an alise sistema ancora gem calm

22
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA MONOBÓIA IMODCO-III E SUAS LINHAS DE ANCORAGEM Aluizio de Amorim Pacheco RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL JUNHO DE 2005

Upload: jorge-silva

Post on 01-Feb-2016

223 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

An Alise Sistema Ancora Gem Calm

TRANSCRIPT

Page 1: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA MONOBÓIA IMODCO-III E SUAS LINHAS DE

ANCORAGEM

Aluizio de Amorim Pacheco

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JUNHO DE 2005

Page 2: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

ii

Resumo da Monografia como parte dos requisitos necessários para a disciplina

COC892 - Top Esp Estr Offhore Fix Comp

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA MONOBÓIA IMODCO-III E SUAS LINHAS DE

ANCORAGEM

Aluizio de Amorim Pacheco

Junho/2005

Professor: Breno Pinheiro Jacob

Programa: Engenharia Civil

A indústria do petróleo tem avançado cada vez mais em direção a reservas

petrolíferas situadas em águas profundas. Esta busca por petróleo em alto mar tem

sido possível devido os desenvolvimentos tecnológicos que surgem com as

dificuldades encontradas.

Uma das grandes dificuldades encontradas na produção de petróleo em alto

mar relaciona-se com o transporte e armazenagem do óleo extraído, pois na medida

em que se afasta da costa, aumentam-se as dificuldades com o transporte de óleo

através de oleodutos. Como solução para este problema, tem-se adotado terminais

offshore, ou seja, utilizam-se bóias de superfície para armazenar o óleo, que

posteriormente é transmitido para navios apropriados, assim conduzindo o óleo até a

costa.

Como as Monobóias vêm sendo empregadas recentemente como solução para

o armazenamento de petróleo em alto mar, então o presente trabalho teve como foco

a análise do comportamento deste flutuante e de suas linhas de ancoragem, que ficam

expostos aos carregamentos ambientais de onda, corrente e vento. Sendo assim,

foram analisados os movimentos da Monobóia e os esforços axiais das linhas de

ancoragem.

Page 3: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

iii

ÍNDICE PÁGINACAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ………………………………………………............. 1

CAPÍTULO 2 - SISTEMA DE ANCORAGEM CALM ............................................ 3

CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................... 8

3.1 - Modelagem da Bóia .......................................................................... 11

3.2 - Modelagem das Linhas de Ancoragem .......................................... 11

3.3 - Estudo de Casos da Monobóia IMODCO-III e suas Linhas de Ancoragem ................................................................................................ 12

CAPÍTULO 4 - CONCLUSÃO ............................................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 19

Page 4: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

As descobertas de petróleo ao longo dos anos têm financiado a sua exploração

e contribuído com grandes conhecimentos científicos. O desenvolvimento de

tecnologia por sua vez tem favorecido a redução dos custos dos derivados do petróleo

e atualmente vários produtos que até alguns anos atrás eram produzidos com outros

materiais, agora são produzidos com estes derivados. Por exemplo, pode-se destacar

várias peças da indústria automobilística, que até alguns anos passados eram

produzidas com materiais metálicos e atualmente são produzidas com polipropileno.

À medida que a exploração de petróleo avançou para águas profundas, novos

desafios tecnológicos e econômicos surgiram. Um destes desafios para os sistemas

de produção de óleo foi o transporte do óleo extraído para terra firme. Como as novas

reservas de petróleo cada vez mais encontravam-se afastadas da costa, o óleo não

poderia mais ser transportado por oleodutos, então a solução seria armazenar o óleo

em alto mar e posteriormente transportá-los para terra. Uma das soluções

desenvolvidas foi a utilização de Monobóias ancoradas em alto mar que funcionavam

como terminais offshore de carga e descarga, ou seja, tinham a capacidade de

armazenar óleo e posteriormente descarregar este óleo para navios cisterna (FSO -

Floating Storage and Offloading).

