xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do tomateiro
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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.): detecção em sementes e
diferenciação
Alessandra Aparecida Rabalho
Tese apresentada, para obtenção do título de Doutor em Agronomia. Área de concentração: Microbiologia Agrícola
Piracicaba 2007
Alessandra Aparecida Rabalho Bióloga
Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.): detecção em sementes e
diferenciação Orientador: Prof. Dr. JOSÉ OTÁVIO MACHADO MENTEN Tese apresentada, para obtenção do título de Doutor em Agronomia. Área de concentração: Microbiologia Agrícola
Piracicaba 2007
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Rabalho, Alessandra Aparecida Xanthomonas spp. Causadoras da mancha bacteriana do tomateiro
(Lycopersicon esculentum Mill.) : detecção em sementes e diferenciação / Alessandra Aparecida Rabalho. - - Piracicaba, 2007.
91p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007. Bibliografia.
1. Bactéria fitopatogênica 2. Fitossanidade 3. Genes 4. Mancha bacteriana 5. Meios de cultura 6. Reação em cadeia por polimerase 7. Sementes 8. Tomate I. Título
CDD 635.642
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
Aos meus amados Pais, João Rabalho (in memorian) e Odete da Silva
Rabalho, pelo amor incondicional que sempre me dedicaram.
4
Agradecimentos
A minha gratidão a todos que me apoiaram e incentivaram e cuja convivência foi de extrema importância para o meu crescimento pessoal e profissional.
Ao Prof. Dr. José Otavio Machado Menten, pela orientação e amizade que me proporcionaram crescimento e amadurecimento científico e, sobretudo, pela confiança depositada, dando-me a oportunidade de trabalhar ao seu lado, mesmo sem me conhecer, abrindo-me as portas da Patologia de Sementes e da Bacteriologia de plantas.
À Dra. Suzete Lanza Destéfano, por me receber e orientar nos experimentos de Biologia Molecular, sempre com muita atenção e paciência.
Ao Dr. Luis Otávio Beriam, por me orientar nos estudos de Sorologia.
À Irene Maria Gatti de Almeida (Instituto Biológico), grande pesquisadora e amiga, pelo exemplo de dedicação e seriedade, por se preocupar e cuidar de mim em todos os momentos desde que nos conhecemos e pelas valiosas dicas nos experimentos de meio semi-seletivo e sorologia.
Aos Drs. Júlio Rodrigues Neto (Instituto Biólogico), Alice Maria Quezado-Duval (EMBRAPA – CNPH), Rui S. Leite (IAPAR) e Ricardo Giória (Sakata Seeds Sudamérica Ltda) pela doação dos isolados de Xanthomonas spp. utilizados neste trabalho.
Ao Prof. Paulo Cesar Tavares de Melo (ESALQ), Sakata Seeds Sudamérica Ltda e EMBRAPA – CNPH pela doação das sementes de tomate.
Aos Professores do PPG Microbiologia Agrícola pelos ensinamentos transmitidos, especialmente aos Profs. Drs. Flavio C. Tavares, pela orientação no primeiro ano de curso, e Luiz Gonzaga, pela amizade e bons conselhos.
Aos Professores do Setor de Fitopatologia, especialmente ao Prof. Dr. Luis Eduardo Aranha Camargo, pela orientação no Estágio Supervisionado em Docência, pelo exemplo de dedicação ao ensino e à pesquisa, disponibilização dos equipamentos do Laboratório de Genética Molecular e pelos constantes estímulos.
Aos membros da banca examinadora do Exame Geral de Qualificação, Profs. Drs. Márcio R. Lambais e Sérgio Florentino Pascholati, pelas sugestões realizadas, e especialmente ao Dr. Welington Araújo pela amizade, grande estímulo e auxílio no seqüenciamento das linhagens de Xanthomonas spp.
Ao Dr. Luis Humberto Gomes (Beto) (Laboratório de Genética de Leveduras) pela amizade e disposição com que sempre me ouviu, aconselhou e auxiliou nos momentos em que precisei.
À amiga (amicíssima) Vanessa Cristina Frare (Pumba) pela dedicação com que instruiu e acompanhou meus primeiros passos no Laboratório de Patologia de Sementes, pela disposição com que acompanhou e auxiliou no desenvolvimento do meio semi-seletivo, pela companhia constante e por dividir comigo as alegrias e as tristezas.
5
À Daniele Toledo Del Rio, grande amiga, por receber a mim e aos meus gatinhos (Vida, Nina, Tico e Zeca) em sua casa e em sua vida; pelo amor, companhia e dedicação, por compartilhar as pequenas alegrias diárias e por estar sempre presente nos momentos de grande tristeza.
Ao Maurício Batista Fialho, pela amizade, companheirismo, ensinamentos e valiosas sugestões, que tanto contribuíram para meu aperfeiçoamento.
À Laura C. Assumpção e Tathiana Lisbôa-Padulla, pelo carinho, amizade e pequenas gentilezas e ensinamentos do dia-a-dia.
Aos amigos do Laboratório de Patologia de Sementes: Alderi E. Araújo, Annelise Tremocoldi, Cândido, Camila Calçada, Cleci Dezordi, Daniel Garcia, Diogo A. Togni, Geórgia R. Vilela, Guilherme Moro, Helen A. Calaça, Lia M. Garcia, Luana S. Botelho, Maria Heloisa D. Moraes, Pastora J. Quérales, Paulo Henrique Ramos, Renata (Renatinha) e Thaïs D. Martins, pela convivência agradável, pelas alegrias compartilhadas e pelo grande crescimento pessoal e profissional que cada um me proporcionou.
Aos amigos do Laboratório de Genética Molecular: Adalgysa Thayne Ramos, Ana Carolina Fazza, Ana Paula M. Teixeira, Érika S. Naruzawa, Fátima S. Barreto, Fernanda T. P. Guedes, Júlia R. Ottoni, Juliana E. C. Teixeira, Lílian Belotti, Márcia Patrícia Moreno, Osmar V. Carvalho Neto, Raphaele K. Dalla Vale e Sandra Marisa Mathioni, pela convivência agradável e pela prontidão e paciência com que sempre me acompanharam na utilização dos equipamentos, e especialmente ao Daniel Dias Rosa e Reinaldo Montrazi Barata pela disposição em auxiliar na resolução das pequenas dúvidas cotidianas.
Aos funcionários Carmem, Linda, Jéferson, Silvia e Edvaldo (Fitopatologia), Fernando, Vitor e Ana Maria (Dep. Genética), Pedro Arthuso (Casa de Vegetação) pela convivência agradável e carinho e amizade dispensados, e especialmente a Fernanda Groppo e José Rodolfo Groppo pelos valiosos ensinamentos e experiências transmitidos e pela amizade.
Aos pesquisadores, funcionários e estagiários do Instituto Biológico (Campinas): Dr. Júlio Rodrigues Neto, Dr. Harllen Sandro Alves Silva, Dr. Cláudio Marcelo G. de Oliveira, Sônia M. Vieira (Soninha), Mariana Ferreira Toninho, Denise Salomão, Rafaela P. Massucato, e, especialmente, a Daniele B. Alves Corrêa, pelo auxílio no desenvolvimento dos experimentos de Biologia Molecular, e Karen Wolf Maciel, pelo grande auxílio nos testes serológicos.
Aos companheiros de curso, Alessandro Riffel, Luis Fernando Romanholo Ferreira, Rodrigo Carvalho, Nívea Tonucci, Denise Balani, Marizete Godoy e Rodrigo Stuart, e da ESALQ, Marisa Renaud-Faulin, Odair Kuhn, Fabrício Packer, José Segundo Giampam (Minuto) e Jair R. Unfried, pela convivência e amizade.
Às secretárias do PPG Microbiologia Agrícola: Giovana (Gi), Sarah e Célia pela atenção, carinho e prontidão com que sempre atenderam minhas solicitações.
Ao PPG Microbiologia Agrícola pela oportunidade e auxílio financeiro para a compra de reagentes e vidraria.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
6
Ao meu amado Pai, João Rabalho (in memorian), pela simplicidade com que viveu e criou suas filhas, mostrando-nos que é preciso crescer a cada dia, mas que não é preciso muito para ser feliz.
A minha amada Mãe, Odete da Silva Rabalho – mulher forte, justa e sábia – e às minhas irmãs, Andrea e Angela, por acreditarem em mim (até mais que eu mesma), por não me deixarem desistir nunca e pelo amor incondicional que sempre me dedicaram.
Aos queridos Sr. Loreto José Tomasetto e Sra. Aparecida Castilho Tomasetto, por terem me acolhido como filha em suas vidas.
Ao meu amado esposo, Fabrício Tomasetto, esteio de minha vida, pelo amor, companheirismo e carinho dedicados; pela confiança e paciência em permanecer fisicamente distante, mesmo se fazendo presente em cada dia; por estar sempre disposto a me auxiliar e por sempre me incentivar.
A Deus, que na sua infinita misericórdia, me ofereceu juntamente com as dificuldades a força para superá-las.
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A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta
que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, faz perder também a felicidade.
(Carlos Drummond de Andrade)
8
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................11
ABSTRACT .................................................................................................................12
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................13
1.1 A cultura do tomate ...............................................................................................13
1.1.1 Origem................................................................................................................13
1.1.2 Taxonomia..........................................................................................................14
1.1.3 Importância.........................................................................................................15
1.2 A mancha bacteriana do tomateiro........................................................................16
1.3 Histórico da etiologia da mancha bacteriana.........................................................18
1.4 A importância da sanidade de sementes e da detecção de Xanthomonas spp., agentes causais da mancha bacteriana................................................................20
Referências .................................................................................................................24
2 DESENVOLVIMENTO DE MEIO SEMI-SELETIVO PARA DETECÇÃO DE Xanthomonas spp. EM SEMENTES DE TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.) .....................................................................................................33
Resumo.......................................................................................................................33
Abstract .......................................................................................................................34
2.1 Introdução .............................................................................................................35
2.2 Desenvolvimento...................................................................................................37
2.2.1 Material e Métodos.............................................................................................37
2.2.1.1 Linhagens bacterianas ....................................................................................37
2.2.1.2 Isolamento de fungos associados a sementes de tomate...............................39
2.2.1.3 Efeito de fungicidas sobre Xanthomonas spp. patogênicas ao tomateiro .......39
2.2.1.4 Fungitoxicidade in vitro para os fungos isolados de sementes de tomate.......39
9
2.2.1.5 Sensibilidade (qualitativa e quantitativa) dos isolados bacterianos a antibióticos.....................................................................................................40
2.2.1.6 Determinação do meio basal para composição do meio semi-seletivo ...........41
2.2.1.6.1 Avaliação de diferentes fontes de nitrogênio................................................41
2.2.1.6.2 Avaliação de diferentes meios basais ..........................................................41
2.2.1.7 Avaliação do meio semi-seletivo desenvolvido ...............................................43
2.2.1.7.1 Avaliação da repressividade ........................................................................43
2.2.1.7.2 Avaliação da supressividade ........................................................................44
2.2.1.7.3 Detecção de Xspp pelo método de extração e semeio em meio semi-seletivo .........................................................................................................44
2.2.2 Resultados e Discussão.....................................................................................45
2.2.2.1 Patogenicidade das linhagens Xspp e confirmação da identidade dos isolados Xcv...................................................................................................45
2.2.2.2 Isolamento de bactérias e fungos associados a sementes de tomate ............46
2.2.2.3 Fungitoxicidade in vitro para as linhagens de Xspp e fungos associados a sementes de tomate .......................................................................................47
2.2.2.4 Sensibilidade das linhagens de Xspp e isolados de Bast a antibióticos..........48
2.2.2.5 Determinação do meio basal para composição do meio semi-seletivo ...........55
2.2.2.5.1 Utilização de fontes de nitrogênio ................................................................55
2.2.2.5.2 Avaliação de diferentes meios......................................................................55
2.2.2.6 Avaliação do meio semi-seletivo desenvolvido ...............................................56
2.2.2.6.1 Avaliação da repressividade e supressividade.............................................57
2.2.2.6.2 Detecção de Xspp pelo método de extração e semeio em meio semi-seletivo.........................................................................................................59
2.3 Conclusões............................................................................................................60
Referências .................................................................................................................61
10
3 DIFERENCIAÇÃO DE ISOLADOS DE Xanthomonas spp. CAUSADORAS DA MANCHA BACTERIANA DO TOMATEIRO POR PCR-RFLP DA REGIÃO ESPAÇADORA 16S-23S DNAr E DO GENE rpoB .................................................67
Resumo.......................................................................................................................67
Abstract .......................................................................................................................68
3.1 Introdução .............................................................................................................69
3.2 Desenvolvimento...................................................................................................72
3.2.1 Material e Métodos.............................................................................................72
3.2.1.1 Linhagens bacterianas ....................................................................................72
3.2.1.2 Extração de DNA cromossômico.....................................................................73
3.2.1.3 Amplificação da região espaçadora DNAr 16S-23S e do gene rpoB ..............74
3.2.1.4 Digestão dos produtos de PCR com endonucleases de restrição (PCR-RFLP) .............................................................................................................75
3.2.1.5 Purificação dos produtos de amplificação para seqüenciamento....................75
3.2.1.6 Seqüenciamento do fragmento do gene rpoB.................................................75
3.2.3 Resultados e Discussão.....................................................................................76
3.2.3.1 Análise da região espaçadora 16S-23S DNAr por PCR-RFLP .......................76
3.2.3.2 Análise do gene rpoB por PCR-RFLP .............................................................82
3.2.3.3 Seqüenciamento do gene rpoB .......................................................................86
3.3 Considerações finais .............................................................................................87
Referências .................................................................................................................87
Bibliografia Consultada ...............................................................................................91
11
RESUMO
Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.): detecção em sementes e diferenciação
O tomateiro é a segunda hortaliça em importância econômica no mundo, sendo
uma das culturas mais exigentes em cuidados fitossanitários, devido ao grande número de doenças que a acometem e pela elevada capacidade destrutiva e difícil controle dos patógenos. A mancha-bacteriana, causada por espécies do gênero Xanthomonas (X. euvesicatoria, X. gardneri, X. vesicatoria e X. perforans), é uma das mais importantes doenças do tomateiro estaqueado ou rasteiro, que afeta a planta em qualquer estádio de desenvolvimento, podendo ocorrer em toda parte aérea, provocando redução em quantidade e qualidade da produção. Para diminuir a disseminação do patógeno e determinar medidas de controle nas áreas de cultivo, é importante que haja a detecção eficiente do patógeno em plantas e sementes. Assim, existe a necessidade de análises que possibilitem detectar bactérias em sementes, especialmente quando o nível de infecção ou incidência é muito baixo. O objetivo deste trabalho foi desenvolver métodos de detecção e diferenciação de Xanthomonas spp. em sementes de tomate. Desenvolveu-se um meio semi-seletivo, constituído por dextrose (5,0 g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4 (1,4 g/L), K2HPO4 (3,6 g/L), extrato de carne (1,0 g/L), peptona (5,0 g/L), extrato de levedura (2,0 g/L), cefaclor (40,0 mg/L), nistatina (50,0 mg/L), benomil (10,0 mg/L) e ágar (14,0 g/L), que mostrou baixa repressividade a Xanthomonas spp. e supressividade moderada aos microrganismos não-alvos associados a sementes de tomate e elevada sensibilidade, além de baixo custo. Por PCR-RFLP de um fragmento do gene rpoB, foi possível diferenciar as diferentes espécies causadoras da mancha-bacteriana em tomateiro.
Palavras-chave: Mancha-bacteriana do tomateiro, Detecção, Sementes, Meio semi-seletivo, PCR-RFLP, rpoB
12
ABSTRACT
Xanthomonas spp. causing the tomato (Lycopersicon esculentum Mill.) bacterial spot: detection in seeds and differentiation
The tomato is the second economical important horticultural crop in the world,
being one of the most exigent cultures in phytosanitary cares, due to the large number of
diseases that attack the culture and for the high destructive capacity and difficult control
of the pathogens. The bacterial-spot, caused by species of the genus Xanthomonas (X.
euvesicatoria, X. gardneri, X. vesicatoria and X. perforans), is one of the most important
tomato diseases, affecting plant in any development stage, being able to occur in all
aerial part, provoking reduction in quantity and quality of the production. To reduce the
pathogen dissemination and to determine control measures in the cultivation areas, it is
important that the pathogen detection in plants and seeds has been efficient. So, it is
necessary to carry out analysis to detect bacteria in seeds, especially when the infection
level or incidence is very low. The objective of this work was to develop detection and
differentiation methods of Xanthomonas spp. in tomato seeds. A semi-selective medium
was developed, constituted by dextrose (5,0 g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4 (1,4 g/L),
K2HPO4 (3,6 g/L), meat extract (1,0 g/L), peptone (5,0 g/L), yeast extract (2,0 g/L),
cefaclor (40,0 mg/L), nistatine (50,0 mg/L), benomyl (10,0 mg/L) and agar (14,0 g/L),
wich showed low repressivity to the Xanthomonas spp. and moderate supressivity to the
non-target microorganisms associated to tomato seeds and high sensibility, besides low
cost. By PCR-RFLP of a rpoB gene fragment, it was possible to differentiate the species
of the tomato bacterial-spot.
Key-words: Tomato bacterial-spot, Detection, Seeds, Semi-selective medium, PCR-
RFLP, rpoB
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 A cultura do tomate
1.1.1 Origem
O tomateiro tem sua origem na parte ocidental da América Central e do Sul, nas
regiões andinas do Peru, Bolívia e Equador (FONTES; SILVA, 2002) e era cultivado até
uma altitude de aproximadamente 2.000 m de altitude, nos Andes (JENKINS, 1948) e
nas Ilhas Galápagos (RICK, 1967; CAMARGO, 1992). Foi levado pelos povos Incas até
a região do sul do México, país que se tornou o centro de domesticação do tomate
cultivado (RICK; BUTLER, 1956; MONACO, 1964; PAZINATO; GALHARDO, 1997), em
especial a região de Puebla e Vera Cruz (JENKINS, 1948). O fruto do tomate em forma
de Physalis, chamado de temistitlon pelos astecas e pelos indígenas mexicanos de
tomati, jitomate ou xitomate era, provavelmente, bilocular e pertencia à Lycopersicon
cerasiforme (MINAMI; HAAG, 1989; EMBRAPA, 1993). Entretanto, alguns
pesquisadores, baseando-se na forma e tamanho dos frutos de L. cerasiforme, bem
como no estágio de evolução dessa espécie botânica, intermediária entre o tomate
selvagem e o cultivado, não concordam com tal teoria. Segundo Jenkins (1948), além
da contribuição de L. cerasiforme, o tomateiro cultivado atualmente pode ter sido
resultado de hibridização com L. pimpenellifolium (MINAMI; HAAG, 1989).
