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XI CONGRESSO MUNDIAL DE SAÚDE PÚBLICA

RIO DE JANEIRO, BRASIL 21-25 DE AGOSTO DE 2006

O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES ES DE SAÚDE PÚBLICA NO CONTROLE DO TABACO

LIÇÕES APREENDIDAS

OS DESAFIOS CONFRONTADOS NA PROMOÇÃO DE CONTROLE DO TABACO NUM PAÍS ONDE SE

INCREMENTA A SUA PRODUÇÃO

O CASO DE MOÇAMBIQUE

APRESENTADO POR:

FRANCISCO VALENTINO CABO

DIRECTOR EXECUTIVO DA AMOSAPU

24 DE AGOSTO DE 2006

CONTEÚDO DESTA APRESENTAÇÃO

I- ALGUNS DADOS BASICOS DO PAIS

II- TABACO, UM PRBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

III- PRODUÇÃO E PAPEL DE TABACO NA ECONOMIA MOÇAMBICANA

IV- INICIATIVAS E DESAFIOS DO CONTROLE DO TABACO EM MOÇAMBIQUE: PRIMEIROS PASSOS DO COMBATE AO TABAGISMO RESULTADOS ALCANÇADOS DESAFIOS

V- CONCLUSÃO

I- DADOS BÁSICOS DO PAíS

1- LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

Moçambique é localizado estrategicamente

na costa oriental de África Austral, e é a

porta de entrada para 6 países do interior

cobrindo uma área de 799 390 km2 (13 000

km2 de águas interiores)

2- POPULAÇÃO

● De acordo com os dados divulgados pelo INE em 2005, Moçambique tem uma população de 19.420.036 habitantes.

● A população moçambicana e predominantemente rural. Segundo os dados do INE, 71.4% da população vive em zonas rurais, enquanto apenas 29.4% vive em zonas urbanas (censo da população de 1997).

● 45.6% da população é sub 15 anos de idade. Este grande e crescente sector da população tornou-se o mais importante alvo para a indústria tabaqueira que o considera como novo mercado para os seus produtos.

II- TABACO, UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

● No passado, o uso do tabaco pelas mulheres, crianças e jovens nunca foi uma tradição em Moçambique.

● O uso do tabaco estava limitado apenas aos mais velhos, particularmente aos homens, e em raros casos, as mulheres idosas.

● No entanto, nos últimos anos, o habito de fumar e adicção à nicotina foram reportados entre mulheres, crianças e jovens. O número de fumadores nesses grupos está a aumentar devido aos seguintes factores:

► Mudanças socio-económicas que ocorreram nos últimos

anos na sociedade moçambicana; ► Falta duma legislação de controle do tabaco no pais; ► Alto nível de ignorância prevalecente entre os

moçambicanos, incluindo a classe dirigente quanto aos riscos para saúde resultantes do consumo do tabaco

► Elevada taxa de pobreza no pais que leva as autoridades governamentais a aceitar quaisquer ofertas de investimento mesma que elas não ofereçam segurança para a saúde dos cidadãos.

● O uso do tabaco tem sido apontado pelos clínicos como uma das principais causas de mortes prematuras e doenças em Moçambique, tornando-se num verdadeiro problema de saúde púbica.

III- Produção e papel do tabaco na economia moçambicana

1- Produção

● Moçambique nunca foi um pais produtor do tabaco.

● Apesar de os portugueses terem introduzido a planta na época de ocupação do pais, o cultivo do tabaco em quantidades industriais começa a ser incentivado quando Moçambique se torna independente.

Produção● Início dos anos 50; > Cultivado por um grupo limitado de agricultores comerciais Privados; > Fim: satisfação da procura do mercado local;

• 1980: > As empresas Dimon, Intabex, Tobacco Handlers baseadas no Zimbabué expandem-se para a Província de Manica; > Fim: Basicamente para exportação.

• 1995: > Empresas de tabaco apoiam a produção de burley do pequeno camponês em Nampula (JFS); e > antes de 1996 o apoio chega a província de Tete (MLT);

• Desde então a produção do tabaco se expandiu para as províncias de Cabo Delgado, Niassa, Zambézia e Sofala.

Principais empresas envolvidas:

> Mozambique Leaf Tobacco Lda. (M.L.T )

> João Ferreira do Santos (JFS)

> DIMON

> Stancom

AREAS DE CULTIVO DE TABACO POR EMPRESAS

MLT

Africa Leaf

Alliance One

é

Evolução de produção anual por Tipo de Tabaco

Total de peso verde em toneladas Estação Burley Tabaco escuro Virginia Total

1997 671.9 533.6 300.0 1, 505.4

1998 3, 034.8 598.9 300.0 3, 933.7

1999 4, 254.4 1, 550.3 300.0 6, 104.6

2000 7, 651.2 4, 173.2 300.0 12, 124.4

2001 12, 698.4 2, 627.9 300.0 15, 626.3

2002 19, 005.5 3, 301.4 425.2 22, 732.1

2003 23, 400.0 4, 250.0 630.0 28, 280.0

2004 40,633.0 2,316.0 5,420.0 48,369.0

2005 52,329.0 3.645.0 4,050,0 60,024.0

Evolução da produção por ano e nº de camponeses envolvidos

Ano Produção em toneladas N ° Camponeses

1997 1, 505.4 3,763

1998 3, 933.7 9,834

1999 6, 104.6 15,262

2000 12, 124.4 30,311

2001 15, 626.3 39,065

2002 22, 732.1 56,830

2003 28, 280.0 70,700

2004 48,369.0 120,092

2005 60,024.0 1,500

2. PAPEL DO TABACO NA ECONOMIA MOÇAMBICANA ● De acordo com alguns analistas, o tabaco nunca teve um

papel significativo na economia de Moçambique nos últimos anos.

