ana flÁvia amaral cypriano rodrigues a …
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE DE MACAÉ
DEPARTAMENTO DE DIREITO
ANA FLÁVIA AMARAL CYPRIANO RODRIGUES
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: A
FEDERALIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
MACAÉ - RJ
2018
ANA FLÁVIA AMARAL CYPRIANO RODRIGUES
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: A
FEDERALIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Graduação de Direito do Instituto
de Ciências da Sociedade de Macaé da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Dr. Heron Abdon Souza
MACAÉ - RJ
2018
ANA FLÁVIA AMARAL CYPRIANO RODRIGUES
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: A
FEDERALIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Graduação de Direito do Instituto
de Ciências da Sociedade de Macaé da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Aprovação em: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Heron Abdon Souza – UFF (Orientador)
___________________________________________________________________
Prof. Dra. Fabianne Manhães – UFF (Banca Examinadora)
___________________________________________________________________
Mestrando Lucas Pontes – UFF (Banca Examinadora)
MACAÉ –RJ
2018
Ficha catalográfica automática - SDC/BMAC
Bibliotecária responsável: Fernanda Nascimento Silva - CRB7/6459
R696i Rodrigues, Ana Flávia Amaral Cypriano
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: A
FEDERALIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA / Ana Flávia Amaral
Cypriano Rodrigues ; Heron Abdon Souza, orientador. Macaé,
2018.
66 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito)-
Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências da
Sociedade, Macaé, 2018.
1. Intervenção do estado. 2. Segurança pública. 3.
Produção intelectual. I. Título II. Souza,Heron Abdon,
orientador. III. Universidade Federal Fluminense. Instituto de
Ciências da Sociedade. Departamento de Direito.
CDD -
Dedico este trabalho à minha família, e
especialmente à minha mãe, que sempre me
apoiou durante toda a faculdade e incentivou
meu crescimento profissional.
RESUMO
A Constituição Federal de 1988 determina a autonomia dos Entes Federativos como regra,
ressaltando a possibilidade, em situações excepcionais, de uma intervenção federal nos
Estados e Municípios. Em face aos altos índices de violência e com o objetivo de contê-los,
pela primeira vez após a Constituição de 1988, foi decretada no Estado do Rio de Janeiro uma
intervenção federal. Desse modo, o Decreto de intervenção limitou-se à área de segurança
pública, com a nomeação de um interventor de natureza militar para o cargo e a atuação das
forças armadas militares no Estado. Assim, busca-se fazer uma análise dessa intervenção
federal na área de segurança pública, bem como seus resultados e conseqüências no Estado do
Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Intervenção Federal; Rio de Janeiro; Segurança Pública
ABSTRACT
The Federal Constitution of 1988 determines the autonomy of the Federative Entities as a
rule, highlighting the possibility, in exceptional situations, of a Federal Intervention in the
States and Municipalities. In the face of high levels of violence and with the objective of
containing them, for the first time after the 1988 Constitution, a federal intervention was
decreed in the State of Rio de Janeiro. Thus, the intervention decree was limited to the area of
public security, with the appointment of an interventor of a military nature for the position
and the military armed forces in the State. So, it is sought to make an analysis of this federal
intervention in the area of public security, as well as its results and consequences in the State
of Rio de Janeiro.
Keywords: Federal Intervention; Rio de Janeiro; Public Security
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10
1 TRAJETÓRIA CONSTITUCIONAL DA INTERVENÇÃO FEDERAL NO PAÍS.....12
1.1 INTERVENÇÃO FEDERAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA...........................................12
1.1.1 Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro em 1923........................................13
1.1.2 Intervenção no Estado da Bahia em 1920 e 1924.......................................................14
1.2 INTERVENTORES FEDERAIS NA ERA VARGAS.......................................................16
1.3 INTERVENÇÃO FEDERAL EM 1957 NO ESTADO DE ALAGOAS...........................17
1.4 A INTERVENÇÃO FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988.....................................19
1.4.1 Pressupostos e Requisitos para Intervenção Federal nos Estados...............................19
1.4.1.1 A Intervenção nos Municípios..........................................................................21
1.4.2 Quase casos na vigência da Constituição de 1988......................................................22
1.4.2.1 IF 114 Mato Grosso do Sul...............................................................................22
1.4.2.2 IF 4.822 no Distrito Federal..............................................................................23
1.4.2.3 IF. 5.129 em Rondônia......................................................................................24
2 INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM 2018............24
2.1 ANTECEDENTES..............................................................................................................25
2.1.1 Garantia da Lei e da Ordem........................................................................................25
2.1.2 Contexto Social e Político do Estado..........................................................................26
2.2 DECRETO DE INTERVENÇÃO FEDERAL...................................................................28
2.3 PROCEDIMENTOS JURÍDICOS......................................................................................31
2.3.1 Votação de Projeto de Emenda à Constituição...........................................................32
2.4 A MILITARIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO.....................................................................34
3 AÇÕES E RESULTADOS..................................................................................................37
3.1 PLANO ESTRATÉGICO, ORÇAMENTO E METAS......................................................37
3.2 MEDIDAS..........................................................................................................................39
3.2.1 Criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública......................................41
3.3 CONSEQUÊNCIAS...........................................................................................................43
3.3.1 Balanço estatístico.......................................................................................................43
3.3.1.1 Crime de Homicídio Doloso.............................................................................44
3.3.1.2 Crime de Roubo................................................................................................46
3.3.1.3 Crime de Roubo de Celulares............................................................................48
3.3.1.4 Crime de Roubo de Veículos............................................................................49
3.3.1.5 Crime de Roubo a Pedestres..............................................................................51
3.3.1.6 Crime de Roubo de Carga.................................................................................52
3.3.1.7 Apreensão de Armas.........................................................................................54
CONCLUSÃO.........................................................................................................................56
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................57
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Mapa do Estado do Rio de Janeiro e sua divisão de regiões, conforme dispõe a
ISP/RJ. ................................................................................................................................. 44
Gráfico 1 - Taxa do crime de homicídio doloso no Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 45
Gráfico 2 - Taxa do crime de homicídio doloso nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no
período de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................... 46
Gráfico 3 - Taxa do crime de roubo no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. ................................................................................................... 47
Gráfico 4 - Taxa do crime de roubo nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 48
Gráfico 5 - Taxa do crime de roubo de celulares no Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 48
Gráfico 6 - Taxa do crime de roubo de celulares nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no
período de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................... 49
Gráfico 7 - Taxa do crime de roubo de veículos no Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 50
Gráfico 8 - Taxa do crime de roubo de veículos nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no
período de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................... 50
Gráfico 9 - Taxa do crime de roubo a pedestres no Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 51
Gráfico 10 – Taxa do crime de roubo a pedestres nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no
período de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................... 52
Gráfico 11 - Taxa do crime de roubo de carga no Estado do Rio de Janeiro no período de
Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. .................................................................................... 53
Gráfico 12 - Taxa do crime de roubo de carga nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no
período de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................... 53
Gráfico 13 - Taxa de apreensão de armas no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. ................................................................................................... 54
Gráfico 14 - Taxa de apreensão de armas nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período
de Janeiro a Setembro de 2014 a 2018. ................................................................................ 55
10
INTRODUÇÃO
Em contrapartida ao princípio da autonomia dos Entes Federativos, a Constituição
Federal de 1988 estabeleceu a possibilidade de Intervenção Federal nos Estados, passando a
União a administrá-los. No entanto, a ocorrência de uma intervenção federal é limitada para
alguns casos específicos e excepcionais, além de conter certos requisitos para seu
implemento.
Ocorre que pela primeira vez foi decretada uma intervenção federal em um estado
após a Constituição Federal de 1988. Com o objetivo de pôr termo a grave comprometimento
da ordem pública, na área de segurança pública, no estado do Rio de Janeiro, a intervenção
federal foi instituída através do Decreto nº 9.288, de 16 de Fevereiro de 2018.
Ao ter uma intervenção federal restrita à segurança pública, há uma federalização
desta área, ainda que temporária, sem que haja uma flexibilização de direitos. É uma questão
voltada para a gerência e administração pública, tal que sequer é possível que ocorra alteração
na Constituição durante uma intervenção federal.
Diante disso, a presente monografia tem por objetivo analisar o instituto da
Intervenção Federal, examinando a intervenção no Estado do Rio de Janeiro na área da
segurança pública desde os antecedentes que ensejaram sua decretação até seu resultado.
Assim, procura-se compreender se de fato tal medida foi eficiente no combate à
violência do Estado do Rio de Janeiro e, nesse caso, se as medidas adotadas para tal fim foram
suficientes para a redução da violência durante o período da intervenção, bem como quais
foram as consequências para o Estado.
Como o tema do trabalho está em vigor atualmente, a metodologia de pesquisa será
feita no decorrer do desenvolvimento da monografia. Seguindo essa linha, para atingir os
objetivos propostos, será feita uma análise de dados estatísticos e das medidas feitas pelo
Governo para que a intervenção se mostre efetiva ou não, usando o método quantitativo e
qualitativo, bem como pesquisa de dados, notícias, documental e pesquisa bibliográfica.
O primeiro capítulo abordará a evolução da Intervenção Federal no país, permeando
sua implementação ao longo da história, assim como os pressupostos e requisitos para a
intervenção já na Constituição Federal de 1988.
Num segundo momento, o próximo capítulo tem como pilar principal a Intervenção
Federal no Estado do Rio de Janeiro, versando sobre os antecedentes que ensejaram a
intervenção, como ocorreu a decretação, seus procedimentos jurídicos, assim como o caráter
11
militar do instituto. Ademais, traz uma análise acerca da possibilidade de tramitação de
emendas à Constituição durante a vigência da intervenção.
Por fim, o último capítulo será feito um estudo das ações feitas pelo Estado para dar
efetivação à intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, transpondo as medidas
realizadas na vigência deste, como a criação do Ministério da Segurança Pública. Além disso,
o estudo abrangerá os balanços estatísticos, os dados, e os impactos ao Estado, mostrando se
realmente houve a redução da violência durante o período da intervenção federal.
12
1 TRAJETÓRIA CONSTITUCIONAL DA INTERVENÇÃO FEDERAL NO PAÍS
1.1 INTERVENÇÃO FEDERAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA
Durante a Primeira República, a intervenção federal nos estados serviu
principalmente como controle político para com as oligarquias locais.
A Carta de 1891 figurou a intervenção federal de modo semelhante a que
conhecemos. Era uma medida excepcional, tendo como regra a independência dos Estados
frente à União quanto aos assuntos de sua competência.
O art. 6º da Constituição de 1891 estabelecia a intervenção federal, nestes moldes:
Art. 6º O Governo Federal não poderá intervir em negócios peculiares aos Estados,
salvo:
1º Para repelir invasão estrangeira, ou de um Estado em outro;
2º Para manter a forma republicana federativa; 3º Para restabelecer a ordem e a tranquilidade nos Estados, a requisição dos
respectivos governos;
4º Para assegurar a execução das leis e sentenças federais1.
Percebe-se que a Constituição abrangia somente as hipóteses de intervenção federal,
excluindo outros aspectos, a exemplo de qual poder possuía a capacidade de decisão acerca da
intervenção, bem como a questão da pessoa do interventor.
Somente após a reforma constitucional de 1926 é que a intervenção federal foi
melhor descrita, sendo inclusive mais específica quanto ao seu cabimento:
Art.6º - O Governo federal não poderá intervir em negocios peculiares aos Estados, salvo: (Redação dada pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
I - para repelir invasão estrangeira, ou de um Estado em outro; (Incluído pela
Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
II - para assegurar a integridade nacional e o respeito aos seguintes principios
constitucionaes: (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
a) a forma republicana; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de
1926)
b) o regime representativo; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro
de 1926)
c) o governo presidencial; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro
de 1926)
d) a independência e harmonia dos Poderes; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
e) a temporariedade das funcções electivas e a responsabilidade dos
funcionários; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
f) a autonomia dos municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de
setembro de 1926)
1 BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Rio de Janeiro. Publicada em:
24 de fevereiro de 1891. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-
35081-24-fevereiro-1891-532699-publicacaooriginal-15017-pl.html> Acesso em: 20 nov. 2018
13
g) a capacidade para ser eleitor ou elegível nos termos da Constituição; (Incluído
pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
h) um regimen eleitoral que permitta a representação das minorias; (Incluído pela
Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
i) a inamovibilidade e vitaliciedade dos magistrados e a irreductibilidade dos seus
vencimentos; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
j) os direitos políticos e individuaes assegurados pela Constituição; (Incluído pela
Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
k) a não reeleição dos Presidentes e Governadores; (Incluído pela Emenda
Constitucional de 3 de setembro de 1926) l) a possibilidade de reforma constitucional e a competência do Poder Legislativo
para decretal-a; (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
III - para garantir o livre exercicio de qualquer dos poderes públicos estaduaes, por
solicitação de seus legítimos representantes, e para, independente de solicitação,
respeitada a existencia dos mesmos, pôr termo á guerra civil; (Incluído pela Emenda
Constitucional de 3 de setembro de 1926)
IV - para assegurar a execução das leis e sentenças federaes e reorganizar as
finanças do Estado, cuja incapacidade para a vida autonoma se demonstrar pela
cessação de pagamentos de sua dívida fundada, por mais de dous annos. (Incluído
pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
§ 1º Cabe, privativamente, ao Congresso Nacional decretar a intervenção nos Estados para assegurar o respeito aos principios constitucionaes da União (nº II);
para decidir da legitimidade de poderes, em caso de duplicata (nº III), e para
reorganizar as finanças do Estado insolvente (nº IV). (Incluído pela Emenda
Constitucional de 3 de setembro de 1926)
§ 2º Compete, privativamente, ao Presidente da República intervir nos Estados,
quando o Congresso decretar a intervenção (§1º); quando o Supremo Tribunal a
requisitar (§ 3º); quando qualquer dos Poderes Publicos estadoaes a solicitar (nº III);
e, independentemente de provocação, nos demais casos comprehendidos neste
artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional de 3 de setembro de 1926)
§ 3º Compete, privativamente, ao Supremo Tribunal Federal requisitar do Poder
Executivo a intervenção nos Estados, a fim de assegurar a execução das sentenças federaes (nº IV)2.
