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A INSERÇÃO DA LITERTURA DE CORDEL EM AULAS DE GEOGRAFIA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO PIBID/UEPB

Dalila Arruda do Nascimento – ID; Josandra Araújo Barreto de MeloUniversidade Estadual da Paraíba – UEPB, arnadalila@hotmail.com Universidade Estadual da Paraíba

– UEPB, ajosandra@yahoo.com.br

RESUMO

A literatura de cordel apresenta-se como uma das mais ricas manifestações da cultura popular do Nordeste, com capacidade de ser contextualizada e reproduzida no ambiente escolar; com uma linguagem interessante e como uma importante ferramenta pedagógica capaz de promover questionamentos, despertar o imaginário e a reflexão, assim como incitar a capacidade cognitiva. Diante de dessa conjuntura, sabemos que a necessidade de recursos didáticos que auxiliem o processo de ensino aprendizagem é uma espécie de meta que todos os educadores são auxiliados a trabalhar em suas aulas, pois o alunado necessita de metodologias que captem a interação e contribua para o desenvolvimento de suas capacidades. Nessa perspectiva o presente artigo desenvolvido através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto do departamento de Geografia, da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, em uma turma de 1° ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Severino Cabral, em Campina Grande/PB; parte do objetivo de explorar as capacidades didáticas da inserção da literatura de cordel no ensino de Geografia, visando suas potencialidades para dinamizar o processo de ensino-aprendizagem. A pesquisa parte de uma da conjuntura metodológica qualitativa, onde a inserção do projeto ocorreu corroborando com recurso do livro didático, para a confecção dos materiais seguindo o conteúdo da grade curricular.

Palavras-Chave: Literatura de cordel. Ensino de Geografia. Recursos Didáticos.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho nasceu das práticas realizadas por intermédio do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto de Geografia, da

Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, em uma turma de 1° ano do ensino médio na

Escola Estadual de Ensino Médio Severino Cabral, localizado em Campina Grande/PB,

escola esta que oferece ensino integral, através do ProEMI, este que trata-se de um

programa de incentivo à educação, com objetivo de apoiar e fortalecer o

desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino Médio:

O Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI, instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009, integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, como estratégia do Governo Federal para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio. O objetivo do ProEMI é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de ensino médio, ampliando o tempo dos estudantes na escola e buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico, atendendo também as expectativas dos estudantes do Ensino Médio e às demandas da sociedade contemporânea. (MEC, 2009) 

Na atual situação em que se cobra da escola que torne o processo de ensino–

aprendizagem atraente, tem sido grande o esforço dos sujeitos educacionais para

desenvolver metodologias que alcancem uma socialização de experiências inovadoras,

interação e motivação dentro das salas de aula. A adoção de recursos didáticos

estimulantes e criativos tem sido o ponto aos quais os educadores tem se atentado, pois

o uso dessas linguagens no ensino, tanto da Geografia como em outras disciplinas é

indispensável, conforme entendimento de Pontuschka (2009):

As linguagens constituem recursos didáticos que necessitam ser utilizados no mundo atual (...) porque, por meio delas, os horizontes do conhecimento se abrem para os jovens, professores e cidadãos que já passaram pela escola em tempos anteriores. (...) Esses recursos, se adequadamente utilizados, permitem melhor aproveitamento no processo ensino e aprendizagem, maior participação e interação aluno-aluno e professor-aluno (Ibidem, p. 215).

Pode-se, então, compreender que os recursos didáticos são essências para mudar

essa conjuntura que envolve o processo ensino-aprendizagem atual, pois a partir da

utilização desses recursos nas aulas é possível apresentar um conteúdo de forma mais

dinâmica e participativa.

Refletindo sobre a atual situação do ensino de Geografia no currículo escolar,

observa-se que esta se encontra tradicionalista, ou vista apenas como uma mera

disciplina que descreve o mundo. Como coloca Lira (2014, p. 299 – 300) “[...] tem sido

evidenciado que o ensino tradicional permanece predominante na prática da disciplina

escolar [...]. Um ensino de geografia descrito, sem qualquer envolvimento com a

realidade vivenciada pelo aluno ainda é muito forte na atualidade”. E diante de tais

condições, a proposta é que os educadores busquem metodologias que alterem essa

conjuntura e agreguem as aulas de Geografia o real valor que a disciplina tem.