Na época do descobrimento da América, quando da chegada dos espanhóis, o
jitomate estava amplamente difundido na América Central, América do Sul e México
(MINAMI; HAAG, 1989; EMBRAPA, 1993). Segundo alguns pesquisadores, no início do
século XVI, pouco depois de 1535, os exploradores espanhóis levaram a cultura do
Peru para o Sul da Europa e, aos poucos, foi disseminado para o Norte desse
continente (JENKINS, 1948; EMBRAPA, 1993; PAZINATO; GALHARDO, 1997). Outros
afirmam que foi levado do México para a Itália antes de 1544 (RICK; BUTLER, 1956).
Segundo Minami e Haag (1989) e Wien (1997), a primeira variedade introduzida era de
frutos amarelos, que justificou o nome de Pomi d’oro ou pomodoro (golden apple),
porém, o nome de Tomati vem do Nahua, grupo de nativos do México e a palavra
tomate é de origem espanhola.
14
Durante muito tempo houve a crença de que o tomate era venenoso, sendo
considerado mais uma planta medicinal ou ornamental do que uma planta alimentar,
característica que só começou a usufruir em larga escala dois séculos depois (MINAMI;
HAAG, 1989; GARDÊ; GARDÊ, [1993?]).; FONTES; SILVA, 2002). Os foram os
primeiros europeus a cultivá-lo e utilizá-lo na alimentação
A cultura foi sendo introduzida em quase todos os países, em maior ou menor
escala. Na América do Norte, há registros da presença do tomateiro nos Estados
Unidos em 1710; no entanto, a comercialização do tomate nesse país, foi iniciada
apenas em 1835 (SIMS, 1980). No Canadá a tomaticultura foi introduzida pelos
imigrantes franceses no início da industrialização do país, em 1908, e na França foi
levada por Napoleão III. (MINAMI; HAAG, 1989; PAZINATO; GALHARDO, 1997;
FONTES; SILVA, 2002).
A cultura do tomate foi introduzida na Tunísia e na Austrália ao redor de 1600
(VERLODT, 1980). Por volta de 1890, na Austrália, os produtores se voltam a culturas
olerícolas, dentre elas o tomate (KINSELLA, 1980). No Japão, o tomate veio do sudeste
da Ásia ou da China, trazido pelos portugueses, ou holandeses, sendo sua primeira
menção em literatura japonesa datada de 1709 (KAMIMURA, 1980). No Brasil, o tomate
foi trazido nos anos que seguiram ao descobrimento (PAZINATO; GALHARDO, 1997).
1.1.2 Taxonomia
O tomateiro é uma dicotiledônea, ordem Tubiflorae, pertencente à família
Solanaceae gênero Lycopersicon sub-gênero Eulycopersicum, espécie Lycopersicon
esculentum. Seu classificador botânico foi Miller que, em 1754, propôs a classificação
botânica e o nome de Lycopersicon ao gênero (MINAMI; HAAG, 1989; CAMARGO,
1992; PAZINATO;GALHARDO, 1997; SILVA; GIORDANO, 2000; FILGUEIRA, 2003).
O gênero Lycopersicon abrange nove espécies, que são agrupadas em dois
complexos, de acordo com a possibilidade de cruzamento fácil (complexo esculentum)
ou não (complexo peruvianum) com L. esculentum. O complexo esculentum abrange
sete espécies: L. esculentum Mill., L. cheesmanii Riley, L. pimpinellifolium Mill., L.
chmielewskii Rick, L. parviflorum Rick, L. hirsutum Dunal e L. pennellii (Correll) D'Arcy.
15
A maioria das espécies deste complexo é silvestre e não explorada, pois seus frutos
são extremamente pequenos, por vezes pubescentes, porém são utilizadas em
programas de melhoramento do tomateiro visando a introdução de genes, que
conferem resistência a pragas e doenças, melhoria da qualidade dos frutos e aumento
da qualidade nutritiva (GARDÊ; GARDÊ, [1993?]; LOURENÇÃO et al., 1997; SILVA;
GIORDANO, 2000; ZORZOLI; PRATTA; PICARDI, 2000; ARAGÃO et al., 2002).
Os frutos da espécie L. esculentum apresentam baga carnuda suculenta e de cor
vermelha quando madura, com dois (bilocular) ou mais lóculos (plurilocular), podendo
atingir até doze lóculos A parede do ovário, chamada de pericarpo, possui três
camadas: exocarpo, mesocarpo e endocarpo. Todos são tecidos epidermiais, à
exceção do mesocarpo, que envolve o tecido placentário onde estão as sementes, as
quais são óvulos fecundados (MINAMI; HAAG, 1989; CAMARGO, 1992; GARDÊ;
GARDÊ, [1993?]; FONTES; SILVA, 2002).
1.1.3 Importância
O tomate de mesa é a mais popular das olerícolas. É plantada em quase todo o
mundo, o que a leva ao topo de maior produção/consumo, com destaque para a China
e Estados Unidos, que produzem cerca de 30% do total mundial. Enquanto 95% da
produção chinesa e 62% da brasileira são destinadas ao consumo in natura, apenas
21% da produção americana vai para esse mercado, sendo o restante da produção
processada pelas indústrias de alimentos (FONTES; SILVA, 2002; FNP, 2006).
No Brasil, o tomate ocupa o segundo lugar em volume de produção/consumo,
vindo logo atrás da batata, pouco à frente da alface e com volume duas vezes maior
que a cebola (GAYET et al., 1995). Os estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais
foram responsáveis por aproximadamente 65% da produção nacional em 2005, sendo
que os estados do São Paulo e Minas Gerais estão no contexto nacional, em 2º e 3º
lugar, respectivamente; portanto, na região sudeste, está concentrada cerca de 50% da
produção nacional. Entretanto, ainda que em menor escala, planta-se tomate nos
demais estados brasileiros, estimando-se que a área cultivada no País, em 2005, tenha
sido de 57.640 ha (FNP, 2006). A produção de tomate no triênio de 1999/2001 superou
16
3 milhões de toneladas/ano e 60% deste total destinou-se ao segmento de mesa (IBGE,
2004).
Na safra de 2005, o Brasil produziu 3.267.918 t. Desse total, 8.466 t foram
produzidas na região norte, 480.572 t na região nordeste (com destaque para Bahia e
Pernambuco, com 169.202 e 168.523 t, respectivamente), 1668.990 t na região sudeste
(destacando-se São Paulo, com 690.290 t, e Minas Gerais, com 642.248 t), 313.809 t
na região sul e 796.081 t na região centro-oeste (com destaque para Goiás, com
produção de 772.600 t) (FNP, 2006). Sob o ponto de vista social, a tomaticultura
nacional abriga em sua cadeia mais de 10.000 produtores, com 60.000 famílias de
trabalhadores compostas por um efetivo de mais de 200.000 pessoas (TAVARES,
2003).
1.2 A mancha bacteriana do tomateiro
A mancha bacteriana, causada por espécies do gênero Xanthomonas,
freqüentemente ataca plantas de tomate e pimentão. A doença é favorecida por
temperaturas entre 20 e 30°C e ocorre com maior severidade em locais onde a chuva
se encontra associada a ventos fortes (LOPES; SANTOS, 1994). Aparentemente, a
bactéria não sobrevive no solo por longos períodos; entretanto, pode sobreviver em
restos culturais tanto quanto estes persistirem. A bactéria é introduzida numa cultura via
semente onde, após a germinação das plantas, atinge folhas e cotilédones,
espalhando-se rapidamente com a água da chuva ou de irrigação. Aberturas naturais,
danos mecânicos ou causados por insetos e abrasão nas folhas ou tecidos, permitem a
penetração da bactéria na planta (RODRIGUES NETO, 2000).
Os sintomas da mancha bacteriana ocorrem em toda a parte aérea da planta,
podendo se manifestar em qualquer estádio da cultura (GITAITIS; McCARTER; JONES,
1992). Nas folhas, os primeiros sintomas aparecem na forma de pequenas áreas
encharcadas, de formato irregular e com bordos definidos. Estas manchas tornam-se
deprimidas, passando de uma coloração amarelada ou verde-clara para marrom-escura
até a necrose do tecido (GOODE; SASSER, 1980).
17
Diferentemente do que ocorre em plantas de pimentão, no tomateiro, a mancha
bacteriana não leva à queda das folhas. Com o coalescimento das lesões foliares,
ocorre a secagem e a destruição da folhagem a partir da parte inferior da planta,
favorecendo o aparecimento nos frutos com sintomas de queima de sol (LOPES;
QUEZADO-SOARES, 1997).
Nos frutos, as lesões iniciam-se na forma de pequenas áreas encharcadas a
amareladas, que se tornam marrom-acinzentadas e de textura áspera (JONES, 1997).
Estas lesões tendem a ser deprimidas no centro e elevadas nas margens, variando
entre 2 a 10 mm de diâmetro, podendo ser circundadas por um estreito halo amarelado
a esbranquiçado (GOODE; SASSER, 1980). A ocorrência da doença durante a floração
causa queda de flores, resultando na redução da produção (LOPES; QUEZADO-
SOARES, 1997).
No Brasil, a mancha bacteriana em tomateiro foi relatada pela primeira vez no
estado de São Paulo, em 1959 (RODRIGUES NETO; SUGIMORI; MALAVOLTA JR,
1984). Segundo Barbosa (1997), essa doença é uma das mais importantes e
destrutivas do tomateiro para processamento industrial no país, com ocorrência
freqüente nas três macro-regiões de produção brasileira.
As perdas devido à doença são resultantes diretamente da redução da produção
em decorrência dos sintomas e também do custo dos produtos químicos empregados
como estratégia de controle, notadamente fungicidas cúpricos e antibióticos agrícolas
(GOODE; SASSER, 1980). Em condições experimentais de campo, Quezado-Soares et
al. (1998) observaram redução de até 52% na produção.
Outros aspectos que intensificam a importância da doença para a cultura do
tomateiro como eficiência variável do controle químico, ausência de fontes de
resistência adequada, rápida disseminação do patógeno em condições favoráveis de
altas temperaturas (24-30°C) e precipitação e disseminação a longas distâncias por
sementes contaminadas que além de servir como fonte de inóculo, representam um
meio para sobrevivência da bactéria por longos períodos também merecem ser
mencionados (GOODE; SASSER, 1980; BASHAN; OKON; HENIS, 1982; JONES,
1997)
18
1.3 Histórico da etiologia da mancha bacteriana
A mancha bacteriana do tomateiro foi observada, pela primeira vez, na África do
Sul, em 1914, e descrita em 1920, como cancro do tomate (DOIDGE, 1920; 1921). Na
mesma época, Gardner e Kendrik (1921) descreveram uma doença semelhante nos
Estados Unidos, a qual foi denominada mancha bacteriana, designação pela qual a
doença é conhecida atualmente. Nos estudos de Doidge, o agente causal foi
identificado como Bacterium vesicatorium, enquanto que, nos Estados Unidos, Gardner
e Kendrik nomearam o organismo causador da doença como B. exitiosa. B.
vesicatorium foi descrita como fracamente amilolítica, enquanto B. exitiosa foi
caracterizada como fortemente amilolítica.
Durante esse mesmo período, Sherbakoff (1918) descreveu a mancha
bacteriana do pimentão. Em 1922, Higgins (1922) determinou que o organismo era
estritamente relacionado a B. vesicatorium e B. exitiosa, porém diferia em algumas
reações fisiológicas importantes, não tendo sido capaz de classificar o patógeno do
pimentão. Gardner e Kendrik (1923) usaram vários testes determinantes para comparar
B. vesicatorium, B. exitiosa e um isolado de pimentão da Flórida e concluíram que os
três patógenos eram quase idênticos; no entanto, eles não levaram em consideração a
atividade amilolítica. Devido à regra de prioridade da nomenclatura de bactérias, eles
propuseram que os patógenos fossem conhecidos como B. vesicatorium Doidge. Como
resultado, por aproximadamente quatro décadas, apenas uma espécie foi considerada
como causadora da mancha bacteriana em pimentão e tomate. Essa espécie
bacteriana recebeu diversas denominações: Pseudomonas vesicatoria, em 1925;
Phytomonas vesicatoria, em 1930; e Xanthomonas vesicatoria, em 1939 (HIBBERD et
al. 1989 apud JONES et al., 1998). Em 1980 Dye et al. (1980) propuseram uma nova
reclassificação das Xanthomonas e ela foi nomeada X. campestris pv. vesicatoria. No
entanto, estudo realizados por Burkholder e Li (1941) demonstraram que havia variação
dentro dessa espécie bacteriana. Em seus estudos, esses autores notaram que
linhagens isoladas de tomate hidrolisavam amido, enquanto que linhagens isoladas de
pimentão não. Mas somente em 1964, questionou-se se linhagens de tomate e
pimentão deveriam ser reconhecidas como taxonomicamente distintas. Na tentativa de
esclarecer essa questão, Dye (1966), baseado em testes bacteriológicos e de
19
sensibilidade a bacteriófagos, comparou linhagens de pimentão e tomate de coleções
do mundo inteiro e relatou que as linhagens de ambos os hospedeiros eram
estritamente relacionadas. Assim, ele concluiu que elas deveriam ser incluídas na
mesma espécie. No entanto, esse autor também não realizou estudos sobre a atividade
amilolítica de tais linhagens.
Nos anos 90, Vauterin et al. (1990) e Stall et al. (1994), trabalhando
independentemente, descobriram que X. campestris pv. vesicatoria consistia de dois
grupos geneticamente distintos. Em 1995, Vauterin et al. (1995) reclassificaram o
gênero Xanthomonas e subdividiram aquelas linhagens nomeadas como X. campestris
pv. vesicatoria em duas espécies, X. vesicatoria e X. axonopodis pv. vesicatoria, sendo
que a primeira (fortemente amilolítica) abrangia na época o grupo B e a segunda (não
amilolítica) abrangia o grupo A.
Duas outras bactérias fitopatogênicas foram isoladas de tomate. A primeira foi
isolada em 1957, na Iugoslávia, por Sutic, que identificou uma doença bacteriana de
tomate responsável pelo sintoma de “olhos de pássaro” nos frutos e classificou o
patógeno como Pseudomonas gardneri, introduzindo uma variedade especial, P.
gardneri var. capsici, para linhagens que atacavam pimentão. Dye (1966) comparou P.
gardneri com um grupo de outras espécies bacterianas pertencentes ao gênero
Xanthomonas e, baseado em testes bioquímicos e morfológicos, determinou que se
tratava de uma Xanthomonas típica. Esse autor propôs a sinonímia com X. vesicatoria,
uma vez que ambas as bactérias produziam uma doença semelhante em tomate e não
podiam ser distinguidas por procedimentos laboratoriais ou experimentos em casa de
vegetação. A colocação de P. gardneri no gênero Xanthomonas foi posteriormente
sustentada por estudos de hibridização DNA:rRNA (DeLEY, 1978). Entretanto,
Hildebrand; Palleroni; Schroth. (1990), em estudos de hibridização de DNA, verificaram
que X. gardneri estava mais relacionada às espécies X. hortorum pv. carotae, X.
hortorum pv. pelargonii e X. hortorum pv. taraxaci e que X. campestris pv. vesicatoria
representava um grupo a parte.
A segunda bactéria foi isolada na Flórida, Estados Unidos, no início dos anos 90
(JONES et al. 1995). Jones et al. (2000) caracterizaram estas duas novas bactéria e
determinaram que elas constituíam dois grupos adicionais D e C, respectivamente. O
20
grupo C, incluía as linhagens originalmente identificadas por Jones et al. (1995) por
serem mais estritamente relacionadas ao grupo A de X. axonopodis pv. vesicatoria,
baseados em estudos de hibridização DNA-DNA; o grupo D incluía as linhagens
identificadas originalmente por Sutic (1957), as quais eram geneticamente distintas de
X. vesicatoria (grupo B) e X. axonopodis pv. vesicatoria (grupos A e C) (BOUZAR et al.,
1994; BOUZAR et al.,1999; JONES et al., 2000).
Portanto, era claro que o patógeno era bastante variável em suas características
fenotípicas e genotípicas e Jones et al. (2004), baseados na homologia do DNA,
propuseram a reclassificação das Xanthomonas causadoras da mancha bacteriana em
tomate e pimentão em quatro espécies: foi proposto que os grupos A e C de X.
axonopodis pv. vesicatoria fossem elevados à espécie, de modo que as linhagens do
grupo A fossem renomeadas como X. euvesicatoria e as linhagens do grupo C com o
nome X. perforans, sendo mantidos os nomes de X. vesicatoria (grupo B) e X. gardneri
(grupo D).
A posição taxonômica desses organismos ainda é discutida. Pela nomenclatura
aceita atualmente, somente Xanthomonas vesicatoria é dado como válido (YOUNG et
al., 2005). Entretanto, optou-se por utilizar a classificação proposta por Jones et al.
(2004) no presente trabalho, uma vez que os mesmos encontram-se em faze de
validação (EUZÉBY, 2006).
1.4 A importância da sanidade de sementes e da detecção de Xanthomonas spp., agentes causais da mancha bacteriana
A semente é um dos principais insumos da agricultura moderna, sendo que cerca
de 90% dos alimentos são produzidos através delas. Todas as espécies cultivadas
propagadas por sementes apresentam doenças como um fator responsável pela
redução no rendimento ou aumento do custo de produção. Estas podem ser evitadas ou
minimizadas pela utilização de sementes sadias e/ou tratadas (MENTEN, 1991).
A sanidade de sementes foi totalmente negligenciada durante muito tempo,
porém, atualmente, devido aos relevantes trabalhos realizados, a importância da
Patologia de Sementes é reconhecida e aceita pelas autoridades governamentais,
21
produtores de sementes, agricultores e técnicos ligados ao assunto. Apesar dessa
tomada de consciência, ainda não se exige que o lote de sementes para
comercialização seja acompanhado de um certificado de sanidade, procedimento que
seria ideal, pois geralmente o índice de germinação não revela problemas que os
patógenos podem causar à semente ou à cultura. Um lote pode estar com porcentagem
de germinação dentro dos padrões exigidos e também estar transportando
microrganismos que não afetam a qualidade fisiológica da semente nas condições de
laboratório, mas que se manifestarão em condições de campo, afetando a germinação
ou causando doença na cultura em desenvolvimento (MORAES, 1991).
Potencialmente, todos os organismos fitopatogênicos podem ser transportados
pelas sementes, embora a transmissão de inúmeros deles, por esse meio, não seja
conhecida (MACHADO, 1988). Sementes infectadas ou contaminadas são a principal
fonte de inóculo para a maioria das doenças causadas por bactérias fitopatogênicas
(NEEGAARD, 1977; TAYLOR, 1970). O uso de sementes comprovadamente sadias é
uma forma simples, segura e econômica de se evitar a ocorrência de diversas
enfermidades no campo. Assim, a produção, a avaliação e a subseqüente utilização de
sementes livres do patógeno são medidas importantes para o controle de diversas
doenças bacterianas (SCHAAD & DONALDSON, 1980).
Segundo Baker (1972), o transporte de patógenos por sementes pode ser feito
de três modos: misturado com a semente (parte da fração impura do lote), aderido
passivamente na superfície da semente ou presente em seu interior. Destes, a
presença do inóculo no interior da semente é considerada a maneira de transporte mais
comumente utilizada pelos fitopatógenos. Vale ressaltar que o patógeno pode estar,
simultaneamente, presente na semente nas três condições descritas.
