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SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE SILMARA DE SOUZA MACHADO: PROFESSORA PDE ANA LÚCIA FERREIRA AOYAMA: PROFESSORA IES ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO INTEGRADA CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO Londrina 2008

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SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO - SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

SILMARA DE SOUZA MACHADO: PROFESSORA

PDE

ANA LÚCIA FERREIRA AOYAMA: PROFESSORA IES

ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PROPOSTA DE

TRABALHO INTEGRADA

CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO

Londrina

2008

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CADERNO PEDAGÓGICO

ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PROPOSTA DE

TRABALHO INTEGRADA

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................1

UNIDADE I.................................................................................4

1 REFLETINDO SOBRE EDUCAÇÃO.....................................................41.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR....................................................................41.2 INDO MAIS FUNDO..................................................................................51.3 REFLETIR E PROPOR................................................................................61.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO.....................................................................7

UNIDADE II................................................................................8

2 EDUCAÇÃO DIREITO DE TODOS......................................................82.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR....................................................................82.2 INDO MAIS FUNDO..................................................................................92.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................112.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................11

UNIDADE III.............................................................................13

3 EDUCAÇÃO, DEVER DE QUEM?.....................................................133.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR..................................................................133.2 INDO MAIS FUNDO................................................................................143.2.1 PROGRAMAS DO GOVERNO FEDERAL...........................................................193.2.2 PROGRAMAS DO GOVERNO ESTADUAL..........................................................213.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................233.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................23

UNIDADE IV.............................................................................25

4 COMO PARTICIPAR?......................................................................254.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR..................................................................254.2 INDO MAIS FUNDO................................................................................264.2.1 PARTICIPAÇÃO DOS PAIS – INSTÂNCIAS LEGAIS....................................................4.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................304.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................30

UNIDADE V..............................................................................32

5 DIVIDINDO PARA SOMAR..............................................................325.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR..................................................................325.2 INDO MAIS FUNDO................................................................................335.2.1 PARA DESCONTRAIR...............................................................................36

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5.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................37

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5.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................37

UNIDADE VI.............................................................................38

6 FAMÍLIA, SÓ MUDA O ENDEREÇO..................................................386.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR..................................................................386.2 INDO MAIS FUNDO................................................................................396.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................426.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................42

UNIDADE VII............................................................................43

7 ADOLESCENTE, QUEM É ELE?.......................................................437.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR..................................................................437.2 INDO MAIS FUNDO................................................................................447.3 REFLETIR E PROPOR..............................................................................457.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO...................................................................467.5 PARA TERMINAR...................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................48

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APRESENTAÇÃO

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se

aprende é com a vida e com os humildes.” ( Cora Coralina)

O material elaborado, que é bastante simples, nasceu da junção

entre necessidade e desejo. Explico-me: Como professora pedagoga da

rede pública estadual, selecionada para a 1ª turma do PDE ( Programa de

Desenvolvimento Educacional) tinha a necessidade de apresentar um

material didático como parte da exigência para conclusão do programa.

Pensando no material a ser elaborado, pensei também em outra atividade

do programa, em seu segundo ano de realização, que é a intervenção na

escola onde trabalho. Escolhi focar meu trabalho nas famílias dos

alunos, nascendo aí a idéia de elaborar esse material de apoio para

encontros/reuniões com pais, que pretendo realizar em 2008. E o

desejo? Ele vem da experiência de 21 anos de trabalho na educação,

primeiramente como Professora de 1ª a 4ª séries, depois como

Orientadora Educacional, transformada em Pedagoga, atividade na qual

permaneço. Em todo este tempo sempre tive contato com as famílias

dos alunos e também a incumbência de ajudar a organizar e realizar

reuniões de pais e professores, e sempre a mesma insatisfação por

perceber que, raras exceções, da forma como são realizados esses

encontros mais servem para afastar do que aproximar famílias e escola,

pois são momentos regados a muita reclamação e pouca “conversa”,

muita “falação” e pouca “escuta”. Nós, professores, falamos sobre o que

não vai bem e os pais... ouvem !! Uma parte concordando com o que está

sendo dito, outra discordando, mas todos em silêncio, que não são loucos

de contrariar quem tem “diploma e sabedoria”. Explica-se assim o

desejo. Sempre pensei em elaborar materiais que servissem de apoio

para estes encontros, por isso há bastante tempo reúno materiais que

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pudessem servir para a realização do trabalho ( livros, revistas, artigos de

jornal). O objetivo é ajudar para que esses momentos sejam mais

agradáveis e produtivos, tanto para pais como para a escola, em que a

proposta não seja apenas falar e reclamar aos pais, mas sim momentos

em que se possa conversar, orientar, buscar parcerias, soluções

conjuntas, não tendo a idéia de ensinar pais a serem pais e nem mesmo

fornecer modelo de família ideal, se é que ele existe. Se conseguirmos

nosso intento, estaremos colaborando para o melhor relacionamento

entre escola e família.

Sabemos que são muitas as medidas que deverão ser tomadas

para que nossas escolas sejam melhores, mas acredito que esta possa

ser uma pequena contribuição para a melhoria da qualidade de ensino na

unidade escolar onde trabalho.

A primeira atitude tomada foi proceder a uma sondagem de

opinião entre os pais dos alunos da escola, para saber se havia, por parte

deles, interesse em participar de encontros mensais para conversar sobre

educação, 78% responderam que sim, gostariam de participar. O passo

seguinte, reunir o material existente e colocar mãos à obra para tentar

fazer um material simples, que apenas oriente a realização dos encontros,

e que, ao prever a real participação dos pais/responsáveis deve deixar

espaço e dar condições para que ela aconteça, trazendo textos simples

que serão lidos e discutidos de uma forma tal que os participantes,

principalmente aqueles com menor escolaridade, sintam-se confortáveis

para manifestar seu pensamento.

O material foi elaborado em 7 unidades, cada uma é dividida em

4 momentos específicos:

• PARA COMEÇAR A CONVERSAR: Perguntas introdutórias sobre

assuntos a serem abordados na unidade, que servirão para

despertar o interesse e também quebrar o gelo inicial, já que

não se buscará respostas certas e sim as visões que os

participantes têm dos temas.

• INDO MAIS FUNDO: Textos para aprofundamento, contendo

informações e opiniões sobre os temas tratados, serão objeto

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de leitura coletiva e discussão e procurarão levar o grupo a

conhecer um pouco mais e refletir sobre os temas abordados.

• REFLETIR E PROPOR: Momentos em que o grupo maior será

dividido em grupos menores e terá algumas questões para

discutir e dar a opinião do grupo sobre os assuntos tratados,

abrindo-se espaço para sugestões e críticas que possam vir a

contribuir para melhorias da escola.

• PARA CONTINUAR O ASSUNTO: São indicações de leitura e

outras atividades de enriquecimento, como músicas, trechos de

livros, artigos de jornais e revistas, filmes. Ressalte-se que

todo o material indicado será disponibilizado aos pais, através

de empréstimo, já que possuímos um exemplar de todas elas .

Podendo também, se o grupo assim o decidir, haver leitura e

discussão dos mesmos durante as reuniões.

Para finalizar, embora seja, como já foi dito um material bastante

simples, acredito que possa ser utilizado, integralmente, ou em parte, na

escola onde trabalho ou, com adaptações, em qualquer outra, já que

aborda assuntos , que tenho certeza são pertinentes a todos aqueles que

trabalham em educação e que pensam ser a família e a escola duas

instituições com grande responsabilidade e , ainda, grande poder de

contribuir para um mundo melhor.

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UNIDADE I

1 REFLETINDO SOBRE EDUCAÇÃO

“ Quando se aprende a falar/ se começa a estudar/Isso não acaba nunca”

(Toquinho e Elifas Andreato)

1.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

Quando ouvimos a palavra EDUCAÇÃO, imediatamente nos

lembramos de quais atividades e lugares?

A educação acontece só nas escolas?

Você estudou tanto quanto gostaria? Por quê?

Por que é importante estudar?

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1.2 INDO MAIS FUNDO

Ao se ouvir falar em educação geralmente é a imagem de livros,

cadernos, professores, alunos e outros elementos ligados ao ambiente

escolar que inevitavelmente aparece na mente da maioria das pessoas,

isto porque normalmente pensamos a educação como algo que acontece

“na escola”, isto é verdadeiro, no entanto é preciso lembrar que a

educação não acontece “só” na escola. Ela é um processo muito mais

amplo, que se inicia ao nascimento e continua acontecendo durante toda

a existência, sendo considerada a prática que diferencia o ser humano

dos outros seres vivos.

“ A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens. Desde o surgimento do homem, é prática fundamental da espécie, distinguindo o modo de ser cultural dos homens do mundo natural, de existir, dos demais seres vivos”. (SEVERINO,2002)

A LDBEN ( Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei

9394/96) afirma o caráter amplo da educação quando diz em seu artigo

1º ,” a educação abrange processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de

ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade

civil e nas manifestações culturais”. A partir do momento que

entendemos a educação como um processo abrangente é necessário

saber entender suas características de acordo com os diferentes espaços

e tempo em que ela acontece. Almerindo Janela Afonso (1989) define

três tipos de educação: formal, informal e não-formal . Entendendo-se a

educação formal como aquela que é organizada no espaço escolar,

obedecendo a um tempo e seqüência determinados, enquanto a

educação informal abrange as outras formas de educação com as quais o

indivíduo tem contato durante sua vida, sendo um processo permanente ,

mas não organizado de forma sistemática, por isso é marcado pela

espontaneidade. Finalmente, a educação não-formal, que obedece a

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uma estrutura e organização e pode levar a uma certificação, mas é

diferente da educação formal quanto ao tempo, locais em que ocorre e

adaptação dos conteúdos a cada grupo a que o ensino se destina. Para

melhor entendimento, podemos exemplificar: educação formal é a

educação escolar, já a educação informal acontece , por exemplo quando

você vai a um campo de futebol ou a uma igreja apenas para participar

do jogo ou missa/culto, e finalmente, a educação não-formal é quando se

vai a esse mesmos locais para aprender a jogar futebol ou estudar a

catequese.

