demonstrar que temos consciência das dificuldades da vida” (ZAGURY, 2018, p. 140).

Reunião de Início de Ano Letivo de Docentes com Responsáveis

A reunião de Início de Ano Letivo de Docentes com Responsáveis era realizada por

todos os campi. Seu objetivo é a apresentação do planejamento pedagógico para o ano letivo, a

apresentação dos Docentes que trabalharão com cada turma e suas rotinas em relação ao

material escolar, às avaliações, tarefas para serem realizadas em casa, entre outras

especificidades de cada Docente.

Page 129: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

128

Reunião de Docentes com SESOP, NAPNE e Assistência Estudantil (SNAE)

A respondente 4 relatou que, no último ano de sua gestão, o campus organizou uma

reunião envolvendo o SESOP, o NAPNE, a Assistência Estudantil e os professores,

denominada SNAE.

A reunião do SNAE acontecia a cada três semanas para discutir questões relacionadas

aos alunos.

5.3.3 Reuniões da Gestão Administrativa

As Reuniões da Gestão Administrativa (figura 16) envolvem os Setores Técnicos dos

campi I, que são Prefeitura, Secretaria de Registro Escolar, Coordenação de Turno, Setor de

Finanças, Setor de Protocolo, Setor de Patrimônio, Setor de Gestão de Pessoas, Setor de

Assistência Estudantil, Setor de Reprografia e Setor de Almoxarifado.

Figura 16 – Reuniões da Gestão Administrativa.

Fonte: Elaborado pela autora.

Setor de

Assistência

Estudantil

Setor de

Patrimônio Setor de

Gestão de

Pessoas

Setor de

Reprografia

CONSELHO

ADMINISTRATIVO

Coordenação

de Turno

Setor de

Finanças

Almoxarifado

Prefeitura

Secretaria de

Registro

Escolar

Setor de

Protocolo

Page 130: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

129

As ações dos Setores Técnicos têm como objetivo dar suporte ao trabalho pedagógico,

assistir aos alunos e realizar as tarefas burocráticas necessárias ao funcionamento dos campi.

Suas discussões e decisões são fomentadas pelo Conselho Administrativo, que é vinculado à

Gestão Geral do campus, assim como o embasam.

Reunião de Setor Técnico

Reunião envolvendo a Chefia e a equipe de cada Setor Técnico. Objetiva planejar,

monitorar, avaliar e replanejar as ações administrativas executadas. Em todos os campi,

segundo as respondentes, dependendo da demanda, a Direção também participava dessas

reuniões.

Todas as respondentes relataram que as reuniões de Setor Técnico aconteciam com

regularidade diferenciada, dependendo das demandas de cada setor.

5.4 DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DAS ROTINAS ESCOLARES NOS CAMPI

I DO CPII

As cinco gestoras entrevistadas possuem uma concepção de educação de qualidade, de

gestão escolar e de relação direta entre ambas em consonância com a literatura.

Os pilares da gestão escolar destacados neste estudo foram validados pelas gestoras,

que consideram todos importantes para uma educação de qualidade.

A partir da análise do gerenciamento da rotina escolar dos campi I, constata-se a

existência de muitas ações realizadas em consonância com a literatura. Há, no entanto, situações

que demandam intervenções para melhoria.

Foram verificadas quatro questões em desacordo com a literatura: Nos cinco campi,

os pais de alunos não integravam o Conselho Pedagógico e Administrativo, que é o fórum

máximo dos campi. Em um campus não era realizada Reunião de Pais Representantes, que é

um fórum de representatividade do segmento responsáveis de alunos. Em quatro campi não

havia realização de prestação de contas para a comunidade e em três campi não havia realização

de avaliação institucional considerando índices internos e o Ideb.

Observou-se que ações relacionadas aos pilares planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento de ações e formação continuada eram insuficientes: Havia situações

de planejamento em que não eram definidos aspectos básicos, como quem executaria a ação ou

quando a mesma seria executada. Algumas ações não eram monitoradas e outras não eram

Page 131: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

130

avaliadas. Em relação à formação continuada, foi detectada que havia poucas oportunidades de

capacitação específica para gestores.

Em relação à eficácia das ações realizadas para a qualidade de cada pilar, verifica-se a

existência três pilares cujas ações realizadas não alcançaram a eficácia esperada: participação,

projeto político pedagógico institucional e comunicação interna.

As situações analisadas estão sintetizadas no quadro 6.

Quadro 6 – Pilares com questões em desacordo com a literatura, pilares com ações insuficientes

e pilares sem eficácia esperada.

PILARES COM QUESTÕES EM DESACORDO COM A LITERATURA

PILAR QUESTÃO OCORRÊNCIA

Participação

Pais de alunos não integram o

Conselho Pedagógico e

Administrativo

5 campi

Participação Não realização de Reunião de Pais

Representantes 1 campus

Avaliação institucional

Não realização Avaliação

Institucional considerando índices

internos e Ideb

2 campi

Uso de recursos financeiros

Não realização de reunião para

prestação de contas do uso dos

recursos financeiros

4 campi

PILARES COM AÇÕES INSUFICIENTES

PILAR QUESTÃO OCORRÊNCIA

Planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento

Ações sem definições básicas em

planejamentos 2 campi

Planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento Ações sem monitoramento 1 campus

Planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento Ações sem avaliação 1 campus

Formação continuada Poucas oportunidades de formação

continuada específica para gestores 1 campus

PILARES SEM A EFICÁCIA ESPERADA

PILAR QUESTÃO OCORRÊNCIA

Participação A participação deveria ser maior 4 campi

PPPI Não há conhecimento e

envolvimento esperados 5 campi

Comunicação Interna Há situações de desinformação 2 campi

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 132: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

131

Verificou-se quatro ações alinhadas com a literatura, mas realizadas somente em um

campus: Comissões de trabalho, reunião de docentes com SESOP, NAPNE e Assistência

Estudantil, reunião com apresentação de experiências exitosas e formação continuada à

distância. O quadro 7 demonstra essas quatro ações.

Quadro 7 – Ações bem-sucedidas realizadas por somente 1 campus.

AÇÕES BEM-SUCEDIDAS REALIZADAS POR SOMENTE 1 CAMPUS

PILAR QUESTÃO OCORRÊNCIA

Participação Organização de Comissões de

Trabalho 1 campus

Inclusão Reunião de SESOP, NAPNE e

Assistência Estudantil com

Docentes

1 campus

Formação Continuada RPG com apresentação de

Experiências Exitosas 1 campus

Formação Continuada Educação à Distância 1 campus

Fonte: Elaborado pela autora.

De acordo com a literatura, o fato supracitado não é uma questão que demande

intervenção, visto que não há necessidade e nem possibilidade de padronização do

gerenciamento das rotinas escolares. Segundo Lima (2011) e Rockwell e Ezpeleta (2007), o

cotidiano de cada escola, por suas especificidades, possui características próprias, ainda que

pertença a uma mesma rede de ensino.

Sendo assim, cada comunidade deve planejar ações de acordo com seus

especificidades e demandas para alcance de seus objetivos. Em conformidade com Voorwald

(2017), que mostra que existe diversidade nos diferentes contextos. escolares que demandam

adaptações.

5.5 INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA

ROTINA ESCOLAR DOS CAMPI I DO CPII

A partir do diagnóstico do gerenciamento das rotinas escolares dos cinco campi de

anos iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, no período de 2014 a 2017, foram

projetadas intervenções para adequação das questões em desacordo com a literatura e para

melhoria do gerenciamento dos pilares com ações insuficientes e dos sem a eficácia esperada.

Page 133: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

132

As intervenções projetadas foram elaboradas tendo com fonte de dados a literatura e

as práticas observadas no Estudo de Caso.

5.5.1 Intervenções Projetadas para Adequação das Questões em Desacordo com a Literatura

Reuniões de Conselho Pedagógico e Administrativo com participação de

Responsáveis

A participação é um pilar fundamental em uma gestão democrática. A participação dos

responsáveis no fórum máximo do campus, que é o Conselho Pedagógico e Administrativo, é

uma ação que precisa ser implantada.

É imprescindível que todos os segmentos da comunidade estejam representados nesses

fóruns que têm como função a tomada de decisões sobre objetivos da escola, sua organização

e funcionamento, sua avaliação, resolução de problemas e decisão sobre estratégias para

melhoria da qualidade.