De maneira geral, tem sido demonstrado que patógenos podem sobreviver no
interior das sementes por períodos de tempo mais prolongados do que em outras partes
da planta (BAKER, 1972). Provavelmente tal fato decorra da existência, nas sementes,
de camadas protetoras e do acúmulo de reservas nutritivas dos quais muitos patógenos
se beneficiam (MACHADO, 1987).
Em termos econômicos, a importância da associação de patógenos com
sementes pode ser avaliada em função dos tipos de danos causados pelas doenças
22
correspondentes, tanto na fase de produção e comercialização de sementes, como no
campo comercial, a partir do uso de sementes contaminadas ou infectadas. Um dos
meios mais eficientes de se introduzir ou acumular patógenos em áreas tradicionais de
cultivo ou áreas novas é o cultivo de sementes contaminadas ou infectadas em mistura
com sementes sadias. Esta eficiência está relacionada ao fato de que as sementes que
contém patógenos não são facilmente reconhecidas em um lote e, por conseguinte, são
distribuídas aleatoriamente no campo, constituindo foco primário de infecção na fase
mais inicial da cultura. Nestas circunstâncias, as chances para o estabelecimento das
doenças são máximas (MACHADO, 1987).
Os testes de sanidade de sementes têm como fundamento fazer com que os
patógenos, uma vez associados a essas estruturas, sejam direta ou indiretamente
evidenciados, permitindo ao analista a sua identificação rápida e segura. Para que um
teste seja recomendado é necessário que os resultados sejam reprodutíveis dentro de
limites estatísticos e que forneçam informações seguras em relação ao desempenho
das sementes no campo ou em termos de inspeção quarentenária (MACHADO, 1988).
O estabelecimento de um método reproduzível e confiável para a detecção de
patógenos em análises de rotina é de extrema importância em um programa de
certificação de sementes. Desta forma pode-se evitar a utilização de sementes de
qualidade sanitária duvidosa, o que, em última análise, resulta sempre em perdas
quantitativas e qualitativas da produção.
Devido às dificuldades que envolvem a manipulação e a identificação final de
bactérias, a execução de testes de sanidade para detecção deste grupo de patógenos,
em termos de rotina de laboratórios, tem sido restrita (MACHADO, 1988). Análises
visuais das sementes são insuficientes para determinar a presença ou não das
bactérias fitopatogênicas. Porém, a detecção de fitobactérias em sementes pode ser
realizada por uma ampla diversidade de técnicas, as quais apresentam grandes
variações quanto à sensibilidade, especificidade e complexidade em relação à
semente/bactéria avaliada. O importante é que o método utilizado possibilite detectar
bactérias em sementes, especialmente quando o nível de infecção ou incidência é
muito baixo. Não existe, portanto, um método padronizado e que atenda às diferentes
necessidades. A escolha do método a ser utilizado depende de vários fatores e o
23
procedimento básico tem que ser adaptado para cada sistema biológico em estudo
(SCHAAD, 1982).
Outros fatores, como o objetivo da análise (pesquisa ou rotina), localização do
patógeno, disponibilidade de tempo e equipamentos, treinamento de pessoal, níveis da
população bacteriana e de inóculo dentro de um lote de sementes requerido para o
desenvolvimento da doença também influenciam na escolha do método (SCHAAD;
DONALDSON, 1980). Quando se deseja detectar e/ou quantificar fitobactérias em
sementes deve-se lembrar que a superfície das sementes abriga uma flora microbiana
muito diversa, que pode comprometer e mascarar resultados, e que a percentagem de
sementes veiculando fitobactérias em um lote é usualmente muito baixa, quase sempre
menor que 1% (ROMEIRO, 2001; SAETTLER et al., 1989).
Dentre a multiplicidade de métodos e técnicas descritos para detectar e
quantificar fitobactérias associadas a sementes podem ser encontrados métodos
simples, como extração seguida de diluição em placas usando meios semi-seletivos
e/ou inoculação no hospedeiro até sorologia e outros métodos sorológicos mais
complexos (ELISA e imuno dot-blot), bacteriófagos, iscas biológicas e técnicas
moleculares como PCR e sondas de DNA (ROMEIRO, 2001).
Para o caso do tomateiro, a infecção de sementes por Xanthomonas spp. é
causa freqüente da introdução da bactéria em novas áreas de cultivo. Segundo
McGuire e Jones (1995), a bactéria pode ser encontrada em extratos de sementes de
tomate, sobrevivendo mesmo após procedimentos utilizados no processamento da
semente como fermentação da polpa e extração ácida. Bashan; Okon e Henis (1982)
relataram que a bactéria pode sobreviver em sementes de tomate e pimentão por
períodos de até 10 anos. Carmo et al. (1996) sugerem que o nível de tolerância de X.
vesicatoria em sementes deva ser zero, devido a elevada capacidade de multiplicação
do patógeno e de sua rápida disseminação, principalmente em condições ambientais
favoráveis. O método mais freqüentemente utilizado para a detecção desse patógeno
em sementes é o meio semi-seletivo. Há vários meios descritos para Xanthomonas
campestris pv. vesicatoria, porém eles foram desenvolvidos antes das recentes
mudanças ocorridas na classificação do patógeno (conforme comentado
24
anteriormente), o que faz com que surjam dúvidas a respeito da sua aplicabilidade para
o complexo mancha bacteriana x tomateiro.
Geralmente a detecção do patógeno envolve preliminarmente sua extração,
uma vez que esta aumenta as chances de se encontrar o patógeno em uma pequena
fração de sementes, misturada a grandes quantidades que constituem um lote. O
método de extração de uma amostra representativa varia para cada caso de associação
semente-fitobactéria. De maneira geral, a extração da bactéria de uma amostra consiste
em imergir um grande número de sementes (2.000 a 10.000, por exemplo) em uma
solução extratora apropriada (água, salina, tampão fosfato PBS), devidamente
esterilizada, por um determinado tempo, sob agitação, preferencialmente sob baixa
temperatura (4-5 °C). O extrato resultante é concentrado por centrifugação (ROMEIRO,
2001), ressuspendido em solução salina esterilizada e espalhado sobre a superfície do
meio semi-seletivo contido em placas de Petri. McGuire e Jones (1995) relatam que por
meio deste procedimento é possível recuperar o patógeno de sementes infectadas
artificialmente (3 ufc/g semente), com um alto nível de eficiência.
É importante salientar que nenhum método de detecção é por si só conclusivo;
muitas vezes as colônias típicas do patógeno devem ser testadas quanto à
patogenicidade em planta hospedeira ou ter sua identidade confirmada por serologia ou
PCR; por outro lado, os resultados advindos das técnicas de detecção serológicas ou
moleculares devem ser averiguados quanto à viabilidade do patógeno detectado.
Portanto, para se obter um diagnóstico preciso, muitas vezes, é necessária a
associação de mais de um método.
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33
2 DESENVOLVIMENTO DE MEIO SEMI-SELETIVO PARA DETECÇÃO DE
Xanthomonas spp. EM SEMENTES DE TOMATEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.) Resumo
A mancha bacteriana, causada por espécies do gênero Xanthomonas, é uma das
mais importantes doenças do tomateiro (Lycopersicon esculentum), provocando danos
em quantidade e qualidade. Até meados da década de 1980, essa bactéria estava
classificada como Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. Com o desenvolvimento de
novos métodos, incluindo o emprego de técnicas moleculares, ocorreram diversas
mudanças na classificação desse patógeno. Se as últimas propostas de reclassificação
forem aceitas, o que atualmente é nomeado X. vesicatoria (antiga X. campestris pv.
vesicatoria) pode ser subdividido em quatro espécies distintas (X. euvesicatoria, X.
gardneri, X. perforans e X. vesicatoria). Os meios semi-seletivos são importantes
ferramentas para detecção e identificação de bactérias em sementes. Alguns meios já
foram descritos para detecção de Xanthomonas em sementes de tomate; entretanto,
não há relatos de meio semi-seletivo para detecção concomitante de todas as espécies
desse patógeno. O objetivo desse trabalho foi desenvolver um meio visando inibir a
maioria dos fungos e bactérias comumente associadas às sementes de tomate e
favorecer o desenvolvimento e detecção do patógeno. O meio desenvolvido é
constituído por dextrose (5,0 g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4 (1,4 g/L), K2HPO4 (3,6 g/L),
extrato de carne (1,0 g/L), peptona (5,0 g/L), extrato de levedura (2,0 g/L), cefaclor (40,0
mg/L), nistatina (50,0 mg/L), benomil (10,0 mg/L) e ágar (14,0 g/L). Este meio mostrou
baixa repressividade (2%) para as Xanthomonas causadoras da mancha bacteriana em
tomate e supressividade moderada (51%) aos microrganismos não-alvos, apresentando
alta sensibilidade (recuperação do patógeno em amostras contendo 1 semente
infectada artificialmente : 9999 sementes sadias) e baixo custo.
Palavras-chave: Meio semi-seletivo, Sementes, Tomate, X. euvesicatoria, X. gardneri,
X. vesicatoria e X. perforans
34
Development of semi-selective medium to detect Xanthomonas spp in tomato (Lycopersicon esculentum Mill.) seeds
Abstract
The bacterial spot, caused by species of Xanthomonas genus is one of the most
important tomato (Lycopersicon esculentum) diseases, provoking damages in quantity
and quality. Until middles of the 1980 decade, this bacteria was classified like
Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. With the development of new methods,
including the use of molecular techniques, several changes in the classification of this
pathogen had happened. If the last reclassification proposals will be accepted, what
actually is named X. vesicatoria (previous Xanthomonas campestris pv. vesicatoria) can
be subdivided in four distinct species (X. euvesicatoria, X. gardneri, X. perforans and X.
vesicatoria). The semi-selective media are important tools for bacterial detection in
seeds. Some media were already described for Xanthomonas detection in tomato
seeds; however, there are no reports of semi-selective medium for concomitant
detection of all species of this pathogen in seeds. The objective of this work was to
develop a medium aiming to inhibit most of the fungi and bacteria commonly associated
to the tomato seeds and to favor the pathogen development and detection. The
developed medium is constituted by dextrose (5,0 g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4 (1,4
g/L), K2HPO4 (3,6 g/L), meat extract (1,0 g/L), peptone (5,0 g/L), yeast extract (2,0 g/L),
cefaclor (40,0 mg/L), nistatine (50,0 mg/L), benomyl (10,0 mg/L) and agar (14,0 g/L).
This medium showed low repressivity (2%) to the Xanthomonas causing the tomato
bacterial spot and moderate supressivity (51%) to the non-target microorganisms,
presenting high sensibility (pathogen recovery in samples containing 1 artificially
infected seed: 9999 healthy seeds) and low cost.
Key-words: Semi-selective medium, Seeds, Tomato, X. euvesicatoria, X. gardneri, X.
vesicatoria, X. perforans
35
2.1 Introdução
A mancha bacteriana, causada por Xanthomonas spp., é uma das mais
importantes doenças do tomateiro estaqueado ou rasteiro. A doença afeta o tomateiro
em qualquer estádio de desenvolvimento, podendo ocorrer em toda parte aérea da
planta, provocando redução em quantidade e qualidade da produção. A alta
suscetibilidade das cultivares, associada à baixa eficiência do controle químico e a
utilização de sementes portadoras da bactéria, tornam essa doença de difícil controle.
Para diminuir a disseminação da doença e determinar medidas de controle nas áreas
de cultivo, é importante que haja a detecção eficiente do patógeno em plantas e
sementes.
A detecção do patógeno depende da integração de procedimentos para liberação
eficaz da bactéria alvo da semente ou outro tecido da planta e da disponibilidade de um
meio que isola o patógeno alvo de microrganismos contaminantes (MING et al., 1991).
Os meios de cultura semi-seletivos são valiosas ferramentas em fitobacteriologia,
para o diagnóstico de doenças, estudos epidemiológicos, etiológicos e de patologia de
sementes. Os meios semi-seletivos são definidos como meios de cultura empregados
para suprir ou prevenir o crescimento de um grupo de organismos, enquanto permite o
crescimento de outro grupo, quando presentes na mesma microflora.
Os dois principais critérios para avaliação de um meio semi-seletivo são a sua
eficiência na detecção e sua seletividade (KLEMENT et al., 1990). A seletividade dos
meios de cultura semi-seletivos pode ser obtida utilizando-se fontes específicas de
carbono e nitrogênio, as quais podem estimular o crescimento de uma determinada
espécie e inibir outra; ou quando as enzimas bacterianas reagem com os constituintes
do meio de cultura e propiciam uma distinção cultural entre duas espécies que antes
pareciam similares. A adição de substâncias tóxicas ao meio de cultura visa reduzir o
número de contaminantes e favorecer o desenvolvimento da espécie desejada
(MCGUIRE; JONES; SASSER, 1986). Em contrapartida, sendo o meio seletivo
empregado eficiente, o método pode ser usado não só para isolamento como até
mesmo para uma estimativa da percentagem de sementes no lote que possui a
fitobactéria a elas associadas (SAETTLER; SCHAAD; ROTH, 1989).
36
Considerando-se a grande quantidade de microrganismos, outros que não o
patógeno, constituindo a flora microbiana associada às sementes, o uso de meios semi-
seletivos só funciona bem se o meio for bastante efetivo em termos de seletividade,
com alta supressividade para microrganismos saprófitas e baixa repressividade para a
bactéria fitopatôgenica que se deseja detectar e/ou quantificar (ROMEIRO, 2001).
A facilidade de uso e o menor custo são vantagens do meio semi-seletivo
quando comparado a técnicas imunológicas ou moleculares. Além disso, os meios
podem ser freqüentemente usados para diversos tipos de amostras (solo, água, tecido
foliar), enquanto técnicas imunológicas e moleculares podem variar quanto à
sensibilidade, de acordo com o tipo de amostra (TOUSSAINT; MORRIS; CARISSE,
2001). Outras vantagens são a possibilidade de quantificação de bactérias e a elevada
sensibilidade. Alguns meios podem ser até mais sensíveis que técnicas imunológicas e
moleculares quando se considera um baixo número de bactérias na amostra (WANG et
al., 1999).
Há um grande número de meios semi-seletivos para o isolamento e identificação
de bactérias fitopatogênicas, dentre os quais podem ser citados os meios para o
isolamento de Agrobacterium, Corynebacterium, Erwinia, Pseudomonas e
Xanthomonas (KADO; HESKETT, 1970), Burkholderia glumae (KAWARADANI;
OKADA; KUSAKARI, 2000), Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (FATMI;
SCHAAD, 1988; SHIRAKAWA; SASAKI, 1988), Curtobacterium flaccumfaciens pv.
flaccumfaciens (BEHLAU; NUNES; LEITE JR., 2006), Erwinia sp. (CUPPELS; KELMAN,
1974), Pseudomonas syringae pv. syringae (MOHAN; SCHAAD, 1985; 1987), P.
syringae pv. phaseolicola (MOHAN; SCHAAD, 1987); Pseudomonas syringae pv.
tomato (SOARES; VALARINI; MENTEN, 2001; SHARON et al., 1982); X. albilineans
(DAVIS, et al., 1994); X. axonopodis pv. malvacearum (MEHTA; BOMFETI;
BOLOGNINI, 2005), X. campestris (SCHAAD; WHITE, 1974); X. campestris pv.
campestris (RANDHAWA; SCHAAD, 1984); X. hortorum pv. carotae (WILLIFORD;
SCHAAD, 1984); X. campestris pv. mangiferaeindicae (PRUVOST et al., 2005); X.
axonopodis pv. manihotis (FESSEHAIE; WYDRA; RUDOLPH, 1999); X. axonopodis pv.
phaseoli (CLAFLIN; VIDAVER; SASSER, 1987; MARINGONI; KIMATI; KUROZAWA,
1994); X. translucens pv. translucens (SCHAAD; FOSTER, 1985); X. axonopodis pv.
37
vitians (TOUSSAINT; MORRIS; CARISSE, 2001); X. oryzae pv. oryzae e X. oryzae pv.
oryzicola (MING; et al., 1991); Xanthomonas axonopodis pv. allii (ROUMAGNAC;
GAGNEVIN; PRUVOST, 2000). Schaad; Jones e Lacy (2001) também citam meios para
X. axonopodis pv. alfalfae, X. axonopodis pv. begoniae, X. axonopodis pv. citri, X.
axonopodis pv. dieffenbachiae, X. campestris pv. nigromaculans, X. frágariae, X.
arboricola pv. juglandis, X. arboricola pv. corylina, X. arboricola pv. pruni, X. hortorum
pv. perlagonii, X. hyacinthi, X. pisi.
Vários meios foram descritos também para as Xanthomonas de tomate
(SHARON et al., 1982; McGUIRE; JONES; SASSER, 1986; KIM; SCHAAD, 1989;
SIJAM; CHANG; GITAITIS, 1991, 1992). Porém, desde a publicação dos mesmos,
houve novos estudos sobre o agente causal da mancha bacteriana do tomateiro e
mudanças na sua classificação, o que torna difícil a utilização desses meios. O que,
pela classificação atual, é aceito como X. vesicatoria (YOUNG et al., 2005), pode
pertencer a quatro espécies (X. euvesicatoria, X. gardneri, X. perforans e X. vesicatoria)
pela proposta de Jones et al. (2004). Estabelecida a relevância dos meios semi-seletivos em fitobacteriologia, o
objetivo deste estudo foi desenvolver um meio semi-seletivo para a detecção
concomitante das Xanthomonas (X. euvesicatoria, X. gardneri, X. perforans e X.
vesicatoria) causadoras da mancha bacteriana do tomate.
2.2 Desenvolvimento
2.2.1 Material e Métodos 2.2.1.1 Linhagens bacterianas
Foram utilizadas, neste estudo, treze linhagens de Xanthomonas spp. (Xspp),
sendo quatro de Xanthomonas vesicatoria (Xspp1 = XV89 – Laboratório de Fisiologia
do Parasitismo – ESALQ/USP – Piracicaba-SP, Xspp2 = IBSBF 1338, Xspp3 = IBSBF
464 e Xspp4 = IBSBF 465 – Coleção de Culturas de Fitobactérias do Instituto Biológico
(IBSBF) – Campinas-SP), duas de Xanthomonas euvesicatoria (Xspp5 = XE75-3
(10408) – IAPAR – Londrina-PR e Xspp6 = IBSBF 2348), três de Xanthomonas gardneri
38
(Xspp7 = IBSBF 1782 e Xspp8 = IBSBF 1783, Xspp9 = XG101 (10513) – IAPAR), três
de Xanthomonas spp. (Xspp10 = Xcv06, Xspp11 = Xcv68 e Xspp12 = Xcv108 – Sakata
Seeds Sudamérica Ltda.) e uma de Xanthomonas perforans (Xspp13 = IBSBF 2349).