Ao dar autonomia aos estados, notou-se que estes poderiam sair do controle, pois a
Constituição apenas delimitava a organização federal, cabendo aos estados membros fazerem
suas leis. A partir de então, começaram a surgir tensões políticas, decorrente das disputas de
poder, dada a nova implementação da forma republicana no Estado, que em dado momento se
intensificaram, passando a União a intervir nos estados efetivamente.
1.1.1 Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro em 1923
O primeiro a sofrer uma intervenção federal desde a promulgação da República foi o
estado do Rio de Janeiro em 1923.
Inicialmente, durante a Primeira República, houve muita tensão nas escolhas dos
presidenciáveis, especialmente entre Arthur Bernardes e Nilo Peçanha.
2 BRASIL. Emenda Constitucional de 3 de Setembro de 1926. Rio de Janeiro. Publicada em: 04 de setembro
de 1926. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon_sn/1920-1929/emendaconstitucional-
37426-3-setembro-1926-564078-publicacaooriginal-88097-pl.html > Acesso em: 20 nov. 2018
14
As oligarquias da Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul lançaram candidatura
de oposição à Arthur Bernardes, o que futuramente levou a ameaças de decretação de
intervenção federal nos estados.
Ao decorrer da campanha, Nilo Peçanha e aliados lançaram uma nova candidatura
chama de Reação Republicana, que criticava veementemente o sistema político da época.
Contudo, a partir do momento que a Reação Republicana não conseguiu ganhar a
eleição, os seus integrantes tentaram reforçaram a influência política local no Rio de Janeiro
para sinalizar oposição ao governo de Arthur Bernardes.
Foi então que houve a eleição para o governo do Rio de Janeiro, em que concorreram
Raul Fernandes, que possuía forte ligação com Arthur Bernardes, e Feliciano Sodré, sendo
que ao final da disputa, Raul foi eleito governador. Com a derrota de Feliciano para o governo
e também no Poder Legislativo, no dia da primeira sessão da assembléia, ao serem impedidos
de entrar, passaram a funcionar em outra assembléia legislativa, em Niterói.
Após, foram empossados para o cargo de governador tanto Raul Fernandes quanto
Feliciano Sodré, intensificando ainda mais a disputa política local.
Da rixa política, tanto os aliados como os oposicionistas declararam a existência de
duplicatas de governo e assembleias legislativas, visto que ambos os candidatos consideravam
a vitória na eleição para governador. Para tomar posse, o deputado eleito do Estado do Rio de
Janeiro, Raul Fernandes, impetrou um habeas corpus na Corte Suprema devido às duplicatas,
buscando ser empossado no cargo.
Apesar da concessão do habeas corpus, a decisão não foi cumprida. Devido a
continuidade da crise política, com o Decreto nº 15.922, em 10 de janeiro de 1923, o
Presidente Arthur Bernardes decretou intervenção federal3 no Estado do Rio de Janeiro.
O Congresso Nacional acabou aprovando a intervenção federal, por maioria de seus
membros. O Decreto indicou Aurelino Leal como interventor federal, que já havia ocupado
importantes cargos políticos à época. Ao final, após nova eleição, Feliciano Sodré assume o
governo do Rio de Janeiro.
1.1.2 Intervenção no Estado da Bahia em 1920 e 1924
3 BRASIL. Decreto nº 15.922/1923. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-15922-10-janeiro-1923-510462-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em: 23 nov. 2018
BRASIL. Decreto nº 15.923/1923. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-15923-10-janeiro-1923-517611-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em: 23 nov. 2018
15
Após a decretação da intervenção no Rio de Janeiro, as tensões políticas no Estado
da Bahia se intensificaram e cada vez mais os oposicionistas ao governo flertavam com a
ideia de uma intervenção federal também na Bahia.
Com a realização das eleições para governo da Bahia, ambos os candidatos ao pleito
reivindicaram a vitória para o cargo de governador4, iniciando a crise política, com
preparativos para impedir a posse do candidato a ser empossado. O então presidente da
República, Epitáfio Pessoa acabou decretando intervenção federal em 23 de fevereiro de
19205, nascendo o embate político com Rui Barbosa, líder da oposição no estado.
Essa intervenção foi fundada no art. 6º, §3º da Constituição6, no entanto, após
denúncias de líderes locais de que a intervenção estaria extrapolado seus limites, o decreto
assumiu uma condição característica de sítio, suspendendo os direitos constitucionais. Ao
final, J.J. Seabra assumiu o cargo de Governador do Estado.
De outro lado, após a primeira intervenção, ainda existia instabilidade política7,
principalmente com relação à eleição do Poder Legislativo. As eleições da Assembleia
Legislativa ocorreram normalmente, no entanto, os opositores ao governo tentaram a
realização de uma junta apuradora a fim de promover o reconhecimento dos deputados que
eram contra o governo. A partir disso, foi emitido um habeas corpus pelo suplente de juiz
Estelita Pessoa, para garantir a reunião com os deputados oposicionistas.
No mesmo sentido, ainda, o juiz Ajuricaba de Menezes enviou novamente um
habeas corpus para que os opositores ao governo pudessem se reunir na Assembleia
Legislativa. Acredita-se que esse habeas corpus foi emitido justamente para provocar uma
intervenção federal.
Decorrente disso, foi enviada ao Ministro da Justiça, João Luís Alves, o pedido de
Ajuricaba para que enviasse força federal contra o governo a fim de possibilitar a reunião.
Em sessão do STF, ambos os HC foram negados. Ocorre que subsistia a duplicidade
do Poder Legislativo Estadual, necessitando de uma unificação, sob pena de ferir a forma
4 José Joaquim Seabra, governador da Bahia por dois períodos, de 1912-1916 e de 1920- 1924 e Paulo Martins
Fontes, candidato ao Governo em 1919. 5 BRASIL. Decreto nº 14.077/1920. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-14077-23-fevereiro-1920-498465-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em: 23 nov. 2018 6 BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Rio de Janeiro. Publicada em:
24 de fevereiro de 1891. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-
35081-24-fevereiro-1891-532699-publicacaooriginal-15017-pl.html> Acesso em: 20 nov. 2018 7 O governo era disputado por Francisco Marques Góes Calmon (1874-1928), governador da Bahia no período
1924-1928 e J.J. Seabra, que reclamava o pleito.
16
republicana federativa, prevista no art. 6º da Constituição de 18918. O próprio jornal local,
Diário de Notícias Salvador, reconheceu o crime da duplicata de câmaras, afirmando ter sido
preparado de propósito, com intenção de justificar a intervenção federal da União no Estado
da Bahia.
A intervenção federal, após diversas disputas políticas locais, só foi de fato
decretada na Bahia em 19 de março de 1924 9, reafirmando o acordo dos oposicionistas e o
Presidente Artur Bernardes, que enfrentou os governantes que foram contra sua eleição, bem
como restabelecendo o Poder Legislativo. Cabe ressaltar que apesar do decreto ser pela forma
de um estado de sítio, suas características foram de uma intervenção federal, conforme aduziu
o jurista Rui Barbosa em seu livro:
Ninguém poderia sonhar que na intervenção federal esteja contido implicitamente o
estado de sítio, ou que, independentemente de o conter, com ele se iguale essa instituição, na propriedade específica de suspender as garantias constitucionais.
Ninguém o sonharia. Mas o governo atual da república assim o institui (BARBOSA,
Rui. 1975, p. 302).
Assim, a intervenção baiana de 1920 ocorreu nos moldes de um estado de sítio,
retirando as garantias e direitos constitucionais, apesar da forma de decretação ter sido de
intervenção federal, diferentemente da intervenção federal de 1924, que objetivou não apenas
conter a crise política, mas também resolver a questão jurídica das duplicatas, sendo sua
forma através de estado de sítio, exatamente o oposto.
1.2 INTERVENTORES FEDERAIS NA ERA VARGAS
Após a Revolução de 1930, ao assumir o Poder provisoriamente, Getúlio Vargas
instituiu diversos interventores federais para atuar no Estado em seu Governo Provisório.
Uma de suas primeiras medidas ao assumir o Governo, seria justamente essa
implementação de interventores para controlar o Estado, com exceção de Minas Gerais, que
teve seu governador eleito em exercício. A função do interventor nos Estados seria
semelhante a de um governador.
8 BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Rio de Janeiro. Publicada em: 24 de fevereiro de 1891. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-
35081-24-fevereiro-1891-532699-publicacaooriginal-15017-pl.html> Acesso em: 20 nov. 2018 9 BRASIL. Decreto nº 16.422/1924. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-16422-19-marco-1924-521195-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em 24 nov. 2018
17
Após a suspensão da Constituição de 1891 e o fim da Primeira República, Getúlio
assumiu os poderes até a criação de uma nova constituição, suspendendo também o
Congresso Nacional e o próprio Poder Legislativo.
Ao publicar o Decreto nº 20.348/3110, o Governo Vargas estabeleceu um código para
controlar os interventores na atuação e administração do Estado. Com isso, havia uma grande
centralização do Poder e os Estados tiveram pouca autonomia.
Diante da situação, houve um aumento de tensão por parte dos militares-
interventores, principalmente em São Paulo e das oligarquias nos Estados, o que acabou
culminando na Revolução Constitucionalista de 1932, compelindo a criação de uma
Constituinte.
Ao final, foi promulgada a nova Constituição, a de 1934, que ampliou as hipóteses de
cabimento11 de intervenção federal, em relação à última constituição.
1.3 INTERVENÇÃO FEDERAL EM 1957 NO ESTADO DE ALAGOAS
Já a intervenção federal no Estado de Alagoas em 1957 foi precedida de um pedido
de impeachment.
Iniciou-se com a vitória nas urnas em 1955 de Muniz Falcão para governador de
Alagoas pelo Partido Social Trabalhista.
No entanto, ao assumir o governo do Estado em 1956, começou a tentar implementar
medidas que confrontavam os interesses dos produtores de cana de açúcar do Estado. E,
justamente, os opositores de seu governo possuíam ligação com essa indústria.
Muniz Falcão pretendia taxar em 2% a produção de diversos produtos como arroz e
tecidos, além da produção de açúcar, com intenção de reverter o dinheiro em programas
sociais. Logo, diante do embate de interesses, foi protocolado no Poder Legislativo um pedido
de impeachment12 do governador, em 9 de fevereiro de 1957.
10 BRASIL. Decreto nº 20.348/1931. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20348-29-agosto-1931-517916-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em: 24 nov. 2018 11 BRASIL. Artigo 12 da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934. Rio de Janeiro.
Publicada em: 16 de julho 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm> Acesso em: 23 nov. 2018 12 Motivos alegados para o impeachment: 1. atentado contra o livre funcionamento da Assembleia Legislativa; 2.
emprego de ameaças para constranger Juiz de Direito a deixar de exercer seu ofício; 3. emprego de ameaças e
violências contra deputados estaduais, a fim de afastá-los da Assembleia e de coagi-los no exercício de seus
mandatos; 4. infração de lei federal de Ordem Pública; 5. realização de despesas não autorizadas por lei.
18
Após 6 meses, a tensão entre opositores e governistas aumentou cada vez mais,
existindo ameaças de ambos os lados. Em 13 de setembro, os deputados estaduais
compareceram na Assembleia Legislativa armados, inclusive com metralhadoras. Dentro da
Casa, haviam até mesmo sacos de areia servindo como trincheira.
A votação não ocorreu, pelo contrário, armas foram disparadas e pessoas restaram
feridas. Humberto Mendes, parlamentar apoiador de Muniz Falcão, faleceu. Da oposição, o
deputado Carlos Gomes de Barros também veio a falecer.
Com o ocorrido, a situação em Alagoas ficou delicada, lojas ficaram fechadas e o
medo tomou conta da cidade. Diante da repercussão, Juscelino Kubitschek, o Presidente da
República à época, decretou intervenção federal com o fito de evitar novos confrontos.
Com o Decreto nº 42.266/57 ficou instituída a intervenção federal no Estado a fim de
garantir o funcionamento da Assembleia Legislativa, não restringindo necessariamente os
poderes do Governador do Estado, foi, portanto, uma intervenção federal parcial, senão
vejamos:
Decreto nº 42.266/57. Art.1º Fica decretada, pelo prazo de sessenta dias, a
intervenção federal no Estado de Alagoas, para o fim de assegurar o livre exercício dos poderes da Assembléia Legislativa.
