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Antraz ou Carbúnculo 153 Secretaria de Vigilância em Saúde / MS A 6 AN TRAZ O U C AR B Ú N C U LO C ID 1 0 : A 22 C a r a c t e r ís t ic a s c lín icas e ep id e m io ló g ica s D e s c r iç ã o T oxiinfecção aguda que,em geral,acomete a pele sob as formas de lesão bolhosa e pústula maligna,produzida pelo contato com animais (bovino,caprino,eqüino e outros) com a m esm a doença. As form as viscerais são raras, em bora graves, representadas pelo carbúnculo pulm onar,gastrintestinal e neuromeníngeo. Sin o n ím ia Anthrax, na língua inglesa. N o Brasil, a conuência de furúnculos, que é um diagnós- tico diferencial da toxiinfecção causada pelo B acillus anthracis ,é denom inada carbúnculo ou antraz. N a vigência desta furunculose m ultifocal, a suspeita de antraz só deve ser levan- tada quando houver história epidemiológica compatível. Ag en te etio ló g ic o Bacilo m óvel,gram positivo encapsulado,form ador de esporos denom inados B acillus anthracis. R e s e r v a t ó r io Anim ais herbívoros,dom ésticos e selvagens.O solo contam inado tam bém representa um reservatório,pois quando se expõem ao ar as form as vegetativas esporulam e os espo- ros de B.anthracis ,que resistem a situações am bientais adversas e à desinfecção,podem perm anecer viáveis durante m uitos anos.Este bacilo é com ensal do solo,em várias partes do m undo.A proliferação bacteriana e o núm ero de esporos no solo aum entam quando de inundações ou outras circunstâncias ecológicas.A terra tam bém pode ser contam inada por aves de rapina, que dissem inam o germ e de um a zona para outra, após alim entar-se de cadáver de animal infectado pelo B.anthracis e em estado de putrefação. A pele,couro seco ou processado,provenientes de animais infectados,podem alber- gar esporos durante anos e são fômites que transmitem a infecção pelo mundo. Vetores Aventa-se a possibilidade de transm issão por insetos hem atófagos que tenham se ali- mentado de animais infectados. M o d o d e tran sm issão A m aneira m ais com um de contam inação é o m anuseio de produtos tais com o lã, cou- ro, osso e pêlo, provenientes de anim ais infectados. Em casos m ais raros, a doença tam bém

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Antraz ou Carbúnculo

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AN T R AZ O U C AR B Ú N C U L OC ID 1 0 : A 2 2

C a r a c t e r ís t ic a s c lín ic a s e e p id e m io ló g ic a s

D e s c r iç ã oT oxiinfecção aguda que, em geral, acom ete a pele sob as form as de lesão bolhosa e

pústula m aligna, produzida pelo contato com anim ais (bovino, caprino, eqüino e outros)

com a m esm a doença. As form as viscerais são raras, em bora graves, representadas pelo

carbúnculo pulm onar, gastrintestinal e neurom eníngeo.

S in o n ím iaAnthrax, na língua inglesa. N o Brasil, a con� uência de furúnculos, que é um diagnós-

tico diferencial da toxiinfecção causada pelo Bacillus anthracis, é denom inada carbúnculo

ou antraz. N a vigência desta furunculose m ultifocal, a suspeita de antraz só deve ser levan-

tada quando houver história epidem iológica com patível.

Ag e n t e e t io ló g ic o Bacilo m óvel, gram positivo encapsulado, form ador de esporos denom inados Bacillus

anthracis.

R e s e r v a t ó r ioAnim ais herbívoros, dom ésticos e selvagens. O solo contam inado tam bém representa

um reservatório, pois quando se expõem ao ar as form as vegetativas esporulam e os espo-

ros de B. anthracis, que resistem a situações am bientais adversas e à desinfecção, podem

perm anecer viáveis durante m uitos anos. Este bacilo é com ensal do solo, em várias partes

do m undo. A proliferação bacteriana e o núm ero de esporos no solo aum entam quando

de inundações ou outras circunstâncias ecológicas. A terra tam bém pode ser contam inada

por aves de rapina, que dissem inam o germ e de um a zona para outra, após alim entar-se de

cadáver de anim al infectado pelo B. anthracis e em estado de putrefação.

A pele, couro seco ou processado, provenientes de anim ais infectados, podem alber-

gar esporos durante anos e são fôm ites que transm item a infecção pelo m undo.

V e t o r e sAventa-se a possibilidade de transm issão por insetos hem atófagos que tenham se ali-

m entado de anim ais infectados.