A participação dos responsáveis deve ser por representação e os representantes devem

ser escolhidos por seus pares. Fundamental, ainda, que a gestão incentive a participação dos

responsáveis, assim como a todos para a escolha dos representantes.

Reunião da Direção com Pais Representantes

A realização de Reunião da Direção com Pais Representantes favorece a participação

dos responsáveis para planejamentos, monitoramento, avaliações, replanejamentos e tomada de

decisões. Por meio da participação por representação, o segmento se fará presente e atuante na

gestão do campus.

A equipe gestora precisa viabilizar um momento com o grupo de pais de cada turma

reunidos na escola para propor a inscrição de candidatos a representantes de turma e a escolha

dos mesmos pelos pares. Uma sugestão é realizar esse processo no dia da reunião de pais de

início de ano letivo, quando todos os pais são convocados para conhecerem os professores que

atuarão com a turma de seus filhos.

Reunião de Avaliação Institucional considerando índices internos e Ideb

Uma reunião para avaliação institucional precisa considerar todos os dados para poder

diagnosticar a situação real. A partir do diagnóstico, sob uma perspectiva incrementalista,

poderão ser propostas ações de melhoria para o processo educacional.

Para o diagnóstico devem ser considerados índices internos do campus, como taxa de

reprovação, taxas de abandono, distorção idade-série, desempenho das turmas e das séries,

Page 134: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

133

quantitativo de alunos encaminhados para recuperação, eventuais troca de professores e dados

dos anos anteriores, além de índices externos, como resultados do Ideb.

As comparações dos índices entre turmas, disciplinas, séries e anos anteriores, além

de resultados de Ideb de outros campi da instituição, de escolas da mesma rede e os índices do

país, devem funcionar como parâmetros que colaborem com a realização do diagnóstico

pretendido.

Devem ainda ser analisadas questões qualitativas e questões de infraestrutura do

compus.

A partir do diagnóstico, devem ser planejadas ações visando à melhoria contínua da

qualidade do trabalho do campus.

Reunião com a comunidade para prestação de contas do uso dos recursos

financeiros

A prestação de contas é uma etapa bastante importante do uso de recursos financeiros

públicos. Além da prestação de contas para o Governo, que envia a verba, e para o Tribunal de

Contas, que é o órgão fiscalizador, a gestão deve prestar contas para a comunidade.

Uma reunião para prestação de contas garante a participação da comunidade,

propiciando a democratização das informações, a oportunidade de esclarecimentos e a

transparência das ações, que são fundamentais para uma gestão democrática.

5.5.2 Intervenções Projetadas para Melhoria do Gerenciamento dos Pilares com Ações

Insuficientes

Reuniões de planejamento com uso da ferramenta 5W1H/5W2H

Em um planejamento, as definições de quem irá executar a ação planejada, quando,

como, por que, onde e como será executada são fundamentais para se ter sucesso nas ações. O

uso da ferramenta 5W1H ou 5W2H, quando houver previsão de custos para a ação, pode

contribuir para que as definições sejam sempre planejadas.

Ao realizar um planejamento, após as ideias serem debatidas, o líder da reunião deve

combinar com o grupo as definições supracitadas. Sugere-se o preenchimento de um documento

com os dados definidos. Dessa forma, além de não haver possibilidade de realizar o

planejamento de forma incompleta, os dados podem ser mais facilmente divulgados para

ciência de todos os envolvidos no processo.

Page 135: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

134

Realização de palestra sobre o Ciclo PDCA

A realização de monitoramento e de avaliação é fundamental para o alcance dos

objetivos propostos. O monitoramento das ações enquanto as mesmas estão sendo executadas,

permite a verificação de demandas não previstas, a ineficácia da ação e entendimentos

equivocados, o que possibilita acertos de forma mais rápida. A avaliação das ações gera dados

para o replanejamento de ações quando for detectado que a ação foi insuficiente ou ineficaz.

Os replanejamentos viabilizados por meio do monitoramento e da avaliação de ações

executadas propicia novas ações para melhoria da qualidade pretendida.

O conhecimento do Ciclo PDCA poderá contribuir para a eficácia das ações

executadas.

Realização de formação continuada para gestores

A gestão escolar é fundamental para uma escola de qualidade. Em uma escola

democrática, os gestores devem ser escolhidos por seus pares. No entanto, é fundamental que

tenham conhecimentos específicos sobre gestão para que possam desempenhar sua função com

maior eficácia.

Como atividades de formação continuada específica para gestores pode-se sugerir

reuniões entre gestores para troca de experiências e para discussão de problemas e reflexões

coletivas sobre possíveis soluções. Palestras sobre assuntos de gestão escolar ministradas por

gestores da instituição ou por profissionais externos também são de grande valor. Cursos sobre

gestão capacitam os gestores escolares para, a partir da teoria conhecida, realizarem uma prática

mais eficaz.

5.5.3 Intervenções Projetadas para Melhoria do Gerenciamento dos Pilares sem a Eficácia

Esperada

Realização de consulta para escolha dos dias de reunião

A participação dos pais de alunos nas escolas é fundamental para uma educação de

qualidade.

Para facilitar a participação deste segmento da comunidade escolar nas reuniões de

pais, sugere-se a realização de uma consulta para verificação da disponibilidade da maioria dos

pais. Como resultado da consulta, pode se concluir que há um dia da semana específico que

agregue mais pais, como sábados, por exemplo, ou que o rodízio de dias da semana seja a

melhor opção.

Page 136: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

135

Reunião para planejamento de projeto pedagógico do campus

A realização de um projeto pedagógico do campus, que seja interdisciplinar e

interséries, para ser desenvolvido ao longo do ano letivo por todos os componentes curriculares

e por todas as séries, além de ser o fio condutor de eventos coletivos, é uma ação que contribui

para a qualidade do trabalho pedagógico. O envolvimento da comunidade no projeto também

contribui para a integração das pessoas, que é um dos objetivos da gestão escolar.

Para haver o envolvimento da comunidade no projeto, é fundamental que haja a

participação coletiva no planejamento do mesmo. A realização de uma reunião com todos os

docentes e técnicos no início do ano letivo viabiliza esse planejamento, que deve definir o tema

norteador e os eventos que serão realizados coletivamente.

Organização de Comissões de Trabalho

A participação da comunidade é um dos pilares da gestão escolar para uma educação

de qualidade. Organizar comissões para a realização de planejamentos, execução,

monitoramento, avaliação e replanejamento de atividades coletivas pode colaborar para maior

participação da comunidade na gestão.

Realização de eventos com a participação das famílias

A participação das famílias na escola contribui bastante para a integração da

comunidade e para que, conhecendo mais a proposta da escola e como a mesma é realizada, sua

participação na gestão escolar torna-se mais efetiva.

Para efetivar a participação das famílias na escola sugere-se a realização de eventos

abertos à comunidade. Como sugestão, pode-se citar mostras pedagógicas, exposições de

atividades artísticas, apresentações musicais dos alunos, oficinas de jogos matemáticos, festas

culturais, palestras sobre assuntos de interesse dos pais, entre outros.

Planejamento de atividades com participação de alunos em dias de reunião de pais

Garantir uma maior presença dos pais de alunos em reuniões da escola é uma meta dos

gestores. Considerando ser comum o interesse dos pais de presenciar ou participar de atividades

em que seus filhos estejam participando, sugere-se planejar alguma atividade com a

participação de alunos nos dias em que forem realizadas reuniões de pais.

Page 137: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

136

Realização de Reunião da Direção com Docentes, Técnicos e Responsáveis para

assuntos gerais do campus

As diversas reuniões viabilizam a participação da comunidade nos planejamentos,

monitoramentos, avaliações e replanejamentos de ações e na tomada de decisões de cada equipe

envolvida com a questão em tela.

No entanto, é fundamental que sejam garantidos momentos em que haja participação

de docentes, técnicos e pais para as situações macro organizacionais da escola. A realização de

reuniões envolvendo todos os segmentos da comunidade viabiliza as decisões gerais da escola.

Importante esclarecer que o segmento alunos não está incluído nestas reuniões

considerando a faixa dos mesmos, que é em média de 6 a 11 anos. Destaca-se, no entanto, que

os alunos devem ser o foco de todas as ações planejadas pela escola.

Implementação do uso do PPPI na rotina escolar

A construção do PPPI de forma coletiva é de extrema importância, visto que o

documento reflete a proposta geral da instituição. O conhecimento e uso diuturno do documento

pelos servidores é fundamental para que suas práticas estejam alinhadas à proposta da

instituição. Os pais de alunos também devem ter ciência do PPPI para que acompanhem o

processo educacional que envolve seus filhos.