Como a utilização de terminais offshore (Monobóias) tem sido adotada como

solução para estocagem de óleo, então torna-se super importante o conhecimento do

comportamento estrutural destes flutuantes e de seu sistema de ancoragem. Além

disso, a produção, a instalação e a operação destes terminais offshore englobam

custos significantes, sendo primordial o funcionamento seguro, assim evitando perdas

com investimentos financeiros e principalmente prejuízos irreversíveis com o meio

ambiente através de vazamento de óleo no mar.

O presente trabalho teve como foco o estudo do comportamento da Monobóia

IMODCO III e suas seis linhas de ancoragem em uma lâmina d’água de 400 m. Foram

analisados os movimentos de surge, sway, heave, roll, pitch e yaw da Monobóia. Além

do mais, para as linhas de ancoragem foram analisados os esforços axiais na

extremidade superior, ponto de conexão com a Monobóia, visto que estes esforços

são essências para análise do comportamento deste flutuante. As simulações

numéricas foram executadas por um programa computacional (PROSIM [1]) que

permite a utilização de um modelo acoplado, ou seja, a Monobóia e as linhas de

ancoragem são representadas e analisadas no mesmo modelo. Neste programa, o

Page 5: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

2

casco do flutuante é representado por elementos cilíndricos e as linhas de ancoragem

podem ser representadas por modelos de elementos finitos de treliça ou pórtico

espacial, incluindo os efeitos não-lineares. Além disso, existe uma modelagem de

fundo que considera a interação das linhas de ancoragem com o solo marinho.

Page 6: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

3

CAPÍTULO 2

SISTEMA DE ANCORAGEM CALM

O sistema de ancoragem CALM (Catenary Anchor Leg Mooring), assim como

qualquer outro sistema de ancoragem, tem como objetivo principal manter uma

unidade flutuante (bóia de superfície) próxima de uma posição predeterminada, pois

uma unidade flutuante em qualquer oceano tende a mudar de posição devido às

condições ambientais presentes, tais como: vento, correnteza e onda.

O esquema de um sistema de ancoragem CALM é ilustrado na Figura 2.1, que

mostra as linhas de ancoragem em catenária simples, suspensas por uma bóia de

superfície, a qual faz a conexão com o navio através de uma linha auxiliar (hawser). Já

a Figura 2.2 mostra uma foto aérea de um sistema de ancoragem CALM.

Figura 2.1 - Esquema de um Sistema de Ancoram CALM [2].

Linhas de ancoragem

Bóia Hawser

Riser

Risers

Linhas de ancoragem

Manifold

Page 7: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

4

Figura 2.2 - Foto Aérea de um Sistema de Ancoram CALM [2].

O sistema de ancoragem CALM é classificado como um sistema de ancoragem

em ponto único (Single Point Mooring) API RP 2SK [3]. Este sistema tem se tornado o

sistema preferido para estocagem de óleo em alto mar, que posteriormente é

transportado para as bases em terra através de navios cisterna. O motivo da utilização

destes terminais offshore deve-se principalmente às longas distâncias que impedem o

uso de oleodutos. Destaca-se ainda a instalação destas Monobóias em portos

Page 8: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

5

congestionados ou em locais onde a construção ou ampliação são inviáveis do ponto

de vista econômico ou até mesmo com relação à carência de espaço físico. As

principais vantagens econômicas são: não precisa da infra-estrutura de um porto, não

necessita de grandes embarcações para executar operações de manobras, os gastos

com a manutenção são insignificantes quando comparados aos de um cais e a

instalação é fácil e rápida.

Uma das características do sistema CALM é que ele permite que a

embarcação se alinhe com a direção de incidência das ações ambientais, assim

minimizando os esforços atuantes no casco do navio. Isto só é permitido porque a bóia

de superfície possui um sistema turret, deste modo permitindo a rotação das conexões

dos tubos comuns ao navio e a bóia, entretanto, sem transmitir estas rotações ao

sistema de ancoragem.

ROCHA [4], menciona que uma alternativa de conexão entre o navio e a bóia,

que restringe os movimentos transversais do flutuante em relação ao navio, é a

utilização de uma articulação rígida (Yoke) conectada na parte superior da bóia, como

pode ser observado na Figura 2.3.