M o d o d e t r a n s m is s ã o A m aneira m ais com um de contam inação é o m anuseio de produtos tais com o lã, cou-

ro, osso e pêlo, provenientes de anim ais infectados. Em casos m ais raros, a doença tam bém

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pode ser contraída por ingestão de alimento contaminado (carne de animais infectados)

ou por inalação dos esporos. Outra forma de se adquirir a doença é pela picada de insetos

hematófagos, comuns em regiões endêmicas. É bem pouco provável ocorrer a transmissão

direta da doença de um indivíduo infectado para um sadio.

P eríodo de incu b ação V aria de um a sete dias, sendo em média de dois a três dias. É possível se estender por

até 60 dias.

P eríodo de transmissib ilidade Os objetos e o solo contaminados podem permanecer infectantes durante décadas. A

transmissão de pessoa a pessoa é muito rara.

Su sceptib ilidade e imu nidadeIndeterminadas. Existem dados de infecção não manifesta em pessoas que mantém

contato freqüente com o agente infeccioso. Podem surgir segundos ataques, raras vezes

identi� cados.

Aspectos clínicos e lab oratoriais

Manifestaçõ es clínicasCutânea – lesão na pele que evolui, durante um período de dois a seis dias, do estágio

de pápula para vesícula e pústula, progredindo para cicatriz negra profunda.

Inalatória – inicia com febre, cefaléia, vômitos, tontura, fraqueza, dor abdominal e

dor torácica, progride com piora do quadro respiratório e evidência radiológica de expan-

são do mediastino.

Intestinal – inicia com náusea, vômito e mal-estar, com progressão rápida para diar-

réia sanguinolenta, abdome agudo ou sepsis.

O rofaringe – lesão de mucosa, na cavidade oral ou da orofaringe, adenopatia cervical,

edema e febre.

Na forma cutânea, após o período de incubação, aparece pápula in� amatória, seguida

de formação vesicular que logo exsuda e transforma-se em pústula com porção central de

cor amarela, evoluindo para o negro, com formação de escara. D ois a três dias após o início

da lesão, esta já apresenta o aspecto característico de escara indolor, seca, com centro negro

e borda edemaciada e in� amada, acompanhada de adenopatia satélite (para os linfonodos

regionais), febre discreta (37ºC a 38ºC) e bom estado geral. Pode haver evolução espontâ-

nea para cicatrização e cura, porém em alguns casos não tratados, quando há comprometi-

mento da resistência, pode disseminar-se para os gânglios linfáticos regionais e a corrente

sangüínea, com conseqüente septicemia.

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Nas infecções respiratórias (carbúnculo por inalação), os sintomas iniciais são discre-

tos, inespecí� cos e assemelham-se aos de uma infecção comum das vias aéreas superiores.

Ao término de três a cinco dias, aparecem os sintomas agudos de insu� ciência respiratória,

sinais radiológicos sugestivos de exsudado pleural, febre e choque, que evolui rapidamente

para a morte.

O carbúnculo intestinal é raro e mais difícil de ser identi� cado, exceto quando sob a

forma de surtos epidêmicos explosivos, do tipo causado por intoxicação alimentar. As mani-

festações clínicas são mal-estar abdominal, seguido de febre, sinais de septicemia e morte.

Diagnóstico diferencialFurunculose cutânea causada pelo Staphylococcus e/ou Streptococcus, dermatite pus-

tulosa contagiosa (enfermidade vírica de Orf).

Diagnóstico laboratorialIsolamento do Bacillus anthracis no sangue, lesões ou secreções mediante esfregaços

ou inoculações em animais. Em tecidos, pela histologia. Também pode ser identi� cado por

imuno� uorescência.

Tratamento

Q u adro 1. E s q u ema p ara p ro fi lax ia p ó s -ex p o s iç ã o co m cip ro fl o x acina

Via de administração Doses

Adu lto

Cip ro fl o x acina O ral 5 00mg, 2 v ez es ao dia

Crianç a (< 20k g)

Cip ro fl o x acina O ral 20 a 3 0mg/k g/dia, em 2 do s es diá rias

M anter pro� laxia pós-exposição por 60 dias, de� nindo esquema terapêutico após a rea-

lização de teste de sensibilidade antimicrobiana, de acordo com as seguintes orientações:

• enquanto não houver resultado de teste de sensibilidade antimicrobiana (para amo-

xicilina ou doxiciclina) ou se o teste revelar resistência antimicrobiana comprovada

laboratorialmente, manter o esquema do Q uadro 1.