A educação, além de atividade inseparável de nossa existência é

também, a educação formal, um direito garantido legalmente a toda

pessoa. Embora, em nosso país existam ainda muitas crianças e

adolescentes que não estejam estudando, é inegável que houve um

grande aumento na parcela da população que entra na escola e aí

permanece até terminar os estudos. É fácil constatarmos o aumento do

nível de escolaridade da população ao fazermos uma pesquisa em nossa

própria história familiar: nossos avós freqüentaram a escola? Nossos

pais o fizeram? Até que série ou nível? E nós, estudamos o quanto

queríamos ou precisávamos? Nossos filhos, têm melhores condições que

nós, seus avós ou mesmo bisavós, para que realizem seus estudos?

Acreditamos que as respostas sejam, em linhas gerais, bastante

parecidas, quanto mais avançamos no tempo, mais avançou também a

escolaridade, isto não quer dizer, no entanto, que a educação oferecida

aos nossos jovens e crianças tenha a qualidade desejável e satisfaça às

suas próprias necessidades e também da sociedade em que vivem.

Existe ainda um longo caminho a percorrer para que a educação escolar

brasileira seja considerada de bom nível.

1.3 REFLETIR E PROPOR

Depois deste início de conversa, nos reuniremos em pequenos

grupos (4 ou 5 pessoas) e discutiremos as seguintes questões:

Na opinião do grupo quais os principais problemas enfrentados em

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nossa escola? Quais são as suas causas?

Quais são as hipóteses de soluções pensadas pelo grupo para os

problemas apontados?

1.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugere-se a leitura dos textos: “A escola pública que queremos”, de Vitor

Henrique Paro e “Humanizar é educar”, de Carlos Rodrigues Brandão,

música: “Bê-a-Bá”, Toquinho , CD “Canção de todas as crianças”.

Polygram-1998.

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UNIDADE II

2 EDUCAÇÃO DIREITO DE TODOS

2.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

"Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas

gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente,

deposite-a nas mãos de seus filhos." (Albert Einstein)

Você conhece crianças ou jovens que não estão na escola?

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Em caso positivo, quais seriam os motivos de não estarem

estudando?

Os prejuízos que estas crianças e jovens têm ou terão serão

muitos? Quais?

2.2 INDO MAIS FUNDO

É amplamente divulgado, atualmente, o direito que todos têm de

estudar, documentos como a Constituição Federal, o Estatuto da Criança

e do Adolescente,

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” ( Art. 205 da Constituição Federal)

por exemplo, determinam que:

“ A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:I – igualdade de condições de acesso e permanência na escola;II – direito de ser respeitado por seus educadores;III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;IV – direito de participação em entidades estudantis;V – acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência.”( Art. 53 da Lei 8.069/1990, o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente)

Após conhecermos estes textos legais é impossível não

atentarmos para o fato de que , em nossos dias, a educação é um direito

que não pode, sob nenhum pretexto, ser retirado de qualquer criança ou

adolescente e que cabe ao poder público, à família e , à sociedade, e em

casos especiais, a força da lei, zelar pelo cumprimento deste direito. O

movimento para que todos freqüentassem a escola, iniciado em meados

da década de 1980, teve sua ampliação a partir do início da década

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seguinte, e teve entre suas principais motivadoras a Conferência Mundial

de Educação Para Todos, realizada em Jomtien( Tailândia), que foi

financiada por vários organismos internacionais, entre eles a UNESCO

( Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),

UNICEF ( Fundo das Nações Unidas para a Infância), PNUD ( Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Banco Mundial. Nessa

conferência, os nove países com maior taxa de analfabetismo do mundo,

entre eles o Brasil, assumiram o compromisso de realizar ações que

assegurassem a todos o acesso à educação básica. A realização dessa

conferência resultou na publicação, em nosso país, do Plano Decenal de

Educação Para Todos, em 1993:

“Após o impeachment do presidente Collor, em 1992, as bases políticas e ideológicas para a educação lançadas na conferência Mundial de educação Para Todos, começam a fertilizar a mentalidade brasileira, inspirando a publicação do Plano Decenal de Educação Para Todos, em 1993, já na gestão do ministro da educação Murílio de Avellar Hingel, no governo Itamar Franco, vice-presidente de Collor e seu sucessor. Com esse plano, o Brasil traçava metas locais a partir do acordo firmado em Jomtien e acenava aos organismos multilaterais que o projeto educacional por eles prescrito seria aqui implantado.” ( Os arautos da reforma e a consolidação do consenso: anos de 1990 – Eneida Shiroma)

Considerando estas informações, devemos ter claro que a (quase)

universalização da educação básica no Brasil teve entre seus motivadores

não apenas a vontade dos políticos e da população brasileira, mas contou

com grande pressão de organismos internacionais, que,

costumeiramente, além de “sugerir” o que deve ser feito, também

“recomendam” maneiras de se fazer. Deixando ainda mais claro, tome-

se como exemplo o Banco Mundial, que para fazer empréstimos a países

como o Brasil, exige que suas recomendações sejam fielmente seguidas,

influenciando assim as decisões educacionais a serem tomadas no país.

Sobre essa realidade podemos ler o pequeno texto que está abaixo:

“ No caso da educação pública os professores, diretores, funcionários, estudantes e pais precisam saber que há mais de 50 anos o Brasil solicita empréstimos ao Banco Mundial e, depois, os próprios técnicos do Banco pressionam o governo

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para reduzir os investimentos em educação, cultura e saúde, para sobrar dinheiro para pagar a dívida externa. Que os técnicos do Banco e do MEC ou da Secretaria de educação decidem quando, onde e como gastar o dinheiro. Ou seja, o dinheiro vem com rubricas carimbadas e as escolas apenas estão executando decisões.( Maria Abádia da Silva,2003)

Após sabermos destes fatos poderíamos nos perguntar: de que

adianta sabermos sobre isto? Em que estes fatos interferem no

funcionamento de escolas espalhadas pelo nosso país? E mais, em que

medida interfere na educação que é oferecida aos nossos filhos? Ao

refletirmos melhor perceberemos que as influências são muitas, que as

atitudes tomadas por pessoas que não conhecemos, em lugares

distantes, nos afetam e muito. Maria Abádia da Silva (2003) cita três

exemplos da interferência do Banco Mundial no interior de nossas

escolas: o primeiro é a forma de avaliação, que busca quantificar,

incentivando ao alcance de resultados previamente definidos e que não

leva em conta a apropriação de saberes, por parte do aluno, que o levem

a processos de emancipação e cidadania, alerta a autora que dependendo

da forma como é feita a avaliação pode estar a serviço dos organismos

internacionais. O segundo exemplo é o ajuste do tempo da escola ao

tempo do mercado, é preciso ser rápido, é preciso passar pela escola e

sair rapidamente para, assim, dar lugar a outros e também para ser

inserido no mercado de trabalho, daí, inclusive a adoção dos ciclos pela

maioria das redes municipais e estaduais brasileiras. O terceiro

exemplo citado pela autora é sobre a questão dos projetos político-

pedagógicos das escolas, que deveriam ser o eixo articulador das

atividades educativas em seu interior, mas que por vários fatores têm

sido apenas um documento nas gavetas das escolas, ficando o verdadeiro

fazer pedagógico exposto aos muitos projetos e programas propostos por

organismos nem sempre bem intencionados e que utilizam as escolas

para veicular suas ideologias.

2.3 REFLETIR E PROPOR

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Comparando-se a vida escolar que os participantes do grupo

tiveram com a escola de hoje, quais são as mudanças que ocorreram que

o grupo pensa que tenham contribuído para melhoria educacional?

Que mudanças vieram trazer prejuízo aos alunos atuais?

Após analisar os dados disponíveis sobre a realidade educacional

em nosso colégio, cada grupo deverá falar sobre os problemas

encontrados e apontar sugestões para melhorias.

2.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugere-se a leitura dos textos: “Compromisso todos pela

educação” (Assessoria de Comunicação Social –MEC ( Ministério da

Educação) , “ O Projeto de Educação Nacional: A desatenção aos critérios

de qualidade nas aprendizagens escolares”, de José Carlos Libâneo e “

Tolerância com a corrupção está vinculada à baixa escolaridade”- jornal “

Folha de Londrina”, 26/08/07, 1º caderno, p.4.

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UNIDADE III

3 EDUCAÇÃO, DEVER DE QUEM?

"Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.”

( Arthur Lewis )

3.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

Quem é o maior responsável em oferecer educação a um jovem ou

criança?

Como você agiria se não fosse garantido esse direito a seu (sua)

filho(a) ?

Basta existir o prédio escolar e professores para ministrar aulas?

Existem programas voltados a ajudar às famílias a manter seus

filhos estudando ?