Parágrafo único. A intervenção não atingirá o livre exercício dos poderes dos órgãos
judiciários, nem do Governador do Estado, o qual deverá, entretanto, prestar ao
interventor tôda a colaboração de que necessitar para o desempenho da sua missão
Art. 2º O Presidente da República tornará efetiva a intervenção e nomeará o
Interventor.
Art. 3º O Interventor tomará imediatas providências, a fim de garantir o livre
exercício dos poderes da Assembléia Legislativa, e manter a ordem e a tranqüilidade
publicas.
Art. 4º O Ministro da Justiça e Negócios Interiores baixará as instruções que se
tornarem necessárias à fiel execução dêste decreto. Art. 5º Êste Decreto entra em vigor na sua data, revogadas as disposições em
contrário13.
Foi nomeado como interventor, o general Morais Ancora para o Estado de Alagoas.
Ademais, com a intervenção federal, o processo de impeachment foi votado e o governador
Falcão destituído do poder.
No entanto, a votação foi flagrantemente ilegal, não contando com a presença dos
opositores ao impeachment, sendo anulado pela Suprema Corte, posteriormente. Ao final,
Falcão retornou ao poder, sendo anistiado pelo processo que sofreu.
13 BRASIL. Decreto nº 42.266/1957. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-1959/decreto-42266-14-setembro-1957-380981-
publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em: 23 nov. 2018
19
1.4 A INTERVENÇÃO FEDERAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Atualmente encontra-se em vigor a Constituição Federal de 1988, prevalecendo a
autonomia dos Estados em seu gerenciamento e administração, cabendo-lhes a tomada de
decisão em seu âmbito. Esse princípio da autonomia é reconhecido nos arts. 25, 29 e 32 da
CFRB/88. Porém, com a intervenção, a autonomia fica restringida, passando o controle para o
Ente Público maior.
No art. 34, CRFB/88, há a possibilidade de intervenção federal em Estados e
Municípios. Desse modo, um é o oposto do outro. Enquanto a autonomia preza pela liberdade
de decisões do Ente, a intervenção a retém e a controla, pressupondo uma incapacidade
momentânea de Administração Pública.
Importante destacar, contudo, que essa restrição da intervenção federal é feita como
medida excepcional permitida pela nossa Constituição de 1988. Neste sentido, o art. 34 aduz
que a União não realizará intervenção nos Estados e no Distrito Federal, com exceção das
hipóteses previstas. Assim, deixa explícito o caráter excepcional da intervenção federal.
Da mesma forma o art. 35 evidencia que o Estado não decretará intervenção em seus
Municípios, assim como a União não intervirá nos Municípios localizados em Território
Federal, com exceção daquelas permitidas pelo ordenamento jurídico.
Extrai-se, portanto, que cabe à União a intervenção nos Estados e nos Territórios
Nacionais e, no mesmo sentido, aos Estados a intervenção no âmbito municipal.
1.4.1 Pressupostos e Requisitos para Intervenção Federal nos Estados
Para que seja expedido o decreto de intervenção federal, primeiramente deve este
atender a determinados pressupostos previstos na Constituição Federal de 1988.
É possível a intervenção federal quando sua finalidade for a defesa do País, sendo
autorizada para manter a integridade nacional e repelir invasão estrangeira, de acordo com o
art. 34, I e II, CRFB/88.
Também cabível na defesa da federação para repelir uma invasão de uma unidade da
Federação em outra; pôr termo a grave comprometimento da ordem pública e garantir o livre
exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação, conforme art. 34, II, III e IV da
CRFB/88. Outra possibilidade de intervenção federal, segundo o art. 34, V, CFRB/88, é para
reorganizar as finanças da unidade da Federação quando suspender o pagamento da dívida
20
fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior deixar de entregar
aos municípios receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
em lei.
O último inciso do art. 34, CRFB/88, prevê a possibilidade de defesa constitucional,
a qual é possível a decretação de uma intervenção federal para prover a execução de lei
federal, ordem ou decisão judicial e assegurar a observância dos princípios constitucionais,
quais sejam, a forma republicana, o sistema representativo e regime democrático, os direitos
da pessoa humana, a autonomia municipal, a prestação de contas da administração pública,
direta e indireta e, por fim, a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Por outro lado, a intervenção pode se dar de diversas formas, ela pode ser de ofício,
pelo Presidente da República; por solicitação quando existir coação ou impedimento dos
Poderes Legislativos e Executivos, ou mesmo quando essa coação for exercida contra o Poder
Judiciário, nesse caso, não haverá solicitação e sim requisição da decretação de intervenção
federal. No último caso, a requisição vinculará o Presidente da República, que ficará obrigado
a tal ato.
Outra hipótese é a de representação do Procurador-Geral da República, pelo STF,
para prover lei federal quando existir recusa ou quando existir ofensa aos princípios
constitucionais, seguindo o procedimento previsto na Lei nº 4.337/64, visto o PGR ser o único
legitimado ativo para propor a representação interventiva federal.
Como pressuposto formal, a intervenção federal será implementada por meio de
decreto, de competência privativa do Presidente da República, conforme art. 84, X, CRFB/88.
No entanto, antes da decretação, prevê a Carta Magna que devem ser ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa, conforme arts. 90,I e 91 §1º II, CRFB/88.
O Conselho da República é um órgão consultivo do Presidente da República, sendo
composto pelo Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o
Presidente do Senado Federal, os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados,
os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal, o Ministro da Justiça e seis cidadãos
brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos
Deputados, todos com mandato de três anos, sendo expressamente vedada a recondução.
21
Já o Conselho de Defesa Nacional também funciona como um órgão consultivo do
Presidente da República, sendo composto pelo o Vice-Presidente da República, o Presidente
da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro
de Estado da Defesa, o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro do Planejamento e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Ademais, o decreto deverá conter a duração da intervenção, pois, como medida
excepcional, deve ter um prazo de término a fim do retorno ao status quo. Além disso, deve
especificar a amplitude e as condições da intervenção federal, sendo possível a nomeação de
um interventor se for necessário. Geralmente a nomeação do interventor ocorre quando o
decreto atinge a área Executiva, mas não é necessariamente um requisito absoluto, porém,
caso necessite, deve o decreto já conter a informação de antemão.
Da nomeação do interventor, o §1º do art. 36, CRFB/88, prevê sua submissão à
apreciação do Congresso Nacional, se for intervenção no estado, ou, da Assembleia
Legislativa estadual, se for intervenção no município, sendo em ambos os casos o prazo de 24
horas para a sujeição, independentemente se a Casa estiver em recesso parlamentar.
Ressalte-se a dispensa da apreciação acima descrita quando envolver os casos do art.
42, VI e VII ou 35, IV, caso o decreto limite a suspensão do ato ora impugnado,
restabelecendo a situação à normalidade.
Se o Legislativo rejeitar o decreto de intervenção, ele será imediatamente cessado,
tornando-se ato inconstitucional e, caso aja contrariamente, o Presidente estará cometendo
crime de responsabilidade previsto no art. 85, II, CRFB/88.
No que diz respeito ao ato de controle jurisdicional, esse controle não é amplo, pois
trata-se de ação de natureza política, restringindo o controle apenas às normas constitucionais.
A decretação de intervenção também implicará no afastamento da autoridade
envolvida e, sendo uma medida temporária, ao cessar a intervenção, a autoridade afastada
retornará ao cargo.
1.4.1.1 A Intervenção nos Municípios
A intervenção nos municípios segue o mesmo raciocínio da intervenção em âmbito
estadual. Nesta linha, tem-se a prevalência do princípio da autonomia federativa no Ente,
inibindo a intervenção dos Estados em municípios e da União em municípios localizados em
Território Federal.
22
Contudo, a Constituição Federal prevê, em seu artigo 35, a possibilidade de
decretação de intervenção nos municípios quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover
a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial14.
Ressalte-se que a peça da representação interventiva a ser apresentada ao Tribunal de
Justiça, será feita pelo Procurador Geral de Justiça, em simetria à intervenção da União nos
Estados. Ademais, quem realiza o decreto de intervenção nos municípios é o governador do
Estado; da mesma forma, quanto aos Territórios Federais, compete ao Presidente da
República. Em qualquer caso, também terá os mesmos requisitos que uma intervenção da
União no Estado, sendo primordial sua aprovação no Poder Legislativo.
1.4.2 Quase casos na vigência da Constituição de 1988
Apesar da existência de mais de 120 pedidos de intervenção federal no Supremo
Tribunal Federal, todos ainda pendentes, alguns pedidos foram julgados improcedentes pela
Corte, tornando-se casos conhecidos pela quase decretação de intervenção federal.
Conforme demonstrado anteriormente, para que ocorra algumas das hipóteses de
intervenção federal previstas na Constituição Federal de 1988, é preciso a aprovação pelo STF
da representação do Procurador-Geral da República. Desse ponto, serão analisados alguns
pedidos feitos à Suprema Corte desde a promulgação da Constituição de 1988. Ressalte-se
que não foi decretada intervenção desses casos até a presente data.
1.4.2.1 IF 114 Mato Grosso do Sul
Em novembro de 1990, em Mato Grosso do Sul, na cidade de Matupá, três ladrões
mantiveram como reféns adultos e crianças. Os policiais negociaram a liberação e a
14 BRASIL. Artigo 35 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, Distrito Federal.
Publicada em: 05 de outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 20 nov. 2018
23
desistência da ação. Ao sair do local, os policiais os acompanharam e os protegeram do
linchamento da população. Porém, mais tarde, os ladrões foram vistos em outro local, sendo
agredidos. No final, foram queimados e mortos.
Após, o STF recebeu um pedido de intervenção federal da Procuradoria Geral da
República em face do Estado do Mato Grosso do Sul. Como fundamento foi alegado que não
existiam mais condições do Estado preservar a vida de seus cidadãos, pois ao tentar dar
proteção a três presos, os policiais não conseguiram evitar que sofressem um linchamento.
Relatada pelo ministro à época, Néri da Silveira, a Intervenção Federal (IF 114) foi
conhecida, sendo deferida a legitimidade do PGR no pedido, no entanto, indeferida por
unanimidade no mérito da causa. A gravidade da situação foi reconhecida pela Corte,
contudo, entendeu-se que não era o suficiente para uma decretação de intervenção federal,
pois esta é uma medida extremamente excepcional.
Ademais, diante das providências tomadas pelo governo na solução do crime, a Corte
considerou que bastava para o caso concreto, não sendo cabível uma intervenção federal.
1.4.2.2 IF 4.822 no Distrito Federal
O pedido de intervenção federal, fundamentado no art. 34, VII, b, CRFB/88, feito
pelo Procurador Geral da República teve por base a estrutura do Centro de Atendimento
Juvenil Especializado, o CAJE do DF, que não estaria funcionando para atender as medidas
previstas no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Devido a superlotação, chegando a 350 adolescente e apenas uma capacidade de 190
internos, diversas doenças e epidemias atingiram os jovens. Além disso, o lugar semelhava a
uma prisão, não possuindo as características de ações socioeducativas que previa a lei. Com
essas condições, começaram a ocorrer mortes entre os internos.
O pedido de intervenção teve por base relatório do Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana (CDDPH), elaborado por uma comissão especial.
No pedido, o procurador aduz que da indicação de um interventor, este pudesse
adotar as medidas que fossem necessárias para a implementação da efetiva garantia dos
direitos humanos, que estavam sendo desrespeitados, afastando toda a direção do CAJE/DF15.
15 STF. Fonteles pede ao Supremo intervenção federal no CAJE/DF. Notícias STF. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=64563> Acesso em: 28 nov. 2018
24
Contudo, devido ao lapso temporal desde a representação e à demolição e
desativação do antigo CAJE/DF, o pedido foi extinto. Primeiramente abriu-se vista para o
PGR, que requereu a extinção do feito. Após, por perda superveniente do objeto, foi julgado
prejudicado o pedido em maio de 2018.
1.4.2.3 IF. 5.129 em Rondônia
Já em Porto Velho, Rondônia, devido à situação dos presídios locais, que se
encontravam em um estado crítico, o Procurador-Geral da República, à época, Antonio
Fernando Souza, solicitou ao Supremo Tribunal Federal a intervenção federal no estado.
Da calamidade instaurada nos presídios, resultaram na morte de cem presos e
dezenas de rebeliões. Construída inicialmente para presos provisórios, o presídio Urso
Branco, acabou acolhendo presos condenados, ultrapassando, ainda, sua capacidade interna.
Devido a violação a direitos humanos no presídio Urso Branco, em Porto Velho, o
PGR solicitou a intervenção federal, ressaltando que até mesmo houve a recomendação da
Organização dos Estados Americanos (OEA) para que houvesse a adoção de medidas para
solucionar a questão. O pedido a ser analisado pelo Ministro Gilmar Mendes ainda não foi
julgado.
2 INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM 2018
A intervenção federal foi instituída através do Decreto nº 9.288, de 16 de Fevereiro
de 2018, no Estado do Rio de Janeiro. Contudo, restringiu-se à área da segurança pública do
Estado, passando somente o controle desta para a União.
Foi a primeira vez desde a promulgação da Constituição de 1988 que ocorreu uma
intervenção federal em um Estado. O decreto, assinado pelo Presidente da República, Michel
Temer, nomeou o general de exército Walter Souza Braga Netto como interventor, que, por
sua vez, assumiu o comando da Segurança Pública no Estado.