Conforme descrito anteriormente, o sistema de ancoragem CALM possui

algumas linhas de ancoragem. Estas linhas de ancoragem são fixadas no fundo do

mar através de âncoras convencionais ou estacas e podem ser constituídas

principalmente por amarras, cabos de aço e cabos de poliéster. Frequentemente

encontra-se numa mesma linha de ancoragem trechos com amarra e trechos com

cabo de aço.

Page 9: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

6

Figura 2.3 - Foto Aérea da uma Conexão Rígida entre um Navio e uma Bóia [2].

As amarras podem ser classificadas com relação às propriedades mecânicas

nos graus R3, R3S, R4 e ORQ (Oil Rig Quality) BRASILAMARRAS [5]. Sendo o grau

R4 o mais resistente. As Figura 2.4 e 2.5 mostram dois tipos de elos de amarras, sem

malhete e com malhete. HERNÁNDEZ [6], após citar a Det Norske Veritas (DNV), diz

que a DNV recomenda os graus R3, R3S, R4 para as atividades offshore.

Figura 2.4 - Elo de Amarra sem Malhete [5].

Page 10: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

7

Figura 2.5 - Elo de Amarra com Malhete [5].

Com relação aos cabos de aço, os principais tipos utilizados na indústria

offshore são o Six Strand Rope, o Spiral Strand e o Multi Strand, que podem ser vistos

na Figura 2.6. Recomenda-se o cabo de aço Spiral Strand para embarcações

projetadas para permanecerem em um local por mais de 5 anos porque este tipo de

cabo apresenta maior resistência a fadiga e a corrosão [6], após citar a DNV.

Figura 2.6 - Principais Tipos de Cabos de Aço [6].

Os risers presentes nas bóias (Figura 2.7) são dutos especiais utilizado na

indústria offshore para transportar óleo, gás ou produtos condensáveis. Estes dutos

fazem a comunicação entre a cabeça de poço e a embarcação flutuante. O riser

flexível é um duto composto de várias camadas concêntricas de materiais metálicos e

poliméricos e pode ser transportado em carretéis, cestas ou carrosséis [7] e [8].

Page 11: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

8

Figura 2.7 - Esquema da Ancoragem de uma Bóia de Superfície e Risers [2].

Bóia

Linhas de Ancoragem

Riser

Cabeça de Poço

Linhas de Ancoragem

Riser

Page 12: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

9

CAPÍTULO 3

ANÁLISE DOS RESULTADOS

O sistema analisado foi o sistema de ancoragem CALM (Catenary Anchor Leg

Mooring), composto por um navio, uma bóia de superfície (Monobóia IMODCO-III) e

seis linhas de ancoragem distanciadas a 60º umas das outras (Figuras 3.1 e 3.2). A

Figura 3.2 também ilustra o sistema de coordenadas globais (X, Y e Z, com Z

perpendicular ao plano XY) e as direções cardeais adotadas. O estudo concentrou-se

na análise do comportamento da bóia de superfície e as seis linhas de ancoragem.

Para estudar o comportamento deste sistema de ancoragem foi utilizado o programa

computacional SITUA 1.4 (PROSIM 2.7b) [1] onde foram simuladas três situações

diferentes em um lâmina d’água de 400 m. As situações foram as seguintes: 1) Foi

considerado um perfil de correnteza triangular com velocidade na superfície de 1,78

m/s e direção indo para Oeste. 2) Foi considerado onda regular com altura de 6,3 m,

período de 8,7 s e direção vindo de Leste. 3) Foram considerados os carregamentos

ambientais de correnteza e onda das situações 1 e 2, atuando na mesma direção, e

sentido indo para Oeste.

Figura 3.1 - Sistema de Ancoram CALM [9].

Navio

Bóia

Hawser

Carregamento Ambiental

Âncora

Linha de

Ancoragem

Page 13: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

10

Figura 3.2 - Esquema da Vista Superior do Sistema de Ancoram CALM, Modificado de [9].