● Contudo, a partir de 1999 o tabaco, visto pelo governo como um dos mais importantes produtos de rendimento no pais, começa a ter um papel de relevo na economia do pais devido a crescentes investimentos pela industria tabaqueira liderada por BAT.

● Se bem que o cultivo do tabaco está dar altos rendimentos aos produtores, para os consumidores a situação é bem contraria. Um pequeno estudo realizado num Bairro na Cidade de Maputo pela Faculdade de Agronomia concluiu que o uso do tabaco era responsável não só pelas doenças, mas, também pelo o agravamento do estado de pobreza absoluta nas famílias pobres.

● Nas condições em o governo moçambicano incluiu o tabaco no seu Plano Económico como um produto estratégico capaz de contribuir para combater a pobreza, as iniciativas para o controle de tabaco só podiam ser assumidas pela sociedade civil.

● Foi assim que em 2000 AMOSAPU assumiu a liderança do processo de combate ao tabagismo no pais.

IV- INICIATIVAS, RESULTADOS E DESAFIOS DO PROCESSO CONTROLE DO TABACO

1. PRIMEIROS PASSOS DO COMBATE AO TABAGISMO

a. Avaliação da situação o que permitiu-nos constatar que o tabaco constitui um problema real de saúde pública em Moçambique por factores referenciados anteriormente.

b. Realização em 2001, do primeiro workshop sobre o tabagismo no qual foi adoptado um plano de acção que incluía as sguintes actividades:

► Desenvolver acções educativas com vista a elevar o nível de consciência do público sobre os males do tabaco e a necessidade de mudança de atitudes, particularmente nas camadas mais jovens;

► Trabalhar com o governo, com a Assembleia da República e com outras instituições com vista a que o pais tenha uma legislação nacional para controlar a produção, a comercialização e o consumo do tabaco, baseada nos princípios da Convenção Quadro;

► Criar um movimento anti-tabaco mais amplo, para que toda a sociedade, particularmente os midia, jovens e mulheres, se envolva nesta tão nobre missão.

2. Resultados alcançadosAlcançamos importantes resultados dos quais

destacamos os seguintes:

► Elevado nível de consciência da população sobre os efeitos maléficos do tabaco;

► Assinada, a 18 de Junho de 2003 pelo Governo moçambicano, a Convenção Quadro para Controle do Tabaco (CQCT);

► Reduzida significativamente a publicidade grosseira do tabaco e o seu consumo em muitas instituições, bem como em alguns lugares públicos.

► Elevado nível de consciência dos próprios consumidores que já consideram o uso do tabaco não como um estilo de vida, mas sim um fardo económica e sanitariamente insuportável.

► As crianças ja apreendem os malefícios do tabaco na escola atraves do livro escolar que já contem nocoes basicas sobre os riscos para saude resultantes do uso do tabaco.

► Os defensores e promotores do tabaco estão agora remetidos a defensiva devido a crescente pressão exercida pela sociedade civil liderada pela AMOSAPU contra o tabaco.

3- DESAFIOSDESAFIO 1: IGNORÂNCIAa. Ignorância da classe dominante: trata-se duma

ignorância premeditada, gerada e induzida nos dirigentes políticos pela indústria tabaqueira para a defesa dos seus interesses e negócios. Esta ignorância é a mais perigosa e para o seu combate, requer uma forte solidariedade de todos os povos;

b. Ignorância geral da sociedade sobre os malefícios do tabaco. Para o combate contra esta ignorância,

requer uma campanha forte de educação do publico sobre os males do tabaco e uma uniao bem estruturada das forcas vivas da sociedade civil.

DESAFIO 2: POBREZA

O estado da pobreza em que se encontra o pais,resultante de multiplos fatores, tais como: guerras ecalamidades naturais, faz com o governodesesperadamente aceite todas as ofertaseconómicas, mesmo que elas provenham dasmultinacionais tabaqueiras.

Os tabaqueiros, aproveitando esta situação, eencostados entre a espada e parede nos paísesonde as medidas de controle do tabaco se fazemsentir, correm para Moçambique como investidores, transferindo assim a sua industria da morte.

DESAFIO 3: TRANSFERÉNCIA DE TECNOLOGIA

Em virtude de o governo moçambicano ter

colocado o tabaco no seu plano do desenvolvimento

económico, a industria tabaqueira tem estado a

transferir a tecnologia de produção de tabaco para

Moçambique, em particular a tecnologia brasileira.

Urge mobilizar e fortalecer a solidariedade

internacional para que o sucesso das medidas de

controle do tabaco nos países desenvolvidos nao a

ponte para facilitar a transferência da dita tecnologia

para os países pobres, como e o caso de

Moçambique

CONCLUSÃO

• São enormes os desafios que se colocam diante de um processo que pretende salvar vidas humanas e contribuir para o desenvolvimento económico e social de Moçambique.

• A lição que apreendemos neste processo e que nao ha nenhuma diferencia entre um mercenario que enriquecer-se a custa de vidas humanas e um governo que promove, glorifica e incentiva o tabaco no seu pais colocando em perigo vidas dos seus cidadãos

MUITO OBRIGADO PELA ATENCAO

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