Por ser uma intervenção em uma área específica, o Governador continua exercendo
suas funções normalmente. Não há destituição do poder, apenas a União assumindo a
competência da segurança pública. Dessa medida, cabe a análise a seguir quanto aos aspectos
do decreto e da intervenção.
25
2.1 ANTECEDENTES
2.1.1 Garantia da Lei e da Ordem
Inicialmente, importante destacar a crescente onda de violência que atingiu todo o
estado do Rio de Janeiro. Desde a redemocratização do país, o aumento do crime organizado é
cada vez maior.
A fim de conter a violência, diversas vezes na história do Rio de Janeiro o governo
recorreu às forças armadas militares para tal. Buscando restabelecer a segurança, quando a
polícia militar estadual não consegue mais atuar efetivamente, através de autorização do
Presidente da República, as missões da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) agem no Estado.
Com base no artigo 142 da Constituição Federal, pela Lei Complementar 97/1999, e
pelo Decreto nº 3897/2001, temporariamente as forças armadas militares federais são
enviadas para atuar com poder de polícia no Estado. É o que pressupõe o art. 3º do Decreto
3897/2001:
Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da
ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da
Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações
de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se
incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Consideram-se esgotados os meios previstos no art. 144 da
Constituição, inclusive no que concerne às Polícias Militares, quando, em
determinado momento, indisponíveis, inexistentes, ou insuficientes ao desempenho
regular de sua missão constitucional.
A GLO foi usada principalmente, de forma episódica, para atuar em grandes eventos
no Brasil, como a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável do
Rio de Janeiro (Rio + 20), em 2012; na Copa das Confederações da FIFA e na visita do Papa
Francisco a Aparecida (SP) na Copa do Mundo 2014 e nos Jogos Olímpicos Rio 2016. O
Estado do Rio de Janeiro constantemente recebe operações de GLO para conter a violência.
Isto posto, em 28 de julho de 2017, Michel Temer, Presidente do Brasil, assinou um
decreto de Garantia da Lei e da Ordem16 para atuação no Estado do Rio de Janeiro, com
validade até 31 de dezembro do corrente ano.
Contudo, em 29 de dezembro de 2017, ou seja, pouco antes de findar a última GLO,
foi decretada a sua prorrogação, passando a ser do período de 28 de julho de 2017 a 31 de
16 BRASIL. Decreto de 28 de julho de 2017. Brasília, Distrito Federal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/dsn/Dsn14485.htm> Acesso em: 20 nov. 2018
26
dezembro de 201817, autorizando o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da
Ordem, em apoio às ações do Plano Nacional de Segurança Pública, no Estado do Rio de
Janeiro.
2.1.2 Contexto Social e Político do Estado
Apesar da Garantia de Lei e Ordem no Estado, isso não impediu a crescente
violência na segurança pública. De acordo com o Instituto de Segurança Pública, as
estatísticas cresceram nos últimos anos.
Apesar da brusca queda a partir de 2008, com a então instalação das UPP’s no Rio,
segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 2008 o número de mortes
violentas por ano foi de 7.134, chegando a um número de 4.666 em 2012, ou seja, uma queda
considerável. Em 2015 o número foi a 5.010 mil ocorrências, tendo uma alta de 2015 a 2017.
A letalidade violenta chegou a um número de 6.749 em 201718.
Já o roubo nas ruas, que é um dos principais fatores que geram a sensação de
insegurança nas pessoas, o crescimento foi disparado. Os índices saltaram de 58.763 em 2012
para 125.646 em 2017 por ocorrências ao ano19.
Aliado a isso, o estado ficou em situação de calamidade pública devido à crise
provocada pela recessão econômica e queda de royalties do petróleo. A partir disso, salários
de funcionários públicos foram cortados, bem como houve falta de alguns recursos na área
pública, refletindo também na área da segurança pública.
Contudo, foi no durante o carnaval de 2018 do Rio que a violência foi marcante e
amplamente noticiada no Brasil e em jornais estrangeiros20.
Começou uma onda de arrastões e roubos em áreas da zona sul da cidade do Rio de
Janeiro, como Ipanema e Leblon, atingindo moradores e turistas. Circularam ainda, em todo o
17 BRASIL. Decreto de 29 de dezembro de 2017. Brasília, Distrito Federal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/dsn/Dsn14506.htm#art1> Acesso em: 20 nov. 2018 18 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 19 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 20 THE ASSOCIATED PRESS. Rio Carnival Is Marred by Violence as City’s Security Troubles Worsen.
The New York Times. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2018/02/14/world/americas/brazil-rio-de-
janeiro-carnival-violence.html> Acesso em: 18 nov. 2018
FRANCE 24. Violence during Rio carnival 'unacceptable:' minister. Disponível em:
<https://www.france24.com/en/20180215-violence-during-rio-carnival-unacceptable-minister> Acesso em: 18
nov. 2018.
27
mundo, vídeos e notícias dos acontecimentos. Destes, notícias de um grupo sendo assaltado e
agredido em frente de um dos hotéis mais conhecidos da cidade foram divulgados21.
Dentre os crimes cometidos nesse período, um supermercado do bairro Leblon foi
saqueado, um policial assassinado no Méier, clientes de um bar do Flamengo assaltados, até
mesmo uma senhora de 56 anos foi assaltada por quatro homens às sete horas da manhã ao
voltar de uma padaria em Ipanema. De arrastões a saques, houve agentes policiais feridos; três
mortos no carnaval de 2018 no Rio; dois baleados enquanto tentavam evitar assaltos; um
policial civil que não estava a trabalho foi agredido também tentando evitar assalto, entre
outros tantos crimes ocorridos durante o curto período do carnaval22.
Apesar do vigor da Garantia da Lei e da Ordem, a situação foi considerada caótica.
Diferentemente das declarações dadas anteriormente, com a divulgação de forma maciça da
mídia nacional e internacional, principalmente pela violência ter acontecido em bairros da
Zona Sul, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão admitiu que erros
foram cometidos na segurança pública durante uma entrevista:
Não vou aqui nunca transferir responsabilidade, mas a desordem urbana prejudicou
muito esse planejamento que nós fizemos. Muita gente acampada na areia da praia, e
nós não estávamos preparados ali. Eu acho que houve um erro nosso, não
dimensionamos isso, mas eu acho que é sempre um aprimoramento, a gente tem
sempre que aprimorar23
A divulgação da mídia torna-se uma forma de percepção da situação para quem não
conhece a cidade, influenciando diretamente o modo como é vista a capacidade do governo de
lidar com a violência. Da repercussão gerada, clara é a motivação de propor uma intervenção
federal no Estado, dando uma resposta a todos aqueles que acompanharam as notícias.
21 BOM DIA BRASIL. Turistas são vítimas de arrastão em frente a um dos hotéis mais luxuosos do Rio.
G1. Disponível em <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2018/noticia/turistas-sao-vitimas-de-
arrastao-em-frente-a-um-dos-hoteis-mais-luxuosos-do-rio.ghtml> Acesso em: 18 nov. 2018 22 GRANDIM, F.; MARTINS, M. A.; SATRIANO, N. Crise, falência de UPPs, banalização de fuzis,
violência na folia: veja motivos que levaram à intervenção federal no RJ. G1 Rio. Disponível em:
<https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/crise-falencia-de-upps-banalizacao-de-fuzis-violencia-na-folia-
veja-motivos-que-levaram-a-intervencao-federal-no-rj.ghtml> Acesso em: 18 nov. 2018
GLOBONEWS. Vídeo mostra mulher sendo assaltada em Ipanema; criminoso dá 'gravata' na vítima.
Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2018/noticia/video-mostra-idosa-sendo-
assaltada-em-ipanema.ghtml> Acesso em: 18 nov. 2018. 23 G1 RIO. Pezão admite erro no planejamento da segurança do Rio durante carnaval. Reportagem do
Jornal Nacional, Globo. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/02/pezao-admite-
erro-no-planejamento-da-seguranca-do-rio-durante-carnaval.html> Acesso em: 10 nov. 2018
28
O total de ocorrências durante o carnaval de 2018, segundo dados da Secretaria de
Segurança Pública24, foi de 5.865, com um aumento no roubo de turistas de 51 ocorrências em
2018, em comparação a 23 no ano de 2017. Da mesma forma, a lesão corporal dolosa
aumentou em todo o estado no período do carnaval, subindo de 834 para 1.297 mil registros
de ocorrências25.
2.2 DECRETO DE INTERVENÇÃO FEDERAL
Com a violência cada vez maior no estado e, principalmente na capital do Rio de
Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão se reuniu com o Presidente do Brasil, Michel
Temer, a fim de decidir medidas para conter a onda de violência. O Rio é um dos cartões de
visitas do país e uma resposta precisava ser dada naquele momento.
Reuniram-se em Brasília para discutir acerca do decreto de intervenção o governador
do Rio de Janeiro, Pezão; o ministro da Defesa, Raul Jungmann; o Presidente do Brasil,
Michel Temer; o ministro da Justiça, Torquato Jardim; o ministro da Secretaria Geral de
Governo, Moreira Franco; o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles; o ministro do
Planejamento, Dyogo Oliveira; o general chefe do GSI, Sérgio Etchegoyen; o presidente do
Congresso, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia, presidente da Câmara.
Contudo, a decisão de que algo precisava ser feito com urgência ocorreu
anteriormente no Rio de Janeiro, à tarde daquele dia, em uma reunião política com Moreira
Franco, Pezão e Jungmann, em que o governador sinalizou uma ideia inicial de mais um
decreto de Garantia da Lei e da Ordem de forma mais ampla, com a nomeação de um general
para a Secretaria de Segurança do Estado. Da reunião, a ideia de uma intervenção federal foi
ganhando cada vez mais corpo.
Ao chegarem para a reunião em Brasília, a possibilidade de intervenção federal de
forma total e ampla, com afastamento do governador foi descartada, pois teria um impacto
muito grande politicamente. Surgiu então a ideia de uma intervenção federal de forma restrita,
somente na área da segurança pública.
Assim, dia 16 de fevereiro de 2018, sob o Decreto nº 9.288/2018, o Presidente da
República decretou intervenção federal na área da segurança pública do Estado do Rio de
24 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. ISP divulga
dados parciais do Carnaval 2018. ISP Notícias. Disponível em
<http://www.isp.rj.gov.br/Noticias.asp?ident=395> Acesso em: 18 nov. 2018 25 Números de 2017 foram afetados pela paralisação da polícia civil nesse período.
29
Janeiro, com base e objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública,
disposto da seguinte forma:
DECRETO Nº 9.288, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2018
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.
84, caput, inciso X, da Constituição, DECRETA:
Art. 1º Fica decretada intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro até 31 de
dezembro de 2018.
§ 1º A intervenção de que trata o caput se limita à área de segurança pública,
conforme o disposto no Capítulo III do Título V da Constituição e no Título V da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
§ 2º O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública no Estado do Rio de Janeiro.
Art. 2º Fica nomeado para o cargo de Interventor o General de Exército Walter
Souza Braga Netto.
Parágrafo único. O cargo de Interventor é de natureza militar. Art. 3º As atribuições do Interventor são aquelas previstas no art. 145 da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro necessárias às ações de segurança pública,
previstas no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
§ 1º O Interventor fica subordinado ao Presidente da República e não está sujeito às
normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da
intervenção.
§ 2º O Interventor poderá requisitar, se necessário, os recursos financeiros,
tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro afetos ao objeto e
necessários à consecução do objetivo da intervenção.
§ 3º O Interventor poderá requisitar a quaisquer órgãos, civis e militares, da
administração pública federal, os meios necessários para consecução do objetivo da
intervenção. § 4º As atribuições previstas no art. 145 da Constituição do Estado do Rio de
Janeiro que não tiverem relação direta ou indireta com a segurança pública
permanecerão sob a titularidade do Governador do Estado do Rio de Janeiro.
§ 5º O Interventor, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, exercerá o controle
operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública previstos no art. 144
da Constituição e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
Art. 4º Poderão ser requisitados, durante o período da intervenção, os bens, serviços
e servidores afetos às áreas da Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio
de Janeiro, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de
Janeiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, para emprego
nas ações de segurança pública determinadas pelo Interventor. Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 16 de fevereiro de 2018; 197º da Independência e 130º da República.
Conforme ensinamentos doutrinários de Gilmar Mendes (2012, p. 1122-1223),
quando há o comprometimento da ordem pública, o problema tem que estar instaurado para
dar azo à intervenção federal com base em manter a ordem, não podendo ser mera ameaça,
tão pouco que necessite chegar ao nível de uma guerra civil:
A intervenção pode-se dar para “pôr termo a grave perturbação da ordem pública”
(art. 34, III). Ao contrário do que dispunha a Constituição de 1967, não se legitima a
intervenção em caso de mera ameaça de irrupção da ordem. O problema tem de estar
instaurado para a intervenção ocorrer. Não é todo tumulto que justifica a medida
extrema, mas apenas as situações em que a desordem assuma feitio inusual e
intenso. Não há necessidade de aguardar um quadro de guerra civil para que ocorra a
30
intervenção. É bastante que um quadro de transtorno da vida social, violento e de
proporções dilatadas, se instale duradouramente, e que o Estado-membro não queira
ou não consiga enfrentá-lo de forma eficaz, para que se tenha o pressuposto da
intervenção. É irrelevante a causa da grave perturbação da ordem; basta a sua
realidade.