Essas linhagens foram cultivadas em meio nutriente-ágar (NA), composto de
0,1% de extrato de carne, 0,5% de peptona, 0,2% de extrato de levedura; 0,5% de
dextrose, 0,5% de NaCl e 1,5% de ágar, e preservadas sob óleo mineral esterilizado e
em tampão fosfato de potássio 0,1 M, pH 7,2. A patogenicidade das mesmas foi
verificada pela inoculação da suspensão bacteriana em plântulas de tomate da cultivar
Santa Clara e a identidade dos isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 foi feita por PCR-
RFLP.
Os isolados de bactérias associadas a sementes de tomate (Bast) foram obtidos
pelo método de extração de bactérias de sementes (OLIVEIRA, 1995, modificado), a
partir de sementes de tomate obtidas da extração de quatro amostras de 10 kg de frutos
comercializados em Piracicaba-SP. Amostras de 12 g de sementes foram imersas em
100 mL de solução salina esterilizada (NaCl 0,85%), incubadas por 3 h a 4 °C e
colocadas sob agitação durante 2 h em temperatura ambiente; realizou-se filtração em
gaze esterilizada para retenção de sementes e impurezas maiores e os extratos obtidos
foram centrifugados a 10000 g (8000 rpm obtido com rotor GSA Sorvall) durante 15 min.
O sobrenadante foi descartado e o sedimento, para cada amostra, foi ressuspendido
em 5 mL de solução salina esterilizada. Realizou-se diluição até 10-8, em solução
salina, e espalhou-se, com auxílio de uma alça de Driglasky, 100 µL das diluições 10-6,
10-7 e 10-8, separadamente, na superfície do meio NA contido em placas de Petri, em
triplicata. As placas foram mantidas em estufa, a 28 °C, durante 48-72 h. Colônias com
características distintas foram transferidas, individualmente, para placas contendo meio
NA e incubadas em estufa a 28 °C durante 48-72 h, sendo então preservadas em
tampão fosfato. Para todas as colônias foi realizado teste de Gram (SUSLOW;
SCHROTH; ISAKA, 1982)
39
2.2.1.2 Isolamento de fungos associados a sementes de tomate
O isolamento dos fungos associados a sementes de tomate foi realizado pelo
método de papel de filtro (LUCA-FILHO, 1987), sendo utilizadas 400 sementes/amostra
e 25 sementes/placa. Os fungos foram identificados com auxílio de microscópio
estereoscópico e composto, de acordo com Mathur e Kongsdal (2003), Barnet e Hunter
(1998) e Ellis (1971 e1976), isolados em meio ágar-água e preservados sob óleo
mineral em meio batata-dextrose-ágar (BDA).
2.2.1.3 Efeito de fungicidas sobre Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana
Com base na relação de fungos com maior incidência nas sementes de tomate,
foram selecionados os fungicidas benomil (Benlate 500), captana (Captan 750 PS),
carboxina+tiram (Vitavax+Thiram 200 SC), clorotalonil (Daconil PM), iprodione (Rovral
SC) e triadimenol (Baytan SC), nas concentrações de 10, 50 e 100 ppm, e nistatina, nas
concentrações de 50, 100 e 200 ppm, os quais foram avaliados quanto ao efeito no
desenvolvimento das linhagens de Xspp. Os fungicidas foram adicionados ao meio NA
autoclavado e fundente, com aproximadamente 45 °C. Para cada
fungicida/concentração/isolado foram preparadas quatro repetições, sendo o meio NA
sem adição do fungicida utilizado como testemunha. Suspensões bacterianas em
solução salina foram preparadas a partir das linhagens crescidas em NA por 48-72 h,
sendo a concentração ajustada a 1x108 ufc/mL, aproximadamente. As placas contendo
o meio de cultura foram semeadas por estrias com uma alçada da suspensão
bacteriana (aproximadamente 10 µL), mantidas em estufa a 28 °C durante 48-72 h e
avaliadas quanto ao surgimento ou não de colônias bacterianas.
2.2.1.4 Fungitoxicidade in vitro para os fungos isolados de sementes de tomate
Discos de 0,6 cm de diâmetro (1 disco/isolado/placa) do crescimento micelial dos
fungos isolados das sementes de tomate, com 48-72 h de cultivo em meio BDA, foram
transferidos para as placas contendo o meio NA acrescido dos fungicidas e
40
concentrações descritos no item 2.2.1.3. As placas foram mantidas em estufa a 28 °C,
sendo a avaliação realizada pela medida do diâmetro da colônia, quando as colônias
fúngicas das placas testemunhas atingiram 9 cm de diâmetro ou 2/3 deste valor, no
caso de fungos de crescimento lento (PARISI et al., 2001). O valor da porcentagem de
inibição do crescimento micelial (PIC), foi determinado segundo Menten et al. (1976) e
correlacionado com logaritmo da concentração do fungicida, obtendo-se o valor
aproximado de ED50 (concentração do produto químico necessário para inibir em 50% o
crescimento micelial do fungo) (EDGINGTON et al., 1971). Após o cálculo da ED50,os
produtos químicos foram classificados em quatro categorias de eficiência segundo
escala de Bollem e Fuchs (1970), Edgintgton at al., 1971) e Kataria e Grover (1978),
onde:
a) ED50 < 1 ppm: altamente eficiente (AE)
b) ED50 1-10 ppm: moderadamente eficiente (ME)
c) ED50 10-50 ppm: pouco eficiente (PE)
d) ED50 > 50 ppm: ineficiente (I)
2.2.1.5 Sensibilidade (qualitativa e quantitativa) dos isolados bacterianos a antibióticos
A sensibilidade de Xspp a antibióticos foi determinada pelo teste de disco difusão
em ágar utilizando-se discos comercialmente disponíveis (Oxoid®) contendo diferentes
concentrações de antibióticos de uso clínico. Foram utilizadas 10 linhagens de Xspp
(Xanthomonas vesicatoria Xspp1 (XV89), Xspp3 (IBSBF 464) e Xspp4 (IBSBF 465),
Xanthomonas euvesicatoria Xspp5 (XE75-3 10408), Xanthomonas gardneri Xspp7
(IBSBF1782), Xspp8 (IBSBF1783) e Xspp9 (XG101 10513) e de Xanthomonas spp.
Xspp10 (xcv06), Xspp11 (Xcv68) e Xspp12 (Xcv108)), sendo preparadas suspensões
celulares em solução salina a partir de culturas desenvolvidas em NA por 48-72 h, e a
concentração ajustada a aproximadamente 1x103 ufc/mL. Uma alíquota de 100 µL de
cada suspensão bacteriana foi distribuída, separadamente, sobre a superfície do meio
NA com auxílio de uma alça de Drigalsky. Após 10-20 min, quatro discos contendo
antibióticos distintos foram dispensados e levemente pressionados sobre o meio
41
semeado, sendo utilizado um disco de papel de filtro (6 mm de diâmetro) como
testemunha. As placas foram mantidas a 28 °C durante 48-72 h e o diâmetro da zona
de inibição foi medido (incluindo os 6 mm do disco) e os resultados obtidos foram
interpretados de acordo com o diâmetro da zona interpretativa padrão fornecido pelo
NCCLS (2003). Os antibióticos que não produziram inibição de Xspp foram avaliados
quanto à capacidade de inibição dos isolados de Bast, conforme descrito anteriormente.
Os antibióticos que, por sua vez, inibiram os isolados de Bast pelo teste de disco
difusão, foram posteriormente avaliados pela incorporação do ingrediente ativo no meio
NA. Alíquotas de 100 µL de cada uma das linhagens de Xspp, em concentração
aproximada de 1x103 ufc/mL, foram semeadas, em triplicata, em meio contendo
diferentes concentrações de antibióticos. Cefaclor, cefadroxil, cefalexina, lincomicina,
mupirocina (5, 10, 15, 20, 30 e 45 µg/mL) e nitrofurantoína (50, 100, 200, 300, 400 e
500 µg/mL) foram avaliados e as maiores concentrações, que não inibiram o
desenvolvimento de Xspp, foram utilizadas para determinação do seu efeito inibitório
sobre os isolados de Bast.
2.2.1.6 Determinação do meio basal para composição do meio semi-seletivo
2.2.1.6.1 Avaliação de diferentes fontes de nitrogênio
Suspensões bacterianas em solução salina com concentração ajustada a 1x103
ufc/mL, a partir de culturas (X. vesicatoria Xspp1 e Xspp2, X. euvesicatoria Xspp5 e
Xspp6, X. gardneri Xspp8 e Xspp9 e X. perforans Xspp13) com 48-72 h, foram
espalhadas (100 µL) no meio composto de 0,5% de dextrose, 0,1% de KH2PO4, 0,04%
de MgSO4.7H2O e 1,5% de ágar, avaliando-se (NH4)2SO4, NH4Cl, NH4H2PO4 ou
peptona, na concentração de 0,1%. Avaliou-se o surgimento ou não de colônias,
efetuando-se a contagem das mesmas, quando presentes, para posterior comparação.
2.2.1.6.2 Avaliação de diferentes meios basais
Para determinação da composição do meio basal, foram avaliados alguns meios
descritos para Xanthomonas e outros meios que foram definidos com base no
42
requerimento nutricional de bactérias, sendo acrescentados alguns reagentes que
pudessem favorecer ou evidenciar as colônias da bactéria alvo. Os seguintes meios
foram avaliados para os isolados citados no item 2.2.1.6.1:
Meio 1: (YSG – DESTÉFANO; RODRIGUES NETO, 2002): 0,5% de dextrose, 0,1%
peptona, 0,1% de extrato de levedura, 0,85% de NaCl, 0,02% de MgSO4.7H2O,
0,35% de K2HPO4, 0,47% de K2HPO4 e 1,5% de ágar;
Meio 2 (CKTM – SIJAM; CHANG; GITAITIS, 1991): 0,2% de peptona de soja, 0,2% de
triptona, 0,1% de dextrose, 0,6% de L-glutamina, 0,1% de L-histidina, 0,08% de
(NH4)2HPO4, 0,1% de KH2PO4, 0,04% de MgSO4.7H20, 0,025% de CaCl2, 1,4%
ágar e, após autoclavagem, 10 mL/L de Tween 80 esterilizado;
Meio 3 (mTMB – McGUIRE; JONES; SASSER, 1986): 0,1% de H3BO3, 1% de peptona,
1% de KBr, 0,025% de CaCl2, 1,5% de ágar e, após autoclavagem, 10 mL/L de
Tween 80 esterilizado;
Meio 4 (YDC – VIDAVER, 1989): 1% de extrato de levedura, 2% de CaCO3, 2% de
glicose e 1,5% de ágar;
Meio 5 (NA-Amido): 2,3% de ágar nutriente e 1,2% de amido solúvel;
Meio 6 (ND – SHARON et al., 1982): 2,3% de ágar nutriente e 0,015% de desoxicolato
de sódio;
Meio 7 (SX – SHAAD; WHITE, 1974): 1% de amido solúvel, 0,1% de extrato de carne,
0,5% NH4Cl, K2HPO4, 1 mL de solução alcoólica a 20% de violeta de metila 2B a
1%, 1 mL de solução aquosa de verde de metila a 1% e 1,5% de ágar;
Meio 8 (Tween80-ágar – McGUIRE; JONES; SASSER,, 1986): 1% de peptona, 1% de
KBr, 0,025% de CaCl2, 1,5% de ágar e, após autoclavagem, 10 mL/L de Tween 80
esterilizado (pH ajustado a 7,2);
Meio 9 (Tween-ágar Modificado – VALARINI, 1995): 1% de peptona, 0,1% de KBr,
0,01% de CaCl2; 1,5% de ágar e, após autoclavagem, 10 mL/L de Tween-80
esterilizado;
Meio 10: 0,5% de dextrose, 0,3% de peptona, 0,5% de extrato de levedura, 0,08%
(NH4)2HPO4, 0,1% de KH2PO4, 0,04% de MgSO4.7H2O, 0,5% de KBr, 0,3% de
CaCO3 e1,5% de ágar;
Meio 11: Meio 10 acrescido de 1% de Tween-80;
43
Meio 12: Meio 10 acrescido de 0,001% de desoxicolato de sódio;
Meio 13: 0,5% de dextrose, 0,3% de peptona, 0,5% de extrato de levedura, 0,5% de
KBr, 0,3% de CaCO3 e 1,5 de ágar;
Meio 14: 0,5% de dextrose, 0,2% de peptona, 0,2% de extrato de carne, 0,5% de
extrato de levedura, 0,1% de KH2PO4, 0,5% de K2HPO4, 0,2% (NH4)2SO4, 0,05% de
solução de micronutrientes (5 mg/L FeSO4.7H2O, 1,6 mg/L MnSO2.H2O, 1,4 mg/L
ZnSO4.7H2O e 2,0 mg/L CoCl2) e 1,5% de ágar;
Meio 15: Meio 14 acrescido de 0,5% de KBr e 1% de Tween 80;
Meio 16: Meio 14 acrescido de 0,5% de KBr e 0,001% de desoxicolato de sódio;
Meio 17 (CKTM + KBr): 0,1% de dextrose, 0,2% de peptona de soja, 0,2% de triptona,
0,6% de L-Glutamina, 0,1% de L-Histidina, 0,08% de (NH4)2HPO4, 0,04% de
MgSO4.7H2O, 0,3% de CaCO3, 0,5% de KBr e 1,5% de ágar;
Meio 18 (MMG – TOUSSAINT et al., 2001, modificado): 0,5% de maltose, 0,5% triptona,
0,14% de KH2PO4, 0,35% de K2HPO4, 0,3% de extrato de carne e 1,5% de ágar;
Meio 19: Meio 18 substituindo-se a triptona por peptona (0,5%);
Meio 20 (Controle): 0,1% de extrato de carne, 0,5% de peptona, 0,2% de extrato de
levedura; 0,5% de dextrose, 0,5% de NaCl e 1,5% de ágar.
Os diferentes meios foram semeados com 100 µL de suspensão bacteriana em
solução salina, a partir de culturas crescidas por 48-72 h em meio NA, com a
concentração ajustada a 1x103 (1x108 ufc/mL ⇔ DO = 0,2; λ = 580 nm), mantidas em
estufa a 28 °C durante 48-72 h e avaliadas quanto ao surgimento ou não de colônias
bacterianas, e também quanto ao tamanho, morfologia e coloração das colônias
obtidas.
2.2.1.7 Avaliação do meio semi-seletivo desenvolvido
2.2.1.7.1 Avaliação da repressividade
Para avaliação da repressividade do meio foram utilizadas sete linhagens de
Xspp (listadas no item 2.2.1.6.1). Alíquotas de 100 µL da suspensão de cada uma das
linhgens de Xspp, em concentração aproximada de 1x103 ufc/mL, foram espalhadas
44
com auxílio da alça de Drigalky, individualmente e em triplicata, no meio desenvolvido e
no meio basal. Após incubação, a 28 °C, durante 48-72 h, procedeu-se a contagem do
número de colônias de Xspp. O índice de repressividade (R) foi determinado pela
fórmula:
R = 100 – [(média do número de colônias no meio semi-seletivo desenvolvido /
média do número de colônias no meio basal) x 100]
A eficiência de recuperação (plating efficiency) foi calculada pela fórmula:
ER = 100 x (média do número de colônias no meio semi-seletivo desenvolvido /
média do número de colônias no meio basal
2.2.1.7.2 Avaliação da supressividade
Para a determinação do índice de supressividade, realizou-se a extração de
microrganismos associados (conforme descrito no item 2.2.1.1) a três amostras
diferentes de sementes de tomate, com três subamostras de 12 g cada.
A avaliação consistiu em determinar o crescimento de Xspp e de outros
microrganismos no meio semi-seletivo desenvolvido e no meio basal, de modo a se
caracterizar a seletividade do meio desenvolvido.
O índice de supressividade (S) foi determinado utilizando-se a mesma fórmula
descrita para o cálculo do índice de repressividade (R), descrito no item 2.2.1.7.1.
2.2.1.7.3 Detecção de Xspp pelo método de extração e semeio em meio semi-seletivo
Foram preparadas três amostras com diferentes proporções de sementes
portadoras de Xspp. Para isso, sementes de tomate foram inoculadas artificialmente. A
inoculação foi realizada pela imersão de 1 g de sementes em 20 mL de uma mistura
das suspensões bacteriana das sete linhagens de Xspp citadas no item 2.2.1.6.1, com
concentração ajustada para 1x107 ufc/mL. As sementes foram mantidas sob vácuo
durante 30 min e secas sobre papel de filtro em temperatura ambiente. Uma semente
45
inoculada artificialmente foi misturada, respectivamente, a 999, 4999 e 9999 sementes
supostamente sadias, em triplicata, constituindo-se três subamostras para cada
proporção. Realizou-se a extração das bactérias, conforme descrito no item 2.2.1.1. As
diluições obtidas foram espalhadas na superfície do meio semi-seletivo desenvolvido,
sendo realizadas três repetições para cada subamostra. As placas foram mantidas a
28 °C, no escuro, e, após 48-72 h, a avaliação foi realizada anotando-se a presença ou
ausência de colônias de Xspp no meio semi-seletivo.
2.2.2 Resultados e Discussão 2.2.2.1 Patogenicidade das linhagens Xspp e confirmação da identidade dos
isolados Xcv
Todos as linhagens de Xspp provocaram reação de hipersensibilidade em folhas
de tomate da cultivar Santa Clara e sintomas característicos de mancha bacteriana em
folhas e cotilédones de plântulas de tomate.
A análise de um fragmento do gene rpoB por PCR-RFLP forneceu indícios de
que o isolado Xcv06 pertence a X. gardneri, o isolado XCV68 a X. vesicatoria e o
isolado Xcv108 a X. a. pv. vesicatoria. Com relação à nomenclatura de X. a. pv.
vesicatoria adotada neste estudo, deve ser esclarecido que essa é a classificação
atualmente utilizada, porém, que também não é válida de acordo com a lista de
validação publicada em 2005 (YOUNG et al., 2005). X. a. pv. vesicatoria agrupa os
representantes de X. euvesicatoria e X. perforans de acordo com a reclassificação
proposta por Jones et al. (2004). Uma vez que os resultados das análises de PCR-
RFLP são baseados em comparação do perfil de bandas dos isolados que se deseja
conhecer com um perfil padrão, de um isolado conhecido (preferencialmente a linhagem
tipo), os ensaios foram restringidos aos perfis das linhagens depositadas na Coleção
IBSBF: X. vesicatoria (IBSBF 1338T*), X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 929P**) e X. gardneri
(IBSBF 1782, IBSBF 1783 e IBSBF 2201). * T = Linhagem tipo da espécie ** P = Linhagem referência do patovar
46
2.2.2.2 Isolamento de bactérias e fungos associados a sementes de tomate
A partir da extração das quatro amostras de sementes de tomate, foram isoladas
21 colônias bacterianas associadas a sementes de tomate, com base nas
características morfológicas (Tabela 2.1).