• quando houver comprovação de que a cepa é sensível para amoxicilina e doxicicli-

na, o esquema de tratamento deve ser alterado, conforme os quadros a seguir:

Q u adro 2. 1ª es co lh a: Amo x icilina

Via de administração Doses

Adu lto (18 a 6 5 ano s )

Amo x icilina O ral 5 00mg, 3 v ez es ao dia

Crianç a (< 20k g)

Amo x icilina O ral 4 0mg/k g/dia, em 3 do s es diá rias

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2ª escolha: Doxiciclina

Via de administração Doses

Adulto

Doxiciclina oral Oral 100mg, 2 vezes ao dia

Criança (<20kg)

Doxiciclina Oral 5mg/kg/dia, em 2 doses diárias

• Caso o indivíduo exposto a material suspeito de contaminação pelo Bacillus an-

thracis apresente sintomatologia compatível com a doença, realizar tratamento con-

forme a conduta estabelecida. Avaliar indicação médica de uso da droga por via

parenteral.

• R ealizar acompanhamento semanal de pacientes/expostos em regime ambulatorial

até o � m do tratamento.

Aspectos epidemiológicos

O homem é um hospedeiro acidental e a incidência desta doença é muito baixa, geral-

mente esporádica em quase todo o mundo. É considerado risco ocupacional em potencial

para trabalhadores que manipulam herbívoros e seus produtos. H á registro de casos na

América do Sul e Central, Á sia e Á frica. R ecentemente, ocorreram casos nos Estados U ni-

dos da América, imputados à guerra biológica. No Brasil, não existe registro de casos da

doença em humanos. Atualmente, o risco de se contrair a doença é mínimo.

Vigilâ ncia epidemiológica

Objetivos• Diagnosticar e tratar precocemente os casos graves, para evitar complicações e óbi-

tos.

• Identi� car a fonte de infecção, para adoção de medidas de controle e desinfecção

concorrente.

• R ealizar quimiopro� laxia dos indivíduos expostos ao Bacillus anthracis.

Defi nição de casoSuspeito• Indivíduo com lesão cutânea que evolui para pápula, vesícula e pústula, progre-

dindo para cicatriz negra profunda; e história de exposição a material, animal ou

produtos animais contaminados pelo B. anthracis.

• Indivíduo que apresenta febre, cefaléia, vômitos, tontura, fraqueza, dor abdominal e

dor torácica, que progride com piora do quadro respiratório, evidência radiológica

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de expansão do mediastino e história de exposição a material, animal ou produtos

animais contaminados pelo B. anthracis.

• Indivíduo com quadro de náusea, vômito e mal-estar, com progressão rápida para

diarréia sanguinolenta, abdome agudo ou sepsis; e história de exposição a material,

animal ou produtos animais contaminados pelo B. anthracis.

• Indivíduo com quadro de lesão em mucosa oral ou da orofaringe, adenopatia cer-

vical, edema, febre e história de exposição a material, animal ou produtos animais

contaminados pelo B. anthracis.

Confi rmadoCritério clínico laboratorial – indivíduo com infecção pelo B. anthracis con� rmada

laboratorialmente.

Critério clínico-epidem iológico – indivíduo com exposição a material, animal ou pro-

dutos animais contaminados pelo B. anthracis; e quadro clínico compatível com a doença.

DescartadoCasos suspeitos cujos exames laboratoriais identi� caram outro agente.

Notifi caçãoA ocorrência de casos suspeitos desta doença requer imediata noti� cação e investi-

gação, por se tratar de doença grave e sob vigilância. Mesmo casos isolados impõem a

adoção imediata de medidas de controle, visto tratar-se de evento inusitado. Por ser doença

passível de uso indevido como arma biológica em ataques terroristas, todo caso suspeito

deve ser prontamente comunicado por telefone, fax ou e-mail às autoridades sanitárias

superiores.

Primeiras medidas a serem adotadasToda pessoa exposta a material supostamente contaminado com Bacillus anthracis

deve ser atendida em unidade de saúde de referência. Mesmo antes da con� rmação labora-

torial da contaminação e início dos sintomas dos indivíduos expostos, deve-se orientá-los

e mantê-los sob monitoramento. Caso alguém passe a apresentar sinais e sintomas com-

patíveis com a doença, realizar coleta de material de nasofaringe (sw ab nasal) de todos os

indivíduos expostos e encaminhar para laboratório de referência.

O material supostamente contaminado também deve ser enviado ao laboratório de

referência, para a realização de testes segundo as seguintes diretrizes de biossegurança:

• Para a pessoa que localizou um m aterial suspeito

❯ não tocar, não agitar, não tentar limpar ou recolher o material suspeito

❯ evitar olhar muito próximo, cheirar, provar, espirrar ou tossir

❯ desligar aparelhos de climatização, condicionadores, exaustores e ventiladores

de ar

❯ fechar as janelas e portas e sair do local, mantendo o mesmo isolado, sem permis-

são de entrada de pessoas e/ou animais

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❯ demarcar a área a ser descontaminada com material desinfetante