Os dados ambientais, da bóia e das linhas de ancoragem foram obtidos de

SAGRILO et al. [9] e encontram-se resumidos nas Tabelas 3.1, 3.2 e 3.3 a seguir:

Tabela 3.1 - Carregamento Ambiental

Velocidade da Corrente na Superfície

Altura da Onda

Período da Onda

1,78 m/s 6,3 m 8,7 s

Tabela 3.2 - Principais Parâmetros da Bóia

Parâmetros Valores

Diâmetro 15,00 m

Altura 4,60 m

Altura Vertical do Centro de Gravidade 2,50 m

Peso da Bóia 2403,45 KN

Calado 2,36 m

Roll e Pitch Raio de Giração 4,00

Yaw Raio de Giração 5,30

Bóia

1

60º

2 3

4

5 6

Linha de Ancoragem

Carregamento Ambiental

X

Y

Leste Oeste

Norte

Sul

Z

Page 14: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

11

Tabela 3.3 - Principais Parâmetros das Linhas de Ancoragem

Parâmetro

Segmento do Fundo

Corrente

Segmento Intermediário Cabo de Aço

Segmento do Topo

Corrente

Comprimento, (m) 927,00 363,00 8,00

Diâmetro Nominal, (mm) 76,00 86,00 76,00

Peso na Água, (kN/m) 1,14 0,20 1,14

Coeficiente de Inércia, CM 2,00 2,00 2,00

Coeficiente de Arrasto, CD 1,20 1,20 1,20

EA (MN) 502,30 466,00 502,30

Pré-tração (KN) -- -- 343,40

3.1 - Modelagem da Bóia

A bóia foi modelada como um corpo rígido pelo programa computacional

SITUA 1.4 (PROSIM 2.7b) [1] que permite executar análise acoplada de corpos

flutuantes e faz a integração numérica no domínio do tempo das equações de

movimento de corpo rígido do flutuante (modelado por elementos cilíndricos),

associadas à representação estrutural e hidrodinâmica do comportamento das linhas

de ancoragem por modelos de elementos finitos.

3.2 - Modelagem das Linhas de Ancoragem

As linhas de ancoragem foram modeladas com 266 elementos finitos de treliça,

sendo que o segmento do topo possui elementos com 1 m de comprimento e os

segmentos intermediário e do fundo apresentam elementos com 5 m de comprimento.

A Figura 3.3 mostra uma linha de ancoragem em catenária simples, destacando os

três segmentos que a compõem, a região onde a catenária toca o solo marinho (o TDP

que está a 736,6 m a partir da âncora), a lâmina d’água de 400 m, a projeção

horizontal da catenária com 1.100 m e a graduação de cores indicando níveis de

tração mais elevados na ponta superior da linha de ancoragem com pré-tração de

343,40 KN.

Page 15: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

12

Figura 3.3 - Linha de Ancoragem em Catenária Simples.

3.3 - Estudo de Casos da Monobóia IMODCO-III e suas Linhas de Ancoragem Conforme mencionado anteriormente foram simuladas três situações diferentes

no sistema composto pela bóia de superfície e as suas seis linhas de ancoragem. A

primeira situação com carregamento somente de corrente, a segunda somente

carregamento de onda e a última com estes dois carregamentos atuando em conjunto

e na mesma direção.

Para as três situações, as linhas de ancoragem foram estudadas da seguinte

forma: foram examinados os esforços axiais no nó 2 do elemento 266. O nó 2 do

elemento 266 localiza-se na extremidade de ligação com a bóia..

Já para a bóia, as três situações foram impostas e observaram-se os seus

movimentos com seis graus de liberdade, ou seja, os movimentos de surge, sway,

heave, roll, pitch e yaw em relação ao centro de gravidade da bóia.