Tabela 2.1 – Características morfológicas e reação de Gram das bactérias associadas a sementes de tomate (Bast) obtidas pela extração de frutos do comércio local
ISOLADO CARACTERÍSTICAS DA COLÔNIA REAÇÃO DE GRAM
1 Amarela escura, translúcida, convexa, gomosa, bordo liso − 2 Branca, opaca, convexa, bordo liso + 3 Bege, translúcida, convexa, gomosa, bordo liso − 4 Amarela clara, opaca, aderente, bordo liso + 5 Amarela, translúcida, convexa, bordo liso − 6 Bege clara, opaca, aderente, bordo irregular + 7 Bege clara, opaca, aderente, bordo liso − 8 Amarela escura, translúcida, bordo liso − 9 Bege, opaca, aderente, bordo irregular − 10 Amarela, translúcida, aderente, bordo liso − 11 Amarela clara, translúcida, aderente, bordo liso − 12 Alaranjada, translúcida, bordo liso − 13 Amarela clara, opaca, aderente, bordo liso + 14 Branca, opaca, convexa, bordo liso − 15 Amarela, translúcida, convexa, gomosa, bordo liso − 16 Bege clara, translúcida, gomosa, bordo liso − 17 Bege, opaca, convexa, bordo liso − 18 Amarela, translúcida, saliente, rugosa, bordo liso − 19 Amarela, opaca, bordo liso − 20 Amarela escura, opaca, aderente, bordo liso − 21 Amarela, opaca, convexa, bordo liso −
Das bactérias isoladas, 17 são Gram-negativas e 4, Gram-positivas. Para
realização dos testes de sensibilidade a antibióticos foram selecionados dez isolados,
com base, principalmente, na velocidade de crescimento e características morfológicas
distintas ou muito semelhantes às linhagens de Xspp. Os isolados utilizados foram:
Bast1, Bast3, Bast4, Bast6, Bast9, Bast10, Bast11, Bast13, Bast 15 e Bast18.
Os resultados dos testes de sanidade das quatro amostras de sementes de
tomate, a partir das quais foram isolados os fungos associados a sementes de tomate
são, mostrados na Tabela 2.2.
47
Tabela 2.2 – Relação, incidência e freqüência dos fungos isolados das sementes de tomate
INCIDÊNCIA (%) FUNGO AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3 AMOSTRA 4INCIDÊNCIA MÉDIA (%) FREQÜÊNCIA
Cladosporium sp. 32,8 30,3 21,5 13,0 24,4 1,00 Rhizopus sp. 31,8 28,0 5,5 5,6 17,7 1,00 Penicillium sp. 16,5 22,5 3,5 1,7 11,0 1,00 Epicocum sp. 5,0 1,8 2,5 21,5 7,7 1,00 Fusarium sp. 2,0 2,0 2,5 7,9 3,6 1,00 Indet. (picnídio) 0,5 0,5 0,3 12,4 3,4 1,00 Alternaria sp. 3,5 3,5 5,8 0,6 3,3 1,00 Curvularia sp. 0,5 0,0 0,0 10,2 2,7 0,50 Indeterminado 2,0 1,0 0,0 0,0 0,8 0,50 Phoma sp. 0,0 2,0 0,0 0,0 0,5 0,25 Pithomyces sp. 0,0 1,8 0,3 0,0 0,5 0,50 Periconia sp. 0,0 1,8 0,0 0,0 0,4 0,25 Dreshslera sp. 0,3 1,0 0,3 0,0 0,4 0,75 Aspergillus sp. 0,3 0,3 0,8 0,0 0,3 0,75 Pestalotia sp. 0,0 0,8 0,0 0,0 0,2 0,25 Diplodia sp 0,3 0,0 0,0 0,0 0,1 0,25
Verificou-se que os fungos de maior incidência e freqüência foram Cladosporium
sp., Rhizopus sp., Penicillium sp., Epicocum sp., Fusarium sp., Alternaria sp. e um
isolado formador de picnídio, cujo o gênero não foi possível determinar, sendo estes
indicados para a avaliação da fungitoxicidade in vitro.
2.2.2.3 Fungitoxicidade in vitro para as linhagens de Xspp e fungos associados a sementes de tomate
Nenhum dos fungicidas escolhidos, nas concentrações analisadas, interferiu no
crescimento das linhagens de Xspp avaliadas, sendo então utilizados para os testes de
fungitoxicidade in vitro (Tabela 2.3). Os fungos utilizados foram Alternaria sp.,
Aspergillus sp., Cladosporium sp., Fusarium sp., Penicillium sp. e Rhizopus sp., uma
vez que estão entre os fungos de maior incidência e/ou freqüência e são os mais
preocupantes devido à grande velocidade de crescimento que apresentam em meio NA.
Os isolados de Epicocum sp. e do fungo formador de picnídio, apesar de apresentarem
alta incidência e freqüência, não foram utilizados nas avaliações por não terem se
desenvolvido bem no meio NA.
48
Tabela 2.3 – Fungitoxicidade in vitro para os fungos associados a sementes de tomate expresso em ED50 (concentração, em ppm, de fungicida necessária para inibir em 50% o crescimento micelial dos isolados)
ED50 (ppm INGREDIENTE ATIVO)* FUNGICIDA
Alternaria sp. Aspergillus sp. Cladosporium sp. Fusarium sp. Penicillium sp. Rhizopus sp.
Benomil <10 <10 <10 <10 <10 >100 Triadimenol <10 >100 <10 >100 >100 33,5 Captana <10 >100 >100 >100 >100 >100 Clorotalonil <10 >100 >100 91,7 >100 >100 Nistatina <10 <10 <10 50,7 >100 <10 Iprodione <10 >100 <10 52,5 >100 <10 Carboxina/Tiram <10 >100 <10 >100 <10 46,0
Os dados obtidos na Tabela 2.3, revelaram que nenhum dos fungicidas utilizados
individualmente, foi capaz de controlar simultaneamente o crescimento de todos os
fungos avaliados. Verificou-se que benomil foi eficiente (ED50 < 10ppm) para cinco dos
seis isolados avaliados, sendo que este fungicida foi ineficiente para o controle de
Rhizopus sp. A nistatina também foi altamente eficiente para o controle de cinco dos
isolados avaliados, incluindo Rhizopus sp., porém foi ineficiente para o controle de
Penicillium sp. Diante disso, a associação de benomil e nistatina foi considerada para a
formulação do meio semi-seletivo para a detecção de Xspp causadoras da mancha
bacteriana do tomateiro.
2.2.2.4 Sensibilidade das linhagens de Xspp e isolados de Bast a antibióticos
Os resultados do antibiograma qualitativo de Xspp são mostrados na Tabela 2.4.
Tabela 2.4 – Sensibilidade in vitro de Xspp, agente causal da mancha bacteriana do tomateiro, a antibióticos, avaliada pelo teste de disco-difusão em ágar (continua)
LINHAGENS DE Xanthomonas spp. (Xspp) ANTIBIÓTICO µg/DISCO 11 3 4 5 7 8 9 10 11 12
Ac. Nalidíxico 30 S2 s s s s s s s s s Ac. Pipemídico 20 s s s s s s s s s s Amicacina 30 s s s s s s s s s s Amoxicilina 10 s s s R s s s s s R Ampicilina 10 s s s R s s s s s R Azitromicina 15 s s s s s s s s s s Aztreonan 30 s s s s s s s s s s
49
Tabela 2.4 – Sensibilidade in vitro de Xspp, agente causal da mancha bacteriana do tomateiro, a antibióticos, avaliada pelo teste de disco-difusão em ágar (continua)
LINHAGENS DE Xanthomonas spp. (Xspp) ANTIBIÓTICO µg/DISCO 11 3 4 5 7 8 9 10 11 12
Bacitracina 10 UI3 s s s s s s s s s s Canamicina 30 s s s s s s s s s s Carbenicilina 100 s s s s s s s s s s Cefaclor 30 R R R R R R R R R R Cefadroxil 30 R R R R R R R R R R Cefalexina 30 R R R R R R R R R R Cefalotina 5 R R R R s R R R R R Cefazolina 30 R R R R R R R R R R Cefepime 30 s s s s s s s s s s Cefipiroma 30 s s s s s s s s s s Cefitriaxona 30 R s s R s s s s s s Cefixime 5 s s s s s s s s s R Cefotaxima 30 s s s R s s s s s R Cefoxitina 30 s s s s s s s s s s Ceftazidima 30 s s s s s s s s s s Cefuroxima sódica 30 s s R R s s s s R R Ciprofloxacina 5 s s s s s s s s s s Claritromicina 15 s s s s s s s s s s Clindamicina 2 R R R R R R R R R R Cloranfenicol 30 s s s s s s s s s s Cotrimoxazol 30 s s s s R R R s s R Eritromicina 15 s s s s s s s s s s Espectinomicina 25 R R R R R s s R R R Estreptomicina 10 R R R R s R R s R s Fosfomicina 200 s s s s s s s s s s Gentamicina 10 s s s s s s s s s s Imipenema 10 s s s R R R R R R R Lincomicina 10 R R R R R R R R R R Lomefloxacina 10 R s s s s s s s s s Mupirocina 5 R R R R R R R R R R Neomicina 30 s s s s s s s s s s Nitrofurantoína 300 R R R R R R R R R R Norfloxacina 10 s s s s s s s s s s Novobiocina 5 R s R s s R R R R s Ofloxacina 5 s s s s s s s s s s Oxacilina 1 R R R R R R R R R R Oxitetraciclina 30 s s s s s s s s s s Pefloxacina 5 s s s s s s s s s s Penicilina 10 R R R R R R R R R R Polimixina B 300 UI s s s s s s s s s s Rifampicina 5 s s s s s s s s s s
50
Tabela 2.4 – Sensibilidade in vitro de Xspp, agente causal da mancha bacteriana do tomateiro, a antibióticos, avaliada pelo teste de disco-difusão em ágar (conclusão)
LINHAGENS DE Xanthomonas spp. (Xspp) ANTIBIÓTICO µg/DISCO 11 3 4 5 7 8 9 10 11 12
Sulfafurazole 100 s s s s R R R R R R Sulfametoxazole 25 s s s s R R R R R R Sulfonamidas 300 R R R R R R R s s R Tetraciclina 30 s s s s s s s s s s Tic4 + Ac. Clavulânico 85+30 s s s s s s s s s s Ticarcilina 75 s s s s s s s s s s Tobramicina 10 s s s s s s s s s s Vancomicina 30 s s s s s s s s s s
1 Xspp1, Xspp3 e Xspp4 = X. vesicatoria; Xspp5 = X. euvesicatoria; Xspp7, Xspp8 e Xspp9 = X. gardneri; 2 s = sensível, R = resistente, de acordo com NCCLS (2003); 3 UI = Unidades Internacionais; 4 Tic = Ticarcilina
Verificou-se que houve variação entre as linhagens de Xspp quanto à
sensibilidade aos antibióticos avaliados. De forma geral, não foram apresentados
padrões distintos de resposta quando considerada cada espécie isoladamente.
Cefaclor, cefadroxil, cefalexina, cefazolina, clindamicina, lincomicina, mupirocina,
nitrofurantoína, oxacilina e penicilina foram ineficientes contra todos as linhagens
avaliadas de Xspp e cefalotina inibiu apenas o crescimento da linhagem Xspp5.
Resistência a alguns destes antibióticos foram descritas para algumas espécies do
gênero Xanthomonas. Dezordi et al. (2005) descreveram a resistência de Xanthomonas
axonopodis pv. malvacearum a cefadroxil, cefalexina, lincomicina, nitrofurantoína e
oxacilina; Romeiro et al. (1998) relataram resistência de X. vesicatoria a cefalotina,
lincomicina, nitrofurantoína e oxacilina; de X. campestris pv. passiflorae a amoxicilina,
ampicilina, cefadroxil, cefalexina, cefaclor, canamicina, oxacilina, penicilina, sulfatiazole,
sulfazotrim, e sulfonamida e de X. axonopodis pv. phaseoli a bacitracina, cefalexina,
cefalotina, fosfomicina, eritromicina, canamicina, nitrofurantoína e oxacilina. Dos
antibióticos para os quais as dez linhagens de Xspp foram resistentes, cefaclor,
cefadroxil, cefalexina, lincomicina, nitrofurantoína e penicilina também foram ineficientes
para, pelo menos, uma das espécies de Xanthomonas citadas acima, sendo que
apenas oxacilina foi ineficiente contra todas as linhagens.
51
Os antibióticos ineficientes para o controle das linhagens de Xspp foram
utilizados para a realização do teste de disco-difusão em ágar para os isolados de Bast.
A sensibilidade de Bast aos antibióticos selecionados no teste de disco-difusão para
Xspp é apresentada na Tabela 2.5.
Tabela 2.5 – Sensibilidade in vitro de bactérias associadas a sementes de tomate (Bast) a antibióticos avaliada pelo do teste de disco-difusão em ágar
ISOLADOS DE BACTÉRIAS ASSOCIADAS A SEMENTES DE TOMATE (Bast)ANTIBIÓTICO µg/DISCO
2 3 4 6 9 10 11 13 15 18 Cefaclor 30 R* R s R R S s R R s Cefadroxil 30 s R s s s R s R R s Cefalexina 30 s R s s s S s R R s Cefalotina 5 R R s R R R s R R s Cefazolina 30 R R s R R R R R R s Clindamicina 2 s R R R s R R R R R Lincomicina 10 R R R R R R R R R R Mupirocina 5 R R R R R R R R R R Nitrofurantoína 300 s R s s R R s s R R Oxacilina 1 R R s R R R R R R s Penicilina 10 R R s R R R R R R R Sulfonamidas 300 R s s R R R s R s s
* R = resistente; s = sensível, de acordo com NCCLS (2003)
Como observado para as linhagens de Xspp, verificou-se que houve grande
variação entre os isolados de Bast quanto à sensibilidade para cada antibiótico, com
exceção de lincomicina e mupirocina, para os quais todos os isolados se mostraram
resistentes. Não se constatou nenhum antibiótico que tenha sido eficiente,
isoladamente, contra todos os isolados de Bast. Para o antibiótico cefalexina, sete dos
dez isolados foram sensíveis; cefadroxil foi eficiente para o controle de seis dos
isolados e, nitrofurantoína e sulfonamidas controlaram cinco dos dez isolados avaliados.
De modo geral, entretanto, verificou-se que os isolados de Bast apresentaram
padrão de resistência aos antibióticos avaliados semelhantes ao apresentado pelas
linhagens de Xspp. Acredita-se que isso possa ser devido aos isolados Bast estarem
sujeitos às mesmas pressões seletivas que as linhagens de Xspp ou pela transferência
horizontal de genes de resistência a antibióticos. Alguns genes de resistência podem se
52
movimentar entre bactérias de diferentes ambientes, quando juntas num dado momento
(SEVENO et al, 2002). Estes, por sua vez, podem estar associados a elementos
genéticos móveis, como plasmídeos, elementos transponíveis ou integrons (HALL,
1997; ROWE-MAGNUS; MAZEL, 1999). Outros mecanismos de aquisição de
resistência a antibióticos que podem ser citados são a transformação e a transdução, os
quais não requerem células doadoras e receptoras presentes no mesmo lugar ou
sempre ao mesmo tempo (OCHMAN; LAWRENCE; GROISMAN, 2000).
Embora nenhum dos antibióticos avaliados tenha sido eficiente no controle
simultâneo dos dez isolados de Bast, concentrações superiores às determinadas nos
discos foram avaliadas pelo antibiograma quantitativo. Apenas os antibióticos cefaclor,
cefadroxil, cefalexina, lincomicina e mupirocina foram avaliados no antibiograma
quantitativo (Tabela 2.6), uma vez que os mesmos apresentam possibilidades práticas
para utilização em meios semi-seletivos, como a facilidade de aquisição no comércio,
por serem de ampla utilização clínica e baixo custo. Alguns dos antibióticos
selecionados foram descartados por não serem comercializados, como no caso de
cefazolina e oxacilina, por pertencerem à mesma classe de algum dos antibióticos
citados (como no caso de clindamicina que pertence à classe de lincomicina; ambos
são da classe das Lincosaminas) ou por não terem o ingrediente ativo especificado,
como no caso de sulfonamidas, cujo nome utilizado pelo fabricante dos discos se refere
a uma classe de antibióticos.
Tabela 2.6 – Sensibilidade in vitro de Xanthomonas spp., agente causal da mancha bacteriana
do tomateiro, a antibióticos adicionados ao meio de cultura em diferentes concentrações (continua)
LINHAGENS DE Xanthomonas spp. ANTIBIÓTICO µg/mL 1* 3 4 5 7 8 9 10 11 12 0 +** + + + + + + + + + 5 + + + + + + + + + +
10 + + + + + + + + + + 15 + + + + + + + + + + 20 + + + + + + + + + + 30 + + + + + + + + + +
Cefaclor
45 + + + + + + + + ± +
53
Tabela 2.6 – Sensibilidade in vitro de Xanthomonas spp., agente causal da mancha bacteriana do tomateiro, a antibióticos adicionados ao meio de cultura em diferentes concentrações (conclusão)
LINHAGENS DE Xanthomonas spp. ANTIBIÓTICO µg/mL 1* 3 4 5 7 8 9 10 11 12 0 + + + + + + + + + + 5 + + + + + + + + + +
10 + + + + + + + + + + 15 + + + + + + + + + + 20 + + + + + + + + + + 30 + + + + + + + + + +
Cefadroxil
45 + + + + − + + + + + 0 + + + + + + + + + + 5 + + + + ± ± + + + +
10 + + + ± ± ± + + + + 15 + + + ± ± ± + + + + 20 ± + + ± ± ± + + ± + 30 ± + + ± ± ± ± + ± +
Cefalexina
45 ± ± + ± ± ± ± + ± + 0 + + + + + + + + + + 5 + + + + + + + + + +
10 + + + + + + + + + + 15 + + + + + + + + + + 20 + + + + + + + + + + 30 + + + + + + + + + +
Lincomicina
45 + + + + + + + + + + 0 + + + + + + + + + + 5 + + + + + + + + + +
10 + + + + + + + + + + 15 + + + + + + + + + + 20 + + + + + + + + − + 30 + + − + − − − + − +
Mupirocina
45 − − − − − − − − − − 0 + + + + + + + + + +
50 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 100 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 200 − ± ± − ± ± ± ± ± ± 300 − − − − − − ± ± − − 450 − − − − − − − − − −
Nitrofurantoína
500 − − − − − − − − − − * Xspp1, Xspp3 e Xspp4 = X. vesicatoria; Xspp5 = X. euvesicatoria; Xspp7, Xspp8 e Xspp9 = X. gardneri;
Xspp10, Xspp11 e Xspp12 = Xanthomonas spp.; ** + = crescimento; ± = interferência no tamanho das colônias (colônias menores); − = ausência de
crescimento.
Dos antibióticos avaliados, apenas lincomicina não afetou o crescimento de
todos as linhagens de Xspp em nenhuma das concentrações avaliadas, de forma que
concentrações superiores (como 50, 60, 70, 80, 90 e 100 µg/mL) podem ser incluídas
nesse estudo. Cefadroxil, cefaclor e mupirocina, nas concentrações de 30, 30 e
54
15 µg/mL, respectivamente, também não afetaram o crescimento das linhagens de
Xspp. Cefalexina e nitrofurantoína afetaram o crescimento destas mesmo nas menores
concentrações avaliadas (5 e 50 µg/mL, respectivamente).