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3.2 INDO MAIS FUNDO

A educação, além de um direito é também um dever a ser

cumprido, sendo o Estado e a família os primeiros responsáveis pelo seu

cumprimento. A pergunta que se faz é: de quem é a responsabilidade

maior de cumprir este dever ? Nas duas leis em que buscamos essa

resposta há uma interessante inversão da ordem dessa responsabilidade,

observe-se que a Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 205 afirma

que: “A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o

pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Já, passados 8 anos,

quando da promulgação da LDBEN 9394/96 ( Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional), o texto aprovado diz em seu artigo 2º: “A educação,

dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos

ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania

e sua qualificação para o trabalho.” Percebe-se a inversão de prioridade

no dever de oferecer educação, enquanto a constituição coloca o Estado

em primeiro plano, a LDB coloca a família nesse lugar. Poderíamos

perguntar se é uma simples inversão dos termos ou se essa pequena

alteração tem algum significado? Analisando-se os momentos políticos em

que as duas leis foram concebidas e aprovadas, entenderemos que essa

inversão não se deu sem motivos, a Constituição de 1988, chamada de

constituição cidadã foi promulgada em um momento em que, após anos

de autoritarismo, o Brasil via possibilidades de tornar-se uma democracia

e a sociedade participava ativamente do debate político, sendo a

educação um dos setores onde havia maior participação, já que desde o

início da década as entidades representativas dos professores faziam

grande movimento em favor do fortalecimento da escola pública,

melhores salários e condições de trabalho e formação para os professores

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e melhores escolas. Houve, por parte do Fórum Nacional em defesa da

Escola Pública a apresentação de um projeto de lei educacional, mas este

projeto foi vetado no Congresso Nacional, que algum tempo depois,

aprovou o projeto de autoria do Senador Darcy Ribeiro, projeto este

aprovado pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em

dezembro de 1996, com o número 9394. O projeto aprovado é bastante

comprometido com a política neoliberal, que é baseada nas leis de

mercado, pregando o enfraquecimento do Estado. Seguem abaixo dois

pequenos trechos que reforçam o que dissemos acima:

“ Em 1988, a “ Constituição Cidadã”, cercada de expectativas populares de que mudaria o Brasil, propunha uma série de leis complementares para serem discutidas e promulgadas a posteriori. Para os professores, as diretrizes e as bases da educação, um dos temas a serem transformados em lei, já era assunto de debates nos congressos e seminários, muito antes da promulgação da Constituição.” (Bertha de Borja Reis do Valle, 2004)

“ Uma análise mais geral do Projeto nos permite afirmar que a nova Lei de Diretrizes e Bases, sancionada em 20 de dezembro de 19996, seguia a mesma concepção que norteava as demais políticas governamentais, sejam as que eram tratadas na Reforma Administrativa, seja a da Previdência. Assim como as educacionais implementadas pelos governos estaduais. Houve, portanto, sintonia entre a Lei aprovada e as reformas em pauta na agenda nacional, na perspectiva da redução de direitos, minimização do papel do Estado nas questões sociais. (Bertha de Borja Reis do Valle, 2004)

Como já dissemos, a educação é um direito e um dever,

transcreveremos abaixo, quais são, de uma maneira geral, os direitos,

deveres e proibições aos pais responsáveis quanto à educação de seus

filhos matriculados nas escolas da rede pública estadual do Paraná,

contendo alguns artigos tirados do Caderno de Apoio para elaboração do

regimento escolar formulado pela SEED - Secretaria de Estado da

Educação:

CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS, DEVERES E PROIBIÇÕES DOS

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PAIS OU RESPONSÁVEISSeção I - Dos Direitos:Art. ... Os pais ou responsáveis, além dos direitos outorgados por toda a legislação aplicável, têm ainda as seguintes prerrogativas:I. serem respeitados na condição de pais ou responsáveis, interessados no processo educacional desenvolvido no estabelecimento de ensino;II. participar das discussões da elaboração e implementação do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino;III. sugerir, aos diversos setores do estabelecimento de ensino, ações que viabilizem melhor funcionamento das atividades;IV. ter conhecimento efetivo do Projeto Político-Pedagógico da escola e das disposições contidas neste Regimento;V. ser informado sobre o Sistema de Avaliação do estabelecimento de ensino;VI. ser informado, no decorrer do ano letivo, sobre a freqüência e rendimento escolar obtido pelo aluno;VII. ter acesso ao Calendário Escolar do estabelecimento de ensino;VIII. solicitar, no prazo de 72 horas, a partir da divulgação dos resultados, pedido de revisão de notas do aluno;IX. assegurar autonomia na definição dos seus representantes no Conselho Escolar;X. contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores: Conselho Escolar e Núcleo Regional de Educação;XI. ter garantido o princípio constitucional de igualdade de condições para o acesso e a permanência do aluno no estabelecimento de ensino;XII. ter assegurado o direito de votar e/ou ser votado representante no Conselho Escolar e associações afins;XIII. participar de associações e/ou agremiações afins;XIV. representar e/ou ser representado, na condição de segmento, no Conselho Escolar.

Seção II - Dos DeveresArt. ... Aos pais ou responsáveis, além de outras atribuições legais, compete:I. matricular o aluno no estabelecimento de ensino, de acordo com a legislação vigente;II. exigir que o estabelecimento de ensino cumpra a sua função;III. manter relações cooperativas no âmbito escolar;IV. assumir junto à escola ações de co-responsabilidade que assegurem a formação educativa do aluno;V. propiciar condições para o comparecimento e a permanência do aluno no estabelecimento de ensino;VI. respeitar os horários estabelecidos pelo estabelecimento de ensino para o bom andamento das atividades escolares;VII. requerer transferência quando responsável pelo aluno menor;VIII. identificar-se na secretaria do estabelecimento de

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ensino, para que seja encaminhado ao setor competente, o qual tomará as devidas providências; sempre que se fizer necessário;X. comparecer às reuniões do Conselho Escolar de que, por força do Regimento Escolar, for membro inerente;XI. acompanhar o desenvolvimento escolar do aluno pelo qual é responsável;XII. encaminhar e acompanhar o aluno pelo qual é responsável aos atendimentos especializados solicitados pela escola e ofertados pelas instituições públicas;XIII. respeitar e fazer cumprir as decisões tomadas nas assembléias de pais ou responsáveis para as quais for convocado;XIV. cumprir as disposições do Regimento Escolar, no que lhe couber.Seção III - Das ProibiçõesArt. ... Aos pais ou responsáveis é vedado:I. tomar decisões individuais que venham a prejudicar o desenvolvimento escolar do aluno pelo qual é responsável, no âmbito do estabelecimento de ensino;II. interferir no trabalho dos docentes, entrando em sala de aula sem a permissão do setor competente;III. retirar e utilizar, sem a devida permissão do órgão competente, qualquer documento ou material pertencente ao estabelecimento de ensino;IV. desrespeitar qualquer integrante da comunidade escolar, inclusive o aluno pelo qual é responsável, discriminando-o, usando de violência simbólica, agredindo-o fisicamente e/ou verbalmente, no ambiente escolar;V. expor o aluno pelo qual é responsável, funcionário, professor ou qualquer pessoa da comunidade a situações constrangedoras;VI. divulgar, por qualquer meio de publicidade, assuntos que envolvam direta ou indiretamente o nome do estabelecimento de ensino, sem prévia autorização da direção e/ou do Conselho Escolar;VII. promover excursões, jogos, coletas, lista de pedidos, vendas ou campanhas de qualquer natureza, em nome do estabelecimento de ensino sem a prévia autorização da direção;VIII. comparecer a reuniões ou eventos da escola embriagado ou com sintomas de ingestão e/ou uso de substâncias químicas tóxicas;IX. fumar nas salas do estabelecimento de ensino, sendo permitido, apenas, em área destinada a este fim, isolada adequadamente e com arejamento suficiente.Art. ... Os fatos ocorridos em desacordo com o disposto no Regimento Escolar serão apurados, ouvindo-se os envolvidos e registrando-se em Ata, com as respectivas assinaturas.Parágrafo Único – Nos casos de recusa de assinatura do registro, por parte da pessoa envolvida, o mesmo será validado por assinaturas de testemunhas. (Caderno de Apoio para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da

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Educação. Coordenação de Gestão Escolar. –Curitiba, 2007).

Os deveres do Estado em relação à educação estão postos na Lei

9394/96, que terá parte transcrita aqui:

TÍTULO III - DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR Art. 4º. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem Art. 5º. O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. § 1º. Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União: I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; II - fazer-lhes a chamada pública; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. § 2º. Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,

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nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais. § 3º. Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º. Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 5º. Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. Art. 6º. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino fundamental. Art. 7º. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.

(LDB 9394/96)

Os deveres do Estado para com a educação são divididos entre as

três esferas de poder: federal, estadual e municipal. Após o processo de

municipalização, no Paraná ocorrido no início da década de 1990, a

educação infantil e o primeiro segmento do ensino fundamental (1ª/4ª

séries) ficaram a cargo das prefeituras, o segundo segmento do ensino

fundamental (5ª/8ªséries) como responsabilidade do governo estadual,

que também oferece ensino médio nos colégios estaduais e superior nas

universidades e faculdades públicas do Estado. O governo federal, no

caso do Paraná, oferece ensino superior somente através da Universidade

Federal do Paraná, em Curitiba, e também na UTF –PR ( Universidade

Tecnológica Federal do Paraná - antigo CEFET), em Curitiba e em mais 9

cidades no interior do estado.