Para viabilizar a rotina do uso do PPPI pela comunidade, os gestores devem usar o

PPPI em reuniões com servidores e com pais que estejam sob sua liderança. Devem, ainda,

orientar que os Coordenadores Pedagógicos e Professores de Apoio Interdisciplinar façam o

mesmo nas reuniões pedagógicas, assim como os Chefes de Setores Técnicos.

Espera-se que, estando a comunidade mais familiarizada com o PPPI, seu uso diuturno

seja efetivado, garantindo que as práticas realizadas estejam em consonância com o mesmo.

Reunião com momento previsto para divulgação de informes

As reuniões viabilizam planejamentos, monitoramentos, avaliações e replanejamentos

de ações, tomadas de decisões e reflexões sobre o processo educacional. Podem, ainda,

contribuir para a divulgação de informações sobre ações e decisões de outros fóruns. Para tal,

é necessário que o líder da reunião a planeje de forma eficaz, tendo na pauta a previsão de

momento para informes. Neste momento, o líder deve oportunizar que cada integrante tenha

direito a palavra e ele deve usar o momento para dar os informes necessários, de forma clara e

objetiva, com registro na ata ou relatório da reunião.

Page 138: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

137

Pretende-se, com esta estratégia, que a comunicação interna do campus seja mais

eficaz, com as informações mais democratizadas, contribuindo para a qualidade do trabalho

coletivo.

Confecção de mural baseado na Gestão à Vista

A comunicação interna é um dos pilares da gestão para a qualidade do processo

educacional. Por meio da comunicação, cada membro da comunidade toma ciência de ações

que envolvem sua atuação e pode contribuir com as ações. Além disso, uma comunicação eficaz

favorece o bom clima organizacional e contribui para a qualidade do trabalho.

A Gestão à Vista é uma ferramenta de gestão e comunicação organizacional que prevê

a disponibilização de informações relevantes dos planos de ação de forma simples e objetiva.

Por meio de um mural em local de circulação da comunidade, bem organizado,

atualizado e com linguagem acessível, as informações relevantes da gestão podem ser

divulgadas de forma mais eficaz, contribuindo para a qualidade da comunicação interna.

5.5.4 Quadro Sintético das Intervenções Projetadas

Quadro 8 – Intervenções projetadas para melhoria do gerenciamento da rotina escolar nos campi

I do CPII.

INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA ADEQUAÇÃO DAS QUESTÕES EM DESACORDO

COM A LITERATURA

PILAR ROTINA PROPOSTA FONTE RESULTADO ESPERADO

Participação

Representação de pais de alunos

eleitos pelos pares integrando do

Conselho Pedagógico e

Administrativo

Literatura

Todos os segmentos

representados nas reuniões

de Conselho Pedagógico e

Administrativo dos campi

Realização de Reunião de Pais

Representantes com a Direção

Literatura

e Estudo

de Caso

Maior participação dos pais

na gestão escolar

Avaliação

institucional

Realização de Reunião de

Avaliação Institucional

(índices internos e Ideb)

Ações para melhoria da

qualidade a partir da análise

dos resultados

Uso de recursos

financeiros

Realização de reunião com a

comunidade para prestação de

contas do uso dos recursos

financeiros

Maior transparência do uso

da verba pública

Page 139: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

138

INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA MELHORIA DO GERENCIAMENTO DOS PILARES

COM AÇÕES INSUFICIENTES

PILAR ROTINA PROPOSTA FONTE RESULTADO ESPERADO

Planejamento,

monitoramento,

avaliação e

replanejamento

de ações

Reuniões de planejamento com uso

da ferramenta 5W1H/5W2H

Literatura

Planejamentos com

definições sistemáticas dos

aspectos fundamentais

Realização de palestra sobre o

Ciclo PDCA

Maior conhecimento sobre o

Ciclo PDCA e a importância

do planejamento,

monitoramento, avaliação e

replanejamento de ações

para a qualidade da educação

Formação

Continuada

Realização de formação continuada

para gestores Gestores mais capacitados

INTERVENÇÕES PROJETADAS PARA MELHORIA DO GERENCIAMENTO DOS PILARES

SEM A EFICÁCIA ESPERADA

PILAR ROTINA PROPOSTA FONTE RESULTADO ESPERADO

Participação

Realização de consulta para

escolha dos dias de reunião

Literatura

e Estudo

de Caso

Maior comparecimento dos

pais às reuniões

Reunião para planejamento de

projeto pedagógico do campus

Realização de projeto

pedagógico interdisciplinar e

interséries com a

participação de todos os

docentes

Organização de Comissões de

Trabalho

Maior participação da

comunidade na gestão

escolar

Realização de eventos com a

participação das famílias

Maior envolvimento dos pais

na vida escolar

Planejamento de atividades com

participação de alunos em dias de

reunião de pais

Maior comparecimento dos

pais às reuniões.

Realização de Reunião da Direção

com Docentes, Técnicos e

Responsáveis para assuntos gerais

do campus

Maior participação da

comunidade na gestão

PPPI Implementação do uso do PPPI na

rotina escolar Literatura

Práticas realizadas em

consonância com o PPPI

Comunicação

Interna

Reunião com momento previsto

para divulgação de informes

Literatura

e Estudo

de Caso

Comunicação interna mais

eficaz com informações

democratizadas

Confecção de mural baseado na

Gestão à Vista Literatura

Comunicação interna mais

eficaz com informações

democratizadas

Page 140: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

139

Fonte: Elaborado pela autora.

6 PROPOSTAS DE MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA ROTINA ESCOLAR

PARA UMA EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE

A partir do diagnóstico do gerenciamento da rotina escolar dos cinco campi de anos

iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, foram constatadas diversas rotinas da

gestão escolar realizadas que estão alinhadas com a literatura pesquisada.

Foram projetadas intervenções para adequação das rotinas que estavam em desacordo

com a literatura e para a melhoria do gerenciamento dos pilares da gestão com ações

insuficientes ou sem a eficácia esperada.

As rotinas alinhadas com a literatura que eram realizadas nos campi pesquisados

somadas às intervenções projetadas para o Estudo de Caso formam um conjunto de propostas

de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma educação básica de qualidade, como

mostra a figura 17.

Figura 17 – Conjunto de propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade.

Fonte: Elaborado pela autora.

Este conjunto de propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar,

sintetizados no quadro 9, poderá contribuir com a melhoria da qualidade da educação básica

brasileira.

Rotinas realizadas nos

campi I do CPII alinhadas

com a literatura

Intervenções projetadas

para gerenciamento da

rotina escolar dos campi I

do CPII

Propostas de melhoria

do gerenciamento da

rotina escolar para

uma educação básica

de qualidade

Page 141: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

140

Quadro 9 – Quadro síntese das propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para

uma educação básica de qualidade.

PILARES ROTINAS PROPOSTAS RESULTADOS ESPERADOS

PARTICIPAÇÃO

Realização de Reunião de Conselho

Pedagógico e Administrativo da

escola (instância máxima da escola)

com representação de todos os

segmentos da comunidade escolar:

docentes, técnicos e responsáveis

(Em escolas com alunos a partir dos

anos finais do Ensino Fundamental,

sugere-se também a participação de

alunos neste Conselho)