Salienta-se que a menor concentração de cefalexina que não afetou os isolados
de Xspp foi menor que a comumente relatada para Xanthomonas causadoras da
mancha bacteriana em tomate. McGuire, Jones e Sasser (1986) e Sijam.; Chang e
Gitaitis (1991), por exemplo, recomendam o uso de 65 µg/mL para isolamento desses
patógenos. Este antibiótico é agente de seletividade a bactérias saprofíticas em vários
outros meios descritos para Xanthomonas sp.; Mehta; Bomfeti e Bolognini (2005)
recomendam o uso de 10 µg/mL para o meio desenvolvido para X. axonopodis pv.
malvacearum; Pruvost et al. (2005), para X. campestris pv. magiferaindicae,
recomendam 40 µg/mL; Roumagnac; Gagnevin e Pruvost (2000) para X. axonopodis
pv. allii em sementes de cebola, 30 µg/mL, Davis et al. (1994), para Xanthomonas
albilineans, 25 µg/mL, Claflin; Vidaver e Sasser (1987) e Maringoni; Kimati e Kurozawa
(1994), para X. axonopodis pv. phaseoli, 20 e 30 µg/mL, respectivamente; Schaad e
Foster (1985), para X. translucens pv. translucens, 10 µg/mL, entre outros. Tal
constância no uso de cefalexina para o isolamento de bactérias do gênero
Xanthomonas sugere a existência de resistência intrínseca desse gênero a esse
antibiótico. No entanto, os resultados obtidos no presente estudo sugerem a
necessidade de novas investigações, uma vez que não há nada descrito para os
isolados bacterianos em questão.
As maiores concentrações dos antibióticos que não afetaram o crescimento de
Xspp foram avaliadas quanto à inibição de Bast (Tabela 2.7).
Tabela 2.7 – Sensibilidade in vitro dos isolados de Bast a antibióticos adicionados ao meio de cultura em concentrações não-inibitórias para os isolados de Xspp
ISOLADOS DE BAST ANTIBIÓTICO µg/mL 2 3 4 6 9 10 11 13 15 18 Cefaclor 20 +* + − − − − − − + − Cefadroxil 30 + + ± − − ± − ± + − Cefalexina 5 + + − − + + + + + + Lincomicina 45 + + ± ± − + + + + + Mupirocina 15 + − − + + ± ± + + ± Nitrofurantoína 45 + + − − − + − + + +
* + = crescimento; ± = interferência no tamanho das colônias (colônias menores); − = ausência de crescimento
55
Verificou-se que nenhum dos antibióticos e concentrações inibiu
simultaneamente o crescimento de todos os isolados de Bast avaliados. Nota-se, no
entanto, que cefaclor (20 µg/mL) inibiu sete dos dez isolados avaliados e que
mupirocina inibiu o crescimento de dois isolados, incluindo um isolado não afetado pelo
cefaclor. Os isolados Bast2 e Bast15 não foram afetados por nenhum dos antibióticos
nas concentrações avaliadas. Uma vez que o isolado Bast2 possui características bem
distintas daquelas apresentadas por Xspp, incluindo coloração e aspecto da colônia
diferentes, apenas o isolado Bast15 mereceu especial consideração. Por se tratar de
isolado muito parecido com as linhagens de Xspp, Bast15 foi avaliado quanto à
patogenicidade em plântulas de tomates. Constatada a reação de hipersensibilidade em
plântulas de tomate, optou-se por excluí-lo do grupo de Bast.
A associação dos antibióticos cefaclor e mupirocina, nas concentrações de 30 e
15 µg/mL, respectivamente, foi inibitória às linhagens de Xspp, com exceção de Xspp13
(X. perforans). Outras proporções avaliadas (30µg/mL cefaclor: 10 e 5 µg/mL de
mupirocina e mupirocina 15 µg/mL: 5, 10 e 20 µg/mL de cefaclor) também foram
inibitórias, de modo que estes antibióticos não puderam ser utilizados juntos na
composição do meio semi-seletivo desenvolvido. Diante disso, cefaclor na concentração
de 40 µg/mL foi escolhido para a composição do meio semi-seletivo para Xspp.
2.2.2.5 Determinação do meio basal para composição do meio semi-seletivo 2.2.2.5.1 Utilização de fontes de nitrogênio
Verificou-se que nenhuma das linhagens de Xspp foi capaz de crescer em meio
definido contendo apenas fontes inorgânicas de nitrogênio ((NH4)2SO4, NH4Cl ou
NH4H2PO4), porém todas elas desenvolveram no meio contendo peptona.
2.2.2.5.2 Avaliação de diferentes meios
Os resultados da avaliação de diferentes meios para o crescimento de Xspp são
mostrados na Tabela 2.8.
56
Tabela 2.8 – Média do número de colônias nos diferentes meios basais avaliados
LINHAGENS DE Xspp1 MEIOS 1 2 5 6 8 9 13 1 1172bc3 115c 108def 107ef 121bcd 112cd 117ab 2 104c 114c 110cdef 105fg 122bc 101d 126ab 3 21d 111c 121abcd 111def 122bc 116cd 115ab 4 14d 111c 100ef 84g 86fg 16e 110b 5 11d 114c 113cdef 30h 14h 8e 130a 6 9d 10d 25g 11h 12h 7e 116ab 7 115c 116bc 118abcde 11h 4h 9e 124ab 8 114c 117bc 98f 106f 78g 114cd 115ab 9 12d 13d 27g 27h 8h 7e 117ab
10 112c 134abc 123abcd 149ab 110cd 120cd 118ab 11 102c 111bc 111cdef 135abc 109cd 134bc 116ab 12 104c 142abc 129abc 134abc 122bc 109d 113ab 13 100c 108c 120abcd 127cde 95ef 111cd 110b 14 123abc 169a 131ab 151a 108de 105d 118ab 15 12d 15d 17g 12h 12h 9e 12c 16 151a 168a 134a 133abc 121bcd 158a 124ab 17 143ab 161ab 123abcd 129bcd 126ab 134bc 108b 18 129abc 157abc 110cdef 132abcd 121bcd 160a 120ab 19 141ab 171a 120abcd 135abc 121bcd 159a 125ab 20 139ab 168a 137a 124cdef 137a 154ab 125ab
¹ Xspp1 e Xspp2 = X. vesicatoria; Xspp5 e Xspp6 = X. euvesicatoria; Xspp8 e Xspp9 = X. gardneri; Xspp13 = X. perforans ² média de 3 repetições 3 Médias seguidas por letras distintas, nas colunas, diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
Dentre os meios avaliados, não houve nenhum que favorecesse,
individualmente, o desenvolvimento de todas as linhagens analisadas. De forma geral,
os meios 14, 16, 19 e 20 apresentaram as maiores médias de ufc/placa. Diante disso,
optou-se por manter o meio NA como meio basal devido a facilidade de preparo e custo
relativamente baixo do mesmo.
2.2.2.6 Avaliação do meio semi-seletivo desenvolvido
Com base nos resultados demonstrados anteriormente, o meio semi-seletivo
desenvolvido teve a seguinte composição: dextrose (5,0 g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4
(1,4 g/L), K2HPO4 (3,6 g/L), extrato de carne (1,0 g/L), peptona (5,0 g/L), extrato de
levedura (2,0 g/L) e ágar (14,0 g/L); após autoclavagem foram acrescentados os
57
agentes de seletividade cefaclor (40,0 mg/L), nistatina (50,0 mg/L) e benomil (10,0
mg/L). Nesse meio, as colônias de Xspp eram lisas, de coloração amarelada e bordos
lisos e apresentaram bastante produção de goma.
2.2.2.6.1 Avaliação da repressividade e supressividade
Nas Tabela 2.9 e 2.10 são apresentados os resultados de repressividade e
supressividade, respectivamente, do meio semi-seletivo desenvolvido.
Tabela 2.9 – Número médio de colônias/placa para cada isolado nos meios basal e semi-seletivo e valor de repressividade
LINHAGENS
Xspp* MEIO BASAL MEIO SEMI-SELETIVO
REPRESSIVIDADE (%)
EFICIÊNCIA DE RECUPERAÇÃO (%)
1 129** 128 1,0 99 2 178 169 5,2 94,8 5 90 76 15,9 84,1 6 324 315 2,7 97,3 8 94 92 2,7 97,2 9 160 190 - 18,54 118,5 13 121 123 - 1,93 101,9
* Xspp1 e Xspp2 = X. vesicatoria; Xspp5 e Xspp6 = X. euvesicatoria; Xspp8 e Xspp9 = X. gardneri; Xspp13 = X. perforans
** média de 3 repetições
De acordo com os resultados obtidos, o meio semi-seletivo desenvolvido
apresentou repressividade entre 1 e 15% para as linhagens avaliadas, sendo a
repressividade média de 4%, aproximadamente. A eficiência média de recuperação no
meio semi-seletivo foi entre 84 e 118,5%, com média de 98,9%.
Os resultados do teste de repressividade são mostrados na Tabela 2.10.
Tabela 2.10 – Número de colônias/placa de bactérias extraídas de sementes de tomate em meio basal (testemunha) e no meio semi-seletivo desenvolvido e índice de supressividade (% inibição)
AMOSTRA MEIO BASAL MEIO SEMI-SELETIVO SUPRESSIVIDADE 1 315* 154 51,1 2 368 198 46,1 3 327 165 49,5
*Média de três repetições
58
Para as três amostras avaliadas, o meio semi-seletivo apresentou supressividade
em torno de 50%. Nas três subamostras (e três repetições/amostra) foram distinguidos
dois de tipos de colônias brancas, Gram-negativas, sendo uma de aspecto e bordo lisos
e outra rugosa, com bordo irregular. Comparando-se o crescimento destas bactérias no
meio semi-seletivo com o do meio basal, verificou-se que ambas as bactérias
apresentaram crescimento lento e desenvolveram colônias pequenas no meio semi-
seletivo. Isto indica que, apesar de não haver inibição do crescimento destas bactérias,
os agentes de seletividade retardaram o crescimento das mesmas. Salienta-se que,
embora abundantes no meio semi-seletivo, a presença destas bactérias não mascarou
a presença de Xspp nas amostras, fato este verificado nos ensaios de detecção de
Xspp pelo método de extração e semeio.
No desenvolvimento de um meio semi-seletivo, a ausência de repressividade (ou
repressividade muito baixa) e supressividade elevada são características muito
desejáveis. Porém, isso quase sempre não é conseguido. Embora sejam escolhidos
apenas agentes de seletividade que sejam ineficientes contra os microrganismos alvos,
verificou-se que quando misturados esses agentes apresentam efeito negativo, ainda
que pequeno, sobre o crescimento dos mesmos. Tal fato é também observado por
outros autores.
Toussaint; Morris e Carisse (2001) relataram que a recuperação de X.
axonopodis pv. vitians foi muito menor no meio seletivo desenvolvido (MMG) quando
comparado a um meio não-seletivo. No entanto, os autores salientam que em meio não-
seletivo seria quase impossível identificar e quantificar a bactéria alvo, devido ao grande
número de microrganismos saprofíticos com desenvolvimento mais rápido no meio de
cultura do que as bactérias do gênero Xanthomonas, que dificultam o crescimento do
patógeno. Fessehaie; Wydra e Rudolph (1999) obtiveram eficiência média de
recuperação de 85 e 50% nos meios CTA e SXM desenvolvidos para a detecção de X.
axonopodis pv. manihotis, ou seja, uma taxa de repressividade média em torno de 15 e
50%, respectivamente. Para o meio semi-seletivo desenvolvido para a detecção de X.
axonopodis pv. malvacearum, Mehta; Bomfeti e Bolognini (2005) obtiveram uma
eficiência média de recuperação de aproximadamente 98,1% para a bactéria alvo e de
75% para linhagens de Xanthomonas spp. não-alvos, evidenciando a semi seletividade
59
do meio desenvolvido. A eficiência média de recuperação de Burkholderia glumae no
meio CCNT foi de aproximadamente 70% (KAWARADANI; OKADA; KUSAKARI, 2000)
e de X. oryzae pv. oryzae (MING et al., 1991), foi reduzida em 13% quando comparado
o meio XOS com o XOS basal. Para Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis
(FATMI; SCHAAD, 1988) eficiência de recuperação foi em média 107% para a bactéria
alvo e 98% para as bactérias saprofíticas, respectivamente. Mohan e Schaad (1987)
tiveram eficiência de recuperação média de 105% para Pseudomonas syringae pv.
syringae e redução em mais de 90% do crescimento de bactérias saprofíticas.
Diante do exposto, verificou-se que o meio semi-seletivo desenvolvido
apresentou alta eficiência de recuperação e índice de supressividade satisfatório,
quando comparado aos meios descritos para detecção de bactérias em sementes.
2.2.2.6.2 Detecção de Xspp pelo método de extração e semeio em meio semi-seletivo
Foi verificada a recuperação de Xspp nas três proporções de sementes
analisadas.
No presente trabalho, a alta taxa de recuperação de Xspp, observada nas
amostras de sementes, reflete o sucesso do método de extração, bem como a baixa
repressividade do meio semi-seletivo desenvolvido. Sucesso na extração também foi
relatado por Kawaradani; Okada e Kusakari (2000) para a recuperação de Burkholderia
glumae em sementes de arroz, por Romeiro; Moura e Monteiro (1998), para detectar e
isolar X. campestris em sementes de girassol, por Romeiro et al. (1993), para detecção
de X. axonopodis pv. phaseoli em sementes de feijoeiro, por Moura e Romeiro (1993),
para detectar e isolar P. syringae pv. lachrymans em lotes de sementes de pepino, por
Ming et al. (1991), para a recuperação de Xanthomonas spp. em sementes de arroz,
por Fatmi e Schaad (1988), para a recuperação de Clavibacter michiganensis subsp.
michiganensis em sementes de tomate naturalmente contaminadas e lotes comerciais,
e por Mohan e Schaad (1987), para a recuperação de P. syringae pv. syringae em
sementes de feijoeiro, entre outros.
Embora os meios semi-seletivos sejam úteis para a detecção e identificação
presuntiva de certos patógenos associados a sementes, não há meios descritos para X.
60
axonopodis pv. vesicatoria, tampouco no que diz respeito aos quatro grupos (A, B, C e
D) ou quatro espécies causadoras da mancha bacteriana do tomateiro. Não existem
ferramentas moleculares disponíveis para detecção dos patógenos em testes de rotina
e com relação às técnicas serológicas, tal como ELISA, para as quais existem alguns
kits comerciais (ALVAREZ, 2004), são apresentadas algumas desvantagens com
relação à sensibilidade, especificidade e viabilidade do patógeno.
Deve-se considerar que, embora os meios semi-seletivos aumentem as chances
de sucesso no isolamento do patógeno, eles não são de valor diagnóstico definitivo. O
aperfeiçoamento dos métodos de amostragem e extração do patógeno das sementes,
associado a modos rápidos e específicos de identificação da bactéria isolada no meio
são imprescindíveis para tornar os testes de sementes mais eficientes e confiáveis
(MOHAN; SCHAAD, 1987).
Para avaliação de sementes de tomate para Xspp, o seguinte método é
recomendado. Três amostras de 12 g de sementes devem ser imersas em 100 mL de
solução salina esterilizada (NaCl 0,85%) e mantidas a 4ºC durante 12 h. Após
incubação, as amostras devem ser colocadas sob agitação durante 30 min em
temperatura ambiente e filtradas em gaze esterilizada (para retenção de sementes e
impurezas maiores). O filtrado deve ser centrifugado a 10000 g durante 15 min e o
sedimento, para cada subamostra, ressuspendido em 5 mL de solução salina
esterilizada. Cem µL de diluições 10-6, 10-7 e 10-8 até 10-8 em água destilada esterilizada
devem ser espalhados na superfície do meio semi-seletivo com auxílio de alça de
Drigalsky, em triplicata.
Após incubação, a 28 °C durante 48-72 h, seria ideal que as colônias
suspeitas, com características de Xanthomonas, fossem avaliadas quanto ao teste de
Gram e patogenicidade em plântulas de tomate ou qualquer outro método para
confirmação da identidade do patógeno.
2.3 Conclusões
O meio de cultura semi-seletivo desenvolvido mostra baixa repressividade a
Xanthomonas spp. e supressividade moderada aos microrganismos não-alvos
associados a sementes de tomate, apresentando alta sensibilidade e baixo custo.
61
O meio semi-seletivo desenvolvido tem a seguinte composição: dextrose (5,0
g/L), NaCl (5,0 g/L), KH2PO4 (1,4 g/L), K2HPO4 (3,6 g/L), extrato de carne (1,0 g/L),
peptona (5,0 g/L), extrato de levedura (2,0 g/L), cefaclor (40,0 mg/L), nistatina (50,0
mg/L), benomil (10,0 mg/L) e ágar (14,0 g/L).
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67
3 DIFERENCIAÇÃO DE ISOLADOS DE Xanthomonas spp. CAUSADORAS DA MANCHA BACTERIANA DO TOMATEIRO POR PCR-RFLP DA REGIÃO ESPAÇADORA 16S-23S DNAr E DO GENE rpoB
Resumo
Isolados de Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria, X. gardneri, X.
euvesicatoria e X. vesicatoria foram utilizados nesse estudo. Dois marcadores
moleculares foram utilizados com o objetivo de se avaliar a ocorrência de
características que auxiliem na diferenciação dessas espécies. A região espaçadora
16S-23S DNAr dos isolados de Xanthomonas spp. foi amplificada utilizando-se o par de
primers pHr/p322-anti e para o gene rpoB foram utilizados os primers rpoB-2F/rpoB-3R.
A amplificação da região espaçadora resultou num fragmento de aproximadamente
1.100 pares de bases (pb), enquanto que para o gene rpoB o fragmento obtido foi de
aproximadamente 800 pb. Os produtos de PCR correspondentes à região espaçadora
16S-23S DNAr foram digeridos com as enzimas de restrição Afa I, Dde I, Hinf I, Hpa II e
Mbo I e os referentes ao gene rpoB foram digeridos com as endonucleases: Afa I, Cfo I,
Hae III, Hpa II e Hsp92 II. Os resultados obtidos do PCR-RFLP da região espaçadora
16S-23S DNAr, com todas as enzimas testadas, mostraram apenas dois perfis distintos
entre as espécies comparadas, exceto com a enzima Afa I, onde X. a. pv. vesicatoria e
X. euvesicatoria apresentaram perfis idênticos entre si, o mesmo ocorrendo com X.
gardneri e X. vesicatoria. As digestões dos produtos do gene rpoB, utilizando-se as
enzimas Hae III e Hpa II, revelam perfis distintos entre as espécies comparadas,
indicando a possibilidade de diferenciação das espécies analisadas por PCR-RFLP.