3.3.1 - Comportamento do Sistema Considerando somente Correnteza Foi adotado um perfil de correnteza triangular com velocidade na superfície de

1,78 m/s e direção indo para Oeste. 1) Esforço axial nas linhas de ancoragem com correnteza Observa-se na Tabela 3.4 que a linha 1 foi a que apresentou maior tração axial,

com valor de 396,25 KN. Este comportamento já era esperado, visto que a correnteza

atua na mesma direção da projeção horizontal da linha 1 e do eixo X. Além disso, a

Segmento Intermediário (cabo de aço), 363 m

Segmento do Fundo (corrente), 927 m

Segmento do Topo (corrente), 8 m

736,61.100

400

0

0

TDP

Page 16: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

13

correnteza está gerando uma componente de força horizontal no mesmo sentido da

componente horizontal da pré-tração desta linha. A direção e o sentido de incidência

da correnteza no sistema de ancoragem, neste caso, tende a gerar esforços maiores

na linha 1 e posteriormente nas linhas 2 e 6. As linhas 3, 4 e 5 apresentaram valores

inferiores a pré-tração (343,40 KN), pois o deslocamento do elemento 266 tendeu a

aliviar as trações. Sendo a linha 4, a menos solicitada.

Tabela 3.4 - Esforço Axial nas Linhas de Ancoragem com Correnteza

Linhas de Ancoragem Esforço Axial (KN) Nó 2 do Elemento 266

Linha 1 396,25 Linha 2 370,62 Linha 3 322,87 Linha 4 302,44 Linha 5 322,88 Linha 6 370,63

2) Movimentos da bóia com correnteza Pela Tabela 3.5 fica fácil observar que a bóia sofreu um deslocamento de 11,47

m na direção do eixo X (SURGE) e uma rotação de 16,33º no eixo Y (PITCH). Os

demais movimentos inexistiram. A bóia se comportou desta maneira porque a

correnteza foi considerada como um carregamento estático agindo paralelamente ao

eixo X.

Tabela 3.5 - Movimentos da Bóia com Correnteza SURGE (m) SWAY (m) HEAVE (m) ROLL (º) PITCH (º) YAW (º)

-11,47 0,00 0,00 0,00 16,33 0,00 3.3.2 - Comportamento do Sistema Considerando somente Onda Baseou-se na simulação de onda regular com altura de 6,3 m, período de 8,7 s

e direção indo para Oeste.

1) Esforço axial nas linhas de ancoragem com onda O comportamento dos esforços axiais nas linhas de ancoragem para este caso

considerando somente onda foi semelhante ao da análise anterior considerando

somente correnteza, ou seja, a linha de ancoragem mais solicitada foi a linha 1 com

uma tração axial média de 382,5 KN; seguida das linhas 2 e 6 com valores próximos

de 365 KN que são simétricas em relação ao eixo X, por isso apresentam valores

próximos; após, vêm as linhas 3 e 5, também simétricas em relação ao eixo X, com

valores de 338 KN e finalmente a linha 4 com 329,40 KN, sendo a linha menos

Page 17: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

14

solicitada. Mais uma vez o arranjo físico das linhas de ancoragem e a direção de

incidência do carregamento foram primordiais na influência dos valores de tração. A

Tabela 3.6 mostra maiores detalhes dos valores obtidos na análise, por exemplo, os

valores máximos e mínimos dos esforços axiais para cada linha de ancoragem.

Tabela 3.6 - Esforço Axial nas Linhas de Ancoragem com Onda

Esforço Axial (KN) - Nó 2 do Elemento 266Linhas de

Ancoragem Máximos e Mínimos Média

Max 535,45 Linha 1 Min 211,18 382,50

Max 506,31 Linha 2 Min 214,38 364,60

Max 490,63 Linha 3 Min 204,55 338,00

Max 506,98 Linha 4 Min 172,02 329,40

Max 490,63 Linha 5 Min 204,55 338,02

Max 508,90 Linha 6 Min 214,38 364,61

2) Movimentos da bóia com onda A Tabela 3.7 mostra que a bóia sofreu deslocamentos e rotações nos seus três

eixos. Apesar disso, os deslocamentos no eixo Y (SWAY), as rotações em X (ROLL) e

as rotações em Z (YAW) foram insignificantes. O que pode-se destacar são os

movimentos verticais da bóia (HEAVE) e as rotações em Y (PITCH) que apresentaram

amplitudes elevadas, indicando que a bóia submergiu em determinados trechos da

análise.