❯ contactar a secretaria de saúde do estado, ou a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, quando se tratar de ocorrência em áreas de terminais aquaviários, por-

tos, aeroportos, estações, passagens de fronteiras e terminais alfandegados

• Recomendações importantes em caso de contato com o material suspeito

❯ lavar imediatamente as mãos, com água corrente abundante e sabão

❯ não esfregar as mãos antes de molhá-las

❯ não escovar as mãos durante a lavagem

❯ procurar imediata orientação em uma unidade de saúde

• Coleta, recolhimento (se for o caso), acondicionamento, transporte e desconta-

minação do material

❯ veri� car se os procedimentos básicos foram adotados corretamente; caso contrá-

rio, adotá-los

❯ avaliar a situação da área suspeita de contaminação

❯ adotar estratégias especí� cas, relacionadas ao recolhimento, coleta, transporte e

descontaminação, de acordo com o descrito nos Anexos 1 a 5 deste capítulo

Essas atividades devem ser realizadas por equipe competente e capacitada, que deve

atender aos seguintes requisitos:

• nenhum pro� ssional envolvido pode ser portador de ferimentos, queimaduras,

imunode� ciências ou imunossupressões;

• não usar relógios e adereços (anéis, brincos, colares, entre outros);

• usar os equipamentos de proteção individual preconizados no Anexo 1 deste capí-

tulo;

• usar respiradores alternativos e cuidados especiais, quando portadores de pêlos fa-

ciais (barba, bigode e costeletas);

• após os procedimentos, realizar higiene pessoal completa: banho com água corrente

abundante e sabão.

Assistê ncia mé dica ao pacienteAdotar medidas junto às unidades de referência para acompanhamento adequado aos

doentes e a todos os indivíduos expostos sem proteção ao suposto material contaminado.

Q ualidade da assistê nciaVeri� car se as unidades de referência estão seguindo as orientações para a quimiopro-

� laxia e tratamento.

Confi rmação diagnóstica G arantir a coleta e transporte dos espécimes para diagnóstico laboratorial, de acordo

com as normas técnicas constantes do Anexo 1 deste capítulo.

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Proteção da populaçãoDescarte adequado dos materiais supostamente contaminados e quimiopro� laxia dos

expostos.

InvestigaçãoA investigação deve iniciar-se imediatamente após a noti� cação da existência de ma-

terial supostamente contaminado ou de um ou mais casos da doença, para permitir que as

medidas de controle possam ser adotadas em tempo oportuno.

Para o material supostamente contaminado, seguir as orientações descritas anterior-

mente, complementadas com as dos Anexos 1 a 5 deste capítulo.

Roteiro da investigação epidemiológica

Identifi cação do pacientePreencher todos os campos da Ficha de Noti� cação do Sinan, relativos aos dados ge-

rais, noti� cação individual e residência. Não se dispõe de � cha epidemiológica de investiga-

ção para este agravo no Sinan, devendo-se elaborar uma especí� ca para este � m, contendo

campos que coletem as principais características clínicas e epidemiológicas da doença.

Coleta de dados clínicos e epidemiológicosPara con� rmar a suspeita de exposição

• Anotar na � cha de investigação elaborada os dados sobre o tipo de material (couro,

pó branco, etc.), dia da exposição, etc. Uma pequena história (anamnese) deve ser

feita para maior riqueza de detalhes.

• Investigar minuciosamente:

❯ a � dedignidade das informações;

❯ se outras pessoas identi� cá-las podem ter entrado em contato com o suposto

material contaminado;

❯ a abrangência da população acometida;

❯ a provável proveniência do material supostamente contaminado, quando se tra-

tar de contaminação intencional;

❯ nos casos de contaminação por animais ou seus produtos, qual a proveniência,

abrangência da disseminação do agente e vínculo com a ocupação dos indivíduos

acometidos.

Aná lise de dadosA análise dos dados da investigação deve permitir a avaliação da magnitude da prová-

vel contaminação e a adequação das medidas adotadas, principalmente quanto à quimio-

pro� laxia, tratamento dos casos e risco de eventos semelhantes virem a acontecer.

Como a doença não tem grande poder de disseminação e, mesmo quando se apresenta

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sob a forma de surtos, o número de acometidos é limitado, as análises dos eventos devem

ser feitas caso a caso, descrevendo as ocorrências. Desde o início do processo o investigador

deve analisar as informações para veri� car se decorre de doença pro� ssional, contamina-

ção acidental ou intencional – análises que devem alimentar o processo de decisão das

autoridades sanitárias.

Observar se todas as informações necessárias para o encerramento dos casos e do

evento (epidemia ou casos isolados) foram coletados durante a investigação e se as mesmas

foram criteriosamente registradas e analisadas.