Pela primeira vez desde a redemocratização com a Constituição Federal de 1988 foi
decretada uma intervenção federal. Anteriormente, conforme já exposto, apenas haviam
tentativas e pedidos de intervenção negados ou pendentes de julgamento.
A Constituição preceitua no art. 36, §1º alguns aspectos que o decreto de intervenção
deve conter:
O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de
execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e
quatro horas.
Seguindo, o art. 1º do Decreto nº 9.288/2018 limitou a intervenção até 31 de
dezembro de 2018, dando prazo a sua execução. Também restringiu a área de atuação à
segurança pública do Estado, seguindo a área disposta no Capitulo III do Título V da
Constituição Federal.
O art. 2º nomeou para o cargo de interventor o General do Exército Walter Souza
Braga Netto, do Comando Militar do Leste, que já foi responsável pela segurança do Rio
durante as Olimpíadas de 2016. A partir da nomeação do general Braga Netto, o secretário de
Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, foi imediatamente afastado do cargo.
Destaque-se que o parágrafo único do art. 2º concede natureza militar ao cargo de interventor,
tema a ser discutido em outro momento neste trabalho.
Quanto às atribuições do interventor, o art. 3º aduz que seriam precipuamente as do
art. 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, as mesmas prevista para o
governador do Estado, mas somente as necessárias às ações de segurança pública, previstas no
Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Neste sentido, o §4º do Decreto reforça
que as atribuições que não possuírem relação direta ou indireta com a área da segurança
pública, permanecerão sob a titularidade do governador.
Ademais, pelo art. 3º, §5º do Decreto, o interventor exercerá o controle operacional
de todos os órgão estaduais de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição. O §1º
do art. 3º deixa claro a subordinação do interventor ao Presidente da República. Os §§2º e 3º
do mesmo artigo e o art. 4º definem as requisições que podem ser feitas pelo interventor, tais
31
como recursos financeiros, de bens e serviços e aos órgãos de execução para consecução do
objetivo final da intervenção.
Sendo uma intervenção federal parcial na área da segurança pública, há uma
transferência de competência do Estado para União, ocorrendo assim uma federalização da
área de segurança. Pois, por questões políticas, não concederam intervenção total, transferindo
a competência do Estado na segurança pública para a União, sob comando do interventor.
2.3 DOS PROCEDIMENTOS JURÍDICOS
Conforme exposto anteriormente, existem determinados procedimentos dispostos em
lei que devem ser seguidos. Estando estes constitucionalmente previstos, são essenciais para a
eficácia do decreto de intervenção no plano jurídico, como por exemplo, a publicação do
decreto e a apreciação deste pelo Poder Legislativo. No presente caso, ambos procedimentos
foram cumpridos.
Nesse sentido, deve ainda ser convocado o Conselho da República e o Conselho de
Defesa, conforme preconizam os arts. 90, I e 91 §1º II, CRFB/88. Muitos juristas
consideraram a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro inconstitucional por não ter
sido convocado previamente os Conselhos da República e da Defesa, sendo necessária a
consulta, mesmo que não vinculativa. Foi então impetrado um mandado de segurança coletivo
no Supremo Tribunal Federal, de nº 35.534, visando a suspensão do Decreto de intervenção.
Ocorre que em 16 de fevereiro de 2018, mesmo dia da publicação do decreto, a Ministra do
STF Rosa Weber decidiu pelo não conhecimento do mandado de segurança26.
Porém, alguns doutrinadores, como Gilmar Mendes, entendem que não há
necessidade de imediata convocação dos Conselhos, podendo ser feita a posteriori:
Nas intervenções espontâneas, o Presidente da República deve ouvir o Conselho da
República (art. 90, I, da CF) e o de Defesa Nacional (art. 91, § 1º, II, da CF), embora
não esteja obrigado ao parecer que vier a colher. Não há por que, em caso de
evidente urgência, exigir que a consulta seja prévia, já que as opiniões não são vinculantes e não perdem objeto nas intervenções que se prolongam no tempo,
podendo mesmo sugerir rumos diversos dos que inicialmente adotados no ato de
intervenção. (MENDES, Gilmar, 2012, p. 1126)
Consensualmente, sua convocação é necessária, apesar da Constituição não
especificar o momento exato da consulta aos Conselhos. Após a expedição decreto de
26 STF. Decisão da Ministra Rosa Weber no Mandado de Segurança 35.534/DF. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=313690229&ext=.pdf> Acesso em: 10 nov. 2018
32
intervenção federal, o Conselho da República e o Conselho da Defesa a referendaram, no dia
19 de fevereiro de 2018, três dias após sua publicação.
Além dessa questão, a interpretação que se aplica ao artigo 21, V, CRFB/88 é de que
o cargo de interventor possui natureza civil, diferentemente do que foi expressamente previsto
no decreto de intervenção nº 9288, que claramente declarou natureza militar ao cargo de
interventor na área da segurança pública.
Foi, então, impetrado no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade de nº 5915
pelo Partido Socialismo e Liberdade, questionando o Decreto 9.288/2018. Na ADI, além da
questão da participação da sociedade civil no Conselho da República e da natureza militar
concedido ao interventor, foi alegado que a intervenção possuía pretensões eleitorais e um
caráter genérico no decreto, impedindo o seu controle, pois deveria ter detalhado os meios e
condições de execução da intervenção, conforme art. 36, §1º da CRFB/88.
Foi questionada ainda a proporcionalidade da medida, visto a existência de um
Decreto de Garantia da Lei e da Ordem em vigor e a existência de outros Estados bem mais
violentos27 que o Rio de Janeiro. Entretanto, segue ainda tramitando a ADI perante o STF,
aguardando vistas à PGR, pendente de julgamento até o presente momento.
2.3.1 Votação de Projeto de Emenda à Constituição
Anteriormente à decretação de intervenção federal, o Projeto de Emenda à
Constituição (PEC) nº 287/16, relativa à previdência social, tramitava na Câmara dos
Deputados, sendo um dos projetos com maior desejo de aprovação pelo Governo Temer.
A partir do momento que houve a decretação da intervenção federal, de acordo com
o art. 60, §1º, da CRFB/88, não poderia existir votação de PEC: “A Constituição não poderá
ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio”
(CRFB, 1988).
Apesar disso, começou uma especulação acerca da possibilidade de tramitação da
PEC durante a intervenção e sua interrupção para julgamento da Emenda. O governo
confirmou que poderia ocorrer uma suspensão da intervenção, propiciando a votação da PEC
27 Segundo dados do 11º Anuário de Segurança Pública, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
o ranking da Taxa de mortes violentas (por 100 mil habitantes) é o seguinte: 1º Sergipe; 2º Rio Grande do Norte; 3º Alagoas; 4º Pará; 5º Amapá; 6º Pernambuco; 7º Bahia; 8º Goiás; 9º Ceará; 10º Rio de Janeiro; 11º Mato
Grosso; 12º Maranhão; 13º Paraíba; 14º Rondônia; 15º Espírito Santo; 16º Rio Grande do Sul; 17º Acre; 18º
Amazonas; 19º Tocantins; 20º Paraná; 21º Mato Grosso do Sul; 22º Distrito Federal; 23º Piauí; 24º Minas
Gerais; 25º Roraima; 26º Santa Catarina; 27º São Paulo. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/os-
estados-mais-violentos-do-brasil-3/> Acesso em: 23 nov. 2018
33
da Previdência e retomando após, segundo a declaração do próprio Presidente Michel Temer a
jornalistas em Brasília:
Quando ela [a reforma] estiver para ser votada, e naturalmente isto segundo a
avaliação das casas legislativas, eu farei cessar a intervenção. No instante que se
verifique, segundo os critérios das casas legislativas, que há condições para a
votação, reitero, eu farei cessar a intervenção28.
Para o constitucionalista Lenio Streck, seria uma manobra inconstitucional:
Se a intervenção federal tiver como medida a ordem pública, como o presidente da
República pode saber de antemão que pode suspendê-la e depois retomá-la? Uma
intervenção federal termina quando cessam os seus motivos, como estabelece o artigo 36, parágrafo 4º, da Constituição.29
A idéia seria de que ocorresse uma GLO mais ampla, mantendo as forças armadas no
estado até a votação da PEC da previdência. Ao final, seria autorizada outro decreto de
intervenção federal no estado, criando uma pausa e, assim, possibilitando a votação da PEC
da previdência.
Com isso, foi impetrado, um Mandato de Segurança, nº 35.535/DF, com o fito de
proibir a tramitação de PEC e de qualquer processo legislativo de emendas constitucionais
durante a vigência de uma intervenção federal no país, bem como proibir a revogação da
intervenção a fim de possibilitar o julgamento de PEC. De certo que o constituinte foi claro ao
vedar a promulgação da emenda neste período, contudo, não pode afirmar o mesmo no que
tange às discussões e tramitações acerca do tema.
O Ministro Dias Toffoli, ao decidir, argumentou:
Não vislumbro de que modo se possa interpretar a Constituição Federal no sentido
de restringir a atuação de um dos Poderes da República sob óptica ampliada de
proibições constitucionais. Trata-se de limitação circunstancial ao poder constituinte
derivado reformador, diante da anormalidade das citadas situações, que deve, portanto, se restringir ao alcance atribuído pelo próprio texto constitucional, não
sendo dado ao intérprete lhe conferir maior extensão. Nessa concepção, ficam
suspensos – é certo – todos os atos deliberativos do processo legislativo da emenda
constitucional, mas não a tramitação das propostas de emendas.30
28 ARAÚJO, Carla. Em rede nacional, Temer reforça discurso contra o crime e retira trecho sobre
Previdência. Estadão de S. Paulo. Disponível em: <https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,em-rede-
nacional-temer-reforca-discurso-contra-o-crime-e-retira-trecho-sobre-previdencia,70002192827> Acesso em: 13
nov. 2018 29 RODAS, Sérgio. Para especialistas, intervenção federal no RJ é inconstitucional e não dá resultados.
Consultor Jurídico. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-fev-16/intervencao-federal-rio-
inconstitucional-nao-dara-resultados> Acesso em: 18 nov. 2018 30 STF. Decisão do Ministro Dias Toffoli no Mandado de Segurança 35.535/DF. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=314778448&ext=.pdf> Acesso em: 18 nov. 2018
34
Apesar dos autores do MS aduzirem que seria uma espécie de burla à proibição de
emenda à Constituição durante a intervenção federal, o Ministro Dias Toffoli julgou,
favorável a tramitação de PEC na Casa nesse caso e contrário à votação e promulgação da
emenda à Constituição. Com relação ao fim da intervenção, previsto no art. 36, §4º da
CRFB/88, o ministro entendeu ser competência privativa do Presidente da República o ato de
findar a intervenção, considerando o motivo que ensejaria seu encerramento dissociada da
relação com o processo legislativo de emendas à Constituição:
Entendo que a pretensão que se volta contra o Presidente da República (de que se
impeça que a Intervenção Federal por ele decretada cesse antes de pôr termo aos
motivos que a originaram (Art. 36, §4°)) não guardam relação com o processo
legislativo de edição de emendas constitucionais, sendo a decretação de intervenção
federal e a medida de sua extensão matéria afeta à competência privativa do
Presidente da República (art. 84, X, da CF/88) e, desse modo, dissociada do
processo legislativo.31
Após ter o MS negado, a PEC da Previdência continuou suspensa pela intervenção
federal, sendo constantemente especulada a cessação da intervenção para que ocorra a votação
da mesma32.
2.4 A MILITARIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO
O interventor é considerado autoridade federal com atuação limitada, mas sua
responsabilidade pela execução de seus atos é civil. Para José Afonso da Silva (2005, p. 489):
O interventor é figura constitucional e autoridade federal, cujas atribuições
dependem do ato interventivo e das instruções que receber da autoridade
interventora. Suas funções, limitadas ao ato de intervenção, são federais. Mas
também pratica atos de governo estadual, dando continuidade à administração do
Estado nos termos da Constituição e das leis deste. Quando na qualidade de
interventor, executa atos e profere decisões que prejudiquem a terceiros, a
responsabilidade civil pelos danos causados (art. 37, §6º) é da União.
Como a Constituição Federal não dispõe expressamente sobre a natureza do cargo, o
parágrafo único do art. 2º do Decreto 9.288/2018 concedeu um caráter militar ao cargo de
interventor:
31 STF. Decisão do Ministro Dias Toffoli no Mandado de Segurança 35.535/DF. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=314778448&ext=.pdf> Acesso em: 18 nov. 2018 32 SUDRÉ, Lu. Temer planeja votar reforma da Previdência após as eleições. Brasil de Fato. Disponível em:
<https://www.brasildefato.com.br/2018/09/27/temer-planeja-votar-reforma-da-previdencia-apos-as-eleicoes/>
Acesso em: 13 nov. 2018 MUGNATTO, Sílvia. Proposta de votar reforma da Previdência já divide deputados. Agência Câmara
Notícias. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-
PREVIDENCIA/564960-PROPOSTA-DE-VOTAR-REFORMA-DA-PREVIDENCIA-JA-DIVIDE-
DEPUTADOS.html> Acesso em: 13 nov. 2018
35
Art. 2º Fica nomeado para o cargo de Interventor o General de Exército Walter
Souza Braga Netto.
