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01Quero que as musas me inspiremNa arte de cordelista,Para descrever a históriaDe um político e jornalista,Professor e diplomata,Bom poeta e romancista!

02Falo de Gilberto Amado,Um sergipano da gemaQue brilhou no mundo inteiroTendo o saber como lema;Foi um campeão na prosa;Foi bem melhor no poema!

03Era Gilberto de LimaAzevedo Souza FerreiraMais Amado de Farias,Diplomata de primeiraQue se foi grande nomeFoi bem maior na carreira.

04Nasceu em 07 de maio,No ano de oitenta e sete,O século era dezenoveE morreu em 27De Agosto de meia nove (69)Conforme deu na manchete.

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05Na cidade de EstânciaLá no solo sergipanoNo extremo sul do EstadoPerto do solo baianoGilberto Amado nasceuPra de Deus cumprir um plano.

06Foi primeiro dos quatorzeFilhos de um casal decente:Melchisedech e Ana,Exemplo de boa gente,Que logo que viu que o meninoEra vivo e inteligente.

07Fez os estudos primáriosNuma cidade vizinhaPor nome de Itaporanga,Onde boa escola tinha;Depois seguiu pra BahiaPra seguir na mesma linha.

08Ali estudou Farmácia,Mas viu que não tinha jeitoPara pipeta e proveta,Reação, causa e efeito...Partiu para PernambucoOnde foi cursar Direito.

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09Mesmo ainda como alunoJá mostrou muito sucessoChegou a ir pra São PauloRepresentar, num Congresso,Os seus colegas de cursoQue nele viram progresso.

10Seu discurso progressista,Sua mente especial,Sua sensibilidade,Seu currículo magistralTornaram-lhe catedráticoPara o Direito Penal.

11Logo ao terminar o cursoQue concluiu com louvor,Aplaudido por colegasBem visto pelo reitor,Mudou direto de ladoDe aluno pra professor.

12Foi um professor brilhante,Pois da matéria sabia.Também sacava de História,De Arte e FilosofiaEra um mestre em transmitir,Bamba na Pedagogia!

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13E então como professorNão ficou no trivialExpandiu os seus saberesDo modo mais genial,Se transformando de fatoNum intelectual!

14E já no ano de 10Foi pra o Rio de Janeiro.Para o Jornal do ComércioFez seu trabalho primeiroFalando em Luis Delfino,Victor Hugo brasileiro.

15Se bem que ele já tinhaComeçado em PernambucoAonde escutou o últimoDos discursos de NabucoE trouxe para seu textoDa cana o doce do suco.

16Em 05 já escreviaA secção "Golpe de Vista",Em torno à obra de NietscheProvou ser bom polemista.Escreveu artigo e ensaioE provou ser bom cronista.

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17Para o "Jornal do Comércio"No Rio escreveu primeiroPara o "Mundo Literário""O País", "Época", "O Cruzeiro"E em jornais de São PauloTambém mostrou seu roteiro.

18N'O Estado de São Paulo'Foi lido em todo o Brasil,N'O Correio Paulistano'Pôs seu texto varonilE ás vezes até usavaO pseudônimo Áureo ou Gil.

19Mil, novecentos e doze,À Europa viajouViu de perto a Belle Époque,Com grandes crânios sentou.Nas fontes do ModernismoBebeu, comeu e saldou.

20Em 13 chegou de volta,E pra mostrar sapiênciaFoi ao Jornal do ComércioPronunciou conferênciaQue mostrou sua grandeza,Seu talento e inteligência.

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21Depois publicou em livroTudo quanto relatou:"A Chave de Salomão"Logo em 13 publicouE ainda "Outros Escritos"Ao seu livro acrescentou;

22Em 15 ele foi de voltaPara o seu torrão natalCandidatou-se, elegeu-seDeputado federal,Projetou-se no cenárioDa política nacional.

23Na câmara, belos discursosCresceram seu cabedal,Falou de instituiçõesDa política federalE descreveu, do Brasil,Nosso Meio Social.

24E por ter se consagradoParlamentar de respeito,No ano de 17Conseguiu ser reeleito.Vinte e um e Vinte e quatro,Ganhou sempre em todo pleito.

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25Em 26 deu um tempoNa política radicalPra ser diretor da CaixaEconômica FederalE em 27 elegeu-sePra o Senado Nacional.

26Já como parlamentarEntrou no mundo que quis;Falando de relaçõesExternas deste PaísE indo a reuniõesEm Berlim, Roma e Paris!

27Chegando a República NovaEncetou nova conquista,Deu um tempo na políticaFoi chamado a ser jurista,Deu cursos, formulou leisTendo visão de estadista.

28No ano de 34Chegou onde mais queriaPara o ItamaratyFoi prestar consultoriaE entrou de vez no seu mundoFeliz da Diplomacia.

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29Sucedeu a BevilacquaQue foi um grande causídicoE assim, da Política externa,Tornou-se assessor jurídicoMostrando que seu talentoEra completo e verídico.

30Evoluiu muito rápidoPois do lugar de assessorEm 36 assumiuO cargo de embaixadorOnde mostrou seu talentoPra ser negociador.

31Do ano de 39Ao ano 47Foi ministro na FinlândiaFazendo o que lhe competeE o mesmo êxito de sempreNa Finlândia se repete.

32E logo em 48Ele sentou-se no tronoDa carreira diplomática...De uma cadeira foi donoNa Comissão de DireitoInternacional da ONU.