Realização de gestão

democrática com participação

de todos os segmentos da

comunidade escolar

Realização de Reunião de Conselho

Administrativo

Discussão da gestão

administrativa de forma

participativa

Realização de Reunião de Conselho

Pedagógico

Discussão gestão pedagógica da

escola de forma participativa

Realização de Reuniões da Direção

com Docentes, Técnicos e

Responsáveis para assuntos gerais da

escola

Maior participação da

comunidade na gestão

Participação por meio de

representatividade nas situações em

que não houver viabilidade de reunir

todas as pessoas envolvidas

Participação dos segmentos da

comunidade escolar nas

decisões por meio de

representantes eleitos por seus

pares

Realização de Reunião Pedagógica

Geral (RPG) com os servidores

docentes e técnicos

Participação dos servidores na

discussão de questões

pedagógicas e administrativas

da escola

Reunião para planejamento de

projeto pedagógico da escola

Participação de todos os

docentes na elaboração de

projeto pedagógico

interdisciplinar e interséries

Organização de Comissões de

Trabalho

Maior participação da

comunidade na gestão escolar

Realização de Reunião de Pais

Representantes com a Direção

Maior participação dos pais na

gestão escolar

Realização de consulta para escolha

dos dias de reunião

Maior comparecimento dos pais

às reuniões

Page 142: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

141

Realização de eventos com a

participação das famílias

Maior envolvimento dos pais na

vida escolar

Planejamento de atividades com

participação de alunos em dias de

reunião de pais

Maior comparecimento dos pais

às reuniões

LIDERANÇA

Liderança da comunidade escolar

pelo gestor

Mobilização da comunidade

para execução do planejado pela

comunidade escolar

Liderança de algum membro da

comunidade escolar em cada ação

realizada

Fortalecimento da liderança dos

membros da comunidade

escolar, expandindo a liderança

do grupo

Mobilização da comunidade

para a execução das ações

planejadas pela comunidade

escolar

PLANEJAMENTO,

MONITORAMENTO,

AVALIAÇÃO E

REPLANEJAMENTO

DE AÇÕES

Realização de reuniões de

planejamento interdisciplinar

Planejamento e replanejamento

pedagógico envolvendo todos os

componentes curriculares

Realização de reuniões de

planejamento de período letivo

Planejamento dos conteúdos que

serão trabalhados ao longo do

período letivo

Realização de Reunião Pedagógica

Semanal (RPS) com a Coordenação

Pedagógica e os docentes do

componente curricular e/ou série de

atuação

Planejamento pedagógico

semanal com discussão de

práticas pedagógicas,

monitoramento do trabalho que

está sendo realizado e

replanejamentos necessários

Realização de reuniões de docentes

com Setor de Orientação

Educacional

Planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento de

estratégias para questões gerais

das turmas e específicas de

alunos

Realização de Conselho de Classe

(COC) ao final de cada período

letivo

Avaliação do trabalho

pedagógico e replanejamento de

estratégias necessárias para a

melhoria

Realização de reuniões de docentes

com responsáveis no início do ano

letivo

Apresentação do planejamento

do ano letivo para os

responsáveis

Page 143: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

142

Realização de reuniões de docentes

com responsáveis ao término de cada

período letivo

Divulgação da avaliação e dos

replanejamentos realizados no

COC e do planejamento previsto

para o período letivo seguinte

Realização de reuniões de Setor

Técnico

Planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento das

ações de cada setor técnico

Reuniões de planejamento com uso

da ferramenta 5W1H/5W2H

Planejamentos com definições

sistemáticas dos aspectos

fundamentais

Realização de palestras sobre o Ciclo

PDCA

Maior conhecimento sobre o

Ciclo PDCA e a importância do

planejamento, monitoramento,

avaliação e replanejamento de

ações para a qualidade da

educação

PROJETO POLÍTICO

PEDAGÓGICO

INSTITUCIONAL

(PPPI)

Elaboração do PPPI por todos os

segmentos da comunidade escolar

por meio de reuniões

PPPI construído por toda a

comunidade escolar

Eleição dos representantes de cada

segmento escolar por seus pares

Participação por representação

quando necessário

Realização de audiências públicas

envolvendo toda a comunidade

escolar para discussões acerca do

documento e para decisões coletivas

Participação de todos os

integrantes da comunidade

escolar nas decisões do PPPI

Elaboração de bilhetes e cartazes

para divulgação das etapas de

construção do PPPI

Garantia das informações

necessárias e incentivo a

participação da comunidade

escolar

Abordagem da importância da

participação da coletividade da

construção do PPPI em reuniões da

rotina escolar

Incentivo a participação da

comunidade escolar na

construção do PPPI

Divulgação do PPPI elaborado pela

comunidade

Tornar público o PPPI da

instituição para que todos os

membros da comunidade

tenham ciência do mesmo

Implementação do uso do PPPI na

rotina escolar

Práticas realizadas em

consonância com o PPPI

AVALIAÇÃO

INSTITUCIONAL

Realização de Reunião de Avaliação

Institucional, considerando índices

internos e externos

Ações para melhoria da

qualidade a partir da análise dos

resultados

Page 144: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

143

INCLUSÃO

Realização de reuniões de docentes

com a Coordenação Pedagógica

Acompanhamento do

desenvolvimento de cada aluno

e discussão de estratégias de

ação com elaboração das

adaptações necessárias para

melhor atuação com os alunos

com necessidades especiais

Realização de reuniões de Estudo de

Caso

Definição de estratégias de

atendimento apropriado para

cada aluno com necessidades

especiais

Realização de adaptações

curriculares e de avaliação

Adequação do trabalho

pedagógico aos alunos com

necessidades especiais

Realização de recuperação

pedagógica, formada por grupos de

alunos que apresentam dificuldade

de aprendizagem

Diminuição das dificuldades de

aprendizagem dos alunos

Realização de atividade de

Laboratório de Aprendizagem com

alunos que apresentam dificuldade

de aprendizagem

Investigação de possíveis causas

da dificuldade de aprendizagem

apresentada por cada aluno

Realização de Atendimento

Educacional Especializado (AEE)

Realização de mediações

necessárias para melhor

aproveitamento dos alunos

Atuação de bidocência

Atendimento individualizado

para os alunos com necessidades

especiais por haver um professor

regente e um professor

acompanhando diretamente o

aluno com necessidades

especiais

Atuação de profissionais de apoio

escolar

Realização de higiene,

alimentação e deslocamento de

alunos com necessidades

especiais

Realização de reuniões de docentes,

setor de orientação educacional, setor

de atendimento a alunos com

necessidades especiais e setor de

Assistência Estudantil

Discussão de questões

relacionadas aos alunos que

demandam serviço de

assistência estudantil

Aquisição de materiais pedagógicos

apropriados para uso de alunos com

necessidades especiais

Utilização de materiais

pedagógicos apropriados para os

alunos com necessidades

especiais

Page 145: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

144

Adequação da estrutura física dos

prédios escolares Garantia de acessibilidade

Realização de trabalho pedagógico

com as turmas sobre a diversidade e

o respeito às diferenças

Formação dos alunos visando ao

respeito à diversidade

Participação dos responsáveis em

reuniões com a equipe pedagógica e

a equipe de orientação

Envolvimento das famílias dos

alunos para parceria na

realização das estratégias

elaboradas nos diversos fóruns

de discussão pedagógica

FORMAÇÃO

CONTINUADA

Autorização de liberação do serviço

para que os servidores participem de

eventos de formação continuada

Viabilização de participação de

servidores em atividades de

formação continuada que

ocorrerem no horário de serviço

Pagamento de diárias e de passagens

para eventos de formação continuada

fora do estado da instituição

Viabilização da participação de

servidores em atividades de

formação continuada que

ocorrem fora do Estado da

instituição

Realização de cursos em parceria

com outras instituições

Contribuir com a formação

continuada dos servidores

Realização de projeto pedagógico de

educação à distância para

capacitação de docentes e de técnicos

Realização de eventos de formação

continuada na escola com palestras

com equipe da instituição e com

profissionais externos

Realização de eventos de formação

continuada na escola, como Mostras

Pedagógicas com trabalhos

elaborados ao longo do ano letivo em

todas as séries e componentes

curriculares

Realização de Reunião Pedagógica

Semanal (RPS) com a Coordenação

Pedagógica e os docentes do

componente curricular e/ou série de

atuação

Realização de estudos, reflexões

e trocas de experiência

Realização de Reunião Pedagógica

Geral (RPG) com pauta de

apresentação de experiências

exitosas

Divulgação de práticas bem-

sucedidas para os servidores

Valorização do trabalho dos

servidores da instituição

Realização de formação continuada

para gestores Gestores mais capacitados

Page 146: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

145

COMUNICAÇÃO

INTERNA

Reunião com momento previsto para

divulgação de informes

Comunicação interna mais

eficaz com informações

democratizadas

Confecção de mural baseado na

Gestão à Vista

Comunicação interna mais

eficaz com informações

democratizadas

Envio de materiais escritos, como

bilhetes, boletins informativos,

circulares e folders para servidores e

responsáveis

Envio de mensagens por e-mail para

servidores e responsáveis

Contato telefônico ou por serviço de

mensagens instantâneas de forma

individualizada ou com pequeno

grupo de pais representantes que se

responsabilizam pela multiplicação

das informações

Comunicação interna em

situações que não seja possível o

envio de bilhetes para os

responsáveis

LIMPEZA E

MANUTENÇÃO

PREDIAL

Realização das atividades de limpeza

e de manutenção predial por equipe

terceirizada especializada

Melhor qualidade dos serviços

Definição de um servidor para

gerenciar as equipes de limpeza e de

manutenção predial

Gerenciamento mais eficaz dos

serviços de limpeza e

manutenção predial

Participação do servidor responsável

pelo gerenciamento das equipes de

limpeza e de manutenção predial nas

reuniões da escola

Avaliação dos serviços

prestados e verificação das

demandas

USO DE RECURSOS

FINANCEIROS

Realização de reunião para definição

dos serviços contínuos que precisam

ser contratados para o bom

funcionamento da escola e para

definição de prioridades de obras

Gestão participativa do uso de

recursos financeiros

Realização de reunião com as

equipes para que sejam elencadas as

necessidades de materiais a serem

adquiridos pela escola

Realização de reunião para definição

de prioridades de aquisição de

materiais nos casos em que a verba

não seja suficiente para atendimento

de todas as necessidades

apresentadas

Realização de reunião com a

comunidade para prestação de contas

do uso dos recursos financeiros

Maior transparência do uso da

verba pública

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 147: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