Além da oferta de vaga ao aluno ser obrigatória existem também

alguns programas que visam dar condições para que todas freqüentem a

escola e tenham condições de aprender, a seguir falaremos um pouco

sobre os programas mais abrangentes:

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3.2.1 Programas do Governo Federal

PNAE – (Programa Nacional de Alimentação Escolar) conhecido

popularmente como “Programa da Merenda Escolar”, foi implantado em

1955 e transfere recursos aos estados e municípios para que seja feita a

complementação alimentar de alunos da educação infantil e do ensino

fundamental, o repasse é feito com base no número de alunos, sendo que

o valor repassado para os alunos de 0 a 6 anos é de R$ 0,22 aluno/dia e

no ensino fundamental é de R$ 0,18 aluno/dia. Cada município ou

estado que recebe recursos do PNAE deve ter implantado e em

funcionamento o CAE ( Conselho de Alimentação Escolar), que tem o

dever de fiscalizar o funcionamento do programa, bem como aprovar as

prestações de contas anuais. Em 2007 estavam previstos gastos de 1,48

bilhão para o programa para atender 36,3 milhões de alunos.

PNLD – ( Programa Nacional do Livro Didático) , a história da

aquisição e distribuição de livros didáticos nas escolas públicas brasileiras

teve seu início em 1929, quando foi criado o Instituto Nacional do Livro

(INL), a partir daí vários foram as mudanças efetuadas até chegar-se a

forma de funcionamento e cobertura que o programa tem hoje. Algumas

das mudanças mais significativas ocorreram em 1985 quando a indicação

do livro didático passou a ser feita pelos professores, foi estabelecido o

critério de reutilização dos livros e foram também estabelecidas as

especificações técnicas do mesmo, visando sua maior durabilidade.

Atualmente o PNLD, adquire e distribui a todos os alunos de 5ª/8ª séries

livros de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências.

O aluno deve utilizar o livro durante o ano, tendo o direito de ficar com

eles em seu poder, usá-los em seus estudos, tendo também o dever de

devolvê-los em bom estado ao final do ano letivo, para que outro aluno o

utilize no ano seguinte, dessa forma cada livro é utilizado por 3 alunos,

em 3 anos consecutivos, quando, então, há nova escolha por parte dos

professores e são recebidos novos livros.

Em 2004 teve início o PNLEM ( Programa Nacional do Livro

Didático para o Ensino Médio), que já distribuiu livros de Biologia,

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Português, Matemática, Química e História. O programa prevê a

expansão gradativa da distribuição, devendo, gradativamente, distribuir

livros de todas as disciplinas que compõe a matriz curricular do ensino

médio.

PNATE – (Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar) e

Caminho da Escola são os dois programas do governo federal para

atender aos alunos que residem na zona rural e necessitam de transporte

para irem à escola. O Caminho da Escola foi criado em março de 2007,

e consiste em linhas de financiamento, através do BNDES ( Banco de

Desenvolvimento Econômico e Social) para aquisição, pelos estados e

municípios, de veículos novos para o transporte de escolares. O outro

programa, Pnate, criado em 2004, tem como objetivo oferecer assistência

financeira, em caráter suplementar, aos estados e municípios para que

estes usem naquilo que se fizer necessário para transportar seus alunos (

exemplos de gastos que podem ser feitos: despesas com reformas,

licenciamento, pneus, câmaras, serviços mecânicos, combustível,

pagamento de serviços de transporte contratados junto a terceiros). O

repasse do dinheiro é feito em nove parcelas anuais e o valor dele é

fixado a partir do número de alunos transportados e a posição do

município na linha de pobreza.

BOLSA FAMÍLIA – O programa Bolsa Família (PBF) criado através

da Lei 10.836/04, faz parte das ações do MDS ( Ministério do

Desenvolvimento Social) e integra o Programa Fome Zero, que visa

assegurar o direito humano à alimentação adequada, contribuindo para a

diminuição da pobreza. O PBF transfere renda diretamente às famílias

em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$

120,00) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$

60,00), e exige delas que mantenham seus filhos estudando. O

responsável pela operacionalização do Programa é o município. Se a

família se encaixa numa das faixas de renda definidas pelo Programa,

deve procurar o setor responsável pelo Programa Bolsa Família com seus

documentos pessoais (título de eleitor ou CPF), para se cadastrar no

CadÚnico( Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal).

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Quando se faz o cadastro não significa que a família passará a receber

imediatamente o benefício, mas a partir desse cadastro são selecionadas

as famílias que serão incluídas a cada mês, sendo que as famílias com

renda mais baixa são incluídas primeiro. Atualmente o programa atende

11,1 milhões de famílias em todos os municípios brasileiros. Embora seja

recente alguns estudos já mostram bons resultados, pois há a

constatação de que o benefício chega às famílias que dele necessitam,

contribui para a redução da extrema pobreza e desigualdade e para a

melhoria da situação alimentar e nutricional das famílias beneficiárias.

( informações sobre os programas obtidas nos sites www.mec.gov.br e

www.mds.gov.br)

3.2.2 Programas do Governo Estadual

LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO - Todos os alunos matriculados no

ensino médio nos colégios estaduais recebem um conjunto de 12 livros

(Língua Portuguesa/Literatura, Matemática, Educação Física, Artes, Língua

Estrangeira Moderna Inglês/Espanhol, Filosofia, Sociologia, Geografia,

História, Física, Química, Biologia) . Os livros nasceram a partir do

Projeto Folhas, que se propôs a suprir a carência de materiais de apoio

aos professores e alunos do ensino médio. Com a produção dos

“folhas”, percebeu-se que os próprios professores tinham condições de

produzir livros didáticos para serem usados pelos alunos da rede. Os

livros têm a autoria de 5 professores de cada disciplina, sendo assim, são

60 autores de todos os núcleos de educação do Estado, que trabalharam

em regime de dedicação integral e com o apoio de técnicos pedagógicos

da SEED ( Secretaria de Estado da Educação) e também a consultoria de

instituições de ensino superior.

SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM - Através da Resolução

208/2004 a Secretaria de Estado da Educação criou nas escolas públicas

paranaenses as Salas de Apoio à Aprendizagem. Ela destina-se a

atender alunos de 5ª série, em turmas com, no máximo, 20 alunos e que

apresentem defasagem de aprendizagem em Língua Portuguesa e

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Matemática, tendo dificuldades importantes em leitura, escrita e cálculo.

A forma encontrada para o atendimento foi o aumento do tempo escolar,

já que o aluno regressa à escola em período contrário ao que estuda,

fazendo isso em dois dias da semana, quando participa, em cada dia, de

duas aulas geminadas de Língua Portuguesa e duas de Matemática. Para

trabalhar no programa o professor deverá ser habilitado para a disciplina

em que atuará e, preferencialmente, ter experiência em 1ª a 4ª séries.

SALA DE RECURSOS - A Instrução 05/04 do Departamento de

Educação Especial da SEED ( Secretaria de Estado da Educação)

estabelece as normas de funcionamento para as Salas de Recursos na

rede pública estadual. A referida sala é um serviço pedagógico

especializado, que utilizará diferentes meios e materiais pedagógicos e

que visa apoiar e complementar o atendimento aos alunos com atraso

acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem e/ou deficiência

mental e tem o objetivo de ajudar a esse estudante para que obtenha

sucesso no ensino regular, que ele deve freqüentar normalmente. O

atendimento na Sala de Recursos deverá ser feito por professor

especializado, através de cronograma de atendimento em que, de acordo

com suas necessidades, o aluno será atendido de 2 a 4 vezes por

semana, não podendo ultrapassar duas horas diárias. Para que seja

encaminhado a este serviço especializado o aluno deverá estar

matriculado e freqüentando normalmente o ensino fundamental de 5ª a

8ª série, deverá também ser avaliado no contexto escolar e fora dele, por

uma equipe multiprofissional.

PATRULHA ESCOLAR COMUNITÁRIA - A partir do aumento da

violência nas escolas, a Polícia Militar do Paraná e a Secretaria de Estado

da Educação uniram-se para o enfrentamento do problema, criando a

Patrulha Escolar Comunitária, que tem função prioritariamente preventiva

e , em segundo plano, repressiva. A implantação se deu na capital e em

cidades maiores, mas atualmente trabalha também em cidades menores,

estando presente em boa parte do s estabelecimentos de ensino.O

trabalho da patrulha é organizado em 5 etapas:

I) Análise das instalações físicas com orientações em sua

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estrutura e utilização que possam proporcionar a

segurança das pessoas que freqüentem o

estabelecimento;

II) Diagnóstico da realidade própria de cada comunidade

escolar através da aplicação de dinâmicas aos pais,

professores, funcionários e alunos de cada escola, que ao

final indicará o compromisso de cada segmento e

determinará o plano de ação e o plano de palestras

necessário para a mudança da realidade encontrada ao

início dos trabalhos;

III) Concretização do plano de ação, pela comunidade

escolar;

IV) Concretização do plano de palestras pela PMPR e

SEED;

V) Elaboração do Plano de Segurança por comissão

representativa de todos os segmentos da comunidade

escolar, descrevendo e registrando todas as providências

tomadas para se atingir as melhorias que o foram ao final

dos trabalhos. O trabalho teve início na capital e em

cidades maiores, mas atualmente trabalha também em

cidades menores.