Frente a tais perspectivas, surge à literatura de cordel como recurso didático no

ensino de Geografia, por ser uma linguagem alternativa que busca alterar a visão

tradicionalista que se tem dos recursos didáticos que, em muitas situações, limita-se

exclusivamente ao uso do livro didático e por dispor de uma potencialidade ímpar;

“Inúmeros são os cordéis que podem ser observados e/ou utilizados sob a ótica

geográfica, seja pelo seu conteúdo explicitamente geográfico, que pode incluir descrição

de paisagens, (...) seja pela análise crítica que fazem da sociedade”, conforme afirma

Silva (2012, p.97).

A literatura de cordel corresponde a um gênero literário constituído pela poesia

narrativa popular, onde articula rima, musicalidade, liberdade de pensamento e de

expressão, estas são algumas características dos folhetos de cordel, como expressa Silva

(2007, p. 12) “(...) através das narrativas orais, cantos e cantorias que surgiram nossos

primeiros folhetos, tendo a métrica, o ritmo e a rima como seus elementos formais”. A

riqueza e a liberdade de produção dos folhetos de cordéis possibilitam capacidades de

raciocino crítico e articulação dos conteúdos de forma dinâmica e divertida.

Este estudo se faz relevante, pois parte de uma ação que visa programar nas

aulas de Geografia novos olhares acerca do ensino da disciplina, além de resgatar a

cultura popular e incentivar o gosto pela leitura. Dentro dessa perspectiva, a literatura de

cordel apresenta-se como uma linguagem interessante e como uma importante

ferramenta pedagógica capaz de promover questionamentos, despertar o imaginário e a

reflexão nos educandos, assim como incitar a capacidade cognitiva.

Mediante o exposto, o presente artigo objetiva apresentar uma possibilidade de

interação e diálogo com os alunos, buscando correlacionar os conteúdos do livro

didático com a produção de cordéis, numa tentativa de dinamizar as aulas e torná-las

mais agradáveis ao corpo discente, contribuindo para mudar essa forma tradicional que

tanto desagrada os jovens alunos.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada na E.E.E.M.I. Severino Cabral (figura 01), fruto da

experiência vivida no Programa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), Supbrojeto

de Geografia, Campus I.

Figura 01: Imagem de satélite da Escola Estadual de Ensino Médio Severino Cabral.

Fonte: Google Earth.

Partiu de um cunho metodológico qualitativo, que aconteceu da seguinte forma:

apresentação do projeto para turma, por conseguinte, explanações sobre o conteúdo do

livro didático, abrindo espaço para debates e questionamentos, possibilitando maior

interação do bolsista com os discentes. dando continuidade a proposta de trabalhar a

produção de cordéis dentro do assunto que estava sendo executado dentro da grade

curricular - Os biomas; a turma foi divida em grupos (cinco discentes por equipe) para

iniciar a produção dos cordéis.

Com o apoio oferecido pelas aulas expositivas e as intervenções, as produções

ocorreram no período de três aulas, onde cada grupo teve a oportunidade de

compartilhar um momento de interação entre os envolvidos. Após o término da

confecção dos folhetos de cordel, houve a culminância dos materiais produzidos pelos

discentes, que ocorreu na sala de aula num intervalo de dois horários.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A utilização da literatura de cordel como recurso pedagógico vem sendo

explorada por diversos educadores, por sua fácil adequação ao processo ensino-

aprendizagem e por ser um recurso didático bem recebido pelos educandos, que foi

possível notar ao realizar o projeto.