Palavras chave: PCR-RFLP, Região espaçadora 16S-23S, Gene rpoB, Mancha-
bacteriana, Xanthomonas, Tomate
68
Differentiation of Xanthomonas spp. strains causing the tomato bacterial-spot by PCR-RFLP of the 16S-23S DNAr spacer region and of the rpoB gene Abstract
Strains of Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria, X. gardneri, X. euvesicatoria
and X. vesicatoria were used in this study. Two molecular markers were used with the
objective of evaluating the occurrence of characteristics that can aid in the differentiation
of these species. The 16S-23S DNAr spacer region of Xanthomonas spp. strains was
amplified using the primers pair pHr/p322-anti and for the rpoB gene were used the
primers rpoB-2F/rpoB-3R. The spacer region amplification resulted in a fragment of
approximately 1.1 kb, while for the rpoB gene the obtained fragment was of
approximately 0.8 kb. The products of PCR, corresponding to the 16S-23S DNAr spacer
region, were digested with the restriction enzymes Afa I, Dde I, Hinf I, Hpa II and Mbo I
and the ones, referring to the rpoB gene, were digested with the endonucleases: Afa I,
Cfo I, Hae III, Hpa II and Hsp92 II. The results that were obtained from the 16S-23S
DNAr spacer region PCR-RFLP with all the tested enzymes showed only two distinct
profiles among the compared species, except with the Afa I enzyme, where X. a. pv.
vesicatoria and X. euvesicatoria presented identical profiles among themselves, the
same occurring with X. gardneri and X. vesicatoria. The digestions of the rpoB gene
products, using the Hae III and Hpa II enzymes, revealed distinct profiles among the
compared species, indicating the possibility of the species differentiation by PCR-RFLP.
Key-words: PCR-RFLP, 16S-23S spacer region, rpoB gene, Bacterial-spot,
Xanthomonas, Tomato
69
3.1 Introdução
A mancha-bacteriana, causada por espécies do gênero Xanthomonas (X.
euvesicatoria, X. gardneri, X. perforans e X. vesicatoria) é uma das doenças mais
importantes do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.)
O princípio básico para a prevenção de uma doença no campo é a adoção de
medidas efetivas para prevenir o favorecimento da propagação e subseqüente
aparecimento da doença, pelo conhecimento da fonte de inóculo para essa doença.
Vários métodos, tradicionais ou novos, estão disponíveis para a detecção de
fitopatógenos conhecidos que sobrevivem nos mais diversos tipos de habitat, incluindo
sementes, restos culturais, solo e água. Como a maioria das doenças bacterianas são
transmitidas por sementes ou material propagativo contaminados, a detecção de
patógenos nesses materiais é de grande importância (ALVARES, 2004).
Os protocolos de certificação de qualidade são baseados, frequentemente, no
isolamento da bactéria a partir da semente por cultivo em meio semi-seletivo, seguido
por identificação da colônia por meio de características morfológicas, bioquímicas e
testes de patogenicidade, o que demanda muito tempo (de uma a várias semanas) para
a confirmação dos resultados. Há, portanto, a necessidade do desenvolvimento de
testes mais rápidos e confiáveis para recuperar o custo e o tempo consumidos no
cultivo e ensaios com plantas (ALVARES, 2004).
Técnicas moleculares podem contribuir na otimização desse processo e podem
ainda auxiliar em programas de controle de qualidade de empresas produtoras de
sementes, permitindo o monitoramento da qualidade genética, fisiológica e sanitária das
sementes antes, durante e após o processo de produção (BORÉM, 2005).
A utilização de métodos moleculares (baseados em ácidos nucléicos) para
detecção de fitopatógenos está descrita desde a década de 1970 (como, por exemplo,
protocolos de hibridização dot-blot), porém não causaram impacto nos laboratórios de
diagnóstico de rotina durante a década de 1980. Somente após o desenvolvimento da
metodologia de reação em cadeia da polimerase (PCR) os diagnósticos moleculares
ganharam força (MUNFORD et al., 2006).
Na ultima década, os progressos nos métodos moleculares de diagnóstico têm
contribuído significativamente na detecção de fitopatógenos. A aplicação de métodos
70
como a PCR tornou possível o diagnóstico de microrganismos que não podem ser
identificados seguramente pelo uso de métodos baseados em testes convencionais
(MUNFORD et al., 2006).
A análise de polimorfismo de fragmentos obtidos por digestão com enzimas de
restrição (Restriction Fragment Length Polymorphism – RFLP) baseia-se no princípio de
especificidade de clivagem do DNA com endonucleases, de forma a gerar fragmentos
de DNA de acordo com a freqüência e localização de seqüências de reconhecimento da
enzima; a distância entre os sítios de restrição contidos no DNA, difere entre indivíduos
geneticamente distintos e é única a cada um. Portanto, o padrão de bandas resultante
pode ser visualizado em gel e agarose por eletroforese convencional ou de campo
pulsado e pode ser utilizado para identificar e/ou diferenciar, de forma confiável, o
indivíduo provedor do DNA (LANE, 1991; TOWNER; COCKAYNE, 1993; BORÉM,
2005). O RFLP baseado em PCR consiste na amplificação de seqüências gênicas alvo
utilizando primers específicos para posterior restrição enzimática dos produtos
amplificados, produzindo RFLPs a serem analisados por eletroforese. Qualquer gene
pode ser avaliado por meio dessa técnica, incluindo seqüências altamente conservadas,
tais como rDNA16S, 23S ou regiões espaçadoras (LANE, 1991).
A técnica requer pequena quantidade de DNA e tem sido muito utilizada na
investigação das relações filogenéticas de bactérias e fungos fitopatogênicos. Baseados
na análise de variação do padrão de RFLP, Gabriel et al. (1989) propuseram uma nova
classificação para as linhagens de Xanthomonas campestris pv. citri, enquanto Qhobela
et al. (1991) descreveram a separação de patovares e Jones et al. (1998),
diferenciaram Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (grupo A) e X. vesicatoria
(grupo B).
Análises da região espaçadora para a diferenciação de espécies bacterianas têm
sido empregadas no estudo de diversos grupos taxonômicos. Variações no tamanho
dessas seqüências podem ser suficientes para discriminar entre diferentes linhagens,
enquanto que análises de fragmentos amplificados por PCR através de RFLP podem
fornecer informações adicionais para a diferenciação de organismos (GÜRTLER;
STANISICH, 1996).
71
A utilização de PCR e amplificação de seqüências de região espaçadora para a
diferenciação de Xanthomonas pode ser exemplificada pelo estudo de Honeycutt;
Sobral e McClelland (1995). Esses autores desenharam um par de primers capaz de
detectar variações no tamanho das seqüências espaçadores de rDNA 16S-23S de X.
albilineans e outros patovares e espécies Xanthomonas, servindo, inclusive, como um
método diagnóstico para a espécie.
Manceau e Horvais (1997), analisando a região espaçadora de linhagens de
Pseudomonas syringae por meio de PCR-RFLP, demonstraram que ocorre grande
variabilidade entre essas seqüências nesse grupo, possibilitando a diferenciação em
nível infra-específico. Destéfano e Rodrigues Neto, (2002) estudaram a região
espaçadora em diferentes espécies de Xanthomonas que causam doenças em citros.
Este grupo é representado por 3 patovares diferentes, Xanthomonas axonopodis pv.
citri, responsável pelo cancro cítrico, X.a. pv. aurantifolii, responsável pela cancrose tipo
C, no Brasil, e X.a. pv. citrumelo, responsável pela mancha bacteriana das folhas de
citros. O PCR-RFLP da região espaçadora 16S-23S revelou diferenças entre os
patovares analisados permitindo o diagnóstico rápido e preciso das diferentes espécies
bacterianas que afetam os citros. Outro estudo efetuado por Destéfano et al. (2003)
permitiu que espécies de Xanthomonas patogênicas à cana-de-açúcar (X. albilineans,
X. sacchari, X. axonopodis pv. vasculorum e X. vasicola pv. vasculorum) pudessem ser
diferenciadas por PCR-RFLP da região espaçadora.
Everett e Andersen (1997) investigaram as seqüências espaçadoras do rDNA
16S-23S e parte do gene rDNA 23S de espécies de Chlamydia, concluindo que esse
método é rápido e confiável para a identificação, agrupamento e classificação de
linhagens desse gênero.
A partir de 1997, um outro marcador molecular vem sendo utilizado para a
identificação e diferenciação de microrganismos. O gene rpoB, que codifica a
subunidade β da RNA polimerase, vem sendo utilizado com freqüência em
microbiologia clínica. Comparações das seqüências desse gene em análises
filogenéticas e experimentos de identificação foram descritas para bactérias entéricas
(MOLLET; DRANCOURT; RAOULT, 1997), Mycobacterium (KIM et al., 2002),
espiroquetas (LEE et al., 2001; RENESTO et al., 2000) e espécies de Staphylococcus
72
(DRANCOURT, 1999), Legionella (KO et al, 2002), Bartonella (RENESTO et al., 2001) e
Rickettsia (DRANCOURT; RAOULT, 1999).
O objetivo deste estudo foi desenvolver um método para detecção e
diferenciação das espécies de Xanthomonas causadoras da mancha-bacteriana em
tomate por meio de PCR-RFLP da região espaçadora 16S-23S DNAr e do gene rpoB.
3.2 Desenvolvimento 3.2.1 Material e Métodos 3.2.1.1 Linhagens bacterianas
A identificação e procedência das linhagens utilizadas nesse estudo estão
descritas na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Linhagens de Xanthomonas spp. causadoras da mancha-bacteriana do tomateiro.
Linhagens Hospedeiro Origem IBSBF 464 Capsicum annuuum Brasil
IBSBF 1387 Capsicum annuuum Brasil
Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria
LMG 929P Capsicum annuuum Bélgica
Xanthomonas euvesicatoria IBSBF 2202 Lycopersicon esculentum EUA
IBSBF 1782 Lycopersicon esculentum Brasil
IBSBF 1783 Lycopersicon esculentum Brasil
Xanthomonas gardneri
IBSBF 2201 Lycopersicon esculentum EUA
IBSF 465 Lycopersicon esculentum Brasil
XV89 Lycopersicon esculentum Brasil
Xanthomonas vesicatoria
IBSF 1338T Lycopersicon esculentum Nova Zelândia
Xcv06 Lycopersicon esculentum Brasil
Xcv68 Lycopersicon esculentum Brasil
Xanthomonas spp.
Xcv108 Lycopersicon esculentum Brasil IBSBF (Coleção de Culturas de Fitobactérias do Instituto Biológico, Campinas, SP, Brasil); Xcv (Xanthomonas spp. causadoras da mancha-bacteriana do tomate - Sakata Seeds Sudamérica S.A.), XV (Xanthomonas vesicatoria - Laboratório de Bioquímica e Fisiologia do Parasitismo da ESALQ/USP-Piracicaba); LMG (Laboratorium voor Microbiologie, Bélgica); T= linhagem tipo da espécie; P= linhagem patotipo
73
3.2.1.2 Extração de DNA cromossômico
As culturas bacterianas foram submetidas à extração de DNA cromossômico
segundo a metodologia descrita por Pitcher; Saunders e Owen (1989).
Um total de 5 mL das culturas bacterianas crescidas em meio agar-nutriente (NA)
foi centrifugado a 12.000 rpm por 2 min. Os sedimentos foram ressuspensos em 100 µL
de tampão TE pH 8.0 contendo 2 mg/mL de lisozima e foram incubados a 37 °C por 1 h.
Adicionou-se 500 µL da solução de tiocianato de guanidina 5 M e agitou-se brevemente
em vortex. As soluções foram incubadas a temperatura ambiente por 10 min.
Posteriormente, os lisados foram resfriados em gelo e foram adicionados 250 µL de
acetato de amônio 7,5M. Misturou-se gentilmente invertendo os tubos várias vezes e
incubou-se no gelo por mais 10 min. Adicionou-se 500 µL de clorofórmio-álcool
isoamílico (24:1, v/v), agitou-se manualmente e o material foi centrifugado a 12.000 rpm
por 10 min. A fase aquosa foi transferida para um novo tubo de microcentrífuga e
adicionou-se aproximadamente 430 µL de isopropanol, para precipitar o DNA. Os tubos
foram invertidos várias vezes, até a visualização um precipitado branco e fibroso. Em
seguida o material foi centrifugado a 12.000 rpm por 2 min. Os sedimentos de DNA
foram lavados com etanol 70% cerca de três vezes e secos em estufa a 37 °C, sendo,
em seguida, dissolvido em 200 µL de tampão TE. Adicionou-se 2 µL de RNAse A (10
mg/mL) e incubou-se a 37 °C por 1 h. Após este tratamento, foram adicionados 40 µL
de cloreto de lítio 4 M e, posteriormente, aproximadamente 240 µL de clorofórmio-álcool
isoamílico, que foram misturados até a emulsificação. O material foi centrifugado a
12.000 rpm por 10 min para separação das duas fases. Aproximadamente 400 µL de
etanol foram utilizados para a precipitação do DNA. Após centrifugação a 12.000 rpm
por 2 min, os sedimentos foram lavados com etanol a 70%, secos em estufa a 37 °C,
ressuspensos em 40 µL de água Milli-Q esterilizada e estocado a 4 °C.
A pureza e quantificação do DNA das amostras foram realizadas através de
eletroforese em gel de agarose 0,6%. Os géis foram corados com brometo de etídeo
(0,1 µg/mL), visualizados em transiluminador de luz ultravioleta e fotografados em
sistema digital Alpha Innotech 2200®.
74
3.2.1.3 Amplificação da região espaçadora DNAr 16S-23S e do gene rpoB
O par de primers utilizado para a amplificação da região espaçadora 16S-23S foi
o pHr (MASSOL-DEYA et al., 1995) e p322-anti (HONEYCUTT; SOBRAL;
MCCLELLAND, 1995) (Tabela 3.2). Para o gene rpoB foram utilizados os primers rpoB-
2F e rpoB-3R (Laboratório de Bacteriologia Vegetal – LBV, Instituto Biológico de
Campinas – dados ainda não publicados).
Tabela 3.2 – Seqüência dos primers utilizados nas reações de amplificação por PCR da região
espaçadora
Seqüência do primer (5’ → 3’)* CÓDIGO nt especificidade
TGC GGC TGG ATC ACC TCC TT pHr 20 DNAr 16S-23S
GGT TCT TTT CAC CTT TCC CTC p322-anti 21 DNAr 16S-23S
Foram utilizados aproximadamente 200 ng de DNA genômico em reações de
25 µL contendo 2,0 U de Taq polimerase Invitrogen; tampão da enzima Taq 1X; 0,2 mM
de uma mistura de dNTPs e 0,4 µM de cada primer.
O programa de amplificação da região espaçadora DNAr 16S-23S consistiu de
um ciclo de desnaturação inicial a 95 oC/2 min; seguido de 30 ciclos a 94 oC/1 min;
60 oC/1 min. e 72 oC/3 min; e um ciclo a 72 oC/5 min. (extensão final).
Para amplificação do gene rpoB o programa consistiu de um ciclo de
desnaturação inicial a 94 oC/2 min; seguido de 35 ciclos a 94 oC/30 seg; 63 oC/30 seg. e
72 oC/1 min; e um ciclo a 72 oC/5 min. (extensão final). Os experimentos foram
realizados em termociclador da marca Perkin Elmer modelo 9700.
A observação dos produtos de amplificação obtidos foi realizada através de
eletroforese em gel de agarose 1% em tampão TAE 1X (0,04 M Tris-acetato/0,001 M
EDTA). Os géis foram corados com brometo de etídeo (0,1 µg/mL), visualizados
transiluminador sobre luz ultravioleta e fotografados em sistema digital Alpha Innotech
2200.
75
3.2.1.4 Digestão dos produtos de PCR com endonucleases de restrição (PCR-RFLP)
Os produtos de PCR correspondentes à região espaçadora 16S-23S DNAr foram
digeridos com as enzimas de restrição: Afa I, Dde I, Hinf I, Hpa II e Mbo I e os
referentes ao gene rpoB foram digeridos com as endonucleases: Afa I, Cfo I, Hae III,
Hpa II e Hsp92 II. Foram utilizados 4 µL dos produtos obtidos na amplificação em
reações de 15 µL com 5U da enzima por reação. As condições de temperatura foram
empregadas de acordo com as recomendações do fabricante.
A observação do perfil de restrição obtido foi realizada através de eletroforese
em gel de agarose 3%. Os géis foram corados com brometo de etídeo (0,1 µg/mL),
visualizados em fonte de luz U.V. e fotografados em sistema digital de
fotodocumentação.
3.2.1.5 Purificação dos produtos de amplificação para seqüenciamento
Os produtos de amplificação correspondentes ao gene rpoB dos isolados de X.
a. pv. vesicatoria (IBSBF 464, 929P, 1387 e Xcv108), X. gardneri (IBSBF 1782, 1783,
2201 e Xcv06), X. euvesicatoria (IBSBF 2202) e X. vesicatoria (IBSBF 1338T, 465, Xv89
e Xcv68) foram purificados utilizando-se o kit GFX PCR DNA and Gel Band Purification
(Amersham Biosciences®) de acordo com as recomendações do fabricante, para
posterior seqüenciamento.
Após as purificações, o DNA das diferentes linhagens foi quantificado em gel de
agarose 1%.
3.2.1.6 Seqüenciamento do fragmento do gene rpoB
As reações para seqüenciamento dos DNAs correspondentes ao gene rpoB
foram efetuadas por meio de PCR com o kit Big Dye v.3 (Applied Biosystems®).
utilizando-se o par de primers rpoB-2F e rpoB-3R. O seqüenciamento foi realizado no
seqüenciador automático ABI Prism 377 Sequencer (Applied Biosystems®), no
Laboratório de Virologia, NIB/UMC, sob responsabilidade do Dr. José Luiz Caldas Wollf.
76
As seqüências obtidas no seqüenciamento foram comparadas pelo programa
BLAST disponível na página do “National Center for Biotechnology Information”
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast). As seqüências de maior identidade (X. axonopodis
pv. citri 306 (AE 011726.1), X. campestris pv. campestris ATCC 33913 (AE012187); X.
c. pv. campestris 8004 (CP000050); X. campestris pv. vesicatoria 85-10 (AM 039952);
X. oryzae pv. oryzae MAFF 311018 (AP00829) e X. oryzae pv. oryzae KACC10331
(AE013598)); foram utilizadas para o alinhamento e análise filogenética dos isolados de
X. gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), X. vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), X. a.
pv. vesicatoria (IBSBF 929P, 1387 e 464), X. euvesicatoria (IBSBF 2202, IBSBF 2348),
X. perforans (IBSBF 2349) e Xcv06, Xcv68 e Xcv108. Utilizou-se o programa Mega v.
3.1 (KUMAR et al., 2004), de acordo com o método Neighbor-Joining, com base na
matriz de distância genética obtida pelo modelo de Jukes e Cantor, considerando-se
1000 repetições.
3.2.3 Resultados e Discussão
3.2.3.1 Análise da região espaçadora 16S-23S DNAr por PCR-RFLP
Foram amplificados os DNAs genômicos das seguintes linhagens: Xanthomonas
axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e
2201), Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465
e Xv89) e os isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108. A amplificação resultou em um
fragmento específico de aproximadamente 1.100 pares de bases (pb) para todas as
linhagens testadas.