SAREH – ( Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização

Hospitalar), tem como objetivo o atendimento educacional à crianças que

se encontram impossibilitadas de freqüentar a escola em virtude de

situação de internamento hospitalar ou tratamento de saúde, permitindo-

lhes a continuidade do processo de escolarização, a inserção ou a

reinserção em seu ambiente escolar. Atualmente são conveniadas as

seguintes instituições: Em Curitiba: Hospital das Clínicas da Universidade

Federal do Paraná, Hospital Pequeno Príncipe, Hospital do Trabalhador,

Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia, Hospital

Erasto Gaertner e Hospital Evangélico . No interior do estado, os hospitais

universitários de Londrina e Maringá.

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(informações obtidas através do site: diaadiaeducacao.pr.gov.br)

3.3 REFLETIR E PROPOR

A partir do conhecimento obtido sobre os principais programas

governamentais destinados a oferecer condições para que todos

estudem, cada grupo vai discutir e responder às seguintes questões:

Quais são os programas que estão, de fato, presentes em nossa

escola?

O funcionamento desses programas é satisfatório?

Quais são os pontos positivos e negativos mais significativos

desses programas que podem ser apontados pelo grupo?

Quais as melhorias que podem ser feitas em nível local?

3.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugestão de leitura: “ Bolsa Família - Fácil de entrar, difícil de sair”

– Revista Veja, edição 2023, ano 40, nº 34, de 29/08/07, p.74 , “ Uma

revolução a favor do ensino” – Jornal “ Folha de Londrina – Folha Cidades,

p.3de 18/07/07.

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UNIDADE IV

4 COMO PARTICIPAR?

“De tão usada na atualidade, a palavra participação corre o risco de ter seu

sentido esvaziado, antes mesmo que sua contribuição fundamental para a

verdadeira

democracia seja compreendida e aproveitada”

(Juan E. Díaz Bordenave)

4.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

Existe verdadeiro incentivo à participação na sociedade brasileira?

O que é participar de algo?

Você pensa ser uma pessoa participante?

Votar em uma pessoa para que seja diretor de uma escola ou

prefeito de uma cidade basta para dizer que participamos ?

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4.2 INDO MAIS FUNDO

Pelo fato de sermos seres sociais, nós, seres humanos, temos

desde sempre necessidade de participar das decisões e acontecimentos

ao nosso redor. As formas de participação foram evoluindo juntamente

com a evolução das sociedades humanas, tendo seu início nas tribos e

clãs de nossos ancestrais, chegando aos nossos dias às formas de

organização que conhecemos: associações de classes, de bairros,

partidos políticos, empresas, escolas, clubes esportivos, cooperativas,

igrejas e tantos outros. Mas o que é participar? Como a participação

acontece, em que graus e níveis ?

Os vários grupos nos quais nos inserimos ao longo de nossa vida

podem, segundo Bordenave (1998) ser classificados em três categorias:

os grupos primários (família, amizades,vizinhança), os secundários

(associações profissionais, sindicatos, empresas) e os terciários (partidos

políticos, e movimentos de classe) , nos dois primeiros grupos teríamos o

processo de microparticipação e no terceiro o processo chamado de

macroparticipação. Para o mesmo autor a participação na família, na

escola, no trabalho, na comunidade pode ser encarada como uma etapa

de aprendizagem para a participação em um nível mais elevado, e que

caberia aos sistemas educacionais, formais e não-formais,

desenvolver o que ele chamou de mentalidades participativas e que

esse desenvolvimento se daria pela prática constante e refletida da

participação. Vale dizer, se aprende a participar, participando.

Bordenave (1998), estabeleceu ainda os níveis e graus em que a

participação pode ocorrer, os graus de participação são sete: informação,

consulta facultativa, consulta obrigatória, elaboração/recomendação, co-

gestão, delegação e auto-gestão. O primeiro grau, a informação é

aquele onde os dirigentes, o diretor de uma escola, por exemplo, reúnem

as pessoas apenas para comunicar decisões já tomadas. A consulta

facultativa é quando o dirigente, se quiser, e quando quiser, faz

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consultas, solicitando críticas e/ou sugestões para resolver problemas. A

consulta obrigatória ocorre quando existem leis que determinam que

o dirigente ouça seus subordinados em determinadas situações,

negociações salariais são um exemplo. A obrigatoriedade da consulta

não determina que se fará o que for sugerido. A

elaboração/recomendação é um grau mais elevado de participação,

quando são elaboradas propostas e sugeridas medidas, que podem ser

rejeitadas pelo dirigente, mas este deve justificar sua posição. Na co-

gestão há o compartilhamento da administração, através da co-decisão e

dos colegiados. Neste grau os administrados costumam exercer influência

direta nas decisões e ações do grupo. A delegação é um grau onde os

administrados têm autonomia em certos setores ou jurisdições, antes

reservados aos administradores, ainda assim, a administração define

“certos limites” para essa autonomia. Finalmente, o grau mais alto de

participação - a autogestão- nela, o próprio grupo determina seus

objetivos, escolhe seus meios e estabelece formas de controle, sem que

haja referência a uma autoridade externa. Outra questão importante a

ser discutida quando se fala em participação é sobre que tipo de

decisões as pessoas são chamadas a participar, pois em todas as

organizações existem decisões mais ou menos importantes. Em uma

família, por exemplo, a decisão de mudar ou não de cidade tem muito

mais importância que a decisão de trocar ou não a cortina da sala,

podemos dizer que estes são níveis de decisão . Em nossa cultura,

tradicionalmente, são bem aceitas as formas de participação em que as

pessoas são chamadas a executar tarefas e avaliar o que foi realizado,

mas raramente são chamadas para a formulação e planejamento de

políticas, ficando essas funções restritas a poucas pessoas.

“A democracia participativa promove a subida da população a níveis cada vez mais elevados de participação decisória, acabando coma a divisão de funções entre os que planejam e decidem lá em cima e os que executam e sofrem conseqüências das decisões cá embaixo.” (Juan E. Díaz Bordenave,1998)

Após conversarmos sobre a importância da participação, seus

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graus e níveis, resta dizer que embora importante ela não é o remédio

que dará conta de curar todos os males, nem todos os problemas se

resolverão por essa via, sendo importante lembrar também que a

participação não exige que todos participem de tudo o tempo todo, pois

isso poderia provocar anarquia e aumentar problemas ao invés de

resolvê-los. O próprio grupo pode e deve resolver quando deve ser

solicitada a participação de cada um e de que forma ela deve ocorrer.

Chegamos agora ao nosso principal objetivo, discutir a participação da

família na escola. Por que e como ela deve acontecer? Vitor Henrique

Paro, que faz pesquisas dentro da linha de “Universalização do Ensino e

Democratização da Gestão Escolar”, na introdução de seu livro “Qualidade

de ensino – a contribuição dos pais” falando sobre seus estudos diz:

Nesses estudos tem-se procurado entender a participação sempre ligada à tomada de decisões e não como mera forma de prestação de serviços ou contribuição financeira por parte da população. Não obstante, um importante elemento tem-se sobressaído que, embora tenha a ver com o conceito de participação como instrumento de controle democrático do Estado, extrapola-o, em certo sentido: trata-se da percepção de que, para funcionar a contento, a escola necessita da adesão de seus usuários ( não só os alunos, mas também de seus pais ou responsáveis) aos propósitos educativos a que ela deve visar, e que essa adesão precisa redundar em ações efetivas que contribuam para o bom desempenho do estudante. ( Vitor Paro, 2000)

Concordamos com o autor e reiteramos que buscamos a

participação dos pais ou responsáveis por acreditarmos que temos os

mesmos objetivos – oferecer boa educação aos nossos filhos e alunos - e

acreditamos que o faremos melhor se pensarmos juntos sobre nossa

tarefa, que é árdua, mas certamente necessária e recompensadora.

4.2.1 Participação de Pais – Instâncias Legais

O CONSELHO ESCOLAR: A constituição Brasileira de 1988, garante

a gestão democrática da escola e para a efetivação dela, existem em

todas as escolas públicas o Conselho Escolar, que é composto por um

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grupo de pessoas que representam os vários segmentos da comunidade

escolar. Ele é um espaço consultivo, deliberativo e veio para assumir

parte do poder de decisão e ação, que tradicionalmente, sempre esteve

nas mãos do diretor da escola. Decidir e agir em grupo, geralmente, não

é fácil para nós, que historicamente não temos grande tradição

democrática, o bom funcionamento dos conselhos escolares, exige , por

isso, boa dose de disposição e paciência.

O pai/mãe ou responsável legal que participa do Conselho Escolar deverá

analisar e discutir as questões apresentadas, reunindo-se quando

necessário com outros pais para poder apresentar propostas que são de

interesse das famílias e trabalhar ativamente, junto com os outros

membros do conselho, sempre buscando o que for melhor para os alunos.