Relatório fi nalAs informações coletadas devem ser sistematizadas em um relatório � nal, sejam de

casos isolados, surtos e, principalmente, quando houver suspeita de que a contaminação

possa ter sido intencional.

Dentre as principais conclusões, devem-se destacar:

• local de transmissão do(s) caso(s) e distribuição dos casos segundo espaço, pessoa e

tempo em situações de surtos;

• modo de transmissão (contato com animais, contaminação intencional, caso im-

portado, etc.);

• situação de risco para a ocorrência de novos casos e medidas de controle adotadas;

• critérios de con� rmação e descarte dos casos.

Instrumentos disponíveis para controle

Imuniz açãoA vacina contra o carbúnculo ou antraz contém um � ltrado puri� cado de cultura do

Bacillus anthracis. O Brasil não dispõe desta vacina e a produção mundial, por sua vez, é

muito limitada.

O esquema de vacinação é de 6 doses de 0,5ml, administradas por via subcutânea em

0, 2 e 4 semanas e, posteriormente, no 6º, 12º e 18º meses. Embora existam evidências de

que esta vacina proteja contra as formas cutânea (pele) e inalatória da doença, tal proteção

é temporária e, além do mais, exige reforços anuais de revacinação.

Recomendações para a vacinação – a vacina é indicada somente quando existe risco

de infecção de� nido. Exemplos de grupos de pessoas que estão sob risco de infecção são:

técnicos de laboratório que trabalham com o bacilo e militares envolvidos em guerras com

uso de arma biológica.

A vacinação de civis e da população em geral não é recomendada pelas seguintes

razões:

• o esquema para conferir a proteção adequada é longo (18 meses). Portanto, esta va-

cina não está indicada para a população em situações que exigem proteção imediata,

como um ataque de bioterrorismo;

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• o tempo de proteção conferida pela vacina é muito curto, exigindo a aplicação de

reforços anuais.

Ações de educação em saú de Os indivíduos expostos ou sob risco de exposição devem ser comunicados e orienta-

dos a buscar informações nas unidades de saúde de referência, para serem submetidos à

quimiopro� laxia e/ou tratamento quando indicado. Em áreas de exposição pro� ssional,

alertar sobre as formas de se adquirir a doença. Quando houver suspeita de ataque de bio-

terrorismo, utilizar os meios de comunicação para orientar a população como proceder nos

casos de identi� cação de material suspeito, de acordo com as normas descritas.

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Anex o 1

E q uipamentos de proteção individual para omanuseio de material com suspeição de B. anthracis

G rupo 1No caso de coleta/recolhimento de material suspeito contido em envelope, caixa ou

qualquer outro recipiente, mas sem indícios de contaminação aparente do meio externo, é

indicado o uso de:

• máscara de proteção facial;

• óculos de proteção ou protetor facial;

• luvas descartáveis de látex;

• avental descartável.

G rupo 2Quando o material suspeito se apresentar de forma residual e localizada, em ambiente

não exposto a correntes de ar, seja desprovido (ou sem uso) de sistema de climatização,

condicionador de ambiente, exaustor ou ventilador de ar, orienta-se, para quem o coletar e

recolher, as seguintes proteções:

• macacão descartável em não-tecido ou Tyvek, com capuz;

• luvas de borracha nitrílica ou luvas emborrachadas sobrepostas a uma de látex des-

cartável;

• máscara de proteção facial;

• óculos de proteção;

• botas de borracha.

G rupo 3No caso do material suspeito apresentar indicativo de suspensão ou dispersão no am-

biente, orienta-se, para quem o coletar e recolher, as seguintes proteções:

• macacão emborrachado ou de PVC, com capuz e elástico;

• luvas de borracha nitrílica, sobrepostas a uma de látex descartável;

• botas de borracha;

• respirador facial inteiro.

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Tab ela de especificaçõ es dos equipamentos de proteção individual (EP I)

EPI Especifi cação

Avental

Descartável, com mangas compridas, punho em malha ou elástico, gramatura 50g/m2, resistente à esterilização por calor úmido, rasgos e tração, alta drapeab ilidade, hipoalergê nico, não infl amável, com 9 0%de efi ciê ncia na fi ltração de b acté rias

B otas de b orracha Confeccionadas em b orracha natural resistente a agentes químicos

L uvas tipo 1 Confeccionadas em látex, descartável, não-esté ril

L uvas tipo 2 Confeccionadas em b orracha nitrílica, descartável, não-esté ril

L uvas tipo 3Confeccionadas em b orracha natural resistente a agentes químicos,com característica antiderrapante

Macacão não-tecido com capuz

Descartável, com mangas compridas, confeccionado em material não-tecido, gramatura 60g/m2, punho de malha ou elástico, com capuz contendo ajustes ao redor da face, resistente a tração e rasgos, alta drapeab ilidade, hipoalergê nico, não-infl amável, com 9 0% de efi ciê nciana fi ltração de b acté rias. Ab ertura frontal por zíper ou velcro