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33Já que Genebra era a sedeDesta nobre comissãoFoi residir na Suíça,Deu grande contribuiçãoAo Direito entre os paísesCom muita publicação.

34Não perdeu uma sessãoDa Assembléia GeralDa ONU, em Nova Yorque,Desde aquela inicial,Até a última em que pôdeBotar seus pés no local.

35Somente em 68Parou de comparecerE o seu saber jurídicoNunca deixou de exercer.Direito InternacionalPassou a vida a escrever.

36Os "Direitos e DeveresDos Estados", foi legal,"Definição de Agressão"E até "Processo Arbitral","Reservas às Convenções..."Da lei multilateral.

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37Foi embaixador no ChileE na Itália também,Cumpriu missão na ArgentinaLá se saiu muito bemE em leis internacionaisNunca perdeu pra ninguém.

38Presidiu a Comissão"Diplomacia e Tratados",Os seus pareceres técnicosForam os mais abalizadosE mesmo depois de décadasAinda são consultados.

39Do Barão do Rio BrancoEle herdou o pacifismo.Herdou de Bolívar, o sonhoDe Pátria Grande e heroísmoPra consolidar as basesDo Pan-americanismo.

40Forjou todo o ideárioDa Pátria América LatinaDesde as ilhas caribenhasÀ extremidade sulinaCuba, Guianas, Peru,Brasil, Chile e Argentina.

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41América de Zé Martí,De Atahualpa e Guevara,De Sandino e TiradentesDe Zumbi, de Victor Jara,De Farabundo e AllendeSem águia que nos separa!

42Um pan-americanismoCom fronteiras sem alertasCom o portunhol congregandoTantas culturas libertasSem Batman e Drácula sugandoAs nossas veias abertas!!!

43No pós-guerra ele assumiuElevadíssimas missões;Demonstrou grande prestígioLogo em duas comissõesE foi delegado naConferência das Nações.

44Essa grande conferênciaFoi feita pra se estudarQual o poder das naçõesSobre o Direito do MarE foi aí que GilbertoConseguiu mesmo brilhar.

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45Defendia que o direitoDo Estado nacionalSobre o mar devia serNão somente horizontalMas também devia terUm sentido vertical!

46O Mar territorialE também o Alto Mar;Direito a pesca e minériosÀ defesa, ao navegar,Também aos fundos marinhosE aos céus do mar pra voar!

47Amado sempre diziaQue neste embate tão duroEntre o academicismoE o direito prático e puroTinha que ver-se o interesseDas nações e seu futuro!

48Mas defendia tambémQue interesses e ambiçõesDos estados não turvassemAs modernas intençõesDe forjar civilidadePra o futuro das nações!

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49Normalmente os diplomatasCom décadas no estrangeiroAcabavam se esquecendoDo jeitinho brasileiroDe ser feliz, ser alegre,Espontâneo e inzoneiro.

50Mas Gilberto Amado, não.Sempre voltava ao País,Por aqui lançava livros,Brincava e pedia bisSem jamais perder a ginga...Sem medo de ser feliz!

51Transformou-se em grande mitoCom mil estórias contadasDas anedotas, das lendas,Das ações inusitadas,Dos ditos espirituosos,Das saborosas tiradas!

52Sempre que vinha ao BrasilUm novo livro lançava;Sua fama merecidaCrescia e multiplicavaMas suas lendas e o mitoCada vez mais se firmava.

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53Foi bom na prosa e no verso,No romance e na memória,Na crônica se destacou,No ensaio alcançou glóriaE em tudo quanto escreveuPôs sentimento e história!

54Como escritor produziu"A Chave de Salomão","Grão de Areia" e "DiasE "Horas de Vibração","Espírito do nosso tempo",Também "Suave Ascenção",

55"Inocentes e Culpados""Interesses da companhia",Sobre "Assis Chateaubriand"Escreveu com maestriaNa "Dança sobre o Abismo",Memórias e Poesia.

56Na redação do DireitoTeve visão analíticaDescreveu muitas minúciasDo vendaval da políticaE em tudo que produziuPôs a visão lírica e crítica!

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Maledicência, entreveros,Valentões pernambucanos,Amores, paixões platônicas,O atraso daqueles anos,Os sonhos da juventudeE o poder dos veteranos.

58Foi quem melhor descreveuA capital nordestinaDo que sobrou das senzalasDa Casa Grande assassina,Dos homens e caranguejos...Vida e morte Severina.

59Foi Gilberto um homem manso,Mas também foi agitado.Nunca levou desaforoPra dentro do lar sagrado,Por isso é que ele foi tantoAmado quanto odiado!

60No acordo, um lorde inglês,No agito era um Nabuco;Às vezes, filósofo sóbrio;Por vezes, gênio maluco;Exímio, esgrimindo idéias;Fatal, usando um trabuco!

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61Esse era Gilberto Amado,Dono de todos conceitos;Se foi bom na fala mansaFoi melhor metendo os peitos...Um ser humano completoEm qualidade e defeitos!

62Seu nome ficou marcadoNa nossa diplomacia,Nosso país deve muitoÀ sua categoriaE à competência mostradaEm tudo quanto fazia!

63Foi amigo dos amigos;Brasil foi sua paixão;Amado amou a si próprioBem mais amou à nação,Irmão da América Latina,Pai de um mundo mais irmão

64Que a memória de AmadoNosso Brasil possa amar;Que Gilberto esteja pertoDo Brasil que vai chegar;Que os jovens possam seguirSua carreira exemplar!!!

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