A composição e o funcionamento dos conselhos escolares nas escolas

públicas paranaenses deverá seguir o que está definido no texto a seguir:

Art. ..O Conselho Escolar é um órgão colegiado de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora sobre a organização e a realização do trabalho pedagógico e administrativo do estabelecimento de ensino, em conformidade com a legislação educacional vigente e orientações da Secretária do Estado da Educação.Art. ... O Conselho Escolar é composto por representantes da comunidade escolar e representantes de movimentos sociais organizados e comprometidos com a educação pública, presentes na comunidade, sendo presidido por seu membro nato, o(a) diretor(a) escolar.§ 1º – A comunidade escolar é compreendida como o conjunto dos profissionais da educação atuantes no estabelecimento de ensino, alunos devidamente matriculados e freqüentando regularmente, pais e/ou responsáveis pelos alunos.§ 2º – A participação dos representantes dos movimentos sociais organizados, presentes na comunidade, não ultrapassará um quinto (1/5) do colegiado.Art. ... O Conselho Escolar poderá eleger seu vice-presidente dentre os membros que o compõem, maiores de 18 (dezoito) anos.Art. ... O Conselho Escolar tem, como principal atribuição, aprovar e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino.Art. ... Os representantes do Conselho Escolar são escolhidos entre seus pares, mediante processo eletivo, de cada segmento escolar, garantindo-se a representatividade dos níveis e modalidades de ensino.Parágrafo Único – As eleições dos membros do Conselho Escolar, titulares e suplentes, realizar-se-ão em reunião de

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cada segmento convocada para este fim, para um mandato de 2 (dois) anos, admitindo-se uma única reeleição consecutiva.Art. ... O Conselho Escolar, de acordo com o princípio da representatividade e da proporcionalidade, é constituído pelos seguintes conselheiros:I. diretor (a);II. representante da equipe pedagógica;III. representante da equipe docente (professores);IV. representante da equipe técnico-administrativa;V. representante da equipe auxiliar operacional;VI. representante dos discentes (alunos);VII. representante dos pais ou responsáveis pelo aluno;VIII. representante do Grêmio Estudantil;IX. representante dos movimentos sociais organizados da comunidade (Associação de Pais, Mestres e Funcionários, Associação de Moradores, Igrejas, Unidades de Saúde etc.).Art. ... O Conselho Escolar é regido por Estatuto próprio, aprovado por 2/3 (dois terços) de seus integrantes.(Caderno de Apoio para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. –Curitiba, 2007.)

A APMF ( Associação de Pais , Mestres e Funcionários) – Instância

de representação que pode ser assim definida:

Art. ... A Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF ou similar, pessoa jurídica de direito privado,é um órgão de representação dos Pais, Mestres e Funcionários do estabelecimento de ensino, sem caráter político partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os seus dirigentes e conselheiros, sendo constituída por prazo indeterminado.Parágrafo Único – A APMF é regida por Estatuto próprio, aprovado e homologado em Assembléia Geral, convocada especificamente para este fim.(Caderno de Apoio para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. –Curitiba, 2007.)

AS REUNIÕES PEDAGÓGICAS /ADMINISTRATIVAS - Além de estar

representados nessas duas instâncias legais, os pais têm o direito e o

dever de participar das reuniões pedagógicas e administrativas,

realizadas periodicamente nas escolas, onde são tratados assuntos de

relevância da instituição e onde pode tomar conhecimento de aspectos

vida escolar de seu(s) filho(s), bem como conhecer melhor seus

professores e com eles procurar soluções para eventuais problemas.

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4.3 REFLETIR E PROPOR

Agora que já conversamos sobre as formas de participação na

escola, cada grupo vai discutir se em nossa escola a participação tem sido

facilitada, respondendo às seguintes questões:

Os pais ficam cientes das reuniões e eventos da escola? Quais

são as formas que a escola usa para entrar em contato com os pais?

Quando procuram a escola, os pais são bem acolhidos?

Podem expressar-se livremente nas reuniões em que participam?

Que sugestões cada grupo teria para que a comunicação entre

pais e escola fosse melhorada?

4.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugestões de leitura: “ Educação: mobilizar para melhorar” Jacir

Venturi, jornal Folha de Londrina 01/08/07 – 1º caderno, p.2. “ A

presença da participação - pessoal escolar reclama da falta de

participação dos pais... mas a família diz que ajuda os filhos em casa, sim,

p. 39 a 44 do livro “Qualidade do Ensino: a contribuição dos pais”, de

Vitor Paro, “ Participar para melhorar” , Mundo Jovem, fev/2001.

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UNIDADE V

5 DIVIDINDO PARA SOMAR

Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem,

uma recompensa ou um castigo. "

( J. Petit Senn )

5.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

Qual a medida entre participar da vida escolar do filho e assumir

tarefas que não são suas?

Ajudar a fazer tarefas, sim ou não?

No meu tempo não se ensinava assim, devo ensinar de outro jeito?

Se não sei nem para mim, como posso ajudar?

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Não concordo com o que o professor falou, e aí?

5.2 INDO MAIS FUNDO

Família e escola, as duas maiores responsáveis, em nossa

sociedade, pela educação de crianças e adolescentes, não raras vezes,

desentendem-se sobre o que deve ser feito e a forma de fazê-lo, é

importante lembrar, que embora tenham o mesmo objetivo final, seus

papéis são diferentes. Em uma proposição bastante simplista

poderíamos dizer que enquanto a família, primeiro núcleo de convivência

da qual o ser humano faz parte e seu mais forte vínculo durante toda a

sua existência, tem função de cuidar, proteger, incutir valores e formar as

bases da personalidade, a escola é a instituição criada para,

principalmente, transmitir o saber acumulado pela humanidade às novas

gerações.

“ É função dos pais cuidar e preparar seu filho para se inserir no mundo, favorecendo sua formação ética, moral, e lhe passando informações úteis para lidar com a vida e suas vicissitudes. Tomando uma máxima lacaniana, “ o outro nos constitui”, diremos que os pais têm a tarefa de significar seu filho. A escola também deve contribuir para este desenvolvimento em todos os níveis, físico, cognitivo, emocional, espiritual, aconteça. Como dizia Paulo Freire, “ninguém educa ninguém”, porém, a missão maior daqueles que se envolvem no processo educativo de uma criança é facilitá-lo. Tudo sempre permeado pelo amor, aqui entendido como atenção, cuidado carinho, segurança e limites .” (Câmera, M.C.O. “Somos quem fomos”. Mundo Jovem. Ano XL, nº325, abr/02. p.5)

Nos parece não restar qualquer dúvida sobre a importância que

família e escola têm na vida de qualquer criança ou jovem, restando

“aparar algumas arestas na relação entre ambas para que elas consigam

dar conta de suas funções.” Tendo a certeza de que a maioria dos pais

quer participar da vida escolar do(s) filho(s) e , em muitas ocasiões têm

dúvidas em como fazer isto, procuraremos, de forma bastante sucinta,

falar o que pensamos ser função dos pais para que eles contribuam para

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a boa formação escolar de seu(s) filho(s):

A escola espera que os pais:

• Valorizem a educação escolar, deixando claro ao filho que

estudar é um direito e também um dever que ele deve cumprir

da melhor maneira possível;

• Incentivem o hábito da leitura, ressaltando sua importância

para a aprendizagem de qualquer conteúdo;

• Cuidem da freqüência escolar, permitindo apenas as faltas com

motivos que as justifiquem;

• Comuniquem à escola afastamentos que venham a ocorrer;

• Supervisionem a arrumação da mochila quando sentirem que

há necessidade, pois existem crianças e/ou adolescentes que

têm dificuldades para organizar seus materiais e acabam

levando materiais que não são necessários e esquecendo, por

exemplo, livros didáticos que farão falta para seus estudos;

• Demonstrem interesse pela vida escolar do filho, fazendo

perguntas e pedindo a ele que conte o que aconteceu na

escola ;

• Reforcem a importância do uso do uniforme, se a escola assim

o exige, e também que chegue no horário correto para o início

das aulas, evitando também causar tumulto em sua entrada;

• Criem juntos um combinado para aos estudos em casa, um

cantinho ( uma mesa, uma escrivaninha,) que em determinado

horário, todos os dias esteja preparada para que ele(a) estude.

É necessário iniciar com pouco tempo para que a rotina se

estabeleça paulatinamente;

• Elogiem os progressos que ocorram, critiquem quando

necessário, sem ofender o filho ou compará-lo com outra

pessoa (irmão, primo, colega...), a comparação só servirá para

duas coisas: desanimá-lo quando ele for considerado “menos”

que o outro e deixá-lo cheio de si quando for considerado

“mais”. A comparação só pode ser feita em relação a ele

mesmo, se avançou ou não em relação ao que era no início do

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ano, por exemplo;

• Valorizem a pessoa e a função do professor, reafirmando a

importância que este profissional tem para a formação de

crianças e jovens;

• Compareçam a escola sempre que for solicitado, ou mesmo

que não o seja, fazendo isso por iniciativa própria, se achar

necessário;

• Insistam na importância do bom relacionamento e do respeito

às pessoas, (professores, colegas, funcionários da escola) tanto

nos gestos quanto nas palavras, lembrando-se sempre que

quem educa é espelho e deve cuidar para que suas atitudes

não desmintam suas palavras.

Além das recomendações gerais, aos pais que têm seus filhos

estudando na 5ª série, é aconselhável mais atenção, pois as modificações

que são introduzidas na vida escolar nesse momento podem trazer

dificuldades para algumas crianças que ficam atônitas com vários fatos:

a diminuição do vínculo com o professor, antes era único (geralmente do

sexo feminino) , agora são nove, num entra e sai de professores e

matérias diferentes pela sala de aula a cada 50 minutos, as solicitações

de trabalhos feitas, o ritmo de trabalho um pouco mais acelerado. Por

tudo isso, é necessário verificar se a criança precisa de uma ajuda extra

para organizar-se e dar conta de suas atribuições.

Chegou o momento de falar das tarefas escolares, chamadas por

alguns de “para casa” e que tem sido ao longo do tempo, motivo de

preocupação e algum desentendimento entre pais, alunos e professores.