146

7 CONCLUSÃO

Com base na literatura pesquisada de educação básica de qualidade, gestão escolar e

gerenciamento da rotina, constatou-se haver relação entre os três conceitos: a gestão escolar

precisa gerenciar a rotina com eficácia para uma educação de qualidade.

Ao verificar os dados do Censo Escolar da Educação Básica e do Ideb, ambos

divulgados pelo Inep, órgão responsável pela avaliação da qualidade da educação básica

brasileira, confirmou-se que a mesma apresenta questões de rendimento, de fluxo e de

desigualdades regionais e sociais, demandando, portanto, ações para melhoria de sua qualidade.

Com o objetivo de contribuir com a qualidade da educação básica brasileira, este

estudo buscou desenvolver propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar. Para o

desenvolvimento das propostas, realiza-se um Estudo de Caso sob o paradigma epistemológico

da Design Science, o que possibilitou o conhecimento de como acontece o gerenciamento da

rotina escolar nos campi de anos iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II e a

posterior projeção de intervenção na realidade.

No âmbito da análise documental, observou-se que os índices de reprovação, distorção

idade/série e evasão escolar dos cinco campi I estão abaixo da média nacional, o que revela

qualidade. Os resultados do Ideb ratificam a qualidade, pois estão acima da média nacional e

acima, inclusive, da meta estabelecida para a avaliação de 2021.

Ainda de acordo com a análise documental, constatou-se que a maioria das rotinas

escolares dos campi I não estão documentadas. Entende-se que a elaboração de registros das

práticas seja algo de demasiada importância, para que as mesmas possam ser continuadas e

aperfeiçoadas por futuras equipes gestoras, além de poderem ser compartilhadas com outras

instituições de ensino.

Com base na literatura, foi possível destacar dez pilares fundamentais para uma gestão

escolar eficaz: participação, liderança, planejamento, monitoramento, avaliação e

replanejamento de ações, Projeto Político Pedagógico, avaliação institucional, inclusão,

formação continuada, comunicação interna, limpeza e manutenção predial e uso de recursos

financeiros. As gestoras entrevistadas validaram os pilares elencados, considerando todos como

princípios fundamentais para uma educação de qualidade.

Por meio da análise de conteúdo das entrevistas, verificou-se que as concepções das

gestoras sobre educação de qualidade e sua relação com a gestão escolar estavam em

consonância com a literatura. Além disso, a análise possibilitou a compreensão do

gerenciamento da rotina nos campi I do Colégio Pedro II.

Page 148: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

147

Ao descreverem as ações gerenciadas nos campi em que atuavam, as gestoras

detalharam diversas ações executadas para que os pilares elencados fossem plenamente

atingidos, com destaque para a rotina de reuniões. Esta rotina era realizada de forma

participativa com o intuito de tomar decisões e de planejar, executar, monitorar, avaliar e

replanejar ações, caracterizando uma gestão democrática.

Observou-se, ainda, a existência de práticas bastante próximas entre os cinco campi.

Considera-se importante destacar que não se pretende padronizar o gerenciamento da rotina

escolar, uma vez que há demandas específicas e características próprias em cada instituição,

além de autonomia de cada comunidade para planejar suas ações.

O diagnóstico revelou que a maioria das ações praticadas em relação aos pilares de

gestão escolar estão alinhadas com a literatura. Tal alinhamento em conjunto com a qualidade

da instituição demonstrada pelos dados estatísticos ratificam a relação direta entre gestão

escolar e qualidade da educação defendida por diversos autores estudados.

Verificou-se ainda a existência de quatro ações em desacordo com a literatura, assim

como a existência de alguns pilares com ações insuficientes e de outros sem a eficácia esperada.

Considerando-se o paradigma epistemológico da Design Science, foram projetadas para estes,

intervenções visando à melhoria, e para aquelas, intervenções para adequá-las à teoria estudada.

Dentre as intervenções projetadas, aponta-se a indicação de uso de ferramentas da

Gestão pela Qualidade Total, uma vez que foram verificadas, por meio da literatura,

proximidades entre gerenciamento da rotina escolar e gerenciamento da rotina na Gestão pela

Qualidade Total. Deduz-se, então, que essas ferramentas podem contribuir para o

gerenciamento da rotina escolar.

Considera-se que a implementação das intervenções projetadas poderá melhorar a

eficácia da gestão dos campi I, elevando ainda mais a qualidade da instituição.

Conclui-se que as práticas realizadas nos campi da instituição de ensino pesquisada

que se encontram alinhadas com a literatura, somadas às intervenções projetadas neste estudo,

compõem um conjunto de propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar para uma

educação básica de qualidade. Considera-se que o mesmo seja exequível para implementação

em escolas de educação básica e que possa contribuir para a melhoria da qualidade da educação

básica brasileira.

A excelência da educação básica pública deve, pois, ser um objetivo diuturno dos

gestores escolares para que o sistema educacional brasileiro corresponda à grandeza potencial

de nosso país, garantindo a inclusão de todos em uma sociedade mais justa e igualitária.

Page 149: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

148

7.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Considerando a opção de realizar a pesquisa com as gestoras que atuaram no período

de 2014 a 2017, não foi possível usar como fonte de dados a observação in loco, que poderia

revelar mais informações para o diagnóstico elaborado no Estudo de Caso e, consequentemente,

engrandecimento das propostas de melhoria tecidas neste estudo.

Não foi possível, também, por uma questão de tempo disponível para este estudo,

efetivar as intervenções projetadas neste estudo em um campus do CPII para avaliar sua

viabilidade e sua efetividade.

7.2 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Como recomendação para estudos futuros é proposto que as intervenções projetadas

neste estudo sejam implementadas em um campus do CPII para verificação de sua viabilidade

e eficácia.

Recomenda-se, ainda, que as propostas de melhoria do gerenciamento da rotina escolar

desenvolvidas neste estudo sejam implementadas em escolas públicas para posterior verificação

da existência de impacto destas na qualidade da educação básica.

Page 150: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

149

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Denise Castilhos de; SIMANSKI, Elida Sandra Soares; QUEVEDO,

Daniela Muller de. Comunicação interna: relação entre empresa e colaboradores, um estudo de

caso. Brazilian Business Review. v.9, n.1, p. 47-64, Jan./Mar. 2012.

ARELARO, Lisete Regina Gomes. A (ex)tensão do ensino básico no Brasil: o avesso de um

direito democrático (uma análise da ação governamental nos últimos 25 anos-1962-87). 1988. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo,

1988

ASSUNÇÃO, Ozélia Horácio Gonçalves & FALCÃO, Rafaela de Oliveira. O Coordenador

Pedagógico e a Formação Continuada de Professores: Uma Pesquisa-Ação no Município de

Fortaleza. 37ª Reunião Nacional da ANPEd. UFSC. Florianópolis, 2015.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011

BEISIEGEL, Celso Rui de. Educação e Sociedade no Brasil após 1930. In: FAUSTO, Boris

(org.) História geral da civilização brasileira – III. O Brasil republicano. 4. Economia e Cultura:

1930-1964. 2ª edição. São Paulo: Difel, p. 381-416, 1986.

BORTOLINI, Jairo Cesar. O papel do diretor na gestão democrática: desafios e

possibilidades na prática da gestão escolar. 17.ed. Interletras, v.3, abr./set.2013.

BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In:

NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A. M. Escritos de Educação. 2ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano

Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em:

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-

publicacaooriginal-144468-pl.html> Acesso em: 23 nov. 2017.

______. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. 53.ed. Brasília:

Edições Câmara Legislativo, 2018.

______. Constituição, 1988. Emenda Constitucional nº59, de 11 de novembro de 2009.

Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para

reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das

Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento

do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e

VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos

e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação

básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214,

com a inserção neste dispositivo de inciso VI. In: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL. 53.ed. Brasília: Edições Câmara Legislativo, 2018.

______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Planalto, Brasília. 1990. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso em: 27 jul, 2018.

Page 151: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

150

______. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional. Congresso Nacional, Brasília, 1996. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em: 23 nov. 2017.

______. Lei nº 12.677, de 25 de junho de 2012. Dispõe sobre a criação de cargos efetivos,

cargos de direção e funções gratificadas no âmbito do Ministério da Educação, destinados

às instituições federais de ensino; altera as Leis nos 8.168, de 16 de janeiro de 1991, 11.892,

de 29 de dezembro de 2008, e 11.526, de 4 de outubro de 2007; revoga as Leis nos 5.490, de

3 de setembro de 1968, e 5.758, de 3 de dezembro de 1971, e os Decretos-Leis nos 245, de

28 de fevereiro de 1967, 419, de 10 de janeiro de 1969, e 530, de 15 de abril de 1969; e dá

outras providências. Presidência da República, Brasília, 2012. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12677.htm Acesso em: 27, jul,

2018.

______. Lei nº 12.796/13, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de

1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a

formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm> Acesso em: 23

nov. 2017.

______. Ministério da Educação e do Desporto. PORTARIA N° 1020 de 22 de agosto de 1995

Disponível em <http://www.cp2.g12.br/ocolegio/portarias/Portaria_1020_1995.pdf Acesso em

12> Acesso em 12, set, 2018.

______. Ministério da Educação. PORTARIA N° 1990. 28 de junho de 2017. Altera a

composição cio Conselho de Classe, institui os seus objetivos e estabelece os procedimentos

para a sua realização nos Campi I (Anos Iniciais do Ensino Fundamental). Disponível em

<http://www.cp2.g12.br/images/comunicacao/2017/JUN/portaria1990.pdf> Acesso em 12, set,

2018.

______. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Disponível

em <http://pacto.mec.gov.br/historico-pnaic> Acesso em 20 fev. 2018.

______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação em Movimento. Disponível em

<http://pne.mec.gov.br/> Acesso em 20 fev. 2018.

______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação em Movimento: Planejando a

Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2014.

Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf> Acesso

em 20 fev. 2018.

______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação em Movimento: Planos de

Educação. Disponível em <http://pne.mec.gov.br/planos-de-educacao> Acesso em 20 fev.

2018.

______. Ministério da Educação. Prova Brasil: Apresentação. Disponível em

<http://portal.mec.gov.br/prova-brasil> Acesso em 20 fev. 2018.

Page 152: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

151

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica: Apresentação. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/apresentacao> Acesso em 20 fev.

2018.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica: Programas e Ações.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes>

Acesso em 20 fev. 2018.

BRAGAGNOLO, Ana Lia Benini; BRIDI, Fabiane Romano de Souza. Avaliação em larga

escala em tempos de políticas de educação inclusiva. Regae: Rev. Gest. Aval. Educ. Santa

Maria v.7, n.15, pp.55-65, maio/ago 2018.

BRITO, Renato de Oliveira; SÍVERES, Luiz. As características da participação da

comunidade escolar em um modelo de gestão compartilhada. Colômbia: Sophia, v.11, n.1,

pp.09-20, jan/jun 2015.

BROOKE, N. Em busca de um melhor desempenho. Publicado em Gestão Escolar. Edição 011.

Dez.2010/Jan.2011.

ÇAĞDAŞ, V.; STUBKJÆR, E. Design research for cadastral systems. Computers,

Environment and Urban Systems, v.35, pp.77-87, 2011.

CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia. 9.ed. Nova

Lima: Falconi Editora, 2013.

CARDOSO et al. Avaliação de princípios, modelos e métodos de gestão da qualidade em uma

empresa beneficiadora de polpa de frutas. XXXV Encontro Nacional de Engenharia de

Produção. – Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção. Fortaleza, CE, 13 a 16 de

outubro de 2015

CATUNDA, A. C. Fatores de qualidade da educação superior: estudo sobre os dados dos cursos

de administração. 230 f. il. 2012. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade

Federal da Bahia, Salvador, 2012.

CHENG, Y. C. A. Topology of Three-Wave Models of Strategic Leadership. In Education

International Studies in Educational Administration, v. 38, Issue 1, 2010. pp. 35-54

COLÉGIO PEDRO II. Carta de Serviços ao Usuário. Rio de Janeiro, setembro, 2018.

Disponível em: <http://www.cp2.g12.br/using-joomla/extensions/components/content-

component/article-categories/8423-carta-de-serviços-ao-usuário.html> Acesso em 12, set,

2018.

______. CPII divulga Planejamento Estratégico 2015/2018. Rio de Janeiro, julho, 2015.

Disponível em <http://www.cp2.g12.br/ultimas_publicacoes/211-noticias2015/3218-cpii-

divulga-planejamento-estratégico-2015.html> Acesso em 12, set,

2018.

______. CPII em números. Rio de Janeiro. Disponível em:

http://www.cp2.g12.br/proreitoria/prodi/cpii_numeros. /acesso em 17, jun, 2018.

Page 153: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

152

______. Estatuto do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro. Disponível em

<http://www.cp2.g12.br/images/pdf/cpii/ESTATUTO.pdf> Acesso em 12, set, 2018.

______. Plano Político Pedagógico Institucional do CPII. Rio de Janeiro. Disponível em

<http://www.cp2.g12.br/component/content/article.html?id=2315> Acesso em 12, set, 2018.

______. Relatório de Gestão 2017. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em

<http://www.cp2.g12.br/images/comunicacao/2018/JUNHO/Relatorio%20de%20Gestao%20

2017.pdf> Acesso em 12, set, 2018.

CONAE 2014, Documento Final. Brasília, 2014.

CONAE 2018, Documento Referência. Brasília, 2017.

CORRADINI, Suely Nercessian. Indicadores de qualidade na educação brasileira: Um

estudo a partir do PISA e da TALIS. 2012. 306 f. Monografia (Pós-Graduação). Universidade

Federal de São Carlos. São Paulo, 2012.

CORDEIRO, José Vicente B. de Mello. Reflexões sobre a Gestão da Qualidade Total: fim

de mais um modismo ou incorporação do conceito por meio de novas ferramentas de

gestão? Rev. FAE, Curitiba, v.7, n.1, pp.19-33, jan./jun. 2004

CURVELLO, João José Azevedo. Comunicação interna e cultura. 2. ed. Brasília: Casa das

Musas, 2012.

DALACORTE, T.; COUTINHO, C. A.; JUNKES, I. J; BIZ, R.; NETTO, S. S. Implantação de

um Programa de Controle de Qualidade na Operação no Sistem de Abastecimento de Água na

Região Metropolitana de Florianópolis/SC. 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e

Ambiental. Santa Catarina, 2008.

DEMO, Pedro. Educação e qualidade. 12ed. Campinas, SP: Papirus, 2012

DEOLINDO, V. Planejamento Estratégico em Comarca do Poder Judiciário. Dissertação

(Mestrado Profissionalizante em Poder Judiciário da FGV Direito Rio), Porto Alegre, 2011.

DOURADO, Luiz Fernandes. Políticas e gestão da educação básica no Brasil: limites e

perspectivas. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, pp. 921-946, out. 2007

DOURADO, L. F.; OLIVEIRA, J. F.; SANTOS, C. A. A qualidade da educação: conceitos e

definições. Série Documental; textos para discussão, Brasília, DF, v.24, n.22, pp.5-34, 2007

DOURADO, Luiz Fernandes e OLIVEIRA, João Ferreira. A qualidade da educação:

perspectivas e desafios. Cad. Cedes, Campinas vol. 29, n.78, pp.201-215, maio/ago. 2009

DRESCH, Aline; LACERDA, Daniel Pacheco; CAUCHICK, Paulo Augusto Miguel. Uma

análise distintiva entre o estudo de caso, a pesquisa-ação e a Design Science Research. R.

bras. Gest. Neg., São Paulo, v.17, n.56, pp.1116-1133, abr./jun. 2015

ESQUINSANI, R. S. S.; SILVEIRA, C. L. A. Agendas da educação básica: gestão escolar e

qualidade da educação. RBPAE, v.31, n.1, pp.145-157, jan./abr. 2015

Page 154: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

153

______. Qualidade na educação: uma nova abordagem. São Paulo: Editora e Livraria

Instituto Paulo Freire, 2010.