Macacão Tyvek com capuzDescartável, com mangas compridas, confeccionado em Tyvek, punho de malha ou elástico, com capuz contendo ajustes ao redor da face, resistente à tração e rasgos com ab ertura frontal por zíper ou velcro

Macacão nitrílico com capuzCom mangas compridas, confeccionado em b orracha nitrílica, ajustesno punho e no capuz ao redor da face, resistente a agentes químicos, tração e rasgos, com ab ertura frontal por zíper ou velcro

Macacão emb orrachadocom capuz

Com mangas compridas, confeccionado em poliuretano/P VC, ajustesno punho e no capuz ao redor da face, resistente a agentes químicos, tração e rasgos, com ab ertura frontal por zíper ou velcro

Máscara de proteção facial

T ipo respirador, para partículas, sem manutenção, N 9 5, com efi cáciana fi ltração de 9 5% de partículas de até 0,3μ (usada para açõ es contraa tub erculose)

Ob s: essa máscara, dependendo das condiçõ es de conservação, poderá ser reutilizada. P ode ser adquirida com válvula especial, para facilitar a respiração ou não

Ó culos de proteção

F lexível, em P VC incolor, leve, com adaptação perfeita ao nariz para conforto em uso prolongado; com lentes em policarb onato, resistentea impactos, antiemb açante, contra riscos e proteção antiU V. P ode ser usado em comb inação a óculos com lentes de prescrição

P rotetor facial

Com ampla proteção lateral, com ajustes de tensão para posicionamento do visor. Visor em policarb onato, incolor, que fornece proteção a impac-tos e resistê ncia a calor, antiemb açante. P ode ser usado em comb inaçãoa óculos com lentes de prescrição e óculos de proteção

P rotetor para b arb a Descartável, confeccionado em polipropileno, com ajustes em elástico

R espirador facial inteiro

Confeccionado em silicone, com ajustes de tensão para posicionamento na face. Visor com lentes em policarb onato, que fornece proteção a impactos, antiemb açante. Equipado com duplo cartucho contendo fi ltros N 100, P 100 ou R 100, que oferecem uma efi cácia de 9 9 ,9 7 % na fi ltração de partículas com 0,3μ (o esporo do B . a n th ra c is tem diâmetro de 2 a 6μ)

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Antraz ou Carbúnculo

164 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS

Anexo 2

Coleta, recolh imento eacondicionamento do material suspeito

• Coletar o material suspeito e colocá-lo em embalagem plástica, com fechamento

hermético, lacrar, rotular adequadamente e incluir a inscrição “RISCO BIOLÓ GI-

CO”. Acondicionar em embalagens especí� cas (kit) para transporte de amostras in-

fecciosas, conforme disposto na Portaria MS nº 1.985, de 25 de outubro de 2001.

• As amostras devem ser embaladas em três camadas: um receptáculo impermeável

dentro do qual se encontra a amostra; um segundo recipiente resistente, à prova de

� ltração, contendo material absorvente entre as suas paredes; e receptáculo interno,

a ponto de garantir a absorção de todo o líquido em caso de vazamento, ou seja, uma

embalagem externa destinada a proteger contra fatores externos, tais como impactos

físicos e água durante o transporte.

• Encaminhar para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) da unidade fede-

rada.

Observação: caso haja necessidade de encaminhamento da(s) amostra(s) para labo-

ratório de referência, caberá ao Lacen receptor proceder o envio, de acordo com o � uxo de

amostras biológicas e não-biológicas de� nido pela Coordenação Geral de Laboratórios da

Secretaria de Vigilância em Saúde/MS.

Para agilização da remessa, deverão ser adotadas medidas junto às instituições públi-

cas e privadas envolvidas no transporte de cargas.

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165Secretaria de Vigilância em Saúde / MS

A

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Anexo 3

Descontaminação de superfícies contaminadas por B. anthracis

Para a operacionalização dos procedimentos de descontaminação de superfícies reco-

menda-se a utilização de equipamentos de proteção individual constantes do Anexo 1.

A equipe que executou a coleta e recolhimento do material suspeito, a partir de de� -

nição estratégica local, quando devidamente capacitada, poderá proceder às operações de

descontaminação de superfícies.