A lição de casa tem sido objeto de preocupação e de muito desentendimento entre a família e a escola. Para ser mais precisa, o desencontro acontece entre os professores e seus alunos, entre os alunos e seus pais e entre pais e os professores.” ( Isabel Parolin)

É necessário deixar claro que além de ser importante para fixar

conteúdos já trabalhados em sala de aula, verificar como está a

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aprendizagem de determinado assunto ou mesmo despertar a

curiosidade para um tema que ainda será estudado, a tarefa também

pode ser realizada de maneira mais tranqüila se os pais tiverem maior

segurança sobre o que se espera deles. Usando como referência texto

de Isabel Parolin (2005) daremos algumas indicações de como agir em

relação às tarefas escolares:

• A criança e/ou jovem deve saber que a responsabilidade de

realizar a tarefa é dele e não de outra pessoa, portanto, não é

necessário que mãe, pai ou qualquer outra pessoa saibam o

conteúdo que o aluno está estudando;

• Poderão ser feitas perguntas que ajudem o aluno a organizar

seu pensamento, a achar o caminho para o trabalho. Lembre-

se: só faça isso se for solicitado;

• Corrigir a tarefa é trabalho para o professor, se houver

discordância de sua parte, é totalmente válido ir até ao colégio,

conversar com o professor sobre suas dúvidas, sem, no

entanto, precipitar-se em dizer que “tal professor está

ensinando errado”;

• Encare os erros naturalmente, eles fazem parte do processo de

aprendizagem( lembra-se dos tombos ao aprender andar de

bicicleta?) O professor deve tomar conhecimento deles, pois

assim poderá agir no sentido de ajudar seu filho a superá-los;

• Incentive seu filho a cumprir suas obrigações da melhor

maneira possível, exigindo sempre, mas de forma carinhosa, o

melhor que ele pode dar e reconhecendo nele alguém com

possibilidades e limites.

5.2.1 Para descontrair

Todos sabem que escola é lugar onde somos sempre avaliados, e

vocês, pais, irão colocar-se no lugar de alunos e realizar uma prova para

saber como estão desempenhando suas funções em relação à vida

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educacional de seu(sua) filho(a). Vocês responderão às questões abaixo,

cada pergunta respondida de forma positiva vale um ponto. No final está

o resultado. Importante: Não é necessário contar o resultado para

ninguém, só você saberá se foi aprovado ou não. Não vale faltar com a

verdade, ok ? BOA SORTE !!

AUTO-AVALIAÇÃO PARA PAIS:

1- Sei em que série meu (minha) filho (a) estuda atualmente?

2- Sei os nomes de, pelo menos, 3 de seus professores?

3- Freqüentemente faço perguntas sobre seu dia na escola?

4- Vejo seus cadernos com freqüência?

5 - Observo-o (a) na saída para a escola, se está com seus

materiais, uniformizado e/ou se suas roupas são adequadas para ir à

escola?

6 - Incentivo-o (a) a ser pontual em seus compromissos escolares?

7- Faço elogios quando ele (a) realiza suas atividades dando o

melhor de si?

8- Lembro-lhe de suas responsabilidades sempre que percebo que

ele (a) não as tem cumprido?

9 - Cobro a entrega de trabalhos solicitados e a realização das

tarefas?

10 - Lembro sempre de dizer que o (a ) amo e que por isso

preocupo-me tanto com ele(a)?

Será que passei?!

RESULTADO:

De 0 a 3 acertos: Você precisa aplicar-se um pouco mais,

questões importantes estão sendo deixadas de lado. Sabemos que você

o(a) ama, mas lembre-se que amar é cuidar.

De 4 a 7 acertos: Você teve um bom desempenho, tem seus

“pecados”, mas pode ser perdoado(a) se levar-se em consideração as

atribulações da vida atual.

De 8 a 10 acertos: Parabéns! Você está indo muito bem,

demonstrando através de suas atitudes, que está sempre presente na

vida de seu (sua) filho(a).

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5.3 REFLETIR E PROPOR

A escola já colocou aos pais o que espera deles. Agora é a vez de

vocês. Cada grupo discutirá e deverá escrever (ou mesmo falar) sobre “ O

que os pais esperam da escola”

5.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugestões de leitura: “ Fortalecer família para uma sociedade

melhor”- Jornal “Folha de Londrina, 26/08/07 – Editorial,p.2 . “ Escola e

família: parceiras na educação” – Revista Atividades e Experiências – Ed.

Positivo, nº 2- junho /2004 – p. 40/1. “ Educação dos pais e educação da

escola, Mundo Jovem, fev/02.

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UNIDADE VI

6 FAMÍLIA, SÓ MUDA O ENDEREÇO

Os parentes mortos e vivos.

Já não distingo os que se foram dos que restaram.

Percebo apenas a estranha idéia de família

Viajando através da carne.

(Retrato de família- Carlos Drummond de Andrade)

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6.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

A família sempre existiu? Sempre foi como é hoje ou sofreu e

sofre mudanças através do tempo?

Por que será que existem problemas em minha família? Parece

que as outras famílias vivem tão bem?

Por que meus filhos brigam entre eles, mas se alguém mexe com

um irmão o outro “vira fera” ?

6.2 INDO MAIS FUNDO

Estas e muitas outras perguntas podem nos ocorrer quando

falamos de família, o primeiro e mais importante grupo social do qual

fazemos parte. São pessoas que , geralmente, ligados por laços de

sangue, vivem sob o mesmo teto, e que, idealmente, se amam e

oferecem proteção e carinho mútuos aos seus membros.

Para falar sobre a família de hoje vamos conversar um pouco sobre a

família histórica. Segundo Ana Mercês Maria Bock (2002), o antropólogo

americano L.H. Morgan demonstrou em suas pesquisas que desde o início

da humanidade encontraremos vários tipos de família:

Família consangüínea – onde irmãos e irmãs carnais e colaterais

casavam-se no interior de um grupo;

Família punaluana – onde ocorria o casamento de várias irmãs,

carnais e colaterais, com os maridos de cada uma das outras, e os irmãos

também se casavam com as esposas dos irmãos;

Família sindiásmica ou de casal – o casamento entre casais, mas

sem a obrigação de morarem juntos;

Família patriarcal – o casamento de um só homem com diversas

mulheres;

Família monogâmica – ( a mais comum hoje em nossa sociedade),

baseada no casamento de duas pessoas, com a obrigação de coabitarem,

a presença da fidelidade, o controle do homem sobre mulher e filhos,

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dando ao homem a certeza da paternidade para poder garantir ao filho a

herança dos bens conseguidos.

Percebemos assim que a família nasceu, historicamente, para

cumprir uma função social, garantir o direito de propriedade das classes

superiores e a formação de trabalhadores nas classes subalternas.

Atualmente, a formação familiar tradicional, pai, mãe e sua prole,

tem sofrido grandes alterações: descasamentos e novos casamentos

levam à formação de novas famílias , que juntam sob o mesmo teto os

filhos dos casamentos anteriores e os filhos que possam vir do novo casal,

a família chefiada por mulheres , a família grande, a família de filho único,

netos que residem com os avós e são cuidados por eles, e mais

recentemente, a família formada por casais de homossexuais. São

muitos os arranjos familiares, no entanto, todas são famílias e, por isso,

extremamente importantes na formação do ser humano.

“Não podemos nos esquecer de que a família – lugar reconhecido como de procriação – é responsável pela sobrevivência física e psíquica das crianças, constituindo-se no primeiro grupo de mediação do indivíduo – daquele bebê, que está ali no berço – com a sociedade. É na família que ocorrem os primeiros aprendizados dos hábitos e costumes da cultura. [...] A família, do ponto de vista da cultura , é um grupo tão importante que, na sua ausência, dizemos que a criança ou adolescente precisam de uma “família substituta”, ou devem ser abrigados em uma instituição que cumpra as funções de cuidado e de transmissão dos valores e normas culturais – condição para a posterior participação na coletividade. ( Ana Mercês Bahia Bock, Odair Furtado, Maria de Lordes Trassi Teixeira)

Embora sabendo da importância que a família tem, é preciso

reconhecer que são muitas as dificuldades enfrentadas pelas famílias

atualmente para levar adiante a educação de seus filhos, os

causadores destas dificuldades são fatores externos à família ( problemas

econômicos, políticos, sociais) e também fatores internos ( falta de tempo

e/ou compromisso na educação dos filhos, dificuldades de

relacionamento, violência doméstica, famílias desestruturadas e muitos

outros). Embora saibamos que os problemas sempre existiram, eles

parecem avolumar-se em nossa época, a maioria dos pais vive em estado

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de grande preocupação com as variadas dificuldades que podem ser

encontradas pelos filhos. O uso de drogas lícitas ou ilícitas, dificuldades

escolares , e também na escolha e exercício da profissão, gravidez e

paternidade precoces e violência são os problemas mais recorrentes.

Essas preocupações foram confirmadas por uma pesquisa

realizada em março de 2005 ( MORIYA, VARGAS E MATSUO) com pais de

alunos adolescentes do Colégio Estadual Marcelino Champagnat, em

Londrina, os medos que os pais revelaram, foram, pela ordem de

ocorrência: Drogas, mau desempenho escolar e desemprego, sexualidade

sem proteção e gravidez precoce, suicídio, agressividade, violência e

delinqüência, homossexualismo.