Tabela 3.7 - Movimentos da Bóia com Onda

SURGE (m) SWAY (m) HEAVE (m) ROLL (º) PITCH (º) YAW (º) Máximo 0,813 0,011 3,511 0,037 30,358 0,031 Mínimo -13,312 -0,006 -3,650 -0,021 -6,521 -0,037 Média -10,193 0,002 0,111 0,004 14,015 -0,002

3.3.3 - Comportamento do Sistema Considerando Corrente e Onda Neste tipo de análise considerou-se carregamento ambiental de onda e

corrente atuando na mesma direção e sentido, ou seja, indo para Oeste (Figura 3.2). A

correnteza foi simulada com uma velocidade de 1,78 m/s na superfície e 0 m/s no

fundo do mar, com um perfil triangular. Para a onda adotou-se onda regular com 6,3 m

de altura e período de 8,7 s.

Page 18: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

15

1) Esforço axial nas linhas de ancoragem com corrente e onda Mais uma vez o comportamento dos esforços axiais nas linhas de ancoragem

foi semelhante ao das duas análises anteriores, ou seja, a linha de ancoragem mais

solicitada foi a linha 1 com uma tração axial média de 581,61 KN; seguida das linhas 2

e 6 com valores próximos de 450 KN, que são simétricas em relação ao eixo X, por

isso apresentam valores próximos; após, vêm as linhas 3 e 5, também simétricas em

relação ao eixo X, com valores próximos de 305 KN e finalmente a linha 4 com 266,08

KN, sendo a linha menos solicitada. Outra vez, destaca-se a influência do arranjo

físico das linhas de ancoragem e a direção de incidência do carregamento nos valores

de tração. A Tabela 3.8 mostra os valores máximos, médios e mínimos dos esforços

axiais para cada linha de ancoragem. Além disso, observa-se valores de tração

discrepantes entre as linhas, indicando desequilíbrio na distribuição das trações,

principalmente na linha 4.

Tabela 3.8 - Esforço Axial nas Linhas de Ancoragem com Corrente e Onda

Esforço Axial (KN) - Nó 2 do Elemento 266 Linhas de

Ancoragem Máximos e Mínimos Média

Max 898,93 Linha 1 Min 174,68

581,61

Max 627,63 Linha 2 Min 268,19

450,30

Max 448,32 Linha 3 Min 173,27

305,21

Max 515,90 Linha 4 Min -36,80

266,08

Max 448,32 Linha 5 Min 172,12

305,22

Max 630,07 Linha 6 Min 268,19

450,42

2) Movimentos da bóia com corrente e onda A Tabela 3.9 mostra que a bóia sofreu deslocamentos e rotações nos

seus três eixos. Apesar disso, os deslocamentos no eixo Y (SWAY), as rotações em X

(ROLL) e as rotações em Z (YAW) foram insignificantes. O que pode-se destacar são

os movimentos verticais da bóia (HEAVE), que apresentaram valores elevados,

indicando que a bóia submergiu em alguns trechos de análise e as altas rotações em

Y (PITCH), que alertam a forte instabilidade do sistema.

Page 19: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

16

Tabela 3.9 - Movimentos da Bóia com Onda

SURGE (m) SWAY (m) HEAVE (m) ROLL (º) PITCH (º) YAW (º) Máximo -9,939 0,042 3,149 0,112 57,028 0,130 Mínimo -40,659 -0,042 -3,482 -0,077 6,765 -0,148 Média -36,604 0,012 -0,057 0,019 33,297 0,003

Page 20: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

17

CAPÍTULO 4 CONCLUSÃO

O trabalho teve como foco o sistema de ancoragem CALM (Catenary Anchor

Leg Mooring) instalado numa lâmina d’água de 400 m. Desta forma, o estudo

concentrou-se na análise dos esforços axiais na extremidade superior das linhas de

ancoragem e nos movimentos da bóia com seis graus de liberdade, assim,

possibilitando verificar a influência dos carregamentos ambientais de onda e corrente,

isolados e em conjunto. Além disso, permitindo a avaliação da estabilidade do sistema.