FERREIRA, R. A.; TENÓRIO, R. M. Avaliação educacional e indicadores de qualidade: um

enfoque epistemológico e metodológico. In: TENÓRIO, R. M.; LOPES, M. (Orgs). Avaliação

e gestão: teorias e práticas. – Salvador: EDUFBA, 2010.

GROCHOSKA, Marcia Andreia. As contribuições da auto-avaliação institucional para a

escola de educação básica: uma experiência de gestão democrática. 2007, 136f. Dissertação.

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2007.

HECKERT, C.R.; SILVA, M.T. Qualidade de serviços nas organizações do terceiro setor.

Revista Production, São Paulo, v.18, n.2, pp. 319-330, maio/ago., 2008.

HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1989. São Paulo:

Companhia das Letras, 1995.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA (INEP). Cartilha Saeb 2017. Brasília, DF, out. 2017. Disponível em:

<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2017/documentos/Cartilha_Saeb_2017.p

df> Acesso em: 24 fev. 2018.

______. Censo Escolar da Educação Básica 2017: Notas Estatísticas. Brasília, DF, jan.,

2018 Disponível em:

<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/apresentacao/2018/apresentacao

_Notas_Estatisticas_Censo_Escolar_2017.pdf> Acesso em 25 fev. 2018.

______. Resultados. Brasília, DF. Setembro, 2018. Disponível em:

http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/ideb/resultados. Acesso em 3 setembro

2018.

______. Conheça o Inep. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/conheca-o-inep> Acesso

em 22 fev. 2018

______. Educação Básica. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-

basica> Acesso em: 23 fev. 2018

______. Enem. Disponível em: <https://enem.inep.gov.br/#/faq?_k=tqk42w> Acesso em: 23

fev. 2018

______. História Inep. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/historia> Acesso em 22 fev.

2018

______. Ideb. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/ideb> Acesso em: 23 fev. 2018

______. Indicadores Educacionais. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/indicadores-

educacionais> Acesso em: 22 fev. 2018

Page 155: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

154

______. Resumo Técnico: Resultados do Índice de desenvolvimento da Educação

Brasileira: 2005-2015. Disponível em: <

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/portal_ideb/planilhas_para_download/2015/resu

mo_tecnico_ideb_2005-2015.pdf> Acesso em 23 fev. 2018.

______. Sistema de Avaliação da Educação Básica (2015): Resultados. Brasília, DF, set.,

2016 Disponível em

<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/aneb_anresc/resultados/resumo_dos_resu

ltados_saeb_2015.pdf>. Acesso em 25 fev. 2018

JURAN, J. Quality Control Handbook. New York: Mc Graw-Hill, 1988

LACERDA, Daniel Pacheco et al. Design Science Research: método de pesquisa para a

engenharia de produção. Gest. Prod., São Carlos, v.20, n.4, pp.741-761, 2013

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6ed. São Paulo:

Heccus, 2013.

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação

escolar: políticas, estrutura e organização. 10ed. São Paulo: Cortez, 2012 (Coleção Docência

em Formação).

LIMA, Licínio C. A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica. 4.ed.

São Paulo: Cortez, 2011.

LONGO, R. M. J.; VERGUEIRO, W. Gestão da qualidade em serviços de informação no

setos público: características e dificuldades para sua implantação. Rev. Dig. Bibliotecon.

Ci. Inf., Campinas, v.1, n.1, pp. 39-59, jul./dez., 2003.

LOPES, Janice Correia da Costa. Gestão da qualidade: decisão ou constrangimento

estratégico. 2014, 76f. Dissertação (Mestrado em Estratégia Empresarial). Universidade

Europeia. Lisboa, 2014

LÜCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009

______. A gestão participativa na escola. 11ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2017. Série Cadernos

de Gestão.

______. Avaliação e monitoramento do trabalho educacional. Petrópolis/RJ, 2013 Série

Cadernos de Gestão.

______. Gestão educacional: Uma questão paradigmática. 12ed. Petrópolis/RJ. Vozes,

2015. Série Cadernos de Gestão.

MANFOI, Sabrina; LIZ, Carlos Eduardo; JORDAN, Johnny Rocha. Aplicação da Gestão da

Melhoria de Processos nas Células de Produção da Klabin Sacos Industriais. VIII Convibra

Administração. Congresso Virtual Brasileiro de Administração, Lages/SC. 2011.

www.convibra.com.br. Disponível em

http://www.convibra.com.br/upload/paper/adm/adm_3239.pdf. Acesso em 08 agosto 2018.

Page 156: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

155

MARTINS, Marlúcia dos Santos Viana. A gestão escolar e a qualidade do ensino no Brasil.

Anuário de Produções Acadêmico-Científicas dos Discentes da Faculdade Araguaia v.3,

pp.250-273, 2015.

MELLO, Ana Lúcia Sênos. A relação entre gestão pública e uma escola de qualidade: um

estudo de caso no Campus Realengo I do Colégio Pedro II. In: INOVARSE, 6, 2017, Rio de

Janeiro.

MÉNDEZ, Juan Manuel Álvarez. Avaliar a aprendizagem em um ensino centrado nas

competências. In: SACRISTÁN, José Gimene et al. Educar por Competências: o que há de

novo? Porto Alegre: Artmed, 2011, pp.233-264

MIGUEL, P. A. C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e

recomendações para sua condução. Prod., v.17, n.1, São Paulo, jan./abr., 2007

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29.

ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

MURILLO, F. J. Um panorama da pesquisa ibero – americana sobre a eficácia escolar. In

SOARES, J. F.; BROOKE, N. Pesquisa em eficácia escolar: origens e trajetórias. Belo

Horizonte: Editora UFMG, 2008

NEIS, Dyogo; PEREIRA, Maurício Fernandes. A utilização do estudo de caso em pesquisas

sobre gestão escolar. Revista GUAL, Florianópolis, v.8. n.2, pp.177-198, maio, 2015

OLIVEIRA, Maria Eliza Nogueira. Qualidade da educação escolar: as diretrizes políticas e as

representações sociais dos diferentes integrantes das escolas públicas. In: CONGRESSO

NACIONAL DE EDUCAÇÃO (EDUCERE), 11, 2013, Paraná, Curitiba.

OLIVEIRA, Romualdo Portela de; ARAÚJO, Gilda Cardoso de. Qualidade do ensino: uma

nova dimensão da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de Educação - ANPED,

Poços de Caldas, Minas Gerais, 2003.

OLIVEIRA, D. R. & Guimarães, C. M. Limites e possibilidades das ações de formação

continuada para o Ensino Fundamental de nove anos. Educação, Santa Maria, v. 39, n. 1, p.

143-158, jan./abr. 2014.

ONGARO, Daniela Dal; BOLZAN, Doris Pires Vargas; WISCH, Tasia Fernanda. A

organização da vida e da realidade escolar: olhares sob a perspectiva das experiências

socioculturais Regae: Rev. Gest. Aval. Educ., Santa Maria, v.7, n.15, maio/ago., 2018, pp.9-

24

PALADINI, E. P. et al. Gestão da Qualidade: Teoria e Casos. 2.ed., Rio de Janeiro: Elsevier,

2012.

PARO, Victor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 4.ed., São Paulo, SP: Ática,

2016.

Page 157: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

156

PAVÃO, Rafael. Modelo de implantação da estratégia através do uso combinado do método

Hoshin Kansi e do gerenciamento de projeto. 2013. Dissertação (Mestrado em Economia).

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, 2013.

POLON, Thelma Lúcia P. Perfis de liderança e seus reflexos na gestão escolar. In: 34ª Reunião

Anual da ANPED, 34, 2011, Natal/RN: Centro de Convenções, 2011.

RIBEIRO, M. E. S.; CHAVES, V. L. J. Gestão educacional: modelos e práticas. In:

CONGRESSO IBERO AMERICANO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA

EDUCAÇÃO, 3. Zaragoza, Espanha, 2012.