Em seguida, os pesquisadores perguntaram aos pais sobre o que

poderiam fazer para ajudar os filhos adolescentes, as três principais

respostas ( que juntas chegaram à 89,4% das respostas dadas) foram: “

através do diálogo, ouvindo seus pontos de vista, tratando os filhos com

respeito” (74,1%), “ procurando orientação na escola, igreja, com outros

pais e profissionais” (12,9%) e “sendo mais firmes nos limites” (2,4%).

Refletindo sobre o que lemos, percebemos como é grande ,

importante e duradoura a missão de ser pai, falando sobre isso o escritor

Mário Prata, que não perde a oportunidade de uma brincadeira, declarou

em uma entrevista: “ ser pai é bom, só que dura muito”. Mas, embora

seja enorme responsabilidade , tarefa das maiores, ela certamente traz

momentos de genuína alegria , temos a certeza que a maioria dos filhos,

se forem cuidados e amados, passam por crises normais da vida , mas se

forem convidados a falar sobre seus sentimentos em relação ao seu

grupo familiar, dirão mais ou menos o que disseram os jovens que deram

depoimentos a José Roberto Simão, que estão no livro “ Cidadania e ética

– Pais e filhos, a busca do equilíbrio”( 1999):

“ Meus pais não me educam para ser o primeiro, o melhor que os outros, o vencedor, o cara bem-sucedido em tudo, o grande competidor que vence todas as paradas. Meu pai e minha mãe querem que eu seja feliz e que eu seja eu mesmo. Papai sempre diz: quero um filho que tenha um coração preocupado com o bem dos outros; um filho

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solidário ao próximo, um homem honesto e justo, que supere o egoísmo. Ontem, ainda, ele e minha mãe diziam: tenha personalidade. Não siga a massa. Obedeça à voz interior. Não se preocupe com que os outros possam falar ou achar. Liberte-se da opinião dos “vizinhos”. ( Rogério,15 anos)“ Em casa meus pais costumam dizer, e é verdade, que todos aprendem com todos. Temos um compromisso: um ajuda o outro a crescer. Os pais também têm o que aprender conosco.Outro ponto que eu gostaria de mencionar: meus pais colocam limites numa boa. São firmes, quando necessário.Um terceiro ponto: acho legal a vivência religiosa que nossos pais nos passam. O respeito a Deus e ao próximo, o senso de justiça, a generosidade e a preocupação com as pessoas necessitadas. Aprendemos a ver Deus no próximo, sobretudo nos mais excluídos... (Marcello, 17 anos)

Certamente pais de quem os filhos tenham opiniões parecidas com

as que foram manifestadas por estes dois jovens, e que são a maioria,

temos certeza, sentirão que a tarefa a que se propuseram ao tornarem-

se pais foi cumprida com êxito e quando olharem para eles sentirão que

valeram a pena todo o tempo, cuidado e amor dedicados , pois isto foi

fundamental na formação dos adultos em que se transformaram seus

filhos.

6.3 REFLETIR E PROPOR

Em pequenos grupos, os pais trocarão idéias de como sentem em

sua função de pais, serão incentivados a conversar, mas também

respeitados em seu silêncio.

6.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugestões : “10 mandamentos para a paz na família”, folder da

Pastoral da Criança, “ Os direitos dos pais” , Moacyr Scliar. Jornal Zero

Hora, Porto Alegre, 27/08/89, “ Educação - Direitos e deveres para viver

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em harmonia”, Silvana Leão, Jornal “ Folha de Londrina, Folha Cidades,

p.3 16/03/05.

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UNIDADE VII

7 ADOLESCENTE, QUEM É ELE?

“ Quando eu tiver setenta anos

Então vai acabar esta adolescência

Vou largar da vida louca

e terminar minha livre docência”

(Paulo Leminski)

7.1 PARA COMEÇAR A CONVERSAR

O que é a adolescência?

O que é normal nesta fase da vida?

Por que adormeci com uma criança e amanheci com um (a)

moço(o) em casa?

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Por que em alguns momentos ele (a) me beija e acaricia e logo em

seguida responde mal ao que lhe pergunto?

7.2 INDO MAIS FUNDO

Legalmente ela ocorre entre os doze e os dezoito anos. O ECA

( Estatuto da Criança e do Adolescente), em seu Art. 2º, diz: “ Considera-

se criança para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade

incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.”

A OMS ( Organização Mundial de Saúde) classifica como adolescente a

pessoa que tem entre dez e vinte anos de idade. É correto afirmar que

não há clareza quanto ao período de duração da adolescência, não sendo

possível demarcar com exatidão a partir de que momento a criança passa

a ser adolescente e também em que momento deixa a adolescência para

ser adulto. Embora conscientes da dificuldade de estabelecer a duração

cronológica da adolescência, podemos dizer que falaremos da etapa da

vida humana que marca, em nossa sociedade, a passagem da infância

para a vida adulta. É um período que dura alguns ano e é marcado por

turbulências, transformações físicas e emocionais e que, constantemente,

traz algumas dificuldades para os próprios adolescentes e também para

seus educadores, tanto pais como professores. No entanto, se ela,

adolescência, for encarada como um período pelo qual todos passamos,

e que certos acontecimentos dessa fase são naturais , teremos mais

calma e segurança para agir em relação à educação de nossos jovens. As

transformações físicas e psicológicas que ocorrem na adolescência são

muito rápidas e assustam não somente aos pais e outras pessoas que

convivem com o adolescente, como também ao próprio jovem, que

embora não manifeste sua insegurança, também fica perdido diante da

velocidade com que as mudanças ocorrem. Algumas características

desta fase: irritabilidade, rebeldia, instabilidade de humor, insegurança,

por exemplo, estão presentes no comportamento da maioria dos

adolescentes, e podem ser encaradas como sinal de normalidade, não

podemos, no entanto, aceitar atitudes que cheguem ao extremo,

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devemos colocar ao jovem que o compreendemos e estamos com ele em

sua angústia, mas não aceitaremos que ele aproveite-se disto para

tornar-se uma pessoa com comportamentos altamente condenáveis,

como tem sido comum observarmos acontecer com jovens que agem de

uma forma como se apenas eles existissem no mundo. O psicólogo

americano Larry Waldman(1997), em seu livro “ E agora? Tenho um filho

adolescente” destaca pontos importantes a serem lembrados aos pais de

adolescentes que desejam viver esta fase com menos desgaste. Segundo

ele, além de entender a importância que as mudanças físicas e

emocionais têm no período, ele afirma que os pais devem saber e

procurar aceitar que na adolescência a sua influência sobre o filho

diminui, afinal eles passam a enxergar os pais como são na realidade e

não como os heróis que viam quando crianças, a influência maior passa a

ser o grupo de amigos. É preciso saber também que na busca de sua

identidade, é natural que o jovem desafie a figura dos pais e autoridades.

Diz o autor que é inútil tentar forçar o jovem a fazer o que ele não tenha

decidido fazer e, finalmente, lembra que os pais devem ter expectativas

realistas sobre seus filhos adolescentes.

7.3 REFLETIR E PROPOR

“... Minha dor é perceber

Que apesar de termos

Feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos como nossos pais”

(Belchior)

“PAIS: ACREDITEM

Acreditem quando os vizinhos ou parentes distantes elogiarem seu filho ou filha,

aquele mesmo, que aos seus olhos parece que não vai dar em nada, pois em

casa não consegue demonstrar nada de positivo.

É que ele ainda não pode mostrar em casa aquilo que aprendeu com os pais.”

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(Revista Vir a Ser)

Após ler e conversar sobre os dois fragmentos acima, dois grupos

serão formados. Um deles fará considerações sobre a juventude de seu

tempo (como era, se havia desentendimento com os pais, se tentavam

fazer o que não era permitido...) o outro fará a mesma coisa em relação à

juventude de hoje.

Após a realização da atividade, haverá a seguinte discussão: os

jovens de hoje e os de antigamente são muito diferentes ? A sociedade é

muito diferente hoje se comparada à de 30 anos atrás?

Criar sugestões de como viver em maior harmonia com

adolescentes, procurando delimitar o que devemos aceitar como normal

para esta fase, o que deve causar alguma preocupação e o que justificaria

que os pais buscassem ajuda de outras pessoas.

Na atividade seguinte, cada grupo de pais se reunirá e fará lançará

perguntas (escritas ou orais) sobre as questões que trazem

preocupações na educação dos filhos. Todas as questões serão

discutidas em grupo, buscando-se também orientações nos materiais

escritos a disposição do grupo.

7.4 PARA CONTINUAR O ASSUNTO

Sugestões “ Situação do jovem em nossa sociedade” , Ana Mercês

Bahia Bock, Odair Furtado e Maria de Lourdes Trassi Teixeira. “A

transformação”, Nivaldo Lariú, p.15. “ Por que os filhos usam drogas?

Jornal da Saúde”, mai/02 “Valorizar a saúde se aprende com os pais,

Rosely Sayão”, “ Uma declaração de guerra à sociedade, Revista Crescer,

out/06, “ O primeiro porre pode ser um alerta, Revista Crescer, set/95. “

Educação sexual do adolescente - a contribuição da família e da escola,

Mundo Jovem, fev/03”, “ Ética e estética corporal”, Mundo Jovem, abr/97”

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7.5 PARA TERMINAR

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,

ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela

tampouco a sociedade muda

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Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não com a sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente

nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o que fazemos

Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a

mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.”

( Paulo Freire )

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FOTOS:

Fotos : Silmara de Souza Machado

ILUSTRAÇÕES: Luiz Carlos Pedroso, feitas para este trabalho.

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