Então, de acordo com as análises realizadas, podem ser destacadas as seguintes

observações:

a) Comportamento do Sistema Considerando somente Correnteza 1) A corrente apresentou forte influência nos esforços axiais na extremidade das linhas

de ancoragem;

2) A direção e o sentido de incidência da correnteza no sistema de ancoragem podem

sobrecarregar determinada linha de ancoragem, desequilibrando a distribuição de

esforços;

3) A correnteza mostrou ter grande influência em movimentos de translação de corpos

flutuantes, que no caso estudado foi a bóia de superfície;

4) Dependendo da velocidade da corrente na superfície, os valores dos movimentos

de pitch da bóia podem ser elevados.

b) Comportamento do Sistema Considerando somente Onda 1) A onda apresentou forte influência nos esforços axiais na extremidade das linhas de

ancoragem;

2) A direção e o sentido de incidência da onda no sistema de ancoragem podem

sobrecarregar determinada linha de ancoragem, desequilibrando a distribuição de

esforços;

3) Apesar da bóia ser influenciada em seus seis possíveis movimentos, os mais

influenciados pela onda foram o de heave e o de pitch que apresentaram amplitudes

elevadas, indicando que a bóia submergiu em determinados trechos da análise.

Page 21: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

18

c) Comportamento do Sistema Considerando Corrente e Onda 1) Os esforços axiais foram maiores do que as análises com corrente e onda isolados,

correspondendo com o esperado, pois neste caso existem dois efeitos contribuindo

para o aumento das trações nas extremidades das linhas de ancoragem mais

solicitadas;

2) Mais uma vez, destaca-se a influência do arranjo físico das linhas de ancoragem e a

direção de incidência do carregamento nos valores de tração;

3) Os esforços axiais das linhas de ancoragem apresentaram valores discrepantes

entre si, indicando desequilíbrio na distribuição das trações (principalmente na linha 4)

e instabilidade do sistema;

4) Como o efeito isolado da corrente e da onda apresentaram contribuições para os

movimentos de heave e pitch, para a simulação com onda e corrente em conjunto, os

efeitos foram superpostos gerando grande instabilidade do sistema.

A principal observação que pode ser feita com relação aos resultados obtidos é

que o projeto da Monobóia analisada deve ser revisto, pois este flutuante apresentou

forte instabilidade para os casos analisados.

Page 22: An Alise Sistema Ancora Gem Calm

19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] LAMCSO - Laboratório de Métodos Computacionais e Sistemas Offshore,

Programa Prosim, Simulação Numérica do Comportamento de Unidades Flutuantes

Ancoradas, Manual Teórico, Versão 2.7a, COPPE-UFRJ, Brasil, Rio de Janeiro, 2004.

[2] BLUEWATER - Empresa especializada em Sistemas de Ancoragem de Ponto

Único - http://www.bluewater.com, 2005, na Internet.

[3] AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE (API), Recommended Practice for

Design and Analysis of Stationkeeping Systems for Floating Structures. API RP 2SK,

2nd ed, December, 1996.

[4] ROCHA, S. D., Estudo do Comportamento de Monobóias na Exploração de

Petróleo Offshore. Tese de M.Sc., Programa de Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio

de Janeiro, Brasil, 2000.

[5] BRASILAMARRAS - Empresa brasileira especializada na fabricação de

amarras - http://www.brasilamarras.com, 2005, na Internet.

[6] HERNÁNDEZ, A. O. V., Metodologia de Calibração de Fatores Parciais de

Segurança para Projetos de Linhas de Ancoragem Baseada em Confiabilidade. Tese

de D.Sc., Programa de Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2004.

[7] COSTA C. H. O da, Correlação Analítico - Experimental de Risers Flexíveis

Submetidos a Cargas Radiais. Tese de M.Sc., Programa de Engenharia Civil,

COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2003.

[8] PACHECO A. A., Principais Sistemas de Risers. Monografia, Programa de

Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2005.

[9] SAGRILO, L. V. S., ELLWANGER, G. B., LIMA, E. C. P., et al., “A coupled

approach for dynamic analysis of CALM systems“, Applied Ocean Research,

ELSEVIER, 47-58, 14 April, 2002.