vidas secas, de graciliano ramos
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Vidas SecasGraciliano Ramos
Personagens
FabianoSinhá VitóriaFilho mais velhoFilho mais novoCachorra Baleia
Personagens Secundários
Soldado Amarelo
Dono da fazenda
Fiscal da Prefeitura
Tomás de bolandeira
Seu Inácio
• Corrupto, oportunista e medroso.• Símbolo de repressão e do autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura).• Não é forte sozinho; sem as ordens da ditadura, é fraco e acovarda-se diante
de Fabiano.
•Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda.•Desonesto, explorava seus empregados.
• Intolerante e explorador.
• Aparece somente por meio de evocações • É tido como referência por Fabiano e Sinhá Vitória.
• Dono do bar.
ENREDO
Fabiano, o pai da família, é um vaqueiro com dificuldade de se expressar. Não tem aspirações nem esperanças de
vida.
A história começa com a fuga de uma família nordestina fugindo da seca do sertão.
Sinhá Vitória é a mãe, é mais "madura" do que seu marido Fabiano, também não se conforma com sua situação miserável, e sonha com uma cama de ouro como a de Tomás da Bolandeira.
Os dois filhos e a cadela Baleia acabam por concluir essa família.
O menino mais novo sonha ser como o pai, já o mais velho desejava a presença de um amigo, conformando-se assim com a presença de sua cadela Baleia, a qual portava-se não como um animal, mas sim tratada como um ente e ajudava Fabiano e sua família a suportar as péssimas condições.
A família fica sem a companhia do outro animal da família, um papagaio, que fora sacrificado na véspera a fim de aplacar a fome que se abatia sobre aquelas pessoas. Na verdade, era um papagaio estranho, que pouco falava, talvez porque convivesse com gente que também falava pouco.
Depois de muito caminhar a família chega a uma fazenda abandonada, onde acabam ficando.
Após de um curto período de chuva o dono da fazenda retorna e contrata Fabiano como seu
vaqueiro.
Fabiano vai a venda comprar mantimentos e lá começa a beber. Aparece um policial que
Fabiano chama de Soldado Amarelo, que o convida para jogar baralho com os outros.
O jogo acontece e numa desavença com o Soldado Amarelo, Fabiano é preso maltratado e humilhado, aumentando assim sua insatisfação com o mundo e com sua própria condição de
homem selvagem do campo.
Fabiano é solto e continuando assim sua vida na fazenda. Sinhá Vitória desconfia que o patrão de Fabiano estaria roubando nas
contas do salário do marido.
A família participa da festa de Natal da cidade onde se sentem humilhados por diversos “patrões” e “Soldados Amarelos”.
Pêlos caídos, feridas na boca e inchaço nos beiços, fizeram Fabiano achar que ela estivesse com raiva.
Resolveu sacrificá-la. Sinhá Vitória recolheu os meninos, desconfiados, a fim de evitar-lhes a cena.
Baleia era considerada como um membro da família, por isso os meninos protestaram, tentando impedir a trágica
atitude do pai. Sinhá Vitória lutava com os pequenos, porque aquilo era necessário, lamentou o fato de que
ele não tivesse esperado mais para confirmar a doença da cachorrinha.
Baleia sentia o fim próximo, tentava esconder-se e até desejou morder Fabiano. Em meio à agonia, tinha raiva de Fabiano, mas também o via como o companheiro de
muito tempo.
Ao primeiro tiro, que pegou o traseiro da cachorra e inutilizou-lhe uma perna, as crianças começaram a
chorar desesperadamente.
Não satisfeito e sentindo-se prejudicado com o patrão, Fabiano resolve conversar com ele, este
que ameaça despejar Fabiano da fazenda. Fabiano tenta esquecer o assunto e acaba
ficando muito indignado.
Na volta da venda Fabiano encontra o Soldado Amarelo perdido no mato. Fabiano pensa em matar o Soldado Amarelo, porém sentindo-se
fraco e impossibilitado, acaba ajudando o soldado a voltar para a cidade.
A seca atinge a fazenda e faz com que toda a família fuja novamente, só que desta vez, todos vão para o Sul, em busca da cidade
grande, sem destino e sem esperança de vida.
ANÁLISE DA OBRA
TIPOS DE NARRADOR
Encontramos a narração em terceira pessoa, com narrador onisciente.
É o próprio narrador que revela o interior dos personagens. O foco narrativo ganha destaque ao converter em palavras os anseios e pensamentos das personagens."... Aí, a cólera diminuiu e Fabiano teve pena". (Cap. 01)
TEMPO DA NARRATIVA
O tempo de narrativa é acerca de duas secas. A primeira que traz a família para a fazenda e a segunda que a leva para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular."... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de acontecimentos antigos, até ser despertada pelo grito da ave e ter a idéia de transformá-la em alimento". (Cap. 01)
ESPAÇO DA NARRATIVA
O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino, descrito com precisão pelo autor."... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e capões de mato". (Cap. 11)
LINGUAGEM
Tipo de discurso: indireto livreFoco narrativo: terceira pessoa
Adjetivos, figuras de linguagem:Metáfora: " - você é um bicho, Fabiano".Prosopopéia: compara Baleia como gente.
ANÁLISE DAS IDÉIAS
Esse livro retrata fielmente a realidade brasileira, tanto da época em que o livro foi escrito, quanto dos dias de hoje, tais como injustiça social, miséria, fome, desigualdade e seca, o que nos reflete a idéia de que o homem se animalizou sob condições sub-humanas de sobrevivência.
INTENÇÕES DO AUTOR
A obra de Graciliano pode ser considerada um marco para a literatura brasileira, em especial o
Modernismo Brasileiro, visto que há a implícita (e, em alguns casos, até explícita) crítica social a toda pobreza no sertão nordestino, que atinge uma boa
parcela da população, e que, de fato, acaba por prejudicar todo o país, impedindo maiores
desenvolvimentos.
Há a tentativa, portanto, de se mostrar a desarticulação dessa região com o resto do
país (um Brasil pobre dentro de todo o Brasil).
Além disso, denotativamente, o adjetivo "secas" se refere a "vidas", e, dessa forma, teria o sentido de
que a família sofre com a seca. Por outro lado, conotativamente, pode-se relacionar aquele adjetivo
a uma vida privada, miserável.
O próprio título da obra, se analisado corretamente, nos dará pistas importantes da
mensagem que Graciliano quer passar: "Vidas" se opõe a "Secas" pois a primeira tem sentido de abundância, enquanto, a segunda, de vazio, de falta, configurando um paradoxo (oposição de
ideias resultando em uma construção de sentido ilógico).
FIM
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