Parágrafo único. O cargo de Interventor é de natureza militar.
Contudo, pelo fato do cargo de interventor equivaler-se ao de governador, sua
natureza é civil. Da mesma forma, o cargo de secretário de estado é um cargo civil, ainda que
seja exercido por um militar. Portanto, não há impedimentos para que seja exercido por um,
mas não escusando sua atuação civil. Nesse sentido:
A intervenção federal permite a substituição da autoridade política estadual pela
federal, mas não a substituição da autoridade política civil por uma militar. O
interventor adotará atos de governo e, por isso, a natureza do cargo é civil, ou seja, o
interventor pode até ser militar, mas este ocupa temporariamente um cargo de
natureza civil33.
Entretanto, se considerar o cargo de interventor como de natureza militar, abre-se a
questão de qual a competência para o julgamento deste, se na Justiça comum ou militar.
O artigo 125 §4º da CRFB/88 determina a competência da Justiça Militar Estadual
para o julgamento de crimes militares contra atos disciplinares militares, exceto se o crime for
praticado por militares contra civis, nesse caso a competência seria do Tribunal do Júri.
Porém a Lei nº 13.491/2017, que alterou o Código Penal Militar, diferenciou a
competência quando o crime for cometido por militar estadual ou por membros das forças
armadas. Passou a vigorar, então, a redação transferindo o julgamento dos crimes dolosos de
militares das Forças Armadas em atuações especiais contra civis para a Justiça Militar da
União, in verbis:
Art. 1º O art. 9º do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal
Militar, passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 9º II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar
da União, se praticados no contexto:
I - do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
II - de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar,
mesmo que não beligerante; ou
III - de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no
art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:
33 ALMEIDA, Eloísa Machado de. Decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro é inconstitucional.
Disponível em: <http://www.justificando.com/2018/02/16/decreto-de-intervencao-federal-no-rio-de-janeiro-e-
inconstitucional/> Acesso em: 13 nov. 2018
36
a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica;
b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal
Militar; e
d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
Essa mudança ganhou força devido ao papel das Forças Armadas militares estarem
atuando cada vez mais nas áreas urbanas. Considerando a natureza militar concedido pela
intervenção federal e em conjunto com a Lei nº 13.491/2017, estes acabam por transferir o
julgamento para a seara militar, conflitando com o que a princípio deveria ser um cargo civil,
além de estabelecer uma diferenciação no julgamento quando o mesmo crime for cometido
por militares federais.
A Anistia internacional se posicionou contra essa norma, alegando uma possível
violação ao princípio da parcialidade no julgamento, gerando impunidade dos crimes:
Caso a proposta seja aprovada, o Brasil violará tratados internacionais dos quais é
signatário, obrigações que incluem a garantia do direito ao julgamento justo,
imparcial e independente34.
Também, o Escritório para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Direitos Humanos (ACNUDH) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) emitiram uma nota contrária à
aprovação da lei, no mesmo sentido da Anistia Internacional, questionando o julgamento
imparcial nesse caso:
O Escritório para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos (ACNUDH) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressam profunda
preocupação com a recente aprovação pelo Congresso brasileiro de um projeto de lei
(PL 44/2016) que altera o Código Penal Militar para que homicídios dolosos de civis
cometidos por agentes das Forças Armadas sejam julgados por tribunais militares.
O ACNUDH e a CIDH têm argumentado há muitos anos que a investigação e o
julgamento por tribunais militares de denúncias de violações de direitos humanos
cometidas por militares, especialmente por supostas violações contra civis, impedem
a possibilidade de uma investigação independente e imparcial realizada por
autoridades judiciais não vinculadas à hierarquia de comando das próprias forças de
segurança. Os dois órgãos recordam que o Estado brasileiro ratificou vários instrumentos
internacionais de direitos humanos que garantem a todas as pessoas julgamento por
tribunais competentes, independentes e imparciais, tais como o Pacto Internacional
de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos35.
34 ANISTIA INTERNACIONAL BRASIL. Ação Urgente: Proposta de lei pode deixar militares impunes.
Disponível em: <https://anistia.org.br/entre-em-acao/email/acao-urgente-proposta-de-lei-pode-deixar-militares-
impunes/> Acesso em: 13 nov. 2018 35 ESCRITÓRIO REGIONAL PARA AMÉRICA DO SUL DO ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES
UNIDAS PARA OS DIREITOS HUMANOS – ACNUDH. ONU Direitos Humanos e CIDH rechaçam de
forma categórica o projeto de lei que amplia jurisdição de tribunais militares no Brasil. Disponível em:
37
Ademais, ainda que tenha existido a nomeação de um militar para o cargo de
interventor, tal conduta não retira o aspecto civil da intervenção federal, pois isso acarretaria
na inconstitucionalidade da intervenção.
De acordo com a tese de que o cargo de interventor possui natureza civil, o
Ministério Público Federal emitiu uma nota técnica, na qual declarou:
Em hipótese alguma a previsão no decreto interventivo da “natureza militar” do
cargo de interventor alterará a substância civil de sua atuação, inclusive para fins de
definição da jurisdição competente para o controle de seus atos e sobre a sua
responsabilidade. Qualquer interpretação que tente vincular o exercício da função de
interventor com o desempenho de função estritamente militar será inconstitucional. A intervenção federal no Poder Executivo estadual é, por definição constitucional,
de natureza civil e não pode um decreto instituir uma intervenção militar, sob pena
de responsabilidade do próprio Presidente da República que o emitiu36.
Indo ainda de encontro com a negativa de competência da Justiça Militar, o MPF, na
mesma nota técnica, sustentou também que devido a sua natureza civil, os atos do interventor,
mesmo sendo exercido por um militar, não seriam atraídos pela competência da Justiça
Militar, mantendo a competência do Tribunal do Júri.
3 AÇÕES E RESULTADOS
3.1 PLANO ESTRATÉGICO, ORÇAMENTO E METAS
Logo após o decreto de intervenção federal, foi necessária a definição das estratégias
e das metas para consecução de seu objetivo. Apesar da intervenção ter sido decretada em 16
de fevereiro de 2018, o Plano Estratégico da Intervenção Federal na Segurança Pública do
Estado do Rio de Janeiro só foi definido e publicado em 29 de maio de 2018, com o fito de
planejar, coordenar e executar ações, através das quais possibilitassem a recuperação da
capacidade operativa dos Órgãos de Segurança Pública (OSP) e da SEP37.
Dentre os objetivos estratégicos descritos no plano, há a diminuição dos índices de
criminalidade, principalmente a redução dos índices relacionados a letalidade violenta, roubo
de veículos, roubo de rua e roubo de carga. Também a recuperação da capacidade operativa
<http://acnudh.org/pt-br/onu-direitos-humanos-e-cidh-rechacam-de-forma-categorica-o-projeto-de-lei-que-
amplia-jurisdicao-de-tribunais-militares-no-brasil/> Acesso em: 13 nov. 2018 36 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Nota Técnica Conjunta nº 1/2018. Disponível em:
<http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/temas-de-atuacao/direitos-humanos/atuacao-do-
mpf/nota-tecnica-conjunta-pfdc-e-2a-ccr-1-2018> Acesso em: 13 nov. 2018 37 GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Plano Estratégico. Disponível em:
<http://www.intervencaofederalrj.gov.br/arquivos/plano-estrategico-gif.pdf> Acesso em: 23 nov. 2018.
38
dos órgãos de segurança pública do estado, a articulação das instituições dos entes
federativos, fortalecimento do caráter institucional da segurança pública e do sistema
prisional, bem como sua melhoria da qualidade e da gestão.
O planejamento contemplou tanto as ações emergenciais de curto prazo, quanto as
ações de longo prazo, respeitando o prazo de duração da intervenção previsto no decreto,
além de abranger todo o estado, incluindo áreas como a capital, regiões próximas e o interior.
Para isso, considerou a realização de ações emergenciais, como a capacitação das tropas da
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e ações estruturantes, como o combate a
corrupção.
Apesar do plano estratégico, ter especulado a necessidade de um orçamento em torno
de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) de repasse do Governo Federal, a fim de destinar
à aquisição e contratação de serviços para execução dos objetivos pretendidos, a medida
provisória nº 825/2018, de 28/03/2018 abriu crédito extraordinário, no valor de R$
1.200.000.000,00 (1 bilhão e 200 milhões de reais)38 para execução. Ressalte-se que
posteriormente, a medida foi convertida na Lei nº 13.700 em 02 de agosto de 2018.39
Dos recursos destinados, de acordo com o Portal de Transparência do Governo,
apenas R$ 76.812.577,62 foram efetivamente pagos; R$ 81.574.752,19 foram liquidados e
R$325.056.205,99 foram empenhados. Somando os valores, não se chega nem ao menos na
metade do valor de orçamento disponível pelo Governo Federal40.
Ao questionarem o valor gasto, em julho do corrente ano, o gabinete da intervenção
federal emitiu o seguinte posicionamento41:
O Gabinete de Intervenção Federal (GIF) é a estrutura criada, por meio do Decreto
9.410/2018, com pessoal trabalhando, em dedicação exclusiva, para alcançar o objetivo da Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro.
38 BRASIL. Medida Provisória nº 825/2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/Mpv/mpv825.htm> Acesso em: 23 nov. 2018 39 AGÊNCIA SENADO. Publicada lei que destina R$ 1,2 bilhão à intervenção no Rio. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/08/03/publicada-lei-que-destina-r-1-2-bilhao-a-
intervencao-no-rio> Acesso em: 23 nov. 2018
BRASIL. Lei nº 13.700/2018. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13700-2-
agosto-2018-787008-norma-pl.html> Acesso em: 23 nov. 2018 40 PORTAL DA TRANSPARENCIA. MINISTÉRIO DA TRANSPARÊNCIA E CONTROLADORIA-GERAL
DA UNIÃO. Ações decorrentes da Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro na área da Segurança
Pública. Disponível em: <http://www.portaltransparencia.gov.br/programas-e-acoes/acao/00QS-acoes-
decorrentes-da-intervencao-federal-no-estado-do-rio-de-janeiro-na-area-de-seguranca-publica-decreto-n-9-288-2018> Acesso em: 23 nov. 2018 41 SPONCHIADO, B.; PRADO A. Intervenção federal ainda não usou nem 1% do orçamento
disponibilizado pelo governo, diz levantamento. RJ2, G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-
janeiro/noticia/2018/07/18/intervencao-federal-ainda-nao-usou-nem-1-do-orcamento-disponibilizado-pelo-
governo.ghtml> Acesso em: 23 nov. 2018
39
Tal estrutura, para desempenho de suas atividades, necessita obter meios, tais como
materiais de consumo, equipamentos e veículos. Essas obtenções estão alinhadas
com a meta prevista no Plano Estratégico do GIF, de 'organizar o Gabinete de
Intervenção Federal' e também estão contempladas no descrito na ação orçamentária
destinada às 'ações decorrentes da Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro
na área de Segurança Pública'.
As aquisições realizadas até o momento são de itens comuns, necessários ao
provimento para desempenho das atividades de rotina de quaisquer órgãos e não se
sobrepoem, em prioridade, às necessidades dos órgãos intervencionados.
A aquisição do microônibus está inserida nesse mesmo contexto. Atenderá necessidade de deslocamento de seus contingentes durante o período de Intervenção
e, posteriormente, contemplará demanda da Secretaria de Estado de Segurança
(Seseg).
Estão atualmente em processamento na Secretaria de Administração do Gabinete de
Intervenção Federal 49 processos administrativos com total aproximado de R$ 500
milhões. Tais processos abrangem munições, coletes balísticos, pistolas, fuzis,
veículos diversos, equipamentos de proteção individual e equipamentos
especializados para polícias técnicas.
Nesse contexto, especificações técnicas, pesquisas de preços e pareceres jurídicos já
estão em adiantado estágio de processamento, devendo passar para fase externa de
licitações nas próximas semanas. O Gabinete de Intervenção Federal tem confiança que, atendendo aos requisitos
legais para compras públicas, aplicará, integralmente, os recursos orçamentários
disponibilizados em favor da segurança pública do Estado do Rio de Janeiro.
Assim, esclareceu que o valor gasto até então foi pequeno, pois obteve itens comuns
para desenvolver as atividades dos órgãos e que estariam sendo processadas outras aquisições,
envolvendo munições, veículos e equipamentos, ainda não concluídas.
No mês de novembro, o gabinete da intervenção federal informou que estavam em
curso mais 320 processos de licitação para que fosse gasto todo o montante disponível,
englobando compra de helicópteros, mais de 30 mil armas e 4.000 mil veículos destinados à
polícia militar. Com os processos licitatórios ainda em andamento, a maior parte dos
equipamentos só seria entregue e paga em 2019, pós intervenção42.
3.2 MEDIDAS
Além da elaboração de um plano estratégico com as metas e da disponibilização
orçamentária, também foram adotadas algumas medidas para efetivação da intervenção. Uma
das primeiras medidas foram as operações policiais em favelas e a criação do Ministério
Extraordinário da Segurança Pública. Após, além de tentativas de cumprimento do plano
42 GABINETE DA INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Acompanhe o empenho de recursos
da Intervenção Federal. Disponível em:
<http://www.intervencaofederalrj.gov.br/imprensa/releases/acompanhe-o-empenho-de-recursos-da-intervencao-
federal> Acesso em: 23 nov. 2018
40
estratégico, foi elaborada a rearticulação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP),
alterando seu modo de operação e transformando-as em Companhias Destacadas43.