Os produtos resultantes da amplificação foram submetidos à digestão com
endonucleases de restrição com sítio de reconhecimento de 4 pb: Afa I, Dde I, Hinf I,
Hpa II e Mbo I. O fragmento amplificado apresentou sítio de restrição para todas as
enzimas avaliadas, sendo detectado polimorfismo entre as linhagens analisadas
(Tabela 3, Figuras 1 e 2).
77
Tabela 3.3 – Resultados da análise de restrição de fragmentos da região espaçadora 16S-23S DNAr utilizando diferentes enzimas de restrição. (continua)
Enzimas Fragmentos (pb) Linhagens
140 Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89) e Xcv68
350 Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89) e Xcv68
Afa I
490 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Afa I 500 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
100 e 120 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
190 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89) e Xcv68
230 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), isolado Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
240 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Dde I
310 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xcv06 e Xcv68
Menor que 100 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), isolados Xcv06 e Xcv68
180 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), iXcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Hinf I
200 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xcv06 e Xcv68
250 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
280 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
78
Tabela 3.3 – Resultados da análise de restrição de fragmentos da região espaçadora 16S-23S DNAr utilizando diferentes enzimas de restrição. (conclusão)
Enzimas Fragmentos (pb) Linhagens
Hinf I
310 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Menor que 100 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
100 X. euvesicatoria, Xcv06, Xcv68 e Xcv108
280 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
500 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89) e isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108
Hpa II
610 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464) e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
180 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89) e Xcv06 e Xcv68.
190 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
300 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xcv06 e Xcv68.
380 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), iXcv06, Xcv68, Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Mbol I
450 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF 464), Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Nas digestões com Afa I as linhagens de Xanthomonas spp. apresentaram dois
perfis principais, sendo que os representantes de X. gardneri, X. a. pv. vesicatoria,
Xcv06, Xcv108 e X. euvesicatoria apresentaram perfis idênticos; X. vesicatoria e Xcv68
também apresentaram o mesmo padrão de fragmentos, entre si e distinto das demais.
As digestões com Dde I revelaram três perfis, sendo que as linhagens de X.
gardneri, X. vesicatoria e Xcv68 apresentaram perfis idênticos; X. vesicatoria, Xcv108 e
79
X. euvesicatoria apresentaram perfis semelhantes e o isolado Xcv06 apresentou padrão
distinto das demais linhagens (Figura 3.1).
Nas digestões com Hinf I, foram obtidos apenas dois padrões distintos, sendo o
primeiro representado por linhagens de X. gardneri, X. vesicatoria, Xcv06 e Xcv68, e o
segundo por X. a. pv. vesicatoria, Xcv108 e X. euvesicatoria (Figura 3.1).
Figura 3.1 – Digestão dos produtos de amplificação da região espaçadora 16S-23S DNAr com
as enzimas Dde I e Hinf I. (M) marcador de peso molecular de 100pb (MBI-Fermentas); (1) X. gardneri (IBSBF 1782); (2) X. gardneri (IBSBF 1783); (3) X. gardneri (IBSBF 2201); (4) X. vesicatoria (IBSBF 465) (5) X. vesicatoria (Xv89); (6) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 464); (7) Xcv06; (8) Xcv68, (9) Xcv108; (10) X. euvesicatoria (IBSBF 2202).
Os isolados de X. gardneri, X. vesicatoria, Xcv06 e Xcv68 exibiram o mesmo
perfil, que foi distinto do padrão de fragmentos exibidos pelos isolados de X. a. pv.
vesicatoria, Xcv108 e X. euvesicatoria, quando os produtos foram digeridos com a
endonuclease Mbo I (Figura 3.2).
Na digestão com a enzima Hpa II verificou-se a ocorrência de três padrões
distintos. As linhagens X. gardneri e Xcv06 formaram o primeiro grupo; isolados Xcv 89,
Xcv68 e Xcv108 o segundo grupo e X. a. pv. vesicatoria e X. euvesicatoria, o terceiro
grupo (Figura 3.2).
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 M
Dde I Hinf I
100 pb
500 pb
80
Figura 3.2 – Digestão dos produtos de amplificação da região espaçadora 16S-23S DNAr com
as enzimas Mbo I e Hpa II. (M) marcador de peso molecular de 100pb (MBI-Fermentas); (1) X. gardneri (IBSBF 1782); (2) X. gardneri (IBSBF 1783); (3) X. gardneri (IBSBF 2201); (4) X. vesicatoria (IBSBF 465); (5) X. vesicatoria (Xv89); (6) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 464); (7) Xcv06; (8) Xcv68, (9) Xcv108; (10) X. euvesicatoria (IBSBF 2202).
Nas digestões com enzimas de restrição Mbo I, Hpa II, Dde I e Hinf I as
linhagens de X. gardneri e X. vesicatoria foram agrupadas em um mesmo perfil,
enquanto X. a. pv. vesicatoria e X. euvesicatoria num outro perfil, porém idênticos entre
si. Esses resultados demonstraram a similaridade genética entre essas linhagens.
Somente com a utilização da enzima Afa I foi possível a diferenciação de X.
vesicatoria e X. gardneri, mas esta última exibiu padrão idêntico a X. a. pv. vesicatoria e
X. euvesicatoria, dificultando, assim, a sua distinção das demais.
Com relação à identidade do isolado Xcv06, os resultados de PCR-RFLP
indicaram que o mesmo deve pertencer à espécie X. gardneri, uma vez que, com todas
as enzimas avaliadas, foi agrupado com essa espécie. Essa conclusão foi corroborada
nos experimentos com a enzima Afa I, que diferenciou X. gardneri de X. vesicatoria e
agrupou o isolado com X. gardneri .
O isolado Xcv68 teve sua identidade confirmada como X. vesicatoria, uma vez
que o mesmo agrupou sempre com essa espécie, em todos os experimentos
realizados.
O isolado Xcv108 agrupou com X.a. pv. vesicatoria em todas as enzimas
avaliadas, exceto Hpa II. Portanto, há indícios de que sua identidade seja X. a. pv.
Mbo I Hpa II
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 M
100 pb
500 pb
81
vesicatoria. Estudos complementares serão necessários para confirmar se o isolado
pertence à espécie X. euvesicatoria ou X. perforans, uma vez que a espécie X. a. pv.
vesicatoria teve sua taxonomia alterada, com o desdobramento nessas duas novas
espécies.
Pelos resultados de PCR-RFLP da região espaçadora, verificou-se, portanto, a
impossibilidade de diferenciação das quatro espécies de Xanthomonas utilizadas nesse
estudo, uma vez que os padrões obtidos não foram distintos para cada uma delas.
Análises da região espaçadora para diferenciação de espécies bacterianas têm
sido empregadas no estudo de diversos grupos taxonômicos. Variações nessas
seqüências podem ser suficientes para discriminar diferentes espécies, enquanto que
análises de fragmentos amplificados por PCR através de RFLP ou análise de
seqüências podem fornecer informações adicionais para diferenciação de organismos
com região espaçadora de mesmo tamanho.
O alinhamento das sequências do gene RNAr 16S de grupos de interesse pode
fornecer informações como regiões especificas para casa espécie ou grupos,
favorecendo com isso o desenho de oligonucleotídeos específicos que pode abranger
diversos níveis taxonômicos. Uma grande variedade de sondas ou primers
ribossômicos específicos para gêneros, espécies ou estirpes tem sido desenvolvida
visando à detecção rápida e direta de bactérias em amostras diversas (médicas,
industriais ou ambientais) e para estudos de ecologia microbiana (PACE et al., 1986).
Em bactérias do gênero Xanthomonas, Moore et al. (1997) analisaram
seqüências de DNAr 16S de oito taxo-espécies e verificaram que há um grau muito
elevado de conservação entre elas, limitando a possibilidade do desenvolvimento de
primers específicos para diferenciação de espécies.
Mães; Garbeva e Kamoen (1996) desenharam primers específicos para
diferenciação de patovares de Xanthomonas que causam CLS (Cereal Leaf Streak), a
partir da análise de seqüências variáveis da região espaçadora do DNAr 16S-23S de
linhagens de dois patovares associados a doenças em cereais.
Uma vez que, a diferenciação direta, por PCR-RFLP da região espaçadora, das
espécies X. gardneri, X. vesicatoria, X. a. pv. vesicatoria e X. euvesicatoria não foi
possível, decidiu-se avaliar um outro marcador molecular para tal objetivo.
82
3.2.3.2 Análise do gene rpoB por PCR-RFLP
A amplificação do gene rpoB com os primers rpoB-2F e rpoB-3R resultou em um
fragmento específico de aproximadamente 800 pb para todas as linhagens testadas.
Foram amplificados os DNAs genômicos de representantes das espécies X.
gardneri (IBSBF 1782), X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 464), X. euvesicatoria (IBSBF
2202), X. vesicatoria (IBSBF 1338T). Os produtos resultantes da amplificação foram
submetidos à digestão com Afa I, Cfo I, Hae III, Hpa II e Hsp92 II. (Figura 3.3).
Figura 3.3 – Digestão dos produtos de amplificação do gene rpoB com as enzimas Afa I, Cfo I,
Hae III, Hpa II e Hsp92 II. (M) marcador de peso molecular de 100pb (MBI-Fermentas); (1) X. gardneri (IBSBF 1782); (2) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 464); (3) X. vesicatoria (IBSBF 1338T); (4) X. euvesicatoria (IBSBF 2202).
O fragmento amplificado apresentou sítio de restrição para todas as enzimas
testadas, sendo detectado polimorfismo entre X. gardneri, X. vesicatoria e X. a. pv.
vesicatoria apenas com as enzimas Hae III e Hps92 II, as quais foram utilizadas para
digestões com as demais linhagens de X. gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), X.
vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 929P, 1387 e 464),
X. euvesicatoria (IBSBF 2202) e dos isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 (Tabela 4). X.
euvesicatoria agrupou sempre com X.a. pv vesicatoria indicando que a mesma deve
pertencer à espécie X. euvesicatoria.
Afa I
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 M M
Hae III Cfo I Hps92 II Hpa II
500 pb
100 pb
83
Tabela 3.4 – Resultados da análise de restrição de fragmentos do gene rpoB utilizando diferentes enzimas de restrição
Enzimas Fragmentos (pb) Linhagens
Hae III Menor que 100 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
140 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), isolados Xcv06 e Xcv68
160 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolado Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
180 Isolado Xcv06
220 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89) e isolados Xcv06 e Xcv68
340 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolado Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
Menor que 100 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolados Xcv06 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
130 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201) e isolado Xcv06
Hpa II
180 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
190 Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89) e isolados Xcv68
200 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolado Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
210 Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolado Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
220 Xanthomonas gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolados Xcv06 e Xcv108 e Xanthomonas euvesicatoria (IBSBF 2202)
300 Xanthomonas vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89) e isolado Xcv68 T = linhagem tipo; P = linhagem referência do patovar; IBSBF (Coleção de Culturas de Fitobactérias do Instituto
Biológico, Campinas, SP, Brasil).
Na digestão com Hae III as linhagens X. gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), X.
vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e Xv89), X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 929P, 464 e 1387) e
o isolado Xcv06 apresentaram perfis distintos. O isolado Xcv68 apresentou perfil
84
idêntico ao das linhagens de X. vesicatoria, confirmando sua identidade. O isolado
Xcv108 apresentou perfil idêntico a X. a. pv. vesicatoria e X. euvesicatoria. Essa última
agrupou com X. a. pv. vesicatoria em todos os experimentos realizados (Figura 3.4A).
Quando os produtos de amplificação foram digeridos com a enzima Hpa II verificou-se a
ocorrência de três padrões distintos entre as linhagens analisadas (Figura 3.4B).
Figura 3.4 – Digestão dos produtos de amplificação do gene rpoB com as enzimas (A) Hae III e
(B) Hpa II. (M) marcador de peso molecular de 100pb (MBI-Fermentas); (1) X. gardneri (IBSBF 1782); (2) X. gardneri (IBSBF, 1783); (3) X. gardneri (IBSBF 2201); (4) Xcv06; (5); X. vesicatoria (IBSBF 1338T); (6) X. vesicatoria (IBSBF 465); (7) X. vesicatoria (Xv89); (8) Xcv68; (9) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 929P); (10) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 1387); (11) X. a. pv. vesicatoria (IBSBF 464); (12) Xcv108; (13) e X. euvesicatoria (IBSBF 2202).
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
A
B
500 pb
100 pb
500 pb
100 pb
Haplótipo I Haplótipo II Haplótipo III
85
A análise dessa região pela metodologia de PCR- RFLP forneceu fortes indícios
de que o isolado Xcv06 pertence à X. gardneri, o isolado XCV68 à X. vesicatoria e o
isolado Xcv108 pertence à X. a. pv. vesicatoria. Entretanto, novos estudos deverão ser
realizados com os isolados Xcv06 e Xcv68 para confirmar a identificação dos mesmos.
A partir de 1997, um outro marcador molecular vem sendo utilizado para
identificação e diferenciação de espécies de microrganismos. Mollet et al. (1997)
fizeram um estudo comparativo do poder discriminatório de seqüências dos genes 16S
RNA e rpoB (sub-unidade β da RNA polimerase). Os autores geraram uma base de
dados de seqüências para 14 espécies de Enterobacteriaceae e investigaram a
divergência intra e inter-espécie entre os genes 16S RNA e rpoB. Os resultados
mostraram que os níveis de divergência entre as seqüências rpoB de diferentes
linhagens eram notoriamente maiores que aqueles observados entre os genes 16S,
sugerindo que o gene rpoB pode ser uma poderosa ferramenta para a identificação de
microrganismos. A partir deste relato inúmeros trabalhos, principalmente na área
clínica, têm sido desenvolvidos utilizando o gene rpoB. Temos como exemplos a
detecção, identificação e análises filogenéticas de Bartonella spp. (RENESTO et al.,
2000; RENESTO et al., 2001), Borrelia spp. (LEE et al., 2000), micobactérias
patogênicas (KIM et al., 1999; 2001; 2004), diferenciação de sorotipos de Salmonella
enterica subsp. enterica (KWON et al., 2001), estudos de filogenia de micoplasma do
grupo pneumoniae (KIM et al., 2003), detecção e identificação de Legionella
pneumophila (KO et al., 2002; Ko et al., 2003), identificação de isolados de
Staphylococcus spp. (DRANCOURT; RAOULT, 2002), identificação de Bacillus spp.
não patogênicos e clínicos (BLACKWOOD et al., 2004) e ainda, estudos de diversidade
de amostras ambientais (DAHLLÖF; BAILLIE; KJELLEBERG, 2000; DA MOTA et al.,
2005). Recentemente, Ferreira e Destéfano (2007) demonstraram que o gene rpoB
pode diferenciar claramente as 19 espéceis descritas de Xanthomonas.
Os resultados obtidos pela análise por PCR-RFLP do gene rpoB possibilitaram a
diferenciação das espécies X. gardneri, X. vesicatoria, X. a. pv. vesicatoria ,
possibilitando assim, um diagnóstico mais rápido e preciso desses fitopatógenos.
86
3.2.3.3 Seqüenciamento do gene rpoB
As seqüências obtidas do sequenciamento do fragmento do gene rpoB dos
isolados de X. gardneri (IBSBF 1782, 1783 e 2201), X. vesicatoria (IBSBF 1338T, 465 e
Xv89), X. a. pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464), isolados Xcv06, Xcv68 e Xcv108
e X. euvesicatoria (IBSBF 2202 e IBSBF 2348) permitiram a construção de uma árvore
filogenética (Figura 3.5), a qual mostrou a relação genética entre os isolados.
XvIBSBF1338
XavIBSBF465
XV89
XpIBSBF2349
Xcv68
Xcv06
XccATCC33913
Xcc
XgIBSBF1782
XgIBSBF1783
XgIBSBF2201
Xcv108
IBSBF2350
XeIBSBF2202
Xcvesicatoria
XavLGM929
XeIBSBF2348
XavIBSBF464
XavIBSBF1387
Xacitri
Xcc8004
giXooKACC10331
XooMAFF311018
BurkholderiaK96243
92
100
36
100
98
17
19
12
99
54
34
85
100
81
47
3967
85
56
10
12
G1
G2
G3
XvIBSBF1338
XavIBSBF465
XV89
XpIBSBF2349
Xcv68
Xcv06
XccATCC33913
Xcc
XgIBSBF1782
XgIBSBF1783
XgIBSBF2201
Xcv108
IBSBF2350
XeIBSBF2202
Xcvesicatoria
XavLGM929
XeIBSBF2348
XavIBSBF464
XavIBSBF1387
Xacitri
Xcc8004
giXooKACC10331
XooMAFF311018
BurkholderiaK96243
92
100
36
100
98
17
19
12
99
54
34
85
100
81
47
3967
85
56
10
12
G1
G2
G3
Figura 3.5 – Árvore filogenética baseada numa seqüência parcial do gene rpoB mostrando a relação filogenética entre 23 isolados de Xanthomonas, incluindo xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do tomateiro. Utilizou-se o método neighbor-joining; a topologia foi avaliada por análise de bootstrap (programa Mega 3.1, com 1000 repetições, com Burkholderia como grupo externo).
As linhagens de Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana do
tomateiro ficaram agrupadas em dois grandes grupos (G1 e G2). O grupo G1 incluiu os
isolados de X. vesicatoria (IBSBF 1338T, 465, Xv89 e isolado Xcv68), sendo esse
agrupamento também observado no RFLP. Nota-se que o isolado de X. perforans
87
(IBSBF 2349) está mais próximo deste grupo. O grupo G1 também incluiu os isolados
de X. gardneri, que agruparam entre si, como observado no haplótipo I do RFLP.
Verifica-se aqui, que o isolado Xcv06, que apresentou padrão característico de X.
gardneri no RFLP, aqui se encontra mais próximo à X. vesicatoria que X. gardneri.
O grupo G2 incluiu os isolados de X. a. pv. vesicatoria (IBSBF929P, 1387 e 464),
X. euvesicatoria (IBSBF 2202 e IBSBF 2348) e os isolados Xcv06 e Xcv108,
confirmando os resultados obtidos no RFLP (haplótipo III), no qual não foi possível
distinguir esses dois grupos. Salienta-se que, de acordo com a reclassificação proposta
por Jones et al. (2004) X. a. pv. vesicatoria foi subdividida em duas novas espécies: X.
euvesicatoria e X. perforans, o que pode justificar o agrupamento dessas espécies.
Ressalta-se também, que a falta de linhagens tipo para as espécies X.
euvesicatoria, X. gardneri e X. perforans depositadas em coleções de culturas
brasileiras e a carência de seqüências depositadas no GenBank dificultaram as
análises.
3.3 Considerações finais
Os resultados indicam que existem seqüências no fragmento do gene rpoB que
podem diferenciar os haplótipos obtidos no RFLP; a partir dessas seqüências, poderão
ser desenvolvidos primers que permitam a detecção das diferentes espécies de
Xanthomonas spp. causadoras da mancha bacteriana em sementes e partes da planta
do tomateiro.
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