Procedimentos de descontaminação:

Superfícies

Método I (aplicado para grupos 1 e 2 de proteção individual)

Esfregar com pano limpo, gaze ou algodão embebido em solução preparada a partir de produtos desinfetantes (G rupo A - Anexo 4)

Aguardar o tempo de contato recomendado para a substância e/ou produto utilizado

Secar com papel-toalha

Esfregar com pano limpo, compressa, gaze ou algodão embebido em álcool a 70% e aguardar secar

Acondicionar os papéis-toalha, gaze e algodão utilizados em sacos plásticos de cor branca, leitosa, com símbolo de risco biológico

Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destino fi nal do resíduo biológico (aterro sanitário ou incineração)

• Método I. Este método é composto de três estágios, a saber:

Estágio 1: Desinfecção preliminar• Cobrir o material suspeito com papel-toalha.

• Colocar a solução desinfetante (Grupo A – Anexo 4), na quantidade de 1 a 1,5 litros

por metro quadrado de área atingida, embebendo todo o papel-toalha.

• Deixar em contato por 2 horas.

• Remover os papéis-toalha, o resíduo do material suspeito e o excesso da solução

desinfetante utilizando papel toalha.

• Acondicionar os papéis-toalha utilizados em sacos plásticos de cor branca leitosa

com símbolo de risco biológico.

• Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo,

mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros

até o processamento ou destino � nal do resíduo biológico (aterro sanitário ou in-

cineração).

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Antraz ou Carbúnculo

166 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS

Estágio 2: Limpeza• Esfregar pano limpo ou escova embebidos em água quente sobre as superfícies, com

vistas à retirada dos resíduos.

• Secar, preferencialmente, com papel-toalha e promover seu descarte como resíduo

biológico.

• Acondicionar os papéis-toalha em sacos plásticos de cor branca, leitosa, com sím-

bolo de risco biológico.

• Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo,

mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até

o processamento ou destino � nal do resíduo biológico.

Estágio 3: Desinfecção fi nal• Aplicar a solução desinfetante (Grupo B – Anexo 4) na proporção de 500ml (meio

litro) por metro quadrado de área atingida com tempo de contato de 2 horas.

• Retirar todo o excesso da solução desinfetante com papel-toalha.

• Acondicionar os papéis toalha em sacos plásticos de cor branca, leitosa, com símbo-

lo de risco biológico.

• Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo,

mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até

o processamento ou destino � nal do resíduo biológico.

• Método II. D escontaminação por fumigação: é recomendado para os casos em

que houver indícios de que o material contaminado por B. anthracis foi submetido

à suspensão ou dispersão no ambiente.

❯ Estimar o volume da área a ser tratada;

❯ Antes de iniciar-se o procedimento de fumigação o ambiente deverá ser prepara-

do, com a vedação (material adesivo/� ta) de portas, janelas, frestas ou quaisquer

outras fontes de circulação de ar;

❯ Os equipamentos de proteção individual deverão apresentar-se de acordo com o

disposto no Anexo 5.

• Fumigação com equipamento especí� co: os ambientes podem ser fumigados por

aquecimento da solução desinfetante.

❯ Para cada 25-30m3, utilizar solução de 4 litros de água contendo 400ml de for-

maldeído a 10% , a ser aplicada por equipamento de fumigação;

❯ O tempo de fumigação deverá ser realizado de acordo com as especi� cações es-

tabelecidas pelo fabricante do aparelho fumigador;

❯ A descontaminação completa por fumigação do ambiente exposto ao material

suspeito deverá ocorrer por um período de tempo maior que 12 horas, em tem-

peratura acima de 18ºC e com umidade relativa superior a 70% ;

❯ O ambiente somente poderá ser aberto após 12 horas do início da fumigação,

quando deverá ser retirado o material utilizado para a vedação e submetido com-

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plementarmente à limpeza e desinfecção da área. Recomenda-se, como produtos

de desinfecção de mobiliários e equipamentos, o álcool a 70%, por 10 minutos

(em 3 aplicações), e para teto, piso e paredes, o hipoclorito de sódio a 1% por 10

minutos ou formulações pertencentes à categoria de desinfetantes hospitalares

(devidamente registrados na Anvisa), cuja diluição e tempo de exposição deverão

atender às especi� cações de rotulagem.

Descontaminação de equipamentosde proteção individual e outros materiais

• Equipamentos de proteção individual: os EPI não descartáveis, utilizados nas eta-

pas de coleta, recolhimento e descontaminação, após o uso deverão ser submetidos

a processo de descontaminação com produtos do Grupo D (Anexo 4), caso tole-

rem os tratamentos recomendados ou submetidos à esterilização por calor úmido a

121ºC por 30 minutos.

Observação: os EPI descartáveis deverão ser colocados em sacos plásticos autocla-

váveis, lacrados e submetidos à esterilização por calor úmido a 121ºC por 30 minu-

tos, para posterior descarte.