Com base no estudo feito pela Polícia Militar44, demonstrando a inefetividade atual
das unidades e existindo uma maior concentração de confrontos em favelas, onde a polícia
perdeu o controle, o gabinete de intervenção federal decidiu pelo fim das unidades. Do total
de 38 unidades, foi proposta a reestruturação de 19 UPPs, ou seja, metade das que estavam
instaladas.
Essas Companhias Destacadas seriam comandadas pelos batalhões de suas áreas,
realizando o patrulhamento ostensivo, objetivando a retomada da região. O porta-voz da
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o major Ivan Blaz, ao anunciar o fim da UPP na
comunidade Cidade de Deus, esclareceu a forma de atuação das Companhias Destacadas45:
A diferença clássica é a forma do policiamento. Encerra a relação de polícia de
proximidade e retoma as ações policiais na região. A maior demanda nesta
comunidade é o combate à criminalidade que atua aqui. É preciso ações mais
contundentes contra o crime, pois tinham ações marginais aqui muito próximas da
UPP. Hoje teremos suporte operacional do 14º BPM e várias ações serão realizadas.
Além disso, buscando aumentar o efetivo nas ações ostensivas, o gabinete de
intervenção federal determinou a devolução de policiais anteriormente cedidos a outros
órgãos como a ALERJ e Prefeituras Municipais46. Nesse sentido ainda, buscou-se a
convocação de policiais concursados para aumentar o efetivo47, a realização de operações
policiais e patrulhamento das ruas a fim de conter a violência e a realização de licitação para
aquisição de armamento policial e de veículos. Também foram realizadas cursos de
capacitação para mais de 2.400 policiais no Estado, almejando o fortalecimento dos recursos
humanos dos órgãos de segurança pública, um dos principais objetivos da intervenção federal
43 GABINETE DA INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Intervenção reestrutura UPP e
redireciona policiais para as ruas. Disponível em:
<http://www.intervencaofederalrj.gov.br/imprensa/releases/intervencao-federal-policiais-das-upps-sao-
redirecionados-para-o-policiamento-nas-ruas> Acesso em: 20 nov. 2018 44 PMERJ. Análise da vitimizacao do policial. Disponível em: <http://www.pmerj.rj.gov.br/analise-da-
vitimizacao-do-policial/> Acesso em: 23 nov. 2018 45 NASCIMENTO, Rafael. Porta-voz da PM anuncia fim da UPP Cidade de Deus. Jornal O Dia. Disponível
em: <https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2018/06/5548318-porta-voz-da-pm-anuncia-fim-da-upp-cidade-de-
deus.html> Acesso em: 23 nov. 2018 46 BRASIL, Cristina Índio do. PMs cedidos à Alerj devem ser devolvidos à Secretaria de Segurança até
quarta. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-04/pms-cedidos-alerj-devem-ser-devolvidos-secretaria-de-seguranca-ate-quarta> Acesso em: 23 nov. 2018 47 GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Polícia Militar convoca mais 400
concursados para prestar curso no CFAP. Disponível em:
<http://www.intervencaofederalrj.gov.br/imprensa/releases/policia-militar-convoca-mais-400-concursados-para-
prestar-curso-no-cfap> Acesso em: 23 nov. 2018
41
no Plano Estratégico48, apesar do Estado possuir aproximadamente 46.000 mil policiais
militares em seu efetivo49.
Dentre as medidas, ainda há o Plano de Preparação de Transição da Intervenção
Federal, objetivando a continuidade das metas e dos planos, contendo um cronograma a ser
passado para a Administração Pública ao transferir a responsabilidade da segurança pública
ao Estado novamente. Para tal, o gabinete de intervenção federal ficará ativo até 30 de junho
de 2019, apesar do prazo de intervenção expirar em 31 de Dezembro de 2018.50
3.2.1 Criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública
Logo após a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, foi anunciada a criação
de um novo ministério nacional, o da Segurança Pública. Antes, a pasta do governo
compreendia o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que pela medida provisória nº
821/2018 de 26 de fevereiro de 2018, foi separada em Ministério Extraordinário da Segurança
Pública e Ministério da Justiça51:
Art. 1º É criado o Ministério Extraordinário da Segurança Pública e transformado o
Ministério da Justiça e Segurança Pública em Ministério da Justiça.
Art. 2º A Lei nº 13.502, de 1º de novembro de 2017, passa a vigorar com as
seguintes alterações: Art. 21. IX-A - Extraordinário da Segurança Pública;
XIII - da Justiça;
Seção IX-A
Do Ministério Extraordinário da Segurança Pública
Art. 40-A. Compete ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública:
I - coordenar e promover a integração da segurança pública em todo o território
nacional em cooperação com os demais entes federativos;
II - exercer:
a) a competência prevista no art. 144, § 1º, incisos I a IV, da Constituição, por meio
da polícia federal;
b) o patrulhamento ostensivo das rodovias federais, na forma do art. 144, § 2º, da
Constituição, por meio da polícia rodoviária federal; c) a política de organização e manutenção da polícia civil, da polícia militar e do
48 GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Intervenção Federal já promoveu a
capacitação de mais 2.400 agentes. Disponível em:
<http://www.intervencaofederalrj.gov.br/imprensa/releases/reforco-na-capacitacao-e-uma-das-metas-da-
intervencao-federal> Acesso em: 23 nov. 2018 49 MARIANI, D.; PAGNAN, R. Após promoções sem concurso, PM do Rio tem mais chefes que soldados.
Folha de S. Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/02/apos-promocoes-sem-
concurso-pm-do-rio-tem-mais-chefes-que-soldados.shtml> Acesso em: 28 nov. 2018 50 GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO. Plano de Preparação da Transição
da Intervenção Federal. Disponível em: <http://www.intervencaofederalrj.gov.br/imprensa/conheca-os-planos-de-transicao-e-o-estrategico/plano-preparatorio-para-transicao-da-intervencao-federal> Acesso em: 23 nov. 2018 51 BRASIL. Medida Provisória nº 821/2018. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/medpro/2018/medidaprovisoria-821-26-fevereiro-2018-786203-
publicacaooriginal-154918-pe.html> Acesso em: 20 nov. 2018
42
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, nos termos do art. 21, caput, inciso
XIV, da Constituição;
d) a função de ouvidoria das polícias federais; e
e) a defesa dos bens e dos próprios da União e das entidades integrantes da
administração pública federal indireta; e
III - planejar, coordenar e administrar a política penitenciária nacional.
Art. 40-B. Integram a estrutura básica do Ministério Extraordinário da Segurança
Pública o Departamento de Polícia Federal, o Departamento de Polícia Rodoviária
Federal, o Departamento Penitenciário Nacional, o Conselho Nacional de Segurança
Pública, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, a Secretaria Nacional de Segurança Pública e até uma Secretaria.
Seção XIII
Do Ministério da Justiça
Art. 47. Constitui área de competência do Ministério da Justiça:
IV - políticas sobre drogas;
Art. 48. Integram a estrutura básica do Ministério da Justiça:
XI - até quatro Secretarias.
Art. 3º É transferida do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério
Extraordinário da Segurança Pública a gestão dos fundos relacionados com as
unidades e as competências deste Ministério.
Art. 4º Ficam transformados: I - o cargo de Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública em cargo de
Ministro de Estado da Justiça;
II - o cargo de Natureza Especial de Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e
Segurança Pública em cargo de Natureza Especial de Secretário-Executivo do
Ministério da Justiça [...].
A medida provisória, além de criar o ministério, transferiu a competência de
comando da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, antes pertencente ao Ministério
da Justiça, para o Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Da mesma forma, o
Departamento Penitenciário Nacional (Depen), os Conselhos de Segurança Pública e de
Política Criminal e Penitenciária, além da Secretaria Nacional de Segurança Pública seguiram
para o Ministério da Segurança Pública.
Ocorre que já sob um Decreto de intervenção federal, conforme exposto
anteriormente no Capítulo 2, é vedada a alteração da Constituição, contudo, a medida
provisória modificou as atribuições constitucionais da polícia, o que pôs em discussão a
constitucionalidade da medida, sendo considerada uma burla à vedação constitucional. Foi
questionada também a urgência para a edição de uma medida provisória em ano eleitoral, já
que a questão da segurança pública vem há muito tempo sendo debatida sobre a necessidade
de uma reforma do sistema52.
Por ter sido criada através de medida provisória, esta entra em vigor no ordenamento
jurídico com força de lei, conforme ensinamentos de Pedro Lenza (2014, p.668):
52 JÚNIOR, J. L.; SILVA, R. Z. A in(constitucionalidade) da MP n° 821/2018 e o Ministério Extraordinário
da Segurança Pública. Disponível em: <https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/552109334/a-in-
constitucionalidade-da-mp-n-821-2018-e-o-ministerio-extraordinario-da-seguranca-publica?ref=topic_feed>
Acesso em: 23 nov. 2018.
43
A medida provisória é adotada pelo Presidente da República, por ato monocrático,
unipessoal, sem a participação do Legislativo, chamado a discuti-la somente em
momento posterior, quando já adotada pelo Executivo, com força de lei e
produzindo efeitos jurídicos.
Da sua publicação, vigorará por 60 dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual
período, ou seja, mais 60 dias, conforme art. 62, §7º, CRFB/88. Também deve ser submetida
ao Congresso Nacional e, se aprovada, transformada em lei, sob pena de perda de sua eficácia.
Seguindo o procedimento, o Poder Legislativo converteu a medida provisória nº 821/2018 na
Lei nº 13.690/2018, criando o novo Ministério53.
3.3 CONSEQUÊNCIAS
3.3.1 Balanço estatístico
Baseando-se nos dados do Instituto da Segurança Pública do Estado do Rio de
Janeiro, pode-se observar a trajetória dos índices de criminalidade antes e durante a
intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, possibilitando uma análise acerca da
efetividade do Decreto nº 9.288/2018.
Levando-se em conta que o objetivo do decreto era, de acordo com seu art. 1º, §2º,
pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro e, tendo
em vista justamente os altos índices de violência que motivaram a intervenção, clara é a
intenção de sua redução.
Faz-se mister uma análise do balanço estatístico dos dados da intervenção federal,
comparando com os anos anteriores no período de 2014 a 2018. Com relação aos crimes
cometidos e a extensão do decreto de intervenção, importante dividir as áreas, a fim de
proporcionar um olhar mais próximo da realidade. Desse modo, essencial inicialmente separar
os dados de acordo com o crime cometido e a região.
Ressalte-se que devido ao estudo desta monografia estar sendo feita durante o
período de vigência da intervenção federal, não há disponibilidade de todos os dados do ano.
Assim, foram analisados apenas os dados relativos ao período de Janeiro a Setembro dos anos
de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018 do Estado do Rio de Janeiro, excluindo-se os meses de
outubro, novembro e dezembro dos referentes anos. Como não ainda não há dados disponíveis
53 BRASIL. Lei 13.690/2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2018/Lei/L13690.htm> Acesso em: 20 nov. 2018
44
dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2018 referentes à segurança pública, a fim de
não prejudicar a presente análise, esses meses também foram excluídos dos anos anteriores.
Para fins de estudo, além de considerar os dados do Estado do Rio de Janeiro, foi
feita uma segunda análise dividindo o Estado em quatro regiões: a Capital fluminense, que é a
cidade do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense, o interior do Estado, que abrange a maior
parte dos municípios e, com o fito de não incluir a Região de Niterói e São Gonçalo no
Interior do Estado, seguindo também a divisão de região considerada pelo Instituto de
Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, na região abaixo descrita como “Grande
Niterói” foram incluídos os municípios de: Silva Jardim, Cachoeira de Macacu, Cabo Frio,
Arraial do Cabo, Armação de Búzios, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Araruama, Rio
Bonito, Saquarema, Maricá, Itaboraí, Tanguá, São Gonçalo e Niterói.
Figura 1 - Mapa do Estado do Rio de Janeiro e sua divisão de regiões, conforme dispõe a ISP/RJ. 54
3.3.1.1 Crime de Homicídio Doloso
De acordo com os dados da Segurança Pública, os índices de criminalidade para o
homicídio doloso caíram em relação ao ano de 2017, no entanto, ao comparar com os anos
anteriores, a queda foi praticamente insignificativa. Pois, em 2018 o índice chegou a 3.837
mil registros, tendo uma queda em relação a 2017, que teve índice de 3.960 mil registros.
54 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
45
Observando os anos anteriores, contudo, vê-se que a queda não foi grande, nem ao menos
alcançando os índices de 2016, como pode-se observar na tabela abaixo:
Gráfico 1 - Taxa do crime de homicídio doloso no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de
2014 a 2018. 55
Analisando comparativamente os dados do crime de homicídio doloso entre as
regiões do estado do Rio, percebe-se claramente que o maior índice de violência atualmente
está presente no interior, sendo seguida da baixada fluminense, da capital e, por fim, da região
da grande Niterói.
A partir dos dados, é possível verificar de acordo com o gráfico abaixo, que nas
regiões houve uma queda dos homicídios dolosos com a intervenção federal em relação aos
anos anteriores, contudo, na maior parte do estado, qual seja, o interior, houve um aumento
nos homicídios dolosos. Pode-se concluir que esse aumento acaba, portanto, refletindo nos
índices totais do gráfico anterior, impedindo uma queda maior dos números.