Os avanços foram de forma gradativa. De início, alguns alunos não abraçaram

com entusiasmo a proposta, a sugestão de premiar o grupo que produzisse o melhor

cordel foi um incentivo que deixou os alunos mais empenhados. No decorrer das aulas e

dos exemplares que foram apresentados, como o “O planeta água está pedindo socorro”,

de autoria de Manoel Monteiro, foi possível mostrar que, diante do conteúdo da grade

curricular, era possível que eles criassem seu próprio cordel abordando a temática.

Dessa forma, foi notória a evolução que ocorreu durante a execução do projeto

de intervenção, o empenho, participação e envolvimento dos discentes ao produzir seu

próprio cordel tornou-se algo envolvente, onde eles demonstraram suas opiniões e

dificuldades e o quanto ficaram satisfeitos ao finalizar um material que fora criado pelo

empenho e trabalho em equipe (Figura 2).

Figura 2: Envolvimento da turma na produção dos cordéis.

Torna-se relevante relatar a situação pela qual um grupo passou, onde um aluno

fora assaltado e o material que havia produzido fora perdido, mas, diante disso, o grupo

não se abateu e correu contra o tempo para entregar um novo produto dentro do prazo

estabelecido.

Diante da avaliação dos materiais produzidos, uma situação que causou certa

insatisfação entre os envolvidos (bolsista-supervisora-alunos) fora o fato de alguns

grupos recorreram ao plágio de versos da internet, pois isso, de forma alguma era

esperado, uma vez que foi observado um grande empenho e envolvimento por parte dos

discentes com o projeto. A situação corroborou para uma explanação sobre o ato do

plágio, que se torna muito utilizada pelos alunos e, muitas vezes, eles não tem o

discernimento de que essa ação é ilegal e prejudica sua formação.

As apresentações ocorreram de forma espontânea, todos apresentaram com

grande entusiasmo, como mostra as imagens do momento da apresentação e dos

produtos produzidos (Figura 3).

Figura 3: Produtos confeccionados pelos alunos.

Foi gratificante realizar o projeto de intervenção com o auxilio da literatura de

cordel, pois além de ter uma rica capacidade de causar uma interação, promove um

desenvolvimento da capacidade de criação os discentes, o que foi notória diante das

produções que não recorreram às copias, o que deixa claro que é um recurso simples

mas riquíssimo em aprendizagens, que os professores deveriam utilizar com mais

frequência.

CONSIDERAÇÕES

A partir da pesquisa foi possível obter consideráveis observações sobre a

inserção de recursos didáticos ao ensino de Geografia, pois é uma forma de dinamizar o

processo de ensino e aprendizagem e levar os alunos a um desenvolvimento de suas

capacidades cognitivas e reflexivas. E é considerável que a literatura de cordel é uma

ferramenta muito importante para o professor, pois ela possibilita trabalhar de forma

lúdica e dinâmica os conteúdos da grade curricular.

A ação participativa dos discentes contribuiu de forma relevante para o

desenvolvimento do projeto, deixando claro que é possível vencer obstáculos e ter bons

resultados, mesmo diante das adversidades que são inevitáveis na vida do ser humano.

Evidenciando que o esforço e o empenho aliados os recursos didáticos certos

transformam o ensino.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem o apoio concedido, mediante bolsas, efetuado pela

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, através do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, assim como a toda

comunidade da E.E.E.M.I. Severino Cabral.

REFERÊNCIA

LIRA, Sonia Maria de. O ensino de geografia, a construção do conhecimento geográfico e a operacionalização da prática docente. Campina Grande: EDUFCG, 2014.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib, TOMOKO, Iyda Paganelli, NÙRIA, Hanglei Cacete. Para ensinar e aprende Geografia. 3°ed. São Paulo, 2009. PROEMI, Programa Ensino Médio Inovador. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=1038&id=13439&option=com_content>. Acesso em 04 setembro de 2015.

SILVA, J. J. A. A utilização da literatura de cordel como instrumento didático- metodológico no ensino de geografia. 2012. 157f. Dissertação – CCEN/UFPB. João Pessoa, 2012.

SILVA, Josivaldo Custódio da. Literatura de cordel: um fazer popular a caminho da sala de aula. Dissertação – UFPB / CCHLA. João Pessoa, 2007.

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