• Equipamentos e outros materiais (panos, roupas, utensílios, etc.): equipamentos,

bem como outros materiais utilizados na coleta, recolhimento e descontaminação,

deverão, sempre que possível, ser incinerados ou submetidos à esterilização por ca-

lor úmido a 121ºC por 30 minutos. Os que não puderem ser autoclavados, devem

ser imersos em formaldeído com concentração e tempo de exposição indicada no

Grupo D (Anexo 4) ou fumigados conforme o estágio III do Anexo 3.

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Anexo 4

Grupos de produtos desinfetantes

Grupo A• Hipoclorito de sódio: este é o agente químico de escolha, exceto quando se trata de

superfícies de corrosão.

❯ Concentração recomendada: 1% (10 mil ppm (mg/l) ) de cloro ativo

Preparo da solução: para um volume de 10 litros, colocar 1 litro de solução de hi-

poclorito de sódio a 10% de cloro ativo (comercial) e completar com água

Tempo de exposição: 1 hora

• Formaldeído a 10%

❯ Tempo de exposição: 2 horas

• G lutaraldeído a 4% (pH de 8-8,5)

❯ Tempo de exposição: 2 horas

Grupo B• Á cido peracético a 1% : agente químico de escolha, excetuando superfícies de cor-

rosão

❯ Tempo de exposição: 2 horas

• Formaldeído a 10%

❯ Tempo de exposição: 2 horas

• G lutaraldeído a 4% (pH de 8-8,5)

❯ Tempo de exposição: 2 horas

• Peróxido de hidrogênio a 3%

❯ Tempo de exposição: 2 horas

Grupo C (fumigação)• Formaldeído a 10%

Grupo D• Hipoclorito de sódio a 0,5%

❯ Concentração recomendada: 0,5% (5 mil ppm (mg/l) ) de cloro ativo

❯ Preparo da solução: para um volume de 10 litros, colocar 500ml de solução de

hipoclorito de sódio a 10% de cloro ativo (comercial) e completar com água

❯ Tempo de exposição: 2 horas

• Formaldeído a 4%

❯ Tempo de exposição: acima de 8 horas

• G lutaraldeído a 2% (pH de 8-8,5)

❯ Tempo de exposição: acima de 8 horas

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A

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An e x o 5

D e s c o n t a m in a ç ã o d e s u p e r f íc ie s e a m b ie n t e s

L o c a l D e s c o n t a m in a ç ã oG r u p o

d o p r o d u t oS it u a ç ã o E P I

Su p erfícieq u e entro u em co ntato co mB. anthracis

Mé to do I G ru p o s A e B

Material s u s p eito co ntidoem env elo p e, caix a o uq u alq u er o u tro recip iente,nã o h av endo indício s deco ntaminaç ã o ap arentedo meio ex terno

Má s cara de p ro teç ã o facial tip o res p irado r v alv u lado p ara p artícu las , s em manu -tenç ã o , N 9 5

Ó cu lo s de p ro teç ã o o up ro teto r facial, em acrílico

L u v as de lá tex p arap ro cedimento s

A v ental des cartá v el co m mangas co mp ridas , p u nh o em malh a, gramatu ra 5 0

Su p erfícieq u e entro u em co ntato co mB. anthracis

Mé to do I G ru p o s A e B

N o cas o do material s u s p eitos e ap res entar ex p o s to , defo rma res idu al e lo caliz ada,em amb ientes :

• nã o ex p o s to s a co rrentesde ar; des p ro v ido s de s is tema de climatiz aç ã o , co ndicio na-do r de amb iente, ex au s to r o u v entilado r de ar, o u

• p res enç a, p o ré m s emfu ncio namento , de s is temade climatiz aç ã o , co ndicio na-do r de amb iente, ex au s to re v entilado r de ar

Macacã o des cartá v elgramatu ra 5 0 , co m cap u z e elá s tico o u macacã o em nã o -tecido , T y v e k co m cap u z e elá s tico

L u v as de b o rrach a nitrílica o u lu v a emb o rrach ada s o b rep o s ta a u ma de lá tex (lu v a de p ro cedimento s )

Má s cara de p ro teç ã o facial tip o res p irado r v alv u lado , s em manu tenç ã o , N 9 5

Ó cu lo s de p ro teç ã o o u p ro teto r facial, em acrílico , inco lo r

B o tas de b o rrach a

A mb ientesfech ado sex p o s to s

Mé to do II G ru p o C

N o cas o do material s u s p ei-to ap res entar indicativ o de s u s p ens ã o o u dis p ers ã o no amb iente

Macacã o emb o rrach adoo u de P VC , co m cap u ze elá s tico

L u v as de b o rrach a nitrílica, co m lu v as de lá tex (de p ro cedimento s )

B o tas de b o rrach a

R es p irado r facial inteiro , co m fi ltro N 1 0 0 , P 1 0 0o u R 1 0 0