Apesar da leve queda em regiões como a capital e a baixada, importante destacar que
seus números são extremamente altos comparados com o interior, por exemplo, que abrange
uma extensão geográfica muito maior. Isto acontece também devido à concentração da
população nesses locais, que é altíssima.
55 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
3,809
3,098
3,652
3,960 3,837
0
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
46
Gráfico 2- Taxa do crime de homicídio doloso nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 56
Outra questão acerca dos homicídios dolosos cometidos no Estado do Rio de Janeiro,
é que, considerando os dados de Janeiro a Agosto de 2018, durante o período da intervenção
federal, de acordo com o estudo feito pelo ISP com base em informações da Polícia Civil do
Estado Rio de Janeiro, 77% dos homicídios dolosos no estado foram através de arma de fogo
e apenas 3% foram com arma branca. Desse total, 19% foram considerados outros tipos de
armas e 1% não foi informado57.
Também, do total de vítimas nesse mesmo período, 88% eram homens, 7% mulheres
e os outros 5% não foi informado. Em relação à cor, as maiores vítimas foram homens pardos
com 47%, 21% eram brancos, 21% negros e os 11% restantes não foram informados, sendo
desconhecidos58.
3.3.1.2 Crime de Roubo
Primeiramente, o crime de roubo em si a ser analisado engloba todos os crimes
tipificados como roubo, incluindo os de celulares, bancos, de carga, a pedestres nas ruas,
dentre outros. Após, a análise prosseguirá à aferição daqueles que dão mais sensação de
insegurança, como os de pedestres, de celulares e de veículos.
56 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 57 INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Estudo de Letalidade Violenta. Disponível em:
<http://www.isp.rj.gov.br/Conteudo.asp?ident=137> Acesso em: 15 nov. 2018. 58 Ibid.
1042
1139
961
893
937
397 397 362286
369
1,174
13931296
1133
1533
1224
1031
1033
786
975
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2018 2017 2016 2015 2014
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
47
O total do crime de roubo no Estado do Rio teve um aumento em 2018 com relação
ao ano anterior: de 173.843 casos registrados em 2017, passou a ter 176.749 casos em 2018.
Ademais, destaque-se que foi o maior índice desde 2014, que, por sua vez, atingiu apenas
119.187 casos em todo o estado.
Gráfico 3 - Taxa do crime de roubo no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de 2014 a
2018. 59
Ao comparar os números de cada região, a maior concentração do crime de roubo
está na capital, com 91.987 mil registros em 2018, tendo uma leve queda com relação ao
mesmo período do ano passado. O mesmo ocorreu na região da baixada fluminense, que teve
um leve queda de 46.388 mil registros de ocorrência em 2017 para 45.740 mil em 2018.
Já nas regiões da grande Niterói e do interior do estado, em ambos houve um
pequeno crescimento da criminalidade nesse quesito.
Contudo, é visivelmente crescente os registros desde 2014, não apenas na capital do
estado, como em todas as demais regiões. Assim, não houve uma redução de modo geral,
apesar da existência de uma leve queda em duas regiões, existindo um crescimento do crime
de roubo em todo o estado.
Não deixando de ressaltar que de 2017 a 2018, comparando com a vigência da
intervenção federal no estado, a queda nos grandes centros urbanos ocorreu, ainda que
pequena. De qualquer forma, o mesmo não ocorreu no interior.
59 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
119,187109,570
149,171
173,843 176,749
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
180,000
200,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
48
Gráfico 4 - Taxa do crime de roubo nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de
2014 a 2018. 60
3.3.1.3 Crime de Roubo de Celulares
Dentre os crimes que mais causam a sensação de insegurança está o crime de roubo
de celulares. Em todo o estado do Rio de Janeiro é verticalmente crescente a ocorrência desse
crime desde 2014.
Em comparação dos anos de 2017 a 2018, antes e após intervenção federal,
respectivamente, os dados do crime de roubo de celulares saltaram de 18.129 registros de
ocorrência para 19.588.
Gráfico 5 - Taxa do crime de roubo de celulares no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro
de 2014 a 2018. 61
60 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
58584 60737
74204
92867 91987
1766914320
21225 2326225939
3412627784
4241046388 45740
8808 6729 11338 11326 13083
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
5,386
8,695
13,926
18,12919,588
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
49
Em todas as regiões é possível observar o crescimento do crime de roubo de
celulares, não existindo diminuição nos índices, salvo a região da grande Niterói que obteve
uma queda mínima de 19 ocorrências após intervenção.
Por outro lado, importante ressaltar que o nível crescimento, que vinha em um
crescimento de grande amplitude, teve um crescimento mais tímido ao comparar com os anos
anteriores, principalmente na capital, que de 2016 para 2017 teve um aumento altíssimo, já de
2017 para 2018, também houve um certo crescimento, porém de menor nível.
Gráfico 6 - Taxa do crime de roubo de celulares nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 62
3.3.1.4 Crime de Roubo de Veículos
No que tange os crimes de roubos de veículos, houve uma queda em todo o estado
com a intervenção federal, passando a 39.970 roubos, sendo que em 2017, esse índice chegou
ao maior nível desde 2014, atingindo 41.412 registros.
Ressalte-se, porém, que nos anos anteriores a variação desse crime era menor,
mantendo até uma certa constância. A disparada sucedeu-se em 2017, desse ponto de vista,
61 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 62 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
3286
5158
7162
1010310847
591980
1767 2054 2035
1168
2045
3803
46955117
341 5121194 1277 1589
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
50
houve a diminuição do crime, contudo, esse índice já foi muito menor em todo o estado do
Rio de Janeiro em anos anteriores.
Gráfico 7 - Taxa do crime de roubo de veículos no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de
2014 a 2018. 63
Nas regiões, houve queda do roubo de veículos na capital e na baixada fluminense,
em contrapartida, aumento na área da grande Niterói e do interior, conforme é possível ver a
seguir no gráfico:
Gráfico 8 - Taxa do crime de roubo de veículos nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 64
63 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 64 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
25,11922,788
29,218
41,41239,970
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
10256
11321
13752
1963318845
4251 3379
4505
6400 66719038 7061
9425
1332612002
15741027 1536 2053 2452
0
5000
10000
15000
20000
25000
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
51
3.3.1.5 Crime de Roubo a Pedestres
Outro crime bastante comum em todo o estado é o roubo a transeuntes (pedestres),
tendo um nível altíssimo de ocorrências em comparação aos outros crimes.
Da análise dos dados, é possível verificar que há uma certa constância nos últimos 3
anos, sendo a variação pouco expressiva. Já nos anos de 2014 e 2015, seu nível foi menor.
Gráfico 9 - Taxa do crime de roubo a pedestres no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de
2014 a 2018. 65
Sob a intervenção federal, o crime de roubo a pedestres continuou intenso no estado
do Rio de Janeiro, tendo inclusive um aumento com relação ao ano anterior, de 2017, ainda
que seja um pequeno aumento.
Já ao analisar as regiões do estado, constata-se que em todas as regiões houve um
aumento do crime, sendo mais acentuado na área da grande Niterói. Nas demais regiões o
crescimento foi menor. Com relação à capital, houve uma queda nas ocorrências.
65 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
61,109
49,311
68,553 65,313 67,623
0
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
80,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
52
Gráfico 10 – Taxa do crime de roubo a pedestres nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 66
Nota-se também que mesmo na região da capital onde houve uma leva queda do
crime de roubo a pedestre, seu nível continua alto em comparação aos demais anos,
principalmente em os anos de 2014 e 2015, que em todas as áreas teve seu menor registro de
ocorrência na época.
3.3.1.6 Crime de Roubo de Carga
No que diz respeito ao roubo de carga, um dos crimes que expressos nas metas do
plano de estratégia de intervenção, houve uma queda expressiva com relação ao ano anterior,
caindo de 7.608 ocorrências para 7.017 em 2018.
Se por um lado é claro que houve a redução da criminalidade nesse ponto, é
primordial ressaltar que da mesma forma que os crimes anteriormente analisados, se
comparado com os demais anos, o nível do crime no ano de 2018 continua bem alto, visto que
em 2014 e em 2015 os índices de criminalidade atingiram 3.956 mil e 4.960 mil registros de
ocorrências.
De qualquer forma, perceptível a queda em 2018, sob intervenção federal, com
relação ao ano anterior.
66 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
2970128129
3332434725 34174
97356877
109749138
10550
17654
11819
1909117019 17658
40192486
5164 4431 5241
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
53
Gráfico 11 - Taxa do crime de roubo de carga no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de
2014 a 2018. 67
Da análise das regiões, vê-se que na baixada fluminense e, principalmente na capital
do estado, houve uma grande queda na incidência do crime de roubo de carga. A capital,
cidade do Rio de Janeiro, foi a localidade em que houve o maior impacto na diminuição dos
referidos índices.
Já nas regiões da grande Niterói e do interior, houve um aumento no crime de roubo
de carga. No que tange o interior, seu aumento foi pequeno, já na grande Niterói, foi bem
acentuado, conforme pode-se ver no gráfico abaixo:
Gráfico 12 - Taxa do crime de roubo de carga nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 68
67 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
3,956
4,960
6,499
7,6087,017
0
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
7,000
8,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
2221
29393148
3960
3067
412 284
545
10831567
1110
1475
2457
22331838
213 262 349 332545
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
54
3.3.1.7 Apreensão de Armas
Já a apreensão de armas cresceu bastante em 2018 com a intervenção.
Diferentemente dos casos acima, o índice de 2018 foi o segundo melhor desde 2014. Na
comparação com o ano de 2017, fica nítido o aumento da apreensão de armas, subindo de
6.606 mil no ano anterior, subindo para 6.812 mil armas apreendidas.
Gráfico 13 - Taxa de apreensão de armas no Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a Setembro de 2014
a 2018. 69
Quanto às regiões do estado do Rio de Janeiro, a apreensão de armas teve alta em
algumas partes do Estado, e queda em outra.
Subiu principalmente no interior e na região da grande Niterói. Em ambos, o corrente
ano teve o melhor índice desde 2014.
68 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018 69 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
6,476
6,942
6,729
6,606
6,812
6,200
6,300
6,400
6,500
6,600
6,700
6,800
6,900
7,000
2014 2015 2016 2017 2018
Estado
55
Gráfico 14 - Taxa de apreensão de armas nas regiões do Estado do Rio de Janeiro no período de Janeiro a
Setembro de 2014 a 2018. 70
Já na baixada fluminense, apesar de praticamente manter no mesmo nível de
apreensão de armas em todos os anos anteriores estudados, importante destacar que nessa área
houve uma pequena queda no ano de 2018 em comparação aos anos anteriores.
Na capital, houve uma queda significativa em comparação com o ano anterior,
praticamente atingindo o patamar de 2014, quando apresentou o melhor índice de apreensão
de armas na capital.
70 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Instituto de Segurança Pública. Disponível em
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/> Acesso em: 12 nov. 2018
18832299 2193 2145 1896
728784 710
627775
1538 1449 1550 1580 1536
23272410
2276 2254 2605
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
2014 2015 2016 2017 2018
Capital
Grande
NiteróiBaixada
Interior
56
CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou analisar a Intervenção Federal na área da Segurança
Pública no Estado do Rio de Janeiro desde os antecedentes que ensejaram a decretação até o
seu resultado no Estado.
No decorrer do trabalho, foi analisada a expedição do decreto de intervenção no
Estado do Rio de Janeiro, abordando a violência ocorrida no carnaval no corrente ano, que,
após ampla repercussão na mídia impulsionou a expedição do decreto, também analisou-se os
procedimentos jurídicos, verificando o atendimento aos preceitos constitucionais, bem como
os aspectos do decreto como a natureza militar do cargo de interventor.
Através da análise dos dados disponíveis pelo Instituto de Segurança Pública do
Estado do Rio de Janeiro, foi possível constatar que não houve redução dos índices de
criminalidade. Na maioria dos crimes analisados houve um aumento nas ocorrências dos
crimes, principalmente aqueles responsáveis por causar insegurança aos cidadãos, como o
crime de roubo, especialmente o de pedestres e o roubo de celulares.
Ainda que tenha ocorrido a diminuição dos índices de alguns dos crimes analisados,
essa diminuição foi muito pequena, pois, ao analisar comparativamente com os anos
anteriores, continua sendo uma taxa muito alta. Ademais, ao observar as regiões do estado, no
que tange esses crimes que aparentemente houve uma diminuição dos índices de
criminalidade, é possível constatar um aumento em algumas partes do estado.
Ressalte-se que das medidas adotadas pelo gabinete da intervenção federal, como o
investimento na capacitação de agentes e na disponibilização de cursos, estes atingiram uma
parcela bem ínfima do contingente de policiais do Estado. Além disso, do valor disponível
pela União para investimentos durante a intervenção, nem metade foi gasto em investimentos
na Polícia Militar do Estado, resultando em um pequeno impacto no fortalecimento e na
melhoria a longo prazo da instituição, proposta pelo plano estratégico de intervenção.
Conclui-se que a medida de decretação da intervenção federal, até o presente
momento, não foi efetiva no que se propôs, não reduzindo a criminalidade, nem realizando
investimentos suficientes que possam impactar em grandes melhorias.
57
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