ROCKWELL, Elsie; EZPELETA, Justa. A escola: relato de um processo inacabado de

construção. Revista Currículo sem Fronteiras, v. 7, n.2, pp. 131-147, jul./dez. 2007.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo

multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003

SILVA, Guido Vaz. Projeto e avaliação de serviços públicos locais orientados à efetividade:

estudo de caso sobre uma intervenção em assentamento precário por meio do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC). 2013, 367f. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia

de Produção). Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/COPPE), Rio de Janeiro, 2013.

SILVA, José Maria da; SILVEIRA, Emerson Sena da. Apresentação de trabalhos acadêmicos-

normas e técnicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014

SILVA, M. Â. Desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade.

2009, 154f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial), Universidade de

Aveiro, Aveiro, Portugal, 2009.

SILVA, Nívea Maria Alves. Avaliação do modelo de gestão participativa em um campus

escolar. 2016, 88 f. Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão). Universidade Federal

Fluminense, Niterói, 2016

SIMON, H. A. The Science of the artificial. 3rd ed. Cambridge: MIT Press, 1996

SOARES, José Francisco; ALVES, Maria Tereza Gonzaga. Revista Retratos da Escola.

Brasília, v. 7, n. 12, p. 145-158, jan/jun. 2013.

STÊNICO, Joselaine Andréia de Godoy et al. As políticas de descentralização da gestão

escolar no Brasil. Revista Iberoamericana de Educación. Espanha, v.69, pp. 91-108, 2015.

STOROLLI, Patrícia R.; COELHO, William D. P. Análise da gestão do chão de fábrica

através do Gerenciamento Visual. Anais: I Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção.

Ponta Grossa/PR, 2011.

TENÓRIO, Robinson Moreira; FERRAZ, Maria do Carmo Gomes; PINTO, Jucinara de Castro

Almeida. Eficácia e equidade: indicadores de qualidade da educação básica no Brasil. VIII

Seminário Regional de Política e Administração da Educação do Nordeste, 6 a 8 de dezembro

de 2014, Salvador, Brasil: Anais [Recurso Eletrônico- CD] Universidade Federal da

Bahia. Faculdade de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação – Salvador, BA,

2014. ISSN

Page 158: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

157

TRANFIELD, D. & VAN AKEN, J. E. Management as a Design Science Mindful of Art

and Surprise: A Conversation Between Anne Huff, David Tranfield, and Joan Ernst van

Aken. Journal of Management Inquiry, v.15, n.4, pp.413-424, 2006.

TOLEDO, J. C. et al. Qualidade: Gestão e Métodos. 1.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

VAN AKEN, J. E. Management research based on the paradigma of the design sciences:

the quest for field-tested and grounded technological rules. Journal of Management Studies.

41 (2), pp. 219-246, 2004

VIEIRA, S L. Educação básica: política e gestão da escola. Brasília: Liber Livro, 2009.

VOORWALD, Herma J. C. A Educação Básica Pública tem solução? São Paulo: Editora

Unesp, 2017.

WERKEMA, C. Criando a Cultura Lean Seis Sigma. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

XAVIER, José Francisco Penido. Proposta de modelo de gestão para instituição pública de

ensino articulado por modelos de referência: estudo de caso no CEFET-RJ. 2016, 157f.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão), Universidade Federal Fluminense. Niterói,

2017.

YIN, Robert K. Case Study Research: Design and Methods. 4th ed. USA: Sage, 2009.

ZAGURY, Tania. Pensando Educação – com os pés no chão – Reflexões de meio século de

sala de aula. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bicicleta Amarela, 2018.

ZUCCOLOTTO, Robson; TEIXEIRA, Marco Antônio Carvalho. Gestão social, democracia,

representação e transparência: evidências nos estados brasileiros. Revista de Ciências e

Administração. Santa Catarina, v.17, pp.79-90, 2015, edição especial.

ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A.; BERRY, L. L. Delivering Quality Service. New

York: The Free Press, 1990

Page 159: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

158

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista semiestruturada realizada com as Diretoras-Gerais dos

campi de Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II no período de 2014 a

2017

Dados Informativos

Idade

Formação

Tempo de magistério

Tempo de serviço no Colégio Pedro II

Foi eleita para a função?

O período de 2014 a 2017 foi seu primeiro mandato?

Questões

1 O que você considera uma educação de qualidade?

2 Você considera que existe relação entre qualidade da educação e gestão escolar?

3 Como foi sua gestão? Mais democrática ou autocrática?

4 Em sua opinião, a participação influencia a qualidade da educação?

5 Como você avalia que era a participação da comunidade no campus?

6 Você considera importante que um gestor tenha característica de liderança?

7 Havia liderança nas ações realizadas no campus? Se havia, era sempre a

Direção-Geral ou outras pessoas também lideravam?

8 Você considera importante haver planejamento de ações?

9 Planejar era uma prática no campus?

10 Quando eram realizados os planejamentos, havia definição de quem iria

executar cada ação, o que seria executado, quando, onde, por que e como?

11 Você considera importante haver monitoramento das ações executadas?

12 Havia a prática de monitoramento no campus?

13 Você considera que avaliação influencia a qualidade do trabalho?

14 Havia rotina de avaliação no campus?

15 Quando a avaliação de alguma ação indicava que a mesma havia sido

insuficiente ou ineficaz, eram planejadas novas ações?

16 Existia no campus a prática do Ciclo PDCA?

17 Você considera que ter um projeto político pedagógico institucional é

importante para o trabalho?

Page 160: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

159

18 Como você avalia o envolvimento da comunidade com o Projeto Político

Pedagógico Institucional (PPPI) do Colégio Pedro II?

19 Como você avalia a qualidade da educação do campus?

20 Você considera importante haver uma avaliação de desempenho geral dos

alunos do campus, considerando o Ideb e índices de reprovação, de evasão e

distorção série/idade?

21 O que você acha de escola inclusiva?

22 Existiam rotinas para inclusão?

23 Você acha que formação continuada de professores e técnicos interfere na

qualidade da educação?

24 Havia alguma rotina para formação continuada dos servidores?

25 Qual a importância da comunicação interna no campus?

26 Como era a comunicação no campus?

27 Como funcionava a limpeza e manutenção predial do campus?

28 Você considera que limpeza e manutenção predial influenciam na qualidade do

trabalho?

29 Em sua opinião, o uso de recursos financeiros possui relação com a qualidade

da educação?

30 Como era a rotina para o uso dos recursos financeiros no campus?

31 No Colégio Pedro II são previstas algumas reuniões para os campi I. As reuniões

elencadas a seguir aconteciam no campus? Se aconteciam, comente seus

objetivos e a periodicidade de realização das mesmas.

Reunião do Conselho Pedagógico e Administrativo do campus

Reunião do Conselho Pedagógico

Reunião do Conselho Administrativo

Reunião da Direção com Pais Representantes de Turma

Reunião Pedagógica Geral

Reunião de Planejamento Interdisciplinar

Planejamento de Período Letivo

Reunião Pedagógica Semanal

Reunião de Docentes com Setor de Supervisão e Orientação Pedagógica

(SESOP)

Reunião de Estudo de Caso

Page 161: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

160

Conselho de Classe (COC)

Reunião de Docentes com Responsáveis

Reunião de início de ano letivo de Docentes com Responsáveis

Reunião de Setor Técnico

32 Você considera que essas reuniões interferem na qualidade do trabalho do

campus?

33 Existia alguma reunião não elencada que acontecia com regularidade no

campus? Qual era o objetivo?

34 Você gostaria de fazer algum comentário que possa contribuir com a pesquisa?

Page 162: ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO GERENCIAMENTO DA ROTINA … · do gerenciamento da rotina escolar. Considera-se que este conjunto de propostas seja exequível em escolas de educação

161

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Concordo em participar como voluntária na pesquisa do curso de Mestrado em Sistemas

de Gestão da Universidade Federal Fluminense, de Ana Lúcia Sênos de Mello, sob orientação

do Professor Guido Vaz Silva, D. Sc.

Minha participação consistirá em conceder uma entrevista que será gravada e transcrita.

A pesquisadora garante preservar meu anonimato e usar as informações com confidencialidade

e exclusivamente para a realização da presente pesquisa.

Tenho ciência de que minha participação é livre e pode ser interrompida a qualquer

momento.

Rio de Janeiro, ____ de ________________ de 2